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Page 1: Controle Constitucionalidade

DIREITO PROCESSUAL CONSTITUCIONAL

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Conceito

Fiscalização da adequação (da compatibilidade vertical) das leis e demais atos normativos editados pelo Poder Público com os princípios e regras existentes em uma constituição rígida, para que se garanta que referidos diplomas normativos respeitem, tanto no que se refere ao seu conteúdo, quanto à forma como foram produzidos, os preceitos hierarquicamente superiores da Carta Magna.

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Pressupostos

A rigidez constitucional (já que não haveria sentido falar-se em referido controle caso a constituição pudesse ser alterada pela simples edição de uma lei infraconstitucional);

A supremacia jurídica da constituição (necessidade de hierarquização entre normas constitucionais e infraconstitucionais, adequando-se estas àquelas);

A atribuição de competência a um ou mais órgãos para realizar a análise da constitucionalidade das leis e demais atos normativos em face dos preceitos constitucionais (para alguns doutrinadores).

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Objeto Leis ou atos normativos federais, estaduais, distritais e

municipais Em sentido amplo, lei é todo preceito escrito, emanado do poder

competente de cada uma das pessoas políticas, dotado de imperatividade e coerção estatal, e que, para fins de controle de constitucionalidade, deve ter por características a abstração, a generalidade e a autonomia.

São leis, para fins de controle de constitucionalidade, as diversas espécies normativas explicitadas no art. 59 da Constituição (emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções).

Atos normativos são todos os demais atos editados pelo Poder Púbico, revestidos de indiscutível conteúdo normativo (dotados de abstração, generalidade e autonomia). Ex.: regimentos internos dos Tribunais, os quais tem fundamento no próprio texto constitucional (art. 96, I, a, da CF).

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Normas não sujeitas ao controle de constitucionalidade Normas constitucionais editadas pelo constituinte

originário. O STF afasta a possibilidade de controle de constitucionalidade de normas constitucionais instituídas pelo constituinte originário, repelindo, assim, a denominada “teoria das normas constitucionais inconstitucionais”.

Normas infraconstitucionais anteriores à Constituição. Estas são automaticamente pela norma ordem jurídica estabelecida, ocorrendo a denominada não recepção das normas infraconstitucionais incompatíveis com o novo texto constitucional.

Normas secundárias. São subordinadas a outras normas infraconstitucionais, e se ferirem a Constituição, o farão de forma reflexa, e não direta (aqui é o caso de ilegalidade, e não de inconstitucionalidade).

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Normas não sujeitas ao controle de constitucionalidade (cont.) Súmulas dos tribunais. Editadas para fins de uniformização

de jurisprudência, referidas súmulas não são dotadas de imperatividade, já que podem deixar de ser observadas pelos juízes de instâncias inferiores nos casos que lhe são submetidos a julgamento (não têm, portanto, força normativa).

Atos estatais não revestidos de abstração e generalidade. É o caso, por exemplo, dos diversos atos normativos de efeitos concretos e individuais, que devem ser impugnados, conforme o caso, por ação popular ou mandado de segurança.

Normas revogadas. O Poder Judiciário somente exerce a prestação jurisdicional quando houver efetivo interesse jurídico, não podendo funcionar como mero órgão de consulta histórica.

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Parâmetro de controle de constitucionalidade Também conhecido como paradigma ou bloco de

constitucionalidade, refere-se à norma ou ao conjunto de normas constitucionais que são utilizados como referência para a análise da adequação de algum diploma normativo aos preceitos constitucionais. Trata-se, em outras palavras, da norma ou grupo de normas da constituição que se dizem violadas.

No caso da Constituição brasileira, podem ser utilizados como parâmetro de constitucionalidade todos os princípios e regras inseridos no texto constitucional, mesmo que implícitos, porém inequivocamente decorrentes das normas existentes na Carta Magna.

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Parâmetro de controle de constitucionalidade (cont.) Estão nessa categoria todas as normas da parte

dogmática (art. 1º ao art. 250) e das disposições constitucionais transitórias (ADCT, art. 1º ao art. 95). Também poderão ser utilizados como paradigma os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, desde que editados nos termos do art. 5º, § 3º, da Constituição.

O preâmbulo da Constituição não poderá ser utilizado como paradigma de constitucionalidade, por não ter força normativa.

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Formas de inconstitucionalidadeUma lei (ou ato normativo) será

considerado inconstitucional quando afrontar a Constituição. Essa afronta poderá ser:

Por ação Inconstitucionalidade formal

Inconstitucionalidade material

Por omissão

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Inconstitucionalidade por ação versus inconstitucionalidade por omissão Inconstitucionalidade por ação: é a

decorrente da ação do Estado, que edita uma lei ou ato normativo de alguma maneira (material ou formalmente) incompatível com os preceitos albergados pela Constituição.

Inconstitucionalidade por omissão: é o decorrente de omissão do Estado, que deixa de editar leis ou atos normativos indispensáveis à aplicabilidade de normas constitucionais de eficácia limitada.

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Inconstitucionalidade formal versus inconstitucionalidade material Inconstitucionalidade formal: a lei (ou ato normativo) apresenta

vício no processo legislativo de sua elaboração, afrontando as regras procedimentais fixadas pela constituição para a edição das diversas espécies normativas. O vício formal é classificado em: Subjetivo: quando for de iniciativa, como, por exemplo, no caso

de violação de iniciativa privativa do Presidente da República (art. 61, § 1º, CF);

Objetivo: quando ocorrido em outras fases do processo legislativo, que não a de iniciativa. Por exemplo, se matéria reservada a lei complementar (para a qual se exige quorum de maioria absoluta, nos termos do art. 69, CF) é votada pelo quorum de maioria relativa.

Inconstitucionalidade material: o conteúdo da lei (ou ato normativo) afronta princípios e regras constitucionais. Por exemplo: lei que impedisse as mulheres de exercer a advocacia, afrontando o princípio constitucional da isonomia.

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Momentos de controle

Prévio ou preventivo

Posterior ou repressivo

Realizado sobre o projeto de lei, durante o processo legislativo de formação da norma.

Realizado sobre a lei, já em vigor.

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Órgãos de controle

Político Realizado por órgão distinto do Poder Judiciário.

Jurisdicional (ou judicial)

Realizado pelo Poder Judiciário.

Misto Realizado, concomitantemente, pelo Judiciário e outros Poderes.

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Modalidades de controle quanto à via utilizadaDifuso ou aberto (ou por via de exceção ou defesa, incidental, em concreto)

Criado pelos norte-americanos;

Realizado por qualquer juízo ou tribunal (desde que competente para o caso, conforme as regras do processo civil);

A análise da constitucionalidade do dispositivo não é o objeto principal da ação (integrando a causa de pedir, não o pedido), sendo apreciado apenas em caráter incidental (a declaração de inconstitucionalidade está na fundamentação da sentença, não no dispositivo).

Concentrado (ou por via de ação direta, principal, em abstrato)

Criado pela Constituição austríaca;

Realizado pela Corte Suprema de um país;

Tem por objeto a obtenção da declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, em tese, independentemente da existência de casos concretos em que a constitucionalidade esteja sendo discutida.

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Controle de constitucionalidade político no Brasil

Executivo

Preventivo

Através do veto jurídico (art. 66, § 1º, CF).

Repressivo

Somente o Chefe do Executivo, quando se deparar com a lei manifestamente inconstitucional.

Legislativo

Preventivo

Através das Comissões de Constituição e Justiça, ou do plenário de ambas as Casas, antes de o projeto ser votado.

Repressivo

Atos do Executivo que exorbitem seu poder normativo ou delegação legislativa e análise de medidas provisórias.

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Controle de constitucionalidade judicial no Brasil

Judiciário

Preven-tivo

Em única hipótese de caso de impetração de mandado de segurança, por parlamentar, perante o Supremo Tribunal Federal, contra ato que tenha importado em ofensa às normas do processo legislativo.

Repres-sivo

Difuso ou aberto (ou por via de exceção ou defesa, incidental, em concreto): permite a qualquer juiz ou tribunal realizar, no julgamento de um caso concreto, a análise incidental da constitucionalidade de uma lei ou ato normativo.

Concentrado (ou por via de ação direta, principal, em abstrato): realizado pela Corte Suprema do país, e que tem por objeto a obtenção da declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, em tese, independentemente da existência de casos concretos em que a constitucionalidade esteja sendo discutida.


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