UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO –PEDAGOGICA
PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
-A LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL- A FALTA DE LEITURA FAZ COM QUE O BRASILEIRO
NÃO SE EXPRESSE COM CORREÇÃO E CLAREZA
Por: Carla Auxiliadora de Castro
Orientador: Prof. Ms. Marco A. Larosa
Rio de Janeiro 2003
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO DE PESQUISA SÓCIO-PEDAGÓGICA
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
- A LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL –
A FALTA DE LEITURA FAZ COM QUE O BRASILEIRO
NÃO SE EXPRESSE COM CORREÇÃO E CLAREZA
Trabalho para obtenção do título de Especialista em Educação em nível de Pós-Graduação Lato-Sensu (habilitação: docência no ensino superior) – Projeto “A vez do mestre” sob a orientação do Professor Marco Larosa, mestre em Educação.
AGRADECIMENTO
Na luz do despertar do mundo apareceu a vida nos
seus vários estágios, da minúscula ameba ao gigantesco
dinossauro, da florzinha do campo à amazônica vitória-régia,
da formiga ao elefante...e na harmonia de tudo, como imagem
de Deus e imagem do mundo, a criatura humana. Da argila da
terra unida ao Espírito de Deus, nasce o homem como
vocação terrena e vocação de infinito.
E no meio do silêncio e do êxtase, uma voz consciente
interpretou a gratidão da natureza em sua alegria de ser e
exclamou: “OBRIGADO”!
Agradeço em primeiro lugar a Deus que está sempre ao
meu lado me amparando, ao meu marido, aos meus pais e
amigos, que estão sempre dispostos a me ajudar e incentivar a
cada dia dessa jornada.
DEDICATÓRIA
Dedico este projeto ao meu marido, que tanto vem me
apoiando nessa nova conquista e a minha filha Lara que
mostra a cada dia sua força e determinação em estar ao nosso
lado.
RESUMO
Tendo em vista a grande dificuldade de que o povo brasileiro apresenta para
expressar claramente tanto na língua falada quanto na escrita, faz-se necessário à utilização
de propostas inovadoras que possam estimular o aluno a descobrir a leitura como um dos
principais agente capaz de desenvolver a escrita e por conseguinte a linguagem verbal.
A língua portuguesa passou a por várias transformações até chegar o Português que
se fala hoje. Sofreu ainda sobre influências culturais diversas como: incorporação de
palavras estrangeiras e invenções regionais criadas pelo povo etc. Nas escolas deve-se fazer
entender as diferenciações da língua e aprender a respeitá-las. Valorizar o período escolar
como tempo de construção de idéias e de escrever em fato real.
O governo tem incentivado a permanência do aluno na escola com projetos como a
Bolsa – Escola, entretanto, é preciso ter prazer em se estar nela. Uma mudança na postura
do professor diante da leitura e da escrita vai de encontro a esse pensar pedagógico,
tornando o caminho do aprender mais suave. O ato de ler e de comunicar-se no seu sentido
pleno, tem se diluído no decorrer do processo histórico fragmentando-se atualmente,
tornando-se assim um desafio.
O educador e a comunidade têm a tarefa de juntos resgatar valores perdidos da
nossa cultura e redefini-los para assim se alcançar um sonho possível: o respeito a
diferentes formas de comunicação e valorização da leitura para que haja um processo
democrático no meio social.
A preocupação em fazer com que os alunos interessem-se pela leitura, dando
valores a nossa cultura, levantou a questão da comunicação propulsora entre os diversos
temas que se renovam constantemente e a forma necessária para a construção dos
conhecimentos.
A estruturação do trabalho desenvolvido apresenta-se em três partes principais:
- A primeira parte retrata o surgimento da Língua Portuguesa e as modificações que
a mesma tem sofrido ao decorrer dos séculos;
- A segunda parte mostra a pratica da Língua Portuguesa no dia-a-dia e a professora
como mediador deste processo de aprendizagem;
- E por fim a terceira parte, que apresenta as formas de incentivos do ensino da
língua por parte das autoridades governamentais.
METODOLOGIA
Estudar a Língua Portuguesa é tornar-se apto a utilizá-la com eficiência na produção
e interpretação dos textos com que se organiza nossa vida social. Por meio desses estudos,
amplia-se o exercício de nossa sociabilidade – e consequentemente de nossa cidadania, que
passa a ser mais lúcida. Ampliam-se também as possibilidades de fruição aos textos, seja
pelo simples prazer de saber produzi-los de forma bem feita, seja pela leitura mais sensível
e inteligente aos textos literários. Conhecer bem a língua em que se vive e pensar é investir
no ser humano que você é.
Resgatando valores e incentivando a redescoberta da nossa memória histórica,
conscientizando o valor do momento presente, a luz da história passada, projetando
transformações agora com perspectiva futuras.
“A comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, ao homem social”.
(JUAN BORDENAVE)
A Língua Portuguesa não se limita e pouco, é compreensível a todos, já que faz
parte do cotidiano e é através dela que é transmitido nosso saber e que desenvolvemos a
visão social do mundo.
O aprendizado da Língua Portuguesa é uma vivência constante. A todo instante nos
deparemos com informações que vem de vários lugares e de várias formas (jornais,
revistas, livros, prospectos, e-mail, etc.). As pessoas utilizam-se a linguagem para a
transmissão e construção da cultura de uma sociedade.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 10
CAPÍTULO I – HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA..................................... 12
1.1 – A origem da Língua Portuguesa ................................................................ 13
1.2 – Domínio da Língua Portuguesa.................................................................. 14
1.3 – Os dialetos ................................................................................................ 14
1.4 – Onde é falada a Língua Portuguesa............................................................ 15
1.5 – O Português no Brasil ............................................................................... 15
CAPITULO II – ENTENDIMENTO DA LÍNGUA ............................................... 17
CAPÍTULO III – FUNDAMENTOS ....................................................................... 23
3.1 – Língua Oral ................................................................................................ 23
3.2 – Língua Escrita ............................................................................................ 24
CAPÍTULO IV – FALAR E ESCREVER, EIS A QUESTÃO. ............................... 25
4.1 – Linguagem ................................................................................................. 25
4.2 – O domínio da Linguagem .......................................................................... 26
4.3 – Problemas de Linguagem .......................................................................... 27
4.4 – A maldição da falta de clareza ................................................................... 27
CAPÍTULO V – LEITURA E A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ........... 29
5.1 – É sempre tempo de ler ............................................................................... 30
5.2 – A necessidade de ler ................................................................................... 31
5.3 – Ler e escrever de verdade ........................................................................... 33
5.4 – Leitura com sentido .................................................................................... 34
5.5 – Tarefa Interdisciplinar ................................................................................. 35
5.6 – Aprender a ler é sonho da maioria .............................................................. 36
5.7 – O que tem sido feito para estimular a leitura? ............................................ 37
5.8 – Pontos favoráveis e desfavoráveis ............................................................... 37
5.9 – Panorama da pesquisa sobre a leitura no Brasil ........................................... 39
CAPÍTULO VI – NECESSIDADE EXISTENCIAL .................................................. 41
CAPÍTULO VII – GOVERNO X LÍNGUA PORTUGUESA .................................... 42
7.1 – Participação dos governantes no incentivo a Língua Portuguesa. Pontos
Positivos e negativos .............................................................................................
42
42
7.2 – O papel do governo enquanto estimulador .................................................. 43
CAPÍTULO VIII – SOCIEDADE X LEITURA ........................................................ 44
8.1 - Por uma política nacional de leitura ............................................................ 44
8.2 – A leitura ajudando a língua ......................................................................... 45
CAPÍTULO IX – PROFESSOR X LÍNGUA PORTUGUESA ................................. 47
9.1 – Como o professor pode desenvolver o hábito de leitura entre seus alunos .. 47
9.2 – Crime pedagógico ........................................................................................ 48
9.3 – Como desatar as mãos do professor ............................................................ 49
9.4 – Reformular o ensino .................................................................................... 49
CONCLUSÃO ............................................................................................................ 51
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................... 53
ANEXOS..................................................................................................................... 55
INTRODUÇÃO
Observando o homem brasileiro atual, percebe-se as grandes dificuldades
quanto à leitura a escrita e a forma de expressar-se e comunicar-se corretamente. Essas
dificuldades que geralmente ocorrem, são provenientes das diferentes culturas de cada
região, à falta de acesso à leitura devido ao baixo poder aquisitivo, a falta de uma política
de ensino e a desvalorização da “leitura de mundo” que cada um homem traz.
Esse conjunto de fatores propiciou uma reflexão de como desenvolver
hábitos de leitura e o aperfeiçoamento das habilidades individuais em busca do exercício da
cidadania. Assim, o professor como um agente transformador, deve estar comprometido
com a Educação de forma a aproveitar as “vivências” dos alunos para desta maneira
desenvolver atividades nas quais descubram o gosto pela leitura e importância de expressar-
se corretamente.
Para Luiz Antônio Aguiar,
“Diante de algumas situações de inércia, torna-se
necessário repetir o óbvio; leitura é prazer. Transformada em
dever de casa ou/e matéria de prova – como acontece em
muitos colégios que ignoram (inercialmente) a viva discussão
que se empreende contra a utilização paradidática da
literatura infanto-juvenil – seu efeito é devastador: forma
gerações de inimigos do livro, para quem malignos autores
aliados a sádicos professores conspiram para arruinar os fins
de semana de jovens saudáveis e desejosos de viver”.(LUIZ
ANTÔNIO AGUIAR)
É comprovada que a melhor maneira de se adquirir um vocabulário rico,
uma segurança em expressar-se e a harmonia perfeita com as palavras, é uma herança do
bom relacionamento do indivíduo com os livros. Nosso projeto busca as explicações, os
resultados, os erros e acertos que fizeram do nosso país um lugar onde os cidadãos não
controlam a essência da própria língua. Buscamos também, num ideal de igualdade e
justiça, soluções para que as gerações seguintes a nossa tenham o domínio sobre a sua
língua e posam então usar as palavras em prol de realizações que poderão vir a mudar a
história desse país.
“O homem escreve o livro, os livros constróem o homem” (GANDHI).
Além da boa formação que a escola oferece com as disciplinas
fundamentais, é preciso que a escola vá além, muito mais além ... em busca da verdadeira
essência da vida, assim os alunos estarão crescendo intelectualmente como também estarão
crescendo como gente, pessoas humildes e que tem a consciência que nunca chegará no
conhecimento total, pois ela saberá que a cada passo que damos na vida, estamos de certa
forma aprendendo alguma coisa a mais.
Eles devem perceber que fazem parte de uma integração que por ela também
são responsáveis. É preciso mais do que textos e palavras bonitas. É necessário criar
situações concretas, e que os alunos possam exercitar a cidadania.
“O desenvolvimento da capacidade de expressão oral do aluno depende
consideravelmente de a escola constituir-se num ambiente que respeite e acolha a vez e a
voz, a diferença e a diversidade.” (PCN)·
Nossa sociedade já deveria ter colocado o livro num merecido lugar de
destaque. Somos o país que mais merecido lugar de destaque. Somos o país que mais
ganhou o prêmio Hans Cristian Andersen, temos vários autores premiados e consagrados
pelo mundo inteiro e temos mérito de Monteiro Lobato ser reconhecido em obras de autores
internacionais.
Apesar da riqueza de obras literárias, inclusive infantis, as grandes redes de
televisão que podiam adaptar tantas obras belíssimas para crianças ou adultos, preferem os
programas que empobrecem a nossa educação e ridicularizam a inteligência humana.
Cabe a nós professores, valorizar o livro, reverte essa situação, facilitar o
acesso do aluno à verdadeira cultura através de bibliotecas, rodas de leitura deixando-o
livre para investigar, folhear e no futuro esse aluno vai buscar o seu conhecimento,
desenvolver-se na sociedade dignamente, atuando como um cidadão crítico e participativo.
CAPÍTULO I
HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Não se pode precisar em que época apareceu a Língua Portuguesa. Ela não
surgiu de repente. Os sons do latim popular se transformaram em português levaram
séculos até atingir o estado atual. Sabe-se, contudo, que no século IX, a língua já existia. É
quase certo que o galego-português já existia então e devia ser a forma de expressar-se do
povo, ainda que continuasse usando na escrita oficial o latim bárbaro. Ao século XII a
língua do povo adquire categoria literária, criando aquela dualidade existente no latim:
língua popular e língua literária. A literária fixada pela escrita, e a popular modificando-se
sempre e a outra dando vida, ajudando-as em seu caráter expressivo. No século XVI a
língua adquire feição moderna, a que hoje conhecemos e estudamos.
Segundo Leite de Vasconcelos, a história da língua portuguesa pode ser
dividida em três grandes épocas:
- Pré-histórica: Começa nas origens da língua e atinge o século IX, quando surgem os
primeiros documentos latino-portugueses.
- Proto-histórica: Do século IX ao XII, quando encontramos nos documentos redigidos em
latim bárbaro palavras portuguesas.
- Histórica : Do século XII, do aparecimento do primeiro documento redigido em
português, aos nossos dias .
Está época é suscetível de divisão em 2 fases:
- Fase arcaica: do século XII ao XVI
-Fase moderna: do século XVI aos nossos dias.
No século XVI o português fixou-se e começou sua expansão fora do
território de Portugal.
1.1 – A ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA
O Português é a continuação do latim. O latim por sua vez, era um dos
ramos de uma grande família lingüística que os historiadores chama de línguas
indoeuropéias ou áricas, que constituíram transformações de um idioma extinto, falado há
cerca de cinco mil anos por um povo que se convencionou chamar Árias. Durante suas
migrações, os árias atingiram a Península Itálica, onde encontraram certamente povos que
falavam outras línguas.
O indo-europeu transformou-se em línguas do grupo itálico, que teve como
idiomas principais o osco, o úmbrio, o latim. O latim a princípio foi falado por um pequeno
povo que habitava o Lácio, com o crescimento político e econômico desse povo, graças à
fundação de Roma teve uma grande repercussão no mundo antigo e ampliou seus territórios
na boca dos povos que falavam essa língua transformada em português e espanhol, por
exemplo.
A Língua Portuguesa teve origem do latim vulgar, que era a língua viva, que
os romanos e posteriormente os povos conquistados usavam para a comunicação diária, a
língua coloquial. A expansão de Roma não se fez numa mesma época. Portanto, as zonas
dominadas não receberam o mesmo latim e sim um latim alterado pelos séculos que
transcorrem de uma conquista a outra. A conquista lingüística não foi muito dificultada
graças ao parentesco Celta com o latim.
Quando os bárbaros, no século V d.C. invadiram a Península, a romanização
era completa. Os bárbaros adotaram o latim vulgar, já bastante alterado e também a
civilização romana. Contudo, constitui um elemento perturbador no processo lingüistico,
um elemento que lentamente se desenvolvia. No século VIII, os árabes atravessam as
colunas de Hércules e entrarem na Europa.
Em virtude da diferença essencial da língua jamais aos peninsulares
aceitaram a dominação muçulmana. Mas a influência árabe no português e no espanhol foi
muito importante. Nessa faixa de terra, a mais ocidental da Europa, o latim se transformava
de maneira diferente das demais regiões da Península.
1.2 – DOMÍNIO DA LÍNGUA PORTUGUESA
Com a expansão dos portugueses no século XVI e o desenvolvimento e
colonização de novas terras, a língua portuguesa foi levada a outros continentes. O
fenômeno da implantação do português não se processou de maneira idêntica em todos os
lugares conquistados e colonizados.
De acordo com a resistência dos idiomas, que os portugueses encontraram,
os resultados foram os mais diversos. Em algumas regiões o português sofreu poucas
alterações, em outras deformações sensíveis, como conseqüência do forte substrato
indígena.
Desse modo, nota-se que a expansão da língua portuguesa está intimidade
ligada com a história dos descobrimentos e conquistas portuguesas. De acordo com Leite
Vasconcelos, os dialetos do português se dividem em três grupos :
- Os continentes – falados no continente europeu.
- Os insulares – falados nas ilhas européias.
- Os ultramarinos – falados em outros continentes.
São inúmeros os termos asiáticos, africanos e americanos que o português
inclui no seu léxico. Territorialmente só inglês e o espanhol possuem maior área que o
nosso idioma.
1.3 – OS DIALETOS
Continentais
a) Interamnense – entre o Douro e o Minho
b) Transmontano – trás-os-montes
c) Beirão – na Beira Alta e na Beira – Baixa
d) Meridional – Sul de Portugal
Insulanos
a) Açoriano – Açores
b) Madeirense – Madeiras
Ultramarinos
a) Dialeto brasileiro – Brasil
b) Indo –Português
c) Dialeto Crioulo de Ceilão
d) Dialeto Crioulo de Macau
e) Malaico Português
f) Português do Timor
g) Dialeto Crioulo do arquipélago de Cabo Verde
h) Dialeto Crioulos da Guiné
i) Dialetos Crioulos do Golfo da Guiné
j) Português das Costa de África
1.4 – ONDE É FALADA A LÍNGUA PORTUGUESA
Poucas línguas do mundo ocupam área tão extensa quanto o Português.
Além de ser falado em Portugal, está presente em todos os outros
Continentes: na América (Brasil), na África (Guiné-Bissau, Cabo Vede, Angola,
Moçambique, São Tomé e Príncipe), na Ásia (Macau Goa, Damão, Diu) e na Oceania
(Timor), além de ilhas próximas da Costa Africana (Açores e Madeira).
A Língua Portuguesa, extremamente rica, impôs-se nas novas terras
descobertas, porém, levada para tão longe e em contato com crenças, climas e hábitos tão
diversos, era natural, que não se mantivesse uniforme, dividindo-se em vários dialetos.
1.5 – O PORTUGUÊS NO BRASIL
Apesar as suas força e prestígio, a Língua Portuguesa não conseguiu se
impor de imediato à Língua geral dos índios, o tupi. Até o fim do século XVII, apenas uma
em três pessoas falava Português no Brasil. Isso se dava primeiramente porque os
portugueses que aqui chegavam casavam-se com índias e deixavam a elas a tarefa de
ensinar o idioma aos filhos. Além disso, empenhados em catequizar os nativos, os jesuítas
procuravam comunicar-se com eles em tupi, chegando não só a aprender sua língua, como a
escrever sua gramática. Outro importante fator para a propagação do tupi foi às bandeiras
paulistas, das quais sempre fazia parte intérpretes índios, que tinham na língua geral, o
abanheém (língua de gente), seu instrumento de comunicação. Por essa razão, mesmo as
áreas não ocupadas pelos tupis ganharam nomes nessa língua. Depois de sucessivas ordens
da metrópole para que se ensinasse a Língua Portuguesa, aos índios e após a expulsão dos
jesuítas do Brasil, o português foi se fortalecendo até se tornar nosso idioma oficial.
O português do Brasil difere muito do de Portugal no léxico, o qual foi
enriquecido com termos tupi-guranis, principalmente; e americanos. Embora tinha alguma
variação na sintaxe, muita na fonética, o sistema lingüístico é o mesmo de Portugal, aponto
de ainda não poder constituir-se em língua brasileira.
CAPÍTULO II
ENTENDIMENTO DA LÍNGUA (“Os erros do noço português ruim”)
Os especialistas são unânimes. O brasileiro anda abusando demais do seu
direito de ser e, portanto, de errar. Um deles chega a pedir punição para todos os crimes de
lesa-gramática. Outros preferem: entre o certo e o errado, há um povo que não aprende
porque a escola não ensina.
O conceito errare humanun este é um atributo de Lúcio Sêneca, filósofo e
poeta romano que, por coincidência, foi contemporâneo de um certo e não tão notável
Burrus. Sêneca também errou. Seu erro imperdoável foi confiar em Nero, do qual chegou a
ser tutor. Por ordem do imperador. Sêneca foi assassinado em Roma, no ano 65 de nossa
era.
Algumas pessoas mais sensíveis, arrepiadas pelo alude de erros, dúvidas e
incertezas que ameaçam sepultar a língua nossa de cada dia, começam a ver um conluio ou
conspiração para substituir o português pelo inglês. O inglês, de fato, é uma língua de
prestígio tanto que as escolas que se dedicam a seu ensino proliferam hoje nas principais
esquinas do país. E com métodos e atrações curriculares que deixam os cursos de português
no chinelo. O certo e o errado de cada um.
Eu erro, tu erra, nós erramos. Não há dúvida: algo de estranho acontece no
nosso português de todo dia, nem sempre se pautas pelas regras do vernáculo nem consegue
viver sem elas. Dos manobristas de estacionamento aos senadores da República, todos
usam de uma generosa quota de solecismo, barbarismo e ilogismos. Quais as causas e o
remédio? É uma questão de punir os transgressores ou de estourar a Bastilha do certo-e-
errado? Errado é quem diz nós vai ou quem exige do aluno o que a escola não lhe dá?
Trata-se de degolar os bárbaros ou, ao contrário, o Brasil só será feliz quando o último
revisor for enforcado nas tripas do último gramático? Os estudiosos divergem, e às vezes
divergem até sobre qual o objeto da divergência.
“Não existe falta de lógica. O que existe é uma lógica diferente”.
“O erro, no sentido absoluto, não existe”, diz Magda Becker Soares,
professora de linguagem, no mestrado de Educação da UFMG, e outrora de linguagem e
escola – uma perspectiva social, que chega à 6ª edição em dois anos. A professora Magda
diz que “há erro ortográfico, sim, pois aí estamos falando de uma convenção”.Mas os
chamados erros de escrita precisam ser analisados levando-se em conta fatores como o
gênero da produção escrita – se é crônica, dissertação – e o registro utilizado, assim como o
interlocutor a quem se dirige o texto. Magda prefere falar em inadequação de linguagem:
você pode usar uma gíria numa crônica, mas não pode fazer isso numa dissertação.
Quando os professores falam em problemas de estruturação de frase
apresentados pelos alunos, levando a hipótese de que esse tipo de problema pode ser
reflexo dos meios de comunicação, da TV, do cinema, das revistas em quadrinhos. Nesses
veículos têm uma forma de comunicação muito diferente da verbal, que exige seqüência,
desenvolvimento coesão. Não é que o texto dos alunos, que fica parecendo um conjunto de
pastilhas mal colocadas, não tenha lógico. Tem, sim, uma lógica diferente.
Segundo Magda Soares,
“Há quem diga que é um novo tipo de texto que está
surgindo. Prefiro dizer que a escola talvez não esteja levando
na devida conta o fenômeno desses veículos. Então não acho
que o problema é o aluno que não aprende, mas a escola que
não ensina. A escola fica, preocupada em treinar os alunos
numa técnica, e o professor usa a gramática apenas para
definir, conceituar e reconhecer estruturas lingüísticas
correspondentes a estruturas do pensamento. O problema não
está no aluno e nem sequer na gramática, mas na
metodologia do professor, na escola”.
“Estou no aguardo, uma pinóia: Estou aguardando”.
O professor Luiz (com Z) Antonio Sacconi mora em Ribeirão Preto, detesta
dar seu endereço a estranhos, trabalha doze a catorze horas por dia, é solteiro e diz que só
casa quando encontrar “uma moça tão rica como a nossa língua portuguesa”.Solteiro,
mantêm mais de quarenta filhos, que é como ele considera as quarenta obras que já
escreveu. O professor Sacconi é famoso principalmente por seu livro “Não erre mais!” Cuja
12ª edição inteiramente reformulada e bastante aumentada. Ele bate forte. Alguns o
consideram até implicante, pois não aceita erros.
“Caipirês é uma coisa, ignorância é outra”.
Há quarenta anos, rigorosamente, o primeiro cartão de boas festas que o
professor Napoleão Mendes de Almeida recebe em seu escritório vem assinado por
Benjamim Cabelo Bidart. O general Bidart é um dos 50 mil alunos que desde 1958,
passaram e continuaram, passando, pelo crivo de um dos mais rigorosos professores de
Português e Latim vivos no Brasil.
Bidart não é o único militar estrelado que procurou o curso de Português por
correspondência que Napoleão Mendes de Almeida mantém, há 61 anos, tendo como
quartel – general um escritório atulhado de livros, vários deles muitos raros, e alguns até
únicos, na rua Senador Paulo Egídio no coração da cidade de São Paulo.
Para Napoleão Mendes de Almeida, hoje beirando os 80 anos, e colaborador
do jornal O Estado de São Paulo desde 1936 onde assina a coluna “Questões vernácula”,
quem se dedica ao magistério não pode parar de estudar. E erro é erro. Os modos-de-dizer,
o linguajar regional, o caipirês ou coisa que o valha são mais que tolerados, quando
aparecem no lugar e na hora adequada. Como ignorância da língua jamais. O professor tem
uma função social. Ele trem de preparar os alunos para a vida a concorrência cultural do
dia-a-dia.
“Dá para remediar. Mas não com um projeto por semana”.
“Por que se erra tanto? Como fazer para mudar o quadro?” A professora
Sandra Almeida, formada em letras pela USP e editora de obras didáticas na área de línguas
e dicionários, diz que o conceito de certo e errado é cada vez mais relativo e discutível,
mesmo para os gramáticos. Vejam-se os numerosos casos de erros que têm largo uso não só
na língua falada pelas pessoas cultas, mas também nos meios de comunicação de massa “,
diz Sandra”.
“A par disso, há um problema sério que dos respeito à
incompetência lingüística de uma parcela significativa da
população, incluindo aqui a média dos estudantes que
ingressam nas faculdades brasileiras. A meu ver, a questão
do erro entendido como um desvio qualquer da norma
gramatical – deve-se a múltiplos fatores”.(ALMEIDA)
O investimento em Educação no Brasil é irrisório. O hábito da leitura
também não é suficientemente desenvolvido durante a formação escolar. Ler é fundamental
para a aquisição e o aperfeiçoamento da língua. Com o quadro atual, de leitura escrever e
falar de modo correto fica difícil.
“Tudo quando é modismo acaba indo para o dicionário”.
O senador Jarbas Passarinho, militar reformado – membro da Academia Brasiliense de
Letras, autor do romance “Terra Encharcada” (4ª edição esgotada) com o qual ganhou o
prêmio Samuel McDowel em 1959 – está acostumado a levar chumbo grasso de críticos
ferozes. Mas não como romancista, coronel ou político, Para os críticos o ponto fraco do Sr.
Passarinho foi sua passagem pelo ministério da Educação, onde S. Ex.a. Disparou um tiro
de canhão chamado lei n. º 5692, a chamada Lei Passarinho.
Falar bem, para ele é não cometer solecismos, os erros grosseiros de sintaxe
e concordância, e resistir aos modismos da linguagem. “É incrível, hoje tudo acaba
dicionarizado”.
O senador Passarinho recomenda aos jovens muita leitura, “a melhor
maneira de aprender a escrever bem e corretamente”.
Os estudantes necessitam de bons cursos de linguagem, onde se trabalhe
com redação. Mas não há como ter um modelo brasileiro de linguagem. Não chegamos a
Ter um dialeto, mas as diferenças regionais criam dificuldades. Lembro quando estava no
Exército, fui ao Rio Grande do Sul e não conseguia me fazer entender quando pedia uma
média, um café com leite. Lá chamam de taça. Também demorei em saber que lá fronha é
bicha e não forro de travesseiro.
“O povo que não respeita sua língua é incapaz de defender seus valores”.
Massaud Moisés não tem a menos dúvida de que o ensino e o uso da língua
portuguesa estão sendo deteriorados. Professor da Universidade de São Paulo e autor de
mais de trinta obras sobre literatura portuguesa e brasileira, ele entende que a crise da
língua pode ser causa ou efeito da crise geral e a deteriorização do ensino um nítido reflexo
do clima de apatia que afeta todos os demais setores da sociedade.
“A expressão palpável da crise, incluindo a crise de valores, é o desprezo da
língua”, diz Massaud,
“O povo que respeita sua língua ainda é capaz de
sustentar certos valores e defender certos princípios. Quando
a língua é maltratada, como vem acontecendo, a própria
comunicação das idéias, das informações e do sentido das
coisas começa a se alterar. Quando o povo começa a usar o
onde e aonde nos lugares mais imprevistos, mais requisitos;
quando começa a usar o de que em todas posições possíveis e
imagináveis, é porque a língua já perdeu muito de sua força
de expressão”.
“Se só a minoria fala bem, é porque a maioria come mal.”.
Filósofo e membro da Academia Brasileira de Letras, o professor Antônio
Houaiss diz que “uma coisa é uma língua ágrafa, uma língua sem escrita (há cerca de 10
500 delas no mundo), sem escolas, sem professores e sem alunos, e outra coisa é uma
língua gráfica, como o português, que tem mais de 400 mil palavras e é utilizada por mais
de 150 milhões de pessoas”.
Nas línguas ágrafas, com cerca de três mil palavras, não há erros de
gramática ou de linguagem. Alguns povos ainda as utilizam. Por que nas nossas sociedades
acumulam o presente com o passado, de tal maneira que o uso vivo da língua, o grupo em
que a pessoa se insere, não bastam que ela tenha um conhecimento da totalidade da língua
que lhe está sendo transmitida. Então se institucionalizam as redes de escolas, de
professores e alunos, para que essa língua possa continuar a ter suas funções fundamentais,
que são as de fornecer as chaves do saber, as chaves do poder, mas que exigem um tempo
muito grande de investimentos no indivíduo.
CAPÍTULO III
FUNDAMENTOS
O ensino da Língua Portuguesa, desde as serias iniciais até as finais da
Educação Básica, tem como referencia o caráter sociointeracionista da linguagem verbal, o
qual “aponta para uma opção metodológica de verificação do saber lingüístico do aluno,
como ponto de partida para decisão daquilo que será desenvolvido, tendo como referência
o valor da linguagem nas diferenças esferas sociais”.(PCN)
Aprender uma língua, portanto, não é somente aprender as palavras, mas
também o seu significado cultural e, com eles, o modo pelo qual as pessoas se apropriam
dele para entenderem, interpretarem e representarem a realidade. Ao se afirmar que a
finalidade do ensino da Língua Portuguesa é a expansão das possibilidades do uso da
linguagem, assume-se que as capacidades a serem desenvolvidas estão relacionadas às
quatro competências lingüísticas básicas: ouvir, falar, ler e escrever.
De acordo com os Pcns, os conteúdos da Língua Portuguesa, no Ensino
Fundamental, visam ao trabalho com a linguagem e devem ser organizados em torno de três
eixos básicos: língua oral, língua escrita e análise lingüística.
3.1 – LÍNGUA ORAL
O trabalho oral possibilita a representação da realidade física e social, a livre
exposição de idéias, pensamentos e intenções de diversas naturezas e o estabelecimento de
relações interpessoais. Quando interagimos verbalmente com alguém, utilizamos um
discurso organizado com base em conhecimentos que acreditamos ser também do
interlocutor. Para que o aluno consiga se expressar com segurança e espontaneidade, é
necessário que haja, no ambiente de sala de aula, respeito para com as suas opiniões. Falar
de modo claro e preciso, é tarefa essencial para o resultado final das atividades orais.
3.2 – LÍNGUA ESCRITA
A apropriação da escrita depende do meio cultural no qual se está inserido.
O papel do professor é oferecer materiais escritos, em situações concretas e significativas,
dando sentido à escrita. O trabalho com a língua escrita apresenta-se em dois sub-blocos: a
prática de leitura e a prática de produção de textos.
Com relação à leitura, é preciso superar algumas concepções que utilizam a
decodificação e a conversão de letras e sons. O processo de ler visa à construção do
significado do texto pelo esforço de interpretação do leitor, com base não só no que está
escrito, mas também no conhecimento que traz para o texto. O trabalho com a leitura tem
como finalidade à formação de leitores críticos e, consequentemente, a formação de
escritores. Não s e trata de formar escritores profissionais, mas, sim, pessoas capazes de
escrever com eficácia.
CAPÍTULO IV
FALAR E ESCREVER, EIS A QUESTÃO.
4.1 – LINGUAGEM
Será que se expressar em português com clareza e correção é uma das
maiores dificuldades dos brasileiros?
Sim! E a boa notícia é que felizmente muitos estão conscientes disso e
querem melhorar, embora a língua portuguesa não seja a paixão dos brasileiros. Porém, as
pessoas perceberam que precisam dominar a norma culta do idioma, para que possam
progredir no âmbito profissional. Carlos Facina, diretor de recursos humanos da Nestle,
declarou: “O domínio da língua é importantíssimo para qualquer profissional, tanto quem
na hora de admitir novos funcionários, costumamos fazer um teste de expressão escrita”.E
porque isto é tão importante? Já parou para analisar, o fato de alguém enviar ao seu chefe
um e-mail confuso ou com erros de português? Seria complicado!
Sabemos, no entanto, que a paixão dos brasileiros é o futebol, a TV e a
música. Todavia, isto não significa que ao se deparar com as dificuldades em relação ao
português, não fiquem angustiados. Especialmente para uma parte da população que teve
acesso a uma boa escola e, mesmo assim, conseguiu galgar posições, o problema é sobre
tudo com a gramática. É aí que entra a contribuição valiosa do professor Pasquale, ensinado
regras básicas do idioma, apresentados de forma clara e bem humorada.
Segundo o professor Francisco Plantão Savioli, da Universidade de São
Paulo, “a dificuldade com clareza é um preço cultural do Brasil. Levando-se em conta que
o indicador de status, mesmo que o falante não esteja dizendo coisa alguma”. Expressar-se
com clareza se tornou prioridade entre advogados, empresários, políticos, cursos de
oratória, etc.
Poderíamos perguntar: “Porque o brasileiro tem tanta dificuldade em falar e
escrever de forma clara?”.
Além da tradição bacharelescas e lê pouco no Brasil. Aqui se produzem 2,4
livros por habitantes, contra sete na França e 11 nos EUA. Todavia, esse indicador é
imperfeito, porque ignora a taxa de analfabetismo, a proporção de livros didáticos no
universo editorial e quantidade de volumes que vai para a biblioteca. Na verdade os
brasileiros lêem em médica apenas 1,2 livros por ano.
A leitura é fundamental, se havemos de melhorar a linguagem oral e escrita.
Pouco a pouco interiorizaremos regras gramaticais básicas e aprendemos a organizar o
pensamento. Embora as escolas desempenham um papel fundamental em ensinar a
escrever, o fazem de forma “errada”. Os termos de redação são vagos com os professores
que muitas vezes estão qualificados.
Façamos jus as palavras do filósofo austríaco Ludwing Wittgenste “que os
limites de nossa linguagem sejam também os limites do nosso pensamento”.
4.2 – O DOMÍNIO DA LINGUAGEM
Para desenvolver em nossos alunos a capacidade de argumentar para
resolver situações problemas, a sala de aula deverá ser o espaço para isso. Dessa forma ele
ganhará o domínio da linguagem que é o objetivo principal da Língua Portuguesa.
Não basta apenas saber falar e escrever, é preciso dominar a linguagem,
sabendo escolher palavras certas para cada tipo de discurso para participar da vida do
bairro, da cidade e do país. Com isso as pessoas se comunicam, trocam opiniões, têm
acesso às informações, protestam e fazem cultura.
Essa preocupação em formar alunos “críticos” “pensantes”, ou seja, que
saibam entender e se expressar em diferentes situações, é uma nova postura de ensino que
leva em conta a realidade e interesse dos alunos, apara que possa exercer sua cidadania.
Essa nova postura além do objetivo acima procura: fugir de exercícios repetitivos, frases
soltas, partir sempre de um texto, valorizar menos a gramática normativa que visa regras e
exceções. Utilizar o texto literário de forma que incentive a descoberta e o prazer da leitura.
4.3 – PROBLEMAS DE LINGUAGEM
Os brasileiros têm dois tipos de angústias em relação à linguagem escrita,
uma é a de expressar-se com clareza; outra é de ordem gramatical, pois, se uma informação
não for bem escrita ela pode causar transtornos. A ordem das palavras, a má utilização de
uma vírgula, de um pronome, a conjugação incorreta de um verbo são alguns dos exemplos
que podem modificar totalmente a informação que se quer transmitir.
4.4 – A MALDIÇÃO DA FALTA DE CLAREZA
As angústias dos brasileiros em relação ao português são de duas ordens.
Para uma população à que não teve acesso a uma boa escola, é, sobretudo com a gramática.
E esse público consome fascículos e livros, em que regras básicas são apresentadas de
forma clara e bem humorada.
E com outra parte da população a dificuldade é com clareza. E para isso,
precisam de um novo tipo de profissional: O professor de português especializado em
empresas. Os brasileiros se deparam com laudos, relatórios e outros tipos de documentos da
vida real que se apresentam de forma incompreensível, atrapalhando suas vidas.
Uma certa corrente telativista acha que os gramáticos prestam um serviço à
língua. De acordo com eles o certo e o errado em português não são conceitos absolutos. O
que esses acadêmicos preconizam é que os ignorantes continuem sendo ignorantes, que
percam oportunidades de emprego e percam chance de subir na vida.
“Falar bem significa ser poliglota dentro da própria língua”.
É preciso dar a todos a chance de conhecer a norma culta, pois e ela que vai
dar chances para um novo trabalho. “Os limites da minha linguagem, são também os
limites do meu pensamento”, diz o filosofo austríaco Ludwig Wittgenstein.
CAPÍTULO V
LEITURA E A CONSTRUÇÃO DOS CONHECIMENTOS
Atualmente o governo tem desenvolvido vários projetos direcionados a
incentivar a leitura na escola, esse fato não deixa de ser um progresso na educação, mas o
objetivo principal desse tipo de projeto depende diretamente do professor que está atuando
em sala de aula. Torna-se imprescindível que este profissional tenha interesse pela leitura e
bagagem literária.
Tratando-se do “interesse” é fácil julgarmos o hábito de ler bons livros,
atualizar-se com tais leituras, desenvolver pesquisas a partir delas. Apesar de
enriquecimento cultural que traz o hábito de ler, mas nem sempre o professor tem esse
interesse.
Não seria o caso de afirmamos que ele não tem capacidade para esse hábito.
Quando o professor conclui o seu curso profissionalizante ele sabe que terá que cumprir
planejamento anual, trabalhar com uma quantidade de conteúdos. Esse planejamento a ser
cumprido, embora cite a leitura com algo a ser desenvolvido desde as séries iniciais e que
sirva para despertar o aluno para o mundo da leitura, o que se tem em mãos com os livros
didáticos distribuídos nas escolas como instrumento para ensinar regras ortográficas e
classes gramaticais, ou seja, se o professor segue a risca a linha de raciocínio do livro
didático ele consegue fazer facilmente com que o aluno se distancie da leitura e
provavelmente, por causa desse erro ele nunca terá curiosidade para ler qualquer coisa.
Infelizmente essa é a atitude de muito professores. É um jeito fácil de dar
aulas, pois tem um trabalho pronto e é pratico também se excluir da função de mediador do
conhecimento. Provavelmente o comodismo nessa situação acaba se tornando solução com
atrativos que substituem o ato de ler. É muito mais fácil ligar uma televisão, um
computador e ficar em frente a eles, não é necessário nem pensar. Já o livro exige muito
mais, é preciso ler, reler, interpretar, enfim, formular um pensamento próprio, o que nem
um aparelho nunca será capaz de fazer por um ser humano.
Um fato que compromete a atuação de um professor é a própria formação
cultural. É comum e fácil constatar que as maiorias dos professores, não têm um
conhecimento literário. Sabemos muito pouco dos nossos autores, de sua formação e da
importância de suas obras. Na verdade não nos conscientizamos do valor social e cultural
da literatura.
5.1 – É SEMPRE TEMPO DE LER
“Ler é viajar sem sair do lugar”.Quanta vez já se ouviu esta frase, que
traduz de maneira quase exata o que se pode conseguir por meio dos livros. Povos,
religiões, natureza, pensamentos... Tudo está nos livros. Podemos realmente viajar e
aprender com um bom livro.
A leitura permite uma compreensão maior dos fatos, da história, da vida.
Tem o papel de auxiliar de maneira fundamental na formação do indivíduo, além de
ampliar seus horizontes, suas perspectivas.
Um menino, um livro. Uma professora lendo para a classe. Uma mãe lendo
com o filho. A corrente de leitores desta história é o cenário que todos os educadores
buscam desenvolver dentro das escolas. Para isso, pais, alunos e professores podem e
precisam comprometer-se com a difusão desse hábito.
A leitura contribui para a formação de cidadania, o caráter e a consciência e
não pode ser vista apenas como instrumento para as tarefas escolares, de ser um habito uma
rotina. Um país de leitores, sem dúvida, será um país que vai crescer e se desenvolver e
adquirir uma dimensão cultural muito maior que sua dimensão territorial.
5.2 – A NECESSIDADE DE LER
O computador está presente a todo instante em nossa leitura diária.
Precisamos aprender a interpretar essa nova linguagem. É fascinantes os recursos
oferecidos pelo computador, para produção de textos e as possibilidades de comunicação e
informações que nos oferece. É interessante entender melhor a leitura e a escrita na
Internet. Navegar pela rede, explorar hipertextos, observar chats, investigar fóruns on line e
adotar emotions para expressar emoções em seus e-mails, fazem parte desse novo gênero de
texto. Mas não é preciso esquecer os velhos hábitos. Escrever, ler, ouvir música, ver TV.
São atividades que devem continuar em nossas vidas.
O prazer da leitura e da escrita não deve faltar o indivíduo e é nas escolas,
nas salas de aula, que realmente as coisas acontecem, professores devem desenvolver em
seus alunos habilidades de ler e escrever, inclusive no computador.
Ensinar hoje leitura escrita é desenvolver habilidades de ler, compreender,
interpretar diferentes modalidades de língua formal, informal, de interagir com diferentes
portadores de textos; e habilidades de escrever os tipos de textos que as práticas sociais de
escrita para leitura dos indivíduos. Os livros didáticos devem buscar responder, através dos
textos para leitura e de atividades de produção de texto, aos interesses e características das
crianças e jovens de hoje, para que também possam descobrir da leitura e o prazer da
escrita.
A escola tem a responsabilidade de desenvolver nos alunos habilidades de
ler e interpretar textos veiculados por diferentes portadores (revistas, jornais, volantes,
outdoors, contratos, contas, notas fiscais, cartazes... e também a tela da TV, a tela do
computador), já que o portador, carrega tipos ou gêneros específicos de texto, exigindo,
portanto, formas específicas de leitura.
Com a multiplicidade de opções de lazer oferecidas às crianças e jovens, é
mais difícil que eles descubram o prazer da leitura e da escrita. Cabe a escola criar
oportunidades para que os alunos descubram o prazer da leitura e da escrita (e também da
música, pintura...), mas nunca se atribui a obrigação de impor.
Professores de todas as áreas devem ser hoje, essencialmente, professores, de
leitura, pois é por meio dela é que os alunos constróem e irão construir conhecimento tanto
na escola quanto fora dela, no presente e no futuro.
Eles precisam ser preparados para ser professores de leitura e de escrita de
textos de sua área de conhecimento. No mundo contemporâneo, em que o avanço e a
mudança dos conhecimentos são tão rápidos, o que se está ensinando hoje pode estar já
ultrapassado no próximo ano e a pessoa não tem propriamente de aprender conteúdos, mas
aprender a aprender, o que significa, fundamentalmente, aprender a identificar e a usar as
fontes do conhecimento, e essas fontes são em sua grande maioria fontes escritas, mesmo
quando são fontes eletrônicas.
É preciso conhecer e compreender o hipertexto, este outro livro, o eletrônico,
esta outra escrita e esta outra leitura, na tela, suas proximidades e distâncias do texto no
papel, da leitura na página.
A linguagem verbal é linear e se organiza segundo uma lógica de relações de
causa, conseqüência, fim, tempo, etc. Diferentemente, a linguagem da TV, do computador,
não é linear, é simultânea.
A leitura do texto na página é lido da esquerda para direita, de cima para
baixo as páginas são numeradas, o que lhes atribui uma determinada posição numa ordem
consecutiva; o leitor de um livro pode sem dúvida, pular páginas, ler o terceiro capítulo,
mas sempre estará consciente de que está, de algum modo, fraudando o livro, o autor. Ao
contrário, a leitura do hipertexto é em camadas; e o hipertexto começa onde o leitor decide,
com um clic, começa a ler, e termina quando o leitor decide parar.
Há formas de leitura na tela em que o leitor pode até interferir no texto,
acrescentar, modificar, como faziam os copistas e os leitores medievais. Na Internet todas
as informações estão disponíveis a qualquer pessoa, é impossível controlar ou orientar a
leitura, como de certa forma se pode fazer, e sempre fez com a cultura impressa, que usa de
estratégias para definir uma produção para as crianças, jovens, mulheres, homens... De um
lado há um aspecto negativo nesse acesso amplo e irrestrito à informação navegando daqui
para ali, encontram ou procuram na rede o que nela não deveria estar... Como ponto
positivo nesse acesso à informação pode-se citar a democratização do conhecimento.
Esta nova linguagem na escrita do computador caracteriza-se por uma
mistura de língua escrita e de língua oral – as pessoas se sentem ao mesmo tempo ouvinte e
leitor, uma relação também nova com as condições de produção da escrita que são ao
mesmo tempo contextualizadas e descontextualizadas...
É fundamental discutir com os alunos as coisas que não se pode ou não se
deve fazer na escrita no papel, que fazemos na escrita da tela, como, por exemplo, não
acentuar palavras, porque para isso é necessário apertar duas teclas, o que toma tempo.
Nós professores devemos aprender a dominar esses diferentes gêneros, para
que possamos levar os nossos alunos a dominá-los, também porque essa é comunicação do
futuro – ou já é a comunicação do presente? 1
5.3 – LER E ESCREVER DE VERDADE
Tanto quanto a alfabetização o letramento dos alunos é importante para a
conquista da cidadania.
Não basta ensinar os códigos de leitura e escrita, como relacionar às letras. É
preciso tornar, os estudantes capazes de compreender o significado dessa aprendizagem,
para usá-la no dia-a-dia de forma a atender às exigências da própria sociedade, promovendo
assim o letramento.
Porém para transformar isso em realidade na sala de aula não devemos
deixar faltar material escrito. Livros, jornais, revistas, gibis, folhetos de propaganda,
novenas, anúncios de cartomantes, receitas. Tudo que possa servir para garantir que o
primeiro tijolo da grande construção da cidadania fique bem assentado “enquanto não
sabem lê, lemos para eles”. O esforço é visível porque o processo de alfabetização e de
letramento são diferentes que devem ser sucessivos. O ideal alfabetizar letrando.
O avanço contínuo impede que a criança chegue a 4ª ou a 5ª série sem saber
ler e escrever. Alfabetizar de verdade é bom também para o professor. “Quem conhece o
processo de aprendizagem e sabe caminhar as propostas, de ensino alcança resultados
sempre próximos a 100%”.
Não há pesquisador que aceite a exclusão natural. Todos podem aprender.
Sem exceção. Temos o exemplo da Professora Valéria Srossafava que alfabetizou uma
turma de 4ª série com 34 jovens entre nove e 13 anos se consideram fracassados
incorrigíveis. Essa classe foi da Escola Municipal de Ensino Fundamental Comandante
Gastão Mautinho, em São Paulo, especialmente para mostra de referências e mostras que
não nasceram inteligentes, mas podemos ficar aprendendo.
1MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. TV Escola, nº 24 agosto/setembro 2001.
5.4 – LEITURA COM SENTIDO
Para recuperar a auto-estima precisamos destacar a função social da leitura.
Procurar fazer projetos. Um projeto muito bom é fazer um livro com cantigas de roda. Por
serem muito conhecido elas são ótimas de serem trabalhadas no início da alfabetização. E
sugerir que tragam letras de músicas conhecidas para incentivar a leitura. No centro da sala
sempre tem várias caixas com jornais, gibis, revistas e livros de prosa e poesia. Para que
todos os dias eles tirem um tempo para a leitura. Com isso nasce novo projeto. O que é
possível aprender naquelas páginas. “Cada dupla escrevia um texto, só com lembranças do
que havia sido lido, para dividir com as outras salas”, os próprios alunos combinavam que
não poderia haver erros de ortografia ou pontuação. Depois de todo processo o texto vai
para o mural, onde todos podem ter acesso.
Com isso serão capazes de realizar com autonomia os trabalhos em todas as
disciplinas. Acreditando em sua capacidade de aprender. A falta de confiança do estudante
e do professor aparece em quase todos as histórias de fracasso, principalmente nas regiões
mais pobres.
“As escolas encaminham as crianças para especialistas, mas a solução do
problema está lá mesmo”.
Experiências em atividades bastante fáceis e simples são baseadas na
utilização de livros e jornais e levam o professor analisar seu plano.
“É preciso acabar com a crença de que filhos de pais analfabetos ou que
não possuem material de leitura em casa não tem condições de aprender”.
“A escola deve procurar o grau de letramento da criança”.Nas famílias
escolarizadas há muito mais situações desse tipo como a leitura de jornais e revistas, a
redação de um bilhete ou de uma lista de compras. É possível mesmo para quem não sabe
ler, dominar o conceito de que existe um código próprio de ônibus, no grande outdoor que
chama atenção da rua. Isso vale par a criança e para o adulto. Mais vale o conceito: é
possível ser analfabeto e letrado ao mesmo tempo.
Isso aumenta a responsabilidade em sala de aula. Nos casos de alunos cujas
famílias tem pouco ou nenhuma escolaridade, o professor, por ser letrado, assume um papel
crucial para o letramento deles. Cabe ao professor conhecer e avaliar as situações já vividas
pelo estudante para fazê-lo avançar. É sempre bom inundar as crianças com aquilo que elas
não tem em casa: livros, revistas, jornais, material impresso de todo tipo. “Restringe-se do
livro didático é garantia de fracasso no processo de aculturar a turma por meio da escrita”,
completa.
5.5 – TAREFA INTERDISCIPLINAR
O letramento inclui a capacidade que temos de nos instruir no meio da
leitura e de selecionar, entre muitas informações aquela que mais nos interessa. O professor
deve preparar o aluno para isso e revisar para o trabalho.
E que muitos professores de língua portuguesa limitam-se em aos relatos de
ficção, o que está longe do ideal. A criança que só conhece textos narrativos até a 4ª série e
a partir da 5ª se vê diante de material informativo, fica perdida.
O problema é a empurra-empurra que essa questão provoca. Quem leciona
língua portuguesa atribui o problema ao titular da disciplina em questão –seja ela qual for.
Este por sua vez acredita que a turma não aprende por uma deficiência na alfabetização.
O docente que só explora história de ficção em classe tem boa parcela de
responsabilidade pelos futuros problemas da garotada. “É preciso mesclar com o texto
informativo, que estará presente não só na própria escola como em toda a vida”.
Esse erro é exclusivamente de quem leciona língua portuguesa. “Os textos
têm características diferentes, que precisam ser mostradas aos estudantes. Não importa a
série, não importa a disciplina. Todos têm de assumir essa obrigação”.
5.6 - APRENDER ALER É O SONHO DA MAIORIA
A grande maioria da população brasileira interessa-se em aprender a ler, pois
vêem nesta aprendizagem o sonho de um futuro melhor. A necessidade de leitura chegou a
ser quase que vital. Como viveu num mundo letrado sem dominar os mecanismos para
decodificar dos símbolos? Aprender-se a ler para que possa exercer a função de cidadão
capaz de interagir com o seu meio social e de transformá-lo.
Quando se aprende a ler é como se uma rotina se abrisse e se pudesse ver um
novo horizonte. É como se uma nuvem de fumaça se dissipasse diante dos olhos e o “sego”
pudesse ver.
Vários são os fatos que afastam os indivíduos da escola: necessidade de se
trabalhar ainda pequenos para ajudar no sustento da família; a não valorização da escolado
saber que o aluno traz consigo; o difícil acesso geralmente encontrado na zona rural, a falta
de incentivo por parte dos pais, entre outros.
Índices do Sistema de Avaliação da Educação Básica do MEC mostra que o
desempenho dos alunos cresce proporcionalmente ao grau de escolarização do pai e da
mãe.
O programa Bolsa-Escola tem descoberto que muita criança se quer existem
legalmente, pois não tem registro em cartório, impossibilitando assim um milhão de
crianças em todo o país de receber o benefício. Em conta partida muitos pais vêem na
Bolsa-Escola um bom motivo para manter os filhos na escola, pois com o dinheiro, embora
pouco R$ 15,00 por filho matriculado podem per um pouco mais de comida na sua mesa
até comprar o material básico para manter o filho na escola, enquanto deveria ser outra.
Ouvimos de pais de alunos que o mesmo, precisa estar presente às aulas, pois do contrário
perderá a Bolsa-Escola.
Ler é um sonho da maioria sim, mas precisa-se de uma política voltada para
esse interesse. Até que ponto seria interessante para a classe dominante que o povo saiba
ler? Ler no sentido amplo da palavra.
5.7 – O QUE TEM SIDO FEITO PARA ESTIMULAR A LEITURA?
A GRAMÁTICA QUE SAI DA FALA DOS ALUNOS.
Uma das atividades utilizadas por um professor na aula de gramática é começar a
aula como uma conversa informal onde tudo que fala é válido. A partir de frases anotadas
pelos alunos o professor discute a forma culta e até questões gramaticais. Se o assunto, por
exemplo, foi Aids, uma frase escrita assim: Cuidado Aids mata mostra como ela ficaria na
forma culta: “Cuidado! A Aids mata!” Aproveitando também para falar sobre interjeição. É
importante que os alunos percebam que a gramática está presente na fala deles.
5.8 – PONTOS FAVORÁVEIS E DESFAVORÁVEIS
Ler não é tudo, é preciso atender.
Uma pesquisa nacional realizada pelo Instituto Paulo Montenegro, braço
social do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) em parceria com a
Organização não governamental Ação Educativa, mostra que apenas 26% dos brasileiros
são alfabetizados funcionais.
O conceito de analfabetismo foi criado em 1958 pela organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). É considerado
analfabeto o indivíduo que não tem condições suficientes para ler e escrever simples.
Quanto ao conceito de analfabetismo funcional, este foi criado após 20 anos, também pela
UNESCO, refere-se à pessoa que lê e escreve algo simples, mas, não dispõe de habilidades
necessárias para prosseguir seus desenvolvimentos pessoal e profissional.
Frente a essa realidade, o Instituto Paulo Montenegro, em parceria com a
ONG Ação Educativa, desenvolveu uma pesquisa nacional com a intenção de medir o
índice de alfabetismo funcional no país.
Em março de 2001, foi realizado um seminário internacional sobre o
assunto, que contou com a participação de diversas autoridades, educadores e especialistas.
As discussões abriram caminho para a elaboração de metodologias e desenvolvimento de
instrumentos de pesquisa. Em julho de 2001 foi realizado um pré-teste nacional para
verificar se estavam no caminho certo ou algo precisava ser aperfeiçoado. Em setembro de
2001 a pesquisa nacional foi realizada.
Foram entrevistadas duas mil pessoas, entre 15 e 64 anos, de diversas classes
sociais, em todas as regiões do país. Os resultados da pesquisa apontaram que 9% da
população brasileira entre 15 e 64 anos são analfabetos. Em contra-partida, as pessoas
alfabetizadas foram divididas em três níveis: 31% da população estudada, classificada no
nível um de custos; 34 %, no nível dois, conseguem também localizar uma informação não
explícita em textos de maior extensão; e 26%, no nível três de analfabetismo, é capaz de ler
textos mais longos, localizar mais de uma informação e estabelecer relações entre diversos
elementos do texto. “Não se pode dizer que todos os demais são analfabetos funcionais.
Eles ficam distribuídos em diversos níveis e tem alguma funcionalidade em situações bem
simples, por exemplo, conseguem anotar um número telefônico, ler um cartaz e identificar
o dia de vacinação”.
A pesquisa mostrou que só entre a pessoa que cursaram até a 8ª série ou
mais, os percentuais daquelas classificadas nos níveis dois e 3 de alfabetismo funcional
considerando as referencias do IBGE, que neste caso é de quatro anos de estudo.
As mulheres foram as que mais acertaram o teste aplicado, a proporção foi
de 11,4% femininos, contra 10,3 % masculinos. “O indicador traz elementos para pensar a
questão da educação básica e da educação de adultos”.Faltam revistas, jornais e outros
materiais de cultura escrita. O aluno tem que se tornar um leitor de jornal, de revista, de
páginas da internet. A escola precisa trabalhar com outros conteúdos além do texto
instrucional e didático.
“Numero da Pesquisa” Retratos da leitura no Brasil
Entre os brasileiros a partir de 14 anos e com três anos de instrução escolar completaPopulação estimada em 86 milhões (*)
62% (53,3 milhões) Leram ou consultaram livros em 2000 30% (25,8 milhões) Leram livros nos meses que antecedera a pesquisa 20% (17,2 milhões) Compraram pelo menos um livro em 2000. 14% (12 milhões) Liam um livro no dia da pesquisa 12% (10,3 milhões) Não tem o hábito de ler livros 78% (67 milhões) Gostam de ler livro 18% (15,4 milhões) Não gostam de ler livros (*) Estimativa da empresa A. Franceschini Analises de mercado, baseada no crescimento demográfico com dados de 1996 a 2000 do IBGE. Fonte: Pesquisa retrato da leitura no Brasil CLB/bracelpa/brelivros
5.9 – PANORAMA DA PESQUISA SOBRE LEITURA NO BRASIL
Enquanto que em outros países a leitura, vista como parte indispensável e
fundamental da educação do indivíduo, vem recebendo a atenção que realmente merece, no
Brasil foram poucos aqueles que se dispuseram a refletir sobre o problema.
O panorama da pesquisa sobre leitura no Brasil é bem diferente, nos dois
levantamentos sobre a pesquisa educacional brasileira, feitos por Aparecida Joly Gouveia,
constatam-se nada mais que 50 pesquisas sobre a leitura, sendo a maioria delas voltadas ao
processo de alfabetização. Em verdade, a leitura do aluno brasileiro é um grande ponto de
interrogação.
As raras indicações sobre as leituras realizadas pelo aluno brasileiro, surgido
de estudos ou levantamentos isolados, são bastante desoladoras.
Estas conclusões foram tiradas depois que os autores entrevistaram 150
alunos do 1º e 2º graus, crianças e adolescentes que economicamente falando, não estariam
impossibilitadas de ler. Acredita-se que, mesmo com uma amostra maior de sujeitos e com
o controle de outras variáveis, os resultados não seriam diferentes; no contexto brasileiro o
distanciamento entre o leitor jovem e o livro parece ser patente e visível.
Esse distanciamento é mais facilmente percebido quando o aluno adentra a
universidade sabe-se, mais ou menos objetivamente, que existe uma insatisfação
generalizada dos professores universitários quanto ao nível de desempenho de leitura dos
alunos.
A leitura (ou resultante do ato de se atribuir um significado ao discurso
escrito) possa ser, então, uma via de acesso à participação no mundo da escrita; a
experiência dos produtos culturais que fazem parte desse mundo só é possível pela
existência dos produtos culturais que fazem existências de leitores. Daí ser a escola uma
instituição formal que objetiva facilitar a aprendizagem não só do escrever a ler.
CAPÍTULO VI
NECESSIDADE EXISTENCIAL
O mundo que fala português (lusófono) é composto por mais de 200 milhões
de pessoas. A língua portuguesa é a oitava mais falada do planeta, ficando atrás apenas o
inglês e do castelhano.
No Brasil está a maioria de falantes, somos 170 milhões. Aprender o
português se torna uma necessidade existencial. As pessoas precisam se expressar, se
comunicar, se uma pessoa se expressa de forma errada, logo se tem idéia sobre ela.
Conhecer a língua é essencial.
O grande desafio no ensino da língua portuguesa é a falta de uma política de
ensino, o que deveria ser feito através do estímulo à leitura. O governo deveria investir
mais no incentivo de livros à leitura, estimulando a publicação e distribuição de livros para
as crianças em idade escolar. Não bastam apenas mandar livros pares as escolas.
Ler, escrever e trabalhar com palavras são ferramentas para quem deseja
dominar a língua. Ler textos de jornais e revistas, fazer exercícios e procurar respostas
permitem um contato imediato com a língua.
Sendo fonte de inspiração para poetas diversos, a língua portuguesa é tema
de debates educacionais. A língua não só representa a identidade, costume e história, como
o futuro de um povo. É necessário compreender o idioma para lhe dar o seu valor.
O importante é compreender e não decorar regras. As pessoas não
reconhecem a importância da língua porque não foram apresentadas à mesma da forma
correta.2
CAPÍTULO VII
GOVERNO X LÍNGUA PORTUGUESA
7.1 – PARTICIPAÇÃO ODS GOVERNANTES NO INCENTIVO A
LÍNGUA PORTUGUESA PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS.
Apesar do MEC ter distribuído livros nas escolas o hábito de ler é pouco
definido nas escolas. Os alunos e os professores não sentem estimulados a ler preocupando
os educadores.
As escolas do Rio de Janeiro receberam do MEC mais de 600 mil livros este
ano, mas os educadores do estado ainda não se sentem tranqüilos. As estantes estão mais
cheias, embora a quantidade de livros ainda não seja suficiente.
Nas escolas públicas principalmente, o hábito de ler ainda se faz necessária
no dia-a-dia de alunos e professores. Em 1999 o conselho Estadual de Educação criou o
projeto Hora da Leitura, hoje pouco escolas o aplicam, demonstrando o baixo prestígio da
literatura nas salas de aula.
Esse projeto estabelece tempo mínimo de uma hora semanal a ser dedicado
ao hábito de ler nas escolas públicas estaduais. Esse projeto foi cumprido durante um ano e
logo esquecido. Para a que os alunos sejam estimulados a ler não basta só comprar livros. É
necessário ter vontade política para manter iniciativas que estimulem alunos e professores.
2 ANTUNES, Andréa. Folha Dirigida. Caderno da Educação. De 16 à 22/04/2002.
Uma pesquisa feita no ano passado em 51 municípios de todo o Brasil pelo
pesquisador João Batista Araújo e Oliveira e pelo sociólogo Schwartzman comprova que o
número de leitores ainda é pequeno nas escolas públicas. Nos colégios municipais, 40% dos
entrevistados admitiram não ler nenhum livro durante o ano. Nas escolas estaduais, o
número chega a 35,1%, contrastando com os 12,6% dos estudantes da rede particular.
Desde o ano passado a leitura complementar foi adotada em quase todos os
colégios da rede privada para os alunos a partir da 5ª série do ensino fundamental. A falta
de recursos financeiros dos alunos da rede pública torna difícil a adoção desse projeto já
que os alunos teriam condições para adquirir os livros.
Para estimular o hábito de ler também em casa, o MEC distribui este ano
pela primeira vez coleção com cinco publicações, que passam a pertencer aos alunos. Dos
618.428 livros destinados ao Estado do Rio no programa tempos de leitura, 500.396
ficaram com os alunos. Apesar da estimativa ser grande muita escola não receberam
quantidades de livros suficientes para todos os alunos. Conforme foi amplamente divulgado
pela mídia. Ficando então a pergunta: - Por que todos os alunos não receberam o quite?
O projeto custou R$ 55 milhões e meio e vai beneficiar oito milhões e meio
de alunos da 4ª a 5ª séries do ensino fundamental de 139.119 escolas públicas. São quase 70
milhões de obras infanto-juvenis, equivalentes a 13% da previsão da produção de livros
deste ano.
7.2 – O PAPEL DO GOVERNO ENQUANTO ESTIMULADOR
Anteriormente, acredita-se que a criança havia aprendido a prestar atenção
no significado de uma palavra. Assim, quando fosse questionada sobre a palavra, seria
significado que ela focalizaria sua atenção. No entanto, a consciência fonológica requer a
criança ignore o significado e focalize sua atenção na estrutura da palavra (seu significado),
possibilitando, desta forma, examinar e manipular a estrutura fonológica de uma palavra,
isto é, seus fonemas.
O conceito de consciência fonológica pode ser explorado diariamente nas
atividades de alfabetização através da rima, alteração, segmentação e manipulação de
palavras em sílabas e, finalmente, em fonemas, seguindo esta ordem de dificuldades. Outra
atividade interessante a ser desenvolvida é trabalhar com palavras sem sentido para levar a
criança, gradualmente, a descoberta do fonema.
CAPÍTULO VIII
SOCIEDADE X LEITURA
8.1 – POR UMA POLÍTICA NACIONAL DE LEITURA
Ainda no dias de hoje, como se não bastasse o Brasil se debater com as taxas
de analfabetismo, constatasse que o iletrismo avança ainda na fase escolar na maior parte
da população. Hoje a antropologia reconhece com cultura as manifestações das diversas
vivências populares, seja no seu pensar, seja no seu prazer também à questão da leitura
merece um tratamento novo.A leitura não deve ser apenas o desvendar dos signos gráficos,
mas o meio permanente de participação social, pois é o principal acesso para o
conhecimento.
A escola não tem conseguido transformar o alfabetizado em leitor. Pelo
contrário, tem se interposto nesta relação entre obra-leitor como um obstáculo, devido os
métodos e pelos descompassos entre a leitura exigida e a vida social. O sentido das coisas é
uma construção e no caso da leitura depende da interação de quem com o que lê.
Uma rápida avaliação do Estado na promoção da leitura nos revela sua falta
de decisão política, suas estratégicas frouxas, a intermitência e supercialidade dos
programas. Não resolvem campanhas de alfabetização; erro reincidente de projetos
salvacionistas.
As determinantes do afastamento das pessoas dos livros e da leitura passam:
- Pela iniciativa equivoca
- Pela posição dos livros na escola.
- Pela falta de acesso ao material impresso.
- Pelo papel que os livros desempenham no sistema educacional.
Reverter significa:
- Optar decisivamente pela leitura na formação dos professores prestigia-
las e estimula-las a partir dos interesses despertados pela realidade.
- Ampliar pelos meios de comunicação de massa o debate, a informação e
as interferências ao livro valorizando-o.
- Multiplicar e dinamizar as bibliotecas públicas, transformando-as em
centros artlusaos e comunitário espaços vazio.
- Rever toda a metodologia da difusão da leitura na escola.
Se quisermos colocar o Brasil em pé de igualdade com os países
desenvolvidos é indispensável traçar uma política nacional de leitura, que propicie
condições essenciais para a médio e longo prazo, transforme o livro no melhor amigo do
homem.
O ministério da Educação trabalho hoje para que a leitura seja parte da vida
de cada um e, em especial, dos jovens, a fim de que eles possam ler e interpretar abstratos,
dos folhetins, das histórias de amor. No ensino médio, análise das práticas juvenis de leitura
é fundamental, pois é nessa fase da vida que o estudante se torna um leitor aut6onomo ou se
afasta da leitura, geralmente sem retorno.
8.2 – A LEITURA AJUDANDO A LÍNGUA
Um dia recheado de histórias, espetáculos feitos sob medida para as crianças,
músicas e malabarismo, peças e espetáculos com contadores de histórias, agradam em cheio
ao público infantil.
No teatro Cândido Mendes em Ipanema, esteve em cartaz à peça “Romeu e
Julieta” de Shakespeare, adotada para crianças pelo grupo Trivial Encena. O elenco usa e
abusam de cantigas de roda, tiques circenses e palhaços. Despertando na criança o desejo
de ler e conhecer novas peças e histórias.
O simpósio Internacional de contadores de histórias, que aconteceu na
bibliografia pública do Rio de Janeiro, participou contadores de histórias brasileiros e
estrangeiros que misturam teatro, folclores, música, bonecas, malabarismo e contas árabes.
Um deles é um ator surdo-mudo que narra suas histórias com gestos. São formas
inovadoras que induzem as crianças a aprenderem a ler para ter acesso a novas histórias e
outros tipos de leituras.
Ouvir histórias, para depois escreve-las e declama-las é um ótimo jeito de
melhorar a leitura e a oralidade. No processo de alfabetização, é grande o número de
fracassos causados por dificuldades no desenvolvimento da linguagem oral e escritos. Com
objetivo de remover esse obstáculo professores do Pará e do acre resolveram estimular a
leitura e a oralidade utilizando poesias e contos populares. “A criança que lê fala bem
desperta o gosto pelos livros e melhora a relação com a língua formal”, explica Heloísa
Cerri Ramos, consultora pedagógica de nova Escola.
Autores como Cecília Meireles, Vinícius de Moraes e José Paulo Paes, são lidos por
crianças em vários lugares, construindo uma paixão feita rima por cima pelos professores.
A memorização de versos melhora a oralidade e desperta o interesse da
criançada para a declamação. Pesquisas sobre lendas populares contadas por parentes. Reis,
bruxas fazendeiros, índios, bichos da floresta.
CAPÍTULO IX
PROFESSOR X LÍNGUA PORTUGUESA
9.1 – COMO O PROFESSOR PODE DESENVOLVER O HÁBITO DA
LEITURA ENTRE SEUS ALUNOS
Ler e escrever são atividades que se complementam. Os bons leitores têm
grandes chances de escrever bem, já que a leitura fornece a matéria-prima para a escrita,
quem lê mais dispõe de um vocabulário mais rico e compreende melhor a estrutura
gramatical e as normas ortográficas da língua portuguesa.
Para que o aluno desenvolva o hábito leitura é necessário que o professor
selecione bons livros para iniciar esse processo e cativar a turma. Esses livros deverão ser
diversificados como jornais, revistas, folhetos, propagandas, até embalagens de produtos
alimentícios trazem pequenos textos repletos de informações. O importante é que o material
escrito apresentando aos alunos seja interessante e desperte a criatividade dos mesmos,
textos literários e poesias também devem ser usados. Livro dividido em capítulos lida em
voz alta onde o professor interrompe a leitura no auge da narrativa cria suspense e os alunos
ficam ansiosos pela leitura do episódio lidas ou ouvidas e encená-las.
É importante que o professor tente aproximar o texto da realidade social e
psicológica do aprendiz, como meio socializado e de refinamento emocional. Leitura
silenciosa, produção de textos e a leitura em voz alta é uma combinação bem divertida.Para
incutir no outro o hábito pela leitura é necessário criarmos em nós próprios o hábito de ler,
pois uma vez habituados à leitura dela faremos uso constante, passarmos a praticá-la não
apenas como um exercício ou um recurso de aquisição de conhecimento, mas também
como uma atividade de lazer.
Se o professor for capaz de introduzir a idéia de que a escrita é um jogo
instigante e a leitura uma fonte inesgotável de conhecimento, estará abrindo os olhos de
novos leitores e o caminho de vigorosos escritores.
O gosto pela leitura e o prazer do texto são coisas que não se ensina nem se
aprende. Estes resultam de um processo de sensibilização, de aproximação e
consequentemente impregnação, e uma descoberta.
9.2 – CRIME PEDAGÓGICO
O professor deve trabalhar com a leitura, com o texto, com a discussão do
significado. Magda Soares sugere,
“Sair das normas gramaticais para trabalhar com o
desenvolvimento das habilidades de ler e escrever. A redação
escolar pode ser o que é: um aluno escrevendo um texto que
não quer escrever para entregar a um professor que não quer
ler. Tem de haver criatividade, para criar situações que não
sejam tão artificiais quanto as que existem. O professor deve
propor temas que os alunos estejam discutindo nos bares, nas
esquinas. Falta flexibilidade nos programas, para que se
tenha mais tempo de prática e de exercícios de leitura, da
escrita, da interpretação de textos. E é preciso também
reformular essa gramática tradicional, que está
ultrapassada”.(SOARES)
Quanto à leitura, Samir Meserani diz que ela ajuda, mas não é a quantidade
de textos que conta, e sim o seu tipo: a leitura que ajuda na escrita é a leitura criativa que
estimula o leitor. Pode ser Borges e Guimarães Rosa, para uma pessoa, e a Júlia e Sabrina,
para outra. O fundamental ao criticar um texto é sua originalidade, que pode ser medida em
três níveis: em relação a outros textos do mesmo aluno, em que relação ao conjunto da
classe e no contexto a outros textos do mesmo aluno, em relação ao conjunto da classe e no
contexto mais amplo da literatura. O papel das regras gramaticais é tomar a comunicação
mais fluente. E isso se consegue se as regras não forem supervalorizadas.
Por que só o professor de português é cobrado pela qualidade de redação dos
alunos? Qual o papel dos professores das demais disciplinas em face de um texto
inadequado, confuso, inexato, obscuro? Não têm eles igual responsabilidade na preservação
da língua?3
9.3 – COMO DESTACAR AS MÃOS DO PROFESSOR
Norma erudita. Norma prestigiada. Norma – padrão. Estrutura não-padrão.
Bidialetalismo. Norma inculta. Erro erro. Aí de ti, professor de português! Lá vai o coitado,
a coitada, com quatrocentas redações na pasta amarela, corrigir em casa. Tem de estar
atualizada com tudo o que se publica na área. Cadê o dinheiro para comprar livros?
3 Lourenço Diaféria. Colaboração: Adriana Sigre, Angelina Quintana, Edméia Passos, Fernanda Britto, Nancy Rossi, Renato Anselmi, Rosangela Guerra, Vera Gomes. Da revista sala de aula.
Num país em que o desempregado tem de procurar trabalho decentemente
vestido. Falar errado (reconheçamos!) é o mesmo que risco da navalha no queixo. O resto é
filosofias. O professor tem de enfrentar a barra.
9.4 – REFORMULAR O ENSINO
É inútil cometer-se a impiedade de apontar erros de português chutados por
jogador de futebol ou pinçar nas provas dos vestibulares às impressões digitais dos
atentados à língua portuguesa. Dezenas, várias dezenas de professores ouvidos e
consultados são unânimes num ponto: o professor precisa voltar a ser respeitado. E para
isso respeitar-se e não sentir humilhado por ser professor. É possível que ele jamais volte a
ter o padrão salarial que já teve – igual ao de um juiz de direito! Mas estamos numa
sociedade em que ganha mal é mal visto, tenha lá o valor que tenha. É preciso, também,
reformular o ensino da língua. Para isso, é claro, necessário que o professor se integre no
processo de reformulação. Que ele se recicle. Mas em que hora, em que lugar, o professor
será reciclado? Uma redação de 20 linhas demanda no mínimo 15 minutos para sua
correção. Se o professor for especializado nesse trabalho – diz o professor Dácio Castro, do
curso Anglo de São Paulo – podem ser corrigidos cinco redações em uma hora. Napoleão
Mendes de Almeida entende que a gramática e redação são duas asas de um mesmo
pássaro. Mas a gramática tradicional – diz o professor Emerson Mari, que leciona num
curso pré-vestibular em Belo Horizonte não pode ser considerada verdade absoluta.
CONCLUSÃO
Para transformar o indivíduo em um leitor, é preciso desde o começo de sua
vida leva-lo ao manuseio de diferentes tipos de textos. Sendo a língua portuguesa muito
complexa, temos que buscar sempre seu aprimoramento através de textos diversos.
As pesquisas mostram que ainda há muitos analfabetos no Brasil. Daí
decorrer todo interesse pelo processo de leitura, levando em conta suas injunções
individuais e sociais.
Como a sociedade brasileira, dadas as suas dificuldades, atribui à escola a
responsabilidade maior da formação de leitores, propõe-se ao educador o incremento do ato
de ler. Move-se a certeza de que o domínio da cultura letrada abre a cada sujeito um leque
maior de possibilidades de compreensão do real e de exercício da cidadania. Por essas
razões, aqueles que se envolvem com a educação precisam estar cientes de seu papel na
formação de leitores e, principalmente, ser também leitores.
Hoje se aposta na formação de leitores em todos os estados brasileiros, numa
integração vertical entre universidades, escolas de magistério e ensino fundamental,
aproximando todas as áreas do conhecimento uma vez que nenhum delas dispuseram o ato
a ler.
Formar leitores é tarefa complexa que desafia professores, bibliotecários e
educadores em geral, especialmente nesta época tão dominada pelos meios de comunicação
em massa, sobretudo pela televisão. Os estímulos do meio social e cultural provocam o
amadurecimento do sujeito leitor.
A competência está em saber valer-se dos objetos culturais dentro e fora do
lar, da escola, da biblioteca, dos demais espaços de leitura. Desde o contrato material com
livro e seu manuseio até a descoberta dos sentidos mais profundos, passando por saberes
como a seleção e a busca do material; a intimidade com vários ambientes que abrigam o
livro; o contato com mediadores como seções de jornais e revistas, periódicas
especializadas, catálogos, a participação em eventos literários e todas as alternativas
possíveis.
Pouco a pouco, os lucros da experiência pessoal vão se estendendo ao social
porque o sujeito está inserindo necessariamente em um grupo e com ele se comunica. O
homem é um ser resultante de um processo de desenvolvimentos constante global, ele nasce
e vive dentro de uma sociedade. Entretanto temos consciência que esta sociedade nem
sempre dá chance de que esta o indivíduo tenha condições plenas de desenvolver suas
capacidades.
O educador moderno e consciente vem tentando trazer atividades que
estimulam a capacidade de educador em desenvolver textos, pesquisa, e a própria
linguagem oral de maneira, mas completa. Embora ainda haja uma grande dificuldade em
desenvolver esta linguagem por falta de interesse e oportunidade de estar em contato com
textos e livros diversificados.
Com este projeto o professor busca levar para o aluno condições práticas
para que ele possa desenvolver suas aptidões e melhor sua linguagem oral e escrita, através
da leitura e de atividades que contribuam para formação desta capacidade intelectual.
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MAURY, Liliane. Freinet e a Pedagogia. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
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Paulo: Scipione, 1989.
SANTOS, Maria Lúcia dos. A expressão livre no aprendizado da língua portuguesa:
pedagogia Freinet. São Paulo: Scipione, 1991.
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas Pós-Graduação “Latu Sensu” Título da Monografia:
-A LÍNGUA PORTUGUESA NO BRASIL- A FALTA DE LEITURA FAZ COM QUE O BRASILEIRO
NÃO SE EXPRESSE COM CORREÇÃO E CLAREZA
Data da Entrega: 22/03/2003
Rio de Janeiro de de 2003 Coordenador do curso