ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA
TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE
PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS
Alexandre de Souza (Jacto S.A.)
Wagner Luiz Lourenzani (UNESP)
Timóteo Ramos Queiroz (UNESP)
No Brasil os produtos agropecuários sempre tiveram grande impacto
na formação do produto interno bruto e com destaque para o superávit
da balança comercial. Historicamente, até o período da 2ª Guerra
Mundial, a estrutura agrária manteve-se embasada em grandes
latifúndios e também na monocultura (cana de açúcar, café) que eram
encontrados nas áreas litorâneas. No período pós-guerras, com a
revolução verde, houve necessidade de mais terras para o cultivo de
novos produtos, como a soja, e também para a expansão das pastagens
destinadas à produção pecuária. Além dessa expansão houve a busca
por maior produtividade. Para isso houve a necessidade de buscar
novas tecnologias resultando na criação máquinas e equipamentos que
dessem suporte à esta ampliação de volume e produtividade. Este
trabalho trata-se de um estudo de caso da Indústria de Máquinas
Agrícolas Jacto S/A em seu desenvolvimento de pulverizadores e
também de bicos, demonstrando como a inovação de máquinas evoluiu
em decorrência das ampliações e alterações de demandas.
Palavras-chaves: Agricultura, Tecnologia, Pulverizadores
XXX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Maturidade e desafios da Engenharia de Produção: competitividade das empresas, condições de trabalho, meio ambiente.
São Carlos, SP, Brasil, 12 a15 de outubro de 2010.
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1 – Introdução
No Brasil, desde sua descoberta em 1.500 até por volta de 1960, excetuando o ciclo do ouro e
das pedras preciosas, os produtos agropecuários tem sido importantes para a economia do país
tanto para consumo interno quanto para exportação. Inicialmente, os colonizadores se
preocuparam apenas com um sistema de produção agrícola que atendesse às necessidades
básicas da colônia que eram a produção de açúcar para a exportação e o plantio de alimentos
essenciais que atendesse as necessidades da população. Neste período os produtos que se
destacaram foram: a cana-de-açúcar, o couro, o fumo, o cacau, a borracha e o café
(RODRIGUES, 2002).
A estrutura agrária brasileira, em face da opção econômica de não industrialização e da
monocultura, era muito concentrada e se manteve sem alteração até o período entre a I e a II
Guerra Mundial, apesar da queda da oligarquia açucareira e ascensão da oligarquia cafeeira
(LOPES, 2006).
A partir de 1970, com o aumento da produção de soja, houve uma revolução no campo, pois
precisou fazer abertura de novas fronteiras agrícolas que antes eram realizadas pela criação de
bois. Novas fronteiras foram conquistadas no Centro-Oeste e Nordeste (Bahia e Maranhão), o
que propiciou aumento de áreas cultivadas que no período de 1997 a 2006, houve um
acréscimo de 30%, passando de 36,5 milhões de hectares, para 47,2 milhões de hectares e a
produtividade que era de 78,4 milhões de toneladas de grãos, passou a ser em torno de 120
milhões de toneladas no mesmo período, com um ganho de 52%. Esses aumentos qualitativos
e quantitativos de produção foram realizados por meio do uso de novas tecnologias e
competente gestão nas propriedades (CONAB, 2008).
Atualmente, os produtos agropecuários representam cerca de 30% do Produto Interno Bruto
(PIB) do país, respondendo por 35% das exportações com um saldo em torno de 57 milhões
na balança comercial (CONAB, 2008). O Brasil é o maior exportador no mundo de cana-de-
açúcar, citrus (principalmente suco) e café. A partir de 2003, carne bovina e a de frango
também aparecem como líderes. (NEVES, 2005)
Todo este desempenho, de acordo com Rodrigues (2002), é fruto de um processo de
modernização, iniciado na segunda metade do século passado. Atualmente, a agricultura é
realizada com muita pesquisa e uso intensivo de tecnologias mais modernas, incluindo
satélites e informática, visando à melhoria da competitividade que estão submetidos no setor.
Pacotes tecnológicos avançados têm sido disponibilizados para o processo produtivo e para a
administração dos negócios, como também o uso de novos insumos químicos e orgânicos,
menos agressores ao meio ambiente e equipamentos eletrônicos.
Dentre os insumos químicos, existem os defensivos agrícolas, que tem por finalidade o
controle da população dos alvos biológicos que estejam causando danos ou concorrendo para
a redução da produtividade em áreas agrícolas. Mas, para que o resultado seja positivo, é
preciso o conhecimento e utilização dos parâmetros corretos de aplicação. Segundo Santos
(2002), sob o ponto de vista da tecnologia de aplicação, o bico e as pontas de pulverização são
componentes de grande influência no sucesso ou fracasso do resultado, quando se aplica
defensivos agrícolas.
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A utilização de agroquímicos é um fator importante na manutenção de altas produtividades
agrícolas. Entretanto, há grande preocupação com os efeitos da sua aplicação sobre o meio
ambiente, visto que a maioria deles caracteriza-se por ser poluidor ou contaminante
ambiental.
Neste contexto, busca-se analisar, sob a abordagem econômica e ambiental, a evolução da
tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários no Brasil.
Portanto, o objetivo geral deste trabalho de pesquisa é caracterizar a evolução tecnológica da
aplicação de produtos fitossanitários. Para alcançar o objetivo geral, alguns objetivos
específicos foram formulados para conhecer a evolução dessa tecnologia. São estes:
a) entender como é a aplicação de produtos fitossanitários;
b) conhecer quais os fatores que influenciam no desempenho desta operação;
c) conhecer a evolução da tecnologia de aplicação de produtos.
2- Metodologia
A metodologia utilizada para a elaboração da pesquisa foi a de métodos qualitativos, com
levantamento de dados por meio de uma pesquisa bibliográfica, coleta de dados secundários
em documentos, sites, revistas, publicações, teses, jornais, livros, monografias, entre outros.
Para Teixeira e Pacheco (2005) o método qualitativo não adota instrumental estatístico como
base do processo de análise de um problema para sua generalização, não pretende numerar ou
medir unidades ou categorias homogêneas.
Para Glazier (1992) apud Dias (2000) o método qualitativo não é um conjunto de
procedimentos que depende fortemente de análise estatística para suas inferências ou de
métodos quantitativos para a coleta de dados.
Quando o pesquisador desenvolve conceitos, idéias e entendimentos a partir de padrões
encontrados nos dados, ao invés de coletar dados para comprovar teorias, hipóteses e modelos
é característica da pesquisa qualitativa indutiva (RENEKER, 1993, apud DIAS, 2000).
Segundo Rodrigues (2007), o método qualitativo é descritivo porque as informações obtidas
não podem ser quantificáveis, os dados são analisados indutivamente e têm como base, a
interpretação dos fenômenos e uma atribuição de significados.
A pesquisa foi teórica ou bibliográfica, pois buscou explicar o problema a partir de referências
teóricas publicadas em documentos sobre a evolução da tecnologia de aplicação de produtos
fitossanitários e a evolução das pontas de pulverização.
Para Ribeiro e Sousa (2006), a pesquisa bibliográfica consiste no exame da literatura
científica, para levantamento e análise do que já se produziu sobre determinado tema.
A pesquisa bibliográfica recupera o conhecimento científico acumulado sobre um problema
(RODRIGUES, 2007). A pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes
formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno
(JUNG, 2003).
Para a consecução dos objetivos propostos foi realizado um estudo de caso sobre a evolução
da tecnologia de equipamentos para aplicação de defensivos agrícolas. Este estudo de caso
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abordou a experiência do desenvolvimento de tecnologias de aplicação da Indústria de
Máquinas Agrícolas Jacto S/A, localizada no município de Pompéia/SP.
De acordo com Cervo e Bervian (2003) o estudo de caso é a pesquisa sobre um determinado
indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativa do seu universo, para
examinar aspectos variados de sua vida. É um estudo exaustivo que investiga inúmeros
aspectos do objeto de estudo.
O estudo de caso é um processo específico para o desenvolvimento de uma investigação
qualitativa que procura descobrir o que a de mais essencial e característico na situação em
estudo (GONÇALVES, SÁ e CALDEIRA, 2005).
Para o desenvolvimento da pesquisa e alcance dos objetivos propostos, este trabalho foi
organizado em cinco capítulos. O primeiro deles introduz sobre a temática em discussão, bem
como a justificativa e os objetivos estabelecidos para o trabalho. A metodologia está
identificada e caracterizada no segundo capítulo. Na terceira parte do trabalho encontra-se a
fundamentação conceitual que norteou a pesquisa. No quarto capítulo foi realizada a análise
da evolução da tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários e, por fim, no quinto
capítulo, as considerações finais sobre a pesquisa.
3.2 - Inovações no Agronegócio
A inovação caracteriza-se como um tipo de mudança que introduz novas práticas na
organização, seja na produção ou na administração.
Para Schumpeter (1985), a inovação é um conjunto de funções evolutivas que alteram os métodos
de produção, criando diversas formas de organização do trabalho e, ao se produzir mercadorias
que não existiam, possibilita a abertura de outros mercados mediante a criação de diferentes usos
e consumos.
De acordo com Freeman (1994), inovação é o processo que abrange as atividades técnicas, a
concepção, o desenvolvimento e a gestão e resulta na comercialização de novos ou
melhorados produtos, ou na primeira utilização de novos ou melhorados processos.
A demanda crescente por produtos agrícolas, a incorporação de populações marginalizadas ao
mercado consumidor e a necessidade de técnicas agrícolas que agridam menos o meio
ambiente necessitam de implementação de inovações nos segmentos que compõem a cadeia
agroindustrial. (SANTINI et al., 2006)
Para Santini et. al (2006), as inovações podem ser do tipo radical ou incremental. As do tipo
radical não causam mudanças estruturais na economia, ocorrem de forma contínua, diferindo
na velocidade em que são adotadas. São notadas na melhoria de produtos, processos,
organizações e sistemas de produção que já existem. As do tipo radical implicam em
mudanças revolucionárias, diferenciadas, mudando completamente os produtos, processos ou
sistemas existentes.
A inovação depende da dimensão do mercado, pois envolve custos muito altos para pesquisa e
desenvolvimento (P&D), e somente os mais desenvolvidos têm condições para sustentar
(NANTES, 2009).
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3.3 - Tecnologias de aplicação de produtos fitossanitários
A utilização de agroquímicos é um fator importante na manutenção de altas produtividades
agrícolas e seu desenvolvimento e a aplicação vêm aumentando rapidamente em âmbito
mundial, desde meados da década de 1940. Entretanto, devem ser considerados os efeitos da
produção, formulação, transporte, manuseio, armazenamento e aplicação dos defensivos
agrícolas sobre o meio ambiente, visto serem a maioria deles poluidores ou contaminantes
ambientais.
O emprego de agroquímicos apresenta dois pontos cruciais para o ambiente: são biocidas e
alguns muitos persistentes, podendo ser transportados para outros locais por água e vento, por
exemplo, e também acumular em cadeias alimentares.
Segundo a Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), os produtos fitossanitários têm
a função de proteger as plantas do ataque de pragas, doenças e plantas daninhas, mas também
podem ser perigosas se forem utilizadas de forma incorreta (ANDEF, 2009).
Produtos fitossanitários, de acordo com a Lei 7.802/ 1.989, do MAPA, são os produtos e os
agentes do processo físico, químico ou biológico (...), cuja finalidade seja alterar a
composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos
considerados nocivos. A aplicação consiste na deposição de gotas sobre um alvo desejado,
com tamanho e densidade adequada ao objetivo proposto. (ANDEF, 2009)
Para Santos (2005) existe uma diferença entre pulverização e aplicação. A pulverização “é um
processo fisico-mecânico de transformação de uma substância sólida ou liquida em partículas
ou gotas ou mais uniformes e homogêneas possíveis”, enquanto a aplicação “consiste na
deposição em quantidade e qualidade do ingrediente ativo definido, representado pelo
diâmetro e densidade (número) de gotas sobre o alvo desejado”.
Para a aplicação desses produtos, é necessário ter uma tecnologia com conhecimentos
científicos. Para MATUO (2001) apud ANDEF (2009) entende-se como Tecnologia de
Aplicação de Produtos Fitossanitários, o emprego de todos os conhecimentos científicos que
proporcionem a correta colocação do produto biologicamente ativo no alvo, em quantidade
necessária, de forma econômica, com o mínimo de contaminação de outras áreas.
Ponta de pulverização é um componente do bico de pulverização e é responsável pela
formação das gotas. Conforme a Figura 1, o bico é composto por todo o conjunto com
estruturas de fixação na barra (corpo, peneira, ponta e capa). (ANDEF, 2009)
Fonte: ANDEF (2009)
Figura 1: Componentes do bico
Existem diferentes tipos de pontas de pulverização, classificados em função da energia
utilizada para a formação das gotas, que podem ter diferentes tamanhos:
a) Gotas grandes (> 400 µm): são menos arrastadas pela deriva e apresentam menores
problemas com a evaporação no trajeto da ponta ao alvo. Por outro lado, proporcionam menor
6
cobertura da superfície a ser tratada e concentração de gotas por cm², possuem baixa
capacidade de penetração na cultura e elevam a possibilidade de escorrimento do produto nas
folhas (Figura 2).
Fonte: ANDEF (2009)
Figura 2: Gotas grandes
b) Gotas médias (200-400 µm): possuem características intermediárias entre as grandes e as
pequenas. Se não houver qualquer indicação na bula do produto fitossanitário, deve-se utilizar
gotas de tamanho médio, com o objetivo de reduzir a probabilidade de erros na aplicação
(Figura 3).
Fonte: ANDEF (2009)
Figura 3: Gotas médias e pequenas
c) Gotas pequenas (<200 µm): são mais arrastadas pela deriva e apresentam grandes
problemas com evaporação durante a aplicação. Porém, proporcionam cobertura do alvo e
quantidade de gotas por cm² normalmente altas (sob condições climáticas adequadas),
possuem também alta capacidade de penetração na cultura e reduzem a possibilidade de
escorrimento do produto nas folhas (Figura 4).
Fonte: ANDEF (2009)
Figuras 4: Gotas muito pequenas
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4 - Análises da evolução tecnológica da aplicação de produtos fitossanitários
Esse tópico do trabalho trata-se de um estudo de caso, que foi realizado por meio de dados
secundários (documentos, site) para caracterizar a evolução de equipamentos tecnológicos
para aplicação de produtos fitossanitários desenvolvidos pela Indústria Máquinas Agrícolas
Jacto S/A.
4.1 – Histórico da Indústria de Maquinas Agrícolas Jacto S/A
A Indústria Máquinas Agrícolas Jacto S/A é uma empresa familiar de capital nacional situada
na cidade de Pompéia, Estado de São Paulo que teve início em 1948, com produção de uma
polvilhadeira para pulverização na lavoura. Até então, as polvilhadeiras existentes no país
eram importadas. Este equipamento tinha um formato diferenciado e se fixava nas costas do
trabalhador, inovando no mecanismo de distribuir o pó com duplo movimento: para cima e
para baixo. Naquela época, a empresa se constituía em uma oficina onde se consertava de
tudo.
Com a produção em série das povilhadeiras, em 1949, foi registrada a Indústria Máquinas
Agrícolas Jacto. Desde então, a empresa se diversificou e produz diversos tipos de
equipamentos para pulverização.
A partir de 1979, passou a produzir colhedora de café e em 2008 lançou a primeira colhedora
de laranjas no Brasil.
A escolha desta empresa para objeto de estudo deveu-se ao fato de ter em seu quadro de
funcionários, um grupo que se dedica à pesquisa e desenvolvimento (P&D) de produtos
adequados à necessidade do mercado e também de fácil acesso a informações.
4.2 – Evoluções dos equipamentos para aplicação de produtos fitossanitários
De acordo com a pesquisa realizada, a evolução dos equipamentos para aplicação de produtos
fitossanitários na Indústria Máquinas Agrícolas Jacto S/A se apresentou da seguinte forma:
Categoria 1: polvilhadeira costal
O primeiro equipamento construído pela Jacto foi o PJC em 1948. É um aplicador de
defensivos na formulação pó, visando minimizar a dificuldade de se aplicar produtos dessa
natureza, sem alto grau de contaminação ambiental, animal e humana. Foi 1ª polvilhadeira
com tecnologia nacional, baseada num modelo americano. A polvilhadeira é um equipamento
capaz de gerar gotas em função de uma determinada pressão exercida sobre a calda (Jacto,
2008).
Constitui-se de uma máquina ágil (Figura 5), com inovador formato, sistema de fixação nas
costas, bem como no próprio mecanismo de distribuição, de ciclo duplo, com maior ganho
operacional (maior rapidez na aplicação) e maior segurança ao operador.
Segundo informações pesquisadas sabe-se que as primeiras máquinas apresentaram defeitos e
tiveram que ser substituídas. Além disso, este equipamento formava uma „nuvem de veneno‟,
condição inadmissível nos dias atuais. O nome Jacto surgiu dessa imagem, pois formava um
“rastro” similar aos deixados pelos aviões à jato.
8
Fonte: Indústria Máquinas Agrícolas Jacto S/A (2009)
Figura 5: Polvilhadeira costal PJC
Categoria 2: pulverizador costal manual
A Polvilhadeira PJC após algum tempo tornou-se um equipamento que necessitava de
melhorias e em 1959 surgiu a PJH que é uma máquina que existe até hoje; depois vieram o
PJ16, X15, HD20 e o modelo SP em 2009. Está reformulação foi necessária por que houve
mudança significativa na formulação dos defensivos, migrando dos pós molháveis para as
soluções concentradas e concentrados emulsionáveis, havia necessidade de mudança da
máquina também; assim surgiu os pulverizadores costais.
O primeiro equipamento PJH era feito em latão (Figura 6), mas em 1964 houve uma
revolução no conceito de produção da Jacto, com a importação de uma sopradora de plástico
alemã, marca Kautex, em 1966, o que deu início da „era do plástico‟ na Jacto. Todos os
demais modelos desde então foram produzidos em polietileno, com melhorias significativas
de mecanismos de aplicação e ergonomia (Figura 7).
Fonte: Indústria Máquinas Agrícolas Jacto S/A (2009)
Figura 6: Pulverizador costal PJH latão
9
Fonte: Indústria Máquinas Agrícolas Jacto S/A (2009)
Figura 7: Pulverizador costal PJH polietileno
Categoria 3: pulverizador para culturas diversas, tracionados por animal e trator
Dando continuidade a evolução destes equipamentos, em 1972, com o advento da ferrugem
do café, houve a necessidade de se ampliar a capacidade de controle dessa doença. Por isso
foi produzido um pulverizador de tração animal, com motor traseiro, destinadas a obter maior
rendimento operacional para o controle da broca do café, lagarta do algodão, ferrugem do
café, que eram os principais problemas da época. Este lançamento possibilitou um grande
ganho operacional, se comparado ao trabalho somente humano. Para a operação da maquina
tracionada por animal, era necessário um animal dócil para o trabalho no campo, problema
superado rapidamente.
Categoria 4: pulverizador para culturas arbóreas de grande alcance e qualidade de
aplicação
Considerando os avanços dos equipamentos, foram projetados pulverizadores destinados à
pulverização de culturas de grande porte em grandes áreas, que na época estavam em
expansão.
Com o advento destes equipamentos, houve maiores ganhos relacionados ao rendimento
operacional, pois a ocorrência de pragas e doenças nas grandes áreas exige rapidez e
eficiência de controle. Foram disponibilizados comandos de pulverização com alavancas e a
cabo (para maior praticidade e acionamento do trator), tanques em fibra (que possibilitava
reforma dos tanques na propriedade mesmo, caso tivessem alguma avaria), sensor de plantas
(com a pulverização se dando somente onde existia a planta);
Novas tecnologias sempre causam certo impacto, mas essas foram bem assimiladas pelos
produtores. Os tanques de fibra, apesar de possibilitarem a fabricação de máquinas mais
compactas e a facilidade de reforma, apresentavam dificuldade de limpeza interna, devido a
ranhuras. Foram disponibilizados também os tanques plásticos para esses modelos (Figura 8).
10
Fonte: Indústria Máquinas Agrícolas Jacto S/A (2009)
Figura 8: Pulverizador para culturas arbórea de grande alcance
Categoria 5: pulverizador para culturas perenes de grande alcance, qualidade de
aplicação e maior autonomia
Atendendo à necessidade de grandes produtores rurais, a empresa produziu os equipamentos
que garantem maior autonomia nas pulverizações. São equipamentos que possuem tanques
plásticos de 4000 litros, sensores de plantas, comando a cabo e alto rendimento operacional
(Figura 9). Porém, foram registrados problemas referentes à resistência dos tanques e
adequação a algumas áreas de espaçamento muito estreito ou sem condução com podas.
Fonte: Indústria Máquinas Agrícolas Jacto S/A (2009)
Figura9: Pulverizador para culturas perenes de grande porte
Categoria 6: pulverizador para culturas perenes, com aplicação bilateral e tecnologia
‘multisprayer’.
Melhorando cada vez mais a tecnologia, foi desenvolvido um novo sistema composto por
módulo-ventiladores independentes, que garantem uma aplicação convergente, com menor
volume de calda, maior velocidade de aplicação e melhor deposição em todas as partes da
11
planta (independente do estágio de desenvolvimento e grau de enfolhamento da cultura).
Existem duas configurações no equipamento, com 6 e 8 ventiladores (Figura 10).
Este sistema multisprayer pode ser considerado, na sua totalidade, um grande avanço para o
segmento de culturas perenes, mas é importante ressaltar o ineditismo do uso do controlador
eletro-eletrônico nesse segmento de produtos.
Toda mudança de conceito gera certo desconforto e a busca nesse momento é pela aceitação
da tecnologia através de amplo trabalho de campo e apresentação dos ganhos proporcionais à
tecnologia existente. Trabalhos preliminares mostram consideráveis ganhos de rendimento
operacional e agronômico, com excelente sanidade e qualidade dos frutos.
Fonte: Indústria Máquinas Agrícolas Jacto S/A (2009)
Figura 10: Pulverizador Multisprayer 8 ventiladores
4.3 – Caracterização e classificação das inovações nos equipamentos para aplicação de
produtos fitossanitários
Para proporcionar uma síntese e melhor caracterização das inovações nos equipamentos de
produtos fitossanitários foi confeccionado o Quadro 1. A intenção foi evidenciar
historicamente as evoluções, prováveis motivadores e conseqüências.
Categoria
(Ano)
Perfil da
inovação Principais inovações
Motivadores da
inovação Impactos trazidos
1) polvilhadeira costal
(1948) Incremental
Melhor ergonomia,
praticidade e economia.
Redução da
contaminação dos
operadores
Maior mobilidade do
operador e maior
rendimento
2) pulverizador costal
manual
(1959 e 1966)
Radical Confecção em polietileno
(“era do plástico”)
Defensivos líquidos
ou emulsionáveis
Aplicação de defensivos
líquidos e o polietileno
entra no processo
produtivo
3) pulverizador,
tracionados por
animal e trator (1972)
Radical
Tração animal, ou moto-
mecanizado, aumento
maciço de volume
Ampliação de volume
de produção e área
Grande aumento de
rendimento e volume de
pulverização
4) pulverizador para
culturas arbóreas de
grande alcance
Incremental Pulverização em maiores
alturas e alcance
Aplicação em culturas
arbóreas
Alcance dos jatos e
ampliação de volume de
defensivos
12
(década de 1980)
5) pulverizador para
culturas perenes de
grande alcance
(década de 1990)
Incremental Sensores de plantas e cabos
de comandos
Demandas das
culturas perenes
Maior alcance dos jatos e
uso em culturas de grande
adensamento
6) pulverizador para
culturas perenes, com
aplicação bilateral e
tecnologia
„multisprayer‟
(anos 2000)
Radical Aplicação bilateral e a
tecnologia „multisprayer‟
Necessidade de maior
rendimento e
economia de
defensivos
Aplicação bilateral com
direcionamento mais
eficiente de jatos
Fonte: Elaborado pelos autores.
Quadro 1 – Caracterização e classificação das inovações nos equipamentos para aplicação de produtos
fitossanitários da Indústria Máquinas Agrícolas Jacto S/A
4 – Considerações Finais
Apesar de ser muito importante no sistema atual de produção agrícola, a aplicação de
fitossanitários tem sido uma preocupação crescente dos diversos estamentos da sociedade, por
causa de riscos potenciais ao meio ambiente e ao homem.
Têm sido constantes as exigências para que o produtor rural utilize de forma correta e
criteriosa os fitossanitários. Para que isso ocorra, é preciso que o produtor esteja bem
informado sobre tecnologia de aplicação, pois, muitas vezes, estes são eficazes, porém não
são eficientes, porque não foi utilizado a melhor técnica ou equipamento.
Tem-se, como resultados concretos de inovação nas últimas décadas, a significativa redução
de doses no uso dos produtos fitossanitários, tais como fungicidas, herbicidas e inseticidas.
Quanto à toxidade, os avanços da pesquisa também são expressivos. Tais avanços são mais
positivos quando o uso destes produtos se alia ao Programa de Manejo Integrado de Pragas e
Doenças, bem como de outras técnicas, tais como a agricultura de precisão e o plantio direto.
Verificou-se, nesta pesquisa, que são vários os tipos de pulverizadores hidráulicos existentes.
Estes vão desde os mais simples, utilizados em pequenas áreas, até os mais sofisticados, com
os pulverizadores de barra autopropelidos. Nesses equipamentos, os bicos de pulverização
representam um componente fundamental, pois influenciam diretamente na segurança e
qualidade da aplicação. A manutenção, conservação, controle de tamanho, deriva e deposição
das gotas geradas pelos bicos são fatores essenciais para se obter sucesso na aplicação e
causar danos mínimos ao ambiente e ao homem, na aplicação de qualquer defensivo agrícola.
Sugerem-se critérios que possam condicionar o desenvolvimento tecnológico de máquinas e
equipamentos utilizados na aplicação de produtos fitossanitários:
- Equipamentos que ofereçam maior eficiência contra os principais alvos que afetam a saúde,
sanidade e a produtividade das lavouras;
-Tecnologias que possibilitem a utilização de produtos em doses tão baixas quanto possível,
com reduzida ou nenhuma toxidade, de modo a reduzir os riscos de exposição para o homem
e para os animais silvestres e domésticos;
-Tecnologia que colabore com o baixo impacto ambiental; e,
- Máquinas e equipamentos com custos cada vez mais reduzidos ao produtor.
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