O Câncer representa uma causa importante de morbidez e mortalidade, gerador de efeitos que não se limitam apenas aos
pacientes oncológicos, mas que se estendem principalmente aos familiares, destacando-se os de ordem social e emocional.
Dados do INCA mostram que o envelhecimento da população indica o aumento da expectativa de vida no Brasil e, com isso, a maior
incidência das doenças crônico-degenerativas, dentre elas o câncer.
Existe um desafio específico, inerente à assistência das pessoas com câncer, já que a palavra câncer muitas vezes é equiparada à dor e à
morte, em nossa sociedade. No sentido de responder a este desafio, a enfermagem precisa, primeiramente, identificar suas próprias reações ao câncer, precisa estar preparada, para sustentar o paciente e sua família através de
uma ampla faixa de crises físicas, emocionais, sociais, culturas e espirituais.
Fisiopatologia do Processo Maligno
Durante o ciclo de vida de uma pessoa, vários tecidos do organismo passam por períodos de crescimento rápido ou proliferativo que,
obrigatoriamente, devem ser diferenciados do processo maligno de crescimento. Existem vários tipos de crescimento celular, que podem
ser descritos como:
Hiperplasia – é um aumento do número de células de determinado tecido, e é um processo proliferativo comum durante período de
crescimento rápido do corpo (p. ex, crescimento e desenvolvimento do feto e do adolescente) e durante regeneração da pele e da medula
óssea. Isso constitui uma resposta celular normal, quando existe uma demanda fisiológica; e uma resposta anormal, quando o crescimento
excede à demanda fisiológica, como pode ocorrer na irritação crônica.
• Displasia – é um crescimento bizarro das células, resultando em células que se diferem em tamanho, forma ou disposição, em relação às outras células do mesmo tipo de tecido. A displasia pode decorrer
de substâncias químicas, irradiação ou inflamação ou irritação crônica. Ela pode ser reversível ou preceder uma alteração neoplásica
irreversível.
Neoplasia – descrita como um crescimento celular descontrolado, que não segue a nenhuma demanda fisiológica, pode ser benigna ou maligna. Os crescimentos neoplásicos benignos e malignos são
classificados e cognominados de acordo com o tecido de origem.
• O crescimento celular exige controle. Caso isto falhe, um grupo de células começa a proliferar descontroladamente no organismo.
• Todo tumor maligno é formado por uma célula que deveria ser normal, mas que sofreu mutação induzida por qualquer agente físico, químico ou biológico transformando-a em uma célula anormal com
novo ritmo biológico e funções diferentes das originais.
• Posteriormente atinge então um estágio em que as células adquirem características invasivas e ocorrem alterações nos tecidos adjacentes.
• As células infiltram esses tecidos e ganham acesso aos vasos linfáticos e sanguíneos, através dos quais são transportadas para formar metástase (disseminação do câncer) em outras partes do
corpo.• Ainda que a doença possa ser descrita nos termos gerais acima mencionados, o câncer não é uma doença única, com uma única
causa; ao invés disso, constitui um grupo de doenças distintas, com diferentes causas, manifestações, tratamentos e prognósticos.
Invasão e Metástase• As doenças malignas têm a capacidade de difundir-se ou transferir
células cancerosas de um órgão ou parte do corpo para outro, através de invasão e metástase. Invasão envolve o crescimento do
tumor primário para o interior de tecidos circundantes, no hospedeiro.
• Metástase é a disseminação de células malignas do tumor primário para locais distantes, através de disseminação direta das
células tumorais para cavidades do organismo e através das circulações linfáticas ou sanguíneas. Ao crescer ou penetrar as
cavidades orgânicas, o tumor pode espalhar células ou êmbolos que viajam no interior da cavidade orgânica e “semeiam” as superfícies
de outros órgãos. Isso pode ocorrer no câncer de ovários, quando as células malignas penetram a cavidade peritonial e semeiam as
superfícies peritoneais de órgãos abdominais como fígado e pâncreas.
• O mecanismo mais comum das metástases é o transporte de células tumorais através da circulação linfática. Êmbolos tumorais penetram nos canais linfáticos através do líquido intersticial que se comunica
com o líquido linfático. Além disso, as células malignas podem penetrar os vasos linfáticos, por invasão. Após haver entrado na circulação linfática, as células malignas alojam-se nos gânglios
linfáticos ou passam entre os linfáticos e a circulação venosa. Os tumores que surgem na áreas do corpo com circulação linfática
rápida e extensa apresentam elevado risco de metástase através dos canais linfáticos. Os tumores de mama frequentemente ocasionam
metástases dessa forma, através dos canais linfáticos axilares, claviculares e torácicos.
• A disseminação hematogênica ou através da corrente sanguínea das células malignas é menos comum do que a realizada por outros
meios. Poucas células malignas são capazes de sobreviver na natureza turbulenta da circulação arterial. Além disso, a estrutura da
maioria das artérias e arteríolas é demasiadamente segura para permitir a invasão maligna.