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8/2/2019 Resenha Filosofia da Religio e Cincica
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UNIVERSIDADE SAN CARLOS
PAULO ROBERTO BARBOSA PEREIRA
CINCIA E RELIGIO: CONCRDIA E CONFLITO
RECIFE, PE2012
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PAULO ROBERTO BARBOSA PEREIRA
CINCIA E RELIGIO: CONCRDIA E CONFLITO
Resenha crtica como pr-requisito da
disciplina epistemologia para complemento
da avaliao.
ORIENTADATOR: PROF. DR. VILMAR
CAPELARI ROSA
RECIFE, PE2012
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SUMRIO
1 INTRODUO..........................................................................................................3
2 DADOS SOBRE O AUTOR.....................................................................................4
3 RESUMO...................................................................................................................5
4 CONCLUSO..........................................................................................................10
5 REFERNCIAS........................................................................................................11
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1 INTRODUO
A cincia emprica certamente contribuiu para o desenvolvimento
intelectual desde o sc. XVI , porm a religio tambm tem uma grande parcela na
contribuio do desenvolviento intelectual, marcando presena h muito mais
tempo.
Segundo a tese do secularismo, cincia e religio esto inversamente
relacionadas. A religio tenta explicar os fenmenos recorrendo a causas
sobrenaturais e cincia tenta explicar os fenmenos recorrendo a princpiosracionais por meio das leis naturais. A relao entre estas duas grandes foras
culturais tem sido tumultuosa, multifacetada e confusa.
Essas relaes, entre cincia e religio, mudam ao longo da histria e
envolvem uma gama muito grande e complexa de aspectos, como: polticos, sociais,
econmicos, relaes de autoridade e poder, vises epistemolgicas das pocas,
forma das prticas cientficas em cada poca, relao cincia e sociedade, e,
choques entre culturas distintas. H uma grande variedade de concepesepistemolgicas da cincia e da religio, ou seja, de como os conhecimentos
religiosos e cientficos so adquiridos; assim como, das relaes entre a cincia e a
religio, historicamente e na atualidade, variando do antagonismo e separao at a
colaborao prxima.
Essa resenha tem como objeto de estudo central a relao entre religio e
cincia, e se o conflto e a concrdia caracterizam essa relao, mensionado por
Alvin Plantinga em seu artigo Cincia e Religio.
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PLANTINGA, Alvin. Conflict and Concord. In: ______. Religion and Science.
Stanford Encyclopedia of Philosophy California, USA, 2010. Disponvel em:
. Acesso em 10
mar. 2012.
2 DADOS SOBRE O AUTOR
Alvin Carl Plantinga, nascido em 15 de novembro de 1932, um filsofo
norte-americano conhecido por seu trabalho em epistemologia, metafsica e filosofia
da religio. Em 1980, Plantinga foi citado como o "principal filsofo protestante
ortodoxo dos EUA" pela revista Time. Plantinga professor de Filosofia na
Universidade de Notre Dame a vinte e cinco anos. Plantinga tambm ensinou na
Calvin College por dezenove anos. Suas principais publicaes so: God and Other
Minds (1967), The Nature of Necessity (1974), God, Freedom and Evil (1974), Does
God Have a Nature? (1980), Warrant: The Current Debate (1993), Warrant and
Proper Function (1993), and Warranted Christian Belief (2000). Seus principaisartigos em portugus so: Argumento Evolucionista Contra o Naturalismo, Conselho
aos Filsofos Cristos, Dawkins, Uma Confuso, Sofisticao Intelectual e Crena
Bsica em Deus, Tesmo, Atesmo e Racionalidade.
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3 RESUMO
Essa resenha sobre o conflito e a concrdia entre a religio e a cincia,
retirada do artigo "Religion and Science" por Alvin Plantinga, publicada pela revista
eletrnica The Stanford Encyclopedia of Philosophy da Universidade Stanford,
California, USA, em maio de 2010. A resenha tem como objetivo mostrar a relao
entre cincia e religio. Para Plantinga h muitos problemas e questes importantes
nesta rea, porm a questo que mais chama ateno do autor se a relao entre
religio e cincia se caracteriza pelo conflito ou pela concrdia. Em sua opinio
possvel que exista simultaneamente conflito e concrdia entra a religio e a cincia.
Do ponto de vista da concrdia, a religio e a cincia combinam bem
entre si. Isso ocorre porque a crena testa tem como doutrina a criao, onde Deus
criou o mundo e o homem sua imagem, dando o homem a capacidade para formar
crenas e adquirir conhecimento. A cincia tem como objetivo adquirir conhecimento
de ns e do nosso mundo, objetivo esse, que subscrito pela doutrina imago dei,
onde o homem foi feito cone de Deus. Para Plantinga, a cincia um exemplo
claro do desenvolvimento e aprofundamento da imagem de Deus nos seres
humanos, tanto individualmente como coletivamente.
Outro aspecto da doutrina que a criao divina contingente. Segundo
o pensamento testa, Deus um ser necessrio, existindo em todos os mundos
possveis, mas isso no acontece, contudo, com a sua propriedade da criao. Em
outros termos, para Deus essencial existir. Donde, Deus um ser necessrio.
As criaturas so contingentes, isto , suas existncias no decorrem de suas
essncias.
Para Ratzch (2009), esta doutrina da contingncia da criao divina que
subjaz ao carter emprico da cincia ocidental moderna. Pois o domnio do
necessrio o domino do conhecimento a priori; onde temos a matemtica e a
lgica e grande parte da filosofia. O que contingente, por outro lado, o territrio
ou domnio do conhecimento a postriori, o gnero de conhecimento produzido pela
percepo, memria e os mtodos empricos da cincia. Assim escreveu RogerCotes, no prefcio ao Principia Mathematica, de Newton: Sem dvida alguma, este
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mundo, to diversificado com essa pluralidade de formas e movimentos que nele
encontramos, de nada poderia provir seno da vontade perfeita de Deus, dirigindo-o
e presidindo-o.
A crena testa sustenta a cincia moderna ao permitir ou sancionar todo
o projeto da investigao emprica; afirma-se tambm que a cincia sustenta a
crena testa, argumento proposto por Michael Behe (1996), segundo o qual afirma
que algumas estruturas ao nvel molecular exibem uma complexidade irredutvel.
Behe defende que tais estruturas e fenmenos irredutivelmente complexos no
poderiam ter surgindo por evoluo darwinista sem a interveno de Deus. Behe
concluiu que muitos sistemas bioqumicos foram concebidos.
Outro argumento a favor do tesmo, defendido por astrofsicos, o
ajustamento delicado de vrios parmetros fsicos que precisam se situar dentro de
limites muito estreitos para que a vida inteligente se desenvolva. B. J. Carr e M. J.
Rees, B. Carter, J. Polkinghorne, Robin Collins e R. Swinburne concordam que
muitos aspectos do nosso universo dependem muito delicadamente de
coincidncias, precises, extraordinrios ajustes entre as constantes fsicas,
para que o universo permita a vida, reforando a tese testa de que o universo foicriado por um Deus pessoal que tem a inteno de que haja vida e vida inteligente.
Consideram que a probabilidade epistmica destes fenmenos de ajuste delicado
muito maior sob a hiptese testa do que a sua probabilidade epistmica sob a
hiptese atesta do acaso.
A objeo mais comum, que o universo foi concebido por um ser
inteligente, que esse fenmeno no falsificvel. Porm h aqueles que
respondem que a falsificabilidade no comumente uma propriedade deproposies individuais, mas de teorias completas, que podem ser falsificveis.
Muitos autores, como John William Draper e Andrew Dickson White, os
mais importantes expoentes da Tese de Conflito entre religio e cincia, afirmam
existir uma guerra entre a religio e cincia. Para Draper (1875), The history of
Science is not a mere record of isolated discoveries; it is a narrative of the conflict of
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two contending powers, the expansive force of the human intellect on one side, and
the compression arising from traditional faith and human interests on the other1
A tese de conflito prope um conflito intrnseco intelectual entre religio ecincia com base em evidncias histricas imprecisas de perptua oposio entre
religio e cincia. Tambm conhecida como a Tese de Draper-White, a Tese de
Guerra e o Modelo de Guerra, interpreta a relao entre religio e cincia como
inevitavelmente levando hostilidade pblica, citando evidncias histricas, como o
falso mito da Terra plana, bem como reais incidentes como o caso Galileu (1614-
1615). A partir do final do sculo 19 at desacreditado no final do sculo 20, a tese
do conflito foi uma popular abordagem historiogrfica da cincia.
Mais recentemente, a teoria da evoluo tem sido o ponto central do
conflito. Os fundamentalistas cristos aceitam literalmente a criao descrita nos
dois primeiros captulos de Genesis, negando as explicaes darwinistas
contemporneas das nossas origens. Muitos fundamentalistas darwinistas, como
Stephen J. Gould, defendem que h conflito entre a evoluo darwinista e a crena
crist ou testa clssica. Tudo comea pela crena crist que os seres humanos e as
outras criaturas foram concebidos concebidos por Deus. Richard Dawkins e DanielDennett, defensores do conflito, alegam que os seres humanos no foram
concebidos, mas, sim, produtos do processo cego sem direo da seleo natural,
operando sobre uma fonte de variao gentica como a mutao gentica.
Para Plantinga, a evoluo, tal como atualmente formulada e entendida,
perfeitamente compatvel com um Deus que orquestre e supervisione todo o
processo, que Deus cause as mutaes genticas que so peneiradas pela seleo
natural. Para Van Inwagen (2003), a afirmao de que a evoluo demonstra queos seres humanos e as outras criaturas vivas no foram concebidos, contra todas as
aparncias, no faz parte nem uma consequncia da teoria cientfica, mas antes
um acrescento metafsico ou teolgico.
.
1 A histria da cincia no um mero registro de descobertas isoladas, uma narrativa do conflito de duas
potncias rivais, de um lado a fora expansiva do intelecto humano, e a compresso oriunda da f tradicional e
interesses humanos do outro.
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Outro ponto de conflito com a cincia tem a ver com ao divina no
mundo, onde Deus o criou, assim como, o sustenta, preserva e mantm em
existncia, segundo a religio testa clssica. Alm disso, h tambm os milagres
relatados nos tempos bblicos e aes divinas especiais que ocorrem ainda hoje,
segundo o modo cristo de pensar. Essas aes divinas, onde Deus opera nos
coraes e espritos dos seus filhos, de modo a produzir a f, chamado de o
incitamento interno do Esprito Santo por Toms de Aquino e o testemunho interno
do Esprito Santo por Joo Calvino, o ponto central da discrdia com a cincia
moderna, segundo vrios filsofos e telogos. Entre esses autores, encontra-se
Langdon Gilkey:
[...] A teologia contempornea no espera, nem fala, de acontecimentosdivinos assombrosos superfcie da vida natural e histrica. [...] feitosdivinos e acontecimentos registrados na escritura j no so encaradoscomo se tivessem efetivamente acontecidos. [...] Seja o que for que osHebreus acreditavam, ns acreditamos que as pessoas bblicas viviam nomesmo contnuo casual do espao e do tempo em que ns vivemos, e,portanto um contnuo em que no ocorrem quaisquer prodgios divinos nemse ouve quaisquer vozes divinas (GILKEY, 1983, p. 31 apudPLANTINGA, 2010).
O problema est na ao especial de Deus no mundo; no h qualquer
problema em relao criao e preservao, mas a ao divina para, alm disso, largamente considerada incompatvel com a cincia moderna; com as leis da
natureza.
Gilkey, como outros autores, pensa aparentemente em termos de uma
mundividncia newtoniana, segundo a qual o universo como uma grande mquina
que funciona segundo as leis da cincia. Mas isso no suficiente para que a
teologia deixe de intervir. O prprio Newton props que Deus ajustava
periodicamente as rbitas planetrias.
As leis de Newton aplicam-se a sistemas isolados ou fechados, porm
no faz parte da mecnica newtoniana, nem da cincia clssica, em geral, a
declarao de que o universo realmente um sistema fechado. Consequentemente,
no h nada na cincia clssica que seja incompatvel com Deus mudar a
velocidade ou a direo de uma partcula, ou de todo um sistema de partculas.
Logo, segundo Plantinga, no h conflito entre a fsica clssica e a ao divinaespecial no mundo
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Com o advento da mecnica quntica no sculo XX, h menos razo para
ver a ao divina especial no mundo como incompatvel com a cincia, apesar de
alguns autores creem que uma explicao satisfatria da ao de Deus no mundo
teria de ser no intervencionista. Porm no fcil dizer o que seria uma
interveno na imagem da mecnica quntica, e, nem de ver como a interveno
poderia ser diferente da ao divina para alm da criao e preservao. Logo, se
no h qualquer diferena entre elas, a ao divina especial seria apenas
interveno, complicando, assim, o projeto de desenvolver uma concepo divina
especial que no envolva interveno divina.
Mesmo assim, um terceiro ponto do conflito entre a crena religiosa e a
cincia tem a ver com as diferentes atitudes epistmicas associadas a cada uma
delas. Segundo John Worral (2004, p. 60 apud PLANTINGA, 2010):
A cincia, ou antes, a atitude cientfica, incompatvel com a crenareligiosa. A cincia e a religio esto num conflito irreconcilivel [...] No hmaneira de ter uma mentalidade apropriadamente cientfica e ser umverdadeiro crente religioso.
Na cincia, a atitude epistmica dominante, segundo esta tese, a
investigao emprica crtica, propondo teorias que so sustentadas hipoteticamentee temporariamente; h sempre algum disposto a abandonar uma teoria a favor de
uma sucessora mais satisfatria. Na crena religiosa, como a crist, a atitude
epistmica da fdesempenha um papel importante, uma atitude que difere na fonte
da crena e na disponibilidade para abandonar uma teoria.
Plantinga afirma que outros autores fazem notar que no h aqui um
conflito entre essas atitudes, apesar de serem deferentes e talvez no possam ser
assumidas simultaneamente com respeito mesma proposio. No seu ponto devista, os prprios cientistas no parecem assumir a atitude epistmica cientfica com
respeito a tudoo que acreditam, ou mesmo com respeito a tudo que acreditam como
cientistas. Assim, comum que os cientistas acreditem que houve passado, mesmo
que eles no sustentam esta crena em resultado da investigao emprica; nem
comumente a sustentam desse modo hipottico, crtico, procurando sempre uma
alternativa melhor. Logo, para o autor difcil encontrar conflito entre a crena
religiosa testa e a cincia contempornea.
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4 CONCLUSO
Historicamente, a cincia tem tido uma relao complexa com a religio;
discursos cientfico e teolgico frequentemente chocaram-se. Porm doutrinas
religiosas por vezes influenciaram o desenvolvimento cientfico, mesmo havendo
autores na histria que tentaram negar fenmenos religiosos.
Atravs do artigo de Plantinga, podemos observar que o pensamento
religioso e o pensamento cientfico perseguem objetivos diferentes, mas no
opostos. A cincia procura saber como o universo existe e funciona desta maneira.A religio procura saber por que o universo existe e funciona desta maneira.
Os conflitos entre a cincia e a religio aparecem, especialmente, quando
a cincia tenta responder s questes atribudas a religio. O autor, em seu artigo,
mostrou vrios exemplos, onde a cincia tenta provar por observaes, hipteses e
teorias cientficas, que os fenmenos divinos no faziam sentidos. Porm sempre
houveram autores que conseguiram mostrar que esses fenmenos divinos eram as
nicas explicaes plausveis para tantas perfeies ocorridas no mundo e nouniverso para que a vida fosse possvel. Vrios argumentos dogmticos embasaram
as investigaes cientficas, fortalecendo, assim, a concrdia entre a religio e a
cincia.
Logo, podemos concluir que a religio e a cincia so dois modos deexplicar o mundo, ou seja, pela f e pela razo.
Paulo Roberto Barbosa Pereira, mestrando no curso Cincias da Educao pela
USC e aluno do prof. Dr. Vilmar C. Rosa da disciplina Epistemologia.
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REFERNCIAS
PLANTINGA, Alvin. Conflict and Concord. In: ______. Religion and Science.Stanford Encyclopedia of Philosophy California, USA, 2010. Disponvel em:. Acesso em 10mar. 2012.
The Secular Web. Brief Biography of Alvin Plantinga. Disponvel em . Acesso em 24 mar. 2012.
Wikipdia, a enciclopdia livre. Alvin Plantinga. Disponvel em . Acesso em 24 mar. 2012.
______. Conflict thesis. Disponvel em http://en.wikipedia.org/wiki/Conflict_thesis.Acesso em 31 mar. 2012.