GERENCIAMENTO ADMINISTRATIVO: Um estudo envolvendo Instituições de
Longa Permanência para Idosos (ILPI) e seus problemas operacionais em Araguari e
Uberlândia no âmbito privado
Kamylla Nery da Silva Freitas - [email protected]
Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Vinicius da Silva Lima - [email protected]
Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Nathália Oliveira de Morais - [email protected]
Universidade Federal de Uberlândia – UFU
Laura de Paula dos Santos Teixeira - [email protected]
Universidade Federal de Uberlândia – UFU
Viviane Resende Rodrigues - [email protected]
Universidade Federal de Uberlândia – UFU
Christielly Teixeira Furtado - [email protected]
Universidade Federal de Uberlândia – UFU
Área temática: Gestão na Saúde
Resumo
O presente artigo trata dos problemas operacionais existentes em instituições de longa
permanência no âmbito privado, das cidades de Araguari e Uberlândia, no estado de Minas
Gerais. Trata-se de um estudo de corte transversal e qualitativo. O objetivo foi analisar como
ocorre os problemas operacionais em instituições de longa permanência e como estes são
tratados pelos responsáveis da área administrativa. As amostras teóricas foram formadas pelos
responsáveis das 7 instituições de longa permanência pesquisadas. O questionário utilizado
nas entrevistas foi baseado na literatura existente sobre o tema. As entrevistas foram
semiestruturadas, possibilitando que os entrevistados relatassem os problemas e dificuldades
em administrar uma ILPI. As informações obtidas nas instituições foram gravadas, transcritas
e analisadas com o software WEFT QDA, e com o Microsoft Excel. A pesquisa mostrou que as
instituições atendem clientes acima de 60 anos, de ambos os sexos. Das instituições
entrevistadas, apenas uma é administrada por um gestor que cursa administração. Foi possível
observar que a maioria das instituições possuem problemas operacionais e que estes são
negligenciados por seus administradores, assim como a falta de planejamento administrativo e
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de um feedback fidedigno, sendo o desempenho das instituições baseado em opiniões de
terceiros que não acompanham os serviços prestados pelas mesmas.
Palavras-chave: Administração, desempenho, dificuldades.
1- INTRODUÇÃO
A população está preocupando-se mais com a qualidade de vida na velhice. Esta é uma
tendência que vem sendo observada há algum tempo e ocorre devido ao grande número de
pessoas que atingem a terceira idade. Como consequência, as organizações pertencentes ao
ramo de negócios voltados para a terceira idade, estão se tornando o foco de investimentos de
muitos empresários.
O envelhecimento populacional no Brasil é um fato inegável. Atualmente, o número
de idosos no Brasil é de aproximadamente 14,9 milhões e sua expectativa média de vida é de
até 78,5 anos para as mulheres e 71,5 anos para os homens (IBGE, 2010).
No entanto poucos são os estudos que se direcionam a entender o gerenciamento
administrativo das ILPI’s. Muitas vezes, por pequenas falhas administrativas é possível
verificar prejuízos que podem levar até mesmo ao fechamento da instituição.
Mas antes de tudo é necessário estabelecer a definição de uma instituição de longa
permanência.
Segundo Camargo (2008) o termo instituição de longa permanência não possui um
significado definido desde que surgiu no Brasil. Porém o seu surgimento está ligado aos asilos
que correspondem à forma mais tradicional de atendimento ao idoso fora de seu lar.
Segundo a ANVISA (2005) as instituições de longa permanência, sejam públicas ou
privadas, podem ser entendidas como uma moradia de pessoas que possuem idade superior a
60 anos, com requisitos de liberdade, integridade e cidadania.
Nestas instituições é comum o gestor se deparar com problemas operacionais, seja na
administração, gestão, nos recursos humanos ou em outras áreas, que podem influenciar
diretamente na estadia de seus internos.
Através disso, Zylbersztajn (2003, p.4) aponta que os problemas operacionais das
organizações provêm de divergências de ideais entre acionistas e diretores de uma
organização. Sendo que o direito de tomar decisões dessas duas partes e os ideais opostos
podem gerar conflitos de interesse, sendo um problema comum de ação coletiva entre
investidores.
Com isso Lafuente (2001) relata que a gestão e a administração das organizações
devem considerar o ambiente interno e externo à organização, para que se possa avaliar
problemas e resolvê-los, aumentando o desempenho da organização e prevendo seus riscos e
recompensas.
Neste contexto torna-se essencial que o gestor de tais instituições conheçam os
problemas operacionais e procurem as melhores soluções para não prejudicar a saúde de seus
internos. Desta forma o objetivo desse artigo é analisar como ocorre os problemas
operacionais em instituições de longa permanência e como estes são tratados pelos
responsáveis da área administrativa.
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Assim tornou- se necessário realizar tal estudo, que pretendeu esclarecer como ocorre
o processo administrativo em instituições de longa permanência no âmbito privado, para
destacar a importância de ter um profissional qualificado na área de gestão e negócios, para
gerenciar os principais problemas existentes nessas organizações.
Durante a pesquisa bibliográfica observou-se que alguns autores como Reis e Ceolim
(2007) tratam do significado de ser idoso em instituições de longa permanência, enquanto
outros como Tamasine e Alves (2007), dão ênfase na qualidade de vida dos mesmos. Diante
disso identifica-se uma carência no material bibliográfico sobre o gerenciamento dos
problemas operacionais em instituições de longa permanência no âmbito privado. Desse
modo surge a seguinte questão a ser discutida: como são gerenciados os problemas
operacionais em instituições de longa permanência de âmbito privado nas cidades de Araguari
e Uberlândia?
Esse estudo possui importância para os gestores de instituições de longa permanência
privadas, uma vez que através da sua realização aguarda-se descobrir como são administrados
os principais obstáculos de gestão nas mesmas. Outra contribuição será para o suporte teórico
que as organizações poderão ter ao terem que lidar com os problemas organizacionais de uma
instituição de longa permanência. Desta forma o estudo pode gerar novos questionamentos e
ser base para futuros estudos.
2- REVISÃO DA LITERATURA
A cada dia mais pessoas atingem e ultrapassam os 60 anos. Para grande parte dos
idosos o envelhecimento saudável não foi possível, pois com o avançar da idade há
consequentemente um declínio da capacidade funcional do indivíduo, podendo levá-lo a ser
institucionalizado.
Em uma publicação recente a revista BBC Brasil afirma que o país esta em 31º
posição em um ranking de 91 países que foram avaliados a respeito de bem estar de idosos. A
pesquisa foi realizada pela ONG Help Age International que luta pelos direitos dos idosos.
(BBC BRASIL, 2013)
Segundo Censo (2010) grande parte dos idosos está em instituições de longa
permanência (ILPIs) e neste novo contexto é necessário que haja um aperfeiçoamento das
instituições tanto públicas quanto privadas para atender esses idosos, com dignidade e
respeito.
Para garantir a qualidade de atendimento aos idosos a Agência Nacional de Vigi lância
Sanitária (ANVISA), aprovou um regulamento técnico que definiu normas de funcionamento
para as ILPIs, a RDC nº 283/ 2005.
Esta RDC, torna obrigatório no país, o cumprimento de normas relacionadas a
regulamentação, organização, direção técnica, recursos humanos, processos operacionais,
notificação compulsória, monitoramento e avaliação do funcionamento e infraestrutura física
destinada a atender os idosos.
Segundo Silva e Almeida (2013),
São reconhecidas a fragilidade e exclusão a que essa população
(idosos) está exposta, o que sugere a ampliação de referenciais e ações
para responder aos desafios impostos pelas complexas demandas
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assistenciais e institucionais.
No entanto, é observada uma limitação no cumprimento das normas estabelecidas pela
RDC, seja pela falta de recursos humanos, ambiente físico adequado ou mesmo pela falta de
um processo operacional condizente com a realidade das ILPIs.
O estudo realizado por Cornélio (2012), afirma que a principal dificuldade encontrada
pelos coordenadores/ gerentes das ILPIs são as “condições de trabalho limitadas por déficit
financeiro, com necessidade de mais funcionários, material e/ou estrutura física
adequada”.
As dificuldades encontradas pelos gestores são significativas e levam à diminuição da
qualidade do serviço ofertado. No entanto é necessário que o administrador tenha
conhecimentos específicos para contribuir de forma eficaz com a organização.
Desta forma Lunardi e Marian (2012) afirmam que:
Com a realização de uma boa gestão do administrador, pode-se
esperar, segundo Tenório apud Imeton (1998, p. 69), uma
“identificação de áreas de atuação, produtos e cidadãos beneficiários,
criação de mecanismo de controle e avaliação das ações desenvolvidas
e alcance de maior visibilidade perante a sociedade para divulgação do
trabalho realizado”.
Sabe-se, portanto, que a administração de ILPIs é complexa e exige bastante do
profissional responsável. “Os gestores precisam deter um bom conhecimento sobre a
administração para conseguir gerenciar as atividades das entidades [...]”. (LUNARDI e
MARIAN, 2012).
Desta forma, além da preocupação com o atendimento oferecido na instituição é
necessário que o gestor se preocupe com os processos administrativos, operacionais e a saúde
financeira da entidade. Pois fica evidente a necessidade de unir os dois campos de
conhecimento – o da saúde e o administrativo – para que se tenha bons resultados.
Neste sentido Zacarias et al, (2008, p. 85-106) afirma que:
Born (in PAPALEO NETO, 1996) diz que o atendimento de bom
padrão nestas instituições é extremamente caro, não sendo raros os
casos em que profissionais da geriatria e gerontologia abrem uma casa
de repouso, empenham-se em mantê-la aberta num padrão técnico
elevado e, após curto prazo, fecham as portas em função da
impossibilidade de repassar as despesas aos idosos ou seus
responsáveis.
Ou seja, torna-se de grande importância o conhecimento gerencial de uma ILPI para
que se possa cumprir a missão e visão da instituição com qualidade e garantindo a
produtividade da atividade organizacional.
O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social - IPARDES em 2008
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afirmou que o principal item de despesa das ILPI’s são os recursos humanos, sendo que
por esse motivo, as instituições não conseguem garantir a contratação de pes soal
especializado e qualificado para atender a demanda da instituição satisfatoriamente.
Nesta perspectiva o relatório ainda afirma que:
A existência de muitos diretores de ILPI com baixa escolaridade: 23%
possuem escolaridade inferior ao Ensino Médio e 10% do total sequer
concluiu o Ensino Fundamental. Mas também devem-se ressaltar os
33% que cursaram o Ensino Superior completo, alguns com
Especialização, Mestrado e/ou Doutorado.
“As ILPI’s são consideradas um sistema organizacional social” (CREUTZBERG et
al, 2007), e torna-se evidente que essas instituições possuem uma administração complexa
e que envolve diversos pontos.
Contudo torna-se necessário que a administração de uma ILPI seja capaz de manter os
padrões exigidos pela ANVISA e que possa manter de forma digna o quadro de pessoal. Para
isso, acredita-se que seja necessário a presença de um profissional de nível superior em
administração, pois este foi preparado durante sua graduação para lidar com os aspectos
administrativos de uma organização nessas configurações.
Nesse caso, conclui-se que muitos idosos acima dos 60 anos são institucionalizados, e
que a qualidade de vida destes que vive em uma ILPI, é garantida pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA). O trabalho de um administrador é complexo, já que este lida
com processos operacionais e com a saúde financeira da entidade, e que a área que despende
mais investimentos financeiros são os recursos humanos.
3- METODOLOGIA
Para melhor entendimento de como são gerenciados os problemas operacionais em
instituições de longa permanência de âmbito privado nas cidades de Araguari e Uberlândia, o
método utilizado para coleta de dados foi à entrevista semiestruturada. Segundo FUJISAWA
(2000) as entrevistas semiestruturadas são aquelas que são direcionadas por um roteiro de
questões abertas e fechadas, o que permite uma organização e ampliação dos questionamentos
na medida em que os dados forem sendo respondidos. O questionário foi retirado da literatura
existente sobre o tema e enquadra questões relativas ao processo administrativo,
planejamento, organização, direção e controle. As entrevistas foram feitas na forma de uma
conversa informal, elucidando aos entrevistados o sigilo da sua identidade e dos dados
fornecidos por eles.
Trata-se de um estudo de corte transversal e qualitativo. A amostra foi do tipo teórica,
formada pelos responsáveis em administrar as instituições de longa permanência de ambas as
cidades. Depois de gravadas, as entrevistas foram transcritas e analisadas com o auxílio do
software WEFT QDA, e do Microsoft Excel.
Antes de responderem as entrevistas os entrevistados foram informados sobre o tema
da pesquisa, dos seus objetivos e da necessidade de sua colaboração. Foram entrevistados 7
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responsáveis pela administração das instituições de longa permanência, até a pesquisa atingi
saturação. Destes 85,7% era do sexo feminino e 14,3% do sexo masculino. Dentre eles 14,2%
possui de 20 a 30 anos, 57,4% possui de 30 a 40 anos e 28,7% possui de 40 a 50 anos. A
maioria deles possui mais de cinco anos no cargo, constituindo 57,4% dos entrevistados,
restando 14,2% com mais de três anos no cargo e 28,7% com menos de um ano no cargo.
Esses diferentes resultados sobre o tempo no cargo dos responsáveis pela administração das
ILP’S, mostra que os entrevistados possuem conhecimento necessário para responder as
perguntas do questionário.
A figura 1 mostra uma identificação de cada instituição com a localidade da mesma.
Entrevistado 1 (E1) ILP de Uberlândia
Entrevistado 2 (E2) ILP de Uberlândia
Entrevistado 3 (E3) ILP de Uberlândia
Entrevistado 4 (E4) ILP de Araguari
Entrevistado 5 (E5) ILP de Uberlândia
Entrevistado 6 (E6) ILP de Araguari
Entrevistado 7 (E7) ILP de Uberlândia
Figura1- Relação de entrevistados e instituições de longa permanência.
4- ANÁLISE DOS RESULTADOS
A pesquisa realizada com os sete administradores das instituições de longa
permanência, foi bastante elucidativa e fez com que percebêssemos as diferenças e
semelhanças em cada instituição.
Como é uma ILPI, os clientes são idosos acima de 60 anos, de ambos os sexos. Dentro
das instituições eles são acomodados em quartos pelo sexo, ou seja, homens em um quarto e
mulheres em outro. A área de convivência é mista e é onde ocorre a maior parte das
interações dos clientes (alimentação, jogos, entretenimento etc.). A principal atribuição das
ILPI's é o cuidado e o acolhimento de idosos com ou sem enfermidades, permanentemente ou
não. Com graus de dependência variados.
Foi possível observar que na maioria das instituições o grau de dependência é variado
e não existe uma regra geral para definir este grau, ficando a cargo de cada instituição
estabelecer parâmetros de dependência.
Os idosos totalmente dependentes e acamados recebem todos os cuidados no próprio
leito. Os que são dependentes, porém não acamados são locomovidos para a parte de
convivência da instituição.
Nas observações feitas foi possível constatar que o ambiente das instituições são
limpos e organizados. Quanto à mão de obra especializada, em algumas instituições há uma
carência considerável, onde os administradores concordam que necessitam de mais pessoas
especializadas e comprometidas com o objetivo de cuidar e acolher os idosos.
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Dos entrevistados apenas em uma das instituições foi encontrado um administrador
que está terminando o curso de administração. Nas demais instituições a maioria possui
algum conhecimento adquirido através de cursos, especialização ou conhecimento prático de
vivências em empresas no mesmo ramo ou não.
E3: "Quando eu fiz é, a especialização em gestão de hotelaria
hospitalar, eu me achei capaz de gerir pessoas nesse ambiente”.
E5: "Sim, é como eu disse eu fiz um curso técnico de Administração e
lá eu tive contato com essas questões. Quando eu fiz Psicologia eu
entrei em contato... mais ainda com o comportamento humano, e
agora... com a faculdade de Administração eu tenho visto cada vez
mais essa parte”.
E7: "Em contábeis a gente vê muito de RH, e como eu já trabalhei
muito na área, sempre eu que contratei e demiti... claro que a gente
tem o escritório de contabilidade, que faz a parte burocrática do
negócio, mas aquele contato né, de você fazer uma seleção, uma
avaliação, os feedbacks, etc".
Torna-se evidente a necessidade de um profissional com conhecimentos embasados
em uma ou mais teorias administrativa.
A figura 2 apresenta a relação dos elementos encontrados ao longo da pesquisa através
da análise dos diferentes gerenciamentos de problemas operacionais em instituições de longa
permanência.
1. CONHECIMENTO ADMINISTRATIVO 2. PROBLEMAS ADMINISTRATIVOS
3. CONTRIBUIÇÃO EXTERIOR 4. RECURSOS HUMANOS
5. BANCO DE DADOS 6. PLANEJAMENTO
7. BUSCA POR ESPECIALIZAÇÃO EM
ADMINISTRAÇÃO
Figura 2- Elementos encontrados.
5- SIGNIFICADOS
5.1- CONHECIMENTO ADMINISTRATIVO
O conhecimento administrativo em instituições de longa permanência auxilia os
gestores nas tomadas de decisões. Com isso a presença de um administrador nessas
instituições teria muito a contribuir para o processo administrativo da empresa, uma vez que a
maioria dos entrevistados se considera capaz para administrar, mas possuem poucos
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conhecimentos nessa área. Grande parte dos entrevistados acreditam que a administração das
ILPI'S não devem ser feitas por apenas uma pessoa, mas sim por um conjunto de pessoas
preparadas para esse fim.
E3: “Não tem como ser, neste tipo de atividade, uma pessoa só,
porque existem atividades bem distintas, a administração nada a ver
com a enfermagem, são as duas essenciais”.
E5: “Eu aqui conto muito com o apoio dos enfermeiros, mas se você
somente eu acho que não daria conta”.
5.2 - PROBLEMAS ADMINISTRATIVOS
Os problemas administrativos de uma instituição de longa permanência envolvem a
área financeira, marketing e recursos humanos. Muitos dos problemas referidos pelos
coordenadores poderiam ser evitados ou mesmo solucionados pela contratação de um
profissional com formação acadêmica em Administração.
Ao serem questionados sobre os principais problemas administrativos existentes
na instituição, muitos administradores não reportaram existir problemas, talvez pela falta de
conhecimento administrativo ou por não se sentirem a vontade em responder essa questão,
mas ao longo da entrevista foi possível perceber alguns problemas administrativos.
A maioria dos entrevistados mencionou o problema da contratação de pessoas
capacitadas e de problemas com os recursos humanos em geral. A questão da tributação
também foi levantada e problemas com as visitações da Vigilância Sanitária também foram
mencionados.
E5: “Dificuldade mesmo são os funcionários. Encontrar pessoas para
esse tipo de serviço é complicado. Porque assim entra muito no fato
de ter paciência, carinho e atenção com os idosos e a maioria das
pessoas que vem trabalhar só estão pensando no dinheiro”.
E4: “Precisa, tudo de acordo com as normas de gente da ANVISA, se
não tiver de acordo você não consegue abrir o hotel, você não toca”.
E7: “Um problema que todo mundo tem, é com a vigilância sanitária,
porque infelizmente, ninguém fala a mesma língua, um fala inglês,
outro fala alemão, outro fala russo sabe? porque, vem um fiscal que
fala inglês, outro que fala russo, o outro fala coreano, infelizmente
eles não falam a mesma língua”.
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Percebe-se que muitos ao serem questionados sobre as dificuldades que a instituição
poderia há vir ter, declinaram da resposta ou simplesmente mencionaram não terem
dificuldades.
5.3- PESSOAS
As contribuições exteriores para uma organização pode ser advinda de clientes,
familiares, funcionários ou até mesmo de concorrentes. Ao serem questionados sobre a troca
de informações entre administradores e colaboradores, todos concordaram que é de
fundamental importância essa interação e que traz grandes benefícios para a instituição. E
também afirmam que as opiniões de familiares e dos próprios idosos são levadas em
consideração para a tomada de decisão. No entanto nenhuma instituição possui uma forma de
avaliar o seu próprio desempenho, considerando formas subjetivas como a opinião de
familiares de idosos como índice de desempenho.
“Consideramos a opinião de todos os colegas. Até mesmo, porque
somos uma instituição que recebe todos eles, quando necessário muito
bem”.
E7: “Eu não tenho isso, é uma coisa que você acabou de me alertar, é
uma coisa que faz diferença. Eu não tenho esse medidor”.
E6 “Não temos um medidor certo para medir o desempenho aqui
dentro, mas levamos muito em conta a satisfação dos idosos daqui, eu
posso dizer que o medidor que tem aqui é a satisfação do idoso”.
5.4- RECURSOS HUMANOS
Um processo administrativo que merece destaque é a forma de contratação de recursos
humanos e o treinamento. Os recursos humanos em uma instituição de longa permanência é o
responsável por decidir quais profissionais entrarão em contato direto com os idosos. Todas as
instituições afirmaram fazer a contratação diretamente, analisando currículos por email e os
que são deixados na instituição. Porém três das instituições afirmaram que faz a contratação
por indicação de funcionários e outros conhecidos do administrador. E apenas uma
instituição afirmou utilizar o Sistema Nacional de Emprego (SINE), como uma das formas de
contratação. O treinamento é feito levando em consideração a experiência do trabalhador e é
realizado na própria instituição.
E6: “Geralmente a gente contrata quando as pessoas indicam, fala:
olha a fulana eu indico, a gente pede, manda vim fazer um ou dois
dias de teste aqui com as colegas, com as enfermeiras padrão, mais ou
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menos você vê se tem habilidade ou não, claro que num da pra você
vê em um ou dois dias, às vezes fica uma semana, ai você vê não ela
tem um tato, gosta de mexer com idoso ai a gente contrata”.
E3: “A gente faz uma entrevista e o treinamento é feito aqui dentro,
seguido passo a passo”.
E1: “Quando tem vagas disponíveis de emprego aqui, a gente contrata
pelo SINE”.
5.5- BANCOS DE DADOS
O banco de dados em uma instituição de longa permanência pode auxiliar os gestores
no controle da organização. Somente uma das instituições entrevistadas não faz uso de tal
ferramenta. A maioria das instituições fazem de forma bem singular, priorizando dados de
identificação, como data de nascimento, nome e telefone do responsável. As instituições
organizam os dados em arquivos impressos e digital.
E4: “A gente tem um arquivo geral com os dados básicos, de cada
paciente que entra na instituição. Temos tudo informatizado”.
E6: “Sim possuo tudo informatizado e tenho tudo manual também”.
E7: “Eu sinceridade trabalho há 15 anos na área e não acho esse tipo
de serviço viável, não acho”.
Um banco de dados é de fundamental importância para organizar, acompanhar e
avaliar o desenvolvimento do idoso dentro da instituição. Deve ser feita de forma sistemática.
5.6- PLANEJAMENTO
O planejamento nas instituições de longa permanência oferece maior flexibilidade aos
gestores nas tomadas de decisões. O planejamento das atividades que envolvem a instituição é
geralmente, feito anualmente em algumas das entrevistadas. Outras consideram o
planejamento não tão importante ou simplesmente não o fazem. Os recursos financeiros são
alocados para alimentação e material de limpeza e enfermagem. Por não haver um
planejamento antecipado nas instituições que declararam não fazerem, alguns recursos não
são otimizados e deixam a desejar dentro de sua utilização.
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E2: “O planejamento que eu posso dizer que ocorre aqui é em relação
às compras”.
E6: “Não, assim, não atividade previamente planejada, pois nesse tipo
de serviço, não a necessidade”.
5.7- BUSCA POR ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
Os pesquisados acreditam que uma especialização na área de administração pode
auxiliar na gestão das instituições. A capacidade de gerenciamento pode e deve ser aprendida,
para que se possa administrar com eficiência e levar ao desenvolvimento pleno da empresa.
Todos mencionaram a necessidade de conhecer um pouco mais sobre a área administrativa e
reconheceram o quão útil seria este conhecimento para a empresa.
E7: “Com certeza. Eles falam que o enfermeiro está capacitado a
administrar uma ILPI, não é verdade, não é verdade, de jeito nenhum.
Existe lógico uma formação, mas não é suficiente pra necessidade que
a ILPI tem”.
E2: “Sim, é importante porque se eu tivesse mais conhecimento teria
uma facilidade maior pra desempenhar esse papel e contribuir mesmo
para o crescimento da instituição”.
A figura 3 apresenta a categorização dos elementos citados pelos entrevistados. Todas
as categorias se referem ao processo administrativo das organizações entrevistadas.
CATEGORIA ELEMENTO
Organização Conhecimento Administrativo
Banco de dados
Pessoas Recursos humanos
Busca por especialização
Planejamento Planejamento
Controle Contribuição exterior
Figura 3- Categorização
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CONCLUSÃO
Com a análise dos resultados percebemos que a maioria das instituições possuem
problemas operacionais e que estes são negligenciados por seus administradores. Isso ocorre
pelo fato de não possuírem uma formação na área administrativa.
Algumas instituições não se preocupam com o planejamento administrativo o que gera
problemas, que muitas vezes são complexos. A maioria citou como problema o recurso
humano, porém a forma como é feita a contratação e o treinamento propiciam o surgimento
de tais problemas.
Outro ponto relevante é o fato das instituições não terem um feedback fidedigno,
confiando o seu desempenho em opiniões particulares de terceiros que geralmente não
acompanham o serviço prestado pela empresa.
Seria necessário que as instituições despendessem um maior tempo para a confecção
de um planejamento que abordasse objetivos a serem conquistados em curto, médio e longo
prazo. Também dar uma atenção especial à forma de contratação, analisando e comparando
os currículos, os perfis dos trabalhadores, testes psicológicos e dinâmicos, para identificar os
que melhor se enquadram nos requisitos da empresa. E torna-se necessário a criação de um
método para se ter um feedback válido, que poderá ser utilizado no desenvolvimento da
instituição.
No entanto muitos administradores percebem suas deficiências e procuram capacitar-
se cada vez mais. Muito ainda precisa ser feito, mas o primeiro passo para a mudança foi
dado.
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REFERÊNCIAS
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Anais do Encontro de Gestão e Negócios - EGEN2014 Uberlândia, MG, 20 a 22 de outubro de 2014
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