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Diretor editorial: Alessio Fon MelozoCoordenador editorial: Hudson de Almeida

RedaçãoEditor-chefe: Heinar MaracyEditor: Sérgio MirandaEditor de Arte: Luciano HaggeAssistente de Arte: Stella Dauer (estagiária)Reportagem: Fábio Zemann (estagiário)Revisão e checagem: Sirlene Farias e Raphaela Maia (estagiária)Capa e embalagem: Sérgio Bergocce

MULTIMIdIaCoordenador: Rafael Fernandes ScopelEquipe: Cleber Faria, Marcelle Comenale, Maikon Bomfim, Walacy Machado

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Mac+ PoRTIFoLIoé uma publicação da Editora Digerati.Distribuidor exclusivo para todo o Brasil: Fernando Chinaglia Distribuidora S.A. Tel.: (21) 2195-3200Distribuidor para Europa e América Latina: Malta Internacional +55 11 3284 6444Impressão: Araguaia LTDA

DIGERATI É UMA EDITORA DO GRUPO DOMO

Presidente: Alessandro GerardiConselho editorial: Alessandro Gerardi, Luís Afonso G. Neira, Alessio Fon Melozo, William Nakamura

Multi-música do multi-homem André Abujamra é um artista com mais faces que um triacontaedro. Tem o músico pop (Karnak, Mulheres Negras), o compositor de trilhas para filmes (quase 40 longas no currículo), o músico eletrônico (A.K.A. Fat Marley), o punk rocker (Gork), o compositor de jingles para propaganda, além do ator de teatro, cinema, televisão.

Nesta edição de Mac+ Portfolio, a revista em que os grandes artistas que usam Mac contam seus segredos, mostram suas técnicas e como é seu processo criativo, André Abujamra revela, em uma exclusiva entrevista em vídeo, o que sabe sobre música, seu método de composição, suas influências e como produziu seu último álbum praticamente sem sair de seu MacBook.

No CD que vem com a revista, você encontrará três discos de Abujamra em formato MP3 de alta qualidade (Retransformafrikando, Ceratoconnect e Gork) num total de 30 faixas para você curtir em seu computador ou MP3 player.

Mas não é só. Esta edição traz também a faixa título do CD Retransformafrikando dividida em tracks por instrumento para você fazer seu próprio remix no Logic ou GarageBand.

Aprender com os prós é bem mais divertido.Sérgio MirandaEditor São Paulo, 1968. Andrezinho era um

garoto de três anos com uma ca-

beça muito grande. Preocupada, a

mãe o levou ao médico, que sugeriu

colocar o menino em alguma atividade artísti-

ca para coordenar atividade física e cerebral.

“Sou músico desde os três anos. Fiz a

escolinha de iniciação musical da Tia Olga,

aprendi a ler e a escrever música, essas coi-

sas que hoje ninguém mais faz”.

Depois de morar nos Estados Unidos

durante a adolescência, onde tocou bumbo

em banda de escola, tímpano em orquestra

e guitarra em conjunto de jazz, André voltou

ao Brasil e montou a terceira menor big

band do mundo: Os Mulheres Negras, com

Maurício Pereira.

“Nos Mulheres Negras, eu descobri a

tecnologia. Primeiro a tecnologia para-

guaia: uns pedais vagabundos que a gente

comprava e fazia o diabo com eles. Mais

para o final veio o Atari, que tinha duas

portinhas MIDI e um programa chamado

Notator Logic. Éramos somente dois, mas

a idéia era soar mais do que duas pessoas.

Nossa primeira demo tinha um ‘sampler

analógico’. Eu pegava fita cassete, cortava

e colava com durex para ter um loop de um

trecho da música”.

Abujamra foi apresentado ao Mac por

Jarbas Agnelli (AD Studio). “Meu primei-

ro Mac foi um Quadra 650 de 33 MHz.

Por um bom tempo, morri de inveja dos

pecezistas – apesar de odiar PC – por causa

de um programa: o Acid. Foi o primeiro

software a surgir com um conceito seme-

lhante ao meu jeito de fazer música: mon-

tar camadas, esticar samples e deixar tudo

na mesma batida e afinação. Felizmente

apareceram, logo depois, o Ableton Live e

o Apple Soundtrack, que fazem isso bem

melhor e rodam no Mac.”

“Quando terminou o Mulheres Negras,

fui pro Egito com alguns amigos. Nessa

viagem, comprei um Walkman que gravava

em som estéreo. Comecei a captar sons e

voltei para o Brasil com centenas de fitas

cassete. Aí comecei a misturar sons e a

desenvolver uma técnica de composição

baseada no empilhamento de camadas de

áudio. Era uma coisa que eu queria fazer

desde os Mulheres Negras, mas não existia

a tecnologia. Hoje, isso virou lugar comum,

todo mundo faz. Mas há 20 anos era como

fazer música com machado. A gente usava

uns equipamentos enormes que disparavam

samplers de 1 minuto, o que para a gente

era uma eternidade.”

O verdadeiro André, por favor, levante-seAndré Abujamra tem várias personas musi-

cais. Tem o músico pop, o compositor de

trilhas para filmes (com quase 40 longas no

currículo, é praticamente o John Williams

brasileiro), o músico eletrônico (A.K.A. Fat

Marley), o punk rocker (Gork), o composi-

tor de jingles para propaganda (o ratinho

da Folha, “Duvidar por quê, detergente é

Ipê”). Fora ele também ser ator de teatro,

cinema, televisão...

“Acho que sou André Abujamra em todos

os meus trabalhos, mas eu divido minha

cabeça em três seções: o músico pop, o

compositor de orquestra e o músico fun-

cional. Tem outro André que pouca gente

conhece, que é o arranjador. Gosto de fazer

arranjos para orquestra. Não são partes

separadas, elas se misturam. No começo

da música “Retransformafrikando”, há uma

parte orquestral. É tudo sampler, apesar de

não parecer.”

André, o erudito“Basicamente, eu gosto de escrever para

cordas e quinteto de sopro. Gosto muito de

Stravinsky, Ravel, Debussy, Barber e Berlioz,

mas minha maior influência na música para

cinema é Prokofiev (Pedro e o Lobo). Eu penso

música como minimúsicas que se entre-

meiam e se completam. O contraponto de

quinta espécie era meu exercício favorito.

Uma das músicas que mais influenciou meu

trabalho de compositor de cinema foi a

suíte Tenente Kijé. Prokofiev fez um primeiro

movimento lindo, um segundo mais lindo,

um terceiro mais lindo ainda e no quarto

colocou as três melodias tocando simul-

taneamente. É um caos total, mas como

você já ouviu as melodias antes, consegue

entender o caos. É isso o que eu tento fazer

em minhas músicas. Destruir as regras har-

monicamente. Procuro fazer coisas bonitas,

romanticonas, mas sem seguir regras.”

Músico por encomenda“Cuspi muito no prato em que comi.

Durante anos, eu me considerei um artis-

ta maravilhoso, que conseguiria ganhar

dinheiro com a minha música sem precisar

me vender. Eu acreditava que o Karnak era

uma banda superpop, no nível de um Skank,

que eu ganharia milhões em dinheiro com

ela. Mas aí veio a realidade e eu precisei

ganhar dinheiro com música e o que dava

dinheiro era publicidade. Sofri horrores. Os

caras chegavam pedindo ‘quero uma música

igual a essa’. Mas, com o tempo, aprendi

alguns truques, como usar loops sem ficar

aparente, já que todo mundo tem os mes-

mos loops. Essas coisas que você aprende

na MAC+ Workshop 2, do Márcio Nigro, à

venda em www.macmais.com.br.”

Músico Pop“A música pop vem à minha cabeça. A

música ‘O Mundo do Karnak’ eu fiz inteira

na cabeça, indo de barco da Itália para o

Egito. Baixo, guitarra, bateria, tudo. Eu

me acostumei a essa coisa da repetição.

Eu nunca escrevo minhas letras. Eu guardo

tudo na cabeça e monto tudo no estúdio,

na hora de gravar.”

André e o Mac“Sou um cara que se separou muito. Estou

indo para o meu quarto casamento. No

último casamento, eu estava com um estú-

dio maravilhoso em casa, mas me separei

e ele ficou pra trás. Porém, percebi que os

processadores evoluíram muito, os micro-

fones caíram de preço. Comprei um laptop,

um gravador da M-Audio que grava 24

bits/96 hertz. Comecei a viajar muito, atuar

em palestras e a sacar que não preciso mais

de um estúdio para fazer minhas trilhas. Fiz

uma para uma peça de teatro em um hotel

em Brasília. Gravei coral e editei tudo no

MacBook. Basta um banheiro legal ou um

edredom por cima da cabeça para conseguir

uma vedação de som razoável. Criei uma tri-

lha para um filme mexicano todo em um ho-

tel. Fiz em MIDI, o diretor aprovou, vim para

o Brasil, gravei a orquestra e mandei. Já fiz

uma trilha totalmente por iChat. O diretor

em Los Angeles me mandava um QuickTime

do filme, eu compunha, devolvia para ele o

filme com a trilha, ele pedia mudanças, eu ia

para o estúdio e gravava orquestra e manda-

va a versão final. Tudo pelo iChat.”

“Tinha um iBook G4, mas acabei de

comprar um MacBook branquinho. Virei,

finalmente, um estúdio nômade. Até um

tempo atrás eu ainda me sentia mais seguro

chegando ao meu estudiozão, cheio de

plug-ins de orquestras. Atualmente desen-

volvi técnicas para trabalhar apenas com

o laptop. Uso direto o Space Designer, do

Logic. Ele altera bastante a qualidade do

som gravado. É um plug-in fantástico.

o multi-homem

GorkGork não dá entrevista. Gork não

é André Abujamra. Não é Marcelo

Effori. Gork não é Sérgio Vilaça.

Gork não vai dar um show em

breve, nem vai fazer um clipe. Gork

não é uma banda de country-surf-

punk-rock. Não é candomblé-metal.

Gork não é uma banda do Mundo

Bizarro. Não ouça as músicas de

Gork incluídas neste CD. Não visite

seu site em myspace.com/gorkband.

Urk! Durk! Turk!

Ceratoconnect – Fat MarleyDJ, multiinstrumentista, físico

amador e precursor da onda de

Balkan Beats, Fat Marley morreu,

depois de viver longos e prazerosos

cinco anos. Foi atropelado por um

caminhão de CDs piratas na Regis

Bittencourt. Sua última obra, Cera-

toconnect, em um mundo ideal, faria

mais sucesso que Play, do Moby.

Não fez, mas como ele morreu,

pode ser que agora faça e ele final-

mente ganhe uma graninha.

RetransformafrikandoFiz uma operação de redução de

estômago e perdi 70 quilos. Muita

coisa mudou. O João Gordo quase

morreu por ser gordo demais. Eu

sempre fui mais magro do que

ele. Um dia, encontrei o João e

ele falou pra mim “você tá muito

gordo”. Quando o João Gordo fala

isso pra você, está na hora de co

meçar a se preocupar. Eu já estava

a fim de fazer a operação, estava

com quase 180 quilos, conheci o

médico que operou o João e realizei

a cirurgia. Podia ter morrido, não é

uma operação simples. Como sou

artista, resolvi que essa mudança

tinha de virar arte.

Por que “Retransformafrikando”?

Na minha religião, o candomblé,

eles ensinam que a gente não muda,

só muda quando morre. Mas como

sou de Obaluaê, um cara trans-

gressor, resolvi transgredir minha

própria religião. Mudei sem morrer.

Me transformei, me retransformei.

Mas me retransformei ficando, sem

ir para o outro lado. E me retrans-

formei frikando, de África e de

Freak, porque me considero negão

e maluco. A primeira música do

disco conta essa história: “por isso

eu volto, me transformo sem me

transformar. A essência ficou no lu-

gar”. É uma EgoTrip total, mas tem

a ver com o que a gente vive hoje,

com esse apego que as pessoas têm

a iPhones, TVs a cabo, dinheiro. Eu

queria mostrar que a transformação

da humanidade é possível, sem pre-

cisar morrer ou matar ninguém.

NO CD

Discografia

Querô » (2007)

Yellow » (2006)

Os 12 Trabalhos » (2006)

Cafundó » (2005)

Carandiru, Outras Histórias » (2005) TV

Achados e Perdidos » (2005)

Bem-Vindo a São Paulo » (2004)

Vocês inocentes » (2004)

De Passagem » (2003)

O Caminho das Nuvens » (2003)

Carandiru » (2003)

Durval Discos » (2002)

As Três Marias » (2002)

Bicho de Sete Cabeças » (2001)

Domésticas » (2001)

Nem Gravata, Nem Honra » (2001)

O Tempo dos Objetos » (2001)

Um Copo de Cólera » (1999)

Castelo Rá-Tim-Bum, O Filme » (1999)

Ação Entre Amigos » (1998)

Nós Que Aqui Estamos por Vós »Esperamos (1998)

Os Matadores » (1997)

Carlota Joaquina – Princesa do Brazil » (1995)

A Origem dos Bebês Segundo »Kiki Cavalcanti » (1995)

Capitalismo Selvagem » (1993)

Atrás das Grades » (1993)

Hip-Hop SP » (1990)

Sampa » (1988) minissérie TV Comments

MULHERES NEGRAS1988Música e ciência (WEA)

1990Música serve para isso (WEA)

KARNAK1995Karnak (PolyGram)

1997Universo Umbigo (Velas)

2001Estamos adorando Tóquio (Net Records)

SOLO

2002Fat Marley – New old world/Future sun (Outros Discos)

2005O infinito de pé (Spin Music)

2007Retransformafrikando

#2

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607781

PORTFOLIO

MAC+PORTFOLIOANO 1 - #2

R$ 16,90 ¤ 3,90

C

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capa2.ai 12/12/2007 15:01:02

Film

ogra

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sele

cion

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“PC é para quem gosta de computador. Mac é para quem gosta de criar.”

“Eu não levo a música, nem a vida muito a sério. Você tem de errar para aprender a fazer música, assim como tem de errar para saber viver”

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