UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
ESCOLA INCLUSIVA: A INCLUSÃO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Ana Carolina Sanches Batista
Orientador
Prof. Edla Trocoli
Rio de Janeiro
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Escola Inclusiva: a Inclusão na Educação Infantil
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Educação
Infantil e Desenvolvimento.
Por: Ana Carolina Sanches Batista
3
AGRADECIMENTOS
... Agradeço a Deus, aos Bons
Espíritos, meu Anjo Guardião que
fostes os executores da vontade de
Deus. A minha família em especial
meus pais Rui que se sacrificou para
me proporcionar concluir a pós-
graduação e minha mãe Antônia pelo
apoio. E aos meus amigos,
especialmente minha amiga Aline por
todo incentivo. Obrigada a todos!
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a todos os
educadores, profissionais da escola e de
diversas áreas, pais e alunos que assim
como eu acreditam na educação
brasileira, no ensino e na escola como um
espaço social de construção do
conhecimento em que suas ações
educativas pressupõem a capacidade de
todos em aprender, respeitando a direito a
educação, a diversidade e para a
promoção da cidadania.
5
RESUMO
Este trabalho vem pontuar a importância de pensarmos que educação
que queremos para nossos alunos, uma educação onde todos tenham iguais
oportunidades de aprendizagem. Em que o saber seja a principal elemento da
formação do individuo num processo educacional iniciado na educação infantil.
A monografia aqui apresentada implica na reflexão do papel da escola
inclusiva onde o direito a educação de qualidade seja respeitada, em que todas
as crianças tenham acesso ao conhecimento e aprendizagem significativa
desenvolvendo suas potencialidades diante da diversidade.
Para tais reflexões foi feito um breve estudo histórico acerca da
educação inclusiva no Brasil que se reflete no papel da escola inclusiva (o que
é, suas características e função), perpassando pela as principais dificuldades
de aprendizagem que interferem na formação educacional dos alunos da
educação infantil e por ultimo a importância do dialogo entre escola, professor,
família, comunidade e demais profissionais da escola no processo de
construção do conhecimento dos alunos com necessidades especiais de
aprendizagem.
6
METODOLOGIA
Para desenvolver este estudo foram utilizadas pesquisas bibliográficas
como livros, leis, artigos e outros sobre a inclusão na Educação Infantil com o
intuito de estabelecer um dialogo entre teoria e prática, trazendo embasamento
teórico e um olhar sensível sobre o assunto.
7
SUMÁRIO
Introdução 08
Capítulo I- Breve histórico sobre a Educação Inclusiva no Brasil na
Perspectiva da Educação Infantil 09
Capítulo II- O que é Educação Inclusiva
1.1 O que entendemos por Educação Inclusiva 17
1.2 Dificuldades de aprendizagens e Deficiência 20
Capitulo III- Qual relação entre aluno, família, professor e escola e
Demais profissionais no processo de inclusão 26
Conclusão 34
Bibliografia 36
Índice 38
8
INTRODUÇÃO
A educação no Brasil passa por uma reformulação do sistema ensino em
que uma nova concepção de educação esta prevista uma educação inclusiva
que se fundamenta em pressupostos éticos e democráticos de reconhecimento
a diversidade, desviando o foco na deficiência e enfatizando o ensino e a
escola como um espaço social de construção do conhecimento em que suas
ações educativas pressupõem a capacidade de todos de aprender em ênfase
da aprendizagem, na construção do conhecimento e da promoção da
cidadania.
O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem do educando, tendo
em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades, perpassa pela a
formação de atitudes e valores, pelo fortalecimento dos vínculos de família, dos
laços de solidariedade de tolerância humana. Hoje se reconhece a
necessidades dessa formação para o mundo desde os primeiros anos
escolares, portanto é na educação infantil que a vida social esta em pleno
desenvolvimento, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, na
medida em que o processo didático complementa a ação da família e da
comunidade.
Por isso neste trabalho o enfoque esta na educação que queremos para
nossas crianças de 0 a 6 anos de idade, sua relação familiar e com a
sociedade. E ainda pensar sobre a formação do educador e seu papel neste
processo inclusivo. Nesse caminho a escola como espaço de construção do
saber e de inculcar conhecimentos científicos, formando sujeitos críticos com
caráter social/politico em respeito às diversidades.
9
CAPÍTULO I
Breve histórico sobre a Educação Inclusiva no Brasil na
perspectiva da Educação Infantil
Na história da Educação Especial no Brasil percebemos diferentes
concepções de ensino que atendem a essa parcela de educandos, desde uma
visão segregacionista de isolamento até os dias atuais de uma educação
centrada na pessoa e não na deficiência ou dificuldade de aprendizagem.
No final do século XIX e início do século XX, a educação para os alunos
com necessidades especiais de aprendizagem era voltada para a reabilitação,
o atendimento era feito em instituição de internação e asilamento. Ainda em
1950 as escolas chamadas especiais atendiam alunos excepcionais, aqueles
com sequelas físicas ou mentais. Nesta época a educação para essas crianças
era meramente de um atendimento médico e não pedagógico , quando muitas
vezes esses alunos ficavam isolados e esquecidos
Na educação infantil, as creches tinham um caráter assistencialista
abrigavam as crianças abandonadas da rua, prestavam assistencia com a
finalidade de diminuir a mortalidade infantil, formar hábitos higiênicos e morais
nas famílias pobres sem nenhuma preocupação com a educação pedagogica
da criança. Antes desse período a situação era ainda pior, as crianças eram
deixadas nas chamadas “rodas”, que era uma forma cilíndrica, dividida ao meio
por uma divisória e fixado na janela da instituição ou das casas de amparo
onde às crianças eram abandonadas para serem criadas pela instituição.
Alguns segmentos da sociedade incomodados com a situação das
crianças no Brasil repensaram este modelo de creche e criaram os jardins de
infãncia por volta do final século XIX. Os primeiros jardins de infância foram
fundados em 1875, no Rio de Janeiro/RJ, e em 1877, em São Paulo/SP,
mantidos por entidades privadas. Já os jardins de infância públicos, inspirados
10
nas propostas de Froebel, foram criados em 1908, em Belo Horizonte e em
1909, no Rio de Janeiro, também atendiam a crianças de segmentos mais
privilegiados economicamente. Só mais tarde que essa preocupação
pedagogica chegou asos jardins de infância que atendiam as crianças das
classes populares. Para Froebel, as crianças são como a natureza, uma planta
em formação que exige cuidados, é nesta fase que a criança tem a
possibilidade de desenvolver-se com diversão, por isso Froebel implantou
atividades lúdicas associadas à brincadeira ao ensino. Mas pouco se via essa
preocupação com a educação infantil, as creches ou jardins de infância, na
prática diaria se tornavam a extensão das casas das crianças, onde elas
podiam brincar livremente sem a preocuupação pedagogica sibre a brincadeira,
brinquedo e jogo. E quando essas crianças apresentavam alguma deficiência
eram então recusadas ou abandonadas dentro dessas instituições.
A partir da década de 70, o número de creches cresceu devido à
inserção das mulheres na sociedade, no mercado de trabalho e nos
movimentos sociais. Por isso houve uma grande procura de vagas pelas
creches, sendo necessario a criação de creches pelo país. Mas o grande
número de creches criadas nao significa dizer que as qualidades das mesmas
acompanham esse crescimento, o que se ve é que houve baixo investimento
público das esferas governamentais. Embora neste momento estivesse
legitimado o que a Constituição de 1988 já dizia sobre a educação infantil ser
um dever do estado e direito da criança (artigo 208, inciso lV).
Nesta mesma época foi criado o Centro Nacional de Educação Especial
– CENESP, junto ao Ministério da Educação. Até este momento, as instituições
criadas serviam apenas para assistirem as crianças deficientes com um
atendimento com caráter médico e moral, os cuidados dessas crianças
passavam por uma questão e saúde pública.
Na década de 80 foram criadas comitês para pensar, planejar e propor
metas e direções acerca dos portadores de deficiência. Em 1986 é criada a
Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência;
11
em 1990 a Secretaria Nacional de Educação Básica que assume a política de
educação especial.
Posteriormente, na concepção integracionista o aluno chamado
deficiente, frequentava as classes especiais do ensino regular, tendo que se
integrar ao sistema educacional sem deixar o modelo clínico. Eram os alunos
deficientes que deveriam se adequar a escola, sua estrutura física e
educacional. Isso quer dizer que a escolarização desses alunos ficava a cargo
de especialista da área médica em detrimento do ensino propriamente dito,
esses alunos acabavam em sua maioria permanecendo isolados nas classes
especiais, não havia nenhum tipo de socialização entre os educando se
apresentavam um atraso educacional diante dos demais alunos. Não se fazia
nenhum esforço em incluir os alunos deficientes em buscar novas alternativas,
métodos e recurso para que a inclusão fosse realizada.
Em 1994, com a Declaração de Salamanca, uma nova mentalidade foi
criada. Inicia-se um processo de inclusão em que a ação educativa assegura
um atendimento diferenciado e para todos, reconhecendo as adversidades
sociais e atendendo as habilidades e necessidades da aprendizagem, sem
eliminar os direitos fundamentais de escolarização do aluno. Ou seja, a escola
deverá buscar recursos e métodos que favorece a aprendizagens dos alunos
com dificuldades no aprendizado. E ainda, deve se ofertar oportunidades de
todos os alunos em aprender.
Em 1996, o Brasil definiu na LDBEN (9.394/96) que o atendimento
educacional especializado para os alunos com dificuldades de aprendizagem
deveria acontecer para todos independente da sua condição, ritmo para
acompanhar o processo educativo, assegurando-lhes currículo, métodos,
técnicas, recursos e organização que atenda suas necessidades. Essa
definição partiu dos princípios defendidos na Declaração de Salamanca de uma
educação igualitária e de qualidade.
A mesma lei fala que a educação especial deve iniciar já na educação
infantil, assistir a criança o direito a escola já nos primeiros anos de vida como
segue no capítulo V, Da Educação Especial: “§ 3º. A oferta de educação
12
especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a
seis anos, durante a educação infantil.”.
A educação inclusiva deve começar na educação infantil, onde o
proposito é desenvolver a criança para as interações com os demais sujeitos,
gerando experiências com os mundos físicos, sociais, emocionais que são
produzidos em diferentes realidades socioeducativas, primeiro na convivência
da família, depois na escola e com a sociedade. Como vemos na LDBEN
(9.394/96):
“Art. 29º. A educação infantil, primeira etapa da educação
básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação
da família e da comunidade.”
Com a criação do Estatuto da Criança e Adolescente (Lei 8.069/90) ficou
ainda mais evidente a importância da educação na formação do homem,
segundo o estatuto a criança e o adolescente tem total direito a educação para
seu pleno desenvolvimento a fim de formar-se para o mundo de trabalho e para
a cidadania. Ainda enfatiza que é dever do Estado assegurar o atendimento em
creches e pré-escolares para crianças de 0 a 6 anos de idade e para ao aluno
portador de deficiência atendimento educacional especializado em rede regular
de ensino. Com o estatuto foram criadas diretrizes para assegura os direitos e
o atendimento das crianças como Fundos e Conselhos.
Em 1999, com o Decreto nº 3.298, que regulamenta com a Lei nº
7.853/89, a Política Nacional para Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência, descreve a educação especial como um processo de inclusão
transversal a todos os níveis de ensino assim como todas as modalidades,
garantindo oportunidades de acesso e permanência na rede regular de ensino,
respeitando os direitos básicos de qualquer estudante como material escolar,
13
transporte, merenda escolar e bolsas de estudo. Garantindo que não haja
nenhuma diferenciação de tratamento entre os alunos com necessidades
especiais e aqueles alunos que não tenham dificuldades.
Mais tarde em 2011, o Conselho Nacional de Educação com a
Resolução 2/2011 determina a obrigatoriedade dos sistemas de ensino
matricular os alunos, sendo a escola necessária organizar-se para atender a
demanda dos alunos com necessidades especiais de aprendizagem,
proporcionando condição para seu pleno desenvolvimento educacional:
cognitivo, social, psicomotor. Inicia-se então uma nova concepção de educação
inclusiva, pautada no ideal de uma educação de qualidade para todos. Este
atendimento deverá ser especializado para complementar ou suplementar a
escolarização. Em um trabalho conjunto entre equipe pedagógica e assistência
médica.
Ainda em 2001, com o Plano Nacional de Educação, Lei 10.172/200,
prevê a grande mudança do ensino brasileiro se daria a partir da construção de
uma escola inclusiva que garanta o atendimento a adversidade humana.
Pautada na Convenção de Guatemala (1999), o Brasil promulga o Decreto n°
3.956/2001, afirmando que as pessoas com deficiência tenha os mesmos
direitos fundamentais humanos igualmente aos demais alunos, considerando
discriminação todo tipo de diferenciação ou exclusão que implica as pessoas
com deficiência o direito a educação e a todos os outros direitos previstos em
lei, conforme a Constituição Federal de 1988 (Ementa Constitucional
n°64/2010):
“Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.”.
14
A partir de então começa uma nova concepção em torno da educação
dos alunos com necessidades especiais de aprendizagem, o atendimento
desses educandos está para além das classes regulares. A inclusão é
realmente feita quando os alunos estão vivenciando o processo educacional
que forma em prol da socialização da escola com o aluno e comunidade assim
como para que este aluno se insira na sociedade como cidadão. Para isto
acontecer é pensado a partir de então como é feita tal inclusão: a escola
precisa se organizar para oferecer condições plena de acesso e permanência,
os professores precisam se informar, a necessidade de apoio de especialistas
de outras áreas num trabalho em equipe com a escola, a interação da
instituição com a família, etc.
Com a Deliberação 291/2004 (CEE), o aluno com necessidades
especiais passa a ser aquele que durante o processo educacional apresenta
dificuldades e/ou limitações no aprendizado justificado pela sua condição física,
moral, orgânica e social, ou seja, alunos com deficiência (mental, física,
auditiva e visual), com transtornos globais de desenvolvimento e alunos com
altas habilidades/ superdotação.
Desde então vem se construindo um processo em promover uma nova
mentalidade acerca da educação especial, em que a inclusão não esteja no
foco da deficiência, mas no processo escolar. A deficiência deixa de ser a
origem do problema e passa a ser o caminho para pensarmos uma educação
de acesso, recursos e apoio a escola e ao processo educativo dos alunos com
necessidades especiais de aprendizagem. Diversos mecanismos foram criados
de apoio para os alunos deficientes como:
• A Língua de Sinas-Libras reconhecida na lei n 10.436/02 e hoje
parte do currículo de alguns cursos de formação de educadores;
• Sistema Braille, aprovado pela portaria n °2.678/02,
recomendando o uso da grafia Braille para o estudo da língua
portuguesa;
• Reconhecimento da língua bilíngue no ensino regular para alunos
surdos com sendo a Libra a primeira língua e a Língua
15
Portuguesa a segunda língua. (decreto n/ 5.626/02-Lei n
10.436/02);
• Criação de Centros de Referência para as altas
habilidades/superdotação para o atendimento educacional
especializado, orientação à família e outras ações (2005).
Em 2007, o Governo Brasileiro cria o Plano Nacional de Educação-PDE,
baseado o que tinham se discutido e pensado no ano anterior na Convenção
de Direitos das Pessoas com Deficiência, a necessidade da implantação de
salas de recursos, acessibilidade aos prédios escolares, ofertas de acesso e
permanência a escola até ao ensino superior e atenção a formação do
educador.
Na inclusão não se trata de categorizar os indivíduos ou criar
estereótipos, as limitações tornam um segmento a tomar no processo
educativo, em que o sujeito da educação é a aluno. A inclusão do aluno com a
cidadania só será possível uma vez que o objetivo da educação não seja
integrar os alunos a cultura, mas quando entendermos que cultura é essa que
o aluno com necessidades especiais esta inserido.
Embora o desinteresse e descaso politico com a educação brasileira
pelos governantes deste país podemos dizer que houve grandes avanços no
atendimento das crianças com necessidades especiais de aprendizagem. Não
se limitou as crianças deficientes, mas se estendeu a todos aquelas com
dificuldades seja de ordem biológica, orgânica, social, psicológica, etc. O
objetivo agora é de construir uma escola acolhedora, de qualidade e acessível
para todos, que compreenda as compreenda as diferentes formas de ser, fazer,
aprender. Que reconheça, nos alunos, as suas possibilidades de
desenvolvimento e aprendizagem, ao invés das limitações temporárias ou
permanentes que dificultam sua aprendizagem. À medida que o mundo
também evolui com advento da tecnologia e de tantas mudanças na politica, na
economia enfim em diversas esferas doa sociedade, a escola tende a caminha
nesta direção de progresso para forma o homem social. Por isso dizemos que
16
a educação é mais que um ato de amor e sim um ato político.
Atualmente a educação inclusiva direciona suas ações para o
atendimento dos alunos com necessidades especiais a fim de promover o
desenvolvimento pelo do aluno, respeitando habilidades dos mesmos,
eliminando barreiras e socializando-o com o mundo. Fundamentados em
pressupostos éticos e democráticos de reconhecimento a diversidade,
desviando o foco na deficiência e enfatizando o ensino e a escola como um
espaço social de construção do conhecimento em que suas ações educativas
pressupõem a capacidade de todos de aprender em ênfase da aprendizagem,
na construção do conhecimento e da promoção da cidadania. O intuito da
inclusão é além de tudo já mencionado é fortalecer os direitos e capacidades
de cada indivíduo em todas as suas dimensões: econômica, social, política e
cultural.
17
CAPÍTULO II
1.1 O que entendemos por Educação Inclusiva
Entende-se por educação inclusiva o processo de inclusão dos alunos
com necessidades especiais ou distúrbios de aprendizagem na rede de ensino
regular. A inclusão atende as necessidades educacionais dos alunos e
assegura que eles tenham respeitados os mesmos direitos que todos, em
aprender, interagir com outros alunos e a sociedade, exercer sua cidadania.
A educação inclusiva precisa respeitar a diversidade, perceber e atender
aos alunos com necessidades especiais de aprendizagem no ensino regular,
nas salas de aula comuns, incluindo-os no processo pedagógico. As escolas
especiais e/ou classes especiais devera ser recomendados somente nos casos
em que fique claramente observado que a escola regular não atende a
demanda do aluno.
A educação inclusiva atende aos alunos que necessitam de um
atendimento mais adequado à sua realidade física, mental, sensorial e social,
que interferem no processo educativo. Ofertando métodos, recursos e
procedimentos especiais durante o seu processo de ensino-aprendizagem que
atendam a realidade do educando. A escola deve se organizar na esfera
administrativa, quanto à didática e nas relações entre escola e família e
disciplinarmente.
No processo pedagógico de uma educação inclusiva, todos os alunos
participam ativamente de todas as atividades na escola e na comunidade. Para
isso é preciso ter a consciência que os alunos não são iguais no que diz
respeito ao ritmo de aprendizado e nas suas habilidades, cada um aprendemos
de uma maneira.
O principio fundamental da educação inclusiva é respeitar a diversidade
humana, em que todos possam interagir e aprender juntos, de uma escola para
18
todos. Numa educação inclusiva onde o processo educativo seja centrado no
aluno e que proporcione a ele condições de se educar com qualidade.
Este tipo de ideal de educação vem para substituir o modelo tradicional
onde os alunos que não se enquadrassem aos padrões da educação
tradicional acabavam sendo engajados nas classes especiais ou mesmo
desestimulados a estudar e se excluindo do sistema de ensino.
É preciso ter consciência ainda que o resultado de uma educação de
qualidade depende exclusivamente do desenvolvimento do aluno, e ele que
produz o resultado educacional, ou seja, a aprendizagem. Por outro lado
quando todos na escola estão envolvidos no processo de inclusão saem todos
ganhando, os alunos lidarem com as diferenças individuais, compreender e
aceitar a respeitar os limites do outro, a partilhar processos de aprendizagem.
E dessa forma partilhando saberes aprendem a conviver numa sociedade mais
justa e solidaria, a desenvolver atitudes e valores e a preparar para a vida em
sociedade.
A escola inclusiva deve se adaptar a receber os alunos com
necessidades especiais, oferecendo condições de acessibilidade aos mesmos,
como adaptações arquitetônicas, vejamos algumas delas: portas e corredores
mais largos (de 80 cm); construção de rampas com a inclinação adequada
(segundo as Normas da ABNT), com corrimãos e mureta para impedir que a
cadeira caia; elevadores, quando for necessários; sanitários adequados, pisos
antiderrapantes; acesso a biblioteca, oferecendo recursos virtuais e em Braille,
lupas ou lentes de aumento; intérprete de Língua Brasileira de Sinais; salas de
vídeo com televisores com sistema de legendas ocultas para seus alunos
surdos.
Na educação infantil é necessário que brinquedos sejam acessíveis a
todas as crianças, ter um cuidado com a locomoção desses pequenos alunos,
com solo, os obstáculos e oferecer apoio.
E ainda que o processo educativo esta para além dos currículos e
objetivos e entendendo criança como alguém em desenvolvimento,
19
compreende-se que ela tem suas vontades, suas necessidades e desejos que
precisam ser considerados, compreendidos e respeitados. A entrada da criança
na escola representa uma nova mudança que se reflete em uma perda de algo
significativo naquele momento, ela esta saindo do seio familiar para a
instituição de ensino. E a cada mudança neste período escolar pode significar
mudanças significativas em relação aos seus os colegas, ao educador, os
brinquedos, as brincadeiras, o próprio ambiente onde de certa maneira já
estava adaptada lhe expressava conforto, segurança, acolhimento. Neste
sentido, é a criança em processo de inclusão vai trabalhar emoções e reações
que a escola precisa estar atenta.
E na educação infantil que a criança vai estra em contato com o mundo
e com outros sujeitos, em momentos como na alimentação, higiene, descanso,
até as brincadeiras e atividades pedagógicas, a partir dai a criança estará
participando de escolhas que incluem ou excluem objetos e/ou pessoas,
construindo percepções, fazendo interações e associações. Promovendo o
desenvolvimento físico, intelectual e social da criança em prontidão a
escolarização.
O processo educativo é um processo social, onde o proposito é que o
aluno se inclua na sociedade no qual ela é membro participativo. Por isso a
importância de se estabelecer relações sociais, aproximando professor, aluno,
família e comunidade. A escola que adota uma politica inclusiva no seu projeto
politico pedagógico estabelece uma relação mais próxima com a comunidade e
consequentemente com a sociedade formando cidadãos.
Portanto podemos dizer que Educação Inclusiva é um ato politico que
visa proporciona a criança humanizar-se e emancipar-se de forma saudável,
por uma educação igualitária e de qualidade.
20
1.2 Dificuldades de aprendizagens e Deficiência
O processo mental usado para o desenvolvimento e aquisição do
conhecimento envolve atenção, memória, raciocínio, imaginação, criatividade,
pensamento e linguagem, no qual chamamos de cognição. É por esse
processo que desenvolvemos esquemas e estratégias para a absorção de
novos conhecimentos e relativizamos os já existentes.
O processo cognitivo envolve percepções visuais, auditivas, leitura e
escrita, raciocínio lógico. Quando o individuo apresenta alterações no processo
cognitivo, alterações mentais, nas estruturas mentais e /ou neurológicas
ocasionam as dificuldades de aprendizagem. Tais dificuldades podem ocorrer
concomitantemente com outras condições como: deficiência sensorial, retardo
mental, distúrbio social, emocional e/ou influências ambientais como diferenças
culturais, instrução insuficiente/inadequada, fatores psicogênicos, porém as
dificuldades de aprendizagens não é o resultado direto dessas condições ou
influências.
A aprendizagem e a construção do conhecimento são processos
naturais da criança que desde muito cedo aprende a mamar, falar, andar,
pensar. Com aproximadamente três anos, as crianças são capazes de construir
as primeiras hipóteses e já começam a questionar sobre a existência.
Entendendo que aprendizagem envolve outras relações além do ensino,
podemos dizer que a educação é um processo complexo. Que envolve
variadas ações educativas para o desenvolvimento do educando. Na educação
infantil, o desenvolvimento da percepção e da linguagem pode gerar ou mesmo
se apresentar futuras dificuldades de aprendizagens nas series posteriores.
De modo geral, as crianças com dificuldades de aprendizagem são
demostram menos envolvidas com as atividades escolares que os alunos sem
dificuldades. Além do desinteresse e dispersão, elas podem também
apresentar problemas de socialização ao longo da vida escolar, assim como
problemas de autoestima, dificuldades comportamentais. Segundo Maria Lúcia
Weiss:
21
“... a aprendizagem normal dá-se de forma integrada no
aluno (aprendente), no seu pensar, sentir, falar e agir.
Quando começam a aparecer “dissociações de campo” e
sabe-se que o sujeito não tem danos orgânicos, pode-se
pensar que estão se instalando dificuldades na
aprendizagem: algo vai mal no pensar, na sua expressão,
no agir sobre o mundo”.
A dificuldade de aprendizagem pode ser parcial ou temporária, o que faz
parte do processo de aquisição do conhecimento uma vez que cada um
aprende de uma maneira, tempos e ritmos diferentes de absorção do
conhecimento. Como também pode ser globais, quando a criança apresenta
dificuldades na aquisição de saberes e conhecimentos no dia-a-dia, de um
modo geral. As principais dificuldades de aprendizagens são:
• Dislexia: de caráter neurológico, caracteriza pela dificuldade de ler
e/ou escrever. O desleixo interpreta o significado do texto em
duas dimensões, ler com dificuldades grandes textos e não
compreendem o significativo das palavras no contexto.
• Dislalia; caracteriza–se pela dificuldade na fala que pode interferir
no processo de aprendizagem. O aluno que tem dislalia tem
dificuldades de articular as palavras, sua origem pode ser
funcional quando a criança não sabe posicionar lábios e línguas e
orgânica pelo mau posicionamento da arcaria dentária, pelos
lábios leporinos, freio da língua lento, língua acima do normal o
que resulta a omissão (não pronuncia de sons), substituição
(troca de sons), acréscimo (introdução de som), gamacismo
(omissão ou substituição de fonemas k e G por D e T),
lambdacismo (pronuncia do L errada), rotacismo (troca do R e L)
e sigmatismo (uso errado ou dificuldade de pronunciar o S e Z).
• Disortografia: Dificuldade da escrita pode ou não estar associada
à dislexia, podem ter causas no atraso da linguagem ou disfunção
22
neurofisiológica. Caracteriza-se pela troca de grafema (ligada à
discriminação auditiva), a criança troca o grafema na escrita, pois
ela tende a escrever como ela ouviu a palavra. Por isso a criança
disortográfica apresenta desinteresse pela escrita, dificuldade de
percepção gráfica.
• Discalculia: Dificuldade no campo matemático. O aluno com
Discalculia comete erros nos problemas matemáticos, na
contagem, compreensão de números e habilidades
computacionais. Não é ocasionado por deficiência metal, nem por
déficits visuais ou auditivos. A causa pode estar na construção da
percepção ainda quando bebe, nos distúrbios da memoria
auditiva.
• TDAH-Transtorno de Déficit de atenção/Hiperatividade:
caracterizam-se pela desatenção, impulsividade e hiperatividade. Nas crianças
com TDAH percebe-se um nível mais baixo de dopamina e noradrenalina
(substâncias químicas do cérebro que transmitem informações entre as células
nervosas). Ela pode ter causa genética como também fatores do meio
ambiente (nicotina de cigarros fumados pela mãe gestante assim como bebidas
alcóolicas, Crianças expostas ao chumbo entre 12 e 36 meses de idade,
Traumatismos neonatais como hipóxia (falta de oxigênio), traumas obstétricos,
rubéola intra-uterino, encefalite, meningite pós-natal, subnutrição e traumatismo
craniano).
Outra condição que pode interferir no processo ensino-aprendizagem
são as limitações que algumas crianças apresentam as chamadas deficiências.
Para a Organização Mundial de Saúde, deficiência é o nome dado a
toda anormalidade de estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica
que acarretam dificuldades de locomoção, percepção, pensamento ou
interação social.
Alguns estudiosos consideram a palavra deficiência inapropriada.
Contudo com a Declaração de Salamanca, surgiu o termo necessidades
educativas especiais, que veio a substituir o termo criança especial,
23
anteriormente utilizado em educação para designar a criança com deficiência.
Este termo não se refere apenas à pessoa com deficiência, engloba toda e
qualquer necessidade que demande algum tipo de abordagem específica. A
partir ficou estabelecida na Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva que se considera a pessoa com deficiência
aquela que tem impedimento de natureza física, mental ou sensorial que os
impedem de alguma maneira restrita de interagir, participar da vida escolar.
Incluindo os alunos com transtornos globais como autismo, síndromes e
psicose infantil.
A deficiência não pode ser entendida como incapacidade. Ela é apenas
uma limitação com um nível mais elevado.
• Deficiência Física: Condição que afetam a criança em termos de
mobilidade, coordenação motora e fala. Quando há
comprometimento da sua função física como Amputação (perda
total ou parcial de um determinado membro ou segmento de
Membro), Paraplegia (perda total das funções motoras dos
membros inferiores), Paraparesia (perda parcial das funções
motoras dos membros inferiores), Monoplegia (perda total das
funções motoras de um só membro inferior ou superior),
Monoparesia (perda parcial das funções motoras de um só
membro inferior ou superior), Tetraplegia (perda total das funções
motoras dos membros inferiores e superiores), Tetraparesia
(perda parcial das funções motoras dos membros inferiores e
superiores, Triplegia (perda total das funções motoras em três
membros), Triparesia (perda parcial das funções motoras em três
membros), Hemiplegia (perda total das funções motoras de um
hemisfério do corpo direito ou esquerdo), Hemiparesia (perda
parcial das funções motoras de um hemisfério do corpo direito ou
esquerdo); Ostomia, colostomia, Paralisia Cerebral, Nanismo
(deficiência acentuada no crescimento).
24
• Deficiência Visual: É a perda parcial ou total da visão: Cegueira
(na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor
olho, com a melhor correção óptica), Baixa Visão (significa
acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor
correção óptica); Os casos nos quais a somatória da medida do
campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60° (Ou
a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores)
(Decreto nº 3.298/99 e o Decreto nº 5.296/04).
• Deficiência Auditiva: Perda parcial ou total das possibilidades
auditivas sonoras, variando desde uma perda leve, acentuada,
severa, profunda até a perda total da audição.
• Deficiência Mental: Quando há comprometimento no
funcionamento intelectual da criança, que interferem em ações
como comunicação, cuidado pessoal, habilidades sociais
utilização dos recursos da comunidade, saúde e segurança,
habilidades acadêmicas, lazer e trabalho. A mais comum é;
Síndrome de Down.
• Deficiência Múltipla: é a associação de duas ou mais deficiências,
caracteriza-se pelo nível de desenvolvimento e possibilidade
funcionais da criança.
Há ainda os alunos com Transtornos Globais de Desenvolvimento,
segundo o Plano Nacional de Educação Especial esses alunos são aqueles
que apresentam alterações nas interações sociais e na comunicação, com um
repertorio de interesse e atividades restritas como os autistas, as psicoses
infantis, a Síndrome de Asperger, a Síndrome de Kanner e a Síndrome de Rett.
Crianças com Transtornos Globais do Desenvolvimento também causam
variações na atenção, na concentração e, eventualmente, na coordenação
motora. Mudanças de humor sem causa aparente e acessos de agressividade
são comuns em alguns casos. As crianças apresentam seus interesses de
maneira diferenciada e podem fixar sua atenção em uma só atividade, tem
25
dificuldades em iniciar e manter uma conversa, evitam o contato visual e muitas
vezes mantem-se isoladas. Utilizam a linguagem e comportamentos não
verbais, como por exemplo, ao brincar, preferem ater-se a objetos no lugar de
movimentarem-se junto das demais crianças.
Existem também os alunos com altas habilidades/superdotação que são
aquele que demonstram alto potencial intelectual, acadêmica e em varias áreas
do conhecimento. Esses alunos dominam com grandes facilidades os
conteúdos, muitas vezes de forma autônoma dispensando o auxilio do
professor.
A interação social e igualdade de oportunidades vêm se tornando os
eixos norteadores da inclusão na educação. A valorização das capacidades e
habilidades dos indivíduos direciona o atendimento educacional necessário
para uma boa pratica educativa. Busca recurso, métodos, organização e apoio
faz parte de um processo educativo que promove a inclusão, a aprendizagem
de qualidade para a cidadania.
.
26
CAPITULO III
Qual relação entre aluno, família, professor e escola e
demais profissionais no processo de inclusão.
Quando pensamos em atendimento educacional especializado vimos
que é um conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e recursos
pedagógicos organizados de forma a complementar ou suplementar a
formação dos alunos com necessidades especiais de aprendizagem no ensino
regular. Este atendimento deve integrar a proposta pedagógica da escola
contando com a participação da família e articulado com as esferas publica que
envolve este atendimento como profissionais de saúde, instituições de apoio e
esferas públicas governamentais.
O papel da escola é viabilizar através de uma prática pedagógica
consciente, oferecer o ingresso de todos aqueles que buscam por uma
possibilidade de aprendizagem, inclusive os portadores de necessidades
especiais. E ela se torna favorável na medida em que abre espaços para a
cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico, pois
são, segundo Mantoan, para as habilidades mínimas para o exercício da
verdadeira cidadania.
É necessário, também, que as escolas sejam estimuladas a elaborar,
com autonomia e de forma participativa, os seus projetos políticos
pedagógicos. Da mesma forma, devem elaborar currículos escolares que
reflitam a realidade social e cultural em que estão inseridas e tantas outras
ações, como por exemplo, a elaboração de propostas pedagógicas com
objetivos claros, que se baseiem nas necessidades dos alunos; identificar as
capacidades da própria escola; organizar os conteúdos escolares de acordo
com os ritmos de aprendizagens dos alunos; rever metodologias de ensino, o
uso de recurso auxiliares como o Braille e Libras, enfim de forma que essas
auxiliem na motivação dos alunos. A avaliação é outro fator a ser analisado
27
pelas escolas, para que se tornem preparadas para a inclusão. É necessário
suprimir o caráter classificatório da avaliação através de notas e provas e optar
por uma visão diagnóstica do aluno, visando a depurar o ensino e torná-lo mais
adequado e eficiente.
São poucas as escolas que fazem parte deste processo. A Escola se
torne inclusiva é romper com o preconceito, é mudar a concepção de
valorização do estereótipo de perfeição. Na verdade, a maioria delas, em vez
de realizar uma educação inclusiva, desenvolve uma educação integradora.
"Há uma grande diferença entre integração e inclusão", diz Werneck. Apesar
de ambas visarem à normalização, ou seja, a oferecer ao aluno deficiente a
oportunidade de ter uma vida escolar normal, a integração vem impor ao
deficiente a obrigação de acompanhar e dominar o conteúdo didático. Voltamos
àquela velha teoria em que o aluno deve se adaptar à escola.
Já a inclusão preconiza que, para que a escola corresponda à realidade,
dê conta de todos os alunos, considerando o talento de cada um e fazendo
com que tenha prazer e vontade de aprender, de ter a experiência de ver,
manipular, experimentar, verbalizar sobre as coisas do mundo em sua volta
amplia a vivência da criança, sua linguagem e suas possibilidades mentais.
Coloca-a num mundo extremamente complexo de relações.
O desenvolvimento de algumas estratégias para a inclusão pode ser
decisivo para criar um ambiente de cooperação em que aqueles alunos que
têm mais habilidades em alguma matéria possam ajudar aqueles com menos
habilidades, numa relação de troca de saberes e construção de relações
sociais de solidariedade, cooperação mutua e confiança. A interação das
relações na sala de aula estimula os alunos a participarem do processo
educativo com prazer e constroem entre os educandos uma nova perspectiva,
além de outras ações como reduzir a taxa de desistência e repetência escolar,
Aumenta a autoestima dos alunos, impede o desperdício de recursos, ajuda a
construir uma sociedade que respeita as diferenças.
O professor tem a diretriz no seu papel educador em discutir a
28
necessidade de se rever, repensar e refletir sobre a ação prática na escola, na
sala de aula e principalmente com os alunos. Esse ato de reflexão do professor
em seu campo de trabalho deve ser diário, diante de suas expectativas, de
seus desafios, de seu desempenho pedagógico e na sua relação
professor/aluno. Por isso, a figura do professor reflexivo está exercício da sua
própria função como vemos em Freire (1996, p. 96):
“... o bom professor é o que consegue, enquanto fala,
trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu
pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma
‘cantiga de ninar’. Seus alunos cansam não dormem.
Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu
pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas,
suas incertezas.”
O professor que acha que já aprendeu tudo e que sua pratica é rotineira,
não se renova tende acabar desmotivado. Esse não pode ser o perfil do
educador nos dias atuais, principalmente quando nesta pratica deparamos com
alunos com necessidades especiais de aprendizagens. A formação de
professores caracteriza-se como ação fundamental, para que a integração
ocorra de fato, mudando assim a realidade da educação especial. Assim esta
assegurado pela LDB lei 9394/96 em seu art. 2º, afirma que:
“A educação, dever da família e do estado,
inspirada nos princípios de liberdades e nos ideais de
solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educador, o seu preparo para o
exercício da cidadania e a sua qualificação para o
trabalho”.
29
Entre os vários caminhos que podemos nos reavaliar e repensar a nossa
pratica esta na formação, inicial e contínua, somando-se com a experiência e o
ato prático efetivo reflexivo/critico, continuo. Sendo assim, este um dos
propulsores que permitem elevar o nível de competência dos profissionais. É
através do estudo que se adquiri um valor maior a si mesmo e a tudo que nos
rodeia, renovamos nossos pensamentos e adquirimos outros conhecimentos,
possibilitando demonstrar na autonomia, segurança e a responsabilidade de
um profissional que está aberto a novos conhecimentos e saberes, de uma
grande capacidade de refletir criticamente sobre sua ação pedagógica. Essa
capacidade está no desenvolvimento permanente de seu trabalho.
Além disto, é muito importante estimular, valorizar o professor já que é
responsável pelo aprendizado dos alunos professores atuam como facilitadores
da aprendizagem dos alunos, com a ajuda de outros profissionais, tais como
professores especializados em alunos com deficiência, pedagogos, psicólogos
e intérpretes da língua de sinais. E ao professor cabe respeitar essa diferença
e encontrar formas adequadas para transmitir o conhecimento e avaliar o
aproveitamento de cada aluno. O grande desafio dos professores e das
escolas para oferecer uma educação para todos, respeitando a necessidade de
cada um. Segundo Mantoan:
“... ensinar a turma toda é reconhecer o outro em
sua inteligência e valorizá-lo, de acordo com seus saberes
e com a sua identidade sociocultural. Sem estabelecer
uma referência, mas investindo nas diferenças e na
riqueza de um ambiente que confronta significados,
desejos, experiências, o professor deve garantir a
liberdade e a diversidade das opiniões dos alunos e nesse
sentido ele é obrigado a abandonar crenças e
comportamentos que negam ao aluno a possibilidade de
aprender a partir do que sabe e chegar até onde é capaz
de progredir”.
30
Os responsáveis são os grandes aliados no processo educativo dos
alunos com necessidades especiais de aprendizagem e para uma concepção
de escola brasileira - a escola inclusiva, aberta às diferenças. Uma vez que
eles somam forças estimuladoras e reivindicadoras participam da recriação da
escola, exigindo o melhor para seus filhos. É no seio familiar que a criança
recebe a primeira educação, com a família ela aprende coisas básicas são
nessa relação e convívio familiar que ela constrói os seus valores e as suas
concepções, sendo um modelo de identificação para aprender a se relacionar e
a desempenhar o seu papel social, e a escola é uma extensão do aprendizado
da criança. Na escola ela aprenderá ser autônoma, a se relacionar com as
diversidades, vai construir saberes em relação ao mundo e a sociedade, e na
relação com o outro.
A Escola é a instituição por intermédio da qual a criança se introduz no
mundo público, e daí o papel do Estado em relação a todas elas. À família cabe
o dever de garantir à criança o que é típico do domínio privado do lar, e ao
Estado cabe garantir o direito indispensável da criança à educação Escolar,
pois é ela que faz a transição entre essas duas vidas.
“Família e escola é o ponto de apoio da criança. O
bom relacionamento da escola, da família e do aluno é
primordial para o desenvolvimento da criança, durante o
processo de inserção da criança na vida escolar, a ação
conjunta dessa relação representa grande parcela de um
processo educativo de qualidade especialmente de uma
pedagogia voltada para a infância. E essa relação que irá
dar suporte a criança e ajudará ela a desenvolver o
conhecimento de si mesmo e o sentimento de confiança
em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética,
estética, de inter-relação pessoal e de inserção social,
31
para agir com perseverança na busca de conhecimento e
no exercício da cidadania”. (MANTOAN).
Atualmente, as escolas estão buscando desenvolver uma prática de
qualidade, que proporciona às crianças a vivência da criatividade, da
ludicidade, da relação escola/família, da cooperação, da participação e do
exercício da cidadania, principalmente na educação infantil. Para isto a família
precisa se tornar parceira da escola, indo mais além através de contatos
informais, as conversas breves, a escola e o educador buscam caminhos e
alternativas de partilhamento com a família. O propósito é que essa parceria se
construa através de uma intervenção planejada e consciente, para que a
escola possa criar espaços de reflexão e experiências de vida numa
comunidade educativa, estabelecendo acima de tudo relações sociais que
incluam os alunos com necessidades especiais efetivamente.
No processo de inclusão a melhor maneira de estabelecer este vínculo
com a família é ouvir-lá. A melhor maneira de determinar as necessidades de
desenvolvimento de uma criança com necessidades especiais de
aprendizagem é que ela mesma e os membros familiares digam a suas
necessidades. Estar aberto a ouvi-los é ferramenta eficaz para o fornecimento
de pistas sobre a criança que também indicará se os familiares estão
preocupados com o diagnóstico ou se aceitaram a deficiência do aluno. Pois
ainda é muito comum, os responsáveis não aceitarem a dificuldade dos seus
filhos. Ao tomar conhecimento de que a filha ou filha é portador de alguma
dificuldade de aprendizagem os responsáveis possuem sentimentos de perda
da criança desejada, de pena, de medo com relação ao seu futuro, de desejo
inconsciente de morte para a criança, de culpa, de rejeição /superproteção, de
insegurança, entre outros. Estes tipos de sentimentos vivenciados pelos
responsáveis refletem diretamente na educação da criança, em atitudes como
excesso de tolerância, de permissividade e reduzida expectativa em relação as
suas possibilidades. É como se as famílias quisessem criar um mundo super
protetor, por isso a necessidade da escola criar um ambiente acolhedor e em
32
atitudes esclarecedoras. A partir dessa conversa, a escola poderá orientar aos
pais com diferentes alternativas de informação e apoio especializado, trocar
experiências, estabelecendo uma relação de confiança, de limites e
acolhimento para o aluno e sua família com a escola. Segundo a Declaração
de Salamanca (1994), no artigo 61:
“Deverão ser estreitadas as relações de
cooperação e de apoio entre administradores das escolas,
professores e pais, fazendo que estes últimos participem
na tomada de decisões, em atividades educativas no lar e
na escola (...) e na supervisão e no apoio da
aprendizagem de seus filhos”.
Na educação Infantil, no qual o objetivo é de desenvolver algumas
capacidades e ampliar relações sociais na interação com outras crianças e
adultos, conhecer seu próprio corpo, brincar e se expressar das mais variadas
formas, utilizar diferentes linguagens para se comunicar e expressar emoções
e entre outros, a inclusão é ainda mais delicada no sentindo de oferecer aos
alunos com necessidades especiais de aprendizagem um processo educativo
dinâmico, lúdico, de interações sociais, de conhecimento si mesmo e do outro,
perpassando pela Pedagogia do Amor como dizia Paulo Freire. A escola deve
ter um ambiente acolhedor, organizado a atender as necessidades desses
alunos e inclui-los no processo educacional.
Portanto para obtermos uma educação realmente inclusiva, a escola
deve contar com a participação de todos os envolvidos: funcionários,
professores, comunidade e, principalmente, os pais e familiares. A escola deve
estreitar ao máximo essa relação, oportunizando um convívio maior dos pais
dentro da escola para auxiliar no desenvolvimento, em uma ação conjunta de
parcerias em que o processo educativo seja o centro das ações respeitando a
33
necessidades dos alunos com especiais necessidades de aprendizagem.
Conforme aponta Oesterreich (2007):
“Precisamos remover várias barreiras, para avançarmos
rumo à escola mais inclusiva, que acolha todas as
crianças e que lhes oportunizem um aprendizado pleno e
de participação. São necessárias mudanças de
concepções e atitudes, onde haja valorização da
diversidade com o enriquecimento do desenvolvimento
pessoal e social; mudanças das políticas e dos sistemas
educacionais, porém isto implica um conjunto de
transformação da educação.”
A inclusão é um processo longo, que precisa ser pensado na esfera da
cultura dos alunos, suas capacidades e habilidades, suas limitações usadas
como artifícios para a busca de recurso e metodologias que proporcione estes
alunos estar inserido no processo educacional, de modo a vivencia-lo. Cabe à
escola junto ao apoio especializado e a família estar consciente de que todos
os alunos vêm de um contexto diferente que por esse motivo a educação deve
ser pautada nas formas de buscar e alcançar significado para o processo
educativo de qualidade, inserindo e formando cidadãos.
34
CONCLUSÃO
Pensando na nossa prática e quem são nossos alunos veremos que
quando falamos e ouvimos "que todos nos somos iguais" ou "devemos ensinar
às crianças que todos os seres humanos são diferentes uns dos outros",
queremos que nossos alunos cresçam sabendo que todos nós temos
particularidades e singularidades que nos fazem únicos mais que de um modo
geral somos iguais. Essa consciência deve ser aprendida já desde a educação
infantil. Por isso a necessidade dos alunos com necessidades especiais de
aprendizagem frequentar a escola já nesta modalidade de ensino. As crianças
que estão na escola, na educação infantil, tem um desenvolvimento físico,
social e mental provavelmente melhor daquelas que estão fora da sala de aula.
Nosso olhar reflexivo e critico enquanto educador deve estar voltado para
formação desses alunos, formando sujeitos critico e participativos na
sociedade.
A construção da escola inclusiva, que perpassa pelo caminho das
adaptações para acolher os alunos com necessidades especiais, deve ter
como premissa que a inclusão consiste em um processo gradual, que requer
participação do aluno, da família e da comunidade. A escola é um espaço
social de construção do conhecimento e do desenvolvimento da criança. È a
escola acolhedora que se adequa aos alunos com necessidades especiais
oportunizando meios e recurso a participar do processo educativo.
Cada indivíduo tem as suas necessidades próprias, apresentam
diferenças de ordem física, mental, social, emocional que, de certa forma, os
caracterizam, determinam seus interesses, aptidões e limitações. Limitações
estão que soam como características de cada individuo e não como diferença.
Quando a sociedade se conscientizar que as habilidades e limitações
que conduzem como nos desenvolveram e evoluíram teremos um mundo justo,
sem distinção entre pessoas. E a escola faz esse movimento de inculcar nas
crianças que somos todos iguais, formando cidadãos solidários, justos, crítico e
35
autônomos.
Contudo, esse processo requer, para sua efetivação, a ação de múltiplos
esforços e a participação de todos os segmentos da sociedade, de modo a se
promover uma verdadeira mudança cultural em relação à diversidade e às
potencialidades humanas em prol da educação de qualidade e inclusiva.
36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Campbell, Selma Inês. Múltiplas faces da inclusão. Rio de janeiro: Wak. Ed.,
2009.
Alves, Fatima. Inclusão: muitos olhares, vários caminhos e um grande desafio.
Rio de janeiro: Wak, 2009. 4° ed.
Mantoan, Maria Teresa Égler. A educação Especial no Brasil da exclusão à
Inclusão. 2005
________________________ Ensinando a turma toda - as diferenças na
escola. 2007
________________________ Todas as crianças são bem vindas à escola.
Campinas: UNICAMP, 2000.
Cardoso, Roseni Silvado. Fundamentos da educação especial.
Pereira, Mônica dos Santos. Ressignificando a Escola na Proposta Inclusiva.
Ramos, Rossana. Passos para a inclusão. Editora Cortez. 3ed.
Brasil. LDB. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/96
_____ ECA. Estatuto da Criança e Adolescente. Lei 8.069/90
--------- Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.
Decreto 3.298/99.
______ Decreto 5.296/2004 (www.planalto.gov.br)
______ Plano Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
37
Inclusiva/2007.
www.portal.mec.gov.br
www.cienciaeconhecimento.com.br
38
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATORIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SÚMARIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPITULO I
Breve histórico sobre a Educação Inclusiva no Brasil na
Perspectiva da Educação Infantil 9
CAPÍTULO II
1.1 O que entendemos por Educação Inclusiva 17
1.2 Dificuldades de aprendizagens e Deficiência 20
CAPITULO III
Qual relação entre aluno, família, professor e escola e demais.
profissionais no processo de inclusão 26
CONCLUSÃO 34
BIBLIOGRAFIA 36