É bom demais ter água boa no pé da casa

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É bom demais ter água boa no pé da casa Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº2037 Março/2015 Tobias Barreto Seu Zé de Nesinho José Manoel de oliveira santos, mais conhecido como Zé de Nesinho, nasceu no povoado Batata, tem 67 anos de idade, por opção não constituiu família, homem tímido, desde criança trabalhou na roça. Em certo momento da vida precisou sair da sua comunidade para trabalhar fora, foi para o sul do país onde exerceu o oficio de ajudante em vários serviços nos lugares por onde passou. Passado alguns anos ele volta para sua terra natal e para junto de seus parentes, e nessa terra volta a desenvolver a atividade que mais aprendeu na vida, a agricultura. Nos tempos atuais mesmo com alguns problemas saúde, ainda lida com algumas cabeças de gado e basta dar uma chuvada para preparar a terra e trabalhar no seu roçado, não com a energia de quando era jovem, mais ainda bem ativo. E vive bem feliz com sua “cisterninha” no pé da casa, sendo no passado a falta de água pra beber, sua grande dificuldade para se viver no seu pedacinho de terra e próximo da família. Sobre sua vida seu Zé de Nezinho, pouco emocionado relata: - Nasci e me criei nas Batatas, até os dezenove anos vivi com meu pobre pai, com essa idade logo fui buscar trabalho no sul do país, trabalhei muito e muitos lugares, visitei alguns parentes , sofri muito por lá, sempre fui um homem muito acanhado, envergonhado. Passei alguns anos de um canto pro outro, e hoje já faz quase quarenta anos que voltei, e não sai mais. Hoje tenho meu pedacinho de terra que adquiri no ano de 1993, só quando meu pai faleceu em 1996 eu construir uma casinha de taipa no terreno comprado e logo fui morar, hoje a casinha está bem melhor, reformei e ampliei ela.

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Relato de seu Zé de Nezinho, homem simples, trabalhador, que em certo momento das vida, teve sair do meio do seus parentes para arrumar trabalho. Ao voltar para sua terra encontra dificuldades para permanecer no meio dos seus, e uma delas foi a falta de água. Nos dias atuais se encontra bem melhor e feliz, principalmente por ter sua conseguido sua "cisterninha" no pé da casa. Lhe proporcionando aguá boa e de qualidade.

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Page 1: É bom demais ter água boa no pé da casa

É bom demais ter água boa no pé

da casa

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº2037

Março/2015

Tobias Barreto

Seu Zé de Nesinho José Manoel de oliveira santos, mais conhecido como Zé de Nesinho, nasceu no povoado Batata, tem 67 anos de idade, por opção não constituiu família, homem tímido, desde criança trabalhou na roça. Em certo momento da vida precisou sair da sua comunidade para trabalhar fora, foi para o sul do país onde exerceu o oficio de ajudante em vários serviços nos lugares por onde passou. Passado alguns anos ele volta para sua terra natal e para junto de seus parentes, e nessa terra volta a desenvolver a atividade que mais aprendeu na vida, a agricultura. Nos tempos atuais mesmo com alguns problemas saúde, ainda lida com algumas cabeças de gado e basta dar uma chuvada para preparar a terra e trabalhar no seu roçado, não com a energia de quando era jovem, mais ainda bem ativo. E vive bem feliz com sua “cisterninha” no pé da casa, sendo no passado a falta de água pra beber, sua grande dificuldade para se viver no seu pedacinho de terra e próximo da família. Sobre sua vida seu Zé de Nezinho, pouco emocionado relata: - Nasci e me criei nas Batatas, até os dezenove anos vivi com meu pobre pai, com essa idade logo fui buscar trabalho no sul do país, trabalhei muito e muitos lugares, visitei alguns parentes , sofri muito por lá, sempre fui um homem muito acanhado, envergonhado. Passei alguns anos de um canto pro outro, e hoje já faz quase quarenta anos que voltei, e não sai mais. Hoje tenho meu pedacinho de terra que adquiri no ano de 1993, só quando meu pai faleceu em 1996 eu construir uma casinha de taipa no terreno comprado e logo fui morar, hoje a casinha está bem melhor, reformei e ampliei ela.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Sergipe

Realização Apoio

Logo quando cheguei para morar passei muito sufoco, com bichos, cobra entrando em casa, mais o maior sufoco foi de não ter água, e a pouca que tinha era longe de casa, mais ou menos uma légua de distância o tanque que eu buscava água, até hoje eu tenho o balde que eu buscava água no tanque, ia buscar na cabeça, dava uma dor nas costas danada.De uns anos para cá construíram uma barragem acolá dai fizeram uma encanação e hoje tenho água encanada em casa, mais não bebo a água que vem dos canos porque eu não confio, quando a seca

era grande eu bebia dos canos porque era o jeito. Hoje tenho minha cisterninha no pé da casa graças a Deus, bebo água que vem de Deus, da chuva, cuido bem dela. Antes da chuva limpo o telhado, limpo as bicas, deixo a primeira água cair na vasilha e só depois coloco os canos na cisterna, para beber eu coloco no bote, antes passo num coador e coloco o hipoclorito que a agente de saúde passa para mim. Minha vida melhorou bastante, se sabe como é..., o cabra vai caindo para a idade não tem mais a disposição que tinha quando jovem, mais ainda dou uma trabalhadinha, cuido dos meus bichinhos, quando chove planto minha roça. Tenho sempre água boa e bastante para beber e também para oferecer aos amigos que chegam em minha casa, desde quando ganhei a cisterna ela nunca secou, nos períodos de seca os tanques por ai chegam a ficar com pouca água e logo fica barrenta e de gosto ruim, como não tenho mais necessidade de buscar água nos tanques, graças a minha cisterna não passo mais esse aperreio. Hoje moro aqui sozinho, mais estou perto dos meus parentes e amigos, quando quero me divertir, vou me encontrar com os amigos, com gente da minha família. Eu estou sozinho mais não estou desprezado. Estamos esperando Deus mandar chuva para botar a roça, crescer o capim e as coisas ficarem melhor por que água boa no pé da casa já tenho.

Pote com boa água Antigo barreiro p/consumo