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DISCIPLINA TEOLÓGICADISCIPLINA TEOLÓGICADISCIPLINA TEOLÓGICA

REALIZAÇÃO:

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REALIZAÇÃO:

Igreja Renovação em Cristo

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ITER – Instituto Teológico Renovação Pentateuco 1

INSTITUTO TEOLÓGICO RENOVAÇÃO - ITER

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida sem autorização prévia por escrito do ITER - Instituto Teológico Renovação. Não poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, scaneados, gravação ou quaisquer outros, salvo breves citações com indicação direta da fonte.

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Sobre o livro Didático Categoria - Religiões - Teologia Execução - 2013 1ª Edição Título Original: Pentateuco

Todos os direitos reservados por

ITER- Instituto Teológico Renovação

Avenida Capitão Luiz Antônio Pimenta nº 354

São Vicente - SP

CEP 11330-200

Contatos: Pr. Abdón Solís

(13) 3466.7627 / (13) 97418.6972 / ID 35*41*59516

(13) 99166.2290 / (13) 7820.9501 / ID 55*64*117909

Equipe de Realização Produção fotográfica:

Nathalia Alves Solís

Supervisão Geral:

Ap. Natanael Solís

Produção Editorial, Coordenação e Revisão Teológica:

Pr. Abdón Solís

Índice Catálogo Sistemático

1- Referência – Teologia do Antigo Testamento – Religião

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INTRODUÇÃO

Pentateuco é o nome pelo qual, classicamente, é conhecida a coleção dos cinco

primeiros livros do Antigo Testamento. Este compêndio de livros com seus nomes,

divisões e formação é identificado pelo seu significado em grego penta + teuchós que

traduz por “cinco estojos” ou “rolos”. Estes estojos ou rolos nada mais eram do que as

vasilhas ou vasos, supostos armazenadores onde nos tempos antigos se guardavam

os papiros evitando a deterioração dos documentos e escritas dos ancestrais. Para os

judeus este conjunto chama-se Torah em língua hebraica, que passou a ser chamado

de “Lei” até hoje, entretanto o termo Torah inclui um sentido de “orientar”, “guiar”,

“dirigir”, “instruir” ou “ensinar” (Dt 31.9). A divisão destes livros em cinco, facilita a

nossa compreensão.

Segundo a Bíblia Ilumina do Século XXI “a divisão corresponde a uma época já

remota: encontra-se na tradução grega do Antigo Testamento, a chamada

Septuaginta ou Versão dos Setenta, que data do século III a.C.”. Por ser muito

extenso foi realizada a separação dos livros para um melhor exercício: Gênesis

significa “origem”; Êxodo que significa “saída”; Levítico, que relaciona com “o culto e

os levitas”; Números, que denota e caracteriza seu significado como “conta” ou

“censo” do povo no deserto; e por fim Deuteronômio, que significa1 “uma repetição e

não segunda Lei”.

O Pentateuco em sua essência é dedicado “em instruir o povo de Israel e a

regulamentar a sua conduta, tanto na ordem ética pessoal e social como, muito

especialmente, na religiosa”. Então a partir destes elementos, temos suas narrativas

de Gênesis á Deuteronômio. Nesta disciplina iremos abordar estas particularidades,

peculiaridades, tradições, oposições narrativas do Pentateuco.

1 Em hebraico: Genesis é Bereshit (no princípio) ao segundo, Shemoth (nomes) ao terceiro, Wayiqrá (e

ele chamou) ao quarto, Bemidbar (no deserto) e, ao quinto, Debarim (palavras).

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PENTATEUCO

O Pentateuco é um compendio histórico-literário, que relata os nobres e divinos fatos

sobre um povo, uma nação: Israel. Suas origens, seus costumes e tradições, a

entrega da orientação escrita por Yahweh ao seu servo Moisés e o início dos cultos,

são apontados neste livro. Os hebreus conheciam-no como a “Torah” ou “Lei”, sendo

essa obra também o código normativo da vida da nação. Os judeus ainda chamavam

o Pentateuco de o “Livro da Lei” ou a “Lei de Moisés”, ou a “Lei do Senhor” (Js 1.8-31;

2Cr 35.26; Ed 7.10). Dentre os nomes que se encontram dentro da Bíblia Sagrada se

referindo à Torá temos: “Livro de Moisés” (2Cr 25.4), “Livro da Lei de Moisés” (Ne 8.1)

e “Livro da Lei do Senhor” (2Cr 17.9).

O Senhor Jesus citou a Lei para seus discípulos, dizendo: “São estas as palavras que

eu vos falei, estando ainda convosco, e que importava se cumprisse tudo o que de

mim está escrito na Lei de Moisés” (Lc 24.44-45).

A palavra Pentateuco mesmo sendo grega e não hebraica, refere-se aos cinco

primeiros livros da autoria de Moisés como rege a tradição, de Gênesis a

Deuteronômio. Destacamos a relevância do Pentateuco: peso histórico e tradição, sua

plena autenticidade e comprovação na história e nas academias e sua profunda

consolidação religiosa para o povo judeu.

I. AS ORIGENS DO PENTATEUCO

AUTORIA: TRADIÇÃO CRISTÃ E JUDAICA - A autoria deste compêndio literário é

defendida por vários séculos como sendo do grande líder Moisés. Não é difícil de

encontrar oposição à tese da autoria mosaica. A nossa fé e pensamento teológico

estão em concordância com um dos maiores expositores bíblicos da atualidade sobre

a autoria mosaica, sem dúvida. O teólogo Eugene H. Merrill na Teologia do

Pentateuco, descreve que para supracitar esta afirmação confirmando que Moisés é o

autor do Pentateuco, alguns detalhes precisam ser relevados, não desacreditando e

sim, confirmando. Ainda, sobre o Pentateuco e sua autoria, Zuck2 diz que “uma

teologia da Bíblia ou de suas partes tem de examinar cuidadosamente o cenário da

composição original”. Neste apontamento de autenticidade, Zuck (2009) declara que

se deve levar em conta “a época, o lugar, a situação e o autor - e a questão da forma

e função canônica final”. Partindo destes pressupostos, podemos encontrar algo mais

concreto. As tradições judaica e cristã aceitam “universalmente” que a teologia do

Pentateuco seja fundamental ao que relata o próprio Antigo e Novo Testamento. A

assertiva é importante para a crença da autoria de Moisés e sua teologia sendo

confirmada pelos próprios judeus. Por outro lado, é de grande importância voltar

2 ZUCK, Roy B. Teologia do Antigo Testamento: CPAD, 2009.

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nossos olhos para o contexto histórico do Pentateuco, pois nestes são tratados os

elementos valiosos do cenário.

Naturalmente os judeus reconhecem o valor do Pentateuco, entretanto, desde que

Baruch Spinoza questionou tal tradição em 1671, tem sido uma prática comum os

críticos eruditos negarem a autoria de Moisés, com base textual e linguística. Apesar

dessas contestações, a autoria mosaica (Ex 7.1) é confirmada tanto por evidências

internas como externas do Antigo e do Novo Testamento e pela tradição clássica

cristã e judaica. O fato de ele ter usado outros documentos, bem como palavras

diretas de Deus, é compatível com a inspiração divina na seleção do material.

Os seguintes livros do Cânon tanto judaico (Torah) como cristão (a Bíblia) afirmam

que o Pentateuco é de autoria de Moisés (Ex 17.14; 24.4; Nm 33.1,2; Dt 31.9; Js 1.8;

2 Rs 21.8). Este homem é considerado um dos mais respeitosos dentro da fé judaica

em todas as vertentes do Judaísmo. Sua vida, experiência, chamada e trajetória são

mais que comprobatória que Moisés é o autor do Pentateuco.

CONTEXTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO - Igualmente, indagam-se os locais onde

Moisés possivelmente escrevera tais livros. Como já dissemos, não resta dúvida

sobre os textos que são apresentados para esta comprovação geográfica. Moisés foi

o ungido-libertador no Êxodo que comunicou aos israelitas sobre a revelação de Deus

quando ainda eram escravos no Egito e depois o comprovou como se vê no próprio

Pentateuco. Os fatos históricos e geográficos sobre a vida de Moisés, do povo

israelita e outros fatos aconteceram nas Planícies de Moabe, quarenta anos depois do

Êxodo, na época em que Israel estava prestes a conquistar Canaã e estabelecer-se

como entidade nacional em cumprimento das promessas vociferadas aos patriarcas.

O teólogo e historiador do Antigo e Novo Testamento, Merrill, conclui:

“Embora não haja dúvida de que houvera uma tradição oral (e talvez escrita) contínua acerca das suas origens, história e propósito, foi Moisés que reuniu estas tradições e as integrou ao corpo conhecido por Torá, desta forma surgindo uma síntese abrangente e oficial. Ficou clara a significação do Êxodo e do concerto sinaítico levando em conta as antigas promessas patriarcais. Além disso, o papel de Israel diante do pano de fundo da criação e das nações do mundo inteiro ganhou significado. Em suma, o cenário do Pentateuco era teológico tanto quanto geográfico e histórico. Tornou-se a expressão escrita da vontade de Deus para Israel em termos dos propósitos divinos mais amplos na criação e redenção.”

A situação tanto literária quanto oral de Deus para Moisés é uma relação que se

iniciou desde os patriarcas, passando pelo Egito, no período de escravidão israelita e

se confirma por intermédio desta literatura vetero-testamentária que chamamos

Pentateuco. A oralidade fez parte do curso da história de vida e relacionamento desde

Abraão, Isaque e Jacó alcançando Moisés. Por isso não descartamos a premissa de

Moisés ser o autêntico autor por ordem de Deus para servir de testemunho a todos os

povos que ele guiava no deserto até a terra.

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IMPORTÂNCIA DO PENTATEUCO - Ao analisar as linhas mestras da Teologia que

circulam entre os gêneros literários do Antigo Testamento, não se pode ignorar que o

Pentateuco está em primeira posição em todos os “arranjos” do Cânon do Antigo

Testamento. O que reafirma o pressuposto de que os cinco livros são basicamente

para o entendimento dos outros livros – históricos, poéticos e proféticos. Sem o

Pentateuco os livros posteriores não teriam sentido. É necessário conhecer este pano

de fundo do Pentateuco para que se possa contextualizar o conhecimento do início e

origens do povo hebreu e de outros povos, para se estabelecer algo concreto no

sentido literário histórico na sua essência sem equívocos. O Pentateuco é a base do

Antigo Testamento.

A HIPÓTESE DOCUMENTÁRIA – Durante muitos séculos se pensou que Moisés

tivesse escrito pessoalmente todo o Pentateuco. Em 1753, Astruc, médico de Luís XV

(rei da França), notando que Deus era chamado, no Pentateuco, ora de Yahweh ora

de Elohim, aventou a hipótese de que isso se devesse a narrações paralelas. Nascia

assim a Hipótese Documentária. Ela passou por reformulações e sua história foi

ampliando suas fronteiras em decorrência das descobertas arqueológicas, que

restituiriam antigos documentos assírio-babilônicos.

A Hipótese Documentária propõe que o Pentateuco foi derivado de fontes

independentes, paralelas e narrativas completas, que foram subsequentemente

combinadas em sua forma corrente por uma série de redatores ou editores. O número

destas fontes é usualmente fixado como sendo quatro, conhecidas como, Javista ou

J, a fonte Eloísta, ou E, a fonte Deuteronomista, D (este nome provém do fato de esta

fonte é a base do livro do Deuteronômio) e a fonte Sacerdotal, ou P (em alemão,

sacerdote é priester, e em inglês é priest).

Hoje dificilmente encontramos um especialista que não admita que o Pentateuco seja

constituído por quatro documentos, embora as pesquisas tendam, às vezes, a se

diversificarem muito e a atribuição de um ou outro versículo a esta ou àquela tradição

possa ser contestada. Veremos em nosso estudo então estas quatro tradições das

origens do Pentateuco:

J: A HISTÓRIA JAVISTA (escrita cerca de 950 a.C. no sul do Reino de Judá)

A forma poética dos relatos sobre o reino do sul (Judá).

Destacam o nome divino Javé (Yavé).

Relata desde a criação (Gn 2.5-25) até a conquista de Canaã.

E: A HISTÓRIA ELOHISTA (escrita cerca de 850 a.C.)

Relatos sobre Moisés no reino do norte (Israel).

Destacam nome divino Elohim.

Relata desde a criação (Gn 2.5-25) até a conquista de Canaã (uma síntese das tradições de J e E).

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D: A HISTÓRIA DEUTERONÔMICA (escrita cerca de 550 a.C. em Jerusalém)

Possui uma interpretação do reino do norte da história de Israel desde Moisés até o exílio (depois

de 587 a.C.).

E são incluído os livros de Deuteronômio, Josué, Juizes, 1 e 2 Samuel, e 1 e 2 Reis.

Estabelece uma síntese das tradições mosaicas (tribos) e as tradições e o período monárquico de

Davi.

A justiça de Deus: a provação de Israel mediante sofrimento, punição divina por causa do pecado

da nação.

P: A HISTÓRIA SACERDOTAL (escrita cerca de 550 a.C. pelos kohanim,

sacerdotes judeus, no exílio babilônico)

É a orientação, instrução para os sacerdotes de Jerusalém sobre as instituições religiosas e história

Israelita.

Contém uma interpretação do reino do Sul sobre a história de Israel desde Moisés até a restauração

(depois de 538 a.C.).

São mencionados temas do livro de Gênesis (1.1-2.4) até Números e os livros de Crônicas-Esdras-

Neemias.

Muito embora a Hipótese Documentária (também conhecida como Hipótese de

Wellhausen) tenha sido substancialmente alterada e modificada por outros modelos

paralelos no século XX, sua terminologia e seus insights continuam a providenciar um

referencial para as modernas teorias sobre as origens da Torá.

O HEXATEUCO / TETRATEUCO E DEUTERONOMISTA

Alguns estudiosos acrescentam ao Pentateuco o livro de Josué – chamado

“Hexateuco”. A priori, é que o Deuteronômio finaliza com a morte de Moisés e não

narra a entrada na terra prometida, somente no livro de Josué confirma-se este fato

histórico. Outros estudiosos optam por outra vertente - o “Tetrateuco”, excluindo o

livro de Deuteronômio. O Tetrateuco é uma introdução da chamada História

Deuteronomista, que compreende os livros de Josué, Juízes, Samuel e Reis.

Os acadêmicos em Antigo Testamento são defensores destas áreas de interpretação.

Não são todos, porém boa parte simpatiza e flerta com as correntes Javista, Elohista,

Deuteronômica e Sacerdotal. Devemos lembrar que nesta mesma linha é inserida a

distribuição destes documentos teológicos em algumas áreas. Para Senday (2013) as

seguintes informações sobre as teorias se compreendem como:

“Javista: está presente nos livros de Gn, Ex e Nm. Começa em Gn 2.4b e se estende até Nm 32. O texto base de sua teologia é Gn 12.1-3, a vocação de Abraão. Eloísta: também se encontra em Gn, Ex e Nm. O primeiro texto eloísta do Pentateuco é Gn 15 e o último é a perícope de Balaão, em Nm 22. A teologia está centrada na aliança que Deus fez com Abraão e especialmente

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com Moisés no Sinai. Deuteronomista: está presente apenas no livro de Deuteronômio. O ponto central é a eleição divina: Deus escolheu Israel como seu povo. Sacerdotal: começa em Gn 1.1 e se estende até Dt 34. Portanto está presente em todos os livros do Pentateuco. Seu ponto central é a aliança do Sinai, com todas as suas leis que faz de Israel uma comunidade santa.”

Em todas estas vertentes sobre o Pentateuco, o mais preocupante é a negação da

autoria de Moisés. Todos os estudantes da Bíblia necessitam ter uma noção do que

se trata esta questão e sua importância para a posteridade. A vertente liberal em

oposição à conservadora e vice versa, é apresentada aqui para esclarecimento e

orientação desta disciplina. De acordo com o teólogo Tokashiki, “atualmente o

liberalismo predomina nos estudos do AT em todo o mundo”. Para isto ele alista

alguns nomes que concordamos nesta premissa:

“Liberais: Negam a unidade e autoria mosaica. Klaus Homburg, Introdução ao AT, Ed. Sinodal, 1981. Aage Bentzen, Introdução ao AT, ASTE, 1968, 2 vols. E. Sellin & G. Fohrer, Introdução ao AT, Ed. Paulinas, 1978, 2 vols. Werner H.Schmidt, Introdução ao AT, Ed. Sinodal”.

E, contudo, na ala conservadora ele expõe os seguintes nomes:

“Edward J. Young, Introdução ao AT, Ed. Vida Nova, 1964. Clyde T. Francisco, Introdução do VT, JUERP, 1969. Gleason L. Archer, Merece Confiança o AT?, Ed. Vida Nova, 1991. Stanley A. Ellisen, Conheça Melhor o AT, Ed. Vida, 1996. W.S. Lasor, D.A. Hubbard & F.W. Bush, Introdução ao AT, Ed. Vida Nova, 1999 (conservador?)”.

Aconselhamos ler estes livros, porém, seus pensamentos não são coerentes com a fé

clássica. Para um estudioso da Bíblia Sagrada, estas vertentes se chocam

diretamente não fomentando um pensamento unívoco concernente aos milagres e

prodígios que Deus realizou com seu povo, visto que muitas destas vertentes não

respeitam a posição sobrenatural que a fé cristã tramita.

II. AS DIVISÕES E SUBDIVISÕES DO PENTATEUCO

O Cânon hebraico é um livro sagrado para os judeus. A primeira parte do Antigo

Testamento chamado de Pentateuco, do greco-latino pentateuchus “o livro guardado

em cinco vasos”. Este por sua vez, consiste em um regido e extenso grupo de

instruções irrevogáveis para a nação. Este conjunto dos cinco primeiros livros da

Bíblia é formado por narrações históricas e instruções. “Assim, a aliança é o elo

teológico do Pentateuco, o sinal desta marca é a circuncisão dos judeus”. A temática

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do Pentateuco gira em torno da reconciliação e da restauração. Nele são

apresentadas as três leis importantes para o povo de Israel: Lei Cerimonial - Culto a

Yahweh (Lv 1.1-13); Lei Civil - A vida diária de Israel (Dt 24.10,11) e a Lei Moral - Os

dez mandamentos (Ex 20.1-17). Em suma, o Pentateuco é o cânon hebraico de

grande importância. O mesmo é dividido em duas grandes partes, são elas: A

primeira parte: Gênesis 1 – 11. A segunda parte: Gênesis 12 – Deuteronômio 34. O

Centro de Estudos Teológicos de São Paulo explana descritivamente, enumerando

estes livros da seguinte forma:

Gênesis: Soberania de Deus sobre a criação, o homem e as nações.

Êxodo: Poder de Deus para julgar o pecado e redimir seu povo.

Levítico: Santidade e provisão de Deus para uma vida santa.

Números: Benevolência e severidade de Deus ao disciplinar seu povo.

Deuteronômio: Fidelidade de Deus ao cumprir suas promessas.

As discordâncias destas afirmações são naturais. Porém, não há necessidade de

mutilar estas veracidades históricas. A Lei (Torah), instrução, orientações e padrão

para o povo escolhido sempre serão a lei dada a povo hebreu. A sua relevância para

a religião judaica permanece atual, extremamente respeitada e memorada.

Alegações fictícias e religiosas em oposição ao Pentateuco - Estes cinco livros de

Moisés são os escritos mais antigos. Isto é incontestável. Para os místicos,

admiradores e simpatizantes do hinduísmo, o livro mais antigo do mundo é o

Mahabarata3 (um dos livros sagrados para os hindus). O outro livro importante para o

hinduísmo é o Bhagavad Gita4 Sendo suas formas de narrações quase que

inexplicáveis e incoerentes. O livro de Gênesis e todo o Pentateuco não são confusos.

Seu fator primordial é que seus escritos são compassada e diretamente vivenciados e

orientados pelo Divino - o Eterno. Ao mergulharmos nos discursos e narrativas do

Pentateuco, entenderemos ainda mais a veracidade desta epopeia do povo hebreu e

israelita com o seu Deus. Assim, no livro do Gênesis – vemos o começo de tudo.

1) O LIVRO DE GÊNESIS

O título Gênesis vem do grego e quer dizer “origem”. A primeira palavra do Gênesis

em hebraico Bereshit5 se traduz “no princípio” - palavras que indicam tanto o alcance

como os limites do livro. Gênesis relata o começo de tudo, menos de Deus. Outra

3 Segundo o livro das religiões publicado da Cia.Das Letras (2002) “A religião hinduísta o tem como o

segundo da classe de extrema importância e princípios. O Mahabharata é a maior história da Índia, contendo uma narrativa de poema épico sobrepujando e ultrapassando cem mil versos, todos compostos em sânscrito pelo sábio Vyasa. Para a religião o Mahabharata contém incidentes dramáticos, instrutivos e altamente filosóficos ao mesmo nível do “Bhagavad-gita” (HELLERN, VICTOR. NOTAKER, HENRY, GARDER, JOSTEIN. P.31-51). Este livro transmite uma ideia complexa de conhecimento de uma forma, valorizando a cultura do modo de vida védico. 4 HELLERN, Victor. NOTAKER, Henry, GARDER, Jostein. O livro das religiões, Cia. Das Letras, 2002.

5 Tradução que aparece na Septuaginta.

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ITER – Instituto Teológico Renovação Pentateuco 10

coisa a notar é que ele conta só os começos, não fala do fim das coisas. Sobre suas

verdades se ergue toda a futura revelação de Deus ao homem. Sem o Gênesis nosso

conhecimento de um Deus Criador seria lamentavelmente limitado; seríamos

tristemente ignorantes do início do nosso Universo. Por isso o livro poético e

descritivo de Gênesis é chamado “sementeira das Escrituras”.

A. AUTORIA DE GÊNESIS

A tradição e posicionamento antigos de hebreus e cristãos é a de que Moisés, guiado

pelo Espírito de Deus, escreveu o Gênesis. O livro termina trezentos anos antes do

nascimento de Moisés. Moisés só poderia ter recebido as informações mediante

revelação direta de Deus ou por via de registros históricos a que tivesse acesso, que

tinham sido transmitidos por seus antepassados (Am 3.7). Veja o que Jesus disse

sobre Moisés (Lc 24.27; Jo 7.19). Todos os anos surgem provas, em escavações

feitas no Egito e na Palestina, de escritos dos dias de Moisés e da verdade histórica

do que está registrado no Pentateuco. Moisés foi educado no palácio de faraó e “foi

instruído em toda a ciência dos egípcios” (At 7.22), que incluía a profissão literária.

Moisés fez uso da escrita (Ex 34.27; Nm 17.2; Dt 6.9; 24.1,3; Js 8.32).

B. ESBOÇO DE GÊNESIS

O doutor Carlos Osvaldo Pinto em sua obra Foco e desenvolvimento no antigo

testamento é uma das autoridades que mais expressa questão sintética do livro do

Genesis6. O esboço sintético do livro de Gênesis (PINTO, 2006, P.31) pode ser

destrinchado da seguinte maneira:

1. “O começo do mundo (Gn 1.1-25) 2. O começo da raça humana (Gn 1.26-2.25) 3. O começo do pecado no mundo (Gn 3.1-7) 4. O começo da promessa da redenção (Gn 3.8-24) 5. O começo da vida familiar (Gn 4.1-15) 6. O começo de uma civilização humana (Gn 4.16-9.29) 7. O começo das nações do mundo (Gn 10-11) 8. O começo da raça hebraica (Gn 12-50)”.

A forma mais explicativa de como este trecho pode ser aplicado é:

Adão começou com Deus e caiu pela desobediência (Gn 3)

Abel começou com Deus pelo sangue do sacrifício (Gn 4.4)

Noé começou com Deus por meio da arca (Gn 6.8,14, 22)

Abraão começou com Deus ao construir altares (Gn 12.8).

6 PINTO, Carlos Osvaldo. Foco e Desenvolvimento no Antigo Testamento, 2006.

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ITER – Instituto Teológico Renovação Pentateuco 11

A princípio lembramos que todos estes estabeleceram novos começos para a raça. O

registro destes acontecimentos é fantástico. De fato, Gênesis é o registro do começo

de todas estas coisas. Não é de admirar que quando os homens, por causa da sua

cegueira espiritual (Ef 4.18), rejeitam a revelação de Deus neste registro incomparável

do princípio, “eles adoram o acaso como o criador, os animais como seus

antepassados e a humanidade decaída” como vemos em Romanos no capítulo 1. O

relato literário do Gênesis começa com a vida vinda de Deus, mas termina com a

morte de um homem em um monte (Moisés). Algo intrigante! Este livro é a história do

fracasso do homem. Mas Deus resolve todos os fracassos humanos. Ele é o Salvador

glorioso (Rm 5.20).

O registro do Gênesis se estende aproximadamente por um espaço pelo menos 2.000

anos. Não é inteiramente história; é uma interpretação sobrenatural da história. Mas

sempre haverá quem se oponha a esta maravilha. Em dois capítulos, Deus apresenta

a narrativa da criação do mundo e do homem. A partir daí, temos a história da

Redenção: Deus trazendo o homem de volta ao regaço divino. As forças das trevas

desde o começo intentam contra este livro, trazendo confusão, procurando distorcer

as verdades criacionistas, sua autoria mosaica, comprovação científica, literalidade

hamartiológica, contextualizada com a obstinação do ser humano. A essência deste

livro é de suma importância e constantemente sofre com afrontas maléficas. As

Escrituras declaram que o Gênesis é um dos oráculos vivos e eternos entregues a

Moisés. O próprio Messias dá esse testemunho (Jo 5.46,47). Não há como negar. Do

contrário, logo teremos que negar um Supremo Criador Divino, a sua criação

magnífica, o Redentor divinamente prometido, e um livro (Bíblia) ou a Torah (para os

judeus) divinamente inspirado. As ferramentas teológicas nos auxiliam neste

agrupamento dos escritos, proporcionando um olhar literário, histórico-geográfico,

cultural, linguístico e espiritual. O Pentateuco confirma-se nestes aspectos sem

contradição.

O teólogo Mathew Henry em seu comentário Bíblico do Antigo Testamento7 sobre

este livro inicial do conjunto Pentateuco afirma:

“Gênesis é um nome tomado do grego; significa “o livro da geração ou das origens”; chama-se assim apropriadamente pois contém o relato da origem de todas as coisas. Não há outra história tão antiga. Nada há dentro do livro mais antigo que existe que o contradiga; ao contrário, muitas coisas narradas pelos escritores pagãos mais antigos, ou que se podem descobrir nos costumes de nações diferentes, confirmam o relatado no livro do Gênesis”.

As outras origens são registradas nos primeiros onze capítulos: “o universo natural, a

vida humana, o pecado, a morte, a redenção, a civilização, as nações e as línguas”. O

restante do livro, a partir do capítulo 12, trata do começo da raça hebraica, primeiro na

sua formação por meio de Abraão, depois no seu desenvolvimento subsequente e em

sua história mediante as grandes figuras de Isaque, Jacó e José. Essa grande nação

hebraica foi estabelecida com o propósito definido de que por meio dela, o mundo

todo fosse abençoado (Gn 12.1-17). Deus prometeu a Abraão, um crente nele, que

seus descendentes:

7 HENRY, Mathew. Comentário Bíblico do Antigo Testamento, Tradução ao espanhol de Daniela Raffo,

CPAD, 2006.

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1. Herdariam a terra de prometida (Gn 12.1-3).

2. Os faria uma grande nação.

3. E por intermédio deles (descendência de Abraão) todas as nações da terra

seriam abençoadas.

Posteriormente, o Deus de Abraão repetiu estas promessas a Isaque e a Jacó (Gn

26.1-5; 28.13-15) e depois a Moisés. Alguns intérpretes da Teologia tentam extrair as

mais diversas formas de conteúdo deste livro. Grandes nomes e mensagens são

encontrados nele em uma exegese aplicada. Contrastando com os temas e

colocando-os em prática entendemos a sua preciosidade na vida cristã.

Os assuntos abordados no livro do Gênesis respondem às grandes perguntas que a

humanidade busca; a resposta para suas inquietações espirituais. As supostas

perguntas são respondidas neste livro com fundamentos negativos e positivos como:

1. A eternidade de Deus; 2. De onde veio o homem?; 3. Como surgiu o pecado?;

4. Como pode o homem pecador voltar para Deus? (Sacrifício de Abel); 5. Como pode

o homem agradar a Deus? (A fé de Abraão e a submissão de Jacó).

Teólogos e estudiosos da linha criacionista concordam na subsequência do pequeno

esboço de três simples palavras:

1. Geração - No princípio Deus... (Gênesis 1.1) 2. Degeneração - Mas a serpente... (Gênesis 3.1) 3. Regeneração – Ora, o Senhor... (Gênesis 12.1)

Este resumo é prático para evitarmos toda a complexidade deste livro. O Gênesis é o

registro da derrocada do ser humano, primeiro num ambiente ideal (Éden), depois sob

o domínio da consciência (da queda até o dilúvio), e finalmente sob o governo

patriarcal (Noé a José). Em cada caso de queda, porém, Deus supriu a necessidade

do homem com as maravilhosas promessas da graça soberana. É apropriado,

portanto, que o primeiro livro nos mostrasse o fracasso do homem, resolvido pela

salvação de Deus, em todas as circunstâncias. E nestas linhas introdutórias e

esboçadas, entendemos a criação das gerações, a degeneração e a promessa de

regeneração e redenção. Deus cria, a serpente destrói e Deus restaura.

Identificações messiânicas no Gênesis - Em teologia bibliológica e hermenêutica

aprendemos que Jesus Cristo é o centro da Bíblia. Ele se encontra em cada página.

Em Gênesis se apresenta como tipologia e profecia. Os tipos de Cristo e as profecias

referidas a Jesus estão hermeneuticamente expressas nas seguintes passagens do

Pentateuco em Gênesis: A Semente da mulher (Gn 3.15); Abel e seu sacrifício de

sangue (Gn 4.4 ); a entrada na arca da segurança (Gn 7.1,7 ); a oferta de Isaque (Gn

22); José erguido da cisterna ao trono (Gn 37.28; 41.41-44).

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C. DIVISÕES DO LIVRO

1. O relato da criação (Gênesis 1 e 2) - Indubitavelmente este relato mosaico foi

escrito bem antes, provavelmente por Abraão, Noé, ou Enoque. Não se sabe ao certo.

Na ótica de Paul Hoff em seu livro Pentateuco (2005) confirma “as informações sobre

os relatos são verídicos. Os achados arqueológicos, registros outros utensílios são

prova cabal sobre tudo”. A escrita era comum antes dos dias de Abraão. Em Ur, como

em todas as cidades importantes da Babilônia, havia muitas bibliotecas com milhares

de escritos, livros, obras de referência, livros de matemática, de astronomia, de

geografia, de religião e de política. Sem dúvida Abraão recebeu tradições ou registros

de Sem sobre a história da criação, da queda do homem e do dilúvio. Abraão viveu

numa sociedade culta, com instrução e com certeza registrou tudo o que aconteceu

consigo e com as promessas que Deus lhe fez. Usou placas de barro em escrita

cuneiforme, para serem guardadas nos anais da nação que ele estava fundando.

O livro começa com estas palavras que o tempo não conseguiu deslustrar: “No

princípio criou Deus os céus e a terra”. Nestas simples palavras temos a declaração

da Bíblia quanto à origem deste universo material. Deus fez com que todas as coisas

surgissem pela palavra do seu poder. Ele falou e os mundos foram formados (Hb

11.3). As interpretações quanto ao método de Deus podem diferir, mas a verdade do

fato permanece. A obra criadora de Deus foi progressiva, o que primeiro foi:

O mundo da matéria (Gn 1.3-19);

Os seres vivos (Gn 1.20-25);

O homem, coroa da criação (Gn 1.26, 27).

A pergunta retórica é: Quem era o Deus mencionado tantas vezes nos primeiros trinta

e um versículos do Gênesis? Os livros neotestamentários (Jo 1.1; Hb 1.1) são

possíveis explicações. Aqui vemos Aquele que nos redimiu por seu precioso sangue,

nosso Salvador, aparecendo como o Criador deste Universo. Alguém afirmou que

“Deus Pai é o arquiteto, Deus Filho é o construtor, e Deus Espírito Santo é o

embelezador do Universo”. O Espírito Santo está em ação na criação (Gn 1.2).

No capítulo 1 temos o relato da criação em esboço; no capítulo 2 parte dela é

pormenorizada. Esses pormenores se referem à criação do homem, pois a Bíblia é a

história da redenção do homem. Deus criou o homem à sua própria imagem a fim de

o homem ter comunhão com ele, mas o homem separou-se de Deus pelo pecado. Só

quando o pecado é removido, podemos de novo ter comunhão com Deus. Por isso é

que Jesus Cristo veio a esta terra, a fim de levar “ele mesmo em seu corpo, sobre o

madeiro, os nossos pecados” (1Pe 2.24). O pecado não só impede a nossa

comunhão com Deus, mas também impede a comunhão de uns com os outros (1Jo

1.9) e aponta-nos o caminho para restauração devido a queda (Gn 3).

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2. A Queda (Gênesis 3 e 4) 8:

“Adão e Eva foram criados em estado de inocência, mas com o poder de escolha. Foram provados sob as circunstâncias mais favoráveis e dotados de mente clara e coração puro, com capacidade de fazer o bem. Deus lhes deu sua própria presença e comunhão (Gn 3.8)”.

O adversário Satanás, o desvirtuador, enganador e influenciador do pecado, agindo

por meio de uma serpente, tentou-os a duvidar da Palavra de Deus. Eles cederam à

tentação e falharam na obediência. Aqui o pecado entrou no mundo. Satanás ainda

influência os homens para desobedecerem a Deus. Os resultados do seu pecado são

apresentados em Gênesis 3. Separaram-se de Deus, a terra foi amaldiçoada, e a

tristeza encheu-lhes os corações. Contudo a promessa de redenção pela magnífica

misericórdia foi profetizada ainda no Gênesis (3.15). A semente da mulher (Jesus,

nascido de uma virgem) destruiria as obras do diabo (1Jo 3.8), e aconteceu.

“Logo após a ‘queda’, os homens passaram a cultuar ao Senhor como o Senhor se

agradaria. Tinham o propósito de manter diante do homem o fato da sua queda e o

Sacrifício por vindouro. Pelo derramamento desse sangue é que ele seria redimido do

pecado” 9 e da morte (Hb 9.22). Dois dos filhos de Adão, Caim e Abel, trouxeram seus

sacrifícios ao Senhor. “Caim, trouxe do fruto da terra. Abel, por sua vez, trouxe das

primícias do seu rebanho” (Gn 4.3, 4). A oferta de Abel foi aceita ao passo que a de

Caim foi rejeitada. Pelo conhecimento da Palavra temos prova de que a oferta não foi

aceita porque não era típica do sacrifício que seria mais tarde oferecido no Calvário.

Caim irou-se contra seu irmão e em sua ira o matou.

Os estudiosos do Pentateuco e Antigo Testamento afirmam que “a primeira escrita

surgiu quando Deus pôs um “sinal” em Caim” (Gn 4.15). O sinal representava uma

ideia e o povo sabia qual era. Essas marcas ou sinais eram usados para registrar

ideias, palavras ou combinação de palavras. Esse tipo de escrita foi descoberto em

cidades pré-históricas da Babilônia. Notavelmente, antes de Deus dar a Lei a Moisés

(Ex 20), encontramos várias ordenanças muito definidas no livro de Gênesis. Desde o

princípio Deus tinha instituído o dia de descanso (Gn 2.1-3) e o casamento (Gn 2.24).

A lei do dízimo já era observada (Gn 14.20) por Abrão e posteriormente nas palavras

de Jacó em Gn 28.22. O Criador apenas tentou mostrar para o homem (descendente

de Adão), que ele era apenas o administrador e não dono da criação.

3. A Primeira Civilização - A civilização anterior ao dilúvio se chama “civilização

antediluviana” e pereceu nesse julgamento. Foi à civilização iniciada por Caim.

Terminou em destruição. A Bíblia ensina e os arqueólogos confirmam que os homens

que viveram antes do dilúvio não eram selvagens. Já tinham atingido um considerável

grau de civilização (Gn 4.17-22). Embora não se saiba muito sobre os antediluvianos,

alguns dos lugares que habitaram foram descobertos e remanescentes das suas

obras confirmam uma civilização como a Bíblia parece descrever.

8 Artigo Disponível em http://irmaorobson.blogspot.com.br/2011/04/queda_8178.html 9 Ibdem.

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Em três cidades, Ur, Quis e Fara, o depósito sedimentar deixado pelo dilúvio foi

descoberto pelo Professor Woolley, arqueólogo enviado pelo Museu Britânico e pela

Universidade da Pensilvânia. Debaixo dos depósitos diluvianos em Ur ele encontrou

camadas de detritos cheias de instrumentos de pedra, cerâmica colorida, e tijolos

queimados. O mesmo se deu com as outras duas cidades. Observe em Gênesis 4.16-

22. Primeiro, eram criadores de gado: “Ada deu à luz a Jabal: este foi o pai dos que

habitam em tendas e possuem gado” (Gn 4.20). Segundo, músicos: “o nome de seu

irmão era Jubal. Este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta” (Gn 4.21).

Terceiro, artífices e fabricantes: “Zilá, por sua vez, deu à luz a Tubalcaim, artífice de

todo instrumento cortante, de bronze e de ferro” (Gn 4.22). Quarto, construtores: “E

coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque. Caim edificou

uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho” (Gn 4.17).

A civilização que Caim fundou pode ter sido igual à da Grécia ou de Roma, mas o

julgamento de Deus estava sobre ela. Por quê? (Gn 6.5-7).

4. O Dilúvio (Gênesis 5-9) - A narrativa do dilúvio na Bíblia é muito simples e

direta. A história não é contada por ser assustadora ou interessante, mas porque é

fato em relação à redenção. O mal tinha crescido desenfreadamente ameaçando

destruir tudo o que havia de bom. Só restava um homem justo, Noé. Deus envia o

dilúvio para restaurar o bem na terra (Gn 6.5) e separar o justo do ímpio. Ele dava o

primeiro passo no sentido de uma nação escolhida. Noé advertira os homens por 120

anos enquanto construía a arca, mas as misericórdias de Deus foram recusadas e

assim, tiveram de perecer (Gn 6 e 7). Noé e sua família foram salvos do dilúvio pela

arca (tipologia de Cristo, nossa Arca de segurança). Quando saiu, o primeiro a fazer

foi erigir um altar e adorar a Deus (Gn 8.20). Deus salvou oito pessoas do terrível

julgamento da terra pelo dilúvio. Deu-lhes a terra purificada, com amplo poder de

governá-la (Gn 9.1-6) e o domínio sobre todo ser vivente na terra e no mar. Pela

primeira vez Deus deu ao homem um governo humano. O homem tinha a

responsabilidade de governar o mundo para Deus.

Charles Marston citado por Hoff (2005) 10, famoso arqueólogo, supera todos os

grandes detetives da ficção moderna. Em sua busca ele já desenterrou milhares de

testemunhas de pedra e cerâmica. A verdade das Escrituras fica demonstrada

quando ele empunha a pá ou a pena. Marston, muitas vezes chamado “arqueólogo

com um propósito”, tem silenciado os críticos da Bíblia. O registro de muitas pessoas

que os cientistas diziam nunca terem existido tem sido trazido à luz; muitos lugares

que pareciam só nomes bíblicos têm sido desenterrados. Marston declara que a cena

dos acontecimentos registrados nos primeiros capítulos do Gênesis parece ter sido

perto do rio Eufrates. A terra ao redor é chamada Sinear, ou Caldéia, ou

Mesopotâmia. Nós a conhecemos por Babilônia, hoje chamada Iraque.11 É uma terra

de desertos áridos através da qual o grande Eufrates desce até o Golfo Pérsico. Mas

10

Ibdem.

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os desertos estão cheios de ruínas de cidades antigas e antigos canais de irrigação. A

areia submergiu tudo. As escavações têm revelado ruínas de uma vasta civilização

que existiu 5.000 a.C. e são o indício de uma era, há pouco, quase esquecida,

marcada por dois grandes povos - os sumérios e os semitas. Os semitas derivam seu

nome de Sem, o filho mais velho de Noé. A raça hebraica, da qual descende Abraão,

foi uma ramificação desse povo. Descobertas arqueológicas na Mesopotâmia trazem

indícios do dilúvio, tanto nos escritos cuneiformes como nos seus próprios depósitos.

As bibliotecas cuneiformes parecem ter dado narrativas minuciosas e referências a

esta catástrofe. Também foi achado um prisma de barro, no qual estão inscritos os

nomes dos doze reis que governaram antes do dilúvio.

A expedição do doutor Langdon achou evidências do dilúvio em Quis, perto da antiga

Babilônia. As descobertas dos depósitos feitas pelo Dr. Woolley realizaram-se

enquanto escavavam Ur dos Caldeus, bem mais para o sul, à meia distância entre

Bagdá e o Golfo Pérsico. As escavações em Quis revelaram duas camadas distintas

do dilúvio uns seis metros abaixo da outra. O dr. Langdon liga os depósitos de Ur com

a camada mais baixa de Quis. Menciona o fato de os escribas babilônios e assírios

frequentemente se referirem à era "anterior ao dilúvio”. Um rei fala de si mesmo como

alguém que “gostava de ler os escritos da era anterior ao dilúvio”.

5. Babel (Gênesis 10 e 11) - Depois do dilúvio, o mundo teve um novo começo.

Mas em vez de os homens se espalharem e repovoarem a terra, como Deus havia

ordenado, eles construíram a grande torre de Babel em rebeldia contra Deus.

Julgavam que podiam estabelecer um império mundial independente de Deus. Foram

castigados com a confusão das línguas que Deus provocou, e assim os espalhou. A

raça foi então dividida em nações falando diferentes línguas, de acordo com os três

filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. Os filhos de Sem se localizaram na Arábia e para o

Oriente; os filhos de Cam se estabeleceram na África e os de Jafé na Europa.

Segundo Flávio Josefo, grande historiador judeu, a torre de Babel foi construída

porque o povo não quis submeter-se a Deus. Quando lemos a história em Gênesis

11.1-9, a narrativa parece indicar que o povo estava em oposição a Deus. Como

resultado, houve essa confusão de línguas e a dispersão.

A maior parte dos descendentes de Noé parece ter migrado da Armênia, onde a

família de Noé deixou a arca, voltando para a planície da Babilônia onde construíram

a torre.

6. Período Patriarcal - O período dos patriarcas é o fundamento de toda a

História. Inclui o período de Adão a Moisés. Devido ao fracasso dos homens durante

esse período primitivo, Deus chamou um indivíduo. Ele colocou de lado a raça e

chamou um homem, Abraão, que iria tornar-se o pai da nação hebraica. Esse período

se inicia em Gênesis 12.

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Ao todo o Gênesis registra cinco Patriarcas:

1. Abraão

2. Isaque

3. Jacó

4. José

5. Jó 12

Abraão (Gênesis 12-38) - Deus chamou um homem de nome Abrão para deixar seu

lar idólatra em Ur dos Caldeus, a fim de ir a uma terra desconhecida, onde Deus o

faria pai de uma poderosa nação (Gn 12.1-3; Hb 11.8-19). Fez com ele uma aliança,

conhecida como a Aliança Abraâmica (Gn 12.13). Sem essa aliança, todo o estudo do

povo escolhido, realmente, todo o AT, terá muito pouca significação. Deus repetiu

essa aliança ao filho de Abraão, Isaque, e de novo ao seu neto, Jacó (Gn 26.1-5;

28.13-15). Ele não a repetiu para ninguém mais. Estes são, portanto, os Pais da

Aliança e é por isso que lemos nas Escrituras: “Eu sou o Deus dos teus pais, o Deus

de Abraão, de Isaque e de Jacó” (At 7.32). Ele nunca acrescentou nenhum outro.

Deus fez a aliança com estes três para que eles a comunicassem a outros (Gn 12.1-3;

26.1-5; 28.13-15). Apesar da maldade do coração do ser humano, Deus quis mostrar

sua graça. Ele queria um povo escolhido:

A) que ouvisse e confiasse na sua Palavra;

B) que fosse sua testemunha às outras nações;

C) Mediante o qual o Messias prometido pudesse vir.

Assim começa a história de Israel, o povo escolhido de Deus. Por meio de Isaque,

filho de Abraão, as promessas de Deus passaram para Jacó, o qual, apesar das suas

muitas faltas, deu valor à bênção da aliança de Deus. Seu nome foi mudado para

Israel, um príncipe com Deus (Gn 32.28). Este é o nome pelo qual o povo de Deus foi

chamado israelita. Seus doze filhos se tornaram cabeças das tribos de Israel (Gn 49).

7. Do clã para a Nação - Uma boa parte da história do Gênesis é dedicada a

José (Gn 37-48). Por quê? Porque ele é a ligação entre a família e a nação. Até o

tempo de José, existia uma família, a família de Abraão, Isaque e Jacó. Foi por meio

de José que a família de Jacó se transplantou para o Egito. Aproximadamente setenta

pessoas constituíam esta família no final do livro (Gn 49). Ao virarmos a página e

entrarmos no livro do Êxodo, encontramos uma nação, não mais uma família. Deus

honrou a José, conhecido como o patriarca messiânico por causa de tantos paralelos

entre a vida deste homem e a vida de Jesus. José é o tipo de Cristo.

12

O livro de Jó deve ser colocado depois do livro do Gênesis e antes do livro do Êxodo segundo os estudiosos.

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8. Descida para o Egito (Gn 39-50) - Deus sabia ser necessário que os israelitas

deixassem Canaã até que tivessem a força suficiente para tomar posse da terra. Deus

queria salvaguardá-los de se misturarem e se casarem com as raças idólatras então

existentes na terra.

O livro do Gênesis encerra-se com as palavras: “... e morreu José da idade de cento e

dez anos; e o embalsamaram e o puseram num caixão no Egito”. Há quem diga, que

existem aproximadamente oito nomes mencionados em Gênesis que devemos

lembrar em ordem: “Deus, Adão, Satanás, Noé, Abraão, Isaque, Jacó e José”. Há seis

lugares de suprema importância em conexão com a história do Gênesis: Éden, Monte

Ararate, Babel, Ur dos Caldeus, Canaã (terra prometida) e Egito.

2) O LIVRO DE ÊXODO 13

A relação entre o Gênesis e o Êxodo é muito semelhante à que existe entre o Antigo e

o Novo Testamento. Gênesis narra o fracasso do homem em todas as provas e em

todas as condições; Êxodo é a epopeia emocionante de Deus vindo em socorro do

homem. Nele se encontra a obra redentora de um Deus soberano. Êxodo é

preeminentemente o livro de redenção no Antigo Testamento. Começa em trevas e

tristeza, porém termina em glória. Começa contando como Deus desceu em graça,

para libertar um povo escravizado, e termina declarando como Deus desceu em glória

no meio, de um povo remido. A palavra “Êxodo” vem do grego e quer dizer “saída”.

No hebraico este livro é chamado Shemoth “nomes”.

Vejamos alguns dos assuntos mais importantes do livro:

Moisés: O libertador - O livro apresenta-nos a história de Moisés, o grande herói de

Deus. O ilustre D.L.Moody disse que Moisés gastou quarenta anos pensando que era

alguém, quarenta anos aprendendo que não era ninguém e quarenta anos

descobrindo o que Deus pode fazer com um ninguém (Hb 11.23-29) 14.

A Lei - “A última parte do livro (19 - 40) nos mostra que o libertador deve ser

plenamente submisso ao seu Senhor”. Isto, tanto na vontade quanto na dedicação.

“Por isso, a lei moral é dada, e em seguida a lei cerimonial, que era a provisão de

Deus para quem violasse a lei moral.”

O Tabernáculo - O Tabernáculo é um tipo de Cristo. Deus entregou para o povo uma

figura rica em detalhes. “O Redentor que estava para vir, em seus muitos ofícios e

como um lugar para a sua glória visível na terra. Sua maravilhosa tipologia é rica em

verdades cristãs”.

A Escravidão (Êx 1.1-22) 15 - O lapso de tempo no período entre Gênesis e Êxodo

ainda não é exato. Este espaço foi o cenário para diversos acontecimentos. Há

13 Estudo Panorâmico da Bíblia, Editora Vida, 2006. 14

Ibdem 15

Ibdem

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relatos sobre invasões, lutas como no caso dos Hicsos 16, egípcios e a opressão dos

israelitas.

“Este livro começa três séculos e meio depois da cena final do Gênesis. O livro do Gênesis é a história de uma família. O livro do Êxodo é a história de uma nação. Não temos o registro do que aconteceu durante esse longo período de silêncio. O patriarca Abraão morreu quando Jacó, seu neto, tinha quinze anos. O filho predileto de Jacó, José, fora vendido para o Egito como escravo e alcançara grande poder e influência. Os filhos de Jacó haviam conquistado grande favor por causa do seu irmão José. Eram setenta pessoas quando desceram para o Egito, mas antes de saírem de lá haviam-se tornado numa nação de três milhões de pessoas. Depois que José morreu e uma nova dinastia ascendeu ao trono do Egito, a riqueza e o grande número dos filhos de Israel os fizeram objeto de desconfiança aos olhos dos egípcios. Os Faraós os reduziram a uma escravidão da pior espécie. Isso era difícil para o povo que antes vivera em liberdade e com todo o favor. Eles se lembraram das promessas que Deus fizera a Abraão e seus descendentes, e isso fazia com que a escravidão fosse ainda mais difícil de entender (Gn 12.1-3, ss.)”.

A história contada nos livros do Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio mostra que

Deus não se esquecera da promessa feita a Abraão – “de ti farei uma grande nação”

(Gn 12.2). Os registros de família de Abraão Isaque e Jacó sem dúvida foram

levados para o Egito e ali se tornaram parte dos anais de Israel. Através dos longos

anos de escravidão, eles se apegaram à promessa de que um dia Canaã seria o seu

lar. Veremos Deus descer e livrar o povo do Egito (Êx 3.7, 8). Agora os indivíduos e

as famílias tinham-se organizado em uma nação. Deus iria dar-lhes leis pelas quais

se governassem. Ele os levaria de volta à terra que havia prometido.

O Êxodo (Êx 3 e 4) - A mão poderosa de Deus sempre acompanhava seu povo, por

todo o trajeto do deserto. É de se pensar a preparação que teria de ser feita para pôr

em movimento um exército tão grande, cerca de seiscentos mil a pé17, somente de

homens, sem contar mulheres e crianças. Subiu também com eles um misto de gente,

ovelhas, gado, muitíssimos animais (Êx 12.37, 38). Moisés tinha apelado repetidas

vezes para Faraó que deixasse os filhos de Israel sair (Êx 5.1; 7.16). As pragas e as

negociações de Moisés com Faraó devem ter durado quase um ano. Isso deu tempo

aos filhos de Israel de juntar os seus pertences. As pragas ensinaram aos filhos de

Israel algumas coisas importantes, além de forçarem Faraó a deixar os filhos de Israel

sair. Nossa salvação foi planejada por Deus antes da fundação do mundo (Ef 1.4).

Achamos o modelo no livro do Êxodo. Ele é o quadro histórico da graça divina, na

reconciliação do homem por Deus através de Jesus Cristo, que é ao mesmo tempo o

grande Apóstolo (Moisés) e Sumo Sacerdote (Arão) (Hb 3.1). A história do Êxodo

repete-se em toda alma que busca libertação da influência perturbadora do mundo.

Deste ponto de vista, o livro é humano, do primeiro ao último versículo. As coisas que

aconteceram eram figuras e foram escritas para a nossa admoestação. Estudamos

Êxodo para ver como Deus liberta o homem pecador, e para conhecer os seus

propósitos de graça em assim resgatá-lo.

16 Povos de origem asiática que surgiram no período de fome e seca no antigo Egito na época do

reinado de José. Instalaram-se nas regiões próximas e estabeleceram seus acampamentos crescendo e servindo de inimigos para o Egito. 17 www.ids.org/

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A Páscoa (Êx 12 - 19) – A Páscoa é a figura mais clara no AT da nossa salvação

individual pela fé no sangue vertido por nosso Senhor Jesus Cristo. No capítulo 12

achamos a razão de chamar Cristo de “o Cordeiro de Deus”, “nossa Páscoa”, e as

muitas outras referências à sua crucificação como a morte do nosso Cordeiro Pascal.

Da mesma forma como este capítulo é o coração do livro, assim o livro todo é um

modelo da nossa salvação. A Páscoa é o fato proeminente do Êxodo (capítulo 12).

Talvez os filhos de Israel não soubessem a significação dessa festa na noite anterior

à saída do Egito, mas eles creram em Deus e obedeceram. Toda pessoa deveria

observar a ordem divina da Páscoa, conforme dada em Êxodo 12. Não era o fato de o

cordeiro ser imaculado que os salvava (Hb 9.22; 1Jo 1.7; Ap 1.5). Não é a vida sem

pecado de Cristo que nos salva, mas sua morte na cruz.

O Sangue aspergido nos umbrais - O cordeiro deveria ser morto, para que o seu

sangue tivesse utilidade. O sangue era suficiente, mas não tinha valor se não fosse

aplicado. Todo israelita individualmente devia aplicar o sangue à sua própria casa.

Observe que devia ser aspergido na verga. O hissopo, erva comum que qualquer

pessoa podia conseguir, era um tipo da fé. O sangue na verga era o que salvava. Não

o que eles pensavam ou achavam, mas o que eles faziam é que importava (Êx 12.13;

Hb 9.22).

Comam o Cordeiro - Depois que o sangue era vertido e aspergido, vinha a

orientação sobre o modo de comer o cordeiro. Assim acontece conosco. A salvação,

primeiro, depois o alimento - comunhão, adoração, vida cristã e serviço. O alimento

não os salvava, mas o sangue; em seguida vinha o alimento (Jo 6.54-58).

Sem Fermento - Fermento é sempre um tipo do pecado. O fermento dos fariseus (Mt

16.6; 1Co 5.7). O fermento da injustiça precisa ser eliminado da nossa vida se

desejamos comer com Deus.

Ervas Amargas - Cristo provou o cálice amargo por nós, e nós também temos de

sofrer alguma amargura. Toda disciplina no momento não parece ser motivo de

alegria (Hb 12.11). O cordeiro não devia ser comido cru, ou sem ser cozido, seria um

cordeiro sofredor que passou pelo fogo. Nada devia ser deixado, mas comido às

pressas sem nada sobrar. Nenhum osso devia ser quebrado! O corpo de Cristo foi

quebrado, mas seus ossos, não (Sl 34.20; Jo 19.36). Por ordem divina todos deviam

comer em pé, sem saber para onde iriam. Tudo pronto para a viagem. Que contraste

naquela noite - celebração pacífica nas casas de Israel; terrível lamentação nas casas

dos egípcios! “Lemos aqui sobre a Páscoa. Agora vem a Passagem. A Páscoa os

selou. A passagem do Mar Vermelho os fortaleceu. Eles saíram do Egito debaixo do

sangue, homens marcados. Atravessaram o Mar Vermelho homens resolutos. Deus

os conduziu para fora e fechou a porta atrás deles!”

A Dádiva da Lei (Êx 20-24) - Em Êxodo 20-24 vemos a Lei dada, quebrada e

restaurada. Até agora na história de Israel tudo tem sido graça e misericórdia. Deus

ouviu o clamor da escravidão deles e lhes respondeu. Deus escolheu um líder e o

treinou. Deus derrotou seus inimigos. Deus os alimentou e ainda assim se rebelaram.

Agora surge uma nova ordem de coisas no Sinai. A Lei exige nada menos que

perfeição. O Salmista diz: “A lei do Senhor é perfeita” (Sl 19.7-11). Só houve um

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Homem capaz de guardá-la de modo perfeito. Cristo não só guardou a Lei, mas

pagou a pena completa pela quebra da Lei. Cristo sofreu para que fôssemos

poupados (Hb 9.13-15; 10.1-22; 1Pe 1.18, 20). Se o homem não podia guardar a Lei,

por que foi ela dada? Para que conhecêssemos nossa extrema pecaminosidade. A

Lei não fez o homem pecar, mas mostrou-lhe que era pecador. (Gl 4:4,5; Rm 8.1-4;

3.19-28). A Lei é o espelho de Deus para mostrar a nossa profunda pecaminosidade.

Por conseguinte, a Lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom (Rm 7.12). Cada

um de nós pode escolher como se aproximar de Deus, ou pela Lei ou pelo sangue

(Hb 12.18-29). A Lei não fazia provisão para o fracasso. É tudo ou nada. As leis

podem ser divididas em duas partes:

a. Leis relativas à atitude do homem para com Deus. b. Leis relativas à atitude do homem para com o próximo.

A Bíblia diz que Deus deu todas essas palavras (Êx 20.1). Deus deu o testemunho

todo e o homem assumiu a responsabilidade total de guardar toda a Lei. Em Êxodo

19.8, eles proferiram outra coisa. Antes de Israel receber a Lei e começar a guardá-la,

eles dançavam ao redor do bezerro de ouro, e adoravam um deus que tinham feito

(Êx 32.1-10, 18).

A Edificação do Tabernáculo (Ex 25-40) - Êxodo cap. 25 a 40 oferece-nos um dos

veios mais ricos nas minas inesgotáveis da inspiração: o TABERNÁCULO. Temos de

usar nossa imaginação e intelecto ao entrar nos recintos sagrados e contemplar os

utensílios nele existentes. Deus disse a Moisés que desejava um santuário ou

habitação sagrada que apontasse para Cristo e falasse da sua pessoa e da sua obra.

O Tabernáculo

Fonte: http://tempodofim1.tripod.com/Tabernaculo.htm Fonte:The New Life Mission

O Átrio do Tabernáculo - Aqui ficava o altar de bronze, no qual se sacrificavam as

ofertas queimadas. Lembre-se, Cristo é nosso holocausto (Êx 27.1-8). A bacia estava

lá para a purificação dos sacerdotes, antes que pudessem entrar no lugar santo a fim

de prestar o seu serviço (Êx 30.18).

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O Santo Lugar - Nele ficava o candelabro de ouro (Êx 25.31-40) tipificando Cristo, a

luz do mundo; e a mesa dos pães da proposição (Êx 25.23-30), porque Cristo é o Pão

da Vida; e o altar do incenso (Êx 31.1-10), simbolizando a intercessão de Cristo por

nós.

O Santo dos Santos - Se descerrarmos o belo véu (que tipifica o corpo de Cristo)

veremos a Arca da Aliança, símbolo da presença de Deus. Nesse Santo dos santos, o

sumo sacerdote entrava somente uma vez por ano para aspergir o sangue da

expiação. O livro de Hebreus nos diz que Cristo não só é nosso Sumo Sacerdote,

mas que Ele foi nossa expiação, e assim podemos entrar no Santo dos santos (a

presença de Deus) a qualquer momento com ousadia. O Tabernáculo, com a nuvem

de glória sobre ele, ensinava ao povo que Deus estava habitando no meio deles (Êx

25.8). O Tabernáculo era o centro comum e o lugar de reunião que podia ser mudado

de tempos em tempos. A redenção não foi uma reflexão tardia de Deus (Ef 1.4). A Lei

foi quebrada no coração do povo antes de ter sido quebrada pelas mãos de Moisés.

3) O LIVRO DE LEVÍTICO

Levítico é o livro de figuras de Deus para os filhos de Israel, com o fim de ajudá-los

em seu treinamento religioso. Todas as figuras apontam para a obra de Jesus Cristo.

O título “Levítico” sugere o tema do livro - os levitas, os sacerdotes e as suas funções

no Tabernáculo. No hebraico, Vayikrá “e Ele chamou”. É chamado também o Livro

das Leis. Lembramos como Deus havia dado a Moisés, no livro do Êxodo, as

instruções precisas para a construção do Tabernáculo e acerca da instituição do

sacerdócio, a fim de que oficiassem nesse lugar santo. Ao abrir este livro,

encontramos os filhos de Israel ainda no Monte Sinai. Deus continua dando suas

instruções para o culto no Tabernáculo. Poeticamente, em Gênesis vemos o homem

perdido; em Êxodo, o homem remido e em Levítico, o homem prestando culto ao seu

Deus.

Este livro é oportuno porque insiste em que devemos manter o corpo santo, do

mesmo modo que a alma porque o Redentor é Santo. Ele não só dá a chave para a

nossa vida espiritual e um viver santo, mas nos surpreende com lições importantes de

higiene e saneamento para o cuidado do corpo. Este é um livro divino. O versículo

inicial dá-nos a chave do livro todo: “E o Senhor chamou Moisés e falou com ele da

tenda da congregação”. Levítico é Deus falando-nos por meio do Tabernáculo e do

seu significado. É um livro pessoal. O segundo versículo o indica: “... quando algum

de vós trouxer oferta ao Senhor...”. Observe que Deus espera que cada pessoa traga

a sua própria oferta. O modo é muitas vezes tão importante como a oferta.

A. AS CINCO OFERTAS

Uma das interrogações mais importantes da vida é a seguinte: “Como pode um povo

que não é santo aproximar-se de um Deus Santo?” Logo no princípio do livro vemos

Deus tomar providências para que o Seu povo se aproximasse dEle com o fim de

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adorá-lo. Este livro mostra ao povo remido de Israel que o caminho para Deus é

através do sacrifício e que ele deve caminhar com Deus numa vida de santidade. Não

é estranho que haja no íntimo de cada coração uma consciência de culpa e que as

pessoas sintam a necessidade de fazer alguma coisa com o fim de obter o perdão ou

alcançar o favor daquele a quem ofenderam? O pagão traz sacrifícios ao altar dos

seus deuses, porque compreende que nada pode fazer com o seu pecado. Quando

olhamos para os sacrifícios em Levítico, vemos que são apenas figuras. Eles apontam

para o Sacrifício Perfeito pelo pecado, que seria realizado pelo Cordeiro de Deus no

Calvário (Jo 1.29). O pecado pode ser perdoado, mas tem de receber seu castigo. O

salário do pecado é a morte (Rm 6.23). Não pode haver comunhão entre Deus e o

pecado e o único meio de removê-lo é o sacrifício. Sem derramamento de sangue não

há remissão (Hb 9.22). Há cinco ofertas descritas em Levítico. Deus quer que

compreendamos a terrível realidade do pecado, por isso Ele espera um sacrifício

todos os dias. Esta é a relação das ofertas:

1. O Holocausto (Lv 1) - As ofertas começam com o holocausto e terminam com

a oferta pela culpa. O holocausto é um tipo de Cristo, oferecendo-se a si mesmo

imaculado a Deus em lugar do pecador (Lv 1.4). Por que aparece em primeiro lugar?

Porque o sacrifício vem primeiro. Ninguém pode tratar com Deus sem ter primeiro

submetido tudo a ele. (Lv 1.3.)

2. A Oferta de Manjares (Lv 2) - Assim como o holocausto simboliza Cristo em

sua morte, a oferta de manjares simboliza Cristo em sua vida. Primeiro, o nosso

holocausto, depois, a nossa diária e constante oferta de manjares. É o melhor que

temos, a dádiva da nossa vida. Observe que a oferta imolada tem de vir primeiro. Abel

a trouxe, Caim não.

3. A Oferta Pacífica (Lv 3) - Cristo é a nossa paz. (Ef 2.14.) Ele fez a paz pelo

sangue da sua cruz (Cl 1.20). Esta oferta representa a comunhão com Deus. É a

oferta de ação de graças.

4. A Oferta Pelo Pecado (Lv 4 e 5) - Esta oferta nos mostra Cristo na cruz em

lugar do pecador. Vemos o reconhecimento do pecado: “Quando alguém

pecar...oferecerá pelo seu pecado” (Lv 4.2,3). Esta é a oferta para expiação. Nas

outras, o ofertante vem como adorador, mas aqui vem como pecador convicto. O

sangue do perdão já foi derramado. Deus aceitou a oferta única de seu Filho, que

todas as ofertas menores tipificam.

5. A Oferta Pela Culpa (Lv 5.14 - 6.7) - Cristo resolveu inclusive, o problema do

nosso pecado contra os outros. O sangue da oferta pela culpa limpa a consciência, e

manda o transgressor de volta àquele contra quem pecou, não só com a restituição

total, mas com o acréscimo de uma quinta parte (Lv 6.5). O culpado é perdoado e o

ofendido é recompensado.

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B. O SACERDOTE (Lv 8-10)

O eterno Deus escolheu uma das doze tribos para cuidar do tabernáculo, a de Levi.

Uma família dos levitas, a de Arão, seria a dos sacerdotes. Os sacerdotes estavam

encarregados dos sacrifícios e eram sustentados pelos dízimos do povo. O sacerdote

ia do homem a Deus com as orações e louvores do povo. Ele representava o povo e

pleiteava a sua causa. O israelita que desejasse aproximar-se de Deus trazia seu

animal ao átrio do tabernáculo. No altar do holocausto ele colocava a mão sobre a

cabeça do animal, para expressar seu arrependimento e consagração. O animal era

morto e seu sangue aspergido sobre o altar. O sacerdote, representando o adorador,

aproximava-se então da bacia, na qual lavava as mãos, indicando assim a vida limpa

que devia seguir-se ao perdão dos pecados. Ele entrava no lugar santo, passava

pelos utensílios sagrados - o candelabro, a mesa dos pães da proposição, e chegava

ao altar do incenso, onde a oração era oferecida.

O Sumo Sacerdote - Uma vez por ano o sumo sacerdote passava além do véu, que

separava o lugar santo do lugar santíssimo, e comparecia diante do propiciatório com

o sangue da expiação, a fim de interceder pelo povo. O sacerdote não podia

consagrar-se a si mesmo. Moisés agia em lugar de Deus nessa função. Cada

sacerdote apresentava seu corpo em sacrifício vivo para o serviço divino, como Paulo

deseja que façamos (Rm 12.1, 2). Os sacerdotes estavam encarregados dos

sacrifícios. Os levitas eram seus auxiliares. Cuidavam do tabernáculo, formavam

coros, eram guias e instrutores no templo. Desde o princípio da história da obra do

sacerdócio, havia evidências de fracasso. Nadabe e Abiú, filhos de Arão, ofereceram

fogo estranho diante do Senhor, o que lhes não ordenara, e foram mortos

imediatamente pelo fogo. Os sacerdotes eram os ministros dos sacrifícios que

estamos estudando. Cada um deles era uma figura do grande sacrifício de Cristo pelo

pecado do mundo.

Nosso Grande Sumo Sacerdote - Os sacrifícios de animais já não são necessários,

porque todos os sacrifícios se cumpriram em Cristo. Por isso não há necessidade de

sacerdotes. Cristo mesmo é o grande Sumo Sacerdote do homem (Hb 2.17; 4.15). Ele

é o único Mediador entre Deus e o homem. Ninguém pode colocar-se entre Deus e o

homem. Somos todos reis e sacerdotes (1Pe 2.5). Cristo é nosso Sumo Sacerdote e

está à direita do Pai intercedendo hoje por nós. Chegamo-nos a Deus por meio dele e

só por ele. (Hb 10.12; 7.25; Jo 14.6). Quando contemplamos Cristo como Sacerdote,

vemos sua divina perfeição compadecer-se das nossas fraquezas (Hb 4.15). Os

sacerdotes nomeados por Deus pertenciam à tribo de Levi.

C. AS PRINCIPAIS FESTAS

A primeira parte do livro trata das ofertas e dos ofertantes, enquanto a última parte

trata das festas e dos participantes. Cinco grandes festas são mencionadas em

Levítico 23. Os sacrifícios falavam do sangue que salvava. As festas falavam do

alimento que sustentava.

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1. A Festa Do Sábado (Lv 23.1-3) - O sábado recebeu um lugar proeminente.

Era uma festa constante a ser observada durante o ano todo, cada sétimo dia. Era dia

de adoração e descanso, para celebrar o término da criação de Deus (Gn 2.2,3).

Hoje, celebramos a consumação da obra da redenção (Lc 24.1; At 20.7; 1Co 16.2).

2. A Festa Da Páscoa (Lv 23.4, 5) - A Páscoa falava da redenção e era

celebrada na primavera. Era o dia da independência para o povo de Israel. A festa da

Páscoa durava um dia, mas a dos pães asmos, que a sucedia, prolongava-se por sete

dias. Com elas começava o ano, os judeus ainda celebravam a Páscoa quando Jesus

esteve na terra (Mt 26.19; Lc 2.41-52; Jo 13). Os judeus a celebram até hoje. Ainda

aguardam o seu Messias.

3. Festa de Pentecoste (Lv 23.15-22) – Também chamada “Festa das Semanas”

ou “da Colheita”. Era observada cinquenta dias depois da Festa das Primícias. A festa

das primícias tipificava a ressurreição de Cristo e a nossa (1Co 15.20). Cinquenta dias

depois da ressurreição de Cristo foi que o Espírito Santo desceu sobre os discípulos e

a Igreja nasceu.

4. A Festa Das Trombetas (Lv 23.23-25) - Era o Ano Novo dos filhos de Israel.

Celebrava-se no outono, mais ou menos em outubro. Esta festa indicava a futura

reunião do povo de Israel então disperso (Zc 14).

5. A Festa dos Tabernáculos (Lv 23.33-36) - Era a última festa do ano.

Comemorava o período em que os filhos de Israel viveram em tendas, durante sua

jornada pelo deserto. Era celebrada no outono e durava uma semana inteira. O povo

habitava em tendas e ouvia a leitura da Lei. Tabernáculos fazia-os lembrar que, por

causa da sua desobediência, tiveram de peregrinar por quarenta anos no deserto;

mas apesar da sua incredulidade, Deus fora fiel em cuidar deles e trazê-los à sua

herança. Esses dias lembravam-lhes da sua dependência de Jeová e as bênçãos que

receberiam se fossem obedientes à sua vontade.

D. O DIA DA EXPIAÇÃO (Lv 23.26-32)

Este era o maior dia na história do povo escolhido de Deus. Nesse dia os pecados da

nação eram confessados. A confissão é sempre o primeiro passo para a justificação.

Ela revela a atitude certa para com o pecado. Leva ao desejo do perdão (1Jo 1.9). O

sangue era derramado e os pecados do povo eram cobertos, a fim de que Deus

pudesse habitar no meio deles, apesar de ser um povo impuro. Aprendemos que

Deus estava oculto, atrás de um véu, no Tabernáculo e o homem ficava à distância

(Lv 16.2). O caminho ainda não estava aberto para o homem aproximar-se de Deus.

Agora podemos entrar com confiança (Ef 3.12), pois Cristo nos abriu o caminho. No

livro de Levítico, Deus está separado do homem e o homem de Deus. Esse era o

único dia do ano em que se permitia ao sumo sacerdote entrar no Santo dos santos.

Entrava com uma oferta para a expiação do pecado do povo. Expiar quer dizer

“cobrir”. Essa oferta cobriria os pecados do povo até que fosse feito o grande

sacrifício do Calvário. Nenhuma dessas ofertas removia os pecados.

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E. O ANO SABÁTICO (Lv 25)

Era o ano de meditação e devoção - um sábado que durava um ano. O propósito e a

natureza do sábado eram exaltados. Deus procurou gravar isso na mente do povo,

livrando-os de qualquer espécie de trabalho por um ano todo. Isso ele fazia cada sete

anos. Deus queria que reconhecessem que a terra era santa para Ele. Respirava-se o

espírito de descanso e meditação. Toda indústria cessava. Todos os dias eram como

o sábado e a mente do povo se dirigia para as coisas do Senhor. A Lei era lida. As

dívidas não perturbavam o espírito do povo durante esse ano santo.

F. O ANO DO JUBILEU (Lv 25.8-24)

Era celebrado cada cinquenta anos. Começava no dia da Expiação com o soar das

trombetas. Do mesmo modo como no ano sabático, a terra não era cultivada. Todos

os escravos dos hebreus eram libertados. Escritores judeus contam-nos que o ano do

jubileu foi observado por ocasião da queda de Judá em 586 a.C. (Is 5.7-10; 61.1, 2;

Ez 7.12, 13; 46.16-18). Outro acontecimento importante era a restituição, ao dono de

origem, de toda terra que por qualquer razão tivesse sido tomada. Mas Deus sem

dúvida tinha um plano de maior alcance relacionado com a vinda do Messias. Os

registros de todas as tribos e famílias deviam ser cuidadosamente guardados para

que os direitos de todos fossem protegidos. Isso se aplicava a Judá, a tribo da qual

viria o Messias. Por esses registros a genealogia de nosso Senhor pôde ser traçada

com exatidão.

O Número Sete em Levítico - Todo sétimo dia era o sábado. Todo sétimo ano era o

ano sabático. O ano do Jubileu vinha depois de sete vezes sete anos. O Pentecoste

era comemorado sete semanas após a Páscoa e durava sete dias. A Páscoa também

durava sete dias. No sétimo mês eram realizadas as festas das trombetas, dos

tabernáculos e da expiação. Este livro, como o Apocalipse, é formado ao redor de

uma série de “setes”.

4) O LIVRO DE NÚMEROS

No hebraico Bemidbar “no deserto”. Este livro pode ser chamado “A peregrinação no

deserto”, desde o Sinai até as fronteiras de Canaã, a terra prometida, período que

abrange cerca de 40 anos. Números também é chamado o “Livro das Caminhadas” e

“Chamadas do Rol” (Nm 33.1,2). Pode ainda ser chamado “o Livro das Murmurações”

porque, do princípio ao fim, está cheio do espírito de rebelião contra Deus (leia Sl

95.10). Números é realmente o livro do deserto, que registra o lamentável fracasso de

Israel em Cades-Barnéia, as caminhadas consequentes e as experiências do povo no

deserto. Registra a peregrinação, as guerras e o fracasso da segunda geração do

povo de Israel depois da saída do Egito. Mas não é esta a única mensagem de

Números. Os primeiros dez capítulos dão-nos a legislação divina; os capítulos de

onze a vinte contam a história do fracasso daquela nação; mas nos capítulos finais

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lemos que Israel voltou a experimentar o favor de Jeová e encontramos a vitória final,

mesmo no deserto.

Deus foi paciente com o Seu povo. Queria preservá-los para si mesmo. Em 1Coríntios

10, aprendemos que toda a história deles foi uma “lição objetiva” ilustrando o modo de

Deus agir conosco hoje. O pensamento-chave é disciplina. Números é o quarto livro

de Moisés. Em Números, o homem é apresentado como que servindo. Esta é a

ordem estabelecida pelo Senhor. Só o salvo pode servir e adorar a Deus. Lembre-se,

fomos salvos para servir. Não somos salvos por boas obras e, sim, para as boas

obras (Ef 2.10). A Lei pode conduzir-nos à terra prometida, mas só o nosso divino

Josué (Cristo) pode fazer-nos entrar nela. Paulo diz que a Lei é o aio que nos leva a

Cristo (Gl 3.24).

1. Preparação para a Jornada (Nm 1-12)

Ao iniciar-se o livro, os filhos de Israel estavam no deserto do Sinai. Já haviam

recebido a Lei; o tabernáculo fora construído e os sacerdotes tinham sido designados

para as suas funções. Agora Deus ia preparar a nação para trabalhar. Os ensinos

deste livro se aplicam muito bem à vida cristã.

A ordem é a primeira Lei do Céu. Vemos Deus fazer recenseamento e distribuir as

tribos (caps. 1 e 2), escolher e determinar os deveres dos sacerdotes e dos levitas

(caps. 3 e 4). Deus é o autor da ordem. Pensar que Deus contou cada pessoa do seu

povo e reuniu todos ao redor de si mesmo é muito precioso para os nossos corações.

Ele habitava no arraial. As doze tribos guardavam o tabernáculo do Senhor. Os levitas

acampavam-se ao redor do átrio, e Moisés e Arão e os sacerdotes guardavam a

entrada pela qual se podia chegar a Deus. A circunferência do campo que abrangia o

arraial dessa forma, e que ficava de frente para o tabernáculo, supõe-se ter sido de

uns 20 quilômetros. No meio do deserto, Deus estendia-se sobre eles numa nuvem

de dia, e numa coluna de fogo à noite (Nm 9.15-23). Ele era luz para eles à noite e

sombra durante o dia. Os sapatos deles não se gastavam, nem suas roupas

envelheciam. Eram por volta de três milhões de pessoas nesse grande arraial, mas a

presença de Deus no meio do arraial era a coisa mais gloriosa.

No primeiro capítulo, Moisés recebe ordens de fazer o recenseamento. O Senhor

conhece pelo nome os que são seus (2Tm 2.19; Fp 4.3). Até os cabelos da nossa

cabeça estão contados. Havia um memorial escrito diante dele (Ml 3.16,17).

Encontramos neste primeiro capítulo a declaração da linhagem do povo.

Estamos de viagem para o lugar que o Senhor disse: “... dar-vo-lo-ei; vem conosco e

te faremos bem; porque o Senhor prometeu boas coisas a Israel” (Nm 10.29). A Arca

da Aliança é a Palavra de Deus no meio do povo. O som da trombeta de prata é o

testemunho de um profeta fiel. A coluna de fogo e a coluna de nuvem são a

consolação e a direção do Espírito Santo. O Tabernáculo e os seus estatutos

constituem o culto do santuário.

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2. Peregrinações pelo Deserto (Nm 13-20)

Após um ano no Monte Sinai, os israelitas partiram para Cades, situada na fronteira

sul da terra prometida. Receosos de entrar voltaram e vagaram pelo deserto ao sul e

ao leste, até que toda aquela geração morresse. Não viajavam o tempo todo, mas

ficavam em certos pontos com os rebanhos pastando pelas colinas ao redor. Quando

a nuvem se erguia, marchavam. Finalmente aproximaram-se de Canaã pelo lado leste

do Mar Morto.

Depois de dois anos no deserto, os filhos de Israel poderiam ter entrado na terra da

promessa imediatamente, se não fosse o pecado da incredulidade. Anos perdidos,

saindo de Cades e voltando a Cades, porque não quiseram crer em Deus. Não

quiseram ouvir a Josué e Calebe, que concordaram com tudo que os dez espias

disseram, mas acrescentaram: “Eia! subamos e possuamos a terra, porque

certamente prevaleceremos contra ela” (Nm 13.30). Mas o povo não quis confiar em

Deus e disse: “Voltemos para o Egito” (Nm 14.4). O coração do povo desfaleceu.

Havendo-se recusado a entrar em Canaã, a porta fechou-se para eles. Isso

significava terem de peregrinar pelo deserto por quarenta anos.

A Rocha Ferida - A paciência de Moisés esgotou-se. O povo queixava-se de tudo.

Num aceso de ira, ele chamou o povo de rebelde e em vez de falar à rocha, feriu-a

com a vara. A água jorrou. Mesmo que Moisés tivesse desobedecido, Deus foi fiel e

cumpriu sua promessa. “Ouvi agora, rebeldes, porventura faremos sair água dessa

rocha para vós outros?” (Nm 20.10). Porque Moisés feriu a rocha pela segunda vez (a

primeira vez em Êx 17.5,6), em vez de falar a ela, não lhe foi permitido entrar na terra

prometida. Cristo, como “a Rocha” devia ser ferido uma vez por nossos pecados (1Co

10.4).

A Vara de Arão Floresce (Nm 17) - O sacerdócio de Arão tinha sido posto em

dúvida, por isso o próprio Deus deveria confirmá-lo. O cabeça de cada tribo

apresentou uma vara seca. Deus pôs vida na de Arão. Do mesmo modo, vemos que

todos os fundadores de religiões do mundo morreram, o próprio Cristo morreu, mas

só Ele ressuscitou e foi exaltado para ser nosso Sumo Sacerdote (Hb 4.14; 5.4-10).

A Caminho de Canaã (Nm 21-36) - Ao abrir-se esta cena, vemos que todos os

israelitas que haviam deixado o Egito tinham morrido, menos Moisés, Arão, Josué,

Calebe, Miriã e os que tinham menos de vinte anos de idade, quando os espias

entraram na terra. Finalmente, enquanto ainda estavam em Cades, Miriã e Arão,

irmãos de Moisés, agora com mais de 100 anos, morreram. Israel devia movimentar-

se de novo. Partiram de Cades-Barnéia, agora decididos a entrar na terra prometida.

O caminho era difícil, muito mais do que antes, mas a fé havia sido renovada, a

disciplina tinha produzido efeito, e o braço de Deus lhes deu a vitória.

A serpente no deserto (Nm 21.5-9) - Todos os homens de mais de vinte anos, que

se recusaram a entrar na terra prometida na primeira vez (exceto Josué e Calebe que

creram em Deus), morreram no deserto. Nenhum deles entrou na terra. De novo

Israel estava se queixando, apesar de repetidas vezes Deus ter mostrado que o seu

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caminho é o melhor. O descontentamento e a murmuração pareciam ser hábitos

inveterados dos filhos de Israel (Nm 21.5). Veio o castigo de Deus. Mas Deus é

bondoso e coloca diante deles outro caminho, uma segunda oportunidade. Deus disse

a Moisés que fizesse uma serpente de bronze e a levantasse numa haste de modo

que todos pudessem vê-la. Logo que olhassem para ela, ficariam sãos (Nm 21.6-9).

A Bíblia revela que toda a raça humana tem sido picada pela serpente do pecado, o

que significa morte. O único modo de o homem viver é olhar para Aquele que assumiu

a forma de homem e foi levantado na cruz a fim de levar sobre si mesmo o veneno do

pecado. Se olharmos para ele, nosso Salvador, viveremos (Jo 3.14,15).

Mais tipologia de Cristo em Números:

O maná. Cristo, o nosso alimento espiritual (Nm 11.7-9).

A estrela de Jacó (Nm 24.17).

Ele é a nuvem de dia e a coluna de fogo à noite.

5) O LIVRO DE DEUTERONÔMIO

No hebraico Debarim “palavras”. “Cuidareis de fazerdes” (Dt 5.32) são as palavras de

Moisés ao povo, desejoso que eles fossem praticantes da Palavra, e não somente

ouvintes (Tg 1.22). Este livro mostra as bênçãos da obediência e a maldição da

desobediência. Tudo depende da obediência - a posse da terra prometida, a vitória

sobre os inimigos, a prosperidade e a felicidade - a própria vida. Verificamos que este

livro ensina a inflexibilidade da Lei. “Farás” e “não farás” aparecem com frequência.

O livro contém um resumo muito interessante e instrutivo da história de Israel no

deserto, e no último capítulo encontramos uma narrativa sobre o próprio Moisés.

Compare cuidadosamente a recordação que Moisés faz dos acontecimentos com a

narrativa feita em Êxodo e Números. Deuteronômio reflete mais o ponto de vista

divino que o humano. Compare Dt 1 com Nm 13 e 14. Deuteronômio é um livro de

recordações. A palavra Deuteronômio vem do grego e significa "segunda lei", o que

indica a repetição da Lei. Moisés fez isso a fim de lembrar ao povo o que Deus havia

feito por eles e o que eles deviam fazer para servi-lo, quando alcançassem a terra

prometida. O livro omite as coisas relacionadas com os sacerdotes e levitas e inclui as

coisas que o povo precisava saber. Este é o último dos cinco livros de Moisés.

Jesus fez com frequência citações de Deuteronômio. Quase que invariavelmente é

esse o livro que ele cita. Ele o tinha como seu código de conduta (Lc 4.4,8,12).

Respondeu ao diabo na hora da tentação com esse livro. Foi a arma com que Ele

repeliu o tentador (Mt 4.4,7,10; Dt 8.3; 6.16; 10.20).

Como veremos, Deus está estabelecendo as condições para os filhos de Israel

entrarem e possuírem a terra. Todas essas condições se resumem numa única

palavra: OBEDIÊNCIA. Os filhos de Israel entraram na terra da promissão sob as

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condições impostas pela Lei. O livro de Deuteronômio é um extenso convite a uma

obediência sincera a Deus, baseada nos dois grandes motivos do amor e do temor:

“Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor requer de ti? Não é que temas o Senhor teu

Deus, andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor teu Deus de

todo o teu coração e de toda a tua alma?” (Dt 10.12). Nos primeiros quatro livros do

Pentateuco, Deus está escolhendo Israel. Agora, ele está deixando que Israel o

escolha.

O Primeiro Discurso de Moisés (Dt 1 - 4)

Da geração que saiu do Egito, só restaram Josué e Calebe. Todos os demais haviam

morrido: A nova geração experimentara privações nas caminhadas pelo deserto e

estava pronta e ansiosa pela conquista. Porém Moisés precisava repetir a Lei para

eles. Ele sabia que sua tarefa estava terminada, porque Deus lhe dissera que outra

pessoa os introduziria em Canaã (Nm 20.12). Moisés, o venerando ancião, tinha

agora cento e vinte anos. Ele iria pronunciar seu discurso ao povo que conduzira nos

últimos quarenta anos. Levanta-se ereto e fala com voz clara, porque se diz que não

se escureceram os olhos, nem se lhe abateu o vigor (Dt 34.7). Então Moisés convida

o povo a olhar para trás. Ele recorda a história de Israel e passa em revista suas

peregrinações. Lembra-lhes a fidelidade de Deus e recomenda que sejam gratos e

obedientes.

O Segundo Discurso de Moisés (Dt 5 - 26)

A chave desta divisão se encontra em Deuteronômio 12.2: “São estes os estatutos e

os juízos que cuidareis de cumprir na terra que vos deu o Senhor”. Israel estava para

entrar numa nova terra e tudo dependia da sua constante e inteligente obediência a

Deus, que lhes estava dando a terra. Deus queria ensinar a Israel o amor que é o real

cumprimento da Lei (Rm 13.8-10; Mt 22.37-40). Moisés enuncia a Lei de modo

simples e claro, de modo a poder exercer domínio na vida do povo. Deus diz: “Sede

santos, porque eu sou santo”. Visto que o povo de Deus lhe pertence, Ele quer que

este ande no mundo de modo digno, separado do mal (cap.14). Deve mostrar

caridade para com o seu semelhante (cap.15). Deve consagrar-se para o culto

(cap.16; Hb 10.25). Deus requer disciplina (veja Dt 17). Em Dt 18, Deus fala-nos do

grande Profeta, o Senhor Jesus Cristo. Só Ele conhece o futuro. Deus mostrou aos

israelitas que o seu dever supremo era demonstrar o espírito de amorosa obediência.

Eles deviam ser gratos, sim, realmente gratos. Deviam estar cheios de alegria e júbilo.

Por que não estar alegres na melhor terra do mundo, e com um Deus como Yavé?

Sem dúvida deviam alegrar-se e amar a Deus de todo coração. Mas o coração de

Moisés estava pesaroso porque sabia que Israel tinha um coração duro e era um

povo obstinado. Note isto: Um filho desobediente e rebelde aos pais é abominação

aos olhos de Deus (Dt 31.24-29; 21.18-21; veja 2Tm 3.1-9). Se lermos Dt 21.22,23 e

compararmos com Jo 19.31, veremos por que Cristo se fez maldição, quando foi

pendurado no madeiro. Em Gl 3.10-13 lemos que ele foi feito maldição porque estava

levando o nosso pecado (2Co 5.14,15,21).

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O Terceiro Discurso de Moisés (Dt 27 - 33).

Moisés dirigiu ao povo algumas solenes advertências. Primeiro ele falou das bênçãos

que os filhos de Israel poderiam desfrutar se fossem obedientes. Depois citou os

resultados da desobediência. O infortúnio os acompanharia em tudo que

empreendessem: nos negócios, na agricultura e na saúde. Eles sofreriam por sua

desobediência a Deus (capítulo 28.15 até final do capítulo). O capítulo 28 de

Deuteronômio é realmente notável. Mostra o que Israel poderia ter sido pela

obediência (1-14) e ainda será no milênio vindouro (veja Is 60-62; Zc 14.8-21; Jr 31.1-

9; Dt 30.1-10; Rm 11.25-31). Os versículos 47 a 49 falam da invasão romana no ano

70, sob o comando de Tito. Os versículos 63 a 67 descrevem o judeu na atualidade.

O capítulo 28 deixa Israel onde a nação se encontra hoje - “disperso” (versículo 64). E

assim sucede. Moisés fala a Josué, seu assistente pessoal durante a peregrinação.

Ele foi um dos espias, aquele que ousou crer em Deus. Estava agora com 80 anos e

Moisés lhe entrega a liderança desse grande povo. Leia suas palavras em

Deuteronômio 31.7,8. A exortação que Moisés fez ao povo e a Josué baseava-se em

um grande fato: “O Senhor é contigo; sê forte”. Quando Deus está presente, não há

base para o medo. Esse venerável ancião, de 120 anos de idade, é um testemunho

da graça de Deus. Ele entoa um cântico para Israel (capítulo 32). Moisés tinha

celebrado a libertação de Israel do Egito com um cântico (Êx 15), e agora encerrava a

obra da sua vida com outro cântico. Ele escreveu um terceiro, que conhecemos como

o Salmo 90. Os cristãos sempre tiveram um cântico, e no céu, pelos séculos sem fim,

todos cantarão.

Morte e Enterro de Moisés (Dt 34)

Depois do cântico e das palavras finais de bênção, Moisés subiu ao cimo do monte

Nebo e de lá Deus mostrou-lhe a terra prometida para a qual ele teve o rosto voltado

por tanto tempo. Ali morreu e Deus enterrou seu servo no vale. “Deus sepulta o

obreiro, mas leva avante a obra”. Quer Moisés mesmo tenha escrito Deuteronômio 34

mediante revelação ou Josué mais tarde o tenha acrescentado, não importa. Moisés

subiu ao monte, viu a terra prometida e nunca mais voltou. Sabemos que ele morreu

ali e que o Senhor o enterrou. Ninguém sabe onde. Alguém disse: “Deus sepultou a

sepultura dele.” Por que a sepultura de Moisés foi escondida? Sem dúvida, ela se

teria tornado em objeto de idolatria supersticiosa. Deus não é mau, e sim justo e

benevolente para com todos inclusive com seu povo em todo o tempo. Deus é o Deus

de Israel incontestavelmente.

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III. CONSIDERAÇÕES DO PENTATEUCO

Segundo J. Dias18 & Graça Veríssimo Dias em o Pentateuco - os cinco livros de

Moisés, ambos concordam em relatar:

“Os cinco livros da Lei narram o período iniciado na criação até a morte de

Moisés no monte Nebo, em Moabe, pouco antes da conquista israelita de

Canaã. Obviamente, é impossível determinar a data da origem deste planeta e

do sistema solar. Embora estimativas variem de dezenas de milhares a bilhões

de anos, parece melhor considerar a criação como um “mistério sem data”. As

narrativas do Pentateuco, desde o chamado de Abraão (Gn 12) até a morte de

Moisés (Dt 34), podem ser atribuídas às Idades do Bronze Médio e Tardio da

história do Antigo Oriente Médio. Em uma séria cronológica elementar, isso

significa que o Período Patriarcal se estendeu de 2.000 a 1.600 a.C.

aproximadamente, enquanto Moisés e o Êxodo datam de 1.500 a 1.200 a.C.

(dadas as opções de data mais antiga, século XV a.C. e recente século XII a.C.

para o Êxodo israelita do Egito). Embora os cinco livros tratem em sua

essência da história de Israel, os egípcios foram o povo que mais se destacou

na formação do contexto histórico do Pentateuco. O contato esporádico de

Abraão com o Egito resultou na migração e instalação de todo clã de Jacó na

região do delta do Nilo. Em decorrência disso os hebreus residiram no país

durante vários séculos, multiplicando-se e formando uma grande nação, ao

mesmo tempo que se aculturam completamente à civilização egípcia. Alguns

fatos indicam o mal que causou essa influencia: pouco depois do Êxodo, os

hebreus recaíram na adoração de uma divindade provavelmente egípcia, o

bezerro de ouro (Ex 32.1-10); durante a peregrinação, o povo desejou voltar ao

Egito (Nm 11.4-6). Embora a maior parte da história do Pentateuco seja

atribuída às Idades do Bronze Médio e Tardio do Antigo Oriente Médio, ainda

não se chegou a uma cronologia exata para os patriarcas hebreus. Antigos

teólogos colocam os personagens em uma estrutura cronológica fixa,

determinando o ano exato de cada acontecimento. Por exemplo, o nascimento

de Abraão data de 2.166 a.C., o início da viagem de Abraão a Canaã foi em

2.091, o sacrifício no monte Moriá de 2.056, e a morte do patriarca de 1.991

a.C. Outros encaixam os patriarcas em uma série cronológica relativa,

distribuindo-os nos quatro séculos entre 2.000 e 1.600 a.C.”

Estas fomentações teológicas são relevantes para tudo o que discorremos nesta

disciplina. O Pentateuco alista uma série de ações e relatos riquíssimos e simples de

se compreender e até os nossos dias permanecem irremovíveis para os judeus. Para

os cristãos, Cristo cumpriu toda a Lei, nos trazendo o acesso ao Pai pela sua

humildade e obediência. Porém, seu desvendamento no Novo Testamento é

manifestado em Jesus Cristo. Mesmo assim, os escritos do Pentateuco reservam uma

essência no contexto teológico de santidade, obediência, temor, zelo, cuidado e

normas para o povo escolhido que separa para sua vontade. SHALOM.

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