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/institutovotorantim EMPRESAS E COMUNIDADESAPRENDIZADOS E DESAFIOS PARA EVOLUIR EM SINERGIA
Relatório de Atividades 2016
CARTA AO LEITORAnualmente, no Instituto Votorantim, tratamos
de compilar em uma publicação os principais
elementos da nossa trajetória recente. Objetivos e
metas, avanços e realizações, desafi os enfrentados e
ajustes de rota costumam fazer parte dessa grande
prestação de contas, que tornamos pública com o
Relatório de Atividades. Nosso objetivo é permitir a
diferentes públicos – executivos e funcionários da
Votorantim, parceiros, organismos internacionais
e agências de fomento, entre outros – conhecer
o caminho que estamos trilhando, os passos
dados e nossos compromissos com o futuro.
Na edição desse ano, quisemos ir além e fazer
do relatório uma semente de conhecimento e
inspiração. Ampliamos nosso olhar e nossas fontes
de informação, ouvimos parceiros e especialistas, nos
aprofundamos no tratamento e na contextualização
dos assuntos e adotamos diferentes abordagens
e estilos de texto, na tentativa de ultrapassar os
limites da comunicação anual de resultados. Em
linha com o papel que já desempenhamos para as
empresas da Votorantim, de núcleo de inteligência
social, queremos que a publicação colabore
para provocar o debate e fortalecer o grau de
informação, e represente uma fonte de referência
e informação também para o público externo.
Na seleção do conteúdo, buscamos uma cobertura
equilibrada de diferentes facetas do trabalho
de atuação social e tratar com transparência
as difi culdades e barreiras que encontramos
pelo caminho em direção à geração de valor
compartilhado. A mesma meta de equilíbrio guiou
a escolha dos temas no que se refere à visibilidade.
Abordamos assuntos de mais fácil percepção pelo
público externo, como os projetos realizados na
área de dinamismo econômico e apoio à gestão
pública, mas também incluímos aspectos menos
visíveis – mas igualmente estratégicos – do
nosso trabalho. Alguns exemplos disso são as
articulações com parceiros externos e nosso esforço
para consolidar as práticas de monitoramento
dos resultados e impactos dos programas.
Na seção “Palavra dos conselheiros”, concentramos
a análise crítica do que signifi cou o ano de 2016 e
a visão estratégica da organização para o futuro.
Sua participação e seu endosso à publicação, como
integrantes da governança do Instituto e da própria
Votorantim, refl etem a consolidação do nosso
processo de alinhamento estratégico às empresas
investidas e do amadurecimento do nosso papel
de qualifi car a atuação social da companhia.
Agradeço a colaboração dos especialistas,
parceiros, empresas e técnicos consultados
para a construção desta publicação.
Boa leitura!
Cloves CarvalhoDiretor-presidente do Instituto Votorantim
Planejamento e estratégia
VISÃO DE LONGO PRAZO
18Parcerias: potencializar os impactos
12 15
SUMÁRIO
Entrevista:André Lara e Ana Bonimani
Monitoramento e gestão estratégica
Entrevista:Lígia Saad
Estratégia de atuação em rede
Alcance internacional
33Três Lagoas (MS) se prepara para o futuro
23Artigo: Sérgio MalacridaEducação que transforma
28Educação: legado para o Brasil
30
Cartaao leitor
Palavra dos conselheiros
1 4
Entrevista: Ieva Lazareviciute
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
6
Informações corporativas
& Créditos
60
Artigo: Raquel Cambaúva LeiteVoluntariado corporativo
Qualificação e engajamento QUEM SOMOS
50Parceria com organizações sociais
53Instituto Votorantim
56
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
O desafi o da inclusão
40Bons ventossopram no Piauí
44
Cidadania e Defesa de Direitos
De Xambioá para o Brasil
35Atuar no presente para garantir o futuro
48
4 Relatório de Atividades 2016
José Ermírio de Moraes NetoPresidente do Instituto Votorantim e membro do Conselho de Administração da Votorantim Participações S.A.
Qualificar o investimento socialO perfi l e a governança dos projetos sociais no Brasil
vêm mudando de forma acelerada. O alinhamento
à estratégia de negócios, o compromisso com
objetivos claros e a construção de impactos de longo
prazo já guiam a maioria dos recursos aportados.
Essa tendência, identifi cada na edição 2016 do
Benchmarking do Investimento Social Corporativo
(Bisc), da Comunitas, em cerca de 300 organizações,
já é realidade na Votorantim por meio do trabalho
do Instituto Votorantim. Ano a ano, nós nos
aproximamos da perspectiva dos negócios com
avanços na profi ssionalização da gestão, adoção de
ferramentas de planejamento, avaliação e controle
das iniciativas e dos resultados e estabelecimento
de instâncias estratégicas de tomada de decisão.
Esse esforço ganhou visibilidade em diversas
frentes do trabalho do Instituto em 2016.
Uma grande força de nossa estrutura de governança
é a presença de executivos das empresas no
Conselho do Instituto e nos comitês de Finanças e
Estratégia, criados para dar suporte ao conselho em
temas específi cos. Também aperfeiçoamos nossos
controles com a adoção dos mesmos moldes de
auditoria interna e externa aplicados por todas
as empresas da Votorantim e a incorporação dos
nossos procedimentos ao Centro de Serviços
Compartilhados. Essas mudanças aproximam
ainda mais as empresas do Instituto e garantem
elementos essenciais ao cumprimento da nossa
missão de qualifi car o investimento social das
empresas e agregar valor aos negócios.
Ao longo do ano, evoluiu também a gestão de
todas as etapas do planejamento e execução da
estratégia social a partir de uma visão sistêmica
dos investimentos. Assim como fazem as
empresas da Votorantim, monitoramos nossos
resultados a partir da ótica de longo prazo e com
o controle rotineiro de objetivos e metas. De forma
inovadora, aplicamos à rotina de desenvolvimento
social os ciclos usuais da gestão de negócios,
expressos no PDCA – planejamento, execução,
verifi cação e ajustes. A riqueza das informações
levantadas é compartilhada periodicamente com
as empresas e realimenta o planejamento. E
estamos nos preparando para avançar, da lógica
de monitoramento de resultados, à lógica de
verifi cação de impactos de longo prazo em todas
as tecnologias sociais estruturadas que aplicamos.
Como presidente do Instituto e acionista da
Votorantim, eu vejo nesse compromisso com as
empresas nossa principal fortaleza. A atuação
coerente com os negócios, a robustez do
planejamento e da gestão dos investimentos e
o foco em resultados é o que alavanca impactos
sociais positivos. Por meio da qualidade técnica
das tecnologias desenvolvidas e do olhar atento
às tendências e oportunidades do cenário,
o Instituto se consolida como o núcleo de
inteligência social da Votorantim e caminha
lado a lado com as empresas na construção de
um legado de desenvolvimento para o País.
Palavra dos conselheiros
5Relatório de Atividades 2016
Ana Helena de Moraes VicintinVice-presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Votorantim
Em 2016, o Instituto Votorantim deu suporte às
empresas investidas na execução de uma estratégia
de investimento social que movimentou R$ 108,5
milhões e benefi ciou quase 720 mil pessoas, em 151
municípios do Brasil, da Colômbia, da Argentina e do
Peru. Para garantir a assertividade das ações, o Instituto
atua em estreita colaboração com as empresas. A
atenção ao cenário e às tendências, oportunidades
e necessidades dos negócios, o aprimoramento
das metodologias e a consolidação de parcerias
estratégicas são elementos-chave nesse trabalho.
Esse é um caminho no qual o Instituto vem
amadurecendo desde a sua fundação, em 2002,
com avanços consistentes e uma visão clara de
futuro. Nesse aspecto, estamos em um momento
privilegiado: em 2018 a Votorantim completa 100
anos, e esse marco nos estimula a pensar nos 100
anos seguintes. Como parte desse exercício, no
Instituto nos questionamos: o que fazer hoje para dar
suporte à Votorantim do século XXII? Como seguir
qualifi cando a estratégia social das empresas investidas
para que propiciem mais qualidade de vida às
comunidades e estabilidade ao ambiente de negócios?
Gerar impacto social positivo
As respostas a essas perguntas se constroem por
meio de ações de planejamento e, monitoramento,
análise profi ssional de tendências e boas práticas e
relacionamento estreito com os negócios. Por isso,
é motivo de muito orgulho que o programa Parceria
Votorantim pela Educação, uma tecnologia social
desenvolvida pelo Instituto, tenha sido escolhido
para fundamentar a principal intervenção social
da Votorantim no marco das comemorações
do centenário, em 2018. A proposta é ampliar
substancialmente a rede de municípios coberta pelo
PVE, que, em 2017, atingirá mais de 50 municípios.
A escolha do PVE foi, fundamentalmente, uma
escolha de negócios, baseada em critérios objetivos
de efi ciência e efi cácia. O programa vem sendo
avaliado periodicamente por uma consultoria externa
contratada pelo Instituto e, em 2016, pela terceira
vez, comprovou impactar de forma consistente os
municípios em que é aplicado, com a elevação do
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Isso signifi ca legar às localidades um impulso efetivo
ao desenvolvimento e alavancar mudanças reais.
Este é um diferencial do Instituto: além de trabalhar
para transformar a realidade, busca avaliar em
que medida essa transformação é alcançada.
Após algumas experiências bem-sucedidas
aplicadas a tecnologias, como o próprio PVE, o
ReDes, de fomento a organizações produtivas, e o
Apoio à Gestão Pública, a avaliação de impactos
passará a integrar, em 2017, todas as grandes
intervenções sociais do Instituto. Com essa
mudança, o Instituto dá mais um passo rumo ao
futuro e enfrenta com pioneirismo o desafi o de
toda organização de caráter social: identifi car os
impactos de longo prazo do próprio trabalho.
6 Relatório de Atividades 2016
O Brasil é um dos signatários dos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um
compromisso global, fi rmado em 2015, e
que deve orientar as políticas nacionais e as
atividades de cooperação internacional até
2030, sucedendo e atualizando os Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
O Instituto Votorantim está comprometido com
essa agenda mundial e tem participado ativamente
de fóruns de discussão e estudos que visam
dar suporte ao alinhamento dos negócios aos
princípios e objetivos explicitados na Agenda 2030
e nos ODS. Nesse esforço, a organização conta
com a experiência desenvolvida anteriormente
no âmbito dos ODM e uma atuação relevante na
discussão específi ca dos desafi os e oportunidades
na implantação dos ODS no setor extrativo.
Representantes do Instituto participaram dos
debates nas edições anuais do World Mining
Objetivos de Desenvolvimento SustentáveL
entrevista | IEVA LAZAREVICIUTE
Planejamento e estratégia
7Relatório de Atividades 2016
Congress, além de terem integrado o grupo
de discussão que deu suporte à elaboração do
Atlas de Mineração e os ODS. Internamente,
na interface com as empresas da Votorantim, o
Instituto atuou na sensibilização dos funcionários
sobre os ODS por meio da sua integração às
ações do Desafio Voluntário (ver página 52).
O acordo para a definição dos ODS foi alcançado
após três anos de trabalho e negociações no
âmbito da Organização das Nações Unidas, e
define objetivos e temas em diferentes temáticas,
como erradicação da pobreza, segurança alimentar,
saúde, educação, igualdade de gênero, redução
das desigualdades, energia, água e saneamento,
padrões sustentáveis de produção e de consumo,
mudanças climáticas, cidades sustentáveis,
proteção e uso sustentável dos ecossistemas e
crescimento econômico inclusivo, entre outras.
A oficial de Desenvolvimento Humano Local e
Fortalecimento de Capacidades do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) no Brasil, Ieva Lazareviciute,
responsável pelo programa de divulgação
dos ODS no País, comenta as iniciativas e os
desafios para colocar essa agenda em prática.
De 2000 a 2015, foram bastante difundidos
os Objetivos do Milênio (ODM), e foi possível
acompanhar os esforços para atingi-los e os
resultados alcançados. Você poderia explicar
como essa agenda se conecta com a dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS), lançada no segundo semestre de 2015 e
que mira o horizonte de 2030?
Ieva Lazareviciute: Nós podemos dizer que os ODS
são a segunda geração de uma iniciativa global para
orientar diversos atores rumo ao desenvolvimento
humano e sustentável. A primeira geração foram
os Objetivos do Milênio. Existe uma conexão
direta entre as duas iniciativas, mas há também
algumas diferenças.
A primeira delas é que os ODM focavam, quase
exclusivamente, a temática social; já os ODS buscam
trabalhar três vertentes de forma equilibrada:
temas sociais, questões de sustentabilidade
ambiental e também a dimensão econômica. A nova
agenda parte da premissa de que desenvolvimento
sustentável necessita que as três vertentes
integrem o planejamento e as ações
dos atores de desenvolvimento.
Uma segunda diferença está nos responsáveis pela
implementação. Nos ODM, cabia aos governos
e gestores públicos o papel predominante na
implantação. Nos ODS, por conta do escopo
mais amplo e da conexão entre as três vertentes
do trabalho, a responsabilidade recai também na
sociedade civil e no setor privado. É um compromisso
de Estado. Os países são os signatários, mas a
realização é um esforço coletivo. E, no caso das
empresas, é importante ressaltar que não se trata
apenas de investimento social voluntário, o que se
busca é integrar os Objetivos à estratégia do negócio.
Na prática, como se dá o envolvimento do
setor privado? De que forma as empresas
podem ajudar a transformar os ODS em
realidade?
Ieva: De forma geral, o potencial de contribuição
das empresas se realiza em três aspectos, e é
preciso lembrar que eles estão conectados entre
si e também com as três vertentes previstas pelos
ODS. Há a contribuição mais óbvia: movimentar a
economia, gerar riquezas e alavancar o progresso em
diversas direções. Uma segunda, também bastante
conhecida e trabalhada, é o investimento social, que
pode acontecer dentro de um contexto legal, como
contrapartidas ou condicionantes a determinados
projetos, ou na forma voluntária. Nos dois casos,
esses investimentos podem e devem ser alinhados a
temas prioritários dos ODS para o desenvolvimento
de territórios.
Até aqui, estamos falando de agendas mais
tradicionais, mais maduras até, ainda que haja
bastante espaço para o engajamento e a melhoria.
Mas há, ainda, um terceiro aspecto – essencial – na
contribuição das empresas para o alcance dos ODS,
8 Relatório de Atividades 2016
que ainda representa um caminho a ser construído:
o alinhamento do negócio à Agenda 2030.
O exercício que se propõe às empresas é avaliar
como a cadeia de valor nas quais elas estão inseridas
se relaciona e dialoga com os ODS, o que é possível
fazer com relação aos produtos e serviços oferecidos
e aos próprios processos produtivos para contribuir
para o alcance de desafi os globais, minimizando
impactos negativos e potencializando impactos
positivos. Não há soluções prontas e, portanto, há
muito espaço para a inovação tanto nas políticas
públicas quanto no setor privado.
Cada organização precisa se perguntar: “Como
posso adequar o meu negócio para que ele
represente uma força positiva no desenvolvimento
humano e sustentável, tendo a Agenda 2030
como guia?” Esse é o grande desafi o. Depende
de um olhar mais abrangente para toda a cadeia
de valor e de uma abertura para o novo, com
investimentos em pesquisa e desenvolvimento
para traçar esse caminho de inovação. Não
é com uma lógica de business as usual.
Como a ONU e o PNUD têm atuado
para engajar o setor privado e a sociedade
nessas discussões?
Ieva: Estão em andamento algumas iniciativas que
promovem essa refl exão e estimulam um melhor
entendimento de como realizar essa transição.
É importante destacar que não temos todas as
respostas, até mesmo porque não existe hoje
nenhum país, município, comunidade, bairro ou
empreendimento que possa se considerar 100%
sustentável nos aspectos social, ambiental e
econômico. Nos ODM, alguns desafi os tinham uma
relação mais clara com a defi nição de prioridades
e do direcionamento de recursos; agora estamos
falando de questões ainda mais complexas e da
necessidade de inovação em geral, nos modelos, na
atuação social, nas tecnologias. O nosso esforço é
promover o diálogo, que vai possibilitar a criação
das novas soluções.
Para isso, precisamos de atores que abracem essa
bandeira, participem ativamente das discussões
e da construção conjunta e estejam dispostos a
sediar iniciativas-piloto para testar e aperfeiçoar as
soluções. Também precisamos de espaços de troca
de informações, disseminação e engajamento dos
demais nesse processo. Não podemos nos limitar
aos “pioneiros” e deixar outros atores fazendo
mais do mesmo, isso não seria sufi ciente.
Pode citar alguns exemplos
de ações já realizadas?
Ieva: Temos desenvolvido diálogos em âmbito
global ou nacional, por país, e também algumas
discussões focadas em especifi cidades setoriais.
Nesse aspecto, a Votorantim e o Instituto Votorantim
têm sido parceiros importantes. Desde a etapa prévia
à defi nição fi nal dos ODS, o Instituto participou
do grupo que discute a sustentabilidade no setor
extrativo, focado em mineração de larga escala,
petróleo e gás. Esse trabalho começou em 2013
e chegou a envolver as empresas do setor, o
Ministério de Minas e Energia, o Instituto Brasileiro
de Mineração e representantes de academia e de
sociedade civil interessados em discutir os impactos
O exercício que se propõe às empresas é avaliar como a cadeia de valor nas quais elas estão inseridas se relaciona e dialoga com os ODS, o que é possível fazer com relação aos produtos e serviços oferecidos e aos próprios processos produtivos para contribuir para o alcance de desafi os globais, minimizando impactos negativos e potencializando impactos positivos.”
“
Planejamento e estratégia | Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
9Relatório de Atividades 2016
do setor em termos dos ODS. A iniciativa brasileira
serviu de plataforma para um debate global e
forneceu subsídios para a elaboração do Atlas de
Mineração e os ODS [disponível em http://unsdsn.
org/wp-content/uploads/2016/11/Mapping_Mining_
SDGs_An_Atlas.pdf], publicação do Columbia Center
on Sustainable Investment [CCSI], do PNUD, e do
Fórum Econômico Mundial que apresenta o potencial
de contribuição das indústrias aos ODS e identifi ca
exemplos concretos de ações em desenvolvimento
que poderiam ser replicadas em maior escala.
Também temos apoiado a realização de estudos e
pesquisas que reúnem informação sobre o tema e
ajudam a divulgar boas práticas. Um exemplo é uma
iniciativa que teve início em 2014, em parceria com
a Fundação Dom Cabral, para identifi car e selecionar
exemplos de sucesso de negócios inclusivos. Tivemos
uma primeira publicação em 2015, que se chamou
Mercados Inclusivos no Brasil: Desafi os
e Oportunidades, e já lançamos uma segunda
seleção de casos em parceria com o Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas [Sebrae].
Outras organizações também têm atuado
fortemente nesse esforço de levar o tema
para a agenda das empresas e dar suporte ao
desenvolvimento de ações concretas, como o
grupo de trabalho criado pelo Pacto Global e
a ferramenta SDG Compass, desenvolvida em
conjunto por ONU, Global Reporting Initiative
[GRI] e Conselho Mundial Empresarial para o
Desenvolvimento Sustentável [CEBDS], entre outros.
Na sua visão, existe alguma especifi cidade ou
ponto de atenção do cenário brasileiro com
relação ao alcance dos ODS?
Ieva: A agenda dos ODS é ampla e desafi a países
ricos e pobres, envolve gestão pública, sociedade
civil e setor privado. Todos têm seus desafi os e o seu
papel no processo. No caso brasileiro, eu vejo como
um ponto positivo a experiência anterior do País
com os ODM, mas, como acontecia com os ODM,
o principal desafi o continua sendo a desigualdade,
as diferenças entre os municípios. No panorama
geral do País, quase todos ODM foram alcançados,
Negócios inclusivos são aqueles que, por meio do seu core business, oferecem bens, serviços e sustento de maneira comercialmente viável e em escala para as pessoas de menor renda, tornando--os parte da cadeia de valor das empresas, como fornecedores, distribuidores, revendedores ou clientes.
Fonte: Mercados Inclusivos no Brasil: Desafi os e Oportunidades do Ecossistema de Negócios (PNUD, 2015).
à exceção do que tratava da redução da mortalidade
materna, que caiu, mas não ao nível projetado pelo
compromisso. Todos os outros objetivos foram
alcançados no geral, mas, quando se detalham
as situações particulares de regiões, estados e
municípios, vemos uma desigualdade muito grande.
Essa realidade se conecta com um dos princípios da
Agenda 2030, que é “não deixar ninguém para trás”.
A proposta é reforçar as ações nos territórios mais
vulneráveis, de modo a reduzir as diferenças.
Retomando a ideia de que a vivência do País com
os ODS pode colaborar, eu citaria os mecanismos
de monitoramento dos avanços que foram
desenvolvidos pelos órgãos ofi ciais, como o Instituto
de Pesquisas Econômicas Aplicadas [Ipea]. Os cinco
relatórios sobre o estado dos temas cobertos pelos
ODM no período de vigência do compromisso são
uma referência em monitoramento e avaliação.
Eles podem orientar o acompanhamento dos
avanços dos ODS, especialmente em países como
a Alemanha e a Finlândia, que na época dos ODM
não eram muito demandados, e com a ampliação
da agenda terão uma contribuição maior a dar.
10 Relatório de Atividades 2016
ERRADICAÇÃODA POBREZA
FOME ZEROE AGRICULTURASUSTENTÁVEL
SAÚDE EBEM-ESTAR QUALIDADE
EDUCAÇÃO DEDE GÊNEROIGUALDADE
E SANEAMENTOÁGUA POTÁVEL
ENERGIA LIMPAE ACESSÍVEL
TRABALHO DECENTEE CRESCIMENTOECONÔMICO
INDÚSTRIA, INOVAÇÃOE INFRAESTRUTURA
REDUÇÃO DASDESIGUALDADES
CIDADES ECOMUNIDADESSUSTENTÁVEIS
CONSUMO EPRODUÇÃORESPONSÁVEIS
AÇÃO CONTRA AMUDANÇA GLOBALDO CLIMA
VIDA NAÁGUA
VIDATERRESTRE
PAZ, JUSTIÇA EINSTITUIÇÕESEFICAZES
PARCERIAS E MEIOSDE IMPLEMENTAÇÃO
Planejamento e estratégia | Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Agenda 2030 e ODS
TRANSFORMANDO NOSSO MUNDO
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é o título de um acordo internacional
para o desenvolvimento sustentável promovido pela Organização das Nações Unidas
(ONU) e ratifi cado pelos 193 países-membros. Ele é composto de quatro partes:
• uma declaração, chamada Agenda 2030, que reúne a visão de futuro e alguns princípios
de atuação. Ela funciona como um plano de ação, baseado em cinco pilares: paz,
prosperidade, planeta, parcerias e pessoas. Na Agenda 2030, os países signatários
reconhecem que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões,
incluindo a pobreza extrema, é o maior desafi o global ao desenvolvimento sustentável;
• a apresentação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ver quadro) e das 169 metas relacionadas a eles;
• uma seção sobre as parcerias globais e os meios para a execução dos objetivos;
• o detalhamento das diretrizes de acompanhamento dos
avanços e a revisão periódica das ações.
O documento completo está disponível no site: https://nacoesunidas.org/pos2015/
SAIBA MAIS
11Relatório de Atividades 2016
Plano de rotaO Guia dos ODS para as Empresas é uma tradução
e adaptação do SDG Compass, desenvolvido
originalmente por Global Reporting Initiative
(GRI), Pacto Global e World Business Council
for Sustainable Development (WBCSD). A
publicação visa orientar as empresas brasileiras
no processo de mapeamento de impactos
da cadeia de valor nos ODS, tendo em vista
alinhar a estratégia ao alcance dos Objetivos.
Para consultá-la, acesse:
http://sdgcompass.org/wp-content/
uploads/2016/04/SDG_Compass_Portuguese.pdf
Iniciativa IncluirEssa rede, criada pelo PNUD no Brasil em parceria com
o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), a
Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Rede
Brasileira do Pacto Global, sedia iniciativas de diálogo e troca
de conhecimentos visando à promoção de negócios inclusivos
e sociais. Acesse o site da organização
(www.iniciativaincluir.org.br) para conhecer
os projetos e publicações disponíveis.
Um exemplo é o estudo Mercados Inclusivos no Brasil: Desafi os
e Oportunidades, que reúne 19 estudos de caso de negócios
inclusivos, selecionados por um comitê de especialistas em
um conjunto de mais de 70 respondentes de uma chamada
pública e produzidos por cinco escolas de negócio e pela
equipe do PNUD, no período entre outubro de 2014 e abril
de 2015, obedecendo a orientações do Istanbul International
Center for Private Sector in Development. O programa ReDes,
desenvolvido em parceria entre Instituto Votorantim e Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES),
consta da publicação como um exemplo bem-sucedido
de tecnologia social voltada ao desenvolvimento local.
12 Relatório de Atividades 2016
Parcerias: potencializar os impactosA articulação com organizações da sociedade civil, organismos internacionais e entidades governamentais reconhecidas pela consistência e qualidade do trabalho dá suporte à estratégia social
O Instituto Votorantim atua como um hub para
apoiar as empresas investidas a qualifi car sua
atuação social, multiplicando as oportunidades de
acesso a recursos e conhecimentos específi cos,
disponibilizados por organizações públicas e
privadas no Brasil e no exterior. O esforço de
articulação e identifi cação de oportunidades é
constante e envolve organizações de referência,
como o Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), o Instituto Arapyaú e a Fundação Lemann.
Em 2016, novos parceiros se juntaram à rede.
Com foco na realização de cursos de formação de
liderança e qualifi cação, foi fi rmado um acordo com
a Fundação Dom Cabral.
O primeiro módulo desse curso de formação já
foi realizado, e a partir de 2017 a organização
também aperfeiçoará, com sua expertise, o
planejamento estratégico do Instituto Votorantim.
Também passou a colaborar com o Instituto
o escritório de advocacia Trench, Rossi e
Watanabe Advogados, que já oferecia assessoria
jurídica – em caráter comercial – à Votorantim
e passou a prestar serviços pro bono para os
projetos do ReDes. Além de apoiar os pequenos
negócios em temas relacionados a documentação,
regulamentação, ações judiciais e formalização
de propostas, o escritório colabora para garantir
mais segurança e transparência às iniciativas.
Planejamento e estratégia
13Relatório de Atividades 2016
Com o Instituto Arapyaú, que já integrava a
rede desde 2015, a estratégia foi ampliar os focos
de construção conjunta. A parceria inicial com a
organização foi estabelecida para a execução do
projeto Sobral de Futuro, que trabalhou na elaboração
de um de plano de desenvolvimento participativo
de longo prazo do município cearense de Sobral,
território de atuação da Votorantim Cimentos. Além
de ser cofinanciador da ação, o Instituto Arapyaú
aporta ao projeto um conhecimento específico de
mobilização comunitária e monitoramento cidadão,
que representam um pilar importante para a
sustentabilidade da iniciativa a longo prazo. Os bons
resultados da parceria em Sobral impulsionaram a
adoção desses mesmos conhecimentos em outro
projeto, no município de Três Lagoas, no Mato Grosso
do Sul. Utilizando por base a tecnologia social do
Programa de Apoio à Gestão Pública, em parceria
com o BNDES, e atuando em colaboração com a
Iniciativa Cidades Emergentes e Sustentáveis
(ICES), do BID, a Fibria e o Instituto Votorantim
buscam contribuir para o desenvolvimento urbano
sustentável da cidade (mais informações na página 23).
O BID, por meio do Fundo Multilateral de
Investimentos (Fumin), também integra as ações
do programa ReDes, de apoio a negócios inclusivos
(ver página 39). A partir de 2015, a parceria foi
estabelecida para dar suporte a um projeto-piloto
de aperfeiçoamento da metodologia, especialmente
na etapa de preparação das organizações
produtivas para a autossustentabilidade.
As ações do ReDes contam com o cofinanciamento
do BNDES, parceiro do programa desde 2010.
A geração de renda, a valorização dos potenciais
econômicos locais e a qualificação de pequenas
empresas da cadeia de valor da Votorantim
são pauta também dos projetos em parceria
com o Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Com o Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o
Instituto e as empresas investidas da Votorantim
apoiam na identificação da demanda por cursos
e na articulação com ofertantes locais para
viabilizar capacitações profissionais no âmbito do
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico
e Emprego (Pronatec), do governo federal.
Nas iniciativas voltadas à educação, a
complementariedade de expertises e o
aprendizado proporcionados pelo trabalho em
rede também têm um papel fundamental para os
resultados alcançados e caracterizam o Parceria
Votorantim pela Educação (PVE). O Movimento
Todos pela Educação, o Instituto Alana e
a Fundação Lemann integram o trabalho.
Rafael Araujo, gerente de Fábrica da Votorantim Cimentos de Sobral (CE), no Seminário Sobral de Futuro
14 Relatório de Atividades 2016
Participação em redeA troca de conhecimento, informações e expertise é fundamental para garantir a efetividade
das ações nas comunidades locais. Pensando nisso, o Instituto integra diversas redes
nacionais e internacionais que têm como foco a qualificação do investimento social privado
e o desenvolvimento de comunidades sustentáveis. Entre as parcerias, destacam-se:
• Comunitas: organização que visa contribuir para o aprimoramento
dos investimentos sociais corporativos e estimular a participação da
iniciativa privada no desenvolvimento social e econômico do País.
• Emmerging Markets Multinationals Network for Sustainability: rede
organizada pela Agência de Cooperação Alemã (EMM-GIZ) que reúne 250
lideranças de empresas e organizações que atuam em múltiplos países e economias
emergentes. O objetivo é desenvolver e colocar em prática parâmetros ambientais
e de sustentabilidade e transformá-los em soluções que beneficiem as empresas
e seus principais stakeholders, incluindo as comunidades onde atuam.
• Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE): associação de
investidores sociais com foco em aperfeiçoar o ambiente político institucional
do investimento social e aumentar sua qualidade, legitimidade e relevância.
• RedEAmérica: organização do setor empresarial dedicada a qualificar e
expandir a ação empresarial para a promoção de comunidades sustentáveis.
Foco no futuroDuas novas parcerias, estabelecidas em 2016, começam a dar frutos em 2017.
Com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),
o Instituto vai trabalhar em iniciativas para aproximar temas da iniciativa
privada à agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A iniciativa
aprofunda e amplia uma pequena experiência de cooperação sobre o tema,
desenvolvida em 2016 no âmbito do Desafio Voluntário, de engajamento das
empresas investidas da Votorantim em ações de voluntariado corporativo.
Com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Social
da Indústria (Sesi), o trabalho conjunto estará focado no apoio à produção
de conteúdo e disseminação da Plataforma Educação Livre, que identifica e
sistematiza as demandas do setor produtivo com o objetivo de orientar e tornar
mais efetivas as ações de capacitação de jovens ao mercado de trabalho.
SAIBA MAIS
Planejamento e estratégia | Parcerias: Potencializar os impactos
15Relatório de Atividades 2016
Lígia Saad, coordenadora de Desenvolvimento
Institucional do Instituto Votorantim, faz a
análise estratégica das ações para consolidar e
ampliar o papel do Instituto como hub social.
Qual o principal objetivo da estratégia de
consolidação de parcerias?
Lígia Saad: As parcerias ajudam a qualifi car e
ampliar o alcance de nossas tecnologias sociais,
geram oportunidades para testarmos outros
modelos e conteúdos de intervenção e aportam
novos conhecimentos para a busca de soluções
às demandas de atuação social das empresas
investidas da Votorantim.
Há também um segundo ponto, igualmente
importante, e que acaba sendo mais visível:
o cofi nanciamento dos projetos. Algumas
parcerias podem somar recursos não apenas
técnicos, mas também fi nanceiros. Quando
entrevista | lígia saad
Estratégia de atuação em rede
você se une a outra organização para enfrentar
um desafi o comum, é possível ser mais
efetivo no alcance do impacto pretendido.
Como são defi nidos os parceiros potenciais?
Lígia: O nosso jeito de fazer pressupõe objetivos
de longo prazo; investimos em relacionamentos
que se mantenham ao longo do tempo. Por isso,
buscamos parceiros que compartilhem conosco
propósitos ou desafi os e tenham atuações
complementares à nossa, visando estabelecer
uma dinâmica real de ganha-ganha. O resultado
fi nal dessa soma de esforços precisa se refl etir
positivamente em todos os envolvidos e gerar
impacto real.
Nesse ponto, acredito que o Instituto seja um
parceiro interessante, já que a alta capilaridade
da Votorantim e nossa estrutura de suporte à
gestão e ao monitoramento locais são atributos
valorizados pelas organizações de uma forma
16 Relatório de Atividades 2016
geral. Eles representam um diferencial, que
se soma aos conhecimentos específi cos da
equipe e à capacidade de cofi nanciamento
dos projetos por parte da Votorantim.
Que avaliação você faz dos avanços nessa
estratégia ao longo de 2016?
Lígia: O fato de já contarmos com algumas
parcerias consolidadas nos permitiu, de um lado,
aprofundar os relacionamentos e identifi car
outras oportunidades de troca com esses mesmos
parceiros; de outro, também estabelecemos
novos contatos e
articulações, e ampliamos
de nove para 12 o total de
parceiros ativos.
Em paralelo com o
desenvolvimento conjunto
de projetos, também
avançamos em um
trabalho mais sistemático
de identifi car outras
oportunidades – de
qualifi cação do trabalho
social desenvolvido nas
empresas da Votorantim ou
de disseminação de cases
e boas práticas – geradas
a partir desses contatos
e relacionamentos. Esse
foi um ganho importante
porque, além de
viabilizar a participação
em cursos e eventos,
fortaleceu a troca de informações.
E já surgiram trocas entre os parceiros?
Lígia: Sim, este foi um outro desdobramento
interessante: surgiram novas conexões entre os
nossos parceiros por conta do relacionamento
comum com o Instituto. Um exemplo: nós fazemos
parte da RedEAmérica, que reúne empresas e
institutos latino-americanos com o propósito
de construir comunidades sustentáveis, e da
Emmerging Markets Multinationals, da Agência de
Cooperação Alemã [EMM-GIZ]. Nós identifi camos
um potencial de complementariedade das duas
redes e ajudamos a estabelecer o contato. Agora
elas coordenam juntas um estudo sobre a relação
entre empresas e comunidades, tentando identifi car
como é possível gerar valor compartilhado a
partir de uma atuação social estruturada. É um
exemplo pontual, claro, mas para nós ele deixa
evidente o potencial que existe nessa aproximação
entre as organizações e nessa troca que estamos
consolidando.
Para fazer uma analogia:
nessa rede, o Instituto
funciona como uma
“antena” que identifi ca
conexões e oportunidades
capazes de benefi ciar
tanto as empresas
investidas da Votorantim
quanto nossos parceiros
no enfrentamento
dos desafi os sociais.
Entendemos que essa
retroalimentação é
benéfi ca para todos.
Você comentou
sobre aprofundar o
relacionamento com
os parceiros e buscar
novas oportunidades.
Poderia dar um
exemplo?
Lígia: Há o caso do relacionamento com o
Instituto Arapyaú, que atua conosco desde o fi nal
de 2015 no projeto Sobral de Futuro, sediado em
Sobral, no Ceará. Essa é uma iniciativa bastante
ambiciosa e consistente de desenhar um plano
de desenvolvimento participativo de longo prazo
– um horizonte de 30 anos – para o município. O
processo todo foi muito colaborativo, e envolveu
diversos atores da sociedade, como organizações
locais, empresas, universidades e poder público.
O Instituto funciona como uma ‘antena’ que identifi ca conexões e oportunidades capazes de benefi ciar tanto as empresas investidas da Votorantim quanto nossos parceiros no enfrentamento dos desafi os sociais. Entendemos que essa retroalimentação é benéfi ca para todos.”
“
Planejamento e estratégia | Parcerias: Potencializar os impactos
17Relatório de Atividades 2016
Além de ser cofi nanciador da ação, junto com
Instituto Votorantim, BNDES e Votorantim
Cimentos, o Instituto Arapyaú aportava uma
expertise fundamental ao sucesso do projeto: a
participação social em temas de políticas públicas.
Em geral, planos como esse são elaborados,
entregues e validados ofi cialmente. Mas a execução
em longo prazo vai depender do compromisso do
poder público e da comunidade com a visão de
futuro defi nida para a cidade. Estamos trabalhando
para fortalecer um grupo gestor multissetorial
em Sobral, responsável pelo monitoramento das
atividades da prefeitura,
e, a partir da nossa
experiência em conjunto
na cidade, também
decidimos agregar esse
pilar de participação
cidadã a outro projeto de
desenvolvimento de longo
prazo, no município de
Três Lagoas, no qual já
estávamos trabalhando em
parceria com a Fibria e o
BID [Banco Interamericano
de Desenvolvimento].
Quer dizer: enriquecemos
o projeto com essa
abordagem de participação
e transparência,
muito trabalhada pelo
Instituto Arapyaú, e
fi rmamos uma nova
parceria com eles para
que atuem também em Três Lagoas.
Você pode comentar um pouco sobre
os principais desafi os na gestão dessas
parcerias? Há algumas dicas que poderia
compartilhar?
Ligia: Na minha visão, o principal desafi o é cultivar
os relacionamentos a partir da especifi cidade
de cada parceiro e de cada iniciativa em que
estamos trabalhando juntos. Algumas parcerias
Queremos aproveitar o potencial estratégico da comunicação para aprimorar os nossos relacionamentos atuais e multiplicar as possibilidades de relacionamento com outras organizações.”
“
demandam uma atuação institucional mais próxima
e regular. Já em outras, que por vezes têm ritos
de execução e revisão estratégica muito bem
defi nidos por demanda do próprio parceiro, esse
acompanhamento é menos intenso.
Uma dica importante quando tratamos de gestão
de parcerias é defi nir claramente as dimensões
do projeto e as esferas de atuação das equipes.
Há uma dimensão tática, de execução do
plano de ação pactuado, cuja atribuição é das
equipes técnicas. Já a dimensão estratégica é
de responsabilidade da área institucional, uma
vez que é ela que deve
assegurar a harmonização
de interesses entre os
parceiros, para que a
execução do plano de
ação refl ita uma relação
de ganha-ganha.
Quais os planos para o
futuro?
Lígia: O passo seguinte
é qualifi car cada vez mais
esses relacionamentos e
fortalecer essa gestão, ao
mesmo tempo em que
seguimos identifi cando
novos parceiros potenciais.
A comunicação é um
instrumento primordial
para isso, e foi por essa
razão que ajustamos um
pouco a estrutura interna
e unimos as áreas de articulação e parcerias com
a área de comunicação. Queremos aproveitar
o potencial estratégico da comunicação para
aprimorar os nossos relacionamentos atuais e
multiplicar as possibilidades de relacionamento
com outras organizações. Eu diria que esse
é o desafi o no qual estamos trabalhando.
18 Relatório de Atividades 2016
Monitoramentoe gestão estratégicaCom o aperfeiçoamento dos processos, o Instituto busca assegurar o acompanhamento de todas as etapas da gestão da atuação social da Votorantim
No planejamento anual da sua atuação social, as
empresas da Votorantim se guiam pelas etapas do
planejamento estratégico dos negócios: análise
do cenário, revisão das diretrizes, estabelecimento
de objetivos e metas; e defi nição do orçamento e
das iniciativas a serem desenvolvidas. O processo
está alinhado à visão de médio e longo prazo dos
negócios e conta com o suporte técnico do Instituto
Votorantim. Além de disponibilizar ferramentas
para assegurar assertividade e consistência às
ações, o Instituto investe em metodologias de
gestão que permitam às empresas acompanhar
de forma mais efetiva a execução da estratégia. A
ideia é aplicar à atuação social – e não somente
a projetos isolados – a lógica da gestão de
projetos, desde o planejamento até a execução.
Com o uso de novas ferramentas de gestão
e a criação de comitês de acompanhamento
estratégico, foi possível consolidar, em 2016,
uma visão global e integrada da atuação
social e de seus resultados. Com o sistema,
cai por terra a suposta incompatibilidade
entre o campo social e a lógica de gestão.
Na entrevista a seguir, dois integrantes da
equipe técnica do Instituto analisam a adoção
dos novos processos, cada um na sua ótica de
entrevista | ANDRÉ LARA E ANA BONIMANI
Planejamento e estratégia
19Relatório de Atividades 2016
atuação. André Lara atuou na implantação
das novas dinâmicas; Ana Bonimani
incorporou as rotinas de acompanhamento
à gestão cotidiana dos projetos sociais.
André, começando pela sua visão: poderia
falar um pouco sobre o amadurecimento
do processo de gestão da atuação social no
Instituto Votorantim?
André Lara: O Instituto sempre se preocupou em
monitorar o desenvolvimento do trabalho, mas antes
o foco eram os avanços dos projetos, de forma
mais isolada. Ano a ano, estamos adotando novas
ferramentas para aperfeiçoar isso.
Atualmente, contamos com um sistema para
acompanhar as iniciativas e projetos: o GPSV [Gestão
de Projetos Sociais Votorantim]. Ele começou a ser
desenvolvido em 2008 e oferece uma visão geral do
que foi realizado, permite a extração de relatórios
de acompanhamento e facilita a gestão no dia a
dia. Essa é uma ferramenta muito importante, e
atualmente reúne informações de todos os projetos
realizados pela Votorantim.
Mas ainda faltava uma visão global e mais
integrada da atuação social. Faltava aplicar
à atuação social o ciclo completo da gestão,
desde o planejamento, passando pela execução,
até o monitoramento e a avaliação. E é isso
que conseguimos consolidar em 2016.
Qual a principal mudança?
André: Hoje, além de termos um planejamento
robusto da atuação social, que é feito empresa a
empresa, planta a planta, e alinhado à estratégia
geral da Votorantim, contamos com uma gestão
estruturada da execução físico-financeira. Por meio
da análise crítica constante, as equipes do Instituto
e da empresa que está direcionando determinada
ação podem verificar se as coisas estão acontecendo
conforme o planejado, se estão tendo os resultados
esperados ou não, e definir as correções necessárias.
Além disso, ao aplicarmos metodologias de
gestão ao universo social, promovemos uma
espécie de alinhamento com a linguagem dos
negócios. Os temas sociais se tornam mais visíveis,
compreensíveis, e são mais facilmente inseridos na
pauta da alta direção das empresas da Votorantim.
Como isso é feito na prática?
André: De forma simplificada, podemos dizer que
seguimos os ciclos usuais, expressos no PDCA –
planejar, executar, verificar e checar. Aplicar esse
ciclo ao universo da atuação social das empresas
implica ter uma visão geral, focada no longo prazo,
e também uma gestão consistente da rotina. Para
isso, tivemos de estruturar a governança do tema, e
esse foi um dos grandes avanços de 2016.
Atualmente temos dois comitês ligados ao nosso
conselho envolvidos diretamente na gestão social:
o Comitê Financeiro, que acompanha a execução,
e o Comitê Estratégico, mais focado na visão de
longo prazo da atuação social. Não é somente
uma questão de estruturar melhor a gestão do
tema; também estamos falando de qualificar a
atuação social e estreitar a sua relação estratégica
com o negócio. Isso porque os altos executivos
das empresas e os representantes dos acionistas
compõem os comitês e contribuem diretamente
para a análise crítica que esses fóruns proporcionam.
Ana, à frente da gerência de Gestão de
Programas do Instituto, com certeza você
teve o seu trabalho impactado pela nova
abordagem da gestão da atuação social.
Como foi o processo de incorporação das
novas rotinas e como elas contribuem para os
objetivos reais do Instituto?
Ana Bonimani: A área de Gestão de Programas
implementa tecnologias sociais em localidades
prioritárias para o negócio, materializando,
em grande parte das vezes, o planejamento
da estratégia social das empresas investidas da
Votorantim, e por isso foi importante colocar em
prática o processo de monitoramento. A área faz
gestão de cerca de 150 projetos de tecnologia social
desenvolvidos pelo Instituto em diversas frentes, e
há sempre um esforço inicial para que os controles
façam parte da rotina. Mas sempre foi muito claro
20 Relatório de Atividades 2016
para nós o quanto as ferramentas e os métodos
de gestão conferem segurança ao que está sendo
executado e oferecem uma visão mais estratégica
sobre o que está se fazendo e para quê.
Essa clareza é fundamental sempre, e
especialmente em cenários de recursos limitados
e expectativa cada vez maior de resultados.
André: Esse ponto que a Ana comenta é
bem importante. Eu queria destacar que esse
acompanhamento não se limita às trocas de
informações no Instituto nem às discussões
nos comitês. As análises também são levadas,
periodicamente, às empresas investidas, em fóruns
que estamos chamando de “Conversa com o
cliente”, para que tenham uma visão integrada
do que está sendo implementado da estratégia
de atuação social de cada uma delas e quais os
resultados das intervenções. Você monitora os
resultados no curto prazo e assegura o alinhamento
aos impactos planejados para o longo prazo.
Pela descrição que vocês fazem, parece
ter havido uma aproximação entre duas
lógicas distintas, a lógica social e a lógica
empresarial. E como foi o trabalho de
aproximação?
Ana: O campo social e a área de gestão podem
ter as suas especificidades, mas têm também muita
coisa em comum. A ideia de que são incompatíveis
é um falso dilema. É importante lembrar que para
termos sucesso em qualquer empreitada é preciso,
primeiro, saber qual o ponto de partida, quais os
resultados esperados, de forma clara e objetiva,
quais os riscos do caminho e o que pode ser feito
para mitigá-los. Isso se aplica aos negócios, à
atuação social e, de modo geral, à vida. Então,
já partimos desse “terreno comum”. Além disso,
o nosso objetivo no Instituto é assegurar que
a atuação social esteja integrada à agenda do
negócio. Alcançar isso depende, necessariamente,
de aproximar e alinhar os processos de gestão, os
métodos, as rotinas e até a linguagem. [Ver quadro.]
André: Exatamente. Isto é um conceito muito
disseminado aqui no Instituto: queremos qualificar
a atuação social das empresas da Votorantim em
linha com a estratégia de negócio. Esse movimento
de aproximação das duas lógicas aconteceu mais no
sentido de colocar a serviço desse objetivo uma série
de ferramentas de planejamento e gestão. Tínhamos
clareza das vantagens disso, como a possibilidade
de se antecipar a problemas e, com isso, corrigir
a rota. Ou o fato de que um planejamento bem
embasado aumenta as chances de sucesso das ações.
Quais os desafios e aprendizados
nesse processo?
André: Foram muitos, e eles são interligados.
Na minha experiência pessoal, eu sinto que um
aprendizado importante está relacionado ao grau
de flexibilidade que é preciso agregar à execução
e, portanto, à gestão de riscos em um projeto
social. O planejamento é importante, mitiga
problemas, ajuda a evitar erros, orienta, mas
ele não é uma fórmula exata para se alcançar o
resultado desejado. No universo social nós lidamos
com muitas variáveis, com uma execução que
envolve diferentes stakeholders e olhares, com
externalidades que você não controla diretamente.
Você precisa estar atento a tudo isso na execução
do planejamento e nos ajustes que eventualmente
precise fazer ao longo do caminho, tendo como
referência os resultados que se pretende alcançar.
Ana: Complementando um pouco o que o
André disse, eu acredito que esse é um risco a ser
gerenciado. Os sistemas de monitoramento, os
números... nada substitui a proximidade com a
realidade em campo, o olhar atento às atividades,
o diálogo com os envolvidos e os beneficiados da
intervenção social. As ferramentas são bússolas
para direcionar o olhar, e o grande aprendizado é
saber como aplicá-las para dar mais assertividade
às mudanças e aos impactos planejados. Mas
a gestão não pode se limitar ao ferramental.
É preciso cuidado para não ficar refém dos
Planejamento e estratégia | Monitoramento e gestão estratégica
21Relatório de Atividades 2016
FALAR A MESMA LÍNGUAAs especifi cidades dos termos e conceitos de cada área de conhecimento
podem gerar problemas de entendimento entre os diferentes grupos profi ssionais.
Abaixo, alguns exemplos de referências utilizadas pelas equipes técnicas
de atuação social e gestão que podem não ser conhecidas do público em geral.
DIAGRAMA DE PARETOÉ uma técnica para identifi car e
defi nir prioridades com base na
frequência de ocorrência de um grupo
de problemas. Ele é apresentado na
forma de um gráfi co de colunas, de
fácil entendimento. Está baseado
no Princípio de Pareto, segundo
o qual 80% dos problemas são
gerados por 20% das causas.P1
Núm
ero
de o
corr
ênci
as
P3P2 P4
100%
50%
75%
25%
0%
P5
Método
Causa
Causa
Causa
Causa
Causa
Causa
Máquinas
Matéria-prima
Medida
Mão de obra
Problema
Meio ambiente
DIAGRAMA DE ISHIKAWATambém é conhecido como Diagrama
Espinha de Peixe, por conta da sua
aparência, e explicita a relação entre
um problema e suas várias causas, que
são agrupadas por tipo ou “família”.
TEORIA DA MUDANÇANão há dados precisos sobre a origem exata do termo, mas o conceito que o
embasa está presente em estudos e pesquisas de método de avaliação. A principal
contribuição da Teoria da Mudança para o planejamento social é promover o
exercício de identifi cação clara da mudança que se deseja provocar com determinada
iniciativa e da real conexão de causa-efeito entre o resultado esperado e a iniciativa
realizada, além da análise crítica detalhada das condições necessárias durante
o desenvolvimento da iniciativa para que os resultados sejam alcançados.
22 Relatório de Atividades 2016
André Lara é coordenador de projetos e Ana Bonimani é gerente de Gestão de Programas.
Ambos integram a equipe do Instituto Votorantim.
controles e dos processos. Eles precisam estar a
serviço da atuação social, e não o contrário.
André: Sim, bem lembrado. Esse segue sendo um
dos cuidados na implantação. Não adianta você
colocar uma carga muito grande de métodos e
de ferramentas, porque elas exigem um tempo
de aprendizado, de maturação de apropriação
por quem vai utilizar esse ferramental.
Consolidada essa estrutura de monitoramento
e gestão, qual o próximo passo nesse
caminho de profissionalização e busca
de assertividade?
Ana: Nós temos discutido isso aqui dentro, e vai
ganhando cada vez mais importância a questão da
avaliação de impacto das ações sociais. Esse é um
tema do qual o Instituto vem se aproximando nos
últimos cinco anos, com a aplicação de algumas
metodologias de referência – como a Teoria da
Mudança [ver quadro] – e o desenvolvimento de
alguns caminhos próprios. Já tivemos algumas
experiências, com a realização de avaliações
de impacto por parceiros externos aplicando
metodologias diversas, como estudos mistos que
integram métodos qualitativos e quantitativos;
aferições baseadas na comparação entre grupos que
passaram por determinada intervenção e grupos-
controle [que não passaram]; e metodologias
como o Return on Investment [ROI], para medir
o retorno do investimento social para o negócio.
Queremos medir o impacto real das ações e
como isso modifica a realidade em longo prazo.
É possível citar algum exemplo de projeto
em que isso já foi aplicado? E que tipo de
consequência ou melhoria esse novo olhar
traz para o trabalho?
André: A metodologia do grupo controle tem sido
utilizada para acompanhar o impacto do programa
Parceria Votorantim pela Educação no Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica [Ideb]. E o
ROI foi a base de uma iniciativa em parceria com a
Agência de Cooperação Alemã [GIZ] e a Fundação
Getulio Vargas para medir o impacto de um
conjunto de iniciativas de desenvolvimento social
realizadas no município paraense de Primavera, em
uma estratégia coordenada com a instalação de
uma nova fábrica da Votorantim Cimentos no local.
O que há de concreto e o que podemos
esperar para um futuro próximo com relação
ao desafio específico de sistematizar
a avaliação dos impactos de longo prazo
das ações?
Ana: Esse é um tema que vem ganhando
visibilidade e importância para toda a Votorantim
no que se refere à atuação social. Com foco nisso,
em 2016 formulamos uma política interna sobre
avaliação de impacto com o objetivo de estabelecer
as diretrizes do processo de avaliação de resultado e
impacto para as intervenções sociais desenvolvidas
e apoiadas pelo Instituto Votorantim. A política
traz definições mais claras sobre o que se entende,
por exemplo, sobre monitoramento, resultados e
impactos, modelos possíveis de avaliação, papéis
e responsabilidades para que o processo possa ser
conduzido de forma mais estratégica e eficiente.
André: Existe essa vontade, essa ambição de ver
a efetividade das ações comprovada, mas seria
irreal pensar em realizar uma avaliação de impacto
de tudo o que é feito. A política de avaliação
de resultados e impactos nos ajuda a manter
o foco nisso, nos dá uma diretriz. Queremos
que a avaliação seja estrutural e não reflita uma
demanda pontual, e que as tecnologias sociais
desenvolvidas pelo Instituto já tenham previsto,
no seu ciclo de execução, esse componente do
impacto real, ou seja, qualquer iniciativa social
deve em sua origem ter as bases para a medição
dos resultados e impactos projetados. Para isso,
está sendo criado o Comitê de Avaliação de
Impactos, para garantir que a lógica das avaliações
de impactos permeie as iniciativas estratégicas.
Planejamento e estratégia | Monitoramento e gestão estratégica
23Relatório de Atividades 2016
Três Lagoas (MS) se prepara para o futuroA tecnologia social do Programa de Apoio à Gestão Pública orienta a cidade a planejar o crescimento sustentável
Três Lagoas está em processo de transformação.
Impulsionada pela localização, no entroncamento
estratégico de malhas rodoviária, fl uvial e ferroviária,
e pelos recursos naturais abundantes que ajudaram
a impulsionar o desenvolvimento local, a cidade vai
deixando para trás o perfi l agrícola e já representa um
dos principais centros industriais do Centro-Oeste.
A pressão demográfi ca é, talvez, o resultado mais
visível do processo de industrialização de Três
Lagoas. De 2000 para 2010, a população saltou
de 79.059 habitantes para 101.791; a estimativa
é que, em 2016, a população tenha chegado a
115.561 pessoas, a terceira maior do estado. O
crescimento acelerado também se refl etiu em
mudanças na conformação urbana, e a cidade foi
se adaptando como pôde aos novos tempos. Como
acontece quando o crescimento é mais rápido
que o planejamento, a cidade se expandiu em
direção à periferia, ocasionando subutilização de
áreas com infraestrutura já instalada e demandas
de equipamentos públicos e serviços de atenção
à população com as quais não contava.
Em 2016, o município deu um passo importante
para mudar essa situação, em uma iniciativa
catalisada pela Fibria e pelo Instituto Votorantim com
o apoio de diferentes parceiros, entre os quais se
destaca o Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID). Trata-se do Programa de Apoio à Gestão
VISÃO DE LONGO PRAZO
Três Lagoas (MS)
24 Relatório de Atividades 2016
Pública (AGP), que visa apoiar a modernização
das práticas administrativas e de equilíbrio fi scal e
desenvolver projetos de infraestrutura em temas
ligados ao ordenamento territorial. No caso de Três
Lagoas, a realização do AGP resultou na elaboração
do Plano de Ação Três Lagoas Sustentável, um
vigoroso estudo sobre as condições atuais do
município, suas perspectivas e diretrizes para
crescer de forma ordenada e sem sobressaltos.
O plano foi realizado a partir de uma parceria
entre Instituto Votorantim, Fibria, Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), por meio da Iniciativa Cidades Emergentes
e Sustentáveis (Ices), e Instituto Arapyaú. Mas
nada seria possível sem a participação ativa da
prefeitura e da população. Segundo a diretora
de Sustentabilidade, Relações Corporativas e
Comunicação da Fibria, Malu Paiva, “juntos e
de forma participativa e apartidária, a sociedade
local, o comércio, o poder público, a área de
serviços e as empresas construíram o planejamento
estruturado, estratégico e sustentável para o
município de Três Lagoas, visando ao bem comum”.
Relação antigaA relação da Fibria com Três Lagoas já é antiga:
desde 2009, a empresa opera uma unidade de
produção de celulose no município. Em 2015
teve início a construção de uma segunda linha de
produção de celulose, que entra em operação ainda
em 2017, com investimentos da ordem de R$ 7,5
bilhões. As duas linhas de produção, em conjunto,
farão da unidade da Fibria em Mato Grosso do
Sul o maior complexo de produção de celulose
do País e um dos maiores do mundo, com um
volume global de 3,2 milhões de toneladas/ano.
Em paralelo com a expansão das operações, a Fibria
ampliou também sua atuação social, apoiada na
premissa de que uma empresa tem responsabilidades
na comunidade em que está inserida e deve oferecer
perspectivas positivas para seus empregados
e para a população. O plano de ação do Três
Lagoas Sustentável é uma forma de colocar em
prática essa responsabilidade, deixando para o
município um legado para as próximas décadas.
PlanejamentoOs preparativos para a inclusão de Três Lagoas no
programa Apoio à Gestão Pública foram iniciados
em 2015, em conversas com a prefeitura local. O
projeto saiu efetivamente do papel em março do
ano seguinte e, em dezembro, o plano de ação
estava pronto, referendado pela comunidade e
pelas instâncias de aprovação legal (Legislativo
e Executivo). Foram necessários oito meses para
cumprir esse ciclo – o que é considerado um recorde,
levando-se em conta o andamento de projetos
similares no âmbito dos municípios. O documento
produzido em Três Lagoas é consistente e robusto e
tem vários ingredientes que poderiam caracterizá-lo
como único entre outras iniciativas na mesma linha.
O BID contribuiu com o planejamento das ações por
meio da metodologia Iniciativas Cidades Emergentes
e Sustentáveis (Ices), aplicada em intervenções
fi nanciadas pelo organismo em cidades da América
Latina e do Caribe. A sistemática consiste na
Juntos e de forma participativa e apartidária, a sociedade local, o comércio, o poder público, a área de serviços e as empresas construíram o planejamento estruturado, estratégico e sustentável para o município de Três Lagoas, visando ao bem comum.”
“
Malu Paiva, diretora de Sustentabilidade, Relações Corporativas e Comunicação da Fibria
Visão de longo prazo | Três Lagoas (MS) se prepara para o futuro
25Relatório de Atividades 2016
avaliação e no diagnóstico de áreas urbanas em
processos de expansão e, a partir daí, permite traçar
diretrizes para tornar as cidades mais agradáveis
para se viver e sustentáveis no longo prazo.
A Ices já havia sido aplicada, no Brasil, em Goiânia,
Vitória, João Pessoa, Palmas e Florianópolis e,
pela primeira vez, foi levada a uma cidade que
não é capital de estado. “Para nós, foi uma
oportunidade de trabalhar e intervir numa
cidade de interior, de porte médio, mas que
tem um papel relevante no desenvolvimento
do estado e no cenário internacional”, explica
Márcia Casseb, coordenadora da Ices no Brasil.
Um dos eixos de sustentação do projeto foi a
coleta de 129 indicadores de condições de vida
urbana, que são agrupados em três dimensões
de sustentabilidade: ambiental e mudança
climática; urbana; e fi scal e governança. “A gente
percebeu uma cidade com problemas em relação
a desenvolvimento urbano, falta de infraestrutura,
necessidade de capacitação e fortalecimento
técnico das equipes da administração pública”,
afi rma Márcia. No trabalho em Três Lagoas, foi
acrescentada ainda uma quarta dimensão, a de
competitividade – o que também foi uma inovação.
Para embasar o trabalho de avaliação dos
indicadores, foram realizados quatro estudos de
base, para os temas emissão de gases de efeito
estufa e medidas de mitigação; vulnerabilidade a
riscos naturais em função de mudanças climáticas;
crescimento urbano; e competitividade.
TRÊS LAGOAS SUSTENTÁVELPrincipais entregas e avanços:
• diagnóstico
• estudos de base: emissão de
gases de efeito estufa e medidas
de mitigação; vulnerabilidade
a riscos naturais em função de
mudanças climáticas; crescimento
urbano e competitividade
• pesquisa de percepção sobre
pontos fortes e temas críticos
• aprovação do plano de ação
• revisão do Plano Diretor
de Três Lagoas
Vista da Lagoa Maior, em Três Lagos (MS)
26 Relatório de Atividades 2016
Apontar o caminhoAlém das informações técnicas dos estudos e
indicadores coletados, foi realizada uma pesquisa
de opinião pública, com mais de mil entrevistas,
sobre a percepção da população quanto aos
problemas da cidade. A pesquisa serviu de balizador
da interpretação dos dados técnicos e, em alguns
casos, trouxe surpresas para a equipe envolvida.
Um exemplo foi a área de saúde. No levantamento
dos indicadores, a situação do município nesse
quesito estava dentro dos padrões de normalidade,
mas apareceu como um dos principais motivos de
insatisfação da população, o que levou os técnicos a
reposicionar a saúde na proposta de atuação futura.
O reposicionamento foi feito na etapa que é
chamada de semaforização dos indicadores, na qual
se classificaram milhares de informações de acordo
com o grau de intensidade e urgência dos temas.
Como num semáforo que orienta o trânsito, foram
adotadas as cores verde para os indicadores com
bom desempenho, amarela para áreas onde há
alguma deficiência e vermelha para situações críticas.
O conjunto de indicadores semaforizados foi
dividido em seis grupos conforme as áreas de
intervenção (saneamento e drenagem; mobilidade
urbana e transporte; saúde; gestão do gasto
público e autonomia financeira; capital humano e
mercado de trabalho; e desigualdade urbana e uso
do solo), que, por sua vez, deram origem às três
linhas estratégicas que compõem o plano de ação.
As recomendações do plano estão inseridas nas
linhas de ação que indicam o caminho para o
desenvolvimento planejado e sustentável de
Três Lagoas, no médio e longo prazos. São elas:
fortalecer o capital humano, o mercado de trabalho
e a competitividade; promover uma ocupação mais
racional do território, do ponto de vista urbano
e ambiental; e fortalecer a gestão pública.
Participação cidadãA mobilização da comunidade teve o apoio do
Instituto Arapyaú, uma organização sem fins
lucrativos que trabalha com comunidades para
promover o desenvolvimento sustentável. Em
Três Lagoas, o Arapyaú investiu R$ 300 mil na
execução do projeto e atuou para integrar os
moradores às discussões, que, embora envolvessem
muitas vezes temas complexos e bastante
técnicos, diziam respeito ao futuro de todos.
“A população abraçou realmente a causa”, atesta
Tayara Calina Pereira, analista de projetos do
Instituto Arapyaú. Os debates com a comunidade
tiveram participação bastante heterogênea –
líderes comunitários, universitários, comerciantes,
agricultores, técnicos da gestão pública e
outros atores locais – e resultaram na formação
do chamado grupo gestor, que ganhou vida
própria e continua em atividade mesmo após
a aprovação do plano, no final de 2016.
O grupo reúne 40 representantes de setores da
sociedade local nas áreas de saúde, assistência
social, educação e cultura, infraestrutura urbana
e rural, segurança pública, desenvolvimento
econômico e meio ambiente, entre outros. Tem
caráter apartidário e a função de monitorar a
aplicação das medidas recomendadas no plano de
ação. Para Tayara, o envolvimento da população
foi importante e irá garantir a continuidade das
ações, após a saída dos técnicos do processo.
“A comunidade foi chamada para validar o
plano, apropriou-se do projeto e certamente
vai cobrar a sua implementação”, diz.
No suporte ao grupo gestor, o Instituto
Arapyaú aplica sua expertise no fortalecimento
dos instrumentos de participação para
aprimorar políticas públicas.
Visão de longo prazo | Três Lagoas (MS) se prepara para o futuro
27Relatório de Atividades 2016
APOIO À GESTÃO PÚBLICA
Objetivo: ampliar as capacidades do poder público municipal para
fortalecer seu papel como agente do desenvolvimento local.
DESENVOLVIMENTO• Modernização da gestão: aperfeiçoamento dos processos e sistemas de gestão
municipal; busca de efi ciência visando ao equilíbrio fi nanceiro; suporte à identifi cação
de oportunidades de captação de recursos; apoio ao planejamento governamental e ao
fortalecimento dos mecanismos de transparência; e fomento à participação social.
• Ordenamento territorial: suporte técnico à elaboração de planos setoriais (Plano Diretor e
Plano de Saneamento, Habitação ou Mobilidade) e projetos executivos, norteadores para a
administração pública e necessários para pleitear recursos em linhas de fomento específi cas.
2 ESTRATÉGICOSPLANOSVALIDADOS
4EXECUTIVOSPROJETOSDE SANEAMENTO ENTREGUES
22 PLANOS
NAS CÂMARAS MUNICIPAISAPROVADOS
SETORIAIS
18,7POTENCIAL DE CAPTAÇÃO COM PROJETOS DE SANEAMENTO
MILHÕESR$
26MUNICÍPIOS ATENDIDOS
RESULTADOS – 2012 a 2016
6 APROVADOSPROJETOS
para captar recursos do Programa de Modernização da Administração Tributária e da Gestão dos Setores Sociais Básicos (PMAT) no BNDES
13EM EQUILÍBRIO FINANCEIRO
MILHÕESR$
alavancados
28 Relatório de Atividades 2016
A educação tem, incontestavelmente, um potencial
transformador; acredito que não é preciso ser
especialista no tema para saber disso. É na condição
de um interessado, um entusiasta no tema, que faço
essa afi rmação. Sempre gostei de estudar, busco me
atualizar constantemente e durante algum tempo
atuei como professor. Adorava exercer essa função,
e por meio dela tive a oportunidade de ver como
o conhecimento enriquece nossa visão de mundo,
multiplica oportunidades e nos impele rumo ao futuro.
Acredito não errar quando afi rmo que cada pessoa já
vivenciou isso, seja como aluno, seja como professor.
Para explorar uma dimensão mais ampla, recorro
ao conhecido exemplo da Coreia do Sul, um
ícone mundial no que se refere ao papel da
educação como propulsora do desenvolvimento.
Nos anos 50, devastado por uma guerra civil, o
país vivia um triste cenário, e menos de 15% da
população era alfabetizada. Ao longo de uma
década, seus governantes investiram em educação
de forma consistente, com uma média de 10%
do Produto Anual Bruto (PIB). Depois, veio a
virada de mentalidade: em vez de aumentar os
investimentos, adotaram medidas para geri-los
com mais efi ciência a partir de um planejamento
estratégico e do compromisso com o longo prazo.
Atualmente, com 100% da população alfabetizada,
o país é considerado uma potência global por
entidades como a Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ocupando
posições de destaque no Programa de Avaliação
Internacional de Alunos, o Pisa (Programme
for International Student Assessment). Trata-
-se de um dos mais importantes rankings de
avaliação de sistemas educacionais, construído
por meio de uma série de testes em áreas como
matemática, ciências e leitura. Destaco um dos
muitos fatores que, em conjunto, levaram o país
a esse patamar de referência: a boa gestão.
artigo
EDUCAÇÃO QUE TRANSFORMApor Sérgio Malacrida
Investir na excelência do gerenciamento é a base para o sucesso, não só na área educacional, mas em qualquer outro sistema. O ponto fundamental é que essa conquista não depende exclusivamente de quanto dinheiro se investe, e sim de como esse investimento é planejado e direcionado.”
“ Produção de bandeiras nas quais alunos puderam refl etir sobre a questão “Qual escola
podemos construir juntos?”
Visão de longo prazo
29Relatório de Atividades 2016
Investir na excelência do gerenciamento é a base
para o sucesso, não só na área educacional, mas
em qualquer outro sistema. O ponto fundamental
é que essa conquista não depende exclusivamente
de quanto dinheiro se investe, e sim de como esse
investimento é planejado e direcionado. Portanto,
acredito que o caminho para a transformação
social passa, necessariamente, por apostar e
investir adequadamente nos professores e na
educação a partir de uma visão ampla de futuro.
Proponho esta reflexão para compartilhar aqui
uma experiência pessoal que vem reforçando
meus laços com o tema educacional e mobilizando
muito da minha esperança em um País cada vez
melhor. Refiro-me ao programa Parceria Votorantim
pela Educação (PVE), uma tecnologia social
desenvolvida pelo Instituto Votorantim e aplicada,
desde 2008, em mais de 50 municípios brasileiros
pelas empresas da Votorantim. Como executivo da
gestora de portfólio da Votorantim, eu já conhecia
o programa há alguns anos e acompanhava os
relatórios de desempenho das suas ações.
Desde 2015, meu envolvimento cresceu, a partir dos
diálogos promovidos pelo Instituto sobre o tema.
Comecei a participar regularmente de algumas
atividades de acompanhamento e, não satisfeito
com somente a teoria, em 2016 fui a campo para
visitar uma escola participante do PVE em Juquiá,
a 150 km de São Paulo. Participei da reunião de
diretores promovida pelo PVE em parceria com a
Secretaria de Educação do município, e lá foram
debatidos problemas das escolas e, claro, soluções.
O grupo, que me impressionou pelo envolvimento
e comprometimento com o trabalho, trocou
experiências de boas práticas e cada diretor contou
o que sua unidade escolar estava fazendo, a partir
do conhecimento acumulado ao longo do ano.
As atividades compartilhadas diziam respeito
a questões de gestão, formação profissional e
estratégias de relacionamento com a comunidade
escolar, ampliando a responsabilidade pela melhoria
da qualidade do ensino para todos: alunos,
educadores, pais e parceiros do entorno. E, nessa
troca de práticas facilitada pelo PVE, o resultado
foi que não apenas uma escola teve sucesso,
mas todas, porque tiveram a oportunidade de
debater em conjunto, conhecer diferentes visões
e caminhos e construir suas próprias soluções.
Fazendo um paralelo do universo escolar com o
das empresas, vejo várias similaridades na lógica
de gestão e no direcionamento estratégico da
melhoria contínua. Falamos de desafios para
encontrar soluções, catalisar e disseminar caminhos
capazes de transformar a realidade. Esta é, na
minha opinião, a razão pela qual a Votorantim
acredita nesse projeto: seu potencial de fomentar e
reunir práticas educacionais de sucesso para levar a
educação do Brasil a outro patamar de qualidade.
Desde quando começou a ser aplicado, o programa
vem se consolidando como uma ação de impacto,
com influência positiva, inclusive, no Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), uma
métrica de referência na qualidade do ensino no
País. Há estudos que comprovam que a aplicação
da tecnologia, em médio prazo, é capaz de
acelerar em até 45% a evolução do índice.
O PVE será a base de ação para um plano ambicioso
da Votorantim, desenvolvido a partir deste ano: em
comemoração ao primeiro centenário da empresa,
em 2018, queremos renovar nosso compromisso com
o Brasil e com o legado que estamos construindo.
O caminho escolhido para isso foi o da educação. O
plano é ampliar substancialmente a implantação do
PVE até 2018, com a ambição (ousada) de alcançar
100 municípios. O tema está conectado à essência do
que a Votorantim pensa para o País e seu futuro. Uma
relação de longo prazo, em que o desenvolvimento
está no que realmente tem valor: o que pode ser
compartilhado e beneficia a todos, como a educação.
Sérgio Malacrida é diretor de Finanças da Votorantim S.A. e membro do Comitê de Finanças do Instituto Votorantim
30 Relatório de Atividades 2016
EDUCAÇÃO:LEGADO PARA O BRASILAções estruturadas de qualifi cação da oferta de educação e de mobilização social asseguram resultados concretos e impulsionam o desenvolvimento
O programa Parceria Votorantim pela Educação
(PVE) é uma tecnologia social criada pelo Instituto
Votorantim com o objetivo de contribuir para
a melhoria da educação pública, por meio
da mobilização social e do fortalecimento
da gestão pública e escolar. O trabalho se
desenvolve em duas frentes de atuação.
Na frente de mobilização social, o foco das ações
é engajar a comunidade e aumentar sua participação
na educação, fortalecendo, assim, a demanda por
uma educação de qualidade. Para isso, são aplicadas
ferramentas que aproximam a família das escolas,
fortalecem os conselhos escolares e estimulam
o protagonismo juvenil. No fortalecimento da
gestão pública e escolar, o programa contribui
diretamente para qualifi car a oferta de ensino
por meio do desenvolvimento de competências
profi ssionais de técnicos das secretarias
municipais de Educação e gestores educacionais
e escolares. O programa busca, também,
fortalecer a cultura de formação continuada de
profi ssionais de educação como um todo.
O PVE vem acumulando resultados positivos
desde 2008. O de maior destaque é o impacto
na qualidade da educação, conforme indica um
estudo comparativo do Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb) nos municípios em
que a tecnologia foi aplicada. O estudo, realizado
por uma consultoria especializada, acompanha
periodicamente a evolução do Ideb nos municípios
com PVE e em um grupo controle (municípios
da mesma característica e que não recebem o
programa). Em sua terceira edição, realizada em
2016, indica que o PVE colaborou para acelerar
em 38% a evolução do índice nos municípios
do programa, considerando os anos iniciais do
Ensino Fundamental (do 1º ao 5º ano), e e 45%
nos anos fi nais (6º ao 9º ano). É um impacto de
extrema importância e mostra que o projeto está
no caminho correto para contribuir de forma
efetiva para uma educação de qualidade.
Planos de evoluçãoPara 2018, marco comemorativo do centenário
da Votorantim, a ambição é atingir 100
munícipios com o PVE. Uma das estratégias que
vêm sendo discutidas para isso é a atuação por
meio de polos. Diferente da modalidade do PVE
individual, nos polos a atuação é feita de maneira
conjunta em 2 a 4 municípios, estimulando a
cooperação e a troca de experiências entre eles. A
experiência começa a ser implantada em 2017.
Visão de longo prazo
31Relatório de Atividades 2016
Consulta Lúdica realizada no Ciclo 2 do PVE no município de Juquiá (SP)
32 Relatório de Atividades 2016
Também está planejado o reforço do
engajamento dos funcionários em atividades
de mobilização social e de voluntariado,
incluindo lideranças, fornecedores e parceiros,
garantindo a participação de todos os públicos de
relacionamento da Votorantim. Um foco especial
será dado para a mobilização dos funcionários,
que somam mais de 40 mil pessoas. Esse amplo
contingente de pessoas, que possuem múltiplos
conhecimentos e habilidades, confere ao PVE um
potencial adicional de transformar a educação
pública nos municípios nos quais atua.
Outra melhoria prevista é a adoção de
mecanismos para monitorar a evolução anual e os
resultados do programa. Para isso, foi criada uma
matriz que reúne as competências trabalhadas
pelo PVE nos aspectos de gestão educacional e
escolar e mobilização social. Sua aplicação inicial
permitirá identifi car áreas de maior fragilidade
nos municípios e, a partir disso, orientar o
trabalho de reforço para assegurar a evolução.
As inovações e os aprimoramentos metodológicos
que darão suporte à expansão planejada
também incluem novos conteúdos vindo de
parceiros importantes do programa: Fundação
Lemann, Todos pela Educação, Canal Futura e
Instituto Alana. Com a Fundação Lemann, por
exemplo, o Instituto Votorantim estabeleceu
uma parceria para levar o EduqMais para
alguns municípios participantes do PVE. Essa
solução tecnológica estimula a participação
das famílias na formação escolar de seus fi lhos,
por meio de mensagens de celular (SMS)
com conteúdos relevantes e atividades que
podem ser realizadas pelos pais para apoiar o
desenvolvimento de habilidades importantes.
500PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NAS FORMAÇÕES TÉCNICAS
17MUNICÍPIOS PARTICIPANTES
252ESCOLASATENDIDAS
Parceria votorantim pela educação 2016
GESTÃO
MOBILIZAÇÃO
Produtos: diagnósticos, avaliações e ferramentas com foco em educação inclusiva, avaliação de aprendizagem e Base Curricular Nacional Comum
4 MILPARTICIPANTESExemplos de ações: Desafi o Criativos da Escola (mais de 300 municípios participantes), Consulta Lúdica e encontros de mobilização
Visão de longo prazo | Educação: Legado para o Brasil
33Relatório de Atividades 2016
Alcance internacionalAtuação estratégica do Instituto Votorantim fortalece a estratégia social da empresa controlada da Votorantim Siderurgia na Colômbia
Para acompanhar a tendência de internacionalização
da Votorantim, o Instituto vem estendendo sua
atuação como núcleo de estratégia social também
para as unidades no exterior. Em 2016, desenvolveu
um projeto customizado para a Fundação PazdelRío,
braço social da empresa de mesmo nome, que é
controlada da Votorantim Siderurgia. A siderúrgica
PazDelRío, a maior produtora de aços da Colômbia,
data da década de 1940 e desde 2007 é controlada
pela Votorantim. Mantém um escritório corporativo
na capital do país, Bogotá, e suas operações –
planta industrial e minas próprias de minério de
ferro, carvão e calcário – se dividem entre os
municípios de Paz de Río e Nobsa, em Boyacá,
e o município de Ubalá, em Cundinamarca.
A pedido da empresa, o Instituto Votorantim
apoiou a Fundação na revisão ampla da sua
estratégia social e da governança do tema.
O portfólio de projetos também foi ajustado,
visando fortalecer as comunidades e construir
um legado duradouro para a região.
Os efeitos da mudança ultrapassaram os limites
da própria Fundação e infl uenciaram a forma
com que a própria empresa percebe seu papel
social. Como resume o presidente da PazdelRío,
Vicente Noero Arango, “nós revisamos todos os
paradigmas nos quais se inserem nossos programas
sociais, e hoje toda a organização atua de forma
mais alinhada, preparada para pensar o futuro”.
Segundo ele, “não teríamos as ferramentas
internas para fazer isso sozinhos; foi fundamental
contar com os especialistas do Instituto”.
O trabalho envolveu um diagnóstico inicial (ver
quadro), mapeamento dos principais stakeholders,
realização de uma pesquisa de percepção com esses
públicos sobre as necessidades locais e as iniciativas
da Fundação, identifi cação dos investimentos
Vista da fábrica da PazdelRío em Nobsa (Boyacá), Colômbia
34 Relatório de Atividades 2016
sociais realizados via Fundação ou diretamente pela
empresa e redefi nição de frentes de atuação. Todas
as etapas foram validadas pela liderança, com a
participação direta de todos os vice-presidentes.
Maria Camilla Hoyos, diretora da Fundação e
responsável pela área de Relações Institucionais
na unidade, destaca o caráter estratégico da
consultoria. “Hoje nós não pensamos mais,
somente, no papel da Fundação, como algo
isolado ou desconectado do negócio”, explica.
“Nosso foco é o papel da empresa dentro de
uma cadeia de valor em que tudo está conectado
dentro da lógica da sustentabilidade”.
Solução customizadaOs diferentes cenários da operação e o
relacionamento com as comunidades locais,
consolidado ao longo de décadas, foram elementos-
-chave na análise e defi nição de caminhos. Maria
Camilla ressalta que “a PazdelRío faz parte do
dia a dia da comunidade, e em alguns locais
o próprio bairro onde atua surgiu junto com a
operação”. Sueme Matuzawa, consultora de
Planejamento e Gestão da Atuação Social do
Instituto Votorantim, explica que “tudo foi muito
customizado para as localidades e baseado na
construção conjunta com as equipes do cliente”.
As pesquisas de percepção com funcionários e
lideranças da unidade, lideranças comunitárias,
benefi ciários dos projetos, autoridades locais e outros
stakeholders foram um subsídio importante para
direcionar os ajustes. Uma das grandes preocupações
identifi cadas entre esses públicos foi a necessidade
de iniciativas de geração de oportunidades de
renda e estímulo à economia. Com base nisso, já
está em estudo a aplicação da tecnologia social do
programa ReDes (Redes para o Desenvolvimento
Sustentável). Outra solução desenvolvida pelo
Instituto, a Parceria Votorantim pela Educação (PVE)
também poderá embasar projetos na Colômbia
a partir de 2017, como forma de qualifi car ainda
mais o compromisso da PazdelRío com o tema.
Rumo ao futuroNoero ressalta que, apesar dos avanços no plano
estratégico e das iniciativas já executadas, ainda
é longo o caminho de desenvolvimento que a
PazdelRío pretende trilhar. “Nós conseguimos
trazer esse olhar social para o negócio e alinhar
estrategicamente as iniciativas, mas ainda falta
todo o desdobramento das ações, e estamos
conscientes dos desafi os do futuro”, afi rma. Esse
futuro, na sua visão, passa pela meta ambiciosa de
contribuir com impactos positivos reais e duradouros
na Colômbia. “Queremos ajudar a transformar
a realidade dessas comunidades”, afi rma.
ANÁLISE DETALHADAA base do trabalho de alinhamento
estratégico da atuação social na
PazdelRío foi um diagnóstico sobre
a Fundação, que o Instituto e a
Votorantim Siderurgia realizaram em
2015 com foco em três dimensões:
• INSTITUCIONALanálise dos fundamentos da
organização, como missão, visão
e valores, e das características,
limites e oportunidades inerentes à
fi gura jurídica de uma fundação
• ESTRUTURALelementos e rotinas da administração,
como composição das equipes, gestão
fi nanceira e prestação de contas
• PROGRAMÁTICAanálise de desempenho dos projetos
e seus resultados com o objetivo de
embasar ações de aperfeiçoamento
que reforçassem a convergência com
os objetivos sociais da Votorantim
Visão de longo prazo | Alcance internacional
35Relatório de Atividades 2016
De Xambioá para o BrasilUm grupo de mulheres de um pequeno município do Tocantins produz acessórios femininos e utensílios domésticos usando sementes da região
Desenvolvimento econômico
Xambioá, município no norte de Tocantins, abriga
uma população de cerca de 11,5 mil habitantes e
uma economia acanhada. A unidade da Votorantim
Cimentos, instalada na cidade desde 2009, é
a principal empregadora, com cerca de 600
trabalhadores. Fora isso, as alternativas de ocupação
são restritas. “Aqui, ou você trabalha na prefeitura,
ou no governo do estado”, conta Marivalda Martins
Borges, professora da rede pública municipal. Para
mulheres com pouco estudo e sem experiência, as
chances de colocação são ainda mais escassas.
Mãe de duas fi lhas, de 12 e 4 anos de idade,
atuante e articulada, Marivalda embarcou há pouco
mais de três anos, em parceria com outras 19
mulheres, na formação de um grupo de produção
de artesanato usando matérias-primas da abundante
fl ora local. “Eu nunca tinha feito nada de trabalhos
manuais, nem as outras cooperadas”, conta
Marivalda. Mas, com o suporte e o planejamento
adequados, um tanto de ousadia e muito trabalho,
elas venceram esse primeiro obstáculo. Hoje, são
artesãs e integram uma cooperativa de produção
Presença da Xambiart, projeto do programa ReDes, na Semana
de Práticas Sustentáveis da Votorantim Cimentos
36 Relatório de Atividades 2016
de biojoias, têm marca própria, a Xambiart, e
estão difundindo seus produtos em todo o País.
A trajetória de sucesso do projeto é resumida por
Carolina de Jongh, coordenadora de Dinamismo
Econômico do Instituto Votorantim: “A iniciativa
nasceu de um grupo de mulheres dedicadas
a afazeres domésticos, que conseguiram se
estruturar, desenvolver uma linha de produtos
inovadora e atingir diversos mercados”. A Xambiart
é um dos exemplos mais emblemáticos do
programa ReDes (Rede para o Desenvolvimento
Sustentável), que o Instituto Votorantim
desenvolve em parceria com o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
com o propósito de gerar trabalho e renda por
meio do fortalecimento de cadeias produtivas.
O programa se destina a localidades com
fragilidades sociais e econômicas que estão
nas áreas de influência das empresas da
Votorantim. Em Xambioá, além da Xambiart,
o ReDes apoia dois outros projetos: um de
produção de artesanato e extração de óleo
do babaçu (também com mulheres) e outro
com pescadores para implantação de uma
central de beneficiamento de pescados.
HistóriaO caminho da cooperativa teve início com o
levantamento do perfil socioeconômico da cidade.
O uso das espécies locais foi uma inovação
proposta pela Associação dos Moradores do Setor
Alto Bonito de Xambioá, que já realizava ações
culturais. Uma análise técnica indicou a viabilidade
da proposta, e em 2013, após aprovação e
contratação do projeto, nascia a Xambiart.
As futuras artesãs receberam capacitação em
técnicas de manejo e beneficiamento de sementes
– a principal matéria-prima utilizada nas peças
–, confecção de bijuterias, noções de custos
de produção, remuneração de mão de obra e
comercialização. Outro apoio importante foi a
contratação de um profissional para orientar o design
de colares, pulseiras, brincos e outros acessórios.
Com suporte e orientação do programa ReDes,
a cooperativa foi formalizada e, com a produção
em andamento, as artesãs foram para o mercado.
De um modo geral, o grupo de cooperadas que
aderiu ao projeto em sua fase inicial permanece
até hoje. Das 20 integrantes da cooperativa, 17
têm no artesanato sua única fonte de renda.
Biojoias produzidas pelas artesãs a partir do beneficiamento de sementes
O principal atrativo das biojoias de Xambioá são
os materiais – sementes de buriti, açaí, jarina,
paxiubão, pastilhas de coco babaçu e coco inajá –
recolhidos diretamente da natureza e manejados
de modo responsável. “Temos o cuidado de não
degradar o meio ambiente, mas usá-lo de modo
sustentável”, diz Marivalda.
Desenvolvimento econômico | De Xambioá para o Brasil
37Relatório de Atividades 2016
Mais recentemente, as artesãs diversificaram o
portfólio e passaram a produzir também utilitários,
como fruteiras, porta-copos e panelas, além de
enfeites “sinos de vento” (espécie de móbiles
colocados na varanda das casas para produzir sons
quando se movimentam). Essas peças são feitas
com partes do fruto do coco babaçu e resina.
Em 2015, a cooperativa ganhou o Prêmio Boas
Práticas de Economia Solidária, do BNDES. O
dinheiro da premiação foi destinado à compra
de um terreno na área urbana de Xambioá e à
construção da sede própria, inaugurada no início
de 2017. A obra contou também com recursos do
Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN),
uma organização social que incentiva práticas
de desenvolvimento social aliadas à preservação
ambiental. As duas instituições financiaram também
a compra de computadores e equipamentos de
produção, como furadeira, lixadeira e torno.
FuturoConsiderada um exemplo bem-sucedido do
programa ReDes, a Xambiart já venceu todas as
etapas de desenvolvimento e está na fase em que
os cooperados ganham autonomia para andar com
suas próprias pernas. Desde dezembro de 2015, a
cooperativa não recebe mais recursos do Instituto
Votorantim. Os desafios, agora, são criar novos
canais de comercialização da produção, consolidar
a presença nos mercados já conquistados e
reduzir o impacto logístico da distância entre a
cooperativa e os grandes centros consumidores.
Além de dar seguimento às atividades, o grupo
discute oportunidades de expansão e novos
caminhos. Entre as ações previstas estão a
implantação de um viveiro de espécies nativas,
junto da sede própria da cooperativa, e a criação
do Fundo Rotativo Solidário. As duas iniciativas
têm apoio da Cáritas Brasileira, organização ligada
à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), que destinará R$ 18 mil para as iniciativas.
Produção e expansão A produção é concentrada na sede da cooperativa
e cada cooperada tem de dedicar um período do
dia, de segunda a sexta-feira, para a confecção
dos acessórios. A produção média mensal é de
800 peças, mas em alguns meses chega ao dobro
disso, em linha com o ritmo de encomendas.
Para divulgar os produtos e ganhar mercado, elas
também participam de feiras e eventos. Brasília,
São Paulo, Belo Horizonte e Recife são algumas
das praças onde as peças já foram expostas
e comercializadas. Em Palmas, Tocantins, os
produtos são vendidos em lojas do aeroporto
e num shopping center. Durante a Olímpiada
do Rio, em 2016, a Xambiart esteve presente
na mostra organizada pelo Centro Sebrae de
Referência do Artesanato Brasileiro (Crab). A
exposição foi estendida até dezembro, no período
pós-Olimpíada, e rendeu um convite do Sebrae
para produção de peças destinadas à exportação.
38 Relatório de Atividades 2016
SAIBA MAIS
O programa ReDes foi criado em 2010. Está
presente em 28 municípios, de 11 estados
do Brasil, além do Distrito Federal. Realizado
pelo Instituto Votorantim em parceria com
o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), ele atua em
localidades que apresentam indicadores
econômicos precários e vulnerabilidade
social e que estão na área de influência de
unidades ligadas à holding Votorantim.
O objetivo do programa é estimular o
desenvolvimento sustentável, apoiando a
criação de negócios inclusivos e a formação
de cadeias produtivas capazes de gerar renda
para a população assistida. Para isso, o Instituto
fornece apoio financeiro e assessoria técnica,
mas o protagonismo das ações fica a cargo
da comunidade, que está presente em todas
as fases de implantação dos projetos.
O ReDes começou a ser esboçado em
2010, com a assinatura do convênio com
o BNDES e a definição da metodologia. No
ano seguinte, começou a mobilização nos
municípios; em 2012, foram elaborados os
planos de negócios, e um ano depois, foram
efetivados os primeiros investimentos e o
programa saiu do papel para a prática.
A atuação nos municípios é cuidadosamente
planejada e precedida de um diagnóstico
da situação local, que identifica carências e
potencialidades regionais e, de acordo com
esse perfil, são elaborados planos de negócios.
Entre planejamento, implantação e consolidação
total dos projetos, o programa leva um período
de cinco anos, quando as comunidades ganham
autonomia para gerenciar por conta própria seus
negócios, que se tornam autossustentáveis.
Para completar esse ciclo, o programa ReDes prevê
investimentos de R$ 100 milhões até 2020, divididos
entre o BNDES e a Votorantim. Os recursos são
direcionados para ações como apoio à formalização
dos negócios, capacitação dos beneficiários
(principalmente nos aspectos relativos à comercialização
e à gestão) e estruturação dos negócios (incluindo
a aquisição de bens e equipamentos).
APROFUNDAMENTO E MELHORIAEm parceria com o Fundo Multilateral de Investimentos
do Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID-Fumin), o Instituto Votorantim trabalha na
revisão e no aperfeiçoamento do programa ReDes.
Ao longo de 2016, foram realizados estudos de
aprofundamento metodológico, e a metodologia
resultante começa a ser testada em caráter-piloto
em 2017, com foco, principalmente, nas etapas
de sustentabilidade econômica dos negócios e na
perenidade dos resultados. O objetivo é transferir
conhecimento técnico e de gestão dos negócios para
o público beneficiado, fortalecendo os negócios.
A revisão da metodologia se orientou pelos
principais desafios do programa:
• assegurar a disponibilidade de
especialistas temáticos para apoio direto
aos negócios nas localidades;
• dar suporte à estruturação de processos de
sucessão de lideranças nos negócios;
• adequar a complexidade de procedimentos
internos e dos projetos apoiados ao estágio de
maturidade de cada organização executora;
• definir planos de trabalho mais resilientes
a mudanças de cenário político e
econômico nos municípios.
Programa ReDes: transformar realidades
Desenvolvimento econômico
39Relatório de Atividades 2016
35projetosreceberamapoio FINANCEIRO
53NEGÓCIOSinclusivos1.900 beneficiários
2811 ESTADOS+ DISTRITO FEDERAL
MUNICÍPIOS,
ABASTECIMENTO ALIMENTAR
COMÉRCIO E SERVIÇOS
RECICLAGEMECONOMIA CRIATIVAartesanato e valorização do patrimônio cultural
agricultura familiar, apicultura, piscicultura
INVESTIMENTOTOTAL
8,3R$ 3,9 milhÕesnos projetos
MILHÕESR$
GERAÇÃO DE RENDA EM
TOTALIZANDO364,5
DE RENDA DISTRIBUÍDAMILHÕES
PROJETOS,
R$
27 projetos,COM FATURAMENTO TOTAL DE
MENSAIS560MIL
R$
JÁ INVESTIDOS61R$ 84 MILHÕESEM INVESTIMENTOS ATÉ 2020
MILHÕESR$
REDES EM NÚMEROS
REALIZAÇÕES 2016
ÁREAS
INAUGURARAM
NOVAS SEDES
DOS PROJETOS38%
28% DOS NEGÓCIOSUTILIZAM PRÁTICAS
SUSTENTÁVEIS,como uso de tijolos ecológicos nas construções e implantação de sistemas de reutilização de água das chuvas
40 Relatório de Atividades 2016
O desafio da inclusãoMetodologia visa apoiar as empresas nas iniciativas de inclusão
A Votorantim trata a inclusão de pessoas com
defi ciência no quadro de funcionários por meio
de dois olhares distintos e complementares. Um
deles está focado na responsabilidade social e
no cumprimento da legislação; o outro encara
a diversidade como uma oportunidade de
enriquecer o ambiente cultural das empresas,
em benefício do próprio negócio. Colocar em
prática essa visão não é fácil, como demonstram
os levantamentos ofi ciais da inclusão no Brasil.
Mesmo 25 anos após a sua regulamentação,
a Lei 8.231/91, que defi ne a participação de
profi ssionais com defi ciência nos quadros de
trabalho, ainda é um desafi o nos mais diversos
setores. Segundo dados do Ministério do Trabalho
e Previdência Social, a Lei de Cotas deveria
assegurar 827 mil postos de trabalho em todo
o Brasil, mas fi ca pouco acima de 381 mil o
total de vagas ocupadas por esses profi ssionais.
Difi culdades de adaptação do espaço físico,
especifi cidades do processo de recrutamento e
ausência de iniciativas estruturadas de capacitação
profi ssional para pessoas com defi ciência são
algumas das barreiras apontadas pelas empresas.
Nas empresas investidas da Votorantim, por exemplo,
apesar de algumas iniciativas bem-sucedidas, a
participação dos profi ssionais com defi ciência varia
bastante entre as empresas e entre diferentes unidades
de uma mesma empresa. Para apoiar esse desafi o, o
Instituto Votorantim está testando uma metodologia,
dividida em quatro módulos: recrutamento e seleção;
acessibilidade, saúde e segurança; fortalecimento da
rede de inclusão e convivência no local de trabalho. A
primeira experiência prática teve início em dezembro
de 2016, em caráter-piloto, em uma unidade da
Votorantim Cimentos, por meio de atividades de
sensibilização e preparo para recrutamento e seleção.
A criação da metodologia considerou informações
coletadas em meio às empresas, que geraram
um diagnóstico com visões de diferentes grupos
sobre o tema. Foram ouvidos os trabalhadores
com defi ciência, seus gestores e profi ssionais
da área de Desenvolvimento Humano
Organizacional de sete empresas da Votorantim:
Citrosuco, Companhia Brasileira de Alumínio,
Votorantim Cimentos, Votorantim Energia,
Votorantim Metais, Votorantim Siderurgia e
Votorantim S.A. (VSA, gestora de portfólio).
Treinamento sobre recrutamento e seleção de pessoas com defi ciência para a área de DHO da unidade de Rio Branco
do Sul (PR) da Votorantim Cimentos
CIDADANIA E DEFESA DE DIREITOS
41Relatório de Atividades 2016
VÍNCULOS LONGOSCerca de 75% dos profi ssionais com defi ciência que atuam na Votorantim trabalham nas empresas investidas há mais de 5 anos; 16% do total foi contratado antes da instituição da Lei de Cotas.
EVOLUÇÃO NA CARREIRA A maior parte dos contratados (61%) ingressou nas empresas em cargos iniciantes, como ajudante (48%) e auxiliar (13%). Cerca de 72% do total teve mobilidade interna.
DIFERENÇA DE VISÃOMais de 50% dos profi ssionais estão satisfeitos com o grau de preparação do gestor para lidar com temas de defi ciência, bem acima da autopercepção dos gestores sobre esse aspecto: 32%.
INTERESSETodos os gestores consultados demonstraram interesse em participar de treinamentos voltados à inclusão: 13% classifi caram a iniciativa como imprescindível; 65%, como importante e 22%, como interessante.
visual
intelectual
de 1 a 5 anos
não respondeu
acima de 25 anos
9%
1%
8%
2%
14%
16%
RAIO-XConheça os principais resultados do diagnóstico
TIPO DE DEFICIÊNCIA
TEMPO DE EMPRESA
ADEQUAÇÃO DOS ESPAÇOS ÀS NECESSIDADES ESPECÍFICAS
pessoareabilitada1
28%
física
de 6 a 10 anosde 11 a20 anos
menos de 1 ano
parcialmenteadequados
não adequados
35%
auditiva27%
1 Profi ssionais que passaram por programas ofi ciais de recuperação da capacidade de trabalho.
30%20%
17%
17%
de 21 a 25 anos9%
totalmenteadequados
59%
Com base na percepção dos profi ssionais com defi ciência
42 Relatório de Atividades 2016
EXPERIÊNCIA-PILOTO A Votorantim Cimentos (VC) foi a primeira
empresa dentre as investidas da Votorantim
a aplicar, em caráter-piloto, a metodologia. A
empresa se apoia na consultoria do Instituto
Votorantim para colocar em prática sua visão
de gestão da diversidade. “Queremos ser uma
empresa cada vez mais inclusiva, e para isso
estamos buscando aperfeiçoar nossa gestão
sobre o tema”, explica Maximiliano Echavarri,
gerente de captação e engajamento da VC.
O projeto teve início no fi nal de 2016, na
fábrica de cimentos da VC no município
paranaense de Rio Branco do Sul, localizado na
Região Metropolitana de Curitiba. A unidade
tem 67 anos de história e é uma das maiores
da América Latina. “Atingimos nosso principal
objetivo nesta etapa: gerar um movimento
dentro da organização e mostrar que é possível
a gente fazer diferente”, explica Echavarri.
As ações envolveram:
• sensibilização de gestores e treinamento
técnico das equipes das áreas de Gente
e Medicina do Trabalho, que atuam mais
diretamente nas atividades de seleção,
contratação e gestão dos profi ssionais.
O objetivo foi promover o entendimento
da melhor maneira de inserir e integrar
as pessoas com defi ciência;
• criação de um banco de dados com o
cadastramento de pessoas com defi ciência
interessadas em trabalhar na Unidade
Rio Branco, visando a oportunidades
futuras de contratação na unidade. O
plano é contratar nove profi ssionais.
As ações estão alinhadas com a visão da empresa
sobre os impactos positivos da diversidade como
catalisadora da inovação nos negócios. Echavarri
defende que “a inovação nasce de ambientes
diversos, de diferentes ideias, pensamentos e formas
de ver o mundo gerados das experiências pessoais e
dos contextos nos quais as pessoas se desenvolvem”.
Para a formação do banco de dados foi envolvida
também a comunidade local: Associações de
Pais e Amigos de Excepcionais (Apae), escolas
técnicas e prefeitura local foram mobilizadas para
auxiliar na divulgação. O trabalho resultou na
formação de um banco de currículos, com 71
profi ssionais que poderão concorrer a vagas na VC
ou em outras empresas e instituições da região.
Ao longo do ano, será realizada a segunda etapa
do projeto, focada no reforço do diálogo com
diversos públicos por meio de duas ações. Uma
delas é a devolutiva estruturada de informações
sobre o andamento das ações às instituições e
aos demais atores que apoiaram a companhia
na divulgação e realização do cadastramento de
pessoal. A outra será um evento para recepcionar
essas pessoas e entidades, para que conheçam a
empresa, estreitando laços com a comunidade.
Afi nal, a fábrica desperta grande interesse e
é um empregador importante na região.
Para o desenvolvimento do projeto, foi criado um
grupo de trabalho com integrantes das áreas de
Gente, Medicina do Trabalho, Responsabilidade
Social, Comunicação e Jurídico. “A ação conjunta
e a sinergia entre as áreas são fundamentais para
garantirmos uma abordagem multidisciplinar.
Estamos dando um primeiro passo para mudar
a linha de pensamento e mobilizar todos
os atores envolvidos” resume Echavarri.
Cidadania e defesa de direitos
SAIBAS MAIS
43Relatório de Atividades 2016
UM LONGO CAMINHOO reconhecimento mundial e a valorização das
pessoas com defi ciência ganharam impulso a partir
da década de 1970, por iniciativa da Organização
das Nações Unidas (ONU). Em 1971, a ONU publicou
a Declaração sobre os Direitos das Pessoas com
Retardo Mental e, em 1975, a Declaração dos
Direitos das Pessoas Defi cientes. Em 1976, o tema
da 31.ª Assembleia Geral da ONU foi “Participação
Plena”. Três anos depois, em Assembleia Geral,
aprovou o plano de ação para o tema, ampliando
seu enfoque para “Participação Plena e Igualdade”.
Todas essas iniciativas, e as mobilizações delas
decorrentes, fi zeram com que 1981 fosse declarado
pela ONU como o Ano Internacional das Pessoas
Defi cientes (AIPD), com os seguintes objetivos:
colaborar para o ajustamento físico e psicossocial
das pessoas com defi ciência à sociedade;
promover esforços nacionais e internacionais
para possibilitar o trabalho compatível e a plena
integração social desses indivíduos; encorajar
projetos de estudo e pesquisa visando à integração
às atividades da vida diária, aos transportes e
aos edifícios públicos; e educar e informar o
público geral sobre os direitos das pessoas com
defi ciência de participar e contribuir em vários
aspectos da vida social, econômica e política.
O impulso da ONU repercutiu em diversos
países. No Brasil, ainda em 1980, foi instituída
uma Comissão Nacional do AIPD, vinculada ao
Ministério da Educação e Cultura. Gradualmente,
entidades não governamentais de reabilitação e
educação de pessoas com defi ciência investiram
em ações para dar visibilidade à temática nas
discussões nacionais, inclusive na prevenção de
acidentes de trabalho, de trânsito e domésticos.
Com o processo de redemocratização do Brasil,
a partir de 1985, todo o enfoque social ganhou
relevância, e as entidades organizadas em
prol das pessoas com defi ciência assumiram
novo protagonismo. A Constituição Federal
promulgada em 1988, também chamada
de Constituição Cidadã, trouxe avanços
para segmentos como afrodescendentes,
mulheres, índios, trabalhadores, sem-teto,
sem-terra e pessoas com defi ciência.
Foram criadas organizações focadas nos
diferentes tipos de defi ciência e avançaram,
gradualmente, as políticas públicas de proteção
dos direitos desse público, que abrange 23,9%
da população brasileira. Nessa esteira, foi
aprovada a Lei Federal n.º 8.213/91, também
conhecida como a Lei de Cotas. Essa lei
determina que todas as empresas com mais
de 100 funcionários reservem de 2% a 5% das
vagas para pessoas com defi ciência, dependendo
do número de postos de trabalho disponíveis.
Treinamento sobre gestão de pessoas com defi ciência para gestores da unidade
de Rio Branco do Sul (PR) da Votorantim Cimentos
44 Relatório de Atividades 2016
Bons ventossopram no PiauíUma ação estruturada de combate à violação de direitos dá suporte à atuação social da Votorantim Energia antes mesmo do início das obras de construção do seu primeiro parque eólico
O projeto Ventos do Piauí marca o ingresso
da Votorantim Energia na área de produção e
distribuição de energia eólica e foi idealizado
com forte atenção aos impactos sociais. Com
o suporte do Instituto Votorantim, a empresa
adotou diversas medidas preventivas para
gerenciar com proatividade um risco que costuma
rondar as obras de grande porte localizadas
em municípios fragilizados socialmente: a
exploração sexual de crianças e adolescentes.
O novo parque eólico começou a ser construído
em meados de 2016 no município de Curral Novo,
localizado na divisa entre Piauí e Pernambuco.
A cidade tem apenas 5 mil habitantes, com
renda média per capita inferior a um salário
mínimo. As obras estarão concluídas no segundo
semestre de 2017, com início da operação
prevista para 2018. No período mais intenso
de construção, no fi nal de 2016, chegaram a
se concentrar até 600 operários no local.
As grandes obras de infraestrutura normalmente
demandam o deslocamento de trabalhadores de
outras regiões e o isolamento dos campos de obra
costuma enfraquecer os mecanismos de controle
social. É alto o risco de essa combinação de fatores
conduzir ao aparecimento de problemas como
alcoolismo e consumo de drogas, bem como
estimular o crescimento da exploração sexual. Em
cenários de carência, nos quais se mesclam baixa
renda e pouca escolarização, a situação é ainda
mais preocupante. Esse era o caso em Curral Novo,
por exemplo, onde 35% dos moradores com mais
de 15 anos podem ser considerados analfabetos.
Traçar um quadro com esses contornos não
é uma mera conjectura. As informações
constam de um estudo realizado em 2009
pela Childhood Brasil – uma organização social
criada originariamente na Suécia que, em
parceria com sociedade civil, iniciativa privada e
governos, realiza ações de proteção à infância. O
documento se baseia em uma pesquisa realizada
Concretagem da primeira base das turbinas eólicas do projeto Ventos do Piauí, em Curral Novo (PI)
Cidadania e defesa de direitos
45Relatório de Atividades 2016
com apoio das universidades federais de Sergipe
e do Rio Grande do Sul com trabalhadores
em grandes obras que na época estavam
acontecendo em cinco estados (Santa Catarina,
São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Rondônia).
Com base nas respostas dadas aos questionários
aplicados pelos pesquisadores, foi constatado
que 97,2% dos trabalhadores confi rmaram a
presença de exploração sexual nos canteiros
de obras; 57,3% relataram haver visto crianças
e adolescentes sendo explorados sexualmente
no entorno das obras; 25,4% admitiram ter
feito programa com crianças e adolescentes.
No cenário nacional, os dados levantados
pela Unicef (ver quadro) são igualmente
preocupantes. Passa de 250 mil o total de casos
registrados de exploração sexual de crianças e
adolescentes, mas o número real é mascarado
pela subnotifi cação, e pode ser dez vezes maior.
Os números não mentem, mas podem não mostrar tudoO Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) tem dados sobre a exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil. Veja alguns números:
Em 937 dos 5.561 municípios brasileiros (17% do total) há
registro de crianças e adolescentes sendo explorados sexualmente
crianças e adolescentes são vítimas dessa exploração
Nas estradas brasileiras, a cada 26,7 quilômetros há um ponto vulnerável de exploração sexual
infantil, segundo cálculo da Polícia Rodoviária Federal (PRF)
Estima-se que apenas 10% dos casos de exploração sexual de crianças e
adolescentes são comunicados, havendo a chamada subnotifi cação. Quer dizer: o
problema deve ser maior do que aparenta
Trabalho em duas frentesFoi esse tipo de risco que a Votorantim Energia
quis evitar quando defi niu a realização do projeto
do Parque Eólico Ventos do Piauí. Nessa tarefa,
teve um papel fundamental o Instituto Votorantim,
que conta com uma tecnologia social focada
em tratar esses impactos. Trata-se do Programa
Votorantim pela Infância e Adolescência (VIA), que
tem como objetivo principal promover a melhoria
da qualidade de vida de crianças e adolescentes
em situação de vulnerabilidade e que atuou, em
2016, em sete estados e nove municípios.
Para garantir o sucesso da atuação, as ações sociais
foram realizadas simultaneamente em dois outros
municípios, além de Curral Novo: Santa Filomena
e Araripina, no vizinho estado de Pernambuco,
escolhidos para sediar os alojamentos dos
trabalhadores. Em Santa Filomena, cidade com 14
mil habitantes, as instalações dos operários fi cam
na sede do município e também no distrito de
250 mil937 +de
municípiosbrasileiros
10%26,7 km
46 Relatório de Atividades 2016
Socorro. Já em Araripina, que é um município maior
(82 mil habitantes), os alojamentos são no distrito
de Nascente, que tem 11 mil moradores. As três
localidades (Santa Filomena, Socorro e Nascente)
têm perfis socioeconômicos semelhantes e uma
rede de proteção social deficitária, constituída
basicamente de unidades de saúde e escolas de
Ensino Fundamental, sem estrutura de serviço social.
A proposta de atuação social no projeto Ventos
do Piauí movimentou investimento de R$ 350 mil
e está sendo colocada em prática desde junho
de 2016, em parceria com o Instituto Aliança,
instituição de referência em projetos voltados ao
público infatojuvenil em situação de vulnerabilidade.
O principal eixo de atuação é o fortalecimento das
redes de proteção nos municípios de Curral Novo
e Santa Filomena e no distrito de Nascente. Os
agentes públicos e os profissionais participaram
de cursos de capacitação voltados não somente
ao atendimento a eventuais ocorrências de
violência, mas, principalmente, à prevenção.
A comunidade também foi engajada, a partir
de ações nas escolas e unidades de saúde.
Os conselhos tutelares já estruturados tiveram seu
papel reforçado e, nas localidades onde eles não
existiam ou estavam inoperantes, foi estimulada a
sua formação. “O ponto central dessa capacitação
foi a articulação para o trabalho em rede, pois as
ações dos diversos atores se davam muitas vezes
de forma pontual e fragmentada. O conceito
passado aos profissionais é que a proteção
funciona melhor quando há união de todos pelos
mesmos objetivos e a atuação é coordenada”,
explica Fernanda Serem Pereira, analista de
programas sociais do Instituto Votorantim.
Na outra ponta do projeto está o trabalho
de conscientização nos canteiros de obras.
Os trabalhadores foram chamados, no
segundo semestre de 2016, para participar
de “rodas de conversa”. Em grupos de, no
máximo, 40 participantes, eram abordados
temas relativos a direitos das crianças e
adolescentes e violência e exploração sexual.
Esses encontros aconteciam antes do início
do expediente, com duração de meia hora, e
se repetiram no semestre, de forma que cada
trabalhador tivesse pelo menos duas participações
nos bate-papos. O Canal Futura, emissora de
caráter educativo ligada à Fundação Roberto
Marinho, contribuiu nessa parte do projeto,
fornecendo gratuitamente material de apoio
para conscientização dos trabalhadores e para
formação de agentes multiplicadores, chamados de
“Guardiões da Criança”, que atuam nos canteiros.
De acordo com Fernanda, o amplo trabalho de
sensibilização dos diferentes atores (profissionais de
saúde e educação, agentes públicos, conselheiros
tutelares, trabalhadores e moradores das áreas
alcançadas pelo projeto do parque eólico) foi a base
para o desenvolvimento de ações preventivas, como
oficinas com crianças e adolescentes e campanhas
de informação. A mudança na percepção das
pessoas produziu resultados. Não há registro, até
o momento, de denúncias de exploração sexual de
crianças e adolescentes no projeto Ventos do Piauí.
Segundo Daniela Gerdenits, consultora de
Responsabilidade Social da VE, o grau de
participação e interesse de todos os envolvidos
foi tamanho que chegou a surpreender
os técnicos. “Todos queriam aproveitar a
oportunidade de aprender novas formas de
atuar em seu município na proteção dos direitos
das crianças e adolescentes”, afirma. E como
as capacitações incluíram integrantes da nova
gestão municipal, que tomou posse em janeiro,
a expectativa é de continuidade. “A formação
recebida pelo grupo será aplicada com muita
propriedade na atual gestão”, acredita Daniela.
Cidadania e defesa de direitos | Bons ventos sopram no Piauí
47Relatório de Atividades 2016
PROJETO INOVADORAs primeiras hidrelétricas da Votorantim tinham
por fi nalidade produzir energia para abastecer
suas empresas investidas. Com o passar dos
anos, a expansão nessa área levou à criação,
em 1996, de uma nova empresa, Votorantim
Energia, para gerenciar um complexo
formado por 32 hidrelétricas e cinco usinas
térmicas. A produção passou a ser também
comercializada no chamado mercado livre.
Com uma carteira de 100 mil clientes, a VE
tornou-se a terceira maior comercializadora
de energia do País, com um parque gerador
que tem capacidade instalada de 2.604 MW.
Agora, a VE está alçando um novo voo, com
uma aposta no potencial eólico do Nordeste
e um investimento previsto de R$ 1,13 bilhão.
Quando entrar em operação, o parque eólico
vai produzir 206 MW de energia, com 98
aerogeradores. A produção será destinada ao
mercado regulado, a partir de janeiro de 2018,
num contrato com duração de 20 anos.
Canteiro de obras para a usina eólica do projeto Ventos do Piauí, em Curral Novo (PI)
48 Relatório de Atividades 2016
Atuar no presente para garantir o futuroTecnologia social desenvolvida pelo Instituto Votorantim dá suporte ao sistema de proteção de direitos da infância e adolescência
O programa Votorantim pela Infância e Adolescência
(VIA) tem como objetivo contribuir para a melhoria
da qualidade de vida da população infantojuvenil
que vive em situação de vulnerabilidade. As ações
acontecem em parceria com programas e projetos
da rede local ou por meio do apoio aos Fundos
Municipais da Criança e do Adolescente (Fumcad).
Os projetos atendem a demandas locais e se
desenvolvem em linha com a estratégia de atuação
social das empresas investidas da Votorantim.
Entre as iniciativas desenvolvidas, destacam-se os
diagnósticos de demandas e pontos críticos, que
orientam e dão assertividade ao planejamento,
os planos de ação e as ações de qualifi cação
e expansão dos atendimentos. A atuação no
projeto Ventos do Piauí foi um exemplo de projeto
customizado, no qual a tecnologia foi aplicada
de forma ajustada ao cenário de atuação da
Votorantim Energia, à etapa de desenvolvimento
do negócio e às especifi cidades da localidade.
Nas iniciativas desenvolvidas em parceria com
os Fumcad, são duas frentes de trabalho:
• ações de fortalecimento dos instrumentos
legais e institucionais de proteção à infância
e adolescência, que são os Conselhos e os
Fundos Municipais dos Direitos da Criança
e do Adolescentes (CMDCA e FMDCA);
Cidadania e defesa de direitos
49Relatório de Atividades 2016
de maneira coordenada, dos instrumentos previstos
no ECA. Para que esse sistema funcione, existe, na
ponta, a Rede de Proteção Social, que promove a
integração das várias políticas (saúde, educação,
assistência social, cultura e segurança, entre outras)
para atendimento à população infantojuvenil.
A participação do Instituto Votorantim nessa
engrenagem se dá por meio de consultoria para
o diagnóstico, planejamento das ações e, em
alguns casos, atuação direta na coordenação
das atividades. O trabalho inclui, ainda, a
capacitação dos diversos atores do sistema
de garantia de direitos e as contribuições das
empresas da Votorantim aos fundos municipais.
VIA 2016 EM NÚMEROS
• promoção de estratégias para consolidar o
chamado Sistema de Garantia de Direitos
(SGD) e a Rede de Proteção Social (RPS).
Esses são os mecanismos previstos no Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), em vigor no Brasil
desde 1990 e que defi ne as linhas básicas da política
de atendimento à população infantojuvenil. Os
conselhos (CMDCA) atuam no planejamento e na
gestão de políticas municipais, e os fundos (FMDCA)
dão suporte fi nanceiro aos projetos e são alimentados
por recursos dos municípios e por doações, dedutíveis
do Imposto de Renda, de pessoas físicas e jurídicas.
O Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e
do Adolescente (SGD) reúne diferentes instâncias
governamentais e da sociedade civil para aplicação,
PRESENÇA EM
7 ESTADOS E 9 MUNICÍPIOS
722BENEFICIÁRIOSDIRETOS
1,2INVESTIDOS
MILHÃOR$
Formação com atoresda Rede de Proteção Social
50 Relatório de Atividades 2016
por Raquel Cambaúva Leite
Eu comecei a me envolver mais diretamente com
voluntariado em 2015. A temática do voluntariado
corporativo estava sendo discutida pela Votorantim,
que buscava uma solução para endereçar diversas
questões. A primeira delas, um desafi o: as empresas
investidas estavam em diferentes estágios de
maturidade no tema e havia a demanda por integrar
as iniciativas em um caminho de desenvolvimento.
Do outro lado, o potencial que nós percebíamos
nas empresas para a mobilização e a atuação local.
No total, a Votorantim tem 44 mil empregados. É
mais gente do que vive em 87% dos municípios
brasileiros. Além disso, as empresas estão
presentes em 300 municípios, uma capilaridade
que pouquíssimas estruturas no País têm. Por
fi m, o fato de que as ações de voluntariado têm
o poder de aproximar empregados de diversas
áreas e níveis hierárquicos da agenda social da
empresa, que é algo sempre primordial para nós.
Na época, eu atuava na área de Comunicação
do Instituto Votorantim, tinha participado do
programa Potenciar, de formação de novas
lideranças na Votorantim, e estava interessada
em migrar para uma área de gestão. O cenário
acima seria a oportunidade de eu me aproximar
da área de gestão com uma tarefa concreta: dar
visibilidade ao tema do voluntariado em todas as
empresas investidas da Votorantim com uma ação
que movimentasse as empresas, mobilizasse as
pessoas e tivesse real signifi cado social. Foi assim
que nasceu o Desafi o Voluntário: uma iniciativa
que acontece de forma simultânea em diversas
empresas para acender o interesse pelo tema.
O Desafi o nasceu do zero. Tínhamos o cenário e
aonde queríamos chegar; faltava traçar o caminho.
Eu participei do processo de seleção do parceiro
técnico, e começamos a pensar em formas de
engajar as pessoas. A metodologia escolhida
foi a de gamifi cation: realizar uma competição
saudável e lúdica em torno de um objetivo
comum. Além de ser mais atraente, o game/jogo
é acessível e democrático. A plataforma online,
de registro das ações realizadas, considera a
diversidade das empresas e dá autonomia para as
equipes, que escolhem o que vão fazer e quando,
a partir de um “cardápio” de possibilidades.
A primeira edição do Desafi o Voluntário foi
preparada muito rapidamente. Do desenho da
estratégia, passando pela defi nição do regulamento,
até a campanha de comunicação para mobilizar as
pessoas e o desenvolvimento da plataforma online,
foram menos de dois meses. E a experiência foi
muito positiva: 56 unidades participantes, 2 mil
voluntários – entre empregados e convidados da
comunidade – e 14 mil horas de trabalho. Além
disso, o evento colocou o tema na agenda das
empresas investidas. Representantes de Votorantim
S.A. (gestora de portfólio), Votorantim Cimentos,
Votorantim Metais, Votorantim Siderurgia,
Votorantim Energia e Fibria participaram da
Comissão Organizadora, junto com o Instituto, na
organização do Desafi o e na escolha dos vencedores.
A partir dos aprendizados da primeira edição,
aperfeiçoamos a iniciativa. No Desafi o Voluntário
2016, incluímos atividades relacionadas aos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) no “cardápio” de ações oferecido aos
participantes, e com isso pudemos disseminar
as diretrizes dessa agenda global que pretende
unir países, pessoas e organizações na criação
Qualificação e engajamento
artigo
VOLUNTARIADO CORPORATIVO
51Relatório de Atividades 2016
interno em relação ao conceito de voluntariado,
priorizando uma atuação menos fi lantrópica e mais
voltada à integração e à transformação social.
Além disso, conseguimos mobilizar ainda mais
gente: foram mais de 3 mil participantes. Tenho
confi ança de que essa é uma experiência marcante.
A competição dura dois meses, mas a vivência fi ca.
No grupo do Desafi o Voluntário no Facebook, por
exemplo, onde os voluntários postam depoimentos
pessoais, fotos e vídeos das ações, é possível
perceber que participar do Desafi o Voluntário gerou
orgulho de pertencer às empresas da Votorantim
e estreitou a relação dos empregados com as
empresas. O mote da comunicação do evento –
“Todo mundo ganha” – está na fala das pessoas, que
demonstram estar agradecidas pela oportunidade de
participar de um esforço comum e fazer a diferença.
Do ponto de vista de cobertura nas empresas,
também evoluímos. A edição 2016 teve abrangência
internacional, com a participação de três unidades
da Votorantim Metais e VSA localizadas no Peru. A
partir desse pequeno primeiro passo, estamos nos
de melhores condições de vida e que tem no
Instituto um parceiro atuante. Quem optou por
iniciativas ligadas aos ODS teve a oportunidade
de atuar em projetos ligados a enfrentamento das
mudanças climáticas, combate à fome, promoção
da agricultura sustentável e criação de fontes de
energia limpa e acessível, entre outros temas.
Outro ponto que eu considero importante
destacar nessa segunda edição do Desafi o foi o
redirecionamento dos esforços para iniciativas
de impacto mais duradouro. Em vez de se
concentrarem em campanhas de arrecadação e
doações pontuais, que têm o seu valor e a sua
importância, claro, as pessoas se envolveram
mais na realização de atividades nas organizações
selecionadas. Isso demonstra o amadurecimento não
apenas do projeto, mas também de nosso público
Em vez de se concentrarem em campanhas de arrecadação e doações pontuais, as pessoas se envolveram mais na realização de atividades.”
“
52 Relatório de Atividades 2016
Raquel Cambaúva Leite é analista sêniorde Capital Social e Institucional do Instituto Votorantim
DESAFIO VOLUNTÁRIO
Uma grande competição que utiliza elementos da gamifi cation – inspirada em jogos e
competições como estratégia de estímulo à participação –, o Desafi o Voluntário tem como
base uma plataforma online. Ali são divulgadas as ações a serem realizadas ao longo de três
meses, em organizações sociais e escolas, e a pontuação de cada uma delas dentro do desafi o.
preparando para estender a competição a outras
operações da Votorantim na América do Sul.
Apoiar as empresas no desenvolvimento das suas
iniciativas de voluntariado é um trabalho em
construção. Pela dimensão e visibilidade, o Desafi o
Voluntário acaba sendo a faceta mais icônica, mais
visível do trabalho que estamos desenvolvendo,
mas o nosso esforço é no sentido de que ele
não seja a única iniciativa de participação. Pelo
contrário: queremos que o evento atue como um
mobilizador, um agente de sensibilização periódica
que reforce o desenvolvimento de programas mais
estruturados e de longo prazo nas empresas.
Em 2016, o principal avanço nessa direção foi
a inclusão, no portfólio do Instituto, de uma
tecnologia social voltada ao fortalecimento do
voluntariado corporativo. Já adotada por cinco
empresas da Votorantim, essa solução abrange
apoio técnico e de gestão tanto na elaboração
quanto na execução de programas de voluntariado,
permitindo uma maior estruturação desse trabalho.
Como cabe a uma empresa do porte da Votorantim
– presente em 23 países e que emprega um número
de pessoas superior à população de 87% das cidades
brasileiras – no entanto, é uma solução capaz de
se adaptar à diversidade de todo esse público,
adequando-se a diferentes contextos e necessidades.
Ao mesmo tempo, queremos também investir no
desenvolvimento de métricas que nos possibilitem
avaliar de forma mais clara os resultados e o alcance
do trabalho voluntário. Acreditamos que esse
esforço nos permitirá trabalhar de forma cada vez
mais sistêmica e alinhada à estratégia das empresas.
1.442ATIVIDADES RELACIONADAS
AOS ODS
7EMPRESASPARTICIPANTES65 unidadesno brasil e no peru
Crescimento em relação a 2015
24.387AÇÕESREALIZADAS
387%
3.044VOLUNTÁRIOS
52%
20.222HORAS DE
TRABALHO vOLUNTÁRIO
40%
5.553PESSOASBENEFICIADAS
68%
Qualifi cação e engajamento | Voluntariado corporativo
53Relatório de Atividades 2016
Parceria com organizações sociaisCritérios técnicos e de alinhamento à agenda social das empresas da Votorantim direcionam os investimentos em projetos locais
Na defi nição do plano de investimento social,
que reúne as iniciativas a serem colocadas em
prática em cada localidade para o alcance dos
objetivos da estratégia de atuação, as empresas
da Votorantim contam com o apoio do Instituto
Votorantim. Além do portfólio de tecnologias
sociais desenvolvidas internamente para atender
às principais demandas das empresas, o Instituto
apoia tecnicamente a seleção de projetos realizados
por organizações sociais presentes nas localidades
onde a Votorantim opera. Em 2016, mais de 60
organizações foram benefi ciadas com investimentos.
O passo a passo da defi nição dos parceiros
locais apoiados é anual e envolve seis etapas.
• Mapeamento: a empresa identifi ca novos
parceiros potenciais e avalia a continuidade
de parcerias em andamento, considerando a
competência e a capacidade da organização,
o histórico de relacionamento (se há) e o
alinhamento das atividades com as prioridades
locais da empresa e a estratégia de atuação social.
• Envio de carta-convite: o gestor local da
unidade da Votorantim envia uma carta-
Associação das Mulheres do Rio Vermelho (Amurv),
projeto do programa ReDes
54 Relatório de Atividades 2016
-convite orientando as organizações a
inscreverem seus projetos no Gerenciador
de Projetos Sociais da Votorantim (GPSV).
• Elaboração da proposta: as organizações
detalham o projeto com informações sobre
os objetivos, as metas, o público beneficiado,
os recursos técnicos e financeiros a serem
utilizados, os sistemas de monitoramento
de resultados e a prestação de contas.
• Análise técnica: a equipe do Instituto,
apoiada por um parceiro qualificado, avalia o
projeto, pode propor condicionantes e ajustes
e apresenta o relatório de recomendações.
• Revisão: com o apoio do Instituto, a
organização tem a oportunidade de
adequar aspectos da proposta, buscando
tornar o trabalho mais efetivo. Terminado
o processo, o Instituto emite um relatório
recomendando ou não o investimento.
• Validação: a empresa define os projetos
que apoiará, e tem início o processo
de formalização da parceria.
O processo de seleção é transparente e obedece
a uma série de requisitos definidos previamente,
que cobrem aspectos relacionados, por exemplo,
a coerência com a estratégia social da empresa
para a localidade, situação legal do proponente
e capacidade técnica para a execução. Além de
conferir mais assertividade aos investimentos, a
seleção colabora para fortalecer a gestão da rede
local. Isso porque, conforme explica Paula Ebeling,
consultora de Sustentabilidade, Planejamento e
Gestão da Atuação Social do Instituto Votorantim,
em alguns casos, a análise técnica resulta em
orientações e recomendações para aperfeiçoar os
processos nas organizações proponentes. “Algumas
organizações não têm internalizadas rotinas de
definição de objetivos, cronograma, detalhamento
orçamentário, planejamento e acompanhamento
das atividades e monitoramento de resultados”,
afirma. “A partir das recomendações e com o
apoio durante o processo de inscrição e ajustes,
e depois, ao longo de todo o desenvolvimento
das atividades, elas têm a oportunidade de
amadurecer esses processos”, complementa.
Em 2016, o Instituto coordenou a análise técnica
de 92 projetos inscritos por proponentes locais no
sistema de gestão de projetos sociais Votorantim
e recomendou o investimento em 83 deles. Ao
todo, 16 projetos inscritos receberam recursos
incentivados da Votorantim no final de 2016 e
outros 67 serão apoiados ao longo de 2017,
com recursos próprios das empresas investidas.
As áreas de maior concentração foram cultura,
proteção de direitos de crianças e adolescentes,
educação e esporte. Paula explica que essas são
as linhas de atuação prioritárias comuns a todas
as empresas, mas “conforme a necessidade e a
estratégia da empresa na localidade, também
podem receber apoio projetos de outras áreas,
como educação ambiental e saúde, entre outros”.
Nas áreas de influência da Votorantim Energia,
por exemplo, a educação ambiental é um foco
importante de investimentos. Por meio da
conscientização da comunidade sobre hábitos
corretos de descarte de resíduos e do fomento
de ações do poder público para a implementação
do sistema de saneamento básico, a empresa visa
reduzir a quantidade de lixo nos rios. Além dos
ganhos ambientais e de saúde para a população, as
ações colaboram para mitigar um risco importante
ao funcionamento das usinas, já que os resíduos
retidos nas grades prejudicam a operação.
Qualificação e engajamento | Parceria com organizações sociais
55Relatório de Atividades 2016
DEMOCRATIZAÇÃO CULTURALAlém de dar suporte técnico à seleção e ao acompanhamento de projetos locais apoiados
pelas empresas investidas, o Instituto faz o direcionamento direto de recursos a alguns
projetos voltados à ampliação do acesso a manifestações culturais. A seleção dos
projetos a apoiar segue as mesmas etapas e os mesmos critérios aplicados no caso dos
projetos locais, e é aprovada pelo Conselho Deliberativo do Instituto Votorantim.
Em 2016, foram apoiadas quatro iniciativas. São elas:
Sociedade de Concertos de São Paulo Instituto Baccarelli: a organização é referência
em formação musical e artística e oferece cursos para crianças e jovens em situação de
vulnerabilidade social. A maioria dos benefi ciados vive em Heliópolis, um bairro da zona
sul de São Paulo caracterizado pela baixa renda e por demandas de infraestrutura básica.
As atividades do Instituto visam fortalecer o desenvolvimento pessoal das crianças e
dos jovens e oferecer uma alternativa de capacitação profi ssional no setor artístico.
São diversos programas: Coral da Gente, de iniciação musical por meio do
canto coral com técnicas de expressão cênica; Orquestra Juvenil, de iniciação
e aprimoramento em estudo de instrumentos com experimentação em prática
orquestral; e a Sinfônica Heliópolis, de prática orquestral e estudo de repertório.
Bienal de São Paulo: o Instituto apoia a realização de mostras itinerantes e ações
educativas em 12 cidades brasileiras e três do exterior. As iniciativas acontecem em
paralelo com a 32.ª Bienal e visam ampliar o acesso a manifestações da arte e da cultura
contemporâneas e provocar a refl exão em comunidades distantes das capitais. O projeto
também inclui ações de qualifi cação de professores, estudantes e gestores culturais.
Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo: o projeto foca a inclusão e a
acessibilidade às atividades de promoção cultural do museu e se realiza por meio de
um calendário anual de exposições abertas, cursos e outras atividades educativas e
programas de acessibilidade para diversos públicos. A curadoria das exposições se vale
do acervo do próprio MAM ou de outras instituições nacionais e internacionais.
Capacitação técnica e artística no método Ivaldo Bertazzo: a iniciativa assegura 156
bolsas integrais para cursos de preparação corporal e vocal, além de material didático e
acompanhamento das atividades. Os cursos são voltados a profi ssionais do espetáculo, como
bailarinos, dançarinos, músicos, atores, circenses, ensaiadores, preparadores corporais, cantores,
gestores do aparato cultural e arte-educadores em situação de vulnerabilidade econômica.
56 Relatório de Atividades 2016
quem somos
Instituto VotorantimA atuação alinhada à estratégia de um dos maiores conglomerados brasileiros contribui para a geração de valor compartilhado e gera benefícios para 719 mil pessoas
O Instituto Votorantim presta consultoria às
empresas da Votorantim com o objetivo de
qualifi car a sua atuação social em linha com
a busca de competitividade dos negócios e a
geração de impactos sociais positivos. O trabalho
se orienta pelo planejamento integrado da atuação
social, considerando desafi os e oportunidades
do negócio nas diferentes etapas da operação.
Metodologias desenvolvidas internamente ou
em parceria com organizações de referência
dão efetividade ao investimento de recursos
técnicos e fi nanceiros. A partir das necessidades
e dos objetivos do negócio, da identifi cação dos
riscos e oportunidades específi cos da região de
atuação e dos relacionamentos com os diversos
públicos, o Instituto coloca à disposição da
Votorantim um amplo portfólio de soluções.
O planejamento se pauta por estratégias de
longo prazo, e o plano de investimentos é
revisado anualmente com base em estudos
57Relatório de Atividades 2016
Equipe do Instituto Votorantim
dos cenários locais de atuação, definição de
prioridades e monitoramento de resultados.
Ferramentas e sistemas integrados dão suporte ao
acompanhamento da execução da estratégia social
em diferentes recortes: por tipo de intervenção,
por empresa, por localidade. Esse conjunto de
informações confere mais segurança à tomada
de decisão, com foco na efetividade das ações.
O IV oferece serviços no campo de planejamento,
gestão e avaliação da atuação social e conta
também com um portfólio de tecnologias
e programas no campo de investimento
social. Os programas e projetos do portfólio
do Instituto se concentram em quatro
eixos de desenvolvimento territorial:
• Dinamismo econômico: ações de fomento
à economia local, empreendedorismo,
geração de renda e autonomia financeira das
localidades em que a Votorantim está inserida;
• Capital humano: iniciativas voltadas ao
desenvolvimento individual e à formação
da cidadania, com foco em educação,
trabalho, cultura, esporte e direitos civis;
• Capital institucional: fortalecimento de
instituições locais (públicas e de cunho social)
para que executem seu papel como agentes de
desenvolvimento das comunidades e municípios;
• Capital social: promoção do diálogo, do
engajamento e do controle social por meio
da constituição de redes e alianças da própria
comunidade.
Por meio de investimento das empresas da
Votorantim, o IV alcança atualmente cerca de
719 mil pessoas, em 151 municípios. A maioria se
concentra no Brasil, mas começa a ganhar peso
a atuação internacional, com o desenvolvimento
de projetos na Colômbia, na Argentina e no Peru
e ações de diagnóstico e planejamento em outros
países da América Latina onde a Votorantim opera.
Governança corporativaNa estruturação das instâncias de tomada de decisão
e dos mecanismos de compliance, o Instituto
adota os mesmos padrões de todas as empresas da
Votorantim. Em 2016, a composição da governança
passou por uma revisão: executivos das empresas e
representantes dos acionistas passaram a integrar o
Conselho Deliberativo, e foram criados os comitês
de Finanças e Estratégia, que também contam
com a participação dos executivos da companhia
e dão suporte técnico às decisões estratégicas.
Além disso, foram reforçados os controles internos
e externos, com a sistematização das auditorias,
realizadas por uma organização independente.
58 Relatório de Atividades 2016
Quem somos | Instituto Votorantim
INVESTIMENTOS SOCIAIS 2016
COMPROMISSO PERMANENTE Apesar do cenário econômico adverso, a
Votorantim mantém uma estratégia consistente
de investimento ano a ano. Em R$ 2016, foram
destinados R$ 108,5 milhões a 151 municípios,
no Brasil, na Argentina, no Peru e na Colômbia.
INVESTIMENTOS CONSISTENTES
A consolidação do planejamento
social estruturado como direcionador
dos investimentos e a combinação de
diferentes tecnologias sociais em uma
mesma localidade, em intervenções
mais profundas e de maior impacto,
têm levado ao aumento do investimento
médio por localidade. De 2015 para
2016, cresceu 21% o tíquete social
médio, e os investimentos alcançaram
R$ 720 mil por localidade.
720 INVESTIMENTOMÉDIO POR LOCALIDADE
21%
R$MIL
MILHÕES108,5R$
INVESTIMENTO TOTAL
Crescimento em relação a 2015
Origem dos recursos
SubcréditoBNDES
Votorantim(investimento voluntário)
Votorantim(investimento obrigatório)
2,9%
30,3% 12,3%
Captação externa
Recursos incentivados
InstitutoVotorantim
10,4%
23% 21,1%
59Relatório de Atividades 2016
• Votorantim S.A. (gestora do portfólio – VSA)
• Votorantim Cimentos (VC)• Votorantim Siderurgia (VS)• Votorantim Energia (VE)• Votorantim Metais Holding (VMH)• Companhia Brasileira de Alumínio (CBA)• Fibria• Citrosuco• Banco Votorantim
Sobre a Votorantim
EMPRESAS
44 MILPROFISSIONAIS
100%
20
MODELO
PRESENTE EM
MULTIPLATAFORMA
BRASILEIRA
países
(DIFERENTES SETORES)
650UNIDADES
OPERACIONAIS80 MILFORNECEDORES
ATIVOS
entre fábricas, usinas, centros de distribuição,
fazendas e unidades administrativas
PROJETOS DESENVOLVIDOS
O Instituto promove o desenvolvimento
territorial por meio de iniciativas
baseadas em tecnologias próprias e do
investimento em projetos das localidades.
2014 2015 2016
340320
293
municípiosatendidos
2014 2015 20161
151
120119
108,5MILHÕES
R$
71,5MILHÕES
R$76,1MILHÕES
R$
1Em 2016, passaram a ser contabilizados no total os investimentos sociais realizados da Votorantim no âmbito da Milpo, controlada da Votorantim Metais no Peru. Se fosse mantida a base de cálculo anterior, a variação 2015-2016 do total investido pelas empresas da Votorantim seria 9%. Com a inclusão dos investimentos da unidade, o aumento chega a 51,7%.
Aporte de recursos vs. municípios atendidos
60 Relatório de Atividades 2016
Informações corporativas
Conselho DeliberativoPresidenteJosé Ermírio de Moraes NetoVice-presidenteAna Helena de Moraes VicintinDiretoriaCloves Otávio Nunes de Carvalho
EquipeGerência Geral de Planejamento e Desenvolvimento da Atuação SocialRafael Gioielli
Relacionamento CorporativoChristiane Vila Nova CamargoIsis FernandesJussara BarbosaMarcela LairesMichelle OliveiraPaula EbelingSueme MatuzawaWilian Lourenço
Gestão de ProgramasAna Paula BonimaniAndreia dos Santos PereiraAnna Christina NascimentoCarolina Alves de JonghDenise FerreiraFernanda Serem PereiraFilippe BarrosGustavo AlvesJoyce RodriguesLarissa CruvinelLuis CamposRaquel LeiteRenato MathiasThais Almeida da Costa
PMOAndré Rodrigues de LaraEdson Souza Junior
Desenvolvimento InstitucionalFlavia BacarLigia SaadMarina ScripillitiMélanie Layet
Administrativo-FinanceiroAntonio Neres CardozoFernanda FerreiraLucinalva SantosMariana LiberatoThais Chaves
CréditosCoordenaçãoAndré Rodrigues de LaraFlavia BacarLigia SaadMélanie LayetRafael Gioielli
Redação e ediçãoJudith MotaColaboração: Célia Raquel Gomes e Maria Celeste Corrêa
Revisão ortográficaAssertiva Mindfulness Editora e Treinamentos
Projeto gráfico e diagramaçãoZapall Comunicação
FotografiaBanco de imagens Instituto Votorantim
Impressão e acabamentoStilgraff
Tiragem700 exemplares
Tipografia utilizadaFrutiger Next Pro (corpo do texto), Bebas Neue (capitulares), Garamond e Avenir (caracteres especiais)
Impresso emCouché matte 210g/m2 (capa)Couché matte 115g/m2 (miolo)
PublicaçãoAbril/2017
Para mais informações, entre em contato pelo e-mail [email protected] ou acesse:
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Relatório de Atividades 2016