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ANÁLISE DA CRÔNICA “ANTIGAMENTE”, DE CARLOS
DRUMMOND DE ANDRADE, SOB O ASPECTO DA
SOCIOLINGUÍSTICA E ANÁLISE DO DISCURSO: VARIAÇÃO E
FUNCIONAMENTO
Safira Ravenne da Cunha Rêgo (PPGL-UFPI)1
Ana Maria Alves de Brito (PPGL-UFPI)2
Catarina de Sena Sirqueira Mendes da Costa (UFPI) 3
RESUMO: Este artigo pretende analisar a variação social da língua a partir da crônica “Antigamente”, de
Carlos Drummond de Andrade, e como ela reflete as características da mudança histórica advindas da
sociedade e de seus acontecimentos, sob um enfoque da Sociolinguística, conforme Preti (2003), ao
afirmar que “A língua funciona como um elemento de interação entre o indivíduo e a sociedade em que
ele atua” e da Análise do Discurso, de acordo com Pêcheux (1997), em que há o “caráter material do
sentido das palavras e dos enunciados”. Nesse pensar, é compreensível entender que a língua passa por
modificações no decorrer do tempo e que, mutuamente, corresponde aos anseios de mudança de uma
sociedade, sem deixar de ressaltar a importância da ideologia no processo de formação do sujeito e suas
particularidades, bem como o caráter discursivo da língua no que se refere a uma dada formação social.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa baseada em análise bibliográfica da crônica e de aspectos
norteadores ao entendimento da língua enquanto variável e em constante mutação. Orlandi (2012) já
menciona que “o texto é a unidade de análise”. Tal trabalho, logo, resultou no entendimento de que a
variação dos discursos e suas transformações ao longo do tempo merece importância, ao tornar mais ricos
e sólidos os processos comunicativos entre sujeitos linguísticos.
PALAVRAS CHAVE: Sociolinguística; Discurso; Variação.
ABSTRACT: This article analyzes the social change in language from the chronic "Before" by Carlos
Drummond de Andrade, and how it reflects the historical change of the characteristics arising from the
society and its events, from a perspective of sociolinguistics, as Preti (2003), stating that "The language
functions as an element of interaction between the individual and the society in which it acts" and of
discourse analysis, according to Pêcheux (1997), where there is the "character material sense words and
statements'. In this thinking, it is understandable that understand the language undergoes changes over
time and that mutually corresponds to changing desires of a society, while emphasizing the importance of
1 Graduada em Letras - Português (UFPI). Especialista em Docência do Ensino Superior pelo Instituto
Superior de Educação Programus. Mestranda em Letras – Estudos da Linguagem (UFPI). 2 Graduada em Letras - Português (UESPI). Especialista em Linguistica Aplicada à Educação (UESPI).
Especialista em Literatura Brasileira (UESPI). Especialista em Docência do Ensino Superior (FAP).
Mestranda em Letras – Estudos da Linguagem (UFPI). 3 Professora adjunta IV do Departamento de Letras e do Mestrado em Letras – Estudos da Linguagem da
Universidade Federal do Piauí-UFPI. Mestre em Linguística (UFSC). Doutora em Linguística
(UNICAMP).
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ideology in the process of formation of the subject and its particularities, and the character of the
language discourse with respect to a given social formation. This is a qualitative research based on
literature review of chronic and guiding aspects to the understanding of language as variable and
constantly changing. Orlandi (2012) already mentions that "the text is the unit of analysis." This work
thus resulted in the understanding that the variation of the discourse and its changes over time deserve
importance, to make it rich and solid communications processes between linguistic subjects.
KEYWORDS: Sociolinguistics; Speech; Variation.
1 Introdução
A linguagem falada não é um elemento fixo e imutável. Ao contrário, reflete
mudanças do meio e vem se transformando através dos tempos e – o mais notável –
pode mudar, dentro de uma mesma época, de acordo com as circunstâncias sociais.
A Sociolinguística, como uma ciência autônoma e interdisciplinar, teve início
em meados do século XX, embora haja vários linguistas que, muito antes dos anos de
1960, já desenvolvessem em seus trabalhos e teorias de natureza claramente
sociológica, como é o caso de Millet (1866- 1936), Bakhtin (1895-1975) e membros do
Círculo Linguístico de Praga.
Pretende- se, com o enfoque da Sociolinguística e da Análise do Discurso,
analisar a crônica “Antigamente”, de Carlos Drummond de Andrade, enfatizando a
variação, sob a vertente social e histórica, observadas as mudanças que estão
relacionadas à língua e às modificações por que passa no decorrer do tempo. Deseja-se,
ainda, ir mais além ao mostrar um olhar simbólico no que tange ao Discurso e suas
manifestações na sociedade, bem como ao que se refere ao aspecto literário, que
envolve o título da crônica e as palavras e seus diversos sentidos.
Carlos Drummond de Andrade, poeta Modernista que viveu no século XX
(1902-1987), em sua crônica, Antigamente, publicada na obra “Quadrante” (1962),
utiliza-se de várias palavras utilizadas pelos falantes daquele momento, sendo possível,
hoje, perceber as diferentes transformações sofridas pela língua e como elas refletem o
comportamento e os hábitos em comunidade linguística.
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São notáveis as transformações, visto que já não se fala da mesma forma que os
avós ou até mesmo os pais, para tanto são evidenciadas as palavras e expressões
correspondentes na atualidade. Aplica-se, hoje, em discursos diários, uma linguagem
mais despojada e apta à compreensão dos grupos vigentes. Tende-se, logo, a ignorar,
por exemplo, quando alguém fala “caché” e outras palavras ou expressões em desuso
por não se adequarem mais à tendência da língua atual.
Na crônica Antigamente, o autor retoma de maneira reflexiva e saudosista uma
descrição sociológica do aspecto da variação linguística em seu contexto histórico,
fazendo uma abordagem de maneira despretensiosa da linguagem que já não se usa
mais, enfocando as mudanças nas escolhas linguísticas que os grupos sociais fazem pelo
uso da linguagem no decorrer do tempo.
2 O texto, o discurso e a variação como entendimento de expressões e suas
variações com o passar dos tempos
Sendo o texto a unidade propícia à análise e a discussões, convém ressaltar a sua
importância no intuito de que o leitor aí pode encontrar sentidos, coerência e
pertinência, não se limitando à simples decodificação de palavras nem tampouco à mera
decifração de significados, mas à compreensão, à interpretação.
É nesse sentido que se deve considerar a língua como uma unidade aberta, efeito
de sentidos entre locutores, conforme Orlandi (2012, p. 64), um “objeto simbólico”,
disponível a diferentes formas de leitura.
O que proponho pensar é que, na textualização do discurso, há uma
distância não preenchida, há uma incompletude que marca uma
abertura do texto em relação à discursividade. A multiplicidades de
leituras, vista a partir dessa relação “imperfeita” do texto com a
discursividade, deixa de ser algo psicológico, da vontade do sujeito,e
passa a ter uma materialidade: a textualidade , enquanto matéria
discursiva, dá ensejo a várias possibilidades de leituras.
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Por isso, é necessário se salientar a relação existente entre o discurso e o
ambiente aberto e propício a mudanças, e uma dessas mudanças se refere às diferenças
pertinentes à faixa etária, aos grupos sociais e até mesmo ao tempo.
O fato de as línguas passarem por mudanças no tempo é algo que pode
ser percebido de mais de uma forma. Uma delas é o contato com
pessoas de outras faixas etárias. Quanto maior a diferença de idade
maior a probabilidade de encontrarmos diferenças na forma de falar de
duas pessoas. Ambos poderão perceber diferenças, por pequenas que
sejamde vocabulário, construções diferentes, pronúncia diferente de
certas palavras ou de certos sons. (FIORIN, 2012, p. 140).
A necessidade teórica de se manifestar a língua não como algo transparente, mas
opaco, passível de se materializar, é tarefa de estudos aprofundados relacionados ao
entendimento de seu sentido, ou seja, o aspecto semântico, que comporte, em sua
discursividade, os termos linguagem, história, política, ideologia, dentre outros.
É por isso que a língua se constrói como algo mutável no tempo, porque a sua
natureza está intimamente ligada ao uso que os indivíduos fazem dela em sociedade, dos
contatos com os indivíduos entre si e sua necessidade de interação, ao passo que não
supre, outras palavras e expressões vão surgindo para condizer com a realidade
presente.
A Análise do Discurso é a disciplina que vem ocupar o lugar dessa
necessidade teórica, trabalhando a opacidade do texto e vendo nesta
opacidade a presença do político, do simbólico, do ideológico, o
próprio fato do funcionamento da linguagem: a inscrição da língua na
história, para que ela signifique. (ORLANDI, 2012, p. 21)
Considerando a interpretação como objeto de reflexão, faz-se mister enfatizar
que a inscrição da língua na história é o ponto determinante para que ela tenha, de fato,
significado, deixando de ser um simples produto do acaso e passando a corresponder a
um funcionamento.
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A ideia de funcionamento supõe a relação estrutura/acontecimento (in
Pêcheux, 1988), articulação do que é da ordem da língua e do que
deriva de sua historicidade, relação entre o que, em linguagem, é
considerado estável com o que é sujeito a equívoco.
Michel Pêcheux, filósofo e estudioso da Análise do Discurso de orientação
francesa, propôs um estudo da linguagem por meio dos estudos dos entremeios,
alojando os princípios teóricos por ele mesmo estabelecidos em regiões que podem
parecer contraditórias, fazendo trabalhar a desconstrução e a construção em busca de
uma compreensão incessante de seu objeto teórico.
Pêcheux propõe o estudo da língua considerando a estrutura e o acontecimento,
perfazendo um percurso de análise dos acontecimentos tidos como positivos, numa
abordagem positiva, a fim de que se atribua sentido aos fatos, bem como às
diversasformas de manifestação sociolinguísticas neles ocorridos.
Orlandi (2011, p 125), representante de Michel Pêcheux aqui no Brasil, trata do
funcionamento ao ressaltar que “em um discurso não só se representam os
interlocutores, mas também a relação que eles mantêm com a formação ideológica”.
Trata-se, assim, de inserir valores e conceitos no processo de interpretação.
Ao discutir essa interpretação e o acontecimento, Michel Pêcheux evidencia a
relação do meio histórico com o linguístico, e a importância do sujeito do enunciado.
Orlandi (2011, p 52) enfatiza que “um tipo de discurso resulta do funcionamento
discursivo, a atividade estruturante de um discurso determinado “, numa analogia à
existência de interlocutores , falantes e finalidades específicas . Não obstante, é
relevante o papel da interação na construção do sentido discursivo, uma vez que não se
pode desconsiderar a reciprocidade dentro do processo de comunicação.
“configuração”:
Consideramos [...] que a atividade de dizer é tipificante: todo falante
quando diz algo a alguém estabelece uma configuração para seu
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discurso. Não há discurso sem configuração como não há fala sem
estilo. Da perspectiva da atividade, não se trata de um modelo que o
falante preenche ,mas sim de uma configuração que ele estabelece:
não é um dado anterior, é o que se define na própria
interação.(ORLANDI, 2011, p. 153)
Pensando-se, pois, na ideia da interação, pode-se relacionar a Análise Discursiva
e a Sociolinguística num casamento entre o estudo dos sentidos do texto e as suas
diversas formas de manifestação e transformação, na sociedade, em suas influências
históricas, sociais e regionais.
Ademais, Jean-Jacques Courtine, ao tratar das “Condições de Produção”,
reconhece que as origens dessa noção são de três ordens: primeiramente, a análise do
conteúdo; depois, a sociolingüística e, por último, a referência a uma origem implícita.
Quando se refere, pois, à sociolinguística como imprescindível à formação desse termo,
Courtine, segundo LOPES (2009, p. 51), trata de uma
Origem indireta, pois visa a colocar em evidência o caráter sistemático
da covariância de estruturas linguísticas e sociais e, eventualmente, a
estabelecer uma relação de causa e efeito, admitindo como variáveis
sociológicas o estado social do emissor, o estado social do
destinatário, as condições sociais da situação de comunicação e os
objetivos do pesquisador.
Não se pode, dessa forma, referir os aspectos linguísticos sem interligá-los aos
sócio-históricos, e sem relacionar o dizer aos seus elementos exteriores, afinal, as
condições de produção, na acepção de Orlandi (2006), compreendem o sentido estrito: o
aqui e o agora do dizer, e o sentido lato: o contexto sócio-histórico, ideológico.
Considerar a variação da língua sem tratar das condições de produção torna
inviável a análise em termos de fundamentação discursiva, uma vez que eles são
relevantes no sentido das abordagens histórica e social, em face de sua explícita relação
com o contexto.
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3 Variação: uma abordagem histórica e social da língua
Associando, pois, a Análise Discursiva à Sociolinguística, é possível perceber
que há uma fusão da língua enquanto algo concreto que se realiza e seu uso no discurso.
As escolhas que fazemos num dado momento, o encaixamento no contexto social e em
sua história.
A língua é considerada propriedade de uma comunidade, porém os indivíduos,
ao se apoderarem dela, estabelecem um contrato que lhes permite entender ela deve ser
organizada para seu uso. As mutações são regimentadas por regras mútuas estabelecidas
à medida que os falantes sentem necessidade de utilizá-las. Isso é percebido no decorrer
do tempo quando essa língua vai sendo transformada e ficando perceptível na memória
escrita e oral.
O caráter social de uma língua já parece ter sido fartamente
demonstrado. Entendida como um sistema de signos convencionais
que faculta aos membros de uma comunidade a possibilidade de
comunicação, acredita-se, hoje, que seu papel seja cada vez mais
importante nas relações humanas, razão pela qual seu estudo já
envolve modernos processos científicos de pesquisa, interligados às
mais novas ciências e técnicas como, por exemplo, a própria
cibernética. (PRETI, 2003, p. 11)
De cunho social, a língua se convenciona naturalmente, sendo os usuários
submetidos às suas regras, a fim de se envolverem nas situações de comunicação e
interação com outros indivíduos. Tal aspecto da língua faz os indivíduos repensarem sua
constituição e os processos nos quais estão envolvidos, firmando-se, assim, a
comunicação como algo científico.
A língua funciona como um elemento de interação entre o indivíduo e
a sociedade em que ele atua. É através dela que a realidade se
transforma em signos, pela associação de significantes sonoros a
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significados arbitrários, com os quais se processa a comunicação
linguística. (PRETI, 2003, p 12)
Pensar na língua é pensar também na comunicação humana, na interação e nos
propósitos pelos quais nos os sujeitos se apropriam para a transmissão de seus
discursos. Pela língua, em qualquer de seus aspectos, não somente como fala, mas como
um todo, signos e sons, o falante se constitui enquanto sociedade. “A literatura
acompanha os padrões estéticos da linguagem, vigentes nas várias épocas. A sua
tendência será aproximar-se ou afastar-se da fala, adquirindo feição purista ou popular.”
(PRETI, 2003, p 30)
Embora veja a linguagem em um aspecto configurado, a literatura não deixa de
observar como ela é utilizada para compreender o mundo. Apesar de usá-la como termo
alegórico é na literatura e pala literatura que se pode avaliar como a língua valoriza uma
cultura e como é por ela valorizada, conseguindo-se, inclusive, distinguir seu uso ao
longo de várias épocas “A rigor, pode-se dizer que as grandes conquistas modernas, no
plano literário, têm procurado aproximar a língua literária da língua falada, no sentido
de descobrir-lhe valores expressivos e originais.” (PRETI, 2003, p 30)
A língua literária, na sua essência, procura a aproximar-se da realidade, daquilo
que é compreensivo por todos, ao contrário se trataria apenas da língua, excluindo-se o
literário. É por isso que no trabalho de compreensão de sentidos e entendimento da
variação, busca-se a fala em sua realidade, uma vez que o contexto e sua variação é que
possibilita essa formação discursiva.
4 Análise da crônica “antigamente”: uma interface variacionista do discurso como
acontecimento
Pretende-se, doravante, analisar a crônica do poeta modernista Carlos
Drummond de Andrade, “Antigamente”, em suas duas partes, I e II, parte da obra
“Quadrante”, publicada em 1962.
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ANTIGAMENTE, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e
muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficava longos
meses debaixo do balaio. E levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em
outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era de tirar o pai da forca, e não
caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, e sabiam com quantos
paus se faz uma canoa. O que não impedia que, nesse entrementes, esse ou aquele embarcasse
em canoa furada. Encontravam alguém que lhes passava manta e azulava, dando às de Vila-
diogo. Os idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também
tomavam cautela de não apanhar sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais
tarde ao cinematógrafo, chupando balas de altéia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os
quais, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas, e até em calças pardas; não admira
que dessem com os burros n’água.
HAVIA OS QUE tomavam chá em criança, e, ao visitarem família da maior
consideração, sabiam cuspir dentro da escarradeira. Se mandavam seus respeitos a alguém, o
portador garantia-lhes: “Farei presente.” Outros, ao cruzarem com um sacerdote, tiravam o
chapéu, exclamando: “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”; ao que o Reverendíssimo
correspondia: “Para sempre seja louvado.” E os eruditos, se alguém espirrava – sinal de defluxo
– eram impelidos a exortar: “Dominus Tecum.” Embora sem saber da missa a metade, os
presunçosos queriam ensinar padre-nosso ao vigário, e com isso punham a mão em cumbuca.
Era natural que com eles se perdesse a tramontana. A pessoa cheia de melindres ficava sentida
com a desfeita que lhe faziam, quando, por exemplo, insinuavam que seu filho era artiloso.
Verdade seja que às vezes os meninos eram encapetados; chegavam a pitar escondido, atrás da
igreja. As meninas, não: verdadeiros cromos, umas tetéias.
ANTIGAMENTE, certos tipos faziam negócios e ficavam a ver navios; outros eram
pegados com a boca na botija, contavam tudo tintim por tintim e iam comer o pão que o diabo
amassou, lá onde judas perdeu as botas. Uns raros amarravam cachorro com lingüiça. E alguns
ouviam cantar o galo, mas não sabiam onde. As famílias faziam sortimento na venda, tinham
conta no carniceiro e arrematavam qualquer quitanda que passasse à porta, desde que o moleque
do tabuleiro, quase sempre um “cabrito”, não tivesse catinga. Acolhiam com satisfação a visita
do cometa, que, andando por ceca e meca, trazia novidades de baixo, ou seja, da corte do Rio de
Janeiro. Ele vinha dar dois dedos de prosa e deixar de presente ao dono da casa um canivete
roscofe. As donzelas punham carmim e chegavam à sacada para vê-lo apear do macho faceiro.
Infelizmente, alguns eram mais que velhacos: eram grandessíssimos tratantes.
ACONTECIA o indivíduo apanhar constipação; ficando perrengue, mandava o próprio
chamar o doutor e, depois ir à botica para aviar a receita, de cápsulas ou pílulas fedorentas.
Doença nefasta era phtysica, feia era o gálico. Antigamente, os sobrados tinham assombrações,
os meninos lombrigas, asthmas os gatos, os homens portavam ceroulas, botinas e capa-de-goma,
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a casimira tinha de ser superior e mesmo X.P.T.O. London, não havia fotógrafos, mas
retratistas, e os cristãos não morriam: descansavam.
MAS TUDO ISSO era antigamente, isto é, outrora.
II – ANTIGAMENTE, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais, e se um se esquecia de
arear os dentes antes de cair nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia
também se esquecer de lavar os pés sem tugir nem mugir. Nada de bater na corcunda do
padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda cedinho, aguava as plantas,
ia ao corte e logo voltava aos penates. Não ficava mangando na rua nem escapulia do mestre,
mesmo que não entendesse patavina da instrução moral e cívica. O verdadeiro smart calçava
botina de botões para comparecer todo liró ao copo d’água, se bem que no convescote apenas
lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram um precipício, jogando com pau de dois
bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de galinha. O melhor era pôr as barbas de molho
diante de um treteiro de topete; depois de fintar e de engambelar os coiós, e antes que se pusesse
tudo em pratos limpos, ele abria o arco. O diacho eram os filhos da Candinha: que somava a
candongas acabava na rua da amargura, lá encontrando, encafifada, muita gente na embira, que
não tinha nem para matar o bicho; por exemplo, o mão-de-defunto.
BOM ERA TER costas quentes, dar as cartas com a faca e o queijo na mão; melhor
ainda, ter uma caixinha de pós de pirlimpimpim, pois isso evitava de levar a lata, ficar na
pindaíba ou espichar a canela antes que Deus fosse servido. Qualquer um acabava enjerizado se
lhe chegavam a urtiga no nariz, ou se o faziam de gato-sapato. Mas que regalo, receber de graça,
no dia-de-reis, um capado! Ganhar vidro de cheiro marca Barbante, isso não: a mocinha dava o
cavaco. Às vezes, sem tirte nem guarte, aparecia um doutor pomada, todo cheio de nove horas;
ia-se ver, debaixo de tanta farafo era um doutor mula ruça, um pé rapado, que espiga! E a
moçoila, que começava a nutrir xodó por ele, que estava mesmo de rabicho, caía das nuvens.
Quem queria lá fazer papel pança? Daí se perder as estribeiras por uma tutaméia, um alcaide
que o caixeiro nos impingia, dando de pinga um cascão de goiabada.
EM COMPENSAÇÃO, viver não era sangria desatada, e até o Chico vir de baixo
vosmecê podia provar uma abrideira que era o suco, ficando na chuva mesmo com bom tempo.
Não sendo pexote, e soltando arame, que vida supimpa a do Degas! Macacos me mordam se
estou pregando peta. E os tipos que havia: o pau-para-toda-obra, o vira-casaca (este cuspia no
prato em que comera), o testa-de-ferro, o sabe-com-quem-está-falando, o sangue-de-barata, o dr.
Fiado que morreu ontem, o Zé-povinho, o biltre, o peralvilho, o salta-pocinhas, o alferes, a
polaca, o passador de nota falsa, o mequetrefe, o safardana, o maria-vai-com-as-outras… Depois
de mil peripécias, assim ou assado, todo mundo acabava mesmo batendo com o rabo na cerca,
ou simplesmente a bota, sem saber como descalçá-la. Mas até aí morreu o Neves, e não foi no
dia de São Nunca de tarde: foi vítima de pertinaz enfermidade que zombou de todos os recursos
da ciência, e acreditam que a família nem sequer botou fumo no chapéu?
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FONTE: ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia completa e prosa. Volume único. Revisão
modificada. São Paulo: Copyght, 1993.
A crônica “Antigamente” retrata uma época em que a linguagem era repleta de
expressões figurativas para representar a realidade da língua, utilizada pelos indivíduos
na comunicação verbal. O autor, ao produzir sua crônica vale-se da linguagem de
“antigamente” para comprovar a variação linguística social e histórica de uma época,
utilizando-se de uma linguagem bem simples, porém, com muitos recursos alegóricos
para se comunicar.
Carlos Drummond, em sua crônica, retrata a língua de um grupo social que, ao
se comunicar, utilizava-se de sua forma mais simples e corriqueira, usando expressões
coloquiais para estabelecer sua comunicação no dia-a-dia. O autor mostra as variações e
transformações sofridas pela língua e como as pessoas dessa época usavam a
linguagem de forma natural e espontânea e sem perceber faziam suas escolhas no
estabelecimento de comunicação e o entendimento com outros indivíduos.
É possível, pois, observar como as mudanças que ocorreram no tempo
modificaram a cultura e a linguagem da sociedade, ao se evidenciar, no texto, recortes
destacando as palavras e expressões que remetem a um tempo passado para acentuar
esse fato da língua em sua mudança histórica. Fiorin (2012, p. 140) ressalta esses
aspectos da variação quando diz que:
O fato de as línguas passarem por mudanças no tempo é algo que pode
ser percebido de mais de uma forma. Uma delas é o contato com as
pessoas de outras faixas etárias. Quanto maior a diferença de idade
maior a probabilidade de encontrarmos diferenças na forma de falar de
duas pessoas.
O pensamento de Fiorin corrobora com as descrições de Drummond a respeito
da variação da língua no decorrer do tempo, ao mostrar que é no contato com outras
pessoas de mais ou de menos idade, que essas mudanças ou variações se propagam na
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sociedade. Umas permanecem, outras se transformam ou se modificam em sua história,
porém, isso dependerá das escolhas que os falantes fazem para melhor se comunicarem
em seu grupo social.
Deve-se, com isso, observar como os indivíduos produzem seus discursos, e se
suas escolhas contribuem para a transformação e para seus propósitos comunicativos.
Drummond nomeia várias situações em que são usadas algumas palavras ou expressões
variadas no tempo, permitindo que para cada situação haja uma expressão específica,
compreendida pela sociedade que dela se apodera para poder se comunicar,
transformação tida como um fluxo muito natural na língua, o que não significa que as
pessoas ao fazer suas escolhas linguísticas não conheçam outra forma de falar, além da
retratada em seus ambientes pessoais de conversas com o outro.
Ao começar pelo título “Antigamente”, o que chama a atenção é o fato da
produção textual ser constituída pelas expressões figuradas da época. É um texto escrito
em prosa, característico do gênero crônica, porém com traços discretos da literatura,
quando o autor escolhe compor seu texto sobre os registros da língua, em seu uso e na
sua estrutura física. Observa-se que é esse registro da variação social da língua,
associado à forma de sua composição ,que torna o texto reflexivo, sobretudo no que se
refere â mudança linguística.
Verifica-se, outrossim, uma riqueza muito grande na língua, uma diversidade de
palavras e expressões utilizadas na comunicação para falar de situações e fatos da vida,
com destaque ao aspecto da língua em sua variação,como por exemplo, algumas
palavras próprias do vocabulário da época : mademoiselles, janotas, “pé- de –alferes”,
“tirar o cavalo da chuva”, “levar tábua”, “pregar em outra freguesia”, “arrastando a
asa”, e uma enorme gama que constroem o texto..
Ainda no texto, Drummond aborda de forma irônica o desuso das palavras e
expressões usadas na crônica, como se a linguagem tenha perdido uma pouco da sua
essência delicada ou respeitosa das pessoas ao se comunicarem. Acredita-se, inobstante,
que neste aspecto da abordagem da variação da língua, o autor tenha tentado, embora
que de forma sutil, tratar do aspecto literário da língua, mostrando que ela, em seu uso
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comum e simples entre as pessoas, caracteriza-se como mais carregada de sentimentos,
de respeito e entendimento, e que em seu uso cotidiano pode ser muito mais expressivo
e significativo.
Expressões como “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo”, “Para sempre seja
louvado” e “onde Judas perdeu as botas” revelam um caráter religioso ao texto,
correspondendo a ditos populares associados a crenças. Em termos como “constipação”,
“doutor” e “botica”, nota-se um apego à sabedoria popular para resolução de doenças ou
problemas de saúde, numa referência aos traços drummondianos de conhecimento de
mundo e de ligação ao popular, ao corriqueiro.
Em “dar as cartas com a faca e o queijo na mão”, “ficar na pindaíba” e fazer de
“gato-sapato”, reconhece-se o traço coloquial e, ao mesmo tempo, imediatista do autor,
que, visivelmente, nessa crônica, consegue tirar proveito de situações do dia-a-dia ao se
utilizar de outras conotações, o que põe sua linguagem num âmbito literário, sem que se
perca o sentido original, em situações de fala.
Preti (2003), ao tratar da aproximação da língua literária e da língua falada, a fim
de descobrir-lhe valores e expressões, permite a análise da linguagem de Drummond ao
trabalhar com o aspecto da variação da língua em um contexto social, aproximando o
campo da literatura, seus discursos e a variação, preconizando os valores da língua,
materializadas em suas expressões escritas e orais.
5 Considerações finais
Conclui-se, portanto, com esse estudo, que a língua tem em sua própria natureza
o caráter da evolução temporal e social, ao passo que compreendê-la como algo que
muda no tempo possibilita acompanhar a sua evolução, processo tão natural e
espontâneo no qual, muitas vezes, os usuários evoluem sem perceber, apenas
acompanham essa transformação.
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Ao manter contato com textos antigos percebem-se hábitos e costumes da língua
de um tempo psicológico, a exemplo das reminiscências postas pelo autor como
materialização de um tempo remoto. As expressões idiomáticas que aparecem dispostas
no texto caracterizam certa geração precedente e estão ligadas ao seu modo de vida, sua
cultura e o momento da história em que esse grupo social estava inserido. Assim, o
autor faz uso de expressões antigas para conferir ao texto uma atmosfera de passado.
Podem-se evidenciar, ao trabalhar esse caráter variacionista da língua, as
modificações sofridas, as quais, de certo modo, refletem as transformações
operacionalizadas nas sociedades, responsáveis pelo surgimento e desaparecimento de
palavras, ou seja, pela sua variação social ao se movimentar com o passar dos anos e
permitir que os seres humanos se adaptem às escolhas de sua comunidade.
A língua muda conforme mudam os tempos e o seu caráter, por si, é propício a
mudanças. Ela é esse bem social, de caráter móvel, capaz de atingir os mais diversos
propósitos comunicativos.
É, logo, com base na análise do texto como um todo e em suas associações com
o meio discursivo e a própria ideia de variação, chega-se à compreensão de que o
enfoque de Drummond no texto não seja tão somente abordar a variação, mas destacar
uma certa nostalgia de que a língua se utilizava, e que hoje já não se usa mais.
Referências
LOPES, M. 2009. Folha de São Paulo: da produção de sentidos acerca da Guerra do
Iraque. São Carlos, Pedro e João Editores, 2009.
FIORIN, J. L. Introdução à Linguística. 6. ed. São Paulo, Contexto, 2012.
ORLANDI, E. P.; LAGAZZI, S. R. Introdução às Ciências da Linguagem: Discurso
e Textualidade. Campinas: Pontes, 2006.
ORLANDI, E. P. Discurso e Texto: formulação e circulação dos sentidos. 4. ed.
Campinas, Pontes, 2012.
PÊCHEUX, M. Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. 3. ed.
Campinas, Editora da UNICAMP, 1997.
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PRETI, D. Sociolinguística: os níveis de fala. São Paulo: Editora da Universidade de
São Paulo, 2003.
Recebido Para Publicação em 23 de fevereiro de 2014.
Aprovado Para Publicação em 29 de abril de 2014.