O POLICIAL MILITAR COMO
CIDADÃO NO ESTADO
DEMOCRÁTICO DE DIREITO
A injustiça é algo que temos
enfrentado desde o inicio da história, todos os
cidadãos: funcionários públicos, particulares e
também nós militares. Sempre tivemos que
enfrentar batalhas para conseguirmos
constituir nossos direitos. Essa nossa história
teve inicio com a Revolução Francesa que,
como herança deu o primeiro passo, com a
necessidade de se criar leis que regulassem a
relação entre administração e administrado,
dando origem ao Direito Administrativo.
Sabemos que o Estado democrático de
Direito, tem como dever alcançar o interesse
público, mediante o uso dos poderes
instrumentalmente necessários conferidos
pela ordem jurídica. O Direito Administrativo
é o ramo do Direito público que disciplina a
função administrativa, bem como pessoas e
órgãos que a exercem. É inadmissível que
pessoas dentro de nossa corporação, que por
exercerem funções de comando, tentem
utilizá-la de acordo com seus interesses, pois
não se trata de um Direito criado para
subjugar os interesses, ou os direitos do
cidadão ao Estado. É, pelo contrario, um
Direito que surge exatamente para regular a
conduta do Estado e mantê-la afivelada ás
disposições legais, dentro desse espírito
protetor do cidadão contra descomedimentos
dos detentores do exercício do poder estatal.
Ele é, por excelência, o Direito defensivo do
cidadão, sobretudo, “um filho legítimo do
Estado de Direito, um Direito só concebível a
partir do Estado de Direito: o Direito que
instrumenta e arma o administrado, para
defender-se contra o perigo do uso desatado
do Poder” (Sábias palavras de Celso Antonio
Bandeira de Melo).
A Constituição Federal é bem clara
quando diz no seu Art. 5° “Todos são iguais
perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza...”
Este é um Direito também de nós militares,
que precisamos ter valorizada a nossa
soberania, nossa cidadania, a nossa dignidade
humana e os nossos valores sociais no
trabalho. Ainda na Constituição no seu Art.
7° inciso XIII diz: “Duração do trabalho
normal não superior a oito horas diária e
quarenta e quatro semanais, facultada a
compensação de horários e redução da
jornada, mediante acordo coletivo, ou
convenção coletiva de trabalho”; Art. 7°
inciso XIV, “jornada de seis horas para o
trabalho realizado em turnos ininterruptos de
revezamento, salvo em negociação coletiva”;
em algumas regiões, nossos policiais militares
estão sendo submetidos a jornadas de trabalho
semanais superior a noventa e seis horas sem
remuneração por hora extra trabalhada.
Nunca um profissional dessa área foi
tão exposto a este tipo de situação, seria como
expor um ser vivo a radiação. Um policial
militar forçado a conviver muito tempo
exposto a violência e ao estresse da rotina
policial sem poder ver sua família e
acompanhar o desenvolvimento de seus
filhos, estão sofrendo danos irreparáveis para
o resto de suas vidas. Dessa forma o Estado
estará submetendo a segurança da sociedade
nas mãos de pessoas mentalmente
transformadas, incapazes de defenderem a si
mesma. Não podemos aceitar de forma
alguma que o Estado arrisque tanto assim a
segurança de nossa sociedade, e tampouco
submeta á condições subumanas essa classe
trabalhista, responsável pela integridade de
nosso bem maior, a vida.
“A história política da humanidade é
a historia da luta dos membros da
coletividade contra os detentores do poder”
(anônimo)
“Ninguém será obrigado a fazer ou
deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei” (Art.5° inciso II, Constituição
Federal)