Download - Mapa Conceitual Versão Didática
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Em busca do conceito de Mapa Conceitual
Os quadrinhos acima nos mostram situações bem conhecidas de
todos nós: a consciência de dificuldades; a falta de referências, a
dúvida quanto a caminhos a seguir e, por fim, a necessidade de um
instrumento específico para sair dessas situações.
Ao precisar de um mapa, nosso personagem será acometido de outras
dúvidas isto porque...
Como representações abstractas do mundo os mapas não
são neutrais e devem ser interpretados cuidadosamente:
uma das razões é a distorção provocada pela projecções
cartográficas, que pode induzir em erro quanto à
comparação de áreas distintas, por exemplo. Os objectos
que se representam num mapa dependem do tipo de uso
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para o qual este é elaborado. Por exemplo, um mapa de
estradas dará importância à rede viária ao representar os
vários tipos de vias, os cruzamentos e as distâncias entre
cidades. Um mapa geológico caracterizará do ponto de vista
da geologia o solo numa dada região. Um mapa político
mostrará as fronteiras ou outras divisões administrativas.
Um mapa para navegação marítima dará prioridade à
localização de faróis, portos e relevo submarino.
(WIKIPEDIA)1.
Nesta ilustração, a fala de um clássico conhecedor de mapas, um pirata,
chama a atenção para nosso personagem do tipo de mapa que ele precisa
para a situação em que se encontra.
E sobre tipos de mapas, podemos contar com:
1http://pt.wikipedia.org/wiki/Mapa#Tipos_de_mapas
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Se você fizer uma análise de cada mapa e comparar com as análises de outros mapas, irá encontrar características comuns entre eles. Entre essas características estão: a representação, geralmente através de desenhos e figuras, das informações sobre as quais trata o mapa e a necessidade de se compreender essas informações, agora codificadas por desenhos, símbolos, cores, escalas...
Você também irá perceber que todo mapa se remete a conceitos
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Este espaço é para você responder à questão acima (antes de buscar uma resposta sistematizada, o que você responderia?)
Sua resposta:___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Resposta sistematizada:______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Quem nunca passou por essas situações? Todos nós passamos, mas na
maioria das vezes não nos lembramos das situações em que algo era
desconhecido para nós. Isto porque é da natureza humana aproximar o
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desconhecido daquilo que é conhecido para poder conhecê-lo. É como
organizamos nosso mundo. É sempre assim...
Explicar sobre o modo como organizamos fatos, conceitos, situações, a fim
de podermos interagir com os mesmos, tem sido objeto de estudo de
teorias de aprendizagem.
Nesta apostila, faremos uma síntese da Teoria da Aprendizagem
Significativa de David Ausubel e de como pressupostos de suas teoria
contribuem para a utilização de mapa conceitual enquanto um recurso
pedagógico.
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NOÇÕES SOBRE A TEORIA DA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA DE DAVID AUSUBEL E A IDEIA DE MAPA
CONCEITUAL
De que forma ocorre a aprendizagem escolar?
Aprende-se por descoberta ou aprende-se por recepção?
David Ausubel (1918-2008), psicólogo norte americano, ao centrar
sua teoria em questões relativas à aprendizagem escolar,
responderia a essas questões defendendo duas distinções e suas
consequentes ideias de aprendizagem que para ele necessariamente
precisam ser feitas quando o assunto é aprendizagem escolar.
1ª distinção: aprendizagem por
recepção X aprendizagem por descoberta
Na aprendizagem por recepção, o aluno recebe os conteúdos que deve aprender em sua forma final, acabada: não necessita realizar nenhuma descoberta, além da compreensão e da assimilação dos mesmos, de modo que seja capaz de reproduzi-lo, quando lhe for solicitado. A aprendizagem por descoberta implica uma tarefa diferente para o aluno; neste caso, o conteúdo não se dá em sua forma acabada, mas deve ser descoberto por ele. Esta descoberta, ou reorganização do material, deve ser realizada antes de poder assimilá-lo; o aluno reordena o material, adaptando-o à usa estrutura cognitiva prévia, até descobrir as relações, leis ou conceitos que posteriormente assimila. (MADRUGA, 1996, p. 69)
2ª distinção: aprendizagem significativa
X aprendizagem repetitiva/mecânica
A aprendizagem siginificativa distingue-se por duas características, a primeira é que seu conteúdo pode ser relacionado de um modo substantivo, não-arbitrário ou ao pé da letra, com os conhecimentos préviso do aluno, e a segunda é que este dve adotar uma atitude favorável para tal tarefa, dotando de significado próprio os conteúdos que assimila. A aprendizagem repetitiva produz-se quando os conteúdos das tarefas são arbitrários (pares associados, números, etc.), quando o aluno carece dos conhecimentos necessários para que os conteúdos se tornem significativos, ou se adota a atitude de assimilá-los ao pé da letra e de modo arbitrário. (MADRUGA, 1996, p. 69)
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Fundamentado por pressupostos desta teoria, Ausubel defende que dada
a natureza do conhecimento escolar, precisamente sua organização, é que
na escola a principal fonte de conhecimento do aluno é oriunda da
articulação entre aprendizagem significativa e aprendizagem por recepção.
Desta forma, sem querer rechaçar a aprendizagem por descoberta, que
tem seus méritos principamente nos primeiros anos de escolaridade,
pretende-se mesmo que em situações escolares, práticas de ensino que
consideram a aprendizagem mecânica (repetitiva) sejam substituídas por
práticas de ensino nas quais a aprendizagem signficativa seja prioritária.
A aprendizagem por descoberta, e, em geral, os métodos de descoberta têm uma importância rela na escola, especialmente durante a etape pré-escolar e os primeiros anos de escolaridade, assim como para estabelecer os primeiros conceitos de uma disciplina em todas as idades, e para avaliar a compreensão alcançada mediante a aprendizagem significativa. Contudo, o corpo básico de conhecimentos de qualquer disciplina acadêmica é adquirido mediante a aprendizagem pela recepção significativa, e é graças a
este tipo de aprendizagem, por meio da linguagem, que a humanidade construiu, armazenou e acumulou seu conhecimento e cultura (Ausubel, Novak e Hanesian, 1978). Tomada desta perspectiva, a tarefa do docente consiste em programar, organizar e sequenciar os conteúdos, de forma que o launo possa realizar uma aprendizagem significativa, encaixando novos conhecimentos em sua estrutura cognitiva prévia e evitanto, portanto, a aprendizagem memorística ou repetitiva. (MADRUGA, 1996, p. 70)
Alguns conceitos na Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel: as ideias de Organizadores Prévios (OP), de
Diferenciação Progressiva e de Reconciliação Integradora Para a Teoria da Aprendizagem Significativa, um organizador prévio (OP) é um conceito que proporciona uma espécie de ponte entre o que o aluno já sabe e o conceito que se tem como objetivo que ele aprenda. Portanto, o OP tem uma apresentação mais comprensível, mais familiar daquilo que se buscará aprender. É o que possibilitará a inclusão do novo ao antigo. Um organizador prévio (OP), para Ausubel, tem a função de proporcionar para o aluno a assimilação do novo ao já conhecido a fim de que este novo tenha significado para o aluno a partir das significações que este aluno já possui. Os organizadores podem ser:
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• expositivos: são empregados quando não há por parte do aluno qualquer conhecimento prévio propriamente dito sobre o que vai aprender. Então o organizador expositivo é quem vai mesmo proporcionar os conceitos inclusores para o novo conhecimento; • comparativos: quando já existe por parte do aluno um conhecimento prévio sobre o novo conhecimento a ser aprendido. Então, neste caso, o organizador comparativo é aquele que possibilita suporte conceitual a fim de que o aluno compare o novo e o antigo por semelhanças e diferenças.
Diferenciação Progressiva e Reconciliação Integradora
Na diferenciação progressiva quando se pretende ensinar os conceitos de A, B e C, esses três conceitos devem ser ensinados primeiramente de forma geral, para somente depois serem ensinados em termos de detalhes e de semelhanças e diferenças. O contrário disto seria particularizar o ensino de cada conceito: primeiro tudo sobre A, depois tudo sobre B e somente depois tudo sobre C, sem ligações entre os mesmos em termos do comum e também do não comum. Para a diferenciação progressiva, os níveis de significados dos conceitos se tornam cada vez mais amplos, incorporadores para outros
conceitos e aprendizagem, exatamente pela possibilidade de relacionar um conceito com outro. Já na reconciliação integradora existe por parte do aluno o reconhecimento de relações entre conceitos que eram entendidos de forma isolada, sem relação entre si. Para isto, atividades que permitam a ação de integração entre o que vai ser aprendido e o que já se sabe são muito proveitosas ao aluno. Por exemplo, as atividades nas quais é preciso fazer comparações entre conceitos e aquelas também em que há de se criar uma maneira diferente de apresentar algo, de perguntar sobre algo...
A intenção de relacionar conceitos no sentido dos mais gerais para os
mais específicos, de forma a hierarquizá-los, ao mesmo tempo em que se
busca relacioná-los, ou seja, diferenciando e integrando, é a lógica da
construção de um mapa conceitual que tem, portanto origem na Teoria da
Aprendizagem Significativa de Ausubel.
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Uma definição para mapa conceitual pode ser encontrada em Novak e Cañas2, nesta definição mapas conceituais são ferramentas gráficas para organizar e representar conhecimento. A representação gráfica é formada por conceitos, que são colocados geralmente dentro de círculos ou retângulos e as relações entre os conceitos são indicadas por uma linha de conexão entre os dois conceitos. Palavras ou frases sobre a linha que liga um conceito ao outro são chamadas de palavras ou frases de ligação e muitas vezes são chamadas de preposições e têm o objetivo de especificar a relação entendida entre os conceitos. Para Novak e Cañas, um conceito é definido enquanto uma regularidade percebida em eventos ou objetos, ou registros de acontecimentos ou objetos, designados por um rótulo. A etiqueta ou o rótulo para a maioria dos conceitos é uma palavra, embora às vezes sejam usados símbolos como + ou %, e às vezes mais de uma palavra é usada para definir um conceito. Proposições são declarações sobre algum objeto ou evento no universo, seja natural ou construído. As proposições contêm dois ou mais conceitos ligados por palavras ou frases para formar uma frase significativa. Às vezes, estes são chamados de unidades semânticas, ou unidades de significado. A Figura 1 mostra um exemplo de um mapa conceitual que descreve a estrutura de mapas conceituais e ilustra as características acima.
Figura 1. Um conceito de mapa que mostra as principais características de mapas conceituais.
2 http://cmap.ihmc.us/publications/researchpapers/theorycmaps/theoryunderlyingconceptmaps.htm
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Outros exemplos de mapas conceituais
Fonte: Novak e Gowin, 1988 apud Coll e Rochera, 1996
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Exemplos de mapas conceituais sobre a estrutura química da matéria
elaborados pelo mesmo alunos aos 8 e aos 18 anos.
Fonte: Moreira e Novak, 1988, apud Pozo, 1996
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Primeiros passos para a elaboração de um mapa conceitual: por onde começar...
Atualmente é possível contar até mesmo com softwares que se destinam
na elaboração de um mapa conceitual, como por exemplo, o Cmap Tool3,
cujo tutorial para utilização pode ser encontrado em
http://penta2.ufrgs.br/edutools/tutcmaps/tutindicecmap.htm.
No entanto, é bastante pertinente que mesmo com o uso de tecnologias
avançadas, algumas etapas ou os primeiros passos para a elaboração de
um mapa conceitual sejam observados. Nesse sentido, as etapas
propostas por White e Gunstone (1997) têm se mostrado um bom caminho
para a construção ou o a elaboração de um mapa conceitual:
1: Escreva os termos ou conceitos principais que você conhece sobre o
tema do mapa conceitual. Escreva cada conceito ou termo em um
cartão;
2: Revise os cartões, separando aqueles conceitos que para você NÃO
são claros, ou que você não entende. Separe também aqueles conceitos
que NÃO ESTÃO relacionados com qualquer outro termo. Os cartões
que sobrarem são aqueles que deverão ser usados por você na
construção do seu mapa conceitual. Para isto:
a) Organize os cartões de forma que os termos relacionados fiquem
perto uns dos outros;
b) Cole os cartões em um pedaço de papel tão logo você esteja
satisfeito com o arranjo. Deixe espaço entre um cartão e outro para
as linhas que você irá traçar;
c) Desenhe linhas entre os termos que você considera que estão
relacionados;
3 http://cmap.ihmc.us/download/
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d) Escreva sobre cada linha a natureza da relação entre os termos
(aqui você deverá explicitar essa relação por verbos: é, são,
dependem, pode ter, possui, aparece...).
e) Se você deixou cartões separados em 2:, volte e verifique se existe a
possibilidade de encaixar algum cartão no mapa conceitual que você
construiu. Se isto acontecer, fique atento quanto a adicionar as
linhas e relações entre estes novos ítens.
Exemplo de mapa conceitual utilizando o Cmap Tool
Fonte: Aida Cunha Batista e Lia Oliveira Furtado - Disciplina Edu3375/Turma C/FACED/UFRGS - 2000/014
4 http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapasconceituais/exemmapasconceituais.html
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Em cada item, elabore um mapa conceitual sobre: a) um tema de sua preferência; b) funções matemáticas
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Bibliografia e referências
COLL, E, ROCHERA, M. J. Estruturação e Organização do Ensino: As Seqüências da
Aprendizagem. In: COLL, C; PALACIOS, J; MARCHESI, A. (Orgs).
Desenvolvimento Psicológico e Educação. Psicologia da Educação. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1996, v.2
MADRUGA, J. A. G. Aprendizagem pela Descoberta Frente à Aprendizagem pela
Recepção: A Teoria da Aprendizagem Verbal Significativa. In: COLL, C;
PALACIOS, J; MARCHESI, A. (Orgs). Desenvolvimento Psicológico e
Educação. Psicologia da Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996, v.2
POZO, J. I. Estratégias de Aprendizagem. In: COLL, C; PALACIOS, J; MARCHESI, A.
(Orgs). Desenvolvimento Psicológico e Educação. Psicologia da Educação. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1996, v.2
WHITE E GUNSTONE. How to build Concept Maps, (1997) NASA Classroom of the
Future Project Disponível em: http://penta.ufrgs.br/edu/telelab/10/concept.htm
Nota: Toondoo é uma marca registrada. Os quadrinhos utilizados nesta apostila
foram elaborados de acordo com os Termos de Uso que se encontram no site
www.toondoo.com