drake chronicles 3 5 killer first date alyxandra harvey
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A Drake Chronicles E-Novella in Letters
3.5 - A Killer First Date
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Sinopse
Nicholas e Lucy se conheceram durante a maior parte de suas vidas, mas agora que eles finalmente admitiram seus sentimentos um
pelo outro, Nicholas quer levá-la para o seu primeiro encontro oficial, longe de todo drama de vida ou morte que os têm cercado
ultimamente. É pedir demais por apenas um divertido encontro duplo no carnaval local com seu irmão mais velho, Quinn, e a nova
namorada dele, Hunter?
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1 - Lucy
— Eu pareço estúpida. — eu disse para Solange, que estava esparramada
na minha cama. Ela rolou para olhar para mim, mantendo com o dedo o lugar no
livro que estava lendo.
— É apenas Nicholas. — ela revirou os olhos. Eles estavam fracamente
injetados de sangue, mas apenas o suficiente para fazê-la parecer cansada, não assustadora.
Fiz uma careta para ela pelo espelho. Eu estava de pé em uma pilha de roupas descartadas, vestindo o traje número três: um par de calças jeans
remendadas, enroladas para cima, e uma blusa camponesa preta bordada com
folhas verdes ao redor do decote. — Ele pode ser seu irmão, Sol, mas este é o
nosso primeiro encontro verdadeiro. Você sabe, sem vampiros tentando nos matar, ou nos comer, ou caso contrário, nos mutilar horrivelmente. — fechei os
olhos brevemente, jurando sob minha respiração. — Sou totalmente azarada, não
é?
Ela assentiu com simpatia. — Provavelmente. — suas presas espetaram
para fora sob seu lábio superior, mas ela ainda parecia ser feita de porcelana – a ideia mórbida de alguém sobre uma boneca.
Peguei minha nova estaca favorita, um grampo de cabelo alterado, estampado com crânios azul-turquesa. Escorreguei-o na bolsa bordada que eu
tinha levado para usar em todos os lugares. Estava pesada com estacas, uma
embalagem cheia de pó Hypnos, um canivete, e um saco de grãos de café com
cobertura de chocolate. Hey, sobrevivência, não podia ficar descafeínada.
Olhei para o meu reflexo mais uma vez. — Eu me pergunto se deveria
mudar de volta para... — me interrompi abruptamente. — Oh meu Deus, seu irmão está me tornando estúpida. — resolutamente virei minhas costas para o
espelho. Eu não era aquela garota. E não estava prestes a deixar um cara, não
importa o quão malditamente quente ele fosse, transformar-me em algo que eu não era.
Solange sorriu largamente. — Oi, Lucy, bem-vinda de volta.
Joguei uma das minhas camisas descartadas nela. — Nós nunca falaremos
disto novamente.
— E então, aonde vocês vão, afinal?
— Carnaval de escola. — eu disse. — Por que você não vem também? Você precisa sair.
Ela me encarou. — Você está louca? Eu não vou segurar vela sua.
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— Então chame Kieran.
— Ele está de plantão. — traduzindo: caçando os selvagens vampiros Hel-Blar que estavam vagando perto demais de Violet Hill para o gosto de qualquer
um. Ela empurrou o cabelo preto longe de seu rosto. — De qualquer forma, eu quero trabalhar na minha roda de cerâmica esta noite.
— Tem certeza?
— Tenho certeza. — ela agarrou sua mochila, que escondia uma garrafa
extra de sangue, apenas no caso. — Eu deveria ir. Nicholas vai te encontrar lá?
— Sim. — antes que eu pudesse deter, pensamentos sobre Nicholas fizeram
meu coração saltitar com entusiasmo. Solange deslizou um olhar de soslaio para
mim e deu um passo para trás. Vampiros. Eles eram tão sangrentamente sensíveis. — Eu queria salvá-lo da minha mãe.
— Ela me disse que havia sangue na geladeira do porão se eu estivesse com sede. Sua mãe arrasa.
— Yeah, espere até ela dizer a Nicholas que ser o morto-vivo sanguessuga
não o dispensa de jantares de família ou sexo seguro.
Solange engasgou. — Ela não iria. — nossos olhares se encontraram. — Ela
totalmente iria.
— Yup. — eu disse. — Espere. — pausei. — Mais um acessório. — disparei
para a minha mesa lateral.
Ela gemeu. — Você está começando a me assustar, Hamilton.
Agarrei um pingente que eu não tinha sido capaz de resistir a comprar na
semana passada e o coloquei na corrente com o camafeu Drake que eu nunca
tirava. Era um coração de prata, o que era totalmente não eu. Exceto pelas
palavras gravadas no centro: Morda-me.
Sorri largamente para Solange. — Estou armada com estacas e sarcasmo.
Agora eu estou pronta.
— Isto é um encontro ou uma emboscada?
Bufei, entrelaçando meu braço no dela. — O que você acha?
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2 - Hunter
— Isso é tudo o que você tem, Wild?
Poderia ter sido mais fácil chegar a uma réplica espirituosa se eu não
estivesse deitada de costas na lama, a floresta escura elevando-se sobre mim.
Ainda pior, Spencer era quem tinha me colocado aqui. Em quatro anos de exercícios de treinamento na escola, ele jamais tinha me derrubado.
É claro, ele não tinha sido um vampiro até bem recentemente.
Ele parecia o mesmo com seus dreads loiros e miçangas turquesa. Sua
transformação era tão recente, ainda tinha seu bronzeado. Era apenas que seus dentes eram um pouco mais afiados e seus olhos tinham um toque mais
hipnotizante. Mas eu sabia melhor do que olhar diretamente nos olhos de um
vampiro, amigo ou não. Feromônios de vampiros eram mais complicados do que
isso, mas não havia como negar que pareciam funcionar melhor com contato visual.
— Caramba. — minha colega de quarto, Chloe, assoviou. — Sangue de vampiro é ainda melhor do que aqueles comprimidos estúpidos de esteroides que
te dão um bigode. — ela tinha experiência em primeira mão, íntima e infeliz, com
aquelas pílulas, e eu ainda a pegava checando atrás de cabelo facial, pinças na mão. A mãe de Chloe tinha os deslizado para ela para evitar que fosse dosada
com um veneno secreto que uma das professoras, Srta. Dailey, vinha usando nos
estudantes desavisados. O veneno era chamado de Cavalo de Tróia e
contaminava o sangue de Caçadores fracos. Quando eles eventualmente fossem drenados por um vampiro mais forte, o vampiro seria envenenado e também
morreria. Dailey tentara me usar como uma cobaia depois de eu tê-la
“decepcionado”. Não havia tal coisa como uma simples detenção na escola secundária de Caçadores de vampiros Helios-Ra.
— Você costumava ser uma droga, Spence. — Chloe acrescentou.
— Ha-ha. — ele comentou secamente. Spencer podia ter sido um colega de
classe até algumas semanas atrás, mas se concentrara principalmente no novo currículo de Estudos Sobrenaturais. Feitiços e magia o fascinavam, não os
vampiros. Mas, quando fora infectado por um Hel-Blar e acidentalmente dosado
com o veneno Cavalo de Tróia, a médica da escola optara por transformá-lo
completamente em vez de assistir outro estudante morrer em sua enfermaria. Eu preferiria ter meu melhor amigo de volta, mesmo como um vampiro, do que
jazendo morto dentro da terra. Eu confiava nele para ser mais forte do que o
monstro interior. Eu tinha prova de que era possível.
Então Spencer sobreviveu, o médico foi demitido, e a escola ainda estava
em um alvoroço. Esse último pedaço foi em parte culpa minha, visto que eu tinha ajudado a derrubar a Srta. Dailey. E eu tinha colaborado com um vampiro contra
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outro Caçador. Mesmo quando esse Caçador era louco; colaborar com vampiros
não era exatamente procedimento normal.
E por colaborar eu quero dizer: namorar.
E, ainda mais mortificante, ele tinha me salvado.
Estava bastante certa que essa parte quase matara o Vovô. Ele ainda não
estava falando comigo.
Esfreguei meu ombro dolorido. — Você é definitivamente mais forte. — eu
disse a Spencer.
Ele se encolheu. — Cara. Desculpe. Eu machuquei você?
Tirei a sujeira das minhas mãos. — Mais uma vez.
— Você tem certeza? — seus olhos cintilaram. — Não é exatamente uma
luta justa.
Estreitei meus próprios olhos muito castanhos e humanos de volta para
ele. — Menos conversa e mais ação.
Ele sorriu largamente mesmo enquanto eu tentava chutar seus novos
dentes pontudos. E ele me esquivou facilmente, o que foi frustrante o suficiente
para que eu pensasse que poderia ter rosnado. Agora eu sabia como Lucy se sentia constantemente cercada pelos irmãos vampiros Drake. Não era de admirar
que ela tivesse uma boca tão esperta. Era a única arma que nos restava, às vezes.
Como o inferno.
Eu tinha lâminas nas solas das minhas botas, pó Hypnos no punho do meu casaco, estacas em meu cinto, e treinamento em vários estilos de artes
marciais.
Mas eu não podia usar qualquer uma delas porque isto era apenas treino e
Spencer não era o inimigo, o que quer que o conselho escolar possa ter a dizer
sobre ele.
Quando pousei em uma pilha de folhas em decomposição, Spencer estava
repentinamente atrás de mim, em vez de na minha frente. Atirei uma estaca nele,
ponta cega para fora, e enquanto ele estava se inclinando para fora do caminho, investi novamente, pegando-o de surpresa. Enganchei minha perna por trás de
seus joelhos e o segurei fortemente pela garganta, derrubando-o no chão. Ele
caiu com mais graça do que jamais mostrara em sua vida humana, mesmo em uma prancha de surfe, onde ele mostrava o seu melhor. E levou-me com ele.
Forcei-me a ficar de pé, sem fôlego e machucada, mas feliz. As presas de Spencer estavam um pouco alongadas demais. Ele de repente parecia como se
estivesse com dor. Fez um som estranho e tropeçou um passo para trás,
levantando a mão como que para me afastar. Chloe e eu trocamos olhares
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preocupados e eu coloquei mais distância entre nós.
— Spence, você está bem?
Ele assentiu, pegando uma garrafa de sua mochila. A luz fraca da lua e o
perímetro de lanternas à nossa volta faziam parecer suco de cranberry. Não era.
E então Quinn estava ali, passeando entre nós, seu sorriso fácil e
encantador, mas sua postura enganosamente alerta.
— Vocês não deveriam estar pegando leve? — falou pausadamente. Ele
sempre falava pausadamente quando havia outras pessoas em volta, mas quando
estávamos sozinhos ele era surpreendentemente doce. Especialmente para alguém que aparentava ser terrivelmente quente.
— Isto é pegar leve. — eu disse a ele, bebendo da garrafa de água que Chloe me passou.
— Yeah, ninguém está sangrando. — Chloe revirou os olhos. — Ou precisa de pontos. É como assistir velhas senhoras beberem chá.
— Nem tanto. — Quinn disse suavemente. Spencer estava de costas e
quando ficou de frente para nós novamente, estava pálido sob seu bronzeado. Os olhos azuis de Quinn o catalogaram brevemente. — Eu te disse, você não está
pronto.
O sorriso de Spencer era abatido. — Estou pronto para garotas normais.
Chloe e eu sorrimos largamente para ele. — Aw. — Chloe disse. — Isso é tão doce.
Quinn se moveu para que seu braço me envolvesse protetoramente. Considerei brevemente lançá-lo sobre o meu ombro, só para provar que podia.
— Você sabe. — ele disse em tom de conversa, como se não estivesse
tentando me defender. — A maioria das pessoas que recentemente foram envenenadas e tiveram uma transfusão de sangue poderia considerar cochilar
como um novo hobby.
Chloe riu alto. — Oh, Quinn, você pode ser bonito, mas tem muito a
aprender sobre garotas Caçadoras de vampiros.
— Tipo como abaixar-se. — Spencer acrescentou, sua voz soando mais
normal. Ele ainda estava de pé do outro lado da clareira, entretanto. — Eu estou
indo.
Assenti. — Okay. Tenha cuidado.
— Você também.
— E atenda seu maldito celular. — Chloe gritou atrás dele. — Por que você
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acha que o demos para você?
Nós duas nos viramos para Quinn. — Ele está realmente bem?
Ele assentiu. — Na verdade, está indo realmente bem. Ele sempre foi tão
descontraído assim?
— Yeah. Ele sempre foi o único que não surtava durante exames e testes de
batalha de final-de-ano.
— Eu sei que você é realmente boa no que faz, mas tente não vencê-lo por
um tempo. Isso torna muito mais difícil desencadear a fome.
— Oh. Okay.
Seu sorriso foi fácil novamente e ele piscou. — Pronta para ir?
Olhei para o meu cabelo, coberto de folhas e calça cargo manchada de
lama. — Não muito.
Disparei para trás de uma árvore para trocar pelo vestido que trouxera na
minha bolsa de ginástica. Peguei meu elástico de cabelo e tirei as folhas perdidas
com uma escova. Depois troquei minhas botas por tênis Converse, mas mantive a jaqueta jeans com estacas e Hypnos nas mangas e bolsos. A Liga e a escola
tinham emitido alertas para os alunos estarem completamente armados quando
saíssem do campus. Havia apenas vampiros Hel-Blar demais ao redor de Violet Hill neste momento para qualquer um ser complacente. Peguei minha mochila
onde guardava uma besta em miniatura e outras necessidades, e passei minha
bolsa de ginástica para Chloe.
— Eu vou voltar. — ela disse, arrancando uma folha perdida do meu
cabelo. — Alguém tem que cobri-los enquanto vocês têm toda a diversão.
Já que era sábado à noite e eu estava no meu último ano, estava
tecnicamente autorizada a sair do campus. Não estava quebrando as regras.
A menos, é claro, que você contasse namorar um vampiro como quebrar as
regras.
Senti-me segura de que a Liga iria. Vovô certamente contava. Mas os
tempos estavam mudando e era suicida fingir o contrário. Para começar, Quinn
Drake não tinha flertado com outra garota em mais de duas semanas. Tipos
bíblicos poderiam estar murmurando sobre o apocalipse já.
Ele tirou seu cabelo escuro do rosto, levantando uma sobrancelha
apreciativa ao meu vestido curto, mesmo eu tendo que usar leggings curtas por baixo, no caso de ter que lutar. — Pronta?
Sorri de volta, meu estômago dando essa lenta quentura que sempre dava quando estávamos sozinhos.
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3 - Lucy
O carnaval não parecia tão brega sob as estrelas, com as luzes brilhando
na água escura do lago. Eu podia sentir o cheiro de pipoca e, o sempre presente,
pinheiro de todas as florestas ao redor da cidade. Esperei perto da bilheteria,
procurando nas sombras por vampiros e me certificando de que não havia o fedor
de cogumelo podre de um Hel-Blar. Apenas outro risco de viver em Violet Hill. Até mesmo primeiros encontros precisavam de uma varredura adequada de
segurança.
Tínhamos decidido nos encontrar aqui. Eu não queria meus pais me
mortificando, e os confins fechados de um carro aparentemente não faziam nada
pelo autocontrole de Nicholas. Eu não estava preocupada, ele fazia isso o suficiente para nós dois. Dei uma olhada no meu relógio de pulso.
— Não me diga que o mítico Nicholas finalmente vai fazer uma aparição. —
meu amigo Nathan provocou, surgindo atrás de mim.
Eu dei uma cotovelada nele. — Comporte-se.
O estacionamento estava cheio de estudantes saindo aos montes dos carros
e passando aos empurrões por nós para conseguir entradas. Eu já tinha as
nossas no bolso da minha jaqueta.
Vanessa saltou até nós. Ela era agradável o bastante, só tão alegre que
meio que doía. — Oi, galera!
— Oi, Van. — Nathan disse por nós dois.
— Isto não é superdivertido? — ela sorriu de alegria, seu brilho labial capturando as luzes dos estandes. Seu cabelo liso castanho balançou quando ela
colocou a mão no ombro de Nathan e sorriu. Ela tinha que saber que ele era gay,
mas ainda flertava com ele incessantemente. — Não se esqueça de comprar os bilhetes de rifa! Queremos realizar o baile de formatura em algum lugar
realmente impressionante este ano! — praticamente pulou para longe.
— Você já percebeu que tudo que ela diz tem pontos de exclamação! —
perguntei.
— Ela está definitivamente cafeinada. — Nathan concordou. — E ela me
deixa cansado. Mas ela vai ser a razão pela qual não teremos um baile em um
celeiro que cheira a merda de vaca como fizeram no ano passado.
— Verdade demais. — eu disse. — Vou comprar bilhetes de rifas extras. —
balancei a cabeça para a maneira como ela dava risadinhas para todos por quem
passava. — Brent não terminou com ela? Tipo hoje? — Brent e eu tínhamos aula de bio juntos.
Nathan deu de ombros. — A vantagem é invencível.
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Olhei de volta para o estacionamento, procurando por Nicholas. Devia ser
oito e meia, agora. Movi-me de um pé para o outro. Era estúpido me sentir nervosa. Era Nicholas. Nós tínhamos crescido juntos. Tínhamos atirado lama e
insultos um no outro. Mas era diferente agora. Não atirar lama e insulto, nós
sempre fizemos isso. Mas agora nosso mundo estava inclinado. Ele era importante, e não da forma um-dos-irmãos-muito-irritantes-de-Solange
confortável. Ele era vital, como ar e chocolate.
E ele estava aqui.
Ele irrompeu da multidão espremida, o vento despenteando seu cabelo
escuro, seus olhos cinzentos como a luz das estrelas. Usava jeans escuro e uma camisa preta sob sua jaqueta verde do exército. Eu sabia que os bolsos internos
estariam cheios de estacas e armas mortais variadas.
— Delícia. — Nathan disse, abertamente embasbacado. — Esse é o seu
namorado? Eu quero um!
Eu ri e o empurrei levemente. — Vai embora, Nathan. Você vai assustá-lo
com toda essa baba.
— Mas...
— Vou apresentar você mais tarde. — prometi, tentando não mexer os
dedos nervosamente. Nathan recuou resmungando, mas eu o ignorei. Nicholas andou na minha direção, seu rosto sério tocado pelo mais leve sorriso afetado.
Ele provavelmente ouvira cada palavra que dissemos.
— Hey. — ele disse suavemente, parando bem na minha frente, perto o
suficiente para que eu tivesse que inclinar a cabeça para trás.
— Hey. — eu disse de volta, um pouco timidamente. Não estávamos na
casa de fazenda Drake ou trancados em uma masmorra ou correndo por nossas
vidas, estávamos quebrando todos os nossos padrões e eu não tinha certeza da
minha posição. Por alguma razão eu me senti quente, como se minhas bochechas estivessem vermelhas. Seu sorrisinho se tornou um sorriso largo. — Não me faça
te socar no nosso primeiro encontro. — murmurei, mas estava sorrindo
largamente também.
Ele levantou uma sobrancelha para o carnaval atrás de mim. — Quer andar
na roda-gigante?
— Essa armadilha mortal? Inferno, não. Vamos encontrar a máquina de
algodão-doce.
— Feito. Aposto que algodão-doce tem um gosto bom em você. — engoli em
seco, reflexivamente lambendo meu lábio inferior. Ele se inclinou mais perto, a
boca apenas mal roçando a minha quando falou. — Pronta?
Assenti, sem fôlego apesar, de mim mesma. Ele recuou como se fosse a
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coisa mais difícil que ele já tinha feito.
Oh, Deus! Eu estava com sérios problemas com este novo Nicholas.
Nós andamos através da entrada, instantaneamente assaltados com sons e
luzes, com quiromantes e pinturas de mulheres barbadas, com apitos e sinos e algodão doce cor de rosa girando, e a maioria do corpo estudantil da minha
escola, todos pressionados juntos. Olhei de relance para Nicholas. Sua
mandíbula cerrava, descerrava. — Você vai ficar bem? — perguntei a ele.
Ele sorriu, seus dentes ligeiramente pontiagudos. — Claro.
Andamos no circuito, passando os estandes de comida fritando bolos de funil e hambúrgueres, e as cabines de jogo, tetos eriçados com bichos de pelúcia
multicoloridos, gigantes. Parei na frente do jogo de balestra.
Nicholas ergueu uma sobrancelha. — Quer que eu ganhe um coelhinho de
pelúcia para você?
— Ha. — esfreguei as mãos. — Eu vou ganhar meu próprio coelhinho de
pelúcia, muito obrigada.
Nicholas passou ao atendente alguns dólares para pagar a minha vez. —
Acho que é legal vê-la usar sua pontaria lendária para algo além de quebrar meu
nariz. — ele provocou.
— A noite é uma criança. — rebati, levantando a balestra de plástico. —
Esta é uma arma patética. — murmurei. — Eu não poderia empalar um rato
morto-vivo com esta coisa.
— É suposto ser um jogo, lembra? — ele sussurrou, riso em sua voz
escura.
Disparei meus três tiros, todos se amontoando na mosca. Com um
triunfantemente presunçoso movimento de cabeça, olhei para o atendente de boca aberta. — Eu quero o coelhinho roxo.
Ele puxou-o para baixo e passou para mim. Enfiei-o na minha bolsa,
enquanto Nicholas balançava a cabeça.
— Largue este perdedor, Lucy, e fuja comigo. Você nunca vai ter que
ganhar seu próprio coelhinho vesgo novamente.
Dei um largo sorriso para o irmão de Nicholas, Quinn, que estava sorrindo
seu sorriso encantador, seu braço pendurado casualmente sobre meu ombro. Hunter revirou os olhos para mim do meu outro lado.
— De jeito nenhum. — eu disse. — Minha pontaria é melhor do que a sua. Além disso, sua namorada pode me machucar.
— Ooh. — Quinn disse, piscando. — Briga de gatas. Quente. — ele sorriu.
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— Ouch. — acrescentou quando Hunter e eu batemos nele. Hunter parecia
diferente, usando um vestido de verão em vez de seu habitual equipamento de
Caçador de vampiro Helios-Ra e seu cabelo solto. Ainda assim, vestido de verão ou calça cargo, ela conhecia três maneiras diferentes de incapacitar alguém
usando apenas seu cotovelo esquerdo.
— Hunter provavelmente quer fazer uma varredura, então estamos indo dar
uns amassos na roda-gigante. — Quinn balançou as sobrancelhas para nós. —
Multitarefa. — Hunter riu quando ele a puxou para os brinquedos brilhantes.
Nicholas segurou minha mão de novo. — Ouvi dizer que famílias pequenas
são legais. — ele disse secamente, do jeito que sempre fazia quando um de seus
muitos irmãos estava irritando-o. — O que você quer fazer primeiro?
— Não sei. — admiti.
— Algodão doce, hm. — ele disse, olhos cintilando.
Comi penugem rosa açucarada e nós andamos por aí, como qualquer outro casal. Se ele tentava proteger-me quando o pop dos jogos de caça rompia o
falatório, bem, isso era normal também. Para nós, de qualquer maneira. Quando
uma garota em um vestido azul correu em nossa direção, eu pisei na frente dele
pegando uma estaca, pensando que ela poderia ser Hel-Blar. Mas não houve gritos, nem sangue. Foi apenas uma noite em um carnaval, apenas duas pessoas
de mãos dadas e sorrindo, apenas açúcar e luz das estrelas.
Eu deveria ter sabido melhor.
Ainda assim, por enquanto, nossa maior preocupação era Nathan, caindo em cima de nós, sorrindo maniacamente. Linnet se arrastava atrás dele, quieta e
mortificada como sempre.
— Lucy. — Nathan disse. — Oi.
— Oi, Nathan. — dei uma olhada em Nicholas. — Nicholas, esta é minha
amiga Linnet.
Linnet sorriu timidamente. — Oi.
Nathan me encarou tão incisivamente e pateticamente que tive pena dele.
Além disso, se continuasse limpando a garganta com tanta força ele
provavelmente sufocaria até a morte. — E este é Nathan.
— Hey. — Nicholas disse.
Nathan aparentemente tossiu tanto que tinha engolido a língua. Ele apenas
sorriu e pareceu ligeiramente insano. E eu tinha certeza de que seu coração
estava fazendo todos os tipos de coisas interessantes. Eles apenas não vêm mais
rapazes bonitos do que os irmãos Drake. Abafando uma risada empurrei Nicholas em torno deles. — Vejo vocês depois caras.
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— Ele está bem? — Nicholas perguntou. — Sua pressão arterial estava toda
esquisita.
— Ele está ótimo. Ele só acha que você é quente.
— Cala a boca. — as orelhas de Nicholas ficaram vermelhas nas pontas. Foi totalmente adorável.
Eu ri. — Encare isso, Nicky, os Drakes são deliciosos.
Ele passou a mão sobre o rosto, envergonhado. — Pare com isso, Lucky.
— Obrigue-me. — eu o desafiei. Continuei sorrindo, até que seus dedos se fecharam em torno de meus pulsos e me puxaram mais perto. Eu estava
pressionada contra seu peito e ele me moveu para trás, como se estivéssemos
dançando, até que meus ombros tocaram a parede lateral de uma cabine. Estávamos escondidos nas sombras sob um toldo listrado. Minhas mãos
fecharam em sua camisa. Ele abaixou a cabeça, sua boca descendo em direção a
minha.
O beijo nunca pousou.
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4 - Hunter
— Você o vampirizou, não é? — perguntei a Quinn sob a minha
respiração, quando o atendente acenou para nós passarmos da parte de trás da
fila.
Quinn apenas sorriu. — Eu só uso meus poderes para o bem, não para o mal. — ele me assegurou enquanto subíamos em uma cápsula oscilante. O
assento era de couro vermelho rachado, com uma gaiola de ferro pintada de
branco sob os nossos pés.
— Oh, você é definitivamente mal. — eu disse quando a barra de segurança
clicou sobre nós. Ele estava perto o suficiente para que eu pudesse ver a chama em seus olhos azuis, as sombras de suas maçãs do rosto. Seu sorriso foi lento e
sedutor. Ele era tão lindo que às vezes era difícil olhá-lo, como olhar para o sol
por muito tempo. O que era irônico considerando que eu pertencia a uma Liga de Caçadores de vampiros chamada pelo nome de dois deuses do sol. Mas Helios e
Ra não tinham vantagem sobre Quinn Drake.
Ele se inclinou mais perto ainda enquanto a roda-gigante rangeu em movimento, a cápsula balançando selvagemente em suas dobradiças. — Você
está assustada?
— Não, eu deveria estar?
— Sim. — ele riu. — Assim eu posso ser todo protetor e macho.
— Oh, certo. Eu continuo esquecendo. — sorri de volta para ele.
A roda-gigante virou lentamente, levando-nos até o topo, onde pausou dramaticamente. As luzes rodopiantes, brilhantemente coloridas do carnaval
dançavam abaixo de nós, e as luzes da varanda das casas brilhavam a distância.
O lago era um ponto negro, apenas fracamente tocado pelo luar. Por força do hábito, fiz uma varredura visual, verificando por saídas, cantos defensáveis, a
tonalidade azul ímpar de pele Hel-Blar.
Quinn riu de novo. Olhei de relance para ele. — O que?
— Você está verificando pontos de acesso ou algo assim, não está?
Franzi o nariz. — Oops. Desculpe. Risco ocupacional. — admiti.
— Vamos ver se eu não posso te distrair. — ele murmurou, curvando a cabeça. Sua boca tocou a minha, suavemente, ternamente. Quando eu o beijei de
volta, o beijo ficou profundo e sombrio, como água quente do oceano. Estávamos
flutuando acima do mundo e nada mais importava. A cápsula sacudiu levemente enquanto a roda-gigante rangia em movimento novamente. Suas mãos roçaram
meu rosto gentilmente, mesmo quando sua língua tocava a minha com uma fome
que fez minha cabeça girar. Eu mordisquei seu lábio inferior.
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Estávamos a meio caminho entre o topo da roda e o solo quando Quinn
ficou imóvel. Suas mãos congelaram no meu cabelo. Ele inclinou a cabeça, seus olhos como fogo azul. Eu conhecia aquele olhar.
Pesquisei as multidões rindo abaixo de nós, estendendo a mão para minha bolsa de armas.
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5 - Lucy
Nicholas virou a cabeça tão bruscamente que alcancei uma estaca por
instinto. Ele encarou a borda das árvores, no lado do estacionamento de onde
surgia contra o calçadão. — Alguém está gritando. — eu não conseguia ouvir por
cima do ruído da feira. Ele apontou. — Lá.
— Vá. — eu disse. — Você é muito mais rápido. Vou buscar apoio e
encontrar você.
— Não, fique aqui. — ele jogou por cima do ombro antes de se tornar um
borrão de cores, deixando um turbilhão de caixas de pipoca descartadas e outros
detritos em seu rastro.
— Yeah, certo. — murmurei, já alcançando meu telefone celular para ligar
para Hunter. Empurrei pela multidão em direção a roda-gigante. Antes de tocar eu a vi e Quinn, seu assento balançando perigosamente, terceiro a partir do solo.
Quinn saltou e pousou de pé, correndo atrás de seu irmão. Hunter desceu com
um pulo justo quando cheguei lá, seu cabelo loiro fluindo atrás dela. O atendente
chiou para ela, agitando os braços freneticamente. Mas ela já estava no chão e fomos correndo o mais rápido que podíamos para o bosque.
— Nicholas também ouviu? — ela perguntou.
Assenti, arquejando. Eu não treinava em um colégio de Caçador de vampiro
como ela. Meus pulmões já estavam queimando. Ignorei a dor e me forcei a ir mais rápido. Hunter tirou uma besta em miniatura portátil de sua bolsa e a
entregou para mim. — Aqui, você é melhor com esta coisa do que eu.
Eu a armei quando desaceleramos, escolhendo cuidadosamente nosso caminho pelos arbustos. Ouvimos pelos sons de uma luta, por outro grito. Outra
nuvem de cogumelos podres e água do lago verde nos atingiram como um soco.
— Porque eles não podem cheirar como flores mortas, como alguns dos
outros? — sufoquei.
Hunter não respondeu. Mas caiu no chão e varreu as pernas para fora,
derrubando-me para fora dos meus pés. Tropecei e caí duro. Uma estaca
assobiou entre nós, afundando em uma árvore. Pura sorte me fez girar de modo que eu não quebrei a besta ou me empalei sobre ela tampouco. O Hel-Blar que
tinha atirado a estaca estalou seus dentes pingando saliva para nós, lançando-se
em Hunter. Liberei a flecha da besta e ela se chocou contra seu peito. No
momento em que perfurou seu coração, sua carne azulada se desintegrou e voou para longe.
Hunter sentou-se. — Obrigada.
Sentei-me, também, a estaca no tronco de pinheiro uma polegada sobre a
minha cabeça. — O mesmo para você. — teria me pego bem entre os ombros se
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ela não tivesse me empurrado para fora do caminho. Carreguei outra flecha e me
forcei a ficar de pé. Hunter já estava de pé e girando em seu calcanhar,
procurando nas sombras e ouvindo.
Quando Quinn e Nicholas irromperam do bosque eu quase soltei uma
flecha neles. O braço de Hunter gaguejou quando ela parou de lançar uma estaca no muito último segundo. Nós todos nos encaramos, olhos arregalados.
— Inferno de carnaval. — Quinn disse, empurrando seu cabelo para fora do rosto.
— E eu pensei que nossos eventos escolares fossem interessantes. —
Hunter concordou. — Lucy derrubou um Hel-Blar.
— Eu te disse para ficar no carnaval. — Nicholas disse.
— Oh, certo, porque você manda em mim. — zombei. — Controle-se, Drake.
Quinn bufou. — Eu te disse, irmãozinho.
— O que vocês caras encontraram? — Hunter perguntou.
— Outra Hel-Blar, mas cuidamos dela. — Quinn disse.
— Havia uma garota também. — Nicholas acrescentou. — Meio bêbada e
chorosa.
Hunter suspirou. — Ela está bem? Precisamos levá-la para a enfermaria?
— Ela está ótima. — Quinn resmungou.
— Tem certeza?
— Ótima o suficiente para agarrar seu traseiro. — Nicholas sorriu
maliciosamente.
Quinn olhou para Hunter, depois para seu irmão. — Cala a boca, homem.
Hunter revirou os olhos. — Como se eu já não soubesse que as garotas te amam, Quinn. — ela disse. Empurrou através dos galhos, parando apenas para
olhar de volta para ele. — Não deveríamos checá-la?
Quinn gesticulou para a trilha saindo das árvores e levando ao parque de
diversões. — Ela voltou para o carnaval. — ele pegou a mão de Hunter. — Vamos
roubar um barco a remos. — ele murmurou para ela. Ele nem sequer olhou de volta para nós. — Vejo vocês depois.
Nicholas e eu fizemos nosso caminho de volta para as luzes rodopiantes do
carnaval. A adrenalina ainda estava zumbindo através de mim, fazendo as cores parecerem mais brilhantes e nítidas. Todos os brinquedos pareciam estar indo
rápido demais, os rostos das pessoas girando e girando.
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— Você sabe, eu vejo uma falha no nosso plano de carnaval. — Nicholas
sussurrou no meu ouvido enquanto um grupo passava empurrando por nós.
— Qual é? — calafrios fizeram cócegas no meu pescoço quando sua língua
gentilmente tocou o lóbulo da minha orelha.
— Muitas malditas pessoas. — suas palavras foram roucas, esfumaçadas.
Dei uma olhada nele. Ele tinha acabado de eliminar um Hel-Blar e tinha
cheirado sangue humano fresco. Suas pupilas estavam dilatadas e suas presas
estavam se alongando ligeiramente, mas não o suficiente para qualquer outra
pessoa perceber. — Você está falando como um vampiro?
— Não, apenas como um cara que quer beijar sua namorada sem um
público. — seu olhar percorreu as bordas do caminho. — Este está vazio. — disse finalmente, arrastando-me por trás da xícara maluca para um carrossel parado.
Nós nos esgueiramos ao redor do sinal “Sob Reparo” e subimos para a plataforma
circular, vagando entre cavalos pintados, unicórnios, e um dragão vermelho. Dois cavalos brancos empinando puxavam uma carruagem roxa. Olhos cinzentos
queimando, Nicholas me puxou para dentro.
Adrenalina e desejo me fizeram sentir como se eu estivesse pegando fogo, e isso foi antes de Nicholas sequer me beijar. Ou de eu beijá-lo. Não importava
quem fechou a distância entre nós primeiro; só importava que sua boca estava na
minha, que minhas mãos estavam correndo sobre os músculos de seus braços, que seus dedos frios cavavam minha cintura. Sua língua acariciou a minha e eu
fiz um minúsculo som que o fez me puxar ainda mais forte contra seu peito. Eu
não podia chegar perto o suficiente. Eu me desloquei de modo que estivesse sentada em seu colo. Seus dentes roçaram meu lábio inferior.
O carrossel balançou em movimento, mas nem sequer fizemos uma pausa. Não importava, nada importava, nem mesmo qualquer que fosse a estranha força
que estava nos empurrando em círculos. Sua mão se emaranhou no meu cabelo e
puxou minha cabeça para trás para trilhar sua boca ao longo do meu pescoço. Estremeci e puxei seu rosto de volta para cima, beijando-o profundamente. Senti-
me imprudente, como uma vela romana queimando em um campo seco. Ele se
moveu contra mim, respondendo com a mesma rapidez, com o mesmo desespero.
Suas presas se alongaram tão de repente, uma delas arranhou meu lábio.
Uma gota de sangue brotou, com gosto acobreado em minha língua. Ele sacudiu
para trás, com as mãos ainda presas em volta dos meus braços, mas me segurando para longe dele como se eu fosse perigosa. Minha respiração era alta e
irregular. Seu peito estava se movendo também, como se seu corpo tivesse
esquecido que não precisava respirar.
Ele lambeu a mais ínfima das gotas do meu sangue de seu lábio,
lentamente, tão lentamente que eu não podia olhar para qualquer outra coisa.
E então o carrossel acelerado, desalojando-me. Caí contra a lateral da
carruagem, lutando contra o ímpeto dos cavalos girando.
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Nicholas franziu a testa, também se esforçando para ficar de pé. — Algo
está errado.
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6 - Hunter
Eu nem sequer perguntei a Quinn, onde ele encontrou o barco a remos.
Era pequeno e pintado de branco, com um banco plano no meio. Depois que fiz
uma varredura rápida para me certificar de que não havia nenhum outro Hel-Blar na floresta, Quinn remou até que estávamos flutuando na escuridão suave, as
luzes brilhando sobre a água. Ele deslizou os remos de volta para o barco.
— Vou morder a próxima pessoa que nos interromper. — ele disse, quando
a brisa fresca e suave pairou.
Estava quieto aqui, os sons de música e risadas finas e distantes. As
estrelas pareciam realmente próximas. Eu podia sentir a montanha elevando-se protetoramente na escuridão. Quinn sentou na minha frente, apoiando os braços
sobre os joelhos. Seu cabelo caía ao redor de seu rosto pálido, levantando
ligeiramente quando o vento aumentava. Foi um momento suave, romântico e
lento, como se o tempo estivesse escorrendo até uma parada só para nós.
E então uma mão azul agarrou o lado do barco a remos.
Um Hel-Blar rosnando tentou rebocar-se para fora do lago, direto para o
meu colo. O fedor de podridão e mofo nos golpeou. A água agitou, e o barco
levantou violentamente.
— Filho da puta! — Quinn o chutou no rosto e ele rosnou, o sangue
escorrendo de seu nariz quebrado. Mas ele não soltou.
E não estava sozinho.
Outro Hel-Blar estava arranhando no outro lado do barco. Atirei pó Hypnos em seu rosto rosnando, esvaziando a embalagem da minha manga. — Largue! —
ordenei. Seus dedos, com as unhas incrustadas de sangue, afrouxaram e ele caiu
no lago, a água se fechando sobre sua cabeça. Quinn não era capaz de atingir o peito do primeiro Hel-Blar com sua estaca sem estar em perigo de saliva infectada
e mordida selvagem. Então ele agarrou um remo e esmagou sua cabeça até que
flutuou para longe, sangrando.
— Parece que eu só agitei as águas. — ele disse sombriamente.
— É melhor eu ligar estes. — eu disse, celular em uma mão e lanterna na outra. Balancei o feixe de luz sobre o lago escuro até que ele pegou o brilho dos
olhos antinaturais. — Ali! Outro, nadando para a costa!
Quinn gemeu, sua cabeça caindo para trás em frustração. — Vamos nos
mudar para a Espanha. — ele finalmente disse.
— Por que Espanha?
— Não sei. — admitiu, remando o barco de volta à costa. — É realmente
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ensolarado lá, provavelmente não tem um monte de vampiros. Poderíamos
realmente chegar a ter um encontro que não termine em desordem e sangue.
Bufei. — Isso é possível com um Drake?
— Provavelmente não. — admitiu. Balançou o remo e houve um baque molhado. — Chegando!
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7 - Lucy
Firmei-me contra um unicórnio com olhos verde-limão berrante, seu
chifre dourado pintado com glitter. Era difícil se concentrar no carnaval.
Estávamos nos movendo rápido demais e todo mundo parecia estar se movendo
lentamente demais. As luzes se arrastavam, como pintura borrada. Elas me
deixaram tonta. Nicholas colocou a mão na parte inferior das minhas costas, firmando-me.
— Eles estão congelados. — ele disse firmemente.
— Quem está?
— Todo mundo.
Eu o encarei, depois a feira passando acelerada. Tive que me concentrar realmente duro, tentando selecionar certas pessoas e cabines, como uma
dançarina de balé detectando durante piruetas. Escolhi a cabine de “Acerte a
Topeira1” por causa do roedor hediondo vermelho-e-amarelo brilhante no telhado.
Depois de algumas rotações percebi que nenhuma das pessoas na frente do jogo tinha se movido. Uma garotinha chorando pelo sorvete caído estava na mesma
exata posição, sua mãe inclinando-se em direção a ela. A roda-gigante tinha
parado, como o tinham as xícaras girando e os balanços voando. Um dos balanços ainda estava no meio do ar, o cabelo de uma garota enredando em torno
de seu rosto risonho.
— Okay, isto é seriamente assustador. — eu disse. — Mesmo para Violet
Hill. Precisamos de Isabeau para este tipo de magia.
— Ela está nas cavernas. Não tem exatamente uma boa recepção de celular
lá.
Mesmo os pombos comendo pipoca ao lado do calçadão estavam parados como estátuas. — Todo mundo está preso. — arregalei os olhos para Nicholas. —
Exceto por nós.
— E ela. — ele balançou a cabeça sombriamente em direção ao parque de
diversões. Segui seu olhar, mas levei outra volta vertiginosa antes que a visse. Ela
parecia ter a nossa idade, tinha cabelo castanho comprido, e estava na frente de Brent como se tivesse estado beijando-o. Quando ela deu um passo atrás,
soltando seus ombros, os joelhos Brent se dobraram e ele caiu mole no chão.
— Okay, isso não pode ser bom. — resmunguei.
— Ela os está drenando. — Nicholas disse suavemente.
— É uma vampira? — perguntei.
1 No original Whac-a-Mole (http://www.nathanbeaver.com/blog/wp-content/uploads/2011/07/whack_a_mole1.jpg )
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— Não. — Nicholas franziu a testa. — Acho que não.
O carrossel rangeu alarmantemente, girando rápido demais para o seu
motor. — Pensei que esta coisa estivesse quebrada. — eu disse,
momentaneamente distraída. — Além disso, está me fazendo querer vomitar.
Nicholas deslizou os braços à minha volta. Ele não me deu um aviso. Foi
provavelmente o melhor, já que tenho bastante certeza que eu teria gritado minha cabeça para fora. Num momento estávamos girando com os cavalos e no próximo
estávamos em pleno ar, ainda girando. Pousamos na sujeira, Nicholas rolando
para que ele tomasse o impacto da queda. Poeira ondulou à nossa volta.
— Pode abrir os olhos agora. — murmurou.
Eles estavam tão firmemente enrugados que meu rosto doía. Abri um olho cautelosamente, depois o outro. — Estou quebrada?
— Não.
— Bom. Acho que eu sou a isca. Vamos salvar o dia. — eu o beijei
rapidamente. — De novo.
Suas presas cintilaram nas luzes do carnaval. — Da última vez que
chequei, você não só salvou o dia, como atirou um monte de caos nele.
Eu o belisquei. — Hey. — me embaralhei para fora dele, alcançando uma
estaca e meu pó Hypnos. Nós não tínhamos realmente um plano. Tínhamos um
vampiro, e uma garota com um gancho de direita perverso. E o inferno que fosse o que a outra garota era. Hunter não aprovaria a nossa estratégia de batalha.
Eu me movi entre os alunos congelados. Eles estavam arrepiantes e com olhos de vidro, como estátuas de cera. O vento esvoaçava seus cabelos e suas
roupas, mas ninguém se movia. Parei, reconhecendo Nathan.
— Oh, porcaria. — eu disse, me apressando para seu lado. Acenei minha
mão na frente de seu rosto. Ele não piscou, não me deslizou seu olhar desgostoso
patenteado. Eu não esperava que ele fizesse, mas uma pessoa pode ter
esperança. — Nós vamos consertar isto. — prometi a ele calmamente. — Você não vai passar a eternidade com esse olhar em seu rosto.
Engoli, caminhando em direção a garota enquanto ela disparava para dentro e para fora da multidão. Mesmo que não pudesse ver Nicholas, eu sabia
que ele estava por perto.
— Hey! — chamei.
A garota girou, seu cabelo obscurecendo seus traços. Nicholas era um
borrão, dando a volta por trás dela. Ele a derrubara antes que ela sequer se virasse de frente para mim completamente. Ele a pegou antes que ela batesse no
chão com o rosto.
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— Todo mundo não deveria descongelar agora? — eu disse quando nada
mudou. — Ela está inconsciente, certo? — Nicholas assentiu. — Empalá-la? — sugeri.
— Ela não é uma vampira. — me lembrou.
Fiz uma pausa, encarando-o, aturdida. — Merda. — não sabia o que fazer
quando o cara mau não era um vampiro. — Então o que agora?
Ele abaixou-a no chão e afastou o cabelo do seu rosto, franzindo a testa. —
Esta é a garota do bosque. A que agarrou Quinn.
Agachei-me ao lado dele, segurando a minha estaca a postos. Eu tinha
visto filmes de terror demais para nunca confiar em um vilão inconsciente — Eu
a conheço. — disse, espantada. — O nome dela é Vanessa.
— Do mal? — Nicholas perguntou.
— Não, apenas alegre. — franzi o cenho, mais confusa do que nunca. —
Não entendo.
Ela se mexeu e eu abaixei a ponta da minha estaca sobre seu coração.
— Você não pode empalá-la, lembra? — Nicholas sibilou.
— Bem, ela não sabe disso.
Os olhos dela tremularam abertos. — O que aconteceu?
— Isso é o que gostaríamos de saber. — Nicholas disse secamente.
Vanessa sentou-se lentamente, depois guinchou quando viu a estaca. —
Lucy? — perguntou incerta. — O que você está fazendo?
— O que eu estou fazendo? O que diabos você está fazendo? — apontei para
o quadro vivo arrepiante de pessoas arrepiantes à nossa volta. — Além disso?
Desfaça!
Ela olhou em volta, de boca aberta. — Wow. Eu nunca tinha congelado
tantas pessoas assim antes!
— Caramba, parabéns. — eu disse sarcasticamente.
— Obrigada!
Balancei a cabeça, olhei para Nicholas. — Se eu não posso empalá-la,
posso pelo menos furá-la com a ponta afiada? Só um pouco? — voltei para
Vanessa, falando com ela com os dentes cerrados. — O que. — perguntei, pronunciando muito lentamente e muito claramente. — Você fez?
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— Não tenho certeza. — ela disse. — Eu estava ficando cansada.
— É por isso que você é tão alegre? — perguntei. — Porque você suga isso de outras pessoas? Muito rude? — inclinei-me para trás fora do alcance, só por
segurança.
— Não posso evitar. — lágrimas brilharam lindamente na borda de seus
cílios quando olhou para Nicholas.
Fiz um som de desgosto. — Pare de flertar com o meu namorado. Não apenas você está se envergonhando e a todas as mulheres, mas ele é esperto
demais para cair nessa.
Ela fez beicinho. Revirei os olhos. Estava acostumada a um pouco mais de
vilania na minha maldade. Lady Natasha, vaidosa e louca como ela era, me fazia
querer fazer xixi nas calças. Ela tinha realmente comido um coração cru de veado, pensando que era o de Solange. Aquilo era empenho. Isto era apenas
patético.
— Eu só tomei um pouco. — ela insistiu.
— Brent está desmaiado e meio verde. — eu a corrigi. — Isso foi mais do
que um pouco. O que você fez com ele?
— Eu só o beijei. Sinto falta dele.
— Uh-huh. E os outros?
— Eles não vão se lembrar. Ninguém se lembra. — ela sorriu de novo. — Então, está tudo bem! Vê? Sem preocupações!
— Então você é uma vampira. — insisti.
— Eu não bebo sangue! Sua grossa!
— Vampira psíquica. — elaborei. — Você toma a energia deles.
— E você estava bêbada no bosque há menos de dez minutos. — Nicholas
disse.
— Eu não estava bêbada. — ela soou ofendida. — Eu estava realmente
cansada e tropecei e caí. E então aquele monstro veio. O que era ela? Eu a imaginei? Tenho uma concussão?
— Claro, vamos com essa. — eu disse. — Agora, desfaça o que você fez ou eu vou dar um soco na sua cara. — antes que o carnaval inteiro se tornasse um
buffet de vampiro. — Então fale.
Ela choramingou novamente. Eu só cruzei os braços e esperei. Depois de um momento, ela enxugou os olhos e suspirou. — Olhe, eu realmente não sei
como isto aconteceu. — disse.
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— Guie-nos por isso. — insisti, olhando em volta para as sombras não
naturais. Nicholas já estava patrulhando em um círculo lento à nossa volta, dolorosamente alerta. — Cada coisa que você fez. — notei faróis do carro subindo
a encosta da montanha. Pelo menos Vanessa não tinha congelado a cidade
inteira, e Quinn e Hunter deve estar em segurança no meio do lago. É claro que, se alguém se dirigisse para o carnaval neste momento, eles estariam
traumatizados para sempre. — Rapidamente.
— Passei pelas cabines ali, porque alguém estava reclamando que o jogo do
“Príncipe Sapo2” foi manipulado. — ela apontou.
Nós andamos em torno de pessoas congeladas, minha professora de matemática incluída. Ela estava rindo, sua boca tão larga que quase podia ver
suas amígdalas. Dois caras estavam despejando licor contrabandeado em uma
garrafa de refrigerante. O carrossel ainda estava girando loucamente. Descemos até o meio do caminho e subimos de volta para o local onde a tínhamos
encontrado. Desde que ela estava conduzindo o evento para o comitê de
formatura, ela tinha estado por toda a parte. Eu não tinha uma pista do que desencadeara o grande congelamento mágico, se ela estava sequer falando a
verdade sobre não saber como tinha acontecido.
— E depois o que? — perguntei. — O que fez você ir para o bosque?
— Eu... vi Brent.
— E?
— E eu estava chateada. — desviou o olhar, se mexeu desconfortavelmente. — Então eu fui ao bosque, para que ninguém me visse chorar.
Nicholas me olhou sobre a cabeça dela. Seus olhos brilhavam. — Ela está mentindo. — ele fez com a boca.
— Você tem certeza que isso é tudo, Vanessa? — ela assentiu. Irritada, virei-me para iniciar outra caminhada.
As presas de Nicholas piscaram de repente e ele agarrou o ombro dela. — O
que é isso? — ele exigiu, arrancando algo que se empurrou para fora do bolso da jaqueta dela. Era uma pequena garrafa de vidro cheia de confete laminado
vermelho em forma de coração e glitter.
E sangue.
Pude dizer pela forma como suas pupilas dilataram e suas presas alongaram, tanto quanto podiam. Eu sabia que uma veia azul familiar estava
pulsando em seu pescoço. Ele inalou, então amaldiçoou.
— Sangue de vampiro. — ele disse calmamente, calmamente demais para
2 No original Frog Prince
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Vanessa ouvir sobre as ondas quebrando nas pedras do outro lado do calçadão.
Meus olhos arregalaram. — Seriamente? Por que são sempre vampiros, mesmo quando não são realmente vampiros? — fui ficar de frente para Vanessa.
— E onde diabos você conseguiu isto? — Vanessa apontou para a tenda de
veludo vermelho com um sinal escrito “Poções do Amor de Madame Juliet”, parecendo envergonhada. Minha boca caiu aberta. — Você não fez. E Madame
Juliet? Ela sequer leu Romeu e Julieta?
— Era apenas uma piada, para me fazer sentir melhor. Eu pensei que podia convencer Brent a me aceitar de volta. — ela explicou com pressa. — A mulher
disse que eu deveria colocar três gotas do meu próprio sangue nisso, para torná-
lo ainda mais poderoso. Sei que soa estúpido, mas eu estava desesperada. Então, saí para o bosque para picar meu dedo e foi quando aquelas... coisas...
apareceram.
Nicholas me encarou. — Tem sangue de Hel-Blar dentro da garrafa.
Um amuleto de amor falso, barato, não era grande coisa. Uma garrafa cheia de sangue de vampiro era sempre uma grande coisa. Especialmente cruzado com
o trabalho de um vampiro psíquico. Eu lembrei vagamente de Isabeau falando
sobre magia empática, sobre semelhante atrair semelhante. Ou isso teria sido a
minha mãe?
De qualquer forma? Estávamos tão ferrados.
Porque a magia dando errado foi apenas uma das muitas maneiras que
esta noite foi uma droga.
— Lucy? — a voz de Vanessa foi minúscula.
— Yeah?
— O que diabos é aquela coisa? — ela guinchou, encontrando sua laringe
novamente.
Eu conhecia aquele guincho. Em Violet Hill aquele guincho era traduzido
como: Oh meu Deus, acabei de ver um vampiro! O olhar de Nicholas quebrou do
meu e eu girei, levantando minha estaca. Segui a indicação horrorizada de Vanessa até a beira do lago, onde um Hel-Blar tingido de azul estava rastejando
para fora da água escura.
— Aquilo é um vampiro. — eu disse brandamente.
Nicholas já estava investindo em direção a ele, o amuleto de amor brega
tombando no calçadão. — Tire-a daqui!
— Eu não vou te deixar sozinho, seu idiota! — rebati.
— Eu realmente devo ter uma concussão. — Vanessa ficou boquiaberta
com o Hel-Blar, estalando as mandíbulas. Um segundo emergiu da água; um
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terceiro desceu atrapalhado à praia, rasgando um pombo congelado com um
bocado de presas afiadas como agulhas. Sangue e penas ficaram agarrados em
seu queixo. Vanessa sufocou. — Vampiros não existem.
— Eu não acho que ele seja vulnerável a uma crise existencial. — estalei. —
Tente algo pontiagudo.
— Mas... mas... — ela olhou atrás de nós, para o carnaval congelado. —
Outro!
— Droga. — dei uma olhada sobre meu ombro. Um Hel-Blar tinha
disparado sobre a cerca decorativa para os terrenos. Ele estava se aproximando
de duas garotas que estavam presas no meio de uma risadinha. Saliva pendia de suas presas.
— Fique atrás de mim. — eu disse. Ela provavelmente não merecia morrer por ser alegre demais, burra demais para viver em Violet Hill, ou mesmo por
sugar a energia de pessoas.
Corri para o Hel-Blar, mas sabia que não o alcançaria a tempo. Eu estava
distante demais e ele era selvagem demais. Tinha que ter cuidado porque tanto
sua saliva quanto sangue eram contagiosos. Deslizei no chão no último minuto
para pegar velocidade e força, colidindo com suas pernas. Ele foi varrido, uivando quando pousou. Ele girou, quase rápido demais para eu ver, e arremessou-se em
um agachamento. Vanessa estava pairando no calçadão, berrando. Eu não tinha
tempo para me preocupar com ela e eu imaginei que se estava berrando tão alto assim, provavelmente estava tudo bem.
O cheiro forte de cogumelos molhados, podres entupiu minhas narinas. Ele passou por mim, sua mão curvada em forma de garra. Seus olhos ardiam
vermelhos e sua respiração era tão fétida quanto o resto dele. Estalou os dentes
para mim, se lançando para o meu pescoço. Corri para trás, usando os meus pés para tirar seu equilíbrio. Ele tropeçou, mas não caiu.
Primeira regra: nunca corra. Vampiros são predadores no coração e
raramente conseguem resistir a uma caçada. Especialmente os Hel-Blar, tão cruéis e selvagens, eles não se incomodam em resistir a nada.
Então eu corri.
Eu me levantei e fui de volta para a praia, longe de todas as pessoas. Ele
me seguiu, embora houvesse duas garotas vulneráveis atrás dele, tão fáceis quanto pegar maçãs de um galho. Eu sabia que meu sangue cheirava mais doce,
adrenalina e suor zumbindo em minhas veias e vazando através dos meus poros.
Arranquei um sinal de “Você Deve Ser Desta Altura Para Ir Neste Brinquedo” do
chão arenoso e girei, esmagando-o em seu peito. Ele ainda estava correndo, ainda empurrando-se em um frenesi de fome, e seu próprio impulso o empalou. Eu só
tive que assumir o peso por um momento, até que ele se desfez em cinzas.
Vanessa tinha parado de gritar. Ela apenas me encarou.
— Lucy! — Nicholas berrou da areia. — Você está bem?
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— Ótima! Você?
— Yeah, isto é exatamente o que eu tinha em mente para o nosso primeiro
encontro. — ele murmurou enquanto um Hel-Blar explodia, cinzas pousando na
superfície da água. Os sons de luta flutuaram em nossa direção do meio do lago, seguidos por um tipo bravo de risada.
— Quinn. — Nicholas e eu dissemos em uníssono.
Já tínhamos eliminado três Hel-Blar, mas havia mais vindo e não apenas
aquele comendo seu caminho pelos pombos. Havia sombras na beira da água e
disparando entre as árvores. Logo haveria demais deles e o carnaval era apenas grande demais para proteger por nossa conta. Isto ia se transformar em um
massacre se Vanessa não desfizesse a magia.
Isabeau nos ajudara a quebrar um amuleto de amor feito para Solange
apenas algumas semanas atrás. Ela nos avisara para não queimá-lo ou afogá-lo,
já que não sabíamos como o feitiço foi criado. Mas nós não tínhamos tempo para enfiar a garrafa no congelador como ela tinha feito para enterrá-la dias depois. E,
além disso, congelá-la não parecia uma ideia terrivelmente boa agora. Já houve o
suficiente disso.
Talvez esmagá-la funcionaria.
Ou poderia piorar.
Mas era a única ideia que eu tinha. Estava longe demais da garrafa
encantada para quebrá-la em pedaços e Nicholas estava cercado por Hel-Blar. O Hel-Blar manchado de pombos lançou-se para mim, mandíbulas estalando. Eu o
golpeei com a minha estaca. Ele rosnou, tentando me agarrar. Saltei para fora do
caminho, tropeçado numa pedra. Vanessa só ficou ali, em estado de choque. Um
barco a remos raspou na praia, e Quinn e Hunter saltaram para fora, encharcados, mas ilesos. Joguei areia no rosto do Hel-Blar. Ele agarrou seus
olhos justo quando Hunter passou disparada, empalando-o bem entre os ombros.
Ele se desintegrou e ela me lançou a balestra em miniatura novamente.
— Oi, Lucy.
Eu a peguei, armei, e disparei contra o Hel-Blar tentando comer o rosto do
meu namorado. — Oi, Hunter.
Ela disparou além de mim, para o meio da multidão congelada. — Apoio está chegando!
Quinn a seguiu, separando-se para cortar o Hel-Blar se enfiando pelo buraco na cerca de arame do estacionamento.
— Vanessa! — lutei para me levantar. — Esmague a garrafa!
Ela piscou para mim, depois para a garrafa vermelha cheia de glitter. —
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Mas... Brent... o baile...
— Você acabou de mencionar o baile? Agora? — fiz uma pausa para encará-la tempo suficiente para que o Hel-Blar estivesse quase em cima de mim.
A balestra estava sem flechas e eu só tinha uma estaca sobrando. Estava
sentindo contusões e cortes que não tinha percebido que tinha.
— Sabe o que? — berrei, deslizando para o tumulto de vampiros rodeando
Nicholas. Ele se virou, colocando suas costas nas minhas. — Garotas mortas não
dançam, Vanessa. Então faça isso! Faça agora! — sangue escorria da parte de trás do meu joelho, levando os Hel-Blar a uma febre louca. Mãos azuis e presas
de agulha vieram para mim. Nicholas empalou um e lançou-me através das
cinzas dele, pela repentina abertura. Rosnados famintos pontuavam o ar. Eles estavam loucos de fome, demais para formar palavras.
Vanessa levantou o pé e levou-o para baixo com força sobre a garrafa.
O vidro rachou, escorrendo sangue e glitter.
Os Hel-Blar pausaram, cabeças estalando na direção dela. Houve um estalido de som como trovão, e o cheiro de fumaça e cogumelos e lírios murchos.
A cacofonia dos brinquedos estalando em movimento, de apitos e sinos e vozes
todos quebrando abertos ao mesmo tempo fez minha cabeça latejar. O tumulto inconstante de aromas humanos, quentes com o sangue correndo, distraiu os
Hel-Blar ainda mais. Nicholas despachou dois e eu eliminei o último com minha
estaca nova de grampo de cabelo. Ela lascou e quebrou, mas pelo menos crivou através do músculo e pele do vampiro antes. Tossi com a poeira podre, quando
Nicholas me ajudou a levantar.
— Eu não pisaria nisso se fosse você. — ele disse a Vanessa enquanto o sangue escorria em direção ao pé dela. Ela saltou para fora do caminho como se
fosse ácido.
Ficamos ali por um longo momento, recuperando nosso fôlego, observando
as luzes coloridas piscarem e as pessoas vagarem entre os estandes. Alguns deles
pareciam ligeiramente confusos. Avistei Nathan roubando um pouco da pipoca de Linnet. Os dois pareciam ótimos. Aliviada, me encostei em Nicholas. Nós
tropeçamos pela areia e até o calçadão. Vanessa nos seguiu, parecendo aturdida.
Hunter e Quinn se juntaram a nós, as bochechas de Hunter vermelhas e seu cabelo úmido aderindo a seus braços nus.
Quinn estava sorrindo largamente. — Bem, isso foi divertido. — ele disse.
— Além disso? Que diabos?
— Versão curta? — acenei para Vanessa. — Vampira psíquica mais sangue
de vampiro mais amuleto de amor é igual a muito, muito ruim.
— Então por que vocês dois não foram afetados? — Hunter perguntou. —
Vocês estavam bem aqui.
— Sangue de vampiro? — Nicholas supôs. — Não funciona contra outros
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vampiros, não sem ser ridiculamente antigo ou dosado com Hypnos.
— E eu sou parcialmente imune. — acrescentei. — Crescer com os Drakes tem suas vantagens, mesmo que alguém esteja sempre tentando me matar. E,
além disso, nós estávamos nos beijando na hora.
— Quando você não está beijando? — Quinn provocou.
— Quando estou socando você. — rebati com um sorriso largo.
— Não fiz isso de propósito. — Vanessa disse, sua voz tão não alegre
quanto eu já tinha ouvido. Estranhamente, senti falta de seus pontos de
exclamação. O resto de nós estava acostumado a este tipo de coisa e conhecíamos brincadeiras que nos fariam sentir normais de novo. Vanessa provavelmente não
pensava que ela alguma vez se sentiria normal de novo. Algumas coisas que você
simplesmente não podia desconhecer.
— Vai ficar tudo bem. — eu disse.
— Há paramédicos a caminho. — Hunter concordou, olhando para mim. Eu
sabia que por paramédicos ela na verdade queria dizer agentes Helios-Ra. Ela deu
uma olhada em Quinn e Nicholas e voltou para mim. — Então vocês caras
deveriam sair daqui. — acrescentou. — Antes que meus amigos cheguem. — de fato, já havia algumas calças cargo e botas estilo-exército pretas de aparência
suspeita ao redor.
Acordos ou não, apenas não era uma boa ideia ter dois irmãos vampiros
Drake rondando a cena de um ataque de vampiro, mesmo que fosse um ataque
de Hel-Blar. E já que eu estava listada como uma Pessoa de Interesse no estúpido Manual de Caçador Helios-Ra deles, eu não estava interessada demais um rondar
tampouco.
— Desculpe Van, tenho que ir. — apertei sua mão e ela sorriu de forma trêmula. Não houve nenhum flash de luz e eu não me senti particularmente
sonolenta ou drenada embora Nicholas ficasse tenso ao meu lado. — Realmente
vai ficar tudo bem. Hunter vai te ajudar, e eu vou ver você na escola.
Nicholas, Quinn, e eu disparamos em direção ao estacionamento, parando
atrás de uma minivan bege de aparência inócua.
— Como podemos ter certeza que ela não vai fazer isso de novo? — Nicholas
se perguntou.
Bufei. — Você está brincando? Eu vou colocar Isabeau no traseiro dela.
Quinn subiu em sua motocicleta. — Vejo você em casa, Nic. Tchau, Lucy. — nós o observamos acelerar para fora do estacionamento.
— Sorrateiro. — Nicholas bufou.
— Tanto por nosso primeiro encontro. — suspirei.
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Ele me entregou um capacete de motocicleta. — Não é bem assim.
Eu o peguei curiosamente. — O que você quer dizer?
— Apenas suba. — ele disse, escarranchando na moto.
Eu subi atrás dele. — Onde estamos indo? — mas ele não respondeu,
apenas ligou o motor.
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8 - Hunter
— Ela vai ficar bem? — perguntei a Spencer, meu celular acomodado
entre a orelha e o ombro. A maioria dos agentes estaria varrendo a floresta ao
redor do parque de diversões e da praia. Eu tinha alguns minutos antes de ser
interrogada. Vanessa se arrastava atrás de mim, parecendo perdida quando
deslizei para a tenda de Madame Juliet.
— Ela deve ficar ótima. — Spencer disse. — Não posso acreditar que perdi
magia real. Era o meu major3. É melhor você pegar o número dela. Tenho uma centena de perguntas.
— Yeah, yeah. Primeiras coisas em primeiro.
O interior da tenda era tão extravagante quanto o exterior. Havia montes de
luzes em forma de coração e perfumes prometendo atrair amantes perfeitos.
Havia velas vermelhas e uma bola de cristal em uma mesa coberta de veludo, e uma nuvem de incenso. Havia também um grande cesto cheio de rosas de seda e
garrafas em forma de coração cheias de glitter vermelho e confete prateado.
— Isso é o que ela me vendeu. — Vanessa confirmou.
— Você a conhece? Ela sabe sobre seus poderes?
Ela balançou a cabeça. — Não, eu acho que não. — deu de ombros. — Ela
tinha um sotaque falso e brincos de argola e o negócio todo. Eu te disse, é só uma piada de carnaval.
Levantei todas as garrafas. — Acho que estas estão apenas cheias de água
da torneira e glitter. — eu disse a Spencer. — Brega, mas não fatal. Então realmente foi apenas má sorte.
— Eu tenho amuletos para isso. — Spencer respondeu.
— Existe um que eu possa dar a Vanessa?
— Encontre uma citrina.
— Certamente. — fiz uma careta para o telefone. — O que diabos é uma citrina?
Ele riu entre dentes. — É um cristal, amarelado ou verde-limão. Há
provavelmente um punhado nessa tenda de todos os cristais de camelô de carnaval desta cidade, não é?
Não havia nenhum na tenda, mas Vanessa e eu encontramos um estande
3 It was my major, major vem do latim e é a área de especialização na universidade, acho que é o que ele quis
dizer.
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vendendo cristais e incensos. Eles estavam até rotulados, então eu sabia que
estava fazendo Vanessa comprar o tipo certo.
— Isso é feio. — ela disse duvidosamente, deslizando o cristal verde-
amarelo pálido sobre sua cabeça.
— Isso é citrina. — expliquei. — Se você usá-la vai te impedir de tomar
energia demais das outras pessoas. E de, você sabe, parar o tempo
acidentalmente.
Spencer jurou novamente. — Cara, eu perco toda a diversão.
— Oh yeah. — eu disse secamente. — Foi muito divertido. Você pode explicar isso, a propósito?
— Efeito colateral do sangue de vampiro na magia. — eu podia imaginá-lo dando de ombros pelo telefone.
— É por isso que o carrossel quebrado onde Lucy e Nicholas estavam fez o contrário e acelerou?
— Provavelmente uma reação a Nicholas. E se ele e Lucy estavam se
beijando como você disse, isso desencadeou o beijo que Vanessa deu em Brent. E fez uma grande bagunça.
— A citrina vai funcionar?
— É claro que vai funcionar. — Spencer disse. — Consegui notas “A” antes
de morrer, lembra?
Olhei de relance para Vanessa. — Você vai ficar bem agora? — ela assentiu,
olhando triste, mas relativamente calma. — Bom. Nós estaremos te observando. — me senti estúpida dizendo isso, mas ela tinha que saber que não podia só sair
por aí drenando pessoas.
— Ooh, muito Bellwood. — Spencer disse com uma risada na minha orelha, referindo-se a diretora assustadora da nossa escola antes de desligar.
Até o momento em que fui interrogada pela agente principal encarregado, passava da meia-noite e ela insistiu em me levar de volta para a escola. Chloe
estava acordada, digitando em seu laptop como de costume. Seus olhos estavam
arregalados.
— Cara. Acabei de falar com Spencer.
Larguei minha mochila cansadamente. — Yeah, que noite. — chutei meu
tênis, dei de ombros para fora do meu casaco e me virei para a minha cama.
Chloe girou na cadeira para observar minha reação, sorrindo maliciosamente.
Minha cama estava coberta de flores. Não rosas - elas eram comuns demais
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para Quinn. Em vez disso, havia lírios e margaridas e black-eyed Susans4
espalhadas sobre meu cobertor, sob meu travesseiro, e por todo o chão ao redor
da cama. Sorri. Um sorriso pateta que eu tinha bastante certeza que nunca sorrira antes.
— Ele entrou pela janela. Felizmente, me telefonou primeiro então eu não o empalei. — Chloe balançou a cabeça, sorrindo largamente. — Eu já disse isso
antes e vou dizer de novo. Onde posso conseguir o meu próprio irmão Drake?
4 Sem tradução em português
(http://imavex.vo.llnwd.net/o18/clients/urbanfarm/images/Annual_Flowers/Back_eyed_susans.jpg)
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9 - Lucy
O vento frio e a sensação das costas de Nicholas me apoiando
afugentaram o último fio da adrenalina nervosa. Ele me levou de volta para a
fazenda Drake, mas ultrapassou o caminho principal para a casa, mantendo-se
para os campos em vez disso. Ele parou a moto na borda da floresta. Estava
calmo, com apenas o vento e os sapos cantando de uma lagoa distante. Sua mão estava fria na minha enquanto ele me levava para uma enorme árvore de borda
retorcida. As folhas já estavam começando a mudar de cor, como pequenos
pedaços de luz do sol mesmo no meio da noite.
— O forte na árvore. — sussurrei. — Eu tinha esquecido tudo sobre isso.
Era uma série de plataformas com telhados oblíquos e parapeitos
pequenos. Solange e eu passamos um inverno inteiro iniciando guerras de bolas
de neve contra os garotos da plataforma mais alta. Nós ainda saíamos para um dos carvalhos do outro lado da fazenda, já que era mais próximo da estrada e da
minha casa, mas eu não tinha voltado para o forte na árvore em anos.
— Estou recorrendo a um faça-de-novo esta noite. — Nicholas disse suavemente, levando-me pela escada para os galhos da árvore. As folhas
farfalhavam suavemente. Havia velas em lanternas que ele acendeu, e almofadas
espalhadas ao redor. — Eu ainda venho muito aqui. — ele admitiu. — Quando as coisas ficam complicadas.
E ultimamente as coisas estavam sempre complicadas. Exceto por agora. Sentei-me ao lado dele, nossas pernas penduradas sobre a borda. Ele colocou o
braço em volta do meu ombro até que eu estava enfiada contra seu lado. A luz
quente da vela brilhava em seus olhos pálidos.
Nós não brigamos ou brincamos, apenas ficamos ali, balançando os pés e
sorrindo conforme o final do verão desaparecia. Ele baixou o olhar para mim,
sorrindo perversamente.
— Então, sobre o baile...
Fim
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Série Drake Chronicles
Corsets and Crossbows, # 0.1 (Distribuido)
Lost Girls, # 0.5
Hearts at Stake, # 1 (Distribuido)
Blood Feud, # 2 (Distribuido)
Out for Blood, # 3 (Distribuido)
A killer First Date, # 3.5 (Distribuido)
Bleeding Hearts, # 4 (Distribuido)
A Field Guide to Vampire: Annotated by Lucy Hamilton, # 4.5 (Distribuido)
Blood Moon, # 5 (Distribuido)
Blood Prophecy, # 6
Rulling Passion, # 1.3
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Sobre a Autora
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Créditos After Dark
Tradução
DL
Revisão inicial
Jessica Dias
Revisão Final e Formatação
Hay Nichole
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