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11/02/2019 ConJur - Rommel: Advocacia pública — mais eficiência e menos corporativismo https://www.conjur.com.br/2018-dez-12/rommel-macedo-advocacia-publica-eficiencia-corporativismo 1/5 Imprimir Enviar 388 OPINIÃO 12 de dezembro de 2018, 14h55 Por Rommel Macedo Desde 2017, venho publicando artigos na ConJur ConJur, suscitando debates acerca das inovações pertinentes ao exercício da Advocacia Pública Federal. Esses textos focam dois aspectos fundamentais: a) a crescente virtualização da atividade advocatícia, sendo “essencial que a Advocacia-Geral da União prossiga não apenas com seus avanços tecnológicos como também desenvolva mecanismos gerenciais inovadores, num contexto de crescente automação dos processos e de acentuadas restrições orçamentárias”[ 1]; b) necessidade de uma “reflexão mais profunda sobre a organização e o funcionamento da AGU”[ 2], visando à unificação das carreiras jurídicas da instituição. Como é sabido, o Estado brasileiro vivencia sérios problemas fiscais e gerenciais, o que demanda não apenas a redução dos gastos públicos, como também a otimização na prestação dos serviços estatais. Nesse contexto, é fundamental que os servidores públicos abandonem todo e qualquer viés corporativista em sua atuação, adotando uma postura proativa frente aos governantes que serão empossados em 1º de janeiro de 2019, nos âmbitos federal, estadual e distrital. Nesse cenário, mostra-se louvável a iniciativa da Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (Anafe), ao divulgar um inédito estudo promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o qual comprova que “a unificação das carreiras na Advocacia Pública Federal resultaria em uma economia de até R$ 993 milhões anuais ao governo federal”.[ 3] Esse estudo promoveu uma detalhada análise estrutural da Advocacia-Geral da União, demonstrando a necessidade de um novo arranjo institucional. Por outro lado, num momento em que a população brasileira clama por menos corporativismo e mais eficiência no serviço público, causa um enorme desconforto a postura adotada por determinada entidade sindical, ao questionar a possível indicação de um Procurador Federal para o cargo de Procurador-Geral da Fazenda Nacional.[ 4] Conforme notícia divulgada em 12 de dezembro de 2018, um dirigente sindical teria afirmado que, se o EMPRESAS PÚBLICAS Advogados públicos de estatais discutem propostas para o setor FORMAÇÃO DO GOVERNO André Luiz de Almeida Mendonça é escolhido para AGU do novo governo INDEPENDÊNCIA TÉCNICA Advocacia pública quer indicar nomes para AGU de Bolsonaro SEM RETROCESSOS Lamachia defende autonomia dos advogados públicos federais OPINIÃO Rommel Macedo: 25 anos da AGU e a ausência de reflexões OPINIÃO Medina Osório: Os direitos das instituições e a execração pública OPINIÃO LEIA TAMBÉM Pedir Máquina Pedir Máquina O menor preço voltou! Boletim de Notícias ConJur: cadastre-se e receba gratuitamente. Login Apoio Capa Seções Colunistas Blogs Anuários Anuncie Apoio Cultural Livraria Mais vendidos Boletim Jurídico Cursos Busca de livros Advocacia Pública Federal — mais eficiência e menos corporativismo

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11/02/2019 ConJur - Rommel: Advocacia pública — mais eficiência e menos corporativismo

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OPINIÃO

12 de dezembro de 2018, 14h55

Por Rommel Macedo

Desde 2017, venho publicando artigos na ConJurConJur, suscitando debates acercadas inovações pertinentes ao exercício da Advocacia Pública Federal. Essestextos focam dois aspectos fundamentais: a) a crescente virtualização daatividade advocatícia, sendo “essencial que a Advocacia-Geral da Uniãoprossiga não apenas com seus avanços tecnológicos como tambémdesenvolva mecanismos gerenciais inovadores, num contexto de crescenteautomação dos processos e de acentuadas restrições orçamentárias”[1]; b)necessidade de uma “reflexão mais profunda sobre a organização e ofuncionamento da AGU”[2], visando à unificação das carreiras jurídicas dainstituição.

Como é sabido, o Estado brasileiro vivencia sérios problemas fiscais egerenciais, o que demanda não apenas a redução dos gastos públicos, comotambém a otimização na prestação dos serviços estatais. Nesse contexto, éfundamental que os servidores públicos abandonem todo e qualquer viéscorporativista em sua atuação, adotando uma postura proativa frente aosgovernantes que serão empossados em 1º de janeiro de 2019, nos âmbitosfederal, estadual e distrital.

Nesse cenário, mostra-se louvável a iniciativa da Associação Nacional dosAdvogados Públicos Federais (Anafe), ao divulgar um inédito estudopromovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), o qual comprova que “aunificação das carreiras na Advocacia Pública Federal resultaria em umaeconomia de até R$ 993 milhões anuais ao governo federal”.[3] Esse estudopromoveu uma detalhada análise estrutural da Advocacia-Geral da União,demonstrando a necessidade de um novo arranjo institucional.

Por outro lado, num momento em que a população brasileira clama pormenos corporativismo e mais eficiência no serviço público, causa umenorme desconforto a postura adotada por determinada entidade sindical,ao questionar a possível indicação de um Procurador Federal para o cargode Procurador-Geral da Fazenda Nacional.[4] Conforme notícia divulgadaem 12 de dezembro de 2018, um dirigente sindical teria afirmado que, se o

EMPRESAS PÚBLICASAdvogados públicos de estataisdiscutem propostas para o setor

FORMAÇÃO DO GOVERNOAndré Luiz de Almeida Mendonça éescolhido para AGU do novo governo

INDEPENDÊNCIA TÉCNICAAdvocacia pública quer indicarnomes para AGU de Bolsonaro

SEM RETROCESSOSLamachia defende autonomia dosadvogados públicos federais

OPINIÃORommel Macedo: 25 anos da AGU e aausência de reflexões

OPINIÃOMedina Osório: Os direitos dasinstituições e a execração pública

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Advocacia Pública Federal — mais eficiênciae menos corporativismo

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11/02/2019 ConJur - Rommel: Advocacia pública — mais eficiência e menos corporativismo

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aludido Procurador Federal “for nomeado, ninguém vai trabalhar com ele.Não vai ter ninguém para trabalhar com ele”.[5]

Primeiramente, frise-se que não estamos aqui tratando da possívelnomeação de uma pessoa estranha ao serviço público para o cargo deprocurador-geral da Fazenda Nacional. O que está sendo cogitado é anomeação de um procurador federal, membro concursado da AdvocaciaPública Federal, para a chefia da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

Para explicar o tema à população em geral, certamente confusa diante domar de nomenclaturas do serviço público, cabem os seguintesesclarecimentos:

a) a Advocacia Pública Federal possui quatro carreiras: advogado daUnião, procurador da Fazenda Nacional, procurador federal eprocurador do Banco Central do Brasil;

b) todas as referidas carreiras possuem atribuições similares, quaissejam: representação judicial e extrajudicial bem como consultoria eassessoramento jurídicos, prestados nos termos do artigo 131 daConstituição Federal de 1988;

c) os membros dessas quatro carreiras possuem a mesma estruturaremuneratória e os mesmos requisitos para ingresso nos respectivoscargos;

d) todavia, alguns membros dessas carreiras defendem a divisão daAdvocacia Pública em verdadeiros feudos, nos quais somentedeterminados colegas podem ser nomeados para funções de chefia.

Ocorre que não há qualquer impedimento ético, legal ou gerencial para queum procurador federal, um advogado da União ou um procurador do BancoCentral do Brasil seja nomeado para o cargo de procurador-geral da FazendaNacional. Digo mais: não há qualquer impedimento constitucional ougerencial à unificação das quatro carreiras da Advocacia Pública Federal,conforme demonstram vários estudos técnicos (dentre os quais aquelerecentemente promovido pela Fundação Getulio Vargas).

Portanto, diante da pressão sindical de um determinado setor da AdvocaciaPública Federal, só restarão duas alternativas ao futuro presidente daRepública:

a) continuar a lógica corporativista que, historicamente, impera naAdministração Pública brasileira, atendendo a apelos sindicais emdetrimento da racionalidade e da eficiência no serviço público;

b) ou, por outro lado, afirmar sua autoridade constitucional e legal paranomear um procurador-geral da Fazenda Nacional que integrequalquer das quatro carreiras da Advocacia Pública Federal, com baseem critérios realmente técnicos (e não corporativistas).

Evidentemente, o governo eleito está sob escrutínio do mercado e dapopulação em geral, os quais não toleram (nem podem tolerar) qualquertipo de fragilidade na condução da Administração Pública, exigindo coragemna implementação das mudanças gerenciais tão necessárias do Estadobrasileiro.

[1] MACEDO, Rommel. Advocacia-Geral da União na era dos “robôs-advogados”. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2017-jan-

Rommel Macedo: Divisão decarreiras e conquistas da AGU em 25anos

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11/02/2019 ConJur - Rommel: Advocacia pública — mais eficiência e menos corporativismo

https://www.conjur.com.br/2018-dez-12/rommel-macedo-advocacia-publica-eficiencia-corporativismo 3/5

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30/rommel-macedo-advocacia-geral-uniao-robos-advogados>. Acesso em 12dez. 2018.

[2] MACEDO, Rommel. A divisão de carreiras e as conquistas da AGU em seus25 anos. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2018-mar-10/rommel-macedo-divisao-carreiras-conquistas-agu-25-anos>. Acesso em 12 dez. 2018.

[3] Disponível em: <http://anafenacional.org.br/anafe-apresenta-estudo-inedito-da-fgv-sobre-unificacao-das-carreiras-da-agu/>. Acesso em 12 dez2018.

[4] Disponível em: https://www.sinprofaz.org.br/noticias/nota-publica-2/>.Acesso em 12 dez. 2018.

[5] Disponível em:<https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,procuradores-da-fazenda-se-rebelam-contra-guedes,70002642547>. Acesso em 12 dez. 2018.

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Rommel Macedo é advogado da União e mestre em Direito. Foi conselheiro seccional epresidente da Comissão da Advocacia Pública e do Advogado Empregado da OAB-DF (2010-2012), coordenador científico da pós-graduação Lato Sensu em Advocacia Pública,coordenador-geral substituto de Processos Judiciais e Disciplinares da Consultoria Jurídicajunto ao Ministério da Justiça, coordenador-geral de Análise de Licitações e Contratos daConsultoria Jurídica junto ao Ministério do Trabalho e Emprego e coordenador jurídico deLicitações e Contratos da Consultoria Jurídica junto ao Ministério das Comunicações.

Revista Consultor JurídicoConsultor Jurídico, 12 de dezembro de 2018, 14h55

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