Dr. M.Sc. José Antônio Simas Bulcão - Médico Sanitarista da Divisão de Epidemiologia e Prevenção do Departamento de Saúde de FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS S.A.

Representate do Grupo de Trabalho Sobre Efeitos CEM do Ministério de Minas e Energia – GT/CEM/MME do Brasil

Coordenador do Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento sobre Efeitos de CEM com a Universidade de São Paulo – USP

19 a 23 de setembro de 2005

II CONGRESO INTERAMERICANO DE SALUD AMBIENTAL

Palacio de Convenciones de La Habana, Cuba

LA DIMENSIÓN AMBIENTAL EN LA SALUD HUMANA Y CALIDAD DE VIDA

Conceitos Gerais da Avaliação Epidemiológica dos Efeitos Sobre a Saúde de Campos Elétricos e Magnéticos (CEM) de Baixa Freqüência (50-60 Hz) no Setor Elétrico Brasileiro

Dr. MSc. José Antônio Bulcão – bulcao@furnas.com.br

Eng. MSc. Hamilton Moss de Souza - moss@cepel.brCentro de Pesquisas de Energia Elétrica - CEPEL Pesquisador Gerente do Projeto de CEM/CEPEL/MME (Ministério de Minas e Energia) - Brasil

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Epidemiologia dos Efeitos de CEM

Conceitos Básicos Relacionados aos Possíveis Efeitos Sobre a Saúde

Os CEM são uma combinação de ondas elétricas e magnéticas que se movem simultaneamente, e se caracterizam por uma freqüência e comprimento de onda.

A freqüência da emissão é um dos fatores primordiais na interação do material biológico com uma emissão eletromagnética .

Epidemiologia dos Efeitos de CEM

A freqüências muito altas, características da luz ultravioleta e dos raios X, por exemplo, as partículas eletromagnéticas (fótons) têm energia suficiente para romper as ligações químicas. Esta ruptura das ligações é conhecida como ionização e a esta parte do espectro de denomina ionizante

Freqüências baixas, como a luz visível, radiofreqüência e microondas, a energia de um fóton está muito abaixo da necessária para romper as ligações químicas . Esta parte do espectro eletromagnético se conhece como não ionizante. Este desconhecimento é, em parte, o responsável pelo aumento da percepção de risco pelas comunidades.

Epidemiologia dos Efeitos de CEMA epidemiologia dos CEM compara as diferentes incidências de doenças entre grupos populacionais expostos e não expostos.

Estabelece métodos de validação (estudo válido).

O termo válido vem do latim validus , que significa forte, concluí-se que um estudo válido é um estudo que traz consigo uma mensagem forte, dificilmente questionada com base em erros metodológicos.

A distorção dos resultados de um estudo em decorrência de erros sistemáticos é denominada viés (sesgos) (bias). Constata-se em todos os estudos epidemiológicos sobre efeitos de CEM a presença de viés (sesgos) (bias) de seleção.

Epidemiologia dos Efeitos de CEMFatos EpidemiológicosA epidemiologia sugere hipóteses e testa sua veracidade através da repetibilidade (CEM e câncer não comprovados por diferentes estudos com métodos bem desenhados);• Plausibilidade Biológica: suporte da biologia molecular, biofísica entre outras (relação de causa efeito inexistente); • Magnitude de Associação para provar que os resultados não foram devido ao acaso (variáveis de confundimento);• Robustez da Associação tende a persistir com distintas metodologias de análise (viés de seleção)

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Epidemiologia dos Efeitos de CEMValidade - está associada à ausência de Erros Sistemáticos

Precisão do estudo está associado à ausência de Erros Aleatórios.

Esses dois tipos de erros se diferenciam substancialmente

Problemas de precisão refletem a variabilidade amostral e dizem respeito à inferência estatística acerca da população da qual a amostra foi retirada, ou seja , o universo amostral.

A inferência estatística não se relaciona diretamente à validade.

Um estudo pode ser preciso e mesmo assim apresentar erros sistemáticos que invalidam seus resultados

(Werneck L.G & Almeida M.Liz, – Epidemiologia, Capítulo 14, pp.199-200: Atheneu, 2003).

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Esquema ilustrativo da diferença entre validade e precisão

Medronho et. all, Epidemiologia - Atheneu, 2003)

Estudos Epidemiológicos

A seguinte tabela resume os riscos relativos (RR) dos estudos de exposição residencial.

Tipo de câncer - Número de - Mediana - Intervalos

estudos de RRs de RRs Leucemia infantil 20 1,25 0,80-2,00Tumor cerebral infantil 9 1,20 0,80-1,70Linfoma infantil 8 1,80 0,80-4,00Taxa global de câncer infantil 7 1,30 0,90-1,60Leucemia em adultos 6 1,15 0,85-1,65Tumor cerebral em adultos 5 0,95 0,70-1,30Taxa global - câncer em adultos 8 1,10 0,80-1,35

Jmoulder, 2000 DEPP.G/DSA.G/FURNAS

Risco Relativo de Leucemia Infantil

Estudos CEM realizados no Brasil entre 1983 e 2002

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Estudos Epidemiológicos

International Agency for Research on Cancer - IARC, 2002. Non-ionizing radiation. Part 1, static and extremely low-frequebcy- ELF electric and magnetic fields.Vol.80, Lyon. 429 pp

“A interpretação dos resultados dos estudos epidemiológicos esta dificultada pela ausência de conhecimento sobre um mecanismos de ação ou um suporte de reprodução de experimentos. Particularmente, os dados sobre CEM e leucemia nas pesquisas em animais são negativas” - (tradução livre)

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Workshop, Sensitivity of Children to EMF, Istanbul, Turquia, junho de 2004 Dra. Leeka Kheifels, University of California

“Estudos adicionais serão necessários e deverão conter desenhos específicos para testar as hipóteses referentes à alta exposição, contato com as correntes elétricas ou a possibilidade de corrigir o viés de seleção. Os esforços no passado, procurando avaliar a operacionalização dos vieses por meio de vários estudos ecológicos com uma baixa taxa de participação (participação reduzida dos casos da doença em relação à amostragem de estudo), se caracterizavam por uma abrangência ecológica e/ou focavam os códigos de cabos e não encampavam as medições de CEM. Novas pesquisas necessitam focar a relação entre os vários estudos ecológicos e a participação dos estudos de caso controle em uma mão e as medidas de CEM na outra. Atualmente a questão sobre os viés de seleção só poderá ser resolvida por meio de um extenso e bem organizado estudo de coorte, ou em um estudo de caso-controle aonde as informações podem ser coletadas e as subjetividades inclusas. No entanto, dado a baixa participação e a raridade entre leucemia infantil e exposição (CEM entre 0,3 – 0,4 T), requererá tanto um estudo de custo proibitivo ou uma metodologia inovativa e pioneira de desenho de pesquisa” – (tradução livre).

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“O limitado número de estudos publicados sobre possíveis riscos de CEM nos ecossistemas terrestres e aquáticos mostram uma fraca ou nenhuma evidência de impactos significantes, exceto para alguns efeitos causados por fontes muito altas. Portanto, de acordo com o estado da arte do conhecimento científico os limites de exposição propostos pela Manual da ICNIRP de proteção à saúde, são também eficazes para proteger o meio ambiente” .

World Health Organization - WHO - Electromagnetic Fields and Public Health - Information sheet: effects of EMF on the environment, 2005. http://www.who.int/docstore/peh-emf/publications/facts_press/fact_english.htm

Lidando Com o Risco Anais do Seminário “Risk Perception, Risk Communication and its Application to EMF Exposure” [12 – pg339], organizado pelo IRPA/ICNIRP/OMS

“Apesar dos resultados serem inconclusivos, os CEM são percebidos como fator de risco para a saúde por algumas pessoas. A ausência de evidência de efeitos prejudiciais não parece ser suficiente na sociedade moderna. Entretanto, a evidência de sua ausência é demandada cada vez mais. As preocupações do público podem ter séria influência para o desenvolvimento e a penetração de modernas tecnologias em países democráticos. Mais ainda, as preocupações e temores por si próprios podem levar a distúrbios na saúde das pessoas. Tem se identificado que é necessário não apenas prevenir efeitos reais e conhecidos de CEM mas que é também necessário mitigar a percepção das pessoas com relação aos riscos. Os meios para se conseguir isto tem sido investigados e testados. Comunicação aberta e cooperação, com eixo no bem estar das pessoas, entre autoridades, público, indústria e cientistas parece ser o mais promissor”

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Referencial para Desenvolver Medidas de Precaução em Áreas de Incerteza Científica - “Framework to Develop Precautionary Measures in Areas of Scientific Uncertainty

O Framework reconheceu que o contexto central que, em última análise, determina uma decisão política está pautado nos fatores culturais, nos valores éticos e na realidade política. Este contexto compreende: fortalecer os padrões e conceitos de vulnerabilidade da população; verificar iniqüidade na distribuição da exposição atual e potencial e; estabelecer parâmetros de exposição iguais para todos

Os objetivos principais foram: •Discutir o uso das medidas de precaução visando desenvolver políticas de saúde pública:•Revisar e providenciar novas idéias para a construção do Referencial (Framework);•Discutir as implicações da implementação das recomendações do Referencial com os diferentes atores sociais;•Aplicar o Referencial a uma série de estudo de casos para assegurar o seu uso e prática

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Lidando Com o Risco Referencial para Desenvolver Medidas de Precaução em Áreas de Incerteza Científica - “Framework to Develop Precautionary Measures in Areas of Scientific Uncertainty

O Framework estabeleceu os seguintes critérios para selecionar opções sempre que as ações de precaução são julgadas necessárias •Estar de acordo com a lei;•Não ser elaborada ou implementada arbitrariamente;•Ser proporcional ao conhecido nível de proteção;•Não ser mais restritivo do que o necessário para alcançar o objetivo almejado;•Estar sujeito a revisões sistemáticas ou quando apareceram novos conhecimentos científicos;•Ser consistente com os procedimentos normalmente realizados;•Estar baseado na avaliação do potencial de custo-benefício entre a ação e ausência de ação;•Ser capaz de designar as responsabilidades necessárias para produzir a evidência científica para prover uma abordagem de risco mais compreensivel.

Os estudo referente aos possíveis efeitos biológicos de campos elétricos e magnéticos de baixa freqüência (50-60 Hz), realizados pela comunidade científica mundial, não encontraram um mecanismo biológico (relação de causa e efeito) que pudesse explicar as hipóteses de danos sobre a saúde

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Comentários Finais

O rebatimento no Brasil destas recomendações, traduzidas em ações em nível nacional, deve ser feito levando-se em consideração as particularidades do país, mas sem abrir mão das referências científicas consolidadas, como, por exemplo, limites cientificamente estabelecidos.

No Brasil, um grupo de trabalho do Ministério das Minas e Energia, acompanha as atividades do EMF Project da OMS, e tem buscado transmitir os resultados dos encontros científicos do projeto para profissionais e, para a sociedade civil:participação em reuniões em comunidades na área de influência direta de projetos de sistemas elétricos e audiências públicas com caráter informativo para o processo participativo destas comunidades nos procedimentos de licenciamento ambiental de projetos de transmissão, distribuição e subestações elétricas.

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Comentários Finais

No que diz respeito diretamente às empresas do Setor Elétrico, importante que pessoal especializado em comunicação social e em ações de meio ambiente participem da geração , atualização e divulgação de informações, tendo em vista a forte componente de opinião pública existente na questão dos CEMs. É importante também treinar pessoal das empresas para dar resposta imediata no instante em que surgirem os primeiros questionamentos. Uma vez instaurada a convicção que os campos gerados por uma determinada instalação são prejudiciais torna-se difícil reverter o quadro de rejeição ao empreendimento.

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Comentários Finais

Uma comissão interministerial, englobando, além do MME, o Ministério da Saúde, o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério das Comunicações e participantes da sociedade organizada, entre outros órgãos governamentais, pretende harmonizar os diferentes entendimentos da questão por parte de setores do governo e da sociedade.

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Comentários Finais