e o mundo nunca mais foi o mesmo o continente redesenhado · ganharam simpatia popular no mundo...

44
_________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ *MÓDULO 1* Geopolítica Ordem mundial E o mundo nunca mais foi o mesmo 6 de junho de 1944. Nessa data, conhecida como Dia D, tropas aliadas invadiram a Normandia, na França ocupada pelos nazistas alemães. Tradicionalmente, é celebrado como o início da vitória aliada contra a Alemanha hitlerista. Mas isso de acordo com a visão predominante nos países ocidentais. Hoje, acredita-se que o regime de Hitler já estava condenado desde o ano anterior, quando as tropas alemãs foram derrotadas pelo Exército soviético na Batalha de StaIingrado. Depois desse revés, os alemães foram sendo cada vez mais acuados pela contraofensiva dos soviéticos, que avançaram em direção a Berlim. Depois do Dia D, a futura divisão da Europa foi combinada durante a Conferência de Yalta, de 4 a 11 de fevereiro de 1945, com a participação do líder soviético, Josef Stalin, do primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, e do presidente norte-americano, Franklin Delano Roosevelt. Quando os nazistas foram finalmente derrotados, em 30 de abril de 1945, a Alemanha e a Europa foram divididas em duas áreas de influência. A partir da Alemanha Oriental, seguindo pela Tchecoslováquia, Hungria e Romênia, os países do Leste Europeu se alinharam com a União Soviética, adotando governos comunistas e economia planificada. A Iugoslávia também se tornou comunista, mas manteve certa independência em relação à União Soviética. Os demais países europeus, com exceção das ditaduras fascistas de Portugal e Espanha (que adotaram uma posição neutra), tornaram-se democracias liberais capitalistas. O Japão, que se rendeu aos Estados Unidos em 2 de setembro de 1945, após os ataques nucleares de Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto), tornou-se também um aliado dos países capitalistas ocidentais. A nova divisão foi oficializada com a criação, em 4 de abril de 1949, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e, em 14 de maio de 1955, do Pacto de Varsóvia a primeira reunindo os países capitalistas e o segundo, os comunistas. O fim da Segunda Guerra marcou o início do período da Guerra Fria, que duraria até a dissolução da União Soviética, em 1991. Em maio de 1949, a União Soviética demonstrou ter armas nucleares. Por medo da destruição mútua, os Estados Unidos e a União Soviética, as duas superpotências que emergiram da Segunda Guerra, evitaram um confronto aberto. Mas adotaram posições antagônicas em conflitos travados em países periféricos, como nas guerras da Coreia (1950-1953), Vietnã (1955- 1975) e Afeganistão (1979-1989). Os resultados da Segunda Guerra são vistos até hoje. A Alemanha é o país mais rico da Europa e o Japão, o mais rico da Ásia, mas ambos são política e militarmente fracos. Países do antigo bloco comunista, como a Polônia e a Romênia, enviam migrantes para países ocidentais. A Iugoslávia, ao fim do regime comunista, fragmentou-se após guerra civil. A atual Rússia capitalista mantém pretensões imperiais sobre os antigos territórios soviéticos. Milícias afegãs armadas pelos Estados Unidos contra os russos formaram a AI Qaeda. Na América Latina, ressentimento com o apoio norte- -americano a regimes anticomunistas ainda é foco de tensão política. O continente redesenhado O mapa político da Europa em três momentos 1938 1955 2009 INFOGRÁFICOS EDITORA MOL

Upload: truongngoc

Post on 09-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 45

*MÓDULO 1*

Geopolítica – Ordem mundial

E o mundo nunca mais foi o mesmo

6 de junho de 1944. Nessa data, conhecida como Dia

D, tropas aliadas invadiram a Normandia, na França

ocupada pelos nazistas alemães. Tradicionalmente, é

celebrado como o início da vitória aliada contra a

Alemanha hitlerista. Mas isso de acordo com a visão

predominante nos países ocidentais. Hoje, acredita-se

que o regime de Hitler já estava condenado desde o ano

anterior, quando as tropas alemãs foram derrotadas pelo

Exército soviético na Batalha de StaIingrado. Depois

desse revés, os alemães foram sendo cada vez mais

acuados pela contraofensiva dos soviéticos, que

avançaram em direção a Berlim.

Depois do Dia D, a futura divisão da Europa foi

combinada durante a Conferência de Yalta, de 4 a 11 de

fevereiro de 1945, com a participação do líder soviético,

Josef Stalin, do primeiro-ministro britânico, Winston

Churchill, e do presidente norte-americano, Franklin

Delano Roosevelt. Quando os nazistas foram finalmente

derrotados, em 30 de abril de 1945, a Alemanha e a

Europa foram divididas em duas áreas de influência. A

partir da Alemanha Oriental, seguindo pela

Tchecoslováquia, Hungria e Romênia, os países do Leste

Europeu se alinharam com a União Soviética, adotando

governos comunistas e economia planificada. A

Iugoslávia também se tornou comunista, mas manteve

certa independência em relação à União Soviética. Os

demais países europeus, com exceção das ditaduras

fascistas de Portugal e Espanha (que adotaram uma

posição neutra), tornaram-se democracias liberais

capitalistas.

O Japão, que se rendeu aos Estados Unidos em 2 de

setembro de 1945, após os ataques nucleares de

Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto),

tornou-se também um aliado dos países capitalistas

ocidentais. A nova divisão foi oficializada com a criação,

em 4 de abril de 1949, da Organização do Tratado do

Atlântico Norte (OTAN), e, em 14 de maio de 1955, do

Pacto de Varsóvia — a primeira reunindo os países

capitalistas e o segundo, os comunistas.

O fim da Segunda Guerra marcou o início do período

da Guerra Fria, que duraria até a dissolução da União

Soviética, em 1991. Em maio de 1949, a União Soviética

demonstrou ter armas nucleares. Por medo da destruição

mútua, os Estados Unidos e a União Soviética, as duas

superpotências que emergiram da Segunda Guerra,

evitaram um confronto aberto. Mas adotaram posições

antagônicas em conflitos travados em países periféricos,

como nas guerras da Coreia (1950-1953), Vietnã (1955-

1975) e Afeganistão (1979-1989).

Os resultados da Segunda Guerra são vistos até hoje.

A Alemanha é o país mais rico da Europa e o Japão, o

mais rico da Ásia, mas ambos são política e militarmente

fracos. Países do antigo bloco comunista, como a

Polônia e a Romênia, enviam migrantes para países

ocidentais. A Iugoslávia, ao fim do regime comunista,

fragmentou-se após guerra civil. A atual Rússia

capitalista mantém pretensões imperiais sobre os antigos

territórios soviéticos. Milícias afegãs armadas pelos

Estados Unidos contra os russos formaram a AI Qaeda.

Na América Latina, ressentimento com o apoio norte-

-americano a regimes anticomunistas ainda é foco de

tensão política.

O continente redesenhado

O mapa político da Europa em três momentos

1938

1955

2009

INFOGRÁFICOS EDITORA MOL

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 46

A Segunda Guerra Mundial redefiniu fronteiras, tem

forte presença na cultura popular e marca o debate

ideológico ainda hoje.

Após a Segunda Guerra, a Europa foi repartida entre

a União Soviética e os Estados Unidos, França e

Inglaterra. Os países capitalistas se organizaram

militarmente na OTAN, enquanto os comunistas

criaram o Pacto de Varsóvia.

A OTAN continua ativa, mas o Pacto de Varsóvia

dissolveu-se com o fim da União Soviética. Outros

órgãos criados com o objetivo de reconstruir o

mundo no pós-guerra e manter a paz permanecem: a

ONU e organismos financeiros como o FMI e o

Banco Mundial.

O FMI concede empréstimos a países arrasados

pela guerra ou pobres, mas, em troca, exige a

adoção de políticas consideradas por alguns como

conservadoras.

O fim do regime soviético, em 1991, significou

redemocratização e liberdade de expressão, mas

também instabilidade para alguns países do bloco. A

Iugoslávia esfacelou-se após guerra civil. A Polônia

tornou-se adversária da Rússia, o mesmo ocorrendo

com a Ucrânia e a Geórgia. A própria Rússia passou

por um período conturbado, que culminou com a

eleição do presidente Vladimir Putin, ex-diretor da

KGB, em 1999. Seu governo autoritário (2000-2008)

foi marcado por forte repressão aos rebeldes da

República da Chechênia.

A economia de mercado ganhou força, mesmo em

países do antigo bloco comunista. Ao sair de cena o

regime marxista puro, os conflitos passaram a ser

menos político-ideológicos e mais ligados a religião

ou nacionalismo.

O mundo conta atualmente com uma única

superpotência: os Estados Unidos, que em 2003

atacaram o Iraque, ignorando unilateralmente uma

decisão da ONU que rejeitava a ação militar.

Acredita-se que o desenvolvimento da China, e

também do Brasil, da Rússia e da Índia (que formam

um grupo de países emergentes conhecidos como

BRICs), possa criar no futuro um mundo multipolar,

em que os Estados Unidos não serão mais a única

superpotência.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

*********** ATIVIDADES ***********

Texto para as questões de 1 a 4.

A guerra pop

A Segunda Guerra Mundial não sai da cabeça das pessoas, 65 anos depois do seu fim

Em abril de

2010, a produtora

alemã Constantin

Films pediu ao site

YouTube que

tirasse do ar todas

as paródias de

seu filme A

Queda, por

considerar que

seus direitos

autorais estavam

sendo violados. O

filme narra os

últimos dias de

Adolf Hitler, em

1945, com base

nos relatos de

Traudl Junge, ex-

-secretária do líder nazista, e nas investigações do

jornalista alemão Joachim Fest. A cena das paródias,

invariavelmente, mostrava Hitler tendo um ataque de

fúria ao ser informado de que o Exército Vermelho estava

às portas de Berlim. A brincadeira consistiu em colocar

legendas engraçadas para “traduzir” a fala de Hitler em

alemão, fazendo o ditador surtar com assunto qualquer,

como por causa de uma banda musical ruim ou um

professor chato. A piada foi repetida em diversas línguas,

inclusive em português. Os vídeos foram removidos, mas

outros acabaram sendo postados depois no YouTube.

A Liga Antidifamação, ONG norte-americana dedicada

a combater o antissemitismo, queixou-se de que esse

tipo de vídeo contribui para banalizar a figura de Hitler,

tornando-a cômica e inofensiva. Mas brincadeira como

essa não é fácil de controlar. Afinal, a Segunda Guerra

Mundial é pop e continua rendendo boas histórias e

discussões. Existe até mesmo a “Lei de Godwin”,

formulada pelo advogado norte-americano Michael

Godwin em 1990. Segundo ele, se uma discussão se

prolonga por muito tempo, a probabilidade de surgir

alguma comparação com os nazistas ou com Hitler se

aproxima de 100%.

Filmes sobre a Segunda Guerra já foram mais

comuns nos anos 50 e 60, mas continuam a ser

produzidos em bom número. Além de A Queda (2004),

tivemos nos últimos anos O Pianista (2002), Cartas de

Iwo Jima (2006) e Bastardos Inglórios (2009), para citar

RIA NOVOSTI / AFP

Brad Pitt em cena de Bastardos Inglórios, dirigido por Quentin

Tarantino: a Segunda Guerra Mundial continua rendendo boas

histórias a Hollywood

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 47

alguns campeões de bilheteria. Mesmo filmes que

exploram temas sem relação com a Segunda Guerra

podem se inspirar nela de algum modo, como os

uniformes “nazistas” dos oficiais do Império na série

Guerra nas Estrelas.

A música também costuma inspirar-se na Segunda

Guerra. Em 1973, o poema A Rosa de Hiroshima, de

Vinicius de Moraes, foi musicado pela banda Secos e

Molhados, de Ney Matogrosso. Lá fora, a guerra foi

abordada por grupos como Rolling Stones (Sympathy for

the Devil), Iron Maiden (Aces High) e Pink Floyd (The

Wall). Mas foi o movimento punk que a tornou um tema

constante. Em 1977, os Sex Pistols lançaram Belsen

Was a Gas, polêmica canção sobre o campo de

concentração na Alemanha onde morreu Anne Frank,

garota alemã de origem judaica. A banda inglesa Joy

Division (1977-1980) tirou seu nome de uma “divisão” de

prostitutas que atendia a soldados nazistas.

Na área de videogames, todos os anos são lançados

novos títulos sobre o tema. Em 2009, por exemplo,

vieram Wolfenstein, Company of Heroes – Tales of Valor

e Battlefield 1943. Na internet, uma pesquisa rápida no

Google revela 26 milhões de ocorrências para “World

War II” (Segunda Guerra Mundial), contra 6 milhões para

“Vietnam War” (Guerra do Vietnã) e 5,5 milhões para

“Iraq War” (Guerra do Iraque). Como se vê, 65 anos

depois de seu fim, a Segunda Guerra está longe de sair

do imaginário popular.

Superinteressante, jul. 2010.

.1. (AED-SP)

A produtora alemã Constantin Films pediu ao YouTube

que removesse seus vídeos. Ela conseguiu seu objetivo?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.2. (AED-SP)

Por que a divulgação de vídeos no YouTube satirizando

Adolf Hitler foi considerada uma forma de banalização da

figura do ditador nazista?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.3. (AED-SP)

Além do cinema, o texto cita outras formas de

manifestação artística que costumam se inspirar na

Segunda Guerra Mundial. Dê um exemplo.

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.4. (AED-SP)

“A Segunda Guerra Mundial é pop.” Assinale o que for

fiel ao significado da frase:

I. O conflito entrou para o imaginário popular de

forma nem sempre adequada.

II. A guerra foi incorporada de diversas formas, em

especial na música e no cinema.

III. As conquistas militares do Exército alemão

ganharam simpatia popular no mundo todo.

É correto o que se afirma em

(A) I, apenas.

(B) I e II, apenas.

(C) I e III, apenas.

(D) II e III, apenas.

(E) I, II e III.

.5. (INEP-MEC)

A Rosa de Hiroshima

Pensem nas crianças

Mudas telepáticas

Pensem nas meninas

Cegas inexatas

Pensem nas mulheres

Rotas alteradas

Pensem nas feridas

Como rosas cálidas

Mas oh não se esqueçam

Da rosa da rosa

Da rosa de Hiroshima

A rosa hereditária

A rosa radioativa

Estúpida e inválida

A rosa com cirrose

A antirrosa atômica

Sem cor sem perfume

Sem rosa sem nada.

(Vinicius de Moraes)

Sobre o poema de Vinicius de Moraes, diz-se:

I. O poeta assume uma postura humanista e

pacifista, de oposição à guerra.

II. O poema sugere que se consiga superar e

esquecer o episódio atômico para que a vida

recupere sua dimensão poética.

III. Há trechos ligados aos efeitos das bombas

atômicas: “rosa radioativa”, “rosa com cirrose”.

É correto o que se afirma em

(A) I, apenas.

(B) I e II, apenas.

(C) I e III, apenas.

(D) II e III, apenas.

(E) I, II e III.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 48

.6. (ENEM-MEC)

A nova des-ordem geográfica mundial: uma proposta de regionalização

Fonte: LÉVY et al. (1992), atualizado.

O espaço mundial sob a “nova des-ordem” é um

emaranhado de zonas, redes e “aglomerados”, espaços

hegemônicos e contra-hegemônicos que se cruzam de

forma complexa na face da Terra. Fica clara, de saída, a

polêmica que envolve uma nova regionalização mundial.

Como regionalizar um espaço tão heterogêneo e, em

parte, fluido, como é o espaço mundial contemporâneo?

HAESBAERT, R.; PORTO-GONÇALVES, C. W. A nova

des-ordem mundial. São Paulo: UNESP, 2006.

O mapa procura representar a lógica espacial do

mundo contemporâneo pós-União Soviética, no contexto

de avanço da globalização e do neoliberalismo, quando a

divisão entre países socialistas e capitalistas se desfez e

as categorias de “primeiro” e “terceiro” mundo perderam

sua validade explicativa.

Considerando esse objetivo interpretativo, tal distribuição

espacial aponta para

(A) a estagnação dos Estados com forte identidade

cultural.

(B) o alcance da racionalidade anticapitalista.

(C) a influência das grandes potências econômicas.

(D) a dissolução de blocos políticos regionais.

(E) o alargamento da força econômica dos países

islâmicos.

.7. (ENEM-MEC)

A bandeira da Europa não é apenas o símbolo da

União Europeia, mas também da unidade e da identidade

da Europa em sentido mais lato. O círculo de estrelas

douradas representa a solidariedade e a harmonia entre

os povos da Europa.

Disponível em: http://europa.eu/index_pt.htm.

Acesso em: 29/4/2010 (adaptado).

A que se pode atribuir a contradição intrínseca entre o

que propõe a bandeira da Europa e o cotidiano

vivenciado pelas nações integrantes da União Europeia?

(A) Ao contexto da década de 1930, no qual a bandeira

foi forjada e em que se pretendia a fraternidade entre

os povos traumatizados pela Primeira Guerra

Mundial.

(B) Ao fato de que o ideal de equilíbrio implícito na

bandeira nem sempre se coaduna com os conflitos e

rivalidades regionais tradicionais.

(C) Ao fato de que Alemanha e Itália ainda são vistas

com desconfiança por Inglaterra e França mesmo

após décadas do final da Segunda Guerra Mundial.

(D) Ao fato de que a bandeira foi concebida por

portugueses e espanhóis, que possuem uma

convivência mais harmônica do que as demais

nações europeias.

(E) Ao fato de que a bandeira representa as aspirações

religiosas dos países de vocação católica,

contrapondo-se ao cotidiano das nações

protestantes.

.8. (ENEM-MEC)

Disponível em: www.culturabrasil.org.br. Acesso em: 28/4/2010.

A foto revela um momento da Guerra do Vietnã (1965-

1975), conflito militar cuja cobertura jornalística utilizou,

em grande escala, a fotografia e a televisão. Um dos

papéis exercidos pelos meios de comunicação na

cobertura dessa guerra, evidenciado pela foto, foi

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 49

(A) demonstrar as diferenças culturais existentes entre

norte-americanos e vietnamitas.

(B) defender a necessidade de intervenções armadas

em países comunistas.

(C) denunciar os abusos cometidos pela intervenção

militar norte-americana.

(D) divulgar valores que questionavam as ações do

governo vietnamita.

(E) revelar a superioridade militar dos Estados Unidos da

América.

.9. (ENEM-MEC)

A América se tornara a maior força política e

financeira do mundo capitalista. Havia se transformado

de país devedor em país que emprestava dinheiro. Era

agora uma nação credora.

HUBERMAN, L. História da riqueza do homem.

Rio de Janeiro: Zahar, 1962.

Em 1948, os EUA lançavam o Plano Marshall, que

consistiu no empréstimo de 17 bilhões de dólares para

que os países europeus reconstruíssem suas economias.

Um dos resultados desse plano, para os EUA, foi

(A) o aumento dos investimentos europeus em indústrias

sediadas nos EUA.

(B) a redução da demanda dos países europeus por

produtos e insumos agrícolas.

(C) o crescimento da compra de máquinas e veículos

estadunidenses pelos europeus.

(D) o declínio dos empréstimos estadunidenses aos

países da América Latina e da Ásia.

(E) a criação de organismos que visavam regulamentar

todas as operações de crédito.

.10. (ENEM-MEC)

A lei não nasce da natureza, junto das fontes

frequentadas pelos primeiros pastores; a lei nasce das

batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das

conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a

lei nasce das cidades incendiadas, das terras

devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que

agonizam no dia que está amanhecendo.

FOUCAULT, M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In: Em defesa

da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a

política e a lei em relação ao poder e à organização

social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade

das leis na organização das sociedades modernas é

(A) combater ações violentas na guerra entre as nações.

(B) coagir e servir para refrear a agressividade humana.

(C) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre

os indivíduos de uma mesma nação.

(D) estabelecer princípios éticos que regulamentam as

ações bélicas entre países inimigos.

(E) organizar as relações de poder na sociedade e entre

os Estados.

.11. (ENEM-MEC)

Do ponto de vista geopolítico, a Guerra Fria dividiu a

Europa em dois blocos. Essa divisão propiciou a

formação de alianças antagônicas de caráter militar,

como a OTAN, que aglutinava os países do bloco

ocidental, e o Pacto de Varsóvia, que concentrava os do

bloco oriental. É importante destacar que, na formação

da OTAN, estão presentes, além dos países do oeste

europeu, os EUA e o Canadá. Essa divisão histórica

atingiu igualmente os âmbitos político e econômico que

se refletia pela opção entre os modelos capitalista e

socialista.

Essa divisão europeia ficou conhecida como

(A) Cortina de Ferro.

(B) Muro de Berlim.

(C) União Europeia.

(D) Convenção de Ramsar.

(E) Conferência de Estocolmo.

.12. (ENEM-MEC)

Em conflitos regionais e na guerra entre nações, tem

sido observada a ocorrência de sequestros, execuções

sumárias, torturas e outras violações de direitos.

Em 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das

Nações Unidas adotou a Declaração Universal dos

Direitos do Homem, que, em seu artigo 5.º, afirma:

Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Assim, entre nações que assinaram essa Declaração, é

coerente esperar que

(A) a Constituição de cada país deva se sobrepor aos

Direitos Universais do Homem, apenas enquanto

houver conflito.

(B) a soberania dos Estados esteja em conformidade

com os Direitos Universais do Homem, até mesmo

em situações de conflito.

(C) a violação dos direitos humanos por uma nação

autorize a mesma violação pela nação adversária.

(D) sejam estabelecidos limites de tolerância, para além

dos quais a violação aos direitos humanos seria

permitida.

(E) a autodefesa nacional legitime a supressão dos

Direitos Universais do Homem.

.13. (ENEM-MEC)

O fim da Guerra Fria e da bipolaridade, entre as

décadas de 1980 e 1990, gerou expectativas de que

seria instaurada uma ordem internacional marcada pela

redução de conflitos e pela multipolaridade.

O panorama estratégico do mundo pós-Guerra Fria

apresenta

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 50

(A) o aumento de conflitos internos associados ao

nacionalismo, às disputas étnicas, ao extremismo

religioso e ao fortalecimento de ameaças como o

terrorismo, o tráfico de drogas e o crime organizado.

(B) o fim da corrida armamentista e a redução dos

gastos militares das grandes potências, o que se

traduziu em maior estabilidade nos continentes

europeu e asiático, que tinham sido palco da Guerra

Fria.

(C) o desengajamento das grandes potências, pois as

intervenções militares em regiões assoladas por

conflitos passaram a ser realizadas pela

Organização das Nações Unidas (ONU), com maior

envolvimento de países emergentes.

(D) a plena vigência do Tratado de Não Proliferação, que

afastou a possibilidade de um conflito nuclear como

ameaça global, devido à crescente consciência

política internacional acerca desse perigo.

(E) a condição dos EUA como única superpotência, mas

que se submetem às decisões da ONU no que

concerne às ações militares.

.14. (INEP-MEC)

Observe a foto e o infográfico a seguir:

estadao.com, 3/3/2010.

A foto mostra uma reunião do Conselho de Segurança da

ONU e o infográfico exibe a posição dos países-membros

em relação a uma proposta de sanções contra o Irã, por

causa de seu programa nuclear. Assinale a afirmação

incorreta.

(A) O Conselho de Segurança é formado por 15

membros.

(B) Dez países participam de forma rotativa.

(C) Somente cinco países têm o poder de veto.

(D) Há um consenso sobre a questão entre os dez

membros rotativos.

(E) É preciso que nove dos 15 países do Conselho

digam “sim” para a decisão valer.

.15. (UNESP, adaptada)

Leia com atenção os itens a seguir:

I. Em 1945, criou-se um sistema multilateral de

discussões e negociações com 50 países,

depois ampliado com o ingresso de nações que

obtiveram independência na África e na Ásia.

II. As duas superpotências que emergiram após a

Segunda Guerra.

III. Comandando Estados abrigados em suas áreas

de influência, as superpotências disputam a

hegemonia mundial.

Os itens referem-se, respectivamente, a:

(A) I. Organização das Nações Unidas (ONU);

II. Inglaterra e França; III. Doutrina Monroe.

(B) I. Organização das Nações Unidas (ONU);

II. Estados Unidos e União Soviética; III. Guerra Fria.

(C) I. Organização dos Estados Americanos (OEA);

II. Reino Unido e Japão; III. Plano Marshall.

(D) I. União Europeia; II. Canadá e EUA; III. Doutrina

Truman.

(E) I. Organização do Tratado do Atlântico Norte

(OTAN); II. Alemanha e França; III. Conferência de

Potsdam.

________________________________________________ *Anotações*

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 51

*MÓDULO 2*

Geopolítica – Globalização

Mundo pequeno

Chamamos de globalização ao processo pelo qual

economias e sociedades locais passam a participar e se

tornar dependentes da economia e cultura internacionais.

Isso se dá por meio de fluxos de tecnologia, informações,

pessoas e capital. Por exemplo, hoje é possível comprar

no Brasil, em uma loja que emprega imigrantes

bolivianos, um aparelho de MP3 feito na China com

tecnologia norte-americana, numa empresa de

propriedade coreana.

O primeiro passo para a globalização foi o comércio

internacional mercantilista, entre os séculos XVI e XVIII.

O capital acumulado com a venda de bens

manufaturados a potências coloniais desindustrializadas

(Espanha e Portugal) permitiu uma Revolução Industrial

na Inglaterra. A globalização atual tem como causa

avanços tecnológicos que possibilitam fluxos muito mais

rápidos de produtos, pessoas e informações — como a

internet, os telefones celulares e o transporte marítimo e

aéreo intercontinental. Mas também tem causas políticas,

como a adesão ao capitalismo pelos antigos países do

bloco soviético e pela China, bem como a pressão contra

barreiras alfandegárias e o nacionalismo econômico,

liderada por países exportadores e órgãos internacionais

como o FMI e o Banco Mundial.

A globalização trouxe resultados desiguais em

diferentes regiões do mundo. Enquanto alguns países

conseguem se beneficiar das facilidades do comércio e

do fluxo de capitais, tornando-se exportadores de

tecnologia ou produtos baratos, outros acabam à

margem, incapazes de competir internacionalmente. O

Brasil tem conseguido exportar principalmente produtos

agrícolas e insumos industriais, como o aço, mas esses

produtos são commodities, isto é, são materiais de baixo

valor agregado, com preços determinados pelo mercado

internacional — diferentemente de carros, aviões ou

produtos eletrônicos, que têm seu preço determinado não

só pelo valor da concorrência, mas também pela

qualidade ou pela inovação embutida.

Como consequência da globalização, países que

anteriormente tinham um setor industrial voltado para o

mercado doméstico podem se ver desindustrializados,

incapazes de concorrer com produtos estrangeiros mais

baratos e de melhor qualidade. Isso, em parte, ocorreu

na Argentina, e um dos “vilões” foi justamente o Brasil,

que consegue exportar produtos industriais mais baratos

para o vizinho, como carros e geladeiras. O próprio Brasil

hoje importa muitos produtos que, antes da abertura

econômica dos anos 90, eram produzidos localmente,

como computadores. Mas isso tem como contrapartida

positiva o fato de o preço, em geral, cair para os

consumidores e a tecnologia ser mais atualizada,

facilitando a rápida popularização das inovações.

Outro fator importante na globalização é a migração

de trabalhadores. Em países desenvolvidos, a mão de

obra tornou-se muito cara. Por isso, várias empresas

instalam suas fábricas em países mais pobres, tirando

proveito do menor custo de produção e de legislações

trabalhistas e ambientais mais frouxas. Isso é

particularmente notável na China, que desenvolve pouca

tecnologia própria, mas é o país onde é feita grande

parte dos componentes eletrônicos atuais.

Diante da concorrência internacional, países com

melhor grau de escolaridade acabam ocupando a

posição de produtores de inovação, que é facilmente

comercializável e rende maiores benefícios que uma

indústria poluente, não criativa e dependente de mão de

obra mais barata. Sair da posição de exportador de

commodities, isto é, produtos sem valor agregado, e

tornar-se uma potência criativa é um dos maiores

desafios do Brasil nos próximos anos.

WU NIU / AFP

A China desenvolve pouca tecnologia própria, mas produz boa parte dos componentes eletrônicos atuais

Globalização é a tendência de maior integração e

interdependência econômica entre os países. Ela

tem raízes muito antigas, mas tornou-se

particularmente acentuada a partir da segunda

metade do século XX.

Globalização também significa maior fluxo de

pessoas e informações.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 52

As origens da globalização remontam ao comércio

mercantilista da época das grandes navegações e às

três Revoluções Industriais. A Terceira Revolução

Industrial está em curso.

As novas tecnologias aceleraram imensamente a

globalização. Elas estão presentes nos meios de

transporte e nas telecomunicações, especialmente

na internet.

Alguns pontos positivos da globalização: a

disponibilidade de informações, a diminuição da

tensão política entre países com relações comerciais

importantes e o barateamento de produtos.

Um ponto negativo é que o processo não ocorre de

forma simétrica entre países. Alguns, como a China,

a Coreia e o Brasil, conseguem aproveitar a

oportunidade para enriquecer com o comércio

internacional. Outros, como quase todos os países

da África, ficam à margem dessa economia

integrada. Críticos de esquerda consideram a

globalização uma nova forma de colonialismo dos

ricos.

A indústria vem migrando para países de mão de

obra mais barata, deprimindo salários ou causando

desemprego em outros países. As nações mais ricas

continuam detendo a tecnologia de produção.

A tendência, agilizada por tecnologias que

substituem mão de obra humana, é que os empregos

migrem da indústria e da agricultura para o setor de

serviços e comércio. Como o setor terciário exige

maior qualificação, muitas pessoas acabam em

subempregos ou desempregadas. A educação passa

a ter um papel crucial na empregabilidade.

O sentimento antiglobalização nasce tanto de crises

econômicas, como as citadas acima, quanto do

temor de ter a cultura local engolida pela cultura

global, em grande parte influenciada pelos Estados

Unidos.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

________________________________________________ *Anotações*

*********** ATIVIDADES ***********

Texto para as questões de 1 a 4.

Globalização gastronômica

As grandes navegações nos séculos XV e XVI mudaram definitivamente o cardápio da humanidade

Nos séculos XV e XVI, os aventureiros europeus

tinham um ótimo motivo para arriscar a vida no mar:

muito dinheiro. As novas rotas comerciais, abertas com

as viagens de descobrimento em direção ao Sudeste

Asiático e às Américas, garantiam fortunas com a venda

de especiarias, condimentos que melhoravam o gosto da

comida e garantiam sua preservação. O que os

exploradores e comerciantes não sabiam é que, além de

cravo, noz-moscada, pimenta e gengibre, eles

encontrariam uma série de outros sabores. Por sua vez,

os moradores dessas novas regiões não conheciam

muitas das comidas trazidas nas embarcações.

Começava assim uma verdadeira revolução

gastronômica. “Pela primeira vez, todos os povos da

Terra entravam em contato, abrindo um intercâmbio

generalizado dos gêneros de todos os continentes”,

afirma Henrique Carneiro, professor de História da USP,

no livro Comida e Sociedade — Uma História da

Alimentação.

Especiarias diversas: ao viajar ao redor do mundo, os europeus promoveram um intercâmbio entre os diversos tipos de alimento que encontraram nos locais em que estiveram

DAVID FORMAN / AFP

Vaivém de sabores

A origem e o destino de alguns dos principais alimentos

PIMENTÃO

Originário da América, foi levado para a Espanha.

Dali chegou à Hungria, onde passou a ser usado

como matéria-prima para a páprica. Também fez

sucesso na Tailândia, na Coreia, na Índia e em vários países

africanos.

BATATA

Era consumida nos Andes e na região onde hoje

ficam o Equador e o Peru. Foi plantada na Galícia,

na Península Ibérica, e na Itália. Depois se difundiu

no resto da Europa e na Ásia.

TOMATE

Assim como a mandioca, o abacaxi e o mamão, o

tomate partiu das Américas e acabou na Ásia, após

passar pela Europa. Esses alimentos faziam tanto

sucesso no Oriente que acabaram usados como moeda.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 53

MILHO

Veio da América Central e foi cultivado em

Portugal. Logo estava nas mesas do sul da

França e do norte da Itália, onde foi usado para

fazer fubá. Depois se tornou comum na culinária oriental.

ABACATE

Ao lado do cacau e do feijão, é um alimento da

América Central que conquistou o gosto europeu.

O cacau, que entre os astecas era consumido com

pimenta, passou a ser acompanhado de açúcar.

LARANJA

Muitas frutas de sabor e aroma exóticos para o

paladar dos europeus foram descobertas na Ásia.

É o caso da laranja e da manga, que, da

Península Ibérica, acabaram introduzidas no resto do continente

e nas Américas.

UVA

Ao lado do trigo e do azeite, tinha grande valor na

região do Mediterrâneo. Tornou-se alimento

simbólico para o cristianismo e se alastrou pelo

mundo.

ESPECIARIAS

A noz-moscada, o cravo e o gengibre eram

comprados na Indonésia. A pimenta-do-reino vinha

do sul da Índia e a canela, do Ceilão, atual Sri

Lanka. Os produtos eram reunidos em Goa, de onde seguiam

para Portugal.

Viagem & Turismo, jan. 2010 (com adaptações).

.1. (AED-SP)

Levando em consideração o texto, quando começou a

globalização?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.2. (AED-SP)

Essa primeira globalização atingiu apenas países

ocidentais?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.3. (AED-SP)

Culturas podem integrar ingredientes estrangeiros a

ponto de parecerem seus, mas também há alimentos que

carregam consigo elementos culturais. Cite um exemplo

de cada um extraído do texto.

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.4. (AED-SP)

No texto, a frase que melhor se associa ao fenômeno da

globalização é:

(A) “Nos séculos XV e XVI, os aventureiros europeus

tinham um ótimo motivo para arriscar a vida no mar:

muito dinheiro.”

(B) “As novas rotas comerciais, abertas com as viagens

de descobrimento em direção ao Sudeste Asiático e

às Américas,...”

(C) “O que os exploradores e comerciantes não sabiam

é que, além de cravo, noz-moscada, pimenta e

gengibre, eles encontrariam uma série de outros

sabores.”

(D) “‘Pela primeira vez, todos os povos da Terra

entravam em contato, abrindo um intercâmbio

generalizado dos gêneros de todos os

continentes’,...”

(E) “Por sua vez, os moradores dessas novas regiões

não conheciam muitas das comidas trazidas nas

embarcações. Começava assim uma verdadeira

revolução gastronômica.”

.5. (ENEM-MEC)

Cadeia agroindustrial integrada ao supermercado

SILVA, E. S. O. Circuito espacial de produção e comercialização da produção

familiar de tomate no município de São José de Ubá (RJ). In: RIBEIRO, M. A.;

MARAFON, G. J. (orgs.). A metrópole e o interior fluminense: simetrias e

assimetrias geográficas. Rio de Janeiro: Gramma, 2009 (adaptado).

O organograma apresenta os diversos atores que

integram uma cadeia agroindustrial e a intensa relação

entre os setores primário, secundário e terciário. Nesse

sentido, a disposição dos atores na cadeia agroindustrial

demonstra

(A) a autonomia do setor primário.

(B) a importância do setor financeiro.

(C) o distanciamento entre campo e cidade.

(D) a subordinação da indústria à agricultura.

(E) a horizontalidade das relações produtivas.

________________________________________________ *Anotações*

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 54

.6. (ENEM-MEC)

Estamos testemunhando o reverso da tendência

histórica da assalariação do trabalho e socialização da

produção, que foi característica predominante na era

industrial. A nova organização social e econômica

baseada nas tecnologias da informação visa à

administração descentralizadora, ao trabalho

individualizante e aos mercados personalizados. As

novas tecnologias da informação possibilitam, ao mesmo

tempo, a descentralização das tarefas e sua

coordenação em uma rede interativa de comunicação em

tempo real, seja entre continentes, seja entre os andares

de um mesmo edifício.

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo:

Paz e Terra, 2006 (adaptado).

No contexto descrito, as sociedades vivenciam

mudanças constantes nas ferramentas de comunicação

que afetam os processos produtivos nas empresas. Na

esfera do trabalho, tais mudanças têm provocado

(A) o aprofundamento dos vínculos dos operários com

as linhas de montagem sob influência dos modelos

orientais de gestão.

(B) o aumento das formas de teletrabalho como solução

de larga escala para o problema do desemprego

crônico.

(C) o avanço do trabalho flexível e da terceirização como

respostas às demandas por inovação e com vistas à

mobilidade dos investimentos.

(D) a autonomização crescente das máquinas e

computadores em substituição ao trabalho dos

especialistas técnicos e gestores.

(E) o fortalecimento do diálogo entre operários, gerentes,

executivos e clientes com a garantia de

harmonização das relações de trabalho.

.7. (ENEM-MEC)

A introdução de novas tecnologias desencadeou uma

série de efeitos sociais que afetaram os trabalhadores e

sua organização. O uso de novas tecnologias trouxe a

diminuição do trabalho necessário que se traduz na

economia líquida do tempo de trabalho, uma vez que,

com a presença da automação microeletrônica, começou

a ocorrer a diminuição dos coletivos operários e uma

mudança na organização dos processos de trabalho.

Revista Eletrônica de Geografia Y Ciências Sociales.

Universidad de Barcelona. N.º 170(9), 1/8/2004.

A utilização de novas tecnologias tem causado inúmeras

alterações no mundo do trabalho. Essas mudanças são

observadas em um modelo de produção caracterizado

(A) pelo uso intensivo do trabalho manual para

desenvolver produtos autênticos e personalizados.

(B) pelo ingresso tardio das mulheres no mercado de

trabalho no setor industrial.

(C) pela participação ativa das empresas e dos próprios

trabalhadores no processo de qualificação laboral.

(D) pelo aumento na oferta de vagas para trabalhadores

especializados em funções repetitivas.

(E) pela manutenção de estoques de larga escala em

função da alta produtividade.

.8. (ENEM-MEC)

Nova Escola, n.º 226, out. 2009.

A tirinha mostra que o ser humano, na busca de atender

suas necessidades e de se apropriar dos espaços,

(A) adotou a acomodação evolucionária como forma de

sobrevivência ao se dar conta de suas deficiências

impostas pelo meio ambiente.

(B) utilizou o conhecimento e a técnica para criar

equipamentos que lhe permitiram compensar as

suas limitações físicas.

(C) levou vantagens em relação aos seres de menor

estatura, por possuir um físico bastante

desenvolvido, que lhe permitia muita agilidade.

(D) dispensou o uso da tecnologia por ter um organismo

adaptável aos diferentes tipos de meio ambiente.

(E) sofreu desvantagens em relação a outras espécies,

por utilizar os recursos naturais como forma de se

apropriar dos diferentes espaços.

.9. (ENEM-MEC)

Os últimos séculos marcam, para a atividade agrícola,

com a humanização e a mecanização do espaço

geográfico, uma considerável mudança em termos de

produtividade: chegou-se, recentemente, à constituição

de um meio técnico-científico-informacional,

característico não apenas da vida urbana, mas também

do mundo rural, tanto nos países avançados como nas

regiões mais desenvolvidas dos países pobres.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à

consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado).

A modernização da agricultura está associada ao

desenvolvimento científico e tecnológico do processo

produtivo em diferentes países. Ao considerar as novas

relações tecnológicas no campo, verifica-se que a

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 55

(A) introdução de tecnologia equilibrou o

desenvolvimento econômico entre o campo e a

cidade, refletindo diretamente na humanização do

espaço geográfico nos países mais pobres.

(B) tecnificação do espaço geográfico marca o modelo

produtivo dos países ricos, uma vez que pretendem

transferir gradativamente as unidades industriais

para o espaço rural.

(C) construção de uma infraestrutura científica e

tecnológica promoveu um conjunto de relações que

geraram novas interações socioespaciais entre o

campo e a cidade.

(D) aquisição de máquinas e implementos industriais,

incorporados ao campo, proporcionou o aumento da

produtividade, libertando o campo da subordinação à

cidade.

(E) incorporação de novos elementos produtivos

oriundos da atividade rural resultou em uma relação

com a cadeia produtiva industrial, subordinando a

cidade ao campo.

.10. (ENEM-MEC)

Sozinho vai descobrindo o caminho

O rádio fez assim com seu avô

Rodovia, hidrovia, ferrovia

E agora chegando a infovia

Para alegria de todo o interior

GIL, G. Banda larga cordel. Disponível em: www.uol.vagalume.com.br.

Acesso em: 16/4/2010 (fragmento).

O trecho da canção faz referência a uma das dinâmicas

centrais da globalização, diretamente associada ao

processo de

(A) evolução da tecnologia da informação.

(B) expansão das empresas transnacionais.

(C) ampliação dos protecionismos alfandegários.

(D) expansão das áreas urbanas do interior.

(E) evolução dos fluxos populacionais.

.11. (ENEM-MEC)

Folha de S. Paulo, 22/11/2003.

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver

[ no Universo...

Por isso minha aldeia é grande como outra qualquer

Porque sou do tamanho do que vejo

E não do tamanho da minha altura...

(Alberto Caeiro)

A tira “Hagar” e o poema de Alberto Caeiro (um dos

heterônimos de Fernando Pessoa) expressam, com

linguagens diferentes, uma mesma ideia: a de que a

compreensão que temos do mundo é condicionada,

essencialmente,

(A) pelo alcance de cada cultura.

(B) pela capacidade visual do observador.

(C) pelo senso de humor de cada um.

(D) pela idade do observador.

(E) pela altura do ponto de observação.

.12. (INEP-MEC)

A China tem sido o país-símbolo da globalização e vem

ocupando enorme espaço na mídia internacional nas

últimas décadas. Sobre a realidade desse país de

grandes dimensões e história milenar, e sobre a forma

como vem criando e reforçando seus vínculos com a

rede global, é incorreto afirmar que

(A) a abertura econômica não foi acompanhada da

democratização política. O episódio do rompimento

com a empresa americana Google é um dos

melhores exemplos recentes desse fato.

(B) a China inventou o “socialismo de mercado”, um

regime que desenvolve uma economia capitalista de

mercado bastante agressiva, sem abrir mão do

controle político e social, de inspiração socialista,

instalado no país no decorrer da segunda metade do

século XX.

(C) a China aproveitou-se do baixíssimo custo de mão

de obra para se tornar uma “fábrica global”. A

princípio, ocupou espaço no mercado internacional

com produtos de baixa tecnologia. Mas,

recentemente, vem conseguindo se destacar com

produtos bem mais sofisticados tecnologicamente.

(D) é grande a dependência chinesa por matérias-primas

indispensáveis à sua indústria. Na tentativa de uma

solução para esse problema, o país procura agora

diversificar seu comércio exterior, buscando

parceiros em todo o mundo.

(E) a estratégia extremamente inovadora de cuidar

melhor do meio ambiente, ao contrário do que ocorre

com a grande maioria dos países ricos, vem

melhorando muito a imagem da China como país

exportador.

________________________________________________ *Anotações*

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 56

.13. (UERJ, adaptada)

A estrutura desse sistema internacional de circulação

alcançou tal grau de complexidade que ultrapassa a

compreensão da maioria das pessoas. As fronteiras entre

funções diferentes, como as de bancos, corretoras,

serviços financeiros, financiamento habitacional, crédito

ao consumidor etc., tornaram-se cada vez mais porosas,

ao mesmo tempo em que novas transações futuras de

mercadorias, de ações, de moedas ou de dívidas

surgiram em toda parte, introduzindo o tempo futuro no

tempo presente de maneiras estarrecedoras.

DAVID HARVEY. Condição pós-moderna. São Paulo:

Edições Loyola, 1992 (adaptado).

O texto acima faz referência a características de um dos

mais importantes aspectos do atual estágio em que se

encontra o capitalismo. Dois fatores que contribuem para

o fenômeno destacado pelo autor do fragmento estão

apontados em uma das alternativas. Indique-a:

(A) aumento da especulação financeira – maior

eficiência das redes de transportes.

(B) controle do Banco Mundial sobre o sistema

financeiro – formação da União Monetária Mundial.

(C) desregulamentação dos mercados financeiros –

disseminação das tecnologias da informação.

(D) padronização dos horários de funcionamento dos

centros financeiros – surgimento dos bancos globais.

(E) protecionismo comercial – formação de blocos

regionais.

.14. (UNESP)

Quanto mais a globalização econômica avança, mais

o mundo é marcado pela fragmentação do espaço

geográfico por meio de megablocos regionais, como

mostra a figura. Em contrapartida, quanto mais

abrangente for a integração do bloco, maior a perda de

soberania dos Estados participantes.

MEGABLOCOS REGIONAIS

Os blocos I, II, III e IV, representados na figura, são,

respectivamente:

(A) Nafta, Comunidade Econômica Europeia, Alca e

Mercosul.

(B) União Europeia, Apec, Aladi e Alca.

(C) CEI, União Europeia, Mercosul e Nafta.

(D) Pacto Andino, Comunidade Econômica Europeia,

CEI e Nafta.

(E) Nafta, Mercosul, União Europeia e CEI.

.15. (INEP-MEC)

Vivemos num mundo confuso e confusamente

percebido. Se desejamos escapar à crença de que esse

mundo assim apresentado é verdadeiro, devemos

considerar a existência de pelo menos três mundos num

só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a

globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal

como ele é: a globalização como perversidade; e o

terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra

globalização.

SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à

consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado).

A imagem da “globalização como fábula” encontra seu

principal fundamento no aspecto

(A) político, com o triunfo de regimes democráticos em

continentes inteiros.

(B) socioeconômico, com a redução das desigualdades.

(C) sanitário, com êxito na prevenção das pandemias.

(D) financeiro, com a intensa circulação de capitais em

nível planetário.

(E) cultural, com a crescente unificação das crenças

religiosas.

________________________________________________

*Anotações*

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 57

*MÓDULO 3*

Geopolítica – Conflitos contemporâneos

Esquerda e direita

Durante a Guerra Fria, movimentos políticos violentos

ocorreram até mesmo na Europa. Nos anos 1970, a

Facção do Exército Vermelho (também chamada Baader-

-Meinhof) cometeu vários atentados na Alemanha,

enquanto na Itália as Brigadas Vermelhas executaram o

primeiro-ministro Aldo Moro, em 1978.

Na América Latina, pobreza, racismo, incompetência

do Estado, desigualdade social e corrupção fomentam a

continuidade de conflitos ideológicos. As FARC (Forças

Armadas Revolucionárias da Colômbia) chegaram a

controlar não apenas territórios remotos, mas favelas em

grandes cidades colombianas nos anos 1980. No

entanto, o grupo recuou ante a ofensiva do governo de

Álvaro Uribe (2002-2010). O Sendero Luminoso,

oficialmente denominado Partido Comunista do Peru

(PCP), foi fundado em 1980 e segue uma linha parecida.

Ambos os movimentos são acusados de violência,

inclusive contra indígenas, e tráfico de drogas. Obtêm

apoio popular desempenhando funções típicas do

Estado, como a distribuição de alimentos e remédios,

mas também por meio de intimidação.

No México, o Exército Zapatista de Liberação

Nacional (EZLN) tem uma estratégia diferente. Surgido

em 1994, o movimento se opõe à globalização e ao

neoliberalismo e busca encarnar os anseios de

autonomia da população maia da região de Chiapas, no

sul do país. Apesar de estarem “em guerra declarada”

contra o Estado mexicano, os zapatistas utilizam meios

não violentos. Em vez de armas, usam a internet para

promover sua causa. Seu líder, o subcomandante

Marcos, transformou-se em celebridade mundial.

O Equador, a Bolívia e a Venezuela — países com

governos bolivarianos (movimento socialista iniciado pelo

venezuelano Hugo Chávez, inspirado nos ideários de

Simón Bolívar) — têm uma relação tensa com a

Colômbia, que acusa aqueles países de colaborar com

os guerrilheiros das FARC. Internamente, opositores aos

governos bolivarianos criticam o que enxergam como

populismo e manipulação política da população pobre ou

indígena.

Cuba é atualmente a única ditadura de partido único

na América Latina. O país não tem relações diplomáticas

com os Estados Unidos e sofre embargo comercial desde

1962, o que impede cidadãos norte-americanos de

comprarem produtos cubanos ou de viajarem para a ilha.

O embargo é apontado pelo governo cubano como causa

da penúria econômica da população. Ainda em 1962, a

instalação de mísseis soviéticos em Cuba quase levou o

mundo a uma nova guerra mundial, mas a situação foi

resolvida diplomaticamente entre norte-americanos e

soviéticos. Desde 1903, tropas norte-americanas ocupam

a baía de Guantánamo, onde está instalada a polêmica

prisão na qual estão encarcerados afegãos e iraquianos

acusados de terrorismo.

Na Ásia, a Coreia do Norte — que foi classificada pelo

presidente George Bush (2001-2009) como integrante do

“Eixo do Mal”, ao lado de Cuba, Líbia, Síria, Irã e Iraque

— também tem uma relação complicada com os países

vizinhos. Em 2006, a Coreia do Norte realizou um bem-

-sucedido teste de bomba nuclear, deixando alarmados

os governos do Japão e da Coreia do Sul. Desde então,

negociações de desarmamento estão em andamento.

A Rússia, por fim, não voltou aos tempos do regime

soviético, mas é considerada um país autoritário,

promovendo prisões e assassinatos de inimigos políticos,

desde a ascensão de Vladimir Putin ao poder, em 1999.

O país tem uma relação tensa com os Estados Unidos.

Uma das razões é o plano norte-americano de instalação

de um escudo antimísseis na Polônia, com o objetivo

declarado de conter um possível ataque iraniano.

Moscou entende, contudo, que tal projeto visa a

neutralizar o arsenal russo.

NOTIMEX / AFP

Subcomandante Marcos, líder do Exército Zapatista de Liberação Nacional (EZLN): tática de não violência e uso dos meios de comunicação para conquistar a opinião pública

Conflitos surgidos na época da Guerra Fria

continuam vivos na América Latina, fomentados pela

memória de regimes militares pró-americanos e por

grupos guerrilheiros fundados para agir em defesa

de preceitos pró-soviéticos.

Pobreza, desigualdade social, corrupção e

ineficiência do governo são alguns fatores que criam

oportunidade para a atuação de movimentos

radicais, que assumem papéis típicos do Estado.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 58

Diferentemente das FARC e do Sendero Luminoso,

o movimento de Chiapas, surgido nos anos 90 no

México, é pacífico.

Cuba está sob embargo comercial americano desde

1962, e uma parte de seu território, Guantánamo,

abriga uma base militar dos Estados Unidos. Os

norte-americanos instalaram ali uma prisão, onde

mantêm encarcerados suspeitos de terrorismo.

Conflitos nacionalistas violentos ainda ocorrem na

Europa, com o IRA e o ETA como principais

entidades.

Os curdos são um povo sem país: eles vivem

espalhados pelos territórios da Turquia, do Iraque, do

Irã e da Síria, e seu desejo de independência

incomoda as autoridades desses países.

A Rússia tem enorme influência política sobre as ex-

-repúblicas soviéticas e exerce seu poder por formas

às vezes agressivas.

Conflitos religiosos graves atingem países como a

Rússia, a China e, principalmente, a Índia. Muitas

vezes, causas religiosas e nacionalistas se misturam

nos conflitos.

Nenhuma religião está a salvo de conflitos. Na Índia,

militantes hindus cometem atentados, depredações e

massacres. No Tibete e em Sri Lanka, budistas

tomaram parte na violência local.

Outros focos recentes de tensão política são a

Coreia do Norte, que desenvolve um programa

nuclear, e a Polônia, em que a proposta norte-

-americana de instalar um escudo antimísseis

desagrada à Rússia.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

________________________________________________ *Anotações*

*********** ATIVIDADES ***********

Texto para as questões de 1 a 4.

A saga de Ingrid Betancourt

A ex-candidata à Presidência da Colômbia passou seis anos e meio como refém de guerrilheiros

Em 2 de junho de 2008, o governo colombiano tinha

um importante anúncio a fazer. Era uma boa notícia, mas

que causaria surpresa internacional. Após seis anos e

meio em cativeiro pelas Forças Armadas Revolucionárias

da Colômbia (FARC), a senadora Ingrid Betancourt

Pulecio estava livre.

JACKY NAEGELEN / AFP

Ingrid Betancourt participa de evento após ser libertada. Ela fora sequestrada em 2002, quando era candidata à Presidência da Colômbia

Ingrid havia sido sequestrada em fevereiro de 2002,

quando era candidata à Presidência do país pelo Partido

Verde Oxigênio. O governo colombiano havia

estabelecido uma zona desmilitarizada no território das

FARC, na tentativa de conduzir um acordo de paz, mas

as negociações haviam chegado a um impasse. Ingrid

queria chegar à cidade de San Vicente de Caguán, onde

ocorriam as negociações de paz. Como o governo se

recusou a levá-la num helicóptero militar, a senadora e

sua equipe tentaram ir por terra. Foram parados por

integrantes das FARC num bloqueio de estrada e

levados para o cativeiro em regiões inacessíveis.

As eleições daquele ano foram ganhas por Álvaro

Uribe, com uma plataforma de endurecimento de ações

contra os rebeldes. Após anos de negociações sem

resultados, as últimas notícias eram alarmantes. Um

vídeo obtido em novembro de 2007, após a captura de

membros da guerrilha, mostrava Ingrid muito doente e

desnutrida. No mesmo ano, o presidente da Venezuela,

Hugo Chávez, propôs ser intermediário das negociações,

ao lado do presidente francês, Nicolas Sarkozy. A

questão interessava à França porque Ingrid, filha de pai

francês, tem dupla cidadania. A proposta não foi bem

recebida pelo governo colombiano, que acusou Chávez

de colaborar com a guerrilha.

As FARC são uma guerrilha marxista fundada em

1964. Desde o regime militar pró-americano de Gustavo

Rojas, entre 1953 e 1957, formaram-se enclaves em

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 59

regiões remotas da Colômbia, controlados por grupos

armados. Nos anos 1960, o governo civil colombiano

tentou retomar o controle dessas regiões. A partir daí,

esses grupos se reorganizaram, fundando os

movimentos FARC, ELN e, em 1970, o M-19. Além de

promoverem sequestros, assassinatos e extorsões, as

FARC são acusadas de se sustentar com o narcotráfico,

de usar crianças como soldados e de atacar populações

indígenas.

O governo Uribe perseguiu implacavelmente a

guerrilha, inclusive por meio de ações controversas. Em

março de 2008, despachou a força aérea para tomar uma

base das FARC no Equador, matando o líder Raul

Reyes. A incursão provocou uma crise diplomática: Hugo

Chávez enviou tropas à fronteira com a Colômbia, e os

dois países estiveram à beira de uma guerra.

Em 2009, Uribe, que havia conseguido aprovar uma

emenda constitucional para se reeleger presidente em

2006 — a exemplo do que Chávez fizera na Venezuela

—, tentou realizar um plebiscito para poder ser reeleito

novamente. A proposta foi barrada no Congresso, mas

Uribe conseguiu eleger um aliado: seu ex-ministro da

Defesa, Juan Manuel Santos, que ficou famoso por

liderar a operação militar de 2008.

Em julho de 2010, a crise entre a Colômbia e a

Venezuela se agravou. Chávez anunciou o rompimento

das relações diplomáticas entre os dois países, depois de

o governo de Bogotá acusar a Venezuela de abrigar

guerrilheiros colombianos em seu território.

Veja, 8/9/2010 (adaptado).

.1. (AED-SP)

Como surgiram as FARC?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.2. (AED-SP)

As ações do governo de Álvaro Uribe contra as FARC

causaram controvérsias. Cite uma delas.

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.3. (AED-SP)

Álvaro Uribe é um adversário do venezuelano Hugo

Chávez, acusado de táticas pouco éticas para manter-se

no poder. No entanto, um fato político citado no texto os

torna similares. Qual?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.4. (AED-SP)

O conflito entre as FARC e o Estado colombiano pode

ser visto como

(A) reivindicação de uma nação sem Estado.

(B) movimento separatista.

(C) tensão político-religiosa.

(D) conflito político interno.

(E) guerra entre dois Estados nacionais.

.5. (ENEM-MEC)

No mundo árabe, países governados há décadas por

regimes políticos centralizadores contabilizam metade da

população com menos de 30 anos; desses, 56% têm

acesso à internet. Sentindo-se sem perspectivas de

futuro e diante da estagnação da economia, esses jovens

incubam vírus sedentos por modernidade e democracia.

Em meados de dezembro, um tunisiano de 26 anos,

vendedor de frutas, põe fogo no próprio corpo em

protesto por trabalho, justiça e liberdade. Uma série de

manifestações eclode na Tunísia e, como uma epidemia,

o vírus libertário começa a se espalhar pelos países

vizinhos, derrubando em seguida o presidente do Egito,

Hosni Mubarak. Sites e redes sociais — como o

Facebook e o Twitter — ajudaram a mobilizar

manifestantes do norte da África a ilhas do Golfo Pérsico.

SEQUEIRA, C. D.; VILLAMÉA, L. A epidemia da liberdade.

IstoÉ Internacional, 2/3/2011 (adaptado).

Considerando os movimentos políticos mencionados no

texto, o acesso à internet permitiu aos jovens árabes

(A) reforçar a atuação dos regimes políticos existentes.

(B) tomar conhecimento dos fatos sem se envolver.

(C) manter o distanciamento necessário à sua

segurança.

(D) disseminar vírus capazes de destruir programas dos

computadores.

(E) difundir ideias revolucionárias que mobilizaram a

população.

.6. (ENEM-MEC)

A poluição e outras ofensas ambientais ainda não

tinham esse nome, mas já eram largamente notadas no

século XIX, nas grandes cidades inglesas e continentais.

E a própria chegada ao campo das estradas de ferro

suscitou protestos. A reação antimaquinista,

protagonizada pelos diversos luddismos, antecipa a

batalha atual dos ambientalistas. Esse era, então, o

combate social contra os miasmas urbanos.

SANTOS, M. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e

emoção. São Paulo: EdUSP, 2002 (adaptado).

O crescente desenvolvimento técnico-produtivo impõe

modificações na paisagem e nos objetos culturais

vivenciados pelas sociedades. De acordo com o texto,

pode-se dizer que tais movimentos sociais emergiram e

se expressaram por meio

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 60

(A) das ideologias conservacionistas, com milhares de

adeptos no meio urbano.

(B) das políticas governamentais de preservação dos

objetos naturais e culturais.

(C) das teorias sobre a necessidade de harmonização

entre técnica e natureza.

(D) dos boicotes aos produtos das empresas

exploradoras e poluentes.

(E) da contestação à degradação do trabalho, das

tradições e da natureza.

.7. (ENEM-MEC)

Na América do Sul, as Forças Armadas

Revolucionárias da Colômbia (FARC) lutam, há décadas,

para impor um regime de inspiração marxista no país.

Hoje, são acusadas de envolvimento com o narcotráfico,

o qual supostamente financia suas ações, que incluem

ataques diversos, assassinatos e sequestros.

Na Ásia, a Al Qaeda, criada por Osama bin Laden,

defende o fundamentalismo islâmico e vê nos Estados

Unidos da América (EUA) e em Israel inimigos

poderosos, os quais deve combater sem trégua. A mais

conhecida de suas ações terroristas ocorreu em 2001,

quando foram atingidos o Pentágono e as torres do

World Trade Center.

A partir das informações acima, conclui-se que

(A) as ações guerrilheiras e terroristas no mundo

contemporâneo usam métodos idênticos para

alcançar os mesmos propósitos.

(B) o apoio internacional recebido pelas FARC decorre

do desconhecimento, pela maioria das nações, das

práticas violentas dessa organização.

(C) os EUA, mesmo sendo a maior potência do planeta,

foram surpreendidos com ataques terroristas que

atingiram alvos de grande importância simbólica.

(D) as organizações mencionadas identificam-se quanto

aos princípios religiosos que defendem.

(E) tanto as FARC quanto a Al Qaeda restringem sua

atuação à área geográfica em que se localizam,

respectivamente, América do Sul e Ásia.

.8. (ENEM-MEC)

Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU)

aprovou um plano de partilha da Palestina que previa a

criação de dois Estados: um judeu e outro palestino. A

recusa árabe em aceitar a decisão conduziu ao primeiro

conflito entre Israel e países árabes.

A segunda guerra (Suez, 1956) decorreu da decisão

egípcia de nacionalizar o canal, ato que atingia

interesses anglo-franceses e israelenses. Vitorioso, Israel

passou a controlar a Península do Sinai. O terceiro

conflito árabe-israelense (1967) ficou conhecido como

Guerra dos Seis Dias, tal a rapidez da vitória de Israel.

Em 6 de outubro de 1973, quando os judeus

comemoravam o Yom Kippur (Dia do Perdão), forças

egípcias e sírias atacaram de surpresa Israel, que

revidou de forma arrasadora. A intervenção americano-

-soviética impôs o cessar-fogo, concluído em 22 de

outubro.

A partir do texto acima, assinale a opção correta.

(A) A primeira guerra árabe-israelense foi determinada

pela ação bélica de tradicionais potências europeias

no Oriente Médio.

(B) Na segunda metade dos anos 1960, quando explodiu

a terceira guerra árabe-israelense, Israel obteve

rápida vitória.

(C) A guerra do Yom Kippur ocorreu no momento em

que, a partir de decisão da ONU, foi oficialmente

instalado o Estado de Israel.

(D) A ação dos governos de Washington e de Moscou foi

decisiva para o cessar-fogo que pôs fim ao primeiro

conflito árabe-israelense.

(E) Apesar das sucessivas vitórias militares, Israel

mantém suas dimensões territoriais tal como

estabelecido pela resolução de 1947 aprovada pela

ONU.

.9. (ENEM-MEC)

No dia 7 de outubro de 2001, Estados Unidos e Grã-

-Bretanha declararam guerra ao regime Talibã, no

Afeganistão.

Leia trechos das declarações do presidente dos

Estados Unidos, George W. Bush, e de Osama bin

Laden, líder muçulmano, nessa ocasião:

George W. Bush:

Um comandante-chefe envia os filhos e filhas dos

Estados Unidos à batalha em território estrangeiro

somente depois de tomar o maior cuidado e depois de

rezar muito. Pedimos-lhes que estejam preparados para

o sacrifício das próprias vidas. A partir de 11 de

setembro, uma geração inteira de jovens americanos

teve uma nova percepção do valor da liberdade, do seu

preço, do seu dever e do seu sacrifício. Que Deus

continue a abençoar os Estados Unidos.

Osama bin Laden:

Deus abençoou um grupo de vanguarda de

muçulmanos, a linha de frente do Islã, para destruir os

Estados Unidos. Um milhão de crianças foram mortas no

Iraque, e para eles isso não é uma questão clara. Mas

quando pouco mais de dez foram mortos em Nairóbi e

Dar-es-Salaam, o Afeganistão e o Iraque foram

bombardeados e a hipocrisia ficou atrás da cabeça dos

infiéis internacionais. Digo a eles que esses

acontecimentos dividiram o mundo em dois campos, o

campo dos fiéis e o campo dos infiéis. Que Deus nos

proteja deles.

O Estado de S. Paulo, 8/10/2001 (com adaptações).

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 61

Pode-se afirmar que

(A) a justificativa das ações militares encontra sentido

apenas nos argumentos de George W. Bush.

(B) a justificativa das ações militares encontra sentido

apenas nos argumentos de Osama bin Laden.

(C) ambos apoiam-se num discurso de fundo religioso

para justificar o sacrifício e reivindicar a justiça.

(D) ambos tentam associar a noção de justiça a valores

de ordem política, dissociando-a de princípios

religiosos.

(E) ambos tentam separar a noção de justiça das

justificativas de ordem religiosa, fundamentando-a

numa estratégia militar.

.10. (ENEM-MEC)

O texto abaixo é um trecho do discurso do primeiro-

-ministro britânico, Tony Blair, pronunciado quando da

declaração de guerra ao regime Talibã:

Essa atrocidade [o atentado de 11 de setembro, em

Nova York] foi um ataque contra todos nós, contra

pessoas de todas e nenhuma religião. Sabemos que a Al

Qaeda ameaça a Europa, incluindo a Grã-Bretanha, e

qualquer nação que não compartilhe de seu fanatismo.

Foi um ataque à vida e aos meios de vida. As empresas

aéreas, o turismo e outras indústrias foram afetados e a

confiança econômica sofreu, afetando empregos e

negócios britânicos. Nossa prosperidade e padrão de

vida requerem uma resposta aos ataques terroristas.

O Estado de S. Paulo, 8/10/2001 (com adaptações).

Nessa declaração, destacaram-se principalmente os

interesses de ordem

(A) moral. (D) religiosa.

(B) militar. (E) econômica.

(C) jurídica.

.11. (ENEM-MEC)

1. [...] O recurso ao terror por parte de quem já detém o

poder dentro do Estado não pode ser arrolado entre

as formas de terrorismo político, porque este se

qualifica, ao contrário, como o instrumento ao qual

recorrem determinados grupos para derrubar um

governo acusado de manter-se por meio do terror.

2. Em outros casos, os terroristas combatem contra um

Estado de que não fazem parte e não contra um

governo (o que faz com que sua ação seja conotada

como uma forma de guerra), mesmo quando por sua

vez não representam um outro Estado. Sua ação

aparece então como irregular, no sentido de que não

podem organizar um exército e não conhecem limites

territoriais, já que não provêm de um Estado.

BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PASQUINO, G. (orgs.).

Dicionário de Política. Brasília: EdUNB,1986.

De acordo com as duas afirmações, é possível comparar

e distinguir os seguintes eventos históricos:

I. Os movimentos guerrilheiros e de libertação

nacional realizados em alguns países da África e

do Sudeste Asiático entre as décadas de 1950 e

70 são exemplos do primeiro caso.

II. Os ataques ocorridos na década de 1990, como

às embaixadas de Israel, em Buenos Aires, dos

EUA, no Quênia e Tanzânia, e ao World Trade

Center em 2001, são exemplos do segundo

caso.

III. Os movimentos de libertação nacional dos anos

50 a 70 na África e Sudeste Asiático, e o

terrorismo dos anos 90 e 2001 foram ações

contra um inimigo invasor e opressor, e são

exemplos do primeiro caso.

É correto o que se afirma apenas em

(A) I.

(B) II.

(C) I e II.

(D) I e III.

(E) II e III.

.12. (FUVEST-SP)

O mundo tem vivido inúmeros conflitos regionais de

repercussão global que, por um lado, envolvem

intervenções de tropas de diferentes países e, por outro

lado, resultam em discussões na Organização das

Nações Unidas (ONU).

Considere as seguintes afirmações:

I. Povos primitivos precisam ser tutelados pela

diplomacia internacional ou reprimidos por forças

de nações desenvolvidas, para que conflitos

locais ou regionais não perturbem o equilíbrio

mundial.

II. Razões estratégicas, de localização geográfica,

de orientação política ou de concentração de

recursos naturais, fazem com que certas regiões

ou países sejam alvo de interesses,

preocupações e intervenções internacionais.

III. Diferenças étnicas, culturais, políticas ou

religiosas, com raízes históricas, têm resultado

em preconceito, desrespeito e segregação,

gerando tensões que repercutem em conflitos

existentes entre diferentes nações.

O envolvimento global em conflitos regionais é,

corretamente, explicado em

(A) I, apenas.

(B) II, apenas.

(C) I e III, apenas.

(D) II e III, apenas.

(E) I, II e III.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 62

.13. (INEP-MEC)

Inimigos históricos na região, católicos e protestantes formarão gabinete conjunto a partir de maio de 2007.

(Folha de S. Paulo)

Os conflitos, que mataram milhares de pessoas na

Irlanda do Norte, com raízes políticas e religiosas que

remontam ao século XII e, particularmente acirrados nas

três últimas décadas do século XX, se devem

(A) a uma minoria católica da Irlanda do Norte, que é a

favor da anexação à Irlanda, com o respaldo do IRA

(Exército Republicano Irlandês).

(B) a uma maioria católica da Irlanda do Norte, que é a

favor da anexação à Irlanda, com o apoio do IRA.

(C) a uma minoria católica da Irlanda do Norte, que é a

favor de sua total independência, com o apoio do

gabinete do Reino Unido.

(D) a uma minoria protestante da Irlanda, que é a favor

da ocupação e recuperação do território da Irlanda

do Norte.

(E) a uma minoria católica do Reino Unido, que luta junto

com o IRA para a total independência da Irlanda do

Norte em relação à Irlanda.

.14. (INEP-MEC)

Conflitos de natureza política e ideológica marcaram o

século XX. Sobre eles, considere as afirmações:

I. Durante a Guerra Fria, movimentos políticos

violentos ocorreram mesmo na Europa

Ocidental, como na Itália e na Alemanha (antiga

Alemanha Ocidental).

II. As tensões entre a Coreia do Norte e a Coreia

do Sul são remanescentes do período da Guerra

Fria: a primeira, um dos regimes políticos mais

fechados do mundo, mantém o modelo

socialista, enquanto a segunda segue o modelo

capitalista e democrático ocidental.

III. No México, o Exército Zapatista de Liberação

Nacional tem uma inclinação revolucionária.

Surgido em 1994 e liderado pelo

subcomandante Marcos, o grupo estabeleceu

uma luta armada intensa, próximo à fronteira dos

EUA.

Está correto o que se afirma em

(A) I, apenas.

(B) II, apenas.

(C) I e II, apenas.

(D) I e III, apenas.

(E) I, II e III.

.15. (INEP-MEC)

Nos itens a seguir, estão enunciados quatro conflitos

geopolíticos marcantes da atualidade. Leia-os com

atenção e depois marque a alternativa com os

respectivos países a que se referem.

I. Esse país de maioria islâmica, que abriga ainda

um grande número de cristãos, budistas e

hinduístas, vem sofrendo aumento expressivo de

tensões e massacres religiosos desde o fim dos

anos 1990. O conflito pela independência do

Timor Leste (1975-2002), país católico e de

língua portuguesa, também teve um teor

religioso evidente, sem o qual a tensão seria

bem menor.

II. O governo dessa grande e muito populosa

nação asiática enfrenta os movimentos de

separatismo islâmico na província de Xinjiang,

com revoltas ocorrendo regularmente a partir de

2008.

III. De religião hinduísta, a minoria tâmil, no norte do

país, buscava independência do país budista por

meio do grupo Tigres Tâmeis, fundado em 1974

e caracterizado por suas ações terroristas de

grande impacto.

IV. O conflito religioso é gravíssimo nesse país, cuja

população é de esmagadora maioria hindu, mas

que também abriga grande variedade de cultos.

São minorias islâmicas, cristãs, budistas, sikhs e

baha’is.

Os enunciados referem-se, respectivamente, a:

(A) Índia, Chechênia, Geórgia e Paquistão.

(B) Indonésia, China, Sri Lanka e Índia.

(C) Filipinas, China, Índia e Paquistão.

(D) Índia, Rússia, China e Filipinas.

(E) Paquistão, Rússia, Filipinas e China.

________________________________________________ *Anotações*

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 63

*MÓDULO 4*

Geopolítica – Países desenvolvidos e países emergentes

O que é um país desenvolvido?

Uma forma de determinar se um país é desenvolvido

ou não é medir seu Produto Interno Bruto (PIB) per

capita. O PIB é a soma de toda a produção econômica

de uma nação, enquanto o PIB per capita é a divisão

desse valor pela população total. Em países populosos,

como a China e a Índia, o PIB total é alto, mas o per

capita é baixo.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um

indicador que leva em conta não somente o PIB per

capita, mas também dados sobre expectativa de vida e

educação. No entanto, essas medidas têm uma

limitação: os rendimentos da economia não se distribuem

igualitariamente entre a população. Salários e

rendimentos de negócios não são iguais, afinal. Por isso,

indicadores de desigualdade social, como o índice Gini,

também fazem parte da avaliação, de forma a mostrar

como a população como um todo tem se beneficiado ou

não do aumento da renda. Quanto mais perto de 1 for

esse indicador, mais concentrada é a renda. Alguns

países desenvolvidos têm um índice Gini relativamente

alto, como os Estados Unidos (0,45); outros, bem baixo,

caso da Suécia (0,25). Ambos, porém, têm indicadores

bem menores que os do Brasil (0,56).

Os índices não avaliam, no entanto, o papel que um

país representa no mundo. Nações desenvolvidas

também se caracterizam pela forma como participam da

economia e da política mundiais. Esses países são

democracias capitalistas com cultura ocidental ou

ocidentalizada e tendem a ver como positiva a

reprodução de seu modo de vida em nações cuja cultura

pode não absorver bem essas mudanças. O exemplo são

as tentativas dos Estados Unidos em tornar o Iraque e o

Afeganistão democracias, apesar das identidades tribais

e religiosas complexas da região.

Por terem população com maior grau de escolaridade

e mais conhecimento acumulado, e por abrigarem

grandes indústrias multinacionais, os países

desenvolvidos geram inovação tecnológica e produtos

com valor agregado, isto é, produtos com trabalho

sofisticado (e caro) adicionado. Nações em

desenvolvimento importam esses produtos e exportam

commodities, produtos agrícolas ou de extrativismo,

como alimentos, minérios e petróleo, cujos preços são

determinados basicamente pela oferta e procura.

Desde a segunda metade do século XX, muitas

indústrias de países desenvolvidos passaram a se

instalar nos países em desenvolvimento, em busca de

mão de obra mais barata e também para atender ao

mercado local. A parte criativa do trabalho continua a ser

feita nas matrizes, mas agora há novas oportunidades

para nações que investem na educação de seus

habitantes — isso tem ocorrido na Índia, que tem se

tornado polo de serviços de informática.

Um fator importante dos países desenvolvidos é que

muitos deles — notavelmente Inglaterra e França —

foram sede de impérios coloniais até a segunda metade

do século XX. Sua história e seu poder econômico

desproporcional também se refletem em influência

cultural e influência política desiguais, como a

onipresença da indústria cultural americana pelo mundo.

Países ricos se dão ao luxo de subsidiar sua agricultura,

fechando as portas para os produtos de nações pobres.

Hoje, muitas políticas são movidas pelo ressentimento

político e cultural das ex-colônias na África, na Ásia e no

Oriente Médio, e também de países sob a influência dos

Estados Unidos na América Latina.

SAJJAD HUSSAIN / AFP

Empresa na Índia: graças aos investimentos na educação, o país tem se tornado um polo de informática e de prestação de serviços para países desenvolvidos

“Primeiro Mundo” e “Terceiro Mundo” são termos

ainda populares, mas defasados. É mais adequado

falar em “países em desenvolvimento” e

“desenvolvidos”.

Os países desenvolvidos também são chamados

genericamente de “mundo ocidental”. Trata-se de

expressão imprecisa, já que o grupo de países

desenvolvidos inclui nações do Oriente, como o

Japão e a Coreia do Sul.

IDH, PIB e desigualdade social são parâmetros

usados em conjunto para avaliar o grau de

desenvolvimento de um país.

Alguns países ricos têm desigualdade social

relativamente alta, como os Estados Unidos; outros,

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 64

bem baixa, como a Suécia. Ainda assim, a

desigualdade norte-americana é bem menor que a

brasileira.

A OCDE é uma espécie de clube de países ricos. O

organismo defende políticas de livre mercado e

responsabilidade fiscal e monetária.

O G-7 reúne os sete países mais ricos do mundo

(Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido,

França, Itália e Canadá). O G-8 inclui ainda a Rússia.

A União Europeia começou como uma área de livre-

-comércio, mas se expandiu e passou a abranger a

livre circulação de pessoas, uma moeda comum e a

busca por uma Constituição única.

O NAFTA é uma área de livre-comércio entre o

Canadá, os Estados Unidos e o México.

Os países desenvolvidos enfrentam problemas como

queda de natalidade, envelhecimento da população e

aumento da imigração.

O sentimento xenofóbico e os conflitos religiosos

tornam tensas as relações entre cidadãos locais e

imigrantes em alguns países desenvolvidos.

Entre os países em desenvolvimento, os emergentes

são aqueles que estão crescendo em ritmo mais

acelerado.

Os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China)

são considerados particularmente promissores.

Outros emergentes são o Chile, o México, a África do

Sul, a Turquia e os Tigres Asiáticos (Taiwan, Hong

Kong, Cingapura e Coreia do Sul).

A nova divisão do trabalho leva a atividade industrial

para países emergentes, em busca de mão de obra

mais barata. Esse movimento cria tensões com os

trabalhadores de nações desenvolvidas.

As remessas de lucros das multinacionais e o fato de

decisões administrativas e do desenvolvimento

tecnológico ainda se concentrarem nas nações

desenvolvidas são uma contrapartida vista como

negativa para a industrialização nos países

emergentes.

Condições de trabalho desumanas são comuns na

China e incluem a ausência de direitos trabalhistas,

longas jornadas de trabalho e exploração de trabalho

infantil.

Tarifas de importação e subsídios opõem países

desenvolvidos e emergentes.

Essas políticas são defendidas por trabalhadores

nos países desenvolvidos e por movimentos

antiglobalização, como forma de manter o modo de

vida desses trabalhadores.

O meio ambiente do planeta não suportaria se todos

os países adotassem os padrões de consumo das

nações desenvolvidas, em especial dos Estados

Unidos. Daí surgiu a ideia de “desenvolvimento

sustentável”: os países devem buscar formas de

desenvolvimento menos agressivas ao meio

ambiente. A pressão de movimentos ambientalistas,

contudo, é às vezes vista como uma tentativa de

impor barreiras ao crescimento para evitar a

concorrência dos emergentes.

A independência política conquistada pelos países

emergentes graças ao desenvolvimento econômico e

militar criou um novo equilíbrio de poder, mas

provoca tensões com países desenvolvidos, em

particular envolvendo questões de direitos humanos,

trabalhistas e ambientais.

*ATENÇÃO, ESTUDANTE!*

Para complementar o estudo deste Módulo, utilize seu LIVRO DIDÁTICO.

*********** ATIVIDADES ***********

Texto para as questões de 1 a 3.

Primeiro e Terceiro Mundos

Os termos surgiram para comparar as classes sociais da época da Revolução Francesa

DIVULGAÇÃO / EDITORA ABRIL

Torre Eiffel, em Paris, na França: um dos países do Primeiro Mundo, segundo a classificação feita pelo economista Alfred Sauvy

Desde sua origem, as expressões “Primeiro Mundo” e

“Terceiro Mundo” vieram carregadas de forte conotação

política. Foram criadas pelo economista e demógrafo

francês Alfred Sauvy, em 1952, num artigo publicado na

revista L’Observateur. Sauvy comparava o mundo da

época com as classes sociais que existiam antes da

Revolução Francesa (1789-1799): havia o “Primeiro

Estado”, que correspondia aos nobres, o “Segundo

Estado”, representado pelo clero católico, e o “Terceiro

Estado”, formado pelos plebeus, que podiam ser

artesãos, camponeses, operários ou burgueses, que

sustentavam a vida luxuosa dos outros dois Estados. Nas

palavras de Sauvy, como os plebeus da França, o

Terceiro Mundo, explorado pelos demais, “não é nada,

mas aspira a ser algo”.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 65

Sauvy classificou no Primeiro Mundo os países

capitalistas da OTAN, no Segundo Mundo o bloco

comunista reunido sob o Pacto de Varsóvia e no Terceiro

Mundo os demais países, todos pobres e situados na

África, Ásia, Oceania e América Latina. Quando o bloco

comunista começou a ruir, a classificação criada por

Sauvy já era considerada limitadora e ultrapassada.

Os termos ainda são populares, mas hoje há outras

classificações que refletem melhor a realidade atual.

Como não há mais “Segundo Mundo” e países do

“Terceiro Mundo” podem ter alianças políticas diversas, é

mais adequado falar em países “em desenvolvimento”

versus “desenvolvidos”. Inclui-se às vezes uma terceira

categoria, os “emergentes”, os países em

desenvolvimento com potencial para fazer parte do

primeiro grupo nas próximas décadas. Entre os

emergentes, também se fala em “países recentemente

industrializados”, economias que deixaram de ser

agrárias para se tornar industriais na segunda metade do

século XX, como Brasil, Turquia, África do Sul, Índia,

Malásia, Filipinas e China.

Outro termo comum é “mundo ocidental” para se

referir aos países desenvolvidos, já que,

caracteristicamente, eles são herdeiros da cultura

europeia, incluindo aí Austrália e Nova Zelândia. Japão e

Coreia do Sul, embora situados no Oriente, são

classificados como “ocidentais” por sua aliança política e

pela ampla adoção do capitalismo e instituições políticas

ocidentais. A América Latina ocupa um espaço

controverso, já que suas instituições políticas, religiosas

e grande parte da cultura são de origem europeia, mas aí

se encontram mescladas e, às vezes, em conflito com

tradições ameríndias e africanas, o que resultou na

criação de uma identidade própria.

Superinteressante, abr. 2010.

.1. (AED-SP)

Quem foram os inspiradores do termo “Terceiro Mundo”?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.2. (AED-SP)

A definição de “Primeiro Mundo” tinha natureza política

ou econômica?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.3. (AED-SP)

Por que o termo “Terceiro Mundo” é considerado

obsoleto?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.4. (ENEM-MEC)

As migrações transnacionais, intensificadas e

generalizadas nas últimas décadas do século XX,

expressam aspectos particularmente importantes da

problemática racial, visto como dilema também mundial.

Deslocam-se indivíduos, famílias e coletividades para

lugares próximos e distantes, envolvendo mudanças

mais ou menos drásticas nas condições de vida e

trabalho, em padrões e valores socioculturais. Deslocam-

-se para sociedades semelhantes ou radicalmente

distintas, algumas vezes compreendendo culturas ou

mesmo civilizações totalmente diversas.

IANNI, O. A era do globalismo. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 1996.

A mobilidade populacional da segunda metade do século

XX teve um papel importante na formação social e

econômica de diversos estados nacionais. Uma razão

para os movimentos migratórios nas últimas décadas e

uma política migratória atual dos países desenvolvidos

são

(A) a busca de oportunidades de trabalho e o aumento

de barreiras contra a imigração.

(B) a necessidade de qualificação profissional e a

abertura das fronteiras para os imigrantes.

(C) o desenvolvimento de projetos de pesquisa e o

acautelamento dos bens dos imigrantes.

(D) a expansão da fronteira agrícola e a expulsão dos

imigrantes qualificados.

(E) a fuga decorrente de conflitos políticos e o

fortalecimento de políticas sociais.

.5. (ENEM-MEC)

A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros. Tudo se

transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira

lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa,

sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu

desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-

-fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais a

escravização do homem que seu poder.

DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro:

Zahar, 1979 (adaptado).

Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços

tecnológicos ocorridos no contexto da Revolução

Industrial Inglesa e as características das cidades

industriais no início do século XIX?

(A) A facilidade em se estabelecer relações lucrativas

transformava as cidades em espaços privilegiados

para a livre iniciativa, característica da nova

sociedade capitalista.

(B) O desenvolvimento de métodos de planejamento

urbano aumentava a eficiência do trabalho industrial.

(C) A construção de núcleos urbanos integrados por

meios de transporte facilitava o deslocamento dos

trabalhadores das periferias até as fábricas.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 66

(D) A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as

fábricas revelava os avanços da engenharia e da

arquitetura do período, transformando as cidades em

locais de experimentação estética e artística.

(E) O alto nível de exploração dos trabalhadores

industriais ocasionava o surgimento de aglomerados

urbanos marcados por péssimas condições de

moradia, saúde e higiene.

.6. (ENEM-MEC)

A figura apresenta diferentes limites para a Europa, o que

significa que existem divergências com relação ao que se

considera como território europeu.

BOURGEAT, S.; BRÁS, C. (coord.). Histoire et Géographie.

Travaux dirigés. Paris: Hatier, 2008 (adaptado).

De acordo com a figura,

(A) a visão geopolítica recente é a mais restritiva, com

um número diminuto de países integrando a União

Europeia.

(B) a delimitação da Europa na visão clássica,

separando-a da Ásia, tem como referência critérios

naturais, ou seja, os Montes Urais.

(C) a visão geopolítica dos tempos da Guerra Fria sobre

os limites territoriais da Europa supõe o limite entre

civilizações desenvolvidas e subdesenvolvidas.

(D) a visão geopolítica recente incorpora elementos da

religião dos países indicados.

(E) a representação mais ampla a respeito das fronteiras

da Europa, que engloba a Rússia chegando ao

Oceano Pacífico, descaracteriza a uniformidade

cultural, econômica e ambiental encontrada na visão

clássica.

________________________________________________

*Anotações*

.7. (ENEM-MEC)

O ataque japonês a Pearl Harbor e a consequente

guerra entre americanos e japoneses no Pacífico foi

resultado de um processo de desgaste das relações

entre ambos. Depois de 1934, os japoneses passaram a

falar mais desinibidamente da “Esfera de coprosperidade

da Grande Ásia Oriental”, considerada como a “Doutrina

Monroe Japonesa”.

A expansão japonesa havia começado em 1895,

quando venceu a China, impôs-lhe o Tratado de

Shimonoseki passando a exercer tutela sobre a Coreia.

Definida sua área de projeção, o Japão passou a ter

atritos constantes com a China e a Rússia. A área de

atrito passou a incluir os Estados Unidos quando os

japoneses ocuparam a Manchúria, em 1931, e a seguir, a

China, em 1937.

REIS FILHO, D. A. (org.). O século XX, o tempo das crises.

Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.

Sobre a expansão japonesa, infere-se que

(A) o Japão tinha uma política expansionista, na Ásia, de

natureza bélica, diferente da Doutrina Monroe.

(B) o Japão buscou promover a prosperidade da Coreia,

tutelando-a à semelhança do que os EUA faziam.

(C) o povo japonês propôs cooperação aos Estados

Unidos ao copiarem a Doutrina Monroe e proporem o

desenvolvimento da Ásia.

(D) a China aliou-se à Rússia contra o Japão, sendo que

a Doutrina Monroe previa a parceria entre os dois.

(E) a Manchúria era território norte-americano e foi

ocupado pelo Japão, originando a guerra entre os

dois países.

.8. (ENEM-MEC)

Os chineses não atrelam nenhuma condição para

efetuar investimentos nos países africanos. Outro ponto

interessante é a venda e compra de grandes somas de

áreas, posteriormente cercadas. Por se tratar de países

instáveis e com governos ainda não consolidados, teme-

-se que algumas nações da África tornem-se literalmente

protetorados.

BRANCOLI, F. China e os novos investimentos na África:

neocolonialismo ou mudanças na arquitetura global?

Disponível em: http://opiniaoenoticia.com.br.

Acesso em: 29/4/2010 (adaptado).

A presença econômica da China em vastas áreas do

globo é uma realidade do século XXI. A partir do texto,

como é possível caracterizar a relação econômica da

China com o continente africano?

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 67

(A) Pela presença de órgãos econômicos internacionais

como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o

Banco Mundial, que restringem os investimentos

chineses, uma vez que estes não se preocupam com

a preservação do meio ambiente.

(B) Pela ação de ONGs (Organizações Não

Governamentais) que limitam os investimentos

estatais chineses, uma vez que estes se mostram

desinteressados em relação aos problemas sociais

africanos.

(C) Pela aliança com os capitais e investimentos diretos

realizados pelos países ocidentais, promovendo o

crescimento econômico de algumas regiões desse

continente.

(D) Pela presença cada vez maior de investimentos

diretos, o que pode representar uma ameaça à

soberania dos países africanos ou manipulação das

ações destes governos em favor dos grandes

projetos.

(E) Pela presença de um número cada vez maior de

diplomatas, o que pode levar à formação de um

Mercado Comum Sino-Africano, ameaçando os

interesses ocidentais.

.9. (ENEM-MEC)

O G-20 é o grupo que reúne os países do G-7, os

mais industrializados do mundo (EUA, Japão, Alemanha,

França, Reino Unido, Itália e Canadá), a União Europeia

e os principais emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China,

África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Coreia

do Sul, Indonésia, México e Turquia). Esse grupo de

países vem ganhando força nos fóruns internacionais de

decisão e consulta.

ALLAN, R. Crise global. Disponível em:

http://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br.

Acesso em: 31/7/2010.

Entre os países emergentes que formam o G-20, estão

os chamados BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China),

termo criado em 2001 para referir-se aos países que

(A) apresentam características econômicas promissoras

para as próximas décadas.

(B) possuem base tecnológica mais elevada.

(C) apresentam índices de igualdade social e econômica

mais acentuados.

(D) apresentam diversidade ambiental suficiente para

impulsionar a economia global.

(E) possuem similaridades culturais capazes de

alavancar a economia mundial.

________________________________________________

*Anotações*

.10. (ENEM-MEC)

A formação dos Estados foi certamente distinta na

Europa, na América Latina, na África e na Ásia. Os

Estados atuais, em especial na América Latina — onde

as instituições das populações locais existentes à época

da conquista ou foram eliminadas, como no caso do

México e do Peru, ou eram frágeis, como no caso do

Brasil —, são o resultado, em geral, da evolução do

transplante de instituições europeias feito pelas

metrópoles para suas colônias. Na África, as colônias

tiveram fronteiras arbitrariamente traçadas, separando

etnias, idiomas e tradições, que, mais tarde,

sobreviveram ao processo de descolonização, dando

razão para conflitos que, muitas vezes, têm sua

verdadeira origem em disputas pela exploração de

recursos naturais. Na Ásia, a colonização europeia se fez

de forma mais indireta e encontrou sistemas políticos e

administrativos mais sofisticados, aos quais se superpôs.

Hoje, aquelas formas anteriores de organização, ou pelo

menos seu espírito, sobrevivem nas organizações

políticas do Estado asiático.

GUIMARÃES, S. P. Nação, nacionalismo, Estado. Estudos avançados.

São Paulo: EdUSP, v. 22, n.º 62, jan./abr. 2008 (adaptado).

Relacionando as informações ao contexto histórico e

geográfico por elas evocado, assinale a opção correta

acerca do processo de formação socioeconômica dos

continentes mencionados no texto.

(A) Devido à falta de recursos naturais a serem

explorados no Brasil, conflitos étnicos e culturais

como os ocorridos na África estiveram ausentes no

período da independência e formação do Estado

brasileiro.

(B) A maior distinção entre os processos histórico-

-formativos dos continentes citados é a que se

estabelece entre colonizador e colonizados, ou seja,

entre a Europa e os demais.

(C) À época das conquistas, a América Latina, a África e

a Ásia tinham sistemas políticos e administrativos

muito mais sofisticados que aqueles que lhes foram

impostos pelo colonizador.

(D) Comparadas ao México e ao Peru, as instituições

brasileiras, por terem sido eliminadas à época da

conquista, sofreram mais influência dos modelos

institucionais europeus.

(E) O modelo histórico da formação do Estado asiático

equipara-se ao brasileiro, pois em ambos se

manteve o espírito das formas de organização

anteriores à conquista.

________________________________________________

*Anotações*

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 68

.11. (ENEM-MEC)

Por volta de 1880, com o progresso de uma economia

primária e de exportação, consolidou-se em quase toda a

América Latina um novo pacto colonial que substituiu

aquele imposto por Espanha e Portugal. No mesmo

momento em que se afirmou, o novo pacto colonial

começou a se modificar em sentido favorável à

metrópole. A crescente complexidade das atividades

ligadas aos transportes e às trocas comerciais multiplicou

a presença dessas economias metropolitanas em toda a

área da América Latina: as ferrovias, as instalações

frigoríficas, os silos e as usinas, em proporções diversas

conforme a região, tornaram-se ilhas econômicas

estrangeiras em zonas periféricas.

DONGHI, T. H. História da América Latina. 2.ª ed.

Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005 (adaptado).

De acordo com o texto, o pacto colonial imposto por

Espanha e Portugal a quase toda a América Latina foi

substituído em função

(A) das ilhas de desenvolvimento instaladas nas

periferias das grandes cidades.

(B) da restauração, por volta de 1880, do pacto colonial

entre a América Latina e as antigas metrópoles.

(C) do domínio, em novos termos, do capital estrangeiro

sobre a economia periférica, a América Latina.

(D) das ferrovias, frigoríficos, silos e usinas instaladas

em benefício do desenvolvimento integrado e

homogêneo da América Latina.

(E) do comércio e da implantação de redes de

transporte, que são instrumentos de fortalecimento

do capital nacional frente ao estrangeiro.

.12. (ENEM-MEC)

O intercâmbio de ideias, informações e culturas,

através dos meios de comunicação, imprimem mudanças

profundas no espaço geográfico e na construção da vida

social, na medida em que transformam os padrões

culturais e os sistemas de consumo e de produção,

podendo ser responsáveis pelo desenvolvimento de uma

região.

HAESBAERT, R. Globalização e fragmentação do mundo

contemporâneo. Rio de Janeiro: EdUFF, 1998.

Muitos meios de comunicação, frutos de experiências e

da evolução científica acumuladas, foram inventados ou

aperfeiçoados durante o século XX e provocaram

mudanças radicais nos modos de vida como, por

exemplo,

(A) a diferenciação regional da identidade social por

meio de hábitos de consumo.

(B) o maior fortalecimento de informações, hábitos e

técnicas locais.

(C) a universalização do acesso a computadores e a

internet em todos os países.

(D) a melhor distribuição de renda entre os países do sul

favorecendo o acesso a produtos originários da

Europa.

(E) a criação de novas referências culturais para a

identidade social por meio da disseminação das

redes de fast-food.

.13. (ENEM-MEC)

Entre as promessas contidas na ideologia do

processo de globalização da economia estava a

dispersão da produção do conhecimento na esfera

global, expectativa que não se vem concretizando. Nesse

cenário, os tecnopolos aparecem como um centro de

pesquisa e desenvolvimento de alta tecnologia que conta

com mão de obra altamente qualificada. Os impactos

desse processo na inserção dos países na economia

global deram-se de forma hierarquizada e assimétrica.

Mesmo no grupo em que se engendrou a reestruturação

produtiva, houve difusão desigual da mudança de

paradigma tecnológico e organizacional. O peso da

assimetria projetou-se mais fortemente entre os países

mais desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento.

BARROS, F. A. F. Concentração técnico-científica: uma tendência

em expansão no mundo contemporâneo? Campinas: Inovação

Uniemp, v. 3, n.º 1, jan./fev. 2007 (adaptado).

Diante das transformações ocorridas, é reconhecido que

(A) a inovação tecnológica tem alcançado a cidade e o

campo, incorporando a agricultura, a indústria e os

serviços, com maior destaque nos países

desenvolvidos.

(B) os fluxos de informações, capitais, mercadorias e

pessoas têm desacelerado, obedecendo ao novo

modelo fundamentado em capacidade tecnológica.

(C) as novas tecnologias se difundem com equidade no

espaço geográfico e entre as populações que as

incorporam em seu dia a dia.

(D) os tecnopolos, em tempos de globalização, ocupam

os antigos centros de industrialização, concentrados

em alguns países emergentes.

(E) o crescimento econômico dos países em

desenvolvimento, decorrente da dispersão da

produção do conhecimento na esfera global,

equipara-se ao dos países desenvolvidos.

________________________________________________ *Anotações*

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 69

.14. (FGV-SP)

Observe a foto de uma manifestação de dekasseguis no

Japão em janeiro de 2009.

www.oglobo.globo.com/fotos. Acesso em: 18/1/2009.

A partir da análise da foto, dos conhecimentos sobre a

migração brasileira e da atual economia japonesa,

assinale a alternativa que apresenta a legenda mais

adequada para a situação representada.

(A) Os imigrantes brasileiros, considerados essenciais

para a economia japonesa, desenvolvem atividades

especializadas e reivindicam melhores salários.

(B) A crise econômica no Japão tem gerado um

protecionismo em relação aos trabalhadores

brasileiros, que passaram a ter a preferência em

relação aos imigrantes de outros países asiáticos.

(C) A recessão econômica enfrentada pelo Japão tem

mudado o cenário para muitos dos milhares de

brasileiros, que passaram a enfrentar a situação de

desemprego.

(D) Depois de décadas de trabalho no Japão, os

brasileiros protestam porque não aceitam ser

substituídos por trabalhadores chineses, que

recebem salários mais baixos.

(E) No Japão, os imigrantes brasileiros desempenham

atividades bem remuneradas e, por isso, têm sido

substituídos por mão de obra asiática, mais barata.

________________________________________________

*Anotações*

.15. (ENEM-MEC)

Analise o quadro acerca da distribuição da miséria no

mundo, nos anos de 1987 a 1998.

MAPA DA MISÉRIA

População que vive com menos de US$ 1 por dia (em %)

Região 1987 1990 1993 1996 1998*

Extremo Oriente e

Pacífico

26,6

27,6

25,2

14,9

15,3

Europa e Ásia Central 0,2 1,6 4,0 5,1 5,1

América Latina e

Caribe

15,3

16,8

15,3

15,6

15,6

Oriente Médio e

Norte da África

4,3

2,4

1,9

1,8

1,9

Sul da Ásia 44,9 44,0 42,4 42,3 40,0

África Subsaariana 46,6 47,7 49,7 48,5 46,3

Mundo 28,3 29,0 28,1 24,5 24,0

* Preliminar

Fonte: Banco Mundial.

Gazeta Mercantil, 17/10/2001, p. A-6 (adaptado).

A leitura dos dados apresentados permite afirmar que, no

período considerado,

(A) no Sul da Ásia e na África Subsaariana está,

proporcionalmente, a maior concentração da

população miserável.

(B) registra-se um aumento generalizado da população

pobre e miserável.

(C) na África Subsaariana, o percentual de população

pobre foi crescente.

(D) em números absolutos a situação da Europa e da

Ásia Central é a melhor dentre todas as regiões

consideradas.

(E) o Oriente Médio e o Norte da África mantiveram o

mesmo percentual de população miserável.

________________________________________________

*Anotações*

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 27

*MÓDULO 1*

Geologia – Planeta Terra

Movimento e choque

Os terremotos são consequência direta de um dos

fenômenos mais antigos da Terra: a lenta movimentação

das placas tectônicas. Essas imensas camadas sólidas,

que sustentam o território de países, continentes e

oceanos, deslizam sobre o magma, o material em estado

líquido pastoso que compõe o interior do planeta. Como

uma casca de ovo rachada, as placas formam a Iitosfera,

parte dura e externa da Terra. Há milhões de anos, as

placas tectônicas se movem alguns milímetros por ano:

vão uma contra a outra, distanciam-se ou movem-se lado

a lado. Esse movimento é a origem de diversos

fenômenos geológicos, como os terremotos, os vulcões,

a formação de cadeias de montanhas, como os Andes, e

até mesmo os tsunamis, as enormes ondas que arrasam

populações litorâneas.

O movimento tectônico faz com que os limites das

placas se engatem, como botões de uma camisa, o que

provoca acúmulo de energia. Com o passar de décadas

e séculos, pedaços das placas não sustentam tanta

energia acumulada e racham de repente, causando os

abalos sísmicos. O foco dos tremores ocorre entre 10 e

800 quilômetros de profundidade, já nas rochas

superiores do manto terrestre. Os mais rasos costumam

causar maior impacto na superfície, derrubando edifícios,

pontes e provocando pânico. As regiões mais vulneráveis

a terremotos são justamente as que ficam no limite das

placas, como toda a costa oeste da América e leste da

Ásia. Grandes tragédias da história foram causadas por

terremotos no Chile, Equador, Colômbia, na Califórnia

(EUA), no Japão e na Nova Zelândia.

A placa do Pacífico, mais pesada, é forçada a

mergulhar sob a placa Sul-Americana, que se enruga,

criando cordilheiras como os Andes. A placa que fica por

baixo acaba se fundindo ao magma, que pode subir à

superfície em forma de vulcões. É por isso que as áreas

ao redor da placa do Pacífico formam o Cinturão de

Fogo, região que concentra não só terremotos como a

maioria dos vulcões do planeta, como os do Chile, Peru,

México, Japão e Filipinas. O mesmo fenômeno que forma

os Andes na América do Sul cria a fossa das Marianas

no leste da Ásia. A placa do Pacífico se afunda sobre

outra placa oceânica, a das Filipinas, formando uma

região em que o mar ultrapassa 11 quilômetros de

profundidade.

________________________________________________ *Anotações*

EDITORA ABRIL

*1* PLACA DA AMÉRICA DO NORTE E DO CARIBE

Com 70 milhões de quilômetros quadrados, seu

deslocamento horizontal em relação à placa do Pacífico

cria uma fronteira turbulenta. Em um dos limites, na

Califórnia, está a falha de San Andreas, famosa pelos

terremotos arrasadores.

*2* PLACA EURO-ASIÁTICA OCIDENTAL

Com 60 milhões de quilômetros quadrados, sustenta a

Europa, parte da Ásia, do Atlântico Norte e do mar

Mediterrâneo.

*3* PLACA EURO-ASIÁTICA ORIENTAL

Em seu movimento para o leste, esse bloco de 40

milhões de quilômetros quadrados se choca contra a

placa das Filipinas e com a do Pacífico.

*4* PLACA DAS FILIPINAS

Essa placa de “apenas” 7 milhões de quilômetros

quadrados concentra em seus limites quase a metade

dos vulcões ativos do planeta.

*5* PLACA INDO-AUSTRALIANA

O bloco de 45 milhões de quilômetros quadrados que

sustenta a Índia, a Austrália e a Nova Zelândia ruma

velozmente para o norte.

*6* PLACA DA ANTÁRTIDA

É o bloco que dá suporte à Antártida e a uma parte do

Atlântico Sul, em um total de 25 milhões de quilômetros

quadrados.

*7* PLACA DA ÁFRICA

No meio do Atlântico, uma falha submersa abre

caminho para o magma do manto inferior, fazendo com

que esse bloco se afaste progressivamente da placa

Sul-Americana e cresça de tamanho. Atualmente, tem

65 milhões de quilômetros quadrados.

*8* PLACA SUL-AMERICANA

Como o Brasil está bem no meio desse bloco de 32

milhões de quilômetros quadrados, sente pouco os

efeitos de terremotos e vulcões. No centro do

continente, a placa mede 200 quilômetros de

espessura.

*9* PLACA DE NAZCA

A cada ano, essa placa de 10 milhões de quilômetros

quadrados no leste do oceano Pacífico fica 10

centímetros menor pelas trombadas com a placa Sul-

Americana. Esta desliza por cima da placa de Nazca,

colocando vulcões em atividade e elevando mais as

montanhas dos Andes.

*10* PLACA DO PACÍFICO

Com cerca de 70 milhões de quilômetros quadrados,

está em constante renovação na região do Havaí, onde

o magma sobe e cria ilhas vulcânicas.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 28

Os terremotos são consequência direta de um dos

fenômenos mais antigos da Terra: a lenta

movimentação das placas tectônicas. Há centenas

de milhões de anos, as placas se aproximam,

distanciam-se uma da outra ou deslizam lado a lado,

fazendo com que suas bordas se engatem. Com o

passar do tempo, pedaços das placas não sustentam

a energia acumulada e racham de repente,

provocando os abalos sísmicos. Por isso, as regiões

mais vulneráveis a terremotos são as que ficam no

limite das placas, como toda a costa oeste da

América e leste da Ásia.

O movimento das placas também cria a maior parte

dos vulcões. Quando uma placa continental encontra

uma placa oceânica, como ocorre com a placa Sul-

-Americana e a do Pacífico, a oceânica é forçada a

mergulhar sob a primeira. Acaba se fundindo ao

magma, que pode subir à superfície na forma de

vulcões. Por isso, as áreas ao redor da placa do

Pacífico formam o Cinturão de Fogo, região que

concentra não só terremotos como também a maioria

dos vulcões do planeta.

A superfície da Terra, chamada de crosta terrestre

ou litosfera, é apenas uma fina camada do planeta,

com cerca de 100 quilômetros. Abaixo dela, há o

manto terrestre, com quase 3.000 quilômetros de

espessura, formado por rochas pastosas a uma

temperatura que vai de 100 ºC a 3.500 ºC. O núcleo

tem mais 3.000 quilômetros de materiais densos,

como ferro e níquel, a mais de 4.000 ºC de

temperatura.

Até 200 milhões de anos atrás, as placas tectônicas

formavam um único continente, a Pangeia. Esse

continente foi se dividindo – ao ritmo de poucos

centímetros por ano. No decorrer de milhões de

anos, formou-se o relevo que conhecemos hoje. As

maiores cordilheiras da Terra, como a dos Andes e a

do Himalaia, foram formadas pelo choque das placas

tectônicas.

Com o passar dos milhões de anos, a ação do Sol,

da chuva e da água do mar fragmenta e decompõe

as rochas. Esse processo, chamado de

intemperismo, dá origem ao solo e à água.

A erosão faz o material decomposto das rochas

preencher depressões, que se transformam nas

bacias sedimentares. O solo dessas bacias se

formou com o lento e contínuo acúmulo de

sedimentos de rochas mais antigas e materiais

orgânicos.

________________________________________________ *Anotações*

********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para as questões de 1 a 3.

Tragédia anunciada

Geólogos sabiam que a terra ia tremer no Haiti. E é provável que, nos próximos anos, mais terremotos sacudam o país, como já ocorreu sucessivas vezes no século XVIII

Durante 30

segundos do dia

12 de janeiro de

2010, a terra

tremeu no Haiti e

destruiu 70% dos

prédios de Porto

Príncipe, a

capital. O

terremoto, de

magnitude 7 na

escala Richter,

agravou ainda

mais a miséria

do Haiti, o país

mais pobre da

América. Foram semanas de caos, saques e falta de

água. Ao fim de um mês, mais de 150.000 pessoas

tinham morrido. O pior é que um tremor desses já havia

acontecido antes – e os geólogos sabiam que ele estava

prestes a se repetir.

O Haiti ocupa o terço ocidental da ilha de HispanioIa,

que repousa sobre a fronteira de duas placas tectônicas

– a placa do Caribe e a Norte-Americana. As duas se

distanciam entre si cerca de 2 centímetros por ano. A

placa Norte-Americana se desloca para o oeste e a do

Caribe, para o leste. Nesse movimento, alguns pontos

ficam presos uns aos outros, como botões esticados

numa camisa, acumulando energia. Quando as placas

cedem, a energia é liberada, provocando um imenso

tremor. Isso já ocorreu diversas vezes no Haiti. O país

viveu grandes terremotos em 1751, 1761 e 1770, e

depois disso entrou num período relativamente calmo.

Pelo que se viu em janeiro, essa calmaria das placas

tectônicas acabou.

A tragédia no Haiti teve duas agravantes. A primeira é

que o epicentro foi a apenas 15 quilômetros da zona

central de Porto Príncipe, que tem quase 3 milhões de

habitantes. A segunda é que contribuiu para elevar o

número de vítimas: as construções da cidade não

estavam preparadas para terremotos e o país não tinha

planos de emergência. Dois meses depois do terremoto

do Haiti, um sismo mais forte, de 8,5 graus, sacudiu o

Chile. Apesar da destruição de casas, pontes e viadutos,

o número de mortos foi bem menor que o do Haiti – cerca

de 500 pessoas. Prova de que o Chile está mais bem

preparado para as surpresas da natureza.

Superinteressante, São Paulo, fev. 2010.

FRED DUFOUR / AFP

Terremoto no Haiti em janeiro de 2010: o abalo destruiu 70% dos prédios da capital e deixou mais de 150.000 mortos

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 29

INFOGRÁFICO ESTÚDIO PINGADO

O epicentro foi a 10 km de profundidade, e foi liberada energia equivalente a 32 milhões de TNT ou 25 bombas nucleares

.1. (AED-SP)

Por que os geólogos previam que haveria um terremoto

no Haiti?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.2. (AED-SP)

Que movimento de placas tectônicas iniciou o terremoto?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.3. (AED-SP)

Quais fatores aumentaram a tragédia iniciada com o

tremor?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.4. (ENEM-MEC)

A tragédia do Haiti não é apenas produto de uma

natureza insondável. É o resultado da incúria humana; da

corrupção; da miséria material; e da tirania. Eis a tese

apresentada em ensaio fundamental para entender a

contabilidade macabra dos desastres naturais. Foi

publicado em 2005 por Matthew Kahn em revista do

prestigiado MIT. Observando e comparando 73 países

(pobres, médios e ricos), a conclusão de Kahn é

arrepiante: os grandes desastres naturais distribuem-se

equitativamente pelo globo. O que não se distribui

equitativamente pelo globo é o número de mortos: países

com um PIB per capita de US$ 2.000 apresentam uma

média de 944 mortos por ano. Países com um PIB per

capita de US$ 14.000, uma média de 180 mortes. Entre

1980 e 2000, a Índia teve 14 grandes terremotos.

Morreram 32.117 pessoas. No mesmo período, os

Estados Unidos tiveram 18 grandes terremotos.

Morreram 143 pessoas. A disparidade dos mortos

também é imensa entre países democráticos e não

democráticos. O número de mortos em países

democráticos é, mostra Kahn, incomparavelmente inferior

aos mortos anônimos dos regimes ditatoriais/autoritários.

Adaptado de João Pereira Coutinho, O terremoto

da pobreza, Folha de S. Paulo, 19/1/2010.

Conforme o texto, qual afirmação está correta?

(A) O número de mortos por terremoto na Índia entre

1980 e 2000 é até 300% maior que nos Estados

Unidos no mesmo período.

(B) Nos países pobres, onde se constrói sem

planejamento e segurança, os terremotos são mais

comuns.

(C) Países ricos e democráticos são os que, segundo

Matthew Kahn, apresentaram menos terremotos

entre 1980 e 2000.

(D) Existe uma relação diretamente proporcional entre

PIB per capita e mortes decorrentes de terremotos.

(E) Seguindo os cálculos de Khan, a cada 1.000 dólares

de aumento do PIB per capita, há 63 menos mortes

decorrentes de terremotos por ano.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 30

.5. (INEP-MEC)

Com base na tabela abaixo, analise as afirmações a

seguir.

Era Anos

(aprox.)

Evolução

geológica

Evolução

biológica

4 bilhões

Surgem as

rochas mais

antigas

3,5 bilhões

Primeiros

vestígios de

vida

Pré-

Cambriana

1,8 bilhão Oxigênio

na atmosfera

400 milhões

Primeiras

árvores

gimnospermas

300 milhões

Florestas são

soterradas e

começam a virar

carvão mineral

Répteis

aparecem

220 milhões

A Pangeia

começa

a se dividir

Surgem

dinossauros

e aves

Mesozoica

145 milhões

Formação de

diversas bacias

sedimentares

65 milhões Extinção dos

dinossauros

60 milhões

O Himalaia

e os Alpes

ganham forma

Primeiros

primatas

Cenozoica

4 milhões Surgimento dos

hominídeos

1,8 milhão

Primeiros

utensílios

de pedra

20 mil anos

Término

da última

Idade do Gelo

Extinção

da megafauna

I. Existem bacias sedimentares originadas há

menos tempo que espécies de répteis, aves e

dinossauros.

II. O surgimento dos Alpes favoreceu a extinção

dos grandes mamíferos.

III. Os primeiros humanos chegaram ao território

brasileiro há cerca de 1,8 milhão de anos.

IV. Não havia vertebrados quando a Pangeia

começou a se dividir.

V. Durante o período de existência dos

dinossauros, o monte Everest não existia.

Quais dessas afirmações são verdadeiras?

(A) I, ll e lV.

(B) I e ll.

(C) l e V.

(D) lll e IV.

(E) Nenhuma está correta.

********** ATIVIDADES 2 **********

C2 Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.

H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos.

.6. (ENEM-MEC)

O desenho do artista uruguaio Joaquín Torres-García

trabalha com uma representação diferente da usual da

América Latina. Em artigo publicado em 1941, em que

apresenta a imagem e trata do assunto, Joaquín afirma:

“Quem e com que interesse dita o que é o norte e o sul?

Defendo a chamada Escola do Sul porque, na realidade,

nosso norte é o Sul. Não deve haver norte, senão em

oposição ao nosso sul. Por isso colocamos o mapa ao

revés, desde já, e então teremos a justa ideia de nossa

posição, e não como querem no resto do mundo. A ponta

da América assinala insistentemente o Sul, nosso norte.”

TORRES-GARCÍA, J. Universalismo constructivo.

Buenos Aires: Poseidón, 1941 (com adaptações).

O referido autor, no texto e imagem acima,

(A) privilegiou a visão dos colonizadores da América.

(B) questionou as noções eurocêntricas sobre o mundo.

(C) resgatou a imagem da América como centro do

mundo.

(D) defendeu a Doutrina Monroe expressa no lema

“América para os americanos”.

(E) propôs que o sul fosse chamado de norte e vice-

-versa.

________________________________________________

*Anotações*

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 31

H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações.

.7. (ENEM-MEC)

Observe os quadrinhos.

QUINO. Toda Mafalda. 5.ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 221.

Os quadrinhos relacionam-se a um momento histórico

que marcou o século XX. Considerando o contexto

geopolítico, é correto afirmar que o momento em

destaque refere-se

(A) ao avanço da ideologia socialista nos países

ocidentais, que sobrepôs a cultura consumista do

capitalismo.

(B) à decadência dos grandes grupos econômicos nos

países ricos após a crise da bolsa de Nova York em

1929.

(C) à equiparação de poder existente entre o líder do

bloco capitalista (Estados Unidos) e o líder socialista

(União Soviética) durante a Guerra Fria.

(D) à ascensão do capitalismo nos países periféricos

após o fim do socialismo e o equilíbrio criado entre

Estados Unidos e os países da América Latina.

(E) ao declínio da influência soviética, após a queda do

Muro da Vergonha, em Berlim.

H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social.

.8. (ENEM-MEC)

O texto refere-se a uma propaganda veiculada pelo

governo de um estado brasileiro.

Terra virgem. Terra que precisa ser possuída. Agora.

Urgente. Terra que dá arroz, algodão, soja, feijão, milho e

tudo mais. Terra que é veio sem fim de amianto, níquel,

ouro, diamante, cristal de rocha, manganês, mica –

minérios que todo mundo está de olho neles. Terra que

engorda gado bom o ano inteiro. Terra para você

trabalhar toda a vida e ganhar sempre. Trabalhar, ganhar

e viver no conforto. Quem busca lucro e paz o negócio é

Goiás. Matéria-prima farta, mão de obra barata. Energia

elétrica à vontade. Estradas asfaltadas. Crédito fácil e a

longo prazo. (...)

Revista Realidade/Amazônia, Editora Abril.

A propaganda refere-se

(A) ao processo de colonização desencadeado por

ingleses e portugueses no continente americano

durante os séculos XVIII e XIX.

(B) à expansão das fronteiras agrícolas incentivadas

pelo governo nos anos de 1970.

(C) à ocupação do planalto central durante a colonização

portuguesa no Brasil.

(D) à política de criação e desenvolvimento da Amazônia

Legal no Brasil.

(E) ao incentivo de ocupação do Nordeste, no século

XX.

.9. (ENEM-MEC)

Quando acontece uma seca, no Nordeste toda a

estrutura sofre, mas o peso maior é suportado pelos que

estão embaixo. A seca, na verdade, é o colapso da

produção agrícola e esse colapso se traduz em fome [...]

quando ocorre, se lança mão de uma ajuda de

emergência [...] mas é preciso estar preparado [...]. É

preciso que esses projetos não fiquem sendo

manipulados pelos grupos locais.

Celso Furtado. In: OLlVA, Jaime; GIANSANTI, Roberto. Temas

da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999, p. 196.

Levando em consideração o texto, sobre o problema da

seca no Nordeste brasileiro, é correto afirmar que

(A) os projetos para evitar as secas têm sido

implantados corretamente pelos políticos locais.

(B) o pequeno agricultor foi beneficiado pela ajuda dos

vários níveis de governo e das elites locais.

(C) a manipulação do dinheiro público pela elite local

provoca a chamada indústria da seca.

(D) a dinâmica climática leva as secas ao Nordeste, mas

permite o desenvolvimento agrícola.

(E) existem projetos permanentes de ajuda aos

agricultores, mantidos pelos grupos locais, uma vez

que as secas são previsíveis.

________________________________________________ *Anotações*

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 32

*MÓDULO 2*

Natureza brasileira – Biodiversidade

Beleza sob risco

A serra do Mar é uma cadeia de montanhas antigas

que se estende por cerca de 1.000 quilômetros do

Espírito Santo a Santa Catarina. Ela corre mais ou

menos paralelamente à costa brasileira. Em algumas

regiões, suas montanhas são mais próximas ao mar,

como em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, ou Ubatuba,

litoral norte de São Paulo. Em outras, como no sul de

São Paulo, a serra fica mais distante, dando espaço para

uma planície com dezenas de quilômetros entre o mar e

as montanhas. A altura dos morros varia de 1.200 a

2.000 metros, tornando as áreas capazes de abrigar

diversos tipos da mata Atlântica. O conjunto de morros

recebe nomes diferentes em cada região, como serra do

Tabuleiro, em Santa Catarina, serra da Graciosa, no

Paraná, serra da Bocaina ou dos Órgãos, no Rio de

Janeiro.

Uma das regiões mais belas do Brasil, a serra do Mar

é também um local perigoso. O solo das encostas é uma

camada fina, de 1 a 2 metros de terra e fragmentos de

rocha que se desprenderam do maciço rochoso. Quando

chove, a água se infiltra nas frestas das rochas que estão

expostas, tornando a base escorregadia. A água da

chuva também fica retida nos arbustos e árvores, que

muitas vezes passam de 5 metros de altura. Como a

maioria deles tem raízes curtas, a vegetação acaba

fazendo peso sobre as rochas, potencializando o

deslizamento. Quanto maior o declive das montanhas,

mais raso é o solo, pois o material decomposto por

intemperismo das rochas é rapidamente levado, pela

ação da chuva ou mesmo do vento, para as regiões mais

baixas. Por isso, no pico das montanhas a rocha costuma

ficar exposta, como o Dedo de Deus, no Rio de Janeiro,

e o Marumbi, no Paraná. O relevo íngreme faz da serra

do Mar a região com o maior risco de erosão em todo o

Brasil (veja o mapa abaixo). Esse fenômeno natural, que

ocorre há milhões de anos, é potencializado pelo corte

das árvores e pela construção de casas nas encostas.

Sem a cobertura vegetal para absorver e reter a água,

a erosão (ou seja, o transporte de terra morro abaixo) se

multiplica, alterando o relevo e causando mais

deslizamentos. A lama erodida acaba em rios – que

deixam de ter água cristalina e ganham tons de lama. Por

isso, quando o crescimento das grandes cidades chega à

serra, o resultado nem sempre é harmônico. No verão,

época de mais chuvas no Sul e no Sudeste, a água leva

o solo, as árvores e muitas casas.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 33

A serra do Mar é a região brasileira mais propensa à

erosão. O solo das montanhas é uma camada fina,

de 1 a 2 metros de terra, sobre uma rocha maciça e

lisa. Os deslizamentos acontecem nas épocas de

chuva porque a água torna as rochas mais lisas e faz

a vegetação e as construções pesar sobre a rocha.

Os rios que cortam a Amazônia formam a bacia

hidrográfica do Amazonas, a maior do mundo, onde

circula cerca de 60% da água doce do Brasil. Esses

rios são formados pela água que desce da

cordilheira dos Andes, do planalto das Guianas e do

planalto central. O principal deles, o rio Amazonas,

percorre, dos Andes até o oceano Atlântico, 7.000

quilômetros.

A Amazônia é a região mais poluidora do Brasil. Dos

mais de 2 bilhões de gases do efeito estufa que o

Brasil emite a cada ano, cerca de 60% vêm de lá.

Isso ocorre por causa do desmatamento, que libera

na atmosfera o carbono que constitui as plantas.

Outro motivo é a geração de energia por meio de

termelétricas movidas, sobretudo, a óleo diesel. Esse

tipo de fonte energética é muito mais poluidor que as

hidrelétricas.

O desmatamento da Amazônia diminuiu nos últimos

anos. Em 2004, 27.000 quilômetros quadrados da

floresta foram derrubados. Entre agosto de 2007 e

julho de 2008, a taxa havia caído para menos da

metade: 12.000 quilômetros quadrados. Mesmo

assim, a situação ainda preocupa. Estima-se que

17% da vegetação amazônica já tenha sido

desmatada. As áreas mais propensas à exploração

humana são as bordas da floresta: Rondônia, o norte

de Mato Grosso, o sul do Pará e o norte do

Maranhão, que formam o que os ambientalistas

chamam de Arco do Desmatamento. Quase 80% das

áreas que sofreram desmatamento se situam a até 5

quilômetros das estradas.

A transposição do rio São Francisco consiste em

desviar parte da água do maior rio do Nordeste por

meio de dutos e canais. Essa água alimentaria rios

menores e açudes que secam durante a estiagem na

região do semiárido. O empreendimento pode dar

mais um empurrão à agricultura nordestina, que vem

crescendo com a exportação de frutas. Mas a obra

de transposição é alvo de críticas. Opositores dizem

que o projeto trará grandes impactos ambientais à

região.

________________________________________________ *Anotações*

********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para as questões 1 e 2.

Filme antigo

A cada verão, a falta de planejamento no Brasil causa desastres que poderiam ser evitados

Enchente em São Paulo: entre o fim de 2009 e o início de 2010, a cidade registrou o maior índice de chuvas em dez anos

MAURÍCIO LIMA / AFP

Todos os anos, chuvas de verão derrubam pontes,

fecham estradas, deixam milhares de brasileiros

desabrigados, matam. Em seguida, autoridades partem

em romaria para os locais afetados, fazem discursos

compadecidos e prometem verbas ou obras

emergenciais, como se tivessem sido colhidas de

surpresa pela catástrofe. Na virada de 2010, 126

pessoas morreram no Rio de Janeiro, em São Paulo e no

Rio Grande do Sul, os estados mais atingidos pela

chuva. Entre eles, a cidade de Angra dos Reis, no Rio de

Janeiro, é o caso mais dramático e, também, o retrato

mais preciso do conjunto de fatores que desencadeia

esse tipo de tragédia. Ali, morreram 52 pessoas na virada

do ano, vítimas de deslizamentos de encostas. Tudo era

previsível. Na bela região em torno da baía de Angra,

com suas 365 ilhas e mais de 2.000 praias, chove quase

o dobro da média do Rio de Janeiro, e a instabilidade das

encostas é conhecida. Em 2002, 39 pessoas morreram

em Angra num deslizamento com características

semelhantes às de agora. Apesar disso, nunca foi feito

um mapa geológico para verificar quais terrenos são

impróprios para construção.

É verdade que, do começo de dezembro até a

primeira semana de janeiro, caiu o dobro de água do que

se esperava. Foi o maior índice em dez anos. Mas não é

essa a principal explicação para o que aconteceu na

cidade, que experimentou um vertiginoso crescimento

populacional a partir dos anos 1970. A construção da

Rodovia Rio-Santos aumentou o fluxo de turistas, e

grandes obras, como a usina nuclear de Angra 1,

levaram multidões de trabalhadores à região. A

população do município teve um crescimento de quase

três vezes a média brasileira no período. E num local

onde o problema de espaço é crônico. Espremida entre a

serra e o mar, a cidade não tem para onde crescer.

Casas e casebres foram se aglomerando no pé dos

morros e, quando não havia espaço, em cima deles.

Hoje, 60% dos moradores vivem em áreas de encosta,

uma área que, há muito tempo se sabe, tem alto risco de

deslizamento.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 34

Em Ilha Grande, morreram 31 pessoas soterradas.

Elas estavam na pousada Sankay e em cinco outras

residências engolidas por uma avalanche na madrugada

do dia 1.º de janeiro. A pousada tinha licença de

funcionamento da prefeitura, mas não a licença

ambiental do estado. Mesmo se tivesse, o risco de

deslizamento da encosta não teria sido analisado. As

casas atingidas no morro da Carioca, no centro de Angra,

onde morreram 21 pessoas, tampouco tinham licença.

Antes da tragédia, porém, a prefeitura dispunha de um

programa para levar saneamento e iluminação pública

para aquela área, como se não houvesse um grave

problema de segurança. Como se não bastasse, existe

um impressionante histórico de corrupção nos órgãos

responsáveis pela fiscalização da ocupação do solo em

Angra dos Reis. Entre 2006 e 2007, 44 funcionários da

prefeitura, do governo estadual e do Ibama foram presos

por vender pareceres técnicos favoráveis às construções.

Veja, 13/1/2010 (adaptado).

.1. (AED-SP)

Os deslizamentos nas encostas de Angra dos Reis eram

previsíveis? Por quê?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.2. (AED-SP)

De acordo com o texto, o que aconteceu com a

população de Angra dos Reis nos últimos anos?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.3. (INEP-MEC)

Com base na figura abaixo, analise as afirmações a

seguir.

INFOGRÁFICO ESTÚDIO PINGADO

I. A figura mostra três formas comuns de relevo

brasileiro: várzea (vale), montanha e planície.

II. Nas cidades brasileiras, é comum as populações

mais pobres ocuparem a várzea, área menos

valorizada e sujeita a enchentes.

III. As áreas mais baixas, na várzea do rio,

abrigaram diversas cidades antigas e medievais

na Europa e na Ásia.

Quais afirmações estão corretas?

(A) I e II, apenas.

(B) I e III, apenas.

(C) II e III, apenas.

(D) Nenhuma está correta.

(E) Todas estão corretas.

.4. (ENEM-MEC)

Ministério do Meio Ambiente. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação.

Analisando-se os dados do gráfico acima, que remetem a

critérios e objetivos no estabelecimento de unidades de

conservação no Brasil, constata-se que

(A) o equilíbrio entre unidades de conservação de

proteção integral e de uso sustentável já atingido

garante a preservação presente e futura da

Amazônia.

(B) as condições de aridez e a pequena diversidade

biológica observadas na Caatinga explicam por que

a área destinada à proteção integral desse bioma é

menor que a dos demais biomas brasileiros.

(C) o Cerrado, a Mata Atlântica e o Pampa, biomas mais

intensamente modificados pela ação humana,

apresentam proporção maior de unidades de

proteção integral que de unidades de uso

sustentável.

(D) o estabelecimento de unidades de conservação deve

ser incentivado para a preservação dos recursos

hídricos e a manutenção da biodiversidade.

(E) a sustentabilidade do Pantanal é inatingível, razão

pela qual não foram criadas unidades de uso

sustentável nesse bioma.

.5. (FUVEST-SP)

Numa casa localizada em uma encosta, o terreno

onde é construída a moradia fica completamente

encharcado em épocas de chuvas, em razão das águas

que descem do telhado e do talude adjacente. A encosta

assim exposta, sujeita à alta taxa de infiltração, põe a

casa em risco, pelo risco de deslizamentos em períodos

de chuva. É possível atenuar os deslizamentos nos

morros por meio de microdrenagem, um sistema de

canaletas e tubulações. Calhas são instaladas no telhado

da casa para recolher a água da chuva, e o excedente de

água é conduzido para uma canaleta ao pé do talude.

Manual de Ocupação de Morros na Região

Metropolitana de Recife (adaptado).

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 35

Sobre o sistema de microdrenagem, é incorreto afirmar

que:

(A) A maioria dos deslizamentos acontece na época das

chuvas porque a água pesa sobre a terra, que não

consegue se sustentar sobre as rochas e desliza.

(B) A água que cai dos telhados das casas aumenta a

possibilidade de deslizamentos.

(C) A drenagem contém a água da chuva nos morros,

como faz a vegetação em encostas ainda não

ocupadas pelo homem.

(D) Os sistemas de microdrenagem podem vir

acompanhados de outras obras de pavimentação,

como calçadas e escadarias nos morros.

(E) Cada casa precisa ter canaletas de drenagem

conectadas ao sistema principal.

.6. (INEP-MEC)

Em janeiro de 2008, o Ministério do Meio Ambiente

divulgou uma relação contendo os 36 municípios

apontados como os campeões no desmatamento da

Amazônia. Na lista, estão 19 municípios de Mato Grosso,

12 do Pará, quatro de Rondônia e um do Amazonas. As

informações sobre o desmatamento na Amazônia

demonstram, em uma primeira análise, que sua

ocorrência é predominante, sobretudo, nas regiões:

(A) de expansão da fronteira agrícola e da atividade

pecuária.

(B) de forte expansão urbana e industrial.

(C) com elevados índices de crescimento da indústria da

construção civil.

(D) com maior potencial de consumo local da madeira.

(E) nas áreas de fronteira com o Peru e a Colômbia.

.7. (ENEM-MEC)

O gráfico abaixo mostra a área desmatada da Amazônia,

em km2, a cada ano, no período de 1988 a 2008.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente.

As informações do gráfico indicam que

(A) o maior desmatamento ocorreu em 2004.

(B) a área desmatada foi menor em 1997 que em 2007.

(C) a área desmatada a cada ano manteve-se constante

entre 1998 e 2001.

(D) a área desmatada por ano foi maior entre 1994 e

1995 que entre 1997 e 1998.

(E) o total de área desmatada em 1992, 1993 e 1994 é

maior que 60.000 km2.

********** ATIVIDADES 2 **********

H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial.

.8. (ENEM-MEC)

Uma característica do mundo atual é a formação de

blocos com o objetivo de integração. Por exemplo, a UE

(União Europeia), o Nafta (integrando Estados Unidos,

Canadá e México) e o Mercosul (envolvendo Brasil,

Argentina, Uruguai e Paraguai).

A principal característica da formação dos blocos citados

no texto é de natureza

(A) religiosa.

(B) política.

(C) econômica.

(D) geográfica.

(E) social.

H10 Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica.

.9. (ENEM-MEC)

No Brasil [...] os escravos foram os ombros, as costas

e as pernas que fizeram andar a Colônia e, mais tarde, o

Império. Foram o ventre que gerou uma imensa

população mestiça e o seio que amamentou os filhos dos

senhores. Deixaram uma herança profunda: em 500 anos

de história, o Brasil teve três séculos e meio de regime

escravocrata contra apenas um de trabalho livre.

Eduardo Bueno. Brasil: uma história. 2.ª ed.

São Paulo: Ática, 2003, p. 118-119.

Analisando o fragmento, é correto afirmar que

(A) o Brasil é fruto de um processo de exploração e

miscigenação relacionado com a escravização de

africanos.

(B) a cultura africana enraizou-se na Colônia brasileira e

tornou-se padrão dominante a partir do século XVI.

(C) em 150 anos de trabalho livre, o negro ascendeu

socialmente, anulando as consequências da

escravidão.

(D) por meio do sacrifício dos africanos e indígenas

escravizados, o Brasil adquiriu status de nação

desenvolvida.

(E) a escravidão de africanos foi a única forma de

trabalho compulsório existente na época colonial.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 36

*MÓDULO 3*

Recursos naturais – Água

A globalização da água

Você já ouviu falar de água virtual? Não se trata de

nenhum líquido que corre entre os sites da internet, mas

aquela água que consumimos sem saber quando

compramos roupas, alimentos e qualquer outro produto

industrializado. A água virtual, somada à água consumida

diretamente por um indivíduo ou uma população, recebe

o nome de pegada hídrica. A pegada hídrica leva em

conta não apenas a água agregada aos produtos, mas

também o volume poluído na cadeia produtiva.

Nem todos os países deixam uma pegada hídrica

equivalente à disponibilidade de água em seu território. A

razão desse descompasso nas contas é a importação de

bens: as nações pobres em água compram do

estrangeiro alimentos e produtos industriais e, com eles,

importam – na forma de água virtual – o recurso coletado

de bacias hidrográficas de outras regiões do globo.

A Jordânia, por exemplo, retira a cada ano apenas 1

bilhão de metros cúbicos de água de seus rios e

aquíferos. Mas consome até sete vezes mais água (na

forma virtual) contida nos produtos que importa. É por

esse mecanismo que os chineses afetam as bacias

hidrográficas brasileiras quando compram nosso frango

e, no sentido inverso, os brasileiros consomem parte da

água das bacias chinesas em cada eletroeletrônico made

in China. A globalização, que tornou interdependentes os

mercados espalhados pelo planeta, reforçou, também, o

comércio internacional de água virtual.

Entre 1997 e 2001, o comércio internacional transferiu

de um país a outro algo em torno de 1 trilhão de metros

cúbicos de água virtual por ano, apenas em produtos

agropecuários. Se incluirmos aí os produtos industriais, o

fluxo anual de água virtual superou o 1,6 trilhão de

metros cúbicos.

Desse total, 61% do volume viaja invisivelmente em

grãos, e outros produtos vegetais, animais e derivados

representam 17%. Os produtos industriais utilizam 22% –

ou seja, 88% da água virtual transferida entre nações diz

respeito diretamente à alimentação da humanidade.

O Brasil está entre os maiores exportadores de água

virtual do mundo, ao lado dos Estados Unidos, do

Canadá e da França. Mas, como todas as demais

nações, também importamos água virtual. No saldo final

– a diferença entre exportação e importação –, algumas

ganham mais do que transferem. Os EUA, por exemplo,

perderam entre 1997 e 2001 mais de 53 bilhões de

metros cúbicos por ano. Já a Alemanha ganhou 35

bilhões. No mesmo período, o Brasil exportou a cada ano

67,8 bilhões de metros cúbicos – 97% na forma de

produtos agropecuários – e teve um saldo negativo de

quase 45 bilhões de metros cúbicos.

O comércio de água virtual tem um lado bom e outro

nem tanto. O aspecto positivo é que essa transferência

de água entre as nações alivia a escassez hídrica nos

países mais carentes de mananciais. A exportação,

nesse caso, funciona como uma espécie de instrumento

de democratização do bem natural. Por outro lado, a

produção de mais alimentos para vender a outras nações

exerce pressão sobre os mananciais dos países

exportadores.

INFOGRÁFICO ESTÚDIO PINGADO

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 37

A água utilizada pelas residências, para as pessoas

matarem a sede ou tomarem banho, significa apenas

10% do consumo mundial. Os restantes 90% são

utilizados em processos industriais e no campo.

Cerca de 70% do que é extraído dos rios e aquíferos

se destina à produção agropecuária.

Chama-se água virtual a quantidade hídrica

consumida em produtos industrializados e alimentos.

Desse modo, a água virtual pode ser exportada na

forma de produtos. A soma da água virtual, da água

de consumo residencial e daquela que foi poluída

durante o consumo ganha o nome de pegada

hídrica.

As chuvas acima da média na região Sudeste do

Brasil, no início de 2010, relacionam-se ao fenômeno

climático EI Niño. Trata-se do aquecimento anormal

(3 ºC a 7 ºC acima da média) nas águas da

superfície do oceano Pacífico próximas à costa da

América do Sul, combinado com o enfraquecimento

dos ventos alísios. Em vez da velocidade habitual de

15 metros por segundo (m/s) de leste para oeste, os

ventos sopram a 2 m/s. Isso faz com que a água

aquecida na região equatorial não seja levada em

direção à Indonésia, como normalmente ocorre. As

massas de ar quentes e úmidas acabaram chegando

ao Sudeste brasileiro.

Os mananciais são rios, lagos, represas e lençóis

freáticos que asseguram a água para o

abastecimento público. Merecem um cuidado

especial, já que, quando malconservados, exigem

gastos muito maiores no tratamento de água. Em

grandes metrópoles, a explosão da população

provocou a construção de casas até mesmo em

áreas de mananciais protegidas por leis ambientais.

O vaso sanitário é o campeão do consumo

doméstico. Mais da metade do consumo residencial

se dá com o chuveiro, a descarga e com simples

vazamentos. Somente em São Paulo, a água que

escorre por canos antigos ou malconservados

poderia abastecer mais de 2 milhões de pessoas.

********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para as questões de 1 a 3.

Líquido de comer

O consumo doméstico representa apenas 10% do total. A maior parte dos gastos de água ocorre na produção de alimentos

Bastam 50 litros de água por dia para que uma

pessoa mantenha a higiene, mate a sede e prepare as

refeições. Mas, quando se inclui no cálculo a água

necessária para produzir os alimentos básicos que

chegam à nossa mesa, cada cidadão precisa de muito

mais – algo em torno de 3.600 litros por dia. Isso significa

que, no decorrer de um ano, uma pessoa precisa de mais

de 1 milhão de litros, cerca de dois quintos do volume de

uma piscina olímpica. Mas a água que se usa em casa,

aquela que sai de torneiras e chuveiros, representa uma

pequena parcela de tudo o que cada cidadão consome –

no total, apenas 10% do consumo mundial. Para o

consumidor doméstico, os restantes 90% vêm na forma

de água invisível, dissolvida nos mais diferentes produtos

e atividades. A agricultura e a pecuária são, de longe, as

atividades responsáveis pela maior parte do consumo de

água. Cerca de 70% do que é extraído dos rios e

aquíferos se destina à produção agropecuária. Para

garantir safras de arroz, trigo e leite, o homem reduziu a

vazão de grandes rios.

Considere o seguinte café da manhã reforçado: uma

xícara de café, um copo de leite, uma fatia de pão, outra

de queijo, um ovo quente e um copo de suco de laranja.

Quem ingerir essa refeição consumirá indiretamente mais

de 600 litros de água – o volume utilizado para irrigar as

plantações de café, de laranja e de trigo e para matar a

sede do gado que deu o leite e alimentar com ração a

ave que botou o ovo. Se nosso convidado para o café da

manhã estiver usando uma camiseta de algodão e um

tênis de couro, a dívida para com as fontes hídricas

mundiais subirá mais 10.000 litros. Isso sem contar a

água empregada na fabricação da mesa e das cadeiras

da sala, a eletricidade consumida pela geladeira na qual

os alimentos foram conservados, o combustível utilizado

no transporte dos alimentos do campo para as prateleiras

do supermercado etc. Enfim, tudo o que a sociedade

moderna consome, de alimentos e ligas metálicas a

eletricidade e petróleo, só existe porque a água foi

utilizada, como matéria-prima ou como insumo, na

produção do bem ou do serviço.

Superinteressante, São Paulo, dez. 2009.

.1. (AED-SP)

Em que atividade é gasta a maior parte da água doce do

mundo?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.2. (AED-SP)

Ao todo, quanto de água um cidadão necessita por dia,

em média?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.3. (AED-SP)

É correto afirmar que a água é uma matéria-prima?

Justifique sua resposta.

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 38

.4. (FUVEST-SP)

Observe os dados contidos na tabela a seguir:

UFSCar 2004 – Adaptado de Pearson apud Sene & Moreira, 2002 e World Bank Atlas, 2000.

Considere as afirmações:

I. Geleiras e neve são a segunda fonte de água

potável mais utilizada pelo homem.

II. Duas regiões chamam atenção pela pouca

disponibilidade de água e presença de climas

áridos: o Oriente Médio e o norte da África.

III. As chamadas águas de superfície representam

uma fração mínima da água doce disponível no

mundo.

São corretas as afirmações:

(A) I e ll, apenas. (D) I, II e III.

(B) l e lll, apenas. (E) n. d. a.

(C) ll e lll, apenas.

.5. (ENEM-MEC)

A situação atual das bacias hidrográficas de São

Paulo tem sido alvo de preocupações ambientais: a

demanda hídrica é maior que a oferta de água e ocorre

excesso de poluição industrial e residencial. Um dos

casos mais graves de poluição da água é o da bacia do

alto Tietê, onde se localiza a região metropolitana de São

Paulo. Os rios Tietê e Pinheiros estão muito poluídos, o

que compromete o uso da água pela população.

Avalie se as ações apresentadas abaixo são adequadas

para se reduzir a poluição desses rios.

I. Investir em mecanismos de reciclagem da água

utilizada nos processos industriais.

II. Investir em obras que viabilizem a transposição

de águas de mananciais adjacentes para os rios

poluídos.

III. Implementar obras de saneamento básico e

construir estações de tratamento de esgotos.

É adequado o que se propõe

(A) apenas em I. (D) apenas em II e III.

(B) apenas em II. (E) em I, II e III.

(C) apenas em I e III.

.6. (INEP-MEC)

Consumo mundial de água por setor, segundo a renda dos países (em%)

O consumo de água é maior:

(A) Na agricultura mundial, devido à produção de

biocombustíveis.

(B) Nos domicílios que na agricultura, nos países de

industrialização tardia.

(C) No setor domiciliar, em países de renda média com

altos índices de urbanização.

(D) Na indústria que na agricultura, em países da

primeira revolução industrial.

(E) Na agricultura, em países com uso intensivo do solo

e de renda elevada.

.7. (INEP-MEC)

INFOGRÁFICO ESTÚDIO PINGADO

Fonte: Veja, 10/2/2010.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 39

O verão 2009/2010 bateu recordes de índices

pluviométricos no Sudeste brasileiro, com sérias

consequências para a população da região. No

infográfico apresentado, podemos observar as principais

causas desse excesso de chuva. De acordo com os

mecanismos descritos, não podemos afirmar que:

(A) O fenômeno do EI Niño tem relação com a oscilação

de temperatura do oceano Pacífico.

(B) A média de temperatura de São Paulo em 2010

excedeu em 1,4 grau a média considerada normal

para o estado.

(C) A grande evaporação das águas do Atlântico

contribui para a alta pluviosidade.

(D) A umidade que chegou a São Paulo foi gerada em

diversas regiões, exceto na Amazônia, que se situa

muito distante da região Sudeste.

(E) As chuvas que caíram no inverno também

contribuíram, indiretamente, para o aumento da

pluviosidade no verão.

.8. (ENEM-MEC)

Os ingredientes que compõem uma gotícula de

nuvem são o vapor de água e um núcleo de

condensação de nuvens (NCN). Em torno desse núcleo,

que consiste em uma minúscula partícula em suspensão

no ar, o vapor de água se condensa, formando uma

gotícula microscópica, que, devido a uma série de

processos físicos, cresce até precipitar-se como chuva.

Na floresta Amazônica, a principal fonte natural de

NCN é a própria vegetação. As chuvas de nuvens baixas,

na estação chuvosa, devolvem os NCNs, aerossóis, à

superfície, praticamente no mesmo lugar em que foram

gerados pela floresta. As nuvens altas são carregadas

por ventos mais intensos, de altitude, e viajam centenas

de quilômetros de seu local de origem, exportando as

partículas contidas no interior das gotas de chuva. Na

Amazônia, cuja taxa de precipitação é uma das mais

altas do mundo, o ciclo de evaporação e precipitação

natural é altamente eficiente.

Com a chegada, em larga escala, dos seres humanos

à Amazônia, ao longo dos últimos 30 anos, parte dos

ciclos naturais está sendo alterada. As emissões de

poluentes atmosféricos pelas queimadas, na época da

seca, modificam as características físicas e químicas da

atmosfera amazônica, provocando o seu aquecimento,

com modificação do perfil natural da variação da

temperatura com a altura, o que torna mais difícil a

formação de nuvens.

Paulo Artaxo et al. O mecanismo da floresta para fazer

chover. In: Scientific American Brasil, ano 1, n.º 11,

abr./2003, p. 38-45 (com adaptações).

Na Amazônia, o ciclo hidrológico depende

fundamentalmente

(A) da produção de CO2 oriundo da respiração das

árvores.

(B) da evaporação, da transpiração e da liberação de

aerossóis que atuam como NCNs.

(C) das queimadas, que produzem gotículas

microscópicas de água, as quais crescem até se

precipitarem como chuva.

(D) das nuvens de maior altitude, que trazem para a

floresta NCNs produzidos a centenas de quilômetros

de seu local de origem.

(E) da intervenção humana, mediante ações que

modificam as características físicas e químicas da

atmosfera da região.

.9. (ENEM-MEC)

O aquífero Guarani,

megarreservatório

hídrico subterrâneo da

América do Sul, com

1,2 milhão de km2, não

é o “mar de água doce”

que se pensava existir.

Enquanto em algumas

áreas a água é

excelente, em outras, é

inacessível, escassa ou

não potável. O aquífero

pode ser dividido em

quatro grandes compartimentos. No compartimento

Oeste, há boas condições estruturais que proporcionam

recarga rápida a partir das chuvas e as águas são, em

geral, de boa qualidade e potáveis. Já no compartimento

Norte-Alto Uruguai, o sistema encontra-se coberto por

rochas vulcânicas, a profundidades que variam de 350 m

a 1.200 m. Suas águas são muito antigas, datando da

Era Mesozoica, e não são potáveis em grande parte da

área, com elevada salinidade, sendo que os altos teores

de fluoretos e de sódio podem causar alcalinização do

solo.

Scientific American Brasil, n.º 47, abr./2006 (com adaptações).

Em relação ao aquífero Guarani, é correto afirmar que

(A) seus depósitos não participam do ciclo da água.

(B) águas provenientes de qualquer um de seus

compartimentos solidificam-se a 0 ºC.

(C) é necessário, para utilização de seu potencial como

reservatório de água potável, conhecer

detalhadamente o aquífero.

(D) a água é adequada ao consumo humano direto em

grande parte da área do compartimento Norte-Alto

Uruguai.

(E) o uso das águas do compartimento Norte-Alto

Uruguai para irrigação deixaria ácido o solo.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 40

********** ATIVIDADES 2 **********

C4 Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social.

H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social.

.10. (ENEM-MEC)

Depois de lutar contra a exploração capitalista, os

trabalhadores têm agora que lutar contra a falta dela. Do

sistema de exploração passiva para uma situação de

exclusão porque os grandes centros capitalistas

precisam cada vez menos do trabalho...

Adaptado de KURZ, R. O Colapso da Modernização.

São Paulo: Paz e Terra, 1992.

Ao mencionar, no texto, a situação de exclusão dos

trabalhadores, o autor refere-se

(A) ao crescimento dos governos socialistas que,

tomando para o Estado as empresas privadas,

despedem os trabalhadores para empregar

funcionários públicos.

(B) ao crescimento de forças sindicais muito mais

representativas dos interesses das empresas do que

dos direitos dos trabalhadores.

(C) à redução da participação da mão de obra nas

indústrias como resultado da utilização de

tecnologias modernas de produção.

(D) ao contrato de aumento salarial para uma parte dos

trabalhadores em troca da demissão dos operários

mais qualificados.

(E) aos baixos salários pagos aos trabalhadores,

impossibilitados de competir com as máquinas.

H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção.

.11. (ENEM-MEC)

O texto trata de um exemplo da atual distribuição

espacial das indústrias.

(...) Um carro esporte Mazda é desenhado na

Califórnia, financiado por Tóquio; o protótipo é criado em

Worthing (Inglaterra) e a montagem é feita nos Estados

Unidos e no México, usando componentes eletrônicos

inventados em Nova Jersey e fabricados no Japão (...)

ORTIZ, Renato. Mundialização e Cultura. In O trabalho

na Economia Global. CARMO, Paulo Sérgio do,

Coleção Polêmica. Editora Moderna, 1998.

A principal característica das indústrias, abordada no

texto, é

(A) a centralização de todos os setores da indústria em

áreas de grande disponibilidade de matérias-primas.

(B) a dispersão dos setores da indústria para países da

América do Sul com grande mercado consumidor.

(C) a concentração dos setores da indústria em países

ricos, de alta tecnologia e mão de obra barata.

(D) a descentralização dos setores da indústria como

resultado da ampliação dos meios de transporte e

comunicação, barateando os custos.

(E) a independência dos setores industriais, dificultando

a globalização.

.12. (ENEM-MEC)

(...) O cidadão norte-americano desperta num leito

construído segundo padrão originário do Oriente

Próximo, mas modificado na Europa setentrional, antes

de ser transmitido à América. Sai de baixo de cobertas

feitas de algodão, cuja planta se tornou doméstica na

Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro

domesticados no Oriente Próximo; ou de seda cujo

emprego foi descoberto na China. Todos esses materiais

foram fiados e tecidos por processos inventados no

Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso dos

mocassins que foram inventados pelos índios das

florestas do leste dos EUA e entra no quarto de banho

cujos aparelhos são uma mistura de invenções europeias

e norte-americanas, uma e outras recentes (...)

LlNTON, Ralph. O Homem: Uma Introdução à Antropologia.

8.ª ed. São Paulo: Martins, 1971.

Pode-se afirmar que os diversos produtos destacados no

texto foram

(A) incorporados e consumidos apenas nos países ricos.

(B) incorporados sucessivamente por diversos povos ao

longo do tempo.

(C) criados por muitos povos e industrializados apenas

nos Estados Unidos.

(D) incorporados apenas pelo cidadão norte-americano.

(E) a superioridade dos EUA com relação ao conforto

dos cidadãos.

________________________________________________

*Anotações*

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 41

*MÓDULO 4*

Meio ambiente – Aquecimento global

Fenômeno útil

Muita gente até se arrepia quando ouve falar em

efeito estufa. E não é de frio – até porque o efeito estufa

está relacionado a calor –, mas de susto mesmo. Afinal,

sempre se diz que ele é o grande vilão do aquecimento

global. Mas uma coisa precisa ficar clara: é graças a ele

que existe vida em nosso planeta. O efeito estufa é um

fenômeno natural que faz com que a temperatura média

do globo se conserve nos limites necessários para a

manutenção da vida, em torno de 14,5 ºC. Ele ocorre

graças a gases como o carbono, que existem

naturalmente na atmosfera e impedem a dissipação para

o espaço de parte da radiação vinda do Sol que é

absorvida e refletida pela Terra (veja o infográfico

abaixo). O problema é que, devido à ação do homem –

sobretudo por meio da emissão de gases poluentes e da

queima de florestas –, esse benéfico cobertor atmosférico

está se transformando num forno.

Há tempos o uso maciço de combustíveis fósseis

(carvão e petróleo) e a utilização predatória da terra

(desmatamentos, queimadas, depósitos de lixo) vêm

liberando na atmosfera uma imensa quantidade de gases

que retêm calor. Acredita-se que, por isso, a temperatura

do planeta tem aumentado progressivamente.

Essa foi a principal conclusão do 4.º Painel

lntergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC),

divulgado pela ONU em 2007. A principal evidência que

sustentou o relatório foi a relação direta entre o aumento

da temperatura global e o aumento da concentração de

CO2 na atmosfera. Rebatendo o relatório do IPCC, outros

cientistas afirmam que a Terra já teria passado por

diversas mudanças climáticas no decorrer dos séculos,

independentemente da ação do homem. Mesmo assim,

fenômenos explícitos, como o derretimento de geleiras e

a morte de ursos-polares em blocos de gelo

despedaçados, contribuíram, em 2007, para um alarme

generalizado sobre o aquecimento global.

Soluções para estancar o problema consistem em

utilizar aparelhos e equipamentos que consumam menos

energia, cortar a emissão de carbono das queimadas de

florestas e o uso de combustíveis fósseis. Nesse sentido,

um exemplo bem-sucedido foi a redução da emissão

mundial de gases clorofluorclorados (CFC), que

atacavam a camada de ozônio. Estudos recentes já

apontam uma redução significativa no tamanho do

buraco.

Fonte: Guia do Estudante – Geografia, Vestibular + ENEM 2009.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 42

O efeito estufa é um fenômeno natural que faz com

que a temperatura média do globo se conserve nos

limites necessários para a manutenção da vida, em

torno de 14,5 ºC. Ele ocorre graças a gases como o

carbono, que existem naturalmente na atmosfera e

impedem a dissipação para o espaço de parte da

radiação vinda do Sol que é absorvida e refletida

pela Terra. O problema é que, devido à ação do

homem – sobretudo por meio da emissão de gases

poluentes e da queima de florestas –, esse benéfico

cobertor atmosférico está se transformando num

forno.

Os clamores sobre o aquecimento global ganharam

eco em 2007, quando o derretimento de geleiras e as

imagens de ursos-polares em blocos de gelo

despedaçados deram sinais evidentes de que o

planeta estava esquentando. O 4.º Painel

Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC),

daquele ano, vinculou o aumento da temperatura

global ao aumento da concentração de CO2 na

atmosfera.

Entre o fim de 2009 e o começo de 2010, o IPCC

sofreu um revés quanto à validade de suas

informações. A liberação de uma série de e-mails

trocados por cientistas da Unidade de Pesquisa

Climática de East Anglia, na Grã-Bretanha, mostrou

que eles exageravam nos números sobre o aumento

da temperatura.

Os cientistas que negam o aquecimento global ou

seus riscos afirmam que não há base científica para

prever, com antecedência de décadas, como será o

clima da Terra. Defendem também a ideia de que

não se pode confiar nos dados climáticos que

mostram o aquecimento global: eles foram

influenciados pela opinião pessoal dos cientistas.

Também acreditam ser muito difícil provar a

responsabilidade do homem: o clima seria muito

mais influenciado pelas glaciações, pelo vulcanismo,

pela quantidade de nuvens e por fenômenos

astronômicos, como as manchas solares.

A maior parte do carbono da atmosfera é captada

não pelas florestas, mas pelos oceanos. Quando se

combina com a água do mar, o dióxido de carbono

se transforma em ácido carbônico, dissolve-se no

mar e forma carbonatos. Esses materiais constituem

animais marinhos e também se depositam

lentamente no fundo do mar, formando, com a

passagem do tempo, as rochas calcárias.

________________________________________________ *Anotações*

********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para as questões 1 e 2.

O desafio de crescer sem poluir

As nações emergentes assumem o posto de vilãs do aquecimento global

Quando se fala em aquecimento global, logo vem ao

debate a importância de diminuir a poluição dos gases de

efeito estufa. Dióxido de carbono, óxido nitroso e metano,

os principais gases que prendem o calor na atmosfera,

são liberados tanto por plantas e animais quanto pela

indústria, pelos sistemas de transporte e por grande parte

das usinas de energia elétrica. O esforço em cortar as

emissões é mais polêmico para nações emergentes e

populosas que estão se desenvolvendo, como a Índia e,

principalmente, a China. Esses dois países se esforçam

para crescer e acabar com a miséria. Segundo a Unicef,

a China tem pelo menos 100 milhões de miseráveis e a

Índia, cerca de 250 milhões – uma população maior que

a do Brasil. Tirar esse enorme contingente da miséria é

um desafio dos governos que, à primeira vista, vai contra

a luta pelo corte das emissões de carbono na atmosfera.

Quanto mais a economia crescer, mais a população vai

consumir – e consumir implica emitir carbono na

atmosfera.

Desde os anos 1990, quando começaram as pressões

pela redução da poluição, as emissões na China

aumentaram 40%. Analistas preveem que só em 2050

poderá ser possível falar de uma redução concreta dos

gases de efeito estufa. Com 1,3 bilhão de habitantes, a

China ganhou recentemente o posto de o país mais

poluidor do mundo, ocupando a posição que por décadas

foi dos Estados Unidos. Apesar disso, cada chinês, em

média, polui muito menos que um europeu ou um

americano. São 6 toneladas anuais de CO2, ante 25

toneladas de cada pessoa que mora nos Estados Unidos.

Atualmente, a China tem mais de 70% de sua

produção de energia baseada na queima de carvão

mineral – uma das formas mais poluidoras. Mas, aos

poucos, o país está migrando para fontes limpas e

renováveis. Até 2020, os chineses pretendem ter pelo

menos 15% da energia produzida com fontes renováveis.

Seus esforços para produzir energia eólica e solar a

preços baixos estão impressionando o mundo. O objetivo

de gerar 5.000 megawatts de energia eólica não só foi

batido como ultrapassado: hoje já passou de 12

gigawatts. Em 2010, a capacidade eólica da China deve

ultrapassar a da hidrelétrica de Itaipu, que é de 14

gigawatts.

Tomando esse caminho, a China se tornará uma das

“economias de baixo carbono”. Trata-se dos países que,

mesmo atingindo níveis altos de riqueza e consumo,

liberam pouco carbono na atmosfera. A economia de

baixo carbono é uma tendência antiga, que começou na

década de 1970. Com a crise do petróleo de 1973, os

países perceberam que era perigoso depender apenas

desse combustível, e quem conseguisse criar outras

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 43

formas de energia estaria em vantagem. O melhor

exemplo de economia de baixo carbono é a Dinamarca.

O país reduziu drasticamente sua dependência em

relação ao petróleo importado ao investir em eficiência

energética e em fontes renováveis, como energia eólica,

solar e de biomassa. Hoje, a Dinamarca não depende

mais do petróleo árabe para movimentar carros, fábricas

e iluminar residências.

Folha de S. Paulo, 27/3/2010.

.1. (AED-SP)

Quais os planos da China com relação à energia

sustentável?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.2. (AED-SP)

O que são as economias de baixo carbono?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.3. (INEP-MEC)

“O governo das Maldivas quer comprar terrenos no

exterior para transferir a população das ilhas ameaçadas

pela elevação do nível do mar. As Maldivas, paraíso

tropical de ilhas e atóis de coral localizado no oceano

Índico, a 600 quilômetros da costa da Índia, estão com

seus dias contados: segundo as previsões da ONU, o

nível do mar deverá subir 59 centímetros até 2100.”

Com relação aos fenômenos climáticos que preocupam a

população das Ilhas Maldivas, considere as seguintes

afirmações:

I. A preocupação do governo das Maldivas

cresceu diante dos alertas emitidos pelos

cientistas que defendem a tese do aquecimento

global e sua intensificação pelas ações

humanas.

II. Considerando uma escala de tempo geológico, a

elevação do nível dos oceanos é um fenômeno

cíclico na história da Terra, nos últimos 35.000

anos.

III. Algumas regiões do mundo podem ser

beneficiadas pelo mesmo mecanismo climático

que prejudicaria as Maldivas. É o caso das áreas

de altas latitudes da Sibéria russa, do Canadá e

do Alasca.

São corretas:

(A) I, II e III.

(B) I e II, apenas.

(C) I e III, apenas.

(D) Il e III, apenas.

(E) II, apenas.

.4. (ENEM-MEC)

A atmosfera terrestre é composta pelos gases

nitrogênio (N2) e oxigênio (O2), que somam cerca de

99%, e por gases traços, entre eles o gás carbônico

(CO2), vapor de água (H2O), metano (CH4), ozônio (O3) e

o óxido nitroso (N2O), que compõem o restante 1% do ar

que respiramos. Os gases traços, por serem constituídos

por pelo menos três átomos, conseguem absorver o calor

irradiado pela Terra, aquecendo o planeta. Esse

fenômeno, que acontece há bilhões de anos, é chamado

de efeito estufa. A partir da Revolução Industrial (século

XIX), a concentração de gases traços na atmosfera, em

particular o CO2, tem aumentado significativamente, o

que resultou no aumento da temperatura em escala

global. Mais recentemente, outro fator tornou-se

diretamente envolvido no aumento da concentração de

CO2 na atmosfera: o desmatamento.

BROWN, I. F.; ALECHANDRE, A. S. Conceitos básicos sobre clima,

carbono, florestas e comunidades. A. G. Moreira & S. Schwartzman.

As mudanças climáticas globais e os ecossistemas brasileiros.

Brasília: Instituto de Pesquisa Ambiental

da Amazônia, 2000 (adaptado).

Considerando o texto, uma alternativa viável para

combater o efeito estufa é

(A) reduzir o calor irradiado pela Terra mediante a

substituição da produção primária pela

industrialização refrigerada.

(B) promover a queima da biomassa vegetal,

responsável pelo aumento do efeito estufa devido à

produção de CH4.

(C) reduzir o desmatamento, mantendo-se, assim, o

potencial da vegetação em absorver o CO2 da

atmosfera.

(D) aumentar a concentração atmosférica de H2O,

molécula capaz de absorver grande quantidade de

calor.

(E) remover moléculas orgânicas polares da atmosfera,

diminuindo a capacidade delas de reter calor.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 44

.5. (INEP-MEC)

Observe a ilustração abaixo:

Fonte: Scientific American Brasil, edição 68, jan./2008, p. 55.

Os mercados de carbono surgiram de negociações na

Conferência de Kyoto, em 1997. Sobre eles é correto

afirmar que:

(A) As empresas poluidoras serão obrigadas a pagar

pesadas multas estabelecidas pela ONU.

(B) Empresas de países desenvolvidos que estejam

poluindo acima dos limites estabelecidos poderão

compensar essas emissões financiando projetos de

redução de emissões de CO2 em empresas de

países menos desenvolvidos – como mostram as

figuras da parte inferior da ilustração.

(C) Empresas muito poluidoras terão suas produções

cortadas pelo governo – como mostram as figuras da

parte superior.

(D) Os créditos bancários fornecidos às empresas de

todos os países signatários da Conferência de Kyoto

serão inversamente proporcionais às emissões de

CO2 geradas.

(E) Os créditos concedidos a quem cortar emissões de

CO2 só ocorrem entre empresas de um mesmo país.

.6. (INEP-MEC)

Leia o gráfico a seguir que apresenta a relação entre

população e emissões de CO2 per capita.

Fonte: Scientific American Brasil. Como deter o aquecimento global. São Paulo: Ediouro, Segmento-Duetto, 2007. Edição Especial.

De acordo com o gráfico e o Painel lntergovernamental

sobre as Alterações Climáticas (IPCC), é correto afirmar

que:

(A) a Ásia, com 6 bilhões de habitantes, é a região de

maior emissão de CO2 per capita do mundo

moderno.

(B) as elevadas emissões de dióxido de carbono são

provenientes da queima de combustíveis fósseis.

(C) há uma relação diretamente proporcional entre

população total e a emissão de dióxido de carbono.

(D) os países da Oceania emitem pequena quantidade

de CO2 porque preservam suas florestas.

(E) os países menos desenvolvidos emitem CO2 devido

ao baixo padrão tecnológico de suas indústrias.

********** ATIVIDADES 2 **********

H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações socioespaciais.

.7. (ENEM-MEC)

A crise de 1929 e dos anos subsequentes teve sua

origem no grande aumento da produção industrial e

agrícola, nos EUA, ocorrido durante a Primeira Guerra

Mundial, quando o mercado consumidor, principalmente

o externo, conheceu ampliação significativa. O rápido

crescimento da produção e das empresas valorizou as

ações e estimulou a especulação, responsável pela

“pequena crise” de 1920-21. Em outubro de 1929, a

venda cresceu nas Bolsas de Valores, criando uma

tendência de baixa no preço das ações, o que fez com

que muitos investidores ou especuladores vendessem

seus papéis. De 24 a 29 de outubro, a Bolsa de Nova

York teve um prejuízo de US$ 40 bilhões. A redução da

receita tributária que atingiu o Estado fez com que os

empréstimos ao exterior fossem suspensos e as dívidas,

cobradas; e que se criassem também altas tarifas sobre

produtos importados, tornando a crise internacional.

RECCO, C. História: a crise de 29 e a depressão do capitalismo.

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br (com adaptações).

Os fatos apresentados permitem inferir que

(A) as despesas e prejuízos decorrentes da Primeira

Guerra Mundial levaram à crise de 1929, devido à

falta de capital para investimentos.

(B) o significativo incremento da produção industrial e

agrícola norte-americana durante a Primeira Guerra

Mundial consistiu num dos fatores originários da

crise de 1929.

(C) a queda dos índices nas Bolsas de Valores pode ser

apontada como causa do aumento dos preços de

ações nos EUA em outubro de 1929.

CHG Geografia _________________________________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________

SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHG Geografia 45

(D) a crise de 1929 eclodiu nos EUA a partir da

interrupção de empréstimos ao exterior e da criação

de altas tarifas sobre produtos de origem importada.

(E) a crise de 1929 gerou uma ampliação do mercado

consumidor externo e, consequentemente, um

crescimento industrial e agrícola nos EUA.

H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano.

.8. (ENEM-MEC)

O fim do século XX foi marcado pelo surgimento de

novas tecnologias, diferentes fontes de energia e um

avanço sem precedentes nas telecomunicações.

Com relação às transformações causadas por esse

avanço tecnológico, julgue as afirmações:

I. A grande maioria da população mundial se

beneficia de novas tecnologias como a

informática e as telecomunicações.

II. Os avanços tecnológicos evidenciam o poder

dos países ricos, que continuam se beneficiando

da expansão econômica de suas empresas nos

países mais pobres.

III. A população dos países subdesenvolvidos se

beneficia das novas tecnologias, na medida em

que geram melhor distribuição de renda.

IV. A incorporação de novas tecnologias como o

computador, a robótica e as telecomunicações

aumenta a produtividade das indústrias.

Podem ser consideradas corretas as afirmações

(A) I e II, somente.

(B) II e III, somente.

(C) II e IV, somente.

(D) III e IV, somente.

(E) I e III, somente.

H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho.

.9. (ENEM-MEC)

A robótica, como tecnologia moderna nas indústrias,

pode libertar o homem de tarefas insalubres e perigosas

que afetam a saúde. Ainda que os robôs tenham trazido

uma importante contribuição para o desenvolvimento

industrial, também ocasionaram um crescente aumento

do desemprego mundial. Um dos setores industriais que

mais utiliza robôs é o

(A) automobilístico.

(B) pesqueiro.

(C) de mineração.

(D) de construção civil.

(E) da indústria química.

.10. (ENEM-MEC)

Um operário desenrola o arame, outro o endireita, um

terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto o afia

nas pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para

fazer uma cabeça de alfinete, requerem-se 18 operações

distintas (...) Pode-se considerar que cada operário

produzia 4.800 alfinetes diariamente. Se, porém,

tivessem trabalhado independentemente um do outro (...)

certamente cada um deles não teria conseguido fabricar

20 alfinetes por dia, e talvez nenhum (...)

SMITH, Adam. A Riqueza das Nações.

O texto descreve uma nova forma de trabalho que surgia

no final do século XVIII, caracterizado como

(A) industrial individual.

(B) artesanal individual.

(C) manufaturado em série.

(D) artesanal em série.

(E) manufaturado individual.

________________________________________________ *Anotações*