e f e i t o d o s j o g o s d e a n Á l i s e f ... -...

16
Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 1 O EFEITO DOS JOGOS DE ANÁLISE FONOLÓGICA NA APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA EM CRIANÇAS DO 2º ANO FUNDAMENTAL THE EFFECT OF GAMES OF PHONOLOGICAL ANALYSIS ON LEARNING AND WRITING LEARNING IN CHILDREN OF THE 2ND FUNDAMENTAL YEAR ROSELI TAVARES DA SILVA, VALÉRIA SUELY SIMÕES BARZA BEZERRA, EMANUELLY NATÁLIA DA SILVA VIEIRA, DANIELE MARIA DOS SANTOS SILVA, PATRÍCIA SILVA DO NASCIMENTO ALMEIDA. Resumo O presente trabalho tem por objetivo analisar a inserção dos jogos de análise fonológica como uma proposta que tragam mudanças inovando a prática em sala de aula, e contribua em consideráveis avanços, levando o educando a uma aprendizagem significativa que promova momentos de interação na escola. Pode-se verificar com este trabalho, que o jogo didático, neste caso, os de análise fonológica, é de grande relevância como mais um recurso para que crianças que iniciam o processo de alfabetização possam, de maneira lúdica, apropriarem-se de conhecimentos de leitura e escrita, sem necessariamente, estarem envoltos em atividades memorizadoras. Palavra chave: Jogos de análise fonológica. Aprendizagem. Alfabetização. Abstract This study aims to examine the inclusion of phonological analysis of games as a proposal to bring innovative changes to classroom practice, and contribute in significant advances, leading the student to a meaningful learning that promotes interaction moments in school. You can check this work, teaching the game, in this case, the phonological analysis is of great importance as an additional resource for children who begin the process of literacy may, in a playful manner, appropriating knowledge of reading and writing, without necessarily being wrapped in activity stations. Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Upload: hacong

Post on 24-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 1

O EFEITO DOS JOGOS DE ANÁLISE FONOLÓGICA

NA APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA EM

CRIANÇAS DO 2º ANO FUNDAMENTAL

THE EFFECT OF GAMES OF PHONOLOGICAL ANALYSIS ON

LEARNING AND WRITING LEARNING IN CHILDREN OF THE

2ND FUNDAMENTAL YEAR

ROSELI TAVARES DA SILVA, VALÉRIA SUELY SIMÕES

BARZA BEZERRA, EMANUELLY NATÁLIA DA SILVA VIEIRA,

DANIELE MARIA DOS SANTOS SILVA, PATRÍCIA SILVA DO

NASCIMENTO ALMEIDA. Resumo O presente trabalho tem por objetivo analisar a inserção dos jogos de análise fonológica como uma proposta que tragam mudanças inovando a prática em sala de aula, e contribua em consideráveis avanços, levando o educando a uma aprendizagem significativa que promova momentos de interação na escola. Pode-se verificar com este trabalho, que o jogo didático, neste caso, os de análise fonológica, é de grande relevância como mais um recurso para que crianças que iniciam o processo de alfabetização possam, de maneira lúdica, apropriarem-se de conhecimentos de leitura e escrita, sem necessariamente, estarem envoltos em atividades memorizadoras. Palavra chave: Jogos de análise fonológica. Aprendizagem. Alfabetização. Abstract This study aims to examine the inclusion of phonological analysis of games as a proposal to bring innovative changes to classroom practice, and contribute in significant advances, leading the student to a meaningful learning that promotes interaction moments in school. You can check this work, teaching the game, in this case, the phonological analysis is of great importance as an additional resource for children who begin the process of literacy may, in a playful manner, appropriating knowledge of reading and writing, without necessarily being wrapped in activity stations.

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 2: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 2

Keyword: games phonological analysis.Apprenticeship.Literacy Introdução O processo de alfabetização na criança e as constantes modificações pelas quais passa a educação, nos remetem a algumas reflexões, uma vez que, o processo de aprendizagem da escrita precisa estar passível de práticas que envolva habilidades de maneira prazerosa e lúdica às crianças ali participantes (LEAL, ALBUQUERQUE E MORAIS, 2006; BEZERRA e BRANDAO 2010). Nessa perspectiva o ato de brincar se desenvolve de forma espontânea, naturalmente toda criança brinca impulsionada pelo descobrir e se relacionam influenciados por estímulos do meio.

Dentro de sua teoria do desenvolvimento cognitivo Vygotsky (1984) identifica que há etapas em que as crianças se apropriam de tipos de jogos. No momento em que a criança se encontra em um ambiente social como a escola, que propicia uma interação, o brincar deve ser um estímulo utilizado pelo educador que aprimore potencialidades já existentes.

Autores enfatizam a importância dos jogos, quando a criança inicia-se na etapa fundamental que é a alfabetização (LEAL, ALBUQUERQUE E MORAIS, 2006; BEZERRA 2008). Os jogos podem ser utilizados em âmbito educacional sem que necessariamente esses estejam por sua natureza lúdica com o propósito de sistematizar conhecimentos.

A literatura ainda não apresenta detalhes sobre a evolução das crianças alcançada nessa fase de aquisição da leitura e escrita, com o uso de jogos que mobilizam conhecimentos sobre o Sistema de Escrita Alfabética. Acredita-se que jogos de análise fonológica podem dar sua contribuição no desenvolvimento de habilidades metalinguísticas, ou nível da consciência fonológica. Com isso, buscamos identificar até onde a inserção dos jogos de análise fonológica contribui no avanço dos conhecimentos das crianças sobre a escrita alfabética.

Os jogos de consciência fonológica são aqueles que mobilizam conhecimentos sobre os sons das palavras. Tais conhecimentos compreendem a comparação do tamanho de palavras, identificação de sons iniciais e sons finais (rima), e a identificação dos fonemas.

Sabemos a partir de estudos como de Bezerra (2008), que os jogos de análise fonológica contribuem para que a criança passe a considerar que, as palavras são constituídas de partes e não de um todo, por trabalhar uma sequência de sons, nem tão pouco representa as características físicas dos objetos.

Tal compreensão foi enfatizada por Ferreiro e Teberosky (1999) na qual identificou que a criança, inicialmente, remete as características físicas do objeto, a escrita de seu nome, atribuindo maior valor ao significado do que ao significante. Isto é, estranham, por exemplo, ao ser solicitado circularem figuras que tenham nomes “grandes”, devendo circular a palavra “formiga” ao invés de “boi”.

Nosso estudo contou como participantes crianças do 2º ano do fundamental, iniciadas no processo de alfabetização, e que não estavam conseguindo acompanhar de maneira considerável, outras crianças da sala. Inseridas nesse processo foram observadas e avaliadas no percurso antes e depois das vivências com os jogos de análise fonológica. Para melhor explanação da temática, o trabalho foi dividido em tópicos. Inicialmente apresentaremos a base teórica sobre conceitos que fundamentam este artigo tais como: os tipos de jogos utilizados por crianças em breve histórico, os jogos de regras e simbólicos e sua dimensão educativa e didática, a visão de Piaget sobre o sujeito no processo de aprendizagem, a diferenciação entre termos como: jogo, brinquedo e brincadeira, e por fim a apropriação do sistema de escrita e o uso dos jogos de análise fonológica nesse contexto. Em seguida apresentaremos a metodologia de pesquisa de intervenção e análise dos

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 3: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 3

dados. Por fim teceremos alguns comentários sobre os resultados obtidos a partir da aplicação dos jogos com alunos do 2° Ano do fundamental I. O Jogo E Sua Origem No Brasil Os jogos, os brinquedos populares, as brincadeiras, assim como, os contos e parlendas fazem parte do universo infantil. A pipa, por exemplo, é segundo estudos, introduzida pelos portugueses no Maranhão, sendo tradicionalmente utilizada como diversão e recreação, contudo sua criação acredita-se ser oriunda dos chineses com o fim de estratégias militares e com o passar do tempo transforma-se em meio de entretenimento (KHISHIMOTO 2009).

Com base nos estudos de Kishimoto (2006) não é possível considerar o jogo como uma tarefa fácil de definir existindo diferentes tipos e idades, isto é adultos e crianças. Os jogos podem ser: xadrez, dominó, baralho, futebol e etc. já as brincadeiras amarelinha, brincadeira de roda, bola de gude entre outros, todos esses jogos com uma denominação diversificada, ou seja, segundo a autora o jogo se diferencia do brincar levando a uma conclusão em que o jogo acompanhado de regras tendo que ter muita concentração e prudência na hora de jogar, já o brincar não vem recheado de regras, a criança que mesmo impõe seus limites deixando ser levado sem que tenha nenhum objetivo no final. Sendo assim o brincar é o elemento ideal da infância ajudando a criança em seu desenvolvimento natural.

O Brasil, por considerável influência de imigrantes dos continentes europeu, asiático e africano, encontra o jogo, como elemento presente no cotidiano infantil das crianças que habitam os mais diversos locais: tribos indígenas e engenhos de açúcar, etc.(KHISHIMOTO, 2009). Com base nisso, podemos perceber que os jogos e brincadeiras, se adaptam a cultura de cada criança, fazendo parte de sua realidade, visto que o material utilizado contemplava a maioria das classes sociais. Como exemplo dessa adaptação cultural, citamos inicialmente, o jogo de bola de gude que deriva da influência do folclore português com suas lendas. Outro exemplo é a brincadeira de pega-pega que consiste na escolha de um participante ser a “bruxa” (ou outro personagem), que será substituído em caso de descuido, se deixar tocar, passando a ser a própria “bruxa” (ou qualquer outro personagem) (KISHIMOTO, 2009).

Nesses tempos, os jogos e brincadeiras tinham destaque com a influência da escravidão e com a cultura africana, como, por exemplo, fazer de montaria crianças escravas os filhos de donos de engenho, e a chamado peia queimada que até hoje é usada por crianças no Sudeste e no Nordeste do Brasil. Essas brincadeiras populares ocorreram em regiões onde predominava o cultivo de cana de açúcar, e apresentava outras denominações como: chicotinho queimado, quente e frio, peia quente etc.(KISHIMOTO, 2009).

Outros brinquedos e brincadeiras revelavam influência da escravidão e que alimentaram a dominação do branco sobre o negro na mente das crianças. Dentre esses jogos podemos citar: o pião o papagaio e o belisco e práticas como cortar a linha da pipa do outro. Tais domínios não estão restritos apenas há esse tempo. Até hoje as crianças são influenciadas por inúmeras formas de brincadeiras, e reproduzem nelas atitudes que nada mais são uma maneira de se afirmar, ou até mesmo de chamar atenção dos adultos.

Percebe-se diante disso, o quanto as brincadeiras e os diferentes jogos exerciam tamanha força criadora e adaptadora seja em uma tribo, ou cultura específica concebido de maneira peculiar. Os jogos e brincadeiras também refletem as questões de gênero. Isto é, os jogos utilizados por meninos eram visivelmente diferentes daqueles usados pelas meninas. Isso aconteceu na sociedade patriarcal da época e se reafirma até hoje (KISHIMOTO, 2009). O faz de conta e brincadeiras de casinha eram divertimentos das sinhazinhas e meninas negras, no qual as meninas brancas eram sempre as donas-de-casa

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 4: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 4

e as negras as serviçais. Jogar pião de madeira, utilizar melhor os bodoques na caça aos passarinhos, nadar e andar a cavalo consistia brincadeiras dos meninos. Daí a importância dos jogos e brincadeiras na vida e no desenvolvimento das crianças. É sobre esse tema que discutiremos no próximo item. O Jogo Na Vida Da Criança: Dimensão Educativa E Didática A palavra jogo vem do latim LOCUS, que significa gracejo zombaria e que foi empregada no lugar de ludus: brinquedo, divertimento, jogo e passatempo. O jogo ganhou um complemento maior com a expansão da educação infantil, e por vezes é utilizado como um recurso na sala de aula, proporcionando aprendizagem, tornando-se pra criança uma forma prazerosa que ajuda em seu desenvolvimento (BRUNELLI, 1996).

Segundo (GARCIA E MARQUES, 1990, apud CORIA E SABINI e LUCENA, 2004), é através da brincadeira que a criança realiza seus desejos, pois a deixa livre para demonstrar melhores desempenhos na hora do brincar.

Conforme salientam as autoras é fundamental que na brincadeira, todas as crianças em diferentes idades possam mostrar suas habilidades. A partir da brincadeira ou do jogo, demonstrando insegurança e em outros momentos, alegria e distração.

Para Piaget (1977 apud CORIA E SABINI e LUCENA, 2004) existem três tipos de brincadeiras: As brincadeiras de exercícios, simbólicas e as regradas. As brincadeiras de exercício constituem no modo como a criança modifica seu comportamento ao entrar em contato com os objetos a sua frente. Por exemplo, manusear repetitivamente o objeto para ouvir seu som. Nesse caso, diz o autor, a criança demonstra prazer na atividade e busca conhecimento sobre o objeto.

Na brincadeira simbólica o objeto perde o valor fazendo com que a criança represente algo dando espaço ao imaginário, como por exemplo, a brincadeira do faz de conta, onde a criança faz de conta que uma pedrinha é algo para comer.

Nas brincadeiras com regras, como o próprio nome diz, a brincadeira é regida por regras. Nesse contexto, o desenvolvimento através de regras propostas da brincadeira incentiva o trabalho em grupo, como também favorece um conhecimento social das mesmas.

Sobre a questão dos jogos, Vygotsky (apud KISHIMOTO, 2009), aos jogos simbólicos onde as crianças simulam diferentes personagens ou diferentes papéis sociais sobre jogo de papéis, no qual as relações do cotidiano são incorporadas a atitudes.

Desde que nasce a criança está envolvida em ambientes sociais que propiciam situações de desenvolvimento. E com sua imaginação não seria diferente, no qual diferentes tipos de jogos refletem as aptidões das crianças e sua clareza sobre o mundo. Os jogos que trazem essa perspectiva de interação são os jogos de enredo (KISHIMOTO, 1994) que salientam as regras, sem ignorar sua importância.

O relevante, portanto, é que os jogos e os brinquedos são parte da vida da criança, levando-as ver a compreender a realidade através das brincadeiras, criando um mundo imaginário cheios de sonhos e fantasias descobrindo a possibilidade de transformar e recriar o mundo e de aprender (KISHIMOTO, 1994). É sobre a dimensão educativa e didática em relação ao jogo que abordaremos a seguir.

Foi com a dimensão educativa que os jogos ganharam força, especificamente na época do Renascimento, onde se utilizava desse recurso para inúmeras situações didáticas. Foi a partir do jogo que as crianças passam a expressar e interagir com o outro, adultos e crianças interagindo umas com as outras de maneira divertida. Nessa direção, percebe-se que o jogo contribui para a expressão de sentimentos fazendo melhorar sua auto-estima, agilidade motora, explorando os objetos que as cercam na companhia de outra criança ou

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 5: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 5

jogando sozinhos. A partir disso, observa-se uma aprendizagem de relação de grupos e conhecimento de mundo.

Para Kishimoto (2006) o jogo apresenta dois sentidos: o sentido amplo e o sentido restrito. O primeiro, promovendo o livre desenvolvimento geral da criança em recinto organizado pelo professor. O segundo, visando aquisição de conteúdos e aprendizagem. Assim, quando envolvidos no ambiente educacional, os jogos são favoráveis no auxílio ao desenvolvimento de crianças em processo de aquisição de um conhecimento sistematizado. Mesmo assim, eles não irão ser utilizados como única estratégia de ensino. Ou seja, os jogos não irão substituir uma prática educativa, pois eles não garantem sistematizar esse conhecimento. Kishimoto (2006, p.37) afirma:

A utilização do jogo potencializa a exploração e a construção do conhecimento por contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas, o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em outras situações que não jogos.

O jogo ganhou um complemento maior com a expansão da educação infantil, e por

vezes é utilizado como um recurso na sala de aula, proporcionando aprendizagem, tornando-se pra criança uma forma prazerosa que ajuda em seu desenvolvimento.

Piaget (1975, apud CORIA-SABINI e LUCENA, 2004) compreende que o sujeito no processo de aprendizagem não desempenha um papel passivo, e sim ativo diante as influencias do meio. Ele demonstra modo próprio de compreender os estímulos e de interpretá-los, intervindo sempre. Tal pensamento é explicitado na citação abaixo: Coria-Sabini e Lucena (2004, p. 15)

(...) a origem do conhecimento não está somente no objeto nem no sujeito, mas antes numa interação indissociável entre os dois, de tal modo que aquilo é dado fisicamente e integrado numa estrutura lógico-matemática implicando a coordenação das ações do sujeito.

A concepção de aprendizagem para os autores acima citados faz-nos refletir a importância dos jogos dentro do espaço escolar, uma vez que na escola tradicional estes aparecem em momentos de lazer e não apenas nos momentos de aprendizagem.

Deste modo, a prática escolar parece negligenciar toda a importância dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento das crianças como fonte de desenvolvimento e aprendizagem de conceitos.

Em geral há uma confusão na diferenciação entre os termos jogo, brincadeira e brinquedo. Segundo Kishimoto (2006) o jogo se torna, mas sério por conter regras tendo a intenção de obter aprendizagem significativa e construção de novos conhecimentos. Já o brinquedo aparece como forma de entretenimento. Constitui o objeto, sem que haja regras ou instruções prévias para ser utilizado. A brincadeira constitui a própria ação lúdica.

Como já foi dito, anteriormente, há importância do jogo no desenvolvimento da criança, seja no aspecto emocional, social ou cognitivo. Segundo Borba (2006) os jogos didáticos vem sendo utilizados como auxilio na aprendizagem de diversos conteúdos e pressupondo essa idéia, diferencia-se o termo “brincadeira” ou “jogo educativo” do que tratamos por “jogo didático”, que é aquele capaz de mobilizar conhecimentos e nortear o caminho da

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 6: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 6

aprendizagem, promovendo momentos de prazer típico do lúdico. Ainda conforme Borba (2006) não deve focar-se ao erro ou acerto, e sim valorizar a dimensão educativa reportando-se ao que foi citado por Khishimoto (2006) anteriormente. Neste artigo, abordamos o jogo na perspectiva didática. Ou seja, estamos compreendendo tal como Borba (2006) que o jogo é um elemento didático e que pode ser utilizado como recurso importante na aprendizagem de conteúdos. Jogos Didáticos E O Processo De Apropriação Do Sistema De Escrita Alfabética É ainda na perspectiva do aprender brincando que Borba (2006) tal qual Leal e Albuquerque (2006) observam que o convívio das crianças e sua ligação com diferentes contextos sociais se intensificam na escola e, propiciam experiências que ampliam suas habilidades de linguagem oral, que se desenvolvem para linguagem escrita.

Sobre a aquisição da linguagem escrita, Ferreiro (2001) afirma que as produções espontâneas de escrita das crianças, constituem elementos de investigação e apreciação, pois é nesse momento em que ela, mostra sua compreensão de mundo e aprende a interpretá-lo. Adotar isso como posição teórica sobre os processos de aquisição do Sistema de Escrita Alfabética-SEA é considerar também que, segundo Ferreiro (2001, P.17)

(...) a criança aprende só quando é submetida a um ensino sistemático, e que a sua ignorância está garantida até que receba tal tipo de ensino, nada poderemos enxergar. Mas se pensarmos que as crianças são seres que ignoram que devem pedir permissão para começar a aprender, talvez comecemos a aceitar que podem saber, embora não tenha sido dada a elas a autorização institucional para tanto.

Percebe-se com isso que as crianças quando chegam à escola, e começam a se apropriar do SEA (Sistema de Escrita Alfabética), não são, por algumas vezes, avaliadas em suas construções particulares e cognição, o que leva o professor a incorporar em sua prática o paradigma estipulado pela escola que o aprender só acontece em recinto de sistematização de conhecimentos como a escola.

Nesse contexto, ainda segundo Ferreiro (2001), devemos considerar não apenas os aspectos gráficos quando a criança começa a escrever, mas também o que representou no momento da sua escrita. Assim, consideramos que o processo de alfabetização é mais complexo do que simplesmente memorizar códigos e decodificá-los.

Os níveis psicogenéticos estudados por Ferreiro e Teberosky (1999), definem em fases ou níveis, como se encontram as crianças em sua apropriação sobre o SEA. Esses níveis quando analisados na perspectiva acima citada, considera a criança em sua totalidade com os aspectos culturais e sociais que as cercam.

Assim, inicialmente as crianças fazem uma correlação entre a escrita e a figura com suas características físicas, pois, segundo Ferreiro e Teberosky (1999, p.194) “a criança espera que a escrita dos nomes de pessoas seja proporcional ao tamanho (ou idade) dessa pessoa, e não ao comprimento do nome correspondente.”

Em etapa posterior, desse mesmo processo, a criança começa a diferenciar a escrita do desenho, se aproximando mais das letras, descobrindo nessa etapa que se colocar as mesmas letras ordenando-as em diferentes classificações, estará escrevendo palavras distintas, sem contudo fazer uma relação entre o som e a grafia da palavra, essa fase é denominada como pré-silábica (FERREIRO e TEBEROSKY,1999).

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 7: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 7

Na fase em que a criança começa a representar os valores sonoros da palavra, a hipótese silábica, as letras valem por sílabas, variando na quantidade e na qualidade da escrita. Ou seja, as crianças escrevem representando os sons da palavra, faltando apenas algumas letras, e cada letra têm atribuído o som da sílaba. Nessa hipótese a criança compreende que analisar que a escrita corresponde ao som da fala, contudo nessa fase podemos encontrar na natureza uma variação entre quantidade e qualidade na escrita, reveladas por maiores quantidades de letras que podem ser diferentes do som e em momentos de maior qualidade que se aproximam mais do som (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999).

A transição da hipótese silábica para alfabética é quando a criança procura superar a fase de conflito analisando que a escrita da palavra, vai além da representação sílaba construindo conceitos internos diante de realidades externa. Na hipótese alfabética da escrita, a criança compreende e atribui a cada fonema o valor sonoro correspondente, identificando que as letras são as menores unidades das palavras e, não as sílabas.

No contexto escolar muito métodos são introduzidos na ambiente educacional ao que concerne a uma prática alfabetizadora, que nada ou quase nada acrescenta na real aprendizagem da criança, oferecendo às crianças informações como verdade absoluta, sem promover a exploração e descoberta do conhecimento (FERREIRO 2001). Ao repensamos a prática pedagógica que promova momentos no qual a criança seja possibilitada não ser apenas mero expectador do conhecimento e sim construtor de tal, é desvincular a ideia de que o processo de alfabetização vai além do que adotar métodos. A prática alfabetizadora deve ser embasada em diferentes momentos para que a criança confronte seus conhecimentos e seja instigada a pensar, como no trabalho com os jogos de análise fonológica que trataremos a seguir. Jogos De Consciência Fonológica O brincar com as palavras como já mencionado, faz parte de toda vivência na infância de qualquer criança e no âmbito educacional. Essas ações atreladas a uma prática se encontram vinculadas a procedimentos que ofereçam alternativas de ensino de maneira prazerosa, sem que se perca o objetivo que é a aprendizagem. Os jogos didáticos, e em especial os de análise fonológica, ao qual nos referimos nesse artigo, é uma das inúmeras alternativas didáticas que, não somente funcionam como passatempo, como também, auxiliam na prática o desenvolvimento das crianças no processo de apropriação do SEA (LEAL, ALBUQUERQUE E MORAIS, 2006).

As relações que as crianças fazem com a pauta sonora e a escrita, as fazem, dar maior valor ao significado quando, por exemplo, escrevem uma sequência de letras representando o tamanho físico do objeto, e relaciona o som da palavra com o tamanho do mesmo. Segundo estudos de Bezerra (2008) é possível com os jogos de análise fonológica, que as crianças descentralizarem a atenção ao significado da palavra ao contarem os pedaçinhos da palavra e chegarem à conclusão que, a escrita nada mais é que a representação da fala. Leal, Albuquerque e Morais (2006, p.80) dizem:

(...) Os jogos fonológicos são aqueles em que os estudantes são levados a refletir sobre as semelhanças e diferenças sonoras entre as palavras. Nesse tipo de atividade, eles começam a perceber que nem sempre o foco de atenção deve ser dirigido aos significados. No caso da apropriação do sistema alfabético, é fundamental entender que é preciso atentar para a pauta sonora para encontrar a lógica da escrita.

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 8: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 8

As habilidades metalinguísticas que desenvolvem as crianças ao ser promovido

momentos com jogos de análise fonológica envolvem uma consciência fonológica maior para que se consiga alcançar uma consciência fonêmica, ou seja, ao segmentar, entendendo que tais habilidades surgem da necessidade de refletir e operar sobre sua própria língua, elas, no decorrer do processo sente a necessidade de transcrever para o papel o som dos fonemas (BEZERRA 2008).

É necessário que se compreenda que a estrutura da consciência fonológica antes vista como uma habilidade discreta apresentada ou não pela criança (BEZERRA 2008) tende a se desenvolver hierarquicamente para uma consciência plena dos segmentos fonêmicos, no momento em que é proporcionado momentos de envolvimento com a leitura e a escrita.

Essa perspectiva nos remete observar que nesse contexto os jogos de análise fonológica fazem uma conexão com o processo de alfabetização, auxiliando nesse processo, e como já mencionada, não tem o propósito de sistematizar conhecimentos, por isso a atenção deve se voltar também a atividades que questionem os consideráveis avanços conquistados em momentos com esses tipos de jogos (BEZERRA 2008). Deve-se considerar que as habilidades metalinguísticas citadas, são validadas a partir de atividades que verifiquem os possíveis avanços promovidos nos momentos de interação com os jogos de análise fonológica, e esses precisam ser selecionados e utilizados em espaço físico adequado para se chegar ao fim proposto que é a aprendizagem (CARVALHO 2008). Para isso, uma estratégia é a repetição de sessões com os mesmos jogos para que a criança se aproprie de maneira a desenvolver habilidades que estão agregadas a consciência fonológica de forma lúdica, pois como já mencionado as habilidades fonológicas e o processo de aquisição da leitura e da escrita na criança estão conectados. Metodologia A finalidade desta pesquisa foi observar como a inserção de jogos de análise fonológica numa sala de aula com crianças do 2° ano do ensino fundamental contribui para o desenvolvimento das mesmas em relação aos níveis de conhecimentos sobre a escrita. Como já foi dito, os jogos foram inseridos numa sala de aula do 2° ano do ensino fundamental com alunos que apresentavam dificuldades de apropriação do Sistema de Escrita Alfabética. Os momentos com os jogos foram registrados por escrito, gravados em áudio e, posteriormente transcritos as falas dos alunos para melhor ilustrar os momentos de ludicidade e de aprendizagem.

Acreditando como Kishimoto (2003) que a aprendizagem de conteúdos se dá com outros elementos que não apenas o jogo foi elaborado atividades para serem realizadas com os alunos após os momentos com os jogos. As atividades aplicadas com os alunos, individualmente, mobilizavam as mesmas habilidades fonológicas dos jogos utilizados nesse estudo.

A pesquisa foi realizada em uma escola municipal da cidade de Vitória de Santo Antão, em ambiente arejado, propiciando conforto e bem estar para as crianças. Esse ambiente foi propício para que as crianças se sentissem bem, e assim pudéssemos realizar a pesquisa com satisfação.

Utilizamos os jogos de análise fonológica Batalha de Palavras e Bingo de sons iniciais e 1

atividades de sondagem inicial para identificação dos conhecimentos das crianças sobre a

1 Os Jogos utilizados neste estudo Batalha de Palavras e Bingo de sons iniciais foram os mesmos jogos utilizados no estudo de Bezerra (2008).

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 9: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 9

escrita, bem como outras atividades para serem aplicadas aos alunos após os momentos com os jogos. E por fim foram aplicadas novas atividades de sondagem final para observar os possíveis avanços das crianças após os momentos com os jogos. Etapas Da Pesquisa Sondagem inicial: Com o intuito de verificar as concepções sobre a escrita das crianças e identificar os tipos de jogos a serem utilizados como instrumento de intervenção no processo de aprendizagem do SEA, foi aplicado um ditado mudo individualmente, tomando como base os níveis da evolução psicogenética segundo estudos realizados por Ferreiro e Teberosky (1999). Momentos Com Os Jogos Jogo Batalha de Palavras 2

Na trajetória de obter bons resultados iniciamos a intervenção com o jogo “Batalha das Palavras” em seguida emparelhamos oito crianças de níveis de escrita diferentes, onde cada criança confrontou um com o seu parceiro de jogo. O objetivo do jogo era contar as silabas das palavras representadas pelas figuras, lançada por cada um e o ganhador dos cartões era a criança que colocasse a carta com a maior quantidade de silabas. Durante a execução do jogo, os alunos foram obtendo dúvidas em relação ao mesmo, e era mediadas e esclarecidas suas dúvidas o que contribuía na aprendizagem.

Inicialmente começamos com dois alunos que ficaram bastante interessados para saber como seria o jogo. Logo depois da explicação eles começaram a interagir com o grupo contando as sílabas e demonstrando interesse em ganhar o jogo.

Foi lançada a ideia de escolher par ou ímpar para definir quem inicia o jogo. O fragmento a seguir mostra o funcionamento do jogo e como as crianças atuam no mesmo . 3

Vejamos: As palavras a serem comparadas eram: “pá” e “sol” C1-Sol-l! (mostrando os dois dedinhos) C2-pá-a! (mostrando os dois dedinhos) Prestem atenção: sol-l se separa?Olhem para os meus dedinhos é sol com dois dedinhos ou sol com um dedinho? C1- (Respondeu com um dedinho, porque sol não se separa é tudo junto) Agora prestem atenção é pá ou Par-ar?(dirigindo a criança2) C2- é par a mesma coisa de sol não se separa C2 - Ouve empate!

Inicialmente as crianças demonstravam um pouco de insegurança, mas depois respondiam e acertavam no jogo.

2 O funcionamento e os detalhes desse jogo Batalha de palavras, bem como, do Jogo do Bingo de sons iniciais pode ser visualizado no Anexo I e II 3 Para não identificar os participantes do estudo utilizaremos C1 e C2, etc, para identificar as crianças participantes do jogo.

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 10: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 10

Após a vivência com o jogo Batalha das Palavras eram propostas atividades individuais às crianças, onde realizavam com autonomia atividade para num próximo momento aplicar outro jogo. Bingo De Sons Iniciais Durante o momento com o Jogo do bingo de sons iniciais as cartelas foram distribuídas para cada aluno. Ou seja, agrupamos as crianças, lemos as regras do jogo para elas que após o entendimento de todos os alunos, o jogo foi iniciado. Vale ressaltar que durante a execução do jogo foram esclarecidas todas as dúvidas relacionadas a pratica do mesmo. Para melhor aplicabilidade do jogo de Bingo, as crianças ficaram cada uma com a sua cartela. À medida que a palavra era retirada do saquinho, as crianças procuravam identificar figuras cujos nomes iniciavam com o mesmo som. Resultados A análise dos resultados obtidos será descrita por partes. Isto é, serão respeitadas as etapas da pesquisa descritas anteriormente.

A partir da aplicação da atividade de sondagem inicial em um grupo de alunos de uma sala do 2º ano fundamental em escola municipal da cidade de Vitória de Santo Antão, encontramos níveis diferentes de escrita que variavam entre o pré-silábico, o silábico alfabético e o alfabético com alguns erros ortográficos.

O gráfico a seguir apresenta a relação de alunos, o nível de escrita e o percentual equivalente. Sabendo que o quantitativo total de alunos correspondia 8 (Oito) a determinado nível:

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 11: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 11

Figura 1: Níveis de Escrita (%)

O objetivo dessa atividade era identificar o ponto de partida das crianças, ou seja, seus níveis iniciais sobre a escrita, a fim de compará-los com a sondagem final. No inicio ajudamos aos alunos a contar as sílabas, depois tentaram sozinhos, ficando inseguros e com dificuldades diante das palavras monossílabas. Mostramos as figuras, para que eles não sentissem dificuldades.

Momentos Com Os Jogos As seguintes palavras a serem comparadas eram: “telefone” e “panela” C1- Te-le-fo-ne!(mostrando e contando os quatro dedinhos) C2-Pa-ne-la!(mostrando os três dedinhos) Muito bem! C1-Eu ganhei! Vibrando de alegria: C1- A maioria das cartas é minha! Fala depois de contar as deles e a da colega C2 Fica triste por não conseguir a maioria das cartas e explicamos que não importa quem fica com a maior quantidade de cartas, o objetivo é que haja aprendizagem através do jogo.

Por motivos pessoais o pai de um dos alunos veio buscá-lo ocasionando a obrigatoriedade de término do jogo, contudo foi notado que mesmo antes ele ficou desestimulado pela falta de interesse de sua parceira e não conseguimos alcançar o nosso objetivo devido a esse acontecido. A aluna mostrava certa insegurança diante do jogo e o seu companheiro se mostrava muito seguro e interagia com o jogo. Ocorreu esse acontecido com a primeira dupla, porém o grupo mostrou interesse pelo jogo.

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 12: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 12

Bingo De Sons Iniciais A 1ª sessão foi iniciada logo após a explicação das regras do jogo, esclarecermos algumas duvida antes, distribuímos as cartelas sendo escolhidas por cada criança e começamos a aplicação do jogo. Percebemos que não era o suficiente a leituras das regras, portanto, detalhamos um pouco mais o jogo do bingo. Foi explicado ao grupo como iriam proceder ao ser retirado da sacola a palavra, procurando na cartela se alguma figura teria o mesmo som inicial da palavra, para que fosse despertado na criança o interesse de aprender e jogar. Demos um exemplo na palavra cocada perguntando qual o primeiro som da palavra cocada e o grupo de crianças responderam que era CO. Na 1ª Sessão foi notado o quanto a criança confundiu o som inicial com o som final, sendo assim na hora da execução do jogo lembramos sempre do objetivo do jogo que era marcar a combinação do som inicial que seria o nome da palavra retirada do saco, e procurado o mesmo som inicial da figura na cartela.

Notamos que as crianças estavam muito ansiosas na hora do jogo, porém passaram algumas figuras batidas sem marcar na cartela.

Uma das crianças se encontrava desestimulada por não conseguir acompanhar o chamado de cada palavra. Observamos que por não observar se a figura da cartela tinha o mesmo som inicial da palavra chamada, direcionamos um olhar em relação à palavra chamada que era ALICATE direcionada a criança que estava desestimulada a jogar e que tinha a figura ABACAXI na sua cartela, nesse momento ele conseguiu assimilar o mesmo som da palavra relacionada marcando- a logo em seguida.

Foi retirada do saco a palavra: MADEIRA (na cartela havia um desenho de MACACO na outra de uma MALA), porém duas crianças marcam sua cartela.

C1-MADEIRA o som inicial Ma... Uma das crianças respondeu CADEIRA. MA com CA?Madeira é da família do “M” e Cadeira da família do “C” Uma das crianças encontrou na cartela MACACO. Foi retirada do saquinho a palavra JAQUETA (Cuja cartela tinha a figura de um JACARÈ) Ninguém marcou a palavra jacaré que se encontravam em uma das cartelas. Tem certeza que não existe nenhuma figura com a letra inicial da palavra JAQUETA C1-Não!Tia chama outra ESCOLA som inicial ES (Uma das crianças marca em sua cartela Escada) ALICATE som inicial A (a criança olha pra pesquisadora e diz: ABACAXI...) e dar um belo sorriso. È retirada de a cartela a palavra PIANO procurar o som inicial PI... (Uma das crianças acham na cartela PIPA E PIRULITO) C1-Uma das crianças diz achei tia “PATO” Preste atenção no som inicial “PI” e pato são da família do PA que faz “PA” PITÚ! Uma das crianças respondeu e explicamos que Pitú não se encontrava na cartela. C1-PICOLÉ! Na minha cartela tem tia! Marque na sua cartela REMÈDIO... (ninguém encontrou, passando batido, pois na cartela se encontra a palavra relógio) BOLICHE (família do BO) C1-Tia eu tenho! Foi marcada na cartela a figura de uma bola por uma das crianças FAZENDA quem tem a família do FA C1-Eu tenho tia!Faca!

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 13: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 13

C2-Eu tenho Fada! Então marque! Uma pessoa do grupo pediu para que sua cartela fosse trocada. C1-Chama a minha pra eu bater tia! Tem alguma palavra que comece igual a TECLADO? C1-Telefone! Tem alguma palavra com o som inicial de UVA? C1-Peru!Vaca Preste atenção pra não passar batido, o som inicial é “U” PEDAÇO Tem alguma figura começada com PE? C2-Pé tia! LARANJA!Olhe o som inicial LA Ninguém marca BACIA! Preste atenção no som inicial! C3-Baleia, Barata e papagaio Papagaio é com som inicial BA? C2-Não!Tia é com B Médico!Alguém tem uma figura que tem o som de Me Ninguém marca! VAGALUME!Olhe direitinho na cartela com o som inicial VA. C2-Vaca!Bati! A Criança bate com a figura vaca.

Num segundo momento com o mesmo jogo foi observado o comportamento das crianças em relação ao jogo, e se encontravam menos ansiosos, porque já tinham passado pela experiência do primeiro momento. Contudo isso não quer dizer que eles conseguiram assimilar o jogo por completo e guardar as regras. Ao término das sessões que foram gravadas, foi aplicada uma atividade que fez parte do objetivo, que apresentava figuras cujos nomes possuíam tamanhos diferentes, com a finalidade de identificar qual a figura que tinha o nome maior. Sondagem Final A intenção do estudo era observar o desempenho das crianças após o uso dos jogos, com a preocupação de organizar os parceiros de acordo com os níveis de escrita de cada um. Contudo, o jogo de batalha, por exemplo, foi jogado em dupla podendo ter essa flexibilidade e assim podermos avaliar mais precisamente possíveis avanços. Enquanto que o jogo de bingo, as crianças jogavam coletivamente, cada um com sua cartela, e a identificação foi mais precisamente sobre o que eles já apresentavam de conhecimento. Consideramos, no entanto que a possibilidade de identificarem o som da sílaba inicial e relacionarem com a sílaba inicial da figura, foi possível compreenderem o significativo momento que estavam experimentando com a aplicação dos jogos de análise fonológica, e podemos observar através do jogo o avanço das crianças no decorrer da ultima atividade proposta por eles relacionarem muito especificamente cada sílaba, podemos confirmar que houve avanço na escrita. Considerações Finais Propomos com o presente estudo, identificar o efeito que os jogos de análise fonológica proporcionado por momentos de interação, promovem em crianças que se encontram no processo de alfabetização na etapa do ensino fundamental no 2° ano. Notamos que depois

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 14: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 14

das sessões, as crianças passaram a entender com mais clareza que as palavras são compostas por letras e sílabas o que inevitavelmente os fazem progredir para uma melhor compreensão de que o valor sonoro das letras na palavra é fundamental para uma escrita correta. Nas situações de jogos podemos observar que o desempenho das crianças, respondeu positivamente a cada etapa que se seguiu mesmo com toda complexidade que esse tipo de jogo, com o qual não tinham costume, trouxe para eles, por considerarem (os jogos) a comparação do tamanho da palavra com o tamanho da figura, e incorporarem isso ao aprendizado da leitura e da escrita.

Os jogos além de auxiliarem no processo de aquisição da leitura e da escrita também promoveram uma socialização entre eles, principalmente por alguns serem arredios por se encontrarem em condição de excluídos da turma, ou por timidez, ou por revolta. Diante disso consideramos que relacionar, aprendizagem e ludicidade, convergem em melhora significativa na aprendizagem de crianças que muitas vezes são “taxadas” como aquelas que não se interessam e também no relacionamento interpessoal de ambas. Um ponto que se pode destacar dentro desse contexto é que algumas crianças no momento do jogo se interessaram por estarem envolvidos nessa situação. Concluímos que o estudo foi realizado com êxito e contribui satisfatoriamente para auxiliar as crianças no processo de apropriação da leitura e da escrita, por apresentar o que a maioria dos estudos em sala de aula que muitas vezes são apoiados em conteúdos e métodos que faz com que o aluno seja treinado e não alfabetizado. Anexo I Os jogos de análise fonológica, utilizados nessa pesquisa são: Batalha das palavras e Bingo de sons iniciais, tomando referencia os jogos que mobilizam SEA Sistema de escrita alfabética segundo Leal, Albuquerque e Morais (2006).

A aplicação do jogo batalha de palavras tinha como mediação, o objetivo de estimular os conhecimentos de escrita para que as crianças confrontassem esses conhecimentos. Na identificação de três figuras que tinha o maior nome que foram formiga, boi e peixe, para eles circularem, e quatro que foram flor, rádio, estrela e computador para eles escreverem no quadrado ao lado, nesse procedimento não houve intervenção, visto que todo procedimento foi explicado para que as crianças respondessem individualmente. A atividade os fez pensar sobre a lógica usada no jogo, porém cada um teve uma concepção diferente na hora de interpretar. Uma das crianças falou que o maior nome da figura era boi associando pelo tamanho do boi que é maior do que a formiga.

A intenção do estudo era observar o desempenho das crianças após o uso dos jogos, não tivemos a mesma preocupação com a organização como aconteceu nos momentos dos jogos. Assim, o jogo de batalha, por exemplo, foi jogado em dupla, pela forma do jogo, enquanto que o jogo de bingo, as crianças jogavam coletivamente, mas cada um com sua cartela. Ao término das sessões que foram gravadas, foi aplicada uma atividade que fez parte do objetivo, que apresentava figuras cujos nomes possuíam tamanhos diferentes, com a finalidade de identificar qual a figura que tinha o nome maior.

De acordo com a regra do jogo batalha das palavras, ele segue como se fosse um baralho, ou seja, o jogador que colocar a carta que tem maior quantidade de sílabas sobre a mesa ganhará a sua carta e a do emparelhado e assim o jogo irá prosseguir cada criança coloca a sua e a que tiver maior pedacinho (termo muito usado por elas), ganha o cartão do outro, e de acordo com que as crianças vão obtendo os cartões vão juntando para que no final seja contado o de cada um. No decorrer do jogo as respostas incorretas eram refletidas com as crianças havendo uma correção entre cada resposta dada incorreta e assim se refletia coletivamente.

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 15: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 15

Anexo II Diferente do jogo Batalha das palavras, o bingo de sons iniciais traz cartelas com figuras para serem escolhidas e marcadas dependendo do som inicial de cada uma delas, sendo assim vencerá quem conseguir marcar toda a cartela primeiro e o jogo batalha das palavras é trabalhado com cartões referentes às quantidades de sílabas. As habilidades metafonológicas que mobilizam através do jogo a aprendizagem são: reconhecer a sílaba inicial de palavras, identificar e comparar as palavras com a mesma sílaba demonstrou que as crianças sentem a necessidade de refletir também sobre a atividade proposta que era desenhar outras figuras com o mesmo som inicial nos respectivos quadros, e circular outra figura com o mesmo som inicial. Referências BEZERRA, V.S.S.B. Jogos de Análise Fonológica: Alguns percursos na interação de duplasde crianças. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal de Pernambuco- UFPE 2008. BEZERRA, V.S.S.B. e BRANDÃO A.C.P. O que as crianças aprendem com jogos de análise fonológica? Artigo publicado no XV ENDIPE, BH 2010. BORBA, A.M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: BEAUCHAMP, J; PAGEL, D; NASCIMENTO, A. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança – Brasília: FNDE, Estação Gráfica, 2006. BRASIL. Ministério da Educação. Ensino de nove anos: orientações para a inclusão da criançade seis anos de idade. Documento. (orgs) BEAUCHAMPS, J; PAGEL, S; NASCIMENTO, A Brasília: FNDE, Estação Gráfica, 2006. BRUNELLY, R.P. O jogo como espaço para pensar. São Paulo: Papirus, 1996. CARVALHO, M.T. Reflexões sobre o lúdico no sentir/sentir-se, pensar/pensar-se, fazer/fazer-se do Orientador Educacional. In: GRINSPUN M.P.S.Z. A Prática dos Orientadores Educacionais. 6ª edição aumentada- São Paulo: Cortez 2008. CORIA-SABINI, M.A. e LUCENA R. Jogos e brincadeiras na educação infantil. Campinas: Papirus, 2004. FERREIRO, E. e TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua Escrita. Artmed ediçãocomemorativa, Porto Alegre, 1999. FERREIRO, E. Reflexões sobre a alfabetização. Coleção questões da nossa época. Ed. Atualizada, São Paulo: Cortez, 2001. IDE, S. O jogo e o Fracasso Escolar. In: KISHIMOTO, T.M. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2006.

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355

Page 16: E F E I T O D O S J O G O S D E A N Á L I S E F ... - Recifedemo.cubo9.com.br/senac/pdf/comunicacao-oral/032.pdf · E d u c aç ão e T e c n o l o g i a e m T e m p o s d e M u

Educação e Tecnologia em Tempos de Mudança | 16

KISHIMOTO, T.M. O jogo e a Educação Infantil. São Paulo: Pioneira,1994. ________________ Jogos infantis: o jogo, a criança e a educação. Petrópolis, RJ: 2009. ________________Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2006. LEAL, T.F; ALBUQUERQUE, E.B.C. e MORAIS, A.G. Letramento e Alfabetização: Pensando a Prática Pedagógica. In: BEAUCHAMP,J; PAGEL D; NASCIMENTO, A. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança – Brasília: FNDE, Estação Gráfica, 2006. VYGOTSKY, L.S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martin Fontes, 1984.

Anais do 15º Congresso Internacional de Tecnologia na Educação Brasil | Recife | Setembro de 2017 ISSN: 1984-6355