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GESTÃO AMBIENTAL

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GESTÃO AMBIENTAL

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GESTÃO AMBIENTALGisela Herrmann

Heinz Charles KohlerJúlio César Duarte

Patrícia Garcia da Silva Carvalho

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Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia LegalGustavo Krause Gonçalves Sobrinho

Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisEduardo Martins

Diretor de EcossistemasRicardo José Soavinski

Chefe do Departamento de Vida SilvestreMaria Iolita Bampi

Edição

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisDiretoria de Incentivo à Pesquisa e DivulgaçãoDepartamento de Divulgação Técnico-Científica e Educação AmbientalDivisão de Divulgação Técnico-CientíficaSAIN – Av. L4 Norte, s.n., Edifício Sede. CEP 70800-200, Brasília, DF.Telefones: (061) 316-1191 e 316-1222FAX: (061) 226-5588

CPRM – Serviço Geológico do BrasilDRI – Diretoria de Relações Institucionais e DesenvolvimentoAv. Pasteur, 404. CEP 22290-24-, Urca – Rio de Janeiro, RJ.PABX: (021) 295-0032 – FAX: (021) 295-6647

GERIDE – Gerência de Relações Institucionais e DesenvolvimentoAv. Brasil, 1731. CEP 30140-002, Funcionários – Belo Horizonte, MG.Telefone: (031) 261-0352 – FAX: (031) 261-5585

Belo Horizonte1998-04-02

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

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IBAMA

Moacir Bueno ArrudaCoordenador de Conservação de Ecossistemas

Eliana Maria CorbucciChefe da Divisão de Áreas Protegidas

Ricardo José Calembo MarraChefe do Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas – CECAV

Jader Pinto de Campos FigueiredoSuperintendente do IBAMA em Minas Gerais

Ivson RodriguesChefe da APA Carste de Lagoa Santa

FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS

Ângelo Barbosa Monteiro MachadoPresidente

Castor CartelliVice-Presidente

Gustavo A. B. da FonsecaDiretor Secretário

Ilmar Bastos SantosSuperintendente Executivo

Gisela HerrmannSuperintendente Técnica

CapaWagner Matias de Andrade

DiagramaçãoWashington Polignano

Foto da Capa: Lapa Vermelha I, Pedro Leopoldo – MG.Ézio Rubbioli

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CRÉDITOS DE AUTORIA

RELATÓRIO TEMÁTICO

Gestão Ambiental

Responsáveis Técnicos

Gisela Herrmann

Heinz Charles Kohler

Júlio César Duarte

Patrícia Garcia da Silva Carvalho

Consultor

Joaquim Martins da Silva Filho

Equipe de Apoio

Cláudia Maria Rocha Costa

Lívia Vanucci Lins

Yuri Luiz Reis Leite

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS

RENOVÁVEIS - IBAMA

Gestão ambiental; organizado por Gisela Herrmann, Heinz Charles Kohler, Júlio

César Duarte, Patrícia Garcia da S. Carvalho. – Belo Horizonte: IBAMA/Fund.

BIODIVERSITAS/CPRM, 1998.

40p.: mapa e anexos. (Série APA Carste de Lagoa Santa - MG).

1. APA de Lagoa Santa - MG - 2. Meio ambiente - 3. Ecologia - I - Título II - Herrmann,

Gisela [et al.].

CDU 577-4

Direitos desta edição: CPRM/IBAMA

É permitida a reprodução desta publicação desde que mencionada a fonte.

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APRESENTAÇÃO

manejo de unidades de conservação, planos degestão aplicados ao gerenciamento costeiro,além da legislação envolvida em todo o processode criação/implementação de uma unidade deconservação (UC) em área cárstica .

O grande número de informações sobre o carstede Lagoa Santa foi extremamente útil para odelineamento das principais metas a serematingidas pelo Plano de Gestão. A partir destasinformações foi possível o estabelecimento deações institucionais voltadas para aimplementação da APA como unidade deconservação, e ações ambientais voltadas paraa conservação do patrimônio natural e cultural,bem como o monitoramento dos recursoshídricos, de grande relevância na região docarste.

As ações propostas no Plano de Gestão,concluído em outubro de 1996, foram definidasantes da elaboração do zoneamento ecológico-econômico, não incorporando portanto asatividades indicadas para cada zona. Esteatropelamento metodológico ocasionou umasérie de limitações quanto à identificação dosproblemas e dos destinos dados a cada área.Dessa forma, as ações aqui propostas devemser revistas e reavaliadas para incorporar odisposto no zoneamento, concluído e aprovadopelo IBAMA em abril de 1997. Além daadequação ao zoneamento, a realização deavaliações periódicas é de suma importância,visando a redefinição das linhas de atuaçãoadotadas, imediatamente após a constataçãodos resultados não condizentes com aquelespreviamente fixados e esperados.

O Plano de Gestão, concluído em 1996, foiapresentado a toda a comunidade envolvida coma APA em um IIo Seminário Participativo,realizado em junho de 1996 (Anexo Ib). Todasas ações propostas no Plano foram aprovadaspela plenária do Seminário. Para a gestão daAPA o presente Plano propõe o estabelecimentode um Conselho de Co-gestão, para administrara área em um sistema de parceria, no qualestejam envolvidos o poder público federal,estadual e municipal; a comunidade organizada;os órgãos técnicos; as universidades einstituições de pesquisa; as organizações nãogovernamentais e as empresas da região.

Como unidade de conservação de uso direto1 ,a principal função de uma APA é ordenar enormatizar o uso da terra, limitando ou proibindoaquelas atividades incompatíveis com amanutenção do ecossistema e o bem estar dapopulação local. Para tal, conforme previsto nalegislação, os órgãos públicos contam com ozoneamento ecológico-econômico da APA ecom um plano para a sua gestão. “A idéia básicade uma APA não é impedir o desenvolvimentode uma região, mas, utilizando um zoneamentoe gerenciamento adequados, orientar asatividades produtivas de forma a coibir adegradação ambiental, possibilitando aconservação dos recursos naturais” (Diniz daSilva et al., 1987).

Com o objetivo de elaborar o Plano de Gestãoda APA Carste de Lagoa Santa, localizada noestado de Minas Gerais, o IBAMA firmou umconvênio com a Fundação Biodiversitas emdezembro de 1994. Para subsidiar a elaboraçãodo Plano de Gestão, em fevereiro de 1995, foirealizado um seminário participativo com váriossegmentos da sociedade (Anexo Ia) afim deidentificar os principais problemas e possíveissoluções para o gerenciamento da APA Carstede Lagoa Santa. Embora extremamenteprodutivo, neste primeiro Seminário não foipossível definir as diretrizes para oestabelecimento do Plano de Gestão, nem osrecursos humanos e financeiros necessáriospara tal.

Para a elaboração do Plano de Gestão foramutilizados, além dos resultados do Io SeminárioParticipativo, dados da bibliografia e resultantesde consultas diretas a diversas instituições comprofundo conhecimento sobre a área, tais comoo Museu de História Natural da UniversidadeFederal de Minas Gerais (MHN/UFMG), Institutode Ciências Biológicas (ICB/UFMG),Superintendência Regional do IBAMA (SUPES/MG), Secretaria de Planejamento do Estado deMinas Gerais (SEPLAN), Instituto Estadual doPatrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais(IEPHA), Companhia de Saneamento de MinasGerais (COPASA), Fundação Estadual do MeioAmbiente (FEAM) e Brandt Meio Ambiente. Noque se refere à concepção do Plano, foramutilizados como subsídios estudos e propostassobre gerenciamento ambiental, planos de

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Embora não contemple as informações contidasno zoneamento, e ainda não tenha sidoimplementado, a falta de literatura específicasobre a gestão de APAs justifica estapublicação, disseminando assim umaexperiência que pode ser de grande utilidadepara subsidiar trabalhos semelhantes em outrasáreas. Espera-se que a divulgação deste estudopossa incentivar não apenas a implantação daAPA Carste de Lagoa Santa, como também dasdemais Áreas de Proteção Ambiental existentesno país.

1- Unidade de Conservação de Uso direto (UC) define-se como áreas naturais sob ocupação ou exploração humana que têmcomo objetivo de manejo compatibilizar, sob o conceito de uso múltiplo e sustentado e através de normatização de uso, autilização e a conservação dos recursos naturais. Estas terras podem ser de domínio público, de propriedade mista ouprivada. Neste grupo se enquadram as seguintes categorias: Reserva Extrativista, Área de Proteção Ambiental e FlorestaNacional.

A proposta deste Conselho foi consideradapositiva pelos participantes do Seminário. Noentanto, foi manifestada a preocupação com otamanho do Conselho, composto por 29membros. Embora esta questão tenha sidofortemente debatida, não foi possível chegar aum consenso sobre a forma de representartodas as instituições intervenientes na APA emum número menor de participantes, sendoportanto aprovado como proposto anterior-mente, devendo ser reavaliado após aimplementação.

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Gestão Ambiental

1 - INTRODUÇÃO

Criada pelo Governo Federal, através do Decreto98.881 de 25 de janeiro de 1990, a Área deProteção Ambiental (APA) Carste de LagoaSanta, possui 35.600 hectares e abrange partedos municípios de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo,Matozinhos e Funilândia (Figura 1). Situa-se naregião cárstica mineira, definição resultante dapredominância do calcário na formação dasrochas que compõem o grupo da Série Bambuí.

As características geomorfológicas da regiãopropiciaram a formação de um grande númerode grutas que abrigam uma variedade de sítiosarqueológicos e paleontológicos e de restospaleoameríndios, formando um ecossistemaprotegido por normas legais específicas (AnexoII). Seus maciços calcários, paredões, torres,dolinas, sumidouros e ressurgências fazemdesta área de proteção um dos mais impor-tantes sítios espeleológicos do país, contendouma riqueza científica e cultural de valorimensurável, além de grandes belezas cênicas.As suas grutas constituem uma especialatração para o turismo.

Sob e sobre o complexo físico e cênico do carstede Lagoa Santa encontra-se um conjuntoaqüífero que é, provavelmente, o artífice principalna composição desse ecossistema tão espe-cial. A possibilidade de existirem regiões aindanão exploradas pela ciência, que podem estarse perdendo em função de uma exploraçãodescontrolada, justifica a necessidade de seestabelecer mecanismos de proteção e norma-tização do uso da área.

Nos últimos 25 anos as autoridades, bem comoos pesquisadores e outros segmentos sociais,têm sido unânimes em reconhecer a importânciade se proteger a região cárstica de Lagoa Santa.No decorrer dos anos 70, a depredação dopatrimônio do Planalto de Lagoa Santa foi alvode frequentes matérias na imprensa. “Os beloscristais de calcita que revestiam as paredes daGruta dos Cristais, onde havia a segunda maisimportante formação desse material conhecidano mundo, foram quebrados a marretada evendidos no varejo aos freqüentadores da Grutada Lapinha” (Jornal do Brasil, edição de 26 deagosto de 1978).

As pressões da imprensa e da sociedade, aintensificação do movimento ambientalista, e o

advento das legislações estadual e federal (1980e 1981) dispondo sobre uma política para o meioambiente, culminaram na criação de instrumen-tos legais mais eficazes e mais simples deserem aplicados, provocando um avanço nacontenção das ações predatórias dos sítios edos seus ecossistemas componentes.

Neste contexto foi criada a Área de ProteçãoAmbiental Carste de Lagoa Santa, instituída como objetivo primordial de proteger um dos maisimportantes sítios arqueológicos e espeleo-lógicos do país e sua riqueza científica e cultural.Apesar de legalmente protegida, ainda severifica na área da APA a presença de atividadesexercidas de forma descontrolada, representan-do um perigo à manutenção de todo oseu patrimônio e da qualidade de vida dapopulação.

A mesma caracterização geológica res-ponsável pela formação do importantepatrimônio histórico, cultural e paisagístico,constitui-se na maior fonte dos recursoseconômicos da região. O calcário, abundanteem toda a área, tem sido explorado pelasfábricas de cal e cimento, muitas vezes semnenhuma preocupação com a minimização dosimpactos ou a recuperação das áreas degra-dadas. Encontra-se aí uma das atividades maisimpactantes da área, causando-lhe danos eafetando, sobretudo, o patrimônio histórico-cultural, além de destruir o pouco que resta dacobertura vegetal.

Além da mineração e das indústrias, a expansãourbana, a ocupação desordenada do solo e aprática pouco racional da agricultura e dapecuária, têm também significado um forteimpacto em toda a região. Soma-se ainda osatos de vandalismo perpetrados por visitaçõessem controle, especialmente graves devido àimportância da área e à fragilidade do ecos-sistema cárstico.

A criação da APA, sem a sua implantaçãoefetiva, não tem sido capaz de deter as açõesprejudiciais à existência dos bens culturais eecológicos da área, requerendo em sua defesao engajamento de todos os seguimentos dasociedade civil organizada, autoridades,estudiosos e sobretudo da população local.

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da APA, bem como a disponibilidade derecursos humanos e financeiros para tal.

Devido à inexistência do zoneamento ecológico-econômico da área, o Plano de Gestão foielaborado a partir de dados secundários e deuma regionalização proposta em estudodesenvolvido por Kohler (1995). Neste estudo,o referido autor propôs uma regionalização daárea cárstica segundo condicionantes de relevo,além de propor áreas a serem preservadas e/ou conservadas, segundo critérios legais eambientais. Justifica-se esta adoção já que oreferido estudo aborda o mesmo objeto quegerou a criação da APA, ou seja, o sistemacárstico de Lagoa Santa. Assim, a regionali-zação proposta por Kohler configurou-se em ummacrozoneamento da APA Carste de LagoaSanta, que, complementado com dadossecundários oriundos de bibliografia e algunslevantamentos de campo, forneceram os subsí-dios para a proposta de gestão ora apresentada.

Para a contextualização da área, a primeiraparte do presente documento (itens II e III)apresenta um histórico das iniciativas deconservação da região, a criação e osmecanismos legais para a sua conservaçãoenquanto Área de Proteção Ambiental, além desua situação institucional atual. Posteriormente,no item IV, é apresentada uma brevecaracterização da área, procurando abordar aspeculiaridades que justificaram a criação da APAe objetivando ainda situar o leitor no que se refereaos aspectos conservacionistas relacionadoscom o sistema cárstico. Uma abordagem sobrea fragilidade do sistema cárstico e a neces-sidade de limitações de uso na APA compõemo item V. Por se tratar de matéria relativamentenova, tornou-se conveniente apresentar algu-mas considerações teórico/metodológicassobre gestão, sendo estas fundamentais parao entendimento da concepção do Plano deGestão da APA Carste. Assim, é apresentada,de forma sucinta, no item VI, uma contextua-lização sobre gerenciamento ambiental noBrasil. O modelo de gestão proposto, bem comoas sugestões para a efetivação da APA Carsteincorporam o item VII.

Sob essa ótica, em dezembro de 1994, o InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis (IBAMA) assinou umconvênio de parceria com a Fundação Bio-diversitas para a elaboração do Plano de Gestãoda APA Carste de Lagoa Santa. O convênioinsere-se na política do governo federal dedescentralização e de incentivo às parceriascom o setor privado.

O modelo de gestão proposto refere-se a umsistema de co-gestão, única maneira possívelde se gerir uma área de proteção ambiental cujacaracterística maior é a normatização do usoda terra em uma área de domínio privado. Éimprescindível pois que esta gestão se dê deforma participativa para realmente alcançar osobjetivos a que ela se destina.

Dessa maneira, e tendo em vista a inexistênciade uma metodologia específica para tal, o planode gestão da APA de Lagoa Santa foi construídoa partir de uma consulta ampla a todos os atoresenvolvidos na região, a partir de um SeminárioParticipativo realizado em fevereiro de 1995. Oseminário, realizado segundo metodologiaZOPP (Planejamento de Projetos Orientado porObjetivos), possibilitou o levantamento dosproblemas institucionais e ambientais rela-cionados com a gestão e a identificação dosprincipais envolvidos com a APA Carste deLagoa Santa.

Apesar de ter alcançado resultados muitopositivos, e contar com a participação dosdiversos órgãos intervenientes na APA, o Semi-nário não forneceu as diretrizes para o Planode Gestão no tocante às competências, osmecanismos de interação, a divisão de respon-sabilidades e o comprometimento na execuçãodas mesmas por parte dos órgãos normativose deliberativos que atuam na área da APA. Ficouclara a necessidade de se avançar com oprocesso de esclarecimento e integraçãointerinstitucional. Além disso, não foramdiscutidas as etapas de condução e osprocedimentos institucionais adequados àimplantação de um sistema de gerenciamento

Gestão Ambiental

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Gestão Ambiental

APA CARSTE DE LAGOA SANTA

Fonte: . Mapa do Carst - Região de Pedro Leopoldo- Lagoa Santa, MG, Brasil - 1:50:000.Coutard,Kohler & Journeaux. Junho 1978.Áreas de Proteção Ambiental - APA Carstede Lagoa Santa, 1995 (Kohler, & Souza).

Minas Gerais

GO

SP

RJ

ES

BADF 16°

20°

40°44°48°

N

0 2 4 kmESCALA

LAGOASANTA

VESPASIANO

MATOZINHOS

PEDRO LEOPOLDO

Lagoa de Dentro

Gordura

Cauaia

Taquaralzinho

Caieiras

Cerca GrandePoções Sumidouro

Vargem daPedra Baú

Samambaia

Borges

Lapa Vermelha

Cauê

Lagoa dos Mares

Jaguara

LagoaVargemComprida

LagoaPequena

LagoaGrande

Lagoa dosPorcos

LagoaVargemde Fora

Lagoa doSumidouro

Lagoa daLapinha

Lagoa doSangrador

LagoadoFidalgo

LagoaSamambaia

Córr. Jaguara

AeroportoInternacionalPres.TancredoNeves

424424

424424

010010

424424 010010

010010

44º05'W 43º55'W

19º30'S

19º40'S

Acervos espeleológicos (grutas, abrigos)

Área da APA Carste de Lagoa Santa

Limite intermunicipal

Cidades/Municípios

Distritos, Vilas, Povoados

Aeroporto

Estrada pavimentada

Estrada não pavimentada

Estrada de ferro

Rodovia estadual

Cursos d'água

Lagoas

L E G E N D A

para Prudentede Morais

para Funilândia

Rib. da Mata

Córr.do Jaque

Córr.Samambaia

Córr.Bebedouro

RIO DAS VELHAS

Riacho daGordura

Córr.Mucambo

Córr. ÁguaDoce

Mocambeiro

Fidalgo

Lapinha

Confins

CASA FERNÃODIAS

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2 - HISTÓRICO SOBRE AS INICIATIVAS DECONSERVAÇÃO PARA O PLANALTO DE LAGOA SANTA

Historicamente algumas tentativas foramimpetradas, visando instrumentalizar a proteçãopara o conjunto do carste de Lagoa Santamotivadas, principalmente, pelas característicaslocais. O surgimento dos movimentosambientalistas na década de 70 vieram reforçaras discussões e pressões para a criação demecanismos para a preservação do carste. Acomunidade científica (principalmente daUniversidade Federal de Minas Gerais) quevinha lutando contra a destruição de algumasgrutas, principalmente pelas minerações efábricas de cimento, passou a contar com oapoio de entidades civis não-governamentais ecom a opinião pública, em seus esforços pelaproteção da área.

Uma das primeiras iniciativas de proteção docarste de Lagoa Santa foi a criação de um Grupode Trabalho (GT) específico para a região.Diante das críticas e pressões sobre a falta defiscalização e controle na concessão de alvarásde pesquisa e decretos de lavra na área docarste, e preocupado com a preservação dopatrimônio ali existente, o GT foi criado com oobjetivo de estudar e propor medidas quepossibilitassem a compatibilização da explora-ção econômica do calcário com a conservaçãodos bens histórico-culturais e paisagísticos daregião. Como resultado dos trabalhos, o GTapresentou uma longa lista de proposiçõessugerindo formas de se garantir a fiscalizaçãoe a normatização da exploração minerária noestado.

Na década de 80, o projeto de construção doAeroporto Internacional Tancredo Neves desen-cadeou um novo movimento em defesa da áreado Carste de Lagoa Santa. Como primeiramedida de gestão para a área de influência doaeroporto, o Governo de Minas Gerais, porrecomendação da Comissão de PolíticaAmbiental do Estado (COPAM), criou o ParqueEcológico do Vale do Sumidouro, através doDecreto 20.375 de 03 de janeiro de 1980,

posteriormente retificado pelo Decreto 20.598de 04 de junho de 1980. Dentre as medidaspreconizadas no referido Decreto está a criaçãoda “Comissão de Coordenação e Implantaçãodo Sistema de Proteção dos Recursos Naturaisda Área de Influência do Aeroporto Metropolitanode Belo Horizonte”. Esta Comissão, compostapela Secretaria de Estado Ciência e Tecnologia,Secretaria de Estado da Agricultura e oDepartamento de Estradas de Rodagem, foicriada com o objetivo de concretizar a implan-tação do Parque. Assim, no prazo de 60 dias, aComissão deveria apresentar um projetoincluindo a delimitação, forma de administraçãoe órgão responsável pela manutenção daunidade de conservação. O Plano Diretor doparque foi concluído e aprovado pelo Governode Minas Gerais em setembro de 1980, mas adesapropriação da área para a implantação doParque nunca se efetivou.

Ao apresentar o seu relatório final, a Comissãopropôs ao Governo Estadual a criação de umaÁrea de Proteção Especial (APE), envolvendoos municípios de Lagoa Santa, Pedro Leopoldoe Matozinhos, sendo interessante destacar oseguinte trecho do documento:

“Para a implantação e supervisão desta áreade uso múltiplo é, portanto necessária aexistência de uma forma colegiada de direçãoparticipativa, onde sejam debatidas e com-patibilizadas as diversas utilizações em funçãodos diferentes interesses presentes: dapopulação local utilizadora do solo, dasautoridades e do setor privado ligados aoturismo, dos cientistas e pesquisadores e dosconservacionistas.”

Acatando a sugestão, o Governo de MinasGerais baixou o Decreto nº 20.597 de 4 de junhode 1980, criando a APE dos Municípios deLagoa Santa, Pedro Leopoldo e Matozinhos.Apesar de apresentar um avanço para a época,todas as medidas preconizadas na criação deinstrumentos de gestão ambiental para aquela

Gestão Ambiental

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impetrada. Decretada em 1990, só agora temcomo instrumento de implantação o seu planode gestão, e brevemente, o seu zoneamento.Se os órgãos responsáveis pela normatizaçãoda área assumirem a responsabilidade deaplicação destes instrumentos, terá se alcan-çado enfim a possibilidade de uma proteçãoefetiva da região.

região, em decorrência da construção doAeroporto Internacional Tancredo Neves, não se

concretizaram. O parque nunca saiu do papel,

e a existência da APE não impediu a depredação

e a destruição do patrimônio nela presente.

A criação da APA Carste de Lagoa Santa foi o

último mecanismo de proteção do carste

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Gestão Ambiental

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3 - LEGISLAÇÃO SOBRE ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA)

1-Unidade de Conservação de Uso Indireto (UC) define-se como áreas caracterizadas pela proteção total dos recursosnaturais, com a manutenção dos ecossistemas ou parcelas dos mesmos em estado natural, sendo permitidaapenas a utilização da área para atividades de pesquisa não consideradas predatórias, e atividades de recreação eeducação ambiental em áreas selecionadas. Enquadram-se nesta categoria os Parques Nacionais, ReservasBiológicas e Estações Ecológicas.

A Área de Proteção Ambiental (APA) estáclassificada como uma unidade de conser-vação de uso direto. Isso significa que nãoocorre uma administração direta do PoderPúblico dentro dos limites de sua abrangência,respeitando-se os princípios constitucionais queregem o direito de propriedade. De acordo coma legislação, apenas serão executadoscontroles no âmbito do seu território, visandominimizar impactos que possam descaraterizara importância dos seus ecossistemas, limitandoou proibindo aquelas atividades incompatíveiscom o bem estar, principalmente, de suapopulação local. Quanto ao seu uso, a APAapresenta duas características básicas:

• proteção dos recursos naturais em grau parcial;

• uso direto sustentável de pelo menos partedos recursos disponíveis.

A Área de Proteção Ambiental foi introduzida noBrasil pela Lei 6.902 de 17 de abril de 1981,contendo como especificidades o fato de ser umaunidade de conservação, que devido às suascaracterísticas, dispensa qualquer desa-propriação, por não intervir diretamente no direitode propriedade garantido constitucionalmente.Ao que parece esta categoria surgiu no elencode áreas protegidas, a partir de algumasexperiências européias, principalmente naFrança, Alemanha, Portugal e Inglaterra. NaAlemanha estas unidades são conhecidas comoÁreas de Proteção à Paisagem, criadas com oobjetivo de conferir proteção especial a uma áreapara preservação ou recomposição dosrecursos naturais (Diniz da Silva et al., 1987).

Esta categoria veio complementar o sistema deáreas protegidas, sendo especialmente bemaceita por não envolver processos de desa-propriação, visto que o maior problema para secriar unidades de conservação de uso indireto1

no Brasil é o fundiário (Pádua, 1983 em Dinizda Silva et al. 1987). Ao mesmo tempo,

dependendo das características da área a serpreservada, e dos objetivos a que ela se destina,a criação de unidades de conservação de usoindireto pode não ser a solução mais recomen-dada. Muitas vezes, o consorciamento do PoderPúblico com a sociedade (proprietários, popu-lação, comunidade científica e tantos outrossegmentos), estabelecendo controles para umautilização sustentada de uma região, como meiode se atingir sua proteção, é muito mais eficaz.Neste contexto foi promulgada a Lei 6.902 de 27de abril de 1981 que fixa entre os seus artigos:

“Art. 8º - O Poder Executivo, quando houverrelevante interesse público, poderádeclarar determinadas áreas doTerritório Nacional como de interessepara proteção ambiental, a fim deassegurar o bem-estar das popu-lações humanas e conservar oumelhorar as condições ecológicaslocais.”

“Art. 9º - Em cada Área de Proteção Ambiental,dentro dos princípios constitucionaisque regem o direito de propriedade, oPoder Executivo estabelecerá normaslimitando ou proibindo:

a) a implantação e o funcionamento de indús-trias potencialmente poluidoras, capazes deafetar os mananciais de água;

b) a realização de obras de terraplanagem eabertura de canais, quando estas iniciativasimportarem em sensível alteração das con-dições ecológicas locais;

c) o exercício de atividades capazes de provocaruma acelerada erosão de terras e/ou umacentuado assoreamento das coleções hídri-cas;

d) o exercício de atividades que ameacemextinguir na área protegida as espécies rarasda biota regional.”

Gestão Ambiental

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Estado de Minas Gerais, com as delimitaçõesgeográficas constantes do artigo 3ºdeste Decreto.”

Para regulamentar o Decreto 98.881 de Criaçãoda APA Carste de Lagoa Santa (Anexo III), fez-se necessário a elaboração de um plano degestão, conforme previsto nos artigos 13 e 14:

“Art. 13º - A APA Carste de Lagoa Santa seráimplantada, supervisionada, adminis-trada e fiscalizada pelo IBAMA, emarticulação com o órgão estadual domeio ambiente de Minas Gerais, asprefeituras municipais dos municípiosenvolvidos e seus respectivos órgãosde meio ambiente.

Art. 14º - Com vistas a atingir os objetivosprevistos para a APA Carste deLagoa Santa, bem como para definiras atribuições e competências nocontrole de suas atividades, oIBAMA poderá firmar convênios comórgãos e entidades públicas e pri-vadas.”

Por determinação do Poder Executivo Federal,através do Decreto no 88.351 de 01 de junho de1983, passou a ser de competência do CONAMAo poder de “estabelecer normas gerais relativasàs Áreas de Proteção Ambiental. Assim, asAPAs foram regulamentadas pela Resolução/CONAMA Nº 010 de 14 dezembro de 1988,sendo estabelecidas regras para o zoneamentoe a exigência de se fixar zonas de vida silvestreonde é proibido ou regulado o uso dos sistemasnaturais.

Visando delimitar normas reguladoras deproteção específicas para a região do carste deLagoa Santa, o Governo Federal, com base nasLeis 6.902 de 27 de abril de 1981 e Lei 6.938 de31 de agosto de 1981 e na Resolução/CONAMANº 010 de 14, editou o Decreto 98.881 de 25 dejaneiro de 1990, criando a APA Carste de LagoaSanta:

“Art. 1º - Sob a denominação de APA Carste deLagoa Santa, fica declarada Área deProteção Ambiental a região situadanos municípios de Lagoa Santa, PedroLeopoldo, Matozinhos e Funilândia no

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Gestão Ambiental

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4 - CARACTERIZAÇÃO DA APA CARSTE DE LAGOA SANTA

Os estudos sobre as características do meiofísico, biótico e sócio-econômico da APA Carstede Lagoa Santa basearam-se em levantamentoe análise de dados secundários, levantados navasta bibliografia existente. Esta caracterizaçãoobjetiva situar o leitor no contexto da APA,evidenciando as peculiaridades que justificarama transformação da área em uma unidade deconservação. É interessante chamar atençãopara a importância do patrimônio histórico-cultural e científico da região, bem como afragilidade do sistema, os quais embasarammuitas das recomendações definidas no Planode Gestão aqui apresentado.

4.1 - Meio físico

4.1.1 - Clima

O clima de Lagoa Santa e seu entorno planálticoenquadra-se na categoria Awi de Köppen, ouseja, trata-se de um clima quente, comtemperatura do mês mais frio superior a 18 ºC,e duas estações alternadas, uma chuvosa(verão), e outra seca (inverno), com amplitudestérmicas anuais inferiores a 5 ºC (Ribeiro, 1995).

Resultados de análises climáticas de um ciclode 10 anos na região registraram um índicepluviométrico médio anual de 1.381 mm, com amáxima diária de 162 mm e um total de 105dias de chuvas, sendo janeiro o mês maischuvoso, e agosto o mais seco. Apenas 20%das chuvas têm uma duração superior a 4 horas.A média termométrica anual foi de 20,8 oC, comuma média das máximas de 27,2 oC, e umamedida das mínimas de 15,4 oC. Os mesesmais frios são junho e julho. A evaporação médiaanual atingiu o nível de 1.000mm e o regime deventos registrou um total de 16,02% dire-cionados para norte, e 52,74% direcionadospara nordeste (Kohler, 1989).

4.1.2 - Geologia e Geomorfologia

“A área da APA apresenta em sua litologia umdos calcários do grupo Bambuí, formando umdos mais notáveis exemplos do Carste tropicalbrasileiro. Foram reconhecidos alinhamentos eescalonamentos de dolinas, janelas, grutas eparedões, ao lado de grande riqueza e pa-limpsestos paleontológicos e pré-históricos, quevêm sendo estudados desde Lund a partir de

1.836” (Prous, 1978 in Kohler, 1989). SegundoKohler (1989), a litografia do Grupo Bambuíengloba as Formações Vespasiano, SeteLagoas e Serra de Santa Helena.

Em Lagoa Santa ocorrem afloramentos decalcários, siltitos, folhelhos e calciofilitosalterados, recobertos por solos de origenseluvial, coluvial e aluvial (CPRM, 1994c). A APAocupa a porção sudoeste do Planalto de LagoaSanta, principalmente sobre os calcários, sendoque apenas duas pequenas áreas da APAlocalizam-se sobre os filitos. A primeiraestendendo-se entre Confins e a margem direitado Córrego do Jaque até o perímetro urbano deLagoa Santa, a segunda ocupando a porção es-querda da planície fluvial do Rio das Velhas até aconfluência com o Córrego da Gordura, ao norte.

Segundo Kohler (1989), o relevo cárstico, maisdo que qualquer outro, desenvolve-se sobrerochas solúveis pela água (calcários), as quaissofrem corrosão através das águas superficiaise subterrâneas. A corrosão e os abatimentosendocársticos, associados aos outros pro-cessos morfogenéticos da dinâmica interna eexterna, são os principais responsáveis peladinâmica e evolução dos relevos cársticos.

Não só o alto teor de carbonato de cálcio darocha calcária e sua estrutura (ou camamento,fraturamento, etc.), como também o volume deáguas e o clima são os principais fatores decorrosão dos relevos cársticos. Ao lado dessesprocessos químicos de corrosão ocorrem,ainda, processos físicos de abatimentos devazios subterrâneos e dos desabamentos deblocos das lapas e paredões (Kohler, 1989).

A região cárstica, dentro do perímetro da APA,apresenta como característica principal inú-meras lagoas, que secam periodicamente emfunção da oscilação do nível subterrâneo doaqüífero cárstico. Em função da diversidade dasformas, o modelado cárstico, pode ser subdi-vidido em quatro compartimentos distintos: a)desfiladeiros e abismos com altos paredões; b)cinturão de grandes depressões (uvalas); c)planalto de pequenas depressões (dolinas) e;d) planícies cársticas ou poliés. Cada com-partimento apresenta características de forma,gênese e dinâmica específicas, condicionandoum planejamento de uso também específico.

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a) DESFILADEIROS E ABISMOS COM ALTOS PAREDÕES:localiza-se nas cotas mais elevadas do calcário,conferindo-lhe a condição de recarga do aqüíferocárstico. A partir desse compartimento (850m),o relevo cai em direção ao Rio das Velhas, nívelde base regional (650m). Apresenta uma porçãorecoberta por filitos (carste coberto) na Serrados Ferradores (900m), já no entorno dos limitesda APA. A magnitude e exuberância deste relevocárstico estão associadas à espessura dopacote de calcário regional e ao espetacularcolapso do endocarste em função do grandetempo decorrido com o fluxo permanente daságuas endocársticas. Trata-se do compar-timento cárstico “chave” para se compreendera evolução de todo o Carste regional.A ocorrência típica desse compartimentofisiográfico, localiza-se a NE de Matozinhos.Nessa região está localizado o fluviocarste doMocambo que está encaixado, em parte, nodesfiladeiro de Poções, com seus paredõesabruptos, que alcançam até 40m de altura.Representa a área cárstica menos degradadadentro do perímetro da APA.

b) CINTURÃO DAS GRANDES DEPRESSÕES: corres-ponde ao trato do terreno situado entre a Serrados Ferradores e o Planalto de dolinas,estendendo-se além da planície do Mocambeiroaté as proximidades da planície fluvial do Riodas Velhas (Fazenda Jaguara). Refere-se àsgrandes depressões cársticas (uvalas), dediâmetro acima de 2.000m, chegando a 4.000m,formadas pela coalescência de uma ou maisdolinas. Suas principais características são ofundo irregular, o contorno alongado comvertentes suavizadas, recebendo tempo-rariamente água, até um nível de 4m. Estecompartimento funciona como recarga doaqüífero, quando as uvalas estão secas, e comodescarga do aqüífero, nas cheias” (Kohler, 1995)Apresenta restrição de uso tais como implan-tação de linhas de alta tensão, dentre outros,frente às inundações sazonais.

c) “PLANALTO DAS PEQUENAS DEPRESSÕES: apre-senta uma fisionomia diversificada, mostrandomaciços com suas janelas e arcadas, torres,lagos, dolinas e uvalas. O conjunto é recobertopor floresta semi decídua, verde no verão. Noinverno, a mata seca deixa transparecer a rochacinza, sulcada pelas caneluras de dissolução,semelhantes a uma velha face enrugada, poronde se fixam raízes tortuosas de árvoresfrondosas. Situa-se entre as cotas de 800m e700m, sobre um bloco, a cavaleiro do cinturão

deprimido das uvalas e das planícies cársticas(poliés). No planalto de dolinas situam-se osgrandes conjuntos cársticos locais, como oBaú, Borges, Cauaia, Cauê, Confins, LapaVermelha (Pedro Leopoldo), Lapinha e Samam-baia” (Kohler, 1995)

d) “PLANÍCIES CÁRSTICAS DO FIDALGO E DO MOCAM-BEIRO: são denominadas de poliés peloscarstólogos. As principais características são:nível topográfico abaixo de 670m; superfíciecontínua em mais de 4 km; classe de declividadeentre zero e 3 graus; proximidade do Rio dasVelhas (nível de base regional) e; alimentação einundações periódicas pelas águas cársticas.No POLIÉS DO FIDALGO, 80% da planície éocupada pela lagoa intermitente do Sumidouro,em cujo sumidouro localiza-se o rochedo doFidalgo, palco de ações históricas dos Ban-deirantes e sítio arqueológico onde Lund achouo crânio do Homem de Lagoa Santa. A PLANÍCIE

DE MOCAMBEIRO apresenta-se ligeiramenteondulada e aloja em sua periferia o maciço deCerca Grande, o mais espetacular edifíciocárstico da região e o conjunto da Vargem daPedra, já no perímetro urbano de Mocambeiro.

4.1.3. Pedologia (Solos)

Os solos predominantes nos municípiosenvolvidos na APA são: o latossolo vermelho-escuro álico e o podzólico vermelho-amarelodistrófico em Lagoa Santa; o podzólico ver-melho-amarelo distrófico em Pedro Leopoldo;o podzólico vermelho-amarelo álico e o latossolovermelho-escuro álico em Matozinhos; e emFunilândia, o latossolo vermelho-escuro álico eo cambissolo álico.

Em relação à aptidão agrícola verifica-se queas áreas ocupadas por latossolos detêm umexcelente conjunto de características físicas,porém com acentuada deficiência de fertilidadenatural, expressa pela pobreza em nutrientes eteor elevado de acidez potencial. Estas áreassão, via de regra, aptas para agricultura comum manejo desenvolvido ou semi-desenvolvido.Aquelas unidades de relevo movimentado sãotidas como inaptas para lavouras, porém aindaaptas para uso agrícola sob pastagemplantada.

As áreas ocupadas predominantemente comcambissolos e solos litólicos álicos, quandocascalhentos e/ou pedregosos, de caráterepidistrófico e topografia suavizada, sãoconsideradas aptas para lavouras, inclusive as

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com manejo pouco desenvolvido. As unidadesrestantes, de acordo com o relevo, pedre-gosidade e textura superficial são consideradascomo terras aptas para pastagem ou mesmoinaptas para qualquer uso (CPRM, 1994b).

Em relação ao potencial do uso do solo, o estudodesenvolvido pela CPRM lança ainda umaclasse caracterizada por não ter aptidão para ouso agrícola e por possuir característicaspaisagísticas e ecológicas que configuram o usopara recreação ou preservação. Essa classeocupa 14,59% do município de Lagoa Santa,6,33% de Matozinhos e 6,81% da área de PedroLeopoldo.

4.1.4. Hidrogeologia

Segundo Auler (1994) a hidrogeologia da áreacompreende uma superfície livre de aqüíferoscarbonáticos limitada na base por rochasgnaissicas, impermeáveis, em que os aqüíferossubterrâneos fluem através de dois níveis debase: a nordeste, o Rio das Velhas é a principalsaída para a água cárstica e, a sudoeste, oRibeirão da Mata drena parte da água.

Na região de Poções, Cerca Grande, Caetanoe Ballet a drenagem corre para o córregoMocambo e o córrego Samambaia drena oscursos d’água nas regiões de Confins, LapaVermelha, Carroção e Mãe Rosa. Tanto ocórrego Samambaia, quanto o córrego doMocambo drenam para o Rio das Velhas (Auler,1994). Lund foi o primeiro a descrever a altafrequência de lagos na região cárstica.

Em estudo desenvolvido por Auler (1994) foramidentificados diversos problemas relacionadosa hidrogeologia do sistema cárstico, como: ainstalação de poços tubulares; a expansão dacidade de Matozinhos sobre a superfíciecárstica; a crescente urbanização na área daAPA, com consequente poluição hídrica edesmatamentos; a agricultura que lança mãode defensivos e fertilizantes; a erosão dossolos e a contaminação microbiológica,detectada na zona de recarga dos aqüíferos.

Até o momento, na área da APA, não existemestudos científicos que enfoquem os riscos deabatimentos de superfície ocasionados pelaretirada de água (poços), na zona de recargados aqüíferos. Entretanto, nos quatro municípiosenvolvidos na APA Carste foram identificadospela CPRM (1994a, b), um total de 103 poçostubulares para água, 34 baterias de furos a

percussão e três furos a percussão comensaios de penetração

4.1.5. Poluição atmosférica

A atividade industrial na área da APA engloba atransformação de produtos minerais não-metálicos, metalúrgicas e madereiras, obser-vados em Lagoa Santa e em Pedro Leopoldo,sendo que neste último município observa-seainda a presença da indústria têxtil, mecânica ede outros gêneros.

Segundo o Cadastro de contribuintes daSecretaria de Estado da Fazenda, em julho de1982, 13 das 28 indústrias em Lagoa Santa e17 das 57 indústrias em Pedro Leopoldo foramconsideradas como potencialmente poluidoras.A partir daí não foram realizadas mediçõessistemáticas, mas, até 1995, segundo estudode Tolentino (1995), a região de Lagoa Santanão apresentava problemas de poluiçãoatmosférica em relação ao parâmetro PartículasTotais em Suspensão. Quanto a Pedro Leopol-do, onde foram verificadas concentrações dePTS superiores ao padrão diário, algumadeterioração do ar pôde ser observada noperíodo monitorado, em consequência, pro-vavelmente, da atividade industrial (cimenteirase extração e beneficiamento de calcário)desenvolvida no município. Tais dados con-cordam com resultados obtidos por Esteves eCosta (1985).

Nos últimos anos as indústrias de PedroLeopoldo têm sido pressionadas pela populaçãopara que coloquem filtros, visando a diminuiçãodo lançamento de material particulado para aatmosfera.

4.2 - Meio Biótico

4.2.1. Cobertura vegetal e Uso e Ocupção doSolo

A região do Planalto de Lagoa Santa tem sidoalvo do interesse de pesquisadores e natu-ralistas desde o século passado. O primeirobotânico a estudar com detalhes a vegetaçãona região foi Eugenius Warming, que publicou,em 1892, o primeiro tratado fitoecológicodenominado: Lagoa Santa - Et Bitrag til denbiologiske Plantegeografi. Nessa obra, Warmingdescreveu os solos, o clima, as formaçõesvegetais nativas e cultivadas e os usos do solo,bem como incluiu uma lista dos vertebradosocorrentes na área de Lagoa Santa.

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O Planalto de Lagoa Santa está inserido nodomínio morfoclimático dos Cerrados(Ab’Saber, 1977), cuja flora apresenta-secomposta por cerradões, cerrados e camposgerais (Romariz, 1974). Segundo a classificaçãode Rizzini (1979), a região da APA Carste estásituada no complexo vegetacional do Cerrado,onde observa-se um “mosaico” admitindo comoclímaces, o cerradão, o campo sujo e a florestapluvial e como disclímaces, o cerrado e a matadegradada.

Segundo os mapas de uso da terra elaboradospelo CPRM (1994c), na área da APA ocorremas seguintes classes de uso e ocupação do solo:

a) Cerrado: paisagem composta por árvorestortuosas, de cascas grossas, interrompidas poruma ou outra árvore de porte mais ereto eemergente. O cerrado é freqüentementecomposto por três estratos, arbóreo, arbustivoe sub-arbustivo, densos e de composição muitovariável, além do herbáceo, constituído prin-cipalmente por gramíneas (Carvalho, 1995).Devido a intervenções antrópicas, principal-mente desmatamentos e queimadas, a maioriadas áreas de cerrado estão em fase deregeneração e ocorrem como manchas des-contínuas, sendo, muitas vezes, substituídaspor pastagens e/ou culturas.

b) Campo Cerrado: possui composição florísticaquase idêntica a do cerrado (sensu stricto),porém a cobertura vegetal é bem mais baixa,reduzindo-se a arbustos e arvoretas distribuídosesparsamente sobre um estrato de gramínease plantas campestres. Ocupam os terrenosmais altos, em áreas de relevo dessecado,sobre cambissolos ou solos litólicos, cas-calhentos e degradados (Carvalho, 1995).

c) Campo: formação constituída predominan-temente por gramíneas, leguminosas rasteirase ciperáceas, utilizadas geralmente comopastagem natural.

d) Zona de transição mata/cerrado: deno-minação dada à vegetação que ocorre nacircunvizinhança do Aeroporto InternacionalTancredo Neves. Nessa área, as espécies decerrado, mata seca e mata pluvial mesclam-sede tal forma que torna-se impossível delimitá-las, sendo denominada por Carvalho (1995)mata mista.

e) Mata seca: segundo Rizzini (1979) essa mataestá sujeita a um ritmo estacional que se traduzpor avançado grau de deciduidade foliar durantea seca. A intensidade da queda foliar depende

da severidade da seca e da cópia de águaedáfica armazenada.

f) Mata seca sobre rochas calcárias: tipoespecial de mata seca que ocorre em solosrasos, sobre afloramentos de calcário (CPRM,1994c).

g) Mata pluvial: formação arbórea perenifóliacontendo elementos da Mata Atlântica e da HiléiaAmazônica. Essa formação foi observada comoenclave na zona de transição mata/cerrado.Estas matas possuem em seu interior grandenúmero de mesófitos herbáceos, macrófilas eepífitas (CPRM, 1994c).

h) Matas ciliares ou de galeria: são matasperenifólias encontradas ao longo dos cursosd’água, misturadas em grande porcentagemcom árvores decíduas (Carvalho, 1995).

i) Pasto: é a classe de uso do solo predominantena região. As gramíneas mais usadas são abraquiária, o capim gordura e o jaraguá. Naregião predomina a pecuária leiteira.

j) Pasto sujo: ocupa áreas de campo cerrado,cerrado em regeneração e áreas ocupadas pelopasto semeado com gramíneas que foraminvadidas por espécies de campo.

k) Área cultivada: ocupa preferencialmenteantigas áreas de mata ciliar e de cerrado.

Observa-se ainda, as florestas homogêneas(Eucaliptus sp. e Pinus sp.), as áreas urbani-zadas (cidades, distritos, vilas, povoados,aglomerados, loteamentos, chácaras e granjas)e as áreas industriais e de mineração.

Em termos gerais, os remanescentes dacobertura vegetal nativa constituem “ilhas” devariados tamanhos. Os fatores que maiscontribuem para a descaracterização davegetação original são as minerações decalcário, a extração de argila (indústria cerâ-mica) e areia (sub-bacias dos ribeirões da Matae da Areia), bem como a agropecuária.

Nas últimas décadas, tem se observado aexpansão da silvicultura e o aumento doparcelamento do solo para implantação deloteamentos e condomínios, especialmente paralazer, situação característica do município deLagoa Santa (Carvalho, 1995).

4.2.2. Fauna

De uma maneira geral, os dados mais consis-tentes sobre a fauna da região referem-se a

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estudos realizados no século passado e no iníciodo corrente, havendo uma carência de dadossobre a situação atual da fauna na região.

A fauna da APA caracteriza-se, de acordo como domínio no qual a mesma se insere, por tratar-se de fauna típica de Cerrado, contendo,entretanto, diversos elementos do domínioAtlântico. A presença de espécies carac-terísticas da Mata Atlântica na APA estárelacionada ao fato da mesma estar situada emregião de transição entre os dois biomas eportanto sofrer influência de ambos.

A região é de extrema importância zoológica pois,além de abrigar uma fauna representativa doCerrado, é uma das raras áreas do país ondefoi realizado um minucioso inventário no séculopassado, especialmente de aves e mamíferos.Os resultados desse inventário são extre-mamente valiosos, podendo ser comparadoscom dados atuais fornecendo subsídiosimportantíssimos para a determinação deestratégias de conservação e manejo da área.

A seguir é apresentada uma breve descriçãodos elementos da mastofauna e avifauna dobioma Cerrado no qual a APA está inserida. Aescolha dos dois grupos se justifica, já queesses apresentam um número relativamentemaior de informações quando comparados aosdemais.

a) Mamíferos:

A fauna de mamíferos do Cerrado consta denove ordens, 28 famílias, 109 gêneros e 159espécies (Fonseca et al., 1996). Esta diver-sidade resulta principalmente do grande númerode espécies de morcegos (62), roedores (40) ecarnívoros (21) que, em conjunto, constituem72% dos mamíferos deste bioma. Apesardestes números, que fazem com que o Cerradoseja o terceiro bioma brasileiro em diversidadede mamíferos, sua fauna é talvez uma dasmenos inventariadas.

A região da APA Carste é de extrema impor-tância para a mastozoologia e paleontologiabrasileiras. Nesta região, durante a primeirametade do século XIX, Lund desenvolveu umminucioso e sistemático trabalho de paleon-tologia, posteriormente publicado por H. Wingeentre 1887 e 1915. Este volumoso tratado,intitulado E Museo Lundii descreve 155 espéciesde mamíferos fósseis coletados nas cavernasda região, além de várias espécies viventes,

capturadas por Lund nas vizinhanças de LagoaSanta (Voss & Myers, 1991).

De acordo com Cartelle (1994), que comparoua composição da fauna de mamíferos doPleistoceno de Minas Gerais com as espéciesrecentes, a mastofauna da região possuiriapotencialmente 111 espécies. É claro, entre-tanto, que nem todas estas espécies ocorremna APA Carste de Lagoa Santa, principalmenteconsiderando-se que os estudos de Lund foramrealizados no século passado e diversas dessasespécies se tornaram raras ou mesmo desa-pareceram da região devido às modificaçõesambientais que aí ocorreram.

Estudos recentes registraram a ocorrência de42 espécies de mamíferos na área da APA(Grelle et al., 1996), sendo que os quirópteros eroedores representaram 51% deste total. Oscarnívoros de grande porte praticamente já nãoestão mais aí representados devido ao fato denecessitarem de grandes áreas em bom estadode conservação.

b) Aves:

Silva (1995) registrou um total de 837 espéciesde aves, representando mais de 64 famílias,para o Cerrado. Destas, apenas 3,8% cons-tituem espécies endêmicas à este biomasegundo este autor. Esse baixo número deformas endêmicas do Cerrado está relacionadoao fato de muitas espécies ocorrerem tambémnos biomas vizinhos. Segundo Sick (1965) nãoé muito fácil determinar o que seria uma avifaunatípica desse bioma, pois várias de suasespécies ocorrem em outras formaçõesabertas, mas de composição florística diversa.Além disso, muitas das espécies consideradastípicas do bioma Cerrado vem expandindo suadistribuição geográfica, exatamente em funçãodos desmatamentos e consequente avanço dasáreas abertas.

De acordo com recentes estudos foi registradoum total de 216 espécies de aves na área daAPA (Lins et al., 1996), representadas tanto porespécies típicas do Cerrado, como tambémespécies oriundas da Mata Atlântica, alémdaquelas de ampla distribuição. Grande númerode espécies registradas na região no séculopassado também o foram nesse estudo.Entretanto percebe-se que certos grupos quedeclinaram ou desapareceram são parti-cularmente vulneráveis à fragmentação edegradação ambientais, destacando-se os

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grandes frugívoros, as grandes aves de rapina,aves florestais especialistas, bem como espé-cies no limite de sua distribuição (Lins op. cit.).

4.2.3. Hidrobiologia

De acordo com estudos limnológicos realizadosna área da APA, a Lagoa do Sumidouro foiconsiderada imprópria à recreação, devidoprincipalmente à ocorrência de planorbídeosvetores da esquistossomose. Um outro fatorconsiderado como restritivo ao uso deste corpod’água para recreação refere-se à ameaça de“floração algal”, visto as características própriasencontradas nas populações fitoplanctônicas ena qualidade química da água. Os teoresdetectados de sais nutritivos em soluçãopossibilitam o aparecimento desse fenômeno.Além disso, algumas das espécies de algaslevantadas (Raphidiopsis sp. e Oscillatoria sp.)são típicas de floração algal de cianófitas,cujo aparecimento acarreta a maioria dosproblemas de intoxicação e alergias, quandoem contato direto com o homem (Pinto et al.,1985).

A região apresenta condições ambientaispropícias ao desenvolvimento de caramujosvetores, favorecendo potencialmente o apa-recimento de vários focos de doenças. Foramidentificadas na área, Biomphalaria straminaee B. glabrata, provenientes da sub-bacia doRibeirão da Mata e da sub-bacia do córregoSamambaia.

Freitas (1985) aponta a ocorrência de B.straminea positivos para a esquistossomosena Lagoa Santa, localizada no municípiohomônimo. Contudo, o referido estudo registraque em 1979/1980 grandes índices pluvio-métricos fizeram transbordar a lagoa, ocasio-nando a eliminação total de toda a vegetaçãode sua orla e o desaparecimento de quase todosos elementos da fauna daquela comunidade.Assim, de 1980 até 1984, nenhum exemplar deBiomphalaria foi coletado na lagoa, significandoa suspensão da transmissão da esquis-tossomose. Essa ausência relacionou-se como desaparecimento do junco dominante nasmargens da lagoa. O autor, nesse momento,levanta a hipótese de que uma recolonização(natural ou artificial) da Lagoa Santa pelo juncopode favorecer o reaparecimento de B.straminae. Além disso acredita que o desa-parecimento dessa espécie possibilitará acolonização da lagoa por outros moluscos que

tenham seu desenvolvimento coibido pelapresença de B. straminae.

4.3 - Meio Sócio-Econômico

Neste item foram consideradas algumascaracterísticas da população dos municípios quecompõem a APA Carste de Lagoa Santa.Ressalta-se que esta caracterização baseia-seem dados secundários.

4.3.1. Município de Pedro Leopoldo

A posição do município de Pedro Leopoldo nocontexto demográfico metropolitano é bastanteespecífica, pois apesar de potencialmente serinterpretado como um espaço de riquezasacumuladas, o município afasta, ao longo de suahistória, as tendências de crescimento demo-gráfico a ritmos mais acelerados (Hissa, 1994).Segundo esse autor os municípios com taxasde crescimento médio anual são aqueles queabsorvem maiores parcelas de populaçãomigrante. Esses municípios são responsáveispela reorientação do fluxo migratório, não maispreferencialmente conduzido para a cidade deBelo Horizonte. Nesse sentido Pedro Leopoldoestá situado em posição intermediária, viven-ciando uma oportunidade rara em função desua vantajosa capacidade econômica insta-lada, pois em termos demográficos, a parti-cipação do município no conjunto metropolitanovem declinando ao longo das últimas décadas.

A economia do município pode ser caracterizadaatravés da importância do setor industrial. Aindústria concentra aproximados 80% do totalda economia municipal e a expansão daestrutura produtiva industrial é fundamentadanas vantagens locacionais e na disponibilidadede recursos naturais.

A principal atividade do setor primário é apecuária dirigida para a criação de gado leiteiro,cavalos de raça e aves para postura. Nomunicípio, 30% dos estabelecimentos são denatureza agropecuária e a atividade agrícola estávoltada para culturas temporárias, espe-cialmente a cultura do milho, do feijão, do arroze do tomate. As lavouras permanentes têmcomo principais produtos a banana, a manga, oabacate e o café, além de tubérculos, raízes,bulbos, legumes e verduras. Na horticultura efruticultura, o município se adianta como um dosprincipais produtores da Região Metropolitanade Belo Horizonte.

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4.3.2. Município de Matozinhos

O município de Matozinhos apresenta, damesma forma que Funilândia, um decréscimoda população rural frente à população urbana.A população economicamente ativa concentra-se nos setores industrial e de prestação deserviço, atividades sociais, administração entreoutras. Para o município, são listadas indústriasde transformação de produtos de minerais não-metálicos, metalúrgica, mecânica, indústria damadeira, do mobiliário, química, de produtos dematérias plásticas, do papel, do papelão, daborracha, alimentar, do vestuário, calçados eartefatos de tecidos.

Das 40 mineradoras levantadas pela CPRM(1994a), no Projeto Vida, 9 (22,5%) estãolocalizadas no município de Matozinhos. Essasmineradoras trabalham basicamente com aextração de minerais, areia e argila que vãoabastecer as indústrias e a construção civil.

A pecuária é voltada para a criação de gali-náceos, bovinos e suínos. Já na agricultura,aparecem, com destaque, as culturas de milho,feijão e cana-de-açúcar.

4.3.3. Município de Lagoa Santa

Na década de 40 observou-se a ocupação doentorno da Lagoa santa, destinado à construçãode moradias de final de semana para apopulação de alta renda de Belo Horizonte, maso surto residencial da década de 50 não chegaa atingir a estrutura econômica municipal voltadapara a agropecuária. Posteriormente foramlançados inúmeros novos parcelamentos nasede do município e dois em Lagoa dos Mares,alguns dos quais destinados a pequenos sítiose chácaras. Inicia-se assim uma mudançaestrutural no setor agropecuário, com odesenvolvimento de atividades hortifruti-granjeiras. Com a implantação da praia artificialjunto a Lagoa Santa, intensifica-se a atividadede lazer que passa a atrair usuários de média ebaixa rendas.

Na década de 70, a Prefeitura Municipal crioudois distritos industriais destinados a atrairpequenas e médias empresas para o município,os quais, no entanto, não lograram atingir o seusobjetivos. Somente a partir de 1976 é que aatividade secundária passou a ocupar lugar dedestaque na economia municipal, através daimplantação da SOEICOM S.A. (cimento), daMetalúrgica Walter D. Fisher S.A. (pias e cubas

de aço inoxidável), da Postes Cavan S.A.(postes de concreto, estruturas para trans-missão, etc.) e da Metalonita Ltda.(espumas ecolchões). Outros 18 estabelecimentos volta-dos para a construção civil completaram oquadro industrial do município. Embora indús-trias de médio porte, o pequeno número mostraa baixa atratividade de Lagoa Santa para a osetor, o que se pode ser atribuído a ausência deinfra-estrutura (transporte, dificuldades deabastecimento de água) e mesmo a restriçõesimpostas pela presença do Parque de MaterialAeronáutico de Lagoa Santa, instalado peloMinistério da Aeronáutica, ao sul da Lagoa, em1953. Assim, a economia local permanece,ainda, baseada na agropecuária.

Após 1977, Lagoa Santa é alvo de intervençãodo Setor Público, com a construção do Aero-porto Internacional Tancredo Neves, cujaimplantação trouxe uma certa revitalização aocomércio local, bem como a abertura depensões, a renovação e construção de mora-dias, além do acréscimo significativo no preçodos aluguéis. Além disso, a melhoria da MG-010, via importante na ligação entre BeloHorizonte e alguns municípios ao norte daRegião Metropolitana de Belo Horizonte propiciouo reforço do papel da sede de Lagoa Santa comopólo de atividades de lazer para a população deBelo Horizonte e das cidades vizinhas. Amelhoria das estradas para Confins e Lapinhafavoreceu a expansão urbana desses distritos.

Já na década de 80, observa-se a construçãode conjuntos habitacionais e a expansãoprogressiva de loteamentos e condomíniosluxuosos. A atividade pecuarista (gado leiteiro),agrícola (abacate, abacaxi, manga, mamão,café) e da avicultura (corte) são as bases atuaisda economia de Lagoa Santa.

Economicamente aparecem, ainda, as em-presas que se dedicam à produção extrativa:Mineração Lapa Vermelha Ltda. (areia, calcárioe brita para a construção civil) e SOEICOM S/A(calcário para a fabricação de cimento). Já osetor terciário concentra-se em um comérciovoltado para o atendimento local, no ramovarejista, sobretudo, gêneros alimentícios(Carvalho, 1995).

4.3.4. Município de Funilândia

O município de Funilândia, até 1970, apre-sentava, segundo dados do IBGE, população

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rural superior à urbana. Nas últimas décadas, oprocesso inverso tem sido observado.

O setor agropecuário é o que emprega o maiornúmero de pessoas, seguido do setor deprestação de serviços, atividades sociais,administração pública e outras atividades. Osetor industrial e comercial são inexpressivos,bem como o de transporte, comunicação earmazenagem. A atividade agrícola é dirigidapara o cultivo do milho, feijão, arroz, mandioca,cana e laranja. Já na pecuária, predomina acriação de galináceos, suínos, bovinos e se-cundariamente de equinos, muares e caprinos.

4.4 - Patrimônio Arqueológico, Espeleoló-gico, Histórico e Cultural

A pesquisa na área do relevo cárstico iniciou-se com os estudos paleontológicos do natu-ralista dinamarquês Peter W. Lund. Desde entãoas investigações científicas foram se desenvol-vendo, estando os seus resultados organizadose compilados pelos trabalhos desenvolvidospela Universidade Federal de Minas Gerais(Instituto de Geociências, Instituto de CiênciasBiológicas e Museu Estadual do PatrimônioNatural).

O patrimônio histórico também se encontraorganizado através de uma relação dos bensinventariados na região da APA Carste de LagoaSanta, realizado pelo Instituto Estadual doPatrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais(IEPHA/MG) em 1995. Todos os municípios daAPA foram inventariados, com exceção domunicípio de Funilândia.

No município de Lagoa Santa, o casario e asedificações religiosas encontram-se dispersasna malha urbana, sugerindo épocas dife-renciadas de ocupação. Já nos conjuntos rurais,na sua maioria de grande monumentalidade,sobressaem as fazendas-empório, às margensdo Rio das Velhas, que serviam aos viajantes(IEPHA, 1995c).

As casas urbanas do período colonial apre-sentam edificações elevadas, horizontalizadas,cobertura em quatro-águas, típicas da região dorelevo cárstico (IEPHA, 1995). Dentre osconjuntos de casas isoladas da fase eclética,destacam-se a sede da antiga Prefeitura e oGrupo Escolar Dr. Lund.

Foram relacionadas, na sede e nos distritos deLapinha e Confins, cinco edificações religiosas,merecendo destaque a Igreja Nossa Senhorado Rosário, do início do século XIX e a Capelade Santana, de meados do século XVIII.

Entre as edificações rurais levantadas em LagoaSanta, sete foram consideradas de especialinteresse, destacando-se a Fazenda SãoSebastião, conjunto considerado como uma dasfazendas-empório das margens do Rio dasVelhas, e a Fazenda Fidalgo, com padrõesconstrutivos tradicionais do século XVIII.

Os sítios arqueológicos, espeleológicos epaleontológicos incluem: oito sítios cerâmicos,sete lapas, nove grutas e dois abrigos. Des-tacam-se os sítios cerâmicos da Fazenda doMoinho e do Pastinho, onde foram encontrados,pelo setor de arqueologia da UFMG, no primeiro,alguns batedores de seixos rolados e lascas,além da citação dos moradores sobre aocorrência de machados indígenas, e nosegundo, cacos cerâmicos e algumas bolas debarro queimado, além de machados indígenas.A Lapa do Jassé, prospectada pelo setor dearqueologia da UFMG, foi considerada peloIEPHA um importante sítio para preservação edesenvolvimento de futuras pesquisas, devidoa presença de sedimento intacto, raro na região.No Abrigo do Bodão, localizado próximo a Grutada Lapinha, verificou-se a ocorrência de umpatamar com pinturas rupestres no teto esedimento ainda intacto.

No município de Matozinhos, no distrito sede eno Mocambeiro, foram levantadas duas edifi-cações religiosas: a Capela São José, que éconsiderada a primeira edificação religiosa,erigida no séc. XVIII, e o Santuário Bom Jesusde Matozinhos. Treze fazendas compõem oacervo de edificações rurais, destacando-se aFazenda Periperi, importante sítio arqueológico;a Fazenda Mocambo, pelo conjunto arqui-tetônico; e a Fazenda Jaguara, que foi sede doextinto Vínculo da Jaguara, tombada provi-soriamente pelo IEPHA, em 1984. Os painéisde pinturas de antropomorfos da Lapa do Ballet,sugerindo um ritual de fecundidade, e o painelde gravações picoteados da Lapa do PorcoPreto são também de extrema importância naregião (IEPHA, 1995b).

O acervo arquitetônico urbano de Matozinhos écaracterizado por exemplares da fase eclética,mesclados a outros sem significação de técnica

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antiguidade do homem, datando a sua presençapor volta de 14.000 anos. Permitiu ainda, pelaprimeira vez na América, a datação de obrasrupestres (IEPHA, 1995 d). A Lapa MiguelFernandes também continha importantesachados, como fragmentos de ossos humanos,pedras trabalhadas e numerosas pinturasrupestres que consistem em zoomorfos (tatu ecervídeo), antropomorfos e sinais (IEPHA,1995d).

Um volume considerável de informações sobretoda a área da APA compõem parte do chamadoProjeto Vida, realizado pela CPRM (1994a),apresentando um inventário de 289 grutaslevantadas nos municípios de Matozinhos ePrudente de Morais (5 grutas).

Em termos paleontológicos, o Planalto de LagoaSanta é o primeiro e grande marco brasileiro,pois em Lagoa Santa foram desenvolvidos, porLund, os primeiros estudos paleontológicos dopaís. Castor Cartelle (1994) resgata de formamagnífica a importância da região e de seuspesquisadores, tais como Lund, Reinhardt,Burmeister e Paula Couto para a paleontologiabrasileira. O fóssil do “Homem de Lagoa Santa”,que representa o primeiro homem da Américado Sul, foi encontrado na Lapa Vermelha, apoucos quilômetros da cidade de LagoaSanta. Nas últimas décadas, os acervospaleontológicos, espeleológicos e arqueológicosvêm sendo descaracterizados e destruídos pelaação antrópica, sobretudo pelas mineradora epelo turismo predatório.

Para assegurar a preservação e conservaçãodesse patrimônio, torna-se necessária aarticulação dos poderes públicos, da iniciativaprivada, das organizações não-governamentaise das comunidades da região de Lagoa Santa.Para isto a região conta com a participação ativada Casa Fernão Dias, junto com o IEPHA/MG,IPHAN, Conselhos Municipais de DefesaAmbiental (CODEMA), Organizações nãogovernamentais (ONG’s), instituições estasengajadas na articulação de iniciativas queresgatem as tradições culturais, bem comopreservem os patrimônios naturais e históricosda região.

construtiva. Destaque deve ser dado à Estaçãoda Estrada de Ferro Central do Brasil, inaugu-rada em 31 de agosto de 1895: “Estação da Paz”(IEPHA, 1995 b). Entre os sítios arqueológicos,espeleológicos e paleontológicos (7 lapas, 7grutas, 1 abrigo e 9 sítios) merecem destaqueos conjuntos de Poções e Cerca Grande,ambos tombados.

O município de Pedro Leopoldo iniciou-se comas atividades do bandeirante paulista FernãoDias Paes. São raros os exemplares arquite-tônicos que podem ser associados a PedroLeopoldo dos primeiros anos. Como rema-nescentes e marcos de sua evolução histórico-urbana estão os sobrados da CompanhiaIndustrial Belo Horizonte e a Escola EstadualLuiz de Melo Viana Sobrinho (IEPHA, 1995 d).

Foram levantados nos distritos Dr. Lund, Fidalgo,Vera Cruz de Minas e sede, seis edificaçõesreligiosas. Entre essas merece destaque aCapela de Nossa Senhora do Rosário, incluídana relação das primeiras de Minas Gerais,datando, presumivelmente, da transição doséculo XVII para o XVIII, sendo típica do períodominerador e tombada pelo IEPHA/MG em 1976.

Onze fazendas e uma edificação urbana,atualmente conhecida como Casa Fernão Dias,compõem o acervo de edificações. A CasaFernão Dias tem sua construção vinculada àformação do antigo arraial do Sumidouro. Éconstrução típica do Vale do Córrego doSumidouro, apresentando toda a tipologiaestrutural e formal da arquitetura dos séculosda colonização de Minas. Essa edificação foitombada pelo IEPHA/MG em 1976 e, recen-temente, foi transformada em centro deReferência Patrimonial “Casa Fernão Dias”.

Foram levantados 18 sítios arqueológicos,espeleológicos e paleontológicos no município,sendo sete tombados pelo IEPHA-MG. Desta-cam-se, entre esses, a Lapa e a Lagoa doSumidouro e o Conjunto Lagoa Vermelha.

A prospecção realizada na Lapa Vermelha, noperíodo de 1971-76, foi um dos marcos maisimportantes da história fóssil da região,fornecendo registros que comprovaram a

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5 - SISTEMA CÁRSTICO - FRAGILIDADES E LIMITAÇÕES DE USOCOMO CONDICIONANTES PARA SUA GESTÃO

O carste da região é representado por dois domí-nios morfológicos: um superficial (exocarste),caracterizado pela grande concentração desumidouros, dolinas, vales cegos e maciçoscalcários, e por outro subterrâneo (endocarste),constituído por um conjunto de galerias e grutase por um sistema de drenagem alimentado porinúmeros sumidouros (CPRM, 1994d). Nestesistema de relevo, frágil por natureza, sãofrequentes abatimentos e inundações, naturaisou induzidas pelo homem.

O planejamento racional de utilização do espaçocárstico é condicionado pelas características dorelevo e pelo sistema hídrico. O endocarste(subterrâneo) é um grande armazenador deáguas, facilmente poluíveis em função damacroporosidade de suas rochas e da ausênciado filtro natural formado pelo solo. O moni-toramento dessas águas é fundamental para umgerenciamento racional do relevo.

A deficiência ou mesmo a ausência de sanea-mento básico, com precário sistema detratamento dos efluentes sanitários, leva amaioria dos moradores das cidades a utilizaremo sistema de fossa séptica, fator de grandepoluição das águas do endocarste. Além disso,deve-se considerar o problema do uso deadubos e agrotóxicos na agricultura, devido àmacroporosidade dos solos.

As regiões de recarga devem ser preservadaspara não poluírem as águas do endocarste, cujaextensão pode ultrapassar os limites do Estadode Minas Gerais. Dessa maneira, pressõescomo aumento da expansão urbana sobre asáreas cársticas, verificada nos municípios dePedro Leopoldo e Matozinhos, devem sercuidadosamente analisados, e ao mesmotempo, devem ser canalizados os seus eflúviospara regiões além do aqüífero cárstico.

Levando-se em conta as característicasespecíficas do carste, algumas formas de usodo solo devem ser limitadas, ou mesmoproibidas. No planejamento agrário, os solosdesenvolvidos sobre calcários não devem seradubados nem receber agrotóxicos devido àmacroporosidade. As áreas periodicamente

inundadas são impróprias ao reflorestamento ououtras culturas de ciclo longo.

A beleza cênica da paisagem exocárstica eendocárstica aliada aos raros e insubstituíveistestemunhos históricos (as bandeiras de FernãoDias e Borba Gato), paleontológicos (inúmerosfósseis, ressaltando-se o do Homem de LagoaSanta, um dos primeiros registros do homemprimitivo no Brasil), arqueológicos e geo-morfológicos da região sugere opções de usovoltadas para a cultura, lazer e pesquisa.

Aliada à fragilidade natural do sistema, a regiãolimitada pela APA Carste de Lagoa Santa fazparte da Grande Belo Horizonte e como tal,acha-se hoje sujeita às fortes pressões doturismo, expansão urbana e industrial dametrópole. Isto tem acarretado a implantaçãode loteamentos impróprios face às caracte-rísticas do relevo cárstico, além da exploraçãoirracional do calcário, areia, cascalho e argila(Kohler, 1989).

Soma-se o fato de os municípios integrantes daAPA terem sofrido transformações considerá-veis na última década. A construção doAeroporto Internacional Tancredo Neves acarre-tou a abertura e duplicação de rodovias, e o iníciode ocupação de suas margens. Grande partedos novos loteamentos, em sua maioriadestinados a ocupantes de baixo poderaquisitivo, têm sido ocupados sem nenhumainfra-estrutura e saneamento. Antigas fazendastêm sido transformadas em chácaras derecreação ou transformadas em pólos agro-pecuários (Kohler, 1989).

Entre toda esta ocupação desordenada tem-seperdido inúmeros tesouros fósseis deixados pornossos antepassados, como painéis de arterupestre, sítios e artefatos, bem como inúmeroselementos fósseis. Nas últimas décadas trêssítios arqueológicos/paleontológicos, LapaVermelha de Lagoa Santa, Carrancas e Angico,foram completamente destruídos pelas mine-radoras, além de muitos outros terem sidodescaracterizados.

É inquestionável a importância da riquezamineral local, não só para a região como

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O conjunto representado pelos monumentosnaturais ou construções que constituem outestemunham eventos notáveis do passado,susceptíveis, por isso mesmo de cuidadosespeciais, não podem ser considerados comofatos isolados dentro de um contexto paisa-gístico ou histórico a ser preservado para odeleite poético do visitante ou fenomenológicodo pesquisador, e sim como um todo, envol-vendo as populações locais, sua cultura, suasnecessidades básicas e sua qualidade de vida.Daí a conveniência de legislar e criar normasque tornem possíveis o estabelecimento de umagestão participativa e responsável, onde cadaseguimento deve dar a sua contribuição paratorná-la eficaz e geradora do bem estar de cadaum.

para todo o estado. No entanto, sua exploraçãopode e deve ser feita dentro dos parâmetroslegais, cumprindo as normas de exploração erecuperação. A manutenção do carste e detoda sua riqueza e complexidade podeconviver harmoniosamente ao lado das ativida-des mineradoras, industriais e de agropecuária,desde que exista um planejamento integrado,que considere o conhecimento da dinâmica eevolução da paisagem cárstica. Este equilíbriosó será alcançado através de uma gestãoeficiente e participativa. Para tal, é importantese fazer cumprir não apenas a legislação queacompanha uma área de proteção ambiental,mas utilizar de todos os instrumentos existentesna vasta legislação brasileira.

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6 - GESTÃO AMBIENTAL - BASE CONCEITUAL

A realidade ambiental resulta de um processode interação entre os componentes físicos ebióticos do meio, e entre esses e o homem.Essa interação se dá conforme o padrão e omodelo de desenvolvimento almejado pelasociedade. As condições de ocupação doterritório, a forma de apropriação dos recursosnaturais, e a organização social adotada,denotam a percepção que o homem tem domeio e o padrão de consumo de cada sociedade.A gestão ambiental tem como função primordiala condução harmoniosa dos processos deinteração acima relatados e visa, sobretudo, asustentabilidade do desenvolvimento (Agra Filho,1994).

Antes de se discutir a proposta de gestão paraa APA Carste de Lagoa Santa, é interessantedefinir alguns conceitos básicos sobre gerencia-mento. Uma análise realizada nos termos deconvênios de co-gestão para unidades deconservação de diferentes categorias demanejo, que têm sido estabelecidos entre oIBAMA e diversas instituições governamentaise não-governamentais, demonstra que oconceito de gestão compartilhada não é muitoclaro para nenhuma das partes envolvidas (Ber-nardes, 1995). Assim, não existe uma definiçãoexata do que seja co-gestão para o IBAMA oupara as instituições conveniadas para tal.

O conceito de co-gestão adotado foi aqueledescrito por Bernardes (1995) e oficializado peloIBAMA, em 1994, na reunião para Discussõessobre os Componentes de Unidades deConservação e Desenvolvimento Institucional:

“Define-se então a co-gestão como aparticipação de uma ou mais entidadesqualificadas para o gerenciamento de UCsfederais, compartilhando com o órgão federalcompetente as decisões gerenciais e oplanejamento operativo das mesmas,conforme procedimentos especificados nosinstrumentos de planejamento (planos demanejo, planos de ação emergencial etc)aprovados pelo órgão federal.”

Para a implementação de um processo degestão é necessário que as instituiçõesresponsáveis pela normatização ambiental emdiferentes níveis participem na formulação das

políticas nacionais, regionais e setoriais dedesenvolvimento. Essas políticas determinarãoa extensão e a magnitude das intervenções nosistema ambiental. Além disso, as instituiçõesgestoras devem participar, também, nasespecificações das diretrizes, dos critérios deuso e manejo, e do controle dos recursosnaturais.

Visando, ainda, a efetivação do processo degestão, deve ser ressaltada a necessidade doPoder Público incorporar a dimensão ambientalna tomada de decisões e de adotar uma visãosistêmica no tratamento e na integração dasações e dos diferentes enfoques de umaquestão, nos diversos níveis do governo.

Inúmeros estudos têm sido conduzidos sobreas formas mais adequadas de se garantir oequilíbrio entre desenvolvimento e conservaçãodos recursos naturais. Dentre estes, a “Estra-tégia para o Futuro da Vida”, publicadapela IUCN em 1991, ressalta a necessidade dese adotar uma política ambiental integrada eimplementar as estratégias de conservaçãoatravés do planejamento regional. O documentosugere que os planos nacionais tenhamextensões regionais e locais de uso da terra,para que a sociedade possa transformar oobjetivo da sustentabilidade em metas especí-ficas, e proceder à integração de uma série dedecisões. Assim, cada plano regional deverá serum projeto conjunto do governo e dos mora-dores da região. Fica claro que o planejamentoproposto difere-se dos antigos planejamentosregionais ao abandonar o tratamento setorial,tratando a questão ambiental de maneira maisabrangente e por incluir a participação dasociedade. Esse planejamento participativopressupõe que a sociedade tenha mecanismoseficazes para influenciar a condução da máquinapública, tenha acesso aos meios de comu-nicação e disponha de informações adequadas(Almeida et al., 1993). Estes são, em últimaanálise, os princípios da co-gestão.

Ainda segundo a “Estratégia para o Futuro daVida”, a política ambiental deve ser fruto detodos os setores e órgãos competentes dogoverno, que deverão incorporar o objetivo dasustentabilidade em sua administração. Alémdisso, é necessário adotar um sistema interins-

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titucional para o planejamento das ações dedesenvolvimento e de conservação, gerandouma política ambiental realmente integrada.

Sob essa ótica, um plano de gestão ambientaldeve basear-se nas especificidades ambientaisdo meio e nas aspirações de desenvolvimentoda população, tratando de compatibilizar estasvariáveis de forma sustentada. Os instrumentosde gestão devem envolver aspectos sociais,culturais e ecológicos.

No Brasil, os instrumentos de gestão ambientalforam estabelecidos pela Política Nacional deMeio Ambiente, instituída pela Lei Federal No.

6.938/81 e compreendem, entre outros, osseguintes pontos: o estabelecimento de padrõesde qualidade ambiental; o zoneamento am-biental; a avaliação de impactos ambientais; olicenciamento e a revisão de atividades efetivasou potencialmente poluidoras e; os incentivos àprodução e à instalação de equipamentos etecnologia voltados para a melhoria da qualidadeambiental (Agra Filho, 1994).

A aplicação desses instrumentos está subme-tida a condições de operatividade bastantediferenciadas. A despeito de se dispor de umamoderna concepção institucional estabelecidapelo Sistema Nacional de Meio Ambiente, osinstrumentos de gerenciamento ambientalcarecem de um disciplinamento operativo emantém-se desvinculados do processo dedesenvolvimento nacional e/ou regional (AgraFilho, 1994).

Nesse contexto, os planos de gestão repre-sentam um planejamento de ações para semanejar o meio ambiente, constituindo-se de umconjunto de projetos setoriais e integrados que,implantados a partir do zoneamento, contêm asmedidas necessárias à gestão do território.Desta forma, cumpre a função de delinear oprocesso, ordenando os elementos físicos doterritório e as intervenções sobre o mesmo,através de um conjunto orgânico de medidasnormativas, administrativas e institucionais.

Os planos de gestão devem promover oordenamento das demandas sociais emcompatibilidade com os recursos do ambiente,além de coordenar objetivos e aglutinartomadas de decisão, nas diferentes esferas eníveis governamentais na microrregião alvo domacrozoneamento. Devem ser concebidosatravés de objetivos-programáticos e de

ações estratégicas. Os primeiros constituemas principais linhas de atuação destinadas aogerenciamento dos problemas ambientais. Jáas ações estratégicas compreendem asdiferentes formas de atuação que pretende-sedesenvolver para o atendimento dos objetivos-programáticos (Agra Filho, 1994).

Na sua concepção, um plano de gestão temcomo eixo condutor o macrozoneamento,responsável por apontar as diretrizes relativasao ordenamento territorial e por apresentardiretrizes de intervenção, tais como a articulaçãoinstitucional e o monitoramento ambiental. Nozoneamento, aparecem os problemas am-bientais, as ações sugeridas para controle,recuperação e/ou preservação da qualidadeambiental, além de ações relacionadas aofomento de atividades sócio-econômicas quevenham garantir a sustentabilidade do desen-volvimento da microrregião, a mobilização eparticipação efetiva dos diversos atores sociaisenvolvidos e o desenvolvimento de alternativastecnológicas.

No âmbito interinstitucional deve-se reforçar onecessário ordenamento das funções e douniverso de atuação das diversas instituiçõesenvolvidas, sob a perspectiva de se com-patibilizar as ações pretendidas com osdiferentes níveis do governo. A efetividade dafunção de coordenação dos Planos de Gestãoestá condicionada, tanto ao grau de articulaçãoe integração do órgão gestor do Plano com oórgão de planejamento governamental, quantopelo real engajamento dos governos municipais(Agra Filho, 1994).

Outra questão fundamental referente aocomprometimento institucional é a interface quea operacionalidade dos Planos de Gestão exigeentre os setores gerenciais da instituiçãocoordenadora. Todo esforço deve ser empre-gado para evitar que fique configurada umasobreposição de atuação, devendo-se enfatizaras ações de complementaridade às atividadesde rotina. Além disso, a equipe de coordenaçãodeve contar com respaldo político, para cumprirsuas funções de interlocutor da instituição frenteàs demandas de articulações interinstitucionaisexigidas.

A experiência tem demonstrado que no Brasilusualmente a co-gestão tem sido realizadaapenas como uma alternativa para suprir

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Gerência, por sua vez, indica o ofício ou a funçãode gerente e, sendo assim, equivale a gestão,administração ou direção de negócios. Juridi-camente tem sentido de mandato, convencionalou contratual, em que se investe a pessoa paraque possa desempenhar administração denegócios de um estabelecimento ou sociedadecomercial, no qual contém poderes amplos paraque se possa cumprir os objetivos do próprioestabelecimento ou sociedade. “

Devido à complexidade em se administrar umaunidade de conservação com as característicasde uma APA, os pontos estratégicos chavespara a efetiva implantação do Plano de Gestãodevem ser destacados:

• promoção de iniciativas que visem a asseguraro comprometimento dos diversos atoressociais;

• elaboração de instrumentos que assegurem oacesso permanente às informações dispo-níveis sobre a APA, por parte dos diversosenvolvidos no processo;

• internalização da dimensão ambiental noplanejamento regional, municipal e local;

• fortalecimento das funções de coordenaçãodos processos de gestão;

• espaldo político da equipe de coordenação paracumprir os objetivos programáticos do Planode Gestão;

• internalização institucional, gradual, das açõesdo Plano de Gestão, de forma que a médioprazo possam ser incorporadas nas atividadesgerenciais de rotina dos órgãos;

• promoção de parcerias entre o poder público,instituições privadas, associações comunitá-rias, centros de pesquisa e universidades, etc;

• cessão de privilégio aos órgãos colegiados;

• efetivação da participação pública.

carências dos órgãos responsáveis, sem aexistência de uma política institucional clara eprecisa que, de fato, possibilite uma melhoriano exercício de gerenciamento das unidades deconservação. Dessa forma, é necessário queo órgão público responsável pela UC, estejapresente e seja parte integrante e executiva dagestão. É primordial para a efetivação de umPlano de Gestão que o IBAMA assuma o seupapel de gestor e realize a articulação entretodos os envolvidos com a UC, ou seja, asdiferentes esferas governamentais, o setorprodutivo, a comunidade e as associações quea representam.

Para complementar, é interessante apresentaralguns conceitos que podem ser úteis para opleno entendimento do documento aquiproposto. Entre estes é importante definir ostermos gestão, administração, e gerência,apresentados em Possibilidades Alternativaspara o Manejo e Gerenciamento das Unidadesde Conservação (IBAMA/PNMA, 1993 em:Bernardes, 1995).

Segundo o documento supra citado, “numsentido amplo, considerando-se o vocabuláriojurídico, gestão significa a administraçãoou gerência de alguma coisa que seja deoutrem e, assim, implica necessariamente naindicação de uma administração de bens ouinteresses alheios em virtude de mandatoconvencional, de mandato legal ou por meroofício do gestor.

Administração, em um sentido amplo, referindo-se à coisa pública, pode ser compreendidacomo uma manifestação do poder público nagestão ou execução de atos ou de negóciospolíticos, enquanto em um sentido restritosignifica a simples direção ou gestão denegócios ou serviços públicos realizados porseus departamentos ou instituições espe-cializados com a finalidade de prover asnecessidades de ordem geral coletiva.

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7 - PROPOSTA PARA A CO-GESTÃO DA APA CARSTE DE LAGOA SANTA

No Io Seminário Participativo, realizado parasubsidiar o Plano de Gestão, foram levantadosvários problemas, destacando-se:

• depredação de sítios arqueológicos, paleon-tológicos e espeleológicos;

• descaracterização do patrimônio cultural;

• depredação da paisagem natural;

• redução da biodiversidade presente nascavernas;

• poluição intensa do ar em unidades industriais;

• poluição expressiva em aqüíferos superficiaise subterrâneos;

• erosão;

• turismo predatório;

• mineração em áreas inadequadas;

• utilização dos recursos naturais de formailegal;

• ocupação desordenada do solo.

O Seminário apontou ainda os atores principaispara o gerenciamento, bem como as medidasnecessárias para a solução dos problemas. Deuma maneira geral, as propostas visavamalcançar soluções capazes de efetivar umafiscalização mais eficiente por parte dos órgãosresponsáveis pela aplicação da legislação deproteção do patrimônio arqueológico, paleon-tológico e espeleológico, através do exercíciode um controle ambiental que possibilitasse: aaplicação da lei com rigor; o licenciamentoambiental/florestal mais eficaz; o monitoramentoconstante sobre qualidade do ar e da água e ocontrole das atividades minerárias em todos osníveis.

Além das questões já apontadas, foramevidenciados problemas de qualidade de vidadas populações, como a falta de saneamentobásico e o crescimento desordenado dascidades localizadas dentro e no entorno da APA.Na ocasião foram ainda levantadas a ausênciade uma inter-relação entre a existência da APAe os movimentos representativos da cultura daspopulações locais; a ausência dos movimentosambientalistas nas ações efetivas de implan-tação e manutenção da APA; a alienação dacomunidade no processo de criação da APA emesmo o desconhecimento de sua existência.

De fato, a escolha, as definições e os objetivospara criação de unidades de conservação peloPoder Público no Brasil, de modo geral, têm sidofeitas sem a efetiva participação da comunidade.Assim, muitas das unidades de conservaçãocriadas são tidas como prejudiciais e impe-ditivas à sobrevivência do próprio indivíduo. Aefetivação destas áreas, em especial daquelasde uso direto, só será alcançada se ascomunidades interessadas forem chamadas aparticipar do planejamento e gestão dasmesmas.

Os subsídios fornecidos pelo SeminárioParticipativo, evidenciaram claramente ospontos principais a serem considerados nagestão da APA:

• a responsabilidade legal e institucional dosórgãos envolvidos em relação ao patrimônioambiental local;

• o gerenciamento participativo no espaçoreservado para a Unidade de Conservação deuso direto.

Em termos de controle, pelo menos seisórgãos, três federais (IBAMA, DNPM e IPHAN)e três estaduais (FEAM/COPAM, IEF e IEPHA),atuam legalmente na área (Quadro 1). Soma-se a estes a SEPLAN/PLAMBEL e as Prefei-turas dos municípios que compõem a APA. Asimples constatação da degradação na região,principalmente dentro do território da APA,demonstra a necessidade de estabelecer umsistema para a compatibilização de açõesdesses órgãos, que vêm atuando de maneirasetorizada e desarticulada. É imprescindível aarticulação inter-institucional dos órgãos citadospara que se possa executar medidas imediatasvisando a aplicação da legislação, independenteda existência da UC.

Para efetivação de uma gestão eficaz na APACarste de Lagoa Santa, é necessário, queocorra uma ação imediata dos órgãosencarregados do controle ambiental e depreservação do conjunto histórico, cultural,turístico e paisagístico que compõe o objetivoprincipal da existência daquela unidade deconservação.

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Quadro I - Principais Instituiuções envolvidas diretamente na Gestão Ambiental da APA Carste. (continua)

1A legislação citada se refere ao interesse específico na gestão da APA

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bien

tal

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* Ressalta-se que quando do término deste texto a Plambel estava em reestruturação, devendo ser realizada uma revisão de sua atuaçãoquando da implantação do presente Plano de Gestão.

FEAM Fundação de direito público, criadapelo Decreto nº 28.163 de 06 dejunho de 1989, através da leiautorizativa nº 9.525 de 29 dedezembro de 1987, órgão vinculado.à Secretaria de Ciência, Tecnologia eMeio Ambiente do Estado de MinasGerais, com o objetivo principal dedar apoio técnico ao ConselhoEstadual de Política Ambiental(COPAM).

Pesquisar, diagnosticar, acompanhar e controlar a qualidadedo meio ambiente; desenvolver pesquisas, estudos, sistemase padrões e elaborar normas para o controle da degradaçãoambiental e para sua proteção; propor ao COPAM medidasnecessárias à proteção, conservação e melhoria do meioambiente; prestar serviços visando à utilização racional domeio ambiente; desenvolver atividades educativas visando àcompreensão social dos problemas ambientais; formar eespecializar pessoal para o exercício de funções inerentes àsua área de atuação, por meio de programas de treinamento;administrar a Casa de Fernão Dias (centro referencial doCarste de Lagoa Santa).

Leis: 7.772 de 08/09/1980; 9.525 de29/12/1987; 10.545 de 13/12/1991;10.595 de 07/01/92; 10.943 de 27/11/92;10.883 de 01/10/1992; 11.504 de21/06/94.Decretos: 18.782 de 03/11/1977; 20.791de 08/07/1980; 21.228 de 10-03-1981;33.944 de 18/09/92; Dec.32.945 de18/09/1992.Deliberações Normativas e Resoluções doCOPAM

IEF Autarquia estadual, criada pela Lei nº2.606 de 05 de janeiro de 1962.

Órgão responsável, pela coordenação e execução da PolíticaFlorestal do Estado de Minas Gerais cabendo-lhe: conservare preservar a biodiversidade; proteger e conservar osrecursos hídricos e o solo; promover o desenvolvimentoflorestal através do reflorestamento com espécies nativas eexóticas e da exploração sustentável da vegetação nativa;proteger os recursos pesqueiros; promover a educaçãoambiental; criar e administrar UC’s.

Leis: 2.606 de 05/01/1962; 10.312 de12/11/1990; 10.561 de 27/12/1991;10.883 de 02/10./92.Decretos: 32.463 de 24/01/1991; 33.944de 18/09/92.

IEPHA Fundação de direito público,vinculada à Secretaria de Estado daCultura, criada pela Lei Autorizativa7.775 de 30/09/1971, com asalterações introduzidas pela Lei8.828 de 05/06/85.

Proteger e promover o patrimônio histórico, cultural,natural e científico do Estado, classificando-os sob adenominação de bens culturais, os conjuntos urbanos, asedificações públicas e privadas, de qualquer natureza oufinalidade, os sítios arqueológicos, paleontológicos,espeleológicos e paisagísticos, os bens móveis e as obras dearte integradas.

Leis: Dec.Lei 25 de 30/11/1937; 5.775 de30/09/1971; 8.828 de 05/06/1985.

PLAMBEL*/SEPLAN

Autarquia vinvulada à Secretaria dePlanejamento do Estado de MinasGerais, tem a sua origem naregulamentação da RegiãoMetropolitana de Belo Horizonte(RMBH) pela Lei Estadual nº 303/74,modificada pelas leis 6.695/75 e6.765/76; Lei complementar nº 26 de14 de janeiro de 1993 e reorganizadapela Lei 11.474 de 26 de maio de

Coordenar a política estadual nos assuntos de interessecomum da RMBH; articular com os municípios integrantesda RMBH, com os diversos órgãos e entidades federais eestaduais e com as organizações privadas, para oplanejamento integrado; promover a implementação deplanos, programas e projetos de investimento na RegiãoMetropolitana de Belo Horizonte.

Leis 11.474 de 26/05/94 - complementarnº 26 de 14/01/93.

4124 Quadro I - Principais Instituiuções envolvidas diretamente na Gestão Ambiental da APA Carste. (continuação)

Gestão

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tal

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A proposta para implantação da APA segue o seguinte esquema:

Etapa preparatória Etapa de implantação

Comissão de implantação Conselho da APA

Açõesimediatas

Ações de médio elongo prazos

Implementação da Co-gestão

Para efetivação de uma gestão eficaz na APACarste de Lagoa Santa, é necessário, queocorra uma ação imediata dos órgãosencarregados do controle ambiental e de

preservação do conjunto histórico, cultural,turístico e paisagístico que compõe o objetivoprincipal da existência daquela unidade deconservação.

Segundo o esquema apresentado, a im-plementação do sistema de co-gestão da APACarste de Lagoa Santa prevê dois momentosdistintos:

• primeira etapa : é preparatória para aimplantação do sistema de co-gestão e deladependerá a implantação da APA. Nessa etapaserão executadas as medidas para a articu-lação entre os órgãos encarregados docontrole ambiental na APA e as açõesimediatas, que são de inteira responsabilidadedo poder público;

• segunda etapa: refere-se à co-gestãopropriamente dita e envolve todos os segmen-tos da sociedade que atuam na área. Nessaetapa serão executadas as ações de médio elongo prazos.

1 - Primeira Etapa (de Implantação)

Duração = 06 meses

A execução das ações imediatas possibilitará oconhecimento das normas que incidem sobre a

área e a minimizarão das ações impacientesque nela atuam, através da definição decompetências e do comprometimento decada órgão de exercer, de forma articulada, asatividades de controle sobre sua responsa-bilidade. Apesar de não serem muito abran-gentes, quando se considera o universo dosproblemas existentes na APA, estas ações seconstituem num elenco que servirá de basepreparatória para dar o suporte necessário paraas medidas a serem desenvolvidas a longoprazo. Além disso, os problemas apontadosformam o conteúdo de toda legislação cujaresponsabilidade de aplicação é do PoderPúblico.

Assim, a execução das ações imediatasde controle ambiental visa a criação deinstrumentos através dos quais tornar-se-ãoviáveis as propostas do planejamento a serefetivado, para a execução das ações demédio e longo prazo, como instrumento de co-gestão.

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Gestão Ambiental

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AÇÕES IMEDIATAS

Descrição Responsávellevantamento completo dos Alvarás de Pesquisa solicitados e/ouconcedidos dentro do perímetro da APA

DNPM

levantamento completo dos Decretos de Lavra concedidos dentro doperímetro da APA

DNPM

levantamento de todas as licenças ambientais, concedidas e/ou aconceder pelo COPAM, abrangendo o território da APA

FEAM

levantamento das autorizações ou requerimentos para desmatamentodentro da APA

IEF

levantamento do número e localização das pedreiras e serrarias de pedraexistentes no âmbito da APA

FEAM

levantamento dos pedidos de parcelamento do solo (loteamentos,chacreamentos, condomínios etc) dentro da APA

IBAMA

definição das áreas com restrições de uso e de intocabilidade IBAMAsuspensão pelo prazo de 06 (seis) meses de licenças para desmatamento IBAMA/IEFdeterminação de auditorias ambientais nas minerações e indústriaspoluidoras com monitoramento durante o período de 03 (três) meses

FEAM

fiscalização e coibição de qualquer atividade minerária clandestinadentro da APA e nas áreas adjacentes

FEAM

suspensão da concessão de alvarás de pesquisa e concessão de lavra porum período de 12 meses

DNPM

convocação a registro e licenciamento de todas as atividades mineráriasdentro da APA

FEAM

definição dos limites e a área de entorno da APA IBAMA

• dar suporte à implantação do Sistema de co-gestão da APA Carste de Lagoa Santa;

• efetivar as medidas definidas como ações imediatas;

• propor os instrumentos legais visando compatibilizar as atuações conjuntas que viabilizem a execução dasações imediatas;

• acompanhar a elaboração do zoneamento econômico-ecológico;

• implantar uma unidade física, com infra-estrutura de pessoal e material, que deverá provisória ou definitivamentefuncionar como sede administrativa da APA;

• assessorar o IBAMA na elaboração do Plano Operacional da APA Carste de Lagoa Santa, onde deveráser planejada a efetivação das ações de médio e longo prazo, através de um cronograma físico-financeiro;

• apresentar aos demais órgãos envolvidos o Plano Operacional com as medidas propostas e os custosoperacionais;

• preparar e organizar um seminário em cada uma das sedes dos Municípios envolvidos, visando discutir coma comunidade e autoridades locais, a APA, o Plano Operacional, sua implantação e as propostas de parceria;

• elaborar um programa de estratégias para captação de recursos financeiros para a administração da APA.

CISPLAN - Estratégias de ação:

Para a implantação das ações descritas acimadeverá ser feita a institucionalização da gestãoatravés de um convênio a ser firmado entre osórgãos públicos envolvidos. O convênio deverácriar uma comissão de 08 (oito) pessoas, depreferência técnicos, indicados pelo IBAMA, IEF,

FEAM e DNPM, sendo 02 (dois) para cada órgão.Essa comissão será denominada “Comissãode Implantação do Sistema de Planejamento daAPA Carste de Lagoa Santa” - CISPLAN, quedeverá preparar as fases iniciais do Plane-jamento obedecendo as seguintes estratégias:

Gestão Ambiental

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A CISPLAN será presidida pelo IBAMA. Osintegrantes da CISPLAN permanecerão, peloprazo de pelo menos 06 (seis) meses, àdisposição, por tempo integral, para efetuar astarefas que lhes forem destinadas. A execuçãode cada ação imediata terá um responsável,indicado entre os representantes dosórgãos que compõem a CISPLAN. Essaestruturação é imprescindível para a efetivaçãodas ações propostas e deverá estar explicitadano Convênio a ser firmado entre as partes.Como resultado das estratégias a seremdesenvolvidas pela CISPLAN deverá serrealizada a indicação e posse do Conselho daAPA, bem como sugestões para a montagemdo seu Regimento Interno e a assinatura de umTermo de Compromisso das entidades parti-cipantes, no qual haja uma disposição deassumirem a UC, sua implantação e a co-gestão.

Uma das dificuldades que poderão surgir noprocesso é a articulação interinstitucionalnecessária à formação da CISPLAN. Emboraos diversos órgãos envolvidos tenham partici-pado do seminário preparatório, compro-metendo-se com a implantação efetiva da APACarste, a intermediação que se faz necessárianesta fase objetiva a oficialização institucionaldo compromisso e a assunção da respon-sabilidade de executá-lo. Assim, três aspectosfundamentais devem ser alcançados:

• definir e assumir o papel institucional comoco-responsável pela implementação dasmedidas preparatórias de gestão da APA;

• designar um representante na CISPLAN como perfil indicado no Plano de Gestão pelo prazode 06 (seis) meses;

• dar o necessário respaldo político às açõesda CISPLAN, no âmbito de sua competência.

Para a consecução dos objetivos acimaapontados sugere-se a contratação de umconsultor que tenha conhecimento e trânsitoentre os órgãos estaduais e federais, bem comovivência com as questões ambientais relativasa região cárstica. O papel fundamental desteconsultor seria:

• articular a formação da CISPLAN junto aosórgãos públicos relacionados;

• coordenar e propor a metodologia de trabalhoda Comissão, a ser discutida e aprovada pelosseus membros;

• propor e preparar os instrumentos jurídicosnecessários, bem como as minutas a seremsubmetidas às entidades envolvidas.

A constituição da CISPLAN vai além daexecução das tarefas propostas. A elacabe preparar o terreno visando implantar ainfra-estrutura de suporte para possibilitar ofuncionamento efetivo das parcerias que seformarão para gerir a APA. Portanto asimples composição da Comissão e aoutorga da responsabilidade por tomar medi-das administrativas, não garante oêxito da missão, devendo os membrosda CISPLAN possuir respaldo políticopara agirem como interlocutores dosórgãos que estão representando. Além disso,os elementos escolhidos devem possuirum perfil que denote interesse e conhe-cimento dos problemas com os quais irãolidar.

Dessa maneira, recomenda-se um programade treinamento para a CISPLAN visandocapacitar os seus componentes:

• em conhecimentos básicos sobre gerência etrabalho em equipe;

• na montagem de projetos e programas;

• na legislação;

• na fiscalização;

• na gestão ambiental;

• em conhecimentos técnicos e científicos sobreo carste.

Para efetivar o treinamento dos membros daCISPLAN, sugere-se um programa básico decapacitação envolvendo as assessoriasjurídicas da FEAM e do IBAMA, o CETEC, aUniversidade Federal de Minas Gerais e outrasinstituições que atuem especificamente emdesenvolvimento de projetos e capacitação emgerência, como, por exemplo, a Fundação DomCabral.

Uma vez executadas as medidas de açõesimediatas, bem como, implantado o sistema deco-gestão, antes do interstício de tempo fixado,a CISPLAN poderá ser dissolvida.

2 - Segunda Etapa (de Efetivação da Co-Gestão)

Duração = 18 meses

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Gestão Ambiental

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Nessa etapa será implantado o sistema deadministração da APA, com a indicação de umgerente, profissional, nomeado pelo IBAMA, comexperiência de administração e manejo emunidades de conservação, devendo ser, depreferência, capacitado a atuar em áreas comas características do carste. Esse gerentedeverá contar com todo pessoal de apoionecessário, que deverá ser fornecido pelasinstituições representadas no CISPLAN.

A gerência acima referida, além de suasobrigações com a administração da APA, deveráatuar como Secretaria Executiva do Conselhode Co-gestão a ser implantado. Enquanto aSecretaria Executiva não estiver estruturada,suas funções deverão ser exercidas pelo IBAMAou pela instituição com melhores possibilidadespara executar as funções de co-gestor junto aoIBAMA.

A APA Carste de Lagoa Santa deverá seradministrada através de sistema de parceria,no qual estejam envolvidos: o poder públicofederal, estadual e municipal; a comunidadelocal, representada pelas entidades civis,ambientais e culturais; os órgãos técnicos; asuniversidades; e as empresas da região.

O Conselho da APA deverá ser normativo edeliberativo naquelas questões definidascomo de sua competência, estabelecidas noregimento interno a ser elaborado e aprovado60 dias após a tomada de posse dos membros.

O Conselho não poderá substituir a com-petência legal dos órgãos já existentes. Dessamaneira, o Conselho não irá licenciar, já que alei estabelece que é o órgão estadual, esupletivamente o IBAMA, quem licencia.

Qualquer intervenção que requeira o licen-ciamento dentro dos limites da APA, tem queter a anuência do IBAMA, que é o órgãoadministrador, através de uma licença prévia.O Conselho da APA deverá atuar neste temaatravés da emissão de pareceres.

O Conselho da APA deverá ser presidido peloIBAMA e contará com os seguintes membrosefetivos:

01 representante do IBAMA

01 representante do IEF

01 representante da FEAM

01 representante do DNPM

01 representante da SEPLAN

01 representante do IPHAN

01 representante do IEPHA

01 representante da COPASA

01 representante da UFMG

01 representante da Polícia Florestal

01 representante da CPRM

01 representante do Executivo Municipal deLagoa Santa

01 representante do Executivo Municipal dePedro Leopoldo

01 representante do Executivo Municipal deMatozinhos

01 representante do Executivo Municipal deFunilândia

01 representante do Legislativo Municipal deLagoa Santa

01 representante do Legislativo Municipal dePedro Leopoldo

01 representante do Legislativo Municipal deMatozinhos

01 representante do Legislativo Municipal deFunilândia

01 representante do CODEMA de Lagoa Santa

01 representante do CODEMA de PedroLeopoldo

01 representante do CODEMA de Matozinhos

01 representante do CODEMA de Funilândia

02 representantes de associações ambien-talistas

01 representante da associações de movi-mentos culturais da região

01 representante das mineradoras

01 representante das indústrias de cimento

01 representante do Conselho da Casa FernãoDias

Total: 29 membros

O Conselho funcionará como um colegiado esuas decisões serão tomadas por maioria dosseus membros. Dentre as atribuições doConselho, a serem estabelecidas no regimentointerno, sugere-se a inclusão de:

• divulgar ações, projetos e informações geraissobre a APA;

• servir de interlocutor entre a comunidade e oIBAMA;

• encaminhar problemas e sugestões para osórgãos competentes;

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Conselhoda APA

ConsultoresCredenciados

SecretariaExecutiva(IBAMA)

PatrimônioArqueológico,

Paleontológico,Espeleológicoe Ecológico

RecursosHídricos

Uso eOcupação

do Solo

Turismo eAtividadesSociais eCulturais

Estrutura de Gestão

• conceber normas para gestão da APA;

• trabalhar em parceria com o gerente da APA;

• cobrar envolvimento e resoluções de conflitosdos órgãos competentes;

• acionar as Câmaras Técnicas para discussãode políticas e propostas de estudo;

• acompanhar o Zoneamento da APA;

• acompanhar a implementação e desen-volvimento de ações de monitoramento;

• contribuir para ações de educação ambientale valorização da APA;

• trabalhar em parceria com a Casa FernãoDias, centro de referência histórico-cultural daAPA;

• definir e propor mecanismos de incentivo apesquisas que contribuam para o aprimo-ramento direto da gestão da APA;

• estimular a criação de ONGs ou comitêscomunitários;

• reforçar o processo participativo com prefei-turas, empresas, associações, universidades,ONGs, entre outros;

• estabelecer mecanismos de controle eprestação de contas da gerência da APA;

• estabelecer avaliações contínuas dos resul-tados alcançados.

O Conselho deverá contar com 04 CâmarasTécnicas Especializadas, que funcionarão cadauma contando com 7 (sete) membros, sendo

4(quatro) oriundos do Conselho e três a seremconvidados entre as pessoas ou entidades dereconhecido conhecimento técnico sobre aespecialidade da Câmara, que será presididasempre por um membro nato do Plenário.

As Câmaras Técnicas estão divididas em:

• Câmara Técnica do Patrimônio Arqueológico,Paleontológico, Espeleológico e Ecológico

• Câmara Técnica dos Recursos Hídricos

• Câmara Técnica do Uso e Ocupação do Solo

• Câmara Técnica do Turismo e AtividadesSociais e Culturais

Além das Câmaras, deverão ser cadastradosconsultores que serão acionados para emitirpareceres sobre processos que dependerem dedecisão do Conselho, ou seja, aquelas queforem definidas no Regimento Interno, respei-tando-se a legislação. Esses consultoresdeverão ser resgatados preferencialmente dasuniversidades, institutos de pesquisas e/ouorganizações técnicas que atuam nos diversoscampos do conhecimento de interesse da APACarste de Lagoa Santa.

As Câmaras Técnicas deverão se reunir, numaperiodicidade a ser definida, para gerar pro-postas de políticas ambientais. Essas câmarasterão uma função mais criativa e intelectual,trabalhando nas propostas de administração eco-gestão da APA, nos seus respectivoscampos de conhecimento.

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Quadro 3 - Ações de médio e longo prazos (Conselho de Co-Gestãso da APA Carste. (continua)

Descrição Prazo ( nº de meses)01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18

levantar, junto às Universidades, CETEC, SBE e CPRM, todos os cadastramentosde grutas e sítios arqueológicos existentes na área da APAsolicitar junto à FEAM para que seja dada uma atenção especial a área cárstica, noprograma de monitoramento da Bacia do Rio da Velhas no Programa do Prosam.realizar o levantamento dos grupos locais que desenvolvem atividades culturais,cadastrando os eventos por eles promovidos, para inclusão em calendário turístico eboletins informativos a serem confeccionados para a divulgação da APAelaborar projetos de valorização da APA Carste e promoção de seminários,executados pelas ONGs locais, para debater com as comunidades as propostas degerenciamento da UC.definir os sítios que poderão ter acesso público e aqueles que serão restritos a partirde avaliações já realizadas e de consultas a cientistas de notório saber.instalar em pontos considerados estratégicos e de alta circulação, placas indicativasnos limites da APA, com informações sobre a unidade de conservação.estruturar bancos de dados sobre o patrimônio arqueológico, paleontológico eespeleológico e sobre as pesquisas existentes na área da APA.normatizar as pesquisas na área, proibindo que pessoas não credenciadas pelasUniversidades ou pelos órgãos responsáveis, coletem, tenham a guarda ou amanutenção de peças originárias dos sítios arqueológicos, paleontológicos eespeleológicos existentes na APA ou no seu entorno.

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Descrição Prazo ( nº de meses)transformar a Casa Fernão Dias num centro de referência histórico e de educaçãoambiental da APA, dotando-o de infra-estrutura para tal.promover debates com a comunidade local sobre todos os projetos inseridos noplanejamento da gestão da APA, visando divulgar as medidas a serem adotadas,bem como o cronograma e os responsáveis pela realização dos mesmos.desenvolver, junto com os municípios envolvidos, projetos sobre a deposição dolixo urbano e indicação das melhores técnicas de manejo desta atividade, apoiandoas Prefeituras na elaboração do EIA/RIMA, contando para isto com a participaçãoda FEAM, CETEC, COPASA e SEPLAN.estabelecer, nos locais de visitação permitida, uma infra-estrutura mínima, comguias treinados para dar informações aos usuários e distribuir folhetos educativos,contendo notas explicativas sobre a APA Carste de Lagoa Santa e normas deproteção a serem respeitadas sob as penas da lei.criar um programa de monitoramento das águas, tanto de superfície quanto assubterrâneas, estabelecendo áreas frágeis e limitando as atividades antrópicas quepossam comprometer a qualidade das mesmasdesenvolver projetos de incentivo ao turismo no território da APA, incentivando aparticipação dos grupos locais na venda de seus artesanatos, e estabelecendo infra-estrutura que possibilite o trabalho das pessoas envolvidas.elaborar um programa para prevenção e combate a incêndios florestais junto com acomunidade local.reavaliar as solicitações de parcelamento do solo na área da APA, informando os jáaprovados, para que se faça um programa de conscientização dos proprietáriosdestinado a esclarecer as limitações existentes para o uso do solo, contando para istocom a participação da SEPLAN e das Prefeituras envolvidas.

Quadro 3 - Ações de médio e longo prazos (Conselho de Co-Gestãso da APA Carste. (continuação)

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Descrição Prazo ( nº de meses)solicitar à EMATER uma proposta de tecnologias alternativas para a agriculturaexistente dentro do território da APA, revocacionando as práticas de adubação eaplicação de defensivos nas áreas que possam comprometer ou estarcomprometendo a qualidade das águas do carste.executar, como medida preventiva, um estudo para subsidiar a classificação doscursos d’água dentro do perímetro da APA, de acordo com a Resolução/CONAMAnº 20 de 18 de julho de 1986.criar, junto aos municípios, um programa destinado ao assentamento de redes deesgotos nas áreas dos municípios de Matozinhos e Pedro Leopoldo, determinando adesativação das fossas em locais que possam representar perigo de infiltração,contando para isto com o assessoramento da COPASA.promover o levantamento da situação do parcelamento do solo urbano dentro e noentorno da APA, propondo medidas visando compatibilizar os loteamentos e aimplantação de novos assentamentos à existência da UC e suas limitações. Esteprocesso deverá ser desenvolvido junto com as comunidades locais sob a direção daSEPLAN e das prefeituras.elaborar junto com o empresariado local proposta do “Plano para oDesenvolvimento Sustentado da APA Carste de Lagoa Santa” no âmbito doterritório da APA, estabelecendo os limites em relação ao assentamento de novasatividades empresariais, análise sobre qualquer proposta de se criar DistritosIndustriais; forma efetiva de parcerias no desenvolvimento de projetos para APA eos seus entornos

Quadro 3 - Ações de médio e longo prazos (Conselho de Co-Gestãso da APA Carste. (continuação)

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um gerador de idéias e soluções para osconflitos de interesses sociais e políticos.

As ações de médio e longo prazo aqui propostasdeverão ser desenvolvidas a partir da participaçãomais ampla dos seguimentos interessados. Essasações deverão ser discutidas e consideradas noPlano Operacional da APA Carste.

Os procedimentos que se desenvolverematravés de parcerias entre a população e osórgãos públicos federal, estadual e municipalrepresentarão uma dinâmica de proteção que,se executada com responsabilidade mútua,garantirá a preservação do conjunto paisagístico,histórico e cultural do carste, bem como farácom que a APA cumpra as suas finalidades deproporcionar o bem estar às populações locais.

• envolvimento e articulação dos diversos atores;

• promoção de parcerias entre o setor público e privado;

• efetivação da participação da comunidade;

• sustentação política para o Conselho e a Secretaria Executiva da APA; junto ao IBAMA:

• incorporação do Plano de Gestão da APA nas suas prioridades;

• comunicação e articulação entre DIREC e SUPES/MG para implantação da APA; - articulaçãocom os demais órgãos de controle ambiental

Desafios à Implantação da APA:

A co-gestão é uma prática nova, sendo que osseus resultados ainda são imprevisíveis. Assim,o Plano de co-gestão não pode ser um conjuntode normas rígidas e inflexíveis, sendo suaspropostas de ação avaliadas, retroalimentadase reorientadas periodicamente. O planejamentodas ações não poderá ser um produto acabado,mas fruto de processo interativo entre os órgãosgestores, os municípios e a sociedade.

Dessa maneira, o Conselho e as CâmarasTécnicas terão um papel fundamental ao estudare propor as políticas de administração noprocesso dinâmico de co-gestão. É importanteressaltar que as Câmaras não deverãofuncionar como um forum para defenderinteresses específicos, mas sim como

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Gestão Ambiental

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8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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IEPHA. 1995 b. Inventário de proteção do acervo cultural de Minas Gerais: Matozinhos. Belo Horizonte.

Gestão Ambiental

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IEPHA, 1995 c. Inventário de proteção do acervo cultural de Minas Gerais: Lagoa Santa. Belo Horizonte.

IEPHA, 1995 d. Inventário de proteção do acervo cultural de Minas Gerais: Pedro Leopoldo. Belo Horizonte.

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9 - GLOSSÁRIO

ABATIMENTO: queda ou desmoronamento deporção da superfície terrestre, sob influência dagravidade, em função da dissolução de umacamada geológica inferior, geralmente,formando uma dolina na superfície. Demolição.

ALINHAMENTO: fileira, direção do eixo de umaestrada, rua, canal etc. Direção de uma estruturageológica.

ALÚVIO: material sedimentar depositado no fundodos vales por um fluxo de água linearapresentando estruturas compatíveis com acompetência de transporte e de posição dessefluxo.

CALCIOFILITOS: rocha constituída em sua maioriapor lâminas sericito-clorito-quartzosasintercaladas por lâminas carbonáticas.

CARSTE: relevos elaborados sobre rochassolúveis pela água, tais como as carbonáticase os evaporitos, e mesmo, rochas menossolúveis, como os quartzitos, granitos, basaltosentre outros. O termo Carste deriva do pré-indo-europeu, Krs, pedra dura, que em célticosignificava deserto de pedra.

CIPERÁCEAS: família de plantas monoco-tiledôneas, semelhantes às gramíneas, porémdotadas de caule trígono e folhas com bainhasfechadas. Flores em espiguetas reunidas eminflorescências compostas, minutíssimas,futuro aquênio. Há umas 3.000 espécies,distribuídas pelo orbe, sendo o Brasil riquíssimoem representantes, sobretudo em habitatsúmidos.

COBERTURA LATERÍTICA: relativo à laterita. Formadode laterita, ou que a contém. Designaçãocomum aos solos vermelhos das zonas úmidase quentes. Cientificamente é o solo cujos oselementos principais são o hidróxido de alumínioe o de ferro, tendo as águas pluviais lixiviado asílica e diversos cátions. Sendo a rocha rica emalumina, a laterita que dela se provier terá o nomede bauxita, o principal minério de alumínio.Formação superficial constituída por solosferralíticos.

COLÚVIO: porção superficial do manto dealteração que sofreu algum transporte, não seencontra “in sito”.

DECIDUIDADE FOLIAR: grau, intensidade da perdade folhas durante a estação seca/inverno.

DEFICIÊNCIA HÍDRICA: insuficiência de água.

DEFICIÊNCIA TÉRMICA: carência, insuficiência decalor (temperatura e duração do dia).

DOLINA DE ABATIMENTO: vide abatimento.

DOLINA DE DISSOLUÇÃO: depressão fechada,circular ou elíptica, de alguns metros de diâmetro,(dificilmente ultrapassando 2000 m) e sempremais larga que profunda, cuja origem não estáligada aos abatimentos físicos mas à dissoluçãoquímica.

ELÚVIO: porção do manto de alteração “in sito” ,geralmente, conservando as feições herdadasda rocha mãe. Também denominado de horizonteC de um solo.

ENDOCÁRSTICO: porção interna do Carste formadapela drenagem subterrânea.

EPÍFITA: vegetal que vive sobre um outro semretirar nutrimento, apenas apoiando-se nele (asorquídeas são plantas epífitas, e não parasitas,como usualmente se diz).

ESCALONAMETOS: ato ou efeito de escalonar-(se).

FILITOS: rocha metamórfica formada essen-cialmente de minerais do grupo das micas,microscópicos e isorientados, o que determinao aspecto folheado e brilhante desta rocha.

FÓSSIL: qualquer vestígio da vida a mais de12.000 anos atrás: ossos, ovos, pegadas,impressões, etc.

FRONTOGÊNESE: formação de um sistema frontal.

GNAISSE: rocha metamórfica feldspática lami-nada, nitidamente cristalina, e de composiçãomineralógica muito variável.

GRUPO BAMBUÍ: rochas do SUPER GRUPO SÃOFRANCISCO do Pré-Cambriano Superior (maisde 500 milhões de anos), constituídas pormetasedimentos em sua maioria filíticos ecarbonáticos.

Gestão Ambiental

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PLANORBÍDEOS: caramujos que participam do ciclode transmissão da esquistossomose, hospe-dando as larvas do verme.

POLIÉS: grande planície de corrosão que podealcançar centenas de kilômetro. Apresentamfundo plano, atravessado por um fluxo contínuode água que pode ser confinado em algum pontopor um sumidouro. Muitos poliés alojam lagoastemporárias.

PROCESSOS MORFOGENÉTICOS: processos deconstrução das feições do relevo.

TECTÔNICA: parte da geologia que trata dasdeformações da crosta terrestre devidas àsforças internas que sobre ela se exerceram.Geotectônica. Geodinâmica.

Horizonte A: volume superficial de um solo,acima do horizonte b.

Horizonte B: volume de um solo localizadoentre o horizonte a e b.

MACRÓFITAS: plantas aquáticas, como porexemplo o aguapé.

MALACOLOGIA: ciência que estuda os caramujos.

MESÓFILOS HERBÁCEOS: que só cresce emcondições normais de temperatura e umidade,como as plantas florestais dos trópicos.Respeitante a erva. Diz-se de planta que tem aconsistência e o porte de erva.

PALIMPSESTOS: do grego palímpsetos, “raspadonovamente”. Pelo latim, palimpsestu. Emgeomorfologia significa relevo residual,correlativo a uma paleo forma.

37

Gestão Ambiental

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ANEXO I aRelação dos Participantes do 1º Seminário

Participativo para o Delineamento do Plano deGestão da APA Carste de Lagoa Santa

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III

1. André Prous - Museu de História Natural - UFMG

2. Antonio V. da Silva - PMMG - Polícia Florestal

3. Castor Cartelle - F. Biodiversitas/UFMG/COPAM

4. Ceres Virgínia Rennó Moreira - CETEC

5. Elinete Vasconcelos - IEPHA

6. Enrique Duarte Tavares - Movimento Por Poções

7. Fernando Antônio de Oliveira - CPRM

8. Gilberto Pedralli - CETEC

9. Gisela Herrmann - Fundação Biodiversitas

10. Heinz Kohler - Museu de História Natural/UFMG

11. Hélio F. Werneck Pires - Prefeitura de Lagoa Santa

12. Hiroy Yuki Nemoto - DIREC/IBAMA

13. Ivson Rodrigues - IBAMA - SUPES/MG

14. Jarbas F. Soares - Cia de Cimento Cauê S/A

15. João Câmara - DIREC/IBAMA

16. Joaquim Martins - FEAM/ Consultor F. Biodiversitas

17. Julio César Duarte - Consultor F. Biodiversitas

18. Luiz P. de Alvarenga Junior - Cia de Cimento Mauá S/A

19. Marília V. Duarte - Esotrekking Empresa Turismo

20. Mauro Lobato - Prefeitura de Pedro Leopoldo

21. Miriam Dias - FEAM

22. Miriam Ester Soares - Fundação Biodiversitas

23. Monica T. Lana - FEAM

24. Noel Aquino - IBAMA - SUPES/MG

25. Patrícia Garcia S. Carvalho - UFMG

26. Reginaldo Pessanha - Prefeitura de Matozinhos

27. Ricardo Marra - DIREC/IBAMA

28. Ricardo Militão - GTZ

29. Rogério Tavares de Oliveira - Casa Fernão Dias

30. Vanesse das Graças Roberto - Prefeitura de Funilândia

31. Virgínia Helena Carvalho de Castro - Faculdade de Ciências Humanas dePedro Leopoldo

32. Wolfgang Wallz Hilermann - GRUPPEPACC

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Relação dos Participantes do 2º Seminário Participativopara o Delineamento do Plano de Gestão

da APA Carste de Lagoa Santa

ANEXO I b

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IV

1. Alenice Motta Baeta - Universidade Federal de Minas Gerais

2. Alexandre Magno de Oliveira - PMMG - 8a Cia de Polícia Florestal

3. Ana Rita de Oliveira - CIMINAS S/A

4. Carlos Henrique Rangel - Instituto Estadual do Patrimônio Histórico Cultural /Superintendência de Pesquisa e Proteção

5. Castor Cartelle Guerra - Fundação Biodiversitas/UFMG

6. Cláudia M. R. Costa - Fundação Biodiversitas

7. Dominique K. Passburg - IGA/CETEC

8. Elinete Prado Vasconcelos - IEPHA/MG

9. Enrique Duarte Tavares - Movimento Por Poções

10. Gisela Herrmann - Fundação Biodiversitas

11. Helder Naves Torres - IEPHA / Superintendência de Pesquisa e Proteção

12. Hélio Antônio de Souza - CPRM

13. Ilmar Bastos Santos - Fundação Biodiversitas

14. Ivson Rodrigues - IBAMA - SUPES - MG

15. João Batista Drummond Câmara - IBAMA- DIREC

16. Joaquim Martins da Silva Filho - FEAM

17. Luiz P. Alvarenga Junior - Brasil Beton S/A

18. Marcos Carvalho Barros - Brasil Beton S/A

19. Marcus Vinicius Gonçalves Ferreira de Andrade - IGA/CETEC

20. Maria Elisa Castelhanos Solá- Instituto Estadual de Florestas - MG

21. Marília Belisário Bouchardet - COPASA MG

22. Maurício Cravo - Assoc. Mineira de Defesa do Ambiente - AMDA

23. Mauro da Costa Val - Departamento de Recursos Hídricos - MG

24. Mauro Lobato Martins - Prefeitura Municipal de Pedro Leopoldo

25. Mércia Maria Salem Diniz - IBAMA - SUPES/MG

26. Míriam Cristina Dias - FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente

27. Mônica Fiachur - IPHAN

28. Mônica Torrent Lana - FEAM - Fundação Estadual do Meio Ambiente

29. Monice D. Rodrigues - CEMIG e ABES

30. Nelson Isutsumi - CIMINAS S/A

31. Patrícia Garcia Carvalho - Fundação Biodiversitas

32. Paulo Emílio G. Filho - COPASA-MG

33. Renilde Santos Rocha - Movimento Por Poções

34. Rogério Tavares de Oliveira - FEAM/Casa Fernão Dias

35. Rony Wagner de Almeida - Prefeitura de Pedro Leopoldo

36. Rosângela Albano Silva -Centro de Arqueologia Annette Lomoing / PrefeituraMunicipal de Lagoa Santa

37. Valéria Caldas Barbosa - COPASA MG

38. Vilma Elisiário da Cunha - DIREC/DICOE/IBAMA

39. Vili Tomich - IEF MG

40. Virgínia Helena Carvalho de Castro - Faculdade de Ciência Humanas de Pedro Leopoldo

41. Wagner Viana Silva - ICAL - Indústria de Calcinação Ltda.

42. Wolfgang Wal Hillermann - GRUPPEPACC e Fazenda Modelo

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Legislação Brasileira sobre a Proteção dos Sítios Arqueológicos,Paleontológicos e Espeleológicos

ANEXO II

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VI

LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE A PROTEÇÃO DOS SÍTIOSARQUEOLÓGICOS, PALEONTOLÓGICOS E ESPELEOLÓGICOS

A tradição constitucional brasileira tem dado aoEstado a missão de tutelar o acervo histórico-cultural do País. A Constituição de 16 de junhode 1934 estabeleceu no seu artigo 10:

“Compete concorrentemente à União e aosEstados:

...............................................................

III - Proteger as belezas naturais e osmonumentos de valor histórico ou artístico.”

Na realidade, o texto de 1934 não mencionavaexpressamente os sítios arqueológicos,paleontológicos e/ou espeleológicos, masinterpretando-se do ponto de vista do valorhistórico-cultural, ali estariam compreendidosentre aqueles sujeitos à proteção doEstado. A Constituição de 1937 fixou no seuartigo 134:

“Os monumentos históricos, artísticos enaturais, assim como as paisagens ou oslocais particularmente dotados pelanatureza, gozam da proteção e dos cuidadosespeciais da Nação, dos Estados e dosMunicípios. Os atentados contra elescometidos serão equiparados aoscometidos contra o patrimônio nacional.”

A Constituição de 18 de setembro de 1946, noartigo 175 estabeleceu:

“As obras, monumentos e documentos devalor histórico e artístico, bem como osmonumentos naturais, as paisagens e oslocais dotados de particular beleza ficam soba proteção do poder público.”

A Carta de 1946, consagrou a proteção comcerta simplicidade em relação ao texto anterior,excluindo os vocábulos, União, Estados eMunicípios, para definir a competência de formageneralizada na expressão poder público.

Tanto a Constituição de 1967 como a emendaconstitucional nº 1 de 17 de outubro de 1969,mantiveram a mesma redação quandodiscriminaram a tutela do Estado aos bens devalor cultural e mostraram avanço quanto aostextos de 34, 37 e 46, quando mencionam

expressamente entre os bens culturaistutelados as “jazidas arqueológicas”:

“Art. 180 - O amparo à cultura é dever doEstado.

Parágrafo único - Ficam sob a proteçãoespecial do poder público os documentos,as obras e os locais de valor histórico ouartístico, os monumentos e as paisagensnaturais notáveis, bem como as jazidasarqueológicas.”

A inclusão da expressão “jazidas arqueológicas”no texto constitucional, aliás uma definiçãoimprópria, deveu-se ao fato de mantê-locoerente com a descrição do objeto protegidopela Lei 3.924 de 26 de julho de 1961, quecontém no seu artigo 1o:

“Os monumentos arqueológicos ou pré-históricos de qualquer natureza existentesno território nacional e todos os elementosque neles se encontram ficam sob a guardae proteção do Poder Público, de acordo como que estabelece o Art. 175(*) da ConstituiçãoFederal”. (*) Constituição de 46

Parágrafo Único - a propriedade dasuperfície, regida pelo direito comum, nãoinclui a das jazidas arqueológicas ou pré-históricas, nem dos objetos nelasincorporados na forma do art. 152 (*) damesma constituição. (*)Constituição de 46.”

A Lei 3.924 de 26 de julho de 1961, que aindase encontra em vigor, é o diploma legal maisimportante editado no Brasil sobre a proteçãodos sítios arqueológicos, paleontológicos eespeleológicos visto que foi o mais preciso nadefinição do objeto de proteção, definindoclaramente a sua destinação e incluindo, comclareza, dentre eles, os restos paleomeríndiosembora, talvez por influência do Código deMineração (art. 10), cunhou de forma imprópriaa expressão, “jazida arqueológica”. Mas, o maisimportante de tudo, foi a desvinculação dapropriedade de superfície, protegida pelo direitocomum, do material arqueológico ou pré-histórico. A legislação anterior, sendo a maissignificativa o Dec. Lei nº 25 de 30 de novembro

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de 1937, apenas arrolou os bens de “valorarqueológico” como constituinte do patrimôniohistórico e artístico nacional, susceptíveis deserem tombados.

Outra tentativa de se criar uma estrutura deproteção legal deste importante patrimônio,envolvendo sobretudo alguns segmentos maisvoltados para os problemas, foi a COMISSÃO

ESPECIAL criada pela Resolução CONAMA Nº009/86, para tratar de assuntos relativos àpreservação do Patrimônio Espeleológicocomposta pelos seguintes organismos:

• Sociedade Brasileira de Espeleologia

• Secretaria Especial do Meio Ambiente

• Instituto Brasileiro de DesenvolvimentoFlorestal

• Governo do Estado de Minas Gerais

• Departamento Nacional da Produção Mineral

• Instituto do Patrimônio Histórico e ArtísticoNacional

• Sociedade Brasileira de Paleontologia

• Sociedade Brasileira de Geologia

Os estudos desta Comissão resultaram noPrograma Nacional de Proteção ao PatrimônioEspeleológico criado pela Resolução CONAMANº 005 de 06 de agosto de 1987.

Além de aprovar o mencionado programa, acitada Resolução fez uma longa lista derecomendações. Destacam-se como as maissignificativas:

“3º - Que seja incluída na ResoluçãoCONAMA Nº 001/86 a obrigatoriedade deelaboração de Estudos de ImpactoAmbiental nos casos de empreendimentospotencialmente lesivos ao PatrimônioEspeleológico Nacional.”

“Art. 8º - Que o DNPM inclua no novo Códigode Mineração as seguintes sugestões:

a) Que os Sítios Arqueológicos, DepósitosFossilíferos e as Cavernas sejam regidaspor legislação específica e que sejamdefinidas de acordo com a definiçãoestabelecida pela Sociedade Brasileira deEspeleologia, abaixo transcrita:

Cavernas - Toda e qualquer cavidade naturalsubterrânea penetrável pelo homem,incluindo o seu ambiente, seu conteúdomineral e hídrico, as comunidades animaise vegetais ali agregadas e o corpo rochosoonde se insere;”

A Constituição Federal de 1988, em relação atodas as demais legislações existentes,constitucionais ou ordinárias, é a que apresentao maior avanço no que diz respeito à proteçãodas grutas e dos sítios arqueológicos ou pré-históricos.

Em primeiro lugar os coloca como bens daUnião estabelecendo:

“Art. 20 - São bens da União:

...................................

X - as cavidades subterrâneas e os sítiosarqueológicos e pré-históricos”

Em segundo lugar os considera comopatrimônio cultural brasileiro:

“Art. 216 - Constituem patrimônio culturalbrasileiro os bens de natureza material eimaterial tomados individualmente ou emconjunto, portadores de referência àidentidade, à ação, à memória dos diferentesgrupos formadores da sociedade brasileira,nos quais se incluem:

...................................

V - os conjuntos urbanos e sítios de valorhistórico, paisagístico, artístico,arqueológico, paleontológico, ecológico ecientífico;

§ - O Poder Público, com a colaboração dacomunidade, promoverá e protegerá opatrimônio cultural brasileiro, por meio deinventários, registros, vigilância,tombamento e desapropriação, e de outrasformas de acautelamento e preservação.”

O texto constitucional realmente supriu toda equalquer lacuna existente nas normas deproteção do patrimônio arqueológico,paleontológico e espeleológico, quando osdefine como objeto de proteção e preser-vação.

Gestão Ambiental

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VIII

O decreto citado, como pode ser visto,praticamente manteve as definições e preceitoscontidos na Resolução CONAMA 005/87e da Portaria 887/90 do IBAMA, e o seu con-teúdo apesar de mais abrangente nas definiçõesvisa, primordialmente, a proteção do patrimônioespeleológico. Mantém seu artigo 3º aobrigatoriedade da elaboração do EIA (Estudode Impacto Ambiental) e do RIMA (Relatório deImpacto Ambiental), trazendo como novidadea redação do seu Parágrafo Único:

“No que se refere as ações em empreen-dimentos já existentes, se ainda nãoefetivados os necessários estudo e relatóriode impacto ambiental, devem ser realizados,em prazo a ser fixado pelo ConselhoNacional do Meio Ambiente - CONAMA.”

No Art. 4º define a competência sobre o controledo patrimônio espeleológico:

“Cabe ao Poder Público, inclusive à União,esta por intermédio do Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis - IBAMA, preservar, conservar,fiscalizar e controlar o uso do patrimônioespeleológico brasileiro, bem como fomentarlevantamentos, estudos e pesquisas, quepossibilitem ampliar o conhecimento sobreas cavidades naturais subterrâneasexistentes no Território Nacional.”

O artigo 5º define o patrimônio, o potencial e asatividades relativos a espeleologia, definiçõescopiadas dos incisos II, III e V da Portaria 887/90 do IBAMA.

Após a promulgação da Carta Magna, o IBAMA,atendendo ao disposto da Resolução CONAMANº 005/87, baixou em 15 de junho de 1990 aPortaria nº 887 regulamentando e definindonormas relativas ao controle e definição dasáreas de interesse espeleológico e o Decreto99.556 de 1º de outubro de 1990 que fixounormas específicas sobre a proteção dascavidades naturais subterrâneas existentes noTerritório Nacional, dispondo:

“Art. 1º - As cavidades naturais subterrâneasexistentes no Território Nacional, constituempatrimônio cultural brasileiro, e, como talserão preservadas e conservadas de modoa permitir estudos e pesquisas de ordemtécnico-científica, bem como atividades decunho espeleológico, étnico-cultural,turístico, recreativo e educativo.

Parágrafo Único - Entende-se comocavidade natural subterrânea todo e qualquerespaço subterrâneo penetrável pelo homem,com ou sem abertura identificada,popularmente conhecido como caverna,incluindo seu ambiente, conteúdo mineral ehídrico, a fauna e flora ali encontrados e ocorpo rochoso onde os mesmos se inserem,desde que a sua formação haja ocorrido porprocessos naturais, independentemente desuas dimensões ou do tipo de rochaencaixante. Nesta designação estãoincluídos todos os termos regionais, taiscomo gruta, lapa, toca, abismo, furna eburaco.”

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Decreto 98.881 - 25 de janeiro de 1990

ANEXO III

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XVII

1882 Seção I DIÁRIO OFICIAL SEXTA-FEIRA, 26 JAN 1990

Decreto no 98.881, de 25 janeiro de 1990

Dispõe sobre a criação de área de proteção ambiental noEstado de Minas Gerais, e dá outras providências.

O Presidente da República, no uso dasatribuições que lhe confere o artigo 84, item IV,da Constituição Federal, e tendo em vista o quedispõe o artigo 8o, da lei no 6.902, de 27 deabril de 1981, os decretos nos 88.351, 01 dejunho de 1983, e 89.532, de 06 de abril de1994, e resolução CONAMA nº 10, de 11 deagosto de 1989,

DECRETA:

Art. 1o – Sob a denominação de APA Carste deLagoa Santa, fica declarada Área de ProteçãoAmbiental a região situada nos municípios deLagoa Santa, Pedro Leopoldo, Matozinhos eFunilândia, no Estado Minas Gerais, com asdelimitações geográficas constantes no artigo3o deste Decreto.

Art. 2o – A declaração de que trata o artigoanterior, além de garantir a conservação doconjunto paisagístico e da cultura regional, tempor objetivo proteger e preservar as cavernas edemais formações cársticas, sítios arqueo-paleontológicos, a cobertura vegetal e a faunasilvestre, cuja preservação é de fundamentalimportância para o ecossistema da região.

Art. 3o – O memorial descritivo da área quecompreende a APA Carste de Lagoa Santa foielaborado com base nas cartas topográficas daregião metropolitana de Belo Horizonte na escalade 1:50.000 – código SE – 23-ZC-V e SE – 23-ZC-VI, da Fundação Brasileira de Geografia eEstatística – FIBGE, com a seguinte descrição:começa na foz do Riacho do Gordura sobre oRio das Velhas, sobe por esse fio até seuencontro com a Rodovia MG-10; daí segue poressa rodovia no sentido de Lagoa Santa atéencontrar o perímetro da zona de expansãometropolitana de Lagoa Santa; acompanha esseperímetro no sentido anti-horário até aconfluência do Córrego Olhos d’Água com oCórrego do Barreiro; sobe pelo córrego doBarreiro, seguindo o perímetro urbano de LagoaSanta e continua por esse perímetro até

encontrar a rua Acadêmico Nilo de Figueiredo;daí segue por essa rua até seu encontro com aRua Salgado Filho; segue por essa rua até seuencontro com a Rodovia MG-10; segue por essarodovia no sentido de Belo Horizonte atéencontrar o perímetro de expansão do municípiode Pedro Leopoldo; acompanha esse perímetrono sentido anti-horário até encontrar a estradaque liga Pedro Leopoldo a Mocambeiro; seguepor essa estrada até no sentido de Mocambeiroa té seu entroncamento com a estrada que ligaMatozinhos a Mocambeiro; segue por essaestrada no sentido de Matozinhos até seuentroncamento com a Rodovia MG-424; seguepor essa rodovia no sentido de Sete Lagoas atéatingir o limite dos Municípios Matozinhos-Prudente de Morais; segue acompanhando esselimite municipal em direção ao Rio das Velhasaté encontrar a estrada que liga Prudente deMorais à Fazenda Casa Branca, passando pelopovoado de São Bento; segue essa estrada nosentido daquela fazenda, até seu encontro como Riacho Gordura; desce por esse riacho atésua foz no Rio das Velhas, onde teve início adescrição do perímetro, perfazendo uma áreade 36.000 hectares.

Art. 4o – Na implantação e funcionamento efuncionamento da APA Carste de Lagoa Santaserão adotadas, entre outras, as seguintesmedidas:

I – o procedimento de zoneamento da APA serárealizado pelo Instituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis,do Ministério do Interior, que indicará asatividades a serem encorajadas em cada zona,bem como as que deverão ser limitadas,restringidas ou proibidas, de acordocom a legislação aplicável, objetivando asalvaguarda das Cavernas e demais formaçõescársticas, sítios arqueo-paleontológicos e abiota nativa, para garantia das espéciesresidentes, proteção da fauna e flora silvestresraras, endêmicas, ameaçadas e em perigo deextinção.

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II – a utilização dos instrumentos legais e dosincentivos financeiros governamentais, paraassegurar a proteção da Zona de Vida Silvestre,o uso racional do solo e outras medidasreferentes à salvaguarda dos recursosambientais, sempre que consideradasnecessárias;

III – a aplicação, quando cabível, de medidaslegais, destinadas a impedir ou evitar o exercíciode atividades causadoras de degradação daqualidade ambiental, em especial as atividadesminerárias e agropecuárias;

IV – a divulgação das medidas previstas nesteDecreto, objetivando o esclarecimento dacomunidade local sobre a APA e suasfinalidades.

Art. 5o – Na APA Carste de Lagoa Santa ficamproibidas ou restringidas:

I – a implantação de atividades industriaispotencialmente poluidoras, capazes de afetar amananciais de água;

II – a realização de obras de terraplenagem e aabertura de canais, quando essas iniciativasimportarem em alteração das condiçõesecológicas locais, principalmente na Zona deVida Silvestre, onde a biota será protegida commaior rigor;

III – o exercício de atividades capazes deprovocar erosão das terras ou assoreamentodas coleções hídricas;

IV – o exercício de atividades que ameacemextinguir as espécies raras da biota, opatrimônio espeleológico e arqueológico, asmanchas de vegetação primitiva e as nascentesde cursos d’água existentes na região;

V – o uso de biocidas, substânciasorganocloradas e/ou mercuriais quandoindiscriminado ou em desacordo com asnormas e recomendações técnicas oficiais.

Art. 6o – A abertura de vias de comunicações,de canais, barragem em cursos d’água, aimplantação de projetos de urbanização, sempreque importarem na realização de obras deterraplanagem, e as atividades minerárias, bemcomo a realização de grandes escavações eobras que causem alterações ambientais,dependerão da autorização prévia do IBAMA,que somente poderá procedê-la:

I – após estudo do projeto, exame dasalternativas possíveis e a avaliação de suasconseqüências ambientais;

II – mediante a indicação das restrições emedidas consideradas necessárias àsalvaguarda dos ecossistemas atingidos;

Parágrafo único – As autorizações concedidaspelo IBAMA não dispensarão outrasautorizações e licenças federais, estaduais emunicipais, porventura exigíveis.

Art. 7o – Para melhor controlar seus efluentes ereduzir o potencial poluidor das construçõesdestinadas ao uso humano da APA Carste deLagoa Santa, não serão permitidas:

I – a construção de edificações em terrenos que,por suas características, não comportarem aexistência simultânea de poços para receber odespejo de fossas sépticas e de poços deabastecimento d’água, que fiquem a salvo decontaminação, quando não houver rede decoleta e estação de tratamento de esgoto emfuncionamento;

II – a execução de projetos de urbanização, semas devidas autorizações, alvarás, licençasfederais, estaduais e municipais exigíveis.

Art. 8o – Os projetos de urbanização que, pelassuas características possam provocardeslizamento do solo e outros processoserosivos não terão sua execução autorizadapelo IBAMA.

Art. 9o – Em casos de epidemias e endemias,veiculadas por animais silvestres, o Ministérioda Saúde e a Secretaria de Saúde do Estadode Minas Gerais poderão, em articulação como IBAMA, promover programas especiais, parao controle dos referidos vetores.

Art. 10o – Fica estabelecida, na APA Carste deLagoa Santa, uma Zona de Vida Silvestredestinada, prioritariamente, à salvaguarda dasCavernas e demais formações cársticas, sítiosarqueo-paleontológicos e da biota nativa, paragarantia da reprodução das espécies rarasendêmicas, em perigo ou ameaçadas deextinção.

Parágrafo único – A Zona de Vida Silvestre, deque trata o caput deste artigo, compreenderáas áreas mencionadas no artigo 18, da Lei no

Gestão Ambiental

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XIX

Art. 15 – As penalidades previstas nas Leis6.902/81 e 6.938/81 serão aplicadas aostransgressores das disposições deste Decreto,pelo IBAMA, com vistas ao cumprimento dasmedidas preventivas e corretivas, necessáriasà preservação da qualidade ambiental.

Parágrafo único – Dos atos e decisões doIBAMA, referentes a esta APA, caberá recursoao Conselho Nacional do Meio Ambiente –CONAMA.

Art. 16 – Os investimentos e a concessão definanciamento e incentivos da AdministraçãoPública Federal, direta ou indireta, destinados àAPA Carste de Lagoa Santa, serão previamentecompatibilizados com as diretrizes esta-belecidas neste Decreto.

Art. 17 – O IBAMA expedirá as instruçõesnormativas necessárias ao cumprimento desteDecreto.

Art. 18 – Este Decreto entra em vigor na datade sua publicação.

Art. 19 – Revogam-se as disposições emcontrário.

Brasília, 25 de janeiro de 1990, 169o daIndependência e 102o da República.

JOSÉ SARNEY

6.938/81, consideradas como de relevanteinteresse ecológico, ainda que de domínioprivado, e ficarão sujeitas às restrições de usoe penalidades estabelecidas nos termos dosDecretos nº 88.351/83 e 89.532/84.

Art. 11 – Visando a proteção de espécies rarasna Zona de Vida Silvestre, não será permitida aconstrução de edificações, exceto as destinadasà realização de pesquisa e ao controleambiental.

Art. 12 – Na Zona de Vida Silvestre não serápermitida atividade degradadora ou causadorade degradação ambiental, inclusive o porte dearmas de fogo e de artefatos ou instrumentosde destruição da biota, ressalvados os casosobjeto de prévia autorização, expedida emcaráter excepcional pelo IBAMA.

Art. 13 – a APA Carste de Lagoa Santa seráimplantada, supervisionada, administrada efiscalizada pelo IBAMA, em articulação com oórgão estadual do meio ambiente de MinasGerais, as prefeituras municipais dosmunicípios envolvidos e seus respectivos órgãosde meio ambiente.

Art. 14 – Com vistas a atingir os objetivosprevistos para a APA Carste de Lagoa Santa,bem como para definir as atribuições ecompetências no controle de suas atividades,o IBAMA poderá firmar convênios com órgãos eentidades públicas ou privadas.

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Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricose da Amazônia Legal

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MEIO BIÓTICO

VOLUME II

CPRMServiço Geológico do Brasil

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MEIO BIÓTICOGisela Herrmann

Heinz Charles KohlerJúlio César Duarte

Patrícia Garcia da Silva Carvalho

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Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia LegalGustavo Krause Gonçalves Sobrinho

Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisEduardo Martins

Diretor de EcossistemasRicardo José Soavinski

Chefe do Departamento de Vida SilvestreMaria Iolita Bampi

Ministro de Minas e EnergiaRaimundo Mendes de Brito

Secretário de Minas e MetalurgiaOtto Bittencourt Netto

Diretor-Presidente da CPRM – Serviço Geológico do BrasilCarlos Oití Berbert

Diretor de Hidrologia e Gestão TerritorialGil Pereira de Azevedo

Chefe do Departamento de Gestão TerrotorialCássio Roberto da Silva

Edição

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisDiretoria de Incentivo à Pesquisa e DivulgaçãoDepartamento de Divulgação Técnico-Científica e Educação AmbientalDivisão de Divulgação Técnico-CientíficaSAIN – Av. L4 Norte, s.n., Edifício Sede. CEP 70800-200, Brasília, DF.Telefones: (061) 316-1191 e 316-1222FAX: (061) 226-5588

CPRM – Serviço Geológico do BrasilDRI – Diretoria de Relações Institucionais e DesenvolvimentoAv. Pasteur, 404. CEP 22290-24-, Urca – Rio de Janeiro, RJ.PABX: (021) 295-0032 – FAX: (021) 295-6647

GERIDE – Gerência de Relações Institucionais e DesenvolvimentoAv. Brasil, 1731. CEP 30140-002, Funcionários – Belo Horizonte, MG.Telefone: (031) 261-0352 – FAX: (031) 261-5585

Belo Horizonte1998-04-02

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

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IBAMA

Moacir Bueno ArrudaCoordenador de Conservação de Ecossistemas

Eliana Maria CorbucciChefe da Divisão de Áreas Protegidas

Ricardo José Calembo MarraChefe do Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas – CECAV

Jader Pinto de Campos FigueiredoSuperintendente do IBAMA em Minas Gerais

Ivson RodriguesChefe da APA Carste de Lagoa Santa

CPRM

Osvaldo CastanheiraSuperintendente Regional de Belo Horizonte

Fernando Antônio de OliveiraGerente de Hidrologia e Meio Ambiente

Jayme Álvaro de Lima CabralSupervisor da Área de GATE

Helio Antonio de SousaCoordenador

Edição e RevisãoValdiva de OliveiraRuth Léa Nagem

CapaWagner Matias de Andrade

DiagramaçãoWashington Polignano

Foto da Capa: Lapa Vermelha I, Pedro Leopoldo – MG.Ézio Rubbioli

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAISRENOVÁVEIS - IBAMA

Estudo do meio biótico; organizado por Gisela Herrmann, Heinz Charles Kohler,Júlio César Duarte [et al.]. – Belo Horizonte: IBAMA/CPRM, 1998.

92p.: mapas e anexos, (Série APA Carste de Lagoa Santa - MG).

Conteúdo: V.1. Meio físico – V.2. Meio biótico - V.3. Patrimônio espeleológico,histórico e cultural – V.4. Sócio-economia.

1. APA de Lagoa Santa - MG - 2. Meio ambiente - 3. Meio biótico - I - Título. II -Herrmann, G. III - Kohler, H.C. IV - Duarte, J.C. [et al.]

CDU 577-4

Direitos desta edição: CPRM/IBAMA

É permitida a reprodução desta publicação desde que mencionada a fonte.

Ficha Catalográfica

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CRÉDITOS DE AUTORIA

RELATÓRIO TEMÁTICO

Estudo do Meio Biótico

FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS

Coordenação do Tema

Patrícia Garcia da Silva Carvalho

Equipe de Consultores

Avifauna: Lívia Vanucci LinsRicardo Bomfim MachadoMarcelo Ferreira de Vasconcelos - estagiário

Fauna: Ana Elisa BrinaLeonardo Vianna da Costa e Silva

Ofidiofauna: Giselle Agostini CottaLeonardo Brecia - estagiário

Mastofauna: Carlos Eduardo de Viveiros GrelleMônica Tavares da FonsecaRaquel Teixeira de Moura

Equipe de Apoio

Elizabeth de Almeida Cadête Costa – Desenho Cartográfico

Maria Alice Rolla Pecho – Editoração

Maria Madalena Costa Ferreira – Normalização bibliográfica

Rosângela Gonçalves Bastos Souza – Geógrafa

Rosemary Corrêa – Desenho Cartográfico

Terezinha Inácia de Carvalho Pereira – Digitalização

Valdiva de Oliveira – Editoração

DigitalizaçãoGERIDE - Gerência de Relações Institucionais e Desenvolvimento

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APRESENTAÇÃO

O Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis – IBAMA, no cumprimento de sua missãoinstitucional de executar a Política Nacional do Meio Ambiente tem, entre seus principais objetivos, ode criar, implantar e realizar a gestão de áreas protegidas, identificadas como amostras representativasdos ecossistemas brasileiros.

Sob a responsabilidade da Diretoria de Ecossistemas desse Instituto, encarregada da gestão doSistema Nacional de Unidades de Conservação foi criada a APA Carste de Lagoa Santa, com oobjetivo de “garantir a conservação do conjunto paisagístico e da cultura regional, proteger e preservaras cavernas e demais formações cársticas, sítios arqueo-paleontológicos, a cobertura vegetal e afauna silvestre, cuja preservação é de fundamental importância para o ecossistema da região.”

Dentro da estratégia do IBAMA de estabelecer parcerias, em todos os níveis, foi celebrado um convênioentre o IBAMA e o Serviço Geológico do Brasil – CPRM, objetivando a execução do ZoneamentoAmbiental da APA Carste de Lagoa Santa. Esse trabalho foi conduzido por equipe multidisciplinarcomposta por técnicos da CPRM, da Fundação BIODIVERSITAS, do Museu de História Natural daUFMG e por consultores nas áreas jurídica, socioeconômica e ambiental.

A definição do quadro ambiental da APA, e a formulação e delimitação de suas unidades ambientais,exigiram a realização de levantamentos detalhados, análises complexas e a integração de diversostemas. Nesse contexto, o meio físico, considerado como elemento estruturador do zoneamento, foicaracterizado pelos temas constantes do volume I: geologia/geomorfologia, pedologia, hidrologia,hidrogeologia e geotecnia. Como elementos reguladores do Zoneamento Ambiental, os levantamentosespeleológico, arqueológico e paleontológico da APA, compõem o volume II, enquanto os estudos daflora e fauna (biota) são apresentados no volume III. O estudo das tendências sócio-econômicas eos aspectos jurídicos e institucionais que atuaram como elemento balizador do zoneamento, compõemo volume IV.

O conjunto de informações contidas nos quatro volumes referentes aos relatórios temáticos doZoneamento da APA Carste de Lagoa Santa, representa um valioso e detalhado acervo deconhecimento sobre a região, constituindo o insumo fundamental para o delineamento do ZoneamentoAmbiental, apresentado em volume especial.

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A Área de Proteção Ambiental - APA - foiintroduzida no Brasil pela Lei 6.902, de 17 deabril de 1981. Trata-se de uma unidade deconservação de uso direto, dispensandoqualquer desapropriação, por não intervirdiretamente no direito de propriedade garantidoconstitucionalmente. Trata-se de uma categoriasurgida no elenco de áreas protegidaslegalmente, baseada em algumas experiênciaseuropéias, principalmente na França, a partirdos seus Parques Naturais (porções territoriaispara a preservação, que interessam tanto aogoverno quanto aos moradores e proprietários).No Brasil, existem APAs federais, estaduais emunicipais.

A principal função de uma APA é agir comoinstrumento de ordenamento e controle do usoda terra em locais de especial interesse para aconservação dos recursos naturais. Para queisso ocorra, são executados controles no âmbitodo seu território, visando minimizar impactos quepossam descaraterizar a importância dos seusecossistemas, limitando ou proibindo atividadesincompatíveis com o bem-estar, principalmente,da população local. Em resumo, quanto a suaação, a APA apresenta duas característicasbásicas:

• proteção dos recursos naturais em grauparcial;

• uso direto sustentável de, pelo menos, partedos recursos disponíveis.

A APA Carste de Lagoa Santa foi criada peloGoverno Federal em 1990, abrangendo partedos municípios mineiros de Lagoa Santa,Matozinhos, Pedro Leopoldo e Funilândia comárea total de cerca de 35.900 hectares. Situadaem região cárstica mineira, essa unidade deconservação foi criada com o objetivo deproteger um dos mais importantes sítiosespeleológicos do país, possuidor de granderiqueza científica e cultural, além de belezascênicas.

A colonização da região de Lagoa Santa iniciou-se no final do século XVII, com a vinda dosbandeirantes com a extração de ouro nosdepósitos aluvionários (Walter, 1948). Desdeessa época, a região passou a sofrer alteraçõesem função das atividades mineradoras e

agropecuárias. Ainda, no século passado, erarelatada a destruição das grutas para aexploração predatória do salitre (Lund, 1935).O mesmo procedimento se observa em relaçãoà atividade agropecuária, relatada por Warming(1892) como responsável pela devastação dasmatas para o desenvolvimento das lavouras, edos campos para a transformação em pastos,nos grandes latifúndios, ali, resultando inclusivena extinção de representantes da flora. Jáestavam traçados, desde então, a vocação paraagropecuária da região e os processos dealteração e fragmentação dos sistemas naturais.

Atualmente, a maior fonte dos recursoseconômicos da região é a mineração docalcário, justamente o elemento responsávelpela formação deste importante patrimôniohistórico, cultural e paisagístico: o conjuntocárstico da região de Lagoa Santa. Além damineração e das indústrias, a expansão urbana,a agricultura e a pecuária são atividadespresentes na APA.

A região do planalto de Lagoa Santa encontra-se sob a influência de dois domíniosfitogeográficos principais: Mata Atlântica eCerrado (IBGE, 1995). Apresenta aindaalgumas peculiaridades relacionadas àpresença de enclaves de vegetação semelhanteà Caatinga, nas áreas dos afloramentoscalcários, que seriam originados dos processosde expansão e retração dos climas secos naevolução do continente sul americano(Ab’Saber, 1977).

Zoogeograficamente, a região da APA Carstede Lagoa Santa pertence à província faunísticado Cariri-Bororó de Mello-Leitão (1946),considerada por esse autor, como uma largafaixa de campos e savanas entre as bacias dosrios Amazonas, Prata e São Francisco. A regiãoinsere-se em zona geográfica de “Contatos/Enclaves com Floresta Atlântica”, conformeBraga & Stehmann (1990), caracterizando-setambém, sob o ponto de vista zoogeográfico,como uma área de transição entre os biomasCerrado e Mata Atlântica.

Warming (1892) descreveu as diferentesformações vegetacionais da região de LagoaSanta dividindo-as em primitivas ou naturais(matas, campos, brejos e lagoas) e secundárias

1 - INTRODUÇÃO

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ou introduzidas (lavouras e pastagens,geralmente implantadas sobre antigos solos dematas). As matas eram encontradas ao longodos cursos d’água e sobre os afloramentoscalcários. Os campos e cerrados revestiam assuperfícies aplainadas e os solos menos férteis.Nas várzeas, ocorriam os brejos e as lagoascom sua vegetação aquática.

Atualmente, a distribuição original dasformações vegetais pode ser percebida a partirda análise da estrutura e da composição dosfragmentos remanescentes. Há formaçõesaquáticas nas inúmeras lagoas perenes outemporárias; cerrados em suas diferentesformas e matas que diferem no porte,intensidade de caducifolia, estágio seral ecomposição de espécies. Além dessasformações naturais, as formações antrópicas sedistribuem por toda a região em pastagens elavouras, onde predominam culturas forrageiras,como milho e sorgo na parte norte e culturasde subsistência ao sul. As variadas formas demanejo da vegetação, as diferentes épocas emque os fragmentos foram explorados eabandonados à regeneração e a mistura deespécies de diferentes formações durante oprocesso de sucessão natural fazem com quehoje a delimitação dos tipos vegetacionais setorne imprecisa.

As formações naturais estão empobrecidas emfunção de muitos anos de retirada seletiva demadeiras nobres, carvoejamento e desmatesextensivos. Segundo o Sr. Jerônimo Alves,residente na região há 45 anos, a retirada demadeira das matas da região era intensa hácerca de 30. Hoje, “a Florestal não deixa cortarnem um pau mais e vive passando por aí”, dizele referindo-se às ações de fiscalizaçãorealizadas pelos órgãos ambientais.

Nas últimas décadas, antigas fazendasdesmembradas por processos de espólio foramreagrupadas e/ou transformadas em pólosagropecuários, chácaras de recreação ouloteadas no processo de expansão urbana. Aexploração de areia e garimpos modificaramprofundamente a paisagem ao longo do rio dasVelhas e várzeas do ribeirão da Mata. Muitosfragmentos de matas associados aosafloramentos calcários, preservados dasatividades agrícolas em função da dificuldadede acesso imposta pelo relevo, vêm sendosuprimidos com o desmonte do calcário pelasmineradoras. A construção do Aeroporto

Internacional Tancredo Neves levou à aberturae à duplicação de rodovias e eixos de circulação,ao longo dos quais surgiram loteamentos seminfra-estrutura ambiental e de saneamento(Kohler & Malta, 1991).

Muitas áreas sujeitas à legislação especial(consideradas de preservação permanente ereservas legais) não são tratadas como tal.Algumas iniciativas tomadas nos últimos anos,no sentido da preservação de remanescentesde vegetação nativa não tiveram sucesso. Umadelas foi a criação do Parque Estadual doSumidouro, pelo decreto estadual no 20375,de 3-1-1980. Esse processo caducou pelainoperância dos órgãos responsáveis por suaimplantação, mas sua importância ecológicaainda é grande, dada a presença da Lagoa doSumidouro e devido à área de cerrado. Essaárea se apresenta em estádio intermediário desucessão, podendo tornar-se uma importantee uma das únicas formações de cerradão daregião. Algumas áreas decretadas como depreservação, por empresas ou particulares, sãoapenas cercadas e estão abandonadas,não existindo qualquer tipo de manejo ouvigilância, permanecendo sujeitas à atividadesde extrativismo e outras ações predatórias, aexemplo das áreas da Cauê e da Aeronáutica.

A fragmentação dos ecossistemas naturais eseus efeitos sobre a distribuição de espéciestêm sido alvo de intensos trabalhos. Estudosfaunísticos alertam para o comprometimento damanutenção da diversidade, especialmente emgrupos com exigências ecológicas restritivas, eque são mais sensíveis a distúrbios e isolamentodos remanescentes. Sob essas premissas, oentendimento de padrões ecológicos emmanchas de hábitats torna-se essencial àimplementação de práticas de conservação(Saunders et al., 1991). Fatores como a formado fragmento, tamanho da área, estrutura dohábitat e distância de manchas maiores,possíveis fontes colonizadoras, são determi-nantes para a manutenção de populaçõesviáveis das espécies.

A análise da complexidade dos processosenvolvendo a APA Carste de Lagoa Santa,reforça a sua importância e a necessidade desua implantação. Um dos pressupostos para aimplantação de uma APA é a promoção de seuzoneamento, conforme previsto no artigo 2º daResolução nº 010 do CONAMA, de 14 dedezembro de 1988. O zoneamento, segundo

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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essa resolução, estabelece normas de uso, deacordo com as condições locais bióticas,geológicas, urbanísticas, agropastoris, extrati-vistas, culturais e outras. Fica também estabe-lecido que todas as APAs devem possuir zonasde vida silvestre, nas quais o uso dos sistemasnaturais deve ser proibido ou regulado. As outraszonas, definidas para regularizar o uso da terra,variam de acordo com as característicasespecíficas de cada APA, visando semprealcançar o objetivo primordial de sua criação.

O zoneamento biótico de uma área dependedos conhecimentos básicos da sua biota, como

a ocorrência e a distribuição das espécies.Daí a necessidade de se inventariar os variadostipos vegetacionais encontrados na área, sendoque as informações geradas irão direcionar asações mitigadoras voltadas para a crescenteinterferência antrópica na APA. Dessa forma,esse estudo reveste-se de grande importânciadevido a reunião de informações e aoaprofundamento da interpretação da com-posição e da estrutura das diferentesformações vegetacionais, além da identificaçãoe descrição da fauna e de sua importânciadentro da APA.

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O diagnóstico da flora e da fauna é um doselementos importantes para que se atinja oobjetivo maior do estudo, o zoneamentoambiental da APA Carste de Lagoa Santa. Alémdisso, pretende-se sugerir programas a seremdesenvolvidos na APA e áreas a serem alvo deestudos mais detalhados.

São objetivos específicos deste estudo:

• caracterizar as diferentes formaçõesvegetacionais existentes na APA em relaçãoàs suas características florísticas efitossociológicas;

• destacar a importância dessas formações parao cenário científico;

• abordar aspectos da utilização de espéciesda flora pela população local;

• comparar os remanescentes de vegetaçãoatual com a realidade apresentada nasortofotos de 1989, buscando indícios dastendências de ocupação do solo e suasconseqüências para a cobertura vegetalnativa;

• realizar o inventário da fauna que ocorre naárea da APA, com base nos grupos de ofídios,aves e mamíferos;

• caracterizar faunisticamente os principaisambientes de vegetação nativa e ambientesantropogênicos;

• avaliar o potencial de acidentes ofídicos naregião, especialmente em possíveis locais devisitação pública;

• selecionar áreas prioritárias para conservação,indicando os remanescentes vegetacionaisimportantes para a manutenção dadiversidade regional;

• indicar áreas para recuperação ouregeneração;

• apresentar propostas específicas para aimplementação de práticas que consolidema conservação dos recursos naturais;

• propor e delimitar as diferentes zonas quecompõem a APA e

• indicar as diretrizes de uso de cada umadessas zonas.

2 - OBJETIVOS

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Devido à falta de informações biológicas básicaspara embasar o zoneamento, procedeu-se auma pesquisa de campo sistemática, sendotrabalhadas a flora e a fauna. Devido àslimitações dos recursos financeiros, os estudosfaunísticos concentraram-se nos grupos demamíferos e aves, que são os mais comumenteutilizados em estudos de avaliação ambiental.Também os ofídios foram pesquisados deacordo com as características especiais daregião e seu potencial turístico.

Algumas características, como diversificaçãotrófica, locomotora, necessidade de grandesáreas de vida e sistemática razoavelmenteresolvida, fazem dos mamíferos um grupoespecialmente útil para inventários faunísticos.Dentro desse grupo, os pequenos mamíferosvoadores (morcegos) e não-voadores(marsupiais e roedores) perfazem cerca de 80%de toda a riqueza dos mamíferos com ocorrênciano Brasil (Fonseca et al., 1996). Esse grupo,devido à diversidade de espécies, à grandediversificação de formas, à coexistência demuitas espécies similares e à facilidade de seramostrado, é especialmente útil para o estudoda importância das variáveis ambientais sobrea riqueza e abundância de espécies (Herrmann,1991) e para estudos de ecologia decomunidade (Morris et al., 1989).

O grupo das aves é amplamente utilizado comoindicador de qualidade ambiental, existindo tantoespécies restritivas quanto as de grandeplasticidade ambiental. Alia-se a isso o fato deas aves apresentarem alta conspicuidade e amaioria ser diurna e muito ativa, de altadiversidade específica, relativamente fácil deidentificar, além de apresentar sistemática bemresolvida e habitar quase todos os ambientes,fornecendo um grande volume de dados emcampo e possibilitando inferências sobre ascondições de conservação dos hábitats.

O levantamento de répteis foi restrito àsserpentes, devido à importância que elasrepresentam no controle de vertebrados e desua relação com a população, uma vez que aexistência de espécies perigosas para o homem,causando acidentes por envenenamento, temtornado o grupo alvo de um estigma negativo esob forte pressão de predação. A existência deáreas com potencial de visitação pública justifica

a avaliação do índice de ocorrência de acidentesofídicos na região.

3.1 - Zoneamento

Apesar de previsto na legislação, o zoneamentoecológico de APAs (Resolução/CONAMA/ nº010, de 14 de dezembro de 1988) não possuimetodologia específica. Pela legislação, ficouestabelecido apenas que o zoneamento deveriaser elaborado segundo as condições específicasde cada local.

Várias são as funções e denominaçõesutilizadas em zoneamentos de APAs e torna-senecessário definir os conceitos das zonasutilizadas neste estudo. Foram definidos quatrotipos distintos de zonas, de acordo com ascaracterísticas da região e atividades existentes.Essas zonas possuem as seguintespeculiaridades:

ZONA NÚCLEO OU DE VIDA SILVESTRE - Sua função éproteger a biodiversidade regional, mantendoas populações de espécies nativas, bem comosua variabilidade genética, e servir como fontemantenedora do patrimônio biológico. Dado seucaráter de conservação, recomenda-se quequalquer atividade, turística ou de pesquisa, sejafeita com o devido controle. Essa zonaapresenta as maiores restrições de uso dentroda APA.

ZONA TAMPÃO - Às vezes também denominadazona de amortecimento, é uma faixa detamanho variado, localizada no entorno imediatoda zona núcleo. Sua função é assegurar aintegridade dos sistemas que compreendem azona núcleo, com o controle das atividadesantrópicas. Nesse compartimento, devem serfomentadas as atividades que visem àrecuperação da cobertura vegetal nativa, aocontrole das atividades modificadoras do meioe àquelas que potencializem a função deconservação da zona núcleo.

ZONA DE USO EXTENSIVO - São áreas queapresentam tanto componentes ambientaisquanto atividades econômicas relevantes parao contexto regional, especialmente agriculturae pecuária. Sua função é disciplinar o uso atualda terra, compatibilizando-o com a conservaçãodos remanescentes representantes do

3 - METODOLOGIA

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

patrimônio natural. Essa zona deve funcionarcomo uma transição entre as áreas de intensaexploração e ocupação e as de conservação.

ZONA DE USO INTENSIVO - Essa zona se caracterizapor apresentar um intenso uso e ocupação dosolo. Sua função é dar oportunidade àconsolidação da urbanização e industrializaçãoregional. Entretanto, essas atividades devem serdisciplinadas e harmonizadas com aconservação dos recursos naturais.

Para a dinâmica do zoneamento, foideterminado, inicialmente, que seria delineadaa zona núcleo, em seguida a zona tampão e aszonas de uso extensivo e intensivo. A zonanúcleo foi definida com base na metodologia deavaliação por critérios múltiplos (Voogd, 1983 inEastman, 1993). Esse método é utilizadoquando vários critérios precisam ser avaliadospara a tomada de decisão. O procedimentousado é a combinação linear compensada, naqual cada fator é multiplicado por um pesoespecífico, sendo posteriormente efetuado umsomatório para se alcançar o índice final. Osmaiores índices representam as áreas commaior potencial para serem a zona núcleo. Aose atribuir pesos diferentes a cada um doscritérios utilizados, determina-se a importânciamaior ou menor de um critério sobre o outro.

Os critérios avaliados foram relacionados avalores de uma escala discreta que variou de 1a 5, considerando-se o menor valor (1) para ascaracterísticas menos desejáveis, numcrescente até o maior valor (5), para ascondições consideradas mais satisfatórias. Apartir dessa valoração, foram gerados mapaspara cada um dos critérios (mapas temáticos).Esses mapas foram combinados entre si,utilizando-se um sistema de informaçãogeográfica (IDRISI 4.1 versão para DOS),levando-se em consideração o peso dado a cadaum dos critérios. Cada área do meio bióticotrabalhou isoladamente com seus critérios,gerando mapas parciais contendo as áreas demaior interesse, e esses foram combinados emum mapa final, sintetizando todas as propostas.

A figura 1 mostra o esquema geral para a criaçãodos mapas.

Para cada um dos grupos do meio biótico, foramdefinidos os critérios importantes para adeterminação das áreas de interesse paraconservação e, conseqüentemente, para a

delimitação da zona núcleo, de acordo com asespecificidades do grupo. Os critérios utilizadospodem ser agrupados da seguinte forma:

A - Características biológicas das áreas:

• riqueza de espécies

• abundância de indivíduos

• estado de conservação

• nível de estratificação

• porte (altura do estrato superior)

B - Características físicas das áreas:

• tamanho (área em hectares)

• forma (relação entre a superfície e o perímetroda área)

C - Características do contexto no qual a árease insere:

• nível de isolamento

• proximidade de estradas

• proximidade de centros urbanos

• proximidade de rios ou lagoas

As análises foram baseadas na classificaçãodo mapa de uso da terra, criado pelo ProjetoVida (CPRM/CETEC 1991) acrescido decorreções e atualizações com base nas viagensa campo (Figura 2).

Os critérios para o zoneamento são osseguintes:

1- Riqueza de espécies

Com base nos resultados de campo de cadagrupo temático, foi elaborado um mapamostrando a riqueza de espécies em cadaambiente. Cada tipo de ambiente foi relacionadoa um valor numérico de uma escala discreta,que variou de 1 (menor riqueza) até 5 (maiorriqueza), em função de sua importância para afauna ou flora regional. Para a análise florística,foram considerados os cerrados e as matas deforma independente, uma vez que ascaracterísticas estruturais são naturalmentediferentes.

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Dados de campo• riqueza• abundância• conservação• estruturação• porte

Mapa de Uso da Terra

Seleção de atributos• tamanho• forma• isolamento• estradas• cidades• rios

MAPAS TEMÁTICOS

Avaliaçãoporcritériosmúltiplos

Matrizes de importância relativados critérios dos grupos temáticos

Mapas com áreascandidatas à zona núcleo

Mapa síntese finalcontendo as zonas:• núcleo• tampão• uso extensivo• uso intensivo

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Figura 1 - Esquema geral da metodologia de avaliação por critérios múltiplos utilizada para o zoneamento.

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2- Abundância de indivíduos (sucesso decaptura)

A abundância de indivíduos está relacionada aosucesso de captura. Esse critério foi utilizadopara o grupo de mamíferos para representar osambientes, onde se estima haver uma maiorabundância de indivíduos. Os valores variamentre 1 (menor abundância) e 5 (maiorabundância).

3- Tamanho dos remanescentes

Os preceitos da teoria básica de biogeografia(MacArthur & Wilson, 1967; Fonseca, 1981)mostram que grandes áreas tendem a possuirmaior riqueza e maiores populações deindivíduos de cada espécie, com maioresprobabilidades de conservação, diminuindo aschances de sua extinção local. Assim, cadaárea considerada na análise teve sua superfíciecalculada (área em hectares) e classificada emfunção de uma escala discreta de 1 (menorárea) a 5 (maior área), sendo consideradasmais importantes aquelas que possuíam maiorsuperfície. Esse critério foi utilizado pelasequipes de flora, avifauna e mastofauna.

Cabe salientar que não se trata de uma avaliaçãoabsoluta, uma vez que a própria realidade doentorno de cada fragmento pode alterar a suaimportância.

4 - Forma dos remanescentes

Outro parâmetro utilizado nas análises foi aforma (arquitetura) de cada área, calculada combase na relação entre a sua superfície e seuperímetro, segundo a seguinte fórmula(Easterman 1992):

IS

P= , onde S representa a superfície da área

considerada e P o seu perímetro.

Esse critério foi considerado devido à relaçãoque o meio circundante exerce sobre asespécies. O valor de I foi posteriormentereclassificado em 5 categorias sendo que ovalor 1 corresponde à área onde há umapequena superfície para um grande perímetro eo valor 5 corresponde à área onde há uma maiorsuperfície e um menor perímetro.

A maior interação com o meio externo resultaem alterações microclimáticas no interior do

fragmento, denominadas “efeito de borda”. Umadas consequências do efeito de borda é oaparecimento de características secundárias(espécies vegetais e animais mais relacionadasaos estádios iniciais de sucessão) no interiordo fragmento. Em termos de dinâmica defragmentos e conservação, consideram-semais importantes os fragmentos que sofremmenor influência do meio externo, visto queespécies adaptadas às condições micro-climáticas do interior da mata são menosprejudicadas (Lovejoy et al., 1986; Laurence,1990; Laurence & Yensen, 1990).

5- Estado de conservação

Esse critério foi utilizado para caracterizar osfragmentos de acordo com seu estado deconservação (uma escala discreta de 1 a 5),englobando desde áreas degradadas ou muitosecundárias até áreas bem conservadas. Essascategorias foram definidas baseando-se navisualização de indícios de interferênciasantrópicas como desmate seletivo, queimada,carvoejamento e penetração de gado, dentreoutros.

6- Nível de estruturação do ambiente

O nível de estruturação do ambiente indica ograu de complexidade em relação aonúmero de estratos da vegetação. Esse critériofoi utilizado pelo grupo de botânica paraclassificar as áreas de amostragem e demaisambientes. A estimativa da estratificação,densidade e conectividade entre os estratos davegetação baseou-se no somatório dosseguintes valores: médias de altura e diâmetro,densidade total dos indivíduos arbóreos,densidade total dos indivíduos das subparcelase densidade de cipós das parcelas. Foicriada uma escala discreta variando de 1 a 5(da menor estruturação para a maior) para aclassificação dos remanescentes de vegetaçãonativa.

7- Porte da vegetação

O porte da vegetação (altura máxima do dossel)foi utilizado como critério de classificação dosremanescentes pelo grupo de botânica eestimado levando-se em conta a altura médiados indivíduos e a área basal total do segmentoamostrado.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Figura 2 - Mapa de uso do solo.

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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8 - Nível de isolamento da área em relação àárea mais próxima

Esse critério foi utilizado pelos grupos de flora,avifauna e mastofauna para classificar osremanescentes de vegetação nativa, em funçãodo grau de isolamento de cada fragmento. Asmatas foram classificadas em três níveis deisolamento:

1 - para os remanescentes distantes entre simais de 600 metros;

2 - para os remanescentes distantes entre side 600 a 300 metros;

3 - para os remanescentes distantes entre siaté 300 metros.

Essas classes de distância foram definidas como auxílio do sistema de informação geográfica,de acordo com as características.

Os fragmentos considerados como os únicosexistentes em uma área adquirem umaimportância maior como fonte de sementes paracolonização de áreas adjacentes, local potencialpara atividades científicas e de educaçãoambiental.

9- Proximidade de estradas principais

Esse critério foi criado para classificar osremanescentes de vegetação nativa em relaçãoà distância em que estão das estradas, dentrode cinco classes de distância (de 1 para as maispróximas a 5 para as mais distantes). Foiconsiderado importante por indicar,indiretamente, os impactos que os fragmentospodem sofrer pela ação humana. Tais impactosreferem-se principalmente à deposição de lixoe entulhos, maior facilidade de acesso daspessoas às áreas (cata de lenha, caça), maioresriscos de incêndio, entre outros. Por isso, foidada maior importância para os remanescenteslocalizados mais afastados das estradas.

10- Proximidade de centros urbanos

Cada fragmento foi classificado em função desua distância dos centros urbanos. Para tal,foram consideradas todas as áreas urbanasexistentes na APA e, a partir delas, foram criadascinco classes de distâncias, priorizando-seaqueles fragmentos localizados mais afastadosdos centros urbanos (de 1 para os maispróximos a 5 para os mais distantes), devido

aos riscos de impactos, além da maiorpossibilidade de degradação/ transformação doambiente pelo avanço da expansão urbana.

11- Proximidade de cursos d’água e/ou lagoas

Foram considerados prioritários os fragmentoslocalizados próximos aos cursos d’água e/oulagoas, em função de vários aspectos. A atuallegislação florestal (Lei estadual nº. 10560/91)prevê a proteção integral das áreas depreservação permanente, nas quais incluem-seas áreas localizadas nas proximidades decursos d’água e coleções d’água. Por esseaspecto, a recuperação das áreas localizadasentre os fragmentos com vistas à criação decorredores unindo-os, torna-se mais fácil pelaexistência de amparo legal à proteção de taisáreas. Soma-se a isso a influência da presençade um curso d’água na diversidade da fauna eda flora.

Como nos outros critérios, foram criadas cincoclasses de proximidade de cursos d’água, sendoconsideradas prioritárias as áreas (de 1 para amais distante a 5 para a mais próxima).

Parte dos critérios utilizados (riqueza deespécies, abundância de indivíduos, estado deconservação, etc) resultou dos trabalhos decampo desenvolvidos para cada grupo. Odirecionamento dos trabalhos, realizandoamostragens nas principais formações vegetaisou ambientes existentes na APA, permitiu aextrapolação das informações para outras áreascom características semelhantes.

Os dados da ofidiofauna não foram utilizadosnessa etapa da estruturação do zoneamento,pois a metodologia de inventário adotadabaseou-se na coleta de espécimes por postosde captura, montados nas fazendas da região.Assim, esses dados não apresentavam relaçãodireta com o remanescente vegetacionalamostrado, e sim com a fazenda onde estavamalocados os postos de captura

3.2 - Levantamento de dados do meiobiótico

3.2.1 - Áreas de amostragem

Para a compatibilização dos dados obtidos, foidefinido que os trabalhos de campo deveriamser realizados, sempre que possível, na mesma

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área e para todos os grupos amostrados. Parao reconhecimento e a escolha das áreas deamostragem, foi realizada uma viagem a campo,com dois dias de duração, da qual participarammembros das diversas equipes envolvidas nosestudos biológicos da APA. Em conjunto, foramescolhidas áreas representativas das diferentesformações vegetacionais existentes, distribuídasao longo de toda a área (Tabela 1 e Figura 3).Nesse estudo foi adotada a terminologiautilizada pelo IBGE (1992), padronizada com anomenclatura internacional da vegetação.

3.2.2 - Coleta dos dados em campo

A coleta de dados em campo foi realizadamensalmente, no período de setembro de 1995a fevereiro de 1996.

3.2.2.1 - Flora

Levantamento florístico e Fitossociológico

Para a coleta de dados fitossociológicos, foramamostradas dez parcelas de 250m2 (50m x 5m)em cada área. Dentro de cada parcela, forammedidos todos os indivíduos com circunferênciaa partir de 15 cm. No caso das formaçõesflorestais, mediu-se a circunferência à altura dopeito (CAP), e nos cerrados, mediu-se na basedo tronco. Além da circunferência, anotou-se aaltura estimada e a identificação do indivíduo.

Em cada parcela de 250m2, foram amostradasduas subparcelas de 5m2 (5m x 1m), onde foramregistrados todos os indivíduos comcircunferência inferior a 15cm queapresentassem altura superior a 50cm.

Dos indivíduos não identificados em campo,foram coletadas e processadas amostras,sempre que possível com material fértil, paraidentificação em laboratório, com auxílio deliteratura especializada e com a comparaçãocom exsicatas do herbário BHCB - UFMG. Asespécies que apresentavam material fértil,independentemente de estarem dentro dasparcelas, também tiveram amostras coletadase processadas para posterior incorporação àcoleção do herbário.

Atualização do mapa de cobertura vegetal

Durante os trabalhos de campo, foi levantadatoda a área da APA para a correção e aatualização do mapa de cobertura vegetal. Aolongo das estradas e vias de acesso, procurou-se comparar a cobertura vegetacional com opadrão existente nas ortofotos em escala1:10.000 (CEMIG, 1989) e mapas em escala1:50.000 (CETEC, 1991). Áreas de padrãopouco nítido foram visitadas para se conferir suatipologia, com base no porte, estrutura ecomposição florística. As alterações foramincorporadas ao mapa de uso do solo.

Tabela 1 - Áreas amostradas pelas equipes de flora, avifauna e mastofauna distribuídas de acordo com o ambiente.

AMBIENTES / ÁREAS TRABALHADAS EQUIPES

FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUALMata Lagoa da Cauaia - Fazenda Cauaia flora, avifauna, mastofaunaMata Vargem Comprida - Fazenda Castelo da Jaguara flora, avifaunaMata Castelo da Jaguara - Fazenda Castelo da Jaguara flora, mastofaunaMata Lapinha - Fazenda da MBR flora

FLORESTA ESTACIONAL DECIDUALMata da Horta - Fazenda Cauaia flora, mastofaunaMata de Poções - Divisa de propriedade Mauá / Soeicom flora, avifaunaFazenda Cerca Grande mastofauna

TRANSIÇÃO MATA/CERRADOMata Infraero - área da Infraero flora, avifauna, mastofaunaMata Império - Fazenda Império avifauna, mastofaunaMata Quinta do Sumidouro avifauna

CERRADOCerrado Aeronáutica - trevo de Lagoa Santa / Confins floraCerrado Império - Fazenda Império floraCerrado Promissão - Sítio da Pedreira, Lagoa Santa floraCerrado Sumidouro - Estrada Quinta do Sumidouro/Lapinha flora

VEGETAÇÃO DE AFLORAMENTOS CALCÁRIOSPedreira da Cauaia - Fazenda Cauaia flora

Nota: As áreas trabalhadas pela equipe de ofidiofauna não se encontram listadas nessa tabela por nãoterem sido distribuídos por ambiente.

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Entrevistas com moradores locais

Nas entrevistas com pessoas indicadas pelapopulação da região, foi feita uma breveabordagem sobre os usos da vegetação. A cadaentrevistado, foram questionados os seguintesaspectos: nome; tempo de residência na região;conhecimento das espécies da flora local; tiposde vegetação mais utilizados; uso atribuído àsespécies (alimentação, remédio, madeira,frutos, etc); parte do vegetal utilizada; formasde preparo; procura pela população e/oucomercialização; e facilidade de encontro ouraridade das espécies. Quando possível,realizaram-se visitas a campo, juntamente como entrevistado, para identificar as espécies eos nomes populares utilizados.

3.2.2.2 - Ofidiofauna

A metodologia de coleta e de observaçõesutilizada foi aquela padronizada segundo Lema& Araújo (1985). Como o encontro comserpentes em campo é fortuito (Vanzolini et al.,1980), foram selecionados dez postos decaptura (pontos de amostragem) distribuídos portoda a região, de acordo com as característicasda área e a disponibilidade dos moradores paraauxiliarem na realização do estudo. Cada localselecionado foi devidamente equipado com umlaço de Lutz e um gancho para coleta deserpentes vivas, uma caixa paraarmazenamento de serpentes vivas, umabombona contendo solução de formol a 20%para acondicionamento de serpenteseventualmente mortas, e material educativo(cartilhas e cartazes de ofidismo produzidos peloMinistério da Saúde). Os responsáveis pelospostos de captura foram treinados e orientadospara realizar as coletas com a devida segurança.Procurou-se ainda evitar o estímulo à matançaindiscriminada e à captura excessiva deespécimes. Os pontos de amostragem foramvisitados em todas as campanhas de campopara vistoria, triagem e recolhimento do materialcoletado.

Os pontos de amostragem foram: FazendaCerca Grande, Fazenda da Lapinha, FazendaCastelo da Jaguara, Fazenda Império, FazendaCauaia, Lagoa dos Mares, AeroportoInternacional Tancredo Neves, Fazenda Peri-Peri, Fazenda Poções e Fazenda Girassol(Figura 3). Devido ao método de amostragem,não foi possível discriminar as áreas segundo

os ambientes, como nos demais grupostemáticos estudados, pois, na maioria doscasos, a coleta de serpentes é ocasional eocorre nos locais mais freqüentados pelostrabalhadores (coletores), independente do tipode ambiente ou de uma padronização de esforçoamostral.

Foram ainda realizadas buscas diretas aosexemplares, com a observação dosmicroambientes favoráveis à ocorrência deserpentes, como: troncos caídos, ocos deárvores, proximidade de cursos d’água, sobfolhas caídas no solo e transectos pelasestradas e vias de acesso às diversas áreas.Todas as serpentes coletadas nos pontos deamostragem, atropeladas nas estradas ouobservadas, foram registradas e identificadasatravés da utilização de literatura específica. Asserpentes em bom estado de conservaçãoforam depositadas na coleção de serpentes daFundação Ezequiel Dias.

Durante as viagens a campos, os hospitais ecentros de saúde da região foram visitados paraa verificação da disponibilidade de sorosantiofídicos para o tratamento de possíveisacidentes por envenenamento.

3.2.2.3 - Avifauna

Para a amostragem das aves, foram utilizadosmétodos distintos com o objetivo de se fazeruma caracterização completa da avifauna.Foram realizados transectos de pontos, capturacom redes de neblina, amostragens esporádicase levantamento de dados secundários.

Transecto de pontos

A amostragem por transecto de pontos foiutilizada para a comparação da comunidade deaves entre diferentes formações florestais. Essemétodo permite determinar a composição emespécies, riqueza, diversidade e freqüência deaves das áreas amostradas, bem comocomparar as diversas áreas e avaliar o grau desimilaridade.

Foram selecionadas seis áreas (Figura 3) paraamostragem por transecto de pontos em quatrocampanhas consecutivas, de outubro adezembro (ressalta-se que, em outubro, foirealizada uma campanha no início do mês eoutra no final). Esse período coincide com operíodo reprodutivo da maior parte das espécies

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Figura 3 - Localização das áreas de amostragem da flora e fauna.

# #

#

# #

#

#

#

P ed re ira C au aia

C .F un ilâ nd ia

L ag oa G ran d e

C . Ja gu ara

V. C om prida

Im p ér io

M a u á

P oç õ es

P eri-P eri M u a m be iro

C e rca G ran de

Q . S um id ou ro

C . S um id ou ro

L . S u m ido uro

L ap in h a

C . P ro m iss ão

C . A ero ná uticaL . M are s

V E S PA S IA N O

P E D R O LE O P O LD O

M ATO Z IN H O S

L AG O A S AN TA

C o nfins

H o rtaL . C a ua ia

"C a scalh eira"

#

Á rea s de am ostrag em

Flo ra

O fid io faun a

Av ifau na-tra nse cto

Av ifau na-v is itas

M a sto fa una-pequ enos m am ífe ros

M a sto fa una-qu iró p te ros

L im ite da A PA C arste d e Lag oa S an ta

C idades /M un icíp ios

D istrito s, V ilas , P ovo ados

A ero porto

Lag oas

#

Infra ero

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de aves na região, época pois de maior atividadedas aves, resultando, conseqüentemente, naobtenção de um maior volume de dados e nadetecção de várias espécies migratórias que aínidificam.

Foi adotado o transecto de pontos fixos segundoBukland et al. (1993). Foram demarcados dezpontos, distantes 100 metros entre si, em cadauma das áreas trabalhadas. Cada um dospontos, em cada área, foi amostrado duranteum período de dez minutos, em cadacampanha. Nesse intervalo de tempo, todos osindivíduos observados visual e/ou auditivamenteforam registrados. Além disso, foi anotado oestrato da vegetação em que se deu o registro(inferior, médio e superior) e a estimativa dadistância da ave em relação ao observador. Foiconsiderado um raio de 20 metros a partir doobservador, no qual todas as espéciespresentes no momento da amostragem foramregistradas e constam das análisescomparativas. As espécies registradas alémdessa faixa-limite foram somente paracomplementar o inventário da área deamostragem. Além desses indivíduos, tambémos que utilizaram apenas o espaço aéreo, comocertos gaviões, maritacas e papagaios,andorinhões e andorinhas, foram registradospara o inventário.

As amostragens foram realizadas sempre naparte da manhã, período de maior atividade dasaves, iniciando-se logo após o nascer do sol eestendendo-se até por volta das dez horas. Operíodo da tarde foi dedicado à procura de novasáreas para visitação e reconhecimento geral daAPA, além da realização de visitas não-sistemáticas às áreas previamente selecionadas.

Além da caracterização da avifauna nas áreasde amostragem, foi avaliada a estrutura davegetação, visando detectar a existência derelação entre a riqueza e composição daavifauna e a estruturação do ambiente. Foramescolhidas 13 variáveis (contínuas, discretas ousubjetivas) que se encontram no anexo19. Amedição dessas variáveis ocorreu nos mesmosdez pontos de amostragem de aves em cadaárea. As medidas de cada variável foramcoletadas num raio de três metros.

Amostragens não-sistemáticas

Foram realizadas amostragens de aves emoutras áreas visando amostrar os diferentes

ambientes presentes na área de estudo ecomplementar o inventário. As áreasamostradas foram selecionadas a partir daanálise dos mapas e ortofotos da região daindicação por outras equipes ou da identificaçãoa partir dos caminhos percorridos. Procurou-seamostrar os mais diversos ambientes, dandopreferência aos remanescentes vegetacionaismais representativos em termos de porte econservação. Nesses foram realizadascaminhadas (transectos não-sistemáticos),anotando-se todas as espécies de avesobservadas e determinadas características doambiente (tipo de ambiente, estado deconservação). Procurou-se percorrer o máximopossível da área, para uma avaliação geral dosremanescentes e dos ambientes existentes.

Além das atividades diurnas, foram realizadasamostragens durante o período crepuscular/noturno para o registro de aves que são ativasnessas horas (corujas, curiangos e bacuraus).

As áreas amostradas foram a Lagoa doSumidouro; pasto sujo da Fazenda Império;mata decidual da Gruta da Lapinha; LagoaGrande (Fazenda Planalto da Jaguara);cascalheira próxima à Fazenda Jaguara (áreapróxima ao Rio das Velhas com vegetação demata ciliar, muito degradada em virtude daretirada desordenada de cascalho); matadecidual da Cimentos Mauá; Lagoa dos Mares;Cerrado Funilândia (localizado no limite norteda APA e Cerrado Promissão.

Captura com redes

Com o objetivo de detectar espécies difíceis deserem observadas e/ou identificadas apenasvisual ou auditivamente, foram realizadascapturas com redes. Utilizaram-se redes deneblina (ATX-12 metros) que eram dispostas emtrilhas, a partir de 0,5 metro do solo. Em cadaárea, foram armadas nove redes, quepermaneciam abertas durante toda a manhã, apartir do nascer do sol e por um período de cercade cinco horas. O número total de diastrabalhados em cada área foi: Mata Lagoa daCauaia - cinco; Mata Império - dois; Mata daInfraero - dois e Mata da Cimentos Mauá - dois.

Os indivíduos capturados foram identificados,medidos, pesados e fotografados e marcadoscom anilhas metálicas e/ou coloridas conformerecomendações do CEMAVE (Centro de

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Estudos para Conservação das Aves Silvestres- IBAMA) (IBAMA, 1994).

Para as identificações das espécies, utilizou-se a literatura básica disponível (Meyer deSchauensee, 1982; Sick, 1985; Hilty & Brown,1986; Dunning, 1987; Grantsau, 1988; Ridgely& Tudor, 1989; 1994).

3.2.2.4 - Mastofauna

O estudo da mastofauna foi realizado para aabordagem de três segmentos distintos:pequenos mamíferos não-voadores (roedorese marsupiais), pequenos mamíferos voadores(quirópteros) e mamíferos de médio e grandeporte. Cada um desses grupos foi amostradocom metodologias distintas, que serãoapresentadas a seguir.

Pequenos mamíferos não-voadores

Para a coleta sistemática de pequenosmamíferos não-voadores (roedores emarsupiais), foram selecionados os principaisremanescentes de vegetação nativarepresentativos das principais formaçõesvegetacionais, sendo esses, mata estacionaldecidual, mata estacional semidecidual etransição mata-cerrado (Figura 3).

A amostragem foi realizada a partir de umprograma de captura, marcação e recaptura nascinco áreas selecionadas (Tabela 1 e Figura 3).As coletas foram realizadas em cinco noitesconsecutivas por mês, em um total de seisperíodos mensais de coleta (Tabela 2),totalizando um esforço de captura de 7.020armadilhas.

Em cada uma das áreas de amostragem foramestabelecidos dois transectos lineares,paralelos, de 300 metros de comprimento,distanciados 50 metros. Em cada um dostransectos, foram estabelecidos 15 pontos decoleta a intervalos regulares de 20 metros. Aúnica exceção na disposição dos transectos foia Mata da Horta que, devido à sua formaalongada, foi amostrada por um único transectocom 600 metros de comprimento.

Em cada ponto de coleta foram instaladas duasarmadilhas: uma do tipo “Tomahawk” e outra dotipo “Sherman”, alternadas em sua posição,para abrangerem dois estratos, o terrestre(chão) e o arbóreo (alto). Para a amostragemdo estrato acima do solo, as armadilhas foram

presas em troncos ou cipós a uma altura médiade 1,5 metro. Como isca, utilizou-secreme de amendoim e aveia em flocos nasarmadilhas do tipo “Sherman”, e abacaxi ealgodão embebido com óleo de fígado debacalhau (Emulsão Scott) nas do tipo“Tomahawk”.

A cada manhã as trilhas foram percorridas, osindivíduos capturados identificados, marcadoscom uma anilha metálica numerada, tomadasas medidas morfométricas padrão e soltos nomesmo posto de captura. Em caso deidentificação duvidosa, o espécime foi levadopara o laboratório e taxidermizado para posteriorclassificação. Todos os indivíduos coletadosestão depositados na coleção do Departamentode Zoologia da Universidade Federal de MinasGerais (DZ - UFMG).

Quirópteros

Para a captura de morcegos foram selecionadassete áreas, sendo cinco delas as mesmasutilizadas para a amostragem de pequenosmamíferos não-voadores e duas outrasassociadas à afloramentos calcários: Poções eFazenda Cerca Grande (Tabela 1 e Figura 3).

Foram utilizadas redes de neblina, cujo númeroem cada uma das áreas variou de um a três,sendo abertas ao anoitecer (entre as 18 e 19horas), assim permanecendo até as 23 horas.Os indivíduos capturados foram identificados,pesados e quando necessário, levados para olaboratório para posterior identificação. Todosos indivíduos coletados estão depositados nacoleção do Departamento de Zoologia daUniversidade Federal de Minas Gerais (DZ -UFMG). A tabela 3 mostra o esforço de capturapor horas/rede, por área estudada.

Mamíferos de médio e grande porte

Os mamíferos de médio e grande porte foramregistrados por observação direta e indireta(visualização, vocalização, pegadas e fezes) eatravés de entrevistas com moradores da regiãoe com as outras equipes deste projeto.

A taxonomia de mamíferos segue a propostapor Wilson & Reeder (1993).

3.2.3 - Análise dos dados

O índice de Shannon-Wiener (Magurran, 1988)foi utilizado para comparar a diversidade entre

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as áreas. Esse índice diz respeito ao grau deincerteza de que um indivíduo amostrado aoacaso pertença a uma determinada espécie.

A similaridade da riqueza entre as áreas foicalculada pelos índices de Sorensen e Jaccard.Segundo Magurran (1988), esses índices sãoiguais a 1 em caso de completa similaridade.Para se averiguar quais as áreas mais similares,foi realizada uma análise de agrupamento(“cluster”) com os índices de similaridade.

A análise dos dados de vegetação coletadosutilizou os parâmetros e índices usuais emestudos fitossociológicos como densidade,freqüência e dominância absolutas e relativase índice de valor de importância (Martins, 1991).

Foi utilizado o pacote estatístico “Statistica paraWindows versão 4.2”, para a realização de umaanálise discriminante canônica com os dadosde estrutura de vegetação, coletados nos pontosde transecto de aves.

As espécies de aves foram agrupadas deacordo com seu hábitat. Tal classificação foi feitacom base nos dados coletados em campo,acrescidos de informações da literatura (Fry,1970; Sick, 1985). Foram determinados quatrogrupos de aves segundo seu hábitat: avesflorestais, aves campestres, aves de borda e

aves aquáticas. Foram aqui consideradas avesde floresta ou florestais, aquelas associadaspreferencialmente às matas semidecíduas edecíduas e como espécies campestres ou deáreas abertas, aquelas associadaspreferencialmente às pastagens, campos,pastos sujos e áreas abertas em geral. O hábitatde borda é definido no seu sentido vertical ehorizontal. Como hábitat de borda no sentidohorizontal, entende-se a borda propriamente ditaentre a mata (nos diversos estádios deregeneração) e a vegetação mais abertaadjacente. O hábitat de borda no sentido vertical,refere-se à copa ou no topo da vegetação,utilizados para forrageamento ou para pouso deobservação. Aves aquáticas são associadasaos ambientes limnícolas e a suas margens,sejam eles lagoas, brejos, alagados, rios oucórregos.

As análises do grupo de mamíferos foramdivididas em qualitativas e quantitativas. Asprimeiras versam exclusivamente sobre aocorrência por localidade amostrada. Asanálises quantitativas permitem inferênciassobre a abundância relativa das espécies, ospadrões de dominância e de diversidade.

Devido ao tipo de informação obtida, osmamíferos foram separados em dois grupos: i)

Área MêsSet Out Nov Dez Jan Fev Total

Mata Lagoa da Cauaia 360 300 300 300 1260Mata da Horta Cauaia 360 300 300 300 300 240 1800Mata Castelo da Jaguara 180 300 300 300 1080Mata da Infraero 180 300 300 300 300 1380Mata da Império 300 300 300 300 300 1500Total 720 1080 1380 1500 1200 1140 7020

Tabela 2 - Esforço de captura (armadilhas por noite) de pequenos mamíferos (marsupiais eroedores).

Tabela 3 - Esforço de coleta de morcegos por área.

Área Número deredes

Esforço de captura(horas/rede)

Mata de Poções 2 6Fazenda Cerca Grande 2 6Mata da Horta 3 9Mata Castelo daJaguara

3 9

Mata Lagoa da Cauaia 3 9Mata Império 3 9Mata Infraero 3 9Total 18 57

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pequenos mamíferos, voadores e não-voadores;ii) mamíferos de médio e grande porte. Para osprimeiros, foram feitas análises qualitativas equantitativas, enquanto que os mamíferos emgeral só foram analisados qualitativamente.

Nas análises quantitativas do grupo dospequenos mamíferos não-voadores, asprimeiras capturas correspondem ao número deindivíduos. O número total de capturas foicalculado somando-se as primeiras capturascom as subseqüentes recapturas. O sucessode captura total foi calculado dividindo-se o totalpelo esforço de captura (armadilhas/noite) e, emseguida, multiplicando-se o resultado por 100.O mesmo procedimento foi seguido para estimaro sucesso de capturas por área. As abundânciasdas espécies por área foram estimadasdividindo-se a captura total de uma espécie pelosomatório das capturas totais. Essas

estimativas foram usadas para verificar qual aespécie mais abundante por área.

As relações entre a riqueza de espéciese o tamanho das áreas foram verificadaspor regressões lineares, seguindo-se o modeloexponencial: log S = log C + z log A, ondeS é o número de espécies, A é o tamanho daárea, e C e z são constantes. Essa análise foifeita sobre os pequenos mamíferos e osmorcegos.

3.2.4 - Levantamento de dados históricos

Com o objetivo de comparar a fauna registradaatualmente na APA Carste com registroshistóricos, foi elaborada uma lista compiladacom base nos trabalhos de Lund (1935), Walter(1948) e Pinto (1950, 1952), contendo asespécies já registradas para a região.

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Em função das características de uso atual daterra, foram consideradas como candidatas àzona-núcleo áreas que fossem compostaspelos remanescentes dos ambientes originaisde mata estacional semidecidual, decidual,cerrado, transição cerrado/mata e áreas emregeneração (capoeiras e pasto sujo).

As tabelas 4 a 8 apresentam os resultados para

os diversos critérios utilizados na elaboraçãodos mapas temáticos de cada equipe. Essesresultados foram obtidos com os dados doslevantamentos de campo. A partir destesresultados, acrescidos dos pesos dados a cadaum dos critérios, foram gerados mapas com aszonas prioritárias para conservação dos gruposde flora, avifauna e mastofauna.

4 - PROPOSTA DE ZONEAMENTO DO MEIO BIÓTICO

Tabela 4 - Estimativa da riqueza de espécies com base nos resultados de amostragem decampo da equipe de mamíferos (M), aves (A) e botânica (B).

Categoria/Grupo ValorM A B

Floresta Estacional Semidecidual 5 5 4Transição mata/cerrado 4 4 4Cerrado 3 3 4Floresta Estacional Decidual 2 3 4Pasto sujo 1 2 -Pastagens - 1 -Lagoas - 4 -

Áreas específicas

Império (transição mata/cerrado) - - 5Castelo da Jaguara (mata semidecidual) - - 5Sumidouro (cerrado) - - 5Promissão (cerrado) - - 4Poções (mata decidual) - - 4Lagoa da Cauaia (mata semidecidual) - - 3Horta (mata decidual) - - 3Infraero (transição mata/cerrado) - - 3Lapinha (mata semidecidual) - - 3Aeronáutica (cerrado) - - 3

Tabela 5 - Estimativa da abundância de mamíferos.

Categoria ValorFloresta Estacional Semidecidual 5Transição mata/cerrado 4Cerrado 3Floresta Estacional Decidual 2Pasto sujo 1Pastagem -Lagoa -

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Tabela 6 - Estimativa do estado de conservação.

Categoria/Grupo ValorFloresta Estacional Semidecidual 4Floresta Estacional Decidual 4Cerrado 4Transição mata/cerrado 3

Áreas específicas

Lagoa da Cauaia (mata estacional semidecidual) 5Promissão (cerrado) 5Império (transição mata/cerrado) 4Castelo da Jaguara (mata estacional semidecidual) 4Horta (mata estacional decidual) 4Infraero (transição mata/cerrado) 4Poções (mata estadual decidual) 4Lapinha (mata estacional semidecidual) 4Sumidouro (cerrado) 3Aeronáutica (cerrado) 3

Tabela 7 - Classificação dos remanescentes de vegetação nativaem função do nível de estruturação da vegetação.

Categoria/Grupo ValorFloresta Estacional Semidecidual 5Floresta Estacional Decidual 4Cerrado 4Transição mata/cerrado 3

Áreas específicas

Império (transição mata/cerrado) 5Lapinha (mata estacional semidecidual) 5Lagoa da Cauaia (mata estacional semidecidual) 5Castelo da Jaguara (mata estacional semidecidual) 4Horta (mata estacional decidual) 4Infraero (transição mata/cerrado) 4Sumidouro (cerrado) 4Promissão (cerrado) 4Poções (mata estadual decidual) 4Aeronáutica (cerrado) 4

Tabela 8 - Classificação dos remanescentes de vegetação nativaem função do porte da vegetação.

Categoria/Grupo ValorFloresta Estacional Semidecidual 5Floresta Estacional Decidual 4Cerrado 4Transição mata/cerrado 2

Áreas específicas

Império (transição mata/cerrado) 5Castelo da Jaguara (mata estacional semidecidual) 5Lagoa da Cauaia (mata estacional semidecidual) 5Horta (mata estacional decidual) 4Infraero (transição mata/cerrado) 4Poções (mata estadual decidual) 4Lapinha (mata estacional semidecidual) 4Sumidouro (cerrado) 3Promissão (cerrado) 3Aeronáutica (cerrado) 3

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Após a definição dos critérios considerados porcada um dos grupos temáticos (flora, avifaunae mastofauna), foram definidas três matrizesque indicaram a importância de um parâmetrosobre o outro, conforme estipulado pelasequipes (Matrizes 1 a 3). A interpretação dasmatrizes foi feita considerando-se a importânciado parâmetro da linha em relação à coluna.Assim, no caso da Matriz 1 (grupo demamíferos), foi determinado que o parâmetroforma é menos importante que os parâmetros

riqueza, abundância e tamanho, maisimportante do que os demais.

A partir da combinação dos critérios e deseus pesos para cada grupo, foram gerados osmapas temáticos, indicando as áreas de especial interesse, candidatas à formaçãodas zonas-núcleo (Figuras 4, 5 e 6).Essas figuras contêm apenas as áreas queobtiveram os dois maiores valores (prioridades1 e 2).

Matriz 1. Importância relativa dos critérios utilizados pelo grupo de mamíferos para a definição das áreas-núcleo.

Riqueza Abundância Tamanho Forma Isolamento Cidade Rios

Riqueza 1

Abundância 0.9 1

Tamanho 0.8 0.9 1

Forma 0.7 0.8 0.9 1

Isolamento 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Cidade 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Rios 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Matriz 2. Importância relativa dos critérios utilizados pelo grupo de aves para a definição das áreas-núcleo.

Riqueza Tamanho Forma Rios Isolamento Estrada Cidades

Riqueza 1

Tamanho 0.9 1

Forma 0.8 0.9 1

Rios 0.7 0.8 0.9 1

Isolamento 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Estrada 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Cidades 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Riqueza Preservação Estrutura Porte Tamanho Isolamento Forma

Riqueza 1

Preservação 0.8 1

Estrutura 0.7 0.8 1

Porte 0.6 0.7 0.8 1

Tamanho 0.5 0.6 0.7 0.8 1

Isolamento 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 1

Forma 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 1

Matriz 3. Importância relativa dos critérios utilizados pelo grupo de botânica para a definição das áreas-núcleo.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Figura 4 - Resultado da avaliação por critérios múltiplos para a mastofauna. As áreas verdes e azuis sãoconsideradas as mais aptas para compor a Zona-Núcleo. As linhas indicam as divisas municipais.

C rité r io s co n sid e rad o s (em o rd e m d ec rescen te d e im p o rtân c ia ) :

R iq u e za d e e sp éc ie s ;Tam an h o d a á rea ;P ro x im id ad e d e cu rso s d 'á g u a /lag o as;D is tâ n c ia d e c id a d es;N ív e l d e iso lam en to ;D is tâ n c ia d a s e strad as p r in c ip a is .

P rio r id ad e 1

P rio r id ad e 2

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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4122

Figura 5 - Resultado da avaliação por critérios múltiplos para a avifauna. As áreas verdes e azuis sãoconsideradas as mais aptas para compor a Zona-Núcleo. As linhas indicam as divisas municipais.

C rité r io s co n sid e rad o s (em o rd e m d ec rescen te d e im p o rtân c ia ) :

R iq u e za d e e sp éc ie s ;A b u n d ân c ia d e in d iv íd u o s;Tam an h o d a á rea ;F o rm a to d a á rea ;N ív e l d e iso lam en to ;D is tâ n c ia d e c id a d es;P ro x im id ad e d e cu rso s d 'á g u a /lag o as.

P rio r id ad e 1

P rio r id ad e 2

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Figura 6 - Resultado da avaliação por critérios múltiplos para a flora. As áreas verdes e azuis são consideradasas mais aptas para compor a Zona-Núcleo. As linhas indicam as divisas municipais.

C rité r io s co n sid e rad o s (em o rd em d ec rescen te d e im p o rtân c ia ) :

R iq u ez a d e e sp éc ie s ;E stad o d e c o n se rv açã o d a á rea ;E stru tu ra d a v eg e taçã o n a á rea ;Tam an h o d a á re a ;N ív e l d e iso lam en to ;F o rm a to d a á rea .

P rio r id ad e 1

P rio r id ad e 2

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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4124

Com base nos mapas elaborados, cada equipetraçou os limites das zonas-núcleo, tampão, usoextensivo e uso intensivo. Posteriormente, como auxílio do SIG, as várias zonas foram cruzadase reavaliadas, resultando na proposta dezoneamento do meio biótico (Figura 7).

Segundo a proposta apresentada, existem trêsáreas que compõem a Zona-Núcleo, num totalde 6.545 hectares, a saber:

Área 1: localizada na porção norte, é formadapelas áreas mais expressivas em termos debiodiversidade, tamanho, estado deconservação e representatividade dosambientes naturais, abrangendo as MatasLagoa da Cauaia, Castelo da Jaguara, Poções,Império e uma série de pequenas áreas entreelas.

A importância da conservação dessa faixa estáem manter um corredor de ligação entre asformações de cerrado e florestas estacionais,e a mata ciliar do Rio das Velhas. Dessa forma,será mantido um corredor para a fauna, comuma variedade de ambientes contínuos entresi, aumentando a possibilidade de conexõesecológicas e garantindo a continuidade dosprocessos vitais do bioma.

Área 2: localizada no entorno da Lagoa doSumidouro, próximo a Fidalgo e à Quinta doSumidouro. Trata-se de um complexo deremanescentes que engloba áreas de cerrado,cerradão, mata decidual, alguns trechos deformações secundárias e a área que seriadestinada ao Parque do Sumidouro1. Aretomada do processo de criação desse Parqueou sua conformação em outra categoria deunidade de conservação é fundamental para seatingir os objetivos pertinentes a uma APA e,em especial, dessa Zona-Núcleo.

Área 3: localiza-se na parte sul, entre SantaHelena, Lagoa Santa e Confins, nas imediaçõesdo Aeroporto Internacional Tancredo Neves.Essa área estende-se desde o CerradoPromissão, nas proximidades da Lagoa Olhos

D’água até os ambientes de cerrado e transiçãocerrado/mata pertencentes à Infraero2. Essasúltimas já são áreas protegidas, mas ambasnecessitam de maior fiscalização, pois a retiradade lenha e a presença de fogo são ameaçasconstantes. Em virtude da proximidade decentros urbanos e do aeroporto internacional,essa área apresenta uma menor faixa de zonatampão no seu entorno. O cerrado Promissãoé uma das áreas mais representativas docerrado sensu strictu da região e mereceatenção por sua extensão e representatividade,podendo vir a ser importante para educaçãoambiental, por suas características estruturais,fisionômicas, por sua composição florística epela proximidade de centros urbanos.

As Zonas-Tampão propostas para a APA Carstedistribuem-se no entorno das Zonas-núcleo,num total de 8.314 hectares. Nessas áreasserão permitidas atividades regeneradoras deambientes, como sistemas agroflorestais e/oureabilitação das fitofisionomias naturais, demodo a permitir o fluxo gênico e a conectividadeentre as zonas de uso intensivo.

As Zonas de Uso Extensivo estão divididas emtrês porções (uma ao norte, uma no extremonoroeste e uma no centro da APA), totalizando14.608 hectares. As Zonas de Uso Intensivoenvolvem cinco áreas, sendo que a maior delaslocaliza-se na parte sudoeste da APA Carste,formando um corredor entre as localidades deConfins, Lagoa de Santo Antônio, Mocambeiroe Matozinhos. As demais zonas estão nasproximidades das localidades de Quinta daFazendinha (porção oeste), Fidalgo e Quinta doSumidouro (porção leste), Campinho de Baixoe Lagoa Santa (porção leste) e Vespasiano(porção sul).

Apesar de a APA Carste de Lagoa Santa possuirum tamanho expressivo (cerca de 36.000 ha),os ambientes de vegetação nativa perfazemapenas cerca de 25% do total. Além disso, amaioria dos remanescentes nativos é depequeno porte, encontrando-se isolados unsdos outros. Assim, há a necessidade de se

1 O Parque do Sumidouro foi criado em 03-01-80, Decreto nº 20375, como medida compensatória à construção do Aeroporto InternacionalTancredo Neves, na região de Confins. Em 17-06-80, o Governo do Estado instituiu uma Comissão de Coordenação com o objetivo deorientar as atividades de uso e ocupação do solo na área do Parque, além de identificar e gerenciar ações que visassem à efetivaimplantação da unidade. Essa comissão foi dissolvida e o decreto de criação do Parque caducou em 1985.

2 Protegido a partir da Resolução nº 4 de 9-10-1995, que assegura um raio de proteção de 20 km a partir do centro geométrico doaeródromo.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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promover a interligação entre essesremanescentes, visando incrementar otamanho efetivo da área disponível para asespécies que dependem de determinadosambientes. A criação de corredores, conectandoremanescentes florestais, tem sido um dosprincipais aspectos abordados para o manejode regiões fragmentadas, sempre com vistas àdiminuição das chances de extinção local deespécies nativas (Forman & Gordon, 1986;Bierregaard Jr., 1990; Laurence, 1990;Newmark, 1991; Stacey & Taper, 1992; vanApeldoorn et al., 1992 e Merriam, 1994).

Entretanto, para que tais corredores funcionemefetivamente, é necessário que conectem áreasfragmentadas com áreas que funcionem comofonte colonizadora. As áreas propostas comoZona-Núcleo têm, como uma de suas funções,promover esse suprimento gênico. No contextoregional, as interações da fauna e da floraextrapolam os limites da APA e, assim, amanutenção de sua biodiversidade dependerá,

também, das condições existentes no seuentorno.

A proposta de zoneamento para uma áreapressupõe a regulamentação do uso da terraem cada zona definida. A tabela 9 apresenta asrecomendações e restrições de uso das zonaspropostas para a APA Carste. As sugestões dasatividades estão em consonância com o atualuso da terra na área, com a proposta de gestãoda APA1 e com o desenho final do zoneamentoora proposto. Entretanto, a efetivação dessapolítica de usos e restrições somente seráalcançada caso seja observada e cumprida aatual legislação florestal (Lei nº. 10561/91).

Atenção especial deverá ser dada às áreas depreservação permanente (encostas e margensde cursos d’água) e às reservas legais(porcentagem de no mínimo 20% de cadapropriedade). Por se tratar de uma Área deProteção Ambiental, o mínimo que se esperadas autoridades competentes é a fiscalizaçãoe a exigência no cumprimento da Lei.

1 Elaborado pela Fundação Biodiversitas, através de um convênio com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Figura 7 - Proposta de Zoneamento do Meio Biótico.

3

5

6

7

1 0

1 2

1 3

1 4

11

9 8

4

2

1 Q uin ta do Sum idouro

2 Fidalgo

3 C am pinho de B aixo

L apin ha4

Santa H elena5

6 L ago a Santa

7 Vesp asiano

8 Tavares

9 L ago a dos M ares

1 0 C onf ins

11 L ago a de Santo A ntônio

1 2 M oca m beiro

1 3 M ato zinhos

1 4 Q uin tas da Faz endinha

Z o n a N ú c l e o

Z o n a T a m p ã o

Z o n a d e U s oE x t e n s i v o

Z o n a d e U s oI n t e n s i v o

Á r e a s u r b a n a s

M i n e r a ç õ e s

L a g o a s

L egen d a

0 5 k m2 ,5 3 ,7 5

P rojeção U T M(coordenadas em m etros)

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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DIRETRIZES DE USO ZONA NÚCLEO ZONA TAMPÃO ZONA DE USO EXTENSIVO ZONA DE USO INTENSIVO

RESTRIÇÕES

MineraçãoPecuáriaSilviculturaCultura de SubsistênciaExploração de madeiraIndústria

MineraçãoPecuária extensivaSilvicultura com espécies exóticasIndústria

Indústria (desde que aprovadapelo Conselho da APA1 )

Observar lei de uso e ocupaçãodo solo dos municípios, planodiretor municipal e legislaçãoambiental

PERMISSÕES

Turismo ecológicoPesquisa científica

Indústria caseiraTurismo ecológicoPesquisa científicaPecuária intensiva em pastagens jáexistentesCultura de subsistênciaExploração sustentada de madeira

Turismo ecológicoPesquisa científicaPecuária intensiva e extensivaem pastagens já existentesCultura de subsistênciaExploraçãosustentada de madeira

IndústriaMineraçãoCentros Urbanos

RECOMENDAÇÕESRecuperação de áreasdegradadasPesquisa científica

Indústria caseiraTurismo ecológicoRecuperação de áreas degradadasPesquisa científica

Indústrias caseiras

Tabela 9 - Diretrizes propostas para o uso da terra.

1 Proposto pelo Plano de Gestão da APA Carste de Lagoa Santa - Fundação Biodiversitas / IBAMA.

Estu

do

do

Meio

Bió

tico

4127

CP

RM

– Serviço

Geo

lóg

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o B

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4128

5.1 - Histórico dos Estudos na Região

O rico patrimônio paleontológico das grutasatraiu, para a região de Lagoa Santa, onaturalista dinamarquês Peter W. Lund, que aífixou residência em 1835. Apesar de ter comointeresse principal as formações calcárias eseus fósseis, esse naturalista ocupou-setambém das ciências naturais em geral. Suapermanência em Lagoa Santa atraiu para aregião diversos naturalistas que contribuíram deforma decisiva para o conhecimento zoológicoe botânico. Em alguns aspectos, a contribuiçãodesses naturalistas não foi ultrapassada até osdias de hoje.

Nos primeiros anos de sua estada em LagoaSanta, Lund ocupou-se, dentre outras coisas,da coleta de exemplares zoológicos que eramentão enviados ao Museu de Zoologia deCopenhague. Tais coletas foram realizadas nãosó em Lagoa Santa, mas também em seusarredores, muitos dos quais, situados dentro dolimite da APA (Pinto, 1952).

A região é de inigualável importância para apaleontologia brasileira, tendo Lund registradomais de uma centena de espécies demamíferos, entre extintas e atuais. Inúmerasespécies de mamíferos têm nessa região sualocalidade-tipo.

Talvez a grande contribuição de Lund àornitologia lagosantense tenha sido a de terrecrutado o zoólogo dinamarquês Reinhardtpara se ocupar das coletas zoológicas,enquanto ele se dedicava inteiramente às grutase aos fósseis. De 1847 a 1855, Reinhardtcoletou inúmeros espécimes em Lagoa Santae arredores. A contribuição de Reinhardt àornitologia supera em muito a de Lund, cabendoa Reinhardt, de volta à Dinamarca, estudar omaterial colecionado por ambos, no qual sebaseou para escrever sua importantíssimacontribuição ao conhecimento da avifauna doscampos do Brasil, em 1870 (Pinto, 1952).Destacam-se também o botânico E. Warming,que coletou exemplares de aves descritos notrabalho de Reinhardt e o naturalista H.Burmeister, que deixou preciosa narrativa desua passagem pela região, com referênciasminuciosas à fauna (Pinto, op.cit.).

Estudos ornitológicos recentes desenvolvidosna região foram os de Carnevalli (1973), Freitas& Andrade (1982), Andrade (1983) e Andradeet al. (1983), constando principalmente delistagens de espécies. Christiansen & Pitter(1994) estudaram as conseqüências dafragmentação das matas sobre a comunidadede aves florestais, comparando a avifaunapresente com a do século passado. Alémdesses, foram feitos levantamentos de avespara integrarem relatórios de impacto ambientalde algumas das grandes mineradoras presentesna área (Brandt, 1990; 1993).

A vegetação de Lagoa Santa foi estudada pelaprimeira vez por Eugenius Warming, entre osanos de 1863 e 1866, período no qual coletoumais de 2600 espécies de plantas, muitas dasquais foram distribuídas entre diversosbotânicos europeus para estudos sistemáticos.Com os dados coletados, Warming publicou, em1892, o primeiro tratado sobre ecologia vegetal,no qual salienta a enorme diversidade florísticada região.

A bibliografia referente à vegetação é escassae constituída de trabalhos esparsos, como osde Reis & Barbosa (1993) e de Pelli (1994) sobrea flora e a ecologia de macrófitas aquáticas. Oestudo de Pedralli et al. (1995), incluindo acaracterização e o mapeamento da coberturavegetacional da APA, serviu de base para apresente etapa de zoneamento. Carvalho (1995)elaborou um estudo sobre as transformaçõesdo Cerrado de Lagoa Santa e a percepçãohumana desse processo.

Apesar de localizada próxima a um grandecentro urbano, pouco se sabe sobre a flora e afauna da região, sendo que basicamente o únicoinventário abrangente foi o realizado por Lunde demais naturalistas, ainda no século passado.Muito do reconhecido trabalho dessesnaturalistas está registrado nos seus relatos deviagem e nas coleções dos museus. Contudo,a região vem sofrendo fortes pressõesantrópicas (desmatamentos, minerações,expansão urbana) nos últimos anos, sendoimpossível avaliar o que existe hoje, a partirdos estudos feitos no século passado.

Assim, o presente estudo foi orientado a avaliara flora e a fauna da região como um todo,

5 - CARACTERIZAÇÃO DO MEIO BIÓTICO

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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sempre procurando a aspecto da exploraçãoantrópica dos recursos naturais à suaconservação.

5.2 - Flora

Foram registradas 600 espécies vegetais,distribuídas em 95 famílias botânicas. Asespécies encontradas e a tipologia vegetal emque foram registradas são apresentadas natabela 10.

As espécies com populações densas forambem amostradas, enquanto as com baixadensidade certamente foram subestimadas, emfunção das características deste estudo, pois otempo limitado das campanhas de campopermitiu apenas uma visita à maioria dos locais,sempre realizada com seriedade, sem privilegiarnenhuma área.

Os principais parâmetros analisados sãoapresentados na tabela 10. O Cerrado Impérioapresentou a maior densidade de indivíduos,maior número de espécies e maior índice dediversidade de Shannon (3420 ind/ha, 89espécies e 3,74). Esse fato pode ser atribuídoprincipalmente à ausência de distúrbiosantrópicos recentes. A Mata Lagoa da Cauaiaapresentou a segunda maior densidade e áreabasal, denotando seu bom estado deconservação, porém com um índice dediversidade inferior a outras matas, em funçãoda grande presença de algumas espéciesdominantes. A Mata Castelo da Jaguaraapresenta o segundo maior número de espécies(77) e índice de diversidade (3,72). A menordensidade (1472 indivíduos em 1 hectare), foiapresentada pelo Cerrado Sumidouro, quesofreu impactos de origem antrópica em umpassado recente. O menor número de espéciesfoi dado pelo Cerrado Aeronáutica (43), e o menoríndice de diversidade ocorreu na Mata Infraero(2,85). Em graus variáveis, todos os pontos deamostragem apresentam uma proporçãosignificativa de espécies, com potencial de ofertade recursos alimentares para a fauna.

Em relação à estrutura, as áreas tambémapresentam variações em seu estágio deconservação. A presença de cipós praticamentefoi registrada apenas nos ambientes florestais,o que aumenta o grau de conectividade entreos estratos. A densidade de indivíduos mortosvariou de 28% na Mata da Lapinha, em

fase intermediária de regeneração, até apenas9% no Cerrado Sumidouro, onde a retirada delenha provavelmente contribuiu para diminuiressa porcentagem. A riqueza específica e adensidade do sub-bosque nas formaçõesamostradas também retratam a conservaçãodas áreas. Matas em regeneração como aMata da Lapinha apresentam estrato herbáceo-arbustivo denso, enquanto a roçada do sub-bosque, para facilitar a penetração degado, é responsável pela baixa densidade daMata Vargem Comprida. No Cerrado Sumidouro,que sofreu cortes recentes, o estrato inferior érico em espécies representantes dos diferentesestratos, em regeneração.

5.3 - Ofidiofauna

Foram registradas 16 espécies de serpentes,agrupadas em 15 gêneros e quatro famílias,num total de 52 indivíduos.

Vários autores (Cunha & Nascimento, 1978;Sazima, 1989) relataram que o encontro comserpentes é fortuito, pois elas se movimentamcontinuamente pelos ambientes, dificilmenteapresentam uma área de uso definida, nãopossuem populações elevadas ouconcentradas, muitas apresentamcomportamento críptico, escondem-se bem deperseguidores e intrusos e são rápidas na fuga.Assim, para complementar os dados desteestudo, todas as informações adicionais foramlevadas em consideração.

A cascavel (Crotalus durissus) foi a espéciemais freqüente, sendo registrada em nove dosdez pontos de amostragem, além de ter sidorelatada com freqüência pelos moradores locais.A coral-verdadeira (Micrurus frontalis), apesarde ser uma espécie mais difícil de serencontrada devido aos seus hábitos fossoriaise semifossoriais, foi também de freqüênciarelativamente alta.

As espécies diagnosticadas são típicas de áreasabertas de cerrado e algumas ocorrem tambémem outras formações, como a Mata Atlântica eFloresta Amazônica (Peters & Orejas-Miranda,1970; Cunha & Nascimento, 1978; Vanzolini,1986; Campbell & Lamar, 1989).

O número de espécies de serpentes registrado(16) pode ser considerado representativo

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Tabela 10 - Principais características da composição e estrutura das formações vegetais amostradas entre setembro de 1995 e março de 1996.

Legenda:ind/ha - indivíduos por hectarenúm - númeroar.ba - área basalm2/ha - metro quadrado por hectareind/m2 - indivíduos por metro quadrado

Tipologias Áreas Indivíduos Densidade Espécies cipós Árvores mortas Ar. Basal Diversidade Sub-bosque Frutíferas

vegetacionais amostrados (ind/ha) amostradas Núm. % Núm. % (m2/ha) Espécies (ind/m2) (%)

Mata Lagoa da Cauaia 576 2304.00 59 63 10.94 22 3.82 40.32 3.05 32 1.58 62.00

FlorestaEstacional

Mata Lapinha 443 1772.00 47 61 13.77 28 6.32 21.36 3.11 36 2.69 50.00

Semidecidual Mata Castelo daJaguara

449 1796.00 78 29 6.46 25 5.57 30.96 3.72 57 2.45 59.00

Mata Vargem Comprida 389 1556.00 69 10 2.57 16 4.11 37.44 3.66 41 1.26 36.00

FlorestaEstacional

Mata Poções 421 1684.00 62 18 4.28 17 4.04 23.48 3.06 39 1.47 62.00

Decidual Mata da Horta 491 1964.00 55 25 5.09 16 3.26 36.48 3.17 23 1.52 65.00

Transição Mata Infraero 501 2004.00 66 9 1.80 25 4.99 21.28 2.85 61 2.34 59.00

mata-cerrado

Cerrado Sumidouro 368 1472.00 68 0 0.00 9 2.45 13.34 3.38 70 2.09 27.00

Cerrado Cerrado Império 855 3420.00 89 4 0.47 25 2.92 29.24 3.74 44 2.05 42.00

Cerrado Infraero 389 1556.00 43 0 0.00 20 5.14 14.44 3.4 54 1.75 34.00

Cerrado Promissão 461 1844.00 57 0 0.00 18 3.90 15.6 3.36 53 1.47 37.00

Zo

neam

ento

Am

bien

tal da A

pa C

arste de L

ago

a San

ta

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quando comparado a outros levantamentos:Lima-Verde (1976) observou 20 espécies naChapada do Apodi, entre o Ceará e o Rio Grandedo Norte, Strussmann (1992) registrou 26espécies no Pantanal de Poconé e Feio & Cotta(1992) registraram 38 espécies no médio RioJequitinhonha, MG.

Dentre as áreas amostradas, a maior riquezade espécies de serpentes foi registrada naFazenda Peri-Peri, abrigando 56,2% de todasas espécies detectadas (Tabela 11).

As duas espécies de viperídeos registradasforam Crotalus durissus e Bothrops neuwiedi.Ambas têm hábitos noturnos, mas podem serencontradas em atividade durante o dia. Sãopeçonhentas, ou seja, matam suas presas porenvenenamento. A dieta é compostabasicamente de pequenos mamíferos, aves elagartos, e os jovens podem alimentar-se deanfíbios anuros.

A cascavel (Crotalus durissus) foi registrada emtoda a área de estudo, preferindo ambientesabertos, secos, pedregosos e pastos. É bastanteconhecida pela população local, provavelmentepela presença de chocalho na ponta da cauda,o que caracteriza a espécie. A cascavel éresponsável por aproximadamente 8% dosacidentes ofídicos ocorridos no país.

A jararaca-de-rabo-branco (Bothrops neuwiedi),apesar de ter sido coletada em apenas doispontos de amostragem, provavelmente existeem toda a área de estudo. A espécie éencontrada em ambientes mais fechados e nasproximidades de água. É conhecida na regiãopor “jararacuçu” e não é identificada como

venenosa, o que a torna ainda mais perigosa.As serpentes do gênero Bothrops sãoresponsáveis por 80% dos acidentes ofídicosno país.

As espécies de corais-verdadeiras (elapídeos)registradas foram Micrurus frontalis e Micruruslemniscatus. São semifossoriais, vivem emgalerias no solo, mas freqüentam a superfície,muitas vezes à procura de alimento. Têmhábitos diurnos e/ou crepusculares e alimentam-se de outras serpentes e anfisbenídeos,utilizando seu veneno para matar as presas.Quando em perigo, algumas achatam a parteposterior do corpo, levantam e enrolam a cauda,como um rabo de porco, dando a impressão deque se trata da cabeça, enganando seuspredadores e suas vítimas. As corais sãoresponsáveis por aproximadamente 1% dosacidentes ofídicos no país os quais, apesar deraros, são sempre considerados graves, devidoà alta toxicidade do veneno.

Apenas uma espécie de boídeo foi registradana área de estudo. A jibóia (Boa constrictor) éuma serpente de grande porte, arborícola,raramente descendo ao chão. É ativa no períododa noite, alimenta-se de mamíferos de pequenoe médio porte, aves e lagartos, matando-os porconstricção, sendo, portanto, não peçonhenta.

Os colubrídeos, espécies não-peçonhentas,contribuíram com o maior número de espécies,num total de onze, o que já era esperado, poisnessa família está o maior número de espéciesde serpentes conhecidas até o momento.Drymoluber brazili e Phimophis iglesiasi sãoespécies raras. D. brazili possui hábitosarborícolas, é onicarnívora e ovípara (Cunha &Nascimento, 1978). Pouco se sabe a respeito

Tabela 11 - Número de espécies de serpentes registrado por área deamostragem e representatividade da ofidiofauna.

Área de amostragem Número deespécies

%

Fazenda Cauaia 5 31,2Fazenda Castelo da Jaguara 2 12,5Fazenda Poções 3 18,7Fazenda Peri - Peri 9 56,2Fazenda da Lapinha 5 31,2Lagoa dos Mares 3 18,7Fazenda Cerca Grande 7 43,7Aeroporto Internacional Tancredo Neves 4 25,0Fazenda Império 4 25,0Fazenda Girassol 2 12,5

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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4132

da biologia de P. iglesiasi, espécie típica docerrado brasileiro.

As espécies Waglerophis merremi (xatadeira)e Liophis poecilogyrus (jararaquinha) têmcomportamento deimático (exposição deformas, cores ou aumento do tamanho do corpocomo defesa) achatando-se dorso-ventralmentena região do pescoço, quando na presença deagressores (Amaral, 1977; Sazima & Haddad,1992). Waglerophis merremi é terrestre,alimenta-se de sapos e é imune ao seu venenocutâneo (Amaral, 1977). Liophis poecilogyrus éterrestre, ativa durante o início do dia e da noitee alimenta-se preferencialmente de anfíbiosanuros.

A dormideira (Leptodeira annulata) tem ampladistribuição na zona tropical, possui hábitosnoturnos e arborícolas. Alimenta-se de girinos,rãs e lagartos, é dócil, tímida e raramente morde,apesar de possuir dentes posterioresinoculadores de secreção tóxica é letal parapequenos vertebrados (Cunha & Nascimento,1978).

Oxyrhopus guibei é uma falsa coral queapresenta um padrão de coloração semelhanteao padrão de corais verdadeiras. Possivelmenteo colorido em bandas seja uma estratégia dedefesa dessa espécie, já que é evitada porpredadores (Marques & Puorto, 1991).

Sibynomorphus mikani é uma espécie bastantecomum em ambientes antrópicos. É confundidacom jararacas e recebe o nome comum dejararaquinha-de-jardim ou dormideira. É umaespécie dócil, de pequeno porte e nãorepresenta perigo para o homem.

Chironius carinatus, Philodryas olfersi ePhilodryas patagoniensis são conhecidaspopularmente como cobras-cipó, devido à formaalongada do corpo e hábitos arborícolas. As trêsespécies são agressivas e P. olfersi pode causarenvenenamento em humanos, com efeitoslocais que podem ser intensos (Campbell &Lamar, 1989).

Nas visitas realizadas aos hospitais, postos deatendimento de urgência e centros de saúdeda região, foi verificado que, no caso deacidentes envolvendo serpentes peçonhentas,o correto é encaminhar o paciente para oHospital Pronto Socorro João XXIII -Atendimento de Urgência, localizado na Av.

Professor Alfredo Balena, 400, Belo Horizonte,que conta com uma equipe de médicoscapacitados para realizar esse tipo deatendimento e com disponibilidade de sorosantiofídicos.

5.4 - Avifauna

Foi registrado um total de 216 espécies de aves(Anexo 3), sendo 99 não-Passeriformes (18ordens e 33 famílias) e 117 Passeriformes,agrupadas em 13 famílias. O número deespécies amostrado é expressivo poiscorresponde a aproximadamente 27,7% daavifauna do Estado de Minas Gerais (Mattos etal., 1994) e 28,3% da avifauna do bioma cerrado(Silva, 1995a), no qual a área se insere.

A família Tyrannidae (bem-te-vi, papa-moscas,suiriris e afins) foi a mais bem representada,com 43 espécies (20% do total) seguida porEmberizidae (sanhaços, saíras, papa-capim) eFurnariidae (joão-de-barro, joão-graveto,arapaçus) com 31 e 15 espécies,respectivamente. Juntas, essas famíliascontribuem com 41% das espécies amostradas.As famílias Thamnophilidae (chocas) com 8espécies, Ardeidae (garças), Columbidae(pombas), Psittacidae (papagaios) e Picidae(pica-paus) com 7 espécies cada uma perfazem16% do total. Os 43% restantes estãodistribuídos entre outras 38 famílias.

A composição da avifauna das savanasneotropicais, em termos de abundância deespécies, é dominada pelos tiranídeos (Fry,1983), maior família de aves das Américas (Sick,1985). Além dos tiranídeos, as famílias maisrepresentadas (Emberizidae e Furnariidae)apresentaram um padrão semelhante ao citadopor Fry (op. cit.) e encontrado em outrostrabalhos na região do cerrado (Fry, 1970).

Dentre as espécies registradas na área deestudo, ressalta-se a ocorrência do colhereiro(Ajaia ajaja), espécie recentemente incluída nalista das ameaçadas de extinção da fauna doEstado de Minas Gerais, na categoriaameaçada-vulnerável (COPAM, 1996). Essaespécie foi observada na Lagoa do Sumidouro,no final de outubro e em novembro. Foiregistrado um máximo de 14 indivíduosforrageando e descansando no local. Warming(1892) menciona a ocorrência de “bandos debarulhentas garças cor-de-rosa” ou colhereirosna Lagoa do Sumidouro, bem como Reinhardt

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(1870) in (Pinto, 1952). Entretanto, Freitas eAndrade (1982) consideraram essa espécieextinta na região o que, felizmente, constatamosnão ser verdadeiro.

Cerca de 30% das espécies registradas na área(64 espécies) são consideradas migratórias, deacordo com dados de bibliografia (Sick, 1985;Ridgely & Tudor, 1989; 1994). Como o presenteestudo não se desenvolveu ao longo de um anointeiro, não se pode confirmar a ocorrência decomportamento migratório na região para todasessas espécies. A análise do padrão migratórioé às vezes complexo, visto que muitas espéciessão parcialmente migratórias, ou seja, parte dapopulação é migrante e parte é residente,podendo haver sobreposição de populaçõesdistintas (Sick, 1985). A migração ocorre pormotivos diversos, entre eles tróficos,reprodutivos, mudas de penas e alterações nonível d’água.

No domínio do cerrado se verifica um fluxomigratório que chega à região, coincidente como período chuvoso da primavera (Negret, 1988).Esse fluxo coincide com a época de maiorabundância anual de insetos, quando asprimeiras chuvas incentivam essa emergência,especialmente dos adultos alados das espéciessociais (formigas e cupins). As migrações devárias espécies de aves são possivelmenteestratégias oportunistas, aproveitando aabundância de insetos que, são alimentosuficiente para permitir a reprodução dos adultose alimentação dos jovens (Cavalcanti, 1988;Negret, 1988).

Dentre as espécies consideradas migratórias,55% (34 espécies) são não-Passeriformes,sendo que do total, 35% (23 espécies) são avesaquáticas, muitas delas observadas na Lagoado Sumidouro, como as diversas espéciessde ardeídeos (garças), tresquiornitídeos(colhereiro), anatídeos (patos e marrecos),ralídeos (saracuras), caradriídeos (quero-quero)e escolopacídeos (maçaricos), dentre outros.Em geral, aves limícolas possuem grandepotencial de deslocamento, podendo este serlocal, regional ou em grande escala (Sick, 1985),como o do maçarico-de-pernas-amarelas,migrante do hemisfério norte.

Dentre os Passeriformes, ressaltam-se osrepresentantes da família Tyrannidae, com 12espécies migratórias (19% do total) e da famíliaHirundinidae (andorinhas), em que todas as seis

espécies registradas na área são migratórias.Destaca-se a ocorrência de três espéciesmigratórias visitantes do norte, ou seja, sãoespécies que vieram do hemisfério norte,fugindo do inverno rigoroso, para passar seuperíodo de repouso ou período não-reprodutivona região, para depois retornarem ao seu paísde origem. São elas: o maçarico-de-perna-amarela (Tringa flavipes; Scolopacidae), o papa-lagarta-cinzento (Coccyzus americanus;Cuculidae) e a andorinha-de-bando (Hirundorustica; Hirundinidae).

Um exemplo de espécie migratória de longadistância, porém dentro dos limites docontinente, é a tesourinha (Tyrannus savana),considerada como uma das aves migratóriasbrasileiras mais importantes (Sick, 1985). Típicade áreas abertas, chega em agosto/setembro,nidificando na região entre setembro edezembro, e retornando em janeiro/fevereiropara a Amazônia, com pouca ou nenhumasobreposição nas distribuições geográficas deorigem e destino (Negret & Negret, 1981).

As espécies de beija-flores migratóriasregistradas na área (Colibri serrirostris eEupetomena macroura) são essencialmentenectarívoras e realizam movimentos sazonaisque acompanham os períodos de floração dasplantas das quais se alimentam (Negret &Negret, op. cit.). Esses movimentos geralmentesem sincronia direta com o regime de chuvasnem com a existência de algumas populaçõesresidentes, dificultam o esclarecimento de seuspadrões migratórios (Negret, 1988).

O fato de a APA estar localizada no bioma doCerrado e em uma zona limítrofe com a MataAtlântica faz com que, dentre a avifaunadetectada, estejam presentes elementos deambas as formações. Algumas dessas espéciessão consideradas formas endêmicas dosbiomas citados, pertencentes a diferentescentros de endemismos, conforme definição deCracraft (1985). Do centro de endemismo daSerra do Mar (Cracraft, op cit.) estão presentesna APA o joão-barbudo (Malacoptila striata), aborralhara (Pyriglena leucoptera), o papa-formigas-da-serra (Formicivora serrana), otachuri-campainha (Hemitriccus nidipendulus) ea saíra-da-mata (Hemithraupis ruficapilla).

Do centro de endemismo do Cerrado, segundoCracraft (op cit.), apenas a gralha do campo(Cyanocorax cristatellus) ocorre na APA. Essa

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espécie também é citada por Silva (1995a),como endêmica do Cerrado. Nessa recenterevisão da avifauna do cerrado, esse autorconsidera apenas 16 espécies de aves (2% daavifauna do Cerrado) como endêmicas a estebioma. Esse baixo endemismo, já citado porSick (1966), indica um característica das avesdo Cerrado que é a capacidade de ocorrer emoutros ambientes que sejam fisionomicamentesemelhantes (Sick, 1966). A ocorrência deespécies da Mata Atlântica é um fenômenonatural e não poderia ser resultante dasalterações ambientais provocadas pelo homem,pois várias dessas espécies são dependentesde ambientes conservados. De modo contrário,espécies típicas do Cerrado podem ocupar, evêm ocupando, áreas na Mata Atlântica quetenham sido muito descaracterizadas(Alvarenga, 1990).

Outras espécies endêmicas do territóriobrasileiro que ocorrem na APA são o casaca-de-couro-da-lama (Furnarius figulus), oferreirinho (Todirostrum poliocephalum), o fruxu(Neopelma pallescens), o bico-de-veludo(Schistochlamys ruficapillus) e o carretão(Compsthraupis loricata), aspecto que aumentaa importância da APA na conservação dessasformas exclusivamente brasileiras.

Um registro interessante é o do carretão(Sericossypha loricata), espécie até entãoendêmica do bioma da Caatinga (Sick, 1985;Ridgely & Tudor, 1989) e que alcançava apenaso norte do Estado (Ridgely & Tudor, 1989). Nasua área de ocorrência, a espécie habita avegetação arbórea na beira de rios e áreas semi-abertas, próxima de córregos e lagos, vivendofreqüentemente em grupos (Ridgely & Tudor,op. cit.). Na APA, foi observado um grupo emárea de capoeira próxima ao rio das Velhas, naregião de Quinta do Sumidouro. Essa novaocorrência do carretão pode ser um caso deexpansão espontânea, entretanto novasobservações devem ser feitas.

Foram capturados, com redes de neblina, 60indivíduos distribuídos em 26 espécies. Dentreessas, duas não haviam sido ainda detectadasnas das observações visuais e/ou auditivas: omacuru (Nonnula rubecula) e o papa-lagarto-cinzento (Coccyzus americanus). Outras duastiveram suas identificações confirmadas, por setratarem de espécies difíceis de seremvisualizadas e cuja vocalização não permitiusegurança na identificação: o papa-formigas-da-serra (Formicivora serrana) e o arapaçu-rajado (Lepidocolaptes fuscus). As demais jáhaviam sido registradas no transecto e/ou nasobservações esporádicas, mas seus registrosforam importantes para a complementação doinventário.

Para a classificação das espécies de avesquanto ao seu hábito (florestal, campestre, deborda ou aquático) não foram consideradas asregistradas sobrevoando a área (ambienteaéreo), por não ser possível, muitas vezes,precisar a qual hábitat a espécie estavarelacionada e, outras vezes, por estarrelacionada a todos. É importante salientar que,como a vegetação se mostra em um gradientecontínuo de fisionomias, espécies queapresentam a mesma classificação quanto aohábito podem, na verdade, utilizar formaspróximas mas não idênticas desse hábitat.Existem ainda aquelas espécies generalistas,que se adaptam a várias fisionomias e queforam aqui agrupadas de acordo com ocomportamento que lhes é mais típico.

Distribuindo-se as espécies de acordo com seuhábitat preferencial, verificou-se que asespécies de hábito florestal foram as mais bemrepresentadas, perfazendo 31% do total.(Tabela 12). Dentre as espécies florestais, pode-se destacar algumas que ocorrem nas matasmais bem conservadas, como o chocão-carijó(Hypodaleus guttatus) e o macuru (Nonnularubecula), assim como aquelas que estãopresentes em matas secundárias jovens,

Tabela 12 - Número de espécies de aves classificadas por hábito eporcentagem em relação ao total. Setembro/1995 amarço/1996.

Hábito Total de espécies %Florestal 67 31Campestre 51 23De borda 47 22Aquático 37 18Outros 13 6

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como o pichito (Basileuterus hypoleucus) e opica-pau-anão-barrado (Picumnus cirratus).

A pombinha fogo-apagou (Scardafellasquammata) e o anu-branco (Guira guira) sãoespécies comuns na região, representantes dasespécies campestres que constituíram 23% dototal das aves da APA (Tabela 12). A crescenteexpansão das áreas abertas na regiãofavoreceu e vem favorecendo algumas espéciesdesse grupo, geralmente espécies maisgeneralistas, que têm ampliado sua área dedistribuição, conforme visto anteriormente.

As espécies de borda são dependentes daexistência de matas (nos diversos estádios deregeneração), apesar de, geralmente, nãopenetrarem nelas. Do total de aves observadas,22% (47 espécies) foram de espéciesassociadas à borda da vegetação. Assim, maisda metade (pelo menos 53%) está relacionadade alguma forma à presença das matas ouvegetação de grande porte (espécies florestaismais espécies de borda). Silva (1995b) salientaque a maioria das espécies de aves do Cerradodepende parcial ou totalmente das matas, umtipo de ambiente que cobre apenas 15% da áreado bioma. Na APA Carste, observa-se o mesmopadrão determinado por Silva (op. cit) sendo queas matas ocupam apenas 17% da área, aspectoque torna evidente a sua importância namanutenção da riqueza de aves.

Dezoito por cento das espécies são avesaquáticas, ou seja, associadas à presença deambientes limnícolas (Tabela 12). Citam-seespécies muito comuns como a garça-branca-grande (Casmerodius albus) e o jaçanã (Jacanajacana) e espécies registradas apenas uma vez,como o socó-grande (Ardea cocoi) e o savacu(Nycticorax nycticorax). Algumas espéciesdesse grupo ocorrem, na verdade, nas margensdo ambiente aquático em questão, como ogaribaldi (Agelaius ruficapillus) e o curutié(Certhiaxis cinnamomea). Característicamarcante é o alto índice de migração dessasespécies. Mais de 60% (25 espécies) dasespécies aquáticas observadas apresentamcomportamento migratório.

Tratando-se das grandes áreas trabalhadas enão de ambientes específicos, a FazendaImpério apresentou o maior número deespécies, representando mais de 60% daavifauna (138 espécies). Tal riqueza se deve à

presença de uma gama variada de ambientes,desde mata estacional semidecidual, transiçãomata/cerrado, cerrado, pasto sujo, pasto,cultura, brejo, mata alagada e rio, que suportamdiferentes espécies (Cavalcanti, 1988). Além davariedade de ambientes, a sua extensão éimportante fator na manutenção. Uma dascaracterísticas dessa fazenda é a presença degrandes áreas de pastagens em regeneraçãoe de pastagens com árvores isoladas, o quepossibilita a ocorrência de um número maior deaves.

Outra área que apresentou grande riqueza deespécies foi a Fazenda Castelo da Jaguara, com54% ou 116 espécies. Tal como a anterior, adiversidade de hábitats, além da matapropriamente dita, possibilita a ocorrência devariadas espécies de aves. No presente caso,o Córrego Jaguara e o açude, que cortam amata, são provavelmente elementos chavespara essa riqueza. O açude do Córrego Jaguarase carateriza pela transparência da água e pelapresença de grande quantidade de peixes e demacrófitas aquáticas, que chegam a cobrir partedo espelho d’água, apresentando uma avifaunarica e adaptada a essas condições. Assimespécies piscívoras como a biguatinga (Aninhgaanhinga), martins-pescadores (Ceryle torquatae Chloroceryle spp.) e o biguá (Phalacorocoraxolivaceus) foram registrados, sendo a primeiraexclusivamente detectada nessa área. Espéciesassociadas às macrófitas e à vegetaçãoribeirinha são comuns, como o jaçanã (Jacanajacana), frango-d’água (Gallinula chloropus),saracura-sanã (Rallus nigricans), garibaldi eassovia-cachorro (Donacobius atricapillus).

Na Fazenda Cauaia, está representada cercade metade da avifauna registrada na APA (98espécies, 45%), considerando as matas, asdemais áreas de pastagens, as culturas e ospomares nas adjacências. Apesar de possuir omaior e melhor remanescente de mataestacional semidecidual da região, as demaisáreas da fazenda são áreas de uso intensivo(pastagens e áreas de cultivo com “pivôcentral”), apresentando, portanto, poucavegetação natural e baixa diversidade deambientes, resultando em um menor númerode espécies. Na época das chuvas, há osurgimento de várias lagoas temporárias,inclusive dentro da área de mata. Porémtais lagoas não suportam uma avifaunaabundante e diversificada por não possuírem

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características essenciais para isso como, porexemplo, vegetação aquática e marginal.

5.5 - Mastofauna

Foram registradas, entre amostragemsistemática e não-sistemática, 42 espécies demamíferos divididas em oito ordens (Anexo 4).O grupo dos pequenos mamíferos (marsupiaise roedores) e as espécies da ordem Chiropteracompreenderam 28,6% e 23%, respectivamente.A dominância em número de espécies dessesgrupos pode ser explicada pela alta taxa deespeciação, já que essas três ordens têm umdos maiores números de espécies entre osmamíferos brasileiros (Fonseca et al., 1996). Os48,4% restantes estão divididos entre as outrascinco ordens (Figura 8). As espéciesregistradas, o tipo de registro e o local estãolistados no anexo 4.

Ao contrário de outros componentes da biota, afauna de mamíferos do bioma Cerrado é umadas menos estudadas. Os primeiros estudossão conflituosos em relação à natureza dessecomponente faunístico. Alguns autores têmdescrito sua fauna como depauperada,característica de formações abertas e pobre emendemismos (Ávila-Pires, 1966), enquantooutros a caracterizam como uma faunaadaptada a savanas e rica em endemismos(Muller, 1979).

Das 42 espécies identificadas, três sãoconsideradas endêmicas da Mata Atlântica: acuíca (Marmosops incanus), o bugio (Alouattafusca) e o guigó (Callicebus personatus), e umado Cerrado, o rato-do-campo (Callomys tener).

Apesar de possuírem uma ampla distribuiçãodentro da Mata Atlântica, C. personatus e A.fusca estão restritos a uma única área demata estacional semidecidual dentro da APA(Mata Lagoa da Cauaia), demonstrando arelevância desse ambiente para a manutençãode alguns elementos da mastofauna daregião.

Quatro espécies registradas na APA (C.personatus, A. fusca, Panthera onca e Pumaconcolor) estão no livro vermelho dos mamíferosbrasileiros ameaçados de extinção (Fonseca etal., 1994), e uma (Lycalopex vetulus) foirecentemente considerada vulnerável no Estadode Minas Gerais (COPAM, 1996). Aindaque o registro de P. onca e P. concolortenha sido indireto (entrevistas com empregadosda Fazenda Cauaia), a Mata Lagoa daCauaia parece ser a única com área paraabrigar espécies de grande porte e vagilidade.Dentro da APA, todas essas cinco espéciesforam registradas na Mata Lagoa daCauaia, e uma delas (A. fusca), na MataImpério.

Ao longo dos seis meses de amostragemsistemática de pequenos mamíferos não-voadores, e de um esforço de captura de 7.020armadilhas-noite (Tabela 2), foram efetuadas342 capturas de 162 indivíduos (Tabela 13).Registrou-se um total de 10 espécies, sendoquatro de marsupiais e seis de roedores. Osucesso médio de captura foi de 5%. Devido àsdiferenças de estrutura e de composição, asespécies são aqui tratadas em separado,agrupadas por ambiente. Foram capturados 52indivíduos pertencentes a 10 espécies dequirópteros das famílias Phyllostomidae,Vespertilionidae e Molossidae.

5.6 - Floresta Estacional Semidecidual

Esse tipo de vegetação é condicionado pelaexistência de uma época de intensas chuvas,seguida por um período de estiagem acentuada.A porcentagem de árvores que perdem folhassitua-se entre 20% e 50% (IBGE, 1992). Podeser também designado como Mata Mesófila,indicando sua adaptação a um clima sujeito àsazonalidade.

Geralmente, as florestas estacionais semi-deciduais são encontradas sobre solosprofundos que constituem os de maior fertilidade

Carnivora21%

Primates11%

Chiroptera26% Edentata

5%

Lagomorpha3%

Artiodactyla8%

Pequenos Mamíferos26%

Figura 8 - Representatividade de cada uma dasordens de mamíferos.

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Lagoa da Cauaia Castelo da Jaguara Vargem Comprida Lapinha

mer

o a

cum

ula

do

de

esp

écie

s

parcelas (250m2)

Figura 9 - Aumento do número de espécies vegetais (curva do coletor) para as florestas estacionaissemideciduais.

da região e, por esse motivo, foram em grandeparte derrubadas para dar lugar a áreas de usoagropastoril. Apesar de todas as matas da APApertencentes a essa categoria apresentaremsemideciduidade, existem significativasdiferenças quanto ao aspecto florístico efisionômico.

Quatro áreas de floresta estacional semidecidualforam amostradas: Mata Lagoa da Cauaia, MataCastelo da Jaguara, Mata Vargem Comprida e

Mata Lapinha (Figura 3). Dessas, apenas a MataCastelo da Jaguara apresentou suficiênciaamostral, quanto ao levantamento florístico(Figura 9).

Em relação à fisionomia, as florestasestacionais semideciduais apresentam padrõessemelhantes de distribuição dos indivíduos emclasses de altura e diâmetro (Figuras 10 e 11),apesar da Mata Lapinha apresentar menor alturaque as demais.

Tabela 13 - Sucesso de captura, captura total, primeira captura, riqueza de espécies e diversidade de pequenosmamíferos, por área amostrada.

Áreas amostradas Sucesso decaptura

Capturatotal

Primeiracaptura

Riqueza deespécies

Diversidade

Mata da Horta 8,2% 103 47 4 0,57Mata Lagoa da Cauaia 7,4% 134 54 6 1,68Mata Castelo da Jaguara 4,7% 51 27 8 1,75Mata Infraero 3,0% 42 18 6 1,46Mata Império 1,4% 21 16 5 1,46Total 5,0% 351 162 10

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Altura (m)

Ind

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Mata Lagoa da Cauaia Mata Vargem Comprida

Mata Lapinha Mata Castelo da Jaguara

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Diâmetro (cm)

Ind

ivíd

uo

s (%

)

Mata Lagoa da Cauaia Mata Vargem Comprida

Mata Lapinha Mata Castelo da Jaguara

Figura 10 - Distribuição dos indivíduos de espécies vegetais amostrados em floresta estacional semidecidual,por classes de altura.

Figura 11 - Distribuição dos indivíduos de espécies vegetais amostrados em floresta estacional semidecidual,por classes de diâmetro.

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5.6.1 - Mata Lagoa da Cauaia

Essa área apresentou a maior densidade deindivíduos de espécies vegetais, no estratoarbóreo entre as formações florestais (2304 ind/ha) porém seu sub-bosque é relativamente ralo(1,58 ind/m2) (Tabela 10), permitindo uma fácillocomoção em seu interior. O número de cipós(63) é elevado, mas a maior parte apresenta-se bem desenvolvida e com sua biomassa foliarlocalizada no estrato superior da mata, nãoconfigurando um aspecto denso nememaranhado. A porcentagem de indivíduosmortos (3,82%) foi a menor entre as florestassemideciduais, indicando pouca interferênciaantrópica. A área basal (40,29 m2/ha) foi a maiorentre todas, devido à alta densidade deindivíduos e ao grande diâmetro de muitosdeles.

A diversidade e o número de espécies no sub-bosque e no estrato superior situam-se entreos menores das áreas amostradas, fato talvezrelacionado a cortes seletivos no passado(segundo moradores locais, há cerca detrinta anos, as madeiras comumenteextraídas incluíam aroeira, óleo, jacarandá,vinhático, sucupira e alecrim). Além disso,possivelmente, as condições atuais desombreamento do sub-bosque permitemapenas o desenvolvimento de espéciestolerantes à sombra.

A espécie de maior IVI nessa área foi Acosmiumcardenasii (alecrim) (IVI=32,43) (Figura 12 eAnexo 5), representando grande número deindivíduos, muitos dentre as maiores árvoresda mata. Em seguida, aparecem Trichiliacatigua (catiguá) (IVI=26,41) eEugenia brasiliensis (jaboticabinha; IVI=26,41),ambas representadas por grande número deárvores, em geral finas e com o máximo de 15metros de altura pertencentes, portanto, aoestrato intermediário da mata. Tambémpertencem a esse estrato as espéciesMachaerium cf. lanceolatum (jacarandá;IVI=12.91), Myrcia sp.1 (IVI=11,30) e Myrciariafloribunda (IVI=10,36). A espécie Psidium sp.1(goiabeira-do-mato), apesar de apresentarindivíduos ainda jovens pertencentes aosestratos inferiores, é uma árvore que ultrapassaos 25 metros de altura, portanto, quandoadulta, pertence ao estrato superior.

Analisando a distribuição por família, percebe-se a grande importância das mirtáceas

nesse ambiente (22,41% das espécies e33,46% dos indivíduos). Esse aspecto é degrande relevância na manutenção deuma alta capacidade de suporte para a faunade frugívoros, pois as mirtáceas produzemfrutos carnosos bastante apreciados por avese mamíferos. Os frutos secos produzidospelas leguminosas (correspondentes a 17,24%das espécies e 23,97% dos indivíduos) contêm,de forma geral, alta porcentagem de proteína.As meliáceas (6,30% das espécies e 22,73%dos indivíduos), principalmente as pertencentesao gênero Trichilia, possuem frutos utilizadospor muitos animais que se alimentam doenvoltório carnoso da semente. Considerandoo total de indivíduos amostrados, observa-seuma alta porcentagem de árvores frutíferas(61%), gerando um bom fornecimento de frutospara a fauna local.

O índice de diversidade (3,05), apesar de menorque o das demais matas da região da APA,encontra-se dentro da média de outras matasdo sudeste brasileiro.

Além da maior proximidade com a Mata daHorta, a Mata Lagoa da Cauaia tem continuidadeem trechos de mata decídua e afloramentoscalcários, recebendo influências de sua floratípica. Esse fato, provavelmente, contribuiu paraa não-estabilização da curva do coletor (Figura12), indicando uma subamostragem dasespécies menos freqüentes ou raras.

No sub-bosque, E. brasiliensis apresentou amaior densidade (26,58% dos indivíduos) eesteve presente em 80% das parcelas, o querevela ampla distribuição na área da mata e umapopulação de intenso potencial regenerativo, emcondições de sombra. Em menor escala, asespécies Myrciaria floribunda, Myrcia sp.1, eTrichilia catigua também apresentaram muitasplantas jovens (Anexo 6).

Através do transecto de pontos foramregistradas 43 espécies de aves. A figura 13apresenta a distribuição de abundância dessasespécies, indicando que a mais abundante, ochororozinho-de-chapéu-preto (Herpsilochmusatricapillus), apresenta-se com um número deregistros superior ao dobro da espécie seguinte,e as cinco espécies mais abundantes perfazem41,2% do total. Apesar desse remanescente sero maior e mais conservado entre os de mataestacional semidecidual, não apresentou a

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outras

Acosmium cf. cardenassi

Trichilia catigua

cipós

Eugenia brasiliensis

mortas

Psidium sp.3

Machaerium cf. lanceolatum

Myrcia sp.1

Myrciaria cf. floribunda

Holocalyx balansae

Myrtaceae 1

Phyllostemonodaphne geminiflora

Sloanea monosperma

Psidium sp.1

Trichilia sp.1

Deguelia costata

Centrolobium tomentosum

Acacia polyphylla

Nectandra sp.2

PorcentagemDensidade relativa Frequência relativa Dominância relativa

Figura 12 - Índice de Valor de Importância (IVI) das principais espécies vegetais amostradas na Mata Lagoada Cauaia, com as respectivas contribuições da densidade, freqüência e dominância.

maior riqueza de aves. Entretanto, quatroespécies de aves foram registradas exclusiva-mente nessa mata: o mururcututu (Pulsatrixperspicillata), a tiriba-de testa-vermelha

(Pyrrhura frontalis), o joão-barbudo (Malacoptilastriata) e o macuru (Nonnula rubecula), todasdependentes de mata em bom estado deconservação.

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Herpsilochmus atricapillusBasileuterus hypoleucusBasileuterus flaveolusVireo chiviHemithraupis ruficapillaAutomolus leucophthalmusSittasomus griseicapillusEmpidonax euleriThamnophilus caerulescensCorythopis delalandiMyiodynastes maculatusPionus maximilianiPlatyrhincus mystaceusNeopelma pallescensDysithamnus mentalisLeptopogon amaurocephalusFormicivora serranaTityra cayanaTodirostrum poliocephalumSaltator similisChlorostilbon aureoventrisCyclarhis gujanensis

Conopophaga lineataPyriglena leucopteraPicumnus cirratusMyiornis auricularisDendrocolaptes platyrostrisTodirostrum latirostreTolmomyias sulphurescensTangara cayanaTurdus leucomelasParula pitiayumiMegarhynchus pitanguaCoereba flaveolaArremon flavirostrisTrogon surrucuraPhaethornis ruberMilvago chimachimaHemitriccus nidipendulusLepidocolaptes angustirostrisMalacoptila striataAmazilia lacteaPhaethornis pretrei

Figura 13 - Relação e freqüência das espécies de aves nos transectos de pontos na Mata.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Registram-se seis espécies de pequenosmamíferos, sendo três roedores e trêsmarsupiais, em um total de 134 capturas de 54indivíduos. Como pode ser observado na tabela14, as três espécies mais abundantes somam72,3% de todos os indivíduos capturados e osroedores foram responsáveis por 65% de todasas capturas.

Foram capturados sete indivíduos dequatro espécies de morcegos, todaspertencentes à família Phyllostomidae, amais representada no Brasil. Outro fato que sedeve ressaltar é a presença exclusiva deespécies de hábito alimentar frugívoro-onívoro,categoria trófica na qual se enquadramtodas as espécies registradas nessa área(Tabela 15).

5.6.2 - Mata Vargem Comprida

Nessa área a curva do coletor apresentou nítidaqueda em sua inclinação, aproximando-sebastante da suficiência amostral (Figura 6). Foiobservada a menor densidade de indivíduos,tanto no estrato arbóreo (1556 ind/ha) quantono sub-bosque (1,26 ind/m2), dentre asformações florestais (Tabela 10). O número deespécies e o índice de diversidade do estratoarbóreo estiveram entre os mais altos (69 e 3,66;respectivamente), enquanto no estratoherbáceo/arbustivo foram amostradas 41espécies. Ocorreram poucos cipós (2,57%) eindivíduos mortos (4,11%). A área basal foi asegunda maior da amostra (37,44 m2/ha),apesar do pouco número de indivíduos, o queresulta na maior média de área basal porindivíduo de toda a amostra. A porcentagem deindivíduos produtores de frutos carnosos é umadas menores, entre todas as áreas amos-tradas (36 %).

A baixa densidade do estrato arbóreo eherbáceo/arbustivo se deve ao corte seletivo demadeiras e ao corte total (“roçada”) do sub-bosque, com o objetivo de facilitar a locomoçãodo gado bovino no interior da mata. Essa formade manejo provocou um expressivoempobrecimento na estrutura da mata ecertamente é a causa do baixo número deindivíduos mortos, de cipós e do alto valor deárea basal média por indivíduo, já que asmenores árvores foram cortadas do sub-bosque.

A espécie de maior índice de valor de impor-tância (IVI) foi Anadenanthera peregrina (angico;IVI=18,31), devido ao grande diâmetro de seustroncos, o que resultou numa dominânciasignificativamente maior. (Figura 14 e Anexo 7).A seguir aparecem as espécies Caseariasylvestris (guaçatonga; IVI=15,78) e Trichiliaclausseni (catiguá-vermelho; IVI=15,22), ambascom grande número de indivíduos de pequenoporte. Destacam-se ainda Platymisciumpubescens (roxinho; IVI=15,19) e Myracrodruonurundeuva (aroeira; IVI=13,75), sendo que estaúltima é uma espécie de maior ocorrência emafloramentos calcários e aparentemente commaior facilidade de germinação em locais aber-tos, ou seja, em clareiras e em áreas desmata-das. A população de aroeiras apresentaindivíduos em diferentes classes de altura,indicando que o fator causador de ambientesfavoráveis à sua germinação, provavelmentequeda de árvores, foi eventual e disperso aolongo do tempo. Com exceção das legumi-nosas, cujos frutos secos são apreciados porpsitacídeos e, quando verdes, por primatas, asdemais famílias apresentam frutos procuradosintensamente pelos animais frugívoros.

A família de maior importância foi a dasleguminosas, tanto em relação ao número de

Tabela 14 - Número de indivíduos e abundância relativa das espéciesde pequenos mamíferos não-voadores.

Espécie Número deindivíduos

Abundânciarelativa

MarsupialiaDidelphis albiventris 5 9,2%Marmosops incanus 3 5,5%Micoureus demerarae 11 20,4%RodentiaProechimys sp. 17 31,5%Rhipidomys mastacalis 7 13%Thrichomys apereoides 11 20,4%Total 54 100%

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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outras

Anadenanthera peregrina

Casearia sylvestris

Trichilia clausseni

Platymiscium pubescens

Myracrodruon urundeuva

mortas

Sweetia fruticosa

Eugenia aurata

Senna sp.1

Deguelia costata

Dillodendron bipinatum

Trichilia catigua

Copaifera langsdorffii

Tabebuia sp.1

Swartzia sp.2

Duroia sp.

cipós

Platyciamus regnelii

Rollinia silvatica

Percentagem

Densidade relativa Frequência relativa Dominância relativa

Figura 14 - Índice de Valor de Importância (IVI) das principais espécies vegetais com as respectivas contribuições da densidade, frequência e dominância

Tabela 15 - Espécies de quirópteros, com as respectivas categorias tróficas.

Espécies Número deIndivíduos

Categoria trófica

Artibeus jamaicensis 1 Frugívoro-onívoroCarollia perspicillata 2 Frugívoro-onívoroPlatyrrhinus lineatus 3 Frugívoro-onívoroVampyressa pusilla 1 Frugívoro-onívoro

indivíduos amostrados (30,08% do total), quantoà proporção de espécies (24,24%). Em relaçãoao número de indivíduos, as meliáceas vêm aseguir com 14,21% dos indivíduos, eflacourtiáceas e mirtáceas com 11,42%, cadauma. Na proporção de espécies, as mirtácease anonáceas representam 9,09% cada uma eas sapindáceas e meliáceas, 6,06%.

No sub-bosque, Acacia sp. foi a espécie demaior densidade e freqüência entre as 41espécies, com 19,05% do total de indivíduos ecom presença em 50% das parcelas (Anexo 8).Esse fato pode estar relacionado com suarebrota rápida e intensa, após o corte a que todoo sub-bosque foi submetido. Essa espécie,quando é cortada, emite brotos de diversospontos da raiz, aumentando assim sua presençana área.

Pelo transecto de pontos, foram detectadas 52espécies de aves, o que caracteriza maiorriqueza entre as áreas amostradas. Analisando-se a distribuição de abundância, verifica-se aocorrência de diversas espécies de abundânciarelativamente alta (Figura 15), padrão que diferedo obtido nas demais áreas. Essa diferençaparece estar relacionada à recente perturbaçãosofrida pela mata (desmate do sub-bosque),resultando na desestruturação de suacomunidade de aves, e privilegiando espéciesde copa como o sanhaço-cara-suja (Tangaracayana), a saíra-da-mata (Hemithraupisruficapilla), o caneleiro-de-chapéu-preto(Pachyramphus validus) e o sanhaço-cinzento(Thraupis sayaca).

O canário-do-mato (Basiletuterus flaveolus) éuma espécie típica do sub-bosque de áreas

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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florestais, que forrageia próximo ao soloalcançando até três metros de altura (Marini &Cavalcanti, 1993). Em estudos realizados naMata Vargem Comprida há cerca de 8 anos(Christiansen & Pitter, 1994), essa espécie eraa segunda mais comum e, no atual estudo, foiclassificada em sétimo lugar, tendo suapopulação diminuida pelo desaparecimento dosub-bosque, comprovando assim, a alteraçãosofrida na comunidade de aves após o desmatedo sub-bosque. Um outro exemplo é odesaparecimento do tangarazinho (Ilicuramilitaris), espécie observada em 1988 porR.B.Machado, e não mais presente na área.Essa espécie ocupa uma faixa entre o sub-

bosque e o estrato médio das matas. Ocorte do sub-bosque nessa mata pareceter provocado a extinção dessa espécie nolocal.

Certas espécies de aves florestais estãoassociadas à presença de cursos d’água nasmatas, como o capitão-da-porcaria (Lochmiasnematura), exclusivamente registrado nestaárea, e o soldadinho (Antilophia galeata). Amaior riqueza de aves apresentada pela MataVargem Comprida, dentre as demais áreasamostradas pelo transecto de pontos, estáprovavelmente relacionada à presença de umcurso d’água em seu interior

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No. de registros

1 Tangara cayana2 Hemithraupis ruficapilla3 Herpsilochmus atricapillus4 Basileuterus hypoleucus5 Picumnus cirratus6 Pachyramphus validus7 Basileuterus flaveolus8 Thraupis sayaca9 Vireo chivi10 Tolmomyias sulphurescens11 Sittasomus griseicapillus12 Turdus leucomelas13 Empidonax euleri14 Myiodynastes maculatus15 Parula pitiayumi16 Empidonomus varius17 Piaya cayana18 Megarhynchus pitangua19 Tityra cayana20 Leptopogon amaurocephalus21 Todirostrum poliocephalum22 Forpus xanthopterygius23 Pionus maximiliani24 Myiornis auricularis25 Myiozetetes similis26 Contopus cinereus

27 Camptostoma obsoletum28 Pachyramphus castaneus29 Dacnis cayana30 Synallaxis frontalis31 Veniliornis passerinus32 Tyrannus melancholicus33 Nemosia pileata34 Phyllomyias fasciatus35 Cacicus haemorrhous36 Amazilia lactea37 Automolus leucophthalmus38 Tersina viridis39 Cyclarhis gujanensis40 Conirostrum speciosum41 Amazona aestiva42 Pachyramphus polychopterus43 Pitangus sulphuratus44 Colaptes melanochloros45 Troglodytes aedon46 Colonia colonus47 Fluvicola nengeta48 Turdus rufiventris49 Myiopagis viridicata50 Coereba flaveola51 Elaenia flavogaster52 Antilophia galeata

Figura 15 - Relação e freqüência das espécies de aves de maior riquezaobservadas nos transectos de pontos na Mata Vargem Comprida.

5.6.3 - Mata Castelo da Jaguara

Localizada na fazenda de mesmo nome,representa a parte mais oriental do mesmofragmento do qual faz parte a Mata VargemComprida. Nessa área foram amostrados 449

indivíduos (1796 ind/ha), sendo 6,49% de cipós e5,57% de indivíduos mortos. O maior número deespécies (77) e o maior índice de diversidade(3,72) foram encontrados (Tabela 10). A curva docoletor nessa mata se aproximou da estabilidade,indicando suficiência amostral (Figura 9).

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Deguelia costata

Platymiscium pubescens

mortas

Casearia sylvestris

Duroia sp.

Myracrodruon urundeuva

cipós

Acrocomia aculeata

Luehea divaricata

Eugenia aurata

Galipea jasminiflora

Rollinia silvatica

Calyptranthes lucida

Pelthophorum dubium

Dilodendron bipinnatum

Copaifera langsdorffii

Machaerium angustifolium

Machaerium villosum

Roupala brasiliensis

Percentagem

Densidade relativa Frequência relativa Dominância relativa

Figura 16 - Índice de Valor de Importância (IVI) das principais espécies vegetais, com as respectivas contribuiçõesda densidade, freqüência e dominância.

Os altos valores de diversidade e de riqueza deespécies vegetais nessa área se devem àheterogeneidade ambiental aí existente. Naporção do fragmento mais distante do córregoda Jaguara, ocorrem espécies de cerradoenquanto, na parte adjacente ao córrego, sedesenvolvem espécies mais adaptadas àpresença de umidade. Ocorrem ainda algunspoucos afloramentos de rochas calcárias, quediversificam ainda mais o substrato,favorecendo a presença de espécies comexigências ambientais diferenciadas.

As espécies de maior IVI do estrato arbóreoforam Deguelia costata (IVI=19,08),Platymiscium pubescens (roxinho; IVI=15,14) eC. sylvestris (guaçatonga; IVI=13,84), entreoutras (Figura 16 e Anexo 9). D. costata, C.sylvestris, além de Duroia sp. tiveram seu altoIVI em função do grande número de indivíduose ampla distribuição pelas parcelas amostrais.Já os valores de IVI de P. pubescens (roxinho),M. urundeuva (aroeira) e Acrocomia aculeata(macaúba) se devem ao grande diâmetro deseus troncos. C. sylvestris e Duroia sp. sãoespécies típicas dos estratos inferiores,

enquanto as demais acima atingem o dosselda mata.

A família das leguminosas apresentou o maiornúmero de indivíduos (25,06% do total) e deespécies (23,38%), seguida pelas mirtáceas(16,20% e 18,18%, respectivamente) eflacortiáceas que representaram 12,15% do totalde indivíduos e 7,79% das espécies. Mirtácease flacortiáceas são famílias que produzem frutosmuito apreciados pela avifauna e por pequenosmamíferos, enquanto os frutos das leguminosasservem de alimento, principalmente, parapsitacídeos e primatas. Considerando-se todosos indivíduos amostrados, essa mataapresentou um total de 59% de árvoresprodutoras de frutos carnosos.

Assim como a Mata Vargem Comprida, partedessa área também teve seu sub-bosquetotalmente cortado, durante julho/agosto de1995. Como as amostragens foram feitas emfevereiro de 1996, houve tempo suficiente parasua rebrota e crescimento. Portanto, não foramafetados os dados de densidade e riqueza deespécies do sub-bosque, que se apresentaram

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Espécies Número deindivíduos

Abundânciarelativa

MarsupialiaDidelphis albiventris 8 29,7%Gracilinanus agilis 1 3,7%Marmosops incanus 5 18,5%Micoureus demerarae 1 3,7%RodentiaCalomys tener 6 22,2%Oryzomys subflavus 2 7,4%Proechimys sp. 1 3,7%Rhipidomys mastacalis 3 11,1%Total 27 100%

Tabela 16 - Número de indivíduos e abundância relativa das espécies depequenos mamíferos não-voadores capturadas.

entre os maiores de toda a amostra (2,45 ind/m2 e 57 espécies, respectivamente).

O estrato herbáceo/arbustivo é constituído porespécies típicas do sub-bosque como Acaciasp. (unha-de-gato), Piper amalago (pimenta-de-morcego), Galipea jasminiflora e por muitosindivíduos jovens das espécies arbóreas, queformam o banco de plântulas da mata, taiscomo: Sweetia fruticosa (sucupirana),Callisthene dryadum e D. costata, entre outras(Anexo 10).

Foram realizadas 51 capturas de 27 indivíduos,pertencentes a oito espécies de pequenosmamíferos não-voadores, sendo quatroroedores e quatro marsupiais. A lista deespécies de pequenos mamíferos, com suasabundâncias relativas, encontra-se na tabela 16.

5.6.4 Mata Lapinha

Nessa área foram amostrados 443 indivíduos(1772 ind/ha) pertencentes a 47 espécies, sendoa menor riqueza encontrada entre as matas,apesar de o índice de diversidade estar dentroda média das demais áreas (Tabela 10). A curvado coletor não se estabilizou, indicandoamostragem insuficiente. Esse fato pode estarrelacionado com o caráter alterado dessefragmento, que constitui um mosaico dediferentes estágios sucessionais.

A proporção de cipós entre os indivíduos foi amaior de toda a amostra (13,77%), mesmo nãose considerando os que possuíam menos de15 cm de circunferência, o que certamentereduziu consideravelmente esse valor. A grandepresença de cipós dificulta a locomoção

Três espécies foram registradas apenas por umindivíduo, o que pode estar relacionado aopequeno esforço amostral realizado nessa área.Entretanto, cabe ressaltar que a maior riquezade espécies e o maior índice de diversidadede Shannon foram registrados nessa área(1,75).

Foram capturados 18 indivíduos pertencentesa nove espécies de morcegos, das famíliasPhyllostomidae, Molossidae e Vespertilionidae,sendo que a primeira delas apresentou o maiornúmero de espécies. De todas as áreasamostradas na APA, essa foi a única a registrarespécies insetívoras. Foi ainda observada apresença do maior número de espécies e decapturas de quirópteros de todo o estudo. Natabela 17, estão listadas as espéciescapturadas, bem como os seus hábitosalimentares.

humana na mata, mas cria maior conectividadeentre as árvores e propicia formação de abrigos,o que facilita o deslocamento de pequenosmamíferos. É possível que o grande número decipós esteja favorecendo a maior taxa deárvores mortas encontradas nessa mata, poiso rápido crescimento deles e a grande produçãode biomassa foliar pode abafar ou estrangularalgumas árvores, levando-as à morte.

A área basal total foi a menor encontrada entreas matas (53,4m2/ha), devido à pequenadensidade de indivíduos e ao menor porte damata, conforme apontam os gráficos dadistribuição dos indivíduos em classes de altura(Figura 10) e diâmetro (Figura 11).

No estrato arbóreo, Mabea fistulifera (canudo-de-pito) foi a espécie de maior importância(IVI=36,38) em função do grande número de

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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indivíduos, presença em todas as parcelas egrande diâmetro de seus troncos (Figura 17 eAnexo 11). A seguir aparecem Nectandra sp.2(canela; IVI=21,16), Trichilia catigua (catiguá;IVI=20,49), Dalbergia nigra (jacarandá;IVI=16,68) e Copaifera langsdorffii (pau-d’óleo;IVI=15,77). Todas essas espécies são típicasde dossel e germinam preferencialmente emlocais com luminosidade, caracterizando-secomo espécies de formações secundárias.Esse fato sugere que toda a mata foi derrubadahá cerca de 40 anos e encontra-se atualmenteem estádio secundário de sucessão, com poucaestratificação e reduzida presença de espécies

arbóreas típicas do sub-bosque.

A família de maior importância, considerando-se o número de espécies e o de indivíduos, foi adas leguminosas com 23,40% e 27,97%,respectivamente. Na riqueza de espécies,seguem-na as mirtáceas (21,28%) e flacortiáceas(8,51%). Na proporção do número de indivíduos,as leguminosas são seguidas pelaseuforbiáceas (17,51%), meliáceas (10,17%) eanacardiáceas (7,34%). A produção de frutospara alimentação da mesofauna, possivelmente,seja uma das menores entre as matas jádescritas, pois na maioria das vezes, a

Tabela 17 - Espécies de quirópteros capturadas e suas respectivas categorias tróficas.

Espécies Número de Indivíduos Categoria tróficaPhyllostomidaeArtibeus jamaicensis 1 Frugívoro-onívoroCarollia perspicillata 1 Frugívoro-onívoroDesmodus rotundus 3 HematófogoPlatyrrhinus lineatus 3 Frugívoro-onívoroVampyressa pusilla 1 Frugívoro-onívoroMesophylla macconnelli 1 Frugívoro-onívoroVespertilionidaeMyotis nigricans 1 InsetívoroMolossidaeMolossus molossus 1 Insetívoro

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outras

Mabea fistulifera

cipós

Nectandra sp.2

Trichilia cf. catigua

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Dalbergia nigra

Copaifera langsdorffii

Astronium graveolens

Byrsonima sp.2

Machaerium brasiliense

Platymenia foliolosa

Licania octandra

Amaioua intermedia

Senna sp.1

Matayba guianensis

Cupania vernalis

Erythroxylum sub-racemosum

Terminalia brasiliensis

Myrtaceae 3

Percentagem

Densidade relativa Frequência relativa Dominância relativa

Figura 17 - Índice de Valor de Importância (IVI) das principais espécies vegetais amostradas (APA Carste de Lagoa Santa) com as respectivas contribuições da densidade, freqüência e dominância (Mapa da Lapinha)

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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dispersão de sementes das leguminosas se dápelo vento e, nas euforbiáceas, por “explosão” dofruto como resposta à temperatura e à umidadedo ar.

A Mata Lapinha apresentou-se como a maisdiferenciada das florestas semideciduaisem relação à sua florística e à fisionomia e é aárea mais distanciada da influência deafloramentos calcários, o que talvez tenhapropiciado uma composição de espéciesdiferentes das demais.

O sub-bosque apresentou um baixo número deespécies (36), mas uma alta densidade deindivíduos, principalmente dos arbustosPsychotria cf. lupulina (39,03%) e P. florestana(7,43%), ambos adaptados às condições desombreamento do interior da mata.Alguns indivíduos jovens de espécies arbóreastambém foram encontrados no sub-bosque, taiscomo Myrcia rostrata, Trichilia catigua(catiguá) e Cupania vernalis (camboatá)(Anexo 12).

5.7 - Floresta Estacional Decidual

Nessa tipologia vegetacional, mais de 50% dosindivíduos perdem totalmente as folhas naépoca de estiagem (IBGE, 1992). Nos domíniosda APA essas matas ocorrem no entorno e naspartes altas dos afloramentos calcários, emlocais onde há algum acúmulo de solo. Écomum a predominância de aroeiras

(Myracrodruon urundeuva), o que pode estarrelacionado a antigos desmates, poisaparentemente essa espécie coloniza áreasabertas, com rapidez e eficiência. Cabe salientarque a aroeira é uma espécie decídua do estratosuperior e a principal responsável pelacaducifolia das matas onde é dominante. Oestrato herbáceo é rico em espécies de cicloanual, que ficam latentes no período seco erebrotam na época chuvosa, como por exemploDorstenia sp., Calathea sp., Costus sp., Oxalissp., pteridófitas e liliáceas. As duas áreas dessatipologia vegetacional apresentaram suficiênciaamostral (Figura 18).

Os dois fragmentos amostrados apresentaramgrande similaridade, tanto em sua composição(conforme descrito a seguir), quanto em seuporte (Figuras19 e 20).

5.7.1 - Mata de Poções

As parcelas amostradas na região da gruta dosPoções abrangeram desde a vertente de decliveacentuado e rica em afloramentos calcários atéo topo do maciço, de topografia suave e solomais profundo. A curva do coletor (Figura 18)apresentou-se praticamente estabilizada,demonstrando suficiência amostral. Umainclinação mais acentuada próxima ao final dacurva corresponde à amostragem de duasparcelas no topo do afloramento, com ascaracterísticas físicas que condicionaram umtrecho de mata de composição um pouco

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Parcelas (250m2)

Figura 18 - Aumento do número de espécies vegetais em função da área amostrada(curva do coletor) para as Florestas Estacionais Deciduais.

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Altura (m)

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Mata de Poções Mata da Horta

Figura 19 - Distribuição dos indivíduos de espécies vegetais amostrados em florestaestacional decidual, por classes de altura.

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Mata de Poções Mata da Horta

Figura 20 - Distribuição dos indivíduos de espécies vegetais amostrados em floresta estacional,decidual, por classes de diâmetro.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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diferente do restante. Após esse evento, a curvanovamente atingiu um platô.

A Mata de Poções apresentou um total de 421indivíduos e 62 espécies amostradas. Tanto oscipós quanto as árvores mortas contribuíramsignificativamente para o IVI, com valores de11% e 12,78%, respectivamente. Em relação àárea basal total e ao índice de diversidade,apresentou valores ligeiramente inferiores aosda Mata da Horta (Tabela 10).

A espécie que mais se destacou em termos deIVI foi Myracrodruon urundeuva (aroeira), quedominou principalmente as duas últimasparcelas, em função do grande número deindivíduos e de seu grande porte, indicandodesmates no passado. Anadenantheraperegrina (angico) vem em seguida com o IVIelevado devido ao alto valor de dominância deárvores maduras de grande porte. Opuntiabrasiliensis (cactus palma) também se destacacom um grande número de indivíduos. A espécieSebastiania sp. (branquinho), assim comoocorreu na Mata da Horta, contribuiusignificativamente para o valor total de IVI com

muitos indivíduos. As demais espéciescontribuíram de forma menos expressiva, numcontínuo de valores de IVI (Figura 21 eAnexo 13).

A maior fração dos indivíduos pertence àcategoria de porte intermediário, entre 4 e 8metros de altura e 5 a 10 cm de diâmetro,representada principalmente por arbóreas emcrescimento, como Myracrodruon urundeuva(aroeira), Acosmium cardenasii (alecrim) eChorisia speciosa (paineira), dentre outras, eas de menor porte, como Sebastiania sp.(branquinho) e Opuntia brasiliensis (palma).Acima dessa classe, ocorrem, em menorfreqüência, árvores maduras de até mais de 30cm de diâmetro e 18 metros de altura, comoSweetia fruticosa (sucupirana), Anadenantheraperegrina (angico), Aspidosperma polyneuron(peroba), Jaracatia spinosa (jaracatiá) eMachaerium scleroxylum (jacarandá-ferro).

A família com maior riqueza de espécies foi adas leguminosas (24,19%), seguida pelasmirtáceas (8,06%). Em relação ao número deindivíduos, a família anacardiácea é mais

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outras

Myracrodruon urundeuva

Anadenanthera peregrina

Opuntia brasiliensis

mortas

Sebastiania sp.

cipós

Acosmium cf. cardenassi

Cedrella cf. odorata

Urera baccifera

Aloysia virgata

Cereus sp.

Chorisia speciosa

Acacia polyphylla

Erythroxylum sp.7

Machaerium scleroxylon

Trichilia clausseni

Ficus doliaria

Eugenia brasiliensis

Sapindaceae 1

Porcentagem

Densidade relativa Frequência relativa Dominância relativa

Figura 21 - Índice de Valor de Importância (IVI) das principais espécies vegetais com as respectivas contribuições da densidade, freqüência e dominância.

49

Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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4150

importante, abrangendo 29,79% da amostra,devido principalmente ao grande número dearoeiras (M. urundeuva).

A produção de frutos carnosos é relativamentegrande (62%), indicando um possível suportepara a mesofauna dependente dessa categoriade alimento.

O sub-bosque apresentou uma riquezaexpressiva em relação às matas em geral,sendo representado principalmente por cipós elianas não lenhosos como Paullinia sp., arbustoscomo Lantana brasiliensis e Erythroxylum sp.,bem como por arbóreas jovens como Trichiliaspp. (catiguás) e Machaerium cf. lanceolatum

seco), afeta diretamente o número de espéciesde aves e as populações. Durante a épocachuvosa, há um aumento na disponibilidade derecursos e assim um maior número de espéciespassa a freqüentar esse ambiente. Porém, abaixa diversidade estrutural e florística durantecerta época do ano, não favorece a manutençãode uma avifauna rica e diversificada, não tendosido registrada nenhuma espécie de aveexclusiva a esse ambiente.

5.7.2 - Mata da Horta

O fragmento de floresta estacional decidual,amostrado próximo à horta da Fazenda Cauaiaencontra-se em bom estado de conservação,

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 300

5

10

15

20

25

Espécies

No. de registros

1 Basileuterus hypoleucus2 Herpsilochmus atricapillus3 Myiodynastes maculatus4 Basileuterus flaveolus5 Myiopagis viridicata6 Hemithraupis ruficapilla7 Amazilia lactea8 Conirostrum speciosum9 Empidonax euleri

10 Leptopogon amaurocephalus11 Vireo chivi12 Turdus leucomelas13 Pachyramphus polycopterus14 Cnemotriccus fuscatus15 Empidonomus varius

16 Thraupis sayaca17 Nemosia pileata18 Tangara cayana19 Colaptes melanochloros20 Troglodytes aedon21 Coryphospingus pileatus22 Myiarchus ferox23 Sittasomus griseicapillus24 Camptostoma obsoletum25 Veniliornis passerinus26 Cyclarhis gujanensis27 Picumnus cirratus28 Tersina viridis29 Myiarchus tyrannulus30 Colibri serrirostris

Figura 22 - Relação e freqüência das espécies de aves nos transectos de pontos na Mata de Poções.

(jacarandá). Essa composição do sub-bosqueindica um processo de regeneração emandamento (Anexo 14).

Pelo transecto de pontos foram registradas 30espécies de aves (Figura 22), representandouma das menores riquezas de aves dentre asáreas amostradas. A drástica alteração sazonalna cobertura foliar e, consequentemente, nadisponibilidade de recursos alimentares, queescassiam durante certa época do ano (período

apresentando vestígios de distúrbios ocorridosno passado, em função da retirada seletiva demadeira. As parcelas amostradas revelaram-sebastante homogêneas, fato que contribuiu paraque a curva do coletor tenha se estabilizado,indicando suficiência amostral (Figura 18).

O número de indivíduos (491) e o de espécies(55) foram equivalentes aos valores registradosnas matas semidecíduas. A porcentagem decipós foi inferior, destacando-se, contudo, entre

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os valores de IVI. As árvores mortas tambémcontribuíram significativamente para o total doIVI, com um valor de 11,12. Em relação à áreabasal, registrou-se um dos maiores valoresentre as matas, enquanto o índice dediversidade se equiparou ao das demais.

Opuntia brasiliensis (palma) foi a espécie demaior IVI, em decorrência do grande númerode indivíduos amostrados. Trata-se de umaespécie com alto poder de colonização, já quese propaga vegetativamente e apresenta frutoscarnosos com potencial de dispersão pelafauna. Myracrodruon urundeuva (aroeira)apresentou alto valor de IVI em função dogrande porte dos indivíduos amostrados.Acosmium cardenasii (alecrim) destaca-se emimportância, tanto pelo grande número deindivíduos quanto pelo grande porte das árvores.Essa espécie é localmente dominante,tendo sido registrada apenas nas duasformações de floresta estacional decidual ena semidecidual da Lagoa da Cauaia. Eugeniabrasiliensis (jaboticabinha-do-mato) eErythroxylum spp. são espécies de portearbustivo, típicas de sub-bosque, que tambémse destacaram pela alta densidade relativa de

indivíduos. Ambas são fornecedoras depequenos frutos carnosos apreciados pelaavifauna. Jaracatia spinosa (jaracatiá),Aspidosperma polyneuron (peroba) e Astroniumgraveolens (gonçalo) apresentaram valoresexpressivos de IVI em função do grande portedos indivíduos. As demais espécies apresen-taram valores de IVI inferiores a 10, num contínuodecrescente (Figura 23 e Anexo 15).

Os indivíduos se distribuíram em classes dealtura, variando de dois a mais de 20 metros,sendo que mais de 60% se distribuiu na classeentre 4 e 8 metros, representadas por espéciesde pequeno porte como Erythroxylum sp.,mirtáceas como Eugenia brasiliensis(jaboticabinha-do-mato), o cactus Opuntiabrasiliensis (palma) e indivíduos jovens deespécies de grande porte como Acosmiumcardenasii (alecrim). Abaixo de quatro metrosde altura, Opuntia brasiliensis foi dominante eentre 8 e 14 metros ocorreram principalmenteindivíduos jovens já em idade reprodutiva deespécies como Aspidosperma polyneuron(peroba), Acosmium cardenasii (alecrim),Platycyamus regnelii (folha-de-bolo), Astroniumgraveolens (gonçalo) e Sciadodendron

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outras

Opuntia brasiliensis

Myracrodruon urundeuva

Acosmium cf. cardenasii

Eugenia brasiliensis

Erythroxylum sp.6

Jacaratia spinosa

cipós

Astronium graveolens

Aspidosperma polyneuron

mortas

Machaerium scleroxylon

Eugenia sp.

Cedrela cf. odorata

Bauhinia sp.2

Trichilia catigua

Sciadodendron excelsum

Sebastiania sp.

Urera baccifera

Platymiscium pubescens

PorcentagemDensidade relativa Frequência relativa Dominância relativa

Figura 23 - Índice de Valor de Importância (IVI) das principais espécies vegetais com as respectivas contribuições da densidade, freqüência e dominância.

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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excelsum (carobão). Menos de 10% dosindivíduos apresentaram altura superior a 15metros, como ocorre com indivíduos madurosde Acosmium cardenasii (alecrim),Myracrodruon urundeuva (aroeira), Sweetiafruticosa (sucupirana), Jaracatia spinosa(jaracatiá), Centrolobium tomentosum (araribá)e Anadenanthera peregrina (angico) (Figura 19).

A distribuição em classes de diâmetro seguepadrão semelhante, sendo que a metade dosindivíduos apresenta diâmetros entre 5 e 10centímetros, caracterizando uma comunidadedominada por espécies de pequeno porte comoOpuntia brasiliensis (palma), Trichilia catigua(catiguá), Allophylus sericea (baga de morcego),Sebastiania sp. (branquinho) e indivíduos jovensde espécies de grande porte (Figura 20).

Entre as famílias, as leguminosas foramrepresentadas pelo maior número de espécies(24,07%), seguidas pelas mirtáceas (14,81%),que apresentaram o maior número de indivíduos(24,22%). O potencial para produção de frutoscarnosos é grande (65%), principalmente devidoao grande número de indivíduos da família dasmirtáceas.

A riqueza relativamente baixa do sub-bosque(23 espécies) pode ser explicada peladominância de mirtáceas arbustivas dos

gêneros Eugenia e Myrciaria. Outras espéciesfreqüentes são o cactus Opuntia brasiliensis,plântulas de Trichilia catigua e Erythroxilum sp..Plântulas de espécies representantes dosestratos superiores são pouco freqüentes noestrato herbáceo, o que indica perturbaçõesantigas e processo avançado de sucessãonatural (Anexo 16).

Entre as 103 capturas de 46 indivíduos foramregistradas quatro espécies de pequenosmamíferos não-voadores, sendo três roedorese um marsupial. Dentre as espécies capturadas,o roedor Thrichomys apereoides representouaproximadamente 80% de todos os indivíduoscapturados (Tabela 18). A grande predominânciade uma única espécie nessa área fez com queo índice de diversidade fosse o mais baixo (0,57)em relação às outras áreas.

A amostragem dos quirópteros foi realizada emtrês diferentes áreas de mata estacionaldecidual: Mata da Horta, Mata de Poções eFazenda Cerca Grande. Na tabela 19, estãolistadas as espécies e o número de indivíduosde morcegos capturados por local amostrado,bem como seus hábitos alimentares.

A espécie hematófaga, Desmodus rotundus, foiregistrada somente na Fazenda Cerca Grande,onde foi a dominante e a responsável por 11 das

Tabela 18 - Número de indivíduos e abundância relativa das espéciesde pequenos mamíferos não-voadores.

Espécie Número deindivíduos

Abundânciarelativa

MarsupialiaGracilinanus agilis 8 17,4%RodentiaOligoryzomys sp. 1 2,2%Proechimys sp. 1 2,2%Thrichomys apereoides 36 78,2%Total 46 100%

Tabela 19 - Espécies de quirópteros capturadas nas áreas de mata estacional decidual, comas respectivas categorias tróficas.

Espécies Local Nº deindivíduos

Categoria trófica

Artibeus jamaicensis Mata de Poções 3 Frugívoro-onívoroCarollia perspicillata Mata da Horta

Mata de Poções11

Frugívoro-onívoro

Desmodus rotundus Fazenda Cerca Grande 11 HematófagoGlossophaga soricina Mata de Poções

Fazenda Cerca Grande12

Frugívoro-onívoro

Platyrrhinus lineatus Mata da Horta 1 Frugívoro-onívoro

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13 capturas realizadas. Na Mata de Poçõesforam capturados cinco indivíduos, distribuídosem três espécies. Apenas duas espécies foramregistradas na Mata da Horta (Tabela 21).

5.8 - Transição Mata-Cerrado

Caracteriza-se pela presença de elementos deambas as tipologias e pela grande presença deCopaifera langsdorffii (pau-d’óleo) e Mabeafistulifera (canudo-de-pito). Essas áreasocorrem com maior frequência na parte sul daAPA, encontrando-se em sua maior parte emestágios iniciais de sucessão, como resultadode cortes para fabricação de carvão. As regiõesde vegetação de transição mata/cerrado, emgeral, correspondem a duas situações distintas:

• áreas de confronto das duas tipologias vegeta-cionais que, na constituição da coberturavegetal primitiva da região, já representavamum ecótone;

• áreas originalmente constituídas por matas eque, com as históricas interferências antró-picas, passaram a apresentar condições dedegradação do solo e maior exposição àluminosidade e, sob estas condições, foramcolonizadas por espécies do cerrado.

5.8.1 - Mata da Infraero

Nessa área foram amostrados 501 indivíduos,correspondendo a uma densidade de 2004 ind/ha, pertencentes a 66 espécies (Tabela 10). O

número de cipós foi bastante reduzido (9) e ode indivíduos mortos (25) apresentou-se namédia das demais áreas. A área basal (21,28m2/ha) foi menor que a das matas e esteve entreas maiores, quando comparada com oscerrados. O índice de diversidade (2,83) foi omenor de todas as áreas amostradas devido àpredominância de Copaifera langsdorffii (pau-d’óleo) e Mabea fistulifera (canudo-de-pito). Acurva do coletor apresentou nítida queda em suainclinação, aproximando-se da suficiênciaamostral (Figura 24).

A distribuição dos indivíduos segundo seu porteé caracterizada por um maior número deindivíduos nos intervalos entre 6 e 10 metros dealtura (Figura 25) e entre 5,5 a 7 cm de diâmetro(Figura 26). Esses dados indicam a grandepresença de indivíduos finos e de pouco porte,caracterizando uma mata em estágiointermediário de sucessão.

O estrato arbóreo atual é dominado por C.langsdorffii (pau-d’óleo) que apresenta o maiorvalor de IVI (90,52), seguido por M. fistulifera(canudo-de-pito; IVI=22,08), Machaeriumopacum (jacarandá; IVI=10,40) e Dalbergiamiscolobium (caviúna; o que mostra a misturade espécies). IVI=8,71) (Figura 27 e Anexo 17).As duas primeiras espécies são característicasde mata e as duas últimas de cerrado.

A família de maior densidade e riqueza deespécies foi a das leguminosas com 51,82%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

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100

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Mata Infraero

mer

o a

cum

ula

do

de

esp

écie

s

Parcelas (250 m 2)

Figura 24 - Aumento do número de espécies vegetais em função da área amostrada(curva do coletor) para a Mata da Infraero.

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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0

5

10

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30

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<2 2-4 4-6 6-8 8-10 10-12 12-14 16-18 18-20 >20

Altura (m)

Ind

ivíd

uo

s (%

)

Figura 25 - Distribuição dos indivíduos da área de transição mata-cerrado (Mata da Infraero), em classes dealtura.

0

5

10

15

20

25

30

35

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50

4-5 5-7.5 7.5-10

10-12.5

12.5-15

15-17.5

17.5-20

20.-22.5

22.5-25

25-27.5

27.5-30

>30

Diâmetro (cm)

Ind

ivíd

uo

s (%

)

Figura 26 - Distribuição dos indivíduos da área de transição mata-cerrado (Mata da Infraero), em classes dediâmetro.

dos indivíduos amostrados e 15,15% do total deespécies. Em relação ao número de indivíduossão também importantes as famílias daseuforbiáceas (12,63%), mirtáceas (4,50%) evoquisiáceas (3,85%). Em ordem de impor-tância um pouco diferente, essas famíliastambém apresentaram grande número de espé-

cies: Myrtaceae (13,64%), Vochysiaceae(6,06%) e Euphorbiaceae (6,06%). Dessas,apenas as mirtáceas seriam responsáveis pelaprodução de frutos de maior importância para aaves e pequenos mamíferos, já que as outrasapresentam frutos secos e com dispersão desementes pelo vento ou por deiscência explosiva.

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0 20 40 60 80 100 120

outras

Copaifera langsdorffii

Mabea fistulifera

mortas

Machaerium opacum

Dalbergia miscolobium

Amaioa intermedia

Ocotea cf. puberula

Tapirira guianesis

Qualea grandiflora

cipós

Terminalia brasiliensis

Hymenaea stgonocarpa

Xylopia aromatica

Casearia arborea

Vitex polygama

Myrcia rufipes

Licania octandra

Platypodium elegans

Astronium sp.

Percentagem

Densidade relativa Frequência relativa Dominância relativa

Figura 27 - Índice de Valor de Importância (IVI) das principais espécies na Mata da Infraero com as respectivas contribuições da densidade, freqüência e dominância.

A estrutura e a composição do sub-bosque sãonotáveis, com grande riqueza de espécies (61)e a segunda maior densidade de indivíduos (2,34ind/m2). Grande parte das principais espéciesno sub-bosque são típicas de mata, comoOcotea acutifolia (canela), M. fistulifera (canudo-de-pito) e Myrsine ferruginea (capororoca)(Anexo 18). Isso sugere que, com o tempo, osindivíduos que atualmente ocupam o sub-bosque irão crescer e ocupar os estratossuperiores da vegetação, acentuando suacaracterística de mata, em detrimento doaspecto de cerrado, provavelmente tornando-se uma típica floresta estacional semidecidual.

No transecto de pontos, foram registradas 30espécies de aves na Mata da Infraero (Figura28). Essa mata apresentou, juntamente com aMata de Poções, a menor riqueza de avesdetectada pelo transecto. Apesar de não seapresentar em bom estado de conservação,estando em regeneração em diversas partes,destaca-se pela sua grande extensão, sendo

um dos maiores remanescentes vegetacionaisna porção sul da APA. Dentre as espécies deaves aí registradas, apenas uma (Todirostrumplumbeiceps), espécie típica de sub-bosquesdensos de vegetação secundária, foi observadaexclusivamente nessa área. As demais foramtambém observadas em outras partes da regiãoestudada.

O número total de capturas de pequenosmamíferos não-voadores foi de 42, distribuídoem 15 indivíduos. A despeito do pequenonúmero de indivíduos capturados foramregistradas cinco espécies, sendo quatro deroedores e uma de marsupial. Em número deespécies e proporção de captura, os roedoresforam mais bem representados. A abundânciarelativa de cada uma das espécies pode servista na tabela 20. Nesse ambiente, o roedorOryzomys suflavus representou sozinho 60% detodos os indivíduos, sendo o restante divididopelas demais espécies. O índice de diversidadede Shannon foi de 1,17.

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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41

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 300

5

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Espécies

No. de registros

1 Basileuterus hypoleucus2 Herpsilochmus at ricapillus3 Myiodynastes maculatus4 Basileuterus flaveolus5 Myiopagis viridicata6 Hemithra upis ruficapilla7 Amazilia lactea8 Conirostrum speciosum9 Empidonax euleri

10 Leptopogon amauro cephalus11 Vireo chivi12 Turdus leucomelas13 Pachyramphus polycopterus14 Cnemotriccus fuscatus15 Empidonomus varius

16 Thraupis s ayaca17 Nemosia pileata18 Tangara c ayana19 Colaptes melanochloros20 Troglodytes aedon21 Coryphospingus pileatus22 Myiarchus ferox23 Sittasomus griseicapillus24 Camptostoma obsoletum25 Ven iliornis passerinus26 Cyclarhis gujanensis27 Picumnus cirratus28 Tersina viridis29 Myiarchus tyrannulus30 Colibri serrirostris

Figura 28 - Relação e freqüência das espécies de aves registradas nostransectos de pontos na Mata da Infraero.

Tabela 20 - Número de indivíduos e abundância relativa das espécies depequenos mamíferos não-voadores capturados na Mata da Infraero.

Espécie Número deindivíduos

Abundânciarelativa

MarsupialiaDidelphis albiventris 3 20%RodentiaCalomys tener 1 6,7%Oligoryzomys sp. 1 6,7%Oryzomys subflavus 9 60%Rhipidomys mastacalis 1 6,7%Total 15 100%

5.8.2 Mata Império

Essa área de transição mata/cerrado estálocalizada na Fazenda Império, sendo um dosmaiores remanescentes desse ambiente naparte norte da APA, estando delimitado, emparte, pelo rio das Velhas. Nas proximidadesdesse rio, o ambiente de mata vai tornando-semais nítido e, nas porções mais altas, encontra-se o cerrado.

No transecto de pontos, foram detectadas 45espécies de aves, distribuídas conforme a figura29. Esse grande número de espécies estárelacionado não só à grande extensão da área,como também à sua característica de transição,

englobando tanto elementos de cerrado quantode mata.

Foram capturadas cinco espécies de pequenosmamíferos não-voadores, sendo 21 capturas de16 indivíduos (três espécies de marsupiais e doisroedores). As espécies capturadas e suasabundâncias relativas encontram-se listadas natabela 21. Nessa área, os marsupiais e osroedores foram representados por duas e trêsespécies, respectivamente. Três espéciessomaram 81% de todos os indivíduos.

As capturas de morcegos nas duas áreas detransição mata/cerrado, Mata da Infraero e MataImpério, registraram três espécies da família

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Phyllostomidae. As espécies e o número deindivíduos, com suas respectivas categoriastróficas, encontram-se na tabela 22.

5.8.3 - Mata Quinta do Sumidouro

Localizada nas proximidades do povoado deQuinta do Sumidouro, caracteriza-se porapresentar-se altamente fragmentada, sendoentrecortada por pastagens e áreas cultivadas.

Trata-se de uma área de transição cerrado/mata,sendo a vegetação de cerrado dominante naparte mais alta. Em alguns trechos está emregeneração mais recente, com o dossel emtorno de nove metros de altura.

No transecto de pontos foram registradas 31espécies de aves. Além de ter apresentado umnúmero relativamente baixo de espécies (Figura30), também não foi registrada nenhuma

Espécies Número deindivíduos

Abundânciarelativa

MarsupialiaDidelphis albiventris 3 18,7%Gracilinanus agilis 6 38%Marmosops incanus 2 12%RodentiaCalomys tener 4 25%Oligoryzomys sp. 1 6,3%Total 16 100%

Tabela 21 - Número de indivíduos e abundância relativa das espécies de pequenosmamíferos não-voadores capturados na Mata Império.

12

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1112

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450

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10

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20

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30

35

Espécies

No. de registros

1 Basileuterus flaveolus2 Herpsilochmus atricapillus3 Basileuterus hypoleucus4 Neopelma pallescens5 Hemithraupis ruficapilla6 Empidonax euleri7 Parula pitiayumi8 Corythopis delalandi9 Thraupis sayaca

10 Megarhynchus pitangua11 Cacicus haemorrhous12 Hemithraupis guira13 Cnemotriccus fuscatus14 Amazona aestiva15 Sittasomus griseicapillus16 Myiodynastes maculatus17 Leptopogon amaurocephalus18 Chlorostilbon aureoventris19 Tolmomyias sulphurescens20 Trogon surrucura21 Amazilia lactea22 Camptostoma obsoletum23 Hylophilus poicilotis

24 Casiornis rufa25 Vireo chivi26 Conopophaga lineata27 Dendrocolaptes platyrostris28 Turdus leucomelas29 Tyrannus melancholicus30 Nemosia pileata31 Phyllomyias fasciatus32 Myiopagis viridicata33 Euphonia chlorotica34 Polyborus plancus35 Syristes sibilator36 Automolus leucophthalmus37 Tityra cayana38 Myiornis auricularis39 Tangara cayana40 Coereba flaveola41 Phaethornis ruber42 Milvago chimachima43 Myiozetetes similis44 Dacnis cayana45 Veniliornis passerinus

Figura 29 - Relação e freqüência das espécies de aves nos transectos de pontos na Mata Império.

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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espécie exclusiva dessa área. O nível dealteração e de fragmentação explica talresultado, com predominância de espécies demaior plasticidade ambiental.

5.9 - Comparação entre as formaçõesflorestais

As formações florestais variam quanto à suaestrutura fisionômica e florística, dependendonão só do solo sobre o qual ocorrem, mastambém das diferenças históricas de uso dacobertura vegetal, ocupação da região, dacolonização e da dinâmica diferenciada dasespécies vegetais.

O índice de similaridade (Jaccard), calculado apartir dos dados de composição florística,

apresentou um máximo de 40,96% de espéciesentre a Mata da Horta e à de Poções, ambassão matas estacionais deciduais; seguido por37,62% entre as matas Castelo da Jaguara eVargem Comprida (matas estacionais semide-ciduais), até apenas 0,83% entre a Mata da Hortae Mata Infraero (Figura 31), a primeira, mataestacional decidual e a última, transição mata/cerrado.

Comparando-se apenas as matas estacionaissemideciduais, o índice de similaridadeapresenta o valor máximo de 37,62% entre asmatas Castelo da Jaguara e Vargem Comprida,que são áreas vizinhas, enquanto a similaridadeentre as matas Lagoa da Cauaia e Lapinha é deapenas 7,07% (Figura 31).

Espécies Local Número deIndivíduos

Categoria trófica

Artibeus lituratus Mata da Infraero 1 Frugívoro-onívoro

Desmodus rotundus Mata da Infraero 5 Hematófogo

Carollia perspicillata Mata da Império 1 Frugívoro-onívoro

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 310

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30

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50

Espécies

No. de registros

1 Basileuterus flaveolus2 Basileuterus hypoleucus3 Neopelma pallescens4 Hylophilus poicilotis5 Cnemotriccus fuscatus6 Coryphospingus pileatus7 Saltator similis8 Myiopagis viridicata9 Empidonax euleri

10 Tangara cayana11 Formicivora serrana12 Amazilia lactea13 Dacnis cayana14 Empidonomus varius15 Camptostoma obsoletum16 Herpsilochmus atricapillus

17 Turdus leucomelas18 Picumnus cirratus19 Myiozetetes similis20 Synallaxis frontalis21 Leptopogon amaurocephalus22 Thraupis sayaca23 Tersina viridis24 Coereba flaveola25 Thamnophilus caerulescens26 Platyrhincus mystaceus27 Pyriglena leucoptera28 Arremon flavirostris29 Piaya cayana30 Pitangus sulphuratus31 Turdus amaurochalinus

Figura 30 - Relação e freqüência das espécies de aves no transecto de pontos na Mata daQuinta do Sumidouro.

Tabela 22 - Espécies de quirópteros capturadas nas Mata da Infraero e Mata daImpério, com as respectivas categorias tróficas.

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A grande similaridade da Mata Lagoa da Cauaiacom a Mata da Horta está relacionada àproximidade entre elas. A maior similaridadeflorística da Mata Lagoa da Cauaia foi com aMata da Horta (29,55%) e com a de Poções(22,22%), as últimas pertencentes àcategoria de floresta estacional decidual. Aproximidade entre elas explica essa maiorsimilaridade.

A maior similaridade da Mata Vargem Compridafoi com a do Castelo da Jaguara (37,62%), oque está relacionado à proximidade entre elas,pois ambas estão localizadas em dois extremosde um mesmo fragmento. O segundo maiorvalor de similaridade da Mata Vargem Comprida(19,09% das espécies) foi verificado entre essamata e a Mata de Poções, que é caducifólia,denotando a existência de elementos relacionadosaos afloramentos calcários na primeira.

A maior similaridade florística da Mata daInfraero (área de transição mata/cerrado) foicom o Cerrado Império (23,02%), seguido peloCerrado Sumidouro (22,94%) e pelo CerradoAeronáutica (17,20%). Só então se evidenciasua similaridade com uma área demata: 16,49% com a Mata Lapinha (Figuras 31e 40).

Além das diferenças na composição florística,o aspecto fisionômico também variou bastante.A fitofisionomia depende não só da composiçãoflorística, mas também do porte, grau de

caducifolia, presença de cipós, distribuiçãoespacial dos indivíduos e do estádio seral emque a vegetação se encontra.

As diferenças na composição florística efisionomia permitiram agrupar as matas em trêscategorias: floresta estacional semidecidual,floresta estacional decidual e transição mata-cerrado.

A análise do dendrograma resultante da análisede agrupamento, a partir dos dados de aves notransecto de pontos, indica a existência de doisgrupos distintos. O primeiro, constituído pelasmatas Vargem Comprida e Lagoa da Cauaia,que são áreas de mata estacional semidecidual,e o segundo grupo, com as demais áreas(Figura 32). Entre as áreas do segundo grupo,a Mata de Poções, única área de mata estacionaldecidual, apresenta menor similaridade com asdemais. O restante forma um só grupo, refletindoa alta similaridade da avifauna, por serem áreasde transição cerrado/mata.

A comparação entre os índices de similaridadeindica que é possível separar os ambientes emtrês conjuntos de formações: matas estacionaissemidecíduas (Vargem Comprida e Lagoa daCauaia), de transição (Mata Império, MataInfraero e Mata Quinta do Sumidouro) e decídua(Mata de Poções), com base nos dados dediversidade da avifauna. Tal resultado está deacordo com o obtido a partir da análise dosdados florísticos, citado anteriormente.

Distância Euclidiana

Infraero

Lapinha

V.Comprida

C. Jaguara

L. Cauaia

Poções

Horta

0.8 0.85 0.9 0.95 1 1.05 1.1 1.15 1.2 1.25

Figura 31 - Dendrograma resultante da análise de agrupamento (“cluster”) realizada com a similaridade florística,entre as formações florestais, segundo índice de Jaccard.

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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4160

Pela análise das variáveis vegetacionaisrealizada nas áreas em que foram realizadostransectos de pontos de aves, as áreas demata estacional semidecidual apresentamcaracterísticas estruturais que permitemsepará-las das demais (Figura 33 e Anexo 19).Porém, as áreas de transição mata/cerradosão bastante similares às de mata esta-cional decidual. Obtém-se, portanto, padrãosemelhante ao das análises avifaunísticas.

O padrão de distribuição de espécies de avesfoi semelhante para todas as áreas amostradaspelo transecto, constituindo-se de elevadonúmero de espécies de abundânciarelativamente baixa, de algumas espécies comabundância média e de pouquíssimas espéciescom abundância relativamente alta (Figuras 13,15, 22, 28, 29 e 30). Esse padrão é típico decomunidades de aves de florestas tropicais(Karr, 1971; Bierregaard, 1990). A diferençaobservada na Mata Vargem Comprida deve-seà desestruturação de sua comunidade de aves,pois com a retirada do sub-bosque, as aves dodossel predominam.

A análise da distribuição das espécies de avesmostra que uma diferença apresentada entreas áreas foi a porcentagem encontrada para aespécie mais abundante em relação ao total. Aespécie mais comum na Mata VargemComprida, encontra-se em porcentagem menordo que a das demais áreas, no total de

observações (6,4%). Na Império, essepercentual também foi menor que 10% (9,8%)e nas demais áreas, a espécie mais comumrepresentou entre 15,8 a 18,3% do total. Na MataVargem Comprida, as cinco espécies maiscomuns compreenderam 27,6% de todos osregistros, revelando maior equitabilidade entreas espécies do que nas outras áreas. Nasdemais áreas, as cinco espécies maisabundantes constituíram cerca de 50% dasobservações.

Somando-se os registros de todas as espéciesde aves em todas as áreas, o canário-do-mato(Basileuterus flaveolus) foi a espécie maisabundante, seguida do chororozinho-de-chapéu-preto (Herpsilochmus atricapillus) e do pichito(Basileuterus hypoleucus) com 156, 140 e 138registros, respectivamente (Anexo 20). Essasespécies estiveram entre as quatro maiscomuns em todas as áreas, com exceção docanário-do-mato que, na Mata VargemComprida, foi a sétima espécie mais abundante.Basileuterus hypoleucus (pichito), uma dasquatro espécies mais abundantes em todas asáreas, ocorre sintopicamente com seucongênere, B. flaveolus (canário-do-mato)igualmente abundante, entretanto exploramestratos diferentes (Marini & Cavalcanti, 1993).

A maior riqueza de aves foi verificada na MataVargem Comprida e, provavelmente, estárelacionada à presença do curso d’água.

Distância Euclidiana

Poções

Infraero

Quinta Sum

Império

L. Cauaia

V.Comprida

0.30 0.35 0.40 0.45 0.50 0.55 0.60

Figura 32 - Dendrograma resultante da análise de agrupamento (“cluster”) realizada com os dados de riquezae abundância de espécies de aves, obtidos nos transectos de pontos.

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JaguaraCauaiaImpérioPoçõesInfraeroQuinta

Fator 1

Fat

or 2

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

-6 -4 -2 0 2 4 6

Áreas

Figura 33 - Análise discriminante canônica realizada com os dados de estrutura de vegetação no transecto de pontos de aves.

Segundo Howe et al. (1981) in Christiansen &Pitter (1994), fragmentos florestais quepossuem córregos apresentam mais espéciesresidentes, devido ao tamanho e grau deisolamento do fragmento. Além disso, aproximidade da água possibilita o desenvol-vimento de uma mata mais úmida e maisexuberante.

Além da maior riqueza, a Mata VargemComprida obteve também o maior índice dediversidade (Tabela 23), seguida pela MataLagoa da Cauaia, ambas matas estacionaissemideciduais. O conceito de diversidadeenvolve a combinação de dois componentes, ariqueza (número de espécies) e a equitabilidade(abundância de espécies), sintetizando-os emum só índice (Magurran, 1988).

Ao se analisar em conjunto todas as áreasestudadas, com relação ao grupo dos pequenosmamíferos, pode-se constatar que diferiram emrelação à composição de espécies, sendo quenenhuma foi comum a todas as áreas (Figura34). Alguns locais, como a Mata Lagoa daCauaia, apresentaram grande predominânciade uma única espécie (Thrichomysapereoides). Essa espécie, em geral, encontra-se associada a formações rochosas. Como otransecto foi estabelecido ao longo de umafloramento calcário, essa espécie pode ter sidofavorecida. As outras áreas como a MataImpério, apresentaram uma distribuição maisequitativa entre as espécies.

Uma das maneiras de verificar esse fato é pelade diversidade de Shannon que, na Mata da

Horta, apesar do maior sucesso de captura,apresentou o mais baixo índice (0,57). Didelphisalbiventris, a mais generalista das espéciesregistradas neste estudo, esteve presente emquatro das cinco áreas inventariadas.Micoureus demerarae e T. apereoides foram asmais restritas em sua distribuição regional,estando presentes em duas das cinco áreas. Aocorrência dessas espécies, em geral, estáassociada às formações florestais e rochosas,respectivamente (Redford & Fonseca, 1986).Essa afinidade por determinados tipos dehábitats pode explicar a distribuição dessasespécies nas áreas de estudo.

Os resultados da análise de similaridade (Figura35) para os pequenos mamíferos indicaramfidelidade entre as mesmas tipologias vege-tacionais. As cinco áreas inventariadas parapequenos mamíferos foram separadas em trêsgrupos, correspondendo exatamente àsformações de mata estacional decidual, mataestacional semidecidual e de transição mata-cerrado, corroborando os resultados obtidoscom os dados de flora e avifauna

Todas as espécies de morcegos registradas naAPA são, segundo Koopman (1982) e Aguiar(1994), espécies de ampla distribuição,ocorrendo, em sua maior parte, ao longo de todoo território nacional. No presente estudo, amaioria dessas espécies apresentou-se restritaa uma ou duas áreas (Figura 36).

Fenton et al. (1992) sustentam a hipótese deque os quirópteros seriam bons indicadoresambientais, estando Desmodus rotundus

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Estudo do Meio Biótico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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4162

Tabela 23 - Valores do índice de diversidade (H’) e equitabilidade (E) calculados comos dados de aves a partir dos transectos de pontos.

Áreas H' EMata Vargem Comprida 3.60 0.5996Mata Lagoa da Cauaia 3.27 0.5583Mata Império 3.24 0.5952Mata de Poções 3.02 0.6284Mata Quinta do Sumidouro 2.99 0.5612Mata da Infraero 2.95 0.5522

Espécies

Fre

quên

cia

de o

corr

ênci

a

0

1

2

3

4

5

D.albiventris

M. incanus

G.agilis

Oligoryzomys

Calomys sp

Proechimys sp

R. mastacalis

O.subflavus

T. apereoides

M. demerarae

Figura 34 - Freqüência de ocorrência de espécies de pequenos mamíferos não-voadoresnas áreas amostradas

Distância Euclidiana

Infraero

Império

C.Jaguara

L.Cauaia

Horta

0.5 0.55 0.6 0.65 0.7 0.75 0.8 0.85 0.9 0.95

Figura 35 - Dendrograma resultante da análise de agrupamento (“cluster”) realizado com a similaridade dariqueza dos pequenos mamíferos, entre as áreas amostradas, segundo índice de Sorensen.

1 - Mata estacional decidual (Mata da Horta);

2 - Mata estacional semidecidual (Mata Lagoa daCauaia);

3 - Transição mata-cerrado (Mata Império);

4 - Mata de transição mata-cerrado (Mata Infraero);

5 - Mata estacional semidecidual (Mata Castelo daJaguara).

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associado a sítios sujeitos a intervençõesantrópicas, e as outras espécies da famíliaPhyllostomidae, a ambientes pouco pertur-bados. Os dados obtidos neste presente estudoreforçam essa afirmativa, uma vez que noslocais onde D. rotundus foi a espécie dominante,apenas uma outra espécie de filostomídeoesteve presente. Esse fato foi observado tantona Fazenda Cerca Grande quanto na Mata daInfraero, ambas com intensas atividades agro-pecuárias no entorno das matas.

Em termos gerais, a presença de muitasespécies de morcegos pode estar relacionadaà presença de afloramentos calcários(cavernas), já que estes representamimportantes abrigos e sítios de reprodução. Essefato pode ser verificado em algumas áreas, ondea falta desses afloramentos coincidiu com asmenores riquezas de espécies para o grupo,como foi observado na Mata Império e na MataInfraero. À áreas com afloramentos, como aMata Castelo da Jaguara, forneceram osmaiores índices de riqueza para quirópteros.Entretanto, outras áreas com presença deafloramentos calcários como a Mata Lagoa daCauaia, Mata da Horta, Mata de Poções eFazenda Cerca Grande apresentaram valoresintermediários de riqueza de espécies, indicandoque a presença de cavernas não seria o únicofator determinante.

Outro fator importante a ser considerado nadeterminação da riqueza de espécies é otamanho da área. Existem evidências teóricase empíricas da relação positiva entre o númerode espécies e o tamanho da área (MacArthur &

Wilson, 1967). Entretanto, neste estudo, onúmero de espécies de morcegos não teverelação com o tamanho dos fragmentos (R2 =0,14; P > 0,05). A comparação entre aslocalidades com afloramentos calcários e aextensão de cobertura vegetal, indicou que osmorcegos foram capturados em fragmentos demata variando de 84,4 ha (Mata da Horta) a1.048,6 ha (Mata Lagoa da Cauaia). Osregistros para a Fazenda Cerca Grande (50,5ha) indicaram que só duas espécies foramcoletadas (G. soricina e D. rotundus) nessaárea. Essa análise sugere que a riqueza deespécies de morcegos poderia ser explicadapela presença de afloramentos calcários,associada ao tamanho dos fragmentosflorestais. De todas as áreas com afloramento,a Fazenda Cerca Grande foi a única onde houveuma maior captura de D. rotundus, em relaçãoàs outras espécies de morcegos, sugerindo quea dominância de morcegos hematófagos possaser conseqüência dos desmatamentos.Provavelmente, o sangue dos animaisdomésticos é o único recurso alimentardisponível em áreas sem cobertura vegetal, mascom abrigos (cavernas) para os morcegos.

Ao se comparar a riqueza de pequenosmamíferos voadores e não-voadores, nas áreasonde ambos foram amostrados, nota-se umatendência bastante interessante. O padrão deriqueza é igual, sendo a Mata Castelo daJaguara e a Mata Lagoa da Cauaia os lugaresmais ricos em espécies (Figura 37).Provavelmente os fatores determinantes dariqueza são os mesmos, e podem estarrelacionados às características dos hábitats.

Espécies

Fre

quên

cia

de o

corr

ênci

a

0

1

2

3

4

5

6

7

C.perspicillata

D.rotundus

P.lineatus

A.jamaicensis

V.pusilla

A.lituratus

G.soricina

M.molossus

M.nigricans

M. macconnelli

Figura 36 - Freqüência de ocorrência dos quirópteros nas áreas amostradas na APA Carste de Lagoa Santa.

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Ao se analisar a fauna da APA em função deseus ambientes, pode-se observar que algunsse destacam em termos de riqueza ediversidade de espécies de aves e mamí-feros, como por exemplo, a mata esta-cional semidecidual. Na tabela 24, estão lista-das as riquezas de pequenos mamíferos voadores e não-voadores bem como osíndices de diversidade para cada um dosambientes.

Os ambientes mésicos, de uma forma geral, sãoresponsáveis pela manutenção de uma grandediversidade faunística. Um dos possíveismecanismos para explicação desse fato estariarelacionado ao aumento da complexidadeestrutural desse ambiente (August, 1983) e,ainda, à possibilidade de coexistência deespécies típicas de biomas florestados, comoa Mata Atlântica, com espécies característicasdo Cerrado (Redford & Fonseca, 1986).

Cerca de metade (48,1%) das espécies de avesregistradas neste estudo, pertence àsmatas estacionais semideciduais que ocupam,atualmente, somente 8,6% da área total daAPA. Além disso, 18 espécies de avesforam registradas exclusivamente nesseambiente.

Das dez espécies de pequenos mamíferos não-voadores registradas, duas foram exclusivasdas mata estacionais semideciduais, Micoureusdemerarae e Proechimys sp.. A primeira, dehábito arborícola, é típica de ambientes

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

CasteloJaguara

Lagoa daCauaia

Trans.Império

Trans.Infraero

Horta

Pequenos mamíferos

Quirópteros

Figura 37 - Riqueza de espécies de pequenos mamíferos não-voadores (marsupiais e roedores) e quirópteros,por área de amostragem

florestados com estratificação vertical bemdesenvolvida, onde se utiliza principalmente dosestratos superiores (Charles-Dominique et al.,1981). As espécies do gênero Proechimysencontram-se geralmente associadas aambientes florestados e são comumenteencontradas próximo a cursos d’água. Dentrodo Cerrado, essa espécie se encontraassociada às matas de galeria, segundo Alho(1982).

Já em relação aos quirópteros, a frequência deespécies exclusivas das matas mesófilas foimaior, 60% das espécies ocorreramexclusivamente nesse ambiente. Fleming (1988)encontrou um padrão de distribuição dequirópteros, da família Phyllostomidae,relacionado a um gradiente de umidade, ondea riqueza desse grupo se correlacionapositivamente com essa variável ambiental.

Vários estudos têm ressaltado a importância dasmatas de galeria na manutenção da diversidadede aves e mamíferos no Cerrado (Fonseca &Redford, 1984; Mares et al., 1986; Redford &Fonseca, 1986; Lins, 1994 e Mares & Ernest,1995). Segundo esses autores, as matas degaleria seriam enclaves mésicos dentro deregiões sujeitas à pronunciada variação doregime pluviométrico, com as chuvasconcentradas em uma época do ano. Visto quea maior riqueza de aves, morcegos, pequenosmamíferos, assim como a dos mamíferos emgeral, foi observada nas matas estacionaissemideciduais (Mata Lagoa da Cauaia, Mata

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Os ambientes mésicos, de uma forma geral,são responsáveis pela manutenção de umagrande diversidade faunística. Um dos possíveismecanismos para explicação desse fato estariarelacionado ao aumento da complexidadeestrutural desse ambiente (August, 1983) e,ainda, à possibilidade de coexistência deespécies típicas de biomas florestados, como aMata Atlântica, com espécies características doCerrado (Redford & Fonseca, 1986).

Cerca de metade (48,1%) das espécies de avesregistradas neste estudo, pertence àsmatas estacionais semideciduais que ocupam,atualmente, somente 8,6% da área total daAPA. Além disso, 18 espécies de avesforam registradas exclusivamente nesseambiente.

Das dez espécies de pequenos mamíferos não-voadores registradas, duas foram exclusivasdas mata estacionais semideciduais, Micoureusdemerarae e Proechimys sp.. A primeira, dehábito arborícola, é típica de ambientesflorestados com estratificação vertical bemdesenvolvida, onde se utiliza principalmente dosestratos superiores (Charles-Dominique et al.,1981). As espécies do gênero Proechimysencontram-se geralmente associadas aambientes florestados e são comumenteencontradas próximo a cursos d’água. Dentrodo Cerrado, essa espécie se encontraassociada às matas de galeria, segundo Alho(1982).

Já em relação aos quirópteros, a frequência deespécies exclusivas das matas mesófilas foimaior, 60% das espécies ocorreram exclusi-vamente nesse ambiente. Fleming (1988)encontrou um padrão de distribuição dequirópteros, da família Phyllostomidae,relacionado a um gradiente de umidade, onde ariqueza desse grupo se correlacionapositivamente com essa variável ambiental.

Vários estudos têm ressaltado a importância dasmatas de galeria na manutenção da diversidadede aves e mamíferos no Cerrado (Fonseca &Redford, 1984; Mares et al., 1986; Redford &Fonseca, 1986; Lins, 1994 e Mares & Ernest,1995). Segundo esses autores, as matas degaleria seriam enclaves mésicos dentro deregiões sujeitas à pronunciada variação doregime pluviométrico, com as chuvasconcentradas em uma época do ano. Visto quea maior riqueza de aves, morcegos, pequenosmamíferos, assim como a dos mamíferos emgeral, foi observada nas matas estacionaissemideciduais (Mata Lagoa da Cauaia, MataCastelo da Jaguara e Mata Vargem Comprida),é provável que essas matas tenham umafunção semelhante às das matas de galeria noCerrado.

Evidências empíricas e teóricas sustentam,baseadas nos princípios da biogeografia deilhas, que a riqueza de espécies estápositivamente relacionada ao tamanho dosfragmentos, priorizando-se aqueles de formacircular (Wilson & Willis, 1975). Seguindo essespreceitos, a Mata Lagoa da Cauaia deveriaabrigar o maior número de espécies. Embora omaior registro de espécies de mamíferos demédio e grande porte tenha sido para essa área,o mesmo não foi observado para os marsupiais,roedores e morcegos. A relação espécie-áreanão foi significante para todos os mamíferos (R2

= 0,53; P > 0,05), e o parâmetro z foi de 0,38.Valores estimados acima de 0,35 para essaconstante indicam que a fauna nos fragmentosé relictual, não estando em equilíbrio deimigração e extinção e, nesses casos, éesperada uma perda gradual de espécies(Brown, 1971). De fato, mesmo a maior áreana APA (Mata Lagoa da Cauaia; 1.048 ha) não ésuficientemente grande para manterpopulações viáveis de médios e grandesmamíferos. Apesar de não ser uma das maioresáreas e de ter forma alongada, a Mata Castelo

Tabela 24 - Riqueza e diversidade de espécies de pequenos mamíferos não-voadores (marsupiaise roedores) e quirópteros, por ambiente na APA.

Ambientes Riqueza Diversidade

Pequenos mamíferos Quirópteros

Mata estacional semidecidual 8 9 1,98

Mata estacional decidual 4 2 0,65

Transição mata-cerrado 7 3 1,74

65

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da Jaguara abriga a maior riqueza de espéciesde mamíferos. A presença de uma represalimítrofe à mata pode ser vista como umapossível explicação para o padrão en-contrado (como já discutido anteriormente paraas aves).

5.10 - Cerrado

Os cerrados que, em suas diferentes formas,ocupavam originalmente grandes extensões daAPA, existem hoje sob a forma de fragmentos.Tais remanescentes apresentam característicascomuns e peculiaridades decorrentes do tipo eda época de seu manejo. Foram amostradasquatro áreas dessa tipologia (Tabela 1 e Figura3), sendo que apenas uma delas apresentousuficiência amostral (Figura 38).

A maior similaridade entre os fragmentosamostrados foi verificada entre o cerradoPromissão e o cerrado da Aeronáutica (47,96).Segue-se o índice de similaridade entre oscerrados Promissão e Império (39,05). A menorsimilaridade foi observada entre os cerrados daAeronáutica e do Sumidouro (23,33), sendo queeste último apresenta tendência à regeneração

de um cerradão. Em relação à transição mata/cerrado da Infraero, todos os cerradosapresentam baixos índices de similaridade,justificando a sua classificação em categoriasseparadas (Figura 39).

O estrato arbóreo das formações de cerrado,em geral, são pouco produtivos emfrutos carnosos (apreciados principalmente poraves). O percentual de árvores nessa categoriavariou de 27% no cerrado Sumidouro a 42% nocerrado Império. A distribuição dos indivíduosem classes de altura e de diâmetro éapresentada nas figuras 40 e 41.

Cerrado Sumidouro

Nesse fragmento foi registrado o menor númerode indivíduos, menor área basal e menordensidade (Tabela 10), o que pode ser explicadocomo um efeito do corte seletivo de árvoresadultas e o porte ainda pequeno das árvoresque participam do processo de regeneração(abaixo do diâmetro de inclusão naamostragem). O Cerrado Sumidouro ficou emsegundo lugar entre os cerrados, em relação àriqueza e à diversidade, com 68 espéciesamostradas. O pequeno número de árvoresmortas sugere que podem ter sido eliminadas,pois a coleta de lenha na região é bastantecomum. A curva do coletor não apresentouestabilização, apontando para a insuficiênciaamostral, o que pode ser explicado pelo carátertransicional e alterado da formação (Figura 38).

A espécie com maior índice de valor deimportância foi a pioneira Tapirira guianensis(pau-pombo), com grande dominância emfunção do grande porte dos indivíduos

0

10

20

30

40

50

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90

100

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10Império Aeronáutica Promissão Sumidouro

Parcelas (250m2)

mer

o a

cum

ulad

o d

e es

péc

ies

Figura 38 - Aumento do número de espécies vegetais em função da área amostrada- “curva do coletor”- para as formações de cerrado.

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Distância Euclidiana

Infraero

Sumidouro

Império

Aeronáutica

Promissão

0.7 0.75 0.8 0.85 0.9 0.95 1 1.05 1.1 1.15

Figura 39 - Dendrograma resultante da análise de agrupamento (“cluster”) realizada com a similaridade florística,entre as formações de cerrado, segundo índice de Jaccard.

0

10

20

30

40

50

60

<2 2-4 4-6 6-8 8-10 10-12 12-14 14-18 18-20 >20

Altura (m)

Ind

ivíd

uo

s (%

)

Cerrado Sumidouro Cerrado ImpérioCerrado Infraero Cerrado Promissão

Figura 40 - Distribuição dos indivíduos das espécies vegetais das áreas de cerrado, em classes de altura.

(Figura 42 e Anexo 21). Myracrodruonurundeuva (aroeira) apresentou alta densidadede indivíduos, porém com populaçõesconcentradas em algumas parcelas, o quesugere diferenças locais relacionadas acondições edáficas ou uma transiçãovegetacional de cerrado para um cerradão ou

mata, já que a espécie é típica das matascaducifólias da região. Qualea grandiflora (pau-terra), Rudgea viburnoides (congonha-de-bugre) e Xylopia aromatica, espécies típicas decerrado, também se destacaram por seusvalores de IVI, principalmente em função dadensidade de indivíduos. Copaifera langsdorffii

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0

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35

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45

50

4-5 5-7.5 7.5-10

10-12.5

12.5-15

15-17.5

17.5-20

20.-22.5

22.5-25

25-27.5

27.5-30

>30

Diâmetro (cm)

Ind

ivíd

uo

s (%

)

Cerrado Sumidouro Cerrado ImpérioCerrado Infraero Cerrado Promissão

Figura 41 - Distribuição dos indivíduos das espécies vegetais das áreas de cerrado, distribuídos em classes dediâmetro.

0 20 40 60 80 100 120

outras

Tapirira guianensis

Myracrodruon urundeuva

Qualea grandiflora

Xylopia aromatica

Rudgea viburnioides

Copaifera langsdorffii

Luehea sp.

Magonia pubescens

Terminalia argentea

Caryocar brasiliense

Platypodium elegans

Styrax camporum

Astronium fraxinifolium

mortas

Guettarda viburnoides

Plathymenia reticulata

Dillodendron bipinnatum

Machaerium hirtum

Heteropteris sp.1

Porcentagem

Densidade relativa Frequência relativa Dominância relativa

Figura 42 - Índice de Valor de Importância (IVI) das principais espécies vegetais no Cerrado Sumidouro, com as respectivas contribuições da densidade, freqüência e dominância.

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(pau-d’óleo) destacou-se com indivíduos degrande porte, assim como Luehea sp. (açoita-cavalo), com alta densidade relativa. Ambas sãoespécies comumente presentes em cerradões.Todas as demais espécies contribuíram com umvalor de IVI menor que 10, apresentando umdecréscimo gradual.

A maior parte dos indivíduos do estrato superiorconcentra-se nas classes de altura de 4 a 8metros, onde se destacam espécies arbustivo-arbóreas como Rudgea viburnoides e Xylopiaaromatica, junto com indivíduos de espéciesarbóreas em crescimento, como Qualea spp.(pau terra) e Terminalia argentea (capitão-do-campo). Espécies com indivíduos acima dos 8metros de altura incluem Tapirira guianensis(pau-pombo), Platypodium elegans (jacarandá-canzil), Luehea sp. (açoita-cavalo) eMyracrodruon urundeuva (aroeira). Alturasinferiores a 4 metros são representadas porplantas jovens e arbustivas (Figura 40).

Com relação à distribuição em classes dediâmetro, observa-se uma predominância deindivíduos com 5 a 10 cm de diâmetro, indicandoo caráter jovem da formação. Abaixo dessaclasse estão os indivíduos jovens e arbustivose, acima, alguns indivíduos de grande porte queforam preservados do corte seletivo, como é ocaso do pequizeiro, Caryocar brasiliense(Figura 41).

A grande riqueza de espécies e a alta densidadede indivíduos registradas no sub-bosquetambém apontam para o processo deregeneração, após distúrbios ocorridos nessavegetação. Entre as plantas mais freqüentes noestrato inferior, ocorrem desde lianas não-lenhosas como a pioneira Serjania sp. (cipó-timbó) até indivíduos jovens de espéciesarbustivas e subarbóreas como Brosimumgaudichaudi (marmelada-de-cachorro),Siparuna guianensis (folha-santa) e Rudgeaviburnoides (congonha-de-bugre), além dearbóreas, como Myracrodruon urundeuva(aroeira) (Anexo 22).

5.10.1 - Cerrado Império

O cerrado amostrado na Fazenda Impérioaparentemente já foi extensivamente desmatadono passado, posteriormente abandonado àregeneração natural e atualmente constituindoo cerrado menos perturbado. Esse fato pode

ter contribuído para que a curva do coletorapresentasse nítida queda em sua inclinação,aproximando-se da suficiência amostral. Forada área amostrada, em direção à encosta quedá acesso ao rio das Velhas, esse cerradoapresenta nítida transição para a mata deciduale desta para uma faixa remanescente de mataciliar, estando, pois, enquadrado, como um todo,na classificação de “transição cerrado/mata”.

No cerrado Império, foram registrados 855indivíduos e 89 espécies, valores bemsuperiores aos dos demais cerrados,representando a maior área basal e o maioríndice de diversidade. Destaca-se aporcentagem de árvores mortas com um IVI de16, o maior valor encontrado entre os cerrados.Esse constitui um fato esperado pois, em umambiente abandonado à sucessão, as espéciesdos primeiros estágios de regeneração tendema ser substituídas com o tempo (Leitão Filho etal. 1994). Além disso, nessa área, a coleta demadeira seca para lenha pode ser baixa, emfunção da menor facilidade de acesso(Tabela 10).

A distribuição dos indivíduos do estrato superiorem classes de IVI constituiu um contínuo. Osvalores acima de 10 são representados pelasseguintes espécies: Qualea parviflora (pau-terra-pequeno), Qualea grandiflora (pau-terra-grande) e Terminalia argentea (capitão-do-campo) com indivíduos de porte e Xylopiaaromatica (pimenta-de-macaco), Myrciavariabilis e Miconia albicans (pixirica) comgrande densidade de indivíduos, dentre outras(Figura 43 e Anexo. A distribuição dos indivíduosem classes de altura e diâmetro caracterizauma formação secundária: a concentração domaior número de indivíduos em torno de 2 a 6metros de altura e de 5 a 10 cm de diâmetro,representados por Xylopia aromatica (pimenta-de-macaco), Myrcia variabilis, Terminaliaargentea (capitão-do-campo); a presença de umnúmero menor de indivíduos nas classesinferiores, correspondendo sobretudo aindivíduos de espécies arbustivas como Miconiaalbicans (pixirica), Siparuna guianensis (folha-santa), Byrsonima sp., (murici) e Erythroxylumcampestre (mercúrio-do-campo); rarosindivíduos acima de 8 metros ou 20 cm dediâmetro, representados por Dalbergiamiscolobium (jacarandá), Caryocar brasiliense(pequizeiro) e outras arbóreas de grande porte,

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muitas vezes remanescentes da formaçãooriginal (Figuras 40 e 41).

O sub-bosque, apesar de denso, apresentabaixa riqueza específica, sendo osrepresentantes desse estrato pertencentes aespécies de porte arbustivo como Miconia spp.(pixirica), Erythroxylum campestre (mercúrio-do-campo) e Siparuna guianensis (folha-santa).A presença de árvores de grande porte e amenor freqüência de plântulas de árvores doestrato superior corroboram a interpretação demelhor estado de conservação no cerrado(Anexo 24).

5.10.2 - Cerrado Aeronáutica

Com 389 indivíduos e 43 espécies, esse cerradoocupa o terceiro lugar em relação à densidadee à área basal, denotando sua alteração emfunção de impactos notáveis como a retiradade madeira e a presença de fogo. Com relaçãoà riqueza, apresentou o menor número deespécies, exibindo contudo o segundo maioríndice de diversidade entre os cerradosamostrados. O número de árvores mortas ébastante expressivo, correspondendo a 13,48%do IVI total da formação (Tabela 10). A curva do

coletor apresentou nítida queda em suainclinação, sugerindo que a coleta sistemáticade dados possibilitou uma aproximação dasuficiência amostral (Figura 38).

Entre as espécies com maiores valores de IVI,destacam-se Sthryphnodendron adstringens(barbatimão) e Qualea grandiflora (pau-terra-grande), com alta densidade e dominânciarelativas; Aspidosperma tomentosum (peroba-do-campo) e Hyptis cana (maria-pobre)destacam-se pelo número de indivíduos, bemcomo Erythroxylum suberosum (mercúrio-do-campo), Plathymenia reticulata (vinhático),Sclerolobium paniculatum (angá-branco-do-cerrado), Byrsonima coccolobifolia (murici) ePouteria ramiflora. As demais espéciesdividem o IVI restante num contínuo gradual.Entre as espécies de menor IVI, Dalbergiamiscolobium (jacarandá) surge como uma dasfornecedoras de madeira nobre e que pode tertido suas populações reduzidas na região,em função do extrativismo (Figura 44 eAnexo 25).

O Cerrado Aeronáutica caracteriza-se por seuporte baixo, não ocorrendo árvores acima de oitometros de altura. A maior concentração de

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Outras

Qualea parviflora

Xylopia aromatica

mortas

Qualea grandiflora

Myrcia variabilis

Miconia cf. albicans

Terminalia argentea

Plathymenia reticulata

Byrsonima coccolobifolia

Eugenia desynterica

Rudgea viburnoides

Bowdichia virgilioides

Siparuna guianensis

Caryocar brasiliensis

Myrsine cf. venosa

Magonia pubescens

Heteropteris sp.1

Acosmium dasycarpum

Hyptis cana

Porcentagem

Densidade relativa Frequência relativa Dominância relativa

Figura 43 - Índice de Valor de Importância (IVI) das principais espécies vegetais amostradas no CerradoImpério, com as respectivas contribuições da densidade, freqüência e dominância.

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indivíduos se dá em torno de 2 a 4 metros dealtura e 5 a 10 cm de diâmetro, representandoindivíduos jovens de espécies de grande portecomo Qualea grandiflora (pau-terra-grande) ePlathymenia reticulata (vinhático), além deespécies arbustivas como Erythroxylum spp.(mercúrio-do-campo), Byrsonima coccolobifolia(murici) e Pouteria ramiflora, dentre outros.Indivíduos esparsos destacam-se porapresentar diâmetros acima de 25 cm, como éo caso de Caryocar brasiliense (pequizeiro) eVochysia tucanorum (pau-de-tucano) (Figuras40 e 41).

O sub-bosque apresenta expressiva riqueza edensidade, indicando o caráter de alteração docerrado. Entre as espécies mais comuns naregeneração, ocorrem a pioneira arbustivaCabralea cangerana (cangerana), as lianasBanisteriopsis malifolia (cipó-prata) e Serjaniasp. (cipó-timbó) e a arbórea Qualea grandiflora(pau-terra-grande) (Anexo 26). 23).

5.10.3 - Cerrado Promissão

Nesse cerrado foram amostrados 461 indiví-duos, agrupados em 57 espécies (Tabela 10).

O índice de diversidade foi pouco menor que odos demais. É o segundo cerrado em área basaltotal e, como nos demais, as árvores mortascontribuem significativamente para o IVI total. Acurva do coletor nesse ponto amostralapresentou-se praticamente estabilizada.

Qualea grandiflora (pau-terra-grande) é aespécie dominante, com um valor de IVI de 49,5em função de altos valores de densidade edominância. As demais espécies constituemuma gradação suave de valores de IVI,destacando-se Hyptis cana (maria-pobre),Xylopia aromatica (pimenta-de-macaco),Piptocarpha rotundifolia (candeião), Didymopanaxmacrocarpum (mandiocão) e Kielmeyeracoriacea (pau-santo), principalmente em funçãodo número de indivíduos. Caryocar brasiliense(pequizeiro) destaca-se por sua dominânciarelativa em função do grande porte dosindivíduos, pois é imune ao corte e grande partedos indivíduos chegam à idade madura (Figura45 e Anexo 27).

Como nos demais cerrados, há umaconcentração de indivíduos nas classes detamanho intermediárias entre 2 e 6 metros de

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Outras

Qualea parviflora

Xylopia aromatica

mortas

Qualea grandiflora

Myrcia variabilis

Miconia cf. albicans

Terminalia argentea

Plathymenia reticulata

Byrsonima coccolobifolia

Eugenia desynterica

Rudgea viburnoides

Bowdichia virgilioides

Siparuna guianensis

Caryocar brasiliensis

Myrsine cf. venosa

Magonia pubescens

Heteropteris sp.1

Acosmium dasycarpum

Hyptis cana

Porcentagem

Densidade relativa Frequência relativa Dominância relativa

Figura 44 - Índice de Valor de Importância (IVI) das principais espécies vegetais amostradas no CerradoAeronáutica, com as respectivas contribuições da densidade, freqüência e dominância.

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altura, e diâmetros entre 5 e 10 cm. Esse estratoda vegetação é representado pelas espéciesarbustivas e subarbóreas como Erythroxylumcampestre (mercúrio-do-campo), Kielmeyeracoriacea (pau-santo), Tocoyena formosa eHyptis cana (maria-pobre) e arbóreas emcrescimento, como Qualea spp. (pau-terra),Didymopanax macrocarpum (mandiocão) eXylopia aromatica (pimenta-de-macaco). Nãoforam registrados indivíduos acima de 10metros de altura e, raramente, ocorreramindivíduos de grandes diâmetros, comoCaryocar brasiliense (Figuras 40 e 41).

Apesar da eventual entrada de gado, o queprovoca desbaste de trechos do sub-bosque,ele é relativamente denso e rico em espécies,incluindo as de porte arbustivo como Miconiaalbicans (pixirica) e Erythroxylum campestre(mercúrio-do-campo) e indivíduos jovens dearbóreas como Qualea grandiflora (pau-terra-grande) e Myrsine venosa (capororoca), o queindica um processo de regeneração (Anexo 28).

Os remanescentes de cerrado existentes naAPA encontram-se altamente fragmentados edescaracterizados, não propiciando a

ocorrência de espécies de aves típicas quedependem de grandes porções de cerrado embom estado de conservação. Entre as espéciesde aves associadas ao cerrado, encontram-seas que habitam o estrato herbáceo e arbustivobaixo (espécies campestres), e as que utilizamprincipalmente o estrato arbóreo (espéciesarborícolas). Em face da descaracterização docerrado, a maioria das espécies registradasnesse ambiente é de elementos de maiorplasticidade ambiental, ou seja, que freqüentamtambém outros ambientes. Assim, as espéciescampestres detectadas no cerrado também oforam em áreas de pasto sujo e capoeiras, comoa seriema e a fogo-apagou (Scardafellasquammata). Já as espécies arborícolas foramtambém registradas em áreas de transiçãocerrado/mata, especialmente na porção compredomínio de vegetação de cerrado, como orisadinha (Camptostoma obsoletum) e oferreirinho (Todirostrum latirostre).

5.11 - Afloramentos calcários

Sobre os afloramentos rochosos, desenvolvem-se espécies vegetais de vários portes altamenteadaptadas às condições de “stress” hídrico

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outras

Qualea grandiflora

Hyptis cana

Xylopia aromatica

Caryocar brasiliense

Kielmeyera coriacea

Piptocarpha rotundifolia

Didymopanax mcrocarpum

mortas

Erythroxyllum campestre

Qualea parviflora

Dalbergia miscolobium

Sthryphnodendron adstringens

Bowdichia virgilioides

Erythroxyllum suberosum

Miconia cf. stenostachia

Byrsonima verbascifolia

Machaerium villosum

Myrcia variabilis

Acosmium dasycarpum

Porcentagem

Densidade relativa Frequência relativa Dominância relativa

Figura 45 - Índice de Valor de Importância (IVI) das principais espécies vegetais amostradas no cerradoPromissão, com as respectivas contribuições da densidade, freqüência e dominância.

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impostas pela estação seca pronunciada, aliadaà baixa capacidade de retenção de água dossolos calcários permeáveis. Chamados muitasvezes de “serras” pelos habitantes locais, osparedões rochosos sustentam espéciesarbóreas como Aspidosperma spp. (perobas),Cedrela cf. odorata (cedro), Tabebuia spp. (pau-d’arco), Myracrodruon urundeuva (aroeira).Trata-se de uma flora muito rica e com altopotencial paisagístico, portanto muito ameaçadapela atividade de coleta e comercialização deespécies como orquídeas e bromélias.

Segundo Rizzini (1979), a vegetação que sedesenvolve sobre os afloramentos não difereessencialmente da caatinga decídua e rica emsuculentas. Quando os afloramentos sãoextensos e contêm depressões nas quais seacumula solo, a mata pode atingir um bomdesenvolvimento. Em geral, são matas decíduasde porte médio a alto, pouco densas, com raízessubterrânes muitas vezes expostas porsustentarem as árvores em locais de soloextremamente raso. As raízes dessas árvoresfreqüentemente apresentam hipertrofia porconduzirem as raízes secundárias e radicelascom suas zonas de assimilação até locais muitodistantes da árvore que as emitiu (CETEC1980). Isso foi observado nas raízes de Ficussp. (gameleira), Cedrela cf. odorata (cedro) ePseudobombax sp. (embiruçu).

Apesar de pouco densa, essa vegetação é ricaem espécies de interesse científico. Sua grandeadaptabilidade às condições desfavoráveis desolo e microclima dos afloramentos rochosos,as transforma em espécies potenciais a seremutilizadas em programas de revegetação deáreas degradadas pelas minerações decalcário. Além disso, muitas espécies sãofornecedoras de recursos alimentares para afauna, como é o caso das populações de Ficussp. (gameleira).

Presentes em toda a área, os afloramentoscalcários e mais propriamente as cavidadesneles encontradas, servem de abrigo e local denidificação para diversas espécies de aves.Foram comumente observadas nesses locaispsitacídeos, como o periquitão-maracanã(Aratinga leucophthamus) e o periquito-rei(Aratinga aurea) e hirundinídeos como aandorinha-serrador (Stegidopteryx ruficollis).Além desses, a rasga-mortalha (Tyto alba)detectada na área, é habitante freqüente defendas e grutas, onde passa o dia e reproduz

(Sick 1985). Andrade (1983) descreve anidificação da juriti (Leptotila verreauxi) e do joão-de-barro (Furnarius rufus), em cavernas dessaregião.

5.12 - Áreas úmidas

As inúmeras lagoas existentes nos domínios daAPA, com suas diferentes histórias de uso edinâmicas hidrológicas, propiciaram umavariada colonização de espécies vegetais emtorno e dentro das áreas alagadas, temporáriaou permanentemente.

Entre as espécies vegetais encontradas noscorpos d’água, ocorrem as flutuantes queindependem de sua profundidade, comoEichornia sp. e Pontederia sp. (aguapés), Lemnasp (lentilha-d’água), Pistia stratioides (alface-d’água) e Salvinia sp. (salvínia); as submersassuspensas ou fixas no substrato, comoNymphaea sp. e Nymphoides sp. (ninféias); asnatantes fixadas como Ceratophyllumm sp.(cabelo-de-urso); e as emergentes fixadas quese desenvolvem em águas rasas, apresentandosistema subterrâneo fixado no fundo e do qualse eleva ampla parte aérea sobre a superfícieda água, como Juncus sp. (junco) e Typha sp.(taboa).

O índice de cobertura vegetal da lâmina d’águavaria e parece ser decorrência do nível deeutrofização e profundidade da lagoa. Grandeparte destas plantas fixam suas raízes nosubstrato e apenas sobrevivem até uma dadaprofundidade. Assim, nas lagoas que recebemmuito material sólido carreado de sua bacia, éfavorecida a colonização por plantas emersascomo Typha sp., considerada uma espécietípica da transição sucessional do ambienteúmido para o terrestre.

Em torno das áreas alagadiças, sobre solosencharcados ou pouco drenados, ocorremespécies indicadoras de áreas úmidas, comoas herbáceas Cyperus spp. (juncos),Polygonum sp. (erva-de-bicho), e arbustivascomo Acacia sp. (maricá) e Ludwigia spp. (cruzde malta).

As várzeas naturais são normalmente de granderiqueza biológica, principalmente pela altaprodutividade e grande multiplicidade de cadeiasalimentares (Pitelli, 1986). Em geral, constituemecótones entre as biocenoses terrestres e deágua doce, acolhendo indivíduos de ambas.

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Outra formação associada a áreas úmidas é amata alagada, observada unicamente ao longode um córrego da Fazenda Império. Nesse local,a mata tem feição de floresta estacionalsemidecidual, porém, nos trechos de soloalagado ao longo do córrego, é dominada porespécies indicadoras da umidade edáfica, comoXylopia emarginata (pindaíba) Croton urucurana(sangue-de-drago) e Callophylum brasiliense(landim). Esse fragmento de mata alagada,inserido em uma região dominada pelo cerrado,é circundado por vegetação de brejo e áreas deuso antrópico.

A diversidade de aves nos diferentes corposd’água está diretamente relacionada àdisponibilidade de recursos alimentares, àpresença e diversidade de vegetação aquática,à ocorrência de vegetação marginal e devegetação arbustiva/arbórea na borda, àprofundidade do corpo d’água e ao seu grau deisolamento e conservação.

Diversas espécies de aves aquáticas dependemde ambientes de água rasa, onde selocomovem e forrageiam, como garças,narcejas e batuíras. Já certas espécies sóocorrem em ambientes limnícolas que possuemvegetação aquática, como jaçanãs e frangosd’água. A presença de vegetação marginal éimportante para diversas espécies desaracuras. A existência de arbustos e árvoresnas margens do corpo d’água é essencial paramartins-pescadores, para a biguatinga e ogavião-caramujeiro. É a existência de uma ououtra característica que vai proporcionar ou nãoa colonização desses ambientes pelasdiferentes espécies de aves.

De toda a avifauna, cerca de 30% estão naLagoa do Sumidouro, sendo esse o maisimportante ambiente lacustre na APA. Dentre as39 espécies de aves aquáticas observadas, 26(67%) foram registradas na Lagoa doSumidouro, sendo que 8 (20% do total deespécies aquáticas) foram exclusivamentedetectadas nessa área. Incluem-se aí espéciescitadas anteriormente como o colhereiro (Ajaiaajaja), ameaçado de extinção no Estado deMinas Gerais e o maçarico-de-pernas-amarelas(Tringa flavipes), migrante do hemisfério norte.Além dessas, pode-se destacar o savacu(Nycticorax nycticorax), o carão (Aramusguarauna), a batuíra (Gallinago gallinago) e opernilongo (Himantopus himantopus).

A Lagoa do Sumidouro sofre uma variação muitogrande no nível da água ao longo do ano, entreas estações seca e chuvosa. Nos meses desetembro a novembro, auge do período seco einício do chuvoso, o nível de água alcança o seumínimo, deixando seca boa parte do espelhod’água. Nesses meses, a lâmina de água rasae pequena concentra os peixes e invertebradosaquáticos, atraindo diversas espécies de aveslimícolas. Essas aves pernaltas usufruem dosrecursos disponíveis. Com o início das chuvas,a lagoa volta a se encher e muitas dessasespécies deixam a área.

Durante a época das chuvas, inúmeras lagoastemporárias são formadas na região, e passama servir de local de pouso, alimentação ereprodução para algumas espécies de avesaquáticas, como a garça-branca-grande(Casmerodius albus), espécie mais comumenteencontrada nessas lagoas. Fato a destacar é aocorrência de reprodução do mergulhão-pequeno (Podiceps dominicus), na lagoatemporária da Mata Lagoa da Cauaia, ondeforam vistos casais com filhotes e ninhos.

Entretanto, essas lagoas temporáriasgeralmente não são freqüentadas por muitasespécies de aves aquáticas por não ofereceremrecursos alimentares suficientes para a atraçãoe sustento, além de freqüentemente nãopossuírem vegetação aquática nem vegetaçãomarginal.

5.13 - Outros ambientes

As pastagens são os ambientes mais comunsda área estudada, variando de totalmenteabertas a até pastos com vegetação emregeneração e pastos com árvores isoladas. Aspastagens mais abertas, de menorcomplexidade estrutural, suportam um menornúmero de espécies de aves, sendo aíobservados tinamídeos campestres como acodorna (Nothura maculosa), a perdiz(Rhynchotus rufescens) e o inhambu-chororó(Crypturellus parvirostris). Também o ui-pí(Synallaxis albescens) e o quero-quero(Vanellus chilensis).

As lavouras, são freqüentadas oportunis-ticamente por espécies de aves, muitas delasgranívoras, como alguns columbídeos eemberizídeos. Dentre os primeiros, destacam-se a rolinha (Columbina talpacoti) e a asa-

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branca (Columba picazuro). Tais espécieschegam a compor bandos de centenas deindivíduos, especialmente na época dasemeadura, tornando-se praga em muitasregiões (Sick, 1985). Os emberizídeos, como otiziu (Volatinia jacarina) e o baiano (Sporophilanigricollis), acompanham sazonalmente osperíodos de frutificação das gramíneas.

A presença de vegetação em regeneração e deárvores isoladas atrai grande número deespécies, pois os arbustos e árvores servemde local de pouso de descanso e observação,nidificação e forrageamento para diversasespécies como os anus (Crotophaga ani e Guiraguira), sabiá-do-campo (Mimus saturninus),joão-de-barro, joão-graveto (Phacellodomusrufifrons), além de diversas espécies defalconiformes e psitacídeos.

Tais pastos em regeneração e/ou com árvores,quando localizados próximos a remanescentesflorestais, constituem importante fonte derecursos para inúmeras espécies da mata e daborda, que usufruem esporadicamente da ofertaextra de alimento. Assim, espécies tais como osanhaçu-cara-suja (Tangara cayana), sabiá-barranqueiro (Turdus leucomelas) e o suiriri(Tyrannus melancholicus), são registradasnesse ambiente.

Algumas espécies de aves se adaptam à vidaem cidades, sendo as mais conhecidas o pardal(Passer domesticus) e a pomba-doméstica(Columba livia), restritas ao ambiente urbano.Porém, dependendo do grau de urbanização ede arborização das cidades, várias espéciespassam a freqüentá-las, sendo as mais comunsa cambaxirra (Troglodytes aedon), o bem-te-vi(Pitangus sulphuratus), o sanhaço-cara-suja(Thraupis sayaca) e o caga-sebo (Coerebaflaveola), dentre outras.

5.14 - Comparação da fauna atual com ado século passado

Cento e quinze espécies de aves registradaspor Lund, Reinhardt e Burmeister, na região deLagoa Santa no século passado, (Pinto, 1952)não foram detectadas neste estudo, sendopossível estabelecer-se um certo padrão parao declínio ou desaparecimento de muitas destasespécies, nos últimos 130 anos. Certos grupossão particularmente vulneráveis à fragmentaçãoe à degradação ambiental, destacando-se os

grandes frugívoros, as grandes aves de rapina,as espécies florestais especialistas e asespécies no limite de sua área de distribuição.Além desses, espécies dependentes de cerradoe ambientes aquáticos bem conservados,também declinaram ou desapareceram daregião.

Fragmentos pequenos provavelmente nãopossuem uma quantidade suficiente de frutosgrandes para sustentar grandes frugívoros(Willis, 1979). Assim, os fragmentos florestaisremanescentes não foram suficientes parasuportar populações do araçari-de-bico-branco(Pteroglossus aracari), tucano-de-bico-preto(Ramphastos dicolorus), do araçari-poca(Selenidera maculirostris), da araponga(Procnias nudicollis) e do pavó (Pyroderusscutatus), espécies consideradas comuns notempo de Lund e Reinhardt (Christiansen &Pitter, 1994).

Também as grandes aves de rapina, quedependem de áreas extensas paraforrageamento, já não são mais encontradas naregião, como o gavião-de-penacho (Spizaetusornatus), o gavião-relógio (Micrastursemitorquatus), o gavião-caburé (Micrasturruficollis) e o gavião-preto (Buteogallusurubitinga).

A intensa substituição do cerrado por pastagense culturas foi responsável pelo desaparecimentoe/ou declínio de pelo menos 16 espécies.Perfazendo 13,8% das espécies quedesapareceram da região, a maioria delastípicas do Cerrado (latu sensu), depende daexistência de áreas de cerrado em bom estadode conservação. Citam-se o tapaculo-de-colarinho (Melanopareia torquata), a cigarra-do-campo (Neothraupis fasciata), o mineirinho(Charitospiza eucosma), a bandoleta(Cypsnagra hirundinacea), o andarilho(Geobates poecilopterus) e o batuqueiro(Saltator atricollis).

Algumas das 14 espécies de aves aquáticas quenão foram mais registradas na área de estudossão de grande porte e/ou que executam grandesmigrações (jaburu - Jabiru mycteria, maguari -Euxenura maguari, trinta-reis-anão - Sternasuperciliaris, batuituçu - Pluvialis dominica,dentre outras). Com a urbanização e adeterioração da qualidade da água de váriaslagoas, bem como do entorno delas, muitas

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espécies, principalmente as migratórias, nãomais utilizam essas áreas em suas rotas demigração. Outras espécies aquáticas depen-dem não só da boa qualidade da água, mastambém da existência de vegetação marginal,que lhes serve de abrigo e local de forra-geamento.

Áreas de transição entre dois biomas geralmentecontêm espécies que estão no limite de suadistribuição, sendo mais susceptíveis aextinções locais resultantes da fragmentação dehábitat (Terborgh & Winter, 1980 in Christiansen& Pitter, 1994). A área estudada é uma regiãode transição entre a Mata Atlântica e o Cerradoe algumas das espécies que desapareceram(ou declinaram) são de distribuição atlântica(araçari-de-bico-branco, araçari-poca, tovaca -Chamaeza sp., araponga, tangará-dançarino -Chiroxiphia caudata e o tangarazinho - Ilicuramilitaris).

Cabe salientar que algumas espécies não maisregistradas na área (13,8% do total), encontram-se com suas populações em declínio não só naregião estudada, mas em todo o Estado ealgumas até mesmo em toda a sua área dedistribuição. As espécies que se encontramincluídas na lista das ameaçadas de extinçãodo estado de Minas Gerais (COPAM, 1996) são:ema (Rhea americana), jaó-do-sul (Crypturellusnoctivagus), condorna-mineira (Nothura minor),jaburu, gavião-de-penacho, uru (Odontophoruscapueira), pararu (Claravis godefrida), sabiá-cica (Triclaria malachitacea), cuitelão(Jacamaralcyon tridatyla), pica-pau-rei(Campephilus robustus), andarilho, galito(Alectrurus tricolor), araponga, pavó, curió(Oryzoborus angolensis), capacetinho-do-oco-do-pau (Poospiza cinerea) e canário-chapinha(Sicalis flaveola).

Além dessas, certas espécies não maisregistradas já eram raras ou incomuns noséculo passado (Reinhardt, 1870 in Pinto, 1952).Exemplo típico é o bacurau-do-banhadoEleothreptus anomalus, cujo único registro paraa região em todos os tempos é o de Reinhardtop.cit.. Além dessa espécie, citam-se tambéma coruja-preta (Ciccaba huhula), a mãe-da-lua-parda (Nyctibius aethereus), o gavião-relógio(Micrastur semitorquatus) e o socó-boi(Tigrisoma lineatum), dentre outros.

Deve-se destacar que a falta de registro paraalgumas espécies, foi devido à amostragem,

especialmente daquelas espécies de hábitoscrípticos, cuja detecção em campo requer maioresforço amostral.

Dentre as espécies registradas, 62 não estãopresentes na lista elaborada a partir dosregistros históricos. Cerca de 20 % são típicasde áreas abertas e vêm ampliando sua área dedistribuição com a expansão dessas áreas, emfunção principalmente de atividades antrópicas(Sick 1985; Alvarenga, 1990). Provavelmente, aextensão de áreas abertas no passado não erasuficiente para permitir a ocorrência de muitasdestas espécies campestres, ou elas ocorriamem pequenas populações. À medida que asmatas e outras formações vegetais de maiordensidade foram substituídas por áreas abertas,espécies como o anu-preto (Crotophaga ani), apolícia-inglesa (Sturnella superciliaris) ou osabiá-do-campo (Mimus saturninus) tornaram-se comuns na região.

Um exemplo marcante de espécie que não haviasido registrada nos estudos históricos é o docanário-do-mato (Basileuterus flaveolus),espécie das mais comuns atualmente nasmatas amostradas. Entretanto, Christiansen &Pitter (1994) encontraram cada vez maiorespopulações dessa espécie à medida que, osfragmentos tornavam-se menores, indicandoque, talvez no passado, com maiores extensõesde áreas florestadas, as populações do canário-do-mato deveriam ser pequenas, podendopassar desapercebidas.

Cabe salientar que algumas dessas espéciesforam coletadas por Reinhardt no município deSete Lagoas (Pinto, 1952) e por estar muitopróximo à Lagoa Santa, novas coletas nãoteriam sido realizadas.

Ao se comparar as espécies de mamíferosregistradas neste trabalho com as registradas porLund (1935), algumas considerações devem serfeitas. Neste estudo foram registradas 42espécies que representam, aproximadamente,40% das espécies registradas por Lund. As or-dens proporcionalmente menos representadassão exatamente as de maior número de espécies,como os roedores e quirópteros. Esses gruposnecessitam de grande esforço de coleta para quese possa abranger a totalidade de espécies emuma região e talvez o esforço amostral tenha sidoinsuficiente, já que nesses grupos o registro deespécies se dá exclu-sivamente através decapturas e os registros efetuados por Lund foram,em sua maioria, a partir de fósseis.

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Carterodon sulcidens, espécie descrita porLund, tendo como localidade-tipo Lagoa Santa,foi recentemente enquadrada na categoria de“Ameaçada-provavelmente extinta” na lista dasespécies ameaçadas de extinção da fauna doEstado de Minas Gerais (COPAM, 1996), umavez que não existe nenhum registro atual paraa espécie.

Os carnívoros também tiveram poucosregistros, principalmente os de grande porte.Espécies de hábito semi-aquático, anteriormenteregistradas por Lund, como a lontra (Lontralongicaudis) e a ariranha (Pteronurabrasiliensis), são consideradas ameaçadas deextinção devido à destruição de seus hábitats eà poluição das águas (Fonseca et al., 1994),também não foram registrados.

O cachorro-do-mato-vinagre (Speothosvenaticus), espécie descrita por Lund na regiãode Lagoa Santa, já era citada como rara (Lund,1935), e hoje se encontra na categoria de“Ameaçada - provavelmente extinta” no Estadode Minas Gerais (COPAM, 1996).

Apesar da alteração antrópica na paisagemnatural da região, todas as espécies de primatasregistradas por Lund persistem até hoje na APA,mesmo sendo espécies dependentes dehábitats florestais.

5.15 - Aspectos do uso da vegetação pelapopulação

Alguns dos moradores mais antigos da regiãotêm amplo conhecimento das plantas, de seususos, sua distribuição conforme o tipo de solo ede seu potencial de crescimento. Esse saberpode ser de grande importância não só paraum resgate histórico da relação da populaçãocom a flora regional, mas também comosubsídio para projetos de manejo e recom-posição da vegetação.

O primeiro entrevistado, Sr. Jerônimo GregórioAlves, mora junto à entrada da Fazenda Planaltoda Jaguara. Residente na região há 45 anos,ele conhece bem a flora local. Raizeiro indicadopor muitos habitantes da região, busca remédiosno “mato” (matas) e principalmente no “campo”(cerrado) onde, segundo ele, os remédios sãomais comuns. Conhece diferentes formas depreparação dos remédios, como vários chás,além de garrafadas com cerveja e vinho branco(“a garrafada é boa porque um remédio ajuda ooutro”). Segundo ele, “há cada vez menos gente

que usa planta como remédio, mas continuasendo bom para os pobres”.

Com freqüência, ele indica remédios para apopulação local, comercializando-os em pe-quena escala. Seus remédios ainda são encon-trados com relativa facilidade, não conhecendonenhum que tenha desaparecido nos últimos anos.

Para o Sr. Jerônimo, “quase todo mato tem umserventuário para alguma coisa, a gente quepode não saber...”

As espécies desconhecidas ou sem indicaçãode uso são tratadas por “ramos bravos” eeventualmente fornecem lenha. Além dasplantas utilizadas como remédio, existem asusadas como alimento pelo gado, como afaveira (Dimorphandra mollis), algumasfrutíferas apreciadas pela fauna como o murici(Byrsonima sp.), o mandacaru (Cereus sp.) e abanana-de-sagui (Phyllodendron sp.), as plantas“para enfeitar ”, como as orquídeas (“imbés”) ebromélias (“parasitas”), e as que podem serutilizadas no cardápio diário da população, comoo ora-pro-nobis (Pereskia aculeata).

Outro morador entrevistado foi o Sr. AntônioPacheco (Antônio Côco), residente emMocambeiro e funcionário da Fazenda Peri-Peri.Também mora na região há mais de 40 anos,tendo amplo conhecimento das espécies daflora local. É bastante indicado na região como“conhecedor das plantas e remédios do mato”.Busca remédios no mato (matas), emcascalheiras (plantas ruderais), no campo(cerrados) e baixadas (brejos). É procuradopelas pessoas mais pobres ou por aquelas quenão tiveram êxito usando remédios de farmácia.Recentemente, não encontrou uma planta quefoi buscar na Jaguara, o que constitui um indíciode que algumas espécies podem estar setornando escassas. Segundo ele, uma dasrazões para isso são os curiosos que vêm, porexemplo, em busca de orquídeas, “enchem osaco de plantas e levam para vender”.

Sobre o uso da vegetação pela população, eleconta que muitas árvores eram procuradas pordiversos motivos, como a canafístula ou faveira(Peltophorum dubium), que fornece madeirapara confecção de tábuas, o açoita-cavalo(Luehea sp.) para fazer cabos de machado emuitas outras.

Como o Sr. Jerônimo, o Sr. Antônio Pachecosepara os remédios “frescos” dos “quentes”, que

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muitas vezes podem ser usados combinados.Pode-se fazer doce, açúcar ou garrafada dequalquer raiz. Demonstrando ter uma noçãointuitiva de aspectos médicos e fisiológicos, eleexplica em uma linguagem extremamenteexpressiva que “o rim e a bexiga são irmãos. Abexiga está ligada no rim, que está ligado nofígado, e tudo está ligado no coração. Oremédio fazendo bem para um, melhora oresto”.

A terceira entrevistada foi Maria da ConceiçãoAparecida de Brito, a Preta, que reside no bairroda Lua em Matozinhos e é vendedora ambulantede ervas medicinais em Pedro Leopoldo. Jovemde 29 anos, procedente de Belo Horizonte, estáhá apenas cinco anos na região. Seuconhecimento das espécies da flora local aindaé restrito. Aprendeu com um amigo, usaespécies locais e outras, já sendo conhecidaem Pedro Leopoldo como raizeira. Segundo ela,

“há uma procura razoável de remédios pelapopulação local”...

Através dessas entrevistas e de váriasconversas informais pela região, pode-se notarque, ao mesmo tempo em que os “raizeiros”são conhecidos, cada vez mais eles tendem ase tornar apenas um folclore regional. Iniciativasde registrar, difundir e aprofundar esseconhecimento são raras e esparsas. A herançados conhecimentos dentro da família já não éum processo natural. Assim, é de extremaimportância, tanto pelos motivos científicosquanto pelos históricos e culturais, que seestabeleça um programa de resgate dosconhecimentos populares sobre a vegetação.

Os dados levantados com essas pessoas estãosistematizados no anexo 29, onde se encontrao nome popular, nome científico e uso atribuídoà planta.

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As tendências gerais observadas a partir doestudo florístico e fitossociológico foram:

• a presença de algumas poucas espécies compopulações muito abundantes, exibindo umaelevada densidade e/ou dominância. Taisespécies são em geral de expressiva área dedistribuição no Brasil;

• grande número de espécies representadas porpopulações rarefeitas por unidade de área,embora com expressiva área de distribuiçãono País. Essas espécies caracterizam bemas florestas tropicais e, embora não sejamraras, em geral ocorrem com baixa densidadenos estudos fitossociológicos;

• espécies com populações restritas em termosfitogeográficos, mas por vezes com elevadaimportância fitossociológica no local (ex:Acosmium cardenasii);

• espécies biologicamente raras, compopulações e áreas de distribuição restritasa uma ou outra parte da APA, dependendomuitas vezes da formação vegetal e de seuestágio de conservação.

A maioria das espécies não está igualmentedistribuída pelos fragmentos, sendo que osomatório da diversidade se faz representar aolongos das diferentes formações vegetais daAPA. A análise da similaridade entre osambientes permite concluir que podem serdiferenciados por sua composição florística efaunística.

Cada formação vegetacional nativa (matasemidecídua, decídua, cerrado e transiçãomata/cerrado) apresenta uma comunidadebiológica peculiar, aspecto que torna importantea representatividade desses ambientes, no

zoneamento proposto. Dado o padrão dedistribuição das espécies, salienta-se que aconservação da biodiversidade regional só serápossível mediante a manutenção de todos oselementos componentes da paisagem.

Em uma abordagem em escala dos ambientesespecíficos, inferindo sobre o papel dasdiferentes formações vegetais na manutençãoda fauna da região, os estudos realizadosindicam as matas estacionais semideciduaiscomo especialmente relevantes. Nelas sãoregistradas as maiores riquezas de espéciesde aves e mamíferos.

Os componentes da flora e fauna detectadosindicam um padrão onde se fazem representartanto o bioma Cerrado como a Mata Atlântica,o que denota o aspecto de transição de biomasno qual se insere a APA.

Além da riqueza e diversidade de espécies,vários outros parâmetros relacionados àscaracterísticas físicas das matas (tamanho,forma, proximidade entre elas, distâncias dascidades, proximidade de rios) conspiram paraa escolha da região norte da APA como principalcorredor de vida silvestre. Encontram-se aírepresentadas as variadas formações vegetais(como as matas estacionais semideciduais,áreas de transição mata-cerrado, cerrado e asmatas estacionais deciduais) e algunsdos melhores remanescentes de vegetaçãonativa.

A parte sul da APA é a mais urbanizada,entretanto nela existe também um importantefragmento de mata pertencente à Infraero. Emconsideração ao tamanho, à qualidade dehábitat e pelo fato de já ser uma área protegida,torna-se a principal área de proteção à vidasilvestre na região sul da APA.

6 - CONCLUSÕES

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A avaliação qualitativa e quantitativa da flora eda fauna possibilitou a proposição dos tipos deuso e a seleção das áreas prioritárias paraconservação, apresentadas no itemzoneamento. Contudo, é de extremaimportância que a APA, como um todo, seja alvode programas que irão favorecer a implantaçãodessas áreas de conservação e conduzir aevolução do uso do solo regionalmente, nosentido da compatibilização da presençaantrópica com a manutenção da qualidadeambiental.

Nesse sentido, são sugeridos programas quevisam esclarecer padrões encontrados no atualestudo e que poderão auxiliar no monitoramentoda qualidade ambiental da região:

1. Educação ambiental: considerado prioritárioe imprescindível para que moradores eproprietários compreendam que são “parceiros”e “atores” fundamentais para o sucesso daspropostas do zoneamento. Partindo dopressuposto de que a APA é apenas uma áreaplanejada, cada habitante ou visitante deveráser informado e mobilizado para atitudes eposturas menos impactantes e mais harmônicascom o meio.

2. Programa de levantamento dos limites depropriedade e de toda a legislação a que cadauma está sujeita, para possibilitar a fiscalizaçãoe cumprimento das leis. Esse deverá atuartambém como um programa de comunicação econscientização ambiental, através do qual cadaproprietário será estimulado a definir (ourecuperar) suas áreas de reserva legal epreservação permanente, em consonância comas áreas propostas pelo zoneamento.

3. Programa de monitoramento da vegetação:acompanhar a evolução dos remanescentes devegetação nativa através de visitas anuais eentrevistas periódicas com moradores eproprietários para detectar suas práticas demanejo, suas dificuldades etc. Além disso,através do uso de espécies bioindicadoras, fazeruma avaliação do estado de conservação dasáreas, processos de reabilitação de áreasdegradadas, efeitos de atividades introduzidascomo o ecoturismo, por exemplo.

4. Programa de divulgação e estímulo aossistemas agroflorestais, definidos como formas

7 - RECOMENDAÇÕES DE FUTURAS ATIVIDADES

de manejo de pastagens e sistemas agrícolasque conciliem espécies arbóreas, nativas ouexóticas, plantas colonizadoras e as culturascomerciais de ciclo anual (Copijn, 1987;Goetsch, 1995). Na região, os cultivos podemser em forma de “alley cropping”, que é o plantioou a manutenção de fileiras de espéciesarbóreas alternadas com o cultivo de lavourasherbáceo-arbustivas, como de forma mista,onde o sistema agrícola se assemelha a umecossistema florestal, com as plantas cultivadas(herbáceas, arbustivas e arbóreas)entremeadas com as espécies nativas,ocupando todos os microambientes. Aimplantação desses agroecossistemasobjetivam a otimização dos recursos (nutrientes,espaço e luminosidade) e o controle de pragas,mantidas em limites toleráveis graças àexistência de cadeias ecológicas, sem acarretarprejuízo para as plantas cultivadas. O aumentoda complexidade desse sistema permite odesenvolvimento de plantas de interessecomercial sem a necessidade de uso deinsumos químicos, como adubos e pesticidas,aumentando sua sustentabilidade e reduzindoseu impacto sobre o ambiente.

No caso da Zona-Tampão, poderiam serplantadas espécies de grande valor madereirocomo a aroeira, jacarandás, roxinho, ipês,eucaliptos; e de valor alimentício como o café,pequi, araticum, pinha, caju, côco, goiaba,mamão, banana, laranja, além do milho, feijão,arroz, sorgo, abacaxi, capim, etc, que ocupariamapenas a primeira fase do processo. O plantioseria feito em áreas definidas, onde sepromoveria uma intensa ciclagem da biomassa.

No caso da pecuária extensiva, pode-se usarpastagens arborizadas, que amenizam oimpacto ambiental causado pelos sistemasagropecuários convencionalmente utilizados.Um exemplo, seria o pasto da Fazenda Império,que se mostra altamente produtivo emgramíneas e é completamente ocupado porpequizeiros (Caryocar brasiliensis), importantefonte alimentar e econômica para a população,principalmente para a camada de baixa renda.O enriquecimento dessas pastagens comleguminosas arbóreas aumentaria adisponibilidade de nutrientes para as gramíneas,pela decomposição das folhas e fixação denitrogênio pelos rizóbios, e diversificaria a

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alimentação do gado, com o incremento de fontede proteína.

Enfim, existem inúmeros consórcios quepoderiam ser executados, conciliando espéciesnativas e exóticas no objetivo de se criaragroecossistemas complexos, viáveiseconomicamente e que formariam verdadeiroscorredores de ligação entre as matas nativas,definidas como Zonas-Núcleo.

5. Programa de prevenção de acidentesofídicos. Visando a prevenção de acidentes comanimais peçonhentos, principalmente serpentes,o que é necessário devido à presença deespécies conhecidamente perigosas para ohomem, como Crotalus durissus, Bothropsneuwiedi, Micrurus frontalis e Micruruslemniscatus, aliado ao fato de a população localnão ter conhecimento das diferenças entre asespécies perigosas e as não-perigosas. Alémdisso, a vocação para visitação pública poderáacarretar um aumento no número de acidentespor animais peçonhentos justificando, dessaforma, a implantação de programas e açõespreventivas.

As metas deste programa são: conscientizar apopulação local e “visitantes” sobre medidas aserem tomadas para se evitar acidentes poranimais peçonhentos, ensinando ascaracterísticas básicas para a identificação dasespécies potencialmente perigosas; divulgar asmedidas a serem tomadas em caso de acidente;cadastrar os principais postos de saúde e pontosde atendimento de urgência; elaborar folhetos,cartazes e cartilhas explicativos a seremdistribuídos em campanhas educativas nascidades e áreas de visitação pública.

A preparação, implantação e execução desteprograma deverá envolver instituições deconhecida experiência na área de prevenção etratamento de acidentes envolvendo animaispeçonhentos, tais como Secretaria Estadual deSaúde, Secretaria Metropolitana de Saúde deBelo Horizonte e Hospital João XXIII.

6. Programa de monitoramento de fauna:

• Continuidade de inventários faunísticos,especialmente nas áreas onde foramdetectadas as maiores riquezas de espécies(Mata Castelo da Jaguara, Mata VargemComprida, Mata Lagoa da Cauaia),objetivando monitorar as variações na riqueza

e composição da fauna, decorrentes,principalmente, de recente fragmentação.

• Programa para investigação do efeito dasazonalidade nas matas estacionaisdeciduais sobre as comunidades demamíferos. Embora muito pouco sejaconhecido sobre as variações nos tamanhospopulacionais de mamíferos na regiãoNeotropical, estudos realizados na AméricaCentral sugeriram que os recursosalimentares variam ao longo do ano (vejavários trabalhos em Leigh et al., 1982),especialmente em locais onde as chuvas sãorestritas a poucos meses do ano, como emmatas semi-caducifólias como asencontradas na APA. A duração do presenteestudo não permitiu a geração de dadossuficientes para analisar os efeitos dasazonalidade nas flutuações populacionaisdas espécies, oscilações que podem serdeterminantes de processos de extinçõeslocais. Deve-se destacar que muito dadificuldade em estabelecer padrões eprocessos, em ecologia de populações ecomunidades de mamíferos, deve-se àbrevidade dos estudos e esse programasugere a continuação em longo prazo.Mamíferos são animais que, em geral,necessitam de grandes áreas e têm um longotempo de geração, sendo necessáriosestudos abrangendo grandes áreas e delonga duração para se entender a dinâmicapopulacional das espécies.

• Programa para o monitoramento do colhereiro(Ajaia ajaja), espécie considerada ameaçadade extinção no estado de Minas Gerais.Outros estudos sobre essa espécie na Lagoado Sumidouro, onde foi detectada, sãoessenciais para o conhecimento da utilizaçãoda região e, conseqüentemente, para adeterminação de ações que visem assegurara sua sobrevivência.

Além das recomendações definidas acima, aserem realizadas dentro da APA, é de grandeimportância a execução de programas noentorno da APA, objetivando a perpetuação daintegridade, a manutenção da biodiversidaderegional e, conseqüentemente, do nível dequalidade de vida de suas populações. Taisprogramas devem incluir:

1. identificação de fragmentos relevantes paraa conservação da biodiversidade regional,

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localizados fora dos limites da área. Taisremanescentes existentes no entorno da APApodem funcionar como fonte colonizadora efavorecer a conexão entre fragmentos,aumentando assim seu valor na conservaçãoda fauna e flora locais;

2. realização de inventários florístico efaunísticos complementares no entorno da APA,com o objetivo de detectar espécies que nãoforam observadas na APA, e determinar asrazões de sua não-ocorrência;

3. identif icação de remanescentes devegetação nativa no entorno da APA quepossam funcionar como ligação entre as áreaspropostas como zona-núcleo e outrasáreas protegidas da região, especialmente

em direção ao Parque Nacional da Serra doCipó;

4. identificação de fontes de poluição potencialque se localizem fora da APA e que possamcomprometer a sua integridade, e a elaboraçãode propostas para a minimização dos impactosantrópicos oriundos de fora da APA-Carste;

5. identificação de áreas prioritárias para amanutenção da integridade das Zonas-Núcleo.Parte das Zonas-Núcleo localizada nos limitesda APA não está completamente circundada porZonas-Tampão e, desta forma, é aconselhávela detecção das áreas e atividades limítrofes,essas com o objetivo de propor e incentivaratitudes que permitam a manutenção de suaintegridade.

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

86

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ANEXOS

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ANEXO ILista das espécies vegetais amostradas por família e ambiente.

APA Carste de Lagoa Santa. Setembro/1995 a março/1996

Page 152: Download Arquivo

III

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Acanthaceae Justicia sp.1 XJusticia sp.2 X

Ruellia cf. geminiflora X X

Ruellia cf. gracisans

Ruellia sp. X

Anacardiaceae Astronium fraxinifolium gonçalo-alves X X X

Astronium graveolens gonçalo-alves X X

Astronium sp. gonçalo-alves X X

Myracrodruon urundeuva aroeira X X X

Tapirira guianensis pau-pombo X X

Annonaceae Annona coriacea araticum X

Annona crassiflora araticum X

Annona tomentosa X X X

Guatteria cf. nigrensis pindaíba-preta

X

Guatteria vilosissima pindaíba X X

Rollinia laurifolia pindaíba X

Rollinia silvatica araticum X X X

Xylopia aromatica pimenta-de-macaco

X X

Xylopia emarginata pindaíba-do-brejo

X

Annonaceae 1 X

Annonaceae 2 X

Annonaceae 3 X

Annonaceae 4 X

Annonaceae 5 X

Apocynaceae Aspidosperma cf. ramiflorum peroba X

Aspidosperma cylindrocarpum peroba X

Aspidosperma polyneuron peroba X X

Aspidosperma ramiflorum peroba X

Aspidosperma sp.1 pereiro X X

Aspidosperma sp.2 X

Aspidosperma tomentosum pereiro X X X X

Rhodocalyx rotundifolium X

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

Page 153: Download Arquivo

cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Temnadenia violacea X

cf. Mandevilla sp. X

cf. Tabernaemontana sp. X X

Apocynaceae 1 X

Aquifoliaceae Ilex sp.1 X

Ilex sp.2 X

Araceae Anthurium sp. antúrio X

Asterostigma sp. X

Araliaceae Didymopanax macrocarpum mandiocão X X

Didymopanax morototoni morototó X X

Sciadodendron excelsum carobão X X

Arecaceae Acrocomia aculeata macaúba X

cf. Arecastrum romanzoffianum X

Aspleniaceae Asplenia douglasii samambaia X

Asplenia formosum samambaia X

Begoniaceae Begonia sp. begônia X

Bignoniaceae Anamopaegma acutifolia X

Cybistax antissyphilitica X

Jacaranda mIcrantha caroba X

Jacaranda sp. caroba X

Macfadyena unguis-cati X

Perianthomega sp. X

Sparatosperma leucanthum cinco-folhas X X

Tabebuia avellanedae ipê-rosa X

Tabebuia caraiba ipê-amarelo X

Tabebuia ochracea pau-d’arco X X

Tabebuia serratifolia ipê-amarelo X X

Tabebuia sp.1 ipê X X

Tabebuia sp.2 ipê X

Tabebuia sp.3 ipê

Tabebuia sp.4 Ipê X

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

IIII

Page 154: Download Arquivo

IV

cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Zehyera montana bolsa-de-pastor

X

Bignoniaceae 1 X

Bignoniaceae 2 X

Bignoniaceae 3 X

Bignoniaceae 4 X

Bignoniaceae 5 X

Bombacaceae Chorisia speciosa paineira X X X

Eriotheca gracilipes embirucu-branco

X X

Eriotheca sp.1 embiruçu X

Pseudobombax sp.1 X

Pseudobombax sp.2 X

Pseudobombax sp.3 X

Bombacaceae 1 X

Boraginaceae Tournefortia sp. X

Boraginaceae 1 X

Bromeliaceae Dyckia sp. bromélia X

Tillandsia sp. bromélia

Bromeliaceae 1 bromélia X

Burseraceae Protium heptaphyllum armesca X X X

Cactaceae Cereus sp. mandacaru X X

Opuntia brasiliensis palma X X X

Rhipsalis cf. baccifera X

Capparaceae Cleome spinosa mussambê X

Caricaceae Jacaratia spinosa jaracatiá X

Caryocaraceae Caryocar brasiliense pequi X X

Cecropiaceae Cecropia glaziowii embaúba-vermelha

X

Cecropia pachystachia embaúba X X X

Celastraceae Maytenus cf. pseudocasearia X

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

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cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Maytenus cf. robusta X

Maytenus gonoclada X

Maytenus ilicifolia X X

Maytenus salicifolia X X X

Maytenus sp.1 X

Maytenus sp.2 X

Plenckia polpunea marmelo-do-campo

X X

Salacia cf. micrantha X

Salacia sp. X

Chrysobalanaceae Licania octandra cachaça X X X

Clusiaceae Callophyllum brasiliensis landim X

Kielmeyera cf. corimbosa pau-santo X

Kielmeyera coriacea pau-santo X

Kielmeyera petiolaris X

Vismia cf. micrantha lacre X X

Vismia cf. passiflora lacre X

Vismia sp.1 lacre

Clusiaceae 1

Cocholospermaceae Cochlospermum regium X

Combretaceae Terminalia argentea capitão-do-campo

X

Terminalia brasiliensis mussambé X X

Terminalia cf. phaeocarpa capitão X X X

Terminalia sp. X X

Commeliaceae Commelina sp. trapoeraba X

Tradescantia cf. elongata X

Compositae Aspilia sp. X

Baccharis cf. retrusa alecrim X

Eremanthus erythropappa candeia X

Eremanthus glomerulatus candeia X

Eremanthus sphaerocephalus candeia X

Eupatorium sp. X

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

V

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VI

cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Mikania sp.1 X

Mikania sp.2 X

Piptocarpha rotundifolia macieira X

cf. Vernonia sp. X

Compositae 1 X

Compositae 2 X

Compositae 3 X

Compositae 4 X

Connaraceae Connarus cf. suberosus X X

Costaceae Costus subsessilis X

Monocostus sp. X

Convolvulaceae Ipomoea sp. campainha X

Convolvulaceae 1 X

Cucurbitaceae Cayaponia sp. X

Wilbrandia sp. X

Cunoniaceae Lamanonia ternata salgueiro-do-mato

X

Cyperaceae Rhynnchospora sp. X

Dileniaceae Curatella americana sambaíba X

Davilla rugosa sambaibinha X

Doliocarpus dentatus X

Dioscoriaceae Dioscorea sp. X

Elaeocarpaceae Sloanea monosperma ouriço X

Equisetaceae Equisetum sp. X

Erythroxylaceae Erythroxyllum campestre mercúrio-do-campo

X

Erythroxyllum citrifolium X

Erythroxylum daphnites X

Erythroxylum sp.1 X

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

Page 157: Download Arquivo

cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Erythroxylum sp.2

Erythroxylum sp.3 X

Erythroxylum sp.4 X

Erythroxylum sp.5 X

Erythroxylum sp.6 X X

Erythroxylum sp.7 X

Erythroxylum sp.8 X

Erythroxylum sp.9 X

Erythroxylum sp.10 X

Erythroxylum sp.11 X

Erythroxylum sp.12 X

Erythroxylum sp.13 X

Erythroxylum sub-racemosum X X X

Erythroxylum suberosum X

Erythroxylum tortuosum X

Euphorbiaceae Acalypha cf. communis X

Acalypha sp.1 X

Acalypha sp.2 X

Alchornea cf. iricurana tapiá

Alchornea triplinervia tapiá X

Croton urucurana sangue-de-drago

X

Croton sp.1 X

Croton sp.2

Croton sp.3 X

Croton sp.4 X

Euphorbia cf. heterophylla

Jatropha urens urtiga X X

Mabea fistulifera canudo-de-pito

X X

Manihot cf. pedicellaris madioca-brava

X X

Manihot tripartita mandioca-brava

X

Pera glabrata X

Pera leandri X

Phyllanthus cf. acuminata X X

Ricinus communis mamona X

Sapium cf. glandulatum leiteiro X

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

VII

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VIII

cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Sapium sellowiana leiteiro

Sebastiania sp. X X

Euphorbiaceae 1 X

Flacourtiaceae Casearia arborea pindaíba rabode bandeira

X X X

Casearia cf. decandra espeto X X

Casearia cf. gossypiosperma espeto X X

Casearia sylvestris erva-de-lagarto

X X

Casearia sp.1 X

Casearia sp.2 X

Casearia sp.3 X

Casearia sp.4 X

Casearia sp.5 X

Casearia sp.6 X X

Gesneriaceae Siningia cf. allagophylla X

Graminae Olyra sp. X

Icacinaceae Emmotum nitens X

Labiatae Hyptis cana X

Lauraceae Nectandra sp.1 canela-amarela

X

Nectandra sp.2 canela X X

Ocotea cf. acutifolia canela X

Ocotea cf. bicolor canela X X

Ocotea cf. puberula canela X X X

cf. Ocotea aciphylla canela X X

cf. Ocotea bicolor canela X X

Phyllostemonodaphnegeminiflora

canela X X

Lauraceae 1 canela X

Lauraceae 2 canela X

Lauraceae 3 canela X

Lauraceae 4 canela X

Lauraceae 5 canela X

Lauraceae 6 canela X

Lauraceae 7 canela X

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

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cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Lauraceae 8 canela X

Lecythidaceae Cariniana estrellensis jequitibá-branco

X

Leguminosae - Bauhinia cf. rubiginosa pata-de-vaca

Caesalpinoideae Bauhinia holophylla pata-de-vaca X

Bauhinia longifolia paca-de-vaca X

Bauhinia pulchella miroró X

Bauhinia sp.1 X

Bauhinia sp.2 X X

Bauhinia sp.3 X

Cassia ferruginea canafístula X

Copaifera langsdorffii pau-d’óleo X X X X

Dimorphandra mollis favela X

Holocalyx balansae alecrim-de-campinas

X X X

Melanoxylon brauna braúna X

Peltophorum dubium farinha-seca X X X X

Sclerolobium aureum camboatá X

Sclerolobium paniculatum camboatá X

Senna macranthera fedegoso X

Senna multijuga aleluia/farinha-seca

X

Senna silvestris fedegoso X

Senna sp.1 X X

Leguminosae - Acacia cf. paniculata arranha-gato X

Mimosoideae Acacia polyphylla angico-de-espinho

X X

Albyzia hasslerii angico-branco

X

Albyzia polycephala angico-branco

X X

Anadenanthera peregrina angico-vermelho

X X X

Enterolobium cf.contortisitiquum

tamboril X

Enterolobium gummiferum tamboril X

Enterolobium sp. tamboril X

Inga edulis ingá X

Inga sp.1 ingá X

Inga sp.2 ingá

Mimosa sp. X

Parapiptadenia sp. angico X X

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

IX

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X

cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Platymenia foliolosa vinhático X

Platymenia reticulata vinhático X X

Sthryphnodendron adstringens barbatimão X

Leguminosae- Mim. 1 X

Leguminosae - Acosmium cf. cardenasii alecrim X X

Papilionoideae Acosmium dasycarpum unha-d’anta X

Bowdichia virgiliodes sucupira X X

Centrolobium tomentosum araribá X X

Dalbergia miscolobium jacarandá X X

Dalbergia nigra jacarandá-cabiúna

X X

Deguelia costata roxinho X X

Erythrina mulungu mulungu X

Hymenaea courbaril jatobá X

Hymenaea stgonocarpa jatobá X X X

Machaerium brasiliense jacarandá-de-sangue

X X

Machaerium cf. lanceolatum X X X

Machaerium hirtum X X

Machaerium nyctitans X

Machaerium opacum jacarandá X X

Machaerium scleroxylon pau-ferro X X

Machaerium stipitatum X X

Machaerium villosum jacarandá X X X

Platycyamus regnelii folha-de-bolo X X

Platymiscium pubescens roxinho X X

Platypodium elegans jacarandá-branco

X X

Swartzia flaemingii X X

Swartzia sp.1 X

Sweetia fruticosa sucupira-amarela

X X X

Leguminosae-Pap.1 X

Leguminosae-Pap.2 X

Leguminosae-Pap.3 X

Leguminosae-Pap.4 X

Liliaceae Alstroemeria sp. X

Herreria salsaparilla X

Liliaceae 1 X

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

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cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Loganiaceae Strichnos brasiliensis X

Strichnos pseudoquina quina X

Loranthaceae Struthanthus sp.

Lythraceae Lafoensia pacari pacari X

Malpighiaceae Banisteriopsis anisandra cipó-prata X

Banisteriopsis cf. pubipetala X

Banisteriopsis malifolia X

Banisteriopsis sp. X

Byrsonima coccolobifolia murici X

Byrsonima crassa murici X

Byrsonima intermedia murici X X

Byrsonima sp.1 murici X

Byrsonima sp.2 murici X

Byrsonima verbascifolia murici X

Dicella bracteosa X

Heteropteris sp.1 X

Heteropteris sp.2 X

Peixotoa sp. X

Pterandra pyroidea X

Tetrapteris sp. X

Malpighiaceae 1 X X

Malpighiaceae 2 X

Malvaceae Bastardiopsis densiflora louro-branco X X

Maranthaceae Calathea cf. sellowii calatéia X X

Melastomataceae Miconia albicans pixirica X X X

Miconia cf. stenostachia X X

Miconia ibaguensis X

Miconia macrothyrsa X

Miconia pericarpa X

Miconia sp.1 X X

Miconia sp.2 X

Miconia sp.3 X

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XI

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XII

cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Miconia sp.4

Miconia sp.5 X

Meliaceae Cabralea sp. canjerana X X

Cedrela cf. odorata cedro X X

Cedrela fissilis cedro X

Guarea guidonia taúba X

Guarea sp.1 taúba X

Guarea sp.2 X

Trichilia catigua catiguá X X

Trichilia clausseni catiguá-vermelho

X X

Trichilia pallida taúba-branca X X X

Trichilia sp.1 X X

Trichilia sp.2 X

Monimiaceae Siparuna guianensis folha-santa X X X

Moraceae Brosimum gaudichadii mama-cadela X

Dorstenia cf. bryoniaefolia X X

Ficus cf. obtusifolia gameleira X

Ficus doliaria gameleira X X

Ficus velutina gameleira

Maclura tinctoria moreira X X

Myrsinaceae Cybianthus sp.1 X X

Cybianthus sp.2 X

Myrsine cf. tomentosa capororoca X

Myrsine ferruginea canela-bucho-de- boi

X X

Myrsine umbellata capororoca X

Myrsine venosa capororoca X

Myrsine sp. X

Myrtaceae Blephanocalyx salicifolia X

Calycorectes acutifolius X

Calyptranthes brasiliensis X

Calyptranthes lucida X X

Campomanesia adamantium X X

Campomanesia pubescens X X X

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

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cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Campomanesia sp.1 X

Campomanesia sp.2 X

Eugenia aurata X X

Eugenia brasiliensis X X X

Eugenia desynterica cagaita X X

Eugenia florida jabuticaba-da-mata

X X

Eugenia sp.1 X

Eugenia sp.2 X X

Eugenia sp.3 X X

Gomidesia cf. crocea X

Myrcia cf. floribunda X

Myrcia rostrata folha-miúda X X X

Myrcia rufipes X X

Myrcia tomentosa X X

Myrcia variabilis X

Myrcia sp.1 X

Myrcia sp.2 X

Myrciaria cf. floribunda jabuticaba X X

Myrciaria cuspidata X X

Myrciaria sp.1 X X

Psidium firmum X X

Psidium sp.1 X

Psidium sp.2 X

Psidium sp.3 X

Psidium sp.4 X

cf. Calycorectes sp. X

cf. Marlieria sp. X

Myrtaceae 1 X X

Myrtaceae 2 X

Myrtaceae 3 X

Myrtaceae 4 X

Myrtaceae 5 X X

Myrtaceae 6 X X

Myrtaceae 7 X X

Myrtaceae 8 X

Myrtaceae 9 X

Myrtaceae 10 X

Myrtaceae 11 X

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XIII

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cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Myrtaceae 12 X

Myrtaceae 13 X

Myrtaceae 14 X

Myrtaceae 15 X

Myrtaceae 16 X

Myrtaceae 17 X X

Myrtaceae 18 X

Myrtaceae 19 X

Myrtaceae 20 X

Myrtaceae 21 X

Myrtaceae 22 X

Nyctaginaceae Guapira opposita X

Neea theifera X

Pisonia noxia X

Pisonia sp.1 X

Nyctaginaceae 1 X X

Nyctaginaceae 2 X

Nymphaeaceae Nymphoides humboldttiana

Ochnaceae Ouratea castanaefolia X

Ouratea floribunda X

Ouratea cf. palicifolia X

Ouratea cf. puberula X

Onagraceae LudwIgia cf. erecta X

Ludwigia cf. elegans

Ludwigia cf. pilosa X

Ludwigia sp.

Orquidaceae Brassanola sp. ?? orquídea X

Oxidium pumilum orquídea X

Pleorothallis sp. orquídea X

Trichocentrum sp. orquídea X

Vanilla sp. baunilha X

Oxalidaceae Oxalis hirsutissima X

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XIV

Page 165: Download Arquivo

cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Oxalis sp.1 X

Oxalis sp.2 X

Oxalis sp.3

Oxalis sp.4 X

Passifloraceae Passiflora sp. maracujá

Piperaceae Peperomia sp.1 X

Peperomia sp.2 X

Piper aduncum jaborandi X

Piper amalago pimenta-de-morcego

X

Piper sp.

Piperaceae 1 X

Polygalaceae Bredemeyera floribunda X

Polygala cf. violacea X

Polygonaceae Polygonum cf. hispidum

Polygonum punctatum

cf. Rumex sp. X

Triplaris sp. X X

Polypodiaceae Polypodium polypodioides var.minus

X

Proteaceae Euplassa sp. X

Roupala brasiliensis carne-de-vaca

X

Roupala montana carne-de-vaca

X

Pteridaceae Adiantum sp. X

Adiantum tetraphyllum X

Doryopteris concolor X

Hemionitis tomentosa X

Pityrogramma calomelanos

Pityrogramma trifoliata

Rhamnaceae Gouania sp. cipó-de-fogo X X

Rhamnidium elaeocarpum sóbrasil X X

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XV

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cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Rosaceae Prunus sellowi pessegueiro X

Rubiaceae Amaioa intermedia marmelada X X X

Borreria sp. X

Coussarea cf. hydrangeifolia X

Duroia sp. X X X X

Genipa americana genipapo X

Geophylla repens X

Guettarda cf. pohliana X X

Guettarda sp. X X

Guettarda viburnoides angélica X X

Ixora venulosa X

Landenbergia cf. hexandra X

Paicourea sp. X

Palicourea rigida gritadeira X

Psychotria capitata X

Psychotria cathagenensis

Psychotria cf. lupulina X

Psychotria florestana X

Psychotria sp.1 X

Psychotria sp.2 X

Psychotria sp.3 X

Randia armata X X

Remijia ferruginea X

Rudgea viburnoides congonha-de-bugre

X

Simira sampaioana X

Tocoyena formosa

Rubiaceae 1 X X

Rubiaceae 2 X X

Rubiaceae 3 X

Rubiaceae 4 X X

Rubiaceae 5 X

Rubiaceae 6 X

Rubiaceae 7 X

Rubiaceae 8 X

Rutaceae Dictyoloma incanescens mamoninha X X X

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XVI

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cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Esenbeckia febrifuga X

Galipea jasminiflora X

Lithraea molleoides X

Pilocarpus spicatus X

Zanthoxylum cf. petiolare maminha-de-porca

X X

Zanthoxylum rhoifolium maminha-de-porca

X X X

Zanthoxylum riedelianum maminha-de-porca

X X

Sapindaceae Allophyllus cf. edulis X

Allophyllus sericea baga-de-morcego

X

Cardiospermum sp.1 X

Cardiospermum sp.2 X

Cupania vernalis camboatá X X X

Dillodendron bipinnatum maria-mole X X X

Magonia pubescens tingui X

Matayba guianensis camboatá X X X

Paullinia elegans X

Paullinia sp. X

Serjania cf. coronata cipó-timbó X

Serjania fruscifolia X

Serjania sp. X

Sapindaceae 1 X X

Sapotaceae Chrysophyllum cf. marginata X X

Chrysophyllum gonocarpum X

Pouteria cf. ramiflora catuá X X

Sapotaceae 1 X

Schizaeaceae Anemia phyllitidis samambaia X

Anemia sp. samambaia X

Ligodium cf. venustrum samambaia X

Solanaceae Solanum americanum X

Solanum cf. caerulum X

Solanum sp.1 X X

Solanum sp.2 X

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XVII

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cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Sterculiaceae Guazuma ulmifolia mutamba X X X

Helicteris sacarolha sacarrolha X

Sterculia chicha chichá X X

Styracaceae Styrax camporum canela-poca X

Tholypteridaceae Tholypteris interrupta samambaia X

Tholypteris serrata samambaia X

Tholypteris sp. samambaia X

Thymalaeaceae Daphnopsis sp. imbira X

Thyphaceae Typha dominguensis taboa X

Tiliaceae Luehea divaricata açoita-cavalo X

Luehea grandiflora açoita-cavalo X

Luehea paniculata açoita-cavalo X

Luehea sp. açoita-cavalo X

Tiliaceae 1 X

Tropaellaceae Tropaellum sp. X

Ulmaceae Celtis brasiliensis X X

Trema micrantha candiúba X

Urticaceae Boehmeria caudata X

Urera baccifera urtiga X X X

Urtica sp. X

cf. Urera X

Verbenaceae Aegiphylla sellowiana papagaio X X

Aloysia virgata lixeira X X

Lantana brasiliensis X X

Vitex polygama tarumã X X

Vitaceae Cissus erosa X

Cissus serroniana X

Cissus verticillata X

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XVIII

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cont.

FAMÍLIA ESPÉCIE nome vulgar Flor. E.Semid.

Flor. E.Decid.

Trans.Mat/Cer

Cerrado Aflor.Calcar.

Brejos

Vochysiaceae Callisthene dryadium X X X

Qualea grandiflora pau-terra X X

Qualea multiflora pau-terra X X

Qualea parviflora pau-terrinha X

Qualea sp.1 X

Qualea sp.2 X

Qualea sp.3 X

Qualea sp.4 X X

Qualea sp.5 X

Vochysia cinnamomea X

Vochysia ferruginea X

Vochysia rufa X

Vochysia tucanorum pau-de-tucano

X

Não identificadas 5 24 4 8

Flor. E. Semid. - Floresta Estacional SemidecidualFlor. E. Decid. - Floresta Estacional DecidualTrans. Mat/Cer - Transição Mata/CerradoAflor. calcar. - Afloramentos calcários

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XIX

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ANEXO IILista das espécies de ofídios registradas na APA Carste de Lagoa Santa, MG.

Setembro/1995 a março/1996

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FamíliaEspécie

Nome vulgar Pontos de amostragem

C J P E L M F A G O

BoidaeBoa constrictor jibóia V I I

ColubridaeChironius carinatus cobra-cipó X X

Drymoluber brazili cobra-cipó X

Leptodeira annulata dormideira X X X

Liophis poecilogyrus cobra-d’água X X X

Mastigodryas bifossatus jararacussu-do-brejo

I X I I

Oxyrhopus guibei falsa-coral X X X X

Philodryas olfersi cobra-verde X

Philodryas patagoniensis cobra-d’água X

Phimophis iglesiasi X

Sibynomorphus mikani jararaquinha-de-jardim

X X X

Waglerophis merremii xatadeira X X X X

ElapidaeMicrurus frontalis* coral-verdadeira X X X

Micrurus lemniscatus* coral-verdadeira V

ViperidaeBothrops neuwiedi* jararaca-do-rabo-

brancoX X

Crotalus durissus* cascavel X X X X X X X X X

* espécies venenosas

Áreas trabalhadas:C - Fazenda Cauaia J - Fazenda Castelo da JaguaraP - Fazenda Poções E - Fazenda Peri-PeriL - Fazenda da Lapinha M - Lagoa dos MaresF - Fazenda Cerca Grande A - Aeroporto Internacional Tancredo NevesG - Fazenda Girassol O - Fazenda Império

X - ColetaI - InformaçãoV - Visualização

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XXI

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ANEXO IIILista das espécies de aves registradas na APA Carste de Lagoa Santa, MG.

Setembro/1995 a março/1996

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ORDEM/FAMÍLIA Espécie Nome vulgar Áreas Ambientes Hábito

TINAMIFORMESTINAMIDAE Crypturellus parvirostis inhambu-chororó J, I, A, Q, S p caCrypturellus tataupa inhambu-xitã C, I, Q m flRhynchotus rufescens perdiz J, I p caNothura maculosa codorna-comum p ca

PODICIPEDIFORMESPODICIPEDIDAE Podiceps dominicus mergulhão-pequeno J, C a aqPodilymbus podiceps mergulhão S a aq

PELECANIFORMESPHALACROCORACIDAE Phalacrocorax olivaceus biguá J, I, S a aq

ANHINGIDAE Anhinga anhinga biguatinga J a aq

CICONIIFORMESARDEIDAE Ardea cocoi socó-grande S a aqCasmerodius albus garça-branca-grande J, I, S a aqEgretta thula garça-branca-pequena I, S a aqButorides striatus socozinho J, S a aqBubulcus ibis garça-vaqueira S a aqSyrigma sibilatrix maria-faceira C, S a aqNycticorax nycticorax savacu S a aq

THRESKIORNITHIDAE Phimosus infuscatus tapicuru-de-cara-pelada S a aqAjaia ajaja colhereiro S a aq

ANSERIFORMESANATIDAE Dendrocygna viduata* irerê I, S a aqDendrocygna autumnalis* marreca-de-asa-branca I, S a aqAmazonetta brasiliensis ananaí I, S a aqCairina moschata pato-do-mato I a aq

FALCONIFORMESCATHARTIDAE Sarcoramphus papa urubu-rei C vCoragyps atratus urubu-comum J, I, A, S v

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XXIII

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cont.

ORDEM/FAMÍLIA Espécie Nome vulgar Áreas Ambientes Hábito

ACCIPITRIDAE Elanus leucurus peneira p, s caLeptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza J m flRosthramus sociabilis caramujeiro J a aqButeo magnirostris* gavião-carijó J, C, I, P, A, Sm, d, c boHeterospizias meridionalis gavião-caboclo C p ca

FALCONIDAE Herpetotheres cachinnans* acauã J, I, A t boMilvago chimachima carrapateiro J, C, I, A, Q t, p, s caPolyborus plancus caracará J, I, P, A, Q, St, p, s caFalco sparverius quiriquiri P p ca

GALLIFORMESCRACIDAE Penelope superciliaris jacupemba I, C, A, Q m, t fl

GRUIFORMESARAMIDAE Aramus guarauna* carão S a aq

RALLIDAE Rallus nigricans saracura-sanã J, I, A a aqAramides cajanea três-potes A a aqAramides saracura saracura-do-mato I a aqPorzana albicollis sanã-carijó I a aqGallinula chloropus* frango-d'agua-comum J, S a aqPorphyrula martinica* frango-d'agua-azul a aq

CARIAMIDAE Cariama cristata seriema J, C, I, P, Q p, s ca

CHARADRIIFORMESJACANIDAE Jacana jacana* jaçanã J, S a aq

CHARADRIIDAE Vanellus chilensis quero-quero J, C, I, A, Q, S a, p caCharadrius collaris* batuíra-de-coleira S a aq

SCOLOPACIDAE Tringa flavipes maçarico-de-perna-amarela I, S a aqGallinago gallinago batuíra S a aq

RECURVIROSTRIDAE Himantopus himantopus pernilongo S a aq

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XXIV

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cont.

ORDEM/FAMÍLIA Espécie Nome vulgar Áreas Ambientes Hábito

COLUMBIFORMESCOLUMBIDAE Columba picazuro* asa-branca J, C, I,P,A,Q,S p, s caColumba livia pombo-doméstico uZenaida auriculata avoante p, s caColumbina talpacoti rolinha J, I, P, S p, s, u caClaravis pretiosa pomba-de-espelho C p boScardafella squammata* fogo-apagou J, I, P, Q, S p, s caLeptotila verreauxi juriti J, C, I,P,A,Q,S m, t, d bo

PSITTACIFORMESPSITTACIDAE Aratinga leucophthalmus periquitão-maracanã J, C, I,P,A,Q,S m, t, d boAratinga aurea periquito-rei J, C, I, Q, S m, t, d boPyrrhura frontalis tiriba-de-testa-vermelha C m flForpus xanthopterygius* tuim J, C, I, A, Q m, t, s boBrotogeris chiriri periquito-de-encontro-amarelo J, C, I,P,A,Q,S m, d, t, c boPionus maximiliani maitaca-bronzeada J, C, I, Q m, t boAmazona aestiva papagaio-verdadeiro J, C, I,P,A,Q,S m, t, d bo

CUCULIFORMESCUCULIDAE Coccyzus americanus* papa-lagarta-cinzento d boPiaya cayana* alma-de-gato J, C, I, P, A, Q m, t, c boCrotophaga ani* anu-preto J, I, P, A, Q, Ss caGuira guira anu-branco P, I, Q ,S s caTapera naevia saci J, C, I, S s bo

STRIGIFORMESTYTONIDAE Tyto alba* rasga-mortalha ca

STRIGIDAE Pulsatrix perspicillata murucututu C m flGlaucidium brasilianum caburé J, P m, d flAthene cunicularia* coruja-buraqueira J, P p, s ca

CAPRIMULGIFORMESCAPRIMULGIDAE Lurocalis semitorquatus* tuju C p caChordeiles sp bacurau C vNyctidromus albicollis curiango C, I, Q p caCaprimulgus rufus bacurau-pequeno C m fl

APODIFORMESAPODIDAE Streptoprocne zonaris andorinhão-de-coleira J, C vChaetura andrei* andorinhão-do-temporal J, C, I, A v

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XXV

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cont.

ORDEM/FAMÍLIA Espécie Nome vulgar Áreas Ambientes Hábito

TROCHILIDAE Phaethornis pretrei balança-rabo-de-sobre-amarelo J, C, P, A, Q m, t, d, c boPhaethornis ruber* besourinho-de-rabo-branco C, I, Q m flEupetomena macroura* tesourão J, I m, t, c boColibri serrirostris beija-flor-de-canto P d boChlorostilbon aureoventris besourinho-verde C, I, A m, t flAmazilia lactea beija-flor-de-peito-azul J, C, I, P, A, Q m, d, c bo

TROGONIFORMESTROGONIDAE Trogon surrucura surucuá-de-barriga-amarela J, C, I, P m, d fl

CORACIIFORMESALCEDINIDAE Ceryle torquata martim-pescador-grande S a aqChloroceryle amazona martim-pescador-verde J, A, S a aqChloroceryle americana* martim-pescador-pequeno J, I a aq

MOMOTIDAE Baryphthengus ruficapillus juruva J, C, I, P, Q m, t, d, c fl

PICIFORMESGALBULIDAE Galbula ruficauda ariramba-da-mata-virgem J, I, A, Q m, c fl

BUCCONIDAE Malacoptila striata joão-barbudo C a flNonnula rubecula macuru C a fl

RAMPHASTIDAE Ramphastos toco tucanuçu J, C, P, Q s bo

PICIDAE Picumnus cirratus* pica-pau-anão-barrado J, C, I, P, A,Q m, t, d flColaptes campestris* pica-pau-do-campo I, P, A, Q s caColaptes melanochloros* pica-pau-verde-barrado J, C, P, A m, t, d flDryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca J, P m, d flMelanerpes candidus pica-pau-preto-e-branco J, I, S s boVeniliornis passerinus pica-pauzinho-anão J, C, I, P, A m, s, c flCampephilus melanoleucus pica-pau-de-topete-vermelho I m, t fl

PASSERIFORMESFURNARIIDAE Furnarius figulus* casaca-de-couro-da-lama I s caFurnarius rufus* joão-de-barro P, A, Q, S s caSynallaxis frontalis cicli J, C, I, P, A,Q s, c boSynallaxis albescens* ui-pí I, A, S p, s caSynallaxis spixi* joão-tenenem A, Q c boCerthiaxis cinnamomea curutié J, I a aq

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XXVI

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cont.

ORDEM/FAMÍLIA Espécie Nome vulgar Áreas Ambientes Hábito

Phacellodomus rufifrons joão-graveto I, P, A, Q, S s caAnumbius annumbi* cochicho s caXenops rutilans* bico-virado-carijó J m flAutomolus leucophthalmus barranqueiro-do-olho-branco J, C, I, Q m, t flLochmias nematura capitão-da-porcaria J m flSittasomus griseicapillus* arapaçu-verde J, C, I, P m, d flDendrocolaptes platyrostris arapaçu-de-garganta-branca C, I m flLepidocolaptes angustirostris arapaçu-do-cerrado J, C, P m, t, d boLepidocolaptes fuscus* arapaçu-rajado C, I m fl

THAMNOPILIDAE Hypoedaleus guttatus chocão-carijó J m flTaraba major chororozão J, I, A, S m, t, c flThamnophilus caerulescens choca-da-mata C, I, P, A, Q m, t, d flThamnophilus sp choca ADysithamnus mentalis choquinha-lisa J, C, I, A, Q m, t flHerpsilochmus atricapillus chororozinho-de-chapéu-preto J, C, I, P, A,Q m, t, d flFormicivora serrana papa-formigas-da-serra C, I, A, Q m, t flPyriglena leucoptera borralhara C, A m fl

CONOPOPHAGIDAE Conopophaga lineata* chupa-dente C, I m fl

TYRANNIDAE Elaenia flavogaster* maria-já-é-dia J, I, A, Q, S t, c, s boElaenia obscura tucão I flMyiopagis viridicata* guaracava-de-orelhas J, C, I, P, A,Q m, t, d flCamptostoma obsoletum risadinha J, I, P,A m, t, d flPhyllomyias fasciatus piolhinho-verdoso J, C, I, P, Q,S m, t, d flLeptopogon amaurocephalus* cabeçudo J, C m flMyiornis auricularis miudinho J, C, I m flHemitriccus nidipendulus tachuri-campainha C, A m, t flTodirostrum plumbeiceps tororó A t boTodirostrum latirostre* ferreirinho I, A c boTodirostrum poliocephalum* ferreirinho J, C, I m, t boCorythopis delalandi estalador J, C, I, A m flPlatyrinchus mystaceus patinho C, I, A m flTolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta J, C, I, P, Q m, t, d flMyiophobus fasciatus filipe I c boLathrotriccus euleri* enferrujado J, C, I, P, A, Q m, t, d flContopus cinereus papa-moscas-cinzento J, I m boCnemotriccus fuscatus* guaracavuçu J, I, P, A, Q m, d flHirundinea ferruginea birro S caXolmis cinerea maria-branca S p, s caXolmis velata* noivinha-branca C, I p, s caSatrapa icterophrys suiriri-pequeno J m boMachetornis rixosus* bem-te-vi-do-gado I, S p, s caColonia colonus viuvinha J, C, I, A m, c boFluvicola nengeta* lavadeirinha-mascarada J, I, S a aq

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XXVII

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cont.

ORDEM/FAMÍLIA Espécie Nome vulgar Áreas Ambientes Hábito

Arundinicola leucocephala lavadeira-de-cabeça-branca J, S a aqCasiornis rufa gibão-de-couro C, I, Q m flMyiarchus tyrannulus* maria-cavaleira-rabo-enferrujado I, P, Q m, t, d boMyiarchus ferox maria-cavaleira J, I, P, A m, t, d boSirystes sibilator assobiador J, C, I m flMegarhynchus pitangua bem-te-vi-do-bico-chato J, C, I, P, A, Q m, t, d boPitangus sulphuratus bem-te-vi J, I, A, Q, S m, t, d,c boMyiozetetes similis bem-te-vizinho-penacho-vermelhoJ, C, I, P, A m, d, c boMyiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado J, C, I, P m, t, d boEmpidonomus varius* peitica J, I, P, A t, c boTyrannus melancholicus suiriri J, I, Q, S c boTyrannus albogularis suiriri-de-garganta-branca J s, c boTyrannus savana tesourinha J, C, A, S s, c caPachyramphus polychopterus* caneleirinho-preto C, P, A m, t flPachyramphus validus* caneleiro-de-chapéu-negro J, P m flTityra cayana anambé J, C, I m flNeopelma pallescens fruxu C, I, A, Q m, t flAntilophia galeata soldadinho J, C, I m, t fl

CORVIDAE Cyanocorax cristatellus* gralha-do-campo C, I, P, A s ca

HIRUNDINIDAE Phaeprogne tapera* andorinha-do-campo I, S v, uTachycineta leucorrhoa andorinha-de-sobre-branca I, S v, aNotiochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa C, P, I, S vStelgidopteryx ruficollis andorinha-serrador J, I, A, Q vStelgidopteyx fucata andorinha-morena C v, pHirundo rustica* andorinha-de-bando C v, p

TROGLODYTIDAE Donacobius atricapillus* assovia-cachorro J, I, A a aqTroglodytes aedon cambaxirra J, C, I, P, A c, s ca

TURDIDAE Turdus rufiventris* sabiá-laranjeira J, I m flTurdus amaurochalinus sabiá-poca J, C, A, Q m, t flTurdus leucomelas* sabiá-barranqueiro J, C, I, P, A,Q m, t, d,c fl

MIMIDAE Mimus saturninus* sabiá-do-campo I, A p, s ca

MOTACILLIDAE Anthus lutescens* caminheiro-zumbidor S p ca

VIREONIDAE Cyclarhis gujanensis pitiguari J, C, I,P,A,Q,S m, t,d, c flHylophilus poecilotis verdinho-coroado I, A, Q m, t flVireo chivi juruviara J, C, I, P m, t, d fl

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XXVIII

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cont.

ORDEM/FAMÍLIA Espécie Nome vulgar Áreas Ambientes Hábito

EMBERIZIDAE Parula pitiayumi mariquita J, C, I m, t, c boGeothlypis aequinoctialis pia-cobra I s caBasileuterus hypoleucus pichito J, C, I, P, A,Q m, t, d flBasileuterus flaveolus* canário-do-mato J, C, I, P, A,Q m, t, d flDacnis cayana saí-azul J, C, I, A m, t, c boCoereba flaveola caga-cebo J, C, I, A, Q,S m, t, c boConirostrum speciosum figuinha-de-rabo-castanho J, C, P m, d boHemithraupis ruficapilla saíra-da-mata J, C, I, P m, t, d flNemosia pileata saíra-mascarada J, I, P m, t, d boTangara cayana sanhaço-cara-suja J, C, I, P, A,Q m, t, d,c boEuphonia chlorotica vi-vi J, C, I, Q m, t, d,c boTersina viridis* saí-andorinha J, I, P, A, Q m, t, d boThraupis sayaca sanhaço-cinzento J, I, P, A, Q m, t, d,c boSchistochlamys ruficapillus bico-de-veludo Q c boCompsthraupis loricata carretão c boSturnella superciliaris* polícia-inglesa S p caAgelaius ruficapillus* garibaldi J,I a aqGnorimopsar chopi pássaro-preto C, I, P, A, Q,Ss caMolothrus bonariensis rola-bosta J, S p, s caCacicus haemorrhous* guaxo J, C, I, Q m, t flSaltator similis trinca-ferro J, C, I, A, Q m, t, c flCyanocompsa brissoni azulão I s, c caVolatinia jacarina tiziu I, A s, c caSporophila lineola bigodinho s caSporophila nigricollis baiano I s, c caSporophila bouvreuil caboclinho-frade I s caArremon flavirostris tico-tico-do-mato-bico-amarelo C, A, Q m flZonotrichia capensis tico-tico J, I, Q p, s caAmmodramus humeralis canário-rasteiro I, A s caEmberizoides herbicola canário-do-campo I s caSicalis luteola canário-tipío S s caCoryphospingus pileatus tico-tico-rei C, I, P, A m, t, d,c bo

FRINGILLIDAE Passer domesticus pardal u

Observações:

A lista segue a ordem sistemática de Schauensee (1982) para os não-passeriformes e de Ridgely & Tudor(1989, 1994) para os passeriformes. Os nomes vulgares estão de acordo com Sick (1985).

Não há código específico para registros dentro dos limites da APA, mas fora das áreas de amostragem.

* - espécies que não foram registradas na região nos estudos do século passado (Pinto, 1952)

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XXIX

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Códigos das áreas de amostragem:J - Fazenda Castelo da JaguaraC - Fazenda CauaiaI - Fazenda ImpérioP - Poções (Soeicom)A - InfraeroQ - Quinta do SumidouroS - Lagoa do Sumidouro

Códigos dos ambientes:m - mata estacional semidecidual (interior e borda)d - mata estacional decidualc -capoeira e bordat - transição cerrado/matas -pasto sujo, com vegetação em regeneração e pasto com árvores isoladasp -pastagens, campos e áreas abertas em gerala - ambientes aquáticos (lagoas, rios, brejos e adjacências)v - ambiente aéreou - ambiente urbano

Código dos tipos de hábitos:fl - florestalbo - de bordaca - campestreaq - aquático

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XXX

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ANEXO IVLista das espécies de pequenos mamíferos (roedores, marsupiais e morcegos)

e mamíferos de médio-grande porte observados direta (captura) ou indiretamente(vocalizações, pegadas, etc.) nas diferentes áreas estudadas da APA Carste de

Lagoa Santa, MG. Setembro/1995 a março/1996

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ÁREASEspécie Nome vulgar Cauaia Império Infraero Castelo Outras

Horta LagoaMARSUPIALIAMicoureus demerarae cuíca X XMarmosops incanus cuíca X X XGracilinanus agilis cuica X X XDidelphis albiventris gambá-de-

orelha-brancaX X X X

EDENTATADasypus sp. tatu EEuphractus sexcintus tatu-peba E

CHIROPTERACarolia perspicilllata morcego X X X X PPlathyrrhinus lineatus morcego X X XArtibeus jamaicensis morcego X X PArtibeus lituratus morcego XVampiressa pusilla morcego X XDesmodus rotundus morcego-

vampiroX X X X X

Glossophaga soricina morcego X P, CGMolossus molossus morcego XMyotis nigricans morcego XMesophylla macconnelli morcego X

PRIMATESCallithrix penicillata mico-estrela * V *, V, E X* V * V * VCebus apella macaco-prego *, ECallicebus personatus guigó, sauá VAlouatta fusca bugio, barbado *, V, E V

CARNIVORALycalopex vetulus raposinha E JCerdocyon thous cachorro-do-

mato*

Procyon cancrivorus mão-pelada E P P, ENasua nasua coati E V, EConepatus semistriatus jaritataca EEira barbara irara *Panthera onca onça-pintada EPuma concolor onça-parda E

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XXXII

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cont.Espécie Nome vulgar Cauaia Império Infraero Castelo Outras

Horta LagoaARTIODACTYLATayassu sp. porco-do-mato * EMazama gouazoubira veado-

catingueiro*

Mazama sp. veado E V

RODENTIATrichomys apereoides punaré, rabudo X X * SProechimys sp. rato-do-mato X X XRhipidomys mastacalis rato-do-mato X X XOligoryzomys sp. rato-do-mato X X XOryzomys subflavus rato-do-mato X XCalomys tener rato-do- mato X X XHidrochaerishydrochaeris

capivara P

Sciurus aestuans caxinguelê * * SAgouti paca paca E

LAGOMORPHASylvilagus brasiliensis tapeti, coelho * J

X - Espécie capturada P - Poções* - Espécie visualizada J - JaguaraV - Vocalização S - SumidouroP - PegadasE - Entrevista

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XXXIII

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ANEXO VEspécies amostradas na Mata Lagoa da Cauaia e alguns de seus

parâmetros fitossociológicos. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)

Acosmium cardenassi 204.00 80.00 11.71 8.85 4.42 29.07 42.34Trichilia catigua 372.00 100.00 1.91 16.15 5.52 4.74 26.41Eugenia brasiliensis 220.00 100.00 1.44 9.55 5.52 3.57 18.64Psidium sp.3 84.00 60.00 2.56 3.65 3.31 6.35 13.31Machaerium cf. lanceolatum 128.00 90.00 0.96 5.56 4.97 2.38 12.91Myrcia sp.1 128.00 80.00 0.53 5.56 4.42 1.32 11.30Myrciaria floribunda 124.00 70.00 0.45 5.38 3.87 1.11 10.36Holocalyx balansae 32.00 60.00 1.75 1.39 3.31 4.35 9.06Myrtaceae 1 104.00 60.00 0.48 4.51 3.31 1.20 9.03Phyllostemonodaphne geminiflora 28.00 50.00 1.88 1.22 2.76 4.67 8.65Sloanea monosperma 12.00 20.00 2.75 0.52 1.10 6.83 8.45Psidium sp.1 48.00 80.00 0.25 2.08 4.42 0.63 7.13Trichilia sp.1 48.00 60.00 0.46 2.08 3.31 1.15 6.55Deguelia costata 44.00 40.00 0.78 1.91 2.21 1.94 6.06Centrolobium tomentosum 16.00 20.00 1.39 0.69 1.10 3.44 5.24Acacia polyphylla 20.00 40.00 0.81 0.87 2.21 2.01 5.09Nectandra sp.2 24.00 30.00 0.92 1.04 1.66 2.29 4.99Opuntia brasiliensis 48.00 30.00 0.28 2.08 1.66 0.69 4.43Astronium graveolens 28.00 40.00 0.22 1.22 2.21 0.55 3.97Randia armata 20.00 30.00 0.05 0.87 1.66 0.12 2.64Bombacaceae 1 8.00 20.00 0.40 0.35 1.10 1.00 2.45Erythroxyllum sp.6 12.00 30.00 0.03 0.52 1.66 0.07 2.25Swartzia sp.2 8.00 20.00 0.23 0.35 1.10 0.57 2.03Chorisia speciosa 16.00 20.00 0.08 0.69 1.10 0.21 2.01Trichilia clausseni 16.00 20.00 0.07 0.69 1.10 0.18 1.98Terminalia sp. 8.00 10.00 0.37 0.35 0.55 0.93 1.83Blenophanocalyx salicifolia 4.00 10.00 0.41 0.17 0.55 1.01 1.74Cupania vernalis 8.00 20.00 0.05 0.35 1.10 0.13 1.58Myrciaria sp.1 8.00 20.00 0.03 0.35 1.10 0.07 1.52Machaerium stipitatum 4.00 10.00 0.26 0.17 0.55 0.65 1.38NI 28 4.00 10.00 0.26 0.17 0.55 0.64 1.37NI 30 4.00 10.00 0.25 0.17 0.55 0.63 1.35Tabebuia sp.1 4.00 10.00 0.24 0.17 0.55 0.58 1.31

NI 26 8.00 10.00 0.15 0.35 0.55 0.37 1.27Campomanesia pubescens 8.00 10.00 0.12 0.35 0.55 0.30 1.20Platycyamus regnellii 4.00 10.00 0.18 0.17 0.55 0.46 1.18Aspidosperma cylindrocarpum 4.00 10.00 0.18 0.17 0.55 0.44 1.17Cecropia pachystachia 4.00 10.00 0.18 0.17 0.55 0.44 1.17Sciadodendron excelsum 8.00 10.00 0.11 0.35 0.55 0.26 1.16NI 31 4.00 10.00 0.15 0.17 0.55 0.37 1.09Campomanesia sp.1 4.00 10.00 0.14 0.17 0.55 0.35 1.08Eugenia aurata 8.00 10.00 0.05 0.35 0.55 0.13 1.03

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XXXV

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cont. ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI

(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)Trichilia pallida 4.00 10.00 0.12 0.17 0.55 0.29 1.02Chrysophyllum gonocarpum 8.00 10.00 0.04 0.35 0.55 0.10 1.00Maclura tinctoria 8.00 10.00 0.02 0.35 0.55 0.04 0.94Casearia sp.6 4.00 10.00 0.08 0.17 0.55 0.19 0.92NI 29 4.00 10.00 0.08 0.17 0.55 0.19 0.92

NI 27 4.00 10.00 0.06 0.17 0.55 0.15 0.87Lauraceae 7 4.00 10.00 0.06 0.17 0.55 0.14 0.87Casearia sylvestris 4.00 10.00 0.05 0.17 0.55 0.11 0.84Myrtaceae 14 4.00 10.00 0.04 0.17 0.55 0.09 0.82Calyptranthes lucida 4.00 10.00 0.04 0.17 0.55 0.09 0.82Aspidosperma polyneuron 4.00 10.00 0.03 0.17 0.55 0.08 0.80Peltophorum dubium 4.00 10.00 0.03 0.17 0.55 0.07 0.80Duroia sp. 4.00 10.00 0.02 0.17 0.55 0.05 0.77cf. Tabernaemontana sp. 4.00 10.00 0.02 0.17 0.55 0.05 0.77Guapira opposita 4.00 10.00 0.02 0.17 0.55 0.04 0.77Rubiaceae 1 4.00 10.00 0.02 0.17 0.55 0.04 0.76NI 3 4.00 10.00 0.01 0.17 0.55 0.02 0.74

cipós 252.00 100.00 1.01 10.94 5.52 2.51 18.98

indivíduos mortos 88.00 100.00 3.04 3.82 5.52 7.54 16.89

Dens. A (ind./ha) - densidade absoluta (indivíduos por hectare)Freq. A. (%) - frequência absolutaDom. A. (m2/ha) - dominância absoluta (metro quadrado por hectare)Dens. R. (%) - densidade relativaFreq. R. (%) - frequência relativaDom. R. (%) - dominância relativaIVI - índice de valor de importância

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XXXVI

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ANEXO VIAlguns parâmetros fitossociológicos do sub-bosque da Mata

Lagoa da Cauaia. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens. R.(%)

Freq. A. Freq. R(%)

Eugenia brasiliensis 26.58 80.00 17.98Myrciaria floribunda 17.72 60.00 13.48Myrcia sp 1 7.59 35.00 7.87Trichilia catigua 6.33 30.00 6.74Maytenus salicifolia 3.80 25.00 5.62Holocalyx balansae 4.43 20.00 4.49Randia armata 3.16 20.00 4.49Cipó 3.16 15.00 3.37Psidium sp 3 1.90 15.00 3.37Erythroxylum sp 8 1.90 10.00 2.25Annonaceae 5 1.27 10.00 2.25Nyctaginaceae 1 3.16 5.00 1.12Myrciaria cuspidata 1.90 5.00 1.12Acosmium cardenasii 1.27 5.00 1.12Psychotria sp 1 1.27 5.00 1.12Myrciaria tenella 0.63 5.00 1.12Cardiospermum sp 2 0.63 5.00 1.12NI 17 0.63 5.00 1.12NI 16 0.63 5.00 1.12Leguminosae 4 0.63 5.00 1.12Bauhinia longifolia 0.63 5.00 1.12Myrcia rostrata 0.63 5.00 1.12Myrciaria sp 1 0.63 5.00 1.12Bignoniaceae 3 0.63 5.00 1.12Serjania sp 0.63 5.00 1.12Rubiaceae 5 0.63 5.00 1.12Senna sp 1 0.63 5.00 1.12Aspidosperma polyneuron 0.63 5.00 1.12Platymiscium floribundum 0.63 5.00 1.12Paullinia sp 1 0.63 5.00 1.12Cereus sp 0.63 5.00 1.12Matayba guianensis 0.63 5.00 1.12

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XXXVIII

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ANEXO VIIEspécies amostradas na Mata Vargem Comprida e alguns de seus

parâmetros fitossociológicos. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)

Anadenanthera peregrina 36.00 50.00 4.94 2.31 2.79 13.20 18.31Casearia sylvestris 128.00 90.00 0.95 8.23 5.03 2.53 15.78Trichilia clausseni 132.00 70.00 1.06 8.48 3.91 2.83 15.22Platymiscium pubescens 36.00 50.00 3.77 2.31 2.79 10.08 15.19Myracrodruon urundeuva 48.00 50.00 2.95 3.08 2.79 7.87 13.75Sweetia fruticosa 68.00 40.00 1.94 4.37 2.23 5.17 11.78Eugenia aurata 84.00 50.00 0.75 5.40 2.79 2.01 10.20Senna sp.1 56.00 50.00 1.35 3.60 2.79 3.61 10.01Deguelia costata 56.00 40.00 1.36 3.60 2.23 3.64 9.47Dillodendron bipinatum 36.00 40.00 1.62 2.31 2.23 4.32 8.87Trichilia catigua 64.00 50.00 0.67 4.11 2.79 1.79 8.69Copaifera langsdorffii 40.00 40.00 1.39 2.57 2.23 3.71 8.52Tabebuia sp.1 48.00 40.00 1.02 3.08 2.23 2.72 8.04Swartzia sp.2 40.00 60.00 0.43 2.57 3.35 1.14 7.06Duroia sp. 48.00 40.00 0.47 3.08 2.23 1.24 6.56Platycyamus regnellii 12.00 30.00 1.15 0.77 1.68 3.06 5.51Rollinia silvatica 32.00 40.00 0.31 2.06 2.23 0.82 5.11Albyzia polycephala 24.00 40.00 0.47 1.54 2.23 1.27 5.04Centrolobium tomentosum 12.00 30.00 0.77 0.77 1.68 2.06 4.51Calyptranthes lucida 36.00 20.00 0.36 2.31 1.12 0.97 4.40Campomanesia pubescens 24.00 40.00 0.05 1.54 2.23 0.13 3.91Cupania vernalis 20.00 30.00 0.35 1.29 1.68 0.92 3.89Astronium graveolens 16.00 20.00 0.58 1.03 1.12 1.55 3.70Aspidosperma sp.1 12.00 20.00 0.64 0.77 1.12 1.72 3.61Bauhinia sp.2 20.00 30.00 0.19 1.29 1.68 0.51 3.47Rubiaceae 4 20.00 20.00 0.33 1.29 1.12 0.87 3.27Casearia cf. gossypiosperma 28.00 20.00 0.13 1.80 1.12 0.35 3.27Protium heptaphyllum 12.00 20.00 0.51 0.77 1.12 1.37 3.26Aspidosperma tomentosum 16.00 30.00 0.18 1.03 1.68 0.47 3.18Machaerium stipitatum 16.00 20.00 0.36 1.03 1.12 0.96 3.10Annonaceae 2 28.00 10.00 0.22 1.80 0.56 0.58 2.94Albyzia hasslerii 12.00 20.00 0.31 0.77 1.12 0.84 2.73Myrcia rostrata 12.00 30.00 0.05 0.77 1.68 0.14 2.59Luehea divaricata 8.00 20.00 0.33 0.51 1.12 0.88 2.51Chrysophyllum gonocarpum 4.00 10.00 0.53 0.26 0.56 1.40 2.22Machaerium villosum 8.00 20.00 0.18 0.51 1.12 0.47 2.10Guapira opposita 8.00 20.00 0.10 0.51 1.12 0.26 1.89Callisthene dryadum 8.00 20.00 0.08 0.51 1.12 0.21 1.84Didymopanax morototoni 8.00 20.00 0.07 0.51 1.12 0.20 1.83Ocotea cf. bicolor 4.00 10.00 0.36 0.26 0.56 0.97 1.79Casearia sp.2 8.00 20.00 0.06 0.51 1.12 0.15 1.78Siparuna guianensis 8.00 20.00 0.02 0.51 1.12 0.04 1.68

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XL

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cont. ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI

(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)Maclura tinctoria 4.00 10.00 0.29 0.26 0.56 0.78 1.60Annona tomentosa 8.00 10.00 0.17 0.51 0.56 0.46 1.54Guatteria cf. nigrensis 4.00 10.00 0.25 0.26 0.56 0.67 1.49Inga edulis 4.00 10.00 0.20 0.26 0.56 0.54 1.36Terminalia brasiliensis 8.00 10.00 0.10 0.51 0.56 0.26 1.33Cedrela fissilis 4.00 10.00 0.19 0.26 0.56 0.50 1.32Trema micrantha 4.00 10.00 0.16 0.26 0.56 0.43 1.24Guettarda virbunioides 8.00 10.00 0.05 0.51 0.56 0.14 1.22Guarea sp.1 4.00 10.00 0.14 0.26 0.56 0.38 1.20Platypodium elegans 4.00 10.00 0.14 0.26 0.56 0.37 1.19Nectandra sp.2 4.00 10.00 0.13 0.26 0.56 0.36 1.18Zanthoxylum riedelianum 4.00 10.00 0.09 0.26 0.56 0.23 1.05Tabebuia sp.4 4.00 10.00 0.07 0.26 0.56 0.18 1.00

Sapindaceae 1 4.00 10.00 0.04 0.26 0.56 0.11 0.93Psidium sp.2 4.00 10.00 0.04 0.26 0.56 0.10 0.92Xylopia aromatica 4.00 10.00 0.03 0.26 0.56 0.09 0.90Dalbergia nigra 4.00 10.00 0.03 0.26 0.56 0.09 0.90Erythroxylum daphnites 4.00 10.00 0.03 0.26 0.56 0.08 0.89NI 2 4.00 10.00 0.02 0.26 0.56 0.06 0.88Maytenus salicifolia 4.00 10.00 0.02 0.26 0.56 0.06 0.87Celtis brasiliensis 4.00 10.00 0.02 0.26 0.56 0.05 0.86Guatteria vilosissima 4.00 10.00 0.01 0.26 0.56 0.03 0.85Lauraceae 5 4.00 10.00 0.01 0.26 0.56 0.03 0.85Guazuma ulmifolia 4.00 10.00 0.01 0.26 0.56 0.02 0.84cf. Calycorectes sp. 4.00 10.00 0.01 0.26 0.56 0.02 0.84Allophyllus cf. edulis 4.00 10.00 0.01 0.26 0.56 0.02 0.83

ndivíduos mortos 64.00 80.00 1.58 4.11 4.47 4.22 12.80 cipós 40.00 60.00 0.24 2.57 3.35 0.64 6.56

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XLI

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ANEXO VIIIAlguns parâmetros fitossociológicos do sub-bosque na Mata da

Vargem Comprida. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens. R.(%)

Freq. A. Freq. R.(%)

Acacia sp 19.05 50.00 11.36Bignoniaceae 1 8.73 30.00 6.82Platymiscium pubescens 4.76 30.00 6.82Celtis brasiliensis 3.97 25.00 5.68Acacia polyphylla 5.56 20.00 4.55Bignoniaceae 2 4.76 20.00 4.55Casearia sylvestris 4.76 15.00 3.41Sweetia fruticosa 3.97 15.00 3.41Bauhinia sp 2 3.17 15.00 3.41Deguelia costata 2.38 15.00 3.41Araceae 2.38 15.00 3.41Cupania vernalis 2.38 15.00 3.41Sebastiania sp 3.97 10.00 2.27Piper amalago 2.38 10.00 2.27Paullinia sp 1 2.38 10.00 2.27Duroia sp 1.59 10.00 2.27Bignoniaceae 5 1.59 10.00 2.27Inga sp 1.59 10.00 2.27Ruellia sp 2.38 5.00 1.14Casearia cf.gossypiosperma 0.79 5.00 1.14Campomanesia sp 2 0.79 5.00 1.14Calycorectes sp 0.79 5.00 1.14Gouania sp 0.79 5.00 1.14Cucurbitaceae 0.79 5.00 1.14Erythroxylum sp 11 0.79 5.00 1.14Eugenia aurata 0.79 5.00 1.14NI 15 0.79 5.00 1.14Nectandra sp 2 0.79 5.00 1.14Machaerium stipitatum 0.79 5.00 1.14NI 14 0.79 5.00 1.14Allophylus sericea 0.79 5.00 1.14Rollinia silvatica 0.79 5.00 1.14Platypodium elegans 0.79 5.00 1.14Protium heptaphyllum 0.79 5.00 1.14Strichnos sp 0.79 5.00 1.14Trichilia catigua 0.79 5.00 1.14Senna sp 1 0.79 5.00 1.14Smilax sp 0.79 5.00 1.14Trichilia clausseni 0.79 5.00 1.14Platycyamus regnelli 0.79 5.00 1.14Aspidosperma tomentosum 0.79 5.00 1.14

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XLIII

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ANEXO IXEspécies amostradas na Mata do Castelo da Jaguara e alguns de seus

parâmetros fitossociológicos. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI(ind/ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)

Deguelia costata 120.00 70.00 2.76 6.68 3.48 8.92 19.08Platymiscium pubescens 64.00 40.00 2.97 3.56 1.99 9.59 15.14Casearia sylvestris 132.00 90.00 0.62 7.35 4.48 2.01 13.84Duroia sp. 132.00 60.00 1.06 7.35 2.99 3.41 13.75Myracrodruon urundeuva 52.00 60.00 2.40 2.90 2.99 7.75 13.63Acrocomia aculeata 40.00 30.00 2.36 2.23 1.49 7.64 11.36Luehea divaricata 48.00 70.00 1.44 2.67 3.48 4.65 10.81Eugenia aurata 80.00 50.00 0.67 4.45 2.49 2.17 9.11Galipea jasminiflora 92.00 50.00 0.34 5.12 2.49 1.11 8.72Rollinia silvatica 48.00 80.00 0.47 2.67 3.98 1.53 8.18Calyptranthes lucida 64.00 40.00 0.71 3.56 1.99 2.30 7.85Pelthophorum dubium 36.00 30.00 1.20 2.00 1.49 3.87 7.37Dilodendron bipinnatum 52.00 50.00 0.50 2.90 2.49 1.61 6.99Copaifera langsdorffii 20.00 20.00 1.24 1.11 1.00 4.00 6.11Machaerium angustifolium 16.00 30.00 0.99 0.89 1.49 3.19 5.57Machaerium villosum 20.00 40.00 0.51 1.11 1.99 1.64 4.74Roupala brasiliensis 40.00 30.00 0.25 2.23 1.49 0.81 4.53Senna multijuga 8.00 20.00 0.92 0.45 1.00 2.99 4.43Casearia sp.6 16.00 30.00 0.62 0.89 1.49 1.99 4.38Aspidosperma tomentosum 16.00 40.00 0.37 0.89 1.99 1.19 4.07Nectandra sp.2 8.00 20.00 0.78 0.45 1.00 2.52 3.96Sweetia fruticosa 20.00 30.00 0.37 1.11 1.49 1.21 3.82Astronium graveolens 20.00 40.00 0.19 1.11 1.99 0.61 3.71Maclura tinctoria 8.00 20.00 0.65 0.45 1.00 2.09 3.53Campomanesia pubescens 16.00 40.00 0.06 0.89 1.99 0.21 3.09Myrcia rufipes 20.00 30.00 0.10 1.11 1.49 0.33 2.94Myrcia rostrata 20.00 30.00 0.09 1.11 1.49 0.29 2.90Casearia cf. gossypiosperma 20.00 30.00 0.08 1.11 1.49 0.24 2.85Albyzia hasslerii 12.00 10.00 0.51 0.67 0.50 1.65 2.81Lauraceae 1 16.00 30.00 0.12 0.89 1.49 0.40 2.79Bauhinia longifolia 16.00 30.00 0.09 0.89 1.49 0.29 2.67Swartzia sp.2 20.00 20.00 0.13 1.11 1.00 0.44 2.54Anadenanthera peregrina 4.00 10.00 0.55 0.22 0.50 1.77 2.49Trichilia clausseni 12.00 30.00 0.07 0.67 1.49 0.23 2.39Casearia cf. decandra 12.00 30.00 0.05 0.67 1.49 0.15 2.31Tabebuia sp.1 8.00 10.00 0.41 0.45 0.50 1.32 2.27Cariniana estrellensis 4.00 10.00 0.47 0.22 0.50 1.51 2.23Guettarda virbunioide 12.00 20.00 0.10 0.67 1.00 0.34 2.00Tabebuia serratifolia 12.00 20.00 0.08 0.67 1.00 0.24 1.91Leguminosae-Pap. 2 4.00 10.00 0.36 0.22 0.50 1.18 1.90Dalbergia nigra 8.00 20.00 0.14 0.45 1.00 0.45 1.89Guapira opposita 12.00 20.00 0.07 0.67 1.00 0.22 1.88

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XLV

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cont. ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI

(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)Aspidosperma sp.1 12.00 20.00 0.06 0.67 1.00 0.19 1.85

Annonaceae 4 12.00 20.00 0.03 0.67 1.00 0.10 1.76Myrtaceae 7 16.00 10.00 0.05 0.89 0.50 0.18 1.57Machaerium stipitatum 8.00 20.00 0.02 0.45 1.00 0.07 1.51Psidium sp.3 8.00 20.00 0.02 0.45 1.00 0.06 1.50Casearia sp.1 8.00 10.00 0.09 0.45 0.50 0.30 1.24Melanoxylon brauna 8.00 10.00 0.07 0.45 0.50 0.22 1.17Aspidosperma polyneuron 4.00 10.00 0.14 0.22 0.50 0.44 1.16Campomanesia sp.2 8.00 10.00 0.05 0.45 0.50 0.15 1.09

NI 5 8.00 10.00 0.05 0.45 0.50 0.15 1.09NI 7 4.00 10.00 0.11 0.22 0.50 0.35 1.07Platycyamus regnellii 8.00 10.00 0.04 0.45 0.50 0.12 1.06Siparuna guianensis 8.00 10.00 0.02 0.45 0.50 0.06 1.00Zanthoxylum petiolare 4.00 10.00 0.08 0.22 0.50 0.25 0.97NI 6 4.00 10.00 0.04 0.22 0.50 0.13 0.85Platypodium elegans 4.00 10.00 0.04 0.22 0.50 0.13 0.85Protium heptaphyllum 4.00 10.00 0.03 0.22 0.50 0.11 0.83Casearia sp.2 4.00 10.00 0.03 0.22 0.50 0.09 0.81NI 32 4.00 10.00 0.02 0.22 0.50 0.07 0.79Calycorectes acutifolius 4.00 10.00 0.02 0.22 0.50 0.06 0.78Sciadodendron excelsum 4.00 10.00 0.02 0.22 0.50 0.06 0.78Ixora venulosa 4.00 10.00 0.02 0.22 0.50 0.06 0.78NI 8 4.00 10.00 0.02 0.22 0.50 0.05 0.77

NI 9 4.00 10.00 0.02 0.22 0.50 0.05 0.77Genipa americana 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.05 0.77Myrtaceae 17 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.04 0.76Maytenus ilicifolia 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.04 0.76Celtis brasiliensis 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.04 0.76NI 33 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.04 0.76Myrtaceae 5 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.04 0.76Eugenia florida 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.03 0.75

Lauraceae 6 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.03 0.75Myrciaria cf. floribunda 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.03 0.75cf. Calycorectes sp. 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.02 0.74Callisthene dryadum 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.02 0.74

cipó 116.00 80.00 0.49 6.46 3.98 1.58 12.02indivíduos mortos 100.00 100.00 1.41 5.57 4.98 4.55 15.09

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XLVI

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ANEXO XAlguns parâmetros fitossociológicos do sub-bosque da Mata do Castelo

da Jaguara. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens. R.(%)

Freq. A. Freq. R.(%)

Acacia sp 15.51 60.00 9.45Sweetia fruticosa 11.84 60.00 9.45Piper amalago 0.13 45.00 7.09Celtis brasiliensis 5.31 40.00 6.30Cipó 4.49 35.00 5.51Galipea jasminiflora 5.91 25.00 3.94Myrcia cf. rufipes 2.45 20.00 3.15Calisthene dryadum 1.63 20.00 3.15Bignoniaceae 1 3.67 15.00 2.36Deguelia costata 1.22 15.00 2.36NI 23 1.22 15.00 2.36Bauhinia longifolia 1.22 15.00 2.36Platymiscium pubescens 1.22 15.00 2.36Dalbergia nigra 2.04 10.00 1.57Casearia silvestris 1.63 10.00 1.57Gramineae 1.63 10.00 1.57Myrtaceae 7 0.82 10.00 1.57Araceae 0.82 10.00 1.57Duroia sp 0.82 10.00 1.57Maytenus salicifolia 0.82 10.00 1.57Anadenanthera peregrina 0.82 10.00 1.57Guapira opposita 1.22 5.00 0.79Myrcia rostrata 1.22 5.00 0.79Cayaponia sp 0.82 5.00 0.79Casearia cf. decandra 0.82 5.00 0.79Guettarda sp 0.82 5.00 0.79Strichnos sp 0.41 5.00 0.79Zanthoxylum riedelianum 0.41 5.00 0.79Tabebuia sp 2 0.41 5.00 0.79Eugenia florida 0.41 5.00 0.79Enterolobium sp 0.41 5.00 0.79Smilax sp 0.41 5.00 0.79Gouania sp 0.41 5.00 0.79Dillodendron bipinnatum 0.41 5.00 0.79NI 21 0.41 5.00 0.79Myrcia sp 1 0.41 5.00 0.79Rollinia silvatica 0.41 5.00 0.79NI 22 0.41 5.00 0.79Peltophorum dubium 0.41 5.00 0.79NI 56 0.41 5.00 0.79NI 55 0.41 5.00 0.79Rubiaceae 1 0.41 5.00 0.79Leguminosae 7 0.41 5.00 0.79Senna sp 1 0.41 5.00 0.79Jathropha urens 0.41 5.00 0.79Luehea divaricata 0.41 5.00 0.79Myracrodruon urundeuva 0.41 5.00 0.79Ruellia sp 0.41 5.00 0.79Matayba guianensis 0.41 5.00 0.79Calyptranthes lucida 0.41 5.00 0.79Casearia cf. gossipiosperma 0.41 5.00 0.79Casearia sp 2 0.41 5.00 0.79Bromeliaceae 0.41 5.00 0.79Aloysia virgata 0.41 5.00 0.79Allophylus sericea 0.41 5.00 0.79Astronium graveolens 0.41 5.00 0.79Acalypha sp 3.27 0.00 0.00

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XLVIII

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ANEXO XIEspécies amostradas na Mata Lapinha e alguns de seus parâmetros

fitossociológicos. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)

Mabea fistulifera 244.00 100.00 3.57 13.77 5.88 16.73 36.38Nectandra sp.2 80.00 70.00 2.67 4.51 4.12 12.53 21.16Trichilia catigua 144.00 90.00 1.51 8.13 5.29 7.07 20.49Dalbergia nigra 76.00 80.00 1.64 4.29 4.71 7.68 16.68Copaifera langsdorffii 96.00 80.00 1.21 5.42 4.71 5.65 15.77Astronium graveolens 100.00 100.00 0.63 5.64 5.88 2.94 14.47Byrsonima sp.2 72.00 90.00 0.70 4.06 5.29 3.30 12.66Machaerium brasiliense 76.00 60.00 0.98 4.29 3.53 4.57 12.39Platymenia foliolosa 36.00 60.00 1.04 2.03 3.53 4.88 10.44Licania octandra 60.00 40.00 0.60 3.39 2.35 2.81 8.55Amaioua intermedia 40.00 70.00 0.43 2.26 4.12 2.02 8.39Senna sp.1 48.00 30.00 0.80 2.71 1.76 3.77 8.24Matayba guianensis 24.00 40.00 0.74 1.35 2.35 3.46 7.17Cupania vernalis 36.00 60.00 0.12 2.03 3.53 0.55 6.11Erythroxylum sub-racemosum 36.00 50.00 0.09 2.03 2.94 0.43 5.40Terminalia brasiliensis 8.00 20.00 0.41 0.45 1.18 1.91 3.54Myrtaceae 3 20.00 30.00 0.12 1.13 1.76 0.57 3.46Vismia cf. micrantha 12.00 30.00 0.19 0.68 1.76 0.90 3.35Melanoxylon brauna 20.00 20.00 0.18 1.13 1.18 0.83 3.14Luehea divaricata 16.00 20.00 0.17 0.90 1.18 0.82 2.89Myrcia rostrata 16.00 30.00 0.05 0.90 1.76 0.22 2.89Myrtaceae 2 12.00 30.00 0.08 0.68 1.76 0.38 2.82Tabebuia serratifolia 12.00 30.00 0.08 0.68 1.76 0.37 2.81Myrtaceae 6 12.00 30.00 0.07 0.68 1.76 0.34 2.78Pera glabrata 4.00 10.00 0.41 0.23 0.59 1.94 2.75Platypodium elegans 12.00 20.00 0.14 0.68 1.18 0.66 2.51Bauhinia longifolia 16.00 20.00 0.06 0.90 1.18 0.30 2.38Swartzia sp.2 8.00 10.00 0.21 0.45 0.59 1.00 2.04Casearia arborea 8.00 20.00 0.03 0.45 1.18 0.16 1.78Leguminosae- Mim. 1 4.00 10.00 0.13 0.23 0.59 0.59 1.41Nyctaginaceae 1 4.00 10.00 0.05 0.23 0.59 0.24 1.05Annonaceae 1 4.00 10.00 0.05 0.23 0.59 0.23 1.04Eugenia florida 4.00 10.00 0.05 0.23 0.59 0.22 1.03Ixora venulosa 4.00 10.00 0.05 0.23 0.59 0.22 1.03Casearia sp.4 4.00 10.00 0.03 0.23 0.59 0.16 0.98Astronium sp. 4.00 10.00 0.03 0.23 0.59 0.15 0.97NI 10 4.00 10.00 0.02 0.23 0.59 0.11 0.92Calyptranthes brasiliensis 4.00 10.00 0.02 0.23 0.59 0.07 0.89Myrtaceae 16 4.00 10.00 0.02 0.23 0.59 0.07 0.89Dictyoloma incanescens 4.00 10.00 0.01 0.23 0.59 0.07 0.88Machaerium cf. scleroxylon 4.00 10.00 0.01 0.23 0.59 0.06 0.87Casearia sylvestris 4.00 10.00 0.01 0.23 0.59 0.05 0.87Eugenia aurata 4.00 10.00 0.01 0.23 0.59 0.05 0.86Campomanesia sp.2 4.00 10.00 0.01 0.23 0.59 0.04 0.86cf. Calyptranthes sp. 4.00 10.00 0.01 0.23 0.59 0.04 0.86Galipea jasminiflora 4.00 10.00 0.01 0.23 0.59 0.04 0.85Casearia sp.1 4.00 10.00 0.01 0.23 0.59 0.03 0.85

cipós 244.00 100.00 0.66 13.77 5.88 3.11 22.76indivíduos mortos 112.00 80.00 1.21 6.32 4.71 5.68 16.70

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

L

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ANEXO XIIAlguns parâmetros fitossociológicos do sub-bosque na Mata Lapinha.

APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens. R.(%)

Freq. A. Freq. R.(%)

Psychotria cf. lupulina 39.03 60.00 11.76Cipó 6.69 45.00 8.82Myrcia rostrata 7.06 40.00 7.84Trichilia catigua 3.35 35.00 6.86Cupania vernalis 2.97 35.00 6.86Psychotria florestana 7.43 20.00 3.92Gramineae 5.95 20.00 3.92Serjania sp 2.60 20.00 3.92Erythroxylum sub-racemosum 1.86 20.00 3.92Copaifera langsdorffii 1.49 20.00 3.92Ouratea cf. palicifolia 1.49 20.00 3.92Myrtaceae 3 4.09 15.00 2.94Lauraceae 8 1.86 15.00 2.94Nectandra sp 2 1.12 10.00 1.96Malpighiaceae 1 1.12 10.00 1.96Guapira opposita 1.12 10.00 1.96Peltophorum dubium 0.74 10.00 1.96Swartzia sp 1 0.74 10.00 1.96Matayba guianensis 0.74 10.00 1.96Strichnos sp 0.74 5.00 0.98Eugenia florida 0.74 5.00 0.98Byrsonima sp 0.37 5.00 0.98Galipea jasminiflora 0.37 5.00 0.98Calycorectes sp 0.37 5.00 0.98Banisteriopsis sp 0.37 5.00 0.98Machaerium brasiliense 0.37 5.00 0.98Bignoniaceae 1 0.37 5.00 0.98Mabea fistulifera 0.37 5.00 0.98Inga sp 1 0.37 5.00 0.98Licania tomentosa 0.37 5.00 0.98Casearia arborea 0.37 5.00 0.98Zanthoxylum sp 0.37 5.00 0.98Siparuna guianensis 0.37 5.00 0.98Myrtaceae 2 0.37 5.00 0.98Myrtaceae 18 0.37 5.00 0.98Trichilia pallida 0.37 5.00 0.98

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LII

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ANEXO XIIIEspécies amostradas na Mata de Poções e alguns de seus parâmetros

fitossociológicos. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)

Myracrodruon urundeuva 444.00 100.00 5.73 26.37 6.90 24.40 57.66Anadenanthera peregrina 48.00 40.00 4.19 2.85 2.76 17.85 23.46Opuntia brasiliensis 196.00 60.00 0.98 11.64 4.14 4.18 19.96Sebastiania sp. 100.00 50.00 0.43 5.94 3.45 1.84 11.23Acosmium cf. cardenassi 48.00 30.00 0.96 2.85 2.07 4.07 8.99Cedrella cf. odorata 40.00 30.00 1.00 2.38 2.07 4.28 8.72Urera sp. 52.00 40.00 0.41 3.09 2.76 1.75 7.60Aloysia virgata 52.00 40.00 0.29 3.09 2.76 1.25 7.10Cereus sp. 28.00 50.00 0.25 1.66 3.45 1.05 6.16Chorisia speciosa 16.00 40.00 0.43 0.95 2.76 1.82 5.53Acacia polyphylla 28.00 30.00 0.32 1.66 2.07 1.38 5.11Erythroxylum sp.7 24.00 20.00 0.49 1.43 1.38 2.10 4.91Machaerium scleroxylon 20.00 40.00 0.22 1.19 2.76 0.93 4.88Trichilia clausseni 36.00 30.00 0.13 2.14 2.07 0.56 4.76Ficus doliaria 12.00 30.00 0.45 0.71 2.07 1.91 4.69Eugenia brasiliensis 36.00 20.00 0.17 2.14 1.38 0.73 4.25Sapindaceae 1 20.00 20.00 0.35 1.19 1.38 1.51 4.07Myrtaceae 5 12.00 30.00 0.24 0.71 2.07 1.03 3.81Maclura tinctoria 12.00 30.00 0.20 0.71 2.07 0.86 3.64Bastardiopsis densiflora 8.00 20.00 0.40 0.48 1.38 1.71 3.57Astronium graveolens 16.00 30.00 0.13 0.95 2.07 0.54 3.56Machaerium cf. lanceolatum 12.00 20.00 0.33 0.71 1.38 1.42 3.51Platymiscium pubescens 16.00 20.00 0.19 0.95 1.38 0.82 3.15Sciadodendron bipinnatum 12.00 30.00 0.08 0.71 2.07 0.34 3.12Zanthoxylum petiolare 12.00 30.00 0.08 0.71 2.07 0.32 3.10Platycyamus regnellii 8.00 10.00 0.45 0.48 0.69 1.92 3.09Terminalia cf. phaeocarpa 4.00 10.00 0.50 0.24 0.69 2.12 3.05Myrciaria cf. floribunda 16.00 20.00 0.15 0.95 1.38 0.65 2.98Trichilia catigua 12.00 30.00 0.02 0.71 2.07 0.09 2.87cf. Marlieria sp. 4.00 10.00 0.44 0.24 0.69 1.89 2.82Cecropia glaziouii 4.00 10.00 0.37 0.24 0.69 1.58 2.51Erythroxylum sub-racemosum 24.00 10.00 0.08 1.43 0.69 0.36 2.47Randia armata 12.00 20.00 0.04 0.71 1.38 0.17 2.26Erythroxylum sp.6 12.00 20.00 0.03 0.71 1.38 0.11 2.20Holocalyx balansae 4.00 10.00 0.29 0.24 0.69 1.25 2.18Erythroxylum sp.3 16.00 10.00 0.09 0.95 0.69 0.38 2.02Aspidosperma polyneuron 4.00 10.00 0.22 0.24 0.69 0.93 1.86Cupania vernalis 12.00 10.00 0.10 0.71 0.69 0.45 1.85Allophyllus sericea 12.00 10.00 0.04 0.71 0.69 0.17 1.57Sparatosperma leucanthum 8.00 10.00 0.09 0.48 0.69 0.40 1.56Albyzia polycephala 4.00 10.00 0.15 0.24 0.69 0.63 1.55

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LIV

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cont. ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI

(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)Pseudobombax sp.3 8.00 10.00 0.07 0.48 0.69 0.30 1.46Senna sp.1 4.00 10.00 0.12 0.24 0.69 0.50 1.43Aspidosperma tomentosum 4.00 10.00 0.09 0.24 0.69 0.36 1.29Sweetia fruticosa 4.00 10.00 0.08 0.24 0.69 0.34 1.27Luehea divaricata 4.00 10.00 0.08 0.24 0.69 0.33 1.25Centrolobium tomentosum 4.00 10.00 0.06 0.24 0.69 0.25 1.18Aspidoserma sp.2 4.00 10.00 0.05 0.24 0.69 0.20 1.12Guazuma ulmifolia 4.00 10.00 0.04 0.24 0.69 0.18 1.10Platymenia foliolosa 4.00 10.00 0.02 0.24 0.69 0.07 1.00

NI 34 4.00 10.00 0.02 0.24 0.69 0.07 0.99Trichilia sp.1 4.00 10.00 0.02 0.24 0.69 0.07 0.99Myrciaria cuspidata 4.00 10.00 0.02 0.24 0.69 0.07 0.99Euphorbiaceae 1 4.00 10.00 0.01 0.24 0.69 0.06 0.99Helicteris sacarolha 4.00 10.00 0.01 0.24 0.69 0.06 0.98Celtis brotilensis 4.00 10.00 0.01 0.24 0.69 0.05 0.98Maytenus salicifolia 4.00 10.00 0.01 0.24 0.69 0.05 0.98Rollinia silvatica 4.00 10.00 0.01 0.24 0.69 0.04 0.97Machaerium stipitatum 4.00 10.00 0.01 0.24 0.69 0.03 0.96Zanthoxylum rhoifolium 4.00 10.00 0.01 0.24 0.69 0.03 0.96Chrysophylum cf. marginata 4.00 10.00 0.01 0.24 0.69 0.03 0.96Peltophorum dubium 4.00 10.00 0.01 0.24 0.69 0.03 0.96

cipós 72.00 80.00 0.28 4.28 5.52 1.21 11.00

indivíduos mortos 68.00 70.00 0.92 4.04 4.83 3.91 12.78

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

LV

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ANEXO XIVAlguns parâmetros fitossociológicos do sub-bosque na

Mata de Poções. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens. R.(%)

Freq. A. Freq. R.(%)

Paullinia sp 1 10.88 55.00 12.36Erythroxylum sp 6 6.80 40.00 8.99Cipó 6.12 40.00 8.99Ruellia sp 10.20 30.00 6.74Opuntia brasiliensis 8.16 15.00 3.37Lantana brasiliensis 6.80 15.00 3.37Celtis brasiliensis 3.40 15.00 3.37Trichilia clausseni 2.72 15.00 3.37Platymiscium pubescens 2.04 15.00 3.37Ilex sp 2.04 15.00 3.37Bignoniaceae 1 3.40 10.00 2.25Piper amalago 3.40 10.00 2.25Urera baccifera 2.04 10.00 2.25Myracrodruon urundeuva 2.04 10.00 2.25Acacia polyphylla 2.04 10.00 2.25Myrtaceae 5 1.36 10.00 2.25Randia armata 1.36 10.00 2.25Mikania sp 1 1.36 10.00 2.25Cedrella cf. odorata 1.36 10.00 2.25Myracrodruon urundeuva 2.72 5.00 1.12NI 57 1.36 5.00 1.12Duroia sp 1.36 5.00 1.12Bromeliaceae 1.36 5.00 1.12Cassia sp 0.68 5.00 1.12Machaerium cf. lanceolatum 0.68 5.00 1.12Rollinia silvatica 0.68 5.00 1.12Oxalis sp 0.68 5.00 1.12Pereskia sp 0.68 5.00 1.12NI 25 0.68 5.00 1.12Cereus sp 0.68 5.00 1.12NI 24 0.68 5.00 1.12Strichnos sp 0.68 5.00 1.12Smilax sp 0.68 5.00 1.12Sebastiania sp 0.68 5.00 1.12Dillodendron bipinnatum 0.68 5.00 1.12Trichilia catigua 0.68 5.00 1.12Trichilia pallida 0.68 5.00 1.12Sapium glandulatum 0.68 5.00 1.12Holocalyx balansae 0.68 5.00 1.12

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LVII

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ANEXO XVEspécies amostradas na Mata da Horta e alguns de seus parâmetros

fitossociológicos. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)

Opuntia brasiliensis 300.00 100.00 1.68 15.27 5.52 4.60 25.40

Myracrodruon urundeuva 72.00 60.00 5.52 3.67 3.31 15.15 22.13

Acosmium cf. cardenasii 164.00 80.00 3.35 8.35 4.42 9.18 21.95

Eugenia brasiliensis 220.00 60.00 1.04 11.20 3.31 2.85 17.36

Erythroxylum sp.6 144.00 80.00 0.62 7.33 4.42 1.69 13.44

Jacaratia spinosa 8.00 20.00 3.79 0.41 1.10 10.40 11.91

Astronium graveolens 52.00 60.00 1.93 2.65 3.31 5.28 11.24

Aspidosperma polyneuron 40.00 80.00 1.74 2.04 4.42 4.76 11.22

Machaerium scleroxylon 52.00 50.00 1.53 2.65 2.76 4.21 9.62

Eugenia sp. 112.00 50.00 0.28 5.70 2.76 0.76 9.23

Cedrela cf. odorata 24.00 40.00 1.81 1.22 2.21 4.98 8.41

Bauhinia sp.2 44.00 70.00 0.59 2.24 3.87 1.61 7.72

Trichilia catigua 48.00 70.00 0.45 2.44 3.87 1.24 7.56

Sciadodendron excelsum 28.00 70.00 0.69 1.43 3.87 1.90 7.19

Sebastiania sp. 56.00 50.00 0.51 2.85 2.76 1.39 7.00

Urera sp. 36.00 50.00 0.39 1.83 2.76 1.08 5.67

Platymiscium pubescens 12.00 10.00 1.61 0.61 0.55 4.43 5.59

Erythroxylum sp.12 36.00 50.00 0.24 1.83 2.76 0.66 5.26

Anadenanthera peregrina 12.00 20.00 1.20 0.61 1.10 3.29 5.01

Chorisia speciosa 20.00 20.00 0.77 1.02 1.10 2.11 4.23

Holocalyx balansae 12.00 30.00 0.69 0.61 1.66 1.90 4.17

Myrtaceae 5 24.00 40.00 0.23 1.22 2.21 0.63 4.07

Paraptadenia sp. 8.00 20.00 0.83 0.41 1.10 2.28 3.79

Sapindaceae 1 24.00 20.00 0.39 1.22 1.10 1.06 3.39

Platycyamus regnelii 8.00 20.00 0.51 0.41 1.10 1.39 2.90

Cereus sp. 24.00 20.00 0.16 1.22 1.10 0.45 2.77

Campomanesia pubescens 32.00 10.00 0.18 1.63 0.55 0.49 2.67

Sweetia fruticosa 12.00 30.00 0.13 0.61 1.66 0.37 2.63

Guettarda sp. 16.00 30.00 0.05 0.81 1.66 0.13 2.60

Centrolobium tomentosum 8.00 20.00 0.32 0.41 1.10 0.88 2.40

Zanthoxylum petiolare 12.00 30.00 0.05 0.61 1.66 0.13 2.40

Tabebuia sp.1 8.00 20.00 0.18 0.41 1.10 0.49 2.00

Myrciaria sp.1 12.00 20.00 0.07 0.61 1.10 0.20 1.92

Acacia polyphylla 8.00 20.00 0.14 0.41 1.10 0.39 1.90

Myrtaceae 8 12.00 20.00 0.04 0.61 1.10 0.11 1.83

Celtis brasiliensis 8.00 20.00 0.11 0.41 1.10 0.30 1.81

Myrciaria cf. floribunda 8.00 20.00 0.01 0.41 1.10 0.04 1.55

Myrtaceae 7 16.00 10.00 0.05 0.81 0.55 0.14 1.51

Bastardiopsis densiflora 4.00 10.00 0.11 0.20 0.55 0.30 1.06

Machaerium cf. lanceolatum 8.00 10.00 0.04 0.41 0.55 0.10 1.06

Deguelia costata 4.00 10.00 0.10 0.20 0.55 0.26 1.02

Astronium cf. fraxinifolium 4.00 10.00 0.09 0.20 0.55 0.24 0.99

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LIX

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cont. ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI

(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)Terminalia sp. 4.00 10.00 0.09 0.20 0.55 0.24 0.99

Maclura tinctoria 4.00 10.00 0.05 0.20 0.55 0.13 0.88

Trichilia pallida 4.00 10.00 0.04 0.20 0.55 0.10 0.85

Trichilia claussenii 4.00 10.00 0.03 0.20 0.55 0.08 0.84

Allophyllus sericea 4.00 10.00 0.02 0.20 0.55 0.05 0.80

Triplaris sp. 4.00 10.00 0.02 0.20 0.55 0.04 0.80

Rubiaceae 1 4.00 10.00 0.01 0.20 0.55 0.03 0.78

Phyllostemonodaphnegeminiflora

4.00 10.00 0.01 0.20 0.55 0.02 0.78

Maytenus salicifolia 4.00 10.00 0.01 0.20 0.55 0.02 0.78

Randia armata 4.00 10.00 0.01 0.20 0.55 0.02 0.78

Erythroxylum sp.13 4.00 10.00 0.01 0.20 0.55 0.02 0.78

Dillodendron bipinnatum 4.00 10.00 0.01 0.20 0.55 0.02 0.78

cipó 100.00 90.00 0.51 5.09 4.97 1.41 11.47

indivíduos mortos 64.00 70.00 1.46 3.26 3.87 3.99 11.12

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

LX

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ANEXO XVIAlguns parâmetros fitossociológicos do sub-bosque na Mata da Horta.

APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens. R. (%) Freq. A. Freq. R. (%)Myrciaria sp 1 27.63 45.00 13.85Eugenia brasiliensis 11.18 45.00 13.85Pilocarpus spicatus 6.58 20.00 6.15Cipó 4.61 20.00 6.15Ruellia sp 5.92 15.00 4.62Justicia sp 1 5.92 15.00 4.62Opuntia brasiliensis 2.63 15.00 4.62Bromeliaceae 3.95 10.00 3.08Trichilia catigua 1.32 10.00 3.08Erythroxylum sp 6 1.32 10.00 3.08Commelinaceae 9.87 5.00 1.54Maytenus salicifolia 1.32 5.00 1.54Urera baccifera 1.32 5.00 1.54Croton sp 4 1.32 5.00 1.54Celtis brasiliensis 0.66 5.00 1.54Psychotria sp 2 0.66 5.00 1.54Campomanesia pubescens 0.66 5.00 1.54Gouania sp 0.66 5.00 1.54Calathea sp 0.66 5.00 1.54Sweetia fruticosa 0.66 5.00 1.54Sapium sp 0.66 5.00 1.54Erythroxylum sp 5 0.66 5.00 1.54Cereus sp 0.66 5.00 1.54

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LXII

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ANEXO XVIIEspécies amostradas na Transição Mata/Cerrado da Infraero e alguns de seus

parâmetros fitossociológicos. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)

Copaifera langsdorffii 696.00 90.00 10.71 34.73 5.49 50.31 90.52

Mabea fistulifera 220.00 40.00 1.84 10.98 2.44 8.66 22.08

Machaerium opacum 88.00 70.00 0.37 4.39 4.27 1.74 10.40

Dalbergia miscolobium 64.00 70.00 0.26 3.19 4.27 1.24 8.71

Amaioa intermedia 60.00 50.00 0.42 2.99 3.05 1.98 8.02

Ocotea cf. puberula 28.00 40.00 0.65 1.40 2.44 3.07 6.91

Tapirira guianesis 20.00 10.00 1.08 1.00 0.61 5.08 6.69

Qualea grandiflora 40.00 40.00 0.34 2.00 2.44 1.61 6.04

Terminalia brasiliensis 28.00 40.00 0.46 1.40 2.44 2.15 5.99

Hymenaea stigonocarpa 40.00 50.00 0.18 2.00 3.05 0.86 5.90

Xylopia aromatica 36.00 40.00 0.28 1.80 2.44 1.33 5.57

Casearia arborea 36.00 50.00 0.09 1.80 3.05 0.42 5.27

Vitex polygama 32.00 50.00 0.10 1.60 3.05 0.47 5.11

Myrcia rufipes 32.00 40.00 0.20 1.60 2.44 0.94 4.98

Licania octandra 24.00 50.00 0.12 1.20 3.05 0.57 4.81

Platypodium elegans 24.00 40.00 0.15 1.20 2.44 0.70 4.34

Astronium sp. 24.00 30.00 0.27 1.20 1.83 1.27 4.29

Machaerium villosum 20.00 30.00 0.28 1.00 1.83 1.30 4.13

Qualea multiflora 24.00 40.00 0.07 1.20 2.44 0.35 3.99

Lamanonia ternata 12.00 20.00 0.29 0.60 1.22 1.37 3.19

Maytenus cf. pseudocasearia 20.00 30.00 0.07 1.00 1.83 0.31 3.14

Nectandra sp.2 12.00 20.00 0.18 0.60 1.22 0.86 2.68

Guatteria vilosissima 16.00 20.00 0.13 0.80 1.22 0.60 2.61

Caryocar brasiliense 8.00 20.00 0.18 0.40 1.22 0.85 2.46

Platymenia reticulata 16.00 20.00 0.08 0.80 1.22 0.37 2.39

Pera leandri 8.00 10.00 0.28 0.40 0.61 1.33 2.34

Siparuna guianensis 16.00 20.00 0.04 0.80 1.22 0.20 2.22

Tabebuia serratifolia 8.00 20.00 0.09 0.40 1.22 0.44 2.06

Machaerium brasiliense 4.00 10.00 0.26 0.20 0.61 1.23 2.04

Bowdichia virgilioides 12.00 20.00 0.03 0.60 1.22 0.16 1.98

Myrtaceae 6 12.00 20.00 0.03 0.60 1.22 0.15 1.97

Protium heptaphyllum 8.00 20.00 0.06 0.40 1.22 0.29 1.91

Matayba guianensis 8.00 20.00 0.03 0.40 1.22 0.16 1.78

Dictyoloma incanescens 8.00 20.00 0.03 0.40 1.22 0.14 1.76

Myrcia rostrata 16.00 10.00 0.05 0.80 0.61 0.24 1.65

NI 35 16.00 10.00 0.04 0.80 0.61 0.20 1.60

Ocotea cf. bicolor 4.00 10.00 0.15 0.20 0.61 0.71 1.52

Didymopanax macrocarpum 12.00 10.00 0.05 0.60 0.61 0.23 1.44

Tabebuia ochracea 4.00 10.00 0.09 0.20 0.61 0.44 1.25

Trichilia catigua 4.00 10.00 0.07 0.20 0.61 0.35 1.16

Rollinia silvatica 8.00 10.00 0.03 0.40 0.61 0.12 1.13

Pouteria cf. ramiflora 4.00 10.00 0.06 0.20 0.61 0.29 1.10

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LXIV

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cont. ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI

(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)Vismia cf. micrantha 4.00 10.00 0.05 0.20 0.61 0.22 1.03

Ocotea cf. acutifolia 4.00 10.00 0.04 0.20 0.61 0.17 0.98

NI 4 4.00 10.00 0.03 0.20 0.61 0.15 0.96

Myrtaceae 12 4.00 10.00 0.03 0.20 0.61 0.13 0.94

Erythroxyllum sub-racemosum 4.00 10.00 0.03 0.20 0.61 0.12 0.93

Callisthene dryadium 4.00 10.00 0.02 0.20 0.61 0.08 0.89

Myrsine ferruginea 4.00 10.00 0.02 0.20 0.61 0.07 0.88

Eugenia sp.1 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.07 0.88

Brosimum gaudichadii 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.05 0.86

Connarus cf. suberosus 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.05 0.86

Myrtaceae 11 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.05 0.86

NI 36 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.05 0.86

Myrcia sp.2 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.05 0.86

Eugenia desynterica 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.05 0.86

Eugenia aurata 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.04 0.85

Qualea sp.5 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.04 0.85

Cupania vernalis 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.04 0.85

Daphnopsis sp. 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.04 0.85

Kielmeyera petiolares 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.04 0.85

Peltophorum dibium 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.04 0.85

Eriotheca gracilipes 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.04 0.85

Aspidosperma tomentosum 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.04 0.85

Erythroxyllum citrifolium 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.03 0.84

Miconia albicans 4.00 10.00 0.01 0.20 0.61 0.03 0.84

cipós 36.00 60.00 0.12 1.80 3.66 0.57 6.02

indivíduos mortos 100.00 100.00 0.56 4.99 6.10 2.64 13.73

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

LXV

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ANEXO XVIIIAlguns parâmetros fitossociológicos do sub-bosque naTransição Mata/

Cerrado da Infraero. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens. R.(%)

Freq. A. Freq. R. (%)

Ocotea acutifolia 23.50 65.00 9.56Mabea fistulifera 7.69 35.00 5.15Myrsine ferruginea 3.42 35.00 5.15Licania octandra 2.99 30.00 4.41Maytenus salicifolia 2.99 30.00 4.41Amaioua guianensis 3.85 25.00 3.68Cipó 2.14 25.00 3.68Siparuna guianensis 1.71 20.00 2.94Campomanesia adamantium 0.43 20.00 2.94Duroia sp 2.14 15.00 2.21Cupania vernalis 2.14 15.00 2.21Guateria vilosissima 1.71 15.00 2.21Psychotria sp 3 1.28 15.00 2.21Qualea sp 4 1.28 15.00 2.21Rubiaceae 2 5.13 10.00 1.47Psychotria sp 2 2.56 10.00 1.47Brunfelsia sp 1.28 10.00 1.47Aspidosperma tomentosum 0.85 10.00 1.47Machaerium opacum 0.85 10.00 1.47Erythroxylum cf. citrifolium 0.85 10.00 1.47Dalbergia miscolobium 0.85 10.00 1.47Dictyoloma incanescens 0.85 5.00 0.74Psychotria capitata 0.85 5.00 0.74Vitex sellowiana 0.85 5.00 0.74Xylopia aromatica 0.85 5.00 0.74Remijia ferruginea 0.85 5.00 0.74NI 54 0.85 5.00 0.74Rudgea viburnoides 0.43 5.00 0.74Ouratea sp 0.43 5.00 0.74Astronium fraxinifolium 0.43 5.00 0.74Platypodium elegans 0.43 5.00 0.74Palicourea sp 0.43 5.00 0.74Roupala montana 0.43 5.00 0.74Rollinia sp 0.43 5.00 0.74Acosmium dasycarpum 0.43 5.00 0.74NI 53 0.43 5.00 0.74NI 52 0.43 5.00 0.74Trichilia catigua 0.43 5.00 0.74Hymenaea sp 0.43 5.00 0.74Guettarda cf. pohliana 0.43 5.00 0.74Licania kunthiana 0.43 5.00 0.74Jacaranda sp 0.43 5.00 0.74NI 20 0.43 5.00 0.74Malpighiaceae 1 0.43 5.00 0.74Myrtaceae 11 0.43 5.00 0.74Myrtaceae 1 0.43 5.00 0.74Matayba guianensis 0.43 5.00 0.74Miconia macrothyrsa 0.43 5.00 0.74Myrcia rostrata 0.43 5.00 0.74Machaerium brasiliensis 0.43 5.00 0.74Mikania sp 1 0.43 5.00 0.74Myrcia cf. rufipes 0.43 5.00 0.74Casearia sp 1 0.43 5.00 0.74Byrsonima intermedia 0.43 5.00 0.74Cabralea canjerana 0.43 5.00 0.74Doliocarpus dentatus 0.43 5.00 0.74Casearia cf. decandra 0.43 5.00 0.74Copaifera langsdorffii 0.43 5.00 0.74Cupania vernalis 11.97 0.00 0.00Cupania vernalis 9.40 0.00 0.00Casearia arborea 1.28 0.00 0.00

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LXVII

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ANEXO XIXValores máximos, mínimos, média e desvio padrão das variáveis utilizadas para a

avaliação da estrutura da vegetação nas áreas de amostragem de aves.APA Carste de Lagoa Santa

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VargemComprida

Lagoa daCauaia

Império Poções Infraero Quinta doSumidouro

Total

ALTHERB Média 0.40 0.70 0.85 0.60 0.41 0.70 0.61Var 0.22 0.37 0.14 0.16 0.18 0.19 0.27

ALTMED Média 7.00 6.00 4.20 5.10 4.20 3.85 5.06Var 0.82 1.49 0.79 1.20 1.23 1.33 1.59

ALTSUP Média 17.50 18.00 10.50 11.30 10.50 9.40 12.87Var 1.90 4.67 2.59 3.09 3.57 3.17 4.72

DAP Média 10.17 7.40 7.32 4.88 8.73 6.69 7.53Var 3.35 1.45 0.94 2.13 2.01 0.85 2.52

CIPOM Média 0.26 0.60 0.55 0.50 0.41 0.28 0.43Var 0.18 0.27 0.31 0.27 0.22 0.30 0.28

CIPOS Média 0.09 0.18 0.23 0.17 0.13 0.08 0.15Var 0.07 0.12 0.24 0.08 0.08 0.14 0.14

COBMED Média 0.51 0.87 0.70 0.54 0.41 0.52 0.59Var 0.23 0.16 0.24 0.28 0.27 0.26 0.28

COBSUP Média 0.41 0.64 0.61 0.63 0.54 0.39 0.54Var 0.18 0.22 0.26 0.24 0.16 0.11 0.22

CONEXH Média 0.10 1.30 1.10 1.80 1.10 2.30 1.28Var 0.32 1.16 0.74 1.32 0.74 0.82 1.11

CONEXM Média 1.70 2.70 2.30 1.90 1.50 2.30 2.07Var 0.67 0.48 0.67 0.88 1.08 0.67 0.84

CONEXS Média 0.90 1.00 1.60 2.00 1.70 1.30 1.42Var 0.57 0.82 0.97 0.94 0.67 0.67 0.85

HUMUS Média 1.60 2.70 2.00 1.50 1.30 1.40 1.75Var 0.70 0.48 0.67 0.85 0.48 0.70 0.79

LUMIN Média 1.90 1.60 1.60 2.20 2.20 2.20 1.95Var 0.74 0.52 0.70 0.42 0.63 0.63 0.65

Classificação das medidas de estrutura de vegetação das áreas de amostragem emfunção da análise discriminante realizada.

Áreas Classificaçãocorreta

VargemComprida

Lagoa daCauaia

Império Poções Infraero Quinta doSumidouro

V. Comprida 100 10 0 0 0 0 0L. Cauaia 90 1 9 0 0 0 0

Império 100 0 0 10 0 0 0Poções 90 0 0 0 9 0 1Infraero 80 1 0 0 0 8 1

Quinta do S. 80 0 0 1 1 0 8Total 90 12 9 11 10 8 10

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LXIX

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ANEXO XXRelação e freqüência das espécies de aves observadas exclusivamente por

transecto de pontos na APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE 1 2 3 4 5 6 TOTAL

Basileuterus flaveolus 20 24 32 8 39 33 156

Herpsilochmus atricapillus 21 63 24 12 3 17 140

Basileuterus hypoleucus 21 26 23 20 26 22 138

Neopelma pallescens 0 8 18 0 16 21 63

Hemithraupis ruficapilla 23 15 16 6 0 0 60

Tangara cayana 26 2 1 2 8 14 53

Empidonax euleri 11 13 10 4 8 4 50

Vireo chivi 15 18 2 4 0 0 39

Picumnus cirratus 21 4 0 1 3 6 35

Myiodynastes maculatus 11 10 3 11 0 0 35

Thraupis sayaca 17 0 7 2 2 5 33

Sittasomus griseicapillus 12 14 3 1 0 0 30

Turdus leucomelas 12 2 2 4 3 7 30

Hylophilus poicilotis 0 0 3 0 16 11 30

Leptopogon amaurocephalus 8 7 3 4 2 2 26

Cnemotriccus fuscatus 0 0 5 3 11 4 23

Pachyramphus validus 21 0 0 0 0 0 21

Tolmomyias sulphurescens 15 3 3 0 0 0 21

Parula pitiayumi 11 2 8 0 0 0 21

Myiopagis viridicata 1 0 2 7 8 2 20

Formicivora serrana 0 7 0 0 7 6 20

Empidonomus varius 11 0 0 3 4 0 18

Amazilia lactea 2 1 3 6 5 1 18

Automolus leucophthalmus 2 15 1 0 0 0 18

Corythopis delalandi 0 11 7 0 0 0 18

Megarhynchus pitangua 9 2 6 0 0 0 17

Saltator similis 0 6 0 0 9 2 17

Tityra cayana 9 6 1 0 0 0 16

Pionus maximiliani 6 10 0 0 0 0 16

Thamnophilus caerulescens 0 12 0 0 2 2 16

Piaya cayana 10 0 0 0 2 2 14

Todirostrum poliocephalum 7 6 0 0 0 0 13

Camptostoma obsoletum 5 0 3 1 4 0 13

Tersina viridis 2 0 0 1 2 8 13

Coryphospingus pileatus 0 0 0 2 11 0 13

Platyrhincus mystaceus 0 10 0 0 2 0 12

Myiornis auricularis 6 4 1 0 0 0 11

Myiozetetes similis 6 0 1 0 3 0 10

Dacnis cayana 4 0 1 0 5 0 10

Synallaxis frontalis 4 0 0 0 3 2 9

Tyrannus melancholicus 3 0 2 0 0 4 9

Chlorostilbon aureoventris 0 6 3 0 0 0 9

Arremon flavirostris 0 2 0 0 2 5 9

Cyclarhis gujanensis 2 5 0 1 0 0 8

Euphonia chlorotica 0 0 2 0 0 6 8

Dysithamnus mentalis 0 8 0 0 0 0 8

Phaethornis pretrei 0 1 0 0 0 7 8

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LXXI

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cont.

ESPÉCIE 1 2 3 4 5 6 TOTAL

Forpus xanthopterygius 7 0 0 0 0 0 7

Nemosia pileata 3 0 2 2 0 0 7

Conirostrum speciosum 2 0 0 5 0 0 7

Coereba flaveola 1 2 1 0 2 1 7

Conopophaga lineata 0 5 2 0 0 0 7

Pyriglena leucoptera 0 5 0 0 2 0 7

Contopus cinereus 6 0 0 0 0 0 6

Veniliornis passerinus 4 0 1 1 0 0 6

Amazona aestiva 2 0 4 0 0 0 6

Pachyramphus polycopterus 2 0 0 4 0 0 6

Cacicus haemorrhous 0 0 6 0 0 0 6

Hemithraupis guira 0 0 6 0 0 0 6

Dendrocolaptes platyrostris 0 4 2 0 0 0 6

Pachyramphus castaneus 5 0 0 0 0 0 5

Phyllomyias fasciatus 3 0 2 0 0 0 5

Elaenia flavogaster 1 0 0 0 0 4 5

Trogon surrucura 0 2 3 0 0 0 5

Phaethornis ruber 0 2 1 0 0 2 5

Pitangus sulphuratus 2 0 0 0 1 1 4

Colaptes melanochloros 2 0 0 2 0 0 4

Troglodytes aedon 2 0 0 2 0 0 4

Casiornis rufa 0 0 3 0 0 1 4

Todirostrum latirostre 0 4 0 0 0 0 4

Aratinga aurea 0 0 0 0 0 4 4

Cacicus haemorrhous 3 0 0 0 0 0 3

Milvago chimachima 0 2 1 0 0 0 3

Turdus amaurochalinus 0 0 0 0 1 2 3

Colonia colonus 2 0 0 0 0 0 2

Fluvicola nengeta 2 0 0 0 0 0 2

Pachyramphus viridis 2 0 0 0 0 0 2

Turdus rufiventris 2 0 0 0 0 0 2

Polyborus plancus 0 0 2 0 0 0 2

Syristes sibilator 0 0 2 0 0 0 2

Hemitriccus nidipendulus 0 2 0 0 0 0 2

Lepidocolaptes angustirostris 0 2 0 0 0 0 2

Malacoptila striata 0 2 0 0 0 0 2

Myiarchus tyrannulus 0 0 0 1 0 1 2

Myiarchus ferox 0 0 0 2 0 0 2

Antilophia galeata 1 0 0 0 0 0 1

Colibri serrirostris 0 0 0 1 0 0 1

Observação: 1- Vargem Comprida, 2-Lagoa da Cauaia, 3-Império, 4-Poções, 5-Infraero, 6-Quinta do Sumidouro.Observação: 1- Vargem Comprida, 2-Lagoa da Cauaia, 3-Império, 4-Poções, 5-Infraero,6-Quinta do Sumidouro.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

LXXII

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ANEXO XXIEspécies amostradas no Cerrado Sumidouro e alguns de seus parâmetros

fitossociológicos. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)

Tapirira guianensis 124.00 80.00 3.21 8.42 4.82 24.03 37.27

Myracrodruon urundeuva 256.00 60.00 2.07 17.39 3.61 15.50 36.50

Qualea grandiflora 116.00 80.00 0.88 7.88 4.82 6.58 19.28

Xylopia aromatica 80.00 80.00 0.42 5.43 4.82 3.16 13.41

Rudgea viburnioides 76.00 70.00 0.39 5.16 4.22 2.90 12.28

Copaifera langsdorffii 44.00 50.00 0.64 2.99 3.01 4.82 10.82

Luehea sp. 68.00 50.00 0.36 4.62 3.01 2.71 10.35

Magonia pubescens 56.00 60.00 0.25 3.80 3.61 1.85 9.27

Terminalia argentea 40.00 50.00 0.33 2.72 3.01 2.44 8.17

Caryocar brasiliense 12.00 30.00 0.69 0.82 1.81 5.19 7.81

Platypodium elegans 40.00 30.00 0.43 2.72 1.81 3.26 7.78

Styrax camporum 40.00 50.00 0.17 2.72 3.01 1.31 7.04

Astronium fraxinifolium 40.00 50.00 0.16 2.72 3.01 1.21 6.94

Guettarda viburnoides 40.00 40.00 0.21 2.72 2.41 1.59 6.71

Plathymenia reticulata 20.00 40.00 0.19 1.36 2.41 1.39 5.16

Dillodendron bipinnatum 28.00 30.00 0.12 1.90 1.81 0.89 4.60

Machaerium hirtum 4.00 10.00 0.47 0.27 0.60 3.53 4.40

Heteropteris sp.1 20.00 30.00 0.11 1.36 1.81 0.82 3.98

Guazuma ulmifolia 20.00 30.00 0.11 1.36 1.81 0.79 3.95

Psidium sp.4 16.00 40.00 0.05 1.09 2.41 0.36 3.85

Machaerium villosum 12.00 30.00 0.10 0.82 1.81 0.72 3.34

Enterolobium gummiferum 8.00 20.00 0.13 0.54 1.20 1.00 2.74

Bowdichia virgilioides 12.00 20.00 0.09 0.82 1.20 0.66 2.68

Machaerium opacum 12.00 20.00 0.08 0.82 1.20 0.62 2.64

Hymenaea stigonocarpa 12.00 20.00 0.05 0.82 1.20 0.40 2.42

Hyptis cana 12.00 20.00 0.05 0.82 1.20 0.38 2.40

Qualea sp.4 12.00 20.00 0.04 0.82 1.20 0.32 2.34

Lafoensia pacari 8.00 20.00 0.08 0.54 1.20 0.57 2.32

Amaioua intermedia 12.00 20.00 0.04 0.82 1.20 0.28 2.30

Ouratea cf. puberula 4.00 10.00 0.18 0.27 0.60 1.37 2.24

Sclerolobium paniculatum 8.00 20.00 0.06 0.54 1.20 0.47 2.22

Curatella americana 8.00 20.00 0.05 0.54 1.20 0.37 2.11

Protium heptaphyllum 8.00 20.00 0.05 0.54 1.20 0.36 2.11

Ficus doliaria 8.00 20.00 0.05 0.54 1.20 0.35 2.09

Acosmium dasycarpum 8.00 20.00 0.03 0.54 1.20 0.26 2.01

Myrcia variabilis 8.00 20.00 0.02 0.54 1.20 0.15 1.89

Tabebuia ochracea 12.00 10.00 0.03 0.82 0.60 0.26 1.67

Campomanesia pubescens 8.00 10.00 0.03 0.54 0.60 0.19 1.34

Terminalia brasiliensis 4.00 10.00 0.06 0.27 0.60 0.44 1.32

Myrsine umbellata 4.00 10.00 0.06 0.27 0.60 0.42 1.30

Zanthoxylum rhoifolium 4.00 10.00 0.05 0.27 0.60 0.40 1.28

Annona coriacea 4.00 10.00 0.05 0.27 0.60 0.40 1.27

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LXXIV

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cont. ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI

(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)Casearia arborea 4.00 10.00 0.05 0.27 0.60 0.39 1.26

Dalbergia nigra 4.00 10.00 0.04 0.27 0.60 0.29 1.16

Calyptranthes lucida 4.00 10.00 0.03 0.27 0.60 0.26 1.13

Rhamnidium elaeocarpum 4.00 10.00 0.03 0.27 0.60 0.24 1.12

Maytenus salicifolia 4.00 10.00 0.03 0.27 0.60 0.24 1.12

Lithraea molleoides 4.00 10.00 0.03 0.27 0.60 0.24 1.12

Cecropia pachystachia 4.00 10.00 0.03 0.27 0.60 0.24 1.12

Aspidosperma tomentosum 4.00 10.00 0.03 0.27 0.60 0.19 1.06

Dalbergia miscolobium 4.00 10.00 0.02 0.27 0.60 0.19 1.06

Aspidosperma sp.1 4.00 10.00 0.02 0.27 0.60 0.15 1.03

Pisonia noxia 4.00 10.00 0.02 0.27 0.60 0.14 1.02

NI 38 4.00 10.00 0.02 0.27 0.60 0.14 1.02

Casearia cf. gossypiosperma 4.00 10.00 0.02 0.27 0.60 0.14 1.01

Pouteria cf. ramiflora 4.00 10.00 0.02 0.27 0.60 0.13 1.00

Myrcia rostrata 4.00 10.00 0.02 0.27 0.60 0.12 0.99

Banisteriopsis cf. pubipetala 4.00 10.00 0.01 0.27 0.60 0.10 0.97

Qualea multiflora 4.00 10.00 0.01 0.27 0.60 0.10 0.97

Qualea parviflora 4.00 10.00 0.01 0.27 0.60 0.10 0.97

Sthryphnodendronadstringens

4.00 10.00 0.01 0.27 0.60 0.10 0.97

Qualea sp.3 4.00 10.00 0.01 0.27 0.60 0.09 0.96

Myrsine sp. 4.00 10.00 0.01 0.27 0.60 0.08 0.95

Ocotea cf. puberula 4.00 10.00 0.01 0.27 0.60 0.08 0.95

NI 37 4.00 10.00 0.01 0.27 0.60 0.07 0.94

Eugenia desynterica 4.00 10.00 0.01 0.27 0.60 0.06 0.94

Dictyoloma incanescens 4.00 10.00 0.01 0.27 0.60 0.05 0.93

Miconia albicans 4.00 10.00 0.01 0.27 0.60 0.05 0.93

Duroia sp. 4.00 10.00 0.01 0.27 0.60 0.05 0.93

indivíduos mortos 36.00 50.00 0.17 2.45 3.01 1.26 6.72

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

LXXV

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ANEXO XXIIAlguns parâmetros fitossociológicos do sub-bosque no Cerrado

Sumidouro. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens. R. (%)

Freq. A. Freq. R.(%)

Brosimum gaudichaudii 5.26 40.00 5.59

Myracrodruon urundeuva 5.74 30.00 4.20

Serjania sp 2.87 30.00 4.20

Siparuna guianensis 9.09 25.00 3.50

Rudgea viburnoides 2.39 25.00 3.50

Miconia albicans 3.83 20.00 2.80

Heteropteris sp 1 3.35 20.00 2.80

Xylopia aromatica 2.39 20.00 2.80

Plathymenia reticulata 1.91 20.00 2.80

Rubiaceae 2 2.87 15.00 2.10

Mikania sp 2 2.87 15.00 2.10

Cabralea canjerana 2.39 15.00 2.10

Protium heptaphyllum 2.39 15.00 2.10

Magonia pubescens 1.91 15.00 2.10

Dillodendron bipinnatum 1.91 15.00 2.10

Duroia sp 1.91 15.00 2.10

Guettarda viburnoides 1.44 15.00 2.10

Miconia cf. stenostachya 4.31 10.00 1.40

Bauhinia pulchella 1.91 10.00 1.40

Rubiaceae 7 1.44 10.00 1.40

Anadenanthera peregrina 1.44 10.00 1.40

Miconia sp 2 1.44 10.00 1.40

Eugenia desynterica 1.44 10.00 1.40

Luehea grandiflora 1.44 10.00 1.40

Myrsine ferruginea 1.44 10.00 1.40

Tapirira guianensis 1.44 10.00 1.40

Campomanesia adamantium 0.96 10.00 1.40

Aspidosperma tomentosum 0.96 10.00 1.40

Styrax camporum 0.96 10.00 1.40

Miconia sp 5 0.96 10.00 1.40

Miconia ibaguensis 0.96 10.00 1.40

Qualea grandiflora 0.96 5.00 0.70

Copaifera langsdorffii 0.96 5.00 0.70

Bredemeyera floribunda 0.96 5.00 0.70

Piptadenia sp 0.96 5.00 0.70

Myrtaceae 0.96 5.00 0.70

Heteropteris sp 2 0.48 5.00 0.70

NI 48 0.48 5.00 0.70

NI 46 0.48 5.00 0.70

NI 47 0.48 5.00 0.70

Myrcia rostrata 0.48 5.00 0.70

Randia armata 0.48 5.00 0.70

Lithraea molleoides 0.48 5.00 0.70

Maytenus salicifolia 0.48 5.00 0.70

Psidium firmum 0.48 5.00 0.70

Platypodium elegans 0.48 5.00 0.70

Ouratea castanaefolia 0.48 5.00 0.70

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LXXVII

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cont.ESPÉCIE Dens. R.

(%)Freq. A. Freq. R

(%)NI 51 0.48 5.00 0.70

NI 50 0.48 5.00 0.70

NI 49 0.48 5.00 0.70

Machaerium opacum 0.48 5.00 0.70

Qualea multiflora 0.48 5.00 0.70

Rubiaceae 6 0.48 5.00 0.70

Byrsonima crassa 0.48 5.00 0.70

Byrsonima coccolobifolia 0.48 5.00 0.70

Calisthene cf. dryadum 0.48 5.00 0.70

Chrysophyllum marginata 0.48 5.00 0.70

Casearia sp 5 0.48 5.00 0.70

Banisteriopsis sp 0.48 5.00 0.70

Acosmium dasycarpum 0.48 5.00 0.70

Acalypha sp 0.48 5.00 0.70

Aegiphylla sp 0.48 5.00 0.70

Banisteriopsis anisandra 0.48 5.00 0.70

Tabebuia sp 0.48 5.00 0.70

Guateria vilosissima 0.48 5.00 0.70

Eugenia florida 0.48 5.00 0.70

Erythroxylum campestre 0.48 5.00 0.70

Davilla rugosa 0.48 5.00 0.70

Dalbergia miscolobium 0.48 5.00 0.70

Cybistax antisyphillitica 0.48 5.00 0.70

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

LXXVIII

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ANEXO XXIIIEspécies amostradas no Cerrado Império e alguns de seus parâmetros

fitossociológicos. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)

Qualea parviflora 244.00 100.00 3.16 7.13 3.06 10.81 21.01

Xylopia aromatica 320.00 100.00 1.78 9.36 3.06 6.07 18.49

Qualea grandiflora 148.00 100.00 1.52 4.33 3.06 5.18 12.57

Myrcia variabilis 164.00 90.00 1.01 4.80 2.75 3.45 10.99

Miconia albicans 176.00 100.00 0.62 5.15 3.06 2.12 10.33

Terminalia argentea 104.00 80.00 1.40 3.04 2.45 4.80 10.29

Plathymenia reticulata 124.00 90.00 1.05 3.63 2.75 3.59 9.97

Byrsonima coccolobifolia 104.00 100.00 0.88 3.04 3.06 3.00 9.10

Eugenia desynterica 120.00 90.00 0.71 3.51 2.75 2.41 8.68

Rudgea viburnoides 68.00 100.00 0.88 1.99 3.06 3.01 8.05

Bowdichia virgilioides 44.00 80.00 1.21 1.29 2.45 4.12 7.85

Siparuna guianensis 108.00 100.00 0.36 3.16 3.06 1.24 7.46

Caryocar brasiliense 16.00 30.00 1.71 0.47 0.92 5.84 7.23

Myrsine venosa 80.00 70.00 0.63 2.34 2.14 2.17 6.65

Magonia pubescens 88.00 60.00 0.58 2.57 1.83 1.97 6.38

Heteropteris sp.1 64.00 60.00 0.71 1.87 1.83 2.42 6.12

Acosmium dasycarpum 64.00 90.00 0.41 1.87 2.75 1.41 6.04

Hyptis cana 76.00 50.00 0.66 2.22 1.53 2.27 6.02

Erythroxylum campestre 64.00 70.00 0.50 1.87 2.14 1.71 5.72

Dalbergia miscolobium 24.00 40.00 1.10 0.70 1.22 3.75 5.68

Didymopanax macrocarpum 52.00 80.00 0.46 1.52 2.45 1.56 5.53

Myrcia tomentosa 72.00 70.00 0.30 2.11 2.14 1.02 5.27

Tapirira guianensis 44.00 50.00 0.55 1.29 1.53 1.86 4.68

Piptocarpha rotundifolia 40.00 60.00 0.33 1.17 1.83 1.14 4.14

Kielmeyera coriacea 36.00 50.00 0.16 1.05 1.53 0.56 3.14

Byrsonima verbascifolia 36.00 50.00 0.14 1.05 1.53 0.47 3.05

Myrcia rostrata 28.00 50.00 0.10 0.82 1.53 0.33 2.68

Copaifera langsdorffii 24.00 40.00 0.20 0.70 1.22 0.70 2.63

Pisonia noxia 16.00 40.00 0.26 0.47 1.22 0.90 2.59

Miconia sp.5 32.00 30.00 0.14 0.94 0.92 0.49 2.34

Protium heptaphyllum 20.00 30.00 0.22 0.58 0.92 0.76 2.26

Aspidosperma tomentosum 32.00 30.00 0.11 0.94 0.92 0.37 2.22

Sthryphnodendron adstringens 16.00 40.00 0.13 0.47 1.22 0.44 2.13

Byrsonima crassa 20.00 40.00 0.09 0.58 1.22 0.30 2.11

Lafoensia pacari 24.00 30.00 0.13 0.70 0.92 0.44 2.05

Myrtaceae 4 20.00 20.00 0.24 0.58 0.61 0.82 2.02

Machaerium opacum 16.00 20.00 0.24 0.47 0.61 0.82 1.90

Annona crassiflora 12.00 30.00 0.18 0.35 0.92 0.62 1.89

Curatella americana 12.00 30.00 0.13 0.35 0.92 0.44 1.71

Astronium fraxinifolium 20.00 30.00 0.05 0.58 0.92 0.17 1.68

Machaerium villosum 16.00 30.00 0.08 0.47 0.92 0.29 1.67

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LXXX

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cont.ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI

(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)Zehyera montana 16.00 30.00 0.08 0.47 0.92 0.28 1.67Tocoyena formosa 24.00 20.00 0.10 0.70 0.61 0.34 1.65Duroia sp. 20.00 20.00 0.13 0.58 0.61 0.43 1.63Miconia sp.1 12.00 30.00 0.08 0.35 0.92 0.27 1.54Eriotheca gracilipes 8.00 20.00 0.17 0.23 0.61 0.57 1.41Myrtaceae 17 12.00 20.00 0.10 0.35 0.61 0.35 1.31Sclerolobium paniculatum 12.00 20.00 0.10 0.35 0.61 0.33 1.29Ocotea cf. puberula 16.00 20.00 0.05 0.47 0.61 0.17 1.25Erythroxylum tortuosum 12.00 20.00 0.07 0.35 0.61 0.24 1.20Vochysia rufa 12.00 20.00 0.07 0.35 0.61 0.23 1.19Eriotheca sp.1 8.00 20.00 0.10 0.23 0.61 0.34 1.18Enterolobium gummiferum 12.00 20.00 0.06 0.35 0.61 0.21 1.17Myrsine ferruginea 12.00 20.00 0.06 0.35 0.61 0.20 1.16Erythroxylum suberosum 12.00 20.00 0.05 0.35 0.61 0.16 1.12Hymenaea stigonocarpa 8.00 20.00 0.06 0.23 0.61 0.19 1.04Licania octandra 8.00 20.00 0.03 0.23 0.61 0.12 0.96Banisteriopsis anisandra 8.00 20.00 0.03 0.23 0.61 0.11 0.95Roupala montana 8.00 20.00 0.03 0.23 0.61 0.10 0.95Qualea multiflora 12.00 10.00 0.08 0.35 0.31 0.28 0.94Eremanthus sphaerocephalus 8.00 20.00 0.03 0.23 0.61 0.09 0.93Neea theifera 8.00 20.00 0.02 0.23 0.61 0.08 0.93Calisthene dryadum 8.00 10.00 0.10 0.23 0.31 0.33 0.87Peltophorum dubium 4.00 10.00 0.12 0.12 0.31 0.42 0.84Qualea sp.2 4.00 10.00 0.10 0.12 0.31 0.35 0.78Didymopanax morototoni 4.00 10.00 0.08 0.12 0.31 0.27 0.70Emmotum nitens 8.00 10.00 0.04 0.23 0.31 0.13 0.67Connarus cf. suberosus 4.00 10.00 0.06 0.12 0.31 0.22 0.64Annona coriacea 4.00 10.00 0.05 0.12 0.31 0.17 0.60Tabebuia caraiba 4.00 10.00 0.05 0.12 0.31 0.16 0.58Gomidesia cf. crocea 4.00 10.00 0.04 0.12 0.31 0.15 0.57Strichnos pseudoquina 4.00 10.00 0.04 0.12 0.31 0.13 0.55NI 39 4.00 10.00 0.03 0.12 0.31 0.12 0.54Lithraea molleoides 4.00 10.00 0.02 0.12 0.31 0.07 0.50NI 40 4.00 10.00 0.02 0.12 0.31 0.07 0.49Erythroxylum sp.1 4.00 10.00 0.02 0.12 0.31 0.07 0.49Tetrapteris sp. 4.00 10.00 0.02 0.12 0.31 0.06 0.49Luehea grandiflora 4.00 10.00 0.02 0.12 0.31 0.06 0.48cf. Arescastrum romanzoffianum 4.00 10.00 0.02 0.12 0.31 0.05 0.48Zanthoxylum rhoifolium 4.00 10.00 0.02 0.12 0.31 0.05 0.48Casearia sylvestris 4.00 10.00 0.01 0.12 0.31 0.05 0.47Tabebuia ochracea 4.00 10.00 0.01 0.12 0.31 0.05 0.47Rubiaceae 4 4.00 10.00 0.01 0.12 0.31 0.04 0.47Myracrodruon urundeuva 4.00 10.00 0.01 0.12 0.31 0.03 0.45Eugenia sp.1 4.00 10.00 0.01 0.12 0.31 0.03 0.45Campomanesia pubescens 4.00 10.00 0.01 0.12 0.31 0.03 0.45Psidium sp.1 4.00 10.00 0.01 0.12 0.31 0.03 0.45Ouratea castanaefolia 4.00 10.00 0.01 0.12 0.31 0.02 0.45Terminalia brasiliensis 4.00 10.00 0.01 0.12 0.31 0.02 0.45

cipós 16 20.00 0.06901 0.47 0.61 0.24 1.32inidvíduos mortos 252 100.00 1.64758 7.37 3.06 5.63 16.06

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

LXXXI

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ANEXO XXIVAlguns parâmetros fitossociológicos do sub-bosque no Cerrado Império.

APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens. R(%)

Freq. A Freq. R.(%)

Miconia albicans 31.71 80.00 14.68Siparuna guianensis 16.10 60.00 11.01Miconia macrothyrsa 3.41 35.00 6.42Erythroxylum campestre 4.39 30.00 5.50Rudgea viburnoides 2.93 30.00 5.50Xylopia aromatica 4.88 25.00 4.59Myrcia variabilis 2.93 20.00 3.67Brosimum gaudichaudi 3.41 15.00 2.75Terminalia argentea 1.46 15.00 2.75Davilla rugosa 1.46 15.00 2.75Myrcia rostrata 2.44 10.00 1.83Duroia sp 1.46 10.00 1.83Neea theifera 1.46 10.00 1.83Acosmium dasycarpum 1.46 10.00 1.83Byrsonima verbascifolia 0.98 10.00 1.83Cabralea canjerana 0.98 10.00 1.83Heteropteris sp 1 0.98 10.00 1.83Protium heptaphyllum 0.98 10.00 1.83Casearia sp 3 0.98 10.00 1.83Serjania sp 0.98 10.00 1.83Miconia ibaguensis 0.98 5.00 0.92Andira antihelmintica 0.98 5.00 0.92Plathymenia reticulata 0.98 5.00 0.92Miconia sp 5 0.49 5.00 0.92Bromeliaceae 0.49 5.00 0.92Maprounea sp 0.49 5.00 0.92Baccharis retusa 0.49 5.00 0.92Banisteriopsis anisandra 0.49 5.00 0.92Salacia sp 0.49 5.00 0.92Psidium firmum 0.49 5.00 0.92Qualea grandiflora 0.49 5.00 0.92Miconia sp 2 0.49 5.00 0.92Manihot tripartida 0.49 5.00 0.92Myrtaceae 17 0.49 5.00 0.92Myrsine ferruginea 0.49 5.00 0.92Zanthoxylum rhoifolium 0.49 5.00 0.92Campomanesia adamantium 0.49 5.00 0.92NI 42 0.49 5.00 0.92Trichilia pallida 0.49 5.00 0.92Smilax sp 0.49 5.00 0.92Leguminosae 4 0.49 5.00 0.92Machaerium opacum 0.49 5.00 0.92Machaerium villosum 0.49 5.00 0.92Ouratea castanaefolia 0.49 5.00 0.92

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LXXXIII

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ANEXO XXVEspécies amostradas no Cerrado Aeronáutica e alguns de seus parâmetros

fitossociológicos. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)

Sthryphnodendron adstringens 112.00 90.00 1.29 7.20 4.79 8.93 20.91Qualea grandiflora 112.00 100.00 1.15 7.20 5.32 7.97 20.48Aspidosperma tomentosum 116.00 80.00 0.75 7.46 4.26 5.17 16.88Hyptis cana 96.00 70.00 0.74 6.17 3.72 5.10 14.99Licania octandra 72.00 80.00 0.77 4.63 4.26 5.33 14.21Caryocar brasiliense 56.00 50.00 1.11 3.60 2.66 7.70 13.96Erythroxylum suberosum 80.00 80.00 0.56 5.14 4.26 3.88 13.28Plathymenia reticulata 64.00 90.00 0.53 4.11 4.79 3.67 12.57Sclerolobium paniculatum 56.00 70.00 0.62 3.60 3.72 4.29 11.61Byrsonima coccolobifolia 64.00 70.00 0.47 4.11 3.72 3.23 11.06Pouteria cf. ramiflora 40.00 50.00 0.70 2.57 2.66 4.85 10.08Tabebuia ochracea 44.00 60.00 0.42 2.83 3.19 2.94 8.96Lafoensia pacari 32.00 50.00 0.31 2.06 2.66 2.18 6.89Palicourea rigida 40.00 60.00 0.11 2.57 3.19 0.78 6.55Piptocarpha rotundifolia 40.00 50.00 0.15 2.57 2.66 1.07 6.30Qualea parviflora 24.00 40.00 0.36 1.54 2.13 2.49 6.16Annona crassiflora 16.00 30.00 0.50 1.03 1.60 3.46 6.09Hymenaea stigonocarpa 44.00 30.00 0.21 2.83 1.60 1.42 5.84Eugenia desynterica 28.00 30.00 0.33 1.80 1.60 2.30 5.69Bowdichia virgiliodes 24.00 40.00 0.26 1.54 2.13 1.83 5.50Tocoyena formosa 24.00 50.00 0.13 1.54 2.66 0.87 5.07Connarus cf. suberosus 16.00 40.00 0.25 1.03 2.13 1.76 4.92Plenckia polpunea 24.00 50.00 0.09 1.54 2.66 0.62 4.83Byrsonima verbascifolia 20.00 40.00 0.18 1.29 2.13 1.23 4.64cf. Arecastrum romanzoffianum 32.00 30.00 0.13 2.06 1.60 0.89 4.54Roupala montana 16.00 40.00 0.18 1.03 2.13 1.22 4.38Machaerium villosum 16.00 40.00 0.15 1.03 2.13 1.06 4.21Xylopia aromatica 28.00 30.00 0.11 1.80 1.60 0.78 4.17Qualea multiflora 20.00 30.00 0.12 1.29 1.60 0.84 3.72Kielmeyera coriacea 12.00 20.00 0.25 0.77 1.06 1.72 3.56Rudgea viburnoides 12.00 30.00 0.10 0.77 1.60 0.71 3.08Didymopanax macrocarpum 16.00 30.00 0.05 1.03 1.60 0.34 2.97Vochysia tucanorum 4.00 10.00 0.31 0.26 0.53 2.16 2.95Acosmium dasycarpum 12.00 30.00 0.04 0.77 1.60 0.29 2.66Erythroxylum campestre 12.00 20.00 0.08 0.77 1.06 0.57 2.40Myrtaceae 4 12.00 20.00 0.07 0.77 1.06 0.48 2.31Eriotheca sp.1 8.00 20.00 0.02 0.51 1.06 0.12 1.70Enterolobium gummiferum 8.00 10.00 0.04 0.51 0.53 0.27 1.31Psidium firmum 4.00 10.00 0.05 0.26 0.53 0.34 1.12Dalbergia miscolobium 4.00 10.00 0.04 0.26 0.53 0.30 1.09Matayba guianensis 4.00 10.00 0.04 0.26 0.53 0.26 1.05Vochysia cinnamomea 4.00 10.00 0.02 0.26 0.53 0.13 0.92Vochysia ferruginea 4.00 10.00 0.02 0.26 0.53 0.12 0.91

indivíduos mortos 84.00 70.00 0.63 5.40 3.72 4.36 13.48

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LXXXV

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ANEXO XXVIAlguns parâmetros fitossociológicos do sub-bosque no Cerrado

Aeronáutica. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens. R. (%)

Freq. A Freq. R(%)

Cabralea canjerana 8.00 45.00 7.50Banisteriopsis malifolia 6.86 45.00 7.50Serjania sp 7.43 35.00 5.83Qualea grandiflora 4.00 30.00 5.00Dalbergia miscolobium 2.86 25.00 4.17Eupatorium sp 4.57 15.00 2.50Bauhinia holophylla 3.43 15.00 2.50Annona tomentosa 3.43 15.00 2.50Brosimum gaudichaudi 2.86 15.00 2.50Xylopia aromatica 2.29 15.00 2.50Hyptis cana 2.29 15.00 2.50Tocoyena formosa 1.71 15.00 2.50Magonia pubescens 1.71 15.00 2.50Aspidosperma tomentosum 1.71 15.00 2.50Licania octandra 1.71 15.00 2.50Cassia chrysocarpa 1.71 15.00 2.50Casearia sp 3 2.29 10.00 1.67Qualea parviflora 1.71 10.00 1.67Compositae 2 1.71 10.00 1.67Acosmium dasycarpum 1.71 10.00 1.67Byrsonima intermedia 1.71 10.00 1.67Caryocar brasiliense 1.71 10.00 1.67Tabebuia ochracia 1.71 10.00 1.67Compositae 5 1.14 10.00 1.67Erythroxylum campestre 1.14 10.00 1.67Eugenia desynterica 1.14 10.00 1.67Lafoensia pacari 1.14 10.00 1.67Erythroxylum cf. citrifolia 1.14 5.00 0.83Eremanthus sphaerocephalus 0.57 5.00 0.83Bromeliaceae 0.57 5.00 0.83Miconia albicans 0.57 5.00 0.83Palicourea rigida 0.57 5.00 0.83Machaerium villosum 0.57 5.00 0.83Eriotheca gracilipes 0.57 5.00 0.83Machaerium opacum 0.57 5.00 0.83Pouteria cf. ramiflora 0.57 5.00 0.83Hymenaea stigonocarpa 0.57 5.00 0.83Calisthene dryadum 0.57 5.00 0.83Cybistax antisyphilitica 0.57 5.00 0.83Miconia cf. stenostachya 0.57 5.00 0.83Plenckia polpunea 0.57 5.00 0.83NI 12 0.57 5.00 0.83NI 13 0.57 5.00 0.83Sclerolobium aureum 0.57 5.00 0.83Sthryphnodendron adstringens 0.57 5.00 0.83Rubiaceae 8 0.57 5.00 0.83Pseudobombax sp 2 0.57 5.00 0.83Randia armata 0.57 5.00 0.83NI 41 0.57 5.00 0.83Miconia sp 2 0.57 5.00 0.83

Myrtaceae 13 0.57 5.00 0.83Myrsine sp 0.57 5.00 0.83Myrsine umbellata 0.57 5.00 0.83Myrtaceae 4 0.57 5.00 0.83

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LXXXVII

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ANEXO XXVIIEspécies amostradas na Cerrado Promissão e alguns de seus parâmetros

fitossociológicos. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)

Qualea grandiflora 364.00 90.00 3.94 19.74 4.50 25.26 49.50

Hyptis cana 112.00 60.00 0.88 6.07 3.00 5.67 14.74

Xylopia aromatica 104.00 80.00 0.65 5.64 4.00 4.19 13.83

Caryocar brasiliense 40.00 50.00 1.28 2.17 2.50 8.18 12.85

Kielmeyera coriacea 76.00 80.00 0.60 4.12 4.00 3.87 11.99

Piptocarpha rotundifolia 64.00 90.00 0.49 3.47 4.50 3.14 11.12

Didymopanax mcrocarpum 72.00 80.00 0.36 3.90 4.00 2.31 10.21

Erythroxyllum campestre 64.00 60.00 0.32 3.47 3.00 2.06 8.53

Qualea parviflora 48.00 60.00 0.43 2.60 3.00 2.78 8.39

Dalbergia miscolobium 48.00 70.00 0.35 2.60 3.50 2.25 8.35

Sthryphnodendron adstringens 56.00 70.00 0.26 3.04 3.50 1.63 8.17

Bowdichia virgilioides 36.00 60.00 0.48 1.95 3.00 3.10 8.05

Erythroxyllum suberosum 52.00 70.00 0.24 2.82 3.50 1.57 7.89

Miconia cf. stenostachia 60.00 40.00 0.30 3.25 2.00 1.94 7.20

Byrsonima verbascifolia 36.00 60.00 0.34 1.95 3.00 2.17 7.12

Machaerium villosum 32.00 70.00 0.27 1.74 3.50 1.74 6.97

Myrcia variabilis 40.00 50.00 0.29 2.17 2.50 1.85 6.52

Acosmium dasycarpum 44.00 50.00 0.24 2.39 2.50 1.56 6.45

Sclerolobium paniculatum 20.00 30.00 0.42 1.08 1.50 2.68 5.27

Qualea multiflora 20.00 50.00 0.20 1.08 2.50 1.27 4.85

Rudgea viburnoides 24.00 40.00 0.20 1.30 2.00 1.31 4.61

Hymenaea stigonocarpa 20.00 40.00 0.10 1.08 2.00 0.62 3.70

Vochysia ferruginea 24.00 30.00 0.10 1.30 1.50 0.65 3.45

Coussarea cf. hydrangeifolia 24.00 10.00 0.24 1.30 0.50 1.55 3.36

Machaerium opacum 16.00 20.00 0.22 0.87 1.00 1.41 3.28

Tabebuia ochracea 12.00 30.00 0.15 0.65 1.50 0.94 3.09

Plathymenia reticulata 24.00 20.00 0.11 1.30 1.00 0.69 2.99

Tocoyena formosa 16.00 30.00 0.07 0.87 1.50 0.46 2.83

Vochysia tucanorum 12.00 10.00 0.25 0.65 0.50 1.60 2.75

Miconia albicans 16.00 30.00 0.06 0.87 1.50 0.36 2.73

Eugenia desynterica 8.00 20.00 0.18 0.43 1.00 1.18 2.61

Myrsine venosa 12.00 30.00 0.06 0.65 1.50 0.42 2.57

Davilla rugosa 12.00 30.00 0.05 0.65 1.50 0.35 2.50

Annona coriacea 12.00 20.00 0.11 0.65 1.00 0.68 2.33

Miconia sp.3 12.00 10.00 0.17 0.65 0.50 1.07 2.22

Heteropteris sp.1 12.00 20.00 0.07 0.65 1.00 0.46 2.12

Byrsonima coccolobifolia 12.00 20.00 0.07 0.65 1.00 0.45 2.10

Psidium sp.1 8.00 20.00 0.10 0.43 1.00 0.61 2.04

Annona crassiflora 8.00 20.00 0.08 0.43 1.00 0.54 1.98

Pisonia noxia 8.00 20.00 0.05 0.43 1.00 0.30 1.74

Erythroxylum tortuosum 8.00 20.00 0.04 0.43 1.00 0.23 1.66

Byrsonima intermedia 8.00 20.00 0.03 0.43 1.00 0.22 1.65

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

LXXXIX

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cont. ESPÉCIE Dens.A Freq.A. Dom.A. Dens.R. Freq.R. Dom.R. IVI

(ind./ha) (%) (m2/ha) (%) (%) (%)Eremanthus glomerulatus 12.00 10.00 0.04 0.65 0.50 0.26 1.41

Roupala montana 8.00 10.00 0.04 0.43 0.50 0.29 1.22

Aspidosperma tomentosum 8.00 10.00 0.04 0.43 0.50 0.27 1.20

Enterolobium gummiferum 4.00 10.00 0.06 0.22 0.50 0.36 1.08

Myrsine cf. tomentosa 4.00 10.00 0.04 0.22 0.50 0.28 1.00

Plenckia polpunea 4.00 10.00 0.02 0.22 0.50 0.14 0.85

cf. Arecastrum romanzoffianum 4.00 10.00 0.02 0.22 0.50 0.12 0.83

NI 50 4.00 10.00 0.02 0.22 0.50 0.12 0.83

Myrcia tomentosa 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.08 0.80

Zanthoxylum riedelianum 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.08 0.80

Tapirira guianensis 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.08 0.80

Sapotaceae 1 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.06 0.78

Zehyera montana 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.05 0.77

Bacharis cf. retusa 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.05 0.77

Eremanthus erythropappa 4.00 10.00 0.01 0.22 0.50 0.05 0.76

indivíduos mortos 72.00 70.00 0.38 3.90 3.50 2.40 9.81

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XCI

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ANEXO XXVIIIAlguns parâmetros fitossociológicos do sub-bosque no Cerrado

Promissão. APA Carste de Lagoa Santa

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ESPÉCIE Dens. R.(%)

Freq. A. Freq. R.(%)

Miconia albicans 9.52 35.00 6.80Qualea grandiflora 6.12 30.00 5.83Rubiaceae 8 5.44 25.00 4.85Erythroxylum campestre 4.08 25.00 4.85Myrsine venosa 4.08 25.00 4.85Miconia cf. stenostachya 4.76 20.00 3.88Byrsonima intermedia 3.40 20.00 3.88Davilla rugosa 2.04 15.00 2.91Dalbergia miscolobium 2.04 15.00 2.91Hyptis cana 2.04 15.00 2.91Baccharis dracunculifolia 2.04 15.00 2.91Byrsonima verbascifolia 3.40 10.00 1.94Maprounea sp 2.72 10.00 1.94Siparuna guianensis 2.04 10.00 1.94Baccharis retusa 2.04 10.00 1.94Rudgea viburnoides 2.04 10.00 1.94Roupala montana 2.04 10.00 1.94Banisteriopsis anisandra 2.04 10.00 1.94Annona tomentosa 2.04 10.00 1.94Hymenaea stigonocarpa 1.36 10.00 1.94Bromeliaceae 1.36 10.00 1.94Eremanthus sphaerocephalus 1.36 10.00 1.94Xylopia aromatica 1.36 10.00 1.94Sthryphnodendron adstringens 1.36 10.00 1.94Eugenia desynterica 1.36 10.00 1.94NI 13 4.08 5.00 0.97Banisteriopsis malifolia 2.04 5.00 0.97Malpighiaceae 2 2.04 5.00 0.97Qualea multiflora 1.36 5.00 0.97Coussarea cf. hydrangeifolia 1.36 5.00 0.97Compositae 4 1.36 5.00 0.97Byrsonima coccolobifolia 1.36 5.00 0.97Kielmeyera coriacea 0.68 5.00 0.97Rhynchospora cf. corimbosa 0.68 5.00 0.97Qualea parviflora 0.68 5.00 0.97Machaerium villosum 0.68 5.00 0.97Pisonia noxia 0.68 5.00 0.97NI 44 0.68 5.00 0.97NI 45 0.68 5.00 0.97Psidium sp 1 0.68 5.00 0.97NI 43 0.68 5.00 0.97Maytenus sp 0.68 5.00 0.97Annona crassiflora 0.68 5.00 0.97Guettarda cf. pohliana 0.68 5.00 0.97Dimorphandra mollis 0.68 5.00 0.97Enterolobium gummiferum 0.68 5.00 0.97Vernonia sp 0.68 5.00 0.97Sclerolobium aureum 0.68 5.00 0.97Compositae 1 0.68 5.00 0.97Tabebuia ochracia 0.68 5.00 0.97Annona coriacea 0.68 5.00 0.97Erythroxylum tortuosum 0.68 5.00 0.97Xyris sp 0.68 5.00 0.97

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XCIII

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ANEXO XXIXEspécies de plantas utilizadas pelos raizeiros entrevistados, com local

de coleta, modo de preparo, parte utilizada e indicação de uso.APA Carste de Lagoa Santa

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PLANTA NOME CIENTÍFICO LOCAL PREPARO /PARTE USADA INDICAÇÃO

abóbora branca cf. Wilbrandia sp M chá água na bexiga ouintestino

algodãozinho NI C chá , doce (pode-se fazer junto com ajalapa) / tubérculo ralado ou seco

anilina NI C raiz cozida problemas renais

araticum Annona coriacea C fruto e semente / alimento; banhocapilar com as sementes socadas nopilão e misturadas na cachaça

piolhoslimpa rim e urina

aroeira Myracrodruon urundeuva M entrecasca, junto com entrecasca debico de papagaio

dor de dente

azedinha Oxalis sp C chá da raiz estômago

babosa Aloe vera C folha batida para tirar a baba bom para o cabelo

barbatimão Stryphnodendron adstringens C chá ou banho com a casca cozida estômago, diarréia,feridas, úlcera

bardana NI E chá ou banho com a folha espinha, queda decabelo

cagaita Eugenia desynterica C chá da entrecasca problemas deestômago e intestino

cambaúba branca Cecropia pachystachia M chá com a folha bronquite, pressãoalta, evita derrame

canela de perdiz Croton antisyphilitica C chá com a raiz sífilis

capeba Potomorphe umbellata M chá com a raiz fígado, rim

caratinga Dioscorea sp M bolo da raiz intestino

carobinha Jacaranda caroba C chá com a casca fortificante, feridas

carqueja Baccharis trimera C / R chá tira a gordura dosangue ; evitaderrame cerebral

carrapichomelancia

NI C chá ou garrafada com a raiz problemas deestômago e intestino

carrapicho rajado NI R chá pedras no fígado erins

cavalinha Equisetum sp B chá problemas renais,infecção de bexiga

chapéu de couro Echinodorus sp B chá da planta depurativo do sangue

cipó-prata Banisteriopsis cf. anisandra C chá feito junto com o bugre; folha problemas renais

congonha de bugre Rudgea viburnoides C chá com cinco folhas (é um remédiofresco); junto com uma folha de dombernardo

sífilis, depurativo dosangue, “bom paraqualquer coisa”:pressão alta,inchação, problemasrenais

crapiá Dorstenia sp M chá da raiz gripe e febre

erva de bicho Polygonum sp B chá ou banho com a planta inteira varizes ehemorróidas

erva de passarinho Psythacanthus sp C chá desinteria (quandocresce sobre agoiabeira); depurativodo sangue e diabetesquando sobre o paupombo, etc

erva de São Joséou botãozinho

Hyptis sp C chá ou banhofolha e raiz

problemas deestômago, diarréias

erva-de-bicho Polygonum sp B chá e banho hemorróidas

espinheira santa Maytenus ilicifolia M chá da folha úlcera estomacal

folha santa Siparuna guianensis C compressa com três folhas quentesamarradas à testa com um pano

dor de cabeça

fumo bravo NI M chá pneumonia, gripe,mancha no pulmão

gravatá Bromelia sp C melado feito com 5, 7 ou 9 frutosbatidos e cozidos

bronquite

ipê roxo Tabebuia sp C / M chá com a casca câncer

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XCIV

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cont.

PLANTA NOME CIENTÍFICO LOCAL PREPARO /PARTE USADA INDICAÇÃO

jalapa NI C docetubérculo ralado

perebas e feridas

japecanga ou salsade espinho

Smilax sp C raiz cozida ou misturada na garrafada,para tomar

mazelas no corpo

jatobá Hymenaea courbaril M / C infusão da casca ou vinho retirado dotronco com auxílio de trado por volta domês de agosto

gripe, tosse,problemas intestinais,fortificante, bronquite,reumatismo, gripe

jurubebinha Solanum sp M chá fígado, rins, sífilis

lobeira Solanum lycocarpum C cháflor

gripe

macaé ouvovozinha

Leonurus sibiricus chá gripe, dor de barriga

macieira Hyptis sp C chá da flor gripe

mama-cadela Brosimum gaudichaudi C raizcozida / colocada no cigarro / garrafada(curtida em cerveja ou vinho); o fruto écomestível

sífilis (remédioquente); garganta,manchas na pele,depurativo do sangue

mamona Ricinus communis R chá gripe

mil-homens Ni C banho feito com a planta cozida coluna, reumatismo,dores no corpo

mutamba Guazuma ulmifolia M banho queda de cabelo

óleo Copaifera langsdorffii C / M óleo retirado do tronco adulto feridas

palma Opuntia brasiliensis M fruto (chá ou fresco) corta infecção

pau pombo Tapirira guianensis C / M chá pressão alta

pau terra Qualea sp C chá gastrite

pequi Caryocar brasiliense C frutoalimento

picão Bidens pilosa R chá com a planta inteira intestino e fígado

pimenta de macaco Xylopia aromatica C carne interna do fruto curtida tempero para carne

poaia Polygala sp R chá com a raiz gripe, bronquite

quatro-mil-réis NI C chá ou garrafada da raiz amassada bom para donas(problemas de útero);homem também podebeber

quebra-pedra Phyllanthus sp B chá rins e fígado

quina Strichnos pseudoquina C / M chá estômago e intestino

rabo de macaco NI C raiz cozida coluna

salsa 1 Smilax sp M reumatismo

salsa 2 Smilax sp C raiz próprio para donas;homem não toma

salsaparrilha Smilax sp C / M

sene do campo NI C banho para os olhos vistas

sete sangrias NI M chá normaliza a pressão;cura qualquerferimento interno

suma branca NI C chá com a raiz anemia, alergia, sífilis

Legenda:C=cerrado; M=mata; R= ruderal; B=brejo; E=exótica na região (cultivada)NI= espécie não identificada

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XCV

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ANEXO XXXDocumentação Fotográfica

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Vista parcial da floresta estacional semidecidualMata Vargem Comprida, próximo ao açude.

Vista parcial da floresta estacional semidecidual MataCastelo da Jaguara.

Fábrica de cimento da empresa Cimentos Mauá,Matozinhos.

Extração de areia no Rio das Velhas.

Vista parcial da área de transição mata/cerrado. Mata dainfraero, ao lado do aeroporto de Confins.

Vista parcial da APA Carste de Lagoa Santa (próxima àFazenda Império), mostrando a pastagem arborizadacom pequizeiros (Caryocar brasiliense).

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XCVII

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Região da Fazenda Santa Helena, uma das áreaspropostas como Zona Núcleo, na porção norte da APA.

Aspecto do Cerrado Sumidouro.

Floresta estacional semidecidual (Mata da Lapinha).Vegetação secundária com grande quantidade de cipós.

Vista geral da Lagoa do Sumidouro na época chuvosa(janeiro).

Vista parcial da área de transição mata/cerrado MataImpério.

Vista parcial do pasto sujo da Fazenda Império, comintensa rebrota de espécies do cerrado.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XCVIII

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Lagoa Peri-Peri totalmente coberta por Nymphaea sp.em floração.

Detalhe da vegetação aquática da Lagoa VargemComprida, com as plantas flutuantes alface-d’água(Pistia sp.) e lentilha-d’água (Lemna sp.) e a submersapelo-de-urso (Ceratophylum sp.).

Pastagem arborizada, evidenciando a importância dasombra para o gado. Região de Pedro Leopoldo.

Região do Haras Sahara (Mocambeiro) mostrandofragmentos florestais isolados.

Armadilha do tipo ‘‘Sherman’’, amarrada a um cipó, e aarmadiha do tipo ‘‘Tomahawk’’ no chão, ambas paracaptura de pequenos mamíferos não voadores. MataLagoa da Cauaia, Fazenda Cauaia.

Trilha com marcação (fita vermelha) e armadilha do tipo‘‘Sherman’’ presa a um cipó, para amostragem depequenos mamífemors não voadores. Mata Império,Fazenda Império.

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

XCIX

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Pegada de mão-pelada (Procyon cancrivorus). Pegada de veado (Mazama sp.).

Rato-de-espinho (Proechmys sp.) capturado dentro deuma armadilha do tipo ‘‘Tomahawk’’.

Cuíca (Micoureus demerarae).

Cicli (Synallaxis frontalis). Papa-formigas-da-serra, macho (Formicivora serrana).

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

C

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Pichito (Basileuterus hypoleucus). Enferrujado (Lathrotriccus euleri).

Jararaquinha-de-jardim (Sibynomorphus mikani). Cobra-verde (Phylodryas olfersi), serpente opistóglifaque pode provocar acidentes de certa gravidade, porémdispensando soroterapia. Atropelada na estrada.

Redes de neblina (mist. net) utilizadas para captura deaves e morcegos, armadas na Mata Lagoa da Cauaia,Fazenda Cauaia.

Morcego capturado em uma rede de neblina.

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

CI

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Phimophis igleasi, serpente típica do cerrado brasileiro. Xatadeira (Waglerophis merremi) , exibindocomportamento deimático.

Guaxo (Cacicus haemorrhous).

Verdinho-coroado (Hylophilus poicilotis). Canário-do-mato (Basileuterus flaveolus).

Estalador (Corythopis delalandi).

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

CII

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Chupa-dentes (Conopophaga lineata). Choca-da-mata, fêmea (Thamnophilus caerulescens).

Jibóia (Boa constrictor), atropelada na estrada.

Coral-Verdadeira (Micrurus frontalis), expondo a regiãocaudal, comportamento de defesa típico da espécie.

Falsa-coral (Oxyrhops guibei), espécie muito confundidacom corais verdadeiras).

Jibóia (Boa constrictor). Serpente observada na FazendaPeri-Peri.

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

CIII

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Rato-rabudo, punaré (Thrichomys apereoides) Rato-de-espinha (Proechmys sp.).

Reflorestamento de Eucalyptus sp. em substituição àcobertura vegetal nativa.

Pastagens e cultura intensiva (pivô central da FazendaCauaia). Ações que interferem na qualidade da água.

Plantação de abacaxi na região da Quinta do Sumidouro.Área recém-desmatada para plantio de abacaxi na regiãoda Quinta do Sumidouro.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

CIV

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Estrada de acesso a Lagoa Santa no limite sudeste daAPA Carste de Lagoa Santa.

Vista parcial da cidade de Confins, sinais da expansãourbana periférica à Belo Horizonte.

‘‘Cascalheira’’ próxima à Fazenda Castelo da Jaguara,com áreas de floresta estacional semidecidual etransição mata/cerrado.

Lagoas temporárias próximas ao Haras Saara, compasto plantado em substituição à cobertura vegetal nativa.

Lagoa dos Mares com grande desenvolvimento depopulações de macrófitas aquáticas, em conseqüênciada ocupação antrópica de sua bacia.

Cascalheira na região da Quinta do Sumidouro.

CPRM – Serviço Geológico do BrasilEstudo do Meio Biótico

CV

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Placas de sinalização educativa àsmargens da Lagoa Olhos D’Água.

Vista da Lagoa Olhos D’Água evidenciando asso-reamento decorrente da ocupação de suas margens.

Reserva da Cauê, indicando local que sofreu incêndiorecente.

Coleta de lenha na região de Mocam-beiro.

Floresta estacional semidecidual, Mata VargemComprida, evidenciando roçada do sub-bosque.

Pastagem com excesso de pisoteio, apresentandogrande quantidade da guanxuma (Sida sp.), indicadorade solos compactados.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

CVI

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Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricose da Amazônia Legal

CPRMServiço Geológico do Brasil

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VOLUME III

CPRMServiço Geológico do Brasil

PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO,HISTÓRICO E CULTURAL

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PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO,HISTÓRICO E CULTURAL

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Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia LegalGustavo Krause Gonçalves Sobrinho

Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisEduardo Martins

Diretor de EcossistemasRicardo José Soavinski

Chefe do Departamento de Vida SilvestreMaria Iolita Bampi

Ministro de Minas e EnergiaRaimundo Mendes de Brito

Secretário de Minas e MetalurgiaOtto Bittencourt Netto

Diretor-Presidente da CPRM – Serviço Geológico do BrasilCarlos Oití Berbert

Diretor de Hidrologia e Gestão TerritorialGil Pereira de Azevedo

Chefe do Departamento de Gestão TerrotorialCássio Roberto da Silva

Edição

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisDiretoria de Incentivo à Pesquisa e DivulgaçãoDepartamento de Divulgação Técnico-Científica e Educação AmbientalDivisão de Divulgação Técnico-CientíficaSAIN – Av. L4 Norte, s.n., Edifício Sede. CEP 70800-200, Brasília, DF.Telefones: (061) 316-1191 e 316-1222FAX: (061) 226-5588

CPRM – Serviço Geológico do BrasilDRI – Diretoria de Relações Institucionais e DesenvolvimentoAv. Pasteur, 404. CEP 22290-24-, Urca – Rio de Janeiro, RJ.PABX: (021) 295-0032 – FAX: (021) 295-6647

GERIDE – Gerência de Relações Institucionais e DesenvolvimentoAv. Brasil, 1731. CEP 30140-002, Funcionários – Belo Horizonte, MG.Telefone: (031) 261-0352 – FAX: (031) 261-5585

Belo Horizonte1998-04-02

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

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IBAMA

Moacir Bueno ArrudaCoordenador de Conservação de Ecossistemas

Eliana Maria CorbucciChefe da Divisão de Áreas Protegidas

Ricardo José Calembo MarraChefe do Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas – CECAV

Jader Pinto de Campos FigueiredoSuperintendente do IBAMA em Minas Gerais

Ivson RodriguesChefe da APA Carste de Lagoa Santa

CPRM

Osvaldo CastanheiraSuperintendente Regional de Belo Horizonte

Fernando Antônio de OliveiraGerente de Hidrologia e Meio Ambiente

Jayme Álvaro de Lima CabralSupervisor da Área de GATE

Helio Antonio de SousaCoordenador

Edição e RevisãoValdiva de OliveiraRuth Léa Nagem

CapaWagner Matias de Andrade

DiagramaçãoWashington Polignano

Foto da Capa: Lapa Vermelha I, Pedro Leopoldo – MG.Ézio Rubbioli

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CRÉDITOS DE AUTORIA

RELATÓRIOS TEMÁTICOS

Levantamento Espeleológico

Responsáveis Técnicos

Bióloga Lília C. Senna Horta - Fundação GorceixGeóloga Mylène Luiza C. Berbert-Born - CPRMGeóloga Georgete Macedo Dutra - Fundação Gorceix

Apoio Técnico - Estagiários

Fabiano J. de O. Costa (Engenharia de Minas)Fernando Verassani (Geologia)Juliano Duarte Maciel (Geologia)Marcos Santos Campello (Geologia)Ricardo A. Cipriano Scholz (Geologia)

Fotos

Ezio Rubbioli:5, 10, 11, 12, 39

Georgete Dutra:1, 6, 7, 8, 18, 22, 23, 24, 25, 27, 29, 31, 38

Mylène Luiza C. Berbert-Born:

2, 3, 4, 9, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20, 21, 26, 28, 30, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 40

Patrimônio Arqueológico

Responsáveis Técnicos

Luiz Fernando Miranda Loredana RibeiroEunice Resende Andrei IsnardisMárcio Alonso Emílio FogaçaFernando Costa Helena DavidJuliana Cardoso Maria Jacqueline MonteiroJoão Bárbara Marcos BritoAntônio Vaz Andrey Zanetti

Pesquisa Bibliográfica:

Loredana Ribeiro Fernando Costa(arte rupestre) (histórico das pesquisas)

Andrei Isnardis Eunice Resende(histórico das pesquisas) (grupos horticultores)

Juliana Cardoso Maria Jacqueline Monteiro(paleontologia humana) (ocupações pleistocênicas e holocênicas)

Colaborações:

Alenice Baeta Dr. Walter Neves(arte rupestre) (paleontologia humana)

Paulo Junqueira e Ione Malta(acesso a sítios a céu aberto)

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Ilustrações:

Emílio FogaçaAndréa Severo

Pesquisa e seleção de documentos iconográficos:

Fernando Costa Loredana RibeiroEmílio Fogaça Andrei IsnardisMaria Jacqueline Monteiro

Fotografias:

Márcia Britto Márcio AlonsoAndrei Isnardis Luiz Fernando MirandaEmílio Fogaça Antonio Vaz

Serviços de secretaria:

Rosângela de Paula

Levantamento Paleontológico

Responsáveis Técnicos

Professor Prof. Dr. Castor CartelleProfessora Virgínia AbuhidProfessor Mauro Agostinho C. FerreiraProfessor Rodrigo Lopes Ferreira

Equipe de ApoioElizabeth de Almeida Cadête Costa – Desenho CartográficoMaria Alice Rolla Pecho – EditoraçãoMaria Madalena Costa Ferreira – Normalização bibliográficaRosângela Gonçalves Bastos Souza - GeógrafaRosemary Corrêa – Desenho CartográficoTerezinha Inácia de Carvalho Pereira – DigitalizaçãoValdiva de Oliveira – Editoração

Digitalização

ANDINA - Serviços de InformáticaGERIDE - Gerência de Relações Institucionais e Desenvolvimento

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APRESENTAÇÃO

O Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis – IBAMA, no cumprimento de sua missãoinstitucional de executar a Política Nacional do Meio Ambiente tem, entre seus principais objetivos, ode criar, implantar e realizar a gestão de áreas protegidas, identificadas como amostras representativasdos ecossistemas brasileiros.

Sob a responsabilidade da Diretoria de Ecossistemas desse Instituto, encarregada da gestão doSistema Nacional de Unidades de Conservação foi criada a APA Carste de Lagoa Santa, com oobjetivo de “garantir a conservação do conjunto paisagístico e da cultura regional, proteger e preservaras cavernas e demais formações cársticas, sítios arqueo-paleontológicos, a cobertura vegetal e afauna silvestre, cuja preservação é de fundamental importância para o ecossistema da região.”

Dentro da estratégia do IBAMA de estabelecer parcerias, em todos os níveis foi celebrado um convênioentre o IBAMA e o Serviço Geológico do Brasil – CPRM, objetivando a execução do ZoneamentoAmbiental da APA Carste de Lagoa Santa. Esse trabalho foi conduzido por equipe multidisciplinarcomposta por técnicos da CPRM, da Fundação BIODIVERSITAS, do Museu de História Natural daUFMG e por consultores nas áreas jurídica, socioeconômica e ambiental.

A definição do quadro ambiental da APA, e a formulação e delimitação de suas unidades ambientais,exigiram a realização de levantamentos detalhados, análises complexas e a integração de diversostemas. Nesse contexto, o meio físico, considerado como elemento estruturador do zoneamento, foicaracterizado pelos temas constantes do volume I: geologia/geomorfologia, pedologia, hidrologia,hidrogeologia e geotecnia. Como elementos reguladores do Zoneamento Ambiental, os levantamentosespeleológico, arqueológico e paleontológico da APA, compõem o volume II, enquanto os estudos daflora e fauna (biota) são apresentados no volume III. O estudo das tendências sócio-econômicas eos aspectos jurídicos e institucionais que atuaram como elemento balizador do zoneamento, compõemo volume IV.

O conjunto de informações contidas nos quatro volumes referentes aos relatórios temáticos doZoneamento da APA Carste de Lagoa Santa, representa um valioso e detalhado acervo deconhecimento sobre a região, constituindo o insumo fundamental para o delineamento do ZoneamentoAmbiental, apresentado em volume especial.

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LEVANTAMENTO ESPELEOLÓGICOGeorgete Macedo Dutra

Lília Senna HortaMylène Luiza C. Berbert-Born

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INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS

RENOVÁVEIS - IBAMA

Levantamento espeleológico; organizado por Georgete Macedo Dutra, Lília Senna

Horta, Mylène Luiza C. Berbert-Born. – Belo Horizonte: IBAMA/CPRM, 1998.

71p.: mapas e anexos, (Série APA Carste de Lagoa Santa - MG).

Conteúdo: V.1. Meio físico – V.2. Meio biótico - V.3. Patrimônio espeleológico,

histórico e cultural – V.4. Sócio-economia.

1. APA de Lagoa Santa - MG - 2. Meio ambiente I - Título. II - Dutra, Georgete M. III

- Horta, Lília S. IV - Berbert-Born, Mylène L.C.

CDU 577-4

Direitos desta edição: CPRM/IBAMA

É permitida a reprodução desta publicação desde que mencionada a fonte.

Ficha Catalográfica

AGRADECIMENTOS

Aos espeleólogos e aos grupos de espeleologia que colaboraram no fornecimento de informações e mapas:

Augusto Sarreiro Auler, Edson Alves Martins, Ezio Luiz Rubbioli, Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas -

GBPE, Maria Teresa T. de Moura, Núcleo de Atividades Espeleológicas - NAE, Sociedade Excursionista e

Espeleológica - SEE.

Aos especialistas que contribuíram na identificação dos espécimes: Adalberto Césari (Chiroptera), Ângelo Pires

do Prado (Diptera), Carlos Roberto F. Brandão (Formicidae, parte), Christiane Izumi Yamamoto e Bodo Hasso

Dietz (Formicidae, parte), Eliana Cancello (Isoptera), Eleonora Trajano, Fábio Vieira (Osteichthyes), Francisco de

A. G. de Mello (Ensifera), José Luiz Moreira Leme (Gastropoda), Leila Souza Kury (Isopoda), Pedro Gnaspini-

Netto (Coleoptera, Collembola), Renner L. C. Baptista (Araneae), Ricardo Pinto da Rocha (Opiliones).

Aos amigos e espeleólogos que ajudaram na identificação de alguns animais: Adrian Boller e Rodrigo Lopes

Ferreira. À Eleonora Trajano e Pedro Gnaspini-Netto, pelo incentivo, orientação e encaminhamento do material aos

especialistas, além de várias identificações.

À comunidade local pelas informações preciosas e pela hospitalidade.

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1

Levantamento Espeleológico

Justificativas

A APA Carste de Lagoa Santa foi criada peloDecreto Federal n. 98881 de 25-01-90. A criaçãodessa área de proteção ambiental, que tem35600 ha é justificada pela relevância que asassociações cársticas têm em âmbito nacional,em termos paisagísticos, de fauna e flora, deriquezas subterrâneas cênicas, minerais efossilíferas, em aspectos históricos, pré-históricos, culturais e nas particularidades deseu sistema hídrico. Embora notórias as belezasnaturais da região, o mérito maior da suasignificância está na densidade em que ocorremtais feições, entre elas, as cerca de 400 grutascadastradas junto ao Cadastro EspeleológicoNacional até o momento, caracterizando-a comoa maior densidade de sítios espeleológicos porárea do Brasil.

Por outro lado, Lagoa Santa e adjacências éuma das regiões cársticas brasileiras que maissofre pressão do desenvolvimento urbano eindustrial. Por isso, o decreto predispõe amplasproibições e restrições para atividades antró-picas objetivando imediata salvaguarda dascavernas e demais formações cársticas, sítiosarqueológicos e paleontológicos e a vegetaçãonativa. No entanto, prevê a elaboração de umzoneamento para a definição mais exata decomo devem ser as relações entre a ocupaçãoe o ambiente a ser protegido; um verdadeirodesafio que visa ao entendimento entre asdiversas classes envolvidas.

Área de estudo

A APA Carste de Lagoa Santa localiza-se noestado de Minas Gerais, abrangendo parte dosmunicípios de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo,Matozinhos, Vespasiano, Funilândia e Prudentede Morais e todo o município de Confins, numaextensão total de 356 km2. O limite leste se fazcom o rio das Velhas e a rodovia pavimentadaMG-010; o sul, com o ribeirão da Mata; o oeste,com a rodovia pavimentada MG-424, e anoroeste e norte, com estradas e referênciassecundárias, como mostra a figura 1. Possuiainda o Aeroporto Internacional Tancredo Neves(Confins) e é servida pela Rede FerroviáriaFederal S.A. que passa pelas cidades de PedroLeopoldo e Matozinhos.

A principal drenagem é o rio das Velhas. Naporção sul da APA, estão o ribeirão da Mata eseu afluente, o córrego do Retiro. De sul paranorte, encontram-se os córregos do Fidalgo,Capão e Canoas de Santana, que deságuamno córrego do Jaques e este, por sua vez, norio das Velhas. Outras importantes drenagenssão o córrego Samambaia, que deságua naLagoa do Sumidouro; o córrego Palmeiras, quecorre dentro do carste, tendo seu percursodefinido por traçadores, e o córrego Jaguara eriacho da Gordura, ambos desaguando dire-tamente no rio das Velhas.

O relevo cárstico encontra-se instalado emdomínio planáltico, mais precisamente no blocointerfluvial ribeirão da Mata - rio das Velhas, emaltitudes que variam entre 650-900m. Destaca-se o compartimento do planalto cárstico, cobertopor uma espessa cobertura pedológica e,localmente, por rochas metapelíticas. Asdolinas, uvalas, paredões, colinas convexas emorros alongados são as mais freqüentesmorfologias do planalto cárstico. As dolinas euvalas podem atingir de poucos a centenas demetros de largura, distinguindo-se as dedissolução e, secundariamente, de abatimentoda cobertura de solos. Freqüentemente,bordejando dolinas, uvalas e morros residuaisalongados, surgem paredões calcários quepodem atingir até 50m de altura e até algumascentenas de metros de largura (Piló, 1997)(foto 1).

Os representantes da fauna e da flora obser-vados no estudo da Fundação Biodiversitas(1996) pertencem aos biomas do Cerrado e daMata Atlântica, indicando uma situação detransição entre eles. Segundo o mapa devegetação do Brasil (IBGE, 1993), a regiãopossui formações vegetacionais de cerrado efloresta estacional semidecidual. Numa escalamaior, percebe-se que o cerrado restringe-se amanchas remanescentes, em regeneração ouem transição (mata-cerrado). A florestaestacional semidecidual possui maior repre-sentatividade no centro-norte de Matozinhos.Considerando o topo dos maciços, há vege-tação de afloramentos calcários, semelhante àcaatinga, fruto dos processos de expansão eretração dos climas secos na evolução docontinente sul-americano (Ab’Saber, 1977).

1 - INTRODUÇÃO

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Foi preservada da atividade agropecuária pelasdificuldades de acesso e pela escassacobertura pedológica, mas é freqüentementeameaçada pelas mineradoras de calcário e porcolecionadores e comerciantes de espéciescomo orquídeas e bromélias. Já no contorno dosmaciços, quando não desmatado, há florestaestacional decidual, sendo o entorno destinadoa pastagens e à agricultura.

Dentro da classificação climática de Köppen (inHeras, 1972), baseada na precipitação etemperatura média do ar, a região estáenquadrada no tipo climático AW, ou seja,tropical úmido com inverno seco e verãochuvoso, uma vez que a temperatura média domês mais frio é sempre superior a 18°C, e ostotais pluviométricos anuais se encontram emmédia entre 1000 e 1500mm. Esses dadoscorrespondem ao período de 1960 a 1990,coletados pelo Instituto Nacional de Meteo-rologia - INMET.

Histórico

A relação entre o ser humano e as cavernasremonta à pré-história, quando nossosantepassados as usavam como abrigos, pararituais e para sepultamentos. As manifestaçõesem paredes e tetos tais como pinturas,picoteamentos e fuligem, associadas aosvestígios encontrados no solo (ossos, sepul-tamentos, trabalhos em ossos, minerais erochas, fogueiras) atestam esses usos.

Centenas de anos passaram-se e novamenteo homem procura as cavernas, por interesseseconômicos (Gomes e Piló, 1992). Em algumascavernas, encontram-se depósitos de salitre

que, aliados à pólvora, formavam um produtoestratégico. Várias cavidades foram escavadascom o intuito da retirada desse nitrato, quandoocasionalmente foram achados ossos animaise humanos, que atraíram a atenção denaturalistas. A partir de 1840, tem-se notíciadas primeiras explorações e de estudossistemáticos realizados em cavernas da regiãode Lagoa Santa, pelo pesquisador dinamarquêsPeter Wilhelm Lund.

Os estudos de Lund projetaram a região deLagoa Santa no mundo científico, com adescoberta de ossos e de vestígios dos maisantigos brasileiros: o “Homem de Lagoa Santa”.Após Lund, outros pesquisadores deramcontinuidade ao seu trabalho, como AníbalMatos, Padberg Drenkpol, H. V. Walter, JosapháPenna e Arnald Cathoud, fazendo importantesdescobertas na área arqueológica.

Mais recentemente, ampliaram-se os estudosem cavernas, merecendo especial destaque aspesquisas paleontológicas dos doutores PaulaCouto e Fausto Luís Cunha, do Museu Nacionaldo Rio de Janeiro, os trabalhos do Setor deArqueologia do Museu de História Natural daUFMG e a contribuição fundamental da MissãoFranco-Brasileira, na Lapa Vermelha.

Desde a década de 60, diversos grupos deespeleologia visitam a região em busca denovas descobertas. Temas de mestrado edoutorado já foram e estão sendo desenvolvidos,além de projetos ambientais multidisciplinarescomo o VIDA (CPRM) e o Zoneamento da APACarste de Lagoa Santa, atestando a grandeimportância da área.

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3

Levantamento Espeleológico

Identificação e inventáriodas ocorrências, incluindo

espeleotopografiae bioespeleologia.

inter-relações dos dadosespeleológicos, geológicos,

hidrogeológicose geomorfológicos.

Caracterização e avaliação dopatrimônio espeleológico da APA.

ZO

NE

AM

EN

TO

ES

PE

LE

OL

ÓG

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FIN

AL

A

B

OBJETIVOS-MEIO OBJETIVOS-FIM OBJETO-FINAL

- definição da(s) tipologia(s) intrínseca(s) à APA.- valoração relativa entre as ocorrências, com a indicação de cavernas especiais e relevantes no contexto nacional.- qualificação do estado atual: * estado degenerativo ou de preservação * usos potenciais * usos indevidos * situações de risco

- tipificação e controle físico das ocorrências.- indicação de áreas potenciais à existência de cavernas e áreas de risco a ocorrências relevantes.

- elaboração de mapas de ocorrências de cavernamento.

Objetivos

O principal objetivo resultante do levantamentoespeleológico do Projeto APA Carste de LagoaSanta - o “zoneamento espeleológico” - agregavários níveis de trabalho que, individualmente,deram origem a documentos concretos comdiversos potenciais de aplicação.

Os “objetivos-meio” foram a base técnicapara as avaliações e interpretações, estasconsideradas os “objetivos-fim” que funda-mentaram o zoneamento espeleológico final.

São eles:

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Figura 1 - Localização da APA Carste de Lagoa Santa.

16º

18º

20º

22º

Localização da Área de Estudo

50º 48º 46º 44º 42º 40º

Prudente de Morais

MatozinhosCapimBranco

PedroLeopoldo

Vespasiano

LagoaSanta

Sete Lagoas

Funilândia

Baldim

Caetanópolis

Paraopeba

Inhaúmas

Esmeraldas

Rib. das Neves Santa Luzia

Taquaraçude Minas

Jaboticatubas

Contagem

Belo Horizonte

Sabará

Goiás

São Paulo

Esp

írito

San

to

Oceano

Atlâ

ntic

o

RJ

Bahia

Minas Gerais

BH

São

Fran

cisc

o

Rio das Velhas

19º30'

19º46'

44º15' 44º00'

APA Carste de Lagoa Santa

0 14 28 42 56 70 km

Escala Gráfica

DF

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Levantamento Espeleológico

Aspectos Gerais

Devido à extensão da área e ao grande númerode cavidades cadastradas, desenvolveu-seuma metodologia específica de abordagem deforma a abranger homogeneamente toda aregião e direcionar os levantamentos espe-leológicos.

Diferentemente do sistema de malhas fixas deamostragem, adotado no Projeto VIDA (CPRM,1994), aplicaram-se malhas “variáveis (ouflutuantes)”, detalhadas adiante, para a escolhadas cavidades a serem estudadas. Essaabordagem permite o conhecimento dosprincipais sítios espeleológicos e muitos dosvariantes secundários na medida em quecavernas de diferentes características sãoselecionadas para detalhamento.

Não foram realizadas prospecções para atotalidade da APA, o que demandaria um tempomaior e um considerável aumento no númerode sítios. Como mostra a figura 2, a maiorconcentração de cavernas situa-se na regiãopreviamente abordada pelo Projeto VIDA, quecontou com levantamentos prospectivos,resultando em 218 novas ocorrências, denun-ciando assim o grande potencial de toda a áreapara outras descobertas.

As bases cartográficas utilizadas para locali-zações e interpretações foram:

• Ortofotocartas EMBRAFOTO S.A., escala1:10.000, data do vôo - 1989, números 35-10-16; 35-10-19; 35-10-20; 35-10-22; 35-10-23;35-10-24; 35-11-13; 35-11-17; 35-11-21; 35-16-03; 35-16-04; 35-16-07; 35-16-08; 35-16-12;35-16-16; 35-17-01; 35-17-02; 35-17-05; 35-17-06; 35-17-09; 35-17-10; 35-17-13; 35-17-14; 35-17-17; 35-17-18.

• Fotografias aéreas CEMIG S.A., escala1:30.000, data do vôo 1989, faixas e fotos:

faixa 1910 D - fotos 567 e 568

faixa 1910 E - fotos 574 a 577

faixa 1911 E - fotos 602 a 610

faixa 1912 C - fotos 634 a 642

faixa 1913 F - fotos 672 a 682

faixa 1914 E - fotos 702 a 711

faixa 1915 E - fotos 731 a 738

faixa 1916 C - fotos 758 a 765

faixa 1917 I - fotos 1210 a 1214

• Cartas topográficas do IBGE, escala 1:50.000,folhas:

SE-23-Z-C-V-2 Pedro Leopoldo

SE-23-Z-C-VI-1 Lagoa Santa

SE-23-Z-C-II-4 Sete Lagoas

• Kohler et. Al., 1978.

• Mapa Geológico da APA Carste de LagoaSanta, CPRM.

Etapas de trabalho

Alicerçados nas experiências anteriores, foramdesenvolvidas 6 etapas de trabalho queresultaram em quatro mapas temáticos, quesintetizam as informações disponíveis sobre opatrimônio espeleológico, um inventário caracte-rizando de forma sistemática as cavidadescadastradas até maio de 1996 e um mapa como “Zoneamento Espeleológico da APA”.

Etapa I

1 - Aplicação de uma malha virtual com célulasde 1,0 km2, definidas pelas interseções decoordenadas UTM já impressas na ortofoto,designadas através de um código alfanuméricoque facilita a visualização e sua situação naárea.

2 - Plotagem, nas ortofotos, das cavidadesconhecidas até então.

3 - Digitalização dos pontos, através de coor-denadas UTM, incluindo altitudes.

Resultado: mapa de pontos digital (fig. 2),fundamental para a aplicação do esquema de“malhas variáveis (ou flutuantes)”.

Etapa II

1 - Aplicação do esquema de malhas de dimen-sões variadas, sobre a malha com células de1,0 km2. O ponto central de propagação (UTMN 7.839.000 e E 607.000) foi definido após aavaliação do mapa de pontos, visando manterseparadas em células diferentes as cavidadescom desenvolvimento maior que 500 metros.

2 - METODOLOGIA

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Figura 2 - Mapa de localização das cavidades da APA e da área piloto do Projeto VIDA.

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615610605600595kmE

7825kmN

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7855595 600 605 610 615

03 0 0 0 m 6 0 0 0 m

E s c a l a g r á f i c a a p r o x i m a d a

3 0 0 003000m 6000m

Escala gráfica aproximada

3000

São Bento

FUNILÂNDIA

MATOZINHOS

Fidalgo

Lapinha

PedroLeopoldo

LAGOA SANTA

Lagoa Santa

PEDRO LEOPOLDO

Confins

Tavares

Mocambeiro

Matozinhos

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Levantamento Espeleológico

Quatro malhas individualizaram células (áreas)de dimensões diferentes. Sobre cada grupa-mento de cavernas delimitado foi escolhida umacaverna a ser amostrada criterizando adimensão, a existência de água, a presença devestígios arqueológicos ou paleontológicos, aproximidade à mineração e a facilidade deacesso e localização.

Dentro desse princípio, a malha mais fechada,ou com células menores, buscou garantir maisoportunidade para as cavernas maiores e maisrelevantes estarem individualizadas para aseleção. As cavernas menores ou menosrelevantes, mais comuns na área, compuseramgrupamentos maiores, o que restringiu sua sele-ção, mantendo-se assim a proporcionalidadeentre freqüência e probabilidade de importância.

A escolha das cavidades em cada malha seguiuo seguinte esquema:

• “Malha fina”, com células de 0,5km X 0,5km(0,25km2) para amostragem de cavernas comdesenvolvimento maior ou igual a 500m.

• “Malha básica”, com células de 1,0km X 1,0km(1,0km2) para cavernas com desenvolvimentomenor que 500m e maior ou igual a 300m.(fig. 3)

• “Primeira malha”, com células de 2,0kmX 2,0km (4,0km2) para cavernas com desen-volvimento menor que 300m e maior ou iguala 100m.

• “Segunda malha”, com células de 4,0kmX 4,0km (16,0km2) para cavernas com desen-volvimento menor que 100m.

Ao final, 25 cavernas foram escolhidas paradetalhamento que, somadas às 25 do ProjetoVIDA, totalizam 50 ocorrências estudadas comprofundidade.

2 - Abordagem das cavidades selecionadas,seguindo uma ficha padrão de dados básicos(em anexo) para descrição externa e interna,levantamento biológico e topográfico, quandonecessário. Este material encontra-se arqui-vado em um banco de dados digital - BaseCAVE.

3 - Interpretação de fotografias aéreas 1:30.000e ortofotocartas 1:10.000 para análise dasfeições externas de cavidades não-amostradas.

As informações obtidas nesta fase foramincorporadas à Base CAVE.

Resultado: controle das características geraisdas cavernas e do seu entorno, incluindo umaapreciação da fauna hipógea. Como já amos-tradas anteriormente, as cavernas situadas naárea do Projeto VIDA não entraram na seleçãonem no detalhamento acima, mas foramconsideradas na análise geral da área.

Etapa III

1 - Aplicação de uma malha de fotoanálise comcélulas de 62,5 m2 resultante da subdivisão da“malha básica” em 8 partes.

2 - Fotointerpretação em escala 1:30.000 (vôo1989) com auxílio de ortofotos 1:10.000 (vôo1989) para a detecção de feições favoráveis aexistência de cavernas aflorantes, especial-mente dolinamentos, maciços e afloramentosrochosos, matas, sumidouros e ressurgências;identificação das áreas de mineração e/ouindústrias.

3 - Classificação das células:As células de 62,5 m2 foram classificadas deacordo com a potencialidade à ocorrência decavernamentos e quanto ao substrato rochosoem que se encontram:

• Evidentes - com cavernas registradas.

• Altamente Potenciais - presença de sumi-douros e/ou ressurgências.

• Potenciais - ocorrência detectada de geofor-mas superficiais favoráveis à existência decavernas.

• Incertas - possível ocorrência de geoformassuperficiais favoráveis à existência decavernas.

• Nulas - sem probabilidade de ocorrência.

• Críticas - ocorrência de mineração e caver-namentos.

• Mineração - documentação das áreas ondeaparecem.

Esses registros comparados ao mapa geológicoforneceram áreas de primeira ordem, sobrecalcarenitos, e áreas de segunda ordem, sobrecalcissiltitos, resultando no mapa de “Potencia-bilidade à Existência de Cavernas Aflorantes”,utilizado como uma das bases para o mapa do“Zoneamento Espeleológico”.

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593 594 595 596 597 598 599 600 601 602 603 604 605 606 607 608 609 610 611 612 613 614 615 616

FUNILÂNDIA

São Bento

Fidalgo

Mocambeiro

Matozinhos

PedroLeopoldo

Lapinha

Confins Lagoa Santa

Tavares

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PEDROLEOPOLDO

LAGOA SANTA

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Escala gráfica aproximada

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Figura 3 - “Malha básica” com células de 1 km2 usada para seleção das cavernas com desenvolvimento entre 300e 500m. Para a seleção de cavernas com outras classes de dimensão foram aplicadas células demaior ou menor área, conforme o método proposto, delineadas a partir desta malha básica. Na áreapiloto do Projeto VIDA (em cinza) foi utilizada metodologia semelhante.

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Levantamento Espeleológico

Etapa IV

Classificação e hierarquização das células de62,5 m2 (a de “maior detalhe”) também segundoa existência de cavidades com desenvolvimentosuperior a 500 metros, entre 500 e 300 metros,entre 300 e 100 metros, entre 100 e 50 metrose menores que 50 metros, com prioridade paraos maiores desenvolvimentos. Distinção dascavernas com aspectos peculiares.

Resultado: “Mapa de Expressividade de Caver-nas”.

Etapa V

Classificação e hierarquização de malhas de62,5 m2 segundo o número (quantidade) decavernas por célula.

Resultado: “Mapa de Distribuição e Densidadede Cavernamento”, em anexo, na escala1: 50.000.

Etapa VI

Síntese da situação espeleológica geral da áreaem um “zoneamento espeleológico”, quefundamentou o “Zoneamento Ambiental da APA”.

Estrutura de Informações

A estrutura dos dados recolhidos em campobaseia-se no modelo desenvolvido para oProjeto VIDA (CPRM, 1994). Uma ficha básicapossui, para cada caverna, informações delocalização incluindo coordenadas e altimetria,dados de topografia interna, litoestratigráficos eestruturais, descrição das principais feiçõesexternas e internas quando possível, e fontesde referência. Para cavidades detalhadas sãoacrescentados dados hidrogeológicos, bioes-peleológicos, observações sobre gênese eevolução e mapa topográfico. Para cada uma,foi atribuído um código que indica a ortofoto, arespectiva quadrícula UTM e o número dacaverna dentro desta célula, utilizado no decorrerdo levantamento.

A localização é dada pelos Sistema de ProjeçãoUTM e Geográfico. As coordenadas geográficasforam obtidas do Cadastro Nacional de Cavi-dades Naturais e convertidas digitalmente paracoordenadas UTM, tendo sido ajustadas,sempre que possível, pelo reconhecimento desua situação no relevo a partir de ortofotos na

escala 1:10.000. As que possuíam coordenadasUTM passaram pelo processo inverso. Altitudesforam obtidas a partir das cartas topográficasdo IBGE 1:50.000 pela interpolação de curvasde nível espaçadas a cada 20 metros.

A redação sobre as características básicas egerais de cada caverna compõe um acervodescritivo disponível à consulta na CPRM. Oinventário segue uma padronização termi-nológica e textual que reflete a dinâmica dolevantamento de dados em campo e porinterpretação, que visou à direta implementaçãodas informações numa base de dados digital,adotada como o Cadastro Nacional da Socie-dade Brasileira de Espeleologia. Tal arquivodigital serviu como ferramenta de tratamento dosdados e como filtro para realce das informaçõesde maior relevância.

Assim, as “feições externas” são descritassucintamente, apontando a situação dasentradas no relevo circundante, com caracte-rização das principais geoformas superficiais,do estado da vegetação e das atividadesantrópicas nas proximidades, o que envolveufotoanálise e interpretação.

As “feições internas” foram levantadas tanto emcampo quanto por pesquisa bibliográfica ecomunicação verbal, muitas vezes de formacomplementar, especialmente quando jádisponíveis os mapas topográficos. Em geral,são apontadas geometrias e dimensões degalerias, espeleotemas, vestígios humanos ouanimais e tipos de sedimentos. A classificaçãomorfológica adotada, abstraídos os possíveisagentes genéticos, segue o modelo modificadode Palmer (1991) proposto no Inventário deCavidades Naturais, Região de Matozinhos-Mocambeiro (CPRM, 1994) reproduzido nesterelatório, figura 4.

Os “dados litoestratigráficos e estruturais” forambaseados nas informações contidas no mapageológico escala 1:50.000 da APA e, algumasvezes, nas observações diretas em campo. Sãodeterminadas as unidades geológicas eespeleológicas, rocha encaixante, principaisestruturas e condicionamento morfológico.

Os “dados hidrogeológicos” eventualmentelevantados abordam algumas característicasbásicas de fluxo d’água. Com base em Bögli(1980), é adotada uma classificação morfo-

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Figura 4 -Padrões de geometria e arranjo de galerias de cavidades naturais: (a) ramiforme dendrítica (CreviceCave, Missouri - Paul Hanck); (b) labiríntica reticulada (Crossroads Cave, Virginia - H. H. Douglas);(c) labiríntica anastomosada (Hölloch, Suíça - Alfred Bögli); (d) esponjiforme/amebóide (CarlsbadCavern, Novo México - Cave Research Foundation). Modificado de Palmer, 1991; (e) meandrantesinuosa (Gruta Itapucu, Minas Gerais - CPRM, Proj. VIDA; (f) retilínea (Caverna Filhotes de Urubu II,Minas Gerais - CPRM, Proj. VIDA).

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Levantamento Espeleológico

genética caracterizando as cavernas comovadosas primárias, vadosas secundárias e denível freático.

Sobre a dinâmica de evolução são apontadosseqüencialmente os eventos mais marcantes,qualificando o desenvolvimento como “direto” ou“cíclico”, conforme definição proposta no ProjetoVIDA, com o esquema abaixo.

Métodos: Levantamento bioespeleológico

De acordo com a metodologia de amostragemde malhas adotada, um total de 50 cavernasforam selecionadas para o levantamentobioespeleológico. Dessas, cinco localizam-sena área de entorno e foram incluídas no levan-tamento pela sua relevância.

As coletas foram realizadas manualmente, compinças, pincéis e potes, sendo inspecionadosos biótopos potenciais à existência de organis-mos: acúmulos de matéria orgânica, coleçõesde água, depósitos de sedimento, blocos,parede e teto.

Em algumas cavidades, utilizaram-se arma-dilhas do tipo “pitfall”, com iscas de sardinha efrutas, que permaneceram armadas por umperíodo de 24h/caverna, a fim de evitar coletasdesnecessárias. Em outras, simplesmenteforam deixadas iscas de fígado bovino e queijo,distribuídas em pontos estratégicos comofendas de pequenas dimensões, locais semdepósitos orgânicos ou bem longe das entra-das, no período de uma semana, ao final do qualeram vistoriadas, funcionando assim comoatrativo à fauna.

A coleta de peixes foi realizada através derede de mão, linha e anzol com isca de miolode pão e armadilhas tipo covo iscadas com

fígado bovino, armadas por um período de 24horas. Os indivíduos coletados foramfixados em formol 10% e conservados em álcool70%.

Não houve coletas visando à identificaçãoespecífica para os morcegos. Ossadas foramcoletadas para posterior identificação. O guano,sempre que possível, foi classificado segundoo hábito alimentar em frugívoro, insetívoro ouhematófago, permitindo saber qual o tipo maisfreqüente.

As aves que porventura utilizam os paredões,região da entrada, para abrigo ou nidificação,foram incluídas no levantamento.

Observações indiretas da fauna comofezes, pegadas, ossadas, ninhos, penas,casulos e ootecas auxiliaram no levantamento.Dados genéricos sobre freqüência,distribuição, relações ecológicas, substrato emque os animais foram observados eestado de conservação das cavernastambém foi abordado.

Métodos: topografia

A topografia seguiu as normas da SociedadeBrasileira de Espeleologia - SBE com modifi-cações e adaptações à metodologia de trabalho.Foi utilizada bússola Brunton com tripé paracasos em que o nível de detalhamento eprecisão eram almejados. Utilizaram-se tambémmapas já existentes, acrescidos de adequaçãode símbolos, distribuição de desenhos, análiseda consistência, atualizações e eventuaiscorreções.

O método foi o de graduação B.C.R.A.,caracterizado por terminação alfanumérica quequalifica duas variáveis de precisão:

EVOLUÇÃO

“Direta”

“Cíclica”

• alargamento progressivo• aprofundamento progressivo• desmoronamentos• preenchimento químico• preenchimento sedimentar

• retrabalhamento de blocos desmoronados• retrabalhamento de sedimentos depositados• repreenchimento químico 1....n• repreenchimento sedimentar 1....n• desmoronamentos posteriores a retrabalhamentos

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Alinhamento de poligonal

Grau

1 - Esboço de baixa precisão, sem medições.

2 - Esboço intermediário, precisão entre graus1 e 3.

3 - Levantamento magnético aproximado.Ângulos horizontais e verticais medidos comprecisão de 2 graus e meio; distâncias comprecisão de meio metro. Erro no posicio-namento das bases inferior a meio metro.

4 - Levantamento que não atinge os requisitosdo grau 5, porém é mais preciso que oanterior.

5 - Levantamento magnético onde os ânguloshorizontais e verticais têm precisão de 1 grau;distâncias com precisão de 10 centímetros.Erro no posicionamento das bases inferior a10 centímetros.

6 - Levantamento magnético com precisãosuperior aos anteriores.

X -Levantamento com uso de teodolito.

Detalhamento dos condutos

Grau

A - Detalhes baseados na memória.

B - Detalhes anotados na caverna por esti-mativa.

C - Medidas de detalhes feitas nas basestopográficas.

D - Detalhes medidos nas bases topográficase onde se fizer necessário para melhorrepresentação da cavidade.

Para as 14 topografias realizadas (listadas emanexo), a precisão esteve entre os graus 3C e5D. Os valores das dimensões (extensão edesnível) são considerados pela medida dodesenvolvimento sobre a planta topografada(método da Projeção Horizontal, Princípio daDescontinuidade) e pela diferença entre a cotado ponto mais alto da caverna e a do seu pontomais baixo.

12

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13

Levantamento Espeleológico

3.1 - Aspectos teóricos gerais

O “arcabouço” da APA

Em muitos casos, as marcas deixadas em umterreno por ações naturais ou antrópicas sãoreflexo do arcabouço geológico. Por isso, éimportante o controle das característicasgeológicas e o conhecimento sobre a evoluçãoda história natural de uma região.

No caso da espeleologia, as cavernas são“marcas” de processos de dissolução aos quaisestão sujeitas, especialmente, rochas de umacomposição químico-mineralógica particular: asrochas carbonáticas, principalmente quandopredomina o carbonato de cálcio (CaCO

3). A

forma, o tamanho e outras particularidades dosespaços abertos estão adicionalmente condi-cionados à presença de certas estruturasgeométricas existentes no pacote rochoso querepresentam descontinuidades físicas facilita-doras à percolação da água, que é agentesolubilizador.

Na APA de Lagoa Santa, os principais conjuntosde rochas aflorantes ou superficiais sãojustamente essas rochas passíveis de disso-lução. A seqüência estratigráfica é apresentadasimplificadamente na figura 5 onde se podevisualizar a existência de duas unidadescarbonáticas composicionalmente e, mais a

3 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

frente se verá, estruturalmente distintas(membros Pedro Leopoldo e Lagoa Santa,compondo a Formação Sete Lagoas), assen-tadas bruscamente sobre uma associação derochas de composição granítica, especi-ficamente gnaisses, granitóides e migmatitos(Complexo Gnáissico-Migmatítico Indife-renciado). O complexo cristalino serve de“embasamento” às seqüências sobrejacentes,chamadas supracrustais ou “de cobertura”,pertencentes a uma unidade maior denominadaGrupo Bambuí. Acima dos carbonatos SeteLagoas, ocorrem discordantemente rochasconformadas à base de argilas e silte, portantode granulometria muito fina, chamadas pelíticas(Formação Serra de Santa Helena). Este é,basicamente, o contexto litológico da área daAPA.

O levantamento geológico realizado pelo ProjetoVIDA identificou, especificamente dentro doslimites da APA, dois domínios onde as rochasse apresentam diferentemente modificadas emsua estruturação sedimentar original. O limiteentre ambos, por ser irregular, é aproximado(figura 6).

As modificações impostas traduzem-se basica-mente por alterações texturais e mineralógicassobre fases menos estáveis, o que significa ummetamorfismo brando associado à deformação.As alterações texturais correspondem fun-

Figura 5 - Coluna estratigráfica simplificada na APA Carste de Lagoa Santa (CPRM, 1992).

Mig

mat

ítico

Gru

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rote

rozó

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r)

FORMAÇÃO SERRA DE SANTA HELENA:

FORMAÇÃO SETE LAGOAS:

MEMBRO LAGOA SANTA: Metacalcarenitos, espatitos, calcários estromatolíticos. Estruturas deformacio-nais de maior expressão à deformação, em ordem de importância: famílias de fraturas subverticais; lami-nação tectônica, níveis de veios de remobilizados calcíticos e lineações de estiramento.

MEMBRO PEDRO LEOPOLDO: Metacalcissiltitos, microespatitos, laminitos algais. Estruturas deformacionais de maior expressão à carstificação, em ordem de importância: bandamento tectônico subhorizontal e veios remobilizados; famílias de fraturas.

EMBASAMENTO: Gnaisses, migmatitos, granitóides e rochas básicas.

Metapelitos, Metapelitos Calcíferos

Seqüência Carbonática

Com

plex

oG

náis

sico

-M

igm

atít

ico

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Figura 6 - Domínios estruturais e principais litologias identificadas na APA, baseado no levantamento geológicodo Projeto VIDA - CPRM, 1992.

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Levantamento Espeleológico

damentalmente à reorientação de mineraissegundo direções preferenciais, formandosuperfícies planares contínuas, bem comodeformação, estiramento e crescimentoinduzido de grãos, e concentração preferencialde elementos que tiveram comportamentofluido, gerando acúmulos de remobilizadossilicosos e calcíticos. Mineralogicamente, algunscomponentes modificaram suas estruturascristalinas, adquirindo novas formas outransformando-se em fases diferentes (neofor-mação), sempre com tendência a configurarplanos preferenciais repetitivos no espaço emdiferentes escalas.

Os domínios foram diferenciados com base namagnitude das modificações geradas, sendo odomínio III (oriental) caracterizado pelaimposição generalizada da deformação,praticamente obliterando todas as estruturasprimárias provenientes dos processos dedeposição sedimentar, e o domínio II (ocidental)marcado pela imposição das estruturasdeformacionais apenas em determinados níveisestratigráficos, que “assimilaram” com maisfacilidade a deformação, especificamente, osníveis de contato entre litologias diferentes, emfunção da competência ou resistência diferen-ciada dos materiais. Neste caso, a deformaçãoconcentra-se particularmente na porção inferiordo Membro Pedro Leopoldo, em contato diretocom o embasamento, na interface entre estemembro e a unidade superposta - Membro LagoaSanta, sendo ainda notável nos delgados níveisargilosos intercalados com alta freqüência noscalcários finos (calcissiltitos) do Membro PedroLeopoldo.

Essas estruturas regularmente dispostasrepresentam direções ou posições de alívio detensões de grande magnitude provenientes demovimentos de grandes blocos crustais queenvolveram espessas seqüências rochosas.Em outras palavras, são locais onde seconcentra e se dissipa a energia tensional,ocasionando movimentação de massa. Sobreas rochas da APA, os esforços tiveram caráterhorizontal ou subhorizontal (baixo ângulo). Aexistência das intercalações argilosas na formade níveis contínuos especialmente concen-trados na base da seqüência de coberturafuncionou como “lubrificante” e facilitador dedeslocamentos de massa, e isso, aliado aocomportamento rígido do embasamento, induziuo transporte das supracrustais de leste para

oeste, em deslizamento sobre o complexocristalino.

Complementarmente, em função da progressãoda movimentação tectônica, estruturas dis-ruptivas foram originadas, representadas porfamílias de fraturas de direções definidas, comextensão (tamanho) e penetratividade (freqüên-cia de ocorrência) diferenciadas. Uma vez quemateriais diferentes respondem diferentementeàs tensões impostas, o que se constatou paraa APA é que os carbonatos basais finos (PedroLeopoldo) tenderam a um comportamento maisplástico, favorecendo a formação dos típicos“planos de deslizamento” de baixo ângulo(foliações, zonas de cizalhamento e descola-mento de pequena e de grande escala). Em taisplanos, é possível visualizar finas estrias queindicam a direção do movimento, como dito, deleste para oeste. Os calcarenitos sobrejacentes(Lagoa Santa), por sua vez, tiveram compor-tamento mais rígido, tendo sido impressasexpressivas famílias de fraturas em geralsubverticais a verticais, algumas das quaisfisicamente “abertas” provavelmente comofunção do campo tensional existente.

Resumidamente:

Nos calcários basais, as principais descon-tinuidades são estruturas subhorizontaiscontínuas conformando laminações ou banda-mentos tectônicos plano-paralelos, onduladosou anastomosados muito finos, representadospor intercalações argilosas, estruturas estasmarcadamente expressivas ao contato com oembasamento e com os calcarenitos supe-riores.

Na seqüência carbonática superior, asprincipais descontinuidades são representadas,com maior expressão, por famílias de fraturassubverticiais, tendo as mais notáveis oufreqüentes direções em torno de E-W (N80-90E); secundariamente em torno de N30-40E eN10-20W, no domínio III, e predominantementeN50W seguida de N20-30E, no domínio II. Afigura 7 apresenta o diagrama de rosetasdemonstrativo da freqüência de fraturas nasduas unidades carbonáticas, para os domíniosestruturais II e III.

Acrescente-se às estruturas apontadas aexistência de famílias de dobras de diferentesescalas e formas, às quais se associam muitas

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Figura 7 - Diagramas de roseta de fraturas da Formação Sete Lagoas, para os domínios estruturais II e IIIindividualizados (CPRM, 1992).

MB PEDRO LEOPOLDO

N

N

N

N

50 medidasDireções:N 70 - 80W (16%) NO - 10W (12%)N 30 - E (8%)

59 medidasDireções:E - W (15%) N20 - 30E (7%)N 20 - 30W (3%)

42 medidasDireções:N 50W (17%) N 20 - 30E (7%)

410 medidasDireções:N 80 - 90E (12%) N 30 - 40E (8,5%)N 10 - 20W (5%)

DO

MÍN

IO II

ID

OM

ÍNIO

II

MB LAGOA SANTAMB PEDRO LEOPOLDO MB PEDRO LEOPOLDO

16

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Levantamento Espeleológico

daquelas estruturas planares. Tais dobra-mentos, como outras várias estruturas,vinculam-se a fases progressivas de um únicoevento deformacional. A evolução estrutural éinterpretada e as geometrias detalhadamentedescritas no relatório do LevantamentoGeológico do Projeto VIDA (CPRM, 1992), paraa região de Sete Lagoas-Lagoa Santa.

Fundamentos geológicos

É interessante apontar a freqüente confusãotemporal que muitas pessoas têm ao imaginarcomo se dá a formação das cavernas. É muitoimportante ter-se em mente que, da época edas condições de formação das rochascarbonáticas (sedimentares) até sua sujeiçãoà agressividade da água, ou seja, aos processosde dissolução responsáveis pela carstificação,há uma longa história geológica.

Em termos gerais, pode-se apontar 5 grandes“etapas” na evolução geológica da seqüênciasupracrustal aparente na área da APA,abstraindo-se a origem e a evolução docomplexo de rochas cristalinas que asembasam e desconsiderando-se eventuaisciclicidades dos fenômenos:

1. Conformação de uma bacia marinha propíciaà precipitação química ou deposição dossedimentos carbonáticos. A evolução da baciacompreende a dinâmica marinha com ciclostransgressivos (de invasão sobre o continente)e ciclos regressivos (de recuo) marcandodiferenças ambientais temporais responsáveispor seqüências estratigráficas diferenciadas.Tais diferenciações estão basicamentevinculadas à diversidade de ambientes emtermos de energia das águas, temperatura,salinidade, profundidade, etc.. Assim, para ocaso específico em análise, as rochasformaram-se em ambiente subaquático, emcondições marinhas litorâneas, sublitorâneas eposteriormente plataformais (segundo o relatóriodo Levantamento Geológico do Projeto VIDA, eDardenne, 1981 e Inda et al., 1984 in Babinski,1993). A presença de estruturas biológicas(estromatólitos) aponta para uma idade depo-sicional entre 1350 e 650 milhões de anos(Marchese, 1974 e Cloud & Dardenne, 1973 inCPRM, 1992), sendo concordante com idadesisocrônicas Pb/Pb que apontam uma idadedeposicional mínima de 686 ± 69 Ma (Babinski,1993).

2. Efetivação da litificação (transformação dossedimentos em rocha propriamente dita) porprocessos físicos e químicos chamadosdiagenéticos, em geral ocasionados pelo pesodas camadas sobrejacentes e pela circulaçãoe troca de fluidos superficiais. Entre as principaismodificações, há reacomodação dos grãos comdiminuição dos espaços vazios intergranulares,movimentação de fluidos intersticiais respon-sáveis por transporte ou remobilização deelementos químicos, sendo comum suaconcentração em locais preferenciais, e aindatransformações mineralógicas, especialmentenos contatos entre os grãos.

3. Participação em um evento tectônico degrande magnitude, caracterizado por diversasfases incrementais, oriundo de movimentos dacrosta terrestre de escala regional. Taismovimentos são geradores de campos detensões que, por sua vez, impõem novastransformações composicionais e texturais àsrochas, expressas por recristalizações ouneoformação de grãos, crescimento e orien-tação preferencial de minerais, instalação deestruturas planares disruptivas, remobilizaçãode elementos, entre as mais comuns. Emalgumas situações, não especificamente naAPA, as condições de temperatura e pressãoinduzem a fortes transformações químicas e,por conseguinte, mineralógicas, configurandoum metamorfismo associado. Obs. Saliente-seque, por vezes, a conformação da baciadeposicional evolui condicionada aos movi-mentos tectônicos (evolução progradante ou“contínua”), o que significa um intervalo de temporelativamente pequeno ou até próximo daconcomitância (em tempo geológico) entre adeposição dos sedimentos e sua deformaçãotectônica.

4. Sujeição aos processos erosivos. Muitasregiões do globo são soerguidas pelo tecto-nismo, estimulando a ação dos processoserosivos que progressivamente modelam oterreno na busca do seu aplainamento.

5. Exposição superficial ou subsuperficial aointemperismo. A carstificação, onde se incluemos processos espeleológicos, só tem inícioquando águas de caráter ácido, ou seja, águasde chuva naturalmente aciduladas ao contatocom a atmosfera e o solo rico em matériaorgânica, alcançam a rocha carbonática. Issosignifica que rochas sobrejacentes já devem ter

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sido ao menos em parte erodidas, especial-mente quando se tratar de unidades ditas“impermeáveis” à água (não favoráveis à suacirculação subterrânea).

A evolução deste último estágio, separadomilhões de anos da época de deposição dossedimentos, está, no entanto, completamentevinculada a toda bagagem histórica do pacoterochoso. Isso permite o raciocínio inverso: aanálise das formas e de outras feiçõesresultantes de processos recentes, no caso, acarstificação, poderá ser uma preciosa ferra-menta a apontar fenômenos ocorridos em umpassado bem mais distante.

Fundamentos da Espeleologia(para Regiões Calcárias)

Os processos que dão origem às cavernascalcárias e às feições associadas só têm inícioquando águas aciduladas alcançam a rochacarbonática. Em outras palavras, quando arocha dita “matriz” ao cavernamento estápróxima ou relativamente próxima à superfície.

O poder de dissolução da água sobre taisrochas, por sua vez, deve-se ao ácido carbônico,resultante da dissolução do CO

2 existente na

atmosfera e, principalmente, no solo rico emmatéria orgânica. Vincular o poder de dissoluçãoao caráter de acidez da água implica tambéminterrelacioná-lo às condições climáticas, poissão elas que definem as temperaturas domi-

nantes, o regime pluviométrico e a instalaçãoda vegetação. Por isso, regiões áridas, combaixa umidade e, conseqüentemente, carênciade vegetação, não estarão sujeitas à carsti-ficação expressiva.

Vale dizer que o ambiente cárstico é muitosensível a variações geológicas e climáticas,guardando em suas paisagens importantesindicadores de mudanças ambientais pretéritas,regionais ou globais.

Esquematicamente, os processos químicosenvolvidos na acidificação das águas naturaise na dissolução da rocha carbonática são:(esquema abaixo).

Na medida em que se desenvolve o processode solubilização da rocha, a água torna-secarregada ou saturada em carbonatos, o quesignifica que ela perde seu caráter ácido e, daí,seu poder de dissolução. Portanto, a eficáciada dissolução depende também da rápidaevacuação dos elementos dissolvidos da rochae da renovação constante da água acidulada.

Mudanças bruscas nas condições dominantesdurante a evolução da circulação d’água irãolevar à tentativa do reequilíbrio. Assim, oencontro de águas com diferentes caracte-rísticas (saturação, temperatura e presença deíons dissolvidos) em um determinado pontopode significar a recuperação da capacidade dedissolução, implicando que, naquele ponto, haja

1. H2O + CO2 H2CO3

Chuva atmosf. ácido + carbônico solo

2. H2CO3 + CaCO3 Ca++ + 2HCO3-

ácido Carbonato Cálcio bicarbonato carbônico de Cálcio das rochas dissolução

H2CO3 H+ + HCO3-HCO3- H+ + CO3

2- (se pH>8,5)CaCO3 Ca++ + CO3

2-

CO32- + H+ HCO3

-

AR

PCO2

(pressão parcialdo CO2)

SOLUÇÃO

(CO2) (H2CO3) (HCO3-) (CO3

=)

H2O H+ Ca2+

ROCHA

CaCO3

INTERFACE INTERFACE

18

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19

Levantamento Espeleológico

uma modificação no padrão morfológico dosespaços vazios em processo de alargamento.Ou, o contato repentino de águas que tenhampressão parcial do CO

2 tal que (PCO

2=A) com

um ambiente atmosférico, por exemplo, umvazio no pacote rochoso, marcado por umapressão de CO

2 diferente (PCO

2=B), onde A >

B, haverá indução à perda de CO2 da água para

a atmosfera, e o reequilíbrio poderá levar àprecipitação do CaCO

3, num processo mais ou

menos inverso ao da dissolução da rocha,caracterizando o esquema de preenchimentoquímico secundário dos vazios, com a formaçãodos espeleotemas.

A diversidade de formas dos espelotemas, porsua vez, irá depender da velocidade deescoamento da água, da morfologia de paredes,tetos e pisos, da própria natureza da rocha emtermos estruturais e mineralógicos, dasvariações no comportamento da água, nascondições atmosféricas internas e externas,entre outras. Serão formados depósitos deáguas circulantes, de águas estagnadas, deexudação, de respingamento, formações mistasou compostas. A coloração poderá variar deacordo com as substâncias transportadas pelaágua, entre elas, argilas, matérias orgânicas esais metálicos.

O estudo dos espeleotemas e de outrosdepósitos minerais das cavernas é, por si só,uma ciência particular dentro da espeleologia,pela diversidade de processos e de condicio-nantes, havendo ainda muitas questões paraserem investigadas.

As cavernas na APA e sua contextualizaçãogeológica

Sabe-se que o poder de dissolução da águasobre a rocha calcária é função do caráter ácidoda água e da configuração composicional,textural e estrutural da rocha. Genericamente,isso significa que águas sob as mesmascondições irão agir diferentemente:

• em rochas de granulometrias diferentes, sendofavorecida a dissolução sobre granulometriasmenores, porque maior número de grãosoferece superfície de contato com assoluções;

• em rochas de diferentes composições ondehaja maior ou menor disponibilidade de CaCO

3,

incluindo a presença de outros elementos

que disponibilizem nas soluções íons poten-cialmente inibidores da capacidade de solu-bilização;

• em rochas com diferentes proporções dematéria orgânica, uma vez que a formação depelículas orgânicas entorno de partículas inibeas reações entre partícula e solução circun-dante;

• em rochas com porosidades primárias esecundárias diferentes, sendo tanto maisfacilitada a dissolução quanto maiores assuperfícies de contato entre grãos e soluçãopercolante, respeitada a condição de reno-vação permanente das soluções.

Que fator atuará com maior força no condicio-namento da dissolução, entretanto, dependeráda magnitude ou da expressão de cadacomponente e de como se dá sua relaçãomútua.

Aplicando alguns desses conceitos ao contextogeológico da APA, observa-se que:

1. Os carbonatos da seqüência basal (MembroPedro Leopoldo) são mais finos e muito impuros(relativamente ao carbonato de cálcio),possuindo proporção expressiva de materialterrígeno (não-carbonático). Composicional-mente são, portanto, desfavoráveis ou menosfavoráveis à formação de cavernas. Estru-turalmente caracterizam-se pelo predomínio defoliações (laminações tectônicas), que sãoestruturas planares em geral contínuas emextensão, plano-paralelas a fortemente ondu-ladas, particularmente marcantes no contatocom o embasamento e secundariamente comos calcários grossos sobrejacentes, onde hámaior concentração de argilas. Não traduzemótimos prognósticos à percolação da água porapresentarem estruturas fisicamente “fechadas”(pelo caráter da compressão que as formou),embora signifiquem também descontinuidadesna rocha. O cavernamento ocorre em situaçõesespeciais e muito localizadamente, espe-cialmente e justamente ao longo dos contatosinterformacionais inferior e superior. No contatoinferior, a ocorrência está provavelmentevinculada à menor permeabilidade do emba-samento cristalino, que força um maior tempode residência da água ou sua circulação nocalcário assentado acima. O exemplo-tipo estána área de entorno da APA, representado pelaGruta dos Irmãos Piriá. Nessas situações, hágrande proporção de desplacamento de finos

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

blocos tabulares induzido pela foliação sub-horizontal proeminente, o que torna o ambientemuito instável e sujeito a desmoronamentos. Porserem as estruturas horizontais as principaiscondicionantes da abertura, a tendência é oalargamento lateral progressivo dos condutose galerias ao invés de seu aprofundamento.Apesar desta dominância, a organizaçãoespacial das galerias ainda segue as direçõespreferenciais do fraturamento impresso (Beatoet al., 1992).

2. Os calcários homogêneos e grosseiros(calcarenitos) do Membro Lagoa Santa,superpostos aos calcissiltitos Pedro Leopoldo,são fortemente predispostos à dissolução. Ondeocorrentes, instalou-se um típico relevo cársticosuperficial, com paredões, dolinamentos, valescegos e rochedos, muitas vezes alinhados ouagrupados, em conjunto às feições menores delapiezamento. Também está neste tipo litológicoa maior freqüência de cavernas, ou a quasetotalidade delas, bem como sistemas hidroló-gicos subterrâneos. O levantamento sistemáticodas geometrias e da distribuição espacial de umgrande número de cavernas permitiu deduzircom segurança seu vínculo físico às principaisestruturas de descontinuidade neste blocorochoso, que são certas famílias de fraturas. Aanálise estatística da freqüência com quecondutos subterrâneos tendem ao desen-volvimento segundo determinadas direções,independente de suas extensões ou dimensões,confrontada com observações sobre a pre-dileção dos condutos de diferentes hierarquias(principais, secundários, etc..) a determinadasposições, confirmou a coincidência do caver-namento ao arranjo dos grupamentos defraturas também estatisticamente tratados. Nocaso, as galerias subterrâneas são maiores emuito mais freqüentes na direção N75-85E eaproximadamente N-S. Corrobora com aassociação o fato de que as fraturas de direçãoE-W representam, possivelmente, o principalconjunto aberto da região em decorrência deprocessos tectônicos extensionais (Beato et.al., 1992), sendo assim o mais apto aoalargamento inicial. A figura 8 confronta asrosetas de fraturas e as rosetas de galeriassubterrâneas.

3. A tipologia dominante dos perfis morfológicosdas cavernas do Membro Lagoa Santa é aesperada para a situação em que há influência

de fraturas com atitudes subverticais. Asgalerias são progressivamente aprofundadas,e suas seções transversais adquirem perfiltendendo ao vertical, onde a altura tem eixo maiorque a largura (foto 2). Perfis com tendênciahorizontal desenvolvem-se com maior restrição,onde a foliação ou laminação se torna maisexpressiva ou em níveis de concentradoscalcíticos (veios remobilizados). Em planta(rebatimento horizontal dos contornos), sãomuito comuns os casos em que as galeriasconformam um perfeito retículo labiríntico,coincidente com a trama dos conjuntos defraturas cujas direções são sistematicamenterepetidas no espaço. Em outras situações,quando não “labirínticas”, têm trechos retilíneose mesmo sinuosidades impostas por fraturasobserváveis.

Uma situação particular e interessante éapresentada na Lapa das Pacas (Lagoa Santa),uma caverna considerada “jovem” em suaevolução, cuja morfologia mista é justificada pelavariação vertical da composição da rocha. Aporção inferior, principal, apresenta galeriasainda com perfil tendendo ao circular ou ovalarpor sua sujeição a períodos extensos deinundação (lençol freático aflorante), emboraestejam presentes os calcários grosseiros doMembro Lagoa Santa (foto 3). Segmentosestratigraficamente superiores mostram umpadrão de galerias muito estreitas e altas,interconectadas entre si e a pequenos salõesde perfil poligonal. Ocorre, neste ponto, umavariação faciológica ou ainda uma exposiçãoisolada da recorrência do membro basal sobrea seqüência superior, prevista no modelodeposicional proposto, onde prevalecemlaminações delgadas argilosas e remobilizadossilicosos e calcíticos, irregulares, facilitadoresde desplacamento ou desmoronamento deblocos tabulares de rocha. Talvez por seuestágio “embrionário”, haja predomínio daconfiguração de galerias estreitas segundo ofraturamento. Com a evolução da dissolução,virá a tendência ao alargamento lateral,especialmente nos pontos onde há interseçãodos condutos e, por conseguinte, maiorviabilidade a desmoronamentos. Tal situaçãopoderá ser particularmente facilitada se cheiasvierem a permitir a inundação desses níveissuperiores. Exemplo semelhante pode estarrepresentado na Gruta Vargem da Pedra, muitosimilar a Pacas em vários parâmetros.

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21

Levantamento Espeleológico

Figura 8 - Diagramas de roseta de fraturas dos carbonatos da Formação Sete Lagoas (CPRM, 1992 - modificado)e da freqüência e comprimento acumulado de galerias subterrâneas desenvolvidas nos calcários SeteLagoas.

DIAGRAMAS DE FRATURAS

DIAGRAMAS DE CAVERNAS

DIAGRAMA DEFREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIAS

DIAGRAMA DECOMPRIMENTO ACUMULADO

DO

MÍN

IO II

ID

OM

ÍNIO

II

NN

N

N

N

N

MEMBRO PEDRO LEOPOLDO MEMBRO LAGOA SANTA

50 medidas

16% N 70º - 80ºW12% N 0º - 10ºW

11,4% N80º - 90ºW9,7% N 80º - 90ºE

8%+8% N 30º - 50ºE

E-W23,1%

118 Cavernas amostradas

16,1% N 0º-10ºE14,4% N 80º-90ºW

7,6% N80º-90ºE6,8% N 10º-20ºE6,8% N 40º-50ºE

E-W22%

4.380 Metros amostrados

15,4% N 0º-10ºE12,1% N 80º-90ºE10,2% N80º-90ºW8,7% N 60º-70ºW6,5% N 10º-20ºE5,8% N 50º-60ºE

E-W22,3%

OBS: Diagramas de Freqüência e Comprimento Desconsideram a Divisão dos Domínios.

OCORRÊNCIAS0 5 10

METROS0 6015 90

15% N 80º - 90ºW15% N 80º - 90ºE

9%+9% N 60º - 80ºW7%+7%+7% N 10º - 30ºE

E-W30%

59 medidas 12% N 80º - 90ºE8% N 80º - 90ºW9% N 70º - 80ºW

8,5% N 30º - 40ºE8% N 60º - 70ºW5% N 10º - 20ºW

E-W20%

410 medidas

17%+17% N 40º - 60ºW12% N 60º - 70ºW

7% N 20º - 30ºE

42 medidas

..

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4. No domínio estrutural III, onde a deformaçãoé mais forte e generalizada, a lineação deestiramento decorrente do movimento tectônico,observada rigorosamente nos planos dalaminação subhorizontal segundo a direçãoaproximada E-W, exerce um controle expressivosobre a abertura de pequenos condutos. Namaioria das vezes, conformam reentrâncias eorifícios de perfil circular a ovalar que atra-vessam quinas de paredes e colunas poucoespessas segundo aquela direção. Exemploscaracterísticos ocorrem na Gruta da Lapinha(foto 4).

5. Além de seu condicionamento físico àspropriedades da rocha, as cavernas da APAainda reúnem outros indicadores que revelamum condicionamento a mudanças nas condi-ções climáticas dominantes ao longo do tempode sua existência, expressos principalmente nosdepósitos químicos e sedimentares preservadosem seu interior. Tais indicadores apontamespecificamente para alterações nas condiçõesde umidade, com épocas cíclicas de maior ede menor intensidade. Seus depósitos são aindarepositários de restos animais e humanos quepermitem reconstituir, além da evolução dapaisagem, a evolução da vida na região, numdeterminado período.

Outras feições sugerem a possível ocorrênciade fenômenos mais dramáticos, de escalaregional, como o que induziu o abandono domodelamento de galerias superiores para aretomada da carstificação metros abaixo,deixando “reliquiar” um intervalo de rochapreservado de dissolução marcante. Isso éevidente tanto para casos de cavernasconformadas pelo trabalho de rios subterrâneos(águas com fluxo turbulento), quanto paracasos de cavernas associadas a lagos.

Em termos da relação entre a configuração oudinâmica hidrológica e a gênese e morfologiadas cavernas, o chamado carste de Lagoa Santaguarda grande heterogeneidade. É muitocomum a associação entre cavernas e lagosque, muitas vezes, ocupam depressões doterreno (dolinas, uvalas e poljés), estando suagênese relacionada à existência de tais corposd’água. Sobre os lagos, muito freqüentes na APA,duas tipologias particulares têm importânciaespeleogenética, segundo Auler (1994):

• lagos de lâmina d’água, representandoexposições do aqüífero nos terrenos baixos ou

zonas de descarga, onde o baixo gradientehidráulico determina um fluxo laminar muitolento (em direção ao nível de base regional,o rio das Velhas, limite oriental). Exemplos sãoobservados em Matozinhos, no chamado “poljéde Mocambeiro” e no Maciço da Jaguara, on-de estão muitas grutas em processo deformação.

• lagos de dolinas assimétricas, ocupantes dedepressões mais fechadas e restritas,comumente limitadas por paredão calcário.Estes lagos são sustentados pela imper-meabilidade oferecida pelos sedimentosargilosos residuais à própria dissolução docalcário, que ocupam o fundo das depressõese que, muitas vezes, obstruem o sumidouroou o ponto de transmissão das águas captadaspelas vertentes. Podem situar-se em áreas derecarga ou descarga e não seguem necessa-riamente o regime pluviométrico, podendo,portanto, ser alto ou baixo o gradiente. Umexemplo desse sistema em pleno funcio-namento é a Gruta Lapa Vermelha I (PedroLeopoldo) (fotos 5, 6, 7, e 8); exemplos já“desativados” ou modificados são as grutas “daEscada” (Matozinhos), “do Baú” (PedroLeopoldo) e, até certo ponto, a Gruta do MorroRedondo (Matozinhos). A ação dessas águassobre o calcário já descrito resultou emcavernas a princípio labirínticas justamente pelafalta do caráter direcional do fluxo d’água. Emseu interior, há fortes indícios de ciclicidade desituações como estiagens e cheias, entre eles,deposição, lixiviação e redeposição sedi-mentar. Sobre a maioria delas, no entanto, aausência do lago determinou uma superpo-sição de formas, originadas principalmente doremodelamento imposto por ações intem-péricas de enxurradas.

Diferentemente, há outra grande quantidade decavernas cuja gênese está associada ao fluxorápido e turbulento de rios subterrâneos, sendoo exemplo mais expressivo da área o conjuntode cavernas ao longo do córrego Palmeiras-Mocambo, na região da Mineração Mauá ePoções (foto 9). Estas cavernas assumemcaráter de sinuosidade com trechos de retili-nearidade próprios de cursos d’água direcionais,muitas vezes configurando uma rede dedrenagem, com galerias vinculadas a tributáriosmenores. Os depósitos interiores são tipica-mente aluvionares.

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Levantamento Espeleológico

Outros exemplos de cavernas da regiãoaparentam, por outro lado, serem resultadoexclusivo da ação menos enérgica e “isolada”de águas intersticiais que percolam em fluxodescendente as descontinuidades da rocha,alargando-as lentamente. São geralmenteencontradas em altos topográficos, embora taisprocessos também componham a evolução dasdemais cavidades.

Fundamentos da biologia

As cavernas são espaços subterrâneoscaracterizados pela ausência de luz e pelarelativa constância das condições físicasambientais, tais como temperatura, cujo valorsitua-se entre a média anual do meio externo, eumidade geralmente próxima de 100%. Essesespaços, nem sempre acessíveis ao homempor serem de pequeno tamanho ou não estaremconectados ao exterior, são passíveis decolonização por diversos organismos.

O ambiente subterrâneo é de grande valiaporque possui menos variáveis interagindo noecossistema, que é extremamente estável,possibilitando, assim, testar modelos econceitos que podem dar subsídios à própriaconservação e manejo de ecossistemasepígeos. O alto grau de especializaçãode alguns organismos encontrados nascavernas é alvo de estudos sobre a evoluçãoe sobre mudanças climáticas ocorridas nopassado.

Bioespeleologia é a ciência que estuda osorganismos que vivem nas cavernas e suasrelações com o ambiente físico. No Brasil,trabalhos sistemáticos ocorreram a partir dadécada de 80, sendo realizados várioslevantamentos regionais e descritas novasespécies cavernícolas, além de estudos deecologia, comportamento, morfologia efisiologia de diversas populações. Anterior aessa data, trabalhos esporádicos forampublicados, também com a descrição devárias espécies, já demonstrando o enormepotencial que o país apresenta.

Devido à ausência de luz, não há o desenvol-vimento de plantas clorofiladas, que são a basedas cadeias alimentares dos ecossistemasepígeos (externos). As fontes alimentares sãorestritas, sendo grande parte trazida do meioexterno, na forma de fezes de animais queentram periodicamente (como os morcegos) ou

seus corpos, animais que morrem quandoentram por acaso e não conseguem sair;matéria orgânica carreada por cursos d’água eenxurradas ou por correntes aéreas. Há aindauma pequena produção de energia, inde-pendente do meio externo, produzida porbactérias quimiossintetizantes que transformammatéria inorgânica em orgânica assimilável poroutros indivíduos.

Essas fontes, juntas, resultam num pequenomontante, possibilitando a sobrevivência depequenas populações, sendo a maioria orga-nismos de pequeno porte e caracterizandogrande parte das cavernas como de escassezalimentar. Esses são alguns dos fatores quediferenciam e selecionam a comunidadecavernícola, constituindo um delicado e frágilecossistema, em contínua evolução e extre-mamente sensível às perturbações ambientais.

Costuma-se classificar os animais encontradosem cavernas de acordo com seu grau dedependência ecológica neste ambiente. É ochamado sistema de Schiner _ Racovtza, comalgumas modificações. Nele, há três categoriasprincipais e uma quarta, dos acidentais.

• Trogloxenos: estão presentes nas cavernas,mas não completam todo seu ciclo de vidanelas. Buscam abrigo, proteção, alimentação,mas saem periodicamente. Ex: morcegos,algumas aves, alguns opiliões.

• Troglófilos: são cavernícolas facultativos, ouseja, podem completar todo ou parte de seuciclo de vida nas cavernas ou fora delas,geralmente em ambientes semelhantes (emmeio ao húmus, troncos apodrecidos, locaisúmidos e escuros). Ex: diplópodes, grilos (foto10), aranhas (foto 11), opiliões, besouros, crus-táceos.

• Troglóbios: são os cavernícolas obrigatórios,pois ao longo da evolução, especializaramtanto a esse ambiente, que se tornaramincapazes de sobreviver fora dele. Sãogeralmente cegos e despigmentados, masapresentam outras características morfológi-cas, além das fisiológicas e comportamentais.Na maioria das vezes, é difícil determinar seuma espécie é troglóbia, se está realmenteconfinada a esse ambiente, sendo necessáriosestudos específicos. Ex: peixes, aranhas,besouros, colêmbolos.

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

• Acidentais: são encontrados nas cavernas porpuro acidente, levados por cursos d’água,queda em abismos ou entram por acaso, seperdem e não conseguem mais sair. Suaimportância está no aproveitamento de seuscadáveres como fonte alimentar para outrosorganismos (foto12). Ex: em potencial, é todafauna epígea regional próxima às cavernasincapaz de sobreviver no meio hipógeo.

A classificação da maioria dos animais caverní-colas numa dessas categorias é freqüen-temente dificultada pelo não conhecimento dabiologia do táxon.

Há também uma zonação ambiental interna,diferente para cada caverna e diretamenterelacionada com a distribuição dos organismos,baseada nas variações de luz e de temperaturaao longo do dia e mesmo do ano, tamanho daentrada e sua orientação em relação ao Sol, corda rocha encaixante, morfologia dos condutos,dentre outros. Apesar de serem definidas quatrozonas, atualmente no Brasil, designam-seapenas duas: zona de entrada e penumbra, ezona afótica.

3.2 - Aspectos legais - regimentos sobre opatrimônio espeleológico brasileiro

Em princípio, a integridade das cavidadesnaturais esteve vinculada a uma legislação maisgenérica, que visava a ambientes outros que,de alguma forma, estavam relacionados oumantinham influência mútua no ambientecavernícola. Em outros casos, sua seguridadeesteve dependente da existência correlata desítios arqueológicos e paleontológicos.

O primeiro regimento explícito sobre cavernasdata de 24 de janeiro de 1986 e é referente auma resolução do CONAMA (Res. CONAMAn.009), criando uma Comissão Especial paratratamento de assuntos relativos à preservaçãodo Patrimônio Espeleológico. No anosubseqüente, o mesmo organismo lança um“Programa Nacional de Proteção ao PatrimônioEspeleológico Nacional” (Res. CONAMA n.005de 06/08/87).

A Constituição Federal promulgada em 1988reconhece como bens da União as cavidadesnaturais subterrâneas e os sítios arqueológicose pré-históricos (art. 20, X), e como patrimôniocultural brasileiro “... os bens da naturezamaterial e imaterial, tomados individualmente ou

em conjunto, portadores de referência àidentidade, à ação, à memória dos diferentesgrupos formadores da sociedade brasileira, nosquais se incluem:...V- os conjuntos urbanos esítios de valor histórico, paisagístico, artístico,arqueológico, paleontológico, ecológico ecientífico...”(art. 216, V), cabendo ao poderpúblico protegê-los.

Tendo em vista a Constituição, o DecretoFederal n. 99.556 de 01 de outubro de 1990reconhece definitivamente que as cavernas sãopatrimônio nacional a ser conservado, e dispõecondições de manejo dirigidas ao seu ambientepropriamente dito e às suas áreas de influência.

Recentemente, foi criado um Centro Nacionalde Estudos, Proteção e Manejo de Cavernas -CECAV, subordinado ao IBAMA, com a finalidadede normalizar e controlar o uso do patrimônioespeleológico e fomentar as pesquisas sobre otema (Port. no 57 de 5 de junho de 1997).

Citam-se aqui algumas leis correlatas:

• Lei n. 3.924, de 26 de julho de 1961 - dispõesobre monumentos arqueológicos e pré-históricos.

• Lei n. 4.771, de 15 de setembro de 1965 -Código Florestal - dispõe sobre a proteção davegetação num raio mínimo de 50m de larguraem torno de nascentes e “olhos d’água”.

• Lei n. 6.513, de 20 de setembro de 1977 - dispõesobre a criação de Áreas Especiais e de Locaisde Interesse Turístico.

• Lei n. 6.766, de 19 de dezembro de 1979 -dispõe sobre o parcelamento do solo urbano.

• Lei n. 6.902, de abril de 1981 - dispõe sobre acriação de Estações Ecológicas, Áreas deProteção Ambiental e dá outras providências.Reproduz-se aqui o artigo 9o desta Lei:

Art. 9o - Em cada Área de Proteção Ambiental,dentro dos princípios constitucionais que regemo exercício do direito de propriedade, o PoderExecutivo estabelecerá normas, limitando ouproibindo:

a) a implantação e o funcionamento de indús-trias potencialmente poluidoras, capazes deafetar mananciais de água;

b) a realização de obras de terraplanagem eabertura de canais, quando essas iniciativas

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Levantamento Espeleológico

importarem em sensível alteração dascondições ecológicas locais;

c) o exercício de atividades capazes de provocaruma acelerada erosão das terras e/ou umacentuado assoreamento das coleçõeshídricas;

d) o exercício de atividades que ameacemextinguir na área protegida as espécies rarasda biota regional.

• Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981 - dispõesobre a Política Nacional do Meio Ambiente,seus fins e mecanismos de formulação eaplicação e dá outras providências.

• Resolução CONAMA 009, de 24 de janeiro de1986 - criação de uma Comissão Especial paratratar de assuntos relativos à preservação doPatrimônio Espeleológico.

• Resolução CONAMA 005, de 06 de agosto de1987 - preservação do Patrimônio Espeleoló-gico Nacional.

• Resolução CONAMA 010, de 14 de dezembrode 1988 - definição e regulamentação dasÁreas de Proteção Ambiental - APA. Reproduz-se aqui o artigo 6.

Art. 6 - Não são permitidas nas APAs asatividades de terraplanagem, mineração,dragagem e escavação que venham a causardanos ou degradação do meio ambiente e/ouperigo para as pessoas ou para a biota,

Parágrafo único - As atividades acima referidas,num raio mínimo de 1.000 (mil) metros noentorno de cavernas, corredeiras, cachoeiras,monumentos naturais, testemunhos geológicose outras situações semelhantes, dependerão deprévia aprovação de estudos de impactoambiental e de licenciamento especial, pelaentidade administradora da APA.

• C.F. de 1988, já citada.

• Decreto n. 99.274, , de 06 de junho de 1990 -regulamenta a Lei n 6.902, de 27 de abril de1981, e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981,que dispõe, respectivamente, sobre a criaçãode Estações Ecológicas e Áreas de ProteçãoAmbiental e sobre a Política Nacional de MeioAmbiente e dá outras providências. No capítuloII deste Decreto, tem-se a regulamentaçãodas Áreas de Proteção Ambiental e penali-dades.

• Decreto n. 99.556, de 1 de outubro de 1990 -dispõe sobre a proteção de cavidades naturaissubterrâneas existentes no Território Nacional,e dá outras providências.

Art. 1o - As cavidades naturais subterrâneasexistentes no Território Nacional constituempatrimônio cultural brasileiro e, como tal, serãopreservadas e conservadas de modo a permitirestudos e pesquisas de ordem técnico-científica, bem como atividades de cunhoespeleológico, étnico-cultural, turístico, recrea-tivo e educativo.

Parágrafo único - Entende-se como cavidadenatural subterrânea todo e qualquer espaçosubterrâneo penetrável pelo homem, com ousem abertura identificada, popularmenteconhecido como caverna, incluindo seuambiente, conteúdo mineral e hídrico, a faunae a flora ali encontrados e o corpo rochoso ondeos mesmos se inserem, desde que a suaformação haja ocorrido por processos naturais,independentemente de suas dimensões ou tipode rocha encaixante. Nesta designação estãoincluídos todos os termos regionais, tais comogruta, lapa, toca, abismo, furna e buraco.

Art. 2 o - A utilização das cavidades naturaissubterrâneas e de sua área de influência devefazer-se consoante a legislação específica, esomente dentro de condições que asseguremsua integridade física e a manutenção dorespectivo equilíbrio ecológico.

Parágrafo único - A área de influência de umacavidade natural subterrânea há de ser definidapor estudos técnicos específicos, obedecendoàs peculiaridades e características de cadacaso.

Art. 3 o - É obrigatória a elaboração de estudo deimpacto ambiental para as ações ou os em-preendimentos de qualquer natureza, ativos ounão, temporários ou permanentes, previstos emáreas de ocorrências de cavidades naturaissubterrâneas ou de potencial espeleológico, osquais, de modo direto ou indireto, possam serlesivos a essas cavidades, ficando sua reali-zação, instalação e funcionamento condi-cionados à aprovação, pelo órgão ambientalcompetente, do respectivo relatório de impactoambiental.

Parágrafo único - No que concerne às ações eempreendimentos já existentes, se ainda nãoefetivados os necessários estudos e relatóriode impacto ambiental, devem estes serem reali-

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

zados, em prazo a ser fixado pelo ConselhoNacional do Meio Ambiente - CONAMA.

Art. 4 o - Cabe ao Poder Público, inclusive àUnião, esta por intermédio do Instituto Brasileirodo Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis - IBAMA, preservar, conservar,fiscalizar e controlar o uso do patrimônioespeleológico brasileiro, bem como fomentarlevantamentos, estudos e pesquisas quepossibilitem ampliar o conhecimento sobre ascavidades naturais subterrâneas existentes noTerritório Nacional.

Parágrafo único - No cumprimento do dispostono “caput” deste artigo, o IBAMA pode efetivar,na forma de lei, acordos, convênios, ajustes econtratos com entidades públicas ou privadas,nacionais, internacionais ou estrangeiras.

Art. 5 o - Para efeito deste Decreto, conside-ram-se:

I - patrimônio espeleológico: o conjunto doselementos bióticos e abióticos, sócio-econô-micos e histórico-culturais, subterrâneos ousuperficiais, representados pelas cavidadesnaturais subterrâneas ou a estas associados;II - área de potencial espeleológico: as áreasque, devido à sua constituição geológica egeomorfológica, sejam suscetíveis do desenvol-vimento de cavidades naturais subterrâneas,como as de ocorrência de rocha calcárias;

III - atividades espeleológicas: as açõesdesportivas, ou aquelas técnico-científicas deprospecção, mapeamento, documentação epesquisa que subsidiem a identificação, ocadastramento, o conhecimento, o manejo e aproteção das cavidades naturais subterrâneas.

Art. 6 o - As infrações do disposto neste Decretoestão sujeitas às penalidades previstas na Leino 6.938, de 31 de agosto de 1981, e normasregulamentares.

Art. 7 o - Este Decreto entra em vigor na data desua publicação, revogadas as disposições emcontrário.

3.3 - Aspectos sócio-culturais

Desde os primórdios de sua existência, ohomem relaciona-se às cavernas como partede seu próprio habitat. O papel de moradia e deabrigo perdeu-se com a civilidade. Mas mantém-se no tempo a religiosidade e outras expressões

culturais associadas, outrora manifestadas porsepultamentos e rituais diversos, estes condi-zentes ao modo de vida dirigido pelas condiçõesnaturais então dominantes.

Na atualidade, as cavernas são cultuadas comooutras tantas formações naturais que estimulama curiosidade, a indagação, o prazer visual ecorporal. A ausência de luz, o silêncio e oexotismo das formas sob o olhar humanosuscita crendices e lendas, manifestações querevelam a própria cultura popular, regida pelascondições sócio-econômicas e naturais parti-culares de cada região. Tais manifestaçõesaproximam o homem à natureza, constroem eenriquecem a história de sua intelectualidade.

Nas cavernas da APA, como em todo o Brasil,são freqüentes as manifestações religiosas. Naregião de Lagoa Santa, no entanto, não hágrandes expressões, como ocorre em grutasde Goiás ou Bahia, onde se instalaram verdadei-ros recintos religiosos com suntuosos altares,para onde se dirigem grandes procissões. Mas,seja de pequeno ou grande porte, este tipo deuso é sempre nocivo ao ambiente natural, umavez que há descaracterização das formasoriginais, pela instalação de estruturas, pisotea-mento e quebra; há interferências no equillíbriodo ecossistema, oriundas do aporte de matériasestranhas, especialmente orgânicas (oferen-das) e outros objetos de culto. Na APA, citam-se as grutas “dos Túneis”, “do Feitiço” e “daMacumba”. Na impossibilidade de proibir taismanifestações, deve-se procurar atenuantescapazes de minimizar o impacto causado, porexemplo, restringindo áreas de visitação.

Sobre as ocorrências mais expressivas emtermos de beleza cênica, repousa uma tendên-cia muito forte à exploração turística ou, em outroentendimento, ao uso de estruturas queviabilizem a visitação de qualquer pessoa coma garantia de segurança e salubridade. Perigoe insalubridade são, entretanto, adjetivosfreqüentes, se não constantes, no ambientecavernícola; eliminá-los significa alterar, aomenos em parte, suas caracterísiticas naturais.A questão “custo-benefício” deve ser sempretomada em seu limite para cada situação, numaanálise minuciosa que considere todos oscomponentes naturais, suas susceptibilidadesfísicas e biológicas, contraposta à avaliação deseu real apelo turístico e viabilidades. Oresultado sempre deve compor-se de umzoneamento de restrições que caracterizará o

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Levantamento Espeleológico

manejo apropriado. A Gruta da Lapinha, emLagoa Santa, é o exemplo na APA (foto 13). Suaexploração turística foi viabilizada por estruturasconvencionalmente usadas no país, masconsideradas, em sua maioria, tecnicamenteequivocadas e, por isso, nocivas em excessoao ambiente. As mais comuns são falhas nailuminação artificial, seja pela quantidade deholofotes, seja por distribuição ou intensidadeindevidas. Cimentação de trechos do piso parapassarelas ou escadarias é um artifício quepode, muitas vezes, ser evitado ou adaptado.Entre tantos outros erros comuns, está o fatode não restringir locais e/ou épocas à visitação,bem como o número e a freqüência de visitantes.A Gruta da Lapinha e o potencial turístico de ou-tras ocorrências serão abordados com detalhesmais à frente, sob a análise do contexto local.

Outras situações são reveladas pela utilizaçãopara fins de abrigo a animais de criação, jáestando adaptadas para tal. Essa práticaprovoca a compactação do solo, alterando aestratigrafia do sedimento de eventual impor-tância arqueológica; além disso, tambéminterfere no ecossistema cavernícola, podendoalterar a estrutura das comunidades. Comodepósito de materiais, pode-se citar a Gruta doDepósito e a Gruta das Vacas. Há um exemplode extração (ilegal) de espeleotemas com finscomerciais, especificamente a Gruta dosHelictites, de rara beleza.

Pode-se dizer que muitas das ocorrências daAPA encontram-se sob algum tipo de ameaça,apesar de algumas delas serem consideradasrelevantes dentro do contexto regional. A maiscomum é a depredação cotidiana resultante davisitação constante e despreparada da própriacomunidade local. Isso é marcante nas grutas“Faustina”, cujo portal é facilmente avistado darodovia MG-424, “Baú”, “Escada”, “Milagres”,“Túneis”, e em “Poções”, Cerca Grande e Ballet,onde sofrem, principalmente, as pinturasrupestres. A esse tipo de agressão, apenas otombamento é incapaz de resguardar (CPRM,1995). Um programa de educação, informaçãoe preparo torna-se fundamental à preservação.

Historicamente, muitas delas também sofreramcom a exploração de salitre e calcita ou compesquisas carentes de métodos. A ameaçamaior, porém, é a que implica o desapare-cimento do sítio, quando entra em confronto opatrimônio e o desenvolvimento econômico,retratado especificamente nas empresasmineradoras de calcário (CPRM, 1995).O impasse muitas vezes travado depende dacaracterização detalhada de cada caso, com abusca de atos alternativos para a explotação,por uma das partes, e a avaliação dos benefíciose perdas, por outra parte, fundamentadana contextualização segura da ocorrêncianatural nos âmbitos local, regional, nacional eglobal.

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4.1 - Características gerais das cavernas

4.1.1 - Feições exteriores

As cavernas e o relevo superficial

Os processos de carstificação atuam, como jávisto, em superfície, em subsuperfície e mesmoem profundidade. O relevo cárstico superficial,o “exocarste”, apresenta-se como um conjuntode feições muito características, marcadobasicamente pela heterogeneidade de formas,com mudanças altimétricas bruscas que são,muitas vezes, expressões da dinâmica demodelamento subterrâneo. Em outros casos,são tais formas superficiais as indutoras ou asresponsáveis pela conformação subterrânea oudo “endocarste”. Portanto, formas superficiaise subsuperficiais estão quase sempre vincu-ladas entre si.

Na superfície, são comuns os maciços ourochedos expostos, os paredões ou escarpascom tendência linear, vales em geral fechadose vales cegos, torres, verrugas, bancadasrochosas, arcos e pontes naturais. Também sãofreqüentes as depressões amplas de fundoplano, cônicas com vertentes em diferenciadasdeclividades e cilíndricas abruptas, com ou semparedões associados, chamadas dolinas, uvalas(interseção de mais de uma dolina) e poljés(amplas planícies rebaixadas). Feições depequena escala são descritas em diferentestipologias, caracterizando as chamadas“ranhuras” na rocha.

Por causa da forte irregularidade do terreno ede seu caráter de permeabilidade, conformam-se sumidouros com freqüência, em geralassociados às “armadilhas” do relevo (foto 14).Em outros pontos, a mesma irregularidade dasuperfície permite o “ressurgimento” de águasaté então subterrâneas.

As depressões, por vezes, dão margem aoalagamento, se respeitadas certas condiçõeshidrológicas ou hidrográficas especiais.Especialmente no carste de Lagoa Santa sãocomuns e particularmente características aslagoas com porte e dinâmica diferenciados. Umestudo realizado por Auler (1994) diagnosticou

as principais classes, colocando-as frente aalguns processos responsáveis pela confi-guração das cavernas. Neste relatório, foramexemplificadas situações no item “As caver-nas da APA e sua contextualização geológica”.

As cavernas e feições associadas (depósitosquímicos e sedimentares) são os principaisrepresentantes do endocarste. Muitas podemnão apresentar passagens ou conexões expres-sivas com o meio externo (epígeo), sendo,portanto, inacessíveis ao homem. Há que selembrar, porém, que pequenas “fissuras” oucondutos de porte reduzido também compõema trama endocárstica, podendo ser muitoimportantes para circulação d’água ou comohábitat de uma fauna especial.

As unidades geomorfológicas (superficiais)individualizadas na APA, sob a responsabilidadeda equipe do Museu de História Natural daUFMG, são apresentadas a seguir. A situaçãodas cavernas é relacionada às unidadespropostas (fig. 9):

1. Unidade onde é baixo o índice de carstifica-ção. Relevos desenvolvidos sobre metapelitosda Fm. Serra de Santa Helena e porções docarste encoberto. No geral, as condições sãodesfavoráveis à conformação de cavernas,havendo ocorrências relacionadas a formascársticas superficiais desenvolvidas, pontual-mente, como dolinamentos isolados e pequenasexposições calcárias.

2. Unidade com alto índice de carstificação, ondese subdividem:

• Desfiladeiros e abismos com altos paredões,localizados a nordeste de Matozinhos, comcotas superiores a 850m, correspondendo àárea de recarga do carste, Formação SeteLagoas, Membro Lagoa Santa. Há uma grandeconcentração de cavernas, com exemplaresexpressivos e áreas promissoras a seremprospectadas.

• Cinturão de uvalas, localizado entre o Pla-nalto de Dolinas e o compartimento dosDesfiladeiros, ao sul da Uvala de Mocam-beiro. Praticamente não há cavernas regis-tradas.

4 - O PATRIMÔNIO ESPELEOLÓGICO DA APA CARSTEDE LAGOA SANTA

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Levantamento Espeleológico

Figura 9 - Compartimentação geomorfológica da APA (KOHLER, 1995 - modificado) em relaçãoà ocorrência de cavernas.

LEGENDA

Caverna

NC "Baixo índice de carstificação.Relevos desenvolvidos sobre metapelitos da Fm.Serra de Santa Helena e porções de carste encoberto.Formas cársticas superficiais eventuais, isoladas.

CC1 - Desfiladeiros, abismos e altos paredões do

Sistema Palmeiras - MocamboC2 - Cinturão de UvalasC3 - Planalto de DolinasC4 - Uvala de MocambeiroC5 - Região de HumesC6 - Megauvalas com LagoasC7 - Maciços e Planícies do Riacho do Gordura

C7a - Grandes MaciçosC7b - Planície de Baixo Curso do Riacho do Gordura

C8 - Poljé do SumidouroC9 - Sistema do Ribeirão da Mata

COMPARTIMENTO "NÃO CÁRSTICO

COMPARTIMENTO CÁRSTICO

NC

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

• Planalto de dolinas, com altitudes entre 800 e700 metros. Comporta conjuntos cársticoslocais relevantes tais como Baú, Borges,Cauê, Confins, Lapa Vermelha, Lapinha eSamambaia. São litologias pertencentes àFormação Sete Lagoas, Membro Lagoa Santa.Ocorrência de vários cavernamentos impor-tantes.

• Uvala de Mocambeiros, extensa planície comalagamentos intermitentes onde há expo-sições rochosas residuais com algumascavernas associadas.

• Região de Humes, maciços residuais emterrenos rebaixados, com alguns importantescavernamentos associados.

• Megauvalas onde estão as lagoas dos Porcos,Grande e Pequena. Não há cavernamentosregistrados na região.

• Maciços e planícies do riacho da Gordura,região pouco conhecida com feições alta-mente promissoras a novas descobertasespeleológicas, arqueológicas e paleontológicas,apesar do pequeno número de registros atuais(foto 1).

• Poljé do Sumidouro, com ocorrência decavernamentos esparsos.

• Sistema do ribeirão da Mata, região maissetentrional, onde afloram calcissiltitos ecalcarenitos, com ocorrência de poucoscavernamentos.

O relevo cárstico evolui com grande rapidez secomparado a outros tipos de terrenos, o que lheatribui um caráter fortemente dinâmico. Uma vezinstalado um sistema hídrico, segundo ocondicionamento imposto pela rocha e pelaconfiguração progressiva do terreno, a própriadinâmica da água passa a ser um dos principais,se não o maior fator de elaboração das formasou da geometria das cavernas, impostoespecificamente pelas condições de gradientehidráulico (respeitadas as condições químicasexigidas, já mencionadas anteriormente).

Sobre este aspecto, cabe lembrar a existênciade dois grandes ambientes hidrogeológicos quefuncionam sob condições físico-químicasdistintas: o ambiente vadoso (zona insaturada),onde a água circula livremente em trajetosdescendentes sob ação da gravidade, o que lhepermite adquirir maior velocidade de fluxo, e o

ambiente freático (zona saturada), limitado poruma “superfície” sazonalmente variável abaixoda qual todas as descontinuidades da rochapermanecem preenchidas por água, onde ofluxo da massa d’água é reduzido. Em cada um,prevalecem condições diferenciadas de energiade fluxo, de trocas gasosas com a atmosfera,especificamente CO2

, de pressão ou de tensãosuperficial. Portanto, a dissolução tambémocorrerá de forma diferenciada, gerandotipologias morfológicas diferentes de caver-namento.

Um tipo especial de situação ocorrerá justa-mente ao longo da interface entre as duaszonas, onde há flutuação do nível d’água.Poderá haver uma “superposição” de feiçõesdissolutivas, dando um caráter misto às feiçõesmorfogenéticas. Alguns exemplos são asgrutas no maciço da Jaguara, a Gruta daLavoura, Vargem da Pedra e, sob certo aspecto,a Lapa Vermelha. Também existirão casos decavidades com uma continuidade físicavertical, com níveis superiores de caráterexclusivamente vadoso e níveis inferiores decaráter freático ou intermediário, sendoexemplo a Lapa das Pacas.

Na prática, a forma com que estas feições irãotornar-se expostas à observação humanadependerá de como o relevo superficial émoldado. O zoneamento das áreas ondepredominarão determinadas tipologias gené-ticas de cavernas será ditado pela interseçãoda superfície ou do perfil do relevo com osambientes de regime hidrológico.

Numa seção geomorfológica da região, Kohleret.al.(1978) ilustram como o perfil topográficoestá relacionado, generalizadamente, às zonashidrológicas regionais (fig. 10).

Assim, por vezes é possível agrupar sobcertas características físicas cavernasocorrentes em regiões diversas, qualificadas pordiferentes gradientes hidráulicos ou pordiferentes condições de energia das águas.Seriam situações de recarga, de “transmissão”ou de descarga de aqüíferos. Não sepode esquecer que, conforme o caráterdinâmico do terreno, tais configurações podemter sido diferentes e mesmo inversaspreteritamente; em situações desse tipo, ascavernas poderão ser registros das condiçõespassadas.

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Levantamento Espeleológico

Da teoria, espera-se que algumas áreasvenham a apresentar uma carstificação, pode-se dizer, “inicial” ou em plena evolução. Emáreas topograficamente elevadas, as águas sãoainda fortemente agressivas (insaturadas), mastendem a estar ainda “dispersas”. Portanto, sãoideais para a abertura inicial de espaços, peloseu “vigor” à dissolução química, embora seuvolume nem sempre seja fator de alargamentoe de evolução dos grandes espaços vazios.Assim são encontradas, no geral, cavidades deporte reduzido, com geometrias de galeriaspredominantemente sinuosas, sub-retilíneas ouretilíneas, sem grandes intercomunicações,mas ocorrentes com grande freqüência. A formadas seções tende a uma verticalidade por causado vínculo às fraturas subverticais. Podem serconsideradas cavernas jovens, em atividade. Háexemplos em altos de maciços como na regiãode Poções e Lapinha.

Nestas mesmas áreas, entretanto, podemtambém estar presentes cavernas “reliquiares”de condições adversas das atuais. Neste caso,serão cavernas já “maduras” ou “senis”, em fasede remodelamento brando e de preenchimentoquímico; provavelmente apresentarão padrãomorfológico diferenciado das demais. CercaGrande pode ser considerado um exemplo típico.

As águas provenientes de diferentes pontos decaptação percorrem seu caminho descendenterumo ao nível freático, unindo-se progressi-vamente em canais de maior volume. Háexemplos de cavernas cujas galerias configu-ram “leitos” de drenagens de diferenteshierarquias, como ocorre no nível inferior dagruta do Morro Redondo. Pontos de captaçãoexpressivos são representados pelas dolinascônicas e cilíndricas, havendo exemplos típicosno chamado Planalto de Dolinas.

Nas cotas altimétricas mais inferiores, onde estáaflorante o lençol freático, é possível visualizarprocessos que, em outras áreas, podem estarocorrendo “em profundidade”. Nesses locais,também são observadas cavernas em plenaformação, portanto ditas jovens, ao longo deáreas inundadas onde haja contato direto coma rocha. Em geral, em face do baixo gradientehidráulico, conformam-se geometrias labi-rínticas ainda com seções de perfil hori-zontalizado, devido à expressão dos processossolubilizadores ao longo da superfície da água.Um exemplo é a Gruta dos Arcos situada nomaciço da Jaguara e outras aí presentes.

Nos rochedos cuja base se apresenta circun-dada por água, e em outros maciços isoladosnas planícies rebaixadas relictos ao processode arrasamento do terreno, em geral sãoencontradas outras cavernas, situadas mais aoalto ou ao topo. Tais cavidades foram, ainda sãoou apenas agora funcionam como alimen-tadoras do lençol d’água, ou seja, são condutosexpostos à superfície pela erosão ou foram porela ativados.

Outros casos atestam, por sua conformaçãomorfológica típica, que o nível d’água (nível deinundação) esteve outrora mais alto que o atual,como o caso de Cerca Grande.

Há situações particulares, porém não inco-muns, relacionadas à presença de lagos“suspensos” de regime independente do regimehídrico regional. Tais lagos estão associados adepressões cuja dinâmica de inundação écondicionada por uma impermeabilização lo-cal do terreno. Cavernas formadas nestassituações já foram comentadas no item “Ascavernas da APA e sua contextualizaçãogeológica”.

Relações altimétricas e densidade deocorrência

Estatísticas sobre as cotas altimétricas prefe-renciais à dissolução e sobre a densidade deocorrência em (distribuição espacial) ao longoda área da APA são dificultadas pela abordagemdiferenciada em locais-chave à interpretação.Uma área expressiva foi detalhadamentepercorrida ao longo do Projeto VIDA (fig. 2)quando se reuniu um grande acervo de informa-ções. Mas outras, também expressivas emsuas feições cársticas superficiais, aparentammenor expressão ao cavernamento, fato quepode estar simplesmente relacionado à carênciade um levantamento prospectivo denso. É ocaso da região da fazenda Cauaia.

A análise sobre a densidade de cavernamentoque mais aproximará a realidade deverá resultarda somatória do mapa de localização decavernas ao de potencialidade à existência decavernas.

Da avaliação do conhecimento atual dos sítios,revelam-se algumas áreas de maior expressão:

Região de Poções e proximidades

Grutas dos Poções, do Ballet, Argila, Cortinado,Chapéu, Melão, Tarântula, Facão Perdido,

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Morcego Morto, Cricrilo, Escorrimento, Pedra,Saci, Calcitas, Fórceps, Raízes, Janela II,Lesmão, Ponta Cabeça, Duas Gameleiras,Dezoito, Fluxo, Biasá, Maria Minhoca II, PausGêmeos, Ponte Natural, Maria Minhoca I,Ossarium, Mutambo, TS39, Estudantes,Trincheira, Jibóia, Sabiá, Umbral, Eritrina, Bico,Alabum, Águas Carriadas, Ponte de Pedra,Perdidas, Salvação, Éden, Janjão, Serpentina,Morro Redondo, Miu, Mau, Micos, Italta, Vinte eUm, Onze, Periperi I, Periperi II, Ressurgência,Dúvida, Equipe Três, Amora, Minhoca-Cota,Boca Roriz, Lavoura, Sete Metros, Lapiás,Fratura 195, Cacimbas, Escada, Marguipegus,Abrigo I, Pó, Sumiu, Água, Conjunto PequenosAbrigos, Abrigo II, Abrigo III, Afogados, AfogadosII, Bizus, Um Pequeno Abrigo, Outro PequenoAbrigo, Sem Graça, Quarenta, Esturtia, Itapucu,Dente Caído, Retiro Bom Jardim, Pedra Verde,Nasceu, Mauá, Vento, Chinela, Tapete, Milagres, Brecha, Grutícula.

Região da Lapinha

Grutas da Lapinha, Joaninha, Mariposas I,Túneis, Feitiço, Aranha, Helictites, Jaboticabeira,Fila Egípcia, Bruxa Louca, Pacas, Formigas,Dobra, Serra, Goiabeiras, Árvore Inclinada, Piton,Pequeno Labirinto, Comprido, Três Fendas,Macumba.

Região de Cerca Grande e Jaguara

Grutas Cerca Grande, Condutos, Nossa Casa,Conjunto dos Condutos II & III, Conchas I e II,Carapuça, Fina, Nada, Zem, Zum, Coruja,Jaguara I, Inundação, Vale Perdido, Indicada,Pedra Alta, Portal, Pomar.

Região da Ciminas

Grutas da Encanação, Cheirão, Ciminas,Exploração II, Paiol, Cristais de Calcita, Fenda,Quebra Corpo, Escavado, Desconhecido, ÁguaFria, Osso, Borges.

Região do Baú (maciço, dolinas e uvalas)

Grutas do Baú, Galinheiro, Intoxicado, Buracodo Francês, Jardineiro, Vaca Atolada, Reduzida,Drenagem Pluvial, Abrigo da Mãe Rosa, Teia I eII, Dulcin de Côco, Dente de Cão, Virgem, DonaOnça, Boi Caído, Duas Fraturas, Espigas,Cachimbo, Bóia Clara, Anjo, Pressão, Nó, Inca,Formosa III, Curral, Buiaquim da Alice, MeandroEscatológico.

Região da Lapa Vermelha

Grutas Lapa Vermelha I a VII, Quilo, Conden-sação.

Sobre a distribuição altimétrica, cabe lembrar ocaráter de semi-horizontalidade das litologiascarbonáticas, com homogeneidade textural ecomposicional ao longo de cada domínioestrutural individualizado. A princípio, todointervalo altimétrico onde ocorre o principalpacote carbonático (metacalcarenitos doMembro Lagoa Santa) deveria apresentarmagnitude semelhante de carstificação. Nãofosse o fator da configuração hidrogeológica,isso seria verdadeiro.

Observa-se, no entanto, que não só existe umgradiente hidráulico regional com vetor rumo aorio das Velhas (sentido geral W-E) comotambém um gradiente de relevo, estando asáreas mais arrasadas ou baixas situadas a leste,caracterizando as zonas de descarga doaqüífero, e as áreas mais elevadas a oeste,configurando as zonas de recarga. Ao longodeste perfil, deve-se considerar, é claro, áreasintermediárias, como a região das uvalas deMocambeiro, com funcionamento condicionadoa configurações hidrogeológicas locais,algumas vezes vinculadas à existência decoberturas inconsolidadas mais ou menosespessas.

Todos esses conceitos justificam o maiornúmero de ocorrências entre as cotas 800 e 650metros, representando pontos nas áreas baixasda unidade de Desfiladeiros e Abismos e pontosno Planalto de Dolinas, bem como nos maciçosresiduais ou “humes” de Mocambeiro e Poljé doSumidouro.

4.1.2 - Feições interiores

Padrões morfológicos e de desenvolvimento

A morfologia das cavernas pode ser analisadae descrita considerando três parâmetros queconfiguram sua tridimensionalidade: a distri-buição espacial dos condutos e sua forma (emplanta), a geometria das seções (cortes)transversais das galerias e a morfologia deperfis longitudinais, estes últimos expressandoo desenvolvimento vertical da cavidade. Esta éjustamente a abordagem que um mapa espe-leotopográfico deve procurar, representando,adicionalmente, os vetores direcionais dedesenvolvimento.

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Levantamento Espeleológico

Esses parâmetros, em particular os doisprimeiros, são os principais indicadores dorelacionamento atual e pretérito entre a ação daágua e as características da rocha-matriz.

Palmer (1991) estabelece uma classificaçãomorfológica (fig. 4.) que relaciona as geometriasa condicionantes genéticos. Neste trabalho,adota-se esta classificação (com modificações)como forma exclusiva de descrição e agrupa-mento das ocorrências, atendo-se unicamenteà observação dos principais padrões morfo-lógicos. Portanto, a princípio é desconsideradaa relação genética estabelecida pelo autor,porque condições muito particulares à regiãoimpõem a necessidade de adaptações dosconceitos por ele aplicados.

A heterogeneidade morfológica dos exemplaresda APA é percebida facilmente, fato que leva àconstatação de condições hidrológicas adver-sas atuantes sobre um tipo litológico mais oumenos regular ou homogêneo, conforme já foicomentado. A configuração atual dos diferentesambientes foi apresentada na figura 10.

Da observação direta, pode-se apontar para asocorrências em pleno processo de formaçãovinculado à existência de corpos d’águalaminares, seja afloramento do lençol freático,sejam lagos inundando dolinas com exposiçõesrochosas. No princípio, formam-se abrigos naface exposta do rochedo. A evolução mostratendência à formação de uma trama de galerias,dando um caráter geral labiríntico que pode serretilíneo ou anastomótico, podendo variar commaior ou menor sutileza em função do tempode residência ou periodicidade da água, deflutuações sazonais no nível de inundação e nascondições de fluxo. Por comparação e pelainterpretação de parâmetros internos, espe-cialmente morfológicos, é possível indicar outrossítios que já estiveram, mas não estão maissujeitos a condições semelhantes, como asgrutas da Escada e Labirinto Fechado.

Há outras situações em que se pode acom-panhar o trabalho de cursos d’agua sub-terrâneos, com variações vinculadas à vazão,à sazonalidade e a outras características dofluxo. Exemplos atuais importantes são asgrutas ao longo do córrego Palmeiras-Mocambo,as grutas Freática, Água Surda, Rio Que Sai,Água Fria e, na área de entorno da APA, asgrutas Meandro Abismante, Irmãos Piriá, entre

outras. Em geral, conformam-se galerias quetendem à sinuosidade. Não há exemplo de umsistema de grande porte caracterizado por umarede de drenagem com tributários de diversashierarquias, como ocorre em cavernas deGoiás. Aqui, as ocorrências são de pequenoporte, onde galerias secundárias estão, muitasvezes, relacionadas a pequenas drenagensativas por curto espaço de tempo. É comum asituação de sumidouros periódicos vinculadosàs depressões do terreno. Também porcomparação morfológica, é possível identificaroutros sítios de alguma forma semelhantes, jáabandonados pela água. Exemplos podem serrepresentados pelas grutas da Lavoura,Perdidas, Lameiro, Periperi e Poções.

Há diversos casos onde se pode constatar asuperposição de feições indicando que a águateve seu comportamento modificado ao longodo tempo ou segundo ciclos, passando umacondição a predominar sobre outra. Emsituações em que houve desaparecimento delago, é comum observar o reentalhe por açãode enxurradas ou por uma ou mais drenagensde pequeno porte então instaladas. O resultadomais comum é uma composição morfológicamista segundo determinadas zonas ou regiõesda caverna, ou mista no sentido da própriacoexistência superposta de padrões morfoló-gicos. Exemplos típicos são encontrados nasgrutas da Escada, do Baú e, em plena ciclici-dade, na Lapa Vermelha I. Também podem serconsideradas “compostas” as grutas daLavoura e Morro Redondo. Na primeira, háconformação progressiva de um nível inferior emcontato com o lençol freático que, muitoeventualmente, inunda suas porções supe-riores, onde já há sinais de retrabalhamento; nasegunda, há dois domínios ou zonas totalmentedistintas em sua morfologia, nos agentesgenéticos e no estágio evolutivo, havendo umsuperior labiríntico praticamente inativo (apenasalguns gotejamentos) e um inferior caracte-rizado por uma única galeria principal, hojepercorrida por uma drenagem. A Gruta dosPoções é outro exemplo de situação composta:sua galeria principal esteve sob a respon-sabilidade do curso do Palmeiras-Mocambo,hoje corrente alguns metros abaixo. Mas emépocas de chuvas, inunda-se a planície à frentede suas entradas, o que pode explicar a regiãolabiríntica anastomosada da caverna próxima àface externa do paredão.

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Figura 10 - Perfil topográfico, geológico, geomorfológico e hidrológico da região cárstica de Lagoa Santa - MG(Kohler, et.al., 1978, com pequenas adaptações).

DESFILADEIROS

Serra dos Ferradores Lavra C im inas

La. S to . An tôn io Varginha

- F m. S E RRA DE S AN TA H ELE NA - M e tape l i tos

Grupo BAM BU Í- F m . S E T E LA G O A S , M b . L A G O A S AN TA - M e tac a lc a re n i tos

- F m . S E T E LA G O A S , M b . P ED R O L EO P O L D O - M e ta c a lc is s i l t i t o s

- C O M P LE X O G NÁ ISSICO - M IGMATÍTICO (Embasamento)

- Conta to in fe r ido ent re L i to logias

- N íve l das águas Cá rs ticas: In te rface en tre as zonas vados a e f reá t i ca

R ib . da Mata

Correspond ênciacom reg ião dos

P oções

Correspond ênciacom p laníc ie de

M o c a m b e i r o

La . dosM a c a c o s

M a c iços de Ba ú

Có rrego da Bucha

Fida lgo

Rochedo do F ida lgo

R io das Ve lhas

Ressu rgênciaOlhos d'Á gua

Torres La. Sumidouro

Correspond ênciacom do l inas das g rutas :

In tox icado e Francês

Correspond ênciacom maciços de

Lapinha

0 1

750 750

650

U VAL AS PL AN ALTO DE DO LINA S PO L JÉ

km

m

850

750

650

m

850

750

650

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Levantamento Espeleológico

Todos esses casos sofreram e ainda sofremremodelamento praticado pelas águas per-colantes, como gotejamentos e escorrimentos.Tal atividade pode estar presente ao longo detodo o tempo ou seguindo uma periodicidadevinculada ao regime pluviométrico, à estru-turação ou ao grau de carstificação do pacoterochoso e mesmo às características deeventuais coberturas superficiais. Muitas vezes,a ação dessas águas assume magnitudessurpreendentes, sendo a grande responsávelpela configuração ou pela modificação do perfildas paredes das galerias. Ela é também o maioragente da elaboração dos precipitados químicossecundários, ou da ornamentação por espe-leotemas, comentados mais à frente.

Há vários exemplares de cavernas originadasexclusivamente dessas águas vadosas, compadrão de arranjo de galerias diversificado. Sãoem geral de pequeno porte, às vezes resu-mindo-se a fendas retilíneas, outras vezes a

galerias sinuosas ou semiretilíneas de contorno(parede) arredondado ou ovalar, sendo maiscomum a primeira situação. Compõem umagrande parte das ocorrências da APA. Citam-se, entre várias, a Gruta da Bruxa Louca, a Lapados Micos, Caverna Duas Fraturas, Gruta doFedô.

O chamado padrão morfológico “amebóide” ou“esponjiforme” tem implicações genéticas muitoparticulares na conceituação de Palmer (op.cit.).Aqui foi usado unicamente para expressarformas irregulares, muitas vezes resultantes dedesabamentos ou da interseção de várioscondutos, sendo comumente apontado paracaracterizar abrigos ou regiões isoladas decavernas. Exemplos são a Gruta da FazendaSanto Antônio e a Gruta Pena de Aribu.

Apresenta-se a seguir uma relação quedescreve em termos morfológicos algumas dasprincipais cavernas da APA:

Gruta LocalizaçãoDesenvol-

vimento/desnível(metros)

Morfologia predominante Observacões gerais

Lapa Vermelha I Pedro Leopoldo 1870 / 28 labiríntica reticulada (nível superior) esemimeandrante (nível do córrego)

superposição de padrões morfológicosdevido a períodos de cheia e seca. Salões ecorredores amplos.

Escada Matozinhos 1822 / 25 labiríntica anastomosada a reticulada, comextensões sinuosas

presentes indicadores de evolução cíclica.

Morro Redondo Matozinhos 1360 / 75 labiríntica reticulada (nível superior),semimeandrante (inferior)

nível inferior bem abaixo do superior,percorrido por rio.

Cerca Grande Matozinhos 1055 / 11 labiríntica reticulada corredores estreitos e altos terminando emjanelas abertas ao exterior.

Baú Pedro Leopoldo 885 / 13 labiríntica anastomosada (entradas) c/extensões retilíneas

indicadores de evolução cíclica.

Túneis Lagoa Santa 700 / meandrante

Lapinha Lagoa Santa 631 / 21 galerias semimeandrantes interligandosalões

escadarias nos desníveis.

Pacas Lagoa Santa 480 / 10 retilínea, localmente reticulada (domínio docalcissiltito

seções horizontalizadas, localmenteverticais (em fendas) Inundação parcial.

Cacimbas Matozinhos 413 / 20 labiríntica reticulada corredores estreitos e altos.

Estudantes Matozinhos 400 / 63 galeria irregular com blocos desmoronados,com tendência retilínea

abismo conecta superfície ao interior.

Periperi II Matozinhos 400 / 30 semimeandrante salões amplos, parcialmente percorrida porrio.

Moinho Lagoa Santa 390 / 23 semimeandrante a meandrante galeria de seção horizontal, percorrida porrio.

Tombo Matozinhos 380 / 47 morfologia irregular salão principal aprofundando-se entreblocos. Extensões semimeandrantes.

Marguipegus Matozinhos 380 / 28 anastomosada a semimeandrante galerias aprofundando-se progressivamente.

Paredão da Fenda III Matozinhos 360 / 15 salão de entrada amebóide com ramificaçãomeandrante

antigo sumidouro. Grande pórtico deentrada.

Lapa Vermelha VI Pedro Leopoldo 340 / 23 labiríntica reticulada

Intoxicado Pedro Leopoldo mapa em andamento meandrante galeria inicialmente estreita, abrindo-selocalmente em pequenos salões.

Nossa Casa Matozinhos 306 / 7 reticulada quatro corredores que se interceptam, sendodois deles muito amplos.

Milagres Matozinhos 302 / 17 retilínea, localmente amebóide maior portal de entrada da região.

Poções Matozinhos 300 / 40 semimeandrante, localmente labirínticaanastomosada (junto à entrada)

galeria principal de seção horizontal(ovalar), antigo leito de rio.

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Em síntese, as maiores cavernas são aslabirínticas, em geral condicionadas a sistemasde fraturamentos ortogonais, principalmente nasdireções N-S e E-W, de condições adversas.

Outros parâmetros freqüentemente consi-derados quando se avalia uma caverna,abstraindo-se sua morfologia e seu conteúdo,são a própria dimensão adquirida pelos “vazios“,em termos volumétricos e de extensão lateral,e sua abrangência vertical ou desnível. Estestambém são dados a fornecer indicadores daação da água e da configuração da rocha-matriz, estando, portanto, vinculados aosdeterminantes morfológicos.

O volume e a extensão são usados comfreqüência como parâmetros de avaliação dovalor do sítio ou do nível de interesse. Talabordagem é muitas vezes equivocada, umavez que existem outros inúmeros componentesa serem considerados e avaliados.

O contexto físico da APA é caracterizado pelopredomínio de cavidades de pequeno porte. Noentanto, tem uma singularidade no âmbitonacional, retratado pela alta densidade ougrande freqüência de ocorrências. Sua parti-cularidade está justamente na composição deconjunto, somada a um rico conteúdo faunístico,paleontológico e arqueológico.

Nenhuma outra região do país tem registradoaté o momento, numa área de 360 km2, onúmero de 387 cavernas (sem considerar asextensas áreas não-carstificáveis). Este dadotambém demonstra ser esta uma das maisestudadas regiões, cujo conhecimento, aindaassim, está muito longe de ser esgotado. Isto ébem ilustrado tanto pelo Mapa de Ocorrênciade Cavernas (fig.2) como pelo Mapa deZoneamento Espeleológico onde se revelamextensas áreas potenciais ainda por seremprospectadas ou percorridas.

A estatística sobre a extensão das cavidadesmostra que 56% delas são menores que 50metros, 19% têm entre 51 e 100 m, 17% entre101 e 300 m, 5% entre 300 e 500 m e apenas3% são maiores que 500 m, sendo as quatromaiores a Lapa Vermelha I, com 1870 m; a Grutada Escada, com 1822 m; Morro Re-dondo, com cerca de 1400 m, e Gruta CercaGrande, com 1055 m.

O maior desnível está na Gruta do MorroRedondo. São 75 metros entre a cota máxima,

ao topo, e a mínima, o ponto mais baixo, havendoum vão livre de 52 metros correspondente auma “chaminé” que interliga o nível superiorlabiríntico ao inferior sinuoso.

Os outros maiores desníveis estão na Gruta dosEstudantes, um dos mais antigos registros daárea, e no Abismo da Caveira, com tortuosas eestreitas passagens verticais. Estudantes temum lance inicial vertical de 44 metros a partir dasuperfície externa, aprofundando-se por mais 23metros em meio a sedimentos e blocosdesmoronados, totalizando 67 metros; Caveiraintercepta 63 metros verticais do pacoterochoso.

Ornamentação química (espeleotemas)

Há diversos fatores químicos e físicos que,combinados, irão determinar quando, onde ecomo serão formados os espeleotemas, jámencionados no item “Fundamentos daespeleologia”.

QUANDO começará sua conformaçãodependerá do estado de saturação da água, dascondições atmosféricas internas (T, PCO

2,...),

da dinâmica energética da água, entre outrosdeterminantes. A variedade de FORMAS ouTIPOS também dependerá da energia de fluxod’água, da sua saturação em carbonato etambém da morfologia de paredes, tetos e piso,da presença eventual de corpos d’águaestagnados ou correntes, da circulação deventos, das variações das condições ao longodo tempo e até da atividade orgânica; masespecialmente da composição química ou iônicada água, fator que irá reger particularidades dacristalização como a tendência pordeterminados arranjos cristalinos ou formaçãode fases minerais estáveis às condiçõesespecíficas. O mesmo valerá para o PORTEou TAMANHO que irão adquirir, o que significanão ser freqüentemente verdadeira a relaçãoentre este parâmetro e seu valor geral. A CORserá também função dos constituintes da água,adquiridos em seu trajeto pela atmosfera, soloe rocha.

Sua distribuição no interior das cavernas seráem função de ambientes particulares, suamorfologia, características atmosféricas comotemperatura, circulação de ventos e, princi-palmente, de como é a atividade e a composiçãoda água nos diferentes pontos.

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Levantamento Espeleológico

O resultado final da combinação dos diversosfatores poderá revelar um certo padrão ou umatendência que pode valer para cavernas de umcerto local ou para toda a região. Este padrãoserá uma manifestação da própria homo-geneidade de algumas condições ambientaisem certa extensão de área. Ainda assim,sempre haverá particularidades que deter-minarão situações especiais ou incomuns. Paracada caverna, poderá acontecer grande ounenhuma diversidade de “espécies” (tipos) deespeleotemas, concentrações locais, restritasou extensivas por toda a cavidade, combi-nações ou composições mistas resultantes devariações ou de ciclicidade de condições, emesmo situações de exclusividade. Em suma,a conformação final da ornamentação químicairá “personificar” cada caverna.

De região para região, pode-se contextualizaros padrões morfológicos de galerias e, porvezes, a ornamentação química. Como exem-plo, há diferenças marcantes nestes doisaspectos entre as cavernas da região de SãoDomingos (GO) e as do Vale do Peruaçu,municípios de Januária e Itacarambi, norte deMinas, mesmo considerando seu desen-volvimento sobre rochas similares. A maioria dascavernas em São Domingos foi configurada porsistemas hidrológicos de porte razoável, comgalerias amplas ocupadas por rios e salõessuperiores onde há ornamentação densa evariada; no Peruaçu, algumas das cavernastambém foram formadas ao longo do curso doprincipal rio, mas neste caso as galerias sãoainda maiores, e os espeleotemas, em menorprofusão, atingem dimensões gigantescas.

Espeleotemas freqüentes numa dada regiãotornam-se raros quando considerados noutra.Dados comuns para diversas regiões, comoestalactites e estalagmites, podem tornar-seincomuns ao adquirirem determinadas dimen-sões, como na Gruta do Janelão (Vale doPeruaçu-Januária-MG) e na Gruta dos Brejões(Morro do Chapéu-BA), devendo recair sobreeles uma consideração especial.

Este deve ser o tipo de análise quando se avaliaum conjunto de ocorrências, procurando atribuira cada uma delas um valor no contexto. Sãocomuns e freqüentes:

estalactites centimétricas a métricas, rara-mente ultrapassando 1,5 metro. Variedadesmuito comuns são estalactites sob capassedimentares concrecionais (aglomerados

carbonáticos), sendo em geral curtas, e largasna base, não ultrapassando poucos decímetros.

estalagmites que adquirem formas e dimensõesvariadas, freqüentemente em grupamentos ouem combinações com escorrimentos, colunase travertinos (foto 15).

colunas, componentes de grupamentos deoutros espeleotemas como estalactites,estalagmites e escorrimentos, sendo em geralde pequeno porte.

escorrimentos abrangem uma vasta variedadede formas, em paredes, tetos e pisos, sendograndes responsáveis pela beleza interna dascavernas. Há exemplares de destaque, comoos existentes na Gruta da Lapinha (foto 16), emEscada, Periperi I e em muitas outras.

cortinas associadas a estalactites e escorrimen-tos, tendo caráter espetacular as cortinas da Grutada Lapinha, cuja posição permite uma magníficavisão de sua estruturação interna (foto 17).

composições mistas das anteriores (foto 18).

São comuns:

coralóides diversos, incluindo coberturas decouve-flor, leite-de-lua e outras concreções,muitas vezes ao longo de grandes extensõesde superfície. Há várias situações em que arocha encaixante mal pode ser observada (foto19). Exemplos estão em Conchas I, LapaVermelha I, Tombo e Córrego do Capão.

represas de travertino, sendo mais comunsas bacias compostas de bordas rasas erugosas, ao longo de razoáveis extensões,relacionadas a superfícies de pequena declivi-dade. As maiores são encontradas na Gruta dosPoções, extensivas a grandes áreas ao longodo corredor principal, sendo destaque otravertino verticalizado que atinge cerca de 7metros de altura, em uma das extremidades dagaleria principal (foto 20). Outras expressõesraras deste tipo estão na Gruta do Baú, ondeapresentam grande dimensão. Tambémassumem beleza particular os travertinosperiodicamente inundados da Gruta da Escada.

Uma variação comum deste tipo ocorre emmicroescala (microtravertinos), recobrindo ou“texturizando” superfícies de outros espeleo-temas, sobre os quais possa haver fluxo d’águalaminar muito lento.

São pouco freqüentes:

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

estalactites “canudos de refresco”, que apa-recem em pequenos conjuntos, não possuindomais que 30 cm, havendo exemplos nas grutasda Escada, Cláudia e Helictites.

cortinas tipo bacon translúcidas, havendobelos exemplos na Caverna Dente de Cão (foto21) e em Paredão da Fenda III.

cristais dente-de-cão são comumente encon-trados em pontos restritos no interior dascavernas, dentro de represas de travertino ouem locais confinados. Exemplos expressivossão encontrados na Caverna Dente de Cão, emLapa Vermelha I e na Gruta dos Cristais.

helictites, em locais especiais de algumascavernas, havendo exemplos significativos naGruta dos Helictites (foto 22), em Tombo eAnimação.

São incomuns ou raros (encontrados empoucas ou exclusivas cavernas):

estalactites gigantes, encontradas na LapaVermelha I e em Paredão da Fenda III, supe-rando 4 metros de dimensão (fotos 6 e 23).

couve-flor de grande porte e profusão daGruta do Intoxicado e, especialmente, de LapaVermelha I (foto 24).

leite de Lua, em Córrego do Capão e Tombo.

pérolas, de pequeno porte, na Gruta da Escadae Paredão da Fenda III.

cortinas de aragonita, na Lapa Vermelha I (foto 25).

“folhas” e “agulhas” de gipsita, em Itapucue Intoxicado (foto 26), respectivamente.

flor de calcita, na Gruta do Labirinto Fechado.

vulcões, em Paredão da Fenda III.

triângulos de calcita, na Gruta dos Helictites eLapa Vermelha I (foto 27).

círculos de calcita, com cerca de 40 cm dediâmetro, na Lapa Vermelha I, só conhecidosem uma gruta de Goiás.

O quadro abaixo relaciona as cavernas espe-ciais por sua ornamentação química, dentro docontexto para a região:

Gruta Localização Principais espeleotemas Particularidades

Lapa Vermelha I Pedro Leopoldo couves-flores, triângulos de calcita,cristais dente-de-cão, círculos de calcita,cortinas de aragonita, estalactites gigante

as couves-flores têm grandes dimensões e ocorremem grande parte da caverna. Os triângulos e osdentes-de-cão alcançam mais de 2cm.

Baú Pedro Leopoldo represas de travertino possuem grande porte (métrico) responsáveis pelonome da gruta.

Dente-de Cão Pedro Leopoldo dente-de-cão, cortinas tipo bacon cristais dente-de-cão, em grande quantidade,recobrem praticamente toda a parede esquerda, ascortinas são de rara beleza.

Intoxicado Pedro Leopoldo agulhas de gipsita, couves-flores uma das únicas grutas que apresentam agulhas degipsita e couves-flores de grandes dimensões.

Labirinto Fechado Lagoa Santa flor de calcita única gruta que possui este tipo de espeleotema.Moinho Lagoa Santa escorrimento de calcita de porte métrico, cor branca, possui grande beleza

pelo aspecto “chão de estrelas” devido àorientação dos cristais de calcita.

Helictites Lagoa Santa helictites, triângulos de calcita, canudosde refresco

as helictites ocorrem em profusão e são de grandeporte (decimétrico), os triângulos são pequenos,mas considerados raros, e os canudos recobremboa parte do teto do salão superior.

Poções Matozinhos represas de travertino formam conjuntos “em cascata” ao longo dagaleria que leva ao lago.

Cristais Matozinhos dente-de-cão a gruta corresponde a um salão completamenterecoberto pelos cristais, infelizmente encontra-semuito depredada pela retirada do espeleotema epor fuligem.

Escada Matozinhos represas de travertino, canudos derefresco, pérolas

Há poucos exemplares de represas de travertino degrandes dimensões, periodicamente alagados,formando “piscinas naturais”, os canudosornamentam o teto de alguns salões e as pérolas,raras, com a peculiaridade de estarem em plenaformação.

Paredão da Fenda III Matozinhos cortinas tipo bacon, vulcões, estalactites,pérolas

as cortinas possuem porte médio e estão emprocesso de retrabalhamento por desgaste, é aúnica gruta a apresentar exemplares de vulcõesque juntamente às pérolas, encontram-se emrepresas de travertino e as estalactites são degrande porte (métrico).

Periperi I Matozinhos escorrimento de calcita espeleotema de grande porte (métrico) de grandebeleza pela coloração branca.

Tombo Matozinhos leite de lua recobrem paredes e possuem grande umidade.Córrego do Capão Capim Branco leite de lua em salão superior, recobrem parte da parede.

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Levantamento Espeleológico

Muitas vezes, o valor estético é reduzido porcausa da depredação, que impõe modificaçõesna forma, no tamanho, na cor, quando não odesaparecimento do objeto. Além da própriaquebra, outras ações implicam corrosão,soterramento e modificações no ciclo deatividade (crescimento e transformação) dosespeleotemas.

Nas cavernas da APA, o maior comprome-timento do estado original das ornamentaçõesé proveniente da visitação constante e despre-parada da população local. As ocorrências empior estado de conservação são justamente asmais próximas a povoados e centros urbanos,particularmente aquelas facilmente avistadas,de fácil acesso e sem grandes obstáculos aocaminhamento, havendo maior descaracteri-zação nas proximidades das entradas, onde avisitação é mais intensa. Exemplos estão naregião da Lapinha e em outros sítios já“populares”, como Baú, Escada, Poções, CercaGrande, Ballet e Faustina, esta última comimenso portal à meia-altura de um paredãosituado na margem da rodovia MG-424, extre-mamente convidativo (foto 28).

4.1.3 - Sedimentos - jazimentos fossilíferos earqueológicos

É muito freqüente o aporte de materiais dasuperfície externa para o interior das cavernas.Dependendo do tamanho e da posição dasentradas em relação ao relevo, maior ou menorquantidade de sedimentos, troncos, folhas,animais mortos e outros detritos serão carrea-dos por enxurradas ou lentamente levados como tempo. Uma vez no interior, podem estar emexcelentes condições de preservação, dadascertas características ambientais especiais.Ossos e conchas vão fossilizando-se porimpregnação de carbonatos ou por sua verda-deira transformação (substituição) mineral. Aosmesmos processos ficam sujeitas as ossadasde animais mortos por casualidade já noambiente interno, posteriormente recobertos porsedimentos ou por uma camada de precipitadosquímicos. O mesmo pode acontecer a sepulta-mentos humanos e outros vestígios comoobjetos de diversos usos e fogueiras.

Os depósitos sedimentares (detríticos) endó-genos ocorrem em grande diversidade. Podemser muito finos e homogêneos, produtos dagradativa dissolução, sendo reliquiares doscomponentes insolúveis da própria rocha(sedimentos autóctones), ou ainda resultantes

da lenta remobilização por águas poucoenergéticas, por exemplo, de lagos com longoperíodo de existência (sedimentos autóctonesou alóctones). Podem ter granulometria maisgrosseira e composição heterogênea, trazidosde maiores distâncias por águas mais energé-ticas como as de rios subterrâneos ou águasmeteóricas de enxurradas (sedimentos alócto-nes). Sua ocupação final na caverna (disposiçãoe volume) dependerá do fluxo d’água, damorfologia interna das galerias e salões e decomo ocorrerão variações nas condições físicasdominantes.

Como há modificações atmosféricas ao longodo tempo, quer sejam sazonais ou a longotermo, é freqüente a existência de diversos tiposde depósitos, miscigenados por retrabalhamentoou simplesmente intercalados segundo aconformação de camadas superpostas. Umlevantamento sistemático das variaçõesverticais ou superposição dos sedimentos, comavaliação da composição, da coloração, dagranulometria e da textura dos estratos ou doscorpos individuais, é ferramenta preciosíssimapara a reconstrução de condições passadas ede fenômenos na evolução da região. Pólens,ossos e outros objetos, quando existentes, sãoindicadores ou marcadores que remontam ahistória da ocupação da vida vegetal, animal ehumana no local.

Os jazimentos de valor histórico e pré-históricojá constatados são detalhadamente referen-ciados nos relatórios sobre a arqueologia e apaleontologia da APA. Os sítios reconhecidosno decorrer do levantamento espeleológico e osdepósitos sedimentares potenciais são apre-sentados no próximo quadro. Para os depósitossedimentares não-investigados, deve-sesalientar que, a princípio, todos podem oferecercondições para uma composição fossilífera,sendo especialmente importantes aqueles sobabrigos e os dispostos a certa proximidade dasentradas.

4.1.4 - Fauna hipógea

Devido à grande quantidade de dados geradose o objetivo desta publicação, não será incluídaaqui a listagem da fauna de cada caverna, ouseja, o inventário propriamente dito. Elaborou-se então, uma listagem total, acrescida dedados considerados importantes e uma análisegeral da sua distribuição e composição, em nívelregional e nacional. As cavernas amostradasestão discriminadas em anexo.

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Sítios arqueológicos e paleontológicos descobertos no levantamento espeleológico e cavernas potenciais anovas investigações.

Gruta Localização Tipo de Material Observações

Bruxa Louca Lagoa Santa, região da Lapinha aglomerado carbonático a ser investigado

Jardineiro Pedro Leopoldo, região do Baú conchas incrustadas em pequena quantidade, emprocesso de fossilização

Morro Redondo Matozinhos, região dos Poções depósitos sedimentares a sereminvestigados

particularmente depósitos nonível superior

Túneis Lagoa Santa, região de Lapinha depósitos sedimentares a sereminvestigados

Formosa II Matozinhos aglomerado carbonático com pequenosossos incrustados

Paredão da Fenda III Matozinhos, região da Cauaia ossos humanos (crânio e vértebras)fossilizados (foto 29), pequenos ossos deanimais e incisões antropomórficas nopiso do abrigo

os ossos humanos foramencontrados já em zona escura,em bacia de travertino, soltos e àsuperfície.

Helictites Lagoa Santa, região da Lapinha conchas com incrustação mineral material cimentado e solto

Intoxicado Pedro Leopoldo depósitos sedimentares a sereminvestigados

Nossa Casa Matozinhos, região de CercaGrande

vestígios de escavações em bancadassedimentares, com pequenos ossosanimais ainda aparentes. Espessosdepósitos por serem investigados

não há registros bibliográficossobre o material possivelmenteretirado

Marguipegus Matozinhos, ao lado da Gruta daEscada

pequenos ossos animais em processo decalcificação e níveis espessos de brechacarbonática

ossos encontrados nos níveisinferiores, soltos e semi-incrustados

Estudantes Matozinhos, região de Poções depósitos sedimentares a sereminvestigados

abrigo a céu aberto onde égrande o aporte de detritos

Filhotes de Urubu II Matozinhos, entorno da APA depósitos promissores sob concreções(capas) estalagmíticas

gruta em corte de pedreira

Conchas I Matozinhos conchas e pequenos ossos comincrustação mineral

conchas soltas e emaglomerados carbonáticos, eossos em brechas

Lameiro Matozinhos, ao sul da Cauaia alguns ossos de preguiça fóssil, bemconservados

ossos em sedimentos finos

Tombo Matozinhos pequenos ossos e conchas incrustados edepósitos a serem investigados

há grande aporte de detritos parao interior, através de suas váriasentradas

Perdidas Matozinhos, região de Poções depósitos sedimentares a sereminvestigados

Lapa Vermelha I Lagoa Santa depósitos sedimentares a sereminvestigados

Pomar Matozinhos, maciço da Jaguara ossos de animais incrusados observados em vários locais

Labirinto Fechado Lagoa Santa depósitos sedimentares promissores

Ciminas Pedro Leopoldo, área daMineração Ciminas

pequenos ossos incrustados

Irmãos Piriá Matozinhos, entorno da APA dentes e pequenos ossos presos junto aoteto; depósitos a serem investigados

Fazenda Sto.Antônio Matozinhos, Quintas daFazendinha

sedimentos potenciais sob capasestalagmíticas

Cacimbas Matozinhos, ao norte de Poções espessos depósitos sedimentares jáescavados e ainda promissores

junto ao abrigo da entrada e nointerior

Buraco do Fóssil Matozinhos, proximidades daMineração Borges

ossos de preguiça extinta presos aconcreções (foto 30)

a lavra da mineração está muitopróxima ao buraco, que aindapreserva a ossada.

incrustados

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Levantamento Espeleológico

O status dos táxons relacionados e os hábitosalimentares foram baseados em Gnaspini &Trajano, 1994; Pinto-da-Rocha, 1994 e 1995;Trajano, 1986a e 1987; Trajano & Gnaspini,1991a; Gnaspini,1989 e em observações daautora, segundo a classificação ecológico-evolutiva do sistema de Schinner-Racovitza,com algumas modificações.

Abreviaturas e definições: Tx: trogloxeno -animais que utilizam as cavernas como abrigoou reprodução, precisando sair periodicamente;Tf: troglófilo - animais que conseguem realizarseu ciclo de vida tanto dentro quanto fora dascavernas; Tb: troglóbio - animais restritos ao

ambiente subterrâneo, não conseguindosobreviver fora dele; Tm: troglomorfo - animaisque apresentam características de troglóbios,mas que precisam estudos específicos paraconfirmação; Ac/Tx: provavelmente acidental outrogloxeno; Tx-Tf: trogloxeno em algumascavernas e troglófilo em outras; Tx/Tf: trogloxenoou troglófilo; Gf: guanófilo - animais que ocorremem guano e também em outros biótopos; Gg:guanófago - animais que se alimentam noguano; Gb: guanóbio - animais que realizam seuciclo de vida no guano; de: detritívoro; fu:fungívoro; hm: hematófago; hr: herbívoro;on: onívoro; pa: parasita; pr: predador; Ent:entrada.

Filo ChordataCl. Mammalia

O. Chiroptera: Tx.F. Phyllostomidae: Tx.

S.F. Desmodontinae: Tx.Desmodus rotundus: Tx,hm.

S.F. Phyllostominae: Tx.Chrotopterus auritus: Tx,pr.

O. MarsupialiaF. Didelphidae

Didelphis albiventris (1) - (ossada). Ac/Tx,on.O. Edentata

F. MyrmecophagidaeMyrmecophaga tridactyla (fezes) Tx.

F. DasypodidaeDasypus novemcinctus - (1) - (ossada)Chaetophractus villosus (1) - (ossada)

O. Rodentia: Tx,Ac.F. Caviidae: Tx,Ac.

Agouti paca (crânio e pegadas): Ac/Tx,hr.O. Perissodactila

F. EquidaeEquus caballus (ossada)

O. ArtiodactilaF. Suidae (ossada)F. Tayassuidae

Tayassu tajacu (1) - (ossada)F. Cervidae

Mazama sp. (1) - (ossada)O. Ruminantia

F. Bovidae: Tx,Ac.O. Carnivora (fezes)

F. Canidae (ossada)Cerdocyon thous (1)Canis familiaris (1) - (ossada)

F. Mustelidae: Tx,pr.Conepatus chilensis (1) - (ossada)

Cl. AvesO. Anseriformes

F. Anatidae (1) - (ossada)O. Galliformes

F. Phasianidae

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Gallus domesticus (1) - (ossada)O. PsittaciformesF. Psittacidae

Aratinga leucophthalmus: Tx.Aratinga sp.: Tx.

O. StrigiformesF. Tytonidae

Tyto alba: Tx.O. Passeriformes

F. Hirundinidae: Tx.F. Icteridae

Gnorimopsar chopiF. Tersinidae

Tersina viridis: Tx.Cl. Reptilia O. Squamata S.O. Lacertilia

F. TeiidaeTupinambis tequixim (ossada): Ac.

S.O. Serpentes: pr.Cl. Amphibia

O. Anura: Ac/Tx,pr.F. Bufonidae

Bufo paracnemis: Ac/Tx,pr.F. Leptodactilidae: pr.F. Hylidae: Ac/Tx,pr.

Hyla cf. rubra (1) - Ac/Tx,pr.Cl. Osteichthyes

O. SiluriformesF. Pimelodidae

Rhamdia sp.: pr.O. Characiformes

F. CharacidaeAstyanax bimaculatus: Ac/Tx,on.

Filo ArthropodaCl. Hexapoda

O. Collembola: fu.F. Paronellidae: Tf,fu: cf.

Paronella sp.: Tf,fu.F. IsotomidaeF. Cyphoderidae: fu.

O. EnsiferaF. Phalangopsidae: de.

Endecous cavernicolus (2)Endecous sp.: Tf,de,on,Gf.Eidmanacris sp.: Tx - Tf,de,on (o status de Tf não foi constatado na área)

O. Blattaria: Tf,de,on,Gf.O. Isoptera

F. NasutitermitidaeNasutitermes sp.

O. Psocoptera: Tf,de/fu.F. Psyllipsocidae

O. HeteropteraF. Reduviidae: Tx/Tf,pr.

Zelurus variegatus: Tx/ Tf,pr. S.F. Emesinae: Tx,pr.

Amilcaria lapinhaensis (3) - pr.O. Homoptera

F. cf. Cixiidae: Tx-Tf,hr.O. Coleoptera (larvas são guanófilas)

F. Carabidae: de,on,pr.F. Cholevidae: de.

Dissochaetus sp.(uma espécie nova): Tf,de,Gg,Gf.

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Levantamento Espeleológico

F. Staphylinidae: Tf,pr,de,fu,Gf.F. Histeridae: Tf,pr,Gf.F. Ptilodactylidae: Tx-Tf,de.F. Tenebrionidae: de.

Zophobas sp.:Gb(?).F. Curculionidae

O. Diptera (larvas são guanófilas)F. TrichoceridaeF. TipulidaeF. Psychodidae: de,on,Gf. S.F. PhlebotominaeF. Culicidae: Tx.F. cf. Ceratopogonidae: Tf,de,on.F. CecidomyidaeF. Keroplatidae (1) - (larvas são predadoras)F. Phoridae: Tf,on,Gf.

Conicera sp.: Tf,de,Gf.cf. Metopina sp.Dohrniphora sp.

F. Drosophilidae: de,Gb.Drosophila eleonorae: Tf,de,Gb.Drosophila sp.: de,Gb.

F. Milichiidae: de,Gf.cf. Pholeomyia sp.: Tf,de.

F. Muscidae: Gb.F. SphaeoroceridaeF. Chloropidae

O. HymenopteraF. Formicidae: Tx. S.F. Formicinae

Brachymyrmex sp. S.F. Myrmicinae

Atta sp.Acromyrmex sp.Solenopsis sp.

S.F. EcitoninaeLabidus sp.

S.F. PonerinaePachycondyla sp.Odontomachus sp.

F. Vespidae: Ent.O. Odonata: Ac/Tx,pr.

S.O. AnisopteraO. Neuroptera: larvas. Ent. (apesar de não ser incluído em levantamentos sistemáticos da bibliografia referenciada, foi mencionado por apresentar alta incidência em entradas)O. Trichoptera: Tf,de.O. Lepidoptera

F. Noctuidae: Ent.F. Tineidae: Tf,de,on (larvas são guanóbias)

Cl. Chilopoda (1) - pr.Cl. Diplopoda: de.

O. PseudonannolenidaF. Pseudonannolenidae (4) - Tf,de,Gf.

Pseudonannolene sp.O. Polydesmida: de,on.

F. Chelodesmidae: de.Obiricodesmus rupestris (5) - Tf,de.cf. Chelodesmus sp.

Cl. CrustaceaO. Isopoda

F. PlatyarthridaeTrichorhina sp.: Tm,Tb,Tf,de.

F. Styloniscidae: Tb ,Tf,de.Cl. SymphylaCl. Arachnida

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

O. Araneae S.O. Mygalomorpha: pr. S.O. Araneomorpha: pr.

F. Scytodidae: pr.Loxosceles similis (6) - Tf,pr.Loxosceles sp.: Tf,pr.

F. Pholcidae: Tx-Tf,pr.Blechroscelis sp.: Tx- Tf,pr.Smeringopus pallidus: Tf,pr.

F. Oonopidae: pr:Oonops sp.: pr.

F. Oecobidae: pr.Oecobius annulipes: pr.

F. Nesticidae: pr.Nesticus sp.: Tb (uma espécie nova),pr.

F. Theridiidae: pr.Theridium rufipes: Tf,pr.

F. Theridiosomatidae: Tf,pr.Plato sp.: Tf,pr.

F. Araneidae: pr.Alpaida septemmammata: pr.Alpaida spp. aff. alto: Ac/Tx,pr.Alpaida spp: Ac/Tx,pr.

F. Psauridae: Tx/Tf,pr.Ancylometes sp.: pr.

F. Trechaleidae: pr.Trechalea keyserlingi: Tx,pr.

F. Ctenidae: Tx/Tf,pr.Ctenus sp.: Tx/Tf,pr.Enoploctenus cf.maculipes: Tx,pr.Enoploctenus sp.: Tx/Tf,pr.

O. Opiliones: on.F. Gonyleptidae: on.

S.F. Mitobatinae: on. S.F. Pachylinae: on.

Eusarcus maquinensis (H. Soares, 1966): on.Eusarcus sp.: on.

O. ScorpionidaF. Buthidae: Ac/Tx,pr.

Tityus serrulatus: Ac/Tx,pr.cf. Tityus sp.: Ac/Tx,pr.

O. Pseudoscorpionida: pr.F. Chernetidae: Tx,pr.F. Syarinidae: pr.

O. Acarina.F. Argasidae

Ornithodoros talaje: pa.F. Ixodidae: pa.

Filo MolluscaCl. Gastropoda

F. MegalobulinidaeMegalobulinus sp.: Ac/Tx.

F. BulimulidaeThaumastus sp.

F. SubulinidaeSubulina octona (1)

Filo PlatyhelminthesCl. Rhabditophora

O. TricladidaF. Geoplanidae

F. AnnelidaCl. Oligochaeta: Tf.

(1) - (ref: Chaimowicz, 1984)(2) - (ref: Costa-Lima, 1940)(3) - (ref: Wygodzinky, 1950)

(4) - (ref: Pinto-da-Rocha, 1995)(5) - (ref: Schubart, 1956)(6) - (ref: Trajano, 1992b)

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Levantamento Espeleológico

Desta tabela, muitos também foram encon-trados em outros substratos (guanófilos).Entretanto, Lepidoptera (Tineidae) e Diptera(Drosophila sp.) podem ser consideradosguanóbios (Gnaspini, 1989 e obs. pes.) eprovavelmente o coleóptero Zophobas sp., poisem todas as ocorrências, grandes populaçõesde larvas e adultos estavam em meio adepósitos de guano de insetívoro. Para aconfirmação desse fato, seriam necessáriosestudos no meio epígeo.

4.1.5 - O entorno das cavernas

Como já mencionado, as cavernas são com-ponentes de um ambiente mais amplo, o

• Fauna associada a guano de morcegos

Grande parte das cavernas visitadas são secas,recebendo água apenas na época chuvosa,através de enxurradas, restritas às zonas deentradas, fendas e gotejamentos de espeleo-temas. Por isso, praticamente toda a fontealimentar dos organismos cavernícolas édependente da atividade dos morcegos e de

fontes esporádicas como cadáveres, fezes deoutros animais, restos vegetais, muitas vezescarreados pela água, sazonalmente.

Sempre que possível, a fauna observada,utilizando como substrato o guano, foi cata-logada, indicando o tipo correspondente(insetívoro, hematófago ou frugívoro), e se odepósito era recente (alcalino) ou antigo (ácido).

Animais associados a guano de morcegos

chamado carste. A paisagem tem um dina-mismo acentuado porque são comuns eventosdrásticos, como colapso ou subsidência deterrenos, que são reflexo da inter-relação entreo relevo superficial e as formas subterrâneas.Ou, inversamente, é a tipologia da superfície aprogenitora de condições de circulação deáguas e, portanto, da abertura de cavidades.

Por isso, é comum a associação entre dolinas,maciços expostos, paredões, lagos e ascavernas. O entendimento sobre a origem, aevolução e a existência das cavidades naturaisnão pode abstrair-se da observação das formassuperficiais. A própria fauna cavernícola tem suaexistência de alguma forma vinculada à

No presente estudo, os seguintes animais foram associados a guano de morcegos:TAXON TIPO DE GUANO OBSERVAÇÕES

Collembola insetívoro, antigo, não-classificadoEndecous sp. hematófago-recente, insetívoroNasutitermes sp. não-determinadoPsocoptera insetívoro, antigo, não-determinadoZelurus variegatus hematófago-recente, insetívoro,

não-determinadoninfas

Coleoptera hematófago-recenteDissochaetus sp. hematófago-recente, não-determinadoStaphylinidae não-determinadoZophobas sp. insetívoro larvas e adultosDiptera hematófago-recente larvas e adultosPhoridae não-determinadoConicera sp. hematófago-recenteDrosophila sp. hematófago-recente, não-determinadoPholeomyia sp. insetívoroAtta sp. insetívoroSolenopsis sp. insetívoro, não-determinadoTineidae antigo, não-determinado larvasDiplopoda hematófago-recenteIsopoda insetívoro, não-determinado, antigoTrichorhina sp. não-determinadoSymphyla não-determinadoAraneae insetívoro teia sobre o guanoPseudoscorpionida antigo, não-determinadoChernetidae hematófago-recenteAcarina insetívoro, antigo, não-determinadoGastropoda frugívoro

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

singular pelo porte e presença restrita devegetação, o que realça seus contornos(foto 1). Ambas localidades são consideradasainda pouco conhecidas.

• Conjunto conhecido como Porteira de Chavena região da Cauaia, envolvendo as grutasParedão da Fenda I a IV e Lagoa da Mata I aVII. São magníficos maciços calcários,paredões, lagoas, e dolinas, aliados àvegetação bem preservada, que conferem àárea excepcional beleza.

• O maciço da Gruta da Lapinha e arredores(foto 32), atualmente muito visitado, é pontode referência para escalada esportiva e visitaem cavernas. Próximo aos paredões, épossível encontrar trilhas de caminhada emmeio à mata. O trânsito freqüente de pessoasjá tem trazido alguns impactos ao ambientenatural.

• Lagoas da planície de Mocambeiro, de grandebeleza em épocas de cheia, são atrativas paraaves. Alguns maciços residuais comple-mentam a paisagem, como a Lapa do Caetanoe a Vargem da Pedra (foto 33), possuidorasde vestígios arqueológicos.

• Lagoa do Sumidouro, que oferece doiscenários diferentes quando em época de secae em cheias. No paredão onde se encontra agruta, é possível avistar todo o perímetro dalagoa e arredores, atualmente transformadonum mirante. É também local de pouso deaves migratórias, havendo registro do colhe-reiro, considerado em extinção no Estado(Fundação Biodiversitas, 1996).

• Região da Lapa Vermelha, em Pedro Leopoldo,com o respectivo sumidouro. Impressionamas comparações entre as épocas de cheia,em que se forma uma lagoa defronte aoimenso portal e, na época de seca, com avazão total e o aparecimento do solo desnudo(fotos 5, 6, 7 e 8). Os vestígios de pinturasrupestre e de escavações na base e nosarredores do maciço são também subsídiospara a preservação deste importante patri-mônio.

• O Conjunto Experiência da Jaguara, nomunicípio de Matozinhos, com beleza singularresultado da combinação de micro e macro-formas rochosas que compõem um maciço

superfície. Em outras palavras, as proximidadesdas cavernas são também “extensões” da suaprópria existência, devendo ser avaliadas notratamento espeleológico.

Neste levantamento, sistematizou-se a situaçãoe a posição exata das cavernas nas principaisentidades morfológicas do relevo, especifica-mente junto às dolinas de diferentes tipologias,às exposições rochosas de variados portes, àondulação e declividade do terreno circundante,à existência de corpos d’água próximos e aoestado da vegetação circunvizinha.

Sobre este aspecto, pode-se dizer que há umagrande quantidade de cavernas expressivassituadas às bases de paredões rochosos emaciços, muitas vezes relacionadas (atual oupreteritamente) com lagos ou rios. Também sãomuito freqüentes cavernas no fundo de dolinascônicas, de contorno assimétrico, limitadas emparte por paredão e noutra por terreno emdeclive mais ou menos suave, havendo exem-plos importantes também nessa situação einúmeras ocorrências menos relevantes,especialmente para os dolinamentos de menorporte. Em locais elevados de maciços eparedões, são comuns cavernas de pequenoporte, em geral secas e sem aspectos de maiorinteresse, existindo exceções.

Sob a questão cênica, certas associações deformas, vegetação e, por vezes, corpos d’águapropiciam conjuntos de beleza única. Várioslocais são assim reconhecidos na APA, algunsdos quais acrescidos de relevância histórica ecultural, ao ponto do tombamento comopatrimônio do homem. São os casos do maciçode Cerca Grande e da região de Poções, ambosem Matozinhos, aos cuidados do IPHAN-Institutodo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional edo IEPHA-Instituto Estadual do PatrimônioHistórico e Artístico, detalhados em itemsubseqüente. Outros conjuntos merecemdestaque pela sua imponência e pelo seu caráterde multiplicidade de formas rochosas asso-ciadas à vegetação. Podem ser citados:

• Maciços da Cauaia e Maciço do Gordura.Estão entre as exposições rochosas de maiorporte, representando as maiores extensões deárea preservada em termos de paisagem eecossistema. Na Cauaia, ocorrem escarpasgigantescas, dolinas amplas, sumidouros elagoas sazonais, em meio à rica vegetação(foto 31). O maciço do Gordura possui beleza

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Levantamento Espeleológico

contornado por um espelho d’água, ondeexistem cavidades com portais geométricosou em arcos (grutas da Coruja e do Portal),com significância religiosa. Aí são registradas10 pequenas ocorrências de cavernamentoentre elas a gruta da Jaguara I, com 330metros topografados.

• Maciço do Baú, corresponde a uma extensaexposição rochosa com vegetação asso-ciada, onde são encontrados vários abrigos,pequenas cavidades e a importante Gruta doBaú. Junto aos paredões ocorrem corposd’água sazonais. É também muito procuradopara a prática de escalada esportiva. Circun-dante ao maciço, a grande concentração dedolinas e uvalas é um aspecto de grandepeculiaridade.

• Dolinas ao sul da Pedreira Ciminas, onde hágrande concentração de dolinas cônicas dediferentes portes, com e sem paredõeslimitantes, em geral com pequenos caver-namentos ao fundo.

4.1.6 - Estado geral de conservação dascavernas

Pode-se afirmar que a maioria das grutas daAPA sofreram ou vêm sofrendo interferênciasdireta ou indiretamente ligadas à atividadeantrópica. As mais comuns e notáveis são asde ordem estética: quebra de espeleotemas,pichações e acúmulo de lixo (foto 34).

Há outras lesões consideradas graves aoambiente cavernícola e que são menos evi-dentes ao observador comum. São as queresultam em transformações lentas ou queincidem sobre componentes menos perceptí-veis, mas não menos importantes como a fauna,os depósitos sedimentares que a sustentam, aatividade da água. São exemplos a coberturaou impregnação de superfícies por fuligem defogueiras ou outras substâncias corrosivas,crescimento de algas induzido por iluminaçãoartificial, recobrimento de áreas por sedimentosmobilizados, inundação, seca, alteração nacomposição físico-química e biológica da águae modificações de cursos naturais d’água quealteram o ciclo de atividade dos espeleotemase a evolução natural das formas.

A atividade mineradora é responsável pormuitos desses prejuízos, uma vez que removevegetação e solo, induzindo o aporte de detritose modificando condições de fluxo d’água.

O trânsito de maquinário, as explosões e asemissões em chaminés das plantas de bene-ficiamento situadas nas proximidades daspedreiras geram poeiras diversas que nãoencontram obstáculo à penetração nas caver-nas. Os próprios abalos advindos das explosõespara desmonte são agentes promissores dequebra de espeleotemas e desmoronamentos.

A atividade agrícola também é predatória aofacilitar que o solo revolvido e a matéria orgânicae química sejam carreados para o interior dascavidades e ainda por estimular a visitação deanimais domésticos, gerando distúrbios noecossistema interno e na própria estéticanatural. Além disso, o desmatamento provocadoexpõe as entradas, o que modifica as condiçõesatmosféricas internas e suscita um maiortrânsito de pessoas. Sem a proteção natural davegetação, eventuais pinturas rupestres e outrosvestígios arqueológicos tornam-se mais sujeitosà ação do intemperismo. Há um grande númerode situações constatadas, porque essa ativi-dade é extensiva a praticamente toda a região.

Na APA, é ainda comum a quebra generalizadaem paredes e em concreções ao piso, fruto deduas causas principais: a própria lavra empequena escala de concreções calcíticas (foto35), muitas vezes localizada nas proximidadesdas entradas, não sendo raro o uso de explo-sivos; escavações para a busca de objetosarqueológicos e ossadas pré-históricas (huma-nas e animais). Houve época de investidastambém expressivas para a procura de salitre,matéria-prima da pólvora, comum em depósitossedimentares interiores às cavernas. Osexemplos mais importantes de cavernasgrandemente afetadas por ações deste tipo sãoas grutas da Escada, do Baú, dos Poções,Cerca Grande, Nossa Casa, entre outras.

Em conclusão, o patrimônio espeleológico estámuito sujeito à depreciação, ou seja, é altamentevulnerável e já se encontra moderadamenteimpactado, com alguns casos críticos (quadro 1),devido aos seguintes fatores:

• a região é populosa, sofre pressão dedesenvolvimento porque está muito próximaa um dos maiores centros urbanos do país e,por isso, já foi fortemente modificada;

• a própria ocupação e as modificaçõesimpostas, especialmente a retirada davegetação nativa, são facilitadoras da locali-zação e do acesso aos sítios;

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Quadro 1 - Síntese das principais modificações antropogênicas sobre as cavernas e ações mitigadoras.

Atividades Modificações Medidas corretivas e restrições sugeridas Principais grutas

Visitação • Pisoteamento.• Quebra de espeleotemas.• Pichações.• Lixo.• Poluição da água.• Desequilíbrio do ecossistema interno.• Degradação de sítios arqueológicos.

• Educação ambiental.• Limpeza periódica.• Sinalização discreta para orientação e educação.• Zoneamento das cavernas para definição das situações

de proibição absoluta e de acesso restrito.• Visitas em pequenos grupos, especialmente a cavernas

de pequeno porte.

Faustina, Ballet,Sumidouro, Poções,Milagres, Lavoura,Túneis, Pacas,Mortuária, Galinheiro,Baú, Eucalipto,Ciminas, Vargem daPedra, Crianças,Cristais, Escada, CercaGrande, Caieira,Tombo.

Mineração de calcário e indústria de beneficia- mento

• Destruição total ou parcial.• Aporte de material (sedimentos,

poeiras e outros detritos).• Desequilíbrio do ecossistema interno.• Alteração da atividade d’água.• Quebra e desmoronamentos.• Modificação da paisagem.• Alteração de condições atmosféricas

internas.• Exposição de eventuais pinturas

rupestres situadas nas proximidades deparedes externas.

• Recomposição gradativa da paisagem.• Distanciamento relativo ao sítio, após avaliação das

susceptibilidades particulares a cada caso.• Avaliação da relevância da cavernas, para eleição de

sítios a serem preservados e dos sítios passíveis deimpacto.

• Monitoramento sismológico no interior dos sítios.• Controle da qualidade das drenagens que fluem pelas

cavernas.

Bem Arrumada,Fazenda SantoAntônio, Filhotes deUrubu II, Tapete,Vento, Nasceu,Itapucu, Dente Caído,Milagres, Retiro BomJardim, Pedra Verde,Buraco do Fóssil, LapaVermelha, Lab II,Ciminas, Eucalipto,Vargem da Pedra, Rioque Sai, Periperi II,Poções.

Lavra interna • Quebra de espeleotemas e concreções.• Modificação das formas e degradação

da paisagem.• Desmoronamentos.• Revolvimento e transporte de

sedimentos de eventual significado.

As restrições são absolutas uma vez que os impactossão irreversíveis. Poucos paleativos são aplicáveis,como repreenchimento das trincheiras em sedimentos.Há grande risco de impactos adicionais serem gerados.

Baú, Escada, Cristais,Nossa Casa, Corredorde Pedra, Poções,Crianças, MorroRedondo, LapaVermelha VII.

Agropecuária • Modificação da paisagem.• Aporte de sedimentos, detritos

orgânicos e substâncias químicas.• Pisoteamento por animais de criação

nas proximidades das entradas, comquebra de espeleotemas ecomprometimento de jazigosarqueopaleontológicos.

• Desequilíbrio do ecossistema interno.• Alteração de condições atmosféricas

internas, da atividade e da qualidadeda água.

• Exposição de eventuais pinturasrupestres situadas nas proximidades deparedes externas.

• Preservação de um cinturão de mata nativa nocontorno dos maciços com entradas de grutas, quesirva inclusive de barreira aos animais de criação.

• Preservação da vegetação nativa nas bacias de dolinase nos terrenos com forte declividade rumo a entradasde cavernas.

• Sempre que possível, eleição de áreas distanciadas demaciços e dolinamentos para plantio e criação animal.

• Monitoramento do comportamento de corpos d’águainternos quando há irrigação.

• Controle de dejetos animais e químicos lançados emcursos d’água que fluem para o interior de cavernas.

• a maioria, sendoexemplos ilustrativosPoções, Lavoura,Vargem da Pedra,grutas do maciço daJaguara, dolinaSacota (Periperi).

Pesquisas • Revolvimento, retirada e transporte desedimentos, com modificação deformas.

• Quebra de espeleotemas, concreções erocha.

• Comprometimento de populaçõesfaunísticas pela coleta excessiva deexemplares.

• Poluição por materiais de uso, comomadeiras, fios, lixo, dejetos.

• Aplicação de metodologias adequadas e de baixoimpacto.

• Planejamento das coletas e seleção de locais quesejam representativos e válidos para outras situações.

• Pesquisa bibliográfica prévia.• Submissão às normas nacionais para pesquisa (CNPq,

IBAMA e outros).• Reposição dos materiais revolvidos e, na medida do

possível, das formas originais.• Retirada de todo o material não-original ao ambiente.• Divulgação da informação obtida como justificativa

às degradações inevitáveis.

Poções, Cerca Grande,Lapa Vermelha, NossaCasa, Lavoura,Escada, Cacimbas,Baú.

Turismo convencional

• Modificação das formas originais.• Quebra e pisoteamento de

espeleotemas.• Modificações climáticas.• Introdução de materiais estranhos ao

ambiente (orgânicos e inorgânicos).• Introdução de espécies exóticas.• Alteração no ecossistema cavernícola.• Modificação da atividade da água.

• Zoneamento interno para avaliação do suporte naturalà visitação que orientará o projeto de aproveitamento.

• Estabelecimento de áreas de restrição (não acessíveisao público).

• Aplicação de alternativas que mais se aproximem doambiente original (uso de materiais apropriados, porexemplo: não-oxidantes, iluminação mínima).

• Controle da quantidade de visitantes em determinadoespaço de tempo.

• Eleição de épocas de interrupção da visitação visandoà segurança e à preservação.

• Reavaliação da adequação das estruturas já instaladas.• Monitoramento periódico para a qualidade das

estruturas.• Treinamento apropriado de guias, com reciclagem

periódica.• Elaboração de material didático e educativo.

Lapinha.

das cavernas,

Vermelha I, Lab II,

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Levantamento Espeleológico

• os habitantes locais carecem de cons-cientização, sendo importantes agentesdepredatórios;

• a região é considerada polo cimenteiro eindustrial, estando portanto densamenteocupada por minerações;

• ainda não há, em vigor efetivo, um plano diretorvoltado à coexistência equilibrada entre aocupação antrópica e os sítios espeleológicos,havendo casos isolados de convivênciaharmoniosa, casos de prejuízos irrecupe-ráveis e casos de risco iminente (exemplospositivos: um segmento do maciço de Poções,resguardado pelas minerações Mauá eSoeicom; exemplos negativos: Lapa Vermelhade Lagoa Santa, sítio arqueológico e paleon-tológico totalmente destruído pela mineraçãode mesmo nome; Lapa Vermelha de PedroLeopoldo, sob risco pelas atividades damesma mineradora; algumas cavernas nasproximidades da pedreira da Mineração Mauá,a Gruta da Ciminas, fortemente impactadapela empresa homônima, e a Gruta BemArrumada, no entorno da APA, modificada pelaMineração Tacon) (foto 36);

• a maioria das cavernas são de pequeno porte,não comportando visitação intensa; esse fatotambém torna mais “visíveis” as modificaçõesde caráter estético:

• as cavernas da região têm grande significân-cia científica e cultural por seu conteúdoarqueológico e paleontológico, sendo conhe-cidas internacionalmente há mais de um século;no decorrer da história, algumas investidas nabusca dos objetos arqueopaleontológicos foramintensamente nocivas pela falta de métodosapropriados, não havendo benefícios suficien-temente compensatórios aos danos de caráterirreversível.

Pode-se dizer que as cavernas localizadasna porção norte apresentam melhor estado deconservação, por haver algumas áreas pre-servadas de ocupação, onde a vegetação estámais íntegra e o terreno apresenta-se maisirregular, dificultando o acesso e mesmo olevantamento dos sítios. Essas áreas sãoconsideradas pouco conhecidas, sendo,portanto, promissoras a novas descobertas.

4.2 - Conjuntos de interesse especial

São abordadas quatro áreas consideradasespeciais: Conjunto Cárstico de Cerca Grande,

Conjunto Arqueológico e Paisagístico dosPoções, área piloto do Projeto VIDA e região daLapinha (fig.11). As duas primeiras foramtombadas, pelo IPHAN e pelo IEPHA, respecti-vamente. O texto descritivo desses conjuntosfoi transcrito do Volume II do Inventário deCavidades da Região de Matozinhos-Mocam-beiro (CPRM, 1995).

Conjunto cárstico de Cerca Grande

Tombada pelo então SPHAN, atual IPHAN(processo n. 491T, inscrição 30 no livroArqueológico, Etnográfico e Paisagístico, folha8, de 27-06-77), esta área há muito impressionapesquisadores e turistas pela exuberância desuas formas rochosas e vegetação, tantoquanto pela preciosidade de seus achadosarqueológicos e paleontológicos. Sua beleza jáfoi expressa pelo pesquisador dinamarquêsPeter Lund, em 1837, e mais recentemente porKohler (1989) em sua tese de doutoramento,quando afirma tratar-se “do mais espetacularedifício cárstico da região, onde estão reunidostodos os elementos típicos de sua morfologiasuperficial”.

Corredores labirínticos estreitos compõem oespaço físico subterrâneo representado pelagruta de mesmo nome, com 1055 metrosmapeados, que guarda pinturas rupestresavistadas principalmente junto aos seusjanelões, já bastante decompostas pelasintempéries naturais e pela ação depredatória.

No limite sul do maciço rochoso, a Gruta NossaCasa revela a amplitude de duas galerias queirradiam passagens menores ortogonais entresi, totalizando 306 metros de desenvolvimento.Sua fauna mostrou-se diversificada, ressaltandoa presença de uma espécie nova de aranhatroglóbia, do gênero Nesticus, não-descrita naliteratura.

Ambas foram alvo de diversas escavações embusca de indícios pré-históricos, arqueológicose paleontológicos; alguns fragmentos e peque-nos ossos permanecem em bancadas desedimentos revolvidas por picaretas e pás.Desde Lund, apenas algumas dessas investidasdeixaram registros de caráter eminentementecientífico.

O Museu Nacional do Rio de Janeiro e aAcademia de Ciências de Minas Gerais lan-çaram vários projetos de pesquisa na região.

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Em 1926, escavações em Cerca Grandedefiniram séries pré-cerâmicas e cerâmicasdistintas de diversos artefatos (Hurt & Blasi,1969). Em 1956, os abrigos foram investigadospela Missão Americano-Brasileira, que envolveuos museus Nacional e Paranaense, a Universi-dade Federal de Minas Gerais, a Escola deSociologia e Política de São Paulo e a Universi-dade de Dakota do Sul, EUA. A nota final do“Projeto Arqueológico Lagoa Santa - MinasGerais, Brasil” , de 1969, registra a descobertade cerca de 22 sepultamentos e outrosinúmeros vestígios.

Atualmente, o Museu de História Natural daUFMG e o Instituto do Patrimônio Histórico eArtístico de Minas Gerais - IEPHA / MG dedicam-se às pesquisas na região.

Conjunto arqueológico e paisagístico dosPoções

Decreto de tombamento provisório no 26.193,artigo 9o, de 27-09-89 (IEPHA/MG) visa protegeruma área com pouco menos de 8 km2 , partepertencente hoje às empresas mineradorasMAUÁ, SOEICOM e à fazenda Periperi.

Um acordo firmado entre o IBAMA, a prefeiturade Matozinhos e a Cimento Mauá visa estruturaruma reserva particular do Patrimônio Natural(RPPN) em parte da área pertencente àmineradora, para maior controle e aprovei-tamento de sua visitação turística, ficando acimenteira responsável por sua gerência.

O conjunto dos Poções prima pelas feiçõestipicamente cársticas que incluem magníficosparedões, dolinas de grande porte, valesprofundos e extensos, sumidouros (foto 14),ressurgências, cursos d’água, abrigos-sob-rocha, grutas e variadas pequenas formas dedissolução da rocha, envolvidas por exuberantevegetação de Floresta Estacional Decidual. Évalorizado ainda mais pela existência de pin-turas rupestres e outros sítios arqueológicos ehistóricos distribuídos em diversos pontos desua área.

Embora notórias as belezas naturais da região,o mérito maior de sua significância está nadensidade em que ocorrem tais feições, entreelas as 80 grutas conhecidas até então.

Das formações subterrâneas, merecem citaçãoespecial um grupo de cavernas caracterizadas

por suas amplas galerias de seção ovalar queforam preteritamente o canal de um importantecurso d’água subterrâneo, responsável pelotransporte e retrabalhamento de grandequantidade de material sedimentar.

Tal sistema de paleocanais é conformado pelasgrutas dos Poções, Periperi I e II, com 300, 100e 250 metros respectivamente, todas topo-grafadas. A primeira caracteriza-se por umagaleria muito ampla semimeandrante à qual liga-se a um conjunto de corredores sinuosos epassagens menores intercomunicantes, estesdispostos junto à entrada. A galeria é quasedesprovida de espeleotemas, à exceção de umgrupo de represas de travertino e cascatas decalcita de porte métrico, reunidas em uma desuas extremidades (foto 20), nas proximidadesde um pequeno lago. Essa cavidade sofre compichações constantes e foi alvo de escavaçõesescusas (foto 37).

A Gruta Periperi II também possui galeriasemimeandrante com piso de argila úmida muitoplástica. A Gruta Periperi I destaca-se pelaamplitude de seu salão principal e por seu beloconjunto de espeleotemas. A Gruta Perdidas,com 300 metros de extensão, pode corres-ponder ao segmento mais setentrional destesistema de galerias elaboradas pelo mesmopaleocurso d’água, hoje seccionadas pordepósitos químicos e sedimentares.

Outras cavidades também caracterizampaleocanais “secundários” em relação aosistema anteriormente mencionado. Citam-seas grutas do Chapéu, com 117 m; MorcegoMorto, com 89 m; Maria Minhoca, com 100 m, ea da Terra Solta, com 75 m de projeçãohorizontal. A Gruta da Lavoura tem, gene-ticamente, o mesmo tipo morfológico advindode um paleocurso subterrâneo e correspondea uma cavidade com cerca de 300 m dedesenvolvimento (CPRM, 1995). De sedimentosdepositados entre capas (crostas) calcíticas,foram retirados ossos de um tatu fóssil (Parada,1948).

Os dois maiores desníveis da APA, a Gruta doMorro Redondo e a Gruta dos Estudantes, com75 m e 63 m, respectivamente, de desnível,também se encontram dentro desse conjuntode feições cársticas.

Outras cavernas têm importância especial porrepresentarem importantes sítios arqueológicos

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Levantamento Espeleológico

com pinturas rupestres, tais como Ballet,Chapéu e Porco Preto, este possuindo tambémpicoteamentos; ou pela relevância de sua fauna,como as grutas: Morro Redondo, Lavoura ePeriperi II.

A partir da avaliação sobre as ocorrênciassituadas nas circunvizinhanças desta área,sugere-se uma adequação do traçado de seuslimites, de modo a serem incluídos, no propósitode preservação, outros sítios de granderelevância, em especial o sistema Escada-Marguipegus, a Gruta das Cacimbas e o grupode ocorrência em densa aglomeração, próximoà lavra da Mineração Mauá, conforme mostra afigura 11. Estas últimas compõem um grupo decavidades menores, de morfologia variável,algumas com espeleotemas delicadoscomo as flores de gipsita presentes na Grutado Itapucu.

Área piloto do Projeto VIDA

Os levantamentos espeleológicos siste-matizados foram direcionados a um segmentoda área, que representa uma expressivaamostra do carste de Lagoa Santa, de180 km2,incluindo uma parte da APA (fig. 2 e 11).

Seguindo uma metodologia inédita, foramlevantadas, descritas e topografadas 218 novascavidades naturais, adicionadas às 81 ante-riormente conhecidas. Estudos de detalheforam realizados em 28 cavidades, sele-cionadas conforme a metodologia proposta(CPRM, 1994), incluindo estudos de morfologia,estruturas, depósitos químicos e sedi-mentares, biologia e observações hidro-geológicas.

As informações estão reunidas em IV volumes,em formato de inventário, sendo o I já publicado,o II no prelo, o III e o IV em andamento.

Lapinha

Na região da Lapinha, como é conhecidapopularmente, existem várias cavidadesregistradas, além de sítios arqueológicos epaleontológicos, de grande importância pré-histórica, histórica, sócio-cultural e turística,entremeados por uma vegetação de FlorestaEstacional Semidecidual, relativamente bempreservada.

Destacam-se a Gruta dos Túneis, dos Helictites,das Pacas e especialmente a Gruta da Lapinha.A primeira está localizada a oeste da Gruta da

Lapinha e é uma das maiores da região, com700 metros de extensão, conformada porcondutos e salões amplos e bem ornamentados(foto 38). A Gruta dos Helictites possui notáveisexemplares de helictites que atingem 20 cm decomprimento (foto 22). São espeleotemas muitofrágeis considerados raros regionalmente, querequerem extrema precaução ao seremobservados. De interesse geomorfológico, aGruta das Pacas situa-se nas margens docórrego Samambaia. É uma caverna peculiarpor estar na interface entre dois tipos litológicos,o que lhe confere duplicidade morfológica.Possui ainda a peculiaridade de ser parcial-mente inundada pelas águas do lençol freático,cujo nível é variável.

Em termos da fauna cavernícola, a Gruta dosTúneis revelou uma interessante e diversificadafauna, inclusive com a presença do Tityus sp(escorpião) sendo o primeiro registro desseanimal no estado de Minas Gerais. Dados deoutros trabalhos regionais só o haviam de-tectado no nordeste e na Amazônia (Trajano &Gnaspini, 1991a). A Lapa das Pacas destaca-se pela presença de um representante daclasse Symphyla, raramente observada nascavernas brasileiras.

Atualmente, a única gruta explorada turisti-camente dentro da APA é a Gruta da Lapinha,que desde 1965 recebe milhares de visitantesa cada ano. Em vista disso, recebeu aqui umtratamento especial, com a incrementação domapa topográfico preexistente (SEE, 1980) e ainclusão de correções, ampliação de dados eatualizações. Vinte e nove pontos distribuídospor toda a caverna tiveram suas principaisfeições descritas e analisadas frente ao visitantee às situações de impacto antrópico. Toda afauna observada foi catalogada e identificada,com dados de localização e estágio evolutivo.Um conjunto de recomendações foi elaboradono intuito de melhorar o sistema de visitação nacaverna, inclusive nas questões de segurança,e diminuir o impacto da atividade ao ambientecavernícola e entorno das entradas (vide mapada Gruta da Lapinha - Lagoa Santa). Apesar dejá citada no mapa, a fauna será aqui tambémreferenciada por conter informações comple-mentares.

Fauna Hipógea - Gruta da Lapinha

F. Chordata: Cl. Mammalia: O. Chiroptera:guano de morcegos insetívoros, poucasmanchas. O. Rodentia: fezes próximo à entrada

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

principal. Cl. Aves: O. Strigiformes: vestígios:bolotas regurgitadas e fezes próximo a duas dasentradas. Tytonidae: Tyto alba: bolotas regur-gitadas, penas e fezes em zona afótica, mascom luz artificial, a 70m da entrada principal.Indivíduo visualizado à noite, após fechamentoda gruta aos turistas, na entrada principal.

F. Arthropoda: Cl. Hexapoda: O. Ensifera:Phalangopsidae: Endecous sp.: raros, indivíduovisualizado próximo a uma das entradas (localescuro, sem acesso de turistas) e indivíduovocalizando após desligamento das luzesartificiais. O. Blattaria: próximo à entradaprincipal. Sua presença não é comum nascavernas da região, sendo observado nestagruta provavelmente devido ao acúmulode matéria orgânica (lixo). O. Isoptera: restosde trilha, próximo a duas das entradas.O. Psocoptera: em mancha de guanoressecado. O. Heteroptera: Reduviidae: cf.Zelurus variegatus: ninfa, próximo à entradaprincipal e em conduto lateral, cheio de lixo.O. Coleoptera: élitros por toda a gruta.O. Diptera. O. Hymenoptera: pequenas abelhasna entrada principal. O. Lepidoptera: cf.Noctuidae: próximo à entrada. Tineidae: casulospor toda a gruta. Cl. Arachnida: O. Araneae:Scytodidae: Loxosceles sp.: por toda a gruta.Pholcidae: próximo à saída de turistas.Theridiidae: Theridium rufipes: em zona afótica.O. Pseudoscorpionida: em mancha de guanoressecado.

Referências adicionais:

Endecous cavernicolus (Costa-Lima, 1940)

Obiricodesmus rupestris (Shubart, 1956)

Amilcaria lapinhaensis (Wygodzinsky, 1950)

Obs. Havia pichações e lixo por toda a grutaalém de algas desenvolvendo-se próximo aalguns holofotes.

Data do Levantamento: 17 e 18-07-95.

4.3 - Potencial turístico

O inventário espeleológico da APA mostra quea maioria das cavernas são de pequeno porte,fator que por si só restringe a visitação turísticapor dois motivos: o ambiente natural não é capazde comportar grande número de pessoas semque haja fortes interferências; os espaços emgeral não oferecem grandes atrativos ao turista“comum”, sendo muito freqüentes as situaçõesde desconforto e risco.

Por outro lado, sua densa concentração éinigualável, sendo este um aspecto muitointeressante e um grande apelo turístico. Não écomum encontrar um exemplar individual quereúna grande diversidade de situações ilus-trativas do ambiente cavernícola, mas numpequeno espaço do terreno é possível observarsituações adversas e curiosas que revelam nãosó o ambiente subterrâneo, mas também umamorfologia superficial peculiar.

Em outras palavras, o aproveitamento turístico“convencional” como o exemplificado pelasgrutas de Maquiné, Rei do Mato e Lapinha, paraas quais o visitante dirige-se exclusivamente nointuito de admirar espeleotemas e amplossalões, pode ser considerado esgotado. Asgrutas de razoável porte com maior riqueza deornamentação são justamente aquelas jáabordadas. Alternativas viáveis e interessantespassam a ser aquelas que componham “roteirosespeleológicos” programados para um único diaou fim-de-semana, de enfoque didático, queilustrem o funcionamento da dinâmica doendocarste e exocarste, o meio biótico e aocupação humana. A título de exemplo, pontosde visitação mais rápida para observação degalerias abandonadas por rios subterrâneos,fendas abertas ao longo de fraturas da rochapela ação da água, abrigos com vestígios pré-históricos que indiquem hábitos antigos,pequenos aglomerados de espeleotemas emplena formação, lagos subterrâneos, lagos àsuperfície, grandes e pequenas formas elabo-radas pelas chuvas nos rochedos expostos,vegetação remanescente, ondulações e irre-gularidades típicas do terreno (dolinas) que“aprisionam” e absorvem a água superficial.

Este esquema de visitação não requer grandesadaptações ou suportes ao que o próprioambiente oferece, requerendo, talvez, pequenasmelhorias no acesso. A imposição natural é ada visitação em pequenos grupos de pessoas(no máximo dez visitantes), com acompa-nhamento de guias treinados e instrumentados(iluminação a carbureto e lanternas, cordas eescadinhas móveis), o que significa, portanto,necessidade de investimentos mínimos. Osroteiros, por sua vez, devem ter aprovaçãotécnica após rigorosa avaliação dos pontos, econtemplar as susceptibilidades do que serávisitado, a fauna e os fatores de risco aovisitante. Tal avaliação deverá indicar o númeroideal de pessoas e a periodicidade da visitação,os procedimentos necessários e as restrições.

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Levantamento Espeleológico

Figura 11 - Conjuntos de interesse especial.

LEGENDA:

Limite da APA

Conjunto Arqueológico Paisagístico dePoções (IEPHA)

Conjunto Cárstico dos Poções (CPRM)

Conjunto Cárstico de Cerca Grande

Área piloto do Projeto VIDA

Lapinha

0 5 km

606 610 614

7844

7840

Prudente deMorais

Matozinhos

LagoaSanta

PedroLeopoldo

Vespasiano

Funil

ândia

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

5.1 - Meio Físico

A região de Lagoa Santa é reconhecidamenteuma das mais importantes do país sob osaspectos arqueológicos, paleontológicos eespeleológicos. O patrimônio espeleológicoadquire importância por ser o maior depositáriodos valorosos vestígios pré-históricos animaise humanos. Independente deste conteúdocultural e científico, no que concerne à naturezaa relevância das cavernas está na forma comoocorrem, em densa aglomeração, associadasàs exposições rochosas em diversidade deformas e aos corpos d’água circunvizinhos, oque delineia um ambiente mais amplo e muitobem caracterizado chamado carste: o “carstede Lagoa Santa” é extraordinariamente diver-sificado em parâmetros típicos.

Comparativamente a outras regiões cársticasbrasileiras, esta é a que melhor se conhece.Recai sobre ela importância histórica naeconomia e na política do país, o que estimulousua ocupação. As primeiras investigaçõescientíficas sobre as cavernas, os abrigos e asescarpas parecem ter sido iniciadas quase aoacaso, sob influência de uma situação climáticafavorecida que teria supostamente atraído onaturalista Lund, instalado na região emmeados do século XIX.

Pode-se dizer que a facilidade de acesso e olongo decorrer de tempo no qual têm sidoinvestidos levantamentos científicos, parti-cularmente os arqueológicos, são os maioresfatores a diferenciar o conhecimento entre oacervo desta área e o existente em outrasregiões mais inóspitas. Mesmo assim, seureconhecimento completo está longe de seresgotado, restando ainda vários locais mere-cedores de levantamentos prospectivos,especificamente toda a região de maciços,escarpamentos e grandes dolinamentos dafazenda Cauaia (Matozinhos) e as áreasindicadas como promissoras à existência decavernas no mapa do Zoneamento Espe-leológico da APA. Esta necessidade é aquigrifada, porque é a garantia para a viabilidade epara um melhor planejamento da atividademineradora, cuja ampliação é uma tendênciairrefutável.

Sobre as características gerais deste acervo,pode-se afirmar que são poucos os exemplares(individuais) significativos quando invocados nocontexto nacional. Tornam-se particularmenteinteressantes quando há associação a sítiosarqueológicos ou quando é tomada a existênciaeventual de uma fauna rara ou única. Secomparados aos grandes espaços encontradosna região de Januária (norte de Minas Gerais),em São Domingos (Goiás) ou em várias outraslocalidades na Bahia, certamente entrariam emposições desfavorecidas dentro de um rankingimaginário. O mesmo pode-se afirmar seavaliada sua ornamentação química sob a luzdas ocorrências nestas mesmas regiões ou naregião do Vale do Ribeira, em São Paulo, salvopara os casos excepcionais representadospelas “clássicas” grutas da região, já envolvidaspor aparatos turísticos, especificamente Lapinhae, mais ao norte, Rei do Mato e Maquiné.

Por outro lado, nenhuma outra localidadeapresenta tal densidade de ocorrências, o quea torna um verdadeiro “parque” espeleológico.A diversidade de situações, de morfologias e decombinações propicia um apanhado completoe complexo da natureza cárstica em pequenosespaços de área. Isso significa tambémdiversidade de ambientes e, conse-qüentemente, diversidade ou riqueza de umafauna peculiar. Há também implicações quandoconsiderados o interesse e a viabilidade turísticae até a educação científica e ambiental.

Em outras palavras, num pequeno raio doterreno, pode-se observar o trabalho impetuosode um rio subterrâneo alargando energeticamentegalerias e, em seguida, entender seu resultadofinal, ao se percorrerem canais já abandonados.Nestes mesmos locais ou nas vizinhanças, pode-se acompanhar a meticulosidade de águasgotejantes de características abrasivas, alargandoimperceptivelmente pequenas fissuras, ou decaracterísticas depositárias, elaborando as formasbelas e exóticas dos espeleotemas e recris-talizando minerais. É possível mergulhar num lagoà superfície e penetrar progressivamenteespaços da rocha inundados pela água,experimentando a transição do ambienteexterior, em geral conformado por uma paisa-gem de estética incomum, para o ambiente daescuridão e do quase completo silêncio, nãofosse a existência de uma fauna quase invisível

5 - DISCUSSÕES

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Levantamento Espeleológico

ao desatento, mas espantosamente variada.Um espírito mais aventureiro e curioso poderiasaciar-se ainda mais ao se expor a técnicasdesportivas especiais para transpor abismosverticais que levam a 75 metros de profundidadeno interior da rocha.

Esta avaliação eleva toda a APA e muito do seuentorno a uma situação de singularidade noâmbito nacional. Mas a valoração das feiçõesexistentes em sua individualidade não deve sere não é aqui aplicada num contexto global, masrelativamente ao que existe de concreto naregião e que a tipifica e qualifica comopatrimônio local. Os quadros apresentados nodecorrer do relatório sintetizam os repre-sentantes mais significativos no contexto localsegundo diferentes parâmetros, baseados nouniverso do conhecimento atual, portantomerecedores de tratamento diferenciado e depreservação.

5.2 - Fauna hipógea

De um modo geral, a fauna da região de LagoaSanta não difere muito da já mencionada emoutros trabalhos de regiões brasileiras (Dessenet al., 1980; Chaimowicz, 1984; Trajano, 1987;Trajano & Gnaspini, 1991a; Gnaspini & Trajano,1984, e Pinto da Rocha, 1995), contribuindo, noentanto, com novos registros de distribuição ecomposição da fauna cavernícola do Brasil.

Trogloxenos como morcegos, roedores (Agoutipaca), aves e, às vezes seus ninhos (Aratingaleucophthalmus, Tyto alba, entre outras) sãofreqüentemente encontrados nas entradas e emzona afótica, utilizando a caverna para abrigoou reprodução. Sobre os anuros, apesar daafinidade com as cavernas, acredita-se que, aoperderem a referência da entrada, não con-seguem sobreviver, sendo então consideradosacidentais ou trogloxenos (Trajano, com.pes).Devido ao pequeno número de cavernas comágua, peixes só foram observados em seisdelas. Podem ser classificados na categoria dostrogloxenos ou troglófilos.

Freqüência e distribuição

• Grupos mais comuns, compondo grandespopulações: grilos Endecous sp (foto 10),encontrados ao longo de toda a extensão dascavernas, é um gênero de ampla distribuiçãonas cavernas brasileiras (Trajano & Gnaspini,1991a); heterópteros Zelurus variegatus (foto

39), estando os adultos nas proximidades dasentradas (mas já em zona afótica) e as ninfaspodem estar também em zonas mais pro-fundas. O gênero Zelurus ocorre em váriascavernas do país (Trajano & Gnaspini, 1991a).Lepidópteros Tineidae e Noctuidae con-centram-se preferencialmente nas proxi-midades das entradas, sendo as larvas deTineidae (guanóbias) encontradas em toda aextensão das cavidades. Aranhas Loxoscelessp. (foto 11), distribuídas por toda a caverna,são ausentes ou raras em cavernas comágua. Aranhas Pholcidae (Blechroscelis sp.),geralmente nas entradas e, por diversasvezes, estavam carregando ootecas; Ctenussp. e Enoploctenus sp. (foto 40), sem distinçãode zona e em vários estágios de desen-volvimento, sugerindo o status de troglófilos.

• Grupos comuns, ocorrendo em váriascavernas: colêmbolos, especialmenteCyphoderidae e Paronellidae, em substrato deguano, madeira ou sedimento. Psocópteros(Psyllipsocidae), em depósitos de guano ematéria orgânica vegetal, ocorrem também emvárias regiões do Brasil. ColeópterosDissochaetus sp. com uma espécie nova(Gnaspini, com. pes.) e Zophobas sp.; dípterosConicera sp., Drosophila sp. e Milichiidae estãogeralmente associados a guano, sendo queos dois primeiros situam-se entre os maisabundantes das cavernas do Brasil (Trajano& Gnaspini, 1991a). Formigas Solenopsis sp.(associada a guano), presentes em cavernasde outras regiões (Gnaspini et al., 1994).Diplópodes, embora amplamente distribuídos,inclusive detectadas câmaras de muda, nãopossuem taxonomistas no país para aidentificação específica. Destaca-se umagrande população na Gruta dos Túneis.Isópodes Platyarthridae (Trichorhina sp.),sendo uma espécie troglóbia (Chaimowicz,1984) e Styloniscidae, também com umrepresentante troglóbio (Kury, com. pes.). Alémdesses, em mais duas grutas ocorreramindivíduos submersos em córrego e represade travertino, troglomórficos. Aranhas Platosp., preferencialmente em cavernas com águaou elevada umidade; Mygalomorpha (tantopróximo de entradas quanto em zona afótica),de distribuição irregular no país (Trajano &Gnaspini, 1991a); Theriididae e Araneidae.Pseudoescorpiões Chernetidae e Syarinidae,associados a guano, sendo o primeiroamplamente distribuído no país (Gnaspini &

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Trajano, 1994). Ácaros Ixodidae e Ornithodorossp., associados a guano.

• Poucos, observados em algumas cavernas:cupins Nasutitermes sp., sendo suas trilhasabundantes, geralmente próximos às entradase, mais de uma vez, o próprio ninho (inativos)longe das entradas, mas possivelmentepróximo à superfície. Baratas, ausentes no suldo país devido a fatores climáticos detemperatura (Trajano, 1987), também nãotiveram expressividade na região. Hete-rópteros Emesinae, coleópteros Carabidae,formigas Atta sp., escorpiões Tityus sp.,anteriormente só relatados para o nordeste doBrasil, podendo ocorrer longe das entradas.

• Raros, presentes em uma ou outra caverna:colêmbolos Isotomidae, comuns em cavernasde São Paulo (Trajano & Gnaspini, 1991a);grilos Eidmanacris sp., homóptero Cixiidae,mais comuns em cavernas superficiais de SãoPaulo e Mato Grosso do Sul (Gnaspini &Trajano, 1994). Coleópteros Histeridae ePtilodactylidae, presentes em várias regiões(Trajano & Gnaspini, 1991a). Dípteros Tipulidae,Psychodidae, Ceratopogonidae, Keroplatidae(em cavernas com água) têm ocorrência amplapara as cavernas do Brasil (Trajano & Gnaspini,1991a); Trichoceridae, Culicidae, Cecydo-myiidae , Muscidae e Drosophila eleonorae.Formigas Brachymyrmex sp., Labidus sp.,Odontomachus sp..Acromyrmex sp. ePachycondyla sp., comuns em outras regiões

(Gnaspini et al., 1994). Trichoptera e Symphila,esta associada a guano de morcegos.Aranhas Oonops sp., Oecobius annulipes,Nesticus sp. troglóbio (Baptista, com. pes.),Trechalea keyserlingi. Opiliões Mitobatinae ePachylinae: Eusarcus maquinensis (Soa-res,1966) e Eusarcus sp., este comum emoutras regiões (Trajano & Gnaspini, 1991a).Gastropoda, Oligochaetus e Geoplanidae,todos associados a guano de morcegos ematéria orgânica.

Com base nos dados de guano coletados, o tipomais comum foi o de morcegos insetívoros,seguido pelos hematófagos, tendo os frugívorospouquíssimos registros. O grau de desca-racterização da vegetação pode explicar a baixafreqüência do guano de frugívoros. A proxi-midade de áreas agropastoris, muitas vezes,na entrada das grutas, favorece a presença dosmorcegos hematófagos e insetívoros. Asespécies frugívoras têm grande importância napolinização e disseminação de sementes; asinsetívoras contribuem no controle dos insetos,muitas vezes pragas de culturas, e os hema-tófagos podem ser transmissores do vírus daraiva, cuja cura ainda não é possível. Seucontrole deve ser realizado com cuidado, poisseu guano, como o de qualquer outro morcego,é de fundamental importância para as comu-nidades cavernícolas. Recomenda-se, nessesentido, a vacinação das criações como medidapreventiva à doença e o afastamento das áreasde pastagens dos maciços calcários.

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Levantamento Espeleológico

Quase por definição, regiões cársticas detêmuma fragilidade que lhes é particular. Sãovisadas porque seu principal componente, arocha calcária, é matéria-prima do desen-volvimento urbano e insumo para melhoria deproduções agrícolas. Por outro lado, as águasque compõem seus aqüíferos subterrâneos, dosquais o homem depende profundamente em suasobrevivência, são fortemente vulneráveis acontaminações e ao esgotamento, porque fluemcom facilidade através dos canais abertos pordissolução. Tem-se uma situação de ambi-güidade: a ocupação e o usufruto dos atributosnaturais sem prejuízos de grande magnitude aoambiente.

Diferentemente de outras regiões cársticas dopaís, a região da APA encontra-se num estágiode ocupação e de modificação evoluído. Aanálise que visa caracterizar o patrimônioespeleológico pretende diagnosticar seu estadoatual frente a ocupação e confrontar suascondições naturais com as perspectivas futuras.Esta pretensão permitiu alcançar as seguintesconclusões:

• A APA é uma região com densa aglomeraçãode cavernas, como nenhuma outra do país.

• As cavernas são, em sua maioria, de pequenoporte, tendo em geral menos que 100 metrosde desenvolvimento.

• No geral, não se apresentam ricamenteornamentadas, havendo situações de con-centrações esparsas e em alguns casos, quefogem totalmente à regra, são encontradasexpressivas ou raras formações.

• Estão especialmente vinculadas a um dostipos de rocha carbonática existentes na região,o calcarenito, e fortemente condicionadas afraturas subverticais, principalmente àsfamílias de direções aproximadamente N-S, eparticularmente E-W, e ainda N60oW e N45oE.

• Os padrões morfológicos e o arranjo geométricodas galerias são bastante variáveis, sendo asmaiores cavernas labirínticas, com passagensem conformação mútua ortogonal.

• Apesar das dimensões geralmente reduzidas,tornam-se especiais por conformarem um

conjunto diversificado, aos quais se associamimportantes elementos arqueológicos, paleon-tológicos e faunísticos.

• Este fator e a facilidade de acesso aos sítiosfavorecem e viabilizam o aproveitamentoturístico de grupamentos e de ocorrênciasindividuais.

• Pelas características das cavernas, são maisapropriadas ações alternativas de turismo,orientadas a apresentarem o ambiente o maispróximo possível de sua naturalidade.

• Além de ocorrerem em outras regiões brasilei-ras, estão presentes também neste trabalho:grilos Endecous sp, heterópteros Zelurus sp,coleópteros Carabidae, Ptilodactylidae,Tenebrionidae, dípteros Drosophila sp,Conicera sp, Keroplatidae, Tipulidae,Psychodidae, Ceratopogonidae e Milichiidae.Formigas Pachycondyla sp. Trichoptera,Tineidae, Diplopoda. Aranhas Plato sp, Ctenussp, Loxosceles sp e Blechrosceles sp,Theridiidae. Opiliões Gonyleptidae, ácarosOrnithodoros talaje, pseudoescorpiõesChernetidae.

• São destaques da fauna cavernícola: des-coberta de três novas espécies de inver-tebrados: uma aranha do gênero Nesticus, umbesouro do gênero Dissochaetus e umisópode Styloniscidae troglóbio; o reencontrodo opilião Eusarcus maquinensis (Soares,1966), espécie descrita através de um únicoexemplar da Lapa Nova de Maquiné, emcordisburgo, tendo sido detectada no presenteestudo na Lapa Vermelha I, em Pedro Leopoldo;a ampliação da área de ocorrência deescorpiões, de psocópteros, do homóptero cf.Cixiidae, do díptero Drosophila eleonorae; apresença da classe Symphyla e um formi-gueiro ativo, raramente observado em caver-nas. Cabe ressaltar ainda, a presença dafamília Charontidae em duas grutas, em umadelas (Gruta do Caju - não visitada) localizadaem Pedro Leopoldo (Auler, com.pes., coletadana Lapinha dos Ossos, próx. à Gruta do Cajupor Bedê), e a outra, um pouco mais ao norte,no município de Jequitibá (Gruta da PedraVermelha - fora da APA - obs. pes.). Essafamília, atualmente, corresponde à ocorrênciamais ao sul do Brasil.

6 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

• A riqueza e a diversidade estão diretamenterelacionadas ao tamanho da caverna, àpresença de água e aos depósitos orgânicos.Nesse contexto, destacam-se as grutas:Irmãos Piriá, Meandro Abismante e VermelhaI. Túneis e Lavoura, apesar de serem grutassecas, são relevantes para a área. Pelaexistência de animais especiais: Nossa Casa,Morro Redondo, Borges, Periperi II, IrmãosPiriá e Meandro Abismante.

• As condições externas dominantes implicamalta vulnerabilidade a perturbações do meiocavernícola, porque grande parte da área jásofreu modificações, particularmente pelaextensiva atividade agropecuária; a tendênciaà exploração do calcário também significariscos e, neste caso, de caráter mais pontuale drástico.

• Para melhor conservação das cavidades e daprópria paisagem externa, observa-se anecessidade da manutenção da vegetaçãonativa nas proximidades das entradas, ou seja,junto aos maciços, paredões e dolinas.

• Grande parte das ocorrências já se encontrade alguma forma impactada, especialmenteem decorrência da própria visitação, o quemostra a necessidade de um projeto deeducação ambiental direcionado à populaçãolocal.

• A forma mais viável e eficiente de conservaçãodos sítios espeleológicos é a fiscalização pelospróprios moradores locais, sejam donos defazendas, trabalhadores rurais, estudantes ehabitantes dos povoados, uma vez cons-cientizados do valor do patrimônio natural onderesidem.

• Em casos de confronto entre atividadesantrópicas já implantadas ou a serem insta-ladas frente a sítios espeleológicos, sugere-se que sejam contemplados fatores conside-rados básicos na análise da relevância do sítio:

Composição cênica: Interior: geometria,dimensão, espeleotemas, corpos d’água,tipologia da rocha, painéis pré-históricos ehistóricos. Entorno: relevo, vegetação, corposd’água, formas rochosas, fauna, construçõeshistóricas.

Espeleotemas: Tipologia, composição/colora-ção, porte, freqüência, distribuição, sensibili-dade.

Rocha-matriz:: Aspectos genéticos.

Sedimentos: Potencialidade para jazigosfossilíferos e arqueológicos, e jazidas minerais.

Água: Composição, correlação física com osistema hídrico (ênfase para a alimentação deaqüíferos), correlação ao estágio evolutivo dosespeleotemas e da caverna, dependência dafauna.

Física dos fenômenos genéticos e evolu-tivos: Processos raros ou peculiares.

Fauna: Elementos raros, composição, relaçõesde interação entre os grupos.

Representatividade cultural e de lazer: Mani-festações religiosas, turísticas, desportistas.

Indícios históricos e pré-históricos: Patri-mônio público.

A constatação da relevância de cada um dessesparâmetros conduz à análise de todas asdemais variáveis que determinam a suaexistência ou que são influenciadas pela suaexistência (quadro 2), devendo ser avaliado o“grau” de influência.

A forma de controle dos fatores chamadosbásicos também é apresentada no quadro 2.

A constância em que as variáveis aparecemdeterminando ou sendo influenciadas pelosparâmetros primários conduz a sua seleçãocomo componentes mais relevantes do sistemaespeleológico.

A diversidade dos parâmetros a serem anali-sados requer uma composição multidisciplinardas equipes técnicas executoras e avaliadoras.Para a maioria das variáveis, é imprescindível oconhecimento nas áreas de geologia e biologia,sendo, portanto, essa a formação mínima docorpo técnico.

As principais recomendações dizem respeito aoconjunto Arqueológico e Paisagístico dosPoções, que seria enriquecido ainda mais como aumento da área tombada de modo a englobaras ocorrências registradas em suas imedia-ções, em especial o sistema Escada-Margui-pegus, a Gruta das Cacimbas e o grupo deocorrência de densa aglomeração, próximo àlavra da Mineração Mauá (fig. 11, ConjuntoCárstico dos Poções).

Estas últimas compõem um grupo de cavidadesmenores de morfologia variável, algumas comespeleotemas delicados como as flores de

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Levantamento Espeleológico

gipsita presentes na Gruta do Itapucu ou a maiorentrada da região, a Gruta dos Milagres, comum pórtico de 30m de altura. Estaria incluídatambém a segunda maior caverna da APA, Grutada Escada, ligada através de passagenssubterrâneas com a dolina da Gruta dosMilagres.

Apesar de existirem porções da área protegidaspor legislação (tombamentos pelo IEPHA/MG e

pelo IPHAN), além da própria APA, as cavernassofrem impactos constantes de minerações, deatividades agropecuárias inclusive com retiradade água para pivôs de irrigação, e mesmo do“turismo ecológico”. É, pois, urgente um planode manejo e de gestão ambiental eficienteque controle essas atividades principal-mente nas grutas (e entorno) que possuamelementos relevantes do meio físico ebiótico.

Quadro 2 - Parâmetros físicos, químicos, biológicos e culturais correlatos a sítios espeleológicos. (continua)

ASPECTOS FÍSICOS

Parâmetrosobserváveis

Formas decontrole

Aspectos determinantesdo parâmetro

Influência doparâmetro em

• Dimensão dovazio

• Mapeamento dedetalhe(topografiaBCRA 5D).

• Rocha-matriz: litologia (composição e textura)e estruturas.

• Situação da caverna em relação ao sistemahídrico regional.

• Estágio evolutivo da caverna.

• Fauna (diversidade e distribuição).• Probabilidade maior ou menor de existência de

atributos relevantes.• Estabilidade geotécnica.• Visitação antrópica (religiosidade e lazer).

• Geometriadas galerias,salões eentradas

• Mapeamento dedetalhe completo.

• Rocha-matriz: litologia (composição e textura)e estruturas.

• Situação da caverna em relação ao sistemahídrico regional.

• Estágio evolutivo da caverna.• Conformação dos depósitos secundários

químicos e sedimentares (aporte e lixiviação).

• Luminosidade.• Aporte e movimentação de materiais.• Fauna.• Conformação dos espeleotemas.• Estabilidade geotécnica.• Percolação da água (?).

• Rocha-matriz • Levantamentogeológico regio-nal e pontual.

• Processos “antigos” (composição, textura eestruturas).

• Dimensão da caverna.• Geometria da caverna.• Tipologia dos depósitos autóctones secundários

(sedimentares e químicos).• Estabilidade geotécnica e comportamento sísmico.• Distribuição espacial.• Circulação d’água.• “Disposição” para lavra.

• Formaçõesmineraissecundárias

• Zoneamento dosespeleotemas.

• Descrição deta-lhada, constando:distribuição,porte, freqüência,forma, composi-ção, coloração,estado degenera-tivo.

• Rocha-matriz: composição, textura eestruturas.

• Situação da caverna em relação ao sistemahídrico regional.

• Estágio evolutivo da caverna.• Circulação d’água.• Geometria.• Atmosfera interna (temperatura, umidade,

presença de particulados..).• Movimentação dos depósitos sedimentares

(aporte e lixiviação).• Estabilidade geotécnica.• Visitação (animais domésticos e homem).• Fauna.

• Geometria e composição cênica.• Religiosidade.• Movimentação de terrígenos.• Luminosidade.• Fauna.

• Formaçõessedimenta-res recentes

• Zoneamento etipificação dosdepósitos inter-nos.

• Definição doconteúdo e idade.

• Controle geomor-fológico e pedo-lógico externo (desuperfície).

• Circulação (mobilidade) da água.• Geometria hipógea.• Relevo superficial e formações

inconsolidadas.• Composição dos sedimentos.• Clima (histórico).• Vegetação.• Litologia (rocha-matriz).• Estágio evolutivo.• Atividade antrópica (uso e ocupação).• Atividade orgânica.

• Geometria dos componentes subterrâneos (galerias,salões....).

• Umidade interna.• Temperatura interna.• Luminosidade.• Presença de nutrientes.• Fauna.• Circulação d’água.• Jazigos fossilíferos.• Jazigos arqueológicos.• Ocupação histórica.

• Tempera-tura, umidadee circulaçãode ar

• Zoneamentoclimatológicosazonal.

• Controle dageomorfologiasuperficial e dacobertura vegetal.

• Dimensão e geometria das galerias.• Geometria e posição (situação) das entradas.• Relevo superficial.• Vegetação externa.• Clima externo.• Presença d’água.• Movimentação de sedimentos.• Tipos de sedimentos.• Atividade orgânica.• Particulados em suspensão.• Espeleotemas.• Visitação.

• Geometria da caverna.• Espeleotemas.• Fauna.

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Quadro 2 - Parâmetros físicos, químicos, biológicos e culturais correlatos a sítios espeleológicos. (continuação)

ASPECTOS FÍSICOS

Parâmetrosobserváveis

Formas decontrole

Aspectos determinantesdo parâmetro

Influência doparâmetro em

• Lumino-sidade

• Zoneamento daszonas iluminadas,de penumbra eafóticas.

• Dimensão e geometria das galerias.• Dimensão, geometria e situação das entradas.• Distribuição das entradas.• Cobertura vegetal.• Relevo superficial.• Espeleotemas nas proximidades das entradas.• Particulados em suspensão.

• Composição cênica.• Fauna.• Visitação (animais e homem).

• Água decirculação

• Controle sazonaldas regiões inun-dadas, direçõesde fluxo, vazões,profundidade,Quimismo,característicasfísicas e biota.

• Levantamentohidrogeológicoregional e local.

• Controlegeomorfológico,geológico, cober-tura vegetal e usoda Terra.

• Rocha-matriz: composição e estruturas.• Condições climáticas externas.• Configuração do sistema hídrico (porosidade

secundária).• Situação da cavidade no sistema hídrico.• Vegetação e formações superficiais

inconsolidadas.• Geometria e dimensão da caverna.• Aporte e movimentação de sedimentos.• Uso e ocupação do solo.• Época do ano.

• Dimensões e geometrias.• Aporte e movimentação de sedimentos,

tipo proporção.• Aporte de nutrientes e outras substâncias.• Temperatura e umidade.• Fauna.• Espeleotemas: tipo, porte, distribuição.• Jazigos fossilíferos.• Ocupação por animais domésticos para

dessedentação.• Composição cênica.• Ruído.• Circulação de ar.

• Água depecolaçãovadosa

• Zoneamentosazonal dosgotejamentos:local, freqüência,luxo.

• Rocha-matriz: litoestrutura.• Condições climáticas externas/sazonalidade.• Cobertura vegetal.• Formações superficiais inconsolidadas.• Geometria das galerias.• Condições atmosféricas internas.

• Espeleotemas: tipologia, forma, porte, distribuição.• Geometria e dimensões das galerias.• Temperatura e umidade.• Sedimentos autóctones.• Fauna.• Composição cênica.

• Água deempoça-mento

• Zoneamentosazonal das áreasinundadas: locais,periodicidade,profundidade,característicasfísico-químicas,biota.

• Relações com o sistema hídrico local e regional.• Freqüência, periodicidade e porte do fluxo de

percolação vadosa - litoestrutural.• Geometria e dimensões das galerias• Movimentação e acumulação de sedimentos.• Espeleotemas: tipo, forma, dimensão e

distribuição.• Condições climáticas externas/ sazonalidade.

• Composição cênica.• Espeleotemas.• Dimensão e geometria das galerias.• Depósitos sedimentares.• Temperatura e umidade.• Visitação por animais (dessedentação)• Fauna.• Jazigos fossilíferos.

• Ruído (nível) • Medições emdiferentes pontos.

• Geometria e dimensão das galerias.• Geometria, dimensão e situação das entradas.• Direções de ventos.• Geomorfologia externa.• Vegetação.• Uso e ocupação.• Espeleotemas.

• Fauna.• Espeleotemas.• Estabilidade geotécnica.

• Estado deconserva-ção

• Zoneamento dasinterferênciasantrópicas.

• Levantamentodas característi-cas sócio-econô-micas locais eregionais.

• Geometria e dimensão das galerias e entradas(facilidade de caminhamento).

• Relevo, vegetação e situação das entradas(facilidade de localização e acesso).

• Iluminação.• Atratividade cênica.• Porte, situação e tipologia dos espeleotemas e

outros atributos.• Densidade da ocupação antrópica nas

proximidades.• Significado religioso/cultural.• Freqüência e “porte” da visitação.

• Composição cênica.• Valor de jazimentos históricos e pré-históricos.• Valoração dos espeleotemas.• Atratividade.• Composição faunística.

• “Microfor-mas”

• Levantamentodetalhado dosmicroespeleo-temas e formas decorrosão.

• Fluxo d’água: freqüência, modo do fluxo,energia, sazonalidade.

• Temperatura, umidade, circulação de ar.• Sedimentos: movimentação.• Espeleotemas: tipologia, estágio evolutivo...• Geometria, dimensão e situação das entradas.• Fauna (bioturbação).• Frequência e “porte” da visitação.• Ruído.

• Composição cênica.• Fluxo d’água.• Movimentação de sedimentos.• Fauna.

• Estágioevolutivo

• Controle“histórico”:geometria,sedimentos,indicadores defluxo...

• Relação com os sistemas hídricos atuais epretéritos.

• Situação no relevo.• Circulação d’água.• Vegetação das proximidades.• Formações superficiais inconsolidadas.• Aporte (e movimentação) de sedimentos.• Uso e ocupação em superfície.

• Geometria e dimensão das galerias.• Configuração dos depósitos sedimentares.• Umidade, temperatura.• Estabilidada geotécnica.• Ornamentação química.• Atratividade/visitação.• Fauna.

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Levantamento Espeleológico

Quadro 2 - Parâmetros físicos, químicos, biológicos e culturais correlatos a sítios espeleológicos. (continuação)

ASPECTOS BIOLÓGICOS

Parâmetrosobserváveis

Formas decontrole

Aspectos determinantesdo parâmetro

Influência doparâmetro em

• Composiçãofaunística eflorística,com ênfaseaoselementosraros

• Levantamentobioespeleológicoao longo de umperíodo sazonal,com amostrasbimestrais (ideal).

• Dimensão e geometria das galerias.• Dimensão, geometria e situação das entradas.• Propensão da rocha-matriz ao desenvolvimento

de microporosidade secundária(“mesocavernas=espaços de 0,1 a 20 cm).

• Estágio evolutivo da caverna.• Aporte de nutrientes.• Aporte e movimentação de sedimentos.• Composição e distribuição dos sedimentos.• Relações ecológicas.• Água: energia de fluxo, composição,

sazonalidade, distribuição, circulação,freqüência...

• Geomorfologia externa.• Vegetação das proximidades.• Condições climáticas externas.• Temperatura, umidade e circulação de ar no

interior.• Luminosidade.• Uso e ocupação.• Visitação por animais domésticos e homem.• Composição da fauna externa.• Composição da fauna externa susceptível de

colonizar o meio hipógeo.• Formações superficiais inconsolidadas.• Espeleotemas: tipo, distribuição, porte e estágio

evolutivo.• Tipos e quantidades.• Ruído.

• Espeleotemas: taxa de crescimento, estadodegenerativo.

• Geometria das galerias, por ação química (empequena escala, por ação de bactériasquimioautotróficas) e mecânica (raízes...).

• Visitação: risco de patogenias e acidentes comanimais peçonhentos.

• Vegetação externa.• Fauna externa.• Risco para animais domésticos: (raiva,

leishmaniose).• Atividade antibiótica (fungos).• Sedimentos: composição, estruturação.• Umidade, temperatura, odor e composição

atmosférica.• Composição da água.

ASPECTOS CULTURAIS E CIENTÍFICOS

Parâmetrosobserváveis

Formas decontrole

Aspectos determinantesdo parâmetro

Influência doparâmetro em

• Religiosida-de associada

• Levantamentohistórico daregião e controledas condiçõessócio-econômicase zoneamento dasinterferênciasantrópicas.

• Condições sócio-econômicas locais.• Episódios históricos relacionados à caverna.• Influência de igrejas e seitas.• Infra-estrutura.• Proximidade de povoados.• Geometria e dimensão das galerias.• Geometria, dimensão e situação das entradas. • Espeleotemas: tipologia, porte, forma,

distribuição...• Existência de água (especialmente em regiões

áridas).

• Composição cênica.• Espeleotemas.• Geometria das galerias, salões e entradas.• Água: aspectos qualitativos e quantitativos.• Circulação natural da água.• Sedimentos: aporte e movimentação.• Temperatura, umidade e circulação de ar.• Aporte de nutrientes: dejetos.• Odor.• Luminosidade.• Ruído.• Fauna.

• Armazena-mento demateriais

• Inventariado dosprodutosarmazenados,com controle dalocalização,épocas deestocagem,quantidade, etc..

• Aspectos sócio-econômicos locais/regionais.• Proximidade de povoados, fazendas, indústrias...• Geometria e dimensão das galerias e salões.• Geometria, dimensão e situação das entradas.• Umidade, temperatura e circulação do ar.• Água de circulação e empoçamento.• Fauna.

• Composição cênica.• Temperatura, umidade e circulação de ar.• Depósitos sedimentares: movimentação e

composição - contaminação.• Circulação da água.• Água: contaminação do sistema local e regional.• Espeleotemas: estado degenerativo, estágio

evolutivo...• Particulados em suspensão.• Luminosidade.• Odor.• Fauna.

• Jazigosfossilíferos

• Mapeamentotopográfico.

• Zoneamento dosdepósitossedimentares.

• Mapeamento deindicadores depaleofluxo.

• Geometria das galerias.• Geometria e situação das entradas.• Circulação da água atual e pretérita.• Aporte e movimentação dos sedimentos.• Tipologia dos sedimentos: composição e textura.• Temperatura, umidade e circulação de ar no

interior da caverna.• Configuração do relevo externo.• Evolução climática regional (?).• Configuração e evolução da fauna externa.• Ocupação vegetacional histórica.• Composição da água e da rocha-matriz.• Visitação freqüente por animais domésticos e

homem.• Armazenamento de materiais.

• Valoração da caverna como sítio pré-histórico.• Interesse científico: paleoecologia.• Espeleotemas e geometria (composição cênica):

degradação pela atividade de pesquisa.• Circulação d’água: modificação pela atividade de

pesquisa.• Sedimentos: movimentação no interior.• Fauna.

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Quadro 2 - Parâmetros físicos, químicos, biológicos e culturais correlatos a sítios espeleológicos. (continuação)

ASPECTOS CULTURAIS E CIENTÍFICOS

Parâmetrosobserváveis

Formas decontrole

Aspectos determinantesdo parâmetro

Influência doparâmetro em

• Indícioshistóricos epré-históricosde ocupaçãoantrópica

• Identificação domaterial.

• Zoneamento dalocalização domaterial.

• Correlaçõesestratigráficas.

• Levantamento daocupação histó-rica na região.

• Geometria e dimensão das galerias, salões eentradas.

• Situação das entradas em relação ao relevo, aosol e aos ventos.

• Proximidade de corpos d’água.• Circulação da água para e no interior da caverna.• Aporte, movimentação e tipologia de

sedimentos.• Vegetação próxima às entradas.• Evolução climática regional.• Localização do jazigo arqueológico,

especialmente das pinturas rupestres.• Tipologia do material.• Atividade orgânica.• Freqüência da visitação por animais domésticos

e homem.• Proximidade a povoados e condições sócio-

econômicas locais.• Qualidade atmosférica.• Tipologia do uso e ocup. atuais e histór.

• Valoração da caverna como sítio pré-histórico.• Interesse científico: paleoecologia e sociologia.• Composição cênica.• Espeleotemas e geometria (composição cênica):

degradação pela atividade de pesquisa.• Circulação d’água: modificação pela atividade de

pesquisa.• Sedimentos: movimentação no interior.

• Atividade deturismo eestruturasturísticas.

• Topografia dedetalhe.

• Reconhecimentodetalhado dafauna.

• Reconhecimentodo “suporte físi-co” dos diferentescomponentes doambiente.

• Zoneamentodetalhado dainfra-estrutura.

• Monitoramentoperiódico dasmodificaçõesimpostas aoambiente natural.

• Composição cênica.• Geometria e dimensão das galerias e salões.• Geometria, dimensão e situação das entradas.• Espeleotemas: tipologia, porte, distribuição.• Circulação d’água.• Relevo interno.• Suporte físico dos componentes do ambiente

interno para a infra-estrutura.• Episódios históricos relacionados a caverna.• Representatividade religiosa.• Proximidade a povoados e vias de acesso.• Fauna.• Odor.• Temperatura, umidade e circulação de ar.• Luminosidade.• Estado degenerativo.• Indícios arqueológicos e paleontológicos.• Sócio-economia local.

• Composição cênica.• Geometria das galerias.• Configuração dos depósitos sedimentares.• Temperatura, umidade e circulação de ar.• Circulação d’água.• Luminosidade.• Odor.• Ruído.• Fauna.• Estágio evolutivo da caverna e dos espeleotemas.• Estado degenerativo dos espeleotemas, da

geometria e dos indícios arqueológicos epaleontológicos.

• Vegetação.• Relevo externo.• Sócio-economia local.

uso e ocupações atuais e históricas.

62

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4163

Levantamento Espeleológico

7.1 - Metodologia

Em vista da alta densidade de cavernamentosna APA , uma metodologia inédita de malhas foidesenvolvida para selecionar as cavernas maisrepresentativas a serem amostradas. Essametodologia já foi apresentada no item 3 eresultou em quatro mapas: mapa de situação(localização) das cavernas, de potencialidadeà existência de cavernas, de expressividade ede distribuição e densidade de cavernamento.

Esses quatro mapas foram superpostos para adefinição do zoneamento final. As cavernasamostradas foram também avaliadas quanto àsua relevância e enquadradas em zonas dediferentes níveis de restrições, descritasadiante. Para aquelas com informaçõesconsideradas insuficientes, foi atribuída uma

forte restrição transitória, até que se façamestudos ade-quados. As que não apresentaramrelevância aparente foram enquadradas na zonade baixa restrição.

Relevância

A definição da relevância das cavernas baseou-se em parâmetros de avaliação fixos, aplicadosatravés de valoração numérica. As cavernasforam classificadas nas classes “especial”, “derelevância relativa” ou “sem relevância aparente”,levando sempre em consideração o contextolocal.

Uma vez situando-se em área de tombamentojá delimitada e legalizada, considerou-se acaverna como especial, independente das suascaracterísticas físicas ou bióticas.

7 - ZONEAMENTO ESPELEOLÓGICO DA APA CARSTEDE LAGOA SANTA

Parâmetros de Avaliação

Parâmetrosgerais deavaliação

Parâmetrosespecíficos deavaliação

Condiçõesparticulares

Atributosde valoraçaão

Físicos espeleotemas freqüência regional comuns/incomuns

proporção poucos/alguns/muitos

porte delicados ou grandiosos /irrelevantes

arranjo quase invisíveis/visíveis/de beleza cênica

estado degenerativo degradação considerável em sua maioria/preservadosem sua maioria

estágio evolutivo existe atividade/inatividade

dimensão Extensão menor que 100m/entre 100 e 500/maior que 500m(valores balizados pela tipologia regional)

Volume menor que a média/na média/maior que a média

Desnível menor que 40m/maior que 40m

Pórtico irrelevante/considerável regionalmente ou de belezacênica

morfologia padrão geométrico comum/incomum

beleza cênica ausente/em pontos restritos/em diversos pontos

sedimentos jazimento fossilífero/arqueológico pouco provável/promissor/constatado

suprimento de nutrientes (para afauna)

pouco importante ou irrelevante/importante

tipologia (análise contextual) comum/feição peculiar

água porte do corpo pequeno no contexto/considerável

beleza cênica não/sim

Atributosde valoração

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

efluente industrial, minerário e/ouurbano confirmado ou suspeito amontante

não/sim

afluente para outra(s) cavidade(s)e/ou recarga de aqüífero

não/sim

importância para a fauna irrelevante/dependência parcial/dependência absoluta

gotejamento/estágio evolutivo inatividade/atividade

uso antrópico não/escala doméstica/larga escala

entorno estado de conservação fortemente modificado/moderadamentemodificado/consideravelmente ou plenamentepreservado

ocupação antrópica irrelevante/densa ou de risco nas proximidades

beleza cênica irrelevante/paisagem apreciável muito próxima

estado de conservaçãogeral (da caverna)

depredação intensa e extensiva/depredação intensa elocalizada/depredação moderada/depredação irrelevante

rocha encaixante calcarenito (padrão geral)/calcissiltito (padrãoparticular)/interface (padrão especial)

Bióticos espécietroglomorfa/troglóbia

ausente/presente

espécie poucofreqüente

não/sim

diversidade faunística baixa/média/alta

diversidade debiótopos

pouco/médio/muito

quantidade de biótopos pouco/médio/muito

Históricos ecientíficos

história não-histórica/histórica

arqueologia sítio incerto/promissor/sítio constatado

pesquisacientífica/ensaios

nenhum interesse/potencial ou referência científicaimportante/pesquisa em curso

Culturais expressividadereligiosa

não/sim

prática desportista não/sim

visitação freqüente não/sim

Aproveitamentoturístico

* Avaliação de todos os itens anteriores, com valores especialmente definidos para este fim e consideração dos itens adicionais:

localização difícil/relativamente fácil/fácil

acesso difícil/fácil com adaptações/fácil

topografia interna fortemente irregular/moderadamente irregular ouvisitação turística viável com adaptaçõesbrandas/regular

salubridade umidade muito alta em grande parte da caverna/muito baixa emgrande parte da caverna/moderada

particulados em suspensão sim/não

odor desagradável sim/não

periculosidade de animais alta/moderada/baixa

fator de risco geral escala de 1 a 3

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4165

Levantamento Espeleológico

Descrição das zonas

Toda a área da APA foi dividida em pequenasunidades de área de 250m² (células), considera-das a menor porção adequada para as análises,como já descrito na metodologia (item 3). Cadacélula foi classificada em um grau de restrição,de acordo com a(s) cavernas(s) aí existentes eas atividades próximas.

Havendo situações de pontos na interseção deduas ou mais células ou de cavernas cujaextensão de desenvolvimento extrapole para acélula vizinha, todas as células envolvidas(vizinhas) são acopladas à célula “original”,prevalecendo para todas a classificação maisrestritiva.

Definiram-se três zonas de restrição ao uso equatro subzonas, descritas a seguir (videtambém o mapa do zoneamento espeleológico1: 50.000).

Zona de forte restrição: as atividades pre-sentes oferecem alto risco de lesão a ocorrên-cias significativas do acervo espeleológico. Asrestrições são amplas e freqüentes, ou seja,há fortes restrições devido à grande incompa-tibilidade da atividade e ações correlatas paracom o ambiente característico da zona, emdiversas circunstâncias, e são comuns ascircunstâncias em que o ambiente estápredisposto a modificações nocivas induzidaspela atividade em questão.

Subzona definitiva: células com cavernasconsideradas especiais no acervo espeleológico.

Subzona transitória: células potenciais àexistência de cavernas significativas, ou seja,células que possuam geoformas superficiaisfavoráveis ou sugestivas à existência deaberturas (entradas) de cavernas, tais comosumidouros, surgências, dolinamentos, aflora-mentos rochosos e manchas de vegetaçãonativa sobre calcarenitos, litologia esta forte-mente sujeita a carstificação. Sobre calcissil-titos, menos carstificáveis, também foramidentificadas regiões com algum potencial, aindaque reduzido. As células com cavernas carentesde informações foram diferenciadas, masenquadradas nesta subzona, até que se façamos devidos estudos e possam ser enquadradasem outra zona ou subzona.

Zona de moderada restrição: as atividadespresentes oferecem risco moderado de lesão

ao patrimônio espeleológico porque as ocorrên-cias conhecidas têm relevância relativa noacervo ou porque é pouco provável a existênciade exemplares significativos. As restrições sãomoderadas, como o próprio nome diz e even-tuais, pois não são freqüentes as circunstânciasem que o ambiente da zona está predisposto amodificações nocivas induzidas pela atividadeem questão.

Subzona definitiva: células com cavernas derelevância relativa para o acervo espeleológicoe células com alta densidade de cavernamento,independente da tipologia.

Subzona transitória: células com uma possibi-lidade pequena de existência de cavernassignificativas para o acervo.

Zona de baixa a incipiente restrição: áreascom cavernas sem relevância aparente para oacervo, áreas livres de cavernamento ou ondeé muito improvável a existência de cavernasrelevantes. As restrições são eventuaise reduzidas, pois existem variantes, cir-cunstâncias e casos em que a atividade étolerável.

Níveis de Impacto das Principais AtividadesAntrópicas Reconhecidas

As atividades antrópicas existentes na áreaforam identificadas e seus respectivos níveis deimpacto (forte, moderado e leve) sobre cadazona e subzona foram discriminados detalha-damente no mapa de zoneamento. Para assubzonas transitórias, ou seja, onde há poten-cialidade de existência de cavernas ou asinformações são insuficientes para análise,acrescentou-se uma condição ao uso: estudosadicionais para a avaliação (vide mapa dezoneamento espeleológico 1: 50.000). Isso deusubsídios para o zoneamento ambiental pro-priamente dito, que considera outros temas epoderá orientar a gestão da APA Carste deLagoa Santa.

7.2 - Resultados

O Mapa de Zoneamento Espeleológico é oprincipal resultado, com todas as informaçõesconsideradas relevantes, levantadas durante otrabalho. Trata-se de um mapa dinâmico, a seratualizado à medida que novos estudos foremrealizados na região.

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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66

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4167

Levantamento Espeleológico

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CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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68

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ANEXO IDocumentação Fotográfica

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II

Foto 1 - Maciço calcário exposto, de grande porte,Matozinhos.

Foto 2 - Aspecto de galeria verticalizada.Gruta do Baú, Pedro Leopoldo.

Foto 3 - Aspecto de galeria circular, parcialmente inundada.Lapa das Pacas - Lagoa Santa.

Foto 4 - Abertura de orifícios. Gruta da Lapinha, LagoaSanta.

III

CPRM – Serviço Geológico do BrasilLevantamento Espeleológico

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Foto 7 - Entrada da Lapa Vermelha I, em época de seca.Pedro Leopoldo.

Foto 8 - Interior da Lapa Vermelha I, em época de seca.Pedro Leopoldo.

Foto 9 - Galeria formada por fluxo d’água rápido eturbulento. Gruta dos Poções, Matozinhos.

Foto 10 - Endecous sp. (grilo): muito comum nas cavernas.

Foto 5 - Entrada da Lapa Vermelha I, em época de chuva.Pedro Leopoldo.

Foto 6 - Interior da Lapa Vermelha I, em época de chuva.Pedro Leopoldo.

III

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Foto 13 - Aspecto do aproveitamento turístico. Gruta daLapinha, Lagoa Santa.

Foto 14 - Sumidouro de Poções.Córrego Palmeiras, Matozinhos.

Foto 11 - Loxosceles sp. (aranha-marrom): presente emvárias cavernas.

Foto 12 - Roedor sendo aproveitado como fonte de energiapara diversos organismos cavernícolas, como diplópodes(piolhos de cobra), grilos.

Foto 15 - Em primeiro plano, esta-lagmite. Gruta Nossa Casa, Mato-zinhos.

Foto 16 - Escorrimento calcítico degrande beleza. Gruta da Lapinha,Lagoa Santa.

IV

Levantamento Espeleológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Foto 18 - Conjunto de espeleotemas com associaçõesde estalactites/cortinas; escorrimento/cortinas; esta-lagmite e coluna, na Gruta dos Helictites, Lagoa Santa.

Foto 17 - Detalhe de espeleotema denominado cortina,visto de baixo para cima. Gruta da Lapinha, Lagoa Santa.

Foto 19 - Coralóides recobrindo parede. Gruta dasConchas I, Matozinhos.

Foto 20 - Represas de travertinoescalonadas. Gruta dos Poções,Matozinhos.

Foto 21 - Cortinas tipo bacon. GrutaDente de Cão, Pedro Leopoldo.

Foto 22 - Helictites expressivas. Gruta dos Helictites, LagoaSanta.

V

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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VI

Foto 23 - Grandes estalactites na entrada da Gruta Paredãoda Fenda III, Matozinhos.

Foto 24 - Expressivo conjunto de couves-flores. LapaVermelha I, Pedro Leopoldo.

Foto 25 - Cortina de aragonita. Lapa Vermelha I, PedroLeopoldo.

Foto 26 - Agulha de gipsita. Gruta doIntoxicado, Pedro Leopoldo.

Foto 27 - Raros exemplares de triângulos de calcita. LapaVermelha I, Pedro Leopoldo.

Foto 28 - Portal de entrada da Gruta da Faustina,Matozinhos.

CPRM – Serviço Geológico do BrasilLevantamento Espeleológico

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VII

Foto 29 - Ossos humanos calcificados encontrados nointerior da Gruta Paredão da Fenda III, Matozinhos, duranteos trabalhos espeleológicos da APA, caracterizando umnotável sítio arqueológico.

Foto 30 - Ossada de preguiça extintaem concreção. Buraco do Fóssil,Matozinhos.

Foto 31 - Entrada da Gruta das Janelas.Cauaia, Matozinhos.

Foto 32 - Maciço. Região da Lapinha.

Foto 33 - Maciço da Vargem da Pedra, Matozinhos.

Foto 34 - Pichações. Gruta da Faustina,Matozinhos.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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VIII

Foto 35 - Vestígios de detonação. Caverna das Crianças,Matozinhos.

Foto 36 - Gruta Bem Arrumada, praticamente interceptadapor mineração. Matozinhos.

Foto 37 - Escavação recente. Gruta dosPoções, Matozinhos.

Foto 38 - Galeria ornamentada. Gruta dos Túneis, LagoaSanta.

Foto 39 - Ninfa e adulto do heteróptero Zelurus variegatus. Foto 40 - Aranha Enoploctenus sp..

Levantamento Espeleológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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ANEXO II

Cavernas amostradas no Projeto VIDA e naAPA Carste de Lagoa Santa

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X

CAVERNA MUNICÍPIO NÚMERO SBEAnimação, Caverna da Matozinhos MG 931

Baú, Gruta do Pedro Leopoldo MG 023

Bem Arrumada, Gruta Prudente de Morais MG 721

Borges, Lapa dos Pedro Leopoldo MG 038

Bruxa Louca, Gruta da Lagoa Santa MG 961

Cacimbas, Gruta das Matozinhos MG 050

Ciminas, Gruta da Pedro Leopoldo MG 755

Cláudia, Gruta Matozinhos MG 087

Conchas I, Gruta das Matozinhos MG 916

Corredor de Pedra, Gruta do Lagoa Santa MG 628

Córrego do Capão, Gruta Capim Branco MG 720

Crianças, Caverna das Matozinhos MG 804

Dente de Cão, Caverna Pedro Leopoldo MG 771

Dobra, Gruta da Lagoa Santa MG 125

Escada, Gruta da Matozinhos MG 031

Faustina, Gruta da Matozinhos MG 146

Fazenda Santo Antônio, Gruta da Matozinhos MG 908

Fedô, Gruta do Pedro Leopoldo MG 736

Filhotes de Urubu II, Caverna Matozinhos MG 890

Formosa II, Gruta da Matozinhos MG 489

Foto Aérea, Sumidouro da Matozinhos MG 503

Helictites, Gruta dos Lagoa Santa MG 180

Intoxicado, Gruta do Pedro Leopoldo MG 474

Irmãos Piriá, Gruta dos Matozinhos MG 823

Janelas, Gruta das Matozinhos MG 706

Jardineiro, Gruta do Pedro Leopoldo MG 473

Lab II, Gruta Lagoa Santa MG 106

Labirinto Fechado, Gruta do Lagoa Santa MG 625

Lameiro, Gruta do Matozinhos MG 215

Lapinha, Gruta da Lagoa Santa MG 219

Lavoura, Gruta da Matozinhos MG 221

Meandro Abismante, Gruta do Matozinhos MG 900

Mina, Sítio Arqueológico da Matozinhos MG 984

Moinho, Gruta do Lagoa Santa MG 453

Mortuária, Lapa da Lagoa Santa MG 275

Nossa Casa, Gruta Matozinhos MG 854

Pacas, Lapa das Lagoa Santa MG 297

Paredão da Fenda III, Gruta Matozinhos MG 657

Paredãozão, Gruta do Lagoa Santa MG 599

Periperi I, Gruta Matozinhos MG 825

Periperi II, Gruta Matozinhos MG 793

Poções, Gruta dos Matozinhos MG 324

Pomar, Gruta do Matozinhos MG 477

Salmoura, Gruta da Pedro Leopoldo MG 364

Tombo, Gruta do Matozinhos MG 902

Túneis, Gruta dos Lagoa Santa MG 509

Vargem da Pedra, Gruta Matozinhos MG 831

Vermelha I, Lapa Pedro Leopoldo MG 426

Vermelha VI, Lapa Pedro Leopoldo MG 427

Vermelha VII, Lapa Pedro Leopoldo MG 428

Levantamento Espeleológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

OBSERVAÇÕES

Cinco grutas, incluídas neste relatório pela sua relevância, localizam-se na área de entorno daAPA. São elas:

• MG-720: Gruta Córrego do Capão (Capim Branco) - UTM N: 7838030; UTM E: 592890• MG-721: Gruta Bem Arrumada (Prudente de Morais) - UTM N: 7843400; UTM E: 592810• MG-823: Gruta dos Irmãos Piriá (Matozinhos) - UTM N: 7831465; UTM E: 592160• MG-890: Caverna Filhotes de Urubu II (Matozinhos) - UTM N: 7840400; UTM E: 593630• MG-900: Gruta do Meandro Abismante (Matozinhos) - UTM N: 7841040; UTM E: 594275

Lista das 14 grutas topografadas durante o Projeto da APA Carste de Lagoa Santa

CAVERNA MUNICÍPIO NÚMERO SBECorredor de Pedra, Gruta do Lagoa Santa MG 628Dobra, Gruta da Lagoa Santa MG 125Formosa II, Gruta da Matozinhos MG 489Foto Aérea, Sumidouro da Matozinhos MG 503Janelas, Gruta das Matozinhos MG 706Jardineiro, Gruta do Pedro Leopoldo MG 473Lab II, Gruta Lagoa Santa MG 106Labirinto Fechado, Gruta do Lagoa Santa MG 625Mina, Sítio Arqueológico da Matozinhos MG 984Mortuária, Lapa da Lagoa Santa MG 275Paredão da Fenda III, Gruta Matozinhos MG 657Paredãozão, Gruta do Lagoa Santa MG 599Pomar, Gruta do Matozinhos MG 477Túneis, Gruta dos Lagoa Santa MG 509

Número SBE - número de referência da caverna quando foi cadastrada junto à SociedadeBrasileira de Espeleologia (SBE).

XI

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ANEXO IIIListagem das cavernas da APA Carste de Lagoa Santa,

ordenadas por município e por ordem alfabética

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XIII

GRUTA NOME UTM N UTM E ALT MUNICIPIO ORTOFOTO REFERÊNCIAARANHA gruta da 7836901 608744 720 LST 35-17-05 MG 019ARANHAS DE CIMA LST 35-17-05 MG 020ÁRVORE INCLINADA grutada

7837634 609622 740 LST 35-17-05 MG 631

BRUXA LOUCA gruta da 7836979 609360 740 LST 35-17-05 MG 961COMPRIDO abrigo 7837911 609507 700 LST 35-17-05 MG 627CONDENSAÇÃO gruta da 7831723 605857 830 LST 35-17-09 MG 601CORREDOR DE PEDRAgruta do

7837750 610210 703 LST 35-17-05 MG 628

DOBRA gruta da 7837165 609310 730 LST 35-17-05 MG 125ESTREITA gruta 7838773 609396 700 LST 35-17-05 MG 140FEITIÇO gruta do 7836868 609122 740 LST 35-17-05 MG 517FILA EGÍPICIA lapa da 7836928 609443 700 LST 35-17-05 MG 154FORMIGAS lapa das 7837140 609355 730 LST 35-17-05 MG 156FORNO DE CAL lapa do 7825553 609461 710 LST 35-17-13 MG 452GALINHEIRO abrigo do 7838530 607465 LST 35-17-05 MG 963GOIABEIRAS lapa das 7837514 609155 690 LST 35-17-05 MG 170HELICTITES gruta dos 7836930 608750 720 LST 35-17-05 MG 180JABOTICABEIRA abismo da 7836927 609560 730 LST 35-17-05 MG 193LAB II gruta 7823349 612796 760 LST 35-17-18 MG 106LABIRINTO FECHADO grutado

7837689 610182 700 LST 35-17-05 MG 625

LAPINHA gruta da 7836710 609200 730 LST 35-17-05 MG 219LIMÃO gruta do 7835664 609989 700 LST 35-17-05 MG 229LIMEIRA abrigo 7832140 606295 760 LST 35-17-09 MG 231MACUMBA gruta da 7836760 609135 720 LST 35-17-05 GBPEMARIPOSAS 7836715 609034 730 LST 35-16-03 MG 494MICOS lapa dos 7835969 610370 710 LST 35-17-05 MG 255MOINHO gruta do 7825300 609760 714 LST 35-17-13 MG 453MORTUÁRIA lapa 7828165 607311 737 LST 35-17-13 MG 275ORQUÍDEAS gruta das 7837261 604574 700 LST 35-17-05 MG 293PACAS lapa das 7836780 608410 670 LST 35-17-05 MG 297PARALELA gruta 7832183 606122 840 LST 35-17-09 MG 600PAREDÃOZÃO gruta do 7832151 606355 830 LST 35-17-09 MG 599PEQUENO LABIRINTO grutado

7837759 609215 700 LST 35-17-05 MG 633

PITON gruta do 7837695 609681 700 LST 35-17-05 MG 630QUILO lapa do 7831692 605886 830 LST 35-17-09 MG 595RETIRO gruta do 7825397 609868 705 LST 35 17-13 MG 454SERRA buraco da 7837452 609184 745 LST 35-17-05 MG 632SUMIDOURO lapa do 7838978 611000 620 LST 35-17-01 MG 387TRAVERTINO CHINÊS grutado

7838243 610471 700 LST 35-17-05 MG 626

TRÊS FENDAS abrigo das 7836845 609620 LST 35-17-05TÚNEIS gruta dos 7836762 609075 740 LST 35-17-05 MG 509VÁRZEA lapa da 7835969 610370 710 LST 35-17-05 MG 216VEIO DE CALCITA gruta do 7837815 610206 700 LST 35-17-05 MG 629VERMELHA LST MG 425

destruída pormineração

ABATIDOS I conjunto abrigodos

7839839 600571 760 MTZ 35-16-04 MG 802

ABATIDOS II conj. abrigo dos 7839839 600571 760 MTZ 35-16-04 MG 813

Levantamento Espeleológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

GRUTA NOME UTM N UTM E ALT MUNICIPIO ORTOFOTO REFERÊNCIAABATIMENTO abrigo do 7837794 597820 780 MTZ 35-16-07 MG 800ABERTO abrigo 7839114 598119 760 MTZ 35-16-04 MG 782ABRIGÃO 7840678 604394 710 MTZ 35-16-04 MG 937ABRIGO I pequeno 7840777 597720 820 MTZ 35-16-03 MG 883ABRIGO III pequeno 7840808 597633 800 MTZ 35-16-03 MG 882ABRIGOS II pequenos 7840808 597662 810 MTZ 35-16-03 MG 881AFOGADOS II lapa dos 7840904 596817 740 MTZ 35-16-03 MG 925AFOGADOS lapa dos 7840904 596905 740 MTZ 35-16-03 MG 007ÁGUA abrigo da 7840534 597019 730 MTZ 35-16-03 MG 889ÁGUA DE MATOZINHOS Igruta da

7837368 597031 780 MTZ 35-16-07 MG 646

ÁGUA DE MATOZINHOS IIgruta da

7837368 597031 780 MTZ 35-16-07 MG 647

ÁGUA SURDA gruta da =DESPREZO gruta do

7843685 599100 720 MTZ 35-16-04 MG 930

ÁGUAS CARRIADAS grutadas

7840960 599575 710 MTZ 35-16-04 NAE

ALABUM gruta do 7840260 599110 710 MTZ 35-16-04 MG 942ALTO abrigo do 7837858 602862 720 MTZ 35-16-08 MG 817AMORA lapa da 7840332 600370 710 MTZ 35-16-040 MG 011ANIMAÇÃO caverna 7842960 600455 705 MTZ 35-16-04 MG 931ARCO DA ALELUIA gruta do 7839878 598939 720 MTZ 35-16-04 MG 687ARGILA gruta da 7840065 598649 750 MTZ 35-16-04 MG 873ARIADNE gruta da 7850073 601037 740 MTZ 35-10-20 MG 945ASPECTO gruta do 7838311 598902 760 MTZ 35-16-08 MG 826BALLET lapa do 7840003 598649 765 MTZ 35-16-04 MG 023BATE QUEIXO gruta do 7850627 600865 695 MTZ 35-10-20 MG 946BIASA abismo do 7840766 599702 770 MTZ 35-16-04 MG 877BICO gruta do 7840680 599350 710 MTZ 35-16-04 NAEBIZUS gruta dos 7841024 597547 740 MTZ 35-16-03 MG 499BOCA ABATIDA abrigo da 7838038 603592 760 MTZ 35-16-08 MG 848BOCA caverna da 7837825 597791 780 MTZ 35-16-07 MG 801BOCA RORIZ grutinha da 7840851 600927 695 MTZ 35-16-04 MG 935BODE gruta do 7843690 597650 820 MTZ 35-16-03 MG 906BOMBA gruta da 7837421 598576 780 MTZ 35-16-08 MG 644BORBOLETAS gruta das 7842068 599260 765 MTZ 35-16-04 MG 927BRECHA gruta da 7839977 597745 740 MTZ 35-16-04 MG 828BRUXINHAS gruta das 7847175 603180 690 MTZ 35-10-24 Moura, Maria

TeresaBUIAQUINHO DA ALICE 7838190 605910 MTZ 35-17-05 NAECABELO gruta 7838038 603650 760 MTZ 35-16-08 MG 849CACIMBAS gruta das 7843139 598637 730 MTZ 35-16-04 MG 050CAETANO gruta do =CÁSSIO caverna do

7841500 603330 670 MTZ 35-16-04

CAIEIRA lapa da 7842750 599010 745 MTZ 35-16-04 MG 837CALCITAS abrigo das 7840524 599001 760 MTZ 35-16-04 MG 871CARAPUÇA gruta 7842900 604270 700 MTZ 35-16-04 MG 920CASCALHEIRA grutinha da 7838921 599721 740 MTZ 35-16-08 MG 818CAVEIRA abismo da 7831035 601840 715 MTZ 35-16-08 MG 076CERCA GRANDE lapa da 7841290 604835 740 MTZ 35-16-04 MG 082CHAPÉU gruta do 7840184 599262 730 MTZ 35-16-04 MG 500CHAPÉU ressurgencia do 7840277 599146 725 MTZ 35-16-04 MG 501CHINELA lapa da 7839854 597803 760 MTZ 35-16-03 MG 084CLÁUDIA gruta 7837970 599453 790 MTZ 35-16-08 MG 087CONCHAS I grutas das 7843106 604379 695 MTZ 35-16-04 MG 916

XIV

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XV

GRUTA NOME UTM N UTM E ALT MUNICIPIO ORTOFOTO REFERÊNCIACONCHAS II gruta das 7843107 604350 695 MTZ 35-16-04 MG 915CONDUTOS I conjunto dos 7841198 604864 700 MTZ 35-16-04 MG 601CONDUTOS II conjunto dos 7841100 604850 700 MTZ 35-16-04CONDUTOS III conjunto dos 7841100 604850 700 MTZ 35-16-04CORREDOR 7845890 603790 MTZ 35-10-24 Moura, Maria

TeresaCORTINADO grutinha do 7840090 599582 775 MTZ 35-16-04 MG 864CORUJA gruta da = BALAIOgruta do

7843745 604360 670 MTZ 35-16-04 MG 476

CRIANÇAS caverna das 7837857 597588 790 MTZ 35-16-07 MG 804CRICRILO gruta do 7840277 599087 730 MTZ 35-16-04 MG 943CRISTAIS gruta dos 7837983 596947 735 MTZ 35-16-07 MG 107CULHÕES (gruta dos) 7850445 600514 730 MTZ 35-10-20 MG 947CURVA (conduto da) 7840585 604481 820 MTZ 35-16-04 MG 842DEDO BRANCO gruta do 7841327 598335 770 MTZ 35-16-04 MG 121DENTE CAÍDO abismo do 7839577 597859 780 MTZ 35-16-03 MG 122DEPÓSITO gruta do 7837212 597380 810 MTZ 35-16-08 MG 799DEZ METROS abrigo dos 7838583 599719 770 MTZ 35-16-08 MG 814DEZOITO gruta 7840735 599702 760 MTZ 35-16-04 MG 878DOLINA FUNDA gruta da 7847183 603315 700 MTZ 35-10-24 Moura, Maria

TeresaDONA CORUJA abrigo 7843288 602065 735 MTZ 35-16-04 MG 921DUAS GAMELEIRAS abismo 7840703 599935 765 MTZ 35-16-04 MG 860DÚVIDA abismo da 7840025 600281 770 MTZ 35-16-04 MG 868DUZENTOS E NOVENTAabismo

7838221 603972 740 MTZ 35-16-08 MG 833

ÉDEN ponte do 7839543 598471 800 MTZ 35-16-04 MG 790ÉDSON MTZ 35-16-08 CPRMEQUIPE TRÊS gruta 7840086 600398 750 MTZ 35-16-04 MG 869ERITRINA gruta da 7841718 599795 740 MTZ 35-16-04 MG 510ESCADA gruta da =BOLEIRA gruta da

7841760 597784 770 MTZ 35-16-03 MG 031

ESCORRIMENTO gruta do 7840461 599263 710 MTZ 35-16-04 MG 865E-SÓ abismo 7843958 600653 735 MTZ 35-16-04 MG 903ESPINHOS abrigo dos 7842713 597818 760 MTZ 35-16-03 MG 907ESQUECIDA caverna 7843448 599556 700 MTZ 35-16-04 MG 929ESTUDANTES gruta dos 7840862 598916 755 MTZ 35-16-04 MG 141ESTURTIA gruta do 7839762 597802 780 MTZ 35-16-03 MG 498FACÃO PERDIDO gruta do 7840274 599758 740 MTZ 35-16-04 MG 145FALSA gruta 7839686 600337 800 MTZ 35-16-04 MG 812FAUSTINA gruta da 7837985 596685 760 MTZ 35-16-07 MG 146FAUSTINA I abrigo da 7838106 597035 760 MTZ 35-16-07 MG 777FAUSTINA II abrigo da 7838075 597006 760 MTZ 35-16-07 MG 784FAUSTINA IV abrigo da 7837953 596947 740 MTZ 35-16-07 MG 819FAZENDA SANTO ANTÔNIOabrigo

7842018 595570 810 MTZ 35-16-03 MG 899

FAZENDA SANTO ANTÔNIOgruta da = CINCO BOCASgruta das

7841925 595598 840 MTZ 35-16-03 MG 908

FAZENDA SANTO ANTÔNIOII abg.

7841987 595599 820 MTZ 35-16-03 MG 886

FENDÃO abismo do 7839054 597973 800 MTZ 35-16-03 MG 811FILHOTE DE URUBU I gruta 7837287 600557 805 MTZ 35-16-08 MG 836FINA gruta 7842923 604174 700 MTZ 35-16-04 MG 919FLUXO grutinha do 7840736 599498 750 MTZ 35-16-04 MG 875

Levantamento Espeleológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

GRUTA NOME UTM N UTM E ALT MUNICIPIO ORTOFOTO REFERÊNCIAFOIACECA gruta da 7845429 603721 690 MTZ 35-10-24 GBPEFÓRCEPS gruta do 7840583 599322 780 MTZ 35-16-04 MG 944FORMIGAS gruta das 7839839 600513 770 MTZ 35-16-04 MG803FORMOSA abrigo da 7840305 605062 720 MTZ 35-17-01 MG 487FORMOSA I gruta da 7840028 605061 700 MTZ 35-17-01 MG 488FORMOSA II gruta da 7840361 605059 700 MTZ 35-17-01 MG 489FORMOSA III gruta da 7839998 605032 700 MTZ 35-17-01 MG 490FOTO AÉREA sumidouro da 7844652 598528 730 MTZ 35-10-24 MG 503FRATURA 195 gruta da 7841008 600432 775 MTZ 35-16-04 MG 922FREÁTICA gruta 7843395 598990 720 MTZ 35-16-04 MG 160GAMBÁ I buraco do 7840208 600573 760 MTZ 35-16-04 MG 866GAMBÁ II buraco do 7840207 600632 750 MTZ 35-16-04 MG 852GIA caverna da 7837794 597879 770 MTZ 35-16-07 MG 835GRUTÍCULA MTZ 35-16-07 MG 794HORIZONTAL abrigo 7838042 602980 710 MTZ 35-16-08 MG 832IMBRICADOS caverna dos 7838525 599019 840 MTZ 35-16-08 MG 780INCA gruta 7839879 604331 725 MTZ 35-16-04 MG 846INCONSEQÜENTES abismos 7843751 599106 715 MTZ 35-16-04 MG 904INDICADA II gruta 7840270 605245 740 MTZ 35-17-01INDICADA III gruta 7842375 605380 720 MTZ 35-17-01INDICADA IV gruta 7845670 601360 730 MTZ 35-10-24INEXPLORADO abismo 7838622 603770 740 MTZ 35-16-08 MG 847INUNDAÇÃO gruta da 7843845 604150 665 MTZ 35-16-04 MG 914INUNDAÇÃO grutinha da 7840115 600660 730 MTZ 35-16-04 MG 867ITALTA gruta da 7839877 599231 800 MTZ 35-16-04 MG 511ITAPUCU gruta do 7839853 597890 750 MTZ 35-16-03 MG 192JAGUARA I gruta da 7843850 604435 670 MTZ 35-16-04 MG 195JANELA I gruta 7841173 598276 785 MTZ 35-16-04 MG 892JANELA II gruta 7840590 598185 785 MTZ 35-16-04 MG 895JANELAS gruta das 7847080 603250 690 MTZ 35-10-24 Moura, Maria

TeresaJANJÃO grutinha do 7839635 598472 805 MTZ 35-16-04 MG 785JATAÍ gruta da 7850565 601098 695 MTZ 35-10-20 MG 949JIBÓIA gruta da 7840919 599732 770 MTZ 35-16-04 MG 505LAGOA DA MATA I gruta 7846604 600230 740 MTZ 35-10-24 MG 648LAGOA DA MATA II gruta 7846603 600288 740 MTZ 35-10-24 MG 649LAGOA DA MATA III gruta 7846603 600288 740 MTZ 35-10-24 MG 650LAGOA DA MATA IV gruta 7846603 600347 740 MTZ 35-10-24 MG 651LAGOA DA MATA V gruta 7846603 600376 740 MTZ 35-10-24 MG 652LAGOA DA MATA VI gruta 7846603 600434 740 MTZ 35-10-24 MG 653LAGOA DA MATA VII gruta 7846633 600493 740 MTZ 35-10-24 MG 654LAMEIRO gruta do 7845595 598450 770 MTZ 35-10-24 MG 215LAPIÁS gruta dos 7840916 600402 715 MTZ 35-16-04 MG 853LAVOURA gruta da 7840881 601014 700 MTZ 35-16-04 MG 221LESMÃO abrigo do 7840647 598885 790 MTZ 35-16-04 MG 872MARGUIPEGUS gruta dos 7841637 597841 775 MTZ 35-16-03 MG 516MARIA MINHOCA I gruta 7840829 599440 790 MTZ 35-16-04 MG 245MARIA MINHOCA II gruta =PERDIDAS gruta

7840798 599440 725 MTZ 35-16-04 MG 557

MAUÁ abrigo 7839823 597802 760 MTZ 35-16-04 MG 808MAUÁ abrigo 7839820 598327 720 MTZ 35-16-03 MG 778MAUÁ ponte 7838998 596865 740 MTZ 35-16-07 MG 821MEANDRÃO abismo do 7837853 598258 780 MTZ 35-16-08 MG 645MELÃO gruta do 7840186 598883 745 MTZ 35-16-04 MG 876

XVI

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XVII

GRUTA NOME UTM N UTM E ALT MUNICIPIO ORTOFOTO REFERÊNCIAMICOS sumidouro dos 7839876 599435 780 MTZ 35-16-04 MG 810MILAGRES abrigo dos 7841883 597726 760 MTZ 35-16-03 MG 896MILAGRES gruta dos 7839853 597890 760 MTZ 35-16-03 MG 258MINHOCA-COTA gruta da 7840791 600751 720 MTZ 35-16-04 MG 850MINHOCAS gruta das MTZ MG 262MINHOCAS I abismo das MTZ MG 263MINHOCAS II abismo das MTZ MG 264MIU abrigo 7839820 598327 720 MTZ 35-16-04 MG 783MORCEGO MORTO gruta do 7840275 599554 785 MTZ 35-16-04 MG 879MORRO REDONDO lapa do 7839658 599871 800 MTZ 35-16-04 MG 274MURO gruta do 7840708 604453 700 MTZ 35-16-04 MG 858MUTAMBO abismo do 7840860 599411 530 MTZ 35-16-04 MG 686NADA abismo do 7842150 598615 770 MTZ 35-16-04 MG 909NADA gruta 7843065 604255 690 MTZ 35-16-04 MG 926NASCEU gruta do 7839823 597802 760 MTZ 35-16-03 MG 278NÓ caverna do 7838865 604238 760 MTZ 35-16-08 MG 932NOMINELA gruta 7845548 603766 680 MTZ 35-10-24 GBPENOSSA CASA gruta 7841013 604892 720 MTZ 35-16-04 MG 854ONDE ESTÁ gruta 7838968 596807 740 MTZ 35-16-07 MG 815ONZE abismo 7839972 598736 740 MTZ 35-16-04 MG 840OSSARIUM lapa 7840829 599440 740 MTZ 35-16-04 MG 966OUTRO PEQUENO abrigo 7841089 596818 745 MTZ 35-16-03 MG 924PÃO abrigo do 7837180 597230 720 MTZ 35-16-07PAREDÃO DA FENDA I gruta 7846139 600840 740 MTZ 35-10-24 MG 655PAREDÃO DA FENDA IIgruta

7846108 600840 740 MTZ 35-10-24 MG 656

PAREDÃO DA FENDA IIIgruta

7846078 600839 740 MTZ 35-10-24 MG 657

PAREDÃO DA FENDA IVgruta

7845954 600897 730 MTZ 35-10-24 MG 658

PAREDÃO DE POÇÕES I 7840614 599322 720 MTZ 35-16-04 Auler,Augusto

PAREDÃO DE POÇÕES II 7840767 599527 720 MTZ 35-16-04 Auler,Augusto

PAUS GÊMEOS gruta dos 7840826 599848 785 MTZ 35-16-04 MG 861PÉ abismo do 7843167 597931 820 MTZ 35-16-03 MG 905PEDRA ALTA gruta da 7844015 604035 680 MTZ 35-16-04 MG 471PEDRA ALTA II 7846490 596235 850 MTZ 35-10-23 Moura, Maria

TeresaPEDRA ponte de 7840462 598972 730 MTZ 35-16-04 MG 897PEDRA VERDE gruta da 7839700 597860 760 MTZ 35-16-03 MG 313PEGADINHA gruta da 7845450 603728 680 MTZ 35-10-24 GBPEPENA DE ARIBU gruta 7838223 603651 760 MTZ 35-16-08 MG 845PEQUENOS ABRIGOSconjunto

7840071 597367 750 MTZ 35-16-03 MG 888

PEQUENOS CONDUTOSconjunto dos

7839807 600717 780 MTZ 35-16-04 MG 806

PERIPERI I gruta 7839913 598240 750 MTZ 35-16-04 MG 825PERIPERI II gruta 7839850 598444 715 MTZ 35-16-04 MG 793PÉROLAS grutinha das 7839900 600513 760 MTZ 35-16-04 MG 807PIA abismo da 7846488 596235 850 MTZ 35-10-23 GBPEPÓ caverna do 7840044 596842 780 MTZ 35-16-03 MG 912POÇÕES gruta dos =CURRAL DE PEDRA

7840399 599263 710 MTZ 35-16-04 MG 324

POMAR gruta do 7844100 604200 670 MTZ 35-10-24 MG 477PONTA CABEÇA grutinha 7840675 599498 765 MTZ 35-16-04 MG 874PONTE abrigo da 7842647 598546 780 MTZ 35-16-04 MG 910PONTE NATURAL 7840828 599557 745 MTZ 35-16-04 MG 862

Levantamento Espeleológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

GRUTA NOME UTM N UTM E ALT MUNICIPIO ORTOFOTO REFERÊNCIAPÔR-DO-SOL abrigo do 7838623 603479 735 MTZ 35-16-08 MG 844PORCO PRETO abrigo do 7841234 598335 776 MTZ 35-16-04 MG 327PORTAL gruta do 7844061 604035 665 MTZ 35-16-04 MG 913PORTEIRA PESADA gruta da 7839259 599723 815 MTZ 35-16-04 MG 827QUARENTA abrigo 7840380 597106 735 MTZ 35-16-03 MG 923RAIZ TORTA gruta da 7845383 603713 680 MTZ 35-10-24 GBPERAMPA gruta da 7840647 604423 720 MTZ 35-16-04 MG 936RESSURGÊNCIA gruta da 7839944 598240 760 MTZ 35-16-04 MG841RETIRO BOM JARDIM lapado

7839609 597568 780 MTZ 35-16-03 MG 346

RIO QUE SAI gruta do =BOM JARDIM = PEROBAS

7838133 597647 750 MTZ 35-16-07 MG 789

SABIÁ abismo do 7840919 599790 790 MTZ 35-16-04 MG 354SACI lapa do 7840462 599088 500 MTZ 35-16-04 MG 684SALVAÇÃO gruta da 7839355 599111 750 MTZ 35-16-04 MG 367SALVAÇÃO sumidouro da 7839293 599169 780 MTZ 35-16-04 MG 839SEM GRAÇA abrigo 7841366 596732 750 MTZ 35-16-03 MG 887SERPENTINA gruta da =CASCA FINA caverna

7839689 599784 740 MTZ 35-16-04 MG 379

SETE A abrigo 7841570 598715 735 MTZ 35-16-04 MG 893SETE B abrigo 7841570 598715 735 MTZ 35-16-04 MG 898SETE METROS gruta do 7840885 600431 720 MTZ 35-16-04 MG 851SETECENTOS E SETENTAabrigo

7837183 597234 780 MTZ 35-16-07 MG 805

SÍTIO ARQ. AÇUDE DOBARBOSA

7845150 605970 MTZ 35-11-21 Moura, MariaTeresa

SÍTIO ARQ. DA CAUAIA 7847815 601600 740 MTZ 35-10-24 Moura, MariaTeresa

SÍTIO ARQUEOLÓGICO DAGAMELEIRA

7844290 604070 680 MTZ 35-10-24 Moura, MariaTeresa

SÍTIO ARQUEOLÓGICO DAMINA

7848980 602484 690 MTZ 35-10-23 Moura, MariaTeresa

SÍTIO PALEONT. DAPREGUIÇA

7846075 603750 680 MTZ 35-10-24 Moura, MariaTeresa

SÍTIO PALEONT. LAPA II 7845370 605960 MTZ 35-11-21 Moura, MariaTeresa

SUFOCO abismo do MTZ MG 386SUMIDOUROZINHO MTZ MG 391SUMIU gruta do 7840225 597338 780 MTZ 35-16-03 MG 880TAPETE gruta do 7839917 597570 790 MTZ 35-16-03 MG 399TAQUARALZINHO I gruta 7846203 597541 760 MTZ 35-10-23 Moura, Maria

TeresaTAQUARALZINHO II gruta 7846015 597895 740 MTZ 35-10-23 Moura, Maria

TeresaTAQUARALZINHO III gruta 7845602 598190 740 MTZ 35-10-23 Moura, Maria

TeresaTARÂNTULA gruta da 7840215 599291 720 MTZ 35-16-04 MG 863TATU abrigo do 7840800 604482 700 MTZ 35-16-04 MG 859TEIA I abismo da 7838926 604268 760 MTZ 35-16-08 MG 933TEIA II abismo da 7838864 604296 760 MTZ 35-16-08 MG 934TERCEIRO PAREDÃO abrigodo

7845644 601449 730 MTZ 35-10-24 MG 659

TERRA SOLTA gruta da 7841419 598336 770 MTZ 35-16-04 MG 401TIGRE abrigo do 7839075 599634 780 MTZ 35-16-04 MG 798TOMBO gruta do 7843328 601950 750 MTZ 35-16-04 MG 902TRÊS POR UM abismo 7838158 598697 780 MTZ 35-16-08 MG 791

XVIII

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XIX

GRUTA NOME UTM N UTM E ALT MUNICIPIO ORTOFOTO REFERÊNCIATRINCHEIRA gruta 7840889 599703 770 MTZ 35-16-04 MG 504TROMBA DE ELEFANTEgruta

7840800 604482 740 MTZ 35-16-04 MG 843

TRUNCAMENTO gruta do 7840892 604512 720 MTZ 35-16-04 MG 857TS39 gruta 7840860 599411 520 MTZ 35-16-04 MG 683TUDO abismo do 7842270 598478 770 MTZ 35-16-04 MG 911UM PEQUENO abrigo 7841089 596818 745 MTZ 35-16-03 MG 885UMBRAL toca do 7840921 599411 525 MTZ 35-16-04 MG 685ÚNICA gruta 7837823 603620 770 MTZ 35-16-08 MG 809VACA gruta da 7839203 598790 760 MTZ 35-16-04 MG 608VACA SUÍÇA buraco da 7845675 603867 680 MTZ 35-10-24 GBPEVACAS grutas das 7844646 598528 740 MTZ 35-10-24 MG 660VALE PERDIDO gruta do 7843960 604020 680 MTZ 35-16-04 MG 475VARANDÃO abrigo 7837904 605515 740 MTZ 35-17-05 MG 416VARGEM DA PEDRA gruta 7838567 602633 700 MTZ 35-16-08 MG 831VARGEM DE PEDRA abrigo 7838629 602546 680 MTZ 35-16-08 MG 834VENTO gruta do 7839885 597774 760 MTZ 35-16-03 MG 424VEREDA gruta da 7850499 601797 685 MTZ 35-10-24 MG 948VINTE E SEIS GRAUSconjunto

7839234 598761 780 MTZ 35-16-04 MG 829

VINTE E UM abismo 7839941 598765 740 MTZ 35-16-04 MG 779VULTO abrigo do 7839119 602753 800 MTZ 35-16-08 MG 820Y gruta do 7840831 604483 700 MTZ 35-16-04 MG 856ZÉ IRENE gruta do =NADADOR gruta do

7843640 599475 760 MTZ 35-16-04 MG 928

ZEM abrigo 7843760 604405 665 MTZ 35-16-04 MG 918ZERO CINCO abrigo 7841815 598950 780 MTZ 35-16-04 MG 891ZERO SEIS abrigo 7841723 598949 770 MTZ 35-16-04 MG 894ZINHO abrigo 7838865 598817 760 MTZ 35-16-08 MG 792ZUM abrigo 7843780 604425 665 MTZ 35-16-04 MG 917ÁGUA FRIA gruta da 7834650 604709 750 PLP 35-16-08 MG 769ÁGUA PARADA gruta da 7834829 605759 750 PLP 35-17-05 MG 635ANJO gruta do 7838797 605374 700 PLP 35-17-05 MG 524ARCO gruta do 7835320 605820 760 PLP 35-17-05 MG 634ARGILA fenda da 7835451 604510 810 PLP 35-16-08 MG 730BABILÔNIA abrigo da 7836438 603903 730 PLP 35-16-08 MG 743BALEIA gruta da 7835269 604130 810 PLP 35-16-08 MG 751BAÚ gruta do 7838100 606200 710 PLP 35-17-05 MG 024BIDU LOUCO gruta do 7835201 605207 745 PLP 35-17-05 MG 638BOI CAÍDO abismo do 7838428 605285 740 PLP 35-17-05 MG 700BÓIA CLARA gruta 7838679 604499 810 PLP 35-16-08 MG 775BORGES lapa dos = OSSOSlapa dos

7833702 603946 750 PLP 35-16-12 MG 038

CACHIMBO abrigo do 7838524 604732 780 PLP 35-16-08 MG 772CAJU gruta do 7835794 603725 780 PLP 35-16-08 MG 731CALCITA DENTE DE CÃOconduto

7836376 603990 730 PLP 35-16-08 MG 737

CAMA DE ÍNDIO abrigo 7835177 604042 800 PLP 35-16-08 MG 753CARBONÍFERO abrigo do 7837264 604608 800 PLP 35-16-08 MG 063CARBONOSO abrigo 7835916 603871 760 PLP 35-16-08 MG 746CARROÇÃO abrigo do 7833610 603030 820 PLP 35-16-12 MG 070CERCA AO MEIO gruta da 7834920 605876 740 PLP 35-17-05 MG 636CHEIRÃO gruta do 7834194 603803 790 PLP 35-16-08 MG 752CIMINAS gruta da 7834782 603136 790 PLP 35-16-08 MG 755CIMINAS lapinha da 7835026 603487 840 PLP 35-16-08 MG 085

Levantamento Espeleológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

GRUTA NOME UTM N UTM E ALT MUNICIPIO ORTOFOTO REFERÊNCIACIPÓS gruta dos 7830357 602965 785 PLP 35-16-12 MG 739CRISTAIS DE CALCITA grutados

7834595 603630 780 PLP 35-16-08 MG 758

CURRAL 7838793 605928 PLP 35-17-05 Auler,Augusto

CURRAL DO COCHOD'ÁGUA abr. do

7836068 604105 720 PLP 35-16-08 MG 114

DENTE DE CÃO caverna 7838032 604787 825 PLP 35-16-08 MG 771DESCONHECIDO abismo 7834314 604386 810 PLP 35-16-08 MG 754DONA ONCA gruta da 7838149 605662 760 PLP 35-17-05 MG 472DRENAGEM PLUVIAL 7838530 607715 PLP 35-17-05DUAS FRATURAS caverna 7838430 604906 790 PLP 35-16-08 MG 773DULCIN DE COCO gruta do 7839011 605580 760 PLP 35-17-01 MG 962ÉGUA abrigo da 7835298 604305 815 PLP 35-16-08 MG 732ELEVADA gruta 7837911 604407 730 PLP 35-16-08 MG 742ENCANAÇÃO abismo da 7834150 603890 790 PLP 35-16-08 MG 760ENTRADA ALTA gruta da 7832734 606417 760 PLP 35-17-09 MG 596ESCAVADA gruta 7835135 605965 740 PLP 35-17-05 MG 637ESCAVADO abriguinho 7835027 603342 820 PLP 35-16-08 MG 733ESPIGAS abrigo das 7838491 604994 780 PLP 35-16-08 MG 770ESTREITO abrigo 7835703 603462 785 PLP 35-16-08 MG 734EUCALIPTO I abrigo do 7830793 601861 825 PLP 35-16-12 MG 143EUCALIPTO II abrigo do 7830793 601831 820 PLP 35-16-12 MG 144EXPLORAÇÃO I abismo da 7836524 604924 760 PLP 35-16-08 MG 740EXPLORAÇÃO II abismo da 7834258 603512 810 PLP 35-16-08 MG 761FAZENDA SALMOURA Iabrigo da

7835022 604303 780 PLP 35-16-08 MG 149

FAZENDA SALMOURA IIabrigo da

7835022 604303 780 PLP 35-16-08 MG 150

FAZENDA SALMOURAIIIabrigo da

7835022 604303 780 PLP 35-16-08 MG 151

FAZENDA SALMOURA IVabrigo da

7835022 604303 780 PLP 35-16-08 MG 152

FEDÔ abrigo do 7830264 603081 765 PLP 35-16-12 MG 744FEDÔ gruta do 7830264 603081 760 PLP 35-16-12 MG 736FENDA grutinha em 7834843 603253 795 PLP 35-16-08 MG 757FOGÃO DO COCHO D'AGUAabr. do

7835694 604977 730 PLP 35-16-08 MG 155

FÓSSIL buraco do 7833184 603127 795 PLP 35-16-12 MG 766FRANCÊS buraco do 7838449 607063 760 PLP 35-17-05 MG 497GALINHEIRO abrigo do 7828850 606900 740 PLP 35-17-13 MG 164HORIZONTE abrigo do 7835703 603462 780 PLP 35-16-08 MG 745INDICADA I gruta 7841520 608325 700 PLP 35-17-01INTOXICADO gruta do 7838380 607115 722 PLP 35-17-05 MG 474JARDINEIRO gruta e abismodo

7838572 606918 760 PLP 35-17-05 MG 473

JOANINHA abrigo da 7836409 608741 680 PLP 35-17-05 MG 506JOANINHA gruta da 7836379 608740 675 PLP 35-17-05 MG 507LAGOINHA lapa da PLP MG 208LÍRIO abrigo do 7834706 605787 690 PLP 35-17-05 MG 233MÃE ROSA abrigo da 7836145 606320 700 PLP 35-17-05 AugustoMARCO grutinha do 7835732 603666 805 PLP 35-16-08 MG 750MEANDRO ESCATOLÓGICO 7839015 605075 PLP 35-17-01 NAEMIL E CEM abrigo 7836160 604135 765 PLP 35-16-08 MG 741MINEIRO fenda do 7830732 601831 825 PLP 35-16-12 MG 738

XX

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XXI

GRUTA NOME UTM N UTM E ALT MUNICIPIO ORTOFOTO REFERÊNCIAMITO abismo 7837484 603735 775 PLP 35-16-08 MG 763MORCEGOS HISTÉRICOSabismo dos

7833727 693527 830 PLP 35-16-12 MG 765

OSSO lapa do 7833791 604413 740 PLP 35-16-12 MG 294OURO lapa do 7839856 608120 PLP 35-17-01 MG 295PAIOL gruta do 7834568 603018 800 PLP 35-16-08 MG 759PALMEIRAS COCHOD’AGUA gruta

7835818 604774 765 PLP 35-16-08 MG 300

PALMEIRAS COCHOD'AGUA abrigo

7835694 604977 720 PLP 35-16-08 MG 301

PIC NIC abrigo do 7832719 603824 790 PLP 35-16-12 MG 729PIC-NIC lapa do 7832718 603911 805 PLP 35-16-12PRATELEIRA abrigo da 7834706 605787 690 PLP 35-17-05 MG 331PRESSÃO abismo da 7838802 604442 800 PLP 35-16-08 MG 774QUEBRA CORPO sumidourodo

7834997 603312 795 PLP 35-16-08 MG 756

RAMIFICAÇÃO conduto da 7835824 603783 780 PLP 35-16-08 MG 747REDUZIDA gruta da =FREDERICO, buraco do

7839029 607649 700 PLP 35-17-01 MG 341

RIBEIRA I PLP MG 349RIBEIRA II PLP MG 350RICA lapa PLP MG 352

Lund/1836SALA abrigo da 7835762 603812 805 PLP 35-16-08 MG 748SALÃO DAS CORTINASgruta

7835701 603812 820 PLP 35-16-08 MG 749

SALMOURA gruta da 7835053 604245 760 PLP 35-16-08 MG 364SAMAMBAIA I E II abrigos da 7837735 608166 700 PLP 35-17-05

35-17-05MG 369

SETENTA E CINCO GRAUSgrutinha

7835358 604538 810 PLP 35-16-08 MG 763

SÓ-UP abrigo do 7832175 603595 780 PLP 35-16-12 MG 728TREZENTOS GRAUS fenda 7832659 603590 815 PLP 35-16-12 MG 764VACA ATOLADA gruta da 7838759 606598 760 PLP 35-17-05 MG 531VACAS COCHO D'AGUAabrigo das

7835694 604977 720 PLP 35-16-08 MG 413

VERA abriguinho 7835940 604950 740 PLP 35-16-08 MG 762VERMELHA I lapa 7830938 605255 800 PLP 35-17-09 MG 426VERMELHA VI lapa 7830743 605395 840 PLP 35-17-09 MG 427VERMELHA VII lapa 7830660 605451 840 PLP 35-17-09 MG 428VIRGEM gruta 7838087 605749 740 PLP 35-17-05 MG 433ZÉTAVA gruta do 7835421 604335 820 PLP 35-16-08 MG 735DOPS lapa do PMR MG 129PEQUENO abrigo 7842255 593780 830 PMR 35-16-03 MG 724PONTILHA lapa da =CAMPO ALEGRE lapa do

PMR MG 326Aníbal Mattos

RAÍZES abismo das 7849456 595843 PMR 35-16-04 MG 870SÍTIO PALEONT. DOMORORÓ

7850250 599715 PMR 35-10-20 MG 715

BESTAGE gruta da 7823640 611950 700 VSP 35-17-18 CPRMBUBIÇA gruta da 7823640 611940 700 VSP 35-17-18 CPRM

Abreviações: LST = Lagoa SantaMTZ = MatozinhosPLP = Pedro LeopoldoPMR = Prudente de MoraisVSP = VespasianoCPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos MineraisGBPE - Grupo Bambuí de Pesquisas EspeleológicasNAE - Núcleo de Atividades Espeleológicas

Levantamento Espeleológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICOAndré Prous

Emílio FogaçaLoredana Ribeiro

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INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS

RENOVÁVEIS - IBAMA

Patrimônio arqueológico; organizado por André Prous, Emílio Fogaça, Loredana

Ribeiro. – Belo Horizonte: IBAMA/CPRM, 1998.

23p.: mapas e anexos, (Série APA Carste de Lagoa Santa - MG).

Conteúdo: V.1. Meio físico – V.2. Meio biótico - V.3. Patrimônio espeleológico,

histórico e cultural – V.4. Sócio-economia.

1. APA de Lagoa Santa - MG - 2. Meio ambiente - 3. Arqueologia. I - Título. II - Prous,

André. III - Fogaça, Emílio IV. IV - Ribeiro, Loredana.

CDU 577-4

Direitos desta edição: CPRM/IBAMA

É permitida a reprodução desta publicação desde que mencionada a fonte.

Ficha Catalográfica

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A coleta de dados necessária para umaproposta de zoneamento arqueológico na APAde Lagoa Santa articulou-se segundo duaslinhas complementares: trabalhos de campo,para vistoria das condições de preservação eatualização da documentação iconográfica desítios, e pesquisa bibliográfica, visandocaracterizar sua importância histórico-científica,como testemunhos dos vários projetos depesquisa desenvolvidos, nacionais einternacionais, e o potencial informativo queainda preservam. O exame de coleções dematerial arqueológico - que seria essencialpara uma caracterização mais precisa do valorhistórico e do potencial informativo de certossítios, bem como para a localização em campode sítios não cadastrados - não pôde sequerser iniciado, em parte devido ao curto tempoestabelecido para o levantamento de campo,em parte pela interdição do acesso da equipe acoleções particulares (nesse caso, sofremosrestrições inexplicáveis por parte do proprietáriodo Museu Arqueológico da Lapinha, em LagoaSanta).

1.1 - Trabalhos de campo

Dispondo de apenas 40 dias para a vistoria dequase uma centena de sítios cadastrados naárea pelo Setor de Arqueologia do MHN/UFMG,foram organizadas, em sistema de rodízio,equipes de três arqueólogos com formaçõescomplementares (arte rupestre, estudo decaçadores-coletores, paleo-botânica, biologiaetc).

Foram considerados “sítios arqueológicos pré-históricos” todos os locais onde havia vestígiosda presença e das atividades de indígenas nãoaculturados.

Para a coleta de dados em campo, foi elaboradauma ficha de cadastro, a mais sintética possível,na qual fosse possível reunir principalmenteinformações sobre a atuação de agentes -naturais e humanos - responsáveis pelastransformações ocorridas e em curso. Aavaliação do estado de conservação do sítio(ótimo, bom, regular e péssimo) é feita emfunção do tipo de sítio cadastrado e dentro docontexto regional; foram avaliados o estado devisibilidade das obras parietais do suporterochoso e as alterações de origem térmica,

química ou biológica; a presença detestemunhos estratigráficos de escavaçõesantigas e/ou de volumes sedimentares quepoderiam ser objetos de novas escavações e,por fim, os fatores de erosão ou de perturbaçãoestratigráfica, as alterações topográficas e decobertura vegetal susceptíveis de terconseqüências negativas quanto à preservaçãodos vestígios.

A documentação fotográfica concentrou-se noregistro de fatores causadores de danos e dosdanos já causados. Foi produzido abundanteacervo em cópias sobre papel. Neste relatórioé apresentada uma seleção desse material,complementando os dados fichados e osdesenhos feitos nos locais.

Nestes croquis, plantas baixas e perfis, foramindicados os resultados de vandalismo(pichações, incisões, escavações clandestinas),afetando ou ameaçando vestígios arqueológicos,a cobertura vegetal existente nas proximidades,construções e acidentes naturais que permitema localização e o acesso aos sítios etc.

Os sítios foram também plotados em ortofotos,cedidas pela CPRM, que cobrem toda a áreada APA. Apesar das mudanças ambientaisdesde a produção das ortofotos, a maioria dossítios pôde ser plotada com margem mínima deerro. Somente no caso de sítios a céu aberto,cuja delimitação precisa depende de trabalhodemorado, os limites de extensão das áreas dedistribuição de vestígios arqueológicos estão,por vezes, indicados com pequena margem deerro.

Os sítios foram agrupados em duas categoriasbásicas: abrigos sob rocha e sítios a céu aberto.

O primeiro grupo reúne os sítios - paredõespouco inclinados e cavernas - que eventualmentepreservam:

a) suportes de manifestações “artísticas” pré-históricas: pinturas, gravuras, incisões linearesem baixo relevo, picoteamentos e concavidadesartificiais na rocha;

b) vestígios de ocupação pelo homem pré-histórico, sejam superficiais, sejam enterradosnos sedimentos depositados.

1 - METODOLOGIA

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Alguns deles, poupados de escavações amplas,ainda permitem novas escavações, commétodos e técnicas modernas.

O segundo grupo, reúne os sítios em locais semproteção natural. Nessa categoria entra amaioria dos sítios de períodos mais recentesda Pré-história, cujos vestígios foramfreqüentemente trazidos à superfície poragentes erosivos naturais e pela intervençãohumana, sobretudo devido à agricultura.

Cabe, por fim, ressaltar que foram vistoriadose incluídos neste relatório, alguns sítios fora daAPA, próximos aos seus limites, no municípiode Prudente de Morais. São sítios recentementedescobertos, de importante valor científico eameaçados de destruição. Forneceremosargumentos para uma proposta de extensão doslimites da APA nesse município.

1.2 - Pesquisa Bibliográfica

Poucas áreas de interesse para a Pré-históriano planeta foram e vêm sendo objeto depesquisas regulares, durante mais de umséculo. Lagoa Santa atraiu, desde o séculoXVIII, a atenção de naturalistas e de viajantese, no século XX, de arqueólogos e paleon-tólogos de várias nacionalidades. Comoresultado, acumulou-se um enorme materialbibliográfico: relatos de viagens nos quais apaisagem é descrita por vezes romanescamente,relatórios de pesquisas - manuscritos epublicados -, artigos científicos especializados,catálogos de exposições, textos em periódicosde grande circulação etc. Nessas páginas foramregistradas desde teorias revolucionárias para

sua época, como a possibilidade da existênciade um homem “antediluviano” (Lund, 1839) atéo resultado de estudos sofisticados apoiadosem tratamento informatizado de grandesquantidades de dados antropométricos.

Naturalmente, para avaliar o prejuízo causadopelos agentes destrutivos em função daimportância dos sítios vistoriados, foi necessárioselecionar documentos, para guiar visitas aossítios “de valor histórico-documental” e para sedeterminar o potencial informativo explorado ea ser explorado a partir de dados primários.Assim pudemos, por exemplo, atualizar adocumentação de todos os abrigos estudadospor H.V.Walter, W. Hurt e pela MissãoArqueológica Franco-Brasileira no maciço deCerca Grande ou destacar a importância decertas figuras pintadas ou gravadas na pedra,isoladas em extensos paredões, aparentemente“pobres”, mas de fundamental importância porrevelar motivos ou técnicas de execução poucofreqüentes na região.

A pesquisa bibliográfica foi realizada a partir doacervo do Setor de Arqueologia da UFMG, ondeestão conservadas as cópias dos relatóriosinéditos de Padberg-Drenkpohl, fichas de sítios,acumuladas durante as décadas de 70 e 80, epraticamente todas as publicações relevantes.O material complementar foi também cedidopela família de H.V. Walter.

Com base nesses documentos foi redigido ocapítulo A Pré-história de Lagoa Santa,que fundamenta toda a discussão posteriorpara a caracterização arqueológico-pré-histórica.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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2.1 - Histórico das pesquisasarqueológicas

2.1.1 - As Pesquisas de Peter Wilhelm Lund

O naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lundestabeleceu-se na região de Lagoa Santa noano de 1832. Discípulo de Cuvier, dedicou-se apesquisar as grutas das redondezas em buscade fósseis faunísticos. Os resultados dessestrabalhos foram registrados em seus relatóriosà Sociedade Científica de Kopenhagen.

Na busca de ossos fósseis, Lund descobriu, naLapa do Sumidouro (município de PedroLeopoldo), ossos humanos misturados a restosde fauna extinta. O achado se chocava com asteses de Cuvier, segundo as quais não seriapossível um homem «antediluviano» naAmérica. Após hesitar, Lund acabou por cederà aceitação das circunstâncias de suadescoberta, propondo a coexistência do homemamericano e da fauna pleistocênica. Entre osrestos humanos que encontrou, observouinstrumentos de pedra, interpretados comoindicadores de quão “primitivos” eram os antigosamericanos.

A descoberta de Lund era pioneira para a época,num contexto intelectual que antecedia àpublicação do trabalho de Charles Darwin sobrea evolução das espécies e à aceitação plenada existência de um período pré-histórico longona Europa, com as pesquisas de Boucher dePerthes. Suas pesquisas, contudo, não tiveramrepercussões imediatas na Europa; somentealgumas décadas mais tarde, quando seencontraram restos humanos associados àfauna extinta do Velho Mundo, o «Homem deLagoa Santa» tornou-se célebre.

Peter Lund parece ter sido o primeiro amencionar, numa carta de 1837, as pinturasrupestres da região (do rochedo de CercaGrande, no distrito de Mocambeiro, municípiode Matozinhos).

É difícil estabelecer, com precisão, quais ossítios visitados por Lund, que pesquisou cercade 800 grutas no Estado de Minas Gerais.Seguramente, estão entre essas a Lapa doSumidouro, Lapa Vermelha de Lagoa Santa,

Lapa do Caetano e Cerca Grande (todas naAPA de Lagoa Santa) e Escrivânia (na Zona deentorno da APA).

Suas observações sobre artefatos de pedra eoutros vestígios da vida indígena tradicionalcontribuíram significativamente para debates degrande importância envolvendo arqueólogos enaturalistas europeus do século XIX.

2.1.2 - As Pesquisas de Padberg-Drenkpohl

Arqueólogo do Museu Nacional do Rio de Janeiro,Drenkpohl promoveu, no período de 1926-1929,campanhas de escavação na região, com oobjetivo de verificar a contemporaneidade dasmais antigas ocupações humanas com a faunapleistocênica extinta postulada, mas nãodemonstrada convincentemente por Lund. Nãopublicados, os resultados de suas pesquisassão conhecidos apenas através de relatóriosenviados ao Museu Nacional e pela controvérsiasobre o «Homem de Confins» com os membrosda Academia de Ciências de MinasGerais. Não encontrando indícios da contem-poraneidade entre o homem e a faunadesaparecida, tornou-se adversário convictodessa hipótese.

Padberg-Drenkpohl escavou nas lapas deLimeira, Caetano, Amoreira, na Lapa D’Águae na Lapa Mortuária de Confins. Nesta últimatrabalhou em 80m2 de escavação, chegando atéa profundidade de 4 metros. Além de objetosde pedra polida, evidenciou aí restos humanosde cerca de 80 indivíduos; nas camadasinferiores foram encontrados ossos de faunaextinta, sem associação com vestígioshumanos. As escavações na Lapa do Caetano(Caverna de Cássio) também exumaram ossoshumanos, possivelmente correspondentes aseis indivíduos, dentro de uma camadaconcrecionada pleistocênica.

2.1.3 - Museu Nacional - década de 1930

Em 1937, uma equipe do Museu Nacional doRio de Janeiro composta por Ruy de Lima eSilva e Bastos d’Ávila escavou grutas doconjunto de Carrancas. Em uma delas, foram

2 - A PRÉ-HISTÓRIA DE LAGOA SANTA

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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encontradas indústrias de pedra lascada epolida e cerca de doze sepulturas recobertasde pedras. Entretanto, nenhuma publicaçãopresta contas desse trabalho.

2.1.4 - As Pesquisas da Academia de Ciênciasde Minas Gerais

A Academia de Ciências de Minas Gerais foi,talvez, a primeira iniciativa organizada nos anos30 de amadores locais no sentido de pesquisaro potencial arqueológico e paleontológico daregião de Lagoa Santa (municípios de LagoaSanta, Pedro Leopoldo, Matozinhos, SeteLagoas etc).

Compuseram a equipe os professores AníbalMatos, Arnaldo Cathoud, Josaphat Pena e H.V.Walter que, no decorrer de mais de 20 anos(1933-1956), pesquisaram um grande númerode abrigos na região e estudaram vários tiposde vestígios da ocupação humana(sepultamentos, artefatos de pedra, de osso,pinturas rupestres etc).

Além das valiosas descobertas arqueológicase paleontológicas, outros méritos devem sercreditados à ACMG que, mesmo semarqueólogos profissionais, buscou sempre,através de publicações e conferências, chamara atenção do público brasileiro e do internacionalpara a importância do acervo arqueológico deLagoa Santa e alertar para os riscos que aregião corria, já naquela época: “ A ameaça dadestruição de muitos rochedos calcários nasvizinhanças de Pedro Leopoldo, onde existemrestos fósseis, tem acelerado o desejo doscientistas em completarem as explorações devários lugares fossilíferos. As rochas estãosendo dinamitadas e o material transportadopara Pedro Leopoldo e Belo Horizonte...”(Walter, 1958: 14).

Tendo explorado extensamente vários abrigossob rocha - alguns infelizmente esgotados paranovas intervenções - destacam-se pela suaimportância:

1) Abrigo da Caverna de Confins (LapaMortuária): 1933-1935, foram encontradosrestos humanos e de fauna pleistocênica (emníveis abaixo do piso estalagmítico). Essadescoberta tornou-se o ponto central da longapolêmica, entre os membros da Academia ePadberg-Drenkpohl, acerca da antigüidade dos

vestígios e da relação entre os restos humanose aqueles de fauna extinta. Os primeirosacreditavam ser impossível negar a associaçãoentre os vestígios; baseando-se em dataçõesrelativas feitas a partir da absorção de flúordetectado nos restos ósseos, defendiam acontemporaneidade entre o homem e a faunaextinta, pelo menos na região de Lagoa Santa,onde, graças a condições específicas de climae disponibilidade de alimento, tais animaisteriam sobrevivido por mais algum tempo,testemunhando a chegada do homem à região.No entanto, as análises de flúor não foramesclarecedoras, pois foram feitas emcomparação com ossos de fauna nãoidentificada;

2) Lagoa Funda (Pedro Leopoldo): 1940, foidescoberto um esqueleto humano completo,possivelmente associado a um esqueleto deurso extinto (Arctotherium brasiliensis), objetode uma publicação de H.V.Walter, ainda nomesmo ano;

3) Abrigo de Mãe Rosa: 1944 (pesquisaspreliminares em 1933), foram encontradosvários artefatos líticos e ósseos, estruturas defogueiras e abundantes restos humanos (com,pelo menos, três indivíduos bem preservados);

4)Lapa Vermelha: 1937-1940 e 1943-1944, foirecuperado material lítico e restos humanos, nãoassociados à cerâmica de grupos horticultores,mais recentes;

5) Lapa dos Borges: 1939-1944, além de váriosfragmentos de ossos de fauna extinta, foidescoberto um esqueleto de “tatu gigante”, emótimas condições de preservação, com parte docrânio, carapaça completa, tubo caudal e váriosossos ainda articulados. Um osso ilíaco demastodonte evidencia marcas do corte,possivelmente resultantes de uma açãohumana;

6) Abrigo de Samambaia: 1946, escavaçõespreliminares identificaram camada superior commaterial cerâmico e níveis profundos cominstrumentos líticos e vários sepultamentos malconservados;

7) Abrigo do Marciano: 1946, paralelamenteaos trabalhos em Samambaia; pouca cerâmicafoi recuperada, além de algumas pontas deflecha e abundante material lítico “pesado”:quebra-coco, bigornas etc;

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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8) Abrigo do Eucalipto: foram encontradasnumerosas pontas de flecha de quartzo, lâminasde machado-, artefatos de osso, materialcerâmico além de 14 sepultamentos;

9) Abrigo do Sumidouro: em váriasescavações, sem dados sobre a data precisade início (provavelmente, fins da década dequarenta e início de cinqüenta), foramdescobertos artefatos líticos - pontas de flechae lâminas de machado -, artefatos ósseos,material cerâmico e objetos de adorno;

10) Abrigo de Limeira: em pesquisas iniciadasem 1952; foram exumados restos desepultamentos, várias pontas de flecha dequartzo e lâminas de machado.

A Academia de Ciências de Minas Gerais tevesuas atividades interrompidas no início dos anossessenta. Porém, uma importante parcela dotrabalho desses homens pode ser conhecidaatravés de livros, publicações em periódicoscientíficos da época, revistas, jornais e,principalmente, pelas coleções por elesreunidas.

Lamentável suas pesquisas não obedeceramaos mínimos requisitos de observaçãoestratigráfica, sendo as escavações confiadasa operários que entregavam o material coletadoquando visitados pelos pesquisadores. Sítiosimportantes tiveram seu sedimento totalmenteremovido, impedindo verificação ou estudoposterior.

Em 1958, H. Walter publicou uma síntese dasescavações realizadas na região de LagoaSanta, tentando apresentar um quadro daevolução cultural. Este, que reproduziaaparentemente a evolução do PaleolíticoEuropeu (desenvolvimento sucessivo dastécnicas de lascamento da pedra, de trabalhode osso, do polimento da pedra e da fabricaçãoda cerâmica), não foi confirmado pelaspesquisas de outros autores.

2.1.5 - O Projeto Arqueológico Americano-Brasileiro de Lagoa Santa

Em 1955, Wesley Hurt, pesquisador daUniversity of South Dakota, contando com oapoio da Fundação T.W. Hatterscheid deAberdeen, South Dakota, realizou um brevetrabalho de levantamento dos abrigos da região.

No ano seguinte, organizou-se uma grandecampanha com a participação do MuseuNacional de Rio de Janeiro com o objetivo deescavar seis sítios arqueológicos. Dentre osprincipais membros da equipe responsável,destacam-se: Wesley Hurt, Oldemar Blasi, doMuseu Paranaense, Luiz de Castro Faria e opaleontólogo Carlos de Paula Couto, ambos doMuseu Nacional.

Receberam apoio técnico e financeiro deimportantes instituições, tais como : Uni-versidade de South Dakota, Museu Nacional(RJ), UFMG, CAPES, Programa Smith Mundt,Departamento de Estado norte-americano eFundação Wernner-Green, de Nova York. Aenvergadura desse apoio, além de demonstrara importância do projeto em si, revela aimportância dada à região de Lagoa Santa e aseu acervo arqueológico pela comunidadecientífica internacional.

As conclusões desses trabalhos só se tornarampúblicas em abril de 1969 por um relatóriodenominado “O Projeto Arqueológico ‘LagoaSanta’” (Arquivos do Museu Paranaense, nº 4).

Nesse relatório, os autores descrevem osvestígios de ocupação humana, os respectivosníveis de profundidade e a localização dosabrigos escavados, num total de 6 sítios. Alémdo grande acervo formado e de comentáriosacerca das várias pinturas rupestres de CercaGrande, foi preocupação desses pesquisadoresdescrever o ambiente em torno dos sítiosescavados e mencionar outros sítios derelevância, tais como a Gruta de Confins,Lagoa Funda, Carrancas, Abrigo do Caetanoe Boleiras.

Dentre vários abrigos formados na base domaciço de Cerca Grande, Hurt e Blasi esca-varam vastas superfícies em 7 deles, encon-trando evidências preciosas da ocupaçãohumana, todos comentados em seu rela-tório.

O resultado mais comentado foi o das dataçõesradiocarbônicas entre 9000 e 10.000 BPconseguidas no abrigo n° VI, as mais antigasobtidas no Brasil até aquela data.

O relatório inclui uma análise da sedimentação,das indústrias líticas, ósseas e cerâmica,assim como a descrição dos rituais de sepulta-mento.

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Apesar do longo tempo decorrido entre ostrabalhos de campo, a análise e a publicaçãodos resultados, é inegável a contribuição dessaequipe aos estudos da pré-história de LagoaSanta. O Projeto Arqueológico “Lagoa Santa”teve o mérito de levar à frente trabalhoscontrolados de escavação em todo o maciçode Cerca Grande, com descrições detalhadasdas intervenções, dos vestígios recuperados ede seus níveis estratigráficos de origem.

2.1.6 - Missão Arqueológica Franco-Brasileirade Lagoa Santa

A comprovação por Hurt e Blasi de umaantigüidade de ocupação em Lagoa Santa muitomaior do que os cientistas acreditavam desdePadbert-Drenkpohl levou A.Laming-Emperairea constituir uma Missão Arqueológica Franco-Brasileira, na década de setenta, com acolaboração do Museu Nacional, o qual indicouM.Beltrão como coordenadora brasileira.

O objetivo inicial era estudar as mudançasambientais desde o Pleistoceno Superior eaplicar modernas técnicas de escavação paraestudar sítios de hábitat.

Em 1971, realizou-se a primeira campanha deprospecções e sondagens, com créditosrestritos de ambos os países. Os trabalhosforam impulsionados com a criação, em 1972,da URA no5 (Unidade de PesquisasArqueológicas) do Centro Nacional dePesquisas Científicas da França (CNRS), cujoprograma era promover trabalhos sobre a pré-história brasileira.

A partir de 1973, a Missão estabelecia comoobjetivos:

- descobrir um abrigo intacto que permitisseestabelecer, depois da escavação, umacronologia das principais culturas que sesucederam na região desde pelo menos10.000 anos até o presente etnológico;

- estudar a ocupação do território peloscaçadores coletores sem cerâmica e pelosceramistas, possivelmente horticultores, queos sucederam;

- empreender o estudo das obras rupestres daregião, estabelecendo as grandes linhas deum método de estudo adaptado a suascondições particulares de idade e significado.

As campanhas se realizaram com subvençõesda Comissão de Pesquisas Arqueológicas noExterior do Ministério de Assuntos Estrangeirosda França e do Instituto do Patrimônio Históricoe Artístico Nacional, com o apoio do MuseuNacional do Rio de Janeiro, do Museu deHistória Natural da UFMG (a partir de 1976), doMuseu Paulista da USP (em 1971 apenas) e doCNRS.

A Missão realizou, nos primeiros anos dodecênio de 1970, trabalhos de prospecção esondagens em diversos sítios da região. Forampesquisados cerca de 30 sítios arqueológicos,dos quais só 10 foram objeto de sondagens(Lapa Vermelha I e IV e “Soleil”; Lapa do Ballet;Caieiras I e II; Pia d’Água; Tiãozinho Fernandes;Sumidouro; Lapinha II bis) na região da APAatual.

A Missão empreendeu uma escavação emgrande superfície da Lapa Vermelha IV, dePedro Leopoldo.

O trabalho de levantamento de arte rupestre foio primeiro a realizar um registro sistemáticodeste patrimônio, incluindo o calque (cópia emescala 1:1) das pinturas e gravuras edocumentação fotográfica de 8 sítios na áreada Apa (Lapa Vermelha I e II, Sumidouro,Caetano, Cerca Grande, Ballet, Poções e partedo sítio de Samambaia). Deve-se à Missão aprimeira datação de pintura rupestre no Brasil,que estabeleceu para uma pintura soterrada daLapa Vermelha a idade mínima de 3.800 anos(usando a datação de 14C da camadasedimentar que a cobria), antiguidade muitomaior do que até então se supunha.

Ainda no início dos anos 70, foram realizadasprospecções nos arredores da APA, sobretudonos terraços do Rio das Velhas, na Serra doCipó e perto de Jaboticatubas.

Em 1975, foi publicado o primeiro volume derelatório do projeto, que incluía análises domaterial lítico encontrado. Uma análise dasescavações de Lapa Vermelha era publicadaem São Paulo - 1979; levantamentos da arterupestre de vários sítios foram publicados emmicrofichas do Institut d’Ethnologie de Paris; umlivro de análise dos grafismos de Cerca Grandeera também publicado na França em 1978).

Sob coordenação da Dra. A. Laming-Empe-raire, participaram dos trabalhos diversos

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pesquisadores que viriam a criar importantesgrupos de pesquisa em diversos estadosbrasileiros, entre esses L. Pallestrini (São Paulo,Museu Paulista) O. Dias (IAB, Rio de Janeiro),M.C. Beltrão (Museu Nacional, Rio de Janeiro).Do lado francês participaram A. Laming-Emperaire, D. Lavallée, S. Anthonioz, L.Emperaire, A. Prous. Este último criou o Setorde Arqueologia da UFMG em 1975 e tornou-secoordenador da Missão Arqueológica Franco-Brasileira no Estado de Minas Gerais, a partirde 1980.

2.1.7 - As Pesquisas do Setor de Arqueologiada UFMG

A partir dos trabalhos da Missão, constituiu-seem 1975-1976, no Museu de HistóriaNatural da Universidade Federal de MinasGerais, o Setor de Arqueologia, sob acoordenação de André Prous. Principal grupode pesquisa da Pré-História do Estado, o Setorde Arqueologia vem empreendendo,atualmente, trabalhos no Centro e no Norte deMinas Gerais.

Na região de Lagoa Santa, a equipe do Setorrealiza um trabalho de levantamento sistemáticoe análise de todo o patrimônio em arte rupestrejá localizado, através de cópia em escala 1:1 edocumentação fotográfica, além de prospecçãode novos sítios. Na década de 1980 foramrealizados trabalhos de escavação num abrigoque se encontra no limite do Planalto deLagoa Santa (o Grande Abrigo de Santana doRiacho, no sopé da Serra do Cipó) que,além de abundante material lítico e outrosartefatos, exumaram restos humanoscorrespondentes a dezenas de indivíduos dachamada “raça de Lagoa Santa” (população quehabitou o centro mineiro nos primeiros milêniosdo Holoceno, da qual fazem parte os referidosfósseis humanos encontrados por Peter Lund).Até agora tem-se evitado realizar novasescavações na APA, para poupar os raros sítiosainda em condições de fornecer indicaçõespaleo-etnográficas e deverão ser pesquisadosno futuro se não forem prematuramentedestruídos pelo turismo e pela exploraçãoeconômica.

O grupo de pesquisadores tem cadastradocerca de uma centena de sítios pré-históricos,entre abrigos sob rocha e sítios a céu aberto,na APA de Lagoa Santa e no seu entorno.

2.2 - Material arqueológico existentenas coleções

a) Coleções “científicas” e “didáticas”

-Museu de Zoologia de Copenhagen, naDinamarca; sobretudo fósseis pleistocênicose esqueletos humanos provenientes deSumidouro e coletados por W. Lund.

-Museu de Homem de Paris: Calques depinturas rupestres de Cerca Grande, Caetanoe Sumidouro. Haveria também um crâniocoletado por Lund, cedido pelo Museu Lundda Dinamarca (informação a ser confirmada).

-Museu Nacional, Rio de Janeiro: Coleções deinstrumentos e esqueletos humanosprovenientes das escavações de PadbergDrenkpohl, (Lapa Mortuária, de Bastos d’Ávila(Carrancas) e da Missão Americano-Brasileira(sobretudo, material oriundo de Cerca Grande).

Coleções provenientes das escavações daMissão Franco-Brasileira (sobretudo materialretirado da Lapa Vermelha IV e “Soleil”, deCaieira II e Lapinha II bis), incluindo ossoshumanos (os mais antigos restos da América),indústria lítica, cerâmica e da concha; umagrande coleção de vestígios faunísticos (refugoalimentar e depósitos naturais).

- Museu de História Natural da UFMG:

• Calque de sítios (Lapa Vermelha I, II; S. Joséde Confins; Escrivânia I, II; Vargem da Pedra;Vargem da Lapa; Campinho; Ballet; CaieirasI, V; Porco Preto; Pia; Limeira II; Capão dasÉguas e Cauária) de arte rupestre, comfotografia e análise iconográfica, todos da APAou da área de influência.

• Parte dos Cadernos de campo da Missãoarqueológica Franco-Brasileira.

• Algumas peças provenientes da LapaVermelha IV e a totalidade dos instrumentosde concha coletados em Lapa Vermelha, S.José (Galinheiro) de Confins e Eucalipto.

• Amostras de cerâmica e material lítico de sítioscerâmicos da região de Lagoa Santa.

• Parte dos instrumentos de osso e de pedracoletados pela Academia de Ciências de MinasGerais, guardados por H. Walter até sua morte.

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• Peças isoladas (geralmente machados e mãosde pilão polidas) doadas por particulares ecoletadas na região da APA.

- Museu de Mineralogia da UFOP:

• Vestígios esqueletais do Homem de LagoaSanta, provavelmente trazidas por Lanari, queescavou a Lapa de Caetano.

• “Centro de Arqueologia Annette Laming-Emperaire” da Secretaria de Turismo daPrefeitura de Lagoa Santa, sob aresponsabilidade de R. Albano.

• Material cerâmico e lítico proveniente da regiãoe doado por particulares. Acervo fotográficopróprio e de reproduções de arte rupestreemprestadas pela UFMG. Cópias deesqueletos de Lagoa Santa, fornecidos pelasautoridades Dinamarquesas.

- CETEC/MG.

• Calques de parte da arte rupestre do sítio deSamambaia, ainda não levantadosistematicamente.

b) Coleções particulares.

- “Museu arqueológico de Lapinha”, depropriedade de M. Banyai. Materialesqueletal, lítico, cerâmico e adornos dematérias diversas, comprado e/ou coletadopelo proprietário.

• Coleção Hélio Diniz (Belo Horizonte) comesqueletos oriundos de Cerca Grande eSumidouro.

• Peças líticas (machados, mão de pilão...)encontradas em algumas casas.

• Machado semilunar coletado em Mocambeiroem poder de Salim Mattar.

• Coleção de cachimbos de cerâmicaemprestada pelos herdeiros de A. Mattos emantida pelo Prof. Ronaldo Teixeira(aposentado da UFMG).

c) Atividades diretamente relacionadas comAcervo Arqueológico.

- O seu Setor de Arqueologia do Museu deHistória Natural - UFMG, desenvolve

regularmente atividades da prospecção elevantamentos rupestres, financiados efiscalizados por entidades governamentais.

- O Centro de Arqueologia AL-E de Lagoa Santarealiza prospecções, repassando informaçõespara o Setor de Arqueologia da UFMG.Mantém atividades didáticas (ensino de pré-história nas escolas).

- O proprietário do Museu de Lapinha, segundoinformações recentemente confirmadas,incentiva a realização de escavações noslimites da APA para aumentar seu acervo.

2.3 - Importância arqueológica

Além do papel histórico no despertar daarqueologia brasileira e da discussão sobre apossibilidade de ter existido, no século XIX, um“homem antediluviano” americano, as pesquisasna região de Lagoa Santa permitiram reunir umimportante acervo de material e informações.

Apresentaremos sucessivamente:

- Os vestígios paleo-antropo-biológicos.

- Os vestígios das mudanças ambientais noQuaternário.

- Os vestígios da implantação do Homem napaisagem e a sua sobrevivência.

- Os vestígios da tecnologia pré-histórica.

- Os vestígios que permitem estudar o mundosimbólico dos homens da pré-história.

- Os quadros gerais das ocupações humanasna região e suas limitações.

Não se trata de fazer uma síntese da pré-históriade Lagoa Santa mas, apenas, de explicitar quaisos materiais disponíveis, tanto os que já foramutilizados em sínteses anteriores, quanto os queestão em análise ou os que aguardam por novosestudos.

Concluiremos com algumas considerações arespeito dos limites geográficos da “regiãoarqueológica de Lagoa Santa” e da APA , sobrea importância dos sítios (do ponto de vistahistórico e científico) e sobre os problemas depreservação.

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2.3.1 - Os vestígios biológicos dos antigosmoradores da região

Os restos esqueletais encontrados por Lund noséculo XIX (Sumidouro onde tirou ossos decerca de 30 esqueletos, provavelmente LapaVermelha de Lagoa Santa, Escrivania) servirampara definir uma “raça de Lagoa Santa”,provavelmente a mais antiga e mais bemdefinida das primeiras populações pré-colombianas, cuja descrição, feita porpesquisadores europeus no final do século XIX,mostrou que as mais antigas populaçõesamericanas não eram mongolizadas.

As pesquisas do século XX permitiram juntarcentenas de esqueletos de indivíduos atribuídosà mesma raça, embora H. Walter, a partir deuma reconstituição defeituosa de um crânio,tenha pensado existir uma outra população pré-cerâmica. Destaca-se, pela quantidade, omaterial da Lapa Mortuária (pesquisas dePadberg-Drenkpohl, cerca de 80 indivíduos);pelas datações, os esqueletos de Cerca Grande(Hurt e Blasi) e a mandíbula de Caieiras II(A.Prous), com idades entre 9.600 e 10.000anos antes do presente, e o esqueleto de LapaVermelha IV (Missão Franco-Brasileira), datadapor carvões entre 10.200 e 11.680 BP. Umadatação recente de ácidos úmicos penetradosnos ossos post mortem de um pouco mais de10.000 BP, confirma uma antiguidade maior doque esta data para o indivíduo (informaçãoinédita transmitida por W. Neves). Trata-se, pois,do mais antigo esqueleto bem datado dasAméricas.

Outros achados esqueletais ocorreram emCarrancas (escavações de Bastos d’Avila-12indivíduos), Boleiras (Hurt e Blasi), CercaGrande (H. Walter?, Hurt e Blasi-28 esqueletos),Lapa Vermelha I (H. Walter/Mattos/Cathoud,UFMG), Lapinha II bis (UFMG), Caetano(Padberg, Lanari, provavelmente mais de 10indivíduos), Mãe Rosa (3 indivíduos), Eucalipto(14 esqueletos), Limeira, Lagoa Funda (Walter),Samambaia-também chamada Lapa MiguelFernandes (Walter e, provavelmente, Banyai),S. José de Confins (Banyai), Lapa Vermelha IV(Mattos), Sumidouro (Diniz). Certamente, outrosesqueletos foram retirados pelos “amadores”que ainda “trabalham” na região. Segundo aCPRM, partes de um esqueleto humano foramencontradas e retiradas de um abrigo da Cauaiaem 1995, mostrando que há ainda sítiosdesconhecidos com sepultamentos.

Todos os esqueletos retirados desses abrigosteriam uma idade entre 8.000 e 10.000 anos,pois não há ainda em lugar algum dataçõesrelativas ou absolutas que indiquem rituais desepultamento de indivíduos caracterizadoscomo sendo da “raça de Lagoa Santa” emabrigos durante o holoceno médio. A únicadatação radiométrica (3.000BP), obtida a partirde carvões rolados por Walter, data aredeposição do material da Lagoa Funda e nãosua idade original.

Sabe-se que ossos humanos foram en-contrados em urnas desenterradas nos sítios acéu aberto da região (na Vargem da Pedra, porexemplo) sendo, portanto, atribuídos ao períodoholocênico recente, mas nenhum deles pôde serencontrado e estudado pelos pesquisadores.Pelo que se sabe da pré-história de outrasregiões, supõe-se que pertenceriam apopulações diferentes da “raça de LagoaSanta”.

A morfologia dos esqueletos depositados nasInstituições oficiais e em algumas coleções foianalisada em 1976/77 (Alvim, 1977). A patologiado material depositado na UFMG e no MuseuNacional foi objeto de uma tese deDoutoramento (Ferrigolo, 1987).

O material guardado na UFMG foi recentementecurado por W. Neves, como parte de umconvênio firmado entre a UFMG e a USP. Osindícios relativos à qualidade de vida doshomens de Lagoa Santa estão sendoreanalisados por W. Neves e as primeirasexperiências de determinação de DNA dosossos estão sendo tentadas no ICB/UFMG soba orientação de J. Pena. Estudos de alimentaçãoa partir dos oligo-elementos contidos nos ossosestão sendo feitos no ICEX/UFMG, sendo todosesses trabalhos, pioneiros no Brasil e, no casodo DNA, no mundo.

2.3.2 - Os vestígios de mudanças ambientaisno Quaternário

O ambiente cárstico de Lagoa Santa éparticularmente propício ao estudo dasmudanças climáticas no Quaternário a partir dosossos de vertebrados e das conchas demoluscos, que se preservam de maneiraexcepcional nas grutas e abrigos assim comodas feições morfológicas dos relevos, dadrenagem e dos sistemas de sedimentação nosabrigos.

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O corte excepcional de Lapa Vermelha que,mercê às escavações da missão FrancoBrasileira, é de cerca de 10m de altura,evidencia uma belíssima seqüência sedimentarde 30.000 anos provavelmente única naAmérica do Sul. Os estudos da dolina de LapaVermelha (Journeaux, 1978; Boulet, Kohler,Malta & Filizzola 1992), do conjunto cárstico dePrudente de Morais (T. Moura), do Baú (B. Piló)e do conjunto do carste de Lagoa Santa por H.Kohler permitem reconstituir parcialmente oambiente no qual o Homem pré-histórico daatual APA evoluiu.

Os estudos paleontológicos mostraram apresença de uma megafauna nos tempos emque o Homem já estava instalado na região;além dos achados de Lund, prejudicados pelocontexto em que foram encontrados (camadasde redeposição secundária), há datações demenos de 10.000 anos para coprólitos e ossosisolados de preguiça gigante em Lapa VermelhaIV, infelizmente não associados culturalmenteao Homem. Na Lapa dos Borges, um osso ilíacode mastodonte apresenta marcas de corte queA. Bryan e A. Prous interpretam como devidosà ação humana; há, no entanto, algumasdúvidas a respeito (Prous & Guimarães, 1981/82). A microfauna, sensível às mudançasclimáticas menores, evidencia as modificaçõesocorridas por volta de 6000 e 7000 anos atrás(presença de Naesiotus, Megalobulimusyporangus, Megaphaneus, por exemplo, cf.Leme 1977, 1979 e Leme in Laming-Emperaire,Prous, Moraes e Beltrão 1975). Mais de 60.000ossos de vertebrados, principalmente roedorese marsupiais (muitos deles de ocorrênciaespontânea e não trazidos pelo Homem), foramcoletados durante as escavações da LapaVermelha IV e analisados por Cunha e Locks(idem, 1978, entre outros).

Essas e outras informações tornam a proteçãodos cortes da Lapa Vermelha IV essenciais nãoapenas para a arqueologia, mas para outrasdisciplinas.

2.3.3 - A implantação do Homem na paisageme as técnicas de sobrevivência

Os homens do início do holoceno e do final dopleistoceno utilizaram abrigos que hoje estãono alto das encostas dominando as dolinas(Caieiras, Cerca Grande VI, Lapa Vermelha IV,Sumidouro II), mas esses locais estavam, na

época, muito mais próximos ao fundo destasdepressão e, portanto, das lagoas que asocupavam. Procuravam uvalas amplas em vezde lugares mais fechados.

Sabemos que esses habitantes mais antigosda região utilizaram os abrigos para sepultarseus mortos, mas sabemos pouco das suasatividades cotidianas. Da existência deinstrumentos e fogueiras fora das covas,poderíamos deduzir as modalidades deocupação dos abrigos; infelizmente, o relatóriodas escavações de Cerca Grande é imprecisodemais nesse propósito. Embora a fortedensidade de instrumentos de pedra e osso(mais de 150 em média por m² escavado parauma ocupação provavelmente periódica durantecerca de 700 anos) sugira a possibilidade deinstalações relativamente densas e estáveis emabrigos, a ocupação mais antiga de LapaVermelha não evidenciou nada semelhante; noentanto, a topografia das zonas onde asedimentação pleistocênica foi preservada podeexplicar esse fato.

Acreditamos, pois, que alguns tipos de abrigos,particularmente os mais fechados, tenham sidopreferidos como locais de moradia; infelizmente,a pequena quantidade de sítios intactosescavados é insuficiente para justificar qualquergeneralização.

Os primeiros lagoasantenses eram certamentecaçadores-coletores, mas não podemos afirmarqual teria sido a importância da caça aos últimosgrandes herbívoros nativos para a economiadeles; os cervídeos são os maiores animais que,com certeza, foram caçados. A julgar pelapatologia óssea e dentária, a coleta de vegetaisera provavelmente muito mais importante doque a maioria dos outros grupos coletores-caçadores pré-históricos conhecidos; noentanto, precisamos esperar o final dos estudospara ter dados mais precisos a respeito.

É possível, e até provável, que a maioria dossítios de ocupação permanente ou acam-pamentos tenha sido a céu aberto. Nesse caso,infelizmente, o afundamento das dolinas naregião calcária terá provocado a erosão e adispersão do material. Ao longo dos rios(córrego do Jaques, antigo e novo curso do riodas Velhas/Ribeirão da Mata -este fora da APA),é provável que os antigos assentamentosestivessem instalados nos terraços superiores,

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mas as prospecções da Missão Franco-Brasileira, da UFMG e os trabalhos de H. Kohlermostraram que a garimpagem dos séculos XVIIIe XIX e a retirada das areias do Ribeirão daMata nos anos 70 deste século já os destruíram.O progresso dos nossos conhecimentos sobreos primeiros lagoasantenses depende dapreservação dos poucos abrigos aindarelativamente intactos (como a Lapa dasBoleiras).

Os moradores da região no holoceno médio sãomuito mal conhecidos. Nos abrigos maisabertos, passaram apenas para estadasrápidas, embora freqüentes; eramprovavelmente paradas noturnas de pequenosgrupos de 2 ou 3 pessoas, como ficou óbvio naLapa Vermelha IV, onde as mais de 200fogueiras encontradas eram pequenas e decurta duração. Na Lapa do Carroção, o únicosítio sobre o qual conseguimos maisinformações e caracterização das indústrias(trabalhos inéditos da UFMG), a poucaespessura do sedimento holocênico nãopermitiu uma caracterização micro-estratigráficaque tornasse possíveis estudos paleo-etnográficos. Em grutas bem abertas, como ada Lapa Vermelha I, teria havido indícios de umaocupação pré-cerâmica bastante intensa,segundo Walter (1948); embora não hajainformações estratigráficas, a posição da LapaI, poucos metros acima do fundo da dolina ejunto do atual sumidouro, indica que não podeter sido um sítio do holoceno antigo mas sim,médio ou médio/recente.

A alimentação dessa época era ainda dominadapela caça (sobretudo a tatus e veados, segundoos vestígios do Carroção) e a coleta (inclusivea de moluscos, muito importante em estaçãochuvosa, conforme os achados de LapaVermelha I e IV); os restos vegetais sãoraríssimos, mas isso é explicado pelasdificuldades de conservação; a pesca existiunessa época, conforme os achados de LapaVermelha (Doradidae, peixes de grande porte)e da Lapa do Urubu (anzóis, em camadaspreliminarmente atribuídas ao holoceno médionesses dois abrigos). Em compensação, asindústrias eram razoavelmente conhecidas(Prous, 1978) e obras de arte parietal foramdatadas do holoceno médio pela primeira vezno Brasil, mercê as escavações na LapaVermelha IV (Laming-Emperaire 1979, Prous1994).

O holoceno recente é caracterizado porocupações de aldeãos ceramistas ehorticultores que ocuparam algumas vertentesdos morros de filito (Lagoa Santa), massobretudo os baixos terraços fluviais(particularmente fora da APA) e lacustres,concentrando-se particularmente no polje deMocambeiro. Os vestígios de suas aldeias, nasuvalas da APA, ocupam geralmente superfíciespequenas, com algumas dezenas de metros dediâmetro, correspondendo provavelmente auma habitação coletiva. Nos polje principais, háextensões bem maiores de (centenas demetros, com vestígios ocupando superfíciesovais ou semicirculares ao redor dos baixios.Não temos, atualmente, como determinar seesse fato expressaria ocupações únicas decoletividades bastante grandes, morando emaldeias formadas por várias unidadesresidenciais, fato freqüentemente verificado forada APA ou ocupações repetidas de pequenosgrupos. Para tanto, seria necessário reestudaros materiais coletados e, sobretudo, realizarescavações em sítios razoavelmente intactos.Como os aldeãos horticultores ocupavamprincipalmente as terras mais férteis e próximasà água, logo colonizadas pelos neo-brasileirose hoje trabalhadas por tratores ou abertas aogado, essa perspectiva tem pouca chance deser realizada, a não ser, talvez, na partesetentrional da APA, ainda quase deserta.Alguns abrigos foram visitados pelos homensdessa época, porém não densamente ocupadospelos ceramistas; são as camadas superioresde Lapa Vermelha IV, o baixo terraço deSumidouro, Samambaia, Marciano e Lapinha II.De fato, apenas os dois primeiros lugaresforneceram cerâmica em quantidade, e o sítiocerâmico de Sumidouro mencionado por Waltere a Missão Franco-Brasileira não se encontrarealmente no abrigo, mas ao pé dele. Além dedeixar alguns vasos de cerâmica, oshorticultores deixaram algumas pinturascaracterísticas nos abrigos de Caetano e LapaVermelha II. Os vestígios até agora encontradossão acumulações de cerâmica (desde 2 ou 3cacos até 50 cacos por m²; raramente, potesinteiros) e alguns instrumentos de pedra.Estruturas habitacionais como fogueiras, refugoalimentar etc... foram, há tempos, destruídospelos trabalhos agrícolas, exceto na LapaVermelha IV, onde ainda encontramos marcasde poste e alguns vestígios organizados quemereceram ser registrados em planta. De fato,apenas dois sítios vizinhos foram escavados de

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maneira sistemática até agora: Lapa VermelhaIV e Lapa Vermelha “soleil” (pela Missão Franco-Brasileira).

Vestígios arqueológicos das primeirasocupações neo-brasileiras e caboclas existemna APA, mas não são objeto desta pesquisa.

2.3.4 - A tecnologia pré-histórica

Mencionaremos aqui apenas os tipos deinstrumentos encontrados nos sítios, e não asdiversas tecnologias de sobrevivência.

2.3.4.1 - A indústria lítica

Os instrumentos de pedra mais freqüentementepreservados foram feitos essencialmente commatérias trazidas de fora da APA, pois o filito eo calcário da região não proporcionam matérias-primas adequadas. Mencionaremos apenas uminstrumento de calcário local, por sinal muitoimportante, pois é o mais antigo artefatoencontrado na Lapa Vermelha e, talvez o sejado Brasil, enquanto se discute ainda a realidadeda presença humana nas camadaspleistocênicas na Pedra Furada. As matérias-primas “importadas” são os anfibolitos e outrasrochas resistentes (provavelmente coletados noribeirão da Mata, ao norte de Pedro Leopoldo),utilizadas como batedor ou bigorna,transformada em machado ou mão de pilão; ahematita compacta, trazida do quadriláteroferrífero (numerosos machados e uma “bola”;pigmentos); a silimanita (vários machados,vindos do Jequitinhonha ou, talvez, da regiãode Conceição de Mato Dentro); o jaspe e acalcedônia, de origem ainda desconhecida(provavelmente longínqua, pois esse materialde excelente qualidade é muito raro nos sítiosdo centro de Minas Gerais); portanto os maisnumerosos vestígios líticos da região são desílica. O cristal de quartzo e a forma leitosa sãoencontrados no embasamento cristalino nasimediações da APA a oeste (em PedroLeopoldo, por exemplo), enquanto seixos damesma matéria podem ser coletados a leste daAPA, nos morros que dominam Lagoa Santaou nos terraços do rio das Velhas.

Os instrumentos de mais de 10.000 anoslimitam-se a poucas lascas de quartzo e a umaraspadeira retocada de calcário silicificado (estacom uma idade provável entre 14.000 e 20.000anos). Numerosas plaquetas de calcário com

gume natural ou de calcita foram coletadas eexaminadas nos níveis pleistocênicos de LapaVermelha, mas não conseguimos demonstrarque o homem tivesse utilizado algumas delas.

A indústria holocênica é, por sua vez, muitomais numerosa.

A tipologia da maioria das peças lascadas nãoé muito variada e permanece a mesma durantetodo o holoceno antigo e médio: trata-se delascas de quartzo debitadas por percussãogeralmente bipolar (as peças “nucleiformes” queresultam dessa técnica foram interpretadascomo “raspadores” em publicações antigas) e,mais raramente, unipolar. Algumas dessaslascas, geralmente com menos de 3 cm decomprimento, foram utilizadas brutas (ou seja,tais quais saíram do bloco de matéria-prima),enquanto o resto não passa de refugo dedebitagem. Algumas lascas, geralmente entreas maiores, foram delicadamente retocadas sejaem raspador verdadeiro (Carroção, CercaGrande, Lapa Vermelha), seja em raspadeira(Carroção, Cerca Grande). Os poucosraspadores “côncavos” tanto podem ser oresultado do trabalho em matérias duras quantoo resultado de um retoque voluntário. Muitoraras são as pontas de projétil bifaciais dequartzo, de fabricação muito difícil em razão dosplanos de clivagem; encontraram-se apenasalguns exemplares, geralmente quebrados(Cerca Grande, Sumidouro, Eucalipto, Confins,Marciano) que medem menos de 4 cm; algumasoutras, provenientes da coleção Walter, são dequalidade excepcional e alcançam dimensõesmaiores, mas sua procedência não é conhecidacom segurança. Suspeitamos de que algumasdas “pontas de projétil” de matérias diversas ede péssima qualidade de fabricação, publicadaspor H. Walter em 1958 e que pudemos observarpessoalmente, sejam falsificações, porque elecomprava as “peças bonitas” dos Caboclos,particularmente de Rosalino * , morador deConfins que escavava para ele. Essa práticasempre incentivou as fraudes. As pontasbifaciais autênticas têm um corpo triangular, umpedúnculo e duas aletas bem marcadas.

As únicas pontas bifaciais datadas encontradasna APA são provenientes de Cerca Grande eacreditamos, por comparação com outrasregiões, que esse tipo de artefato tenha sidoconfeccionado apenas no início do holoceno;no entanto, H. Walter as atribuiu a um período

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recente (na Lapa de Eucalipto); mas veremosque há razões para não confiar muito nestaopinião.

O sílex era debitado por lascamento unipolar eas peças encontradas são sobretudoraspadores, embora não faltem lascas simplesem Cerca Grande.

Alguns seixos lascados foram encontrados(dolina de Lapa Vermelha, coleta de M.Rubinger, Mãe Rosa, Cerca Grande-coletas deHurt e da Missão Franco-Brasileira; Lapinha IIbis) e são geralmente catalogados comochoppers; no entanto, alguns poderiam tambémser bigornas ou batedores partidosacidentalmente. Um desses seixos, coletado emSamambaia (cuja fotografia foi publicada inWalter 1958), foi lascado em parte pelo homeme em parte pela ação do fogo.

De fato, todas as coleções de material lítico brutoe lascado de Lagoa Santa mereceriam serreanalisadas, aproveitando-se a experiênciaadquirida nas análises dos sítios da Serra doCipó nos anos 70 e 80.

Instrumentos de pedra não modificadaintencionalmente são pouco numerosos, sejaporque os antigos colecionadores não oscompravam sistematicamente, seja porque oshomens pré-históricos não desejavamtransportá-los, como sugere sua quaseausência nos sítios escavados. São quaseexclusivamente seixos batedores paralascamento lítico, alguns poucos “quebracocos”, trituradores e bigornas diversas,fragmentos de hematita (um deles associado aum sepultamento). Algumas pedras de formasugestiva ou regular poderiam ter sido trazidaspara o sítio (Carroção). De Samambaia, MãeRosa? vêm dois polidores manuais e um blocopolidor, sendo os únicos indícios da preparação(ou do amolamento) de instrumentos de pedrapolida na região. Lapa Vermelha I seria o sítioonde teria sido notada a maior quantidade deseixos brutos.

Os machados polidos incluem peças dehematita, diabásio ou basalto grosseiramentelascadas, ovais ou sub-retangulares com gumeestreito polido (Mãe Rosa, Cerca Grande,Eucalipto, S. José de Confins, Carrancas...),possivelmente exclusivas dos períodos maisantigos; aparecem nos níveis datados entre9.000 e 10.000BP, tratando-se dos mais antigos

artefatos polidos conhecidos no Brasil e, talvez,na América do Sul. Os machados de sillimanita(Mãe Rosa, Eucalipto, Cerca Grande,Samambaia etc.) apresentam com freqüênciauma parte proximal bruta ou restos de córtexna faces planas, enquanto o gume écuidadosamente polido; a forma geral é a dofragmento original, ovóide ou sub-retangular.Machados de rochas básicas de forma sub-retangular com parte proximal picoteada e distal(gume) polido ocorrem em Cerca Grande, masesse tipo parece mais característico do períodoholocênico recente, na Lapa Vermelha I e IV eno abrigo de Caieiras; neste último sítio,verificamos que a lâmina estava manchada depigmento vermelho, cujos limites delineavam aforma do cabo de tipo “dobrado” (cf. Prous 1986/90). Todos esses machados pré-cerâmicosapresentam dimensões modestas, geralmentemenores de 15 cm.

Os machados dos horticultores ceramistas sãomuito diferentes; são de rocha básica eapresentam geralmente uma forma elegantealongada e simétrica que evidenciapreocupações estéticas. Seu talão, muitocomprido e quase cônico, é cuidadosamentepicoteado para facilitar a retenção num cabo detipo “encaixado”, enquanto o gume curvoperfeitamente polido forma a parte mais larga;as dimensões variam desde cerca de 6cm (sítiode superfície não identificado, perto da cidadede Lagoa Santa) até mais de 20 cm. Foramencontrados em inúmeros sítios, assinaladospor Lund numa carta de 1838 para a SociedadeReal de Antiguidades Nórdicas dinamarquesa(Hoch & Prous, 1985). Walter (1948) mencionaachados semelhantes em Engenho, perto daLapa Vermelha e de S. José de Confins. Ostrabalhos posteriores e as ocorrências isoladas,quase sempre fora dos abrigos e junto comcacos de cerâmica, permitiram reunir quasecentenas dessas peças, provenientes de maisde 20 locais. Recentemente, um caminhão debrita proveniente de Lagoa Santa descarregouem Belo Horizonte um machado juntamentecom os fragmentos de calcário.

Os machados muito procurados peloscolecionadores, mas nunca encontradosdurante as escavações sistemáticas (sabe-se,no entanto, que um deles foi achado no sítioSta Antônio II); são os “semilunares” dos quaishá uma grande coleção no Museu da Lapinha.São completamente polidos e feitos geralmente

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com rochas de belas cores; uma pintura rupestre(em Caetano) representa uma dessas peças,com o cabo; outra pintura (na Lapa do Ballet)poderia também representar uma dessaslâminas.

Walter encontrou fragmentos de recipientes deesteatita (“pedra sabão”) polidos em Sumidouro.

Outras peças picoteadas (mais raramente,alisadas ou polidas) são as mãos de pilãocônicas ou cilíndricas, medem cerca de 12 a25cm e são encontradas nos mesmos sítios dosúltimos tipos de machados que acabamos dedescrever.

Bolas de hematita compacta foram encontradasem Mão Rosa; sua regularização porpicoteamento torna pouco provável tratar-seapenas de matérias-primas para pintura.

Um único enfeite de pedra foi encontrado: umfragmento de tembetá em cristal de rocha (naLapinha II bis), juntamente com cerâmicatupiguarani.

2.3.4.2 - A indústria de osso

Poucos vestígios foram preservados:

A única agulha, com perfuração proximal, éproveniente de Sumidouro.

Os furadores de osso são do tipo chamado“Samambaia” por H.Walter. São geralmentesimples estilhaços polidos pela utilização; peçassemelhantes aparecem nas coleções deEucalipto, Sumidouro e Cerca Grande.

Espécies de fivelas triangulares finas e agudascom uma reentrância típica na base foramchamadas de “ponta de Sumidouro” por Walter;além do sítio epónimo, apareceram emMarciano e encontramos outra, superficial, nosarredores do abrigo de Limeira. Em Eucalipto,foram achadas numerosas peças de ossotrabalhado com uma haste curta e um corpotriangular pontudo ou ovalado; segundo Walter,teriam sido encontradas exclusivamente nosníveis superiores do sítio; mais uma vez, noentanto, desconfiamos que algumas sejamfalsificações.

Os instrumentos mais característicos, dos quaishá dezenas de exemplares e que acreditamosserem típicos dos momentos mais antigos daocupação holocênica, são as espátulas feitas

com ossos metapodiais de veados. Os ossoseram rachados longitudinalmente e suaextremidade arredondada cuidadosamentepolida; muitas espátulas são enegrecidas ebrilhantes em razão da ação térmica, talvezprovocada para endurecer o osso. Às vezesapresentam um furo de suspensão naextremidade proximal. São geralmenteencontradas apenas as extremidades distais,mostrando que trabalhavam como pequenasalavancas, quebrando freqüentemente (LapaVermelha IV, Eucalipto, Lapa Mortuária deConfins, Mãe Rosa, Limeira, Sumidouro,Carroção).

Algumas extremidades de chifre de veadoapresentam a ponta polida pelo uso (num doscasos, rotativo) e eram provavelmente furadores(Lapa Vermelha, Cerca Grande, Sumidouro,Eucalipto, Mãe Rosa, Marciano).

Dois pequenos anzóis de osso, proveniente daLapa do Urubu e da Lapa Vermelha. Este últimofoi achado em 1973 numa profundidade quecorresponderia, em princípio, ao pré-cerâmicorecente; no entanto, nossas observações decampo nos levam a acreditar que estivessenuma zona estratigraficamente perturbada, oque não permite uma datação precisa.

Pequenos fragmentos arqueados de chifre deveado totalmente polidos, encontrados emEucalipto, tanto podem ser furadores duplosquanto ganchos de armadilhas, etc. Estudos detraceologia poderiam ajudar a resolver taisdúvidas.

Dentes de cervídeos (Lapa Vermelha IV) ouhumanos (Sumidouro) com a raiz perfuradaeram certamente elementos de colar. Walter(1948) menciona também contas de colar, feitascom dentes de capivara, associadas a umenterramento de horticultores na Lapa VermelhaVI. Tubos irregulares de ossos pequenos feitosde diáfises de aves e provenientes de CercaGrande eram também provavelmentedestinados a compor colares.

Dois grandes fragmentos mesiais de ossoslongos humanos, também recortados, foramencontrados em Sumidouro e na Lapa Mortuáriade Confins e são interpretados por Walter comocachimbos (um deles apresenta marcas dequeima numa extremidade e de dentes, noorifício oposto).

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2.3.4.3 - A indústria de concha

Plainas de concha de gastrópodos do gêneroMegalobulimus, cujos gumes internos ovaisforam obtidos através do lascamento controladodas paredes são os instrumentos mais típicosdo holoceno médio. Apresentam de uma a trêsperfurações desse tipo (Prous, 1985).Demostramos em 1976 que tais furos não eramnecessários para retirar o animal da concha,mas que se tratava de instrumentosmuito eficientes para descascar madeira.Encontramos mais de 50 dessas plainasem Lapa Vermelha IV, e muitas em São Joséde Confins (algumas, pintadas de vermelho)além de peças isoladas no refugo deantigas escavações, por exemplo emEucalipto.

Conchas de bivalva lacustres (ainda existemDiplodon na lagoa de Sumidouro) foramlascadas na extremidade e aparentementeusadas como goivas na Lapa Vermelhaenquanto uma outra, encontrada em Mãe Rosa,servia de godê, apresentando-se cheia depigmento vermelho.

Conchas menores de Bulimulus encontradasjuntas na Lapa Vermelha IV apresentampequenos furos de suspensão, talvez utilizadascomo pingentes. Adornos de concha debivalvas (fragmentos geométricos de Diplodonrecortados, às vezes com furos de suspensão)foram achados na Lapinha II bis e Marciano.Hurt & Blasi assinalam uma conta perfurada deOlivella (concha marinha) encontrada em CercaGrande, mas deveria ser confirmada aidentificação zoológica. O Museu da Lapinhaapresentava um colar completo de concha (oude casca de ovo?) supostamente encontradona região e que não pudemos estudar.

2.3.4.4 - A indústria de madeira

Os únicos vestígios indígenas de madeiraconservados são fragmentos de uma setaencontrados na Lapa Vermelha por Walter (umaarmação de madeira dura, provavelmentecoqueiro e uma parte proximal, de caniço).

2.3.4.5 - A indústria de cerâmica

As cerâmicas foram produzidas por horticultoresnos últimos dois milênios e pertencem a váriasculturas. Foram descritas por Walter (1958), Hurt& Blasi (1969) e Junqueira & Malta (1978).

Existem vasos pequenos (de 12 até 20 cm) eglobulares de parede fina (entre 5 e 10mm), combrunhidura externa, usados para a culinária. Hápouco antiplástico, geralmente quartzo, além defilito; raramente, hematita, fragmentos de carvãoe amianto; a queima é bastante oxidante emrazão da espessura limitada das paredes. Doispotes quase inteiros foram encontrados no sítiode Tiãozinho Fernandes pela Missão franco-brasileira.

Vasos de tamanho médio, também de paredesfinas, de forma cônica ou lembrando cuias, porvezes cobertos externamente por um engobovermelho; se não, são geralmente bem alisadose até, polidos. Pelo que se sabe das regiõesvizinhas, algumas dessas vasilhas podem tersido usadas como acompanhamento funerário.Essa categoria apresenta o mesmo tipo deantiplástico que o anterior, só que, às vezes,em grande quantidade (até cerca de 30% dapasta). Não conhecemos potes razoavelmentecompletos que tenham sido coletados na áreada APA, mas os cacos são típicos em váriossítios.

A terceira categoria de vasos é formada pelasigaçabas, ou seja, urnas grandes (até 1 m dediâmetro) e de grande espessura (até mais de3 cm em alguns casos), globulares, destinadasa guardar água, preparar bebidas fermentadase utilizadas também para enterrar os mortos,sendo neste caso cobertas por uma vasilhacônica emborcada servindo de tampa. Taisvestígios de igaçaba aparecem em quase todosos sítios cerâmicos; exemplares inteiros foramretirados, por exemplo da Vargem da Pedra ede Peri-Peri nos anos 50. Igaçabas praticamenteinteiras estão sendo atualmente erodidas pelasenxurradas, como num sítio localizado a menosde 2 km do centro de Lagoa Santa. Nenhumadas vasilhas descritas acima apresentadecoração.

Foram encontrados em alguns sítios próximosdo rio das Velhas (Sumidouro, Lapinha II bis)ou próximos ao córrego do Jaques (Engenho)alguns cacos decorados e bordas reforçadasprovenientes de vasilhas obviamentetupiguaranis. As decorações incluem estrias nasbordas; ungulações impressas na pasta antesda queima e traços vermelhos pintadosdiretamente na parte ou sobre engobo branco.

Rodelas de fuso de forma cônica, bicônica ouaté subesferoidal são comuns (e sendo por

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vezes descritas como contas de colar); foramregistradas nos sítios do Engenho, Lapinha IIbis, Lapa Vermelha IV, Poções etc.

Um adorno bicônico foi encontrado emSumidouro por H. Walter.

Cachimbos angulares, alguns decorados commotivos antropomorfos, foram encontrados emvários sítios superficiais e, segundo Walter(1948), durante as escavações superficiais daLapa Vermelha. Embora os autores costumemconsiderar esses cachimbos como sinal dainfluência européia, não há nada que comproveesse fato; numerosos cachimbos angularesforam encontrados no centro mineiro juntamentecom vestígios indígenas sem nenhum indíciode aculturação.

2.3.5 - O mundo simbólico

Dispomos de poucos meios para alcançar omundo simbólico dos homens pré-históricos:o estudo da estética, da percepção da paisageme dos ritos.

Limitar-nos-emos aqui a falar dos sepulta-mentos e da chamada “arte rupestre”, ou seja,“grafismos parietais.

2.3.5.1 - Os ritos funerários

Os “Homens de Lagoa Santa” , no início doholoceno, sepultavam os mortos em covasrasas; depositavam o corpo fletido, mãos napelve”ou na face ou nos ombros; os ossos estãoeventualmente manchados por pigmentos dehematite vermelha; a cova era preenchida poruma mistura de sedimentos que incluía cinzas.Às vezes, notou-se a existência de umafogueira. As covas eram rodeadas por blocosde pedra e, freqüentemente, cobertos por outrosblocos ou por uma laje. As “oferendas” e omobiliar funerário, geralmente, não eramdetalhados e não havia análise crítica para dizerquando os vestígios encontrados nas covasforam depositados intencionalmente nelas equando pertenciam a níveis anteriores e teriamsido redepositados ao se recolocar o sedimentoperturbado ao fechar as fossas.

Não sabemos quais eram os costumesfunerários do período pré-cerâmico mais recente.

Os horticultores do centro de Minas Geraissepultavam pelo menos parte de seus mortos

em urna, eventualmente acompanhados poradornos e machados semilunares, masnenhum enterramento na região da APA foidescrito até agora, já que todos os achadosforam feitos por lavradores ou pelo Sr. Banyai,que “trabalha” há anos no sítio do Bité (Junqueirae Malta, 1978).

2.3.6 - A “arte rupestre”

Os numerosos sítios com vestígios parietais(e novos sítios aparecem freqüentemente)fazem de Lagoa Santa uma das maisimportantes “províncias rupestres” do país. Ostrabalhos de levantamento sistemático iniciadospela Missão Franco-Brasileira e intensificadospelo Setor de Arqueologia da UFMG foramparcialmente publicados na França, pelo Institutd’Ethnologie de Paris. A análise de vários sítiosfoi divulgada em numerosas publicações eexposições no Brasil, na França, na Itália, naAustrália e nos Estados Unidos.

De particular importância foram as informaçõessobre a cronologia das pinturas e o reconhe-cimento de várias unidades estilísticas.

Pela primeira vez no Brasil, pinturas e gravurasparietais tiveram uma idade “semi-absoluta”(idade mínima) determinada; isso ocorreumercê às escavações da Lapa Vermelha,durante as quais descobriram-se, em 1973 e1976, grafismos enterrados abaixo de níveis deocupação datados pelo radiocarbono (Prous,1977). Dessa forma, demonstrou-se uma idademínima de pelo menos 4.000 anos para pinturas(um pouco menos, no caso das gravuras). Em1992, novos achados no mesmo abrigopermitiram recuar a idade dos primeirosgrafismos até pelo menos 6.000 anos (Silva eProus, 1992).

Além de elementos para datação “absoluta”, ossítios da região proporcionaram possibilidadesde datação relativa, pois as superposições degrafismos de estilo diferente permitem saberquais os mais antigos e quais os mais recentes.As Lapas de Cerca Grande, de Sumidouro, LapaVermelha II e do Ballet foram essenciais parase determinar a seqüência cronológica regional.A combinação das superposições com o estudodos graus de pátina e da localização nos níveisde descamação da rocha permite reforçar a

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credibilidade da cronologia proposta (Prous &Paula, 1979-1980, Prous, 1992; Baeta, Silva eProus 1992; Baeta e Prous, 1992).

A determinação de unidades estilísticas distintasiniciou-se em 1979 com o reconhecimento doque chamamos “Tradição Planalto”, subdivididaem vários estilos e de uma “TradiçãoSumidouro” (Prous, Lana e Paula, 1980). Atradição Planalto, a mais antiga, caracteriza-sepelo predomínio visual de figuras zoomorfas,principalmente cervídeos acompanhadaseventualmente por peixes, pequenosquadrúpedes e figuras antropomórficas muitopequenas e esquematizadas. Os diversosestilos, locais ou sucessivos, são relativos aotratamento gráfico das figuras e à ênfase acertos temas animalistas. A Tradição Sumi-douro caracteriza-se por densos alinhamentosde bastonetes que correspondem a ummomento específico de decoração no sítioepônimo, sendo intrusiva dentro da tradiçãoanteriormente mencionada.Nos anos 80,reconhecemos a especificidade do Estilo“Ballet” (provavelmente, uma manifestação daTradição “Nordeste” já definida em outrosEstados), mais recentemente caracterizado porcenas em que atuam antropomorfos de corpofiliforme e sexo bem realçado. Identificamos aseguir representações de tubérculos, maisrecentes que as unidades até então reco-nhecidas(na Lapa Vermelha II e em outro sítio,fora da APA).

Nos últimos anos, as pesquisas de A. Baeta eT. Moura levaram a identificar novos conjuntosgráficos formados por incisões, ainda nãoinseridos no quadro cronológico estilístico.

Além das tentativas de descobrir o sentido dosgrafismos, estuda-se a relação de uns com osoutros (a “gramática” das composições, aatitude dos novos “artistas” em relação às obrasanteriores...) e com a topografia. Por exemplo,verificam-se casos em que os homens pré-históricos destruíram voluntariamente as obrasanteriores para substituí-las (Ballet, CercaGrande -painel 1) enquanto outros tipos deatitudes ocorrem em outros locais.

Um outro passo nas pesquisas foi esboçadocom o estudo das possíveis relações entre osdiversos sítios rupestre da uvala de Lagoa Santa(Silva e Prous, 1992).

2.3.7 - As reconstituições da pré-história local:os quadros gerais

H. Walter (1958) foi o primeiro a esboçar umquadro geral das sucessivas culturas da região.Escreveu seu livro depois de uma viagem àInglaterra durante a qual tomou conhecimentodos quadros sintéticos elaborado para oPaleolítico e o Neolítico do Velho Mundo. Dentroda perspectiva ainda evolucionista unilinear daépoca e utilizando o modelo europeu, interpretouos dados coletados por ele, por seus colegasda Academia de Ciências de Minas Gerais epelos operários que com eles trabalhavam.Dessa forma, considerou certos artefatos comosendo “mais primitivos” por serem, aos nossosolhos, mais bonitos e, supostamente, mais bemelaborados (um machado semi-polido seria,então, menos evoluído e, portanto, mais remoto,que um machado totalmente polido; umacerâmica decorada seria mais evoluída queoutra, não decorada; as culturas com pontasde pedra bifaciais seriam mais recentes que asindústrias que delas carecem...). Parece terguardado do quadro paleolítico europeu a idéiade que as indústrias ricas em objetos de ossoseriam menos antigas que as outras. Dispunhade número razoável de sítios escavados, masde nenhuma observação estratigráfica ou deordem cronológica , a não ser o fato de quecertos artefatos teriam sido encontradosjuntamente com cerâmica ou com fauna extintasendo, portanto, mais recentes ou mais antigosque outros. Mesmo assim, não havia aparatocrítico para distinguir entre vestígios“encontrados juntos” e vestígios “associadoscronologicamente”.

O quadro proposto por Walter determina:

- A existência de um Homem pleistocênicoassociado à megafauna extinta (Confins,Samambaia, Lagoa Funda).

- A existência de um período pré-cerâmico delonga duração caracterizado pelos instru-mentos “toscos” de pedra encontrados no sítiode Mãe Rosa e as “pontas” de osso de mesmonome a que chamamos “furadores”.

- Um primeiro período ceramista caracterizadopelo desenvolvimento das pontas de quartzo(Eucalipto), pontas de osso de tipo “Eucalipto”(com haste) e uma cerâmica simples, nãodecorada.

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- Um segundo período ceramista caracterizadopor pontas de osso mais bem elaboradas (tipode Sumidouro), cerâmica decorada e pela“arte rupestre”.

A periodização de H.Walter, embora sofrafraquezas no aspecto cronológico, utilizadiferenças tipológicas reais dentro das indústriasde pedra polida e de ossos, mostrando ascapacidades de observação desse precursor.Isso torna ainda mais tristes as desavençasentre ele e os sucessivos arqueólogosprofissionais que trabalharam na região. Em vezde somar conhecimentos e experiências,levantaram barreiras que impediram uma melhorexploração científica do que viria a ser a APA deLagoa Santa.

W. Hurt e O. Blasi (1969) também elaboraramuma tipologia que, pela primeira vez, tentavadiscriminar melhor os artefatos lascados;mesmo assim, esses pesquisadores tiveramsua tarefa dificultada pelas características pecu-liares das indústrias de quartzo, cujodesconhecimento era geral entre os arqueó-logos da época (e ainda o é entre quase todosos pré-historiadores atuais). Suas escavaçõesnão permitiram diferenciar unidades culturaisalém de um período cerâmico e de um períodopré-cerâmico. Em compensação, as dataçõesdo abrigo VI de Cerca Grande, demonstrando aantigüidade do povoamento no Brasil e datecnologia da pedra polida, renovariam ointeresse para a pré-história do Brasil central.Hurt e Blasi definiram um “complexo CercaGrande”, unidade caracterizada essencialmentepor lascas brutas mas, que inclui tambéminstrumentos de quartzo como raspadores epontas bifaciais.

Em várias publicações, Hurt tentou associar oHomem de Lagoa Santa (dos períodos pré-cerâmicos) e os “Homens dos sambaquis”dentro de uma grande tradição cultural comum,sendo que as diferenças tipológicas entre asduas refletiriam apenas adaptações a meiosecológicos diversos. Essa posição é, a nossover, insustentável, pois as semelhanças entreas indústrias líticas lascadas explicam-seessencialmente pelo uso da mesma matéria-prima (o quartzo), imposto pelas condiçõesgeológicas. As primeiras culturas de LagoaSanta são bem mais antigas que as dossambaquis, foram feitas por uma populaçãogeneticamente distinta e a tipologia dos

instrumentos não lascados não é tão típica nemparecida com as do litoral para justificar essaaproximação.

A última síntese sobre a região é a de Prous(1978), que tenta dividir a pré-história do períodopré-cerâmico em 3 momentos, comcaracterísticas distintas no instrumental. Nasculturas ceramistas, distingue a presença devestígios das culturas Aratu (hoje em dia, nessaparte do Brasil, a cultura de aldeãos quefabricavam cerâmica não decorada é chamada“Sapucai” e Tupiguarani (cerâmicas decoradas).A possibilidade da presença de cerâmica “Una”é mencionada a propósito dos sítios cerâmicosem abrigo e de Tiãozinho Fernandes.

A tentativa dependia ainda muito dos relatóriosdas pesquisas realizadas antes de 1970, poisas escavações da Missão Franco-Brasileira naregião de Lagoa Santa concentraram-se naLapa Vermelha, cujo conteúdo cultural nãocorrespondeu ao esperado. Tanto que ospesquisadores da Missão, receosos de nãoachar mais sítios intactos para serempesquisados, em razão da pilhagem genera-lizada, passaram a investir preferencialmentena pesquisa da Serra do Cipó, onde um sítioexcepcional tinha sido localizado em 1976.Dessa forma, o trabalho em Lagoa Santapassou a ser essencialmente o levantamentoda arte rupestre, também ameaçada dedestruição e cuja existência era muito visível.Esses trabalhos originaram o quadro geral daarte rupestre regional apresentados no capítulo anterior. Os arqueólogos da UFMGconsideraram que continuar escavaçõessistemáticas numa região onde não havianenhuma forma de proteção nem interesse dasautoridades locais levaria à destruição dos sítiosque estivessem sendo pesquisados. Por isso,os conhecimentos sobre as culturas pré-históricas locais não progrediram sensivelmentedesde então, enquanto a depredação dos sítiosacelerou-se.

2.3.8 - O valor arqueológico da APA e a proteçãoao acervo arqueológico: o que fazer?

Salientaremos aqui tanto o valor da APA comoregistro da História da Arqueologia pré-históricae dos estudos sobre o Quaternário no Brasilquanto o valor científico dos vestígios aindaexistentes e conhecidos e, enfim, as poten-cialidades para futuros estudos.

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2.3.8.1 - O valor histórico

Acreditamos ter demonstrado o valor históricoda região: é o local das primeiras pesquisaspaleonto-antropológicas e da primeiracontrovérsia sobre a antigüidade do Homem nasAméricas, no início do século XIX e sobre suacontemporaneidade com a fauna extinta, compublicações numerosas tratando do tema naEuropa e nos Estados Unidos desde o final doséculo XIX até o início da segunda metade doséculo XX. Berço da mais antiga populaçãoamericana com esqueletos disponíveis paraestudo; local dos mais antigos achadosconhecidos no Brasil em 1969 (Cerca Grande)e de um sítio que apresenta a mais espetaculare didática seqüência estratigráfica dopleistoceno tardio e do holoceno no Brasil, comuma das ocupações humanas atualmentecomprovadas mais antigas no país (LapaVermelha). Pela primeira vez no Brasil, verificou-se a antigüidade de técnicas como o polimentoda pedra. No território da atual APA, foramobtidas as primeiras provas de que oscaçadores coletores, há milhares de anos, jádecoravam as paredes dos abrigos no territóriobrasileiro. Discussões metodológicas sobre aanálise dos grafismos rupestres foramdesenvolvidas na França no seminário de A.Laming-Emperaire. A desastrosa morte dapesquisadora a impediu de iniciar a análiseestilística e cronológica que seria finalmentetentada pelos pesquisadores da UFMG e daMissão Franco-Brasileira de Minas Gerais apartir de 1979-1980. Esses trabalhos fizeramde Lagoa Santa um dos dois pólos principaisde referência para a metodologia de estudo daarte rupestre no país a partir dos anos 80.

Acreditamos ser essencial preservar a memóriadessas pesquisas com a proteção especial aalguns locais particularmente significativos:

- Sumidouro e Escrivania, lugar das pesquisasde Lund e do descobrimento dos “Homens deLagoa Santa”. Nota-se que o segundo destessítios encontra-se um pouco fora da APA, masnuma região extremamente rica arqueo-logicamente e que deveria ser protegida.Sugerimos, portanto, que as margens noroesteda atual APA sejam acrescentadas a estaunidade de preservação.

Quanto ao abrigo n°1 de Sumidouro, seusparedões pintados estão num estadodeplorável e cada vez mais degradados em

razão do “turismo selvagem” e dos rituaispraticados na base dos painéis decorados.Somente uma intervenção imediata poderiasalvar algum testemunho para as próximasgerações.

- O abrigo n° VI de Cerca Grande, local dasimportantes escavações de Hurt e colabo-radores, já foi destruído; no entanto, os abrigosvizinhos com arte rupestre, descritos porLund, continuam razoavelmente preservados,embora insuficientemente fiscalizados apesarda boa vontade dos proprietários. Asautorizações dadas pelas autoridadespatrimoniais permitem que pessoas nãoacompanhadas continuem pichando osgrafismos, ou até pior, jogando água naspinturas! (prática regularmente utilizada porprofissional de nível superior que, todo ano,leva seus alunos para visitar os abrigos e osdestroem). Teria que ser impedida a visitaçãonão acompanhada por um guia.

- Os cortes geológicos e arqueológicos da LapaVermelha IV deveriam ser absolutamenteprotegidos; estão desmoronando em razão dopisoteio dos visitantes e da erosão pelasenxurradas. É indispensável um estudoespecífico para conseguir estabilizar estetestemunho fundamental da seqüênciaquaternária da região.

2.3.8.2 - Os sítios conhecidos

Todos os sítios arqueológicos são, por força dalei, bem da nação e, portanto, devem serpreservados. Isso não ocorre de maneira eficazna APA. Provavelmente, será necessárioconcentrar as ações fiscalizadoras e protetorasem alguns pontos de maior interesse científicoe que apresentem melhores condições deserem protegidos.

De um modo geral, todos os sítios sob abrigotêm sua área facilmente delimitada e seria fácilcercá-los e monitorá-los. É essencial protegeros que ainda apresentam vestígios arqueoló-gicos, seja arte parietal cuja degradação éirreversível, seja sedimento arqueológico aindasuscetível de ser escavado no futuro. A proteçãopoderia ser feita com tablados em cima dosquais os turistas deveriam andar e barreiras,protegendo as paredes. As formas deexploração econômica que mais ameaçamesses locais são as atividades mineradoras (as

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mais fáceis de serem fiscalizadas) e o turismoselvagem (ou seja, qualquer forma de visitaçãonão acompanhada por um guia especialmentetreinado e legalmente autorizado, categoriainexistente na região).

Os sítios a céu aberto são menos ameaçadospelo vandalismo, pois os turistas nem os notam.Em compensação, os que se encontram emem zonas agrícolas são destruídos pelapassagem do arado. Provavelmente, sejaimpossível indenizar os pequenos proprietáriosque dependem da lavoura para suasobrevivência, por isso poderia estudar-se apossibilidade de se escolherem apenas algunssítios - entre os mais preservados - para futuraspesquisas sistemáticas. Montar-se-ia um projetode pesquisa arqueológica de salvamento paraestudar os demais num prazo razoável,liberando a seguir o terreno para os trabalhosagrícolas. Caso existam achados excepcionais,possibilidade bastante remota, deve serpreservada a estrutura.

Obviamente, para que a proteção dos sítios seefetive, seria necessária uma estruturafiscalizadora eficiente na APA, com funcionáriosque recebessem uma formação adequada parae tarefa. As atividades ilícitas (escavações ile-gais, tráfico de peças, constituição de coleçõesparticulares com artefatos posteriores à lei de1961...) deveriam ser coibidas e um levanta-mento completo das coleções deveria serrealizado, o que permitiria realizar uma exposi-ção ou instalação de um museu da APA...

Lembramos que ao IPHAN cabe a proteção dossítios arqueológicos e o controle das atividadesneles realizadas.

2.3.8.3 - As potencialidades para futuros estudos

Frisamos que os sítios estudados de maneiraadequada, segundo os critérios de cientificidadeatual, são raros. Infelizmente, muitos locaisfavoráveis no início do século já foramdestruídos. Poucos abrigos e poucas aldeias acéu aberto, dentre os sítios já registrados,fornecerão informações relevantes para areconstituição arqueológica das culturasindígenas. Mesmo assim, os testemunhossedimentares dos abrigos semi-destruídosdevem ser preservados, pois mesmo os quenão puderem ser estudados de maneiraproveitosa nos próximos anos poderão sê-loquando novas preocupações e técnicasaparecerem no futuro.

Algumas regiões, particularmente no norte enordeste da APA, são quase totalmenteinexploradas pelos arqueólogos, podendoaparecer nelas sítios-chaves para a ciência.

Quanto aos paredões decorados, estãolonge de terem sido todos levantados de maneirasatisfatória; deveriam ser objeto de um pro-jeto específico interdisciplinar, visando analisaros fatores naturais de degradação regionaise completar o registro arqueológico e artís-tico.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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ANEXO IMapa de Arqueologia

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LOCALIZAÇÃO NO ESTADO

20º

16º42º48º

Conjunto Arqueológico de Poções

LEGENDA

Sítios cerâmicos

Sítios pré-cerâmicos

Arte rupestre

Área de proteção sugerida

Limites de áreas núcleo

Número do sítio correspondenteao texto

1000 0 1000 2000m

Escala Gráfica

Rios, ribeirões e córregos

Lagoas

Área urbana

MAPA DE ARQUEOLOGIA DAAPA CARSTE DE LAGOA SANTA - MG

BEBEDOURO

Faz. Jaguara

LAGOA DE DENTRO

FIDALGO

JENIPAPO

QUINTA DO

SUMIDOURO

BairroSanta Helena

LAPINHA

CAMPINHODE BAIXO

LAGOA SANTA

CONFINS

TAVARES

SÃO BENTO

MOCAMBEIRO

QUINTA DA

FAZENDINHA

DR. LUND

PEDRO LEOPOLDO

MATOZINHOS

DAS VELHAS

La. Pequena

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La. Bororó

La. de Dentro

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La. do Curtume

Córr.

Mucambo

La. do Brejo

La. Vargemda Pedra

La. Cerca de Achas

La. MariaAngelica

Palmeira

Córr.

La. da Mata

Riacho da Gordura

Córr. Palmeira

Lagoa deSanto Antônio

La. Caetano

La. dos Mares

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La. VargemComprida

615610605600595

615000E6106056005957855000N

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7825

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29

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87

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68 60

63

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57

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92

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46

50

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48 47

37

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52 51

30

3233

19

29

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21

3128

26 27

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23

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CPR MServiço Geológico do Brasil

II

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ANEXO IIRelação dos Sítios Arqueológicos Pré-históricos

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SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS

Coordenadas UTMNº Local Ortofoto m / Norte m / Leste04 Tiãozinho Fernandes 35-17-18 7821270 615090

17 * Pastinho 35-17-14 7829680 61668018 * Sobradinho 35-17-10 7831610/7831930 615380/61528019 Quebra Cangalha 35-17-10 7830230 61488020 Ollhos D`água 35-17-14 7828210 61210021 Quebra Prato 35-17-10 7829750 61146022 Faz. Fidalgo 35-17-09 7832180/7832260 611330/61150023 Lapa Mortuária 35-17-13 7828150 60732024 Lapa do Urubu 35-17-13 7824920 60939025 Abrigo do Galinheiro 35-17-13 7828940 60619026 Marciano 35-16-12 7830760 601880

27-I Conj. Lapa Vermelha 35-17-09 7830680 60546027-II Conj. Lapa Vermelha 35-17-09 7830720 60543027-III Conj. Lapa Vermelha 35-17-09 7830800 60539027-IV Conj. Lapa Vermelha 35-17-09 7830850 60537027-V Conj. Lapa Vermelha 35-17-09 7830990 60523027-VI Conj. Lapa Vermelha 35-17-09 7831030 60514027-VII Conj. Lapa Vermelha 35-17-09 7830920 605020

28 Eucalipto 35-16-12 7830980 60184030 Carroção (Lapa) 35-16-12 7833610 60302031 Limeira 35-17-09 7832170 60629032 Sítio do Engenho 35-17-05 7834640 60727033 Mãe Rosa 35-17-05 7834430 60764034 Abrigo do Bodão 35-17-05 7836760 60880035 Bité 35-17-05 7836310/7836350 608770/60888036 Vargem da Lapa 35-17-05 7835450 60992037 Jacques I 35-17-06 7836250 61342038 Jacques II (transmissão) 35-17-06 7836630 61347044 Sumidouro 35-17-01 7838970 61108045 Tamboril 35-17-01 7839280 60895047 Pedra Falsa 35-17-05 7837160 61009048 Vaca Prenha 35-17-05 7836800 61007049 Lapinha II Bis 35-17-05 7837470 60881050 Arruda 35-17-05 7837890 60868051 Samambaia 35-17-05 7836130 60633052 Campinho 35-16-08 7836370 60415053 Vargem Formosa 35-17-01 7840350 60499054 Salitre (Caianga) 35-16-04 7839640 604720

55 V Cerca Grande 35-16-04 7841120 60453055 VI Cerca Grande 35-16-04 7840700 60434055 VII Cerca Grande 35-16-04 7840670 604320

56 Lapa do Caetano 35-16-04 7841500 60324057 Santo Antonio II 35-16-04 7839320 60218058 Vargem da Pedra 35-16-08 7838610 60247059 João Bárbara 35-16-04 7838940 60246060 Periperi 35-16-04 7842070 60067061 Gruta de Caieiras 35-16-04 7842980 59899061 Abrigo de Caieiras 35-16-04 7842770 59900062 Porco Preto 35-16-04 7841040 59859063 Poções I 35-16-04 7841270 59963064 Poções II e III 35-16-04 7840770 59930065 Lapa do Ballet 35-16-04 7840270 59903066 Julião 35-16-03 7840250 596590

70 * Criciúma I e II 35-10-23 7845150 59560073 * Lapa da Pia 35-10-23 7846030 59456074 * Capão das Éguas 35-10-23 7846910 59573075 * Escrivania 35-10-29 7849240 59438076 * Escrivania 35-10-29 7849250 59450079 * Vice-Rei 35-10-29 7849910 59813084 Abr. Mata da Cauaia 35-10-24 7847810 60160086 Córrego Dantas 35-11-17 7581220 60532087 Mandiocal 35-11-17 7848860 60972088 Aç. do Barbosa 35-11-21 7846020 60656089 Gameleira 35-10-24 7844370 60404090 Experiência do Jaguara 35-10-24 7843890 604430

93 * Dolina da Bebida 35-10-29 7848540 597530

* Sítios Arqueológicos fora do limite da APA

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

IV

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TIÃOZINHO FERNANDES SIGLA MGBF 19 N° 04

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Sr. Geraldo Braga - Área IResidente no Local - Lagoa Santa - Fora da APADr. Renato (da Ical) Arrendada para a “MARBRITE”Fone: 621 2057 - Área II

DESCRIÇÃO:A área do sítio refere-se à área I, que segundo o proprietário, sofreu anteriormente extração de areia e terraplanagem para construçãode via pública. A área estende-se por uns 400 metros da Rodovia para Lagoa Santa até o acesso ao conjunto habitacional, tendo uns200 metros de largura, abrangendo as duas margens do Ribeirão da Mata.A área II encontra-se na margem oposta da Rodovia, de onde tivemos informação oral da localização no passado de muito materialcerâmico. A área encontra-se hoje sob mineração ativa.A terra é vermelha e argilosa, mas muito revirada em ambas as áreas.A área I é de pasto, inteiramente coberta. A área II apresenta vestígios de mata nas margens do córrego.Apresenta-se já urbanizado, inclusive com a implantação de grandes indústrias (Ex.: Mannesman Demag).Não encontramos nenhum vestígio, seja pela formação de pasto e terraplanagem na área I, seja pela mineração na área II.Ambas as áreas ficam às margens do Ribeirão da Mata.O sítio encontra-se totalmente destruído e acredito que mesmo as áreas de entorno, pouco poderão oferecer para novos estudos.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-18Coordenadas UTM: 7821270 mN - 615090 mETrabalhos anteriores realizados: MFB - 1974 (sondagens)Local de depósito do material: Museu Nacional do R. de Janeiro.

Bibliografia:Arquivos do MHN-UFMG. Vol. III.

PASTINHO SIGLA MGBF 112 N° 17

CARACTERIZAÇÃO: Sítio lito-cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Pastinho - já em área urbanizada.Sr. José de Matos Viana e FilhasRua Júlio Clóvis Lacerda, 131 - Lagoa Santa.

DESCRIÇÃO:O sítio prolonga-se desde o curral próximo à residência do proprietário no terço inferior, até a meia encosta do morro, próximo aoprolongamento da Rua Duarte da Fonseca, numa área aproximada de 100m².A terra é vermelha e argilosa.A área foi toda arada e coberta por um pasto já há muito anos. Na área próxima ao córrego sazonal há vestígio de mata. O sítioencontra-se à margem direita do córrego canalizado (vertedouro da Lagoa). O local apresenta-se já urbanizado, com ruas ecasas. A área da encosta, onde está o sítio, já está loteada, mas há muito poucas construções recentes. Tais lotes encontram-se à venda.Localizamos cacos cerâmicos da Tradição Sapucai de vários tipos, finos e grossos, (estes em maior quantidade) e outros demelhor acabamento. Encontram-se concentrados em algumas áreas.O Sr. Roberto Viana mostrou-nos uma lâmina de machado de pedra polida (fotografada) encontrada na área.A área já sofreu aradura constante, o que já determinou a fragmentação da cerâmica.Atualmente a área sofre de assoreamento, o que afeta o sítio. Também a urbanização, com a construção de residências,representaoutra ameaça ao sítio, que ainda apresenta boas possibilidades de estudo.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-14Coordenadas UTM: 7829680 mN - 616680 mETrabalhos anteriores realizados: prospecção MFB -1974Setor de Arqueologia - 1976Local de depósito do material: MHN-UFMG.

Bibliografia:Arquivos do MHN, Vol. IV.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

V

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SOBRADINHO SIGLA MGBF Não localizada N° 18

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Sobradinho.Dr. Ourives Mariano (herdeiro do Sr. Acácio)Endereço não obtido - Lagoa Santa.

DESCRIÇÃO:Prospectamos todas as áreas da fazenda, mas não localizamos os vestígios, portanto não nos foi possível descrever a áreaespecífica do sítio.Terra vermelha e argilosa.Vasas áreas de pasto, cobertas por capim alto. Poucas áreas voltadas para a agricultura (cana) e inexistência de matas.Pequeno córrego com a formação de dois açudes artificiais.Vestígios não localizados, por estarem encobertos e também pela coleta de cacos por Rosângela Albano de Lagoa Santa.Toda a área sofreu no passado aradura, o que deve ter contribuído para a fragmentação dos vestígios cerâmicos anteriormenteencontrados. A formação de pastos deve ter encoberto os vestígios, protegendo-os. Parece não haver ameaça iminente.

SITIO DO PADRE SIGLA: Não cadastrada (Sobradinho II)

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Sobradinho (também chamada Sossego)Irmãos Paulo / Jax / Aloísio FerreiraEndereço não obtido - Lagoa Santa

DESCRIÇÃO:O sítio encontra-se no topo de uma colina, recentemente arada para formação de pasto.Os vestígios encontram-se dispersos numa área de 60m x 5m muito próximos a uma área erudida por forte enxurrada.Terra vermelha argilosa.A área do sítio é ocupada por pastagem.Na parte superior ao sítio, há uma área de mata de onde provém a voçoroca que a separa da área de ocorrência. Talvez os vestígiospossam ter sido trazidos pela enxurrada, merecendo esta área uma prospecção mais ampla, não realizada por falta de tempo.Pequeno Córrego do Sossego, ao sopé da colina a aproximadamente trezentos metros.Achamos uma concentração de cacos com alta densidade e outros cacos dispersos na proximidade. Apresentam homogeneidadeparecendo ser de uma mesma peça e por serem de forma plana sugerem uma “tampa de urna”. São grossos, sem decoração.Os cacos são ainda grandes com 10 a 15cm de diâmetro parecendo possível proceder a remontagem da peça.Por estar à beira da voçoroca, os vestígios podem ser erodidos e transportados.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-10Coordenadas UTM: 7831610 mN - 615380 mE

7831930 mN - 615280 mE

Trabalhos anteriores realizados: - Prospecção do Setor de Arqueologia-UFMG.Coleta de material cerâmico por Rosângela Albano.Local de depósito do material: Centro de Arqueologia de Lagoa Santa.

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

VI

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QUEBRA CANGALHA SIGLA: Não localizada N° 19

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Quebra Cangalha - Lagoa SantaSr. FabianoFone: 375 6883 (em Belo Horizonte)

DESCRIÇÃO:Prospectamos a área apontada por Rosângela Albano, mas não encontramos nenhum vestígio.É um pequeno vale, estando o sítio localizado entre a meia encosta e o sopé, na área compreendida entre a estrada de acesso àsede, e um pequeno córrego, tendo aproximadamente 40m de largura por uns 200 de comprimento.O solo é argiloso.A vegetação é uma área de pasto já formada.Fica à margem esquerda do Córrego Bebedouro.Não encontramos vestígios no local, devido ao crescimento do capim no pasto. Mas foi coletada cerâmica por Rosângela Albano deLagoa Santa.Segundo R.Albano, os vestígios coletados estavam bastante fragmentados.Atualmente, logo acima da área do sítio há uma olaria em atividade com extração de argila em área também próxima, representandouma ameaça ao sítio.O entorno apresenta possibilidade de estudo, seja na margem oposta ao córrego, coberta por mato e na área acima da estrada compasto formado. A área acima já se encontra revirada pela olaria.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-10Coordenadas UTM: 7830230 mN - 614880 mETrabalhos anteriores realizados: - Prospecção do Setor de Arqueologia - UFMG- Coleta de material cerâmico no sítio por Rosângela Albano.Local de depósito do material: Centro de Arqueologia de Lagoa Santa.

ÓLHOS D’ÁGUA SIGLA Não localizada N° 20

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Ólhos D’Água - Lagoa SantaRoberto João Fonseca de AlmeidaRua Conde Dolabela, 140 - Centro - Lagoa SantaFone: 681 1414

DESCRIÇÃO:Toda a região é conhecida como Ólhos D’Água. Uma ficha de sítio elaborada informa a presença de um sítio cerâmico mas no localo proprietário disse ter encontrado apenas material lítico quando da construção de uns fornos, numa área localizada na meiaencosta próxima à estrada de acesso à sede.Os fornos estão alinhados numa estreita faixa de 3m de largura por 10m de comprimento. A peça foi encontrada no primeiro fornoem direção ‘a sede.O solo é de terra preta, coberta por pastagem estando o sítio à direita do Córrego Olhos D’Água distante cerca de 80 metros.Todo o entorno é de área de pasto e uma mata no topo da colina. Como não foi muito remexida, apresenta possibilidades de estudo.Nos sentimos cercados pelo proprietário, o que impossibilitou uma prospecção maior na área, para a localização de vestígioscerâmicos, insistindo em ter encontrado apenas uma machadinha de pedra polida entregue à Rosângela Albano de Lagoa Santa.O proprietário manifestou intenção de promover queimada e preparação de área no entorno para plantio de cana-de-açucar. Seriaportanto o caso de realizar uma intervenção arqueológica antes.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-14Coordenadas UTM: 7828210 mN - 612100 mETrabalhos anteriores realizados: Setor de Arqueologia - MHN/UFMG (Prospecção)Local de depósito do material: Centro de Arqueologia de Lagoa Santa.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

VII

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QUEBRA PRATO SIGLA Não localizada N° 21CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Sr. Vicente Félix - Rua Carlos Dias Ribeiro, 273 - Várzea - Lagoa SantaSr. Wando Roberto de Melo - Diretor do Ceasa-MG.

DESCRIÇÃO:Os vestígios encontrados estão dispersos desde o topo da colina às margens da estrada até o terço inferior já próximo ao córrego,num extensão aproximada de 300m de comprimento e uns 200m de largura, abrangendo área das duas propriedades.O solo de terra vermelha argilosa é fofo devido à aradura constante.Fica à margem esquerda do Córrego Capão de Santana.A vegetação é de cultivo. No topo da colina na propriedade do Sr. Vicente Félix há um bananal, na área do Sr. Wando Roberto deMelo há vestígios de mata. Já na encosta ambas as áreas estavam aradas para plantio.No entorno, no outro lado da estrada, há uma área de pasto, com muito mato e vestígios de mata, o que demonstra pouca utilização,que segundo informação oral também apresenta vestígios, não encontrados, pois a área está encoberta pela vegetação.Entre os vestígios cerâmicos há cacos finos, médios e grossos, que já encontram-se bem fragmentados, mas muitos ainda atingemo diâmetro aproximado de 8cm.Em comparação com outros sítios da região apresenta maior densidade de cacos dispersos. Nas áreas de maior concentraçãosituadas no alto da colina e em seu terço superior atinge ainda 4 cacos por m². Rosângela Albano informou-nos ter coletado mais dedois mil cacos na área e os vestígios ainda se apresentam em grande quantidade, o que a meu ver torna necessário e interessanteuma intervenção no sítio.A aradura antiga e constante da área deve ter determinado a acentuada fragmentação dos vestígios, não representando entãomaior risco, pois os danos já foram concretizados.A área, por ser de declive acentuado, favorece a erosão e transporte do material.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-10Coordenadas UTM: 7829750 mN - 611460 mELocal de depósito do material: Centro de Arqueologia de Lagoa Santa.Coleta por Rosângela Albano.Trabalhos anteriores realizados: Setor de Arqueologia - MHN/UFMG (Prospecção)

FAZENDA FIDALGO SIGLA Não localizada N° 22

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Fidalgo - Lagoa SantaOliveiros Pereira CamposContabilidade Inconfidentes - Av. Amazonas - Belo HorizonteGerente: Aldo Costa Lara.

DESCRIÇÃO:O sítio ocupa toda a encosta, desde a sede no topo da colina até o córrego do sopé. Encontramos duas concentrações; a primeirano terço superior a aproximadamente 150m da sede e outra no terço inferior da encosta já mais próximo ao córrego. A primeiraconcentração tem uma área de 20 x 10m e a segunda uma área de 30 x 10m.O solo é de terra vermelha, fofa.Toda a área encontrava-se arada para plantio.A área está à margem esquerda do córrego cujo nome não nos foi informado.Todo o entorno é voltado par a agropecuária, não havendo vestígios de mata, a não ser estreita faixa às margens do córrego.Localizamos cacos cerâmicos em pequena quantidade, apresentando homogeneidade em sua espessura e tratamento. Nãoapresentam decoração.Os vestígios encontram-se bem fragmentados, talvez pela aradura constante.Tal atividade tem provocado a dispersão e rolagem de tais vestígios.OBS.: Trata-se também de um sítio histórico, pois há uma capela do Sec. XVIII, que sofreu reforma recente com recomposiçãototal de seu telhado.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-09Coordenadas UTM: 7832180 mN - 611330 mE

7832260 mN - 611500 mE

Trabalhos anteriores realizados: Setor de Arqueologia - MHN/UFMG (Prospecção)

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

VIII

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LAPA MORTUÁRIA DE CONFINS SIGLA(IPHAN): MGBF 46 N° 23

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo sem pinturas

PROPRIETÁRIO: Riu de Souza FilhoLagoa Santa (Confins)

DESCRIÇÃO:A Lapa Mortuária de Confins é uma pequena gruta no maciço da Lagoa de Confins, que se desenvolve por cerca de 25m no sentidoLeste-Oeste, localizado bem próximo à área urbana do distrito de Confins.O sítio tem grande importância na história das pesquisas na região, tendo sido objeto de escavações de Padberg-Drenkpohl e H.V.Walter, que retiraram quase todo o sedimento do interior da gruta. As escavações forneceram valiosas coleções de esqueletoshumanos, instrumentos e fauna extinta. Não há pinturas rupestres no sítio, mas há um conjunto de incisões num bloco abatido.Além da generalizada perturbação no sedimento, o sítio tem sido depredado pela visitação (vêem-se pichações e algum lixo nasuperfície). O entorno tem sido explorado para agricultura, conservando-se, contudo, a mata imediatamente acima do maciço.Diante do acesso que leva à gruta, uma área tem sido utilizada como bota-fora, acumulando blocos e resíduos de exploração docalcário.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto 35-17-13Coordenadas UTM: 7828150 mN - 607320 mELocal de depósito: Museu de História Natural da UFMG

Museu Nacional do Rio de Janeiro

Bibliografia:Bastos D’Ávila 1941Hurt & Blasi 1969Laming-Emperaire et alii 1975Mattos 1941Padberg-Drenkpohl,Prous 1978Souza Cunha 1964Stewart & Walter 1955Walter 1958Walter, Cathoud & Mattos 1937

LAPA DO URUBU SIGLA N° 24

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo sem pintura.

PROPRIETÁRIO: Área de propriedade da Cia. de Cimento Portland Itaú - VespasianoAv. General Sarnoff, 920 - em Belo Horizonte - Fone: 335 1414

DESCRIÇÃO:O abrigo encontra-se na base num afloramento calcário. O abrigo tem uma largura aproximada de 15 metros; prolonga-se por umconduto interno que leva a uma outra saída.Dentro e na boca do abrigo o sedimento é acinzentado, enquanto no exterior, a terra é avermelhada.Toda a área de entorno é de mata natural, fechada. Há também uma área de reflorestamento (eucalipto) a aproximadamente 300metros.Em frente ao abrigo há um córrego intermitente.O paredão do abrigo apresenta pixações por incisão e carvão, algumas com data recente, o que demonstra visitação contínua epredatória.Não encontramos nenhum vestígio no abrigo, mas há indícios de escavações antigas. Pelo relatório inédito de Bastos d’Ávila, foramencontrados 12 sepultamentos e uma indústria lítica com material lascado e polido, que podem ter sido realizados neste local.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-13Coordenadas UTM: 7824920 mN - 609390 mETrabalhos anteriores realizados: Bastos d’Ávila - Museu Nacional do R. de o (escavações) em 1937 Local de depósito do material: O material coletado por B.d’Ávila mente esteja no Museu Nacional. Na coleção H.Walter, ente noMHN/UFMG, há um anzol de osso em proveniência deste local.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

IX

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ABRIGO DO GALINHEIRO SIGLA(IPHAN): MGBF 50 N° 25

CARACTERIZAÇÃO: abrigo com pinturas

PROPRIETÁRIO: Zilda Bastos VelosoLagoa Santa (Confins)

DESCRIÇÃO:O sítio encontra-se na área urbana do distrito de Confins, no quintal de uma residência. Trata-se de um pequeno afloramento naborda da dolina da Lagoa de Confins, onde se desenvolve um abrigo com cerca de 25m de largura, por 8m de profundidade,atualmente com o teto de 3m a 4m de altura. Da vegetação nativa resta apenas a mata estritamente sobre o maciço.O sítio foi parcialmente escavado por H.V. Walter e pela Missão Arqueológica Franco-Brasileira (esta última localizou vestígios depinturas rupestres que não foram por nós encontradas) nos anos 80.Parte do sedimento do sítio (uma espessura de aproximadamente 2m) foi retirada, com uso de um trator, pelo proprietário, quetransformou o abrigo na extensão de seu quintal, utilizando-o como garagem e depósito. Na oportunidade, M. Banyai teria retiradodo local vários esqueletos. A destruição que poderia ser causada ao sítio já ocorreu, sendo que agora o proprietário zela pelo abrigocomo quem zela pelo quintal de sua casa.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto 35-17-13Coordenadas UTM: 7828940 mN - 606190 mELocal de depósito: Museu de História Natural da UFMG

Museu da Lapinha - Lagoa Santa

Bibliografia:Laming-Emperaire et alii 1975Walter

MARCIANO SIGLA MGBF 41 N° 26

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo rochoso com vestígios de ocupações pré-históricas em estratigrafia.

PROPRIETÁRIO: Cauê Minas.Rodovia MG 424 - Km 18.

DESCRIÇÃO:O abrigo situa-se em testemunho calcário próximo a uma grande dolina seca. A vegetação em torno é de mata rala e não há,atualmente, ponto d’água nas proximidades. Suas dimensões aproximadas são 12 metros de largura por 3 metros de profundidade.Os vestígios arqueológicos do sítio foram encontrados por H.V.Walter em escavações na década de 50 e são 1 caco de cerâmicadecorado, ossos, conchas trabalhadas e pontos de projétil de quartzo, além de outras peças líticas.Segundo informações de funcionário da Cauê - Romídio - os abrigos Marciano e Eucalipto são protegidos pela empresa desde oEIA-RIMA da lavra (1990 - Brandt - Meio Ambiente) e não há interesse da empresa em explorar na região dos sítios.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-12Coordenadas UTM: 7830760 mN - 601880 mELocal de depósito: MHN-UFMG (algum material da coleção Walter)

Bibliografia:Walter- 1958Laming-Emperaire et alii 1975

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

X

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Conjunto de LAPA VERMELHA SIGLA(IPHAN): MGBF 35 N° 27MGBF 36MGBF 37MGBF 38

CARACTERIZAÇÃO: Conjunto de abrigos com grafismos rupestres

PROPRIETÁRIO: Mineração Lapa VermelhaPedro Leopoldo

DESCRIÇÃO:O conjunto da Lapa Vermelha é formado por sete locais num afloramento calcário voltado para SW, numa extensão de cerca de1km. O afloramento limita uma grande dolina, que conta com uma lagoa ainda ativa. A vegetação nativa encontra-se limitada aotopo do maciço, tendo sido removida em toda a dolina, inclusive nos talude dos abrigos. As pastagens ocuparam toda a área ondenão há afloramento rochoso.

Lapa Vermelha I SIGLA(IPHAN): MGBF 35

O sítio corresponde à grande gruta do conjunto, onde se encontra o sumidouro atual da lagoa. Há grafismos rupestres no piso daentrada (gravuras), que oferece diversos patamares com sedimento de potencial arqueológico e existem pinturas na parede norte.Há alguns arbustos próximos à entrada e remanescentes da vegetação nativa ao lado da gruta.A Missão Arqueológica Franco-Brasileira realizou uma sondagem no sítio.A gruta é muito visitada: tem suas paredes completamente coberta de grafismos modernos e o sedimento muito pisoteado. Hápostes de energia elétrica no interior da gruta, provavelmente para uma antiga captação de água. Pode ser encontrado algum lixo nasuperfície e algumas depredações ameaçam diretamente as gravuras.

Lapa Vermelha I bis SIGLA(IPHAN): MGBF 36

O sítio é um patamar abrigado a Leste da grande gruta, com antigos sumidouros desativados que dão acesso a seu interior. Semvegetação, está exposto diretamente ao sol da tarde. Há diversa pinturas nas paredes, muito alteradas devido à precipitação decalcita. O patamar conta com uma camada não muito espessa de sedimento, aparentemente não perturbado.Não há pichações, nem outros sinais de visitação.

Lapa Vermelha II

O sítio é constituído de um patamar cuja parede é coberta por pinturas rupestres, e que se sobrepõe ao patamar I bis e uma pequenagruta. Na gruta não há qualquer sinal de pinturas rupestres, encontradas somente no patamar, em situação semelhante àquelas doabrigo I bis. O mesmo pode ser dito em relação à visitação. A mata que cobria a encosta, o talude que dá acesso ao abrigo, foidestruída, substituída por pasto, entremeado por alguns poucos arbustos.

Lapa Vermelha III

O local é uma gruta com cerca de 20m em sua entrada e mais de 6m de altura, com uma profundidade de algumas dezenas demetros. Há algumas pichações e pouco lixo, que denunciam a visitação, não muito intensa. A mata da vertente foi destruída,restando poucas árvores, incapazes de proteger a gruta. Não é sítio arqueológico.

Lapa Vermelha IV SIGLA(IPHAN): MGBF 37

O sítio é formado por uma parede calcária que oferece um abrigo pouco profundo no alto da vertente da dolina. Tendo sido removidagrande parte da vegetação nativa, algumas das pinturas que se distribuem pelo abrigo ficam diretamente expostas ao sol da tarde.A Missão Arqueológica Franco-Brasileira promoveu uma grande escavação no local. No sítio foi encontrado o mais antigo esqueletodatado das Américas (cerca de 11.000 anos) e restos de fauna extinta. As datações radiocarbônicas vão desde o período sub atualaté mais de 25.000 anos atrás. Os barrancos da escavação de até 10m de altura estão expostos à erosão. Não há, entretanto,indícios de visitação.

Lapa Vermelha V

A Lapa Vermelha V é um pequeno afloramento, situado numa discreta parede calcária a 50m da Lapa Vermelha IV. Não há indíciosde visitação, sendo este o ponto mais protegido pela vegetação em todo o conjunto. Não houve intervenções arqueológicas no local.Não se trata de um sítio arqueológico

Lapa Vermelha VI

O sítio é uma pequena gruta com cerca de dez metros de profundidade, cuja entrada em arco tem cerca de 3m de largura por 1,80mde altura. Não foram feitas intervenções no sedimento, mas há sinais de visitação (algumas pichações e lixo), tendo sido usadarecentemente como abrigo (vêem-se restos de uma fogueira recente). A gruta dista cerca de 20m da Lapa Vermelha VII, no sopé damesma parede rochosa. Foi escavado pela Academia de Ciências de Minas Gerais que retirou do local vários esqueletos e materiallito-cerâmico.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XI

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Lapa Vermelha VII

O sítio é formado por um abrigo com uma superfície sedimentar de cerca de 20m por 7m, que antecede o desenvolvimento de umagrande gruta. A gruta estende-se por cerca de 50m, num nível inferior ao piso do abrigo (vide croqui), com 20m de largura e alturavariando entre 10m e 20m. o piso da gruta é sedimentar, tendo sido objeto de grande perturbações. A extremidade NE é uma dolinade desabamento - a gruta forma portanto um túnel.Na dolina de desabamento a vegetação encontra-se me bom estado, o que não pode ser dito para a vertente que dá acesso aoabrigo.

Lapa Vermelha Soleil SIGLA(IPHAN): MGBF 38

CARACTERIZAÇÃO: sítio cerâmico a céu aberto

O sítio cerâmico encontra-se diante da Lapa Vermelha I, do outro lado da lagoa. Foram localizados pouquíssimos cacos, muitoerodidos e fragmentados numa área hoje ocupada por pastagens e roça de milho. Distribuídos de modo mundo esparso, os cacosse encontravam ao longo de uma linha de 100m de comprimento, na vertente da dolina em direção à lagoa. Não foi possívelencontrar nenhuma área de maior concentração.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto 35-17-09Coordenadas UTM: Lapa Vermelha I - 7830680 mN - 605460 mE

Lapa Vermelha II - 7830720 mN - 605430 mELapa Vermelha III - 7830800 mN - 605390 mELapa Vermelha IV - 7830850 mN - 605370 mELapa Vermelha V - 7830990 mN - 605230 mELapa Vermelha VI - 7831030 mN - 605140 mELapa Vermelha VII - 7830920 mN - 605020 mELocal de depósito: Museu de História Natural da UFMG

Bibliografia:Cunha & Guimarães 1978Evans 1950Laming-Emperaire et alii 1975Laming-Emperaire 1979Prous 1986Prous 1992Silva e Prous 1992Walter 1958

EUCALIPTO SIGLA MGBF 33 Nº 28

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo rochoso com vestígios de ocupações pré-históricas em estratigrafia.

PROPRIETÁRIO: Cauê Minas.Rodovia MG 424 - Km 18.

DESCRIÇÃO:Abrigo calcário situado na vertente do maciço, próximo ao cume. A vegetação em frente em torno é de mata rala e gramínea - nãohá mais a mata de eucaliptos que deu nome ao sítio.O abrigo dista 1,0 km do Ribeirão da Mata.Aberto para oeste, o abrigo possui 36m de largura e 12m de profundidade; a área abrigada teve seu sedimento completamenteretirado por escavações nas décadas de 40 e 50.Os vestígios arqueológicos de Eucalipto são fragmentos ósseos animais, cerâmica, material lítico lascado e polido, pontas de ossoe de quartzo e numerosos sepultamentos.O abrigo foi escavado sucessivas vezes, em 1948 por Cristiano Otoni, em 1948, 49 e 54 por H.V.Walter; foi visitado em 1975 pelosmembros do recém-criado Setor de Arqueologia do MGN-UFMG quando foi coletada uma plaina de concha.O local tem sido visitado indiscriminadamente e o lixo deixado em grande quantidade pelos turistas vem se acumulando no sítio. Oacesso é fácil, a estrada da pedreira que passa em frente ao sítio chega próxima a um bairro da periferia de Pedro Leopoldo.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-12Coordenadas UTM: 7830980 mN - 601840 mELocais de depósito MHN-UFMG (parte do material da coleção Walter e plaina de concha)

Bibliografia:Evans 1950Hurt 1960Walter 1958Prous 1978

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

XII

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CARROÇÃO (LAPA) SIGLA MGBF 32 N° 30

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo.

PROPRIETÁRIO: Gabriel SalesCx. Postal 33 - Fone: 661 3175/661 1290Fazenda Mineradora Borges. Mun.: Pedro Leopoldo.Dificultou ao máximo a pesquisa, exigindo ordem judicial para autorizar a entrada.

DEFINIÇÃO:O abrigo domina uma dolina profunda. Na sua entrada há um resto de mata e sua parte meridional é ocupada por um colúvio erejeitos de mineração (?) provenientes de uma pedreira, aparentemente desativada, situada a 50m do abrigo.O abrigo tem cerca de 30m de largura, e entre 5 e 7m de profundidade. A água mais próxima é uma lagoa sazonal, transformada emaçude no início dos anos 70. Um sumidouro próximo indica um antigo nível do fundo da dolina. Antigamente, havia uma matacalcícola no talude, que foi cortada. Não há vestígio de grafismos rupestres. O sedimento superficial, pulverulento e cinzento, cobreuma camada mais compacta marrom. Este pacote, de idade holocênica tem uma espessura de 50cm, repousando sobre um nívelde lages desabadas.O setor de Arqueologia da UFMG escavou 13m² em 1976, verificando a existência de várias ocupações holocênicas, com restos deestruturas, de artefatos e vestígios alimentares típicos das culturas pré-históricas da região. O material, em grande parte inédito,está depositado no MHN/UFMG (cerâmica, lítico, conha trabalhada, fauna).O proprietário do Museu da Lapinha coletou vasos de cerâmica antes de 1976, e o sítio foi parcialmente perturbado para exploraçãode salitre no início do século XX (pelo avô do proprietário atual).Ainda há sedimento arqueológico intacto.A proximidade de uma exploração de calcário parece ser a maior ameaça ao sítio.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-12Coordenadas UTM: 7833610 mN - 603020 mELocais de depósito: UFMG/MHN n° 54Museu da Lapinha

Bibliografia:Junqueira, P. & Malta, I 1978Veloso & Resende 1972

LIMEIRA SIGLA MGBF 39 N° 31

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo.

PROPRIETÁRIO: Jacimão.Fazenda Lapa Vermelha. Mun.: Pedro Leopoldo.

DEFINIÇÃO:O sítio é um abrigo rochoso na parte mais baixa do terreno. De frente pro sítio se eleva a colina onde se instala a nova sede dafazenda Lapa Vermelha.Na extremidade esquerda do paredão ocorre um processo de erosão devido ao desmatamento próximo à dolina e à inundaçãoperiódica da lapa. Também ocorre uma sedimentação a partir de cone de dejeção.A região é usada para pasto. O abrigo apresenta sinal de depredação por visitantes. A cerca de 300m está a mineração da pedreirada Lapa Vermelha.O sítio foi escavado em 1952 e 3 por H.V.Walter.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-09Coordenadas UTM: 7832170 mN - 606290 mELocais de depósito:

Bibliografia:Arqueologia da Região de Lagoa Santa (MG)H.V.Walter 1958 (p.72-75)Junqueira, P. & Malta, I 1978Sítios cerâmicos da região de Lagoa Santa.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XIII

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SÍTIO DO ENGENHO SIGLA(IPHAN): sem nº N° 32

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto

PROPRIETÁRIO: Mineração Lapa VermelhaPedro Leopoldo.

DESCRIÇÃO:O sítio encontra-se na vertente da margem esquerda do Córrego Samambaia, estendendo-se desde o alto da vertente (limite coma dolina do abrigo Mãe Rosa) até o ponto onde hoje se encontra a estrada. O ponto de água atual mais próximo é o CórregoSamambaia, que dista cerca de 600m da extremidade oeste do sítio.A área de ocorrência dos cacos de cerâmica corresponde a uma superfície de, aproximadamente, 250m (Leste-Oeste) por 500m(Norte-Sul), na qual observa-se uma concentração média de 4 fragmentos por metro quadrado, cujo tamanho não ultrapassa 4cm.Dentro dessa ampla área há pontos de maior concentração de cacos, onde se chega a 10 ou 15 cacos por metro quadrado.O sítio foi prospectado por JUNQUEIRA & MALTA, em 1978.O sítio está coberto de pastagem, sofrendo um processo de erosão, não muito acentuada, em função de uma pequena estrada queo atravessa e das trilhas de gado. Nada resta da vegetação nativa e a terra parece ter sido arada diversas vezes. Os ricos imediatossão o pisoteio do gado e novas ações do arado para eventuais replantios do pasto. O processo erosivo pode, a médio ou longoprazo, promover o deslocamento dos vestígios em direção às margens da estrada.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto 35-17-05Coordenadas UTM: 7834640 mN - 607 270 mEO sítio não foi fotografado.Local de depósito: Museu de História Natural-UFMG.

Bibliografia:Junqueira & Malta 1978.

MÃE ROSA SIGLA(IPHAN): MGBF 40 N° 33

CARACTERIZAÇÃO: abrigo sem pinturas

PROPRIETÁRIO: Mineração Lapa VermelhaPedro Leopoldo

DESCRIÇÃO:O sítio Mãe Rosa é um conjunto de pequenos abrigos no sopé do maciço calcário de uma dolina próxima ao vale do CórregoSamambaia. O maciço é voltado para Oeste e os pequenos abrigos (todos com menos de 20m2) distribuem-se numa extensão de,aproximadamente, 200m. A vegetação nativa foi preservada no bojo da dolina e sobre o maciço, oferecendo boa proteção aos sítios.Os abrigos de NW possuem fendas e/ou sumidouros ativos, por onde o sedimento tem sido erodido. Não há água na dolina, sendoo ponto de água mais próximo o Córrego Samambaia (cerca de 500m a Oeste).H.V. Walter escavou no local, retirando farto e precioso material arqueológico. As marcas das sondagens são visíveis em alguns dosabrigos (vide croqui).O sítio não é visitado, não havendo lixo ou depredações. Os riscos aos quais se encontra exposto são um eventual desmatamentoda vegetação nativa e o próprio processo de erosão natural (sobretudo nos abrigos de NW).

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto 35-17-05Coordenadas UTM: 7834430 mN - 607640 mELocal de depósito: Museu de História Natural da UFMG

Bibliografia:Laming-Emperaire et alli 1975Prous 1978Walter 1958

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

XIV

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ABRIGO DO BODÃO SIGLA MGBF 129 N° 34

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Lapinha - Lagoa Santa/LapinhaMarco Aurélio GuimarãesEndereço não obtido.

DESCRIÇÃO:O sítio encontra-se num maciço calcário que prolonga-se por aproximadamente 500 metros. Localizamos sete abrigos, dos quaisapenas dois são amplos, todos na base do maciço.Nos abrigos há poucas áreas com sedimento acinzentado. A área em frente ao abrigo é argilosa e vermelha, estando inteiramentedesmatada, sendo ocupada por pasto e pequenas áreas de plantio.Encontra-se à margem esquerda do Córrego Samambaia, distante aproximadamente 150 metros.Não encontramos vestígios nítidos. No abrigo maior achamos sinais de possível incisão e manchas que podem ser da rocha.O paredão encontra-se totalmente exposto devido ao completo desmatamento da área.Um dos abrigos aparenta ter sido dinamitado e houve retirada de blocos abatidos recentemente. E possivelmente neste abrigo emque foram localizadas as pinturas registradas na ficha de prospecção de 22.03.79. Neste caso foram destruídas nos últimos anos.Há também depredações de paredão por incisão e carvão. Ainda há sedimentos ainda intactos nos abrigos, que podem permitirfuturas escavações.No entorno a área só apresenta vestígios de mata a uns 600m já na região do outro sítio intitulado Lapinha II bis. O entorno próximojá sofreu aradura constante estando revirado e hoje encoberto por pastagem.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-05Coordenadas UTM: 7836760 mN - 608800 mETrabalhos anteriores realizados: Setor de Arqueologia - MHN/UFMG (Prospecção)

BITÉ SIGLA MGBF 112 N° 35

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Saulo Wanderley - Lagoa Santa/LapinhaConstrutora CowanFone: 448 8000 / 273 2011 - em Belo Horizonte

DESCRIÇÃO:O sítio localiza-se numa área de forte declive próximo ao córrego, ao fim de uma encosta que inicia-se na Estrada da Gruta daLapinha.A área do sítio compreende uma área de 100m por 300m, afunilando-se próximo à pequena mata.A terra é vermelha e argilosa.Localizamos os vestígios na área de pasto e alguns poucos na pequena mata vizinha.Encontra-se à margem direita do Córrego Samambaia a 50m de distância.Todo o entorno é de pasto, restando apenas uma pequena mata, na área do sítio onde o declive é mais acentuado.Localizamos boa quantidade de cacos cerâmicos da Tradição Sapucai dispersos pela área, de vários tipos: uns finos com melhoracabamento, outros mais grossos, sem decoração.A aradura deve ter provocado a fragmentação dos vestígios. O pasto e a mata fechada podem proteger o material enterrado, maso declive acentuado favorece a erosão e o transporte do material superficial.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-05Coordenadas UTM: 7836310 mN - 608770 mE

7836350 mN - 608880 mETrabalhos anteriores realizados: Setor de Arqueologia - MHN/UFMG (Prospecção)

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XV

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VARGEM DA LAPA SIGLA(IPHAN): MGBF 51 N° 36CARACTERIZAÇÃO: Abrigo com pinturas rupestres

PROPRIETÁRIO: José de Souza AssunçãoLagoa Santa (Lapinha)

DESCRIÇÃO:O sítio encontra-se na lapa (afloramento calcário) de uma dolina no limite da área urbana do distrito de Lapinha (município de LagoaSanta). O maciço ergue-se até dezenas de metros de altura, oferecendo uma área abrigada no fundo da dolina - que alagasazonalmente. Sobre o maciço há mata nativa em bom estado, apesar de alguma intervenções antrópicas (antigo forno de cal e umapequena estrada abandonada). A vegetação no entorno da dolina foi retirada para pastagem ou pequenas culturas.As pinturas foram calcadas por uma equipe do CETEC, mas não se fizeram escavações no local.As pinturas encontram-se num estreito patamar do paredão, voltadas para SW, a cerca de 7m de altura. Portanto, embora o acessoà Lapa seja muito fácil e a população a frequente assiduamente, as pinturas encontram-se protegidas pelo difícil acesso ao patamar.A parte baixa do maciço é alvo de frequentes depredações (pichações), mas não há acúmulo de lixo no sítio.Em resumo, o sítio não corre riscos imediatos, desde que não se promovam outras intervenções na mata de cobertura do maciço.

DOCUMENTAÇÃO:

Ortofoto 35-17-05Coordenadas UTM: 7835450 mN - 609920 mE

Bibliografia:Laming-Emperaire et alii 1975

JACQUES I SIGLA Não há. N° 37

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Bar “Balneário do Campinho” (“caminho da gruta”)Gilson (nome completo desconhecido)Endereço: só se sabe que mora em Belo Horizonte.Leônidas Vieira de Souza é o vizinho que toma conta.Telefone comunitário: 680-1003.

DESCRIÇÃO:O sítio localiza-se num matagal no meio de uma encosta suave na margem esquerda do córrego do Jacques, à ± 100m nos fundosdo Bar “Balneário do Campinho”. O solo é argilo-arenoso, bastante erodido devido à frequente atividade de lavoura. Não foi possívelem 1995 localizar os vestígios de superfície, assinalados em 1993, pois o mato impedia a visualização. O local está abandonado emuito próximo ao entulho de lixo, provavelmente descartado pelos usuários do Balneário.OBS.: Há dois anos atrás, em 1993, vistoriamos a área e foram coletados alguns cacos de cerâmica simples, não decorada.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-06Coordenadas UTM: 7836250 mN - 613420 mEColeções: Setor de Arqueologia da UFMG - 1993.

Bibliografia: Não há.

JACQUES II (transmissão) SIGLA: Não há. N° 38

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Tarcísio (nome completo desconhecido)Região do Campinho, estrada de terra para a Fazenda Fidalgo.Só se sabe que mora em Vespasiano.

DESCRIÇÃO:O sítio está situado numa área de plantação, a meia vertente de uma colina suave, cerca de 150m acima do córrego do Jacques, namargem direita do mesmo.Na superfície do solo argiloso, foram encontrados poucos cacos cerâmicos não decorados, espalhados numa área de 50m dediâmetro. O local está sendo arado constantemente.OBS.: Há dois anos atrás a densidade de material aflorando era maior. Ocorria em dois pontos de concentração e foi colhida cercade uma centena de fragmentos de cerâmica. Hoje sequer uma dezena de cacos pode ser encontrada.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-06Coordenadas UTM: 7836630 mN - 613470 mEColeções: Setor de Arqueologia da UFMG - 1993.

Bibliografia:Não há.

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

XVI

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LAPA DO SUMIDOURO I SIGLA MGBF 18 Nº 44

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo.

PROPRIETÁRIO: Sebastião Pereira da Conceição.Quinta do Sumidouro - Matozinhos.

DESCRIÇÃO:Afloramento calcário exposto para W, de aproximadamente 100m de extensão e 30m de altura, na margem (E) da lagoa em dolinaque fica a 10m do paredão com pinturas.Vegetação herbácea para pastagem e resto de mata em torno.A água mais próxima é da Lagoa do Sumidouro e do Córrego Samambaia.Embasamento geológico - calcário.Abrigo sob rocha, bastante irregular e pouco profundo.No paredão Norte do abrigo, há centenas de pinturas rupestres geométricas e zoomorfas.A cerâmica também é encontrada na superfície. São poucos cacos pequenos, fragmentados simples.Na década de 50 H.V.Walter escavou este sítio, retirando grande quantidade de material arqueológico como machados polidos,material lascado, pontas de osso, adornos e vários tipos de cerâmica decorada.

Vários danos a este sítio já foram causados:- pichações sobre os grafismos- fuligem e restos de fogueiras de turistas atuais- grande quantidade de lixo- descamação do paredão meridional- escorrimentos causados, falta ação da água sobre a rocha, chegam a mascarar as figuras.Fatores de risco:- turismo descontrolado- desmatamento das áreas em torno- avanço da área residencial para próximo do sítio.- baixo nível da água facilitando o acesso- estradas muito próximas.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-01Coordenadas UTM: 7838970 mN - 611080 mETrabalhos realizados:- Missão Franco-Brasileira de Arqueologia 1971 e 1974 (sondagem) - H.V.Walter - década de 50.Local de depósito: Museu Nacional do Rio de Janeiro MHN/UFMG.

Bibliografia:Clement, G. 1979Hurt Jr., W. & Blasi, O 1969IBGE 1939Junqueira, P. & Malta, I.M. 1978Laming-Emperaire, A. et alii 1975Prous, A. 1977Prous, A. et alii 1979Prous, A. & Paula, F. 1980Walter, H.V. 1948Walter, H.V.

LAPA DO SUMIDOURO II SIGLA MGBF 18 Nº 44

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo.

PROPRIETÁRIO: Sebastião Pereira da Conceição.Quinta do Sumidouro - Matozinhos.

DESCRIÇÃO:Sítio em forma de gruta. Uma galeria que se divide em dois corredores, sendo que um deles leva á lagoa subterrânea, cujasmargens foram escavadas por Lund. O outro dá acesso ao local escavado por Diniz.Contornando a Lagoa do Sumidouro I exatamente do lado oposto, há uma gruta que foi escavada por Lund em 1841 e mais tarde porDiniz, na década de 60 de onde foram retirados aproximadamente 30 esqueletos. Dentre eles 15 são de adultos muito bem conservados.Vegetação com resto de mata em torno.A água mais próxima é da Lagoa do Sumidouro e do Córrego Samambaia.Embasamento geológico - calcário.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-01Coordenadas UTM: 7838970 mN - 611080 mELocal de depósito: Copenhag - Londres (esqueletos encontrados por Lund).

Bibliografia:Junqueira, P. & Malta, I.M. 1978Lund, P.W. 1950Neves, W. 199.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XVII

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TAMBORIL SIGLA: Não há. N° 45

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Antiga Fazenda Tamboril.Amâncio (nome completo desconhecido)Nicanor (nome completo desconhecido)Cecília (nome completo desconhecido)José Toledo Sobrinho (o mesmo do Sítio Tamboril I)Rua da Lagoa, 234 - Fidalgo.

DESCRIÇÃO:O sítio está à cerca de 20m, na margem, da Lagoa do Sumidouro e à 50m da sede do sítio do Sr. Amâncio, nos fundos. Localiza-senuma lavoura de milho, onde o solo é argiloso e o relevo ligeiramente em declive. A área de dispersão dos vestígios atingeaproximadamente 100m de diâmetro, sem pontos de concentração de material. Ocorre uma pequena quantidade de cerâmicafragmentada simples, sem decoração e alguns cristais de quartzo hialino bruto, não trabalhado.Há muitos anos o local vem sendo explorado para o plantio, sofrendo o efeito de aradura constante e erosão. Existe uma estradaaterrada exatamente na área, interrompendo uma provável ligação com os vestígios do sítio arqueológico Tamboril 1 (n° 50), que selocaliza do outro lado desta estrada.OBS.: O Sítio Tamboril tem vários proprietários atualmente. Não percorremos o terreno da propriedade do Sr. José Toledo Sobrinhopor não conseguirmos contactá-lo. Neste, na década de 70 foram encontradas lascas de quartzo, além de cacos cerâmicos comdecoração, pela equipe da UFMG.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-01Coordenadas UTM: 7839280 mN - 608950 mEColeção: Setor de Arqueologia da UFMG (década de 70).

Bibliografia:Junqueira, P.A. & Malta, I.M.Sítios cerâmicos da região de Lagoa Santa. Arquivos do Museu de História Natural-UFMG, Vol. III, Belo Horizonte, 1978.

PEDRA FALSA SIGLA Não localizada N° 47

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Morro das Piabas - Lagoa SantaAntônio Estevão CostaEndereço no local.

DESCRIÇÃO:O sítio localiza-se numa área de declive pouco acentuado atrás do curral próximo à sede. Os vestígios concentram-se numa área de20 x 30m.O solo é argiloso e de terra vermelha.A vegetação é de pasto e pequenas áreas de plantio de cana. Não há vestígios de mata.Ao sopé do declive há uma lagoa intermitente a aproximadamente 200m.No entorno há afloramentos calcários com vestígios de mata. O restante da área é de pasto.Encontramos cacos cerâmicos fragmentados pela aradura. O pasto já formado pode esconder o material enterrado, estando a áreaestabilizada, não havendo maiores riscos de erosão.Os cacos são pequenos, em boa quantidade e apresenta diversidade de espessura e tratamento, sem decoração, da TradiçãoSapucai. Localizamos também algum material lítico.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-05Coordenadas UTM: 7837160 mN - 610090 mETrabalhos anteriores realizados: Setor de Arqueologia - MHN/UFMG (prospecção)

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XVIII

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VACA PRENHA SIGLA Não localizada N° 48

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Morro das Piabas - Lagoa SantaAntônio Estevão CostaEndereço no local.

DESCRIÇÃO:Área no topo de uma colina onde encontra-se um cruzeiro. A área mais plana é muito limitada.A terra é avermelhada e argilosa, sendo toda constituída de pasto.Ao Norte, aproximadamente 400m, há uma lagoa intermitente.Todo o entorno é de pasto, havendo alguns vestígios de mata próximo aos afloramentos calcários.Não localizamos nenhum vestígio. Na ficha de prospecção anterior, foi registrada a localização de apenas 2 cacos cerâmicos. Trata-se provavelmente de um sítio totalmente destruído.O material de superfície já deve ter sido rolado devido ao relevo acidentado da área.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-05Coordenadas UTM: 7836800 mN - 610070 mETrabalhos anteriores realizados: Setor de Arqueologia - MHN/UFMG (prospecção)

LAPINHA II bis SIGLA(IPHAN): MGBF 49 N° 49

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo sem pinturas e sítio cerâmico a céu aberto

PROPRIETÁRIO: Marco Aurélio Guimarães Lagoa Santa (Lapinha)

DESCRIÇÃO:O abrigo encontra-se próximo à várzea do Córrego Samambaia, protegido por vegetação nativa em bom estado na frente e sobre omaciço. Não tem perturbações no sedimento, tampouco parece ser visitado ( não há lixo ou depredações). Voltado para Sul, suasdimensões são reduzidas, cerca de 20m de comprimento, e a área abrigada tem uma profundidade de menos de 3m. Abaixo de umafogueira, foram achados nele vestígios de 1 ocupação pré-cerâmica e, acima do mesmo, de 1 ocupação ceramista; havia restos deum sepultamento, adornos (um pingente de concha). Escavações anárquicas foram feitas no sítio desde os anos 60 por Orlando, deLagoa Santa, e mais tarde, por outras pessoas da região. Uma sondagem foi realizada pela Missão Franco-Brasileira em 1971.Restos de um esqueleto perturbado foram retirados pela equipe da UFMG em 1977. O sítio cerâmico encontra-se sobre uma pequena elevação no limite da várzea do Córrego Samambaia (bem diante do abrigo),sobre a qual se vêem três áreas de concentração, que distam cerca de 50m umas das outras.A vegetação nativa foi removida para o plantio de pastagem. O maior conjunto de vestígios cerâmicos repousa sobre o lado SE dapequena elevação, numa superfície de cerca de 80m2, e conta com uma concentração de, aproximadamente, 4 cacos por metroquadrado, muito fragmentados (de comprimento inferior a 4cm). As duas outras áreas de concentração estão localizadas no lado Wda elevação, com cerca de 20m2 cada uma. A concentração média de cacos, nas três áreas gira em torno de dez cacos por metroquadrado.O sítio foi prospectado por JUNQUEIRA & MALTA, em 1978.O plantio de pastagem e a intervenção do arado expõe o sítio à erosão, podendo estar o material deslocado de sua posição original.A área é constantemente pisoteada pelo gado, acelerando a degradação das peças, já muito fragmentadas (cacos de comprimentoinferior a 4cm).

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto 35-17-05Coordenadas UTM: 7837470 mN - 608810 mELegenda - Vista do sítio cerâmico com o maciço do abrigo ao fundo, encoberto pela vegetaçãoLocal de depósito: Museu de História Natural-UFMGMuseu Nacional do Rio de Janeiro.

Bibliografia:Junqueira & Malta 1978 (sítio a céu aberto)Laming-Emperaire,et alii 1975(abrigo

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XIX

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ARRUDA SIGLA MGBF 70 Nº 50

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Vizinho à Fazenda Lapinha - Lagoa SantaNão foram obtidas informações sobre o proprietário, pois não há residências próximas.

DESCRIÇÃO:O sítio localiza-se na meia encosta de uma colina numa área arada para plantio de milho a que tivemos acesso pela FazendaLapinha. Encontra-se aproximadamente a 600m do Sítio Lapinha II bis, a 50m do Córrego Samambaia. Encontramos váriasconcentrações numa área de 100 x 100m.O solo é de terra argilosa e acinzentada, muito fofo pela aradura recente e de embasamento calcário.Há também um canal artificial que margeia o sítio em sua faixa inferior.No entorno predominam áreas da pastagem e algumas áreas voltadas para a agricultura. Há vestígios de mata, principalmentepróximo ao maciço calcário na região mais elevada ao sítio.A área é pouco remexida, apresentando boas perspectivas para estudo.Localizamos cacos cerâmicos da Tradição Sapucai com diâmetro médio de 5cm em boa quantidade e de vários tipos. Não percebemosdecoração.Os cacos encontram-se já muito fragmentados pela aradura constante. A ameaça atual refere-se à possibilidade de erosão etransporte do material devido ao declive acentuado da área.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-05Coordenadas UTM: 7837890 mN - 608680 mE

SAMAMBAIA I SIGLA: MGBF 78 N° 51

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo rochoso com arte rupestre e vestígios de ocupação humana em estratigrafia.

PROPRIETÁRIO: MBR ou Luciano Dias Teixeira (arrendador)Leonardo Neri Pereira (sócio)Fone: 661 1033 - Pedro Leopoldo.

DESCRIÇÃO:O abrigo encontra-se em maciço na borda de dolina, hoje seca e com lavoura de milho em seu fundo, e a aproximadamente 100mde um sumidouro desativado, temos no entanto informações de que certos anos, a lagoa forma-se de novo, com grande extensão.A vegetação em frente ao abrigo foi parcialmente destruída, restando apenas algumas árvores de grande porte.Voltado para leste o abrigo tem um comprimento em torno de 40 metros; apresenta um sedimento da superfície pulverulenta eespessa, tendo sido sondado em 1946 por H.V.Walter. Foram encontrados nestas escavações cacos de cerâmica, ossos polidos,lítico e um esqueleto de criança. O abrigo foi visitado em 1973 por membros da Missão Franco-Brasileira e, no refugo das escavaçõesanteriores foram encontrados fragmentos de ossos humanos e material lítico (quartzo). As pinturas foram em parte copiadas pormembros da M.F.B. em 1973, 74.Os grafismos do sítio são pouco visíveis, as pinturas apagadas e as gravuras desgastadas. Há concrecionamento e escorrimentosno suporte pintado.Segundo informações orais, o local vem sendo frequentado por caçadores de papagaios que pegam os filhotes no sumidouropróximo ao abrigo.

DOCUMENTAÇÃO:Ortorfoto: 35-16-08Coordenadas UTM: 7836130 mN - 606330 mELocal de depósito: MHN-UFMG (parte do material do Walter) Museé de l”homme (calques)

Bibliografia:Prous e Paula 1980Laming-Emperaire et alii 1977Prous 1977Hurt et Blasi 1969Matos 1961Walter 1961

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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SAMAMBAIA II SIGLA: MGBF 78 N° 51

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo rochoso com arte rupestre.

PROPRIETÁRIO: MBR ou Luciano Dias Teixeira (arrendador)Leonardo Neri Pereira (sócio)Fone: 661 1033 - Pedro Leopoldo.

DESCRIÇÃO:Localizado no mesmo maciço que Samambaia I a cerca de 100 metros de distância. Aberto para leste, o abrigo possui 15 metros decomprimento e 3 de profundidade. Há vestígios de uma sondagem, que teria sido feita por M. Banyai.A parede pintada sofre descamações e há manchas de escorrimento sobre as figuras.À cerca de 10m de altura existe um pequeno patamar abrigado de acesso difícil, cuja parede foi decorada com pinturas zoomorfas.Estes grafismos foram copiados pelo CETEC no final dos anos 70.Aparentemente o abrigo é pouco visitado, e está semi-protegido pela mata ainda existente no local.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-05Coordenadas UTM: 7836130 mN - 606330 mELocal de depósito: CETEC (calques)

Bibliografia: inédito.

SAMAMBAIA III SIGLA: MGBF 23 N° 51

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo rochoso.

PROPRIETÁRIO: MBR ou Luciano Dias Teixeira (arrendador)Leonardo Neri Pereira (sócio)Fone: 661 1033 - Pedro Leopoldo.(Existe uma cerca separando Samambaia III dos abrigos I e II. Poderia marcar um limite de propriedade).

DESCRIÇÃO:Abrigo localizado na ponta do maciço de Samambaia I (cerca de 200 metros deste.A mata em frente acha-se devastada, mas ficou preservada nas imediações do abrigo.Aberto para oeste e com cerca de 12m de comprimento, o abrigo teve todo o sedimento de seu interior retirado por escavações. Nãoencontramos menção a este sítio nas publicações, portanto não se sabe quem foi o responsável pelas escavações. Encontramos norefugo das sondagens sílex lascado, quartzo, fragmentos de ossos e grafismos possivelmente históricos.Aparentemente o local é pouco visitado, não há vestígios de visitantes (lixo e pichações).

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-05Coordenadas UTM: 7836130 mN - 606330 mE

Bibliografia: inédito.

CAMPINHO SIGLA Não há N° 52

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo com pinturas rupestres.

PROPRIETÁRIO: Raul Fontana Alvim - Pedro Leopoldo.

DESCRIÇÃO:O abrigo abre-se a meia encosta de um afloramento de calcário, dominando uma grande dolina.A vegetação circundante apresenta restos de mata calcícola. Não há proteção vegetal ao local.As pinturas encontram-se num paredão vertical que domina um patamar elevado, mas de fácil acesso.O suporte é muito descamado e a maioria das pinturas deve ter sido destruída em razão da exposição direta ao sol. As poucas quesobraram estão em perigo de desaparecer.Não há sedimento arqueológico no patamar.O calque das figuras foi realizado pela UFMG, em 1996.O abrigo encontra-se numa área potencial de mineração; há uma proposta de se realizar um “pit” de lavra pela CIMINAS/Campinhoa 100m do sítio e há configuração de lavra a cerca de 60m, do outro lado do mesmo afloramento.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-08Coordenadas UTM: 7836370 mN - 604150 mELocal de depósito: MHN/UFMG (calques)

Bibliografia: foi elaborado um “diagnóstico arqueológico” em 1995 a pedido da Mineração Campinho, com o objetivo de obtençãode “Licenciamento Ambiental” para a expansão do “pit” de Lavra da CIMINAS/Campinho no maciço.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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VARGEM FORMOSA SIGLA MGBF 173 N° 53

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo com pintura rupestre.

PROPRIETÁRIO: Bolívar Inácio Alvarenga CâmaraFone: 261 1812 - Fax: 261 4156 (em Belo Horizonte)

DEFINIÇÃO:O abrigo rochoso é formado por uma alta galeria paralela, domina uma lagoa sazonal. Este ocupa o fundo de uma dolina cercada porparedões abruptos. O conjunto lembra as “janelas” de Cerca Grande.Os painéis de pinturas ocupam grandes nichos mais ou menos alinhados em estreito patamar, ao longo da galeria uma dezena de metrosacima do chão na base do paredão. O acesso às pinturas é difícil quando o nível da lagoa está baixo, sendo então difícil até mesmoavistar grafismos externos a partir do fundo da dolina, devido à distância e à escarpa.Apenas uma escalada com cordas permitiria alcançar a galeria em tempo normal. Em caso de enchentes excepcionais, pode-se chegarde barco 3m abaixo das aberturas que dão acesso à galeria.Alguns painéis estão sujeitos à ação de escorrimentos naturais, à destruição causada por microorganismos (líquens); as figuras externassão expostas aos raios solares.Não há vegetação alta que sirva de proteção.Em 1977 foram feitos trabalhos de decalques das pinturas por P.Colombel & N. Orloff da Missão Franco-Brasileira. Os calques, na épocaforam levados para Paris, mas não chegaram a ser trabalhados para publicação ou análise; em 1996, foram trazidos de volta para oBrasil, sendo depositados na UFMG.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-17-01Coordenadas UTM: 7840350 mN - 604990 mELocais de depósito:Bibliografia:

SALITRE (CAIANGA) SIGLA MGBF 92 N° 54

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo.

PROPRIETÁRIO: Dr. Lúcio Resende

DEFINIÇÃO:O sítio se instala em um conjunto de grutas com sumidouros em atividade e lapas, em maciço próximo do sítio Cerca Grande. Aregião é colinar bastante irregular e coberta por pasto. Ao redor do maciço há uma mata rala e estreita, mal cercada com arame,facilitando o acesso de turistas, que vêm riscando os paredões.Em 1977, foi feita uma escavação, pela equipe da UFMG. O sítio está com a superfície remexida e um pouco regularizado. Asondagem é de difícil localização.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-04Coordenadas UTM: 7839640 mN - 604720 mELocais de depósito: MHN/UFMG - 197 e 112Bibliografia:

CERCA GRANDE SIGLA MGBF 24, 25 e 26 N° 55

CARACTERIZAÇÃO: Conjunto de abrigos com arte rupestre e vestígios em estratigrafia.

PROPRIETÁRIO: Bolívar Inácio Alvarenga Câmara Fone: 261 1812 - Fax: 261 4156 (em Belo Horizonte)

DEFINIÇÃO:O Cerca Grande comporta vários abrigos e galerias com vestígios arqueológicos. Apresentamo-los com a numeração proposta pelaMissão Americano-Brasileira.O sítio é o único sítio pré-histórico de Minas Gerais tombado pelo IPHAN, sendo que o proprietário do sítio exige dos turistas aautorização escrita do IPHAN para deixá-los entrar.

Abrigo n° 1O abrigo 1 localiza-se numa interrupção do paredão com largura de 14 metros e altura de ± 15 metros. O teto apresenta projeçõesde estalactites; e no interior, a oeste estreita-se até uma pequena sala. Bem acima localizam-se as “janelas” do maciço em alinhamento.Em frente a vegetação é composta de árvores e arbusto diversos.A superfície geral do abrigo encontra-se bastante remexida devido aos trabalhos de escavações da Academia Americana (Hurt &Blasi em 1956 e ao trânsito de turistas).Os vestígios de ocupação pré-histórica humana encontrados foram poucos: restos alimentares queimados e dois fragmentoscerâmicos.

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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Abrigo 2 MGBF 24

Área pouco protegida, na base do paredão e logo abaixo das “janelas”(galerias pintadas, abertas a 10m de altura). A parede épintada até cerca de 7m de altura com grafismos da Tradição Planalto (“Painel IV” da Missão Franco-Brasileira). O sedimento foicompletamente revirado por escavações sucessivas nos anos 40 e 50 (foram encontrados sepultamentos nesta área em 1956 pelaMissão Americano-Brasileira). As pinturas sofrem da exposição direta ao sol, pois as árvores da mata baixa que chega até o limitedo abrigo são mirtáceas, de baixa altura. Escorrimentos de calcita contribuem para dificultar a visualização dos grafismos. Aspinturas mais baixas foram quase completamente destruídas pela descamação do paredão. As pinturas mais altas encontram-seem melhor estado. O gado e os turistas chegam facilmente no local, o que contribuiu para a destruição do sedimento arqueológico.A lagoa sazonal não chega a alcançar o abrigo.As pinturas do sítio foram levantadas pela Missão Franco-Brasileira em 1974 e publicadas na França.

Bibliografia:Hurt & Blasi 1969.Anthonioz, Colombel 1975.Anthonioz, Colombel & Monzon 1978.O material coletado por Hurt & Blasi encontra-se depositado no Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Abrigo 3 MGBF 25

Área fracamente abrigada na base de um paredão vertical. A mata de mirtáceas chega até o local.Parece haver vestígios de pinturas no paredão, destruídas pelas descamações.O chão é coberto pelo refugo das antigas escavações dos anos 40 e 50; sofre o pisoteio dos turistas e do gado. A lagoa sazonalpode chegar, em anos excepcionais, a poucos metros de distância do abrigo.

Abrigo 4

Não se trata de um sítio arqueológico, embora tenha sido sondado em 1954.Este local encontra-se na garganta que permite o acesso às “janelas” de Cerca Grande.

JanelasAs “janelas” de Cerca Grande são formadas por uma densa rede de galerias altas que se abrem para o exterior numa altura de 10a 12m acima do nível da dolina. Várias aberturas receberam pinturas da Tradição Planalto, enquanto que 2 figuras incisas encontram-se numa galeria.As pinturas foram reproduzidas pela Missão Franco-Brasileira em 1974 e publicadas em microfichas na França.

Bibliografia:Anthonioz, Colombel & Monzon 1978.Anthonioz & Colombel 1975.

Abrigo 6

Trata-se de um grande abrigo bem aberto, delimitado externamente por blocos desabados, com uma pequena gruta na extremidadeleste e uma parte mais alta a oeste. A parte central, muito baixa, é sazonalmente inundada pela lagoa de fundo de dolina, a qualchegou a apagar parcialmente as pinturas mais baixas que cobrem o paredão (Painel II de arte rupestre da Missão Franco-Brasileira).A pequena gruta apresenta pinturas bem visíveis no teto e incisões numa das paredes (Painel III de arte rupestre da Missão Franco-Brasileira). A parede ocidental apresenta três momentos de pintura e importantes descamações (Painel I de arte rupestre).O desmatamento recente expõe as pinturas ao sol a partir do final da manhã e facilita a descamação do paredão.Apesar da exigência de uma autorização prévia as pinturas de Cerca Grande continuam sendo depredadas, pois não há nenhumfiscal acompanhando os visitantes, alguns dos quais jogam água nas pinturas para aumentar o contraste de cor com o paredão(inclusive um professor que leva todo aluno para visitar o sítio)O sedimento argiloso foi escavado pelos amadores nos anos 40 e 50, e pela Missão Americano-Brasileira em 1956. Váriossepultamentos foram encontrados neste local.O material coletado pela Missão Americano-Brasileira é conservado no Museu Nacional do Rio de Janeiro.As pinturas foram levantadas pela Missão Franco-Brasileira em 1973/74 e publicadas na França.

Bibliografia:Anthonioz & Colombel 1975Anthonioz, Colombel & Monzon 1978.

Abrigo n° 6

O abrigo (na realidade, uma gruta) abre-se na base do escarpamento calcário, dominando uma encosta hoje desmatada, cerca de60m acima do nível da lagoa. O teto cobre uma área de 42 x 40m.A exploração da calcita destruiu a maior parte do sedimento no início dos anos 50, deixando intacto apenas dois setores protegidospor grandes blocos desabados.Estes setores intactos foram escavados pela Missão Americano-Brasileira em 1956. Encontraram-se vestígios de uma ocupaçãoceramista superficial e de uma ocupação pré-cerâmica (datada em 9028 ± 120 e 9720 ± 128 BP) com vários sepultamentos.A exploração da calcita prosseguiu abaixo do piso estalagmitico sobre o qual pararam as escavações de Hurt & Blasi; segundo HélioDiniz, vestígios arqueológicos teriam aparecido nestes níveis pleistocênicos. Uma visita da Missão Franco-Brasileira em 1971permitiu verificar a presença de carvões presos abaixo do resto da capa estalagmitica ainda fixada na parede.O material arqueológico está depositado no Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Bibliografia:Hurt & Blasi 1969

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Abrigo n° 7

Este peque abrigo encontra-se logo a sudoeste do abrigo n° 6; um sepultamento foi escavado pela Missão Americano-Brasileira em1956. .

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-04Coordenadas UTM 7841120 mN - 604530 mE

7840700 mN - 604340 mE7840670 mN - 604320 mE

LAPA DO CAETANO SIGLA MGBF 21 N° 56

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo com pinturas.

PROPRIETÁRIO: Bolívar Inácio Alvarenga CâmaraFone: 261 1812 - Fax: 261 4156 (em Belo Horizonte)

DEFINIÇÃO:Abrigo aberto na face NW do maciço de Caetano.Domina cerca de 7m a dolina, no fundo da qual há uma lagoa sazonal. Pastos ocupam atualmente as vertentes da dolina.O maciço apresenta falhas labirínticas, dentro das quais foram realizadas desde o século XIX pesquisas, cujos locais não foramlocalizados. P.Lund teria escavado na dolina; U.Lanari retirou de um abrigo restos esqueletais de pelo menos 3 indivíduos. Em 1926,Padberg-Drenkpol escavou na “caverna do Cássio”, no maciço de Caetano, restos de 6 pessoas, dentro de pisos estalagmíticos.Carlos de Paula Couto realizou uma sondagem na mesma gruta em 1956, abaixo do piso estalagmítico. Encontrou apenas restosfaunísticos fósseis.O abrigo com pinturas tem cerca de 15m de largura e até 5m de largura; seu piso é formado pela rocha calcária e o teto muito baixo(cerca de 1,5m); não se trata, portanto, de um local de moradia. O teto e parte das paredes foram pintados por figuras zoomorfas egeométricas, destacando-se peixes bicrômicos (a bicromia é raríssima na região da APA) e uma representação de machado semilunarcom seu cabo, infelizmente coberto por graffiti.A sudeste abre-se um pequeno corredor com piso estalagmítico e raras pinturas. As pinturas foram levantadas em 1974 pela MissãoFranco-Brasileira e publicadas em 1978.O acesso ao abrigo se faz subindo íngremes degraus naturais de pedra. Desta forma, as pinturas são pouco visíveis a partir do fundoda dolina e poucas pessoas notam a existência do sítio. Mesmo assim, existem pichações recentes na área das pinturas.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-04Coordenadas UTM: 7841500 mN - 603240 m.eLocais de depósito: Museu do Homem (Paris) - calques.Material de escavação: - Padberg-Drenkpol - Museu Nacional (Rio) - Lanari - Ouro Preto? (Museu de Mineralogia?)Bibliografia:IBGE 1939Anthonioz, Colombel & Monzon 1978Laming-Emperaire & alli 1975Matos 1961

SANTO ANTÔNIO II SIGLA MGBF 87 Nº 57

PROPRIETÁRIO: José Salim Mattar Júnior.Fazenda Hora Sahara - Matozinhos.

DESCRIÇÃO:Localiza-se em local plano, próximo a uma lagoa (± 300m N.) em dolina.Vegetação de pasto. A água mais próxima é da lagoa da dolina.Embasamento geológico - calcário.Em uma área de 50m x 40m encontramos alguns poucos cacos cerâmicos sem decoração de espessuras que variam entre 3,0cme 0,5cm em média.O local do sítio encontra-se intensamente arado para formação de pasto que é renovado em intervalo curto de tempo. O que podevir a causar completa destruição do sítio.A intensa utilização do local onde está o sítio para pasto e agricultura pode vir a destruí-lo completamente.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-04Coordenadas UTM: 7839320 mN - 602180 mE

Bibliografia:Junqueira, P. & Malta, I.M. 1978

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VARGEM DA PEDRA SIGLA MGBF 31 N° 58

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Antônio José da Costa. Fazenda da Vargem da Pedra - Matozinhos/Mocambeiro.

DESCRIÇÃO:Afloramento em hume entre duas dolinas.Vegetação de pasto e plantação ao redor do sítio.A água mais próxima é da lagoa temporária em dolina que chega a cobrir parte do paredão NW do afloramento.Embasamento geológico - calcário.Os vestígios picturais deste abrigo estão localizados nas paredes externas, abertas para NW, NE, SW e nas galerias internas.São mais de uma centena de figuras dispostas em maior quantidade na parede NW, numa altura de aproximadamente 10 metros dochão.Segundo informações orais foi retirada uma urna com ossos humanos.O estado de conservação do sítio é bastante precário devido aos danos já causados:

- pichações sobre as figuras da paredes.- lixo deixado por visitantes no interior das áreas abrigadas e na externa.- fuligem nas paredes, causadas por fogueiras dos turistas, que chegam a cobrir as pinturas.- exposição das figuras às intempéries em decorrência do total desmatamento em torno do sítio causando descamações da

rocha.- escorrimentos causados pela dissolução do calcário, rocha suporte.Detectamos também alguns fatores que consideramos como sendo de risco para a conservação do sítio, caso não sejam

interrompidos rapidamente:- desmatamento periódico no topo do afloramento devido à existência de um poste para rede de transmissão, causando

erosão pluvial.- turismo descontrolado.- lavoura e pasto em processo de erosão.- grande depósito de lixo a 100m do sítio.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-08Coordenadas UTM: 7838610 mN - 602470 mETrabalhos realizados:

- Levantamento das pinturas pela Missão Franco-Brasileira de Arqueologia (1977)- Levantamento feito pelo CETEC (1980)- Baeta, A.M; Castro e Silva, M.M. & Prous, A. - “Organização do espaço pictural nos sítios rupestres da região de Lagoa

Santa- MG.” - Anais do III Congresso ABEQUA, Belo Horizonte, 1992, p.417-430. Local de depósito: Museu dohomem

- França (calques) Setor de Arqueologia do MHN/UFMG (calques)

JOÃO BÁRBARA SIGLA: MGBF 105 N° 59

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Paulo Ferreira Pinto - Mocambeiro.

DESCRIÇÃO:Situado no alto de suaves vertentes de dolinas, no limite da área urbana do distrito de Mocambeiro. A lagoa de Vargem da Pedradista @ 200m a Sul do sítio e a 500m para Norte há outra lagoa. A área do sítio é hoje parcialmente construída, sendo uma pequenaárea usada para plantio (horta). Nesta área (@ 50m x 25m) foi encontrada a maior concentração de cacos com alguns dispersos nolote vizinho (a Sudoeste). Os vestígios, pouco densos (aproximadamente 2 cacos por m²) são muito fragmentados (cacos com até4cm de comprimento).Possivelmente o arado detruiu as extremidades Norte e Leste do sítio nos lotes vizinhos e parte do material deve ter sido soterradopelas construções do lote.O sítio foi prospectado por membros do Setor de Arqueologia em 1978 e o material coletado encontra-se depositado no MHN-UFMG.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-04

Coordenadas UTM: 7838940 mN - 602460 mE

Bibliografia: Junqueira 1976.

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PERI-PERI SIGLA(IPHAN): MGBF 69 N° 60

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto

PROPRIETÁRIO: ? Matozinhos

DESCRIÇÃO:O sítio situa-se a meia vertente da dolina da Lagoa da Fazenda Peri-Peri, não restando vegetação nativa sobre a área de ocorrênciade material cerâmico ou no entorno. A área do sítio é ocupada pelo plantio (no momento da visita, uma parte coberta por roça demilho e pastagem, outra parte arada) e cortada pela estrada.A área de concentração visível do material cerâmico (superfície arada no momento da visita) ocupa uma extensão de 200m por100m, mas o material parece se estender além desses limites, sob o pasto fechado. O sítio pode cobrir uma área de 500m por300m. Na área visível, a concentração de cacos é grande e constante, atingindo 50 peças por metro quadrado. A maioria dosfragmentos não ultrapassa 5cm de comprimento, mas foram encontradas peças de até 10cm. No barranco da estrada é visível umagrande peça parcialmente conservada, o que sugere a existência de material em bom estado sob uma certa espessura de sedimento.O sítio foi prospectado por JUNQUEIRA & MALTA, em 1978.Os riscos a que o sítio se encontra exposto são a ação do arado e o pisoteio do gado bovino. A abertura da estrada destruiu partedo sítio e a partir dela pode-se desenvolver um processo mais drástico de erosão.Seria urgente proceder a uma operação arqueológica de “salvamento” neste sítio.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto 35-16-04Coordenadas UTM: 7842070 mN - 600670 mEfilme: 1 foto: 22 Legenda: Cacos de cerâmica no barranco da estrada

Local de depósito: Museu de História Natural-UFMG.

Bibliografia:Junqueira & Malta 1978

GRUTA DE CAIEIRAS SIGLA: MGBF 23 N° 61

CARACTERIZAÇÃO: Gruta com arte rupestre.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Peri-Peri.

DESCRIÇÃO:A gruta localiza-se na base de um paredão vertical dominando suave vertente de uma dolina.A vegetação em frente e em torno da gruta compõe-se de mata rala e a água atual mais próxima dista aproximadamente 1,5km aleste de Caieiras - Córrego Mucambo. Em frente ao maciço e a 60° Nordeste existem duas dolinas, hoje secas.Aberto para Leste, a pequena gruta possui oito metros de largura por no máximo 20m de profundidade. O sedimento no interior dagruta é argiloso e muito compactado, os dois pontos ideais para sondagens foram escavados em 1971 pela Missão Franco-Brasileira,revelando-se estério ao ponto de vista arqueológico.A maioria dos grafismos que decoram as paredes da gruta são gravados, havendo apenas em 1 ponto alto vestígios de pinturavermelha. As gravuras situadas mais no fundo da gruta são os mais visíveis e melhor conservados. Todas as paredes receberampichações (a carvão, giz e incisão) que apesar de numerosas não chegam a desfigurar os grafismos. Os visitantes modernos dagruta vêm deixando suas marcas nas paredes desde 1948; em alguns pontos há marcas recentes de picareta e há restos defogueira e algum lixo no interior da gruta (latas, garrafas, plástico etc.).O forno da antiga caieira ficava próximo à estrada e dele restam blocos abatidos próximo ao maciço, 5 metros.As gravuras foram copiadas por Josaphat Penna no decênio de 50 e pelo Setor de Arqueologia em 1994 - calques no MHN-UFMG.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofo: 35-16-04Coordenadas UTM: 7842980 mN - 598990 mE

Bibliografia:Penna 1960Laming-Emperaire et alii 1977

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ABRIGO DE CAIEIRAS SIGLA: MGBF 23 N° 61

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo rochoso com arte rupestre e vestígios de ocupação pré-histórica em estratigrafia.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Peri-Peri.

DESCRIÇÃO:Localizado no mesmo maciço que a Gruta de Caieiras, a aproximadamente 150 metros deste. O abrigo está aberto para teste epossui 25 metros de comprimento por no máximo 4m de profundidade.O sedimento no interior no abrigo é fino e pulvirulento de cor cinza em superfície, e argiloso de cor vermelha em profundidade.As escavações realizadas em 1971 pela Missão Franco-Brasileira expuseram camadas arqueológicas até 90cm de profundidadesendo que a datação para a mais antiga delas é de 9.600 B.P., uma das mais antigas da região de Lagoa Santa. Entre os vestígiospré-históricos encontram-se artefatos líticos (lâmina de machado lascado e polido), raspador, lascas de quartzo, ossos, 1 fragmentode mandíbula humana. Um bloco com “cupule” é visível na superfície.Existem pinturas nas partes mais altas das paredes e um grande painel de gravuras na base do paredão.No suporte rochoso onde foram feitas as pinturas há descamação e escorrimentos. Devido à pouca vegetação (arbustos) a parededecorada está exposta diretamente ao sol pela tarde, o que provoca descamações. As gravuras na parte baixa da parede estãomuito rasa e a poeira as esconde quase por completo.A cópia das gravuras e pinturas do abrigo vem sendo realizada pelo Setor de Arqueologia do MHN-UFMG.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-04Coordenadas UTM: 7842770 mN - 599000 mELocais de depósito: Museu Nacional - Rio de Janeiro

Museu de História Natural-UFMG (calques)

Bibliografia:Penna 1964Laming-Emperaire et alii 1977

PORCO PRETO SIGLA MGBF 170 N° 62

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo rochoso com pinturas e gravuras.

PROPRIETÁRIO: SOEICOM. Padre Rolim, 531 - Belo Horizonte - Fone 222 1240 / 273 2855

DESCRIÇÃO:O Abrigo Porco Preto situa-se na base do afloramento calcário em vertente pouco íngreme. A vegetação na entrada e em torno doabrigo é rala e ± 5 metros adiante a vegetação existente é pasto. A 400 metros do sítio há um sumidouro, seco quando da nossavisita.As dimensões aproximadas do abrigo são 40 m de largura por 15 de profundidade; está aberto para leste. O chão do abrigo écoberto por uma espessa camada de estrume já que o sítio vem sendo utilizado como curral.As pinturas e gravuras de Porco Preto vem sofrendo depredações de diversos tipos: muitas das pinturas desapareceram (descamaçãodo paredão) ou estão coberto por fuligem, restando apenas vestígios; as pichações a carvão cobrem alguns desses vestígios e seespalham pelas paredes do abrigo; ao lado de um dos blocos desabados decorados com gravuras restam fragmentos de blocosdestruídos para exploração da rocha. É possível que estes blocos contivessem gravuras.As gravuras e pinturas de Porco Preto foram copiadas pela equipe do Setor de Arqueologia e os calques encontram-se depositadosno MHN-UFMG.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-04Coordenadas UTM: 7841040 mN - 598590Bibliografia: inédito

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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POÇÕES I SIGLA MGBF 73 N° 63

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo rochoso com pinturas.

PROPRIETÁRIO: SOEICOM. Padre Rolim, 531 - Belo Horizonte - Fone 222 1240 / 273 2855

DESCRIÇÃO:O abrigo encontra-se no alto de uma vertente abrupta à beira de um ago sazonal. A vegetação na vertente é arbustiva, poucofechada. Há uma mata rala no fundo do vale e a vertente oposta encontra-se completamente desmatada.Formado por uma falísia calcárea, o abrigo possui 25 metros de largura por 6 de profundidade, sendo aberto par noroeste. Seusedimento foi completamente remexido, não havendo mais superfície escavável.Além das pinturas rupestres, os vestígios pré-históricos encontrados referem-se a algumas lascas de quartzo encontradas pelaMissão Franco-Brasileira nos anos 70, quando foi observado um corte deixado por escavações anteriores e realizada a cópia dosgrafismos.A entrada de visitantes nas terras da SOEICOM só é permitida com autorização por escrito da empresa. Há um porteiro - Sr. Didi -a quem a permissão deve ser entregue.Na parte baixa do paredão vêem-se várias inscrições modernas, cobrindo o período de 1932 à 1990, feitas por incisão e carvão.Logo acima do patamar, onde encontram-se as pinturas mais belas e visíveis, as pichações sobrepõem-se ao conjunto rupestre. Oparedão é exposto diretamente ao sol; toda a parede está bastante descamada, sobrando pinturas apenas nas partes patinadasrestantes. O desmatamento do topo do maciço vem escorrimento no paredão, enquanto as enxurradas provocam a erosão dosedimento do sítio.O conjunto de Poções foi tombado pelo IEPHA/MG pelo Decreto Lei 26193 de 24.09.86.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-04Coordenadas UTM: 7841270 mN - 599630 mELocal de depósito: MHN/UFMG (calques)

Bibliografia:Mattos 1940Penna 1961Silveira 1931IBGE 1936Junqueira 1978

POÇÕES II SIGLA N° 64

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: SOEICOM. Padre Rolim, 531 - Belo Horizonte - Fone 222 1240 / 273 2855

DESCRIÇÃO:Poções II está localizado no limite entre duas dolinas, na parte mais alta da encosta, próximo aos “poções” onde há água permanente.Devido às construções da SOEICOM - casa onde mora o porteiro, Sr. Didi, curral, etc. - foi impossível delimitar o sítio, apenasencontramos alguns cacos cerâmicos misturados ao refugo das construções.Coordenadas UTM: 7840770 mN - 599300 mE

POÇÕES III SIGLA MGBF 103 N° 64

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: SOEICOM. Padre Rolim, 531 - Belo Horizonte - Fone 222 1240 / 273 2855

DESCRIÇÃO:O sítio encontra-se em espaço relativamente plano, limitado por dois paredões que formam um “canyon” nas proximidades delagoas sazonais.O terreno vem sendo usado para lavoura e pasto. É na área cultivada que se encontra o material cerâmico.Encontramos cacos numa área de @ 100m x 30m, onde se vê grande quantidade de cacos muito fragmentados (máximo 6cm decomprimento); é, no entanto, possível que a extensão do sítio seja maior.Foi coletada pela equipe do Setor de Arqueologia uma mão de pilão polida fraturada.O sítio foi prospectado em 1975 pela Missão Franco-Brasileira e o material coletado foi depositado no MHN-UFMG.A declividade do terreno pode ocasionar a erosão do solo e o fator de risco mais imediato é a continuidade da exploração agrícolasem que o sítio seja delimitado e algum levantamento sistemático seja feito.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-04Coordenadas UTM: 7840770 mN - 599300 mE

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

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LAPA DO BALLET SIGLA MGBF 28 N° 65

CARACTERIZAÇÃO: Gruta com arte rupestre.

PROPRIETÁRIO: Cimento Mauá S.A.Rodovia MG 424 - Km 31. tel. 721 1344 - Matozinhos.

DESCRIÇÃO:A Lapa do Ballet encontra-se na base do afloramento calcário dominando o vale cárstico de Poções. A vegetação em frente ao sítioconstitui-se de uma mata rala logo em frente e, mais adiante, aradura e plantio em fundo e vertente de dolina. A aproximadamente200m encontra-se o rio subterrâneo de Poções e a 1 km o abrigo com pinturas (Poções I).A gruta possui uma abertura de 10 m de largura, orientada para nordeste, e 36 m de profundidade. Há uma sedimentação argilosaem seu interior que possibilitaria escavações.Os vestígios de ocupação humana mais espetaculares são sem dúvida as obras rupestres que decoram a parede à direita daentrada da gruta. As sondagens realizadas revelaram poucos vestígios ósseos, líticos e cerâmicos; foram encontrados, no início dadécada de 80, cacos cerâmicos esparsos e um pote quase inteiro na parte externa do abrigo.Os trabalhos arqueológicos realizados na gruta referem-se a sondagens feitas em 1956 por Hurt e Blasi, cópias das pinturas em1960 por Josaphat Penna (não publicados), novas sondagens e cópias feitas pela Missão Franco-brasileira na década de 70, ecalques das figuras antropomorfas realizadas pelo CETEC, também nos anos 70.Para visitar a gruta é necessário permissão da Cimento Mauá e a entrada é feita pela portaria da fábrica - a boca da gruta encontra-se fechada com portão e cadeado.Praticamente em todas as paredes internar da gruta vêem-se pichações - inclusive uma datada de 17.12.95, três dias antes da visitados membros do Setor de Arqueologia da UFMG. As pinturas rupestres mais acessíveis, na parte mais baixa da parede pintada,também foram pichadas. Os painéis mais altos, cujas figuras não são vistas a não ser que se suba na cornija, não contêm “graffite”,mas suas pinturas estão bastante desbotadas e muitas cobertas por fuligem. Há ocorrência de liquens na extremidade direita daparede, próxima à entrada da gruta. Seria conveniente verificar se esta colônia está em expansão e poderia ameaçar as pinturas nofuturo.A Lapa do Ballet faz parte do Conjunto de Poções tombado pelo IEPHA/MG pelo Decreto 26.193 de 24.09.86.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-04Coordenadas UTM: 7840270 mN - 599030 mELocais de depósito: Museu Nacional do R.J. (Sondagens - 1956)

Museu Nacional do R.J ( Sondagens - 1973)MHN/UFMG - CalquesCETEC - Calques

Bibliografia:Hurt et Blasi - 1969Prous - 1992Prous - 1986Prous - 1994Prous - 1977Prous & Paula - 1980/81Laming-Emperaire et alii 1975

JULIÃO SIGLA MGBF 89 N° 66

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Retiro das Palmeiras - MatozinhosSebastião e João PezziniRua Donato da Fonseca, 744/1001 - Fones: 349 32 11 (serv.) 342 2518 (resid.)

DESCRIÇÃO:A fazenda localiza-se ao lado da Cia. de Cimento Mauá na encosta a partir da Estrada para Sete Lagoas até o córrego no sopé. Osvestígios localizam-se entre o terço superior e a meia encosta, à esquerda da estrada de acesso em direção à sede, numa área de40 x 40m. O nome Julião refere-se a um antigo proprietário.O solo é vermelho, fofo e argiloso.A área encontra-se totalmente arada e semeada recentemente, localizada na margem direita do Córrego Raiz, distanteaproximadamente 300 metros.No entorno toda a área encontra-se arada. Próximo ao Córrego há hortas já em produção. Na margem oposta há uma mata junto aum enorme paredão calcário. Informação anterior relata a localização de vestígios cerâmicos nesta área próximo a um grandeabrigo sem pinturas que não foi prospectada pela dificuldade de acesso. A oeste, a uns 200m há um reflorestamento de eucalipto daCimento Mauá.Os cacos cerâmicos cerâmicos já encontram-se muito fragmentados pela aradura cuja ação causa a fragmentação e a dispersãodos cacos já pequenos e de tipos variados. Há boas condições de estudo na área.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-16-03Coordenadas UTM: 7840250 mN - 596590 mETrabalhos anteriores realizados: Setor de Arqueologia - MHN/UFMG (Prospecção)

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XXIX

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CRICIÚMA I e II SIGLA MGBF 177 N° 70

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo com pinturas rupestres.

PROPRIETÁRIO: Quinta das Fazendinhas, acesso II Paulo da Mata - Fone 225 1245 / 344 0174

DESCRIÇÃO:O sítio localiza-se num maciço onde ocorrem três abrigos, dois dos quais decorados na face de exposição noroeste. Os abrigos sãopróximos uns dos outros numa faixa de 100 metros e muito pequenos.O solo é argiloso e acidentado e de embasamento calcário. A área em frente ao sítio foi inteiramente desmatada e constantementearada, sendo um vale com uma vertente fluvial que vem provocando forte erosão.Percebemos apenas a vertente fluvial a uns 30 metros do sítio.O entorno apresenta ainda mata seca, típica das áreas calcárias.As pinturas encontram-se bastante danificadas, sendo poucas aquelas cujas formas são ainda legíveis. Ocorre descamação daspinturas talvez pelo desmatamento da área e sua exposição direta ao sol. O número de figuras é também reduzido.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-10-23Coordenadas UTM: 7845150 mN - 595600 mETrabalhos anteriores realizados: O sítio foi calcado pelo CEBEL, grupo espeleólogo jáextinto e há também citações de P.W.Lund.Local de depósito do Material: MHN - UFMG (cópia das pinturas e gravuras do sítio).

LAPA DA PIA SIGLA Não localizada N° 73

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo com pinturas rupestres.

PROPRIETÁRIO: Fazenda ParaísoJosé Américo CarvalhoFone comercial: 621 1427 - VespasianoGerente: João Santos de Morais

DESCRIÇÃO:O sítio é formado por 3 abrigos, sendo 2 decorados com pinturas e incisões. Os abrigos estão próximos uns dos outros numa faixade 80m em exposição leste, sendo um maior e dois pequenos.O sedimento no interior do abrigo é argilo-arenoso.Toda a área em frente do maciço encontrava-se arada para plantio e assim, totalmente desmatada. Só há vestígios de mata noafloramento rochoso.A água mais próxima dista aproximadamente 700 metros da dolina da Lagoa Verde.O entorno é todo utilizado para atividades agropecuárias mais ainda há vestígios de mata seca.As figuras estão bastante deterioradas seja pela descamação da pintura ou pelo escorrimento calcita, seja pela ação de fungos eliquens. O sítio possui aproximadamente 250 figuras, somando pinturas e as incisões, estas últimas sem similares em outros sítios.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-10-23Coordenadas UTM: 7846030 mN - 594560 mETrabalhos anteriores realizados: Setor de Arqueologia - MHN/UFMG (calque dos painéis). Local de depósito do material: MHN/UFMG (reprodução dos painéis e calques).

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CAPÃO DAS ÉGUAS SIGLA MGBF 180 N° 74

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo com pinturas.

PROPRIETÁRIO: José Ubaldo. Praça Melo Viana, 33 - Sete Lagoas. Fazenda da Pia (divisa com Fazenda Topázio) - Prudente de Morais.

DESCRIÇÃO:Afloramento calcário de aproximadamente 200m de extensão.Vegetação de mata secundária.A água mais próxima é da lagoa temporária em dolina a 200m.Embasamento geológico - calcário.O sítio é composto por quatro abrigos denominados: Abrigo Superior, Conduto das Abelhas, Abrigo Médio e Abrigo Inferior. Asfiguras ali distribuídas, de forma desigual, chegam a 150.De 1m até 3m do chão encontramos pinturas nos abrigos.O estado de conservação do sítio é regular. Principalmente devido às inúmeras pichações realizadas por turistas. Os “fatoresnaturais” também contribuem para a deteriorização dos vestígios. Dentre eles destacamos as descamações da rocha, os fungos, osescorrimentos provenientes da dissolução do calcário etc.As consequências de todos estes fatores somados foram extremamente danosas, fazendo com que as figuras ficassem desbotadase até desapareçam.O sítio está a 200m de uma extração de calcário atualmente desativada. Segundo informação do gerente da fazenda o proprietáriotem intenção de reativar a lavra.Ocorre também extração de cascalho e areia em área próxima.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-10-23Coordenadas UTM: 7846910 mN - 595730 mE- Projeto Grutas - CETEC.Local de depósito: Setor de Arqueologia do MHN/UFMG - calques das figuras.Reprodução no CETEC.

Bibliografia:- Baeta, A.M. - “Levantamento e estudo de alguns sítios de pintura rupestre do centro mineiro” - Relatório final do projeto de

pesquisa. Bolsa de Iniciação Científica-CNPq (MHN-UFMG).

ESCRIVANIA SIGLA MGBF 67p N°75 e 76

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo com pinturas rupestres.

PROPRIETÁRIO: Fazenda TopázioLélio Roberto RezendePrudende de Morais - Fone 771 0207 / 981 0700(celular)

DESCRIÇÃO:Trata-se de um grande maciço calcário, com vários abrigos, sendo três deles decorados com pinturas e incisões, à borda de umadolina de Exposição SW.O primeiro abrigo apresenta brecha fossilífera nos condutos e um sedimento acinzentado e pulverulento rochoso. Neste abrigoencontram-se um grande número de figuras localizadas no patamar estalagnítico de difícil acesso.No segundo abrigo, que apresenta várias brechas não localizamos vestígios arqueológicos, apenas depredações por incisão, umadelas sendo um texto antigo.No terceiro abrigo, um pequeno conjunto de pinturas encontra-se a partir de 2m de altura, elevando-se aproximadamente até 8m. Hámarcas de picareta no paredão, provavelmente restos de escavação paleontológica (P.Lund trabalhou neste local).No quarto abrigo localizamos incisões num patamar baixo em seu piso patinado e vestígios de pintura no patamar mais elevado e dedifícil acesso.Nas áreas abrigadas o solo é cinza e pulverulento. Todo o entorno é desmatado e utilizado para atividades de agropecuária. Sãomuito reduzidos os vestígios de mata no entorno do maciço que encontra-se bastante exposto.O maciço localiza-se à borda de dolina cárstica utilizada para plantio de capim.Dois abrigos apresentam grande quantidade de figuras zoomorfas no 1° abrigo, antropomorfas no outro..O sítio é de fácil acesso e apresenta depredações principalmente incisões, mas felizmente, não nas áreas de pinturas. Estaslocalizadas em sua maioria em partes altas e de difícil acesso ao turista eventual, sofrem contudo com agressões naturais: descamaçãodas pinturas com alta densidade de liquens e escorrimentos de calcita que em muito atuam para a degradação das pinturas. Semcontrole dos liquens, é provável que os grafismos deste importante abrigo desapareçam nos próximos anos.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-10-29Coordenadas UTM: 7849240 mN - 594380 mE

7849250 mN - 594500 mE Trabalhos anteriores realizados: Lund (séc. XIX)MFB/MHN/UFMG - realização de calques - 1976MHN/UFMG - 1988. Local de depósito do material: MHN/UFMG (reprodução dos painéis emontagem pronta para publicação).

Bibliografia:Arquivos do MHN - UFMG, Vol. IV.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XXXI

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VICE REI SIGLA: N°79

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo com pinturas rupestres.

PROPRIETÁRIO: Fazenda TopázioLélio Roberto RezendePrudende de Morais - Fone 771 0207 / 981 0700(celular)

DESCRIÇÃO:Trata-se de um pequeno abrigo num maciço calcário localizado à esquerda na Estrada entre as Fazendas Topázio e Bebida, maispróximo a esta última.Suas dimensões não ultrapassam a 3,0 x 2,0m. A exposição é noroeste.No abrigo o sedimento é pulverulento e acinzentado não tendo indícios de remeximento. Fora do sítio, o solo é argiloso e avermelhadoestando inteiramente arado para plantio.O abrigo localiza-se à margem esquerda de um pequeno córrego distante aproximadamente 400 metros.Toda a área é voltada para a atividade agropecuária. Restam alguns vestígios de matas junto aos afloramentos calcários que semanifestam em grande número na área.Os vestígios de pinturas são em pequeno número e de pouca nitidez, não permitindo a recuperação de suas formas. A paredeapresenta sinais de descamação, fungos e escorrimentos de calcita.O local recebe visitantes, pois localizamos lixo no local.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-10-19Coordenadas UTM: 7849910 mN - 598130Trabalhos anteriores realizados: Setor de Arqueologia - MHN/UFMG (prospecção)

ABRIGO DA MATA DA CAUAIA SIGLA MGBF 75 N° 84

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo com pinturas rupestres.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Cauaia - MatozinhosJosé NicolauAv. Prudente de Morais, 44 - sala 51 - Belo Horizonte. Fone: 296 7448

DESCRIÇÃO:Abrigo na base de um afloramento calcário com aproximadamente 25m de extensão, aberto para oeste, tendo seu suporte decorado.Apresentam também duas áreas escavadas junto ao paredão e outra sondagem ainda na área abrigada.O sítio encontra-se numa área cercada, com mata nativa preservada em todo seu entorno. As árvores grandes são escassaspróximo ao abrigo, o que determina uma exposição parcial à insolação dos painéis pintados. Encontra-se à margem de uma lagoasazonal, mas acima da área inundável. Seu solo é de argila de decomposição e embasamento calcário.Existem cerca de 130 figuras pintadas destacando-se os cervídeos, peixes e antropomorfos.As pinturas encontram-se bastante depredadas aparentemente por fatores naturais. Ocorre descamação do suporte sobre a qualforam feitas as pinturas e recobrimento de certas áreas por calcita encobrindo as mesmas. Percebemos também algumas poucasdepredações mais antigas com uso de tinta, por incisão; houve uso de óleo sobre algumas pinturas talvez para realçá-las para fotos.Faz-se necessário manter a vegetação da área para evitar a aceleração da depredação das pinturas evitando assim sua exposiçãoao sol.O sedimento do abrigo encontra-se quase totalmente perturbado por escavações anárquicas. As escavações principais encontram-se ainda abertas com acúmulo de terra ao redor. A área intacta para uma possível escavação é reduzida.A área é toda cercada, não há sinais de visitação recente. É necessário autorização para visitação do sítio.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-10-24Coordenadas UTM: 7847810 mN - 610600 mELocal de depósito do material: MHN/UFMG Musée de l’Homme - Paris/França (reprodução dos painéis pintados)Trabalhos anteriores realizados: - MHN/MFB - 1979 (prospecção e calque das pinturas. - Vandalismo - escavações

Bibliografia:Arquivos do MHN-UFMG, Vol. IV. - 1979

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XXXII

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CÓRREGO DANTAS SIGLA(IPHAN): MGBF 70 N° 86

CARACTERIZAÇÃO: Sítio cerâmico a céu aberto

PROPRIETÁRIO: Raimundo Costa Matozinhos

DESCRIÇÃO:O sítio encontra-se numa suave colina, vertente do córrego Riacho Dantas. Nada resta da vegetação nativa, estando a área, nomomento da visita, arada para plantio de roça de milho. O curso d’água mais próximo é o Riacho (ou Córrego) Dantas, cerca de300m a oeste.A área de ocorrência de material cerâmico corresponde a uma superfície elíptica de 200m (NW-Se) por 150m (SW-NE). Nesta áreaos cacos estão distribuídos do modo muito disperso, sendo pouco numerosos (cerca de três cacos por metro quadrado), bastantefragmentados (poucos cacos excedem 5cm de comprimento) e erodidos. Há pequenas áreas de maior concentração, onde seobservam até 10 cacos por metro quadrado.O sítio foi prospectado por JUNQUEIRA & MALTA, em 1978, não tendo sido objeto de outras intervenções. Os riscos a que o sítio se expõe são a ação do arado e a erosão provocada pela retirada da vegetação nativa. Há marcas acentuadasde erosão, incluindo o desenvolvimento de uma pequena vossoroca.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto 35-11-17Coordenadas UTM: 7851220 mN - 605320 mEO sítio não foi fotografado.Local de depósito: Museu de História Natural-UFMG.

Bibliografia:Junqueira & Malta 1978

MANDIOCAL SIGLA MGBF 29 N° 87

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Desconhecido. Fazenda Jaguara - Matozinhos.

DESCRIÇÃO:Localiza-se no terço médio de uma vertente, numa área de 20 x 20m (limites desconhecidos).Vegetação de pasto, em torno mata ciliar.A água mais próxima fica a 1.200m do Rio da Velhas.Embasamento geológico - calcário.Área de pasto onde foram encontrados alguns cacos pequenos de cerâmica não decorados.Sítio em local já muito gradeado, sucessivamente utilizado como área de pastagem. Atualmente encontra-se em estado adiantadode degradação.Área continuamente usada como pasto e na confluência de duas estradas que dão acesso a fazendas e áreas de extração decascalho.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-11-17Coordenadas UTM: 7848860 mN - 609720 mE

Bibliografia:Junqueira, P. & Malta, I.M.

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XXXIII

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AÇUDE DO BARBOSA SIGLA MGBF 30 Nº 88

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: José Mário Fazenda Jomafre Agropecuária - Matozinhos.

DESCRIÇÃO:Localiza-se no terço inferior da vertente a 100m do córrego.Vegetação de mata ciliar - plantação de milho e mandioca.A água mais próxima é do Córrego Jaguara e do açude.Embasamento geológico - calcário.Solo de terra vermelha.Enorme concentração de cacos cerâmicos simples e decorados de várias espessuras distribuídos numa área de aproximadamente600m x 300m, sendo que a maior concentração inicia-se a 100m do córrego.Encontram-se também parte da lâmina de um machado de pedra polida e uma lasca com a face interna também polida.O terreno onde está o sítio foi arado e plantado dezenas de vezes, o que contribuiu para a erosão do terreno.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-11-21Coordenadas UTM: 7846020 mN - 606560 mETrabalhos realizados:- Junqueira, P.A. & Malta, I.M. - “Sítios cerâmicos da região de Lagoa Santa.” Arquivos do Museu de História Natural-UFMG, Vol.III,p. 117-172.

GAMELEIRA SIGLA: N°89

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo com pinturas rupestres.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Experiência da Jaguara - MatozinhosDjalma VilelaAlvarenga Peixoto, 564 - Fone: 337 6500Obs.; requer autorização para visita.

DESCRIÇÃO:O sítio localiza-se no maciço com dolina ocupada por uma lagoa, sito uns 400m atrás da sede. A área do abrigo é pequena e escura eexistem poucas figuras.O abrigo com pinturas não apresenta sedimento pois encontra-se em conduto no calcário, aproximadamente 2,5m acima do chão. Noentorno a terra é vermelha e argilosa, tendo sido totalmente desmatada e encontrava-se arada com semeadura recente de milho.Recebe irrigação com retirada de água da dolina.Fica distante 100m da dolina, no mesmo afloramento calcário onde há uma lagoa.As pinturas são poucas, pouco visíveis pela falta de luz e também devido à fuligem de fogo; há sinais de ritos de umbanda, inclusive comdesenhos de carvão nos suportes rochosos.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-10-24Coordenadas UTM: 7844370 mN - 604040 mEFilme: 4 foto: 9 à 15.Trabalhos anteriores realizados: Calque e reprodução dos painéis - Setor de Arqueologia - UFMG.Local de depósito do material: Setor de Arqueologia do MHN/UFMG.

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XXXIV

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EXPERIÊNCIA DA JAGUARA SIGLA MGBF Nº 90

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo a céu aberto.

PROPRIETÁRIO: Djalma VilelaRua Professor Carlos Pereira Silva, 723 - Belvedere Belo Horizonte - Fone: 286 1882Fazenda Experiência da Jaguara - Matozinhos.

DESCRIÇÃO:Afloramento/torre cárstica próximo à dolina.Vegetação de pasto e plantação.A água mais próxima é do Córrego Jaguara.Embasamento geológico - calcário.Os poucos vestígios deste sítio são em baixo relevo e estão nas colunas em área escura da gruta.O abrigo está muito exposto, seja pelo total desmatamento a sua volta para formação de pasto e plantação, ou seja pela presençade gado e colocação de ganchos chumbados na rocha, de utilização desconhecida.Apresenta também muitas pichações em suas paredes, feitas com giz, carvão e incisões.

- Muitos entulhos foram jogados próximo à entrada do abrigo.- Foi escavado, a 50m do abrigo, um grande abrigo.- Encontramos junto à estrada, próximo à porteira da entrada, alguns cacos cerâmicos.- Os fatores de risco identificados são a intensa mecanização do terreno em torno e a utilização da água do córrego Jaguara para irrigação.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-10-24Coordenadas UTM: 7843890 mN - 604430 mE

Bibliografia:Junqueira, P. & Malta, I.M.

DOLINA DA BEBIDA SIGLA: Sítio novo, não cadastrado N° 93

CARACTERIZAÇÃO: Abrigo com pinturas rupestres.

PROPRIETÁRIO: Fazenda Bebida - Prudente de Morais. Afonso Celso França Costa Av. Alvares Cabral, 344 - Fone 224 9242 (em Belo Horizonte) Gerente: Wanderley Alves Freitas.

DESCRIÇÃO:O sítio localiza-se num grande maciço dominando aproximadamente 1km distante da sede.O paredão com abrigos tem aproximadamente 400 metros. As 2 áreas de pinturas separadas 5m entre si, estão à esquerda doabrigo maior, distante do mesmo uns duzentos metros, junto a um patamar abrigado.Na área das pinturas há um forte declive em direção à dolina. O sedimento do abrigo é acinzentado e pulverulento.A vegetação é de Mata Seca e fechada em todo o contorno do maciço.Há uma lagoa temporária na base do afloramento.Só do lado oposto da dolina, a aproximadamente 200m é que há áreas de pastagem, estando preservada a mata no entorno domaciço.O grande abrigo recebe visitação humana e do gado, apresentando sedimento. Não encontramos vestígios de depredações a nãoser algumas pinturas pretas que parecem ligadas a rituais umbandistas.São poucas as figuras localizadas em dois painéis. O primeiro apresenta-se com figuras nítidas destacando-se a de um cervídeo. Ooutro painel já apresenta vestígios cujas formas são de difícil recuperação.Não há sinas de visitação na área de pintura, pois se encontra em área de forte declive e mata fechada, mas, já nas proximidades,as figuras são muito visíveis.O maciço precisa ainda de uma prospecção complementar e de um levantamento mais detalhado, pois não é conhecido nãohavendo trabalhos anteriores.

DOCUMENTAÇÃO:Ortofoto: 35-10-19Coordenadas UTM: 7848540 mN - 597530 mELocal de depósito do material: MHN-UFMG (calque e reprodução de um painel)

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XXXV

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ANEXO IIIDocumentação Fotográfica

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Tiãozinho Fernandes - Ação da Mineradora Marbrite - nº 04. Tiãozinho Fernandes - Material coletado em 74 pormembros da MFB - nº 04.

Sítio Cerâmico Pastinho - nº 17. Sítio Cerâmico Pastinho - nº 17.

Pastinho - Instrumento lítico achado no local - nº 17. Sobradinho I - Pasto e açude (atrás pequeno pasto)- nº 18.

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XXXVII

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Sobradinho I - Pequeno pasto atrás da sede - nº18. Sobradinho II - Concentração de cacos cerâmicos - nº 18.

Sobradinho II - Vista do sítio, junto à concentração doscacos cerâmicos para a Rodovia MG 10: Lagoa Santa -Lapinha - nº 18.

Sobradinho II - Cacos cerâmicos furados - nº 18.

Sítio Cerâmico Quebra Cangalha - nº 19. Sítio Cerâmico Olhos D’água - nº 20.

XXXVIII

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Quebra Prato - Demonstrativo da variedade da cerâmica,seja pela espessura ou antiplástico etc - nº 21.

Sítio Cerâmico Fazenda Fidalgo - nº 22.

Lapa Mortuária - Vista geral - nº 23. Lapa Mortuária - Vista do interior da gruta - nº 23.

Lapa Mortuária- Incisões em bloco caído - nº 23.

Abrigo do Galinheiro - nº 25.

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XXXIX

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Abrigo do Galinheiro - nº 25.

Abrigo Marciano - nº 26.

Maciço de Marciano - Lavras da ‘‘Cauê Cimentos” - nº 26. Lapa Vermelha I - Vista da dolina com L.V.I. e L.V.II - nº 27.

Lapa Vermelha - nº 27. Lapa Vermelha I bis - nº 27.

XL

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Lapa Vermelha I - Gravura no piso nº 27.

Lapa Vermelha IV - Corte estratigráficonº 27.

Lapa Vermelha IV - Vista geral do sítio cerâmico em frenteà Lapa Vermelha nº 27.

Lapa Vermelha - Pintura (cervídeo) nº 27.

Lapa Vermelha II - Pinturas vistas desde a II bis nº 27.

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XLI

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Lapa do Eucalípto - nº 28.

Lapa do Eucalipto -Detalhe da Galeria com pichaçõesnº 28.

Mãe Rosa - Escavações antigas - nº 30.

Bodão - Vista a partir da estrada deacesso da Fazenda Lapinha - nº 34.

Bodão - Entrada do abrigo com sinais de uso de explosivo.Desmatamento e retirada de blocos nº 34.

Sítio Cerâmico Bité - nº 35.

XLII

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Vargem da Lapa - Vista Geral do maciço - nº 36. Vargem da Lapa - Sinalações rupestres - nº 36.

Lapa do Sumidouro - nº 44. Lapa do Sumidouro - Depredações das pinturas rupestresnº 44.

Lapa do Sumidouro - nº 44. Lapa do Sumidouro - Depredações no paredão - nº 44.

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XLIII

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Sítio Cerâmico Sumidouro - nº 44. Sítio Cerâmico Pedra Falsa - nº 47.

Sítio Cerâmico Vaca Prenha - nº 48. Lapinha II bis - Maciço - nº 49.

Lapinha II bis - Cacos cerâmicos localizados na área atrásdas casas, à esquerda desde o centro até proximidadesda Mata e Paredão com abrigo - nº 49.

Sítio Arruda - Milharal com incidência de cacos cerâmicos- nº 50.

XLIV

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Abrigo Samambaia I - nº 51. Samambaia I - PIntura porco pontilhado - nº 51.

Samambaia I - Maciço - nº 51. Sumidouro - Próximo à Samambaia I - nº 51.

Abrigo Samambaia II - nº 51.

Samambaia II - Pinturas e descamação - nº 51.

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

XLV

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Samambaia III - Escavações antigas - nº 51. Abrigo do Campinho - nº 52.

Vargem Fomosa - Vista geral - Maciço e Lago Sazonalnº 53.

Cerca Grande - ‘‘Janelas’’ com pintura e depredaçõesnº 55.

Cerca Grande - Vista geral das entradas dos abrigos VI eVII - nº 55.

Cerca Grande VI - nº 55.

XLVI

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Cerca Grande - ‘‘Janela’’ sobre Abrigo II - nº 55. Cerca Grande - ‘‘Janelas’’, cervídeospintados - pichações - nº 55.

Cerca Grande Abrigo II - Pinturas rupestres - nº 55. Cerca Grande Abrigo III - nº 55.

Cerca Grande V - Linha d’água no painel rupestre edecorações - nº 55.

Cerca Grande V - Abrigo V, vista geraldo paredão - nº 55.

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

XLVII

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Lapa do Caetano - nº 56.

Santo Antônio II - (Atrás da casa do João Bárbara) Área dedispersão de material na periferia da dolina - nº 57.

Vargem da Pedra - Maciço - nº 58.

Vargem da Pedra - Sinalações rupestres e picha-ções -nº 58.

Sítio cerâmico Peri-Peri - Cacos de cerâmica no barrancoda estrada - nº 60.

Cerca Grande V - Abrigo V - Porco fechado - nº 55.

XLVIII

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Abrigo de Caieiras - Cervídeo pintado sob escorrimentonº 61.

Abrigo de Caieiras - ‘‘Cupules’’ em bloco em frente àparede gravada - nº 61.

Gruta de Caieiras I - Pichações - nº 61.

Porco Preto - Maciço - nº 62.

Poções - Paisagem vista em frente aoabrigo (direção NW) - nº 64.

Porco Preto- Pedra desabada com gravuras, parcialmentedestruída a golpes de picareta - nº 62.

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

XLIX

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Lapa do Ballet - Alinhamento de antropomorfos - Painel Isuperior e depredações (incisões) - nº 65.

Sítio cerâmico Julião - nº 66. Lapa da Criciúma - nº 70.

Lapa da Pia - Maciço - nº 74.

Lapa do Ballet - Painel I inferior A e B edepredações - nº 65.

Lapa da Criciúma - nº 70.

L

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

Page 431: Download Arquivo

Capão das Éguas - Cervídeo pintado - nº 74.

Lapa da Escrivania - Abrigo principal -nºs 75 e 76.

Lapa Escrivania - Cervídeos pintados - nºs 75 e 76. Lapa Escrivania - Conjunto de antropomorfos -nºs 75 e 76.

Capão das Éguas - Maciço - nº 74.

Lapa Escrivania - Incisões (afiadores) - nºs 75 e 76.

Patrimônio Arqueológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

LI

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Fazenda Experiência da Jaguara - Maciço - nº 90. Experiência da Jaguara - Detalhe de depreda-ções:gancho pregado na pedra depredações por incisão -nº 90.

Sítio Cerâmico Açude do Barbosa - nº 88. Gameleira - Sistema de irrigação da Fazenda Experiênciada Jaguara, com a retirada da água da dolina do maciçoda Gameleira - nº 89.

LII

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Dolina da Fazenda Bebida - Cervídeo - nº 93.

Dolina da Fazenda Bebida - Localização do cervídeo noparedão - nº 93.

Dolina da Fazenda Bebida - Novo Sítio Rupestre localizado- nº 93.

CPRM – Serviço Geológico do Brasil

LIII

Patrimônio Arqueológico

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LEVANTAMENTO PALEONTOLÓGICOProfessor Dr. Castor Cartelle

Professora Virgínia AbuhidProfessor Mauro Agostinho C. Ferreira

Professor Rodrigo Lopes Ferreira

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INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS

RENOVÁVEIS - IBAMA

Levantamento paleontológico; organizado por Prof. Dr. Castor Cartelle, Profa. Virgínia

Abuhid, Prof. Mauro Agostinho C. Ferreira [et al.]. – Belo Horizonte: IBAMA/CPRM, 1998.

32p.: mapas e anexos, (Série APA Carste de Lagoa Santa - MG).

Conteúdo: V.1. Meio físico – V.2. Meio biótico - V.3. Patrimônio espeleológico,

histórico e cultural – V.4. Sócio-economia.

1. APA de Lagoa Santa - MG - 2. Meio ambiente - 3. Paleontologia. I - Título. II -

Cartelle, Castor, Prof. Dr. III - Abuhid, Virgínia, Profa. IV - Ferreira, Mauro A. C. [et al.]

CDU 577-4

Direitos desta edição: CPRM/IBAMA

É permitida a reprodução desta publicação desde que mencionada a fonte.

Ficha Catalográfica

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Desde a chegada de Peter W. Lund a LagoaSanta em 1835, as grutas da região da APACárstica adquiriram enorme importânciacientífico-cultural. A criação efetiva da APAagrega-lhes, agora, o valor histórico. Tal afirmativaé justificada pelo fato de que três ciênciasrelacionadas com as grutas, arqueologia,paleontologia e espeleologia, tiveram sua origemna América do Sul, precisamente na região daAPA Cárstica e com Lund.

O naturalista dinamarquês abandonou aspesquisas de campo em 1855. Passou-se muitotempo até que fossem retomadas. Nunca,porém, com a intensidade que ele desenvolvera.Na década de 1940, componentes da extintaAcademia Mineira de Ciências dedicaram-seesporadicamente à pesquisa em grutas. Ocentro de interesse maior era o achado dohomem fóssil. Não obstante, coletaram peçasda mastofauna do Pleistoceno que hoje seencontram depositadas na coleção paleontológicado Museu de História Natural da UniversidadeFederal de Minas Gerais.

Foi nesse mesmo período que P. Drenkpol(Museu Nacional do Rio de Janeiro) fezalguns trabalhos de campo na área, coletando,especialmente, material humano e unspoucos fósseis da fauna pleistocênica.Posteriormente, já na década de 1960,Souza Cunha (Museu do Rio de Janeiro),Paulo Couto e Hart coletaram, também, algu-mas peças da fauna fóssil na área de CercaGrande.

As pesquisas continuaram de maneiraesporádica a partir da década de 1970, comoas realizadas pela expedição Franco-Brasileira(tendo sido coletados uns poucos fósseis naLapa Vermelha de Pedro Leopoldo), pelo Prof.Ronaldo Teixeira (UFMG) e pelos autores desterelatório.

Por essa breve introdução, deduz-se que,finalmente, uma região de grande interesse iráreceber tratamento especial. Para isso,parece imprescindível a valorização dapesquisa.

1 - INTRODUÇÃO

Levantamento Paleontológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

1

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Além de visitas técnicas às grutas nas quaisLund trabalhara, foram feitas diversas vistorias,prospecções e até pequenas coletas emdiversas grutas listadas adiante. Na listagem,são omitidas grutas nas quais não foramencontrados vestígios paleontológicos. Háum grande potencial para descobertaspeleontológicas na área da APA. As limitaçõesde tempo e de custo impediram uma pesquisade campo mais aprofundada, uma vez que apesquisa paleontológica é, por natureza, muitolenta. Como norma geral, pode-se estabelecerque toda gruta com sedimentos e sem cursosde água permanentes é potencialmentefossilífera.

Foi dada ênfase especialmente às grutasconsideradas “históricas”, correspondentesàquelas exploradas por Lund. Não é fácil rastrearos trabalhos de campo de Lund através dageografia da APA Cárstica. Usamos, para isso,trabalhos fundamentais como os artigos dopróprio Lund, recolhidos nas “Memórias daPaleontologia Brasileira”, publicadas por PaulaCouto; os trabalhos de Winge, publicados em“E Museu Lundi”, que registra a procedênciados materiais por ele estudados e que Lundremetera para a Dinamarca; a caderneta-catálogo manuscrita por Lund, onde lista osachados e sua procedência e, finalmente, umroteiro dos trabalhos de campo realizados porLund e escrito por Reinhardt.

A dificuldade principal na identificação daslocalidades ocorre por ter havido mudanças nasdenominações ao longo do tempo. Geralmente,as grutas exploradas por Lund receberam

denominações relacionadas com as dasfazendas. Conseguiu-se localizar a maioria emmapas antigos, pesquisas de campo elevantamento de pistas com pessoas conhe-cedoras da região.

As grutas da APA foram divididas em trêsgrandes grupos:

a) grutas históricas desaparecidas e preservadas;

b) grutas com registros-indícios de materialpaleontológico;

c) grutas a serem ainda pesquisadas porapresentarem potencial fossilíferas e que nãoforam pesquisadas pela equipe.

São listadas as grutas dos dois primeiros itens,constando localização e espécies identificadas.Também fez-se uma listagem registrando aocorrência de espécies por grutas. Além daplotagem das grutas citadas, constam do maparespectivo ícones representativos das diversasfamílias, o que facilita a identificação dasespécies e do conteúdo aproximado da faunafóssil, de cada gruta. Concluiu-se com umasérie de recomendações como subsídiosao zoneamento da APA cárstica de LagoaSanta.

Nas figuras, preferiu-se representar, entre asdiversas grutas com ocorrências fósseis, aGruta do Baú, ressaltando sua importância.Quanto à fauna representada, escolheu-seespécies fundadas por Lund. É uma maneirade chamar a atenção para a grande importânciacientífica da área.

2 - METODOLOGIA

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

2

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1. Infelizmente, algumas grutas “históricas”e de grande importância científicadesapareceram pela ação de mineradoras.Esse vácuo histórico - científico élamentável, e é necessário que seja, pelomenos, didático. Sugere-se que as quepermaneceram recebam tratamentoespecial como será indicado em outro item.Dentre essas, recomendamos tratamentoespecial à trilogia Sumidouro, Baú e CercaGrande. Esta última, mesmo requisitadafreqüentemente para exploração de calcário,parece estar protegida, pois além detombamento específico, há uma guardaprática exercida pelos seus proprietários.

Quanto à Gruta do Baú, sugere-se que sejadelimitado um entorno no qual se impeça aação antrópica. Deve-se evitar queela se torne refúgio acidental de gado.Recomendamos que seja, decidida-mente, vocacionada para pesquisa eeducação.Quanto à gruta-lagoa do Sumi-douro, área teoricamente protegida, énecessário especial cuidado quanto aozoneamento. Na medida do possível, deve-se manter as condições peculiares da área.Além da ocupação antrópica que começa ase tornar caótica, houve a construção deuma estrada-dique, sobre a qual a FEAM(Fundação Estadual de Meio Ambiente) estátomando providências legais cabíveis. Énecessário que o zoneamento exija doexecutivo-legislativo de Pedro Leopoldomedidas efetivas quanto ao uso do solo,evitando interferências que possamavolumar-se com loteamentos e bota-forade serraria e de pedras, presentes noentorno. Obviamente, esses fatos têminterferência continuada no regime naturaldo sumidouro-sifonamento natural.

2. As grutas do segundo grupo, com registrospaleontológicos, deveriam ser tambémidentificadas (como será recomendado),correspondendo àquelas que devem serobjeto de projetos de pesquisa. Destacamosque a interferência dessas pesquisas nasgrutas tem impactos negativos mínimosquando realizadas tecnicamente. Além desomente ocorrer retirada de materialexógeno, a importância dos conhecimentos

que venham a ser adquiridos através dessaspesquisas compensa, folgadamente, seusimpactos negativos. Pensamos que, sendouma APA com forte conteúdo histórico -científico, pesquisas realizadas conforme osmoldes técnicos deveriam ser incentivadase nunca dificultadas.

3. As grutas do terceiro grupo, desconhecidassob o ponto de vista paleontológico, devemser consideradas como “reservas técnicas”que poderão vir a integrar o segundo grupoe, quando forem consideradas comopertencentes a esse grupo, deverão recebero mesmo tratamento.

4. Poder-se-ia adotar para todas as grutas ocritério de que seja dificultada a atividadeantrópica no seu entorno, estabelecendo-sefaixas em relação aos paredões ou, quandodolinadas, em raio do seu perímetro, demaneira análoga ao que se faz com os cursosd’água. Não obstante é necessário deixar apossibilidade de autorização de plantio deculturas temporárias.

5. Outras medidas devem ser introduzidas paraa ocupação antrópica ordenada sendonecessário prever uma ação de moni-torização e de vigilância continuada que, comagilidade, corrija ou coíba ações pontuaiscomo ocupação indevida de encos-tas, remoção de cobertura vegetal,assoreamentos dos cursos de água,(situadas além dos limites da APA), dentreoutras.

6. Maciços com cavernas no entorno em relaçãoaos limites da APA Cárstica de Lagoa Santadevem ser, também, levados em conta nozoneamento. Como ocorre continuidade, nãopodem ser desconsiderados os limitesnaturais.

7. Nas áreas da APA, é necessário que sejaestimulada uma continuidade das explo-rações paleontológicas. Belo Horizonte possuiinstituições (UFMG e PUC-MG) capacitadaspara realizar tal trabalho. Para que isso sejapossível, sugerimos uma mudança nomodelo de controle sobre áreas cársticasque, na atualidade, é usado pelo IBAMA.Exige-se, com pouco realismo, autorização

3 - RECOMENDAÇÕES

Levantamento Paleontológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

3

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“ad hoc”, isto é, para cada local e cadapesquisa desenvolvida. Na prática, isso éirrealizável. Além disso, são poucas aspessoas envolvidas nesse tipo de pesquisa,uma vez que a ela implica, além de vocação,uma dedicação exclusiva, investimentos eprofundos estudos. Recomendamos que,pelo menos para a APA Carste de LagoaSanta, sejam licenciados os pesquisadorese não as pesquisas. Isso incluiria apaleontologia, arqueologia, bioespeleologia eciências afins. As pessoas que trabalhamnessas áreas, uma vez ligadas a Instituiçõessérias, não precisam ser fiscalizadas. Afiscalização deveria recair sobre aquelas quenão tiverem preparação profissionalespecífica ou tentarem subtrair bens quepertencem ao patrimônio científico-cultural danação.

8. Somos favoráveis à visitação das grutas pelapopulação e, para tal, sugerimos ocadastramento de grupos de espeleologia,empresas de ecoturismo ou similares junto aAPA Cárstica de Lagoa Santa. Tais gruposdeveriam receber autorização em aberto paravisitações, adquirindo, em contrapartida, ocompromisso de notificar descobertas,depredações ou observações que julgarempertinentes. Seria essa uma maneirainteligente de incluir cidadãos conscientes noestudo, vigilância e ocupação da área.Diversos grupos desenvolvem magníficostrabalhos, por exemplo, de mapeamento degrutas. Paulatinamente, poder-se-ia fazermapoteca das grutas na sede da APA.

9.Sugerimos um trabalho metódico e con-tinuadode plotagem e prospecção das grutas.Na administração da APA Cárstica, devido àsua peculiaridade, seria ideal a alocação deespeleólogos.

10. Sugerimos um estudo aprofundado emconjunto com a Prefeitura de Lagoa Santa,

para melhor aproveitamento turístico daGruta da Lapinha. Ela poderia tornar-se umcentro, além de “visual”, informativo, istoé, além da visitação em si, é necessárioaproveitar o fluxo de turistas para transmitirconhecimentos arqueológicos e paleontoló-gicos entre outros, sobre a APA.

11. Recomendamos especialmente a carac-terização das grutas:

• cadastramento e identificação em pequenasplacas padronizadas, de cimento, na entrada,com sigla, número, se foi pesquisado porLund, etc.;

• fichamento onde constem as principaiscaracterísticas;

• registros fotográficos apropriados, para se teruma maneira de se fazer uma memóriahistórica.

12. Criar, na sede da APA, uma bibliotecaespecial/específica. No tocante àpaleontologia, esta equipe se dispõe afornecer a bibliografia a respeito.

13. Recomendamos o estudo técnico para aescolha de uma gruta com o intuito de levaros conhecimentos paleontológicos àpopulação “in loco”. Sugerimos a Gruta doBaú ou, por facilidade de apoio logístico-vigilância, a Gruta da Lapinha (ainda queseja considerada estéril). Poder-se-ia exporuma série de réplicas perfeitas da nossafauna extinta, aproveitando-se, na entradada gruta, espaços naturais em ambiente jádescaracterizado. Seria uma espécie demini-museu. Esclarecemos que existe, emBelo Horizonte, a única Equipe no paíscapaz de realizar réplicas perfeitas da faunaextinta.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

4

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Registro paleontológico tipo A

Registro paleontológico tipo B

Registro paleontológico tipo C

Rios, ribeirões e córregos

LEGENDA

Lagoas

Manchas urbanas

A.1 - B.2 - B.4 - B.5 - B.13 - B.15Mustelidae

FelidaeA.1 - A.2 - B.1 - B.2 - B.3B.6 - B.8 - B.9 - B.12 - B.13

CanidaeA.1 - A.2 - B.1 - B.2B.5 - B.6 - B.11 - B.13

A.1 - B.3 - B.8Megatheridae

Didelphidae

IDENTIFICAÇÃO DA FAUNA POR GRUTAS

B.4 - B.6

B.1 - B.3 - B.4 - B.5 - B.8Cebidae

Homo

B.8 - C.3 - C.7 - C.9 - C.12A.1 - B.1 - B.2 - B.6 - B.7

A.1 - B.1 - B.5 - B.6 - B.10Megalonichidae

MyrmecophagidaeA.1 - B.1 - B.6

C.3 - C.6 - C.8 - C.13A,1 - A,2 - B.1 - B.2 - C.2Hydrochoeridae

A.1 - A.2 - B.2 - B.3 - B.5 - B.6Procyonidae

C.12Aves

C.8 - C.9 - C.16 - C.18Moluscos

CamelidaeA.1 - B.8

UrsidaeA.3 - B.2 - B.8 - B.15 - C.3

LOCALIZAÇÃO NO ESTADO

42º48º

CervidaeA.1 - B.1 - B.2 - B.4 - B.5 - B.6B.13 - B.14 - C.4 - C.7

B.6 - B.8 - B.14Gomphortheriidae

B.6 - B.10 - B.13 - B.15 - C.3 - C.22A.1 - A.2 - B.1 - B.2 - B.3 - B.4 - B.5Dasypodidae

TapiridaeA.1 - A.2 - B.1 - B.3 - B.5 - B.6

ErethizontidaeB.12

A.2 - A.3 - B.1 - B.2 - B.3 - B.4 - B.5 - B.6B.13 - B.14 - B.15 - C.1 - C.7 - C.10

Mylodontidae

TayassuidaeA.1 - B.1 - B.2 - B.5 - B.6B.8 - B.13 - B.15 - B.18

EquidaeB.3 - B.6 - B.8 - B.10

C.20 - C.22 - C.23 - C.24

Rodentia indeterminadosB.1 - B.4 - B.6 - B.15 - C.1 - C2 - C.4 - C.5C.6 - C.7 - C.12 - C.13 - C.14 - C.16 - C.19

Carnivora indeterminadosC.6 - C.12

LeporidaeB.6 - B.12

B.12Sciuridae

B.6 - B.15Glyptodontidae

C.6 - C.12Quiroptera

20º

16º

2000m1000 0 1000

Escala Gráfica

Identificação das Grutas

Sítio Paleontol. da Preguiça

Lapa da Pedra dos ÍndiosLapa dos Coxos

Gruta das ConchasBuraco do Fóssil

Lapa da Mãe RosaGruta do PomarParedão da Fenda IIIGruta do LameiroGruta dos TúneisGruta das Aranhas

Gruta da EscadaGruta dos HelictitesGruta do Intoxicado

Experiência da Jaguara

Lapa do Morro RedondoLapa da Ribeira **Lapa dos BorgesLapa do Marinho 1 - 2 **Lapa dos Tatus

Gruta do GalinheiroLapa do Bento **Gruta do Engenho **Gruta dos ConfinsLapa do Caetano

Serra das Abelhas

Lapa do Sumidouro

não identificados.** Sítios citados na literatura, mas

Marguipegus

Gruta do Baú

Serra D'anta

Fedor

Tombo

Limeira

CiminasNossa CasaLavouraOssarium

Samambaia

Sítio da Mina

Ossinhos **

Periperi 1 - 2

Lapa Vermelha

Lapa Vermelha

Lagoa Funda **

Cerca Grande

A.3A.2A.1

C.20C.19C.18

C.21C.22C.23C.24

C.10C.11C.12C.13C.14C.15C.16C.17

C.7C.8C.9

C.1C.2C.3C.4C.5C.6

B.15B.16B.17B.18

B.1B.2B.3B.4B.5B.6B.7B.8B.9B.10B.11B.12B.13B.14

MAPA DE GRUTAS COM REGISTRO PALEONTOLÓGICODA APA CARSTE DE LAGOA SANTA - MG

595

7835

5957855

7850

7845

7840

7830

7825

600

600

605

605

7850

7845

615610

615000E6107855000N

7840

7835

7830

7825

MATOZINHOS

QUINTA DA

FAZENDINHA

SÃO BENTO

MOCAMBEIRO

PEDRO LEOPOLDOCONFINS

TAVARES

DR. LUND

QUINTA DOSUMIDOURO

BairroSanta Helena

LAPINHA

CAMPINHODE BAIXO

LAGOA SANTA

B.17

B.7

B.5

B.16

B.13

B.1

B.3

B.4

B.6

B.15

B.18

B.8

B.11

B.2

C.9

C.19

C.22C.21

C.20

C.6

C.10C.11

C.12

C.14

C.16

C.15

C.7

C.24

C.8C.5

C.18

C.4

C.2

C.17

C.23

C.1

C.13

A.2

A.3

A.1

MG-424

MG

-424

MG

-010

DAS VELHAS

La. Pequena

RIO

Gor dur

a

La. Grande

Jeni

papo

S

VE

LH

A

RIO

DAS

Água

Jagu

araCórr.

DoceLa. dosPorcos

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La. Vargemde Fora B

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La. da Lapinha

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Seca

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Córr

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Córr. das

La. do SangradorLa. Samambaia

Samambaia

Córr.

Capão

Córr.

BonitaLa. Vargem

Canoas

La. do Fidalgo

do

Fid

alg

o

Olhos d'Água

da

Mata

Córr.

do

Retiro

Rib.

Córr.

AntônioLa. Santo

La. dos

Córr.

Bebedouro

Sam

am

baia

Ria

cho

La. Bororó

La. de Dentro

Córr. Jaguara

La. do Curtume

Córr.

Mucambo

La. do Brejo

La. Vargemda Pedra

La. Cerca de Achas

La. MariaAngelica

Palmeira

Córr.

La. da Mata

Riacho da Gordura

Córr.

Palmeira

Lagoa deSanto Antônio

La. Caetano

La. dos Mares

da

La. VargemComprida

TANCREDO NEVESAEROPORTO INTERNACIONAL

CPR MServiço Geológico do Brasil

5

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4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERBERT - BORN, M.I.C., HORTA, L.C. de S. Informações básicas para a gestão territorial:espeleologia.

CERTELLE, C. Tempo passado: mamíferos do pleistoceno em Minas Gerais. Belo Horizonte:Palco / Acesita, 1994. 132 p.

LUND -PAULA COUTO, C. Memórias sobre a peleontologia brasileira. Rio de Janeiro: InstitutoNacional do Livro, 591 p. [Revistas e comentadas por Carlos de Paula Couto].

LUND, W. Catálogo manuscrito. s.n.t., 1845. [Depositado no Zoologische Museunm deCopenhague].

MATOS, A. Pré história brasileira. São Paulo: Companhia Editora Nacional Brasiliana, 324 p.[Série 5].

PADBERG-DENKPOL, J.A. Relatórios de excursões à região calcária de Lagoa Santa: seção deantropologia e etnografia do Museu Nacional. Rio de Janeiro: s.n.t., 1926-29.

PAULA COUTO, C. Tratado de paleomastozoologia. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências,1979. 590 p.

REINHARDT, J. Oversigt over det Kgl. Danske Videnskabernes Selskabs Forhandlinger. s.n.t., 1989.p. 201-210.

SOUZA CUNHA, F.L. de Sobre o hippidion da Lapa Mortuária de Confins, Lagoa Santa - MinasGerais. Rio de Janeiro: Sul-America S.A. 55 p.

WALTER, H.V. Arqueologia da região de Lagoa Santa. Rio de Janeiro. Sedrega, 1958. 227 p.

WINGE, H. Jordgundne og nulevende Gumlere (edentata) fra Lagoa Santa, Minas Gerais, Brasilien.E Museo Lundii. 1915, v.3, n.2, p.1 - 321.

________. Jordgundne og nulevende Hovdyr (Ungulata) fra Lagoa Santa, Minas Gerais - Brasilien.Med udsigt over gumbernes indbyrdes slaegtskab. E Museo Lundii. 1906, v.3, n.1, p.1-239.

6

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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ANEXO IRelação de grutas com registro paleontológico

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A - Grutas históricas destruídas

A.1 - Lapa Vermelha de Lagoa Santa. Jazida daSOEICOM

Espécies encontradas:

Nasua nasua, Galictis, sp., conepatussemistriatus, +Smilodon populator, felis onca,+Tapirus cristatellus, +Protocyon Troglodytes,hydrochoerus hidrochaeris, +Pampatheriumhumboldti, Tayassu tajacu, +Palaeolama major,+Scelidodon cuvieri, +Eremotherium laurillardi,euphracthus sexcintus, +Nothrotheriummaquinense, Mazama sp, +Neochoerussulcidens, Tamandua tetradactyla e Homosapiens.

A.2 - Lapa da Pedra dos Índios (Pedro Leopoldo.Jazida da Ciminas)

Espécies encontradas:

+Protocyon troglodytes, +Scelidodon cuvieri,Hydrochoerus hydrochaeris, Nasua nasua,+Smilodon populator, +Propraopus punctatus,+Tapirus cristatellus, felis onca e +Arctotheriumbrasiliense.

A.3 - Lapa dos coxos (Pedro Leopoldo, perto deMocambeiro)

Espécie registrada:

+scelidodon cuvieri.

B - Grutas históricas

B.1 - Cerca Grande (Matozinhos)

Espécies encontradas:

+Speothos pacivorus, +Scelidodon cuvieri,+Nothrotherium maquinense, Cuniculus pacas,+smilodon populator, Tayassu tajacu, Callithryxsp., +Neochoerus sulcidens, Blastocerusdicotomus, Myrmecophaga tridactyla e Homosapiens.

B.2 - Lapa e Lagoa do Sumidouro (Pedro Leopoldo e Lagoa Santa).

Espécies encontradas:

+scelidodon cuvieri, mazama sp., speothosvenaticus, +Pampatherium humboldti,Hydrochoerus hydrochaeris, +Protocyon

troglodytes, Felis onca, Cerdocyon thous, Lontrabrasiliensis, +Propraopus sulcatus,+Propraopus punctatus, +Smilodon populator,Tayassu tajacu, +Arctotherium brasiliense,Blastocerus dichotomus, Tapirus cristatellus,+Neochoerus sulcides, +Equus (Amerhipus)neogeus e Homo sapiens.

B.3 - Serra D’Anta (Matozinhos, entre Baú eMocambeiro)

Espécies encontradas:

Cebus apella, +Scelidodon cuvieri, Tapirusterrestris, Felis sp., Myocastor coypus,+eremotherium laurillardi, Hydrochoerushydrochaeris, Nasua nasua, Euphracthussexcinctus.

B.4 - Serra das Abelhas (Fidalgo, PedroLeopoldo, perto do conjunto Baú-Caixão)

Espécies encontradas:

Eira sp., Didelphis albiventris, +Propraopuspunctatus, +Scelidodon cuvieri, +Pampatheriumhumboldti, Callithryx sp., Myocastor coypus,Cercomys, sp., Mazama americana,

B.5 - Periperi 1-2 (Matozinhos. Caieiras; caminhoda fazenda dos Borges).

Espécies encontradas:

+Scelidodon cuvieri, +Pampatherium humboldti,tapirus terrestris, Mazama gouazoubirta,+Nothrotherium maquinense, Eira sp., Tayassutajacu, +Protopithecus brasiliensis, Nasuanasua e Speothos pacivorus.

B.6 - Gruta do Baú (Pedro Leopoldo)

Espécies encontradas:

tapirus terrestris, +Scelidodon cuvieri,+Propraopus punctatus, +Hoplophrouseuphractus, +Pampatherium humboldti,+Smilodon populator, Panthera onca, Nasuanasua, +Speothos pacivorus, Hydrochoerushydrochaeris, Myocastor coypus, Nelomys sp.,Didelphis albiventris, Tamandua tetradactyla,Dasypus novemcinctus, +Equus (Amerhippus)neogeus, Lagostomus brasiliensis,+Nothrotherium maquinense, Tayassu tajacu,+Neochoerus sulcidens, +Haplomastodonwaringi, Cabasus unicinctus, Mazama

Levantamento Paleontológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

II

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americana, Mazama gouazoubira e Homosapiens.

B.7 - Lapa do Caetano (Matozinhos)

Espécie registrada:

Homo sapiens.

B.8 - Lapa de Confins (Município de Confisn)

Espécies encontradas:

+Hippidion principale, +Eremotherium laurillardi,+Smilodon populator, Tayassu tajacu,Hydrochoerus hydrochaeris, +Haplomastodonwaringi, +Palaeolama major, +Arctoheriumbrasiliense, Alouatta sp., e Homo sapiens.

B.9 - Gruta do Engenho (Confins)

Espécie registrada:

+Smilodon populator.

B.10 - Lapa do Bento (Vargem Formosa, PedroLeopoldo. Estrada para Fidalgo-Lagoa deSanto Antonio)

Espécies registradas:

Dasypus sp., e +Nothrotherium maquinense.

B.11 - Gruta do Galinheiro (Denominação deLund: Cavalho). Sede do Município deConfins.

Espécies encontradas:

+Protocyon troglodytes e + Equus(Amerhippus) neogeus.

B.12 - Ossinhos (fidalgo, Pedro Leopoldo).

Espécies encontradas:

Felis sp., Lagostomus brasiliensis e Echymissp.

B.13 - Lapa dos Tatus (Mesmo maciço do Baú,Pedro Leopoldo).

Espécies encontradas:

Sciurus aestuans, Coendou sp., Mazamaamericana, Mazama gouazoubira, +Propraopussulcatus, +Propraopus punctatus, Speothosvenaticus, +Protocyon troglodytes, Tayassutajacu, Conepatus semistriatus, Hydrochoerushidrochaeris, felis sp., e +Scelidodon cuvieri.

B.14 - Lapa do Marinho 1 e 2. (Entre Prudentede Morais e Matozinhos).

Espécies encontradas:

+scelidodon cuvieri e Mazama americana.

B.15 - Lapa dos Borges (Pedro Leopoldo)

Espécies encontradas:

+scelidodon cuvieri, +Hoploplorus euphractus,+Arctotherium brasiliense, +Haplomastodonwaringi, Lontra longicaudis, Tayassu pecarim+Tetrastylus walteri e Brasiliochoerusstenocephalus.

B.16 - Lapa da Ribeira (Pedro Leopoldo)

Lund relaciona: “poucos fósseis”semdescriminá-los.

B.17 - Lapa do Morro Redondo (Matozinhos,perto de Poções).

Lund relaciona: “poucos fósseis”semdiscriminá-los.

B.18 - Limeira (Pedro Leopoldo. Fundo dajazida da mineração Lapa Vermelha)

Lund relaciona: “poucos fósseis” semdiscriminá-los.

C - Grutas não “históricas” com registrofossilífero

C.1 - Cauaia (Matozinhos) / Sítio paleontológicoda Preguiça

Espécies encontradas:

+Scelidodon cuvieri e Agouti paca

C.2 - Experiência da Jaguara (Matozinhos)

Espécies encontradas:

Agouti paca, Panthera onca e rodentiaindeterminados

C.3 - Lagoa funda (Pedro Leopoldo)

Espécies encontradas:

+Arctotherium brasiliense, +Pampatheriumhumboldti e Homo sapiens.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

III

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C.4 - Gruta do Intoxicado (Matozinhos)

Espécie registrada:

Mazama sp.

C.5 - Gruta dos Helictites (Lagoa Santa. Do ladoda Lapinha)

Táxon registrado: Rodentia indeterminado

C.6 - Gruta da Escada (Matozinhos)

Táxon registrados:

Carnivora, Rodentia e Chiroptera inde-terminados

C.7 - Lapa Vermelha (Pedro Leopoldo)

Espécies encontradas:

+scelidodon cuvieri, Mazama gouazoubira,Antifer sp. Homo sapiens e Rodentia(numerosos não determinados).

C.8 - Gruta das Aranhas (Lagoa Santa)

Achados:

Moluscos diversos.

C.9 - Gruta dos Túneis (Lagoa Santa)

Achados:

Moluscos diversos.

C.10 - Gruta do Lameiro (Matozinhos)

Espécie encontrada:

+Scelidodon cuvieri (ref. Equipe espeleologiaProjeto APA)

C.11 - Paredão da Fenda III (Matozinhos)

Achados:

Além de Homo Sapiens (ref. Equipeespeleologia Projeto APA)., foram encontradaspoucas peças de mamíferos, mas não foipossível determiná-los.

C.12 - Gruta do Pomar (Matozinhos)

Táxon encontrados:

Tayassu pecari, Carnivora indeterminado,Chiroptera indeterminados e Avesindeterminadas.

C.13 - Lapa da Mãe Rosa (Perto da FazendaSamambaia)

Espécies encontradas:

Tayassu tajacu e Homo sapiens.

C.14 - Sítio Arqueológico da Mina (Córrego daGordura)

Táxon encontrados: Rodentia indeterminada.(ref. Equipe de espeleologia do Projeto APA)

C.15 - Buraco do Fóssil (Estrada de PedroLeopoldo)

Achados: ossos de microfauna concrecionados.(ref.: Projeto VIDA)

C.16 - Gruta das Conchas I

Achados: Moluscos e Ossos de Rodentiaindeterminada. (ref.: Projeto VIDA)

C.17 - Samambaia (Pedro Leopoldo, 19 km anordeste, em direção à Lapinha)

Espécie registrada:Brasiliochoerus stenocephalus.

C.18 - Tombo

Achados: moluscos. (ref.: Projeto VIDA)

C.19 - Marquipegus

Achados: Rodentia indeterminada.

C.20 - Ossarium

Achados: Rodentia indeterminada.

C.21 - Lavoura

Achados: Carapaça de tatu indeterminado.

C.22 - Nossa Casa

Achados: ossos indeterminados em brecha.(ref.: Projeto VIDA)

C.23 - Ciminas

Achados: ossos indeterminados em brecha.(ref.: Projeto VIDA)

C.24 - Fedor

Achados: ossos indeterminados em brecha.(ref.: Projeto VIDA)

* As espécies com + são extintas.

Levantamento Paleontológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

IV

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ANEXO IIRelação das espécies por grutas

Page 447: Download Arquivo

MOLUSCA: C.9; C.10; C.6; C.8.

AVES: C.12.

MARSUPIALIA: B.4; B.6.

CHROPTERA: C.6; C.12.

PRIMATES

Callithrix penicillata: B.1; B.4.

Alouatta sp.: B.8

Cebus apella:B.3

Protopithecus brasiliensis:B.5.

Homo sapiens: A.1; B.1; B.2; B.6; B.7; B.8; C.3;C.7; C.11; C.13.

EDENTATA INDETERMINADA: C.22

Nothrotherium maquinense: A.1; B.1; B.5; B.6;B.10.

Eremotherium laurillardii: A.1; B.3; B.8.

Scelidodon (=Catonyx) cuvieri: A.1; A.2; A.3; B.1;B.2; B.3; B.4; B.5; B.6; B.13; B.14; B.15; C.1;C.7; C.10.

Myrmecophaga tridactyla:B.1.

Tamandua tetradactyla: A.1; B.1; B.6.

Euphractus sexcintus:A.1; B.3.

Cabassous unicinctus: B.6.

Dasypus novemcinctus:B.6; B.10.

Propraopus punctatus: A.2; B.2; B.4; B.6; B.13.

Propraopus sulcatus: B.2; b.13.

Pampatherium humboldtii: A.1; B.1; B.2; B.4;B.5; B.6; C.4; C.22.

hoplophorus euphractus:B.6; B.15.

LAGOMORPHA

Sylvilagus braziliensis: B.6; B.12.

RODENTIA INDETERMINADA: B.4; B.6; C.2; C.5;C.6; C.7; C.14; C.16; C.19; C.20; C.22; C.23; C.24.

Sciurus aaestuans: B.13.

Coendou sp.:B.13

Hydrochoerus hydrochaeris: A.1; A.2; B.2; B.3;B.6; B.8; B.13.

Neochoerus sulcidens: A.1; B.1; B.2; B.6.

Agouti paca: B.1; C.1; C.2.

Myocastor coypus:B.3; B.4; B.6.

Echimys braziliensis: B.12.

CARNÍVORA INDETERMINADA: B.6; B.12.

Cerdocyon thous: B.2.

Protocyon troglodytes: A.1; A.2; B.2; B.11; B.13.

Speothos venaticus: B.2; B.13.

Speothos pacivorus: B.1; B.5; B.6.

Arctotherium brasiliense:A.1; B.2; B.8; B.15;C.2.

Nasua nasua: A.1; A.2; B.3; B.5; B.6.

Galictis vitatta: A.1.

Conepatus semistriatus:A.1; B.13.

Eira barbara:B.14; B.5.

Lontra longicaudis:B.2; B.15.

Felis sp.: B.3; B.12; B.13.

Panthera onca: A.1; A.2; B.2; B.6; C.2.

smilodon populator: A.1; A.2; B.1; B.2; B.6; B.8;B.9.

PROBOSCIDEA

Haplomastodon waringi: B.6; B.8.

PERISSODACTYLA

Equus (amerhippus) neogeus: B.2; B.6; B.11.

Hippidion principale: B.8.

Tapirus terrestris: B.3; B.5; B.6.

Tapirus cristatellus: A.1; A.2; B.1.

ARTIODACTYLA

Tayassu pecari:B.15; C.18.

Tayassu tajacu: A.1; B.1; B.2; B.5; B.6; B.8;B.13; C.13; C.15.

Brasiliochoerus stenocephalus: B.15; C.18.

Palaeolama major: A.1; B.8.

Antifer sp.: C.7

Mazama sp.: A.1; B.2; B.4; B.5; B.6; B.13; B.14;C.4; C.7.

Blastocerus dichotomus: B.1; B.2.

Levantamento Paleontológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

VI

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ANEXO IIIEspécies fósseis registradas pela

primeira vez em Lagoa Santa por Lund

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Fig.1 - Dentário com terceiro e quarto pré-molares e primeiromolar de Tapirus terrestris. Comprimento da peça: 28 cm

Fig. 2 - Esqueleto completo do taiassuideo Tayassu pecari.Comprimento: 1,10m

Fig. 3 - Crânio e mandíbula do marsupial Didelphisalbiventris. Comprimento: 8 cm.

Fig. 4 - Dentário de mastodonte Haplomastodon waringi.Comprimento da peça: 70 cm

Fig. 5 - Crânio e mandíbula de cervídeo Mazama sp.Comprimento: 14 cm

Levantamento Paleontológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

VIII

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ANEXO IVEspécies fósseis fundadas por Lund a partir de

material coletasdo em Lagoa Santa

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Fig. 1 - Dentário e fragmento de crânio de capivaraNeochoerus sulcidens. Comprimento do dentário: 27 cm

Fig. 2 - Crânio do eqüídeo Hippidion principale.Comprimento 50cm

Fig. 3 - Dentição superior (do terceiro pré-molar ao terceiromolar) do camelídeo Palaeolama major. Medida da sériedentária completa: 9 cm

Fig. 4 - Mão da preguiça terrícola - Scelidodon cuvieri.Comprimento aproximado: 30 cm

Fig. 5 - Crânio de tatu gigante Pampatherium paulacoutoi.Comprimento: 29m

Fig. 6 - Esqueleto completo da preguiça giganteEremotherium laurillardi. Comprimento, em linha, docrânio à extremidade da cauda: 6m

Levantamento Paleontológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

X

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Fig. 7 - Crânio e mandíbula de primataProtopithecus brasiliensis.Comprimento: 16 cm

Fig. 8 - Crânio e mandíbula do cão Protocyon troglodytes.Comprimento do crânio: 21 cm

Fig. 9 - Esqueleto completo de tigre-dente-de sabreSmilodon populator. Comprimento aproximado: 2m

Fig. 10 - Crânio e mandíbula de cachorro-vinagreSpeothus venaticus. Comprimento aproximado: 12 cm

Fig. 11 - Crânio e mandíbula de pequena preguiça terrícola.Nothrotherim maquinense. Comprimento: 34 cm

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

XI

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ANEXO VLevantamento Paleontológico

no Maciço do Baú

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Fig. 1 - Vista geral do afloramento do Baú.

Fig. 2 - Membros da equipe em trabalho de campo Fig. 3 - Horizonte fossilífero

Fig. 4 - Peças coletadas de gliptodonte Hoplophoruseufractus

Levantamento Paleontológico CPRM – Serviço Geológico do Brasil

XIII

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Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricose da Amazônia Legal

CPRMServiço Geológico do Brasil

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SÓCIO-ECONOMIA

VOLUME IV

CPRMServiço Geológico do Brasil

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SÓCIO-ECONOMIALaura Maria Irene de Michelis Mendonça

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Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia LegalGustavo Krause Gonçalves Sobrinho

Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisEduardo Martins

Diretor de EcossistemasRicardo José Soavinski

Chefe do Departamento de Vida SilvestreMaria Iolita Bampi

Ministro de Minas e EnergiaRaimundo Mendes de Brito

Secretário de Minas e MetalurgiaOtto Bittencourt Netto

Diretor-Presidente da CPRM – Serviço Geológico do BrasilCarlos Oití Berbert

Diretor de Hidrologia e Gestão TerritorialGil Pereira de Azevedo

Chefe do Departamento de Gestão TerrotorialCássio Roberto da Silva

Edição

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisDiretoria de Incentivo à Pesquisa e DivulgaçãoDepartamento de Divulgação Técnico-Científica e Educação AmbientalDivisão de Divulgação Técnico-CientíficaSAIN – Av. L4 Norte, s.n., Edifício Sede. CEP 70800-200, Brasília, DF.Telefones: (061) 316-1191 e 316-1222FAX: (061) 226-5588

CPRM – Serviço Geológico do BrasilDRI – Diretoria de Relações Institucionais e DesenvolvimentoAv. Pasteur, 404. CEP 22290-24-, Urca – Rio de Janeiro, RJ.PABX: (021) 295-0032 – FAX: (021) 295-6647

GERIDE – Gerência de Relações Institucionais e DesenvolvimentoAv. Brasil, 1731. CEP 30140-002, Funcionários – Belo Horizonte, MG.Telefone: (031) 261-0352 – FAX: (031) 261-5585

Belo Horizonte1998-04-02

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

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IBAMA

Moacir Bueno ArrudaCoordenador de Conservação de Ecossistemas

Eliana Maria CorbucciChefe da Divisão de Áreas Protegidas

Ricardo José Calembo MarraChefe do Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas – CECAV

Jader Pinto de Campos FigueiredoSuperintendente do IBAMA em Minas Gerais

Ivson RodriguesChefe da APA Carste de Lagoa Santa

CPRM

Osvaldo CastanheiraSuperintendente Regional de Belo Horizonte

Fernando Antônio de OliveiraGerente de Hidrologia e Meio Ambiente

Jayme Álvaro de Lima CabralSupervisor da Área de GATE

Helio Antonio de SousaCoordenador

Edição e RevisãoValdiva de OliveiraRuth Léa Nagem

CapaWagner Matias de Andrade

DiagramaçãoWashington Polignano

Foto da Capa: Lapa Vermelha I, Pedro Leopoldo – MG.Ézio Rubbioli

INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS

RENOVÁVEIS - IBAMA

Sócio-economia; organizado por Laura M. J. de M. Mendonça. – Belo Horizonte:

IBAMA/CPRM, 1998.

59p.: mapas e anexos. (Série APA Carste de Lagoa Santa - MG).

Conteúdo: v.1. Meio físico – v.2. Meio biótico - v.3. Patrimônio espeleológico, histórico

e cultural – v.4. Sócio-economia.

1. APA de Lagoa Santa - MG - 2. Meio ambiente - I. Título II - Mendonça, Laura M.

J. de M.

CDU 577-4

Direitos desta edição: CPRM/IBAMA

É permitida a reprodução desta publicação desde que mencionada a fonte.

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CRÉDITOS DE AUTORIA

RELATÓRIO TEMÁTICO

Levantamento Sócio-econômico

Responsável Técnico

Economista Laura Maria Irene de Michelis Mendonça

Equipe de Apoio

Elizabeth de Almeida Cadête Costa – Desenho Cartográfico

Maria Alice Rolla Pecho – Editoração

Maria Madalena Costa Ferreira – Normalização bibliográfica

Rosângela Gonçalves Bastos Souza – Geógrafa

Rosemary Corrêa – Desenho Cartográfico

Terezinha Inácia de Carvalho Pereira – Digitalização

Valdiva de Oliveira – Editoração

DigitalizaçãoGERIDE - Gerência de Relações Institucionais e Desenvolvimento

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APRESENTAÇÃO

O Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis – IBAMA, no cumprimento de sua missãoinstitucional de executar a Política Nacional do Meio Ambiente tem, entre seus principais objetivos, ode criar, implantar e realizar a gestão de áreas protegidas, identificadas como amostras representativasdos ecossistemas brasileiros.

Sob a responsabilidade da Diretoria de Ecossistemas desse Instituto, encarregada da gestão doSistema Nacional de Unidades de Conservação foi criada a APA Carste de Lagoa Santa, com oobjetivo de “garantir a conservação do conjunto paisagístico e da cultura regional, proteger e preservaras cavernas e demais formações cársticas, sítios arqueo-paleontológicos, a cobertura vegetal e afauna silvestre, cuja preservação é de fundamental importância para o ecossistema da região.”

Dentro da estratégia do IBAMA de estabelecer parcerias, em todos os níveis, foi celebrado um convênioentre o IBAMA e o Serviço Geológico do Brasil – CPRM, objetivando a execução do ZoneamentoAmbiental da APA Carste de Lagoa Santa. Esse trabalho foi conduzido por equipe multidisciplinarcomposta por técnicos da CPRM, da Fundação BIODIVERSITAS, do Museu de História Natural daUFMG e por consultores nas áreas jurídica, socioeconômica e ambiental.

A definição do quadro ambiental da APA, e a formulação e delimitação de suas unidades ambientais,exigiram a realização de levantamentos detalhados, análises complexas e a integração de diversostemas. Nesse contexto, o meio físico, considerado como elemento estruturador do zoneamento, foicaracterizado pelos temas constantes do volume I: geologia/geomorfologia, pedologia, hidrologia,hidrogeologia e geotecnia. Como elementos reguladores do Zoneamento Ambiental, os levantamentosespeleológico, arqueológico e paleontológico da APA, compõem o volume II, enquanto os estudos daflora e fauna (biota) são apresentados no volume III. O estudo das tendências sócio-econômicas eos aspectos jurídicos e institucionais que atuaram como elemento balizador do zoneamento, compõemo volume IV.

O conjunto de informações contidas nos quatro volumes referentes aos relatórios temáticos doZoneamento da APA Carste de Lagoa Santa, representa um valioso e detalhado acervo deconhecimento sobre a região, constituindo o insumo fundamental para o delineamento do ZoneamentoAmbiental, apresentado em volume especial.

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411

A elaboração de uma proposta de zoneamentosócio-econômico de uma região deve levar emconta as características atuais do processo deocupação e as tendências de expansão internase externas que irão consolidá-lo ou alterá-lo aolongo de um determinado tempo. O zoneamentosócio-econômico com o fim de orientar aformulação de diretrizes para a gestão derecursos naturais em uma Área de ProteçãoAmbiental deve ter por objetivo identificar osproblemas do meio ambiente provocados peloprocesso de ocupação antrópico, os principaisagentes responsáveis e seus planos deexpansão e as instâncias do setor público quedeverão ou já estão exercendo alguma formade controle e correção desses problemas, comprogramas específicos ou ações de caráter legal(programas de saneamento básico, legislaçãomunicipal, processos judiciais, levantamentose estudos principalmente os elaborados paraPlanos Diretores Municipais).

Sem dúvida, é de importância fundamental aavaliação da capacidade administrativa do setorpúblico municipal, agente de controle efiscalização mais próximo aos problemasexistentes, bem como da consciência erelevância que a dimensão ambiental temassumido nos municípios diretamente afetados.As gestões mudam, porém permanece umacerta ‘cultura’ na estrutura burocrática municipalque tem papel importante na continuidade dasações de fiscalização e controle ambiental, adespeito da falta de prioridade que possa sercaracterística de uma administração específica(leia-se Prefeito). Para um Programa de Gestãoé importante pensar na consolidação etreinamento de funcionários municipais, emmecanismos de criação e apoio aos CODEMAexistentes (inclusive com recursos financeiros),em formas de cobrança de impostos dasatividades poluidoras de grande porte,constantes em legislação municipal, e quepossam ser convertidos em ações paliativas ouque beneficiem a população em geral (como oprovimento de saneamento básico).

A situação da Área Carste de Lagoa Santa éextremamente complexa: situa-se na periferiada Região Metropolitana de Belo Horizonte, emum dos seus dois vetores principais decrescimento, em direção norte (conforme

demonstraremos adiante). Apresenta umavocação industrial acentuada, concentrada naindústria de cimento e na extração mineral decalcário e possui o Aeroporto InternacionalTancredo Neves (Confins). A atividadeagropecuária não é muito expressiva, compresença mais acentuada ao norte. As principaisinterferências são decorrentes da EXPANSÃOURBANA METROPOLITANA, DAS ATIVIDADESINDUSTRIAIS DE PRODUÇÃO DE CIMENTOE EXTRAÇÃO DE CALCÁRIO E DAPRESENÇA DO AEROPORTO DE CONFINS.O exame de cada um desses vetores vaimerecer atenção neste Relatório, comoembasamento ao zoneamento proposto,apresentado no final.

A base de dados trabalhada concentra-se eminformações do Censo Demográfico Municipalde 1991, e dos setores censitários situadosdentro dos limites legais da APA. Essasinformações foram complementadas porentrevistas qualitativas, levantamentos nasPrefeituras e em outros órgãos públicos locaise por estudos relativamente recentes cobrindoaspectos sócio-econômicos de interesse.

A área delimitada pelo Decreto 98.881 de 25de janeiro de 1990 (que define os limites da APApara o que podemos considerar como áreadiretamente afetada e comprometida) pertenceaos municípios de Pedro Leopoldo, Matozinhos,Lagoa Santa, Funilândia e ao novo municípiode Confins (criado com o distrito de Confins,antes pertencente a Lagoa Santa). A área deinfluência indireta tem definição mais complexa,na medida em que os limites legais passamdentro dos perímetros urbanos de PedroLeopoldo, Lagoa Santa e Matozinhos e no limitedo município de Vespasiano (e, portanto, nãose pode desconsiderar o restante das cidadesem questão), onde existem atividadesindustriais de porte significativo próximas aoslimites, embora externas a eles, e que ocomprometimento dos recursos hídricos daregião tem a ver com os agentes poluidores emtermos de sub-bacias. Ou seja, as interferênciastranscendem os limites legais (que são,em alguns casos, ruas urbanas de grandemovimento, como a Rua Acadêmico Nilode Figueiredo, em Lagoa Santa) e, conse-qüentemente, a atuação de fiscalização e

1- INTRODUÇÃO

CPRM – Serviço Geológico do BrasilLevantamento Sócio-Econômico

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controle. A definição de 10 km em redor,conforme a legislação ambiental, é extrema-mente imprecisa, ou seja, deve haver definiçãode uma área de influência indireta específica aocaso da APA Carste de Lagoa Santa,contemplando os aspectos de contaminação deáguas superficiais e subterrâneas (inclusive poresgotos domésticos e industriais lançados emtoda a sub-bacia), de poluição atmosférica (que

depende da direção dos ventos), deassoreamento de lagoas e cursos d’água devidoa obras de terraplenagem para loteamentos eindústrias de grande porte ou atividades deextração mineral de grande porte ou clandestina(areia e ardósia). Não há uma definição préviadessa área sócio-econômica de influênciaindireta que deve fazer parte da proposta dezoneamento geral ora em estudo.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

2

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413

No Quadro 2.1, são apresentadas asinformações referentes à participação daárea municipal inserida dentro dos limiteslegais da APA, que engloba 36.296 hectares ou362,96 km2, segundo o decreto de suacriação.

Pelo exame do Quadro 2.1 e dos gráficos 2.1 e2.2, pode-se observar que o município deMatozinhos apresenta maior intervenção devidoà implantação da APA, seja por ter maiorproporção de seu território físico incorporado (61% da área municipal total), seja por ter a maiorparticipação no conjunto da APA (quase 43%das terras englobadas dentro dos seus limiteslegais). A seguir vêm os municípios de LagoaSanta e Pedro Leopoldo, que contribuem com21% do território da APA cada um, erepresentam respectivamente 33% e 26% dassuas áreas municipais. Menor participaçãoterritorial fornece o novo município de Confins,apenas 10%, mas que, está integralmenteinserido nela. Em último, situa-se Funilândia,com reduzida participação tanto absoluta quanto

2- CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS AFETADOS

relativa. Deve-se ressaltar que 53 % da áreada APA, mais da metade, fazem parte doterritório metropolitano, ou seja, as parcelaspertencentes a Confins, Lagoa Santa e PedroLeopoldo, o que pode ser visualizado nomapa 2.1.

2.1- Crescimento populacional

Os municípios diretamente afetados nãosão particularmente populosos, sendo o maiorPedro Leopoldo, com 41.594 habitantes em1991, dos quais 32.891 com domicílio urbano.O menor é o município de Funilândia,com apenas 2.616 habitantes, seguido de pertopelo recém-criado município de Confins, com3.183 moradores residentes em 1991,conforme dados do Quadro 2.2. No total, osmunicípios afetados possuem uma populaçãode 97.640 pessoas, das quais 83.780 comdomicílio urbano (nas sedes ou nos distritos), oque gera um grau de urbanização médioda ordem de 85,8%, mais elevado que amédia estadual.

Nota: As áreas municipais fornecidas pelo IGA que estão neste quadro diferem ligeiramente das publicadas pelo IBGE.

Quadro 2.1 - Área dentro dos limites legais da APA Carste de Lagoa Santa - municípios diretamente afetados(situação administrativa de 1996).

MUNICÍPIO E DISTRITOS ÁREA TOTAL(km2)

ÁREA ESTI-MADA NAAPA (km2)

PARTICIPAÇÃONA ÁREA

MUNICIPAL (%)

PARTICIPAÇÃONA ÁREA TOTAL

DA APA (%)FUNILÂNDIA 202,3 15,17 7,5 4,18

... 49,75 ... 13,71

... 26,61 ... 7,33

... 0 ... 0

Pedro

Leopoldo

Fidalgo

Dr. Lund

Vera Cruz de Minas

... 0 ... 0

PEDRO LEOPOLDO 294,5 76,36 25,93 21,04

Matozinhos ... 88,89 ... 24,49

Mocambeiro ... 66,33 ... 18,27

MATOZINHOS 253,6 155,22 61,21 42,76

Lagoa Santa ... 37,59 ... 10,36

Lapinha ... 40,40 ... 11,13

LAGOA SANTA 234,08 77,99 33,32 21,49

CONFINS 38,22 38,22 100,00 10,53

TOTAL 1.022,70 362,96 35,49 100,00

CPRM – Serviço Geológico do BrasilLevantamento Sócio-Econômico

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Mapa 2.1 - Localização de Lagoa Santa em relação a região metropolitana de Belo Horizonte.

Mapa 2.2 - Municípios e distritos com área total ou parcial dentro dos limites legais daAPA Carste de Lagoa Santa conforme a situação político-administrativa de 1996.

LEGENDA DOSLIMITES

APA CARSTE DE LAGOA SANTA

DISTRITOS

MUNICÍPIOS

LEGENDA

RMBH

APA CARSTE DE LAGOA SANTA

BH

Funilândia

Distrito deMatozinhos

Distrito deMocambeiro

Distrito deFidalgo

Distrito deLapinha

Confins

Distrito dePedro

Leopoldo

Distrito deLagoaSanta

Funilândia

PedroLeopoldo

Esmeraldas

Betim

SãoJoaquim

deBicas

MárioCampos

Sarzedo

Ibirité

Juatuba

Igarapé

Mateus Leme

Contagem SabaráCaeté

Raposos

Rio Acima

Nova Lima

Brumadinho

BeloHorizonte

Vesp

asia

no

Santa Luzia

São Joséda Lapa

Confins

Prudente de Morais

Ribeirão das Neves

Lagoa Santa

Matozinhos

CapimBranco

Sete Lagoas

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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O crescimento populacional nesses municípiosdurante o período 1980-1991 é, em termosmédios anuais, de 3,33% para a população totale 4,56% para a população urbana. Ocorreuretração absoluta da população rural, que erade 16.781 pessoas em 1980 e passa a 13.860pessoas em 1991, com uma taxa negativa de1,72% ao ano. A transferência de moradores dasituação rural para a situação urbana tem-seproduzido mais pela alteração de setorescensitários de uma classificação rural para umaurbana, seja por maior adensamento, seja pelaelevação do distrito à categoria de município(caso de Confins) do que propriamente por umêxodo rural efetivo, de abandono do campo emdireção à cidade, o que implicaria deslocamentoespacial e mudança de residência. Em suma,não há movimento migratório real do campo paraas cidades, embora deva estar ocorrendo aentrada de pessoas de fora da região, uma vezque a taxa de crescimento populacional superaa que corresponderia apenas ao crescimentovegetativo da população local em 1980. Osdados comprobatórios sobre esse com-portamento, constantes da Amostra do CensoDemográfico de 1991, ainda não estão dis-poníveis para análise migratória mais recente.

As entrevistas qualitativas indicaram que hásignificativo fluxo de trabalhadores entre asatividades econômicas da região (indústrias,minerações e o Aeroporto de Confins) e orestante da Região Metropolitana de BeloHorizonte, com tráfego diário de transporte porônibus especiais. Esse é um indicador de que opotencial de geração de empregos propiciadopor tais atividades não se explicita plenamenteem crescimento populacional dos municípiosonde elas se situam. Geralmente, a mão-de-obra mais qualificada vem de fora, sendo a quepossui salários mais elevados e que poderia darmaiores estímulos ao comércio e prestação deserviços locais. A proximidade com BeloHorizonte também prejudica a expansão deatividades terciárias, que atualmenteestão sendo incentivadas apenas pelamovimentação de passageiros no Aeroporto deConfins. Portanto, o potencial de atração defluxos migratórios representado pelasatividades econômicas locais é limitado pelopadrão de absorção de mão-de-obra, difícil deser mensurado com fontes secundárias.

Por outro lado, essas cidades ainda nãopodem ser consideradas como cidade-

dormitório de trabalhadores da capital, a não serLagoa Santa, com a ressalva de que pareceser mais significativa a residência deaposentados de classe média em condomíniosde lazer e não de trabalhadores propriamenteditos.

Os municípios que vêm apresentandomaiores taxas de crescimento populacional eurbano são os maiores, ou seja, LagoaSanta, Matozinhos e Pedro Leopoldo, comtaxas de crescimento que variam de 3 a 4 %ao ano. Os menores, Funilândia e Confins,possuem taxas globais menores, prin-cipalmente o primeiro município, masmesmo assim, possuem taxas decrescimento urbano apreciáveis no período80-91. As estimativas do IBGE para 1994,elaboradas considerando as tendênciasdemográficas até 1991, com queda geral docrescimento vegetativo e manutenção departicipação da população municipal naestadual, implicam redução expressiva dastaxas de crescimento populacional estimadaspara o período 1991-1994, caindo paraapenas 1,86% ao ano em média e de 1,89%para os municípios exceto Funilândia, comtaxa menor ainda. Essa redução de taxas decrescimento é uma hipótese adotada nasestimativas de todos os municípios doEstado, porém não leva em conta alteraçõesde curto prazo do comportamento migratório,como a que pode ocorrer, por exemplo, peloextravazamento do crescimento metro-politano. Somente a recontagem populacionalfeita pelo IBGE, ora em curso, pode indicaralterações de tendência e, talvez, apresentartaxas maiores de crescimento populacionaldo que as estimadas entre 1991 e 1994.

A população residente na APA em 1991 foiestimada com base em informações dossetores censitários, avaliando-se nos mapas daBase Operacional do IBGE a inserção ou nãode setor censitário específico face à descriçãolegal dos limites da APA, em determinadostrechos imprecisa. Em alguns casos não houvecoincidência exata entre os limites dos setorese os da APA, implicando que apenas parte dosetor deveria ser considerado, principalmentedentro do perímetro urbano de Lagoa Santa.Optou-se, nestes casos, pela consideraçãointegral dos setores envolvidos, uma vez que édifícil supor homogeneidade espacial dadensidade de ocupação dentro de um setor,

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ÁREA MUNICIPALFORA DA APA (%)

ÁREA MUNICIPALDENTRO DA APA (%)

Fonte: Quadro 2.1.Fonte: Quadro 2.1

Gráfico 2.1 - Proporção da área municipal dentro da APA Carste de Lagoa Santa (%).

Fonte: Quadro 2.1

Gráfico 2.2 - Participação dos Municípios na área total da APA Carste de Lagoa Santa.

PEDROLEOPOLDO

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MATOZINHOS43%

LAGOASANTA

21%

CONFINS11%

FUNILÂNDIA4%

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417

ainda que reduzido em tamanho, para atribuiruma proporção de população igual à proporçãode área afetada. Em setores rurais maiores, ahipótese de homogeneidade espacial deocupação é ainda mais precária. Assim,tomaram-se decisões de inclusão integral ounão de determinado setor censitário, caso acaso. Tem-se, por exemplo, o setor rural 4 deFunilândia, parcialmente dentro dos limites daAPA, mas com proporção muito maior fora, oqual foi excluído por não mostrar nas fotosaéreas ocupação significativa no trechodiretamente afetado. Nesse município,considerou-se apenas o povoado de São Bento,setor rural 5, como população residente na APA.

Os valores populacionais estimados emterritório da APA encontram-se também noQuadro 2.2, totalizando 27.294 pessoas em1991, das quais 24.590 com domicílio urbano,ou seja, 90% do total. Esse segmentorepresenta 27,95% da população total dosmunicípios envolvidos e 29,35% de suapopulação urbana (gráficos 2.3 e 2.4). Há,portanto, um comprometimento ligeiramenteinferior em termos de população e de área,mostrado no Quadro 2.1. A densidade médiade ocupação na APA é inferior à densidadedemográfica média dos municípios.

A consideração de uma densidade média deocupação não faz sentido na medida em quea população da APA apresenta um padrãoespacial de distribuição bastante concentradonos limites representativos de periferiasurbanas. Em termos municipais, Confins temsua população integralmente inserida na APA,vindo a seguir Lagoa Santa, ondepraticamente40% de sua população total e urbana encon-tram-se dentro dos limites legais. Expressivostambém são Matozinhos, com 27% dapopulação total, sendo que 22,5% da urbanae 79% da rural estão em território da APA, ePedro Leopoldo, com apenas 17% da popu-lação total, sendo 20% da urbana. Inexpressivaé a contribuição de Funilândia, basicamenteatravés do povoado de São Bento, querepresenta apenas 8,6% da populaçãomunicipal e 15% da rural correspondente.

A distribuição espacial da população estimadaem 1991 dentro da APA evidencia tambémmaior concentração relativa em Lagoa Santa,com quase 40% da população total e urbanaestimada, vindo a seguir Pedro Leopoldo eMatozinhos, relativamente equilibrados, masque, juntos, respondem por quase 50% daspopulações total e urbana da APA. Finalmente,tem-se Confins contribuindo com 12%, ficando

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, 1991-Resultados para o universo e Arquivo de Setores Censitários

Quadro 2.2 - Indicadores populacionais nos municípios diretamente afetados pela APA Carste de Lagoa Santa -1980, 1991 e 1994.

SITUAÇÃOPOPULAÇÃO MUNICIPAL TAXA DE CRESCI-

MENTO POPULAÇÃOPARTICI-

PAÇÃO NAPARTICI-

PAÇÃO NAMUNICÍPIOS DO

DOMICÍLIO 1980 19911994

(ESTIMATI-VA IBGE)

80/91(%)

91/94(%)

ESTIMADANA APA

1991

POPULAÇÃOMUNICIPAL

(%)

POPULA-ÇÃO

DA APA(%)

CONFINS TOTAL 2345 3183 3367 2,82 1,89 3183 100 11,66

URBANA 1294 3087 * 8,22 * 3087 100 12,55

RURAL 1051 96 * -19,55 * 96 100 3,55

FUNILÂN- TOTAL 2387 2616 2661 0,84 0,57 225 8,6 0,82

DIA URBANA 674 1122 * 4,74 * * * *

RURAL 1713 1494 * -1,24 * 225 15,06 8,32

LAGOA TOTAL 17163 26641 28184 4,08 1,89 10457 39,25 38,31

SANTA URBANA 14101 24892 * 5,30 * 9852 39,58 40,07

RURAL 3062 1749 * -4,96 * 605 34,59 22,37

MATOZI- TOTAL 16198 23606 24973 3,48 1,89 6340 26,86 23,23

NHOS URBANA 14370 21788 * 3,86 * 4907 22,52 19,96

RURAL 1828 1818 * -0,05 * 1433 78,82 53,00

PEDRO TOTAL 29999 41594 44003 3,02 1,89 7089 17,04 25,97

LEOPOLDO URBANA 20872 32891 * 4,22 * 6744 20,50 27,43

RURAL 9127 8703 * -0,43 * 345 3,96 12,76

TOTAL TOTAL 68092 97640 103188 3,33 1,86 27294 27,95 100,00

URBANA 51311 83780 * 4,56 * 24590 29,35 100,00

RURAL 16781 13860 * -1,72 * 2704 19,51 100,00

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POPULAÇÃO DO MUNICÍPIOFORA DA APA (%)

POPULAÇÃO DO MUNICÍPIODENTRO DA APA (%)

Funilândia com uma expressão negligenciávelno conjunto. Merecem destaque em termos dapopulação rural, Matozinhos, com 53% do totalestimado para a APA e Lagoa Santa, com 22%.Deve-se ressaltar que neste último, algunssetores que eram rurais em 1991 e situadosentre Lagoa Santa e Vespasiano já foramalterados para urbanos em 1996, para arecontagem populacional em curso, devido aoseu crescimento na década atual comcaracterísticas urbanas de baixa renda (casodo setor 23 e parte do setor 24). Portanto, nãohá dúvida de que parte desta população ruralde Lagoa Santa passará a ser consideradacomo urbana a partir de 1996. A população ruralde Matozinhos, ao contrário, possuicaracterísticas propriamente rurais; apenaspequena parcela foi incorporada ao perímetrourbano recentemente.

Em termos das tendências de crescimento dapopulação dentro dos limites legais da APA noperíodo posterior a 1991, tem-se de fazer umaavaliação de suas características diferenciaisfrente às tendências apresentadas pelosmunicípios até esta data. Sem dúvida, oproblema maior está nas periferias das áreasurbanas de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo eMatozinhos, onde há maior concentraçãopopulacional. As informações encontram-se no

Quadro 2.3, sendo que para 1980 investigou-sea correspondência com os setores censitáriosnos mapas da Base Operacional do IBGE.Essas unidades de coleta foram redefinidas erenumeradas em 1991, tendo havido alteraçãodos números correspondentes (ou seja,dificilmente o setor urbano 2 em 1980continuaria a ser o setor urbano 2 em 1991). Aprincipal mudança de ordem geral foi que anumeração seqüencial dos setores censitários,começando em espiral a partir do centro dasede municipal, era feita para todo o municípioem 1980 (portanto os setores rurais eram quasesempre os últimos), ao passo que, em 1991, anumeração foi por distrito, ou seja, em cadadistrito se recomeça do 1 adotando o sentidoem espiral, sistemática mantida em 1996,quando ocorreu nova redefinição erenumeração dos setores censitários. Nemsempre há correspondência de limites exata em1980 e em 1991, o que dificulta a comparaçãotemporal da população em uma mesma área e,portanto, a configuração de sua tendência decrescimento no período. Este trabalho foiexecutado para as periferias urbanas citadas,com razoável aproximação de área espacialconsiderada.

É evidente no Quadro 2.3 que a taxa decrescimento da periferia urbana de Pedro

Fonte: Quadro 2.1

Gráfico 2.3 - Proporção da população municipal na APA Carste de Lagoa Santa - 1991.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Leopoldo é a maior e significa praticamente odobro da que se verifica no resto da cidade. Esseindicador corrobora as informações qualitativaslocais de que a região está apresentandoacentuado crescimento. A taxa de crescimento,caso se mantenha nos anos 90, implicará maisdo que a duplicação estimada para o ano 2000.

O diagnóstico elaborado pela PRAXIS - Estudos,Projetos e Consultoria Ltda em 1991, comobase para o delineamento do Plano Diretor dePedro Leopoldo, utiliza os dados do CensoDemográfico de 1980 e estimativaspopulacionais do IBGE local prévias à execuçãodo Censo Demográfico de 1991 (cujo totalestimado para 1990 se aproxima bastante dorecenseado em 1991) conclui e alguns pontosimportantes sobre as tendências docrescimento populacional (ver mapas anexos):

• Em 1980, os setores censitários 18 e 24correspondiam aos bairros Andyara/ MariaCândida; enquanto o 10, ao Bairro Lagoa deSanto Antônio; nesses ter-se-ia concentradoo crescimento populacional urbano da sede;

• “Com relação à existência de áreasconurbadas, cabe observar que, apesar de omunicípio estar ainda pouco comprometidocom o aglomerado metropolitano, existe umatendência de expansão de áreas periféricasde Ribeirão das Neves. O bairro SantaMargarida, localizado na região de Areias de

Baixo, constitui área conurbada entre os doismunicípios; apesar de a população pagar IPTUa Ribeirão das Neves, o loteamento encontra-se efetivamente dentro dos limites municipaisde Pedro Leopoldo. A região apresenta umaconcentração de assentamentos de baixarenda, carentes de infra-estrutura e de serviçosurbanos, e sua expansão dentro do municípiosó resultaria em ônus para a Prefeitura. Oprocesso de crescimento da Região doPalmital, no município de Esmeraldas, deveser motivo de preocupação pelo querepresenta em termos do comprometimentoda bacia dos ribeirões Vau do Palmital e doUrubu”;

• “Com a recente expansão da cidade na direçãonordeste e o conseqüente adensamentopopulacional da região, observa-se atual-mente o desenvolvimento de um centrointermediário na Lagoa de Santo Antônioatravés da concentração de atividadesterciárias ao longo das ruas Espírito Santo edo Contorno. Esse papel tem sido reforçadopela ação do poder público municipal com aimplantação de equipamentos de uso coletivona região como o Hospital Santo Antônio eescolas do 1o grau, sendo ainda prevista ainstalação do 2o grau. A concentração dessasatividades na área faz com que a polarizaçãoda Lagoa de Santo Antônio extrapole o nívellocal, abrangendo além dos bairros da região(bairro da Lua, Felipe Cláudio Sales, Adélia

Fonte: Quadro 2.2

Gráfico 2.4 - Participação dos municípios na população da APA (%) - 1991.

FUNILÂNDIA1%

CONFINS12%PEDRO

LEOPOLDO26%

MATOZINHOS23%

LAGOASANTA

38%

CPRM – Serviço Geológico do BrasilLevantamento Sócio-Econômico

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Issa e outros), as localidades de Fidalgo,Quintas e até Mocambeiro, esta última jápertencente ao município de Matozinhos.”

Neste estudo, portanto, fica patente a tendênciae a pressão do crescimento urbano em PedroLeopoldo sobre os limites da APA de LagoaSanta, corroborada pelos dados populacionaisrecenseados pelo Censo Demográfico em1991.

Em Matozinhos, a taxa de crescimento daparcela afetada na periferia, supera ligeiramentea taxa de crescimento da cidade. Deve-sesalientar que a imprecisão da definição doslimites legais (estrada que liga a Mocambeiro)gerou dúvidas sobre os mapas operacionais doIBGE quanto à inserção ou não na APA dealguns bairros novos situados na região deconurbação com Pedro Leopoldo, tendo-sefinalmente optado pela sua não-inclusão. Assim,há um crescimento populacional adicional quenão foi considerado, mas que é relevante emtermos do entorno da APA. Deve-se relembrarque a tendência local de conurbação neste pontoenvolve o distrito de Mocambeiro (ver mapaanexo).

Em Lagoa Santa, a taxa de crescimento urbanodentro dos limites da APA foi inferior ao dorestante da sede urbana, sendo de apenas 2,8%contra 5% do total. Deve-se salientar, todavia,que os setores rurais 23 e 24, não incluídos nosdados do Quadro 2.3 por serem rurais em 1991,estão com acentuada tendência de urbanizaçãono pós-91, no eixo de conurbação comVespasiano, tendo sido considerados, em parte,urbanos na redefinição de 1996 dos setorescensitários do IBGE. Ou seja, a taxa decrescimento inferior à média da sede não podeser vista com otimismo, uma vez que o padrãode expansão urbana de Lagoa Santa tende aser mais horizontal do que nos demaismunicípios, pois a legislação municipal proibe aconstrução de prédios no entorno da lagoacentral, dificultando, portanto, o processo deverticalização do crescimento urbano. Deve-sesalientar também que, em termos absolutos, énesta área onde se localiza a maior estimativade população urbana, totalizando 7.757 pessoas

em 1991. Além do mais, o distrito de Lapinhaapresentou taxa de crescimento urbano daordem de 9,26% ao ano no período 1980-1991,possuindo três setores classificados comourbanos dos 5 que o constituíam em 1991(inclusive dois deles dentro do Parque doSumidouro, com população urbana de 1042pessoas, enquanto o maior é o de Campinho,com 1053 pessoas em 1991, este comtendência de conurbação com Lagoa Santa, aolongo da MG-010).

Finalmente, a sede do novo município deConfins, integralmente dentro da APA, possuiuma taxa de crescimento de 4,6% ao ano noperíodo, menor que a urbana do município comoum todo. Isso se deve à reclassificação dopovoado de Tavares que era rural em 1980 paraa categoria de urbano em 1991, com 959habitantes. No local, Tavares é considerado,praticamente, um bairro de Confins.

Da população urbana estimada na APA em1991, temos 18.243 pessoas vivendo dentro doperímetro urbano nas sedes municipais, ou seja,74% da urbana total dentro da APA, com umataxa média de crescimento de 4,71%, apenasum pouco superior à taxa média de crescimentourbano dos municípios afetados (4,56%). Pode-se dizer que o crescimento desta população vaiseguir as tendências gerais de crescimentodesses municípios no pós-91.

Além do crescimento populacional propriamentedito, o exame do avanço da urbanização deveconsiderar a evolução do número de domicílios,mais diretamente relacionada ao ritmo de novasconstruções, uma vez que a tendência geral deredução do número médio de moradores pordomicílio faz com que as taxas de crescimentodo número de domicílios urbanos tendam asuperar as de crescimento populacional. Osdados censitários publicados do CensoDemográfico referem-se apenas aos domicíliosparticulares permanentes ocupados à época dorecenseamento, nos quais existem informantessobre os seus moradores (o objetivo do Censoé o levantamento do estoque populacional e nãodo estoque de moradias). Existem categoriasde domicílios não- ocupados1 , ou porque estão

1 - Os conceitos adotados pelo IBGE são:- Considerou-se como FECHADO o domicílio particular ocupado cujos moradores estavam temporariamente ausentes durante todo o

período da coleta.- Considerou-se como VAGO o domicílio particular desocupado na data do Censo, mesmo que, posteriormente, durante o período da

coleta, tivesse sido ocupado.- Considerou-se como de USO OCASIONAL o domicílio particular que servia ocasionalmente de moradia (casa ou apartamento), isto é,

os usados para descanso de fim-de-semana, férias ou outro fim.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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TAXAS DE CRESCIMENTO ANUAIS DA POPULAÇÃO URBANA (%)-1980/1991

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LAGOA SANTA PEDROLEOPOLDO

MATOZINHOS CONFINS

%PERIFERIAS URBANAS

POPULAÇÃO URBANADAS SEDES MUNICIPAIS

POPULAÇÃO ESTIMADA(1) TAXA DE CRES-TAXA DE CRESCI-

MENTO DASMUNICÍPIOS 1980 1991 CIMENTO (%)

80/91SEDES

MUNICIPAIS80/91 (%)

LAGOA SANTA 5.725 7.757 2,80 5,01

PEDRO

LEOPOLDO

2.074 4.939 8,21 4,22

MATOZINHOS 1.906 3.419 5,46 4,06

CONFINS 1.294 2.128 4,63 4,63

TOTAL 10.999 18.243 4,71 *

Quadro 2.3 - População estimada nas periferias urbanas das sedes municipais dentro dos limiteslegais da APA Carste de Lagoa Santa - 1980/1991.

Fonte: IBGE, Arquivo de Setores Censitários do Censo Demográfico, 1980 e 1991.Notas: (1) Os setores censitários considerados em 1991 foram: em Lagoa Santa - 1,7,8,12,13,14,15 e 19; em Matozinhos

- 2,3 e 15; em Pedro Leopoldo- 11,12,14 e 15. A correspondência em 1980 foi em Lagoa Santa os setores 3,4,5,6e 7; em Matozinhos apenas o 2 e em Pedro Leopoldo, os setores 10, 18 e 24. Em Confins, tomou-se em 1980 aárea urbana do distrito, que excluía Tavares.

LAGOA SANTAPEDRO

LEOPOLDO MATOZINHOS CONFINS

fechados (os moradores podem estar viajandoe são recenseados em outro local) ou vagos(caso de imóveis para aluguel, desocupadostemporariamente) ou se prestarem ao usoocasional, não tendo moradores fixos (casoparticularmente interessante por permitirdimensionar as casas destinadas ao lazer defim-de-semana; os caseiros residentes nossítios são computados como um domicíliopermanente ocupado à parte e são, portanto,considerados nos dados publicados). Taisinformações encontram-se apenas na SinopsePreliminar do Censo Demográfico, sendoresultados de levantamento de campo aos quaisos analistas não prestam muita atenção, porémsão ricas para quem se preocupa a ocupaçãourbana e a rural. Os dados sobre domicílios aonível municipal em 1991 encontram-se noQuadro 2.4 e no gráfico 2.6. Chama a atenção

a elevada participação dos domicílios vagos ede uso ocasional em Lagoa Santa, devendo-seressaltar que são predominantemente urbanos(dos 2.131 domicílios nesta categoria, 1.913foram computados em áreas urbanas,principalmente na própria cidade deLagoa Santa, atestando a sua vocação para olazer, uma vez que tais domicílios corres-pondem a 34,6% do estoque de domicíliospermanentes ocupados).

Pode-se observar que o número médio demoradores por domicílio em 1991 não diferesignificativamente entre os municípios, sendoum pouco superior a 4 pessoas, mais próximodo valor de 4,5.Deve-se salientar que os dadosincluem a população rural, o que eleva a médiaem relação ao valor urbano, geralmente maisreduzido. A taxa de crescimento dos domicílios

Gráfico 2.5.

CPRM – Serviço Geológico do BrasilLevantamento Sócio-Econômico

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municipais permanentes ocupados entre 1980e 1991 é superior à taxa de crescimentopopulacional em todos os municípios, devido àtendência geral de queda do número médio demoradores por domicílio. Os valores desseindicador em 1980 situavam-se no intervaloentre o mínimo de 4,71 pessoas em LagoaSanta até o máximo de 4,95 pessoas emMatozinhos, ficando, portanto, bem maispróximo ao valor de 5 pessoas. Deve-serelembrar que, no cálculo das taxas decrescimento dos domicílios, não foi levada emconta a expansão dos domicílios vagos e de usoocasional, ou seja, o ritmo de novas construçõesno período deve ter sido superior, principalmenteem Lagoa Santa, embora não se saiba quanto.

POPULAÇÃO ESTIMADA(1) TAXA DE CRES-TAXA DE CRESCI-

MENTO DASMUNICÍPIOS 1980 1991 CIMENTO (%)

80/91SEDES

MUNICIPAIS80/91 (%)

LAGOA SANTA 5.725 7.757 2,80 5,01

PEDRO

LEOPOLDO

2.074 4.939 8,21 4,22

MATOZINHOS 1.906 3.419 5,46 4,06

CONFINS 1.294 2.128 4,63 4,63

TOTAL 10.999 18.243 4,71 *

Quadro 2.3 - População estimada nas periferias urbanas das sedes municipais dentro dos limiteslegais da APA Carste de Lagoa Santa - 1980/1991.

Fonte: IBGE, Arquivo de Setores Censitários do Censo Demográfico, 1980 e 1991.Notas: (1) Os setores censitários considerados em 1991 foram: em Lagoa Santa - 1,7,8,12,13,14,15 e 19; em Matozinhos

- 2,3 e 15; em Pedro Leopoldo- 11,12,14 e 15. A correspondência em 1980 foi em Lagoa Santa os setores 3,4,5,6e 7; em Matozinhos apenas o 2 e em Pedro Leopoldo, os setores 10, 18 e 24. Em Confins, tomou-se em 1980 aárea urbana do distrito, que excluía Tavares.

Os domicílios permanentes ocupados da APAestimados em 1991 encontram-se no Quadro2.5. Não se tem como informar os domicíliosnão-ocupados por não estarem disponíveis paraos setores censitários (são da SinopsePreliminar), ou seja, não se tem como estimarquantas casas de uso ocasional,dimensionadas para o total dos municípios eutilizadas principalmente para lazer de fim-de-semana, estão dentro da área.

O cálculo das taxas de crescimento entre 1980e 1991 para os domicílios permanentesocupados dos principais perímetros urbanosdeixa patente que são superiores às taxas decrescimento populacional, mesmo sem

DOMI-CÍLIOS

TAXA DECRESCI-

MÉDIA DEMORADORES

DOMICÍLIOS NÃO-OCUPADOS

MUNICÍPIOS PERMA-NENTES

MENTO80/91 (%)

PORDOMICÍLIO FECHADOS VAGOS DE USO

OCASIONAL

CONFINS 719 3,64 4,43 7 105 98

FUNILÂNDIA 588 1,58 4,44 13 174 171

LAGOASANTA

6162 5,04 4,28 304 974 1157

MATOZINHOS 5222 4,42 4,50 40 761 266

PEDROLEOPOLDO

9648 4,30 4,29 67 1269 286

Quadro 2.4 - Domicílios totais dos municípios com área dentro dos limites legais da APA Carste de LagoaSanta - 1991.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, Resultados para o Universo-Sinopse Preliminar.

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considerar a questão dos domicílios fechados,vagos e de uso ocasional que incrementariamainda mais o estoque em expansão de novasconstruções. Vê-se que, principalmente emPedro Leopoldo, a taxa de crescimento dosdomicílios em sua periferia dentro da APA éextremamente elevada e preocupante quandose pensa no ritmo necessário de ampliação daoferta de serviços de saneamento básico.

A tendência de redução no crescimentopopulacional, implícita nas estimativas do IBGEaté 1994, é parcialmente compensada pelaqueda no número médio de moradores pordomicílio, fazendo com que as taxas decrescimento do estoque de domicílios nãocaiam tanto quanto as taxas de crescimentopopulacional, ou seja, a progressão no ritmo deexpansão urbana tende a se manter maiselevado. A verticalização do processo deurbanização, se por um lado alivia anecessidade de ampliação horizontal dosserviços urbanos, por outro exige investimentosalternativos mais complexos e maisconcentrados espacialmente para que se dêsuporte à maior densidade de ocupação urbana.As cidades em foco estão ainda um poucodistantes do estágio de maior densidade deocupação, ou seja, estão prevalecendo ospadrões de expansão horizontal, apesar dapresença de alguns conjuntos habitacionais emMatozinhos e Pedro Leopoldo, o que pode levarà maior pressão relativa junto às fronteiras daAPA.

De certa forma, pode-se afirmar que a presençado Aeroporto de Confins tem atuado, no Sul,

como um obstáculo à maior expansão urba-na por extravazamento do crescimentometropolitano no território da APA, ao passo quea apropriação das terras rurais por mineradorase grandes latifundiários impediram um maiorcrescimento da população urbana eprincipalmente rural no centro e no norte. Ouseja, criou-se uma espécie de hiato ou lacunaentre dois corredores de crescimento urbanoque a estão contornando, preservando umpouco os recursos naturais da região da APA.Houve um resultado positivo, em termosambientais, do que geralmente só é visto comomaléfico ou predatório em relação à existênciade atividades econômicas de porte significativo.

2.2- Atividades econômicas relevantes

As maiores interferências econômicas sobre oterritório legal da APA são a presença deextração mineral principalmente de calcário, degrande porte, e da indústria de cimento,consumidora daquela matéria-prima. Essasatividades são tradicionais na região, sendomais recente a introdução de outracompletamente diferente, o Aeroporto deConfins, cuja operação iniciou-se em meadosdos anos 80. Existe um grande fluxo diário detrabalhadores nas atividades com outrosmunicípios. Os mais qualificados, geralmenteresidem em Belo Horizonte. Por isso, asinformações censitárias sobre emprego, alémde defasadas, não captam adequadamente asituação. O Censo Demográfico de 1991 aindanão divulgou os dados referentes a emprego ea renda, os quais se limitariam aostrabalhadores com residência no município

Quadro 2.5 - Domicílios permanentes estimados dentro da APA de Lagoa Santa -1991.

Fonte: IBGE, Arquivo de Setores Censitários do Censo Demográfico, 1980 e 1991.

DOMICÍLIOS PERMANENTES TAXA DE CRESCI-

MUNICÍPIOS URBANOS RURAISMÉDIA DE

MORADORESMENTO DOS ESTÃO

DENTRO DO PERÍMETROURBANO(%)

CONFINS 703 16 4,43 *

FUNILÂNDIA 0 55 4,09 *

LAGOA SANTA 2255 144 4,35 3,79

MATOZINHOS 1081 326 4,51 6,45

PEDROLEOPOLDO

1491 80 4,51 9,51

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pesquisado, sem indagar o município ondetrabalham. O Censo Industrial e os econômicosem geral coletam a informação junto à unidadeprodutiva sem se preocupar com o local demoradia dos trabalhadores. Supostamente, adiferença entre as duas fontes deveria forneceruma idéia sobre o montante dos fluxos deentrada e saída de trabalhadores no município,porém existe um complicador adicional: oCenso Demográfico apreende as atividadesinformais, por indagar aos próprios indivíduossobre suas atividades econômicas,enquanto os Censos Econômicos somenteabrangem as atividades ditas formais ouregistradas da economia local. Portanto, adiferença entre as duas fontes incorporatambém o segmento informal da economia, oqual, seguramente, tem maior peso que odeslocamento diário de trabalhadores pelasfronteiras dos municípios.

As últimas informações censitárias sobre asituação econômica dos municípios diretamenteafetados pela implantação da APA são adistribuição da População EconomicamenteAtiva em 1980 (quadro 2.6), informação decaráter mais abrangente, e o pessoal ocupadoem estabelecimentos agropecuários,industriais, comerciais ou de serviços em 1985.Em vista da grande defasagem temporal dessesdados, que, por exemplo, não incorporam oefeito do Aeroporto de Confins, tem-se de darmaior valor as informações qualitativas eestimativas aproximadas dos informantes-chaveentrevistados.

Os dados referentes à distribuição da populaçãoeconomicamente ativa (PEA) em 1980, nosprincipais municípios afetados, mostramclaramente que o setor secundário,representado pelo conjunto das atividades deIndústria de Transformação, Mineração,Construção e Serviços Industriais de UtilidadePública (água, esgoto e energia elétrica) tiveramextrema relevância na absorção produtiva dapopulação em 1980, sendo responsável por 40a 50% das ocupações declaradas ao CensoDemográfico daquele ano. Em seguida, vem osetor de Serviços, que geralmente é o queabsorve mais em áreas urbanas, com poucaexpressividade do Comércio de Mercadorias,sem dúvida prejudicado pela proximidade a BeloHorizonte. As atividades Agropecuárias nãoconstituem ponto forte em nenhum dosmunicípios envolvidos, e hoje, devem ter umaparticipação mais reduzida ainda. A distribuiçãorelativa da PEA local em 1996 deve ser a mesmade 1980, talvez com participação relativa umpouco superior das atividades terciárias(comércio e serviços), em função do própriocrescimento urbano verificado no pós-80.

Segundo o Banco de Dados Municipais do INDI,as atividades do ramo de transformação deminerais não-metálicos mais importantes emPedro Leopoldo são Cimento Cauê SA, CIMINASSA, Precon Industrial SA e a Mineração LapaVermelha LTDA; em Matozinhos, Cimento MauáSA, Calmit Industrial LTDA, Polipia Ltda e emLagoa Santa, a Mineração Lapa Vermelha Ltda(a Soeicom não figura neste município, porém

Quadro 2.6 - População economicamente ativa dos municípios com maior participação populacionaldentro dos limites legais da APA Carste de Lagoa Santa - 1990.

RAMOS DE ATIVIDADE

MUNI-CÍPIOS

Agrope-cuário

Industrial(1)

Comérciode

Mercadorias

Transporte,Comunicação

e Armaze-nagem

OutrosServiços

(2)

TOTAL

PedroLeopoldo

1.097 5.383 827 455 3.585 11.347

(%) 9,67 47,44 7,29 4,01 31,59 100,00Matozinhos 601 2.549 300 402 1.727 5.579

(%) 10,77 45,69 5,38 7,21 30,96 100,00Lagoa

Santa (3)834 2.353 317 249 2.443 6.196

(%) 13,46 37,98 5,12 4,02 39,43 100,00

Notas: (1) Inclui Indústria de Transformação, Mineração, Construção e Serviços Industriais de Utilidade Pública.(2) Inclui Prestação de Serviços, Atividades Sociais,Administração Pública e Outras Atividades.(3) Inclui o município de Confins.

Fonte: Relatório do Banco de dados Municipal do INDI - Lagoa Santa, Pedro Leopoldo e Matozinhos.

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0100020003000400050006000700080009000

10000

DO

MIC

ÍLIO

S

contribui com arrecadação por estar no limitecom Vespasiano, recolhendo 50% para cadaum). Em Pedro Leopoldo, existe uma indústriatêxtil (Cia Industrial Belo Horizonte) e emMatozinhos, há algumas fundições e indústriasmecânicas (Thyssen Fundições Ltda, UsiferUsina Siderúrgica Ltda, Inbrasil Ind. Bras. de Sid.Ltda, Cimont Ltda,Magnum Engenharia Ltda).

As indústrias de cimento do local fazem partede um forte cartel nacional, conforme se veráposteriormente, sendo extremamente fechadase avessas a prestarem informações, dificuldadesentida durante a pesquisa de campo econfirmada pelo técnico contactado do INDI,responsável pela análise de comportamento daindústria de cimento, o que tem impedido umacompanhamento sistemático e recente dessesetor. Por isso, fica difícil dizer hoje a quantidadede mão-de-obra que as empresas maioresempregam (informantes em Pedro Leopoldoafirmaram que a Cauê tem cerca de 300empregados e a Ciminas quase 200). Sabe-seapenas que elas estão reduzindo grada-tivamente o número de empregados, que estãoterceirizando os serviços de transporte comoparte de um programa de demissão voluntária(caso citado pelo Assessor de Comunicação daPrefeitura de Pedro Leopoldo sobre o que vemocorrendo na Cauê: fornecem ao funcionário acarreta como parte da indenização ou com saldoa pagar facilitado; “por enquanto o pessoal estágostando, mas correm o risco de ficar nas mãosda empresa que oferece o frete que quiser”).Parece estar havendo maior consciência crítica

sobre os poucos benefícios de empregos emgrandes empresas (“muitos empregadosmoram em Belo Horizonte e vêm de ônibusespeciais todos os dias”) e os muitos malefíciosque acarretam para a população que fica sujeitaà poluição atmosférica e suas conseqüênciaspara a saúde, inclusive doenças respiratórias.Há uma certa percepção, em Pedro Leopoldo,de que as empresas médias e pequenas sãomelhores para o município, pois elas têm maisinteresse no empregado e geram maisempregos locais.

Nos limites legais da APA, no município de PedroLeopoldo, tem-se a localização de atividadesimportantes dentro ou próxima ao contorno: afábrica de Cimento CAUÊ e a CIMINAS dentrodo perímetro urbano de Pedro Leopoldo eas minerações dentro da APA, algumasdas quais ligadas a elas por correiastransportadoras.

Nas atividades agropecuárias em PedroLeopoldo, tem-se certa diversificação de gadoleiteiro, cavalos de raça, suínos e aves parapostura. Existe maior especialização nessasatividades em território municipal fora dos limiteslegais da APA, nos distritos de Dr. Lund, VeraCruz e parte do distrito de Pedro Leopoldo (áreado Vau do Palmital/Urubu), segundo oDiagnóstico elaborado pela PRAXIS em 1991.No diagnóstico, afirma-se que a atividadeagrícola também possui localizaçãopredominante nesse segmento espacial domunicípio:

Gráfico 2.6 - Domicílios Particulares segundo o tipo - Municípios da APA Carste de lagoa Santa -1991.

Fonte: Quadro 2.4

PERMANE NTES

VAGOS

USO OCASIONAL

CO

NF

INS

FU

NI-

ND

IA

LA

GO

AS

AN

TA

MA

TO

ZI-

NH

OS

PE

DR

OLE

O-

PO

LDO

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“Os principais produtos da pauta produtiva, em1989, eram o milho (1400 ha), o feijão (550 ha)e o arroz (65 ha), sobressaindo, em relação aovalor da produção, também o tomate (12 ha).Este último produto, atualmente, é cultivado commaior intensidade nas várzeas dos RibeirõesVau do Palmital/Urubu e seus afluentes. Aslavouras permanentes, por outro lado, ocupamáreas pequenas em todos os distritos, sendoos principais produtos da pauta produtiva abanana, a manga, o abacate e o café.

Na horticultura e na fruticultura, o município dePedro Leopoldo se apresenta como um dosprincipais produtores da Região Metropolitanasegundo informações da CEASA - Centrais deAbastecimento de Minas Gerais SA. Em 1990,o valor das mercadorias ali comercializadasatingiu 280 milhões de cruzeiros (preço deagosto de 1991, corrigido pelo IGP-disponibilidade interna), incluindo-se aí aprodução de ovos, responsável por 38,3% dototal. Os outros produtos que merecemdestaque são as frutas (banana nanica, abacaxi,manga e abacate) cuja produção encontra-sedispersa nos vários distritos (21% do valor total);os frutos e legumes (18,4% do total) sendo omais importante o tomate produzido no Vau doPalmital; os tubérculos, raízes e bulbos (15,5%)e as verduras (5,7%), com a beterraba e orepolho, plantados principalmente no distrito deVera Cruz de Minas, aparecendo como osprodutos mais importantes”.

No distrito de Fidalgo, que representa a maiorparte do território municipal de Pedro Leopoldoinserida na APA, tem-se o predomínio deestabelecimentos maiores voltados à pecuária,porém a atividade que caracteriza o distrito é apresença de pequenas serrarias debeneficiamento da pedra Lagoa Santa, nasmargens da Lagoa do Sumidouro, vinculadas aextrações clandestinas (na relação de um porum, segundo informante na Prefeitura), queabsorvem praticamente mais de 90% dapopulação local. Há o enorme problema dosrejeitos de pedra que, por falta de solução maisadequada, foram utilizados para construir umaestrada dentro da Lagoa do Sumidouro, objetode ação da Promotoria de Defesa do MeioAmbiente contra a Prefeitura. Não se tem maisinformações sobre o andamento dessa ação,exceto que está saindo um acordo com aPrefeitura, mas não se sabe em que termos.Há um excelente potencial turístico constituído

pela Capela Nossa Senhora do Rosário nopovoado Quinta do Sumidouro, tombada peloIEPHA, e pela Casa Fernão Dias bem sinalizadana malha viária da região, conforme pudemosobservar. Deve-se ressaltar que nenhum dosinformantes entrevistados na região fez mençãoao Parque do Sumidouro (somente inclui aLagoa do Sumidouro e não toda a Quinta doSumidouro, conforme seria de esperar), a nãoser a funcionária do IBGE em Pedro Leopoldoquando indagamos sobre a inserção ou não desetores censitários específicos. Não notamosindicação especial em placas ao longo derodovias, nem sequer foi mencionado pelasadministrações locais. Essa é uma unidadeespacial que deve ser considerada comdestaque por ter legislação estadual própria,para que não se repitam dentro dela açõescomo a efetuada pela própria Prefeitura de PedroLeopoldo. Ela está parcialmente em territóriodeste município e a maior parte no distrito deLapinha, em Lagoa Santa, onde parecem estaravançando livremente o processo deurbanização ao longo da MG-010 e a construçãode condomínios de lazer.

Em Matozinhos, existe atualmente umasituação crítica em termos de emprego, poisduas fundições fecharam (segundo informanteslocais, no final do ano passado encerraram suasatividades: as fundições USIFER e INBRASIL.A MAGNUM ENGENHARIA -indústria demáquinas- e uma fábrica de cachaça nos limitesda APA - com canaviais e vinhoto tambémencerraram suas atividades. Houve aindaredução de atividades de uma empresa detransportes, o EXPRESSO FIGUEIREDO).Estima-se que tenham sido demitidos cerca demil empregados (“se fossem abertas hoje 3000vagas, elas seriam preenchidas logo”), situaçãoque acaba se refletindo em alternativas desubsistência variadas do tipo “bico”, dentre elasa venda, em certas épocas, na beira da estrada,de peixe pescado com tarrafa nas lagoaspróximas a Mocambeiro. Essas atividadesparecem estar sendo suficientes, uma vez quenão há emigração significativa. Além do mais, aPrefeitura tem atrasado o pagamento dofuncionalismo há alguns meses. Há umadolorosa consciência de que precisam sergeradas alternativas de emprego, e a únicaperspectiva promissora parece ser, noentendimento da administração local, oaproveitamento do potencial turístico domunicípio (grutas e patrimônio histórico

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existente no Jaguara, onde inclusive já existeum hotel-fazenda).

Em trabalho elaborado pela Fundação JoãoPinheiro em 1995, no município de Matozinhos,encontra-se referência à existência de umDepartamento de Desenvolvimento Ambientalna fábrica de cimento Mauá que ocupa cercade 700 hectares dentro do sítio urbano. Possuiuma Reserva Particular de PreservaçãoPermanente, abrangendo 44% da área total ecom 33 cavernas com algum tipo de interessepara vários estudos, dentre elas a Gruta do Balé.O Departamento alegou possuir estudos sobrea rede de drenagem subterrânea, com arquivosem microfilmes. Adotam várias linhas dereciclagem de materiais, de papel a rejeitos delavra, “dessa forma, são beneficiados diretos osempregados da própria fábrica, cujos filhoschegam a receber todo o papel de uso escolarde que necessitam e, indiretamente, toda acomunidade, pela redução da contaminaçãoambiental”. Deve-se ressaltar que o trabalho daFundação João Pinheiro afirma que chegou aser criado no município um CODEMA que estavadesativado em 1995, e até o momento, emagosto de 1996.

Em relação a APA em Matozinhos, nasproximidades da MG-424, tem-se a CimentoMauá , em direção a Sete Lagoas, a CALMIT ea EIMCAL (ligada a USIMINAS), esta última emfrente ao Condomínio Quintas da Fazendinha,em território do município Prudente de Morais.

A atividade agropecuária no município deMatozinhos caracteriza-se pela presença deestabelecimentos maiores, alguns utilizando atépivôs de irrigação. Funcionário da EMATER localafirmou que hoje existem no município 153estabelecimentos agropecuários, com boasfazendas ao norte. Os pivôs de irrigação estãoem atividade, sendo um menor, de 10 hectares,mais ao sul, retirando água do córregoMucambo, e outros 3 maiores, de 45, 80 e 90hectares, que puxam do Riacho do Gordura.Disse que nessa região não há problema, poisonde os pivôs estão há muita vazão de água.Plantam milho e feijão, bem como pastos. Sãofazendas de pecuária que usam tratores ecolheitadeiras. Os fazendeiros da região nãotrabalham com outras culturas, pois é difícilconseguir mão-de-obra para a colheita, porcausa das inúmeras alternativas urbanas entreindústria, mineração e serviços. Um dos pivôs

está localizado na Fazenda Cauaia, a maior domunicípio, com 1760 hectares e que preservauma mata de 250 hectares. Segundo oinformante, o problema ambiental maior dentroda APA está localizado em torno deMocambeiro, onde deveria haver maiorfiscalização. Uma única fazenda puxava 1milhão de litros/dia da Lagoa Maria Angélica, umbombeamento para irrigar pasto e que chegoua secar a lagoa. “Naquele conjunto de lagoastem pesca de tarafo, com muita gente vivendoda pesca neste tempo de vacas magras,inclusive vendendo peixe na beira da estrada. Aproximidade com a área urbana torna difícil paraa Polícia Florestal controlar tudo. Existe aí aFazenda Cerca Grande, por exemplo, que mexecom transferência de embriões, moderna, cujodono até tenta preservar uma lapa onde há muitospapagaios, mas há invasões da população local parapegar filhotes e até matar as aves, o que o proprietárionão está dando conta de vigiar e impedir”.

Existem ainda nas proximidades de Mocambeiro trêsHaras, dos quais o mais importante é o HarasSAHARA, pertencente ao dono da Localiza. Essaatividade, segundo o funcionário da EMATER, não estásendo muito lucrativa, fazendo com que os outros doisharas não estejam recebendo muita atenção por partede seus donos. O informante finalizou a entrevistaafirmando que a tendência da agropecuária da regiãoé acabar, sendo substituída por condomínios de lazer,uma vez que é difícil manter a produção agropecuáriatão próxima de áreas urbanas em expansão, devidoàs facilidades de invasões e roubos.

A expansão dos condomínio de lazer emMatozinhos é ainda incipiente, sendo que o maisimportante é o Quintas da Fazendinha, ao norteda cidade, nas margens da MG-424, é o maisantigo e a Prefeitura alegou não ter projetotécnico nem informação nenhuma por ter maisde 10 anos. O funcionário da EMATER nosprestou outras informações: o loteamentopossui 280 chácaras, com 143 donos, poisalguns têm mais de uma, são geralmente deBelo Horizonte, e poucos moram lá. O maisrecente é o Lagoa Park Club, nos limites deMatozinhos com Pedro Leopoldo, em processode comercialização, com “stand” de vendas nocentro da cidade e material de propagandaespalhado em todos os municípios da área, atéConfins e Lagoa Santa, afixado em praticamentetodos os postes urbanos. Existe um posto devendas em Belo Horizonte. A Prefeitura dissenão ter informações a respeito. A mesmaalegação foi válida para um loteamento de baixa

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renda em Mocambeiro, próximo a Lagoas, comcaracterísticas de baixa renda. Segundo aPrefeitura, não há outros projetos de loteamentono município.

O trabalho da Fundação João Pinheiro cita apresença em Matozinhos, em 1995, deaproximadamente 829 estabelecimentoscomerciais, empregando cerca de 1.658pessoas e de 70 estabelecimentos industriais,com 7000 empregados. Possivelmente essainformação se baseia em uma listagemassistemática de estabelecimentos feita pelaPrefeitura em 1992, que não está atualizada eque mostraria empresas que já fecharam enão incorporaria outras novas abertasposteriormente. Segundo a mesma fonte deinformação, por ser um município com tradiçãoindustrial, a receita municipal vinha prescindindoda arrecadação de IPTU, uma vez que o ICMSera suficiente. Atualmente, a situação financeirada Prefeitura é crítica, com atraso de pagamentodo funcionalismo, o que a está obrigando a reveressa posição. Na época de nossa viagem,estavam sendo emitidas guias de IPTU, porémsem as bases adequadas de cobrança, ou seja,cadastros atualizados de imóveis e deestabelecimentos produtivos.

Em Lagoa Santa, a legislação municipal emvigor desde 1979 proibe a implantação deatividades industriais poluidoras no município.A única indústria de cimento existente é aSOEICOM, no limite com Vespasiano, e sualavra correspondente, fazendo com que 50% daarrecadação de ICMS vá para Lagoa Santa e50% para Vespasiano. É a principal fonte dereceita de Lagoa Santa, vindo em segundo lugaro Aeroporto de Confins (a parcela referente aINFRAERO é isenta de tributação municipal,porém as lojas e concessionárias do Terminalde Passageiros recolhem ICMS). Até omomento da pesquisa de campo, efetuada eminício de agosto de 1996, nem a administraçãode Lagoa Santa nem o pessoal do Aeroportosabia como iria ficar a partição de arrecadaçãodo Aeroporto em 1997 entre Lagoa Santa e onovo município de Confins. Há muitaespeculação, mas nenhuma informação oficial.

Deve-se relembrar que o Aeroporto fica em cimada divisa dos dois municípios, sendo que oTerminal de Carga e as pistas estariam emConfins e o Terminal de Passageiros em LagoaSanta, segundo informações de técnicos do

Aeroporto. O Aeroporto está projetado paraatender a 1800 passageiros/hora, segundoinformações da Administração, mas ainda operacom capacidade ociosa. Possui um PlanoDiretor que prevê a construção de mais 3terminais iguais ao atual e um outro conjunto depistas voltado para Lagoa Santa, mas não háprevisão alguma sobre a sua concretização,uma vez que apenas a partir de novembro de1994 o Aeroporto deixou de operar de formatotalmente ociosa. Até então, era o aeroportomais deficitário do Brasil dentre os operados pelaINFRAERO. Para mudar a situação foi decisivoum estudo elaborado pela FIEMG mostrando aexistência de uma significativa demanda depassageiros internacionais entre 1990 e 1993,que se dirigiam para embarque no Rio e em SãoPaulo. O Terminal existente opera com cercade 2 milhões de passageiros/ano e foidimensionado para 5 milhões. Está, portanto,atendendo muito bem às necessidades atuais.Hoje existem dois vôos diários para Miami e NewYork com a American Airlines (que faz escalaem São Paulo) e a UNITED (direto para osUSA). Em época de férias, existem ainda muitosvôos charter contratados. Mas o maisimportante para o bom desempenho doAeroporto não é o movimento de passageiros esim o de carga internacional. De 1992 a 1993cresceu muito a carga aérea, porém mais de50% da carga é marítima, ou seja, vem dosportos por avião ou caminhões, chegando aindalacrada para ser desembaraçada na Alfândegade Confins. O Ministério da Fazenda construiu umprédio de tamanho razoável para sediar asatividades aduaneiras. A fábrica de automóveisFIAT recebe peças e até veículos camuflados,sendo muito importante nesse fluxo de cargainternacional.

Segundo os informantes do Aeroporto, desde1993 não houve o fechamento de lojas na partecomercial; ao contrário, estão sendo abertasnovas, como uma lanchonete que vende sorvetea quilo. Cerca da metade dos empregados doAeroporto tem residência em Lagoa Santa e aoutra metade em Belo Horizonte. A INFRAEROpossui 330 funcionários, estimando-se que há,no total, uma população de 1500 pessoas físicastrabalhando no Aeroporto.

O decreto de criação do Aeroporto trata dadesapropriação de 24 milhões de m2, mas osinformantes não têm certeza se o foram em suatotalidade: “ainda tem coisa pendente de

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desapropriação que está correndo no fórum deLagoa Santa”. Só têm certeza sobre 15 milhõesde m2, que formam uma poligonal retangular de6 km por 2,5 km onde hoje opera o Aeroporto,totalmente cercada com vias ao longo dascercas para evitar incêndios e para fiscalizar aentrada. Os informantes declararam que a áreaedificada teria ficado em Lagoa Santa e aspistas em Confins, mas ainda não receberamprojeto nem sequer orientação a este respeito.Sabem que a parte da INFRAERO é isenta derecolhimento de ICMS, porém as con-cessionárias de serviços (alimentação debordo, Petrobrás, Shell) e as lojas recolhem umbom montante de tributos, até o momentointegralmente para Lagoa Santa.

No Aeroporto de Confins, existe preocupaçãoambiental desde o tempo da construção, tendosido feitos estudos prévios até sobre os efeitosdas vibrações sobre o substrato rochosocalcário. Existe um documentário sobre o tema,realizado em 1980 para a Comissão deConstrução do Aeroporto, e apresentado pelaengenheira responsável pelo setor deManutenção de Áreas Verdes e Edificações emSeminário Internacional sobre AeroportosComerciais sediado no Rio de Janeiro no finalde agosto. Segundo esta informante, Confinstem destaque entre os aeroportos em escalamundial por esta característica, que se mantématualmente através de estudos demonitoramento e trabalhos diversos. OAeroporto possui licença de instalação da FEAM,mas ainda não a de operação, pois para tantosão necessários dados de monitoramento daságuas durante o período de um ano, emandamento. Fazem controle mensal do nível da“Lagoa de Cima”, que é intermitente e, segundoos estudos da época da construção, possuivasos comunicantes com a “Lagoa de Baixo”.Realizam também medições do nível do lençolfreático, com monitoramento em taludes paraevitar erosões. Não fazem desmatamento,tendo um horto florestal de mudas utilizadas narevegetação das áreas verdes e no combate àerosão. As obras de canalização das águaspluviais para a Lagoa de Confins foramconcluídas em novembro de 1995. Foi resolvido,portanto, um problema sério mencionado naPrefeitura de Lagoa Santa relacionado aoescoamento das águas pluviais do Aeroporto,que saíam de tubulões na época das chuvascom grande força caindo sobre as casas emConfins, parte das quais ficava totalmente

alagada, forçando os moradores a andarem debarco.

Para Lagoa Santa, a única alternativa deexpansão de arrecadação municipal (que vaisofrer queda a partir do ano que vem devido àemancipação de Confins) e de geração de maisempregos no município é a exploraçãoorganizada do seu potencial turístico e deloteamentos de lazer, aliada à implementaçãode Cadastro de Imóveis que permita a corretacobrança de IPTU, que hoje apresenta elevadoíndice de sonegação, segundo informantes daPrefeitura. Muitos proprietários de casas boasnão dão baixa no alvará de construção solicitado,e por isso, não pagam IPTU. O informante doDepto de Obras da Prefeitura de Lagoa Santaafirmou que existem loteamentos de lazer emdireção à Gruta da Lapinha. Segundo ele, hápreocupação de manter o bom nível dosloteamentos, com lotes de maior tamanho. Porexemplo, o modelo de parcelamento em voltada Lagoa são de lotes com no mínimo 1000 m2,sendo proibidas edificações com mais de 3andares. Nos loteamentos, exige-se umareserva técnica, ou seja, uma parte dos lotesnão pode ser vendida enquanto não seimplantarem os serviços de água e de esgoto.Cerca de 90% dos loteamentos são para lazer.

O informante mencionou alguns loteamentosque ficam dentro da APA:

• Moradas da Lapinha- em implantação, paramoradias de baixa renda;

• Moradias construídas pela Prefeitura paradoação à população de baixa renda ao ladoda Vila Maria;

• No setor censitário 23, Bairro Vista Alegre,loteamento de baixa renda mais antigo, seminfra-estrutura nem sequer de água, no limitecom Vespasiano;

• No loteamento Euvídeo Guerra teria um padrãode renda média baixa;

• Loteamento de lazer na direção da Lapinha -Recanto dos Pássaros - ao todo não é muitogrande, mas é de bom nível e foi aprovado hámais de dois anos.

Segundo esse informante, existem favelas emáreas nobres, como o Recanto da Lagoa, porémestão do outro lado da Lagoa, fora dos limitesda APA.

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Quanto ao turismo propriamente dito, existe aGruta da Lapinha, ao norte do município, dentrodo Parque do Sumidouro. A sua exploraçãocomercial é feita pela Prefeitura, que o mantémbem arrumado e limpo, com presença de latõesde lixo e avisos para não sujar o local. Há umrestaurante particular de bom nível, mas quefunciona por concessão da Prefeitura. Aconservação e a manutenção em geral parecemrazoavelmente adequadas. O fluxo turístico definal de semana chega a 800 pessoas, sendoque em época de férias há um bom fluxo,mesmo durante a semana. A Prefeitura cobraum ingresso de dois reais para a visitação àGruta, com percurso aproximado de 500 metrose 40 minutos de duração. Ao lado, há umpequeno museu paleontológico e arqueológico,de propriedade e exploração particular (de umarqueólogo), com ingresso também de doisreais e o atrativo de ter a forma de um castelinho,construído e inaugurado em 1972. Possuiacervo local e algumas curiosidades, comexplicações escritas próximas ao materialexposto. A funcionária do Museu disse que areceita gerada permite a auto-sustentação domuseu, uma vez que o proprietário arqueólogonão tem interesse lucrativo e sim científico, poishouve e ainda há muita depredação na área.Grande parte do acervo se encontra na Europae “grupos de estudantes alpinistas exploramgrutas e até por falta de conhecimento e daimportância do que encontram, levam emboraou destroem sem querer”. Ao redor, existempropriedades privadas, cujos donos sabem quenão podem fazer nada sem autorização porcausa do tombamento do patrimônio.

Em termos da agropecuária, o informante doDepto Municipal de Agricultura afirmou que afruticultura (abacaxi, mexerica ponkan, mangae maracujá) é a principal atividade agrícola domunicípio, todavia ainda é mais relevante apecuária, principalmente a leiteira, embora estejaem crise devido ao baixo preço pago ao produtorpela Cooperativa. O volume de produção de leiteestá caindo muito, tendo diminuído bastante onúmero de caminhões que faziam orecolhimento e que levavam leite até para usinasfora do município. Os pequenos produtorespreferem atualmente fabricar eles mesmosqueijo e manteiga. Também já houve granjas,que hoje não existem mais. A fruticultura tempresença significativa na área dentro da APA,situada entre a periferia urbana de Lagoa Santae o Aeroporto de Confins, em grandes

propriedades, uma das quais pertencente aPRECON onde há o plantio de 100 ha de mangaHaden. O plantio de leguminosas é pouco eesporádico, sendo nesse tipo de cultura,principalmente na do tomate e do pimentão, emque mais se usam defensivos. A fruticultura temum número necessário de pulverizações bemmenor. Portanto, a agricultura local não contribuipara a poluição dos cursos d’água, sendo quea pouca irrigação utilizada é por sulcos.

Segundo o informante da EMATER, estáhavendo uma reforma agrária às avessas nomunicípio, com gente de fora comprando váriaspropriedades menores, utilizando-as ematividade mista de produção e lazer de fim-se-semana. Com isso, os poucos pequenosprodutores de Lagoa Santa estão acabando.

Em vista das perspectivas de lazer e turismopara o município de Lagoa Santa, torna-seinteressante investir em meio ambiente. Jáexiste projeto em andamento na Prefeitura(PED) para recuperação da Lagoa Santa, quese encontra em acelerado processo deassoreamento. O projeto terá financiamentoparcial a fundo perdido do Banco Mundial, paraeliminar as causas que provocam oassoreamento. A parceria município-estadodeve equivaler a 30% do valor total do projeto.Os trabalhos de recuperação da orla da Lagoaestão sendo feitos por um biólogo contratado eos de contenção de voçorocas (grotas), porprocesso de barragens filtrantes com concretoenvelopado. Está previsto o treinamento defuncionários da Prefeitura no uso doequipamento para que, após o término do projetohaja continuidade na manutenção das áreasrecuperadas.

Existe CODEMA em funcionamento em LagoaSanta, que não cobre mais o novo município deConfins, e está em construção a sede do IBAMA,que atualmente funciona em uma sala de umgalpão cedido pela Prefeitura. Porém, há umacerta preocupação quanto à continuidade dessaatuação pró-ambiental devido à incerteza quantoao resultado das eleições municipais (um dosdois candidatos não daria continuidade às açõesimplementadas).

Em Confins, a demanda por emancipação fez-se com a ilusão de obter a arrecadaçãoprocedente do Aeroporto, que não parece aindatão concreta assim. Existem três candidatosdisputando a Prefeitura, sendo que a

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Subprefeitura atual funciona em uma casamodesta com cinco comodos e apenas doisfuncionários, um de serviços gerais e outroligado aos Correios. Ou seja, inexistecapacidade administrativa em operação no novomunicípio, que também não parece ter recebidonenhuma atenção especial por parte daPrefeitura de Lagoa Santa antes daemancipação. Uma vez por semana, apareceo Diretor Administrativo da Prefeitura de LagoaSanta para resolver os problemas locais. Essenovo município não possui perspectivaseconômicas a não ser as esperançasvinculadas ao Aeroporto de Confins, o qual estáexercendo vigilância e monitoramento sobre osrecursos hídricos locais, principalmente sobreas duas lagoas (a de “cima e a de baixo”,segundo técnicos do Aeroporto, embora não asconheçam). Há um problema sério de extraçãode areia no trecho do Ribeirão da Mata que passapor esse município, pois não existe nenhumacapacidade local de fiscalização, podendo,inclusive, estar sendo desempenhada porpessoas que residem em Confins.

2.3 - Saneamento básico e disposiçãodo lixo

É o problema ambiental mais sério citado portodos os informantes -chave entrevistados nosmunicípios visitados.

Em Pedro Leopoldo, existem informaçõesbastante detalhadas sobre o Diagnóstico daPRAXIS em 1991 para o Plano Diretor, jámencionado anteriormente. Dele podem-seextrair os pontos principais, que se mantêm atéhoje:

• A cidade de Pedro Leopoldo, até o início dosanos 80, era abastecida em sua maioria comágua tratada proveniente do córrego do Urubu,sob administração da COMAG, antecessorada COPASA;

• As vilas e povoados possuíam sistemasoperados pela Prefeitura: as localidades aosul da sede utilizavam-se de poços profundose mananciais de superfície e as demais, aonorte, eram abastecidas com águas de poçosprofundos;

• Com o Plano Diretor de Abastecimento deÁgua da Aglomeração Metropolitana, aCopasa integrou a maior parte das áreas

urbanas de Pedro Leopoldo ao sistemametropolitano, através do Sistema de SerraAzul, que alimenta o sistema de distribuiçãoda sede e da Lagoa de Santo Antônio. Osbairros Maria Cândida, Novo Campinho, daLua e Maria de Lourdes, próximos aos limitesda APA, bem como os distritos de Dr. Lund ede Fidalgo, incluindo a Quinta do Sumidouro,eram em 1991 abastecidos por poçosprofundos. O diagnóstico afirma a intençãoda COPASA de incorporar os bairros dentrodo perímetro urbano ao sistema do resto dacidade;

• As grandes indústrias cimenteiras, Cauê eCiminas, têm sistemas próprios deabastecimento de água.

• As áreas urbanizadas do município, situadasna margem direita do Ribeirão da Mata,possuem sistema dinâmico de esgotossanitários. Nas demais, inclusive nosloteamentos isolados implantados namargem esquerda do Ribeirão, o sistema éestático, constituído por fossas;

• O sistema dinâmico de Pedro Leopoldo limita-se à rede coletora com lançamento no cursod’água mais próximo, diretamente ou atravésda rede de drenagem;

• Não há cadastro da rede de esgotos, nemcontrole do número de ligações; os usuáriosnão pagam taxa ou tarifa;

• As grandes indústrias do município situam-se nas margens do Ribeirão da Mata,onde lançam seus efluentes sem tratamentoprévio.

• A Prefeitura não possui informações relativasaos despejos industriais. Por isso, a qualidadedas águas da bacia do Ribeirão da Mataestá comprometida e não há qualquer tipo decontrole de poluição hídrica no município;

• O manejo do curso d’água, no caso doRibeirão da Mata, é portanto bastante amplo,abrangendo toda a sua bacia. Sua área decontribuição, a montante de Pedro Leopoldo,cobre parte dos territórios de Capim Branco,Matozinhos, Esmeraldas e Ribeirão dasNeves; a jusante, Justinópolis (distrito deRibeirão das Neves), Vespasiano e parte domunicípio de Lagoa Santa.;

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• Como parte do Plano Diretor de Esgotos daAglomeração Metropolitana foramimplantadas as estações de tratamento deRibeirão das Neves, que trata parte dosesgotos da sede municipal, e de Vespasiano,também para a sede do município. Segundoesse Plano, para Pedro Leopoldo estavaprevista uma estação de tratamento, com umsistema de lagoas aeradas modificadas,localizada na margem direita do Ribeirão daMata, entre Pedro Leopoldo e Dr. Lund. Foiestudada também uma estação detratamento específica para o Distrito Industrial,prevendo-se a implantação de indústrias decalcário, cal, cimento e seus artefatos. Defato, hoje as indústrias mais importantes selocalizam fora da área reservada para oDistrito Industrial, e o tratamento não foiimplantado ainda.

• Quanto à coleta de lixo, Lagoa de SantoAntônio, Fidalgo, Quinta do Sumidouro (...)não dispõem de coleta de lixo domiciliar. EmDr. Lund, a coleta de lixo é realizada em diasalternados utilizando-se uma carroça detração animal. O lixo é lançado na margemdo Ribeirão da Mata, a jusante da áreaurbana.(...) Todo o lixo coletado pelo serviçopúblico tem por destino final o vazadouro navárzea do Ribeirão das Neves, margemdireita, no local do projeto PROVARZEA, acerca de dois quilômetros da divisa do terrenodo Lara. A área utilizada pertence à União(Ministério da Agricultura). O lixo ésimplesmente lançado sobre o solo. Uma vezpor semana, em média, um trator é levadoao local para espalhar o lixo, conformando umaterro, sem, no entanto, fazer o recobrimentocom terra.

Em Matozinhos, as informações maisdetalhadas encontram-se em trabalho daFundação João Pinheiro efetuado em 1995, quecoincidem em linhas gerais com as prestadaspelo informante da Prefeitura entrevistado emnossa viagem:

• O sistema de abastecimento de água da cidadeé através de poços tubulares profundos eadministrados pela COPASA; porém, emalguns poços, há o problema de excesso deferro e manganês (pretende-se, por essemotivo, substituir o poço C01); a coberturados serviços abrange 94% da populaçãourbana;

• Depoimentos locais relatam a presença deesgoto no lençol freático, com o aparecimentodessa contaminação em grutas; “váriosquintais possuem até cinco fossas perfuradase não é pequeno o número de fossas quedesabaram”;

• Os sistemas de esgoto sanitário da cidade(rede pública e fossas) são administradospelo Depto de Obras da Prefeitura Municipal.O percentual de população atendida porsistema de esgoto é de 17%. Em diversoslocais, o esgoto corre a céu aberto. Emoutros, muitas ligações, em particular ondenão existe rede pública, conectam o esgotona rede de esgoto pluvial. Todo efluente élançado “in natura” nos corpos d’água. Osistema de esgotamento predominante é afossa, util izado em mais de 70% dasmoradias. Existem, aproximadamente, 10 milfossas.

• Está em andamento a construção de umsistema de tratamento de esgoto, comprevisão de cobertura de 75% da populaçãourbana da sede. A produção estimada deesgoto em 1995 foi de 5000 m3/dia de esgoto,mas o sistema foi projetado para atender aodobro, ou seja, 10 mil m3/dia de efluentesanitário. Esse é considerado o grande legadoda administração atual, que pretendeinaugurá-lo no final de setembro deste ano(1996);

• O sistema de tratamento é composto por 4lagoas de estabilização, ocupando uma áreade 60 mil m2, segundo o sistema australiano(2 lagoas anaeróbicas de pré-tratamento eduas lagoas facultativas).Estão previstosainda:30.137 m de redes coletoras, 4.539 mde extensão de interceptores ao longo doRibeirão da Mata, 2. 270 m de extensão delinhas de recalque, 3.140 unidades deligações domiciliares, 4 unidades de estaçõeselevatórias (originariamente estavamprevistas 5), a um custo total aproximado deUS$2.500.000, devendo ser repassado, apósa inauguração, à COPASA para ser por elaadministrado. Em Mocambeiro, no entanto,continuarão a existir fossas negras ourudimentares, administradas pela Prefeitura,que mantém caminhões para sua limpezaperiódica e que, em áreas de baixa renda,chega a assumir a responsabilidade de abrirnovas fossas.

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• O lixão, segundo o funcionário entrevistado daEMATER, localiza-se atualmente em umadolina situada atrás da CALMIT, na beira daMG-424, na direção da saída para Prudentede Morais e Sete Lagoas.

• Segundo o informante do Depto de Obras,resolvido o problema do esgoto doméstico, oprincipal problema remanescente do Ribeirãoda Mata é a poluição industrial proveniente daindústria têxtil GABARITO, localizada amontante no município de Capim Branco - “nodia em que eles tingem de vermelho, o ribeirãofica vermelho”. Segundo essa fonte deinformação não há poluição industrial geradaem Matozinhos.

Em Lagoa Santa, as entrevistas na Prefeituraapontaram os esgotos e o lixo como doisproblemas realmente graves. A cidade estápraticamente servida por fossas rudimentares,sendo que a rede de coleta de esgoto já estáconstruída há mais de 8 anos, tendo inclusiveuma lagoa de tratamento. Porém o sistema nãofoi concluído porque o bairro de casas populares,Vila Maria, não era atendido e, por isso, a Câmarade Vereadores não permitiu a inauguração dasobras. A COPASA assumiu o compromisso derecuperar e implantar o esgoto no ano que vem,começando pelo Bairro da Várzea. Seráconstruída uma lagoa menor para o Bairro VilaMaria, que embora tenha rede de esgoto, osmoradores continuam jogando, sem tratamento,o esgoto no Rio das Velhas. Segundo o Deptode Obras, o lençol freático está contaminado,mas existem casas boas que usam água depoços comuns. Segundo o Depto de Obras deVespasiano, essa rede já pronta está todaassoreada, por isso é otimismo achar que osistema de esgoto de Lagoa Santa seráinaugurado no ano que vem, aproveitando-a.

Para o Depto de Obras de Lagoa Santa, oproblema mais sério da cidade é o Lixão, situadofora da área da APA, depois do Juá, pois estásaturado. A coordenadora do Projeto deRecuperação da Lagoa disse que ele está muitopróximo da área urbana, favorecendo aproliferação de moscas mesmo em residênciasao redor da Lagoa e a presença notória deurubus nos céus da cidade. Existem pessoasque montam barracos ao lado para ali colhermateriais. A última informante contou que, em1995, houve um “sinal verde” do Governoestadual para a construção de um aterro

sanitário conjunto dos municípios de LagoaSanta, Pedro Leopoldo, Vespasiano e SantaLuzia. Porém, quando o projeto técnico ficoupronto, a verba já não estava mais disponível.Comentou que o lixo é problema sério nos quatromunicípios, sem perspectivas imediatas desolução. Quanto à lagoa central da cidade, dizque só há o lançamento de esgotosclandestinos, os quais, quando percebidos oudenunciados, são retirados. Em termos gerais,realmente a Lagoa possui hoje um aspectobastante agradável, bem melhor que o da Lagoada Pampulha há pouco tempo atrás.

Bem pior encontra-se a Lagoa de Confins, comgrande quantidade de lixo nas suas margens.Afora o problema conjuntural à época de nossaviagem do atraso de pagamento dofuncionalismo municipal, o que prejudicou osserviços de coleta, existe o problema estruturalde que a coleta em Confins hoje é feita por umcaminhão que vem apenas uma vez porsemana e leva o lixo para o Lixão de LagoaSanta. O que será feito com o lixo no ano quevem, quando o novo município estiver instalado,não se sabe.

Deve-se ressaltar que a questão do lixo e doesgoto do Aeroporto de Confins tem umtratamento totalmente adequado, ou seja, nãoconstituirá problema adicional para aadministração municipal de Confins. Possuicloaca para os dejetos das naves e uma usinade lixo, onde se incinera mais de uma toneladade lixo por dia. Existem 3 barragens detratamento e uma usina de tratamento de esgotoexclusivamente do tipo doméstico, que depoisjoga os efluentes no córrego Olhos D’Água quese dirige ao Córrego do Jaque. No Aeroporto nãose faz a manutenção de aeronaves, portanto,não existem águas com óleos ou graxas.Apenas o material procedente dos sanitáriosvem das aeronaves, sendo jogado diretamentena cloaca, com controle rígido. Segundoinformantes do Aeroporto, pela Lei no 6938, todoo lixo deve ser obrigatoriamente incinerado, nadapodendo ser reciclado ou reaproveitado(principalmente o de alimentos).

Os dados levantados pelo Censo Demográficode 1991 retratam bem a dimensão daprecariedade do saneamento básico dosmunicípios diretamente afetados e de suasparcelas inseridas na APA de Lagoa Santa.

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Enfocando inicialmente o nível de cobertura dosserviços de água, esgoto e coleta de lixo nosegmento municipal situado dentro dos limiteslegais da APA, apresentados no Quadro 2.7 eno gráfico 2.7, destacam-se os dois últimoscomo os serviços mais precários. Em termosmédios, tem-se em 1991 apenas 4% dosdomicílios ligados à rede geral de esgoto e 25,1%com fossas sépticas, sendo a maioria atendidasapenas por fossas rudimentares, ou seja,64,28%. Esta categoria abrange 3.954domicílios particulares, dos quais 3.455 situadosem áreas urbanas e apenas 499 em áreasrurais. Os domicílios com fossas rudimentaresestão razoavelmente distribuídos entre osmunicípios componentes da APA, com liderançaabsoluta de Pedro Leopoldo e Matozinhos, quepossuem respectivamente 31,5% e 29,5%.Lagoa Santa e Confins também possuempresença expressiva, sendo negligenciável aparticipação de Funilândia. Em todos os quatromunicípios onde esta dimensão é relevante, énítida a feição urbana que o problema assume,embora parte dele esteja nas parcelas urbanasdos distritos, principalmente Fidalgo eMocambeiro. Deve-se ressaltar que aparticipação das fossas rudimentares é muitoelevada em todos os municípios, igual ousuperior a 80%, exceto em Lagoa Santa ondeatinge patamar bem inferior, de apenas 36,5%.

A explicação para esse comportamentodiferencial advém de um ponto positivo que sedestaca nitidamente em Lagoa Santa: o fato deque praticamente todas as fossas sépticas daAPA estão localizadas neste município, que temuma filosofia ambiental anterior e superior aosdemais, e representam o dobro do número defossas rudimentares em seu território. Um pontonegativo, de caráter geral, é a presença de 372domicílios sem instalações sanitárias, dos quais280 localizados em áreas urbanas da APA,representando 6% dos domicílios totais em 1991e 5% dos urbanos. Desses, 71 estão emFidalgo, 44 em Mocambeiro e 36 no distrito deLapinha; havendo, portanto, um remanescenteimportante na periferia das sedes municipais,cerca da metade, com presença um pouco maissignificativa em Pedro Leopoldo.

A presença acentuada de fossas rudimentarestorna preocupante outro aspecto salientadopelos dados censitários, felizmente de pe-quena dimensão: o abastecimento de águaproveniente de poços domiciliares, pois há

alegações de existência de contaminação dolençol freático. Em áreas urbanas, o problematem maior presença absoluta em Confins eLagoa Santa, onde abrange 21% e 5% dosdomicílios urbanos, respectivamente; sendoinexistente em Matozinhos, mesmo emMocambeiro. Na área rural, esse tipo deabastecimento é menos problemático, porcausa da baixa densidade demográfica.

Os serviços de coleta de lixo, em geral, sãoprecários, porém Lagoa Santa e Matozinhosdestacam-se por níveis de coberturarelativamente elevados no segmento urbano,atendendo a 45% e 59% dos domicílioscorrespondentes. Pedro Leopoldo, apesar deser o maior município, apresenta um percentualreduzido de cobertura de coleta, atendendo aapenas 8,5% dos domicílios urbanos. Aprecariedade do serviço de coleta é evidente emConfins que, em 1991, ainda era distrito deLagoa Santa, situação que todavia não pareceter se alterado para melhor. A disposição de lixopredominantemente declarada no CensoDemográfico foi a de queima ou enterro do lixoque, na maioria da vezes, pode se concretizarde fato em jogar o lixo no terreno baldio maispróximo. Essa opção foi declarada em,aproximadamente, 12% dos domicílios urbanoslocalizados na APA, sendo a participaçãoabsoluta e relativa dessa categoria maior nosmunicípios de Pedro Leopoldo (atingindo a 20%dos domicílios urbanos da APA e a quase 50%dos domicílios urbanos totais - 650 - em 1991)e de Lagoa Santa (envolvendo 11% dos seusdomicílios urbanos da APA e a 39%dessa categoria no total da APA). Em PedroLeopoldo, tem-se o problema adicional de queparte desta declaração refere-se ao lançamentodentro de cursos d’água, no caso o próprioRibeirão da Mata nas proximidades do distritoDr. Lund.

Deve-se investigar se os indicadores desaneamento básico apresentados para osdomicílios na APA diferem substancialmentedos indicadores para o total correspondente acada município, apresentados no Quadro 2.8.Em primeiro lugar, cabe ressaltar a coincidênciade indicadores em ambos os quadros para onovo município de Confins, uma vez que ele estáintegralmente inserido na APA. Valem apenascomentários referentes aos demais,exceto Funilândia, devido à sua pequenaparticipação.

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Em termos de abastecimento de água, osindicadores de cobertura dentro da Apa sãosemelhantes aos registrados para o total dosmunicípios afetados, ambos com níveiselevados de atendimento pela rede geral,principalmente nas áreas urbanas. A utilizaçãode poços comuns para o abastecimentodoméstico não é exclusividade da parcela dosmunicípios inserida na APA, existindo tambémna parcela remanescente. A prestação dosserviços de coleta de esgoto através da redegeral possui uma representatividade bem inferiorem território da APA: em Lagoa Santa apenas1% dos domicílios situados na APA acessam aeste serviço, o indicador de cobertura municipalatinge 7%, em Matozinhos os valorescorrespondentes são 10% e 25%, em PedroLeopoldo são 5% e 60% - neste último é ondese verifica o maior distanciamento relativo. Semdúvida, as características geológicas da áreafacilitam a perfuração de fossas, que se fossemdo tipo fossa séptica não seriam problemáticas.Pode-se observar fossas sépticas são raridadeem Matozinhos, embora relativamente comunsem Lagoa Santa, onde tem relação de 1:1 comas rudimentares (deve-se ressaltar que arelação é de 2:1 em território da APA e, portanto,mais favorável) e tem certa presença em PedroLeopoldo, porém predominantemente fora daAPA (das 646 existentes neste município em1991, apenas 85 estavam localizadas dentro daAPA). O problema de Matozinhos está tendo

encaminhamento com a ampliação da coleta deesgoto através de rede geral, com tratamento(embora a previsão seja de atender a 75% dasede municipal), a ser inaugurada ainda em1996. Esse não é o caso dos demais municípios,que vão continuar a apresentar elevadosníveis de atendimento com fossas rudimen-tares por falta de programas imediatos econcretos para sua substituição por alternativasmelhores.

Quanto à coleta de lixo, apenas em Lagoa Santae Matozinhos pode-se dizer que os níveis deatendimento são similares entre a APA e o totaldo município. Esse não é o caso de PedroLeopoldo, que possui uma cobertura geral daordem de quase 60%, mas dentro da APA acoleta ocorre em apenas 8% dos domicílios.

Pode-se concluir, que, em termos desaneamento básico, a periferia de PedroLeopoldo inserida na APA apresenta piorsituação relativa comparada às periferias deLagoa Santa e de Matozinhos, devendo mereceratenção especial. Para completar esse quadroambiental negativo, é nesse local onde existemas maiores proporções, em 1991, dedeclaração de domicílios onde se joga o lixo emterrenos baldios: cerca de 20% contra umamédia de 12% na APA e de 12% no municípiode Pedro Leopoldo como um todo.

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Fonte: Quadro 2.7.

Gráfico 2.7 - Níveis de Atendimento dos Serviços de saneamento básico (%) - APA Carste de

Lagoa Santa.

Fonte: Quadro 2.7

CPRM – Serviço Geológico do BrasilLevantamento Sócio-Econômico

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Quadro 2.7 - Indicadores de saneamento básico dos domicílios localizados na APA Carste de Lagoa Santa - 1991.

(Continua)

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Fonte: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, Arquivo de Setores Censitários-Resultados para o Universo-1991.

(Continuação)

Quadro 2.7 - Indicadores de saneamento básico dos domicílios localizados na APA Carste de Lagoa Santa - 1991.

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Quadro 2.8 - Indicadores de saneamento básico municipais - municípios com área dentro da APA Carste de Lagoa Santa - 1991.

(Continua)

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(Continuação)

Quadro 2.8 - Indicadores de saneamento básico municipais - municípios com área dentro da APA Carste de Lagoa Santa - 1991.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, 1991, Síntese Municipal - Resultados para o Universo.

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Os principais vetores externos que interferemno processo de ocupação da APA são aexpansão urbana metropolitana, o avanço dademanda por cimento e calcário, demanda essaexterna à região em foco, que pode vir a exercerpressão para a realização de investimentos nosentido de ampliar a capacidade produtiva atualdestes insumos básicos, e o avanço do volumede cargas e passageiros no AeroportoInternacional Tancredo Neves (Confins). Quantoaos dois primeiros, alguns aspectos merecemser aprofundados em tópicos específicos; parao último, julgaram-se suficientes as informaçõesmencionadas anteriormente, embora ele nãoseja menos relevante).

3.1- Expansão urbana metropolitana

A Região Metropolitana de Belo Horizontepossuia, em 1996, vinte municípios instaladose quatro em processo de instalação, devido aodesmembramento de outros municípios. Asituação político-administrativa em 1991 eradistinta, com apenas dezoito municípios; todaviaequivalente em área total à situação atual. Osmunicípios de Mateus Leme e Vespasiano foramdesmembrados após 1991, gerando osmunicípios de Juatuba (a partir do distrito demesmo nome pertencente ao primeiro) e de São José da Lapa (com o distrito de mesmonome existente no segundo), ambos também

incorporados à Região Metropolitana.A Lei no12.030 de dezembro de 1995 criou omunicípio de Confins, desmembrado de LagoaSanta, os de Mário Campos e Sarzedo, a partirde Ibirité, e São Joaquim de Bicas, procedentede Igarapé. A instalação definitiva dos novosmunicípios ocorrerá apenas no início de 1997,ficando então a RMBH com o total de 24municípios.

No Quadro 3.1, são apresentados os dadospopulacionais dos municípios e seus distritosem 1980 e 1991 e a área municipal total segundoo IBGE. Apenas os distritos elevados à categoriade município em 1993 tiveram sua áreaespecífica discriminada. Para os demais, ainformação não está disponível. Os indicadoresde participação em 1991 dos municípios, emtermos de área e montante populacional noconjunto metropolitano segundo a situaçãopolítico-administrativa de 1993, figuram noQuadro 3.2 e nos gráficos 3.1 e 3.2. Vê-se quenão há correspondência direta entre as duasparticipações, pois enquanto Esmeraldas detéma maior participação em área,com 16%, é omunicípio de Belo Horizonte que possui quase60% da população metropolitana em 1991 emmenos de 6% da área da RMBH. Estadisparidade de participação tem reflexos nadensidade demográfica, que é bastantevariável.

NOTA: Os novos municípios criadosem 1996 estão destacados (Confins,São Joaquim de Bicas, MárioCampos e Sarzedo), bem como acapital Belo Horizonte e o municípiode Sete Lagoas, pólo principal forada RMBH que orienta a direção eintensidade do vetor norte.

3 - PRINCIPAIS VETORES DE TENDÊNCIAS INTERFERENTES SOBRE A APA

Mapa 3.1 - Vetores de crescimento populacional da região metropolitana de Belo Horizonte.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Quadro 3.1 - População e área dos municípios e distritos da região metropolitana de Belo Horizontesegundo a situação político-administrativa em 1991 - 1980, 1991.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, 1980 e 1991.(...) Dados não disponíveis(1) Distrito inexistente em 1980.

MUNICÍPIOS ÁREA POPULAÇÃO 1980 POPULAÇÃO 1991(km²) Total Urbana Rural Total Urbana Rural

RMBH 5.824 2.609.520 2.498.139 111.381 3.436.060 3.257.923 178.137BELO HORIZONTE 335 1.780.855 1.775.082 5.773 2.020.161 2.013.257 6.904

Belo Horizonte ... 1.442.616 1.441.567 1.049 1.531.186 1.531.186 ..Venda Nova ... 338.239 333.515 4.724 488.975 482.071 6.904

BETIM 376 84.183 76.801 7.382 170.934 162.143 8.791BRUMADINHO 634 17.964 8.611 9.353 19.308 11.583 7.725

Aranha ... 1.320 405 915 1.389 745 644Brumadinho ... 9.468 6.761 2.707 10.534 8.537 1.997Conceição de Itaguá ... 2.165 803 1.362 2.694 862 1.832Piedade de Paraopeba ... 3.638 436 3.202 3.511 1.275 2.236São José do Paraopeba ... 1.373 206 1.167 1.180 164 1.016

CAETÉ 528 30.634 25.127 5.507 33.251 29.115 4.136Antônio dos Santos ... 2.236 303 1.933 1.261 323 938Caeté ... 24.980 23.741 1.239 28.482 27.532 950Morro Vermelho ... 1.105 532 573 838 513 325Penedia ... 625 39 586 1.208 77 1.131Roças Novas ... 1.688 512 1.176 1.462 670 792

CONTAGEM 167 280.477 278.081 2.396 449.588 419.975 29.613Contagem ... 113.941 111.545 2.396 225.540 195.927 29.613Parque Industrial ... 166.536 166.536 .. 224.048 224.048 ..

ESMERALDAS 943 16.206 5.311 10.895 24.298 7.044 17.254Andiroba ... 2.101 356 1.745 2.092 479 1.613Esmeraldas ... 12.296 4.769 7.527 17.948 6.134 11.814Melo Viana ... 189 186 1.623 4.258 431 3.827

IBIRITÉ 145 39.970 27.429 12.541 92.675 91.193 1.482Ibirité ... 16.210 7.756 8.454 33.562 33.313 249Mário Campos ... (1) (1) (1) 5.081 4.387 694Parque Durval de Barros ... 15.729 15.729 .. 44.528 44.528 ..Sarzedo ... 8.031 3.944 4.087 9.504 8.965 539

IGARAPÉ 192 16.563 11.028 5.535 27.400 19.909 7.491Igarapé ... 10.253 6.903 3.350 15.957 11.005 4.952São Joaquim de Bicas ... 6.310 4.125 2.185 11.443 8.904 2.539

LAGOA SANTA 280 19.508 15.395 4.113 29.824 27.979 1.845Confins ... 2.345 1.294 1.051 3.183 3.087 96Lagoa Santa ... 14.917 13.310 1.607 24.080 22.797 1.283Lapinha ... 2.246 791 1.455 2.561 2.095 466

MATEUS LEME 385 18.657 12.108 6.549 27.033 19.580 7.453Azurita ... 3.027 2.245 782 3.304 2.837 467Juatuba 96 5.323 3.022 2.301 9.436 5.773 3.663Mateus Leme ... 7.301 6.160 1.141 10.783 9.890 893Serra Azul ... 3.006 681 2.325 310 1.080 2.430

NOVA LIMA 410 41.223 35.050 6.173 52.400 44.038 8.362PEDRO LEOPOLDO 305 29.999 20.872 9.127 41.594 32.891 8.703

Doutor Lund ... 4.449 643 3.806 5.473 738 4.735Fidalgo ... 1.567 982 585 2.029 1.805 224Pedro Leopoldo ... 22.186 18.432 3.754 30.285 29.042 1.243Vera Cruz de Minas ... 1.797 815 982 3.807 1.306 2.501

RAPOSOS 77 11.810 11.058 752 14.242 13.317 925RIBEIRÃO DAS NEVES 157 67.257 61.670 5.587 143.853 119.925 23.928

Justinópolis ... 53.207 50.273 2.934 89.466 85.549 3.917Ribeirão das Neves ... 14.050 11.397 2.653 54.387 34.376 20.011

RIO ACIMA 228 5.069 3.463 1.606 7.066 5.641 1.425SABARÁ 317 64.204 58.145 6.059 89.740 74.757 14.983

Carvalho de Brito ... 36.178 34.197 1.981 53.447 45.624 7.823Mestre Caetano ... 728 44 684 883 7 876Ravena ... 1.459 1.025 434 3.400 1.406 1.994Sabará ... 25.839 22.879 2.960 32.010 27.720 4.290

SANTA LUZIA 229 59.892 51.813 8.079 137.825 130.186 7.639Santa Luzia ... 30.081 24.677 5.404 44.481 38.410 6.071São Benedito ... 29.811 27.136 2.675 93.344 91.776 1.568

VESPASIANO 116 25.049 21.095 3.954 54.868 35.390 19.478São José da Lapa 49 7.125 5.680 1.445 6.856 6.177 679Vespasiano 67 17.924 15.415 2.509 48.012 29.213 18.799

CPRM – Serviço Geológico do BrasilLevantamento Sócio-Econômico

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4132

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18,00%%

Quadro 3.2 - Participação no conjunto metropolitano em 1991Situação político-administrativa de 1993.

MUNICIPIOS ÁREA POPULAÇÃO

BELO HORIZONTE 5,75% 58,79%

BETIM 6,46% 4,97%

BRUMADINHO 10,89% 0,56%

CAETÉ 9,07% 0,97%

CONTAGEM 2,87% 13,08%

ESMERALDAS 16,19% 0,71%

IBIRITÉ 2,49% 2,70%

IGARAPÉ 3,30% 0,80%

LAGOA SANTA 4,81% 0,87%

MATEUS LEME 4,96% 0,51%

JUATUBA 1,65% 0,27%

NOVA LIMA 7,04% 1,53%

PEDRO LEOPOLDO 5,24% 1,21%

RAPOSOS 1,32% 0,41%

RIBEIRÃO DAS NEVES 2,70% 4,19%

RIO ACIMA 3,91% 0,21%

SABARÁ 5,44% 2,61%

SANTA LUZIA 3,93% 4,01%

SÃO JOSÉ DA LAPA 0,84% 0,20%

VESPASIANO 1,15% 1,40%

Gráfico 3.1 - Participação na RMBH - Área - 1991.

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%

Indicadores municipais de densidadedemográfica total e de grau de urbanizaçãoconstam do Quadro 3.3. A densidade média daRMBH é de 590 hab/km² em 1991, tendoocorrido acréscimo de 30% em relação ao valormédio desse indicador em 1980. A capital, BeloHorizonte, é o município com maior densidademédia, com 6030 hab/km² em 1991, vindo aseguir: Contagem (2692 hab/km²), Ribeirão dasNeves (916 hab/km²), Vespasiano (711 hab/km²), Ibirité (639 hab/km²), Santa Luzia (602 hab/km²) e Betim (455 hab/km²). Nos demaismunicípios, a densidade média é substan-cialmente mais baixa, principalmente em RioAcima, Esmeraldas e Brumadinho. Nos doisúltimos, o grau de urbanização em 1991 é beminferior aos demais, sendo em Esmeraldasapenas 29% contra um valor médio de 95% noconjunto metropolitano. Os incrementos maissignificativos de densidade demográfica entre1980 e 1991 ocorreram em Betim, Contagem,Ibirité (que inclusive manifesta também notávelincremento no grau de urbanização), Ribeirãodas Neves, Santa Luzia e Vespasiano, que

duplicam ou até triplicam de valores no período.O município de Belo Horizonte manteve-seestável em um patamar bem elevado dedensidade, embora com ligeiro incremento,ostentando um grau de urbanizaçãopraticamente de 100% em 1980.

Os vetores de expansão urbana deslocaram-se para a periferia da Região Metropolitanadurante a última década, fenômeno similar aoque ocorreu em outras áreas metropolitanas dopaís, principalmente nos sentidos norte e oeste.A capital apresentou baixíssima taxa decrescimento populacional no período (1,15% aoano), menor do que a do conjunto metropolitano(2,53% ao ano para a população total e 2,44%para a população urbana, conforme quadro 3.4).No distrito de Belo Horizonte, a taxa decrescimento é menor ainda, de apenas 0,54%ao passo que no distrito de Venda Nova, maisperiférico e ao norte, ela é alta, ficando em3,41% ao ano. Os municípios de Betim,Contagem, Ibirité, Ribeirão das Neves, SantaLuzia e Vespasiano apresentaram ritmos

Gráfico 3.2 - Participação na RMBH - População - 1991.

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acentuados de crescimento, em torno de 7%ao ano, o que implica duplicação do estoquepopulacional a cada dez anos. Outrosmunicípios se mantêm estanques, como BeloHorizonte (exceto em Venda Nova), Brumadinho(embora com certa redistribuição interna entreseus distritos), Caeté (com certa expansão emseu distrito Penedia) e Raposos. Juatuba tevecrescimento populacional notável, de 5,3% aoano e São José da Lapa não cresceu durante aúltima década (taxas de - 0,35% na populaçãototal e 0,77% na urbana), com incrementoabsoluto de apenas 497 habitantes em sua áreaurbana entre 1980 e 1991.

Em termos de crescimento urbano, merecemdestaque Ibirité (distritos de Ibirité e ParqueDurval de Barros) e o distrito de São Benedito,em Sta Luzia, com taxas anuais de crescimentode 11,5%, quase quadruplicando suaspopulações em relação a 1980. Foram outrosos distritos que conseguiram o desmem-bramento em 1995, indicando a fortepossibilidade de que, em futuro próximo, os queapresentarem grande crescimento populacionaltambém demandem e alcancem esta meta.

A redução do ritmo de crescimento populacionalda RMBH (a taxa média de crescimento no

período 1980-1991 foi de apenas 2,53% ao ano)tende a ser mais suave no caso do crescimentodo estoque de domicílios para acomodaradequadamente o acréscimo populacional (ataxa de crescimento 1980-1991 foi superior a3%, conforme o quadro 3.4). Em primeiro lugar,devido à existência de situações inadequadasou insuficientes de moradia; em segundo lugar,devido à tendência de decréscimo no tamanhomédio das famílias. O ritmo de expansão deedificações, que determina o processo deocupação de espaço físico adicional e os vetoresde expansão urbana metropolitana, tende a sermaior do que o ditado meramente pelocrescimento populacional.

As taxas de crescimento no estoque dedomicílios durante a última década são sempresuperiores (ou no mínimo iguais) às taxas decrescimento populacional, ambas apresentadasno Quadro 3.4, devido à tendência geral dedecréscimo do número médio de moradores pordomicílio. Esse comportamento não é típico daRegião Metropolitana de Belo Horizonte. Éinteressante observar que, mesmo no distritode Belo Horizonte, a taxa de incremento anualdo estoque de domicílios é de 1,9%. O ritmo decrescimento do estoque metropolitano é de3,6% ao ano, sendo no extremo superior 12 a

Quadro 3.3 - Densidade demográfica e grau de urbanização dos municípios da RMBH - 1980, 1991.

Fontes:Dados Básicos: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, 1980 e 1991.Nota: Para o cálculo da densidade foram utilizadas as áreas municipais publicadas pelo IBGE

(1) Exclusive Juatuba, (2) Exclusive São José da Lapa.

INDICADORES DENSIDADE GRAU DEMUNICIPAIS DEMOGRÁFICA URBANIZAÇÃO

1980 1991 1980 1991Belo Horizonte 5.315,99 6.030,33 99,68 99,66Betim 223,89 454,61 91,23 94,86Brumadinho 28,33 30,45 47,93 59,99Caeté 58,02 62,98 82,02 87,56Contagem 1.679,50 2.692,14 99,15 93,41Esmeraldas 17,19 25,77 32,77 28,99Ibirité 275,66 639,14 68,62 98,40Igarapé 86,27 142,71 66,58 72,66Lagoa Santa 69,67 106,51 78,92 93,81Mateus Leme(1) 46,14 60,89 68,14 78,46Juatuba 55,45 98,29 56,77 61,18Nova Lima 100,54 127,80 85,03 84,04Pedro Leopoldo 98,36 136,37 69,58 79,08Raposos 153,38 184,96 93,63 93,51Ribeirão das Neves 428,39 916,26 91,69 83,37Rio Acima 22,23 30,99 68,32 79,83Sabará 202,54 283,09 90,56 83,30Santa Luzia 261,54 601,86 86,51 94,46Vespasiano(2) 265,54 711,29 86,00 60,85São José da Lapa 146,91 141,36 79,72 90,10Rmbh 448,06 589,98 95,73 94,82

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Quadro 3.4 - Taxas anuais de crescimento da população e dos domicílios nos municípios e distritos daRMBH, segundo a situação político-administrativa em 1991-1980/1991.

Fontes: Dados Básicos: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, 1980 e 1991.(...) Dados não disponíveis(1) Distrito inexistente em 1980.

TAXAS ANUAISDE

TAXAS ANUAIS DECRESCIMENTO

MUNICÍPIOS CRESCIMENTO POPULACIONAL DO ESTOQUE DE DOMICÍLIOSTotal Urbano Total Urbano

RMBH 2,53 2,44 3,68 3,62BELO HORIZONTE 1,15 1,15 2,43 2,43

Belo Horizonte 0,54 0,55 1,90 1,91Venda Nova 3,41 3,41 4,57 4,57

BETIM 6,65 7,03 7,35 7,82BRUMADINHO 0,66 2,73 1,97 4,47

Aranha 0,46 5,70 0,73 5,08Brumadinho 0,97 2,14 2,50 3,88Conceição de Itaguá 2,01 0,65 3,18 2,00Piedade de Paraopeba -0,32 10,25 0,99 13,34São José do

Paraopeba-1,37 -2,05 -0,13 0,39

CAETÉ 0,75 1,35 1,83 2,41Antônio dos Santos -5,07 0,58 -3,34 2,02Caeté 1,20 1,36 2,30 2,42Morro Vermelho -2,48 -0,33 -1,74 0,64Penedia 6,17 6,38 6,50 8,40Roças Novas -1,30 2,48 0,03 3,14

CONTAGEM 4,38 3,82 5,62 5,13Contagem 6,40 5,25 7,51 6,49Parque Industrial 2,73 2,73 4,16 4,16

ESMERALDAS 3,75 2,60 5,32 3,98Andiroba -0,04 2,73 1,64 4,88Esmeraldas 3,50 2,31 4,98 3,63Melo Viana 32,73 7,94 9,90 9,71

IBIRITÉ 7,95 11,54 8,94 12,56Ibirité 6,84 14,17 7,86 15,01Mário Campos(1) ... ... ... ...Parque Durval de

Barros9,92 9,92 10,94 10,94

Sarzedo 1,54 7,75 2,08 8,82IGARAPÉ 4,68 5,52 5,78 6,63

Igarapé 4,10 4,33 5,08 5,39São Joaquim de Bicas 5,56 7,25 6,85 8,46

LAGOA SANTA 3,93 5,58 4,88 6,69Confins 2,82 8,22 3,64 9,94Lagoa Santa 4,45 5,01 5,44 6,14Lapinha 1,20 9,26 1,95 9,20

MATEUS LEME 3,43 4,47 4,15 4,99Azurita 0,80 2,15 1,79 3,08Juatuba 5,34 6,06 5,84 6,39Mateus Leme 3,61 4,40 4,25 4,94Serra Azul -18,66 4,28 2,71 4,73

NOVA LIMA 2,20 2,10 3,28 3,14PEDRO LEOPOLDO 3,02 4,22 4,30 5,52

Doutor Lund 1,90 1,26 3,56 2,83Fidalgo 2,38 5,69 2,73 6,71Pedro Leopoldo 2,87 4,22 4,21 5,52Vera Cruz de Minas 7,06 4,38 7,87 5,62

RAPOSOS 1,72 1,70 3,08 3,12RIBEIRÃO DAS NEVES 7,16 6,23 8,22 7,25

Justinópolis 4,84 4,95 5,73 5,80Ribeirão das Neves 13,09 10,56 14,82 12,28

RIO ACIMA 3,07 4,54 3,65 4,98SABARÁ 3,09 2,31 4,26 3,57

Carvalho de Brito 3,61 2,66 4,61 3,88Mestre Caetano 1,77 -15,39 4,00 -7,11Ravena 7,99 2,91 9,51 4,32Sabará 1,97 1,76 3,32 3,07

SANTA LUZIA 7,87 8,74 9,01 9,95Santa Luzia 3,62 4,10 31,19 5,46São Benedito 10,93 11,71 11,95 12,83

VESPASIANO 7,39 4,82 8,64 6,15São José da Lapa -0,35 0,77 1,42 2,70Vespasiano 9,37 5,98 10,43 7,05

CPRM – Serviço Geológico do BrasilLevantamento Sócio-Econômico

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4136

Quadro 3.5 - Estoque de domicílios nos municípios e distritos da RMBH - situação político-administrativa de 1991-1980, 1991.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, 1980 e 1991.

MUNICÍPIOS DOMICÍLIOS 1980 DOMICÍLIOS 1991Total Urbana Rural Total Urbana Rural

RMBH 552.530 530.253 22.277 822.624 784.073 38.551BELO HORIZONTE 383.969 382.868 1.101 499.958 498.509 1.449

Belo Horizonte 315.560 315.369 191 388.133 388.133 ..Venda Nova 68.409 67.499 910 111.825 110.376 1.449

BETIM 17.563 15.823 1.740 38.309 36.238 2.071BRUMADINHO 3.684 1.697 1.987 4.565 2.745 1.820

Aranha 277 98 179 300 169 131Brumadinho 1.870 1.302 568 2.453 1.979 474Conceição de Itaguá 459 164 295 648 204 444Piedade de Paraopeba 787 87 700 877 345 532São José do Paraopeba 291 46 245 287 48 239

CAETÉ 6.028 4.936 1.092 7.355 6.414 941Antônio dos Santos 452 65 387 311 81 230Caeté 4.875 4.643 232 6.261 6.042 219Morro Vermelho 233 110 123 192 118 74Penedia 122 7 115 244 17 227Roças Novas 346 111 235 347 156 191

CONTAGEM 58.514 58.037 477 106.727 100.675 6.052Contagem 23.189 22.712 477 51.406 45.354 6.052Parque Industrial 35.325 35.325 .. 55.321 55.321 ..

ESMERALDAS 3.115 1.030 2.085 5.508 1.583 3.925Andiroba 394 61 333 471 103 368Esmeraldas 2.370 934 1.436 4.046 1.383 2.663Melo Viana 351 35 316 991 97 894

IBIRITÉ 8.059 5.530 2.529 20.661 20.320 341Ibirité 3.275 1.605 1.670 7.530 7.475 55Mário Campos ... ... ... 1.167 999 168Parque Durvalde Barros

3.175 3.175 .. 9.945 9.945 ..

Sarzedo 1.609 750 859 2.019 1.901 118IGARAPÉ 3.197 2.145 1.052 5.931 4.345 1.586

Igarapé 1.993 1.353 640 3.436 2.410 1.026São Joaquim de Bicas 1.204 792 412 2.495 1.935 560

LAGOA SANTA 4.073 3.159 914 6.881 6.441 440Confins 485 248 237 719 703 16Lagoa Santa 3.111 2.726 385 5.572 5.251 321Lapinha 477 185 292 590 487 103

MATEUS LEME 4.038 2.646 1.392 6.315 4.523 1.792Azurita 677 504 173 823 704 119Juatuba 1.166 664 502 2.176 1.312 864Mateus Leme 1.555 1.321 234 2.457 2.246 211Serra Azul 640 157 483 859 261 598

NOVA LIMA 8.396 7.216 1.180 11.977 10.139 1.838PEDRO LEOPOLDO 6.072 4.274 1.798 9.648 7.717 1.931

Doutor Lund 840 125 715 1.234 170 1.064Fidalgo 360 210 150 484 429 55Pedro Leopoldo 4.517 3.767 750 7.113 6.804 309Vera Cruz de Minas 355 172 183 817 314 503

RAPOSOS 2.224 2.097 127 3.104 2.939 165RIBEIRÃO DAS NEVES 13.145 12.121 1.024 31.352 26.169 5.183

Justinópolis 10.544 10.010 534 19.462 18.619 843Ribeirão das Neves 2.601 2.111 490 11.890 7.550 4.340

RIO ACIMA 1.044 714 330 1.549 1.219 330SABARÁ 12.697 11.528 1.169 20.084 16.961 3.123

Carvalho de Brito 7.197 6.809 388 11.820 10.352 1.468Mestre Caetano 137 9 128 211 4 207Ravena 288 201 87 782 320 462Sabará 5.075 4.509 566 7.271 6.285 986

SANTA LUZIA 11.851 10.218 1.633 30.602 29.012 1.590Santa Luzia 506 4.823 1.083 10.023 8.656 1.367São Benedito 5.945 5.395 550 20.579 20.356 223

VESPASIANO 4.861 4.214 647 12.098 8.124 3.974São José da Lapa 1.316 1.025 291 1.537 1.374 163Vespasiano 3.545 3.189 356 10.561 6.750 3.811

14% em Ribeirão das Neves e São Benedito eno inferior o valor negativo de - 3,3% no distritode Antônio dos Santos, em Caeté.Pouquíssimas taxas chegam a ser negativas,sendo a maioria superior a 2% ao ano.Omontante de domicílios permanentes ocupadosdos municípios e seus distritos é apresentadono Quadro 3.5, para 1980 e 1991.

As estimativas populacionais apresentadas noQuadro 3.6 efetuadas pelo IBGE para 1992,1993 e 1994 indicam a continuidade na reduçãono ritmo de crescimento do conjuntometropolitano, que teria atingido um montanteestimado de 3.624.656 habitantes em 1994. Acapital apresentaria um crescimento popula-cional inferior a 2% ao ano, ao passo que se

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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manteriam as tendências de maior ritmo emBetim, Contagem, Ribeirão das Neves e SantaLuzia. O IBGE está efetuando, a partir de 1o deagosto de 1996, uma recontagem, que podeapontar alterações de tendências frente aocomportamento anterior de crescimentoque está subjacente às estimativas. Pode-seobservar pelo gráfico 3.3 que a estimativado IBGE para Vespasiano em 1994 não fazjus à sua tendência de crescimento ao seretirar o novo município de São José da Lapa,estando possivelmente bastante subesti-mada. Deve-se relembrar que Vespasianoencontra-se no vetor norte de crescimentoda RMBH. O mesmo problema, em menor

escala, pode ter ocorrido em Ibirité e MateusLeme.

Os indicadores sobre domicílios apresentadosno Quadro 3.7 evidenciam que não existesignificativo diferencial no número médio demoradores por domicílio em 1991 entre osmunicípios e distritos metropolitanos, oscilandode 3,91 moradores por domicílio no distrito deBelo Horizonte, onde ocorre o menor valormédio, a 4,95 no distrito de Penedia, em Caeté.A maioria encontra-se no intervalo entre 4 e 4,5moradores por domicílio. Portanto, asparticipações dos distritos e municípios noconjunto do estoque metropolitano de domicílios

Gráfico 3.3 - Taxas anuais de crescimento populacional- 1990/1991.

POPULAÇÃO TAXAS ESTIMATIVAS EM 01/07 DE CADA ANOMUNICÍPIOS EM 1993 EM 1991 91/94 (%) 1992 1993 1994RMBH 3436060 1,80 3499428 3565732 3624656BELO HORIZONTE 2020161 0,97 2038176 2060804 2079280BETIM 170934 4,02 178992 185671 192367BRUMADINHO 19308 0,91 19528 19673 19838CAETÉ 33251 0,91 33481 33879 34164CONTAGEM 449588 3,01 464003 478317 491369ESMERALDAS 24298 1,89 24792 25266 25705IBIRITÉ 92675 1,89 94572 96365 98042IGARAPÉ 27400 1,89 27942 28491 28987JUATUBA 9436 1,97 9653 9833 10004LAGOA SANTA 29824 1,89 30352 31012 31551MATEUS LEME 17597 1,85 17942 18276 18594NOVA LIMA 52400 1,89 53419 54486 55434PEDRO LEOPOLDO 41594 1,89 42457 43250 44003RAPOSOS 14242 1,83 14463 14790 15038RIBEIRÃO DAS NEVES 143853 4,21 150506 156865 162777RIO ACIMA 7066 1,74 7199 7324 7442SABARÁ 89740 1,89 91611 93313 94937SANTA LUZIA 137825 4,46 144616 151064 157079SÃO JOSÉ DA LAPA 6856 1,99 6983 7150 7274VESPASIANO 48012 1,88 48741 49903 50771

TAXAS ANUAIS DE CRESCIMENTO POPULACIONAL 1980/1994

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MUNICIPIOS

%

taxas 91/94

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Quadro 3.6 - Estimativas populacionais do IBGE para os municípios da RMBH-1992/1994.

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Quadro 3.7 - Indicadores de participação no conjunto metropolitano e número de moradores por domicílio - RMBHSegundo a situação político-administrativa em 1991 - 1991.

Fontes: Dados Básicos: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, 1991.

PARTICIPAÇÃO NO ESTO- PARTICIPAÇÃO NA POPU-MÉDIA DE

MORADORESMUNICÍPIOS QUE DE DOMICÍLIOS LAÇÃO METROPOLITANA POR DOMICÍLIO

Total Urbano Total Urbano Total UrbanaRMBH 100,00 100,00 100,00 100,00 ... ...BELO HORIZONTE 60,78 63,58 58,79 61,8 4,01 4,01

Belo Horizonte 47,18 49,5 44,56 47 3,91 3,91Venda Nova 13,59 14,08 14,23 14,8 4,34 4,33

BETIM 4,66 4,62 4,97 4,98 4,43 4,45BRUMADINHO 0,55 0,35 0,56 0,36 4,22 4,2

Aranha 0,04 0,02 0,04 0,02 4,63 4,41Brumadinho 0,3 0,25 0,31 0,26 4,28 4,3Conceição de Itaguá 0,08 0,03 0,08 0,03 4,14 4,23Piedade de Paraopeba 0,11 0,04 0,1 0,04 4 3,7São José do Paraopeba 0,03 0,01 0,03 0,01 4,11 3,42

CAETÉ 0,89 0,82 0,97 0,89 4,49 4,51Antônio dos Santos 0,04 0,01 0,04 0,01 4,05 3,99Caeté 0,76 0,77 0,83 0,85 4,52 4,53Morro Vermelho 0,02 0,02 0,02 0,02 4,31 4,25Penedia 0,03 0 0,04 0 4,95 4,53Roças Novas 0,04 0,02 0,04 0,02 4,07 4,29

CONTAGEM 12,97 12,84 13,08 12,89 4,18 4,15Contagem 6,25 5,78 6,56 6,01 4,34 4,29Parque Industrial 6,72 7,06 6,52 6,88 4,04 4,04

ESMERALDAS 0,67 0,2 0,71 0,22 4,36 4,41Andiroba 0,06 0,01 0,06 0,01 4,44 4,65Esmeraldas 0,49 0,18 0,52 0,19 4,37 4,39Melo Viana 0,12 0,01 0,12 0,01 4,27 4,42

IBIRITÉ 2,51 2,59 2,7 2,8 4,47 4,4Ibirité 0,92 0,95 0,98 1,02 4,44 4,44Mário Campos 0,14 0,13 0,15 0,13 4,34 4,38Parque Durval de Barros 1,21 1,27 1,3 1,37 4,48 4,48Sarzedo 0,25 0,24 0,28 0,28 4,68 4,68

IGARAPÉ 0,72 0,55 0,8 0,61 4,59 4,55Igarapé 0,42 0,31 0,46 0,34 4,63 4,55São Joaquim de Bicas 0,3 0,25 0,33 0,27 4,54 4,55

LAGOA SANTA 0,84 0,82 0,87 0,86 4,3 4,3Confins 0,09 0,09 0,09 0,09 4,43 4,39Lagoa Santa 0,68 0,67 0,7 0,7 4,28 4,3Lapinha 0,07 0,06 0,07 0,06 4,27 4,22

MATEUS LEME 0,77 0,58 0,79 0,6 4,25 4,29Azurita 0,1 0,09 0,1 0,09 4,01 4,03Juatuba 0,26 0,17 0,27 0,18 4,3 4,34Mateus Leme 0,3 0,29 0,31 0,3 4,34 4,35Serra Azul 0,1 0,03 0,01 0,03 4,08 4,13

NOVA LIMA 1,46 1,29 1,53 1,35 4,33 4,3PEDRO LEOPOLDO 1,17 0,98 1,21 1,01 4,29 4,24

Doutor Lund 0,15 0,02 0,16 0,02 4,43 4,33Fidalgo 0,06 0,05 0,06 0,06 4,18 4,19Pedro Leopoldo 0,86 0,87 0,88 0,89 4,24 4,25Vera Cruz de Minas 0,1 0,04 0,11 0,04 4,59 4,16

RAPOSOS 0,38 0,37 0,41 0,41 4,54 4,51RIBEIRÃO DAS NEVES 3,81 3,34 4,19 3,68 4,55 4,56

Justinópolis 2,37 2,37 2,6 2,63 4,59 4,59Ribeirão das Neves 1,45 0,96 1,58 1,06 4,48 4,5

RIO ACIMA 0,19 0,16 0,21 0,17 4,53 4,59SABARÁ 2,44 2,16 2,61 2,29 4,4 4,39

Carvalho de Brito 1,44 1,32 1,56 1,4 4,43 4,39Mestre Caetano 0,03 0 0,03 0 4,18 1,75Ravena 0,1 0,04 0,1 0,04 4,23 4,39Sabará 0,88 0,8 0,93 0,85 4,36 4,38

SANTA LUZIA 3,72 3,7 4,01 4 4,46 4,46Santa Luzia 1,22 1,1 1,29 1,18 4,41 4,41São Benedito 2,5 2,6 2,72 2,82 4,49 4,49

VESPASIANO 1,47 1,04 1,6 1,09 4,46 4,34São José da Lapa 0,19 0,18 0,2 0,19 4,46 4,49Vespasiano 1,28 0,86 1,4 0,9 4,46 4,31

totais e urbanos são similares às suasparticipações em termos de estoquepopulacional em 1991. Merecem ser destacadasas participações de Belo Horizonte, com cercade 60% do conjunto metropolitano em ambasas variáveis, Contagem, com 13% e Betim, de4,6 a 5%.

A qualidade de vida é bastante diferenciada entreos municípios e distritos metropolitanos, a julgar

pelo significativo diferencial em indicadoresbásicos, como a renda média nominal doschefes dos domicílios recenseada em 1991,apresentada no Quadro 3.8. A transformaçãoda renda média nominal dos chefes dosdomicílios em 1991 em índices, adotando o valormédio metropolitano como a base, igual a 100,demonstra, conforme o gráfico 3.4, que omunicípio de Belo Horizonte possui um valormédio não apenas 29% superior à média

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M UNICIPIOS EM 1993

metropolitana como também equivalente aodobro ou triplo do que os apresentados pelosdemais municípios da Região Metropolitana. Emtermos da renda total dos chefes de domicílios,Belo Horizonte concentra 78% do valor totalmetropolitano, embora apenas 60% dos domicíliosda RMBH. Portanto, sob este aspecto, a capitalconcentra a “riqueza” metropolitana.

Valores médios elevados em Belo Horizonte nãosignificam que todos os seus domicíliosrecebam este valor médio. Existem problemasde concentração de renda dentro da própriacapital. A expressão disso é a presença defavelas. O levantamento censitário em 1991registrou 91.193 domicílios em aglomeradossubnormais na Região Metropolitana de BeloHorizonte, estando 62.888 em Belo Horizonte,ou seja, 69% do total metropolitano. O IBGE pôdediscriminar 154 favelas, abrangendo 74.114domicílios e 333.156 moradores, ou seja,parcela significativa do segmento populacionalvivendo em aglomerados subnormais. Orestante dos domicílios em aglomeradossubnormais está disperso na malhametropolitana ou na periferia não contígua dasprincipais favelas, com expressão numéricapequena demais para justificar a delimitação deum setor censitário reconhecido pelo IBGEcomo favela (um setor censitário possui emtorno de 300 domicílios) naquele momento, masque pode ter se adensado suficientemente paraassim ser considerado na recontagempopulacional em agosto de 1996. Portanto11,09% dos domicílios metropolitanos estão emfavelas ou em condições subnormais dehabitação, e 12,58% dos domicílios em BeloHorizonte. Este segmento populacional é fortecandidato a apresentar problemas sociais,

principalmente quanto à oferta de infra-estruturaurbana e a se deslocar em direção à periferiametropolitana, possivelmente nas direçõessinalizadas pelos vetores de expansãometropolitana, ao norte (em direção a APA deLagoa Santa) e a oeste, conforme evidenciamos quadros 3.9 e 3.10.

Os aspectos de dotação de infra-estruturareferem-se às ligações à rede geral de água, àrede geral de esgoto, à presença de fossaséptica e à disposição minimamente adequadade lixo em 1991. Foram calculadas participaçõesdos domicílios nessas condições em relaçãoao total de domicílios permanentes em cadamunicípio componente da RMBH, segundo assituações urbana e rural. Os níveis deatendimento são apresentados a seguir.

Nos municípios componentes da RMBH existemalgumas situações de atendimento urbanopreocupantes: os distritos dos municípiosBrumadinho e Esmeraldas e o distrito-sede deMateus Leme quanto à água; Betim, Contagem,Ibirité, Juatuba, Lagoa Santa, Mateus Leme,Ribeirão das Neves, São José da Lapa eVespasiano quanto ao esgotamento sanitário(os municípios sublinhados possuematendimento inferior a 50% de seus domicíliosurbanos). A disposição minimamente adequadado lixo urbano apresenta níveis elevados,embora algo distante dos 100% em Ibirité eRibeirão das Neves, municípios que vêmapresentando intensificação do seuadensamento urbano (como essas informaçõessão geradas a partir dos domicílios, em verdaderetratam apenas se há a coleta ou se, pelomenos, o lixo é queimado ou enterrado; nãoretratam, portanto, a disposição adequada em

Gráfico 3.4 - Índice da renda média dos chefes em 1991 (base - RMBH = 100).

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Quadro 3.8 - Indicadores sobre a renda dos Chefes de Domicílios - RMBH-1991.

Fonte: Dados básicos:IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, 1991.

RENDA MÉDIA DO CHEFE CONCEN-MUNICÍPIOS EM 1991 Nominal Em Salários-

MínimoÍNDICE TRAÇÃO

RMBH 163532,46 4,52 100 100BELO HORIZONTE 210802,16 5,83 129 78,34

Belo Horizonte 240925,16 6,66 147 69,51Venda Nova 106119,73 2,93 65 8,82

BETIM 89996,42 2,49 55 2,56BRUMADINHO 98270,03 2,72 60 0,33

Aranha 41580,44 1,15 25 0,01Brumadinho 83697,41 2,31 51 0,15Conceição de Itaguá 51499,84 1,42 31 0,02Piedade de Paraopeba 213912,75 5,92 131 0,14São José do Paraopeba 34544,50 0,96 21 0,01

CAETÉ 81230,17 2,25 50 0,44Antônio dos Santos 39264,30 1,09 24 0,01Caeté 87580,34 2,42 54 0,41Morro Vermelho 35387,50 0,98 22 0,01Penedia 42152,98 1,17 26 0,01Roças Novas 56975,25 1,58 35 0,01

CONTAGEM 109928,89 3,04 67 8,72Contagem 99695,01 2,76 61 3,81Parque Industrial 119441,07 3,30 73 4,91

ESMERALDAS 58462,84 1,62 36 0,24Andiroba 43386,01 1,20 27 0,02Esmeraldas 64319,54 1,78 39 0,19Melo Viana 41661,91 1,15 25 0,03

IBIRITÉ 62397,75 1,73 38 0,96Ibirité 75329,96 2,08 46 0,42Mário Campos 55668,26 1,54 34 0,05Parque Durval de Barros 53525,55 1,48 33 0,40Sarzedo 61791,21 1,71 38 0,09

IGARAPÉ 65650,65 1,82 40 0,29Igarapé 69904,60 1,93 43 0,18São Joaquim de Bicas 59803,60 1,65 37 0,11

LAGOA SANTA 100787,43 2,79 62 0,52Confins 66221,64 1,83 40 0,04Lagoa Santa 110574,02 3,06 68 0,46Lapinha 50483,31 1,40 31 0,02

MATEUS LEME 72024,97 1,99 44 0,34Azurita 62767,43 1,74 38 0,04Juatuba 71207,79 1,97 44 0,12Mateus Leme 80694,49 2,23 49 0,15Serra Azul 58165,80 1,61 36 0,04

NOVA LIMA 123316,86 3,41 75 1,10PEDRO LEOPOLDO 104804,07 2,90 64 0,75

Doutor Lund 99972,42 2,76 61 0,09Fidalgo 61590,78 1,70 38 0,02Pedro Leopoldo 115690,19 3,20 71 0,61Vera Cruz de Minas 42903,73 1,19 26 0,03

RAPOSOS 86274,47 2,39 53 0,20RIBEIRÃO DAS NEVES 65361,51 1,81 40 1,52

Justinópolis 64489,53 1,78 39 0,93Ribeirão das Neves 66790,13 1,85 41 0,59

RIO ACIMA 60978,60 1,69 37 0,07SABARÁ 80409,59 2,22 49 1,20

Carvalho de Brito 78486,35 2,17 48 0,69Mestre Caetano 54452,61 1,51 33 0,01Ravena 60956,90 1,69 37 0,04Sabará 86382,44 2,39 53 0,47

SANTA LUZIA 77202,05 2,13 47 1,76Santa Luzia 86530,88 2,39 53 0,64São Benedito 72662,42 2,01 44 1,11

VESPASIANO 72853,83 2,01 45 0,66São José da Lapa 85025,40 2,35 52 0,10Vespasiano 71080,31 1,97 43 0,56

aterros municipais, dos quais a maioria dosmunicípios metropolitanos carece). As áreasrurais apresentam valores relativos deatendimento variados, devendo merecer maioratenção os municípios onde elas têm caracte-

rísticas urbanas, como Contagem e Sabará (noprimeiro, o atendimento rural por esgoto ou fossaséptica é praticamente nulo). Os domicílioscarentes em cada tipo de infra-estrutura sãoapresentados no quadro 3.13.

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Quadro 3.9 - Domicílios permanentes em aglomerados subnormais - municípios da região metropolitanade Belo Horizonte -1991.

Fonte: Dados Básicos: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, 1991-Arquivo de SetoresCensitários.

DOMICILIOS EM AGLOMERADOSMUNICIPIOS SUBNORMAIS

URBANO RURALSede Distritos

Belo Horizonte 50460 12428 10Betim 7147 - 16Brumadinho - - -Caeté 17 16 -Contagem 7210 6569 1138Esmeraldas - - 2Ibirité 410 1368 1Igarapé - - -Juatuba - - -Lagoa Santa 14 25 -Mateus Leme - - -Nova Lima - - -Pedro Leopoldo 73 1 4Raposos 1 - -Ribeirão das Neves 193 1723 191Rio Acima - - 5Sabará 1624 67 23Santa Luzia 417 1263 217São José da Lapa 3 - -Vespasiano 194 - 524

Quadro 3.10 - Favelas na região metropolitana de Belo Horizonte - municípios da RMBH com favelas - 1991.

Fonte: Dados Básicos: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, 1991-Arquivo de Setores Censitários.

MUNICIPIOS NÚMERO DE DOMICILIOS MORADORES MÉDIA DE MORA- NÚMERO MÉDIO

FAVELAS PERMANENTES DORES P/DOMIC. DE COMODOS

Belo Horizonte 101 52.750 236.997 4,49 4,50

Betim 6 5.711 26.440 4,63 4,46

Contagem 27 11.271 49.543 4,40 4,55

Ribeirão das Neves 6 1.541 7.445 4,83 4,31

Sabará 7 1.557 6.924 4,45 5,22

Santa Luzia 5 635 2.932 4,62 4,01

Vespasiano 2 649 2.875 4,43 2,63

TOTAL 154 74.114 333.156 4,50 4,50

O cálculo do montante de domicílios carentesna capital, segundo o tipo de infra-estrutura desaneamento básico necessária indicaclaramente que o principal problema é oesgotamento sanitário, pois 65.396 domicíliosurbanos não possuíam uma solução adequadaem 1991. Mesmo em termos de água, existem10 mil famílias urbanas com carência, e 36 milcom disposição inadequada de lixo. O mesmopadrão se repete no restante da RMBH, commaior gravidade: cerca de 120 mil domicíliosurbanos apresentam problemas deesgotamento sanitário, 21 mil carecem de águae 42 mil não têm disposição minimamenteadequada do lixo domiciliar. Em termos demontante numérico, sem dúvida, os municípios

de Betim, Contagem, Ibirité, Ribeirão das Nevese Santa Luzia concentram a maior parte dacarência, alguns deles são preocupantes porcausa da tendência acelerada de crescimentopopulacional. No entanto, é a capital que maiscontribui para a carência metropolitana emtermos absolutos.

Os indicadores metropolitanos, com base eminformações do Censo Demográfico de 1991,deixam claro que a APA de Lagoa Santaencontra-se na trajetória de expansão urbanaem seu vetor norte, ou seja, corre o risco desofrer pressão demográfica significativa que jáatinge os municípios limítrofes ao sul,Vespasiano, Santa Luzia e Ribeirão das Neves.

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Quadro 3.11 - Domicílios com saneamento básico adequado - municípios da região metropolitana deBelo Horizonte - 1991.

Fonte: Dados Básicos: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, 1991- Síntese Municipal e Arquivo de SetoresCensitários.

DOMICILIOS LIGADOS REDE GERAL DE ESGOTO LIXO ADEQUADOMUNICIPIOS À REDE GERAL DE ÁGUA OU FOSSA SÉPTICA

Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural

Sede Distritos Sede Distritos Sede Distritos

Belo Horizonte 381063 107335 1131 347405 85708 666 365682 96773 787Betim 33037 - 539 12861 - 401 29493 - 1899Brumadinho 1970 271 489 1704 14 352 1770 594 1457Caeté 5963 362 320 5478 263 251 5118 255 638Contagem 42811 54802 4607 17508 48268 36 39915 51199 5287Esmeraldas 1377 - 242 1219 3 681 1282 186 2971Ibirité 6460 9830 19 1010 1182 2 5633 9465 269Igarapé 1914 1287 194 1510 702 80 2084 1636 1262Juatuba 1091 - 471 577 - 257 995 - 664Lagoa Santa 4538 959 190 3049 220 4 4728 1075 315Mateus Leme 1543 906 275 1364 623 79 1962 872 736Nova Lima 9358 - 1061 8907 - 1029 9544 - 1709Pedro Leopoldo 6557 857 1318 4884 289 1243 606 744 1607Raposos 2857 - 14 2820 - 15 2525 - 59Ribeirão dasNeves

6568 17539 1523 1769 11422 291 5339 14023 3186

Rio Acima 1212 - 125 1030 - 149 1050 - 236Sabará 5830 10237 1186 4800 8461 912 5363 9030 2302Santa Luzia 7996 18952 434 6386 12540 101 7278 16756 109São José da Lapa 1224 - 41 549 - 20 1262 - 109Vespasiano 6384 - 2633 4105 - 1753 6136 - 3188

Quadro 3.12 - Indicadores sobre atendimento com saneamento básico adequado (%)Municípios da região metropoilitana de Belo Horizonte - 1991.

Fonte: Dados Básicos: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, 1991- Sintese Municipal e Arquivo de SetoresCensitários.

DOMICILIOS LIGADOS REDE GERAL DE ESGOTO LIXO ADEQUADOMUNICIPIOS À REDE GERAL DE ÁGUA OU FOSSA SÉPTICA

Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural

Sede Distritos Sede Distritos Sede DistritosBelo Horizonte 98,18 97,24 78,05 89,51 77,65 45,96 94,22 87,68 54,31Betim 91,17 - 26,03 35,49 - 19,36 81,39 - 91,69Brumadinho 99,55 35,38 26,87 86,10 1,83 19,34 89,44 77,55 80,05Caeté 98,69 97,31 34,01 90,67 70,70 26,67 84,71 68,55 67,80Contagem 94,39 99,06 76,12 38,60 87,25 0,59 88,01 92,55 87,36Esmeraldas 99,57 0,00 6,17 88,14 1,50 17,35 92,70 93,00 75,69Ibirité 86,42 76,53 5,57 13,51 9,20 0,59 75,36 73,69 78,89Igarapé 79,42 66,51 12,23 62,66 36,28 5,04 86,47 84,55 79,57Juatuba 83,16 - 54,51 43,98 - 29,75 75,84 - 76,85Lagoa Santa 86,42 80,59 43,18 58,07 18,49- 0,91 90,04 90,34 71,59Mateus Leme 68,70 93,89 29,63 60,73 64,56 8,51 87,36 90,36 79,31Nova Lima 92,30 - 57,73 87,85 - 55,98 94,13 - 92,98Pedro Leopoldo 96,37 93,87 68,25 71,78 31,65 64,37 89,07 81,49 83,22Raposos 97,21 - 8,48 95,95 - 9,09 85,91 - 35,76Ribeirão das Neves 86,99 94,20 29,38 23,43 61,35 5,61 70,72 75,32 61,47Rio Acima 99,43 - 37,88 84,50 - 45,15 86,14 - 71,52Sabará 92,76 95,89 37,98 76,37 79,25 29,20 85,33 84,58 73,71Santa Luzia 92,38 93,10 27,30 73,78 61,60 6,35 84,08 82,31 6,86São José da Lapa 89,08 - 25,15 39,96 - 12,27 91,85 - 66,87Vespasiano 94,58 - 69,09 60,81 - 46,00 90,90 - 83,65

Essa expansão populacional em direção aomunicípio de Sete Lagoas, com cenárioprevisível de conurbação futura com a RMBH,encontra-se associada ao incremento deassentamentos em favelas, ou pelo menos, compadrão de baixa renda.

Outro comprometimento importante é oproblema generalizado de esgotamento sanitário

na RMBH segundo os dados de 1991. Se, porum lado, isso demonstra que o problema não éparticular nem característico da áreadiretamente afetada da APA, por outro indica queo comprometimento dos recursos hídricosapresenta um quadro espacial bem mais amploe de equacionamento mais complexo do que odos recursos locais. Há, sem dúvida, anecessidade de recursos financeiros estaduais,

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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Quadro 3.13 - Domicílios carentes quanto ao atendimento com saneamento básico adequado - municípiosda região metropolitana de Belo Horizonte - 1991.

Fonte: Dados Básicos: IBGE, Censo Demográfico de Minas Gerais, 1991- Sintese Municipal e Arquivo de SetoresCensitários.

REDE GERAL DE ESGOTO LIXO ADEQUADOMUNICÍPIOS REDE GERAL DE ÁGUA OU FOSSA SÉPTICA

Urbano Rural Urbano Rural Urbano Rural

Sede Distritos Sede Distritos Sede Distritos

Belo Horizonte 7070 3041 318 40728 24668 783 22451 13603 662Betim 3201 - 1532 23377 - 1670 6745 - 172Brumadinho 9 495 1331 275 752 1468 209 172 363Caeté 79 10 621 564 109 690 924 117 303Contagem 2543 519 1445 27846 7053 6016 5439 4122 765Esmeraldas 6 200 3683 164 197 3244 101 14 954Ibirité 1015 3015 322 6465 11663 339 1842 3380 72Igarapé 496 648 1392 900 1233 1506 326 299 324Juatuba 221 - 393 735 - 607 317 - 200Lagoa Santa 713 231 250 2202 970 436 523 115 125Mateus Leme 703 59 653 882 342 849 284 93 192Nova Lima 781 - 777 1232 - 809 595 - 129Pedro Leopoldo 247 56 613 1920 624 688 744 169 324Raposos 82 - 151 119 - 150 414 - 106Ribeirão das Neves 982 1080 3660 5781 7197 4892 2211 4596 1997Rio Acima 7 - 205 189 - 181 169 - 94Sabará 455 439 1937 1485 2215 2211 922 1646 821Santa Luzia 660 1404 1156 2270 7816 1489 1378 3600 1481São José da Lapa 150 - 122 825 - 143 112 - 54Vespasiano 366 - 1178 2645 - 2058 614 - 623TOTAL 12716 8156 21421 79876 40171 29446 23869 18323 9099

federais e até empréstimos internacionais (viaBanco Mundial, por exemplo) para aconsecução de obras de saneamento quecheguem a abranger mais de um municípiometropolitano. É o caso do PROSAM, ora emexecução em Belo Horizonte e que visa resolvera questão do saneamento básico em Contageme Belo Horizonte, com duas estações detratamento de esgoto no Ribeirão do Onça e noArrudas, minorando os problemas decorrentesde esgoto doméstico no Rio das Velhas, ajusante da área da APA. A dificuldade deobtenção de recursos de repasse estadual teminterrompido as obras ao longo do tempo, asquais todavia estão em andamento nomomento. Informações da COPASA indicam quea construção das estações de tratamentodeverá ser feita em parceria com a iniciativaprivada. As estações estavam previstas paraoperarem em 1998, horizonte este que, nomomento, está indefinido.

Em termos de esgotos domésticos e industriais,o maior comprometimento é sobre o Ribeirãoda Mata, que recebe esgotos de Matozinhos,Pedro Leopoldo e, segundo informante daPrefeitura de Vespasiano, de Ribeirão das Nevese de Justinópolis, chegando a Vespasiano bempoluído. Em Matozinhos, nos informaram quehá poluição industrial a montante, decorrenteprincipalmente da indústria têxtil GABARITO,localizada em Capim Branco. Quanto ao esgoto

doméstico, pretende-se inaugurar em setembrodeste ano o sistema de coleta e tratamento deesgoto, construído pela Prefeitura Municipal, eque será administrado pela COPASA. Em PedroLeopoldo e em Ribeirão das Neves, não parecehaver nenhuma solução em andamento. EmVespasiano, já existe implantado e operando umsistema de coleta e tratamento de esgoto (que,segundo a Prefeitura local, não cobre as áreasde favelas em ritmo de expansãodescontrolada). Porém, o maiorcomprometimento das águas subterrâneas daAPA advém do elevado número de fossasrudimentares. Um programa de construção defossas sépticas pode ser uma alternativa técnicaadequada, barata e viável em curto prazo, pelomenos ao nível local.

O município de Vespasiano conta com PlanoDiretor, o que não é o caso em nenhum dosmunicípios componentes da APA. Apenas PedroLeopoldo tem certa intenção neste sentido, quenão é recente, pois existem estudos elaboradosem 1990, porém tem faltado vontade política paraconcretizá-los. Nesse município, o Ribeirão daMata passa bem ao lado de uma Prefeitura deconstrução moderna, com mato e algum lixo emsuas margens, sem nenhuma obra decanalização visível. Em Matozinhos e LagoaSanta, os problemas financeiros das Prefeituras(com o pagamento do funcionalismo municipalem atraso, quando de nossa viagem) sem

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dúvida impedem um planejamento urbano demaior porte e, finalmente, em Confins a carênciade uma base administrativa municipal mínimaé o principal empecilho à solução do problemade saneamento básico.

3.2 - Relevância estadual e nacional dasindústrias de cimento

O estudo setorial mais recente sobre a indústriade cimento em Minas Gerais foi elaboradopelo INDI em julho de 1992, defasado emtermos temporais devido à resistência dasempresas do setor em fornecer informações;porém suficiente para transmitir a relevância das empresas mineiras no contexto nacionale, principalmente, das localizadas naregião da APA. Houve consulta a outro estudomais antigo, elaborado pelo BDMG em1990, abrangendo também a mineração decalcário.

Segundo o INDI, “o cimento se destaca como oprincipal insumo da indústria de construção civilque, por sua vez, é a maior fonte de empregospara a mão-de-obra semi-especializada e não-especializada. O parque cimenteiro nacional éconstituído por 54 fábricas pertencentes a 18grupos industriais, com uma capacidade deprodução de 34 milhões de toneladas/ano,sendo que 65% dessa capacidade foraminstalados a partir de 1970. Totalmente em poderda iniciativa privada, cerca de 80% das fábricasestão sob o controle de empresas de capitalnacional. Após uma marcante expansão nadécada de 70, caracterizada por uma taxa médiade crescimento de 10 a 12% ao ano, a indústriade cimento no Brasil registrou forte declínio emsua produção no triênio 83-85, permanecendoestabilizada de 1986 a 1990, na faixa de 25 a 27milhões de toneladas. A produção de 1991 foide 27,5 milhões de toneladas, com umacréscimo de 6,35% em relação ao ano anterior.Historicamente a demanda interna era bastantedependente da construção civil pesada, queconsumia cerca de 70%, enquanto a construçãocivil predial consumia os 30% restantes. Asmedidas de ajustamento da economia brasileiraadotadas após 1980 retardaram a expansão domercado de cimento e alteraram de formadramática a participação dos segmentosconsumidores, que foi orientada para pequenasobras e reformas (‘consumo formiga’).Destacam-se quatro pólos de produção: regiãode Pedro Leopoldo, em Minas Gerais; região

metropolitana e sul de São Paulo; Cantagalo,no Rio de Janeiro, e Rio Branco do Sul, noParaná”.

A região cimenteira da APA possui relevâncianacional expressiva, sendo destacada como umpólo específico, aliás o único citado dentro deMinas Gerais. No período 1970-1991, aparticipação da produção de cimento em Minasna produção brasileira teve valores situadosentre 25 e 33%, estando em 1991 em 26,85%.Segundo o INDI, dentre as indústrias de mineraisnão-metálicos, a de cimento é uma das maisimportantes no Estado. Conta com modernosequipamentos e avançada tecnologia, fator que,aliado à disponibilidade de matéria-prima deexcelente qualidade e custos competitivos,favorece a posição de maior estado produtor decimento no país. As principais empresasdestacadas pelo INDI estão no Quadro 3.14,devendo-se ressaltar que as quatro mencio-nadas na região da APA são responsáveis por53,77% da produção mineira, embora os dadosincluam a unidade da Cauê em Mesquita(relativamente próxima da RMBH).

Em Minas Gerais, existem 4 pólos principais: oPólo Belo Horizonte, englobando as quatroprimeiras empresas situadas na região da APA,o Pólo Barbacena, o Pólo Sudoeste de Minas eo Pólo Norte de Minas. A capacidade instaladade produção das empresas é: da Cimento CauêS.A., da Família Dias -1.150.000 t/ano; daCiminas - Cia Nac. Minas S.A., do GrupoHolderbank-2.230.000 t/ano; da Cimento MauáS.A., do Grupo Lafarge - 960.000 t/ano; daSOEICOM -Soc. Empr. Ind. Com. Miner., daFamília Champalimaud- 1.200.000 t/ano.Representa praticamente 60% da capacidadeprodutiva instalada neste setor em Minas Geraisem 1991.

As projeções de crescimento do PIB brasileiroelaboradas pelo IPEA em 1990 indicavam que,por volta de 1997, estaria havendo a igualaçãoentre a demanda nacional projetada de cimentoe a capacidade instalada, havendo, portanto, anecessidade de novos investimentos para aampliação da produção ao final dos anos 90. Oestudo do INDI menciona que essesinvestimentos têm longo prazo de maturaçãoe, portanto, as decisões têm de ser tomadascom antecedência. As intenções de novosinvestimentos à época por parte de empresas

Zoneamento Ambiental da Apa Carste de Lagoa Santa

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situadas na APA foram manifestadas apenaspela SOEICOM - expansão da produção em3.000 t/dia ou 970.000 t /ano, quase duplicandosua capacidade atual, prevista para 1995-1997,que não se concretizou até o momento, e pelaCauê, em Pedro Leopoldo, com a construçãode outro forno, apto a incrementar a produçãoem 2.600 t/dia, porém apenas após o ano 2000.Portanto, apenas a primeira parece ser umagente de provável impacto mais imediato emfuturo próximo. Sem dúvida, a implantação da

Quadro 3.14 - Principais fábricas de cimento em Minas Gerais e sua produção em 1991.

Fonte: INDI, A Indústria de Cimento na Região Sudeste do Brasil - Situação Atual e Perspectivas para adécada de 90 - Belo Horizonte, julho de 1992.

FÁBRICAS LOCALIZAÇÃO PRODUÇÃO (t) PARTICIPAÇÃO(%)

Cauê Pedro Leopoldo e Mesquita 1.062.382 14,39

Ciminas Pedro Leopoldo 1.313.912 17,80

Mauá Matozinhos 633.006 8,58

Soeicom Vespasiano 958.649 13,00

Paraíso Barroso 633.320 8,58

Tupi Carandaí 466.614 6,32

Minas Oeste Arcos e Uberaba 111.516 e 95.342 2,80

Itaú Itaú de Minas 1.125.645 15,25

Matsulfur Montes Claros 980.000 13,28

TOTAL MG MG 7.380.386 100,00

APA pode vir a representar um obstáculo paraa concretização desses planos.

Deve-se ressaltar que, atualmente, a estratégiade expansão dos grupos empresariais ligados aocimento parece concentrar-se mais na comprade unidades produtivas já em funcio-namento doque em expansão de capacidade instalada.Exemplo disso é a recente aquisição da fábricaMatsulfur, em Montes Claros, pela Cimento Mauá,que possui unidade em Mato-zinhos, conformeinformações fornecidas pelo INDI.

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A consideração de todos os aspectosabordados até o momento permitiu odelineamento de 7 (sete) subáreas comcaracterísticas distintas, apresentadas no Mapa4.1. O limite dessas subáreas foi estabelecidocom base nos setores censitários definidos peloIBGE em 1991, de modo a viabilizar aconsolidação de alguns indicadores básicos(Quadro 4.1). Não há rigidez nos limites emdecorrência da própria natureza dos fenômenosque nelas ocorrem, mas sim restriçõesespaciais da base de informação sócio-econômica mais recente disponível.

Embora a delimitação das subáreas incorporetendências percebidas dentro da região e vetoresde interferência externos a ela, foramconsiderados de forma apenas qualitativa, ouseja, não houve preocupação em quantificarcenários futuros para as subáreas. Osindicadores básicos disponíveis foram geradosapenas para 1991.

As subáreas sócio-econômicas definidasforam:

SUBÁREA 1 - Corredor de conurbação Oeste-Pedro Leopoldo/Matozinhos - Forte presença dosetor industrial e da extração mineral de grandeporte e problemas sérios de poluição hídrica eatmosférica.

Abrange os setores censitários dentro doperímetro urbano de Pedro Leopoldo (11,12,14e 15) e o setor rural 26, ocupado por mineraçãode grande porte muito próxima da cidade; osetor censitário 1, urbano, do distrito deMocambeiro (ver fotos 4.4 e 4.5), deMatozinhos, e os setores localizados noperímetro urbano desta cidade, a saber, ossetores 2,3 e 15 (neste último está a CimentoMauá).

A análise destaca esta parte da APA como amais problemática em termos ambientais, poisgera um volume significativo de esgotosdomésticos lançados sem tratamento noRibeirão da Mata, gera poluição atmosférica em

Apresenta indicadores de crescimentopopulacional acelerado, com tendência defortalecimento deste vetor de crescimento daexpansão urbana metropolitana devido àpresença de Sete Lagoas ao norte deMatozinhos. Possui problemas graves emtermos de fossas rudimentares, com resoluçãoparcial em andamento através da implantaçãodo sistema de coleta e tratamento de esgoto nasede urbana de Matozinhos. A parcela destasubárea no município de Pedro Leopoldo possuiindicadores de péssimo atendimento por infra-estrutura de saneamento básico, inclusive coletade lixo, tendo o agravante de apresentar as maiselevadas taxas de crescimento populacionaldentro da APA.

O entorno de Mocambeiro foi também apontadopor informantes locais como uma área dedestaque em termos de necessidades defiscalização por problemas ambientais, comopesca com tarrafa nas lagoas, depredação dafauna nativa em fazendas, irrigação de pastoscom bombeamento excessivo nas lagoas.Esses problemas surgem, em grande parte,devido à proximidade com áreas urbanas debaixa renda, cuja população necessita dealternativas de obtenção de rendimentos porcausa do contexto recessivo geral que afetatambém a indústria local. A indústria do turismoe do lazer pode vir a desempenhar um papelimportante na atenuação dos problemas com ageração de alternativas ambientalmenteadequadas, inclusive para os proprietários ruraisde Matozinhos.

SUBÁREA 2 - Área rural com atividadeagropecuária propriamente dita em Matozinhose Funilândia.

4 - SUBÁREAS DEFINIDAS PELO ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICOORIENTADO PARA A GESTÃO DOS PROBLEMAS E POTENCIAISAMBIENTAIS

decorrência da forte presença da indústria decimento e da extração de calcário a elaassociada (ver fotos 4.1, 4.2 e 4.3), dando,portanto, uma contribuição negativa ao quadrojá prejudicado a montante do referido ribeirãopor poluição industrial (proveniente de indústriatêxtil em Capim Branco) e por esgotosdomésticos em Justinópolis, carreados por umde seus afluentes.

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LEGENDA

Indústrias de Cimento

Atividade Turística

Aeroporto

Áreas Urbanizadas

Pivô de Irrigação

PIVÔ

PIVÔ

HOTEL FAZENDAJAGUARA

CASA FERNÃODIAS

CIMENTOMAUÁ

QUINTAS DAFAZENDINHA

MOCAMBEIRO

FIDALGO

GRUTA DALAPINHA

AEROPORTO

DE CONFINSCIMENTO CAUÊ

CIDADE DEPEDRO LEOPOLDO

CIDADE DEMATOZINHOS

CIMINAS

EIMCAL

CALMIT

SOEICOM

CIDADE DEVESPASIANO

CIDADE DELAGOA SANTA

PIVÔ

PIVÔ

2

1

1

3

7

5

6

4

Mapa 4.1 - Zoneamento sócio-econômico com a definição de suas áreas segundo as principais tendências deocupação e pontos de destaque que dentro da APa Carste de Lagoa Santa - 1991.

É a maior e abrange o setor censitário rural 17em Matozinhos, o setor rural 2 no distrito deMocambeiro e o setor rural 5 (povoado de SãoBento, situado no limite norte da APA) emFunilândia. Possui baixa densidade deocupação, uma vez que os estabelecimentosagropecuários são maiores, com padrãotecnológico bom, utilizando inclusive tratores ecolheitadeiras, dedicando-se ao plantio de milhoe à pecuária basicamente (em uma fazenda,existe até inseminação artificial no gado etrabalho com embriões). Algumas fazendaspossuem áreas de preservação. Há 4 pivôs deirrigação, que puxam principalmente do Riachodo Gordura, o maior deles para 90 hectares, nosentido centro-norte da subárea. A leste,encontra-se o Hotel Fazenda Jaguara, na regiãode mesmo nome, e a oeste as Quintas da

Fazendinha, condomínio mais antigo de sítiosde fim-de-semana (ver fotos 4.6 e 4.7). Não háainda uma invasão ostensiva de loteamentoscom este fim, embora a tendência de ocupaçãorural deva ser nesta direção, quando se esgotara alternativa Lagoa Santa. Embora existamminerações mais próximas a Pedro Leopoldo,perto de Mocambeiro e nas imediações deMatozinhos, essa não parece ser umacaracterística marcante da região, que possuium vasto potencial para a exploração turística,em grutas, recursos naturais relativamentepreservados e de patrimônio histórico, esteúltimo principalmente a leste. Ou seja, poder-se-ia até redefinir uma nova subárea a leste, comuma vocação turística mais acentuada,associada à Quinta do Sumidouro, no distritode Fidalgo, para o que não se tem elementos

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adequados no âmbito deste trabalho setorial,mas que pode ser gerada no ZoneamentoGlobal, com o cruzamento de informações maisdetalhadas provenientes dos estudos setoriaisespecíficos e com levantamentos de campo. Ozoneamento sócio-econômico, por terprincipalmente uma perspectiva referencial deordem macrorregional, padece de falta deinformações secundárias detalhadas suficientespara permitir maior desagregação de áreashomogêneas em uso econômico dos recursosnaturais em curso e uso alternativo dospotenciais de uma região deste porte.

Foram mencionadas por informantes locaisalgumas explorações esporádicas demineradoras (ardósia e seixos) nas margens doRio das Velhas, porém sem grande expressão.

SUBÁREA 3- Zona com predominância deatividades clandestinas de extração de ardósia,de pequeno porte, e alguma presença demineração de grande porte.

SUBÁREA 4- Parque do Sumidouro - Lagoa doSumidouro e Gruta da Lapinha

Merece um tratamento particular por ser umaunidade de conservação já definida por

legislação estadual desde 1980. Abrange ossetores 1, 2 e 5 do distrito de Lapinha em LagoaSanta, e os setores especiais 2 e 3 do distritode Fidalgo em Pedro Leopoldo. Não parecehaver consciência da população local nem dosdirigentes municipais de que esta unidade é umParque, pois não há referência explicita a essefato. A própria Prefeitura de Pedro Leopoldo fezum dique dentro da Lagoa do Sumidouro comoforma de “solução” para o grande volume derejeitos do beneficiamento de ardósia existenteem Fidalgo, objeto de ação por parte daPromotoria de Defesa do Meio Ambiente (verfotos 4.14 e 4.15).

SUBÁREA 5 - Zona de transição entre aexpansão urbana de Lagoa Santa e o aeroportointernacional de Confins

Hoje o processo de ocupação desta subárea énitidamente rural, apresentando estabele-cimentos agropecuários maiores que sededicam à fruticultura e à pecuária. É constituidapelos setores censitários 24 de Lagoa Santa epelo setor 4 do distrito de Lapinha. Há fortepossibilidade de que parte dessesestabelecimentos já estejam em processo dedesapropriação para a futura expansão doAeroporto, ainda com prazo indeterminado,porém prevista em seu Plano Diretor e no seuDecreto de criação (dos 15km2 atualmenteutilizados se chegaria aos 24km2 previstos, ouseja, possivelmente o polígono de 2,5 km por 6km teria sua largura ampliada em mais 1,5 kmem direção a Lagoa Santa). A indeterminaçãode quando se concretizarão as obras deve-seao caráter ainda recente da viabilidadeeconômica do Aeroporto, que somente deixoude ser deficitário a partir de 1993-1994. Porenquanto, a capacidade instalada estásuportando bem o movimento, porém pode serque o seu esgotamento ocorra mais cedo doque é hoje imaginado, em função dos rumosque possam tomar a economia mineira e até anacional. O Aeroporto faz desembaraçoaduaneiro até de carga marítima que vem

Abrange os setores 1 e 4 do distrito de Fidalgo,o primeiro urbano, onde se localizam asserrarias de beneficiamento da pedra “LagoaSanta”, no entorno da Lagoa do Sumidouro (verfotos 4.8, 4.9, 4.10 e 4.11), e o segundo rural,englobando o espaço entre Fidalgo e PedroLeopoldo a oeste (ver fotos 4.12 e 4.13) e aQuinta do Sumidouro a leste, onde ocorrem asminerações clandestinas sobre as quais nãose tem informações exatas, nem na Prefeitura.É uma região com grande potencial turístico,tanto histórico quanto em presença de grutas,ainda não explorados comercialmente. NaQuinta do Sumidouro, está a Casa Fernão Dias,implantada pela FEAM em 1994 com o intuitode constituir um centro de referência cultural eambiental criada pela Deliberação COPAM no017/94, de 3 de março de 1994. O seugerenciamento está a cargo da Diretoria dePesquisa e Desenvolvimento Ambiental daFEAM, sob a responsabilidade da Divisão deEducação Ambiental. Tem por objetivo promovera preservação do patrimônio cultural, históricoe ambiental da região da Quinta do Sumidouro,através do instrumental pedagógico estruturadoem um Centro de Educação Ambiental.

Quanto à Gruta da Lapinha, há a exploração doseu potencial turístico pela Prefeitura de LagoaSanta, com um fluxo razoável de visitantes nosfins-de-semana, e a presença de um pequenomuseu arqueológico particular desde 1972 (verfotos 4.16, 4.17 e 4.18). Porém, está havendoo avanço do processo de urbanização em suadireção, ao qual se deve ficar atento.

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diretamente para cá em caminhões, comparticipação relevante da FIAT Automóveisnessa demanda. Embora haja uma certatendência de expansão de condomínios de lazerno espaço de transição, sem dúvida, o seu usofuturo será comandado pelo processo deexpansão do Aeroporto.

SUBÁREA 6 - Corredor de conurbação Leste -Lagoa Santa/Vespasiano - com impedimento deexpansão industrial e mineratória de grandeporte.

Está no vetor norte de expansão urbana daRegião Metropolitana de Belo Horizonte, compossibilidades sérias de extravazamento defavelas existentes hoje em Vespasiano e SantaLuzia. Em Lagoa Santa, existe uma legislaçãomunicipal impeditiva para o estabelecimento denovas atividades prejudiciais ao meio ambientee uma preocupação ambiental com a qualidadede vida dos demais municípios. Há umaconsciência maior do potencial turístico e umperfil de ocupação do solo agropecuáriofortemente orientado para a constituição decondomínios de lazer e sítios de fim-de-semana, mas já se fazem sentir sinais dessatensão da expansão metropolitana latente, commovimentos de invasão de terras deproprietários ausentes, na parcela do municípiofora dos limites da APA. O padrão de ocupaçãode baixa renda é o que predomina em direçãoao município de Vespasiano, embora nãochegue a caracterizar favelas. Foramconsiderados todos os setores censitáriosdentro do perímetro urbano de Lagoa Santa,complementados pelo setor rural 23 e pelo setorurbano 3 do distrito de Lapinha, correspondendoa Campinho de Baixo, por margearem a MG-010. Essa rodovia vem fornecendo o suporteviário para o processo de conurbação, porémdeve-se ressaltar que este vetor não éfortalecido pela presença de um pólo urbanoexpressivo próximo ao norte de Lagoa Santa,ou seja, esta subárea apresenta tendência decrescimento menos acentuada do que aque caracteriza a SUBÁREA 1 (ver fotos 4.194.20, 4.21 e 4.22).

SUBÁREA 7 - Área sob influência direta emonitoramento ambiental parcial por parte doaeroporto Tancredo Neves - AeroportoInternacional de Confins.

Corresponde ao município de Confins, uma vezque só possui perspectivas econômicas

Outro problema sério que vai sofreragravamento em 1997 é a questão do destinodo lixo urbano de Confins, hoje aindaencaminhado ao Lixão de Lagoa Santa. Deve-se ressaltar que o Aeroporto possui usina deincineração de lixo, bem como estação detratamento de esgotos de sua geração, podendorepresentar uma solução.

Os indicadores básicos sobre a populaçãoestimada em cada subárea em 1991 e o nívelde atendimento em saneamento básico nomesmo ano figuram no Quadro 4.1.

O exame do Quadro 4.1 permite reiterar pontosprincipais da análise desenvolvida:

1. A concentração populacional dentro da APAocorre nos corredores de conurbação que aestão contornando e pressionando a leste ea oeste;

2. Os indicadores de saneamento básico sãomais preocupantes a oeste, tanto pelatendência mais acelerada de crescimentoquanto pelo fato de que em Lagoa Santa hámaior incidência de fossas sépticas;

3. O segmento sul da APA, representado pelomunicípio de Confins (subárea 7), não temparticipação desprezível no conjunto e

possibilitadas pelo Aeroporto. Com uma sedemunicipal de pequeno porte, carente de infra-estrutura de saneamento básico mínima e de umabase administrativa municipal adequada aocaráter recente de sua ascensão à categoria demunicípio, vai requerer uma certa tutela por partedo pessoal técnico do Aeroporto para conseguiradministrar seus problemas ambientais (verfotos 4.23, 4.24, 4.25, 4.26, 4.27, 4.28, 4.29e 4.30). Os problemas relacionados diretamenteao Aeroporto estão sendo administrados sob oolhar atento da FEAM, porém a preocupaçãomaior é a extração de areia no Ribeirão da Mata,que a despeito da atuação da Promotoria deDefesa do Meio Ambiente em Pedro Leopoldo,continua em franca operação (ver fotos 4.31,4.32 e 4.33). O município de Confins não terátão cedo capacidade de controle, fiscalização ecoerção dessa atividade predatória. Deve-seacrescentar que não há CODEMA implantadono município e o de Lagoa Santa, com adesculpa da emancipação de Confins, não tematuado em passado recente.

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Quadro 4.1 - Indicadores básicos para subáreas sócio-econômicas definidas - 1991.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 1991, Arquivo de Setores Censitários para os resultados do universo

POPULAÇÃO EM 1991 ATENDIMENTO POR (%)

SUBÁREAS PESSOAS PARTICIPAÇÃO(%) REDE GERAL DE ÁGUA FOSSA RUDIMENTAR COLETA DE LIXO

1 9967 36,52 94,54 76,93 39,33

2 1658 6,07 51,71 83,99 9,19

3 2029 7,43 87,19 83,88 1,03

4 1132 4,15 89,44 91,20 0,00

5 501 1,84 70,69 88,79 4,31

6 8824 32,33 93,08 25,44 51,53

7 3183 11,66 76,91 89,15 17,52

TOTAL 27294 100,00 87,73 64,28 31,82

merece atenção devido aos pioresindicadores de saneamento básico nassubáreas 1 e 6, as mais urbanizadas;

4. As subáreas 2, 3, 4 e 5 apresentam baixadensidade populacional e seus indicadoresde baixo atendimento por saneamento básicoadequado são menos preocupantes;

5. O indicador rendimento mensal do chefe dodomicílio em salários-mínimos, embora nãorepresente plenamente a renda familiar e, porisso, não foi incluído no quadro em questão,mostra a situação relativa de cada subáreaem termos comparativos. Nas áreas maisurbanizadas, merece destaque a parcela dePedro Leopoldo, nitidamente de ocupação debaixa renda, uma vez que as rendas médiasdos chefes calculadas para os setorescensitários situaram-se predo-minantementeno intervalo entre 1,5 e 2 salários - mínimos,com exceção do setor 14, com valor de 4,32salários-mínimos; em Matozinhos, os valoresnos setores urbanos oscilaram entre 2,5 e3,5 salários-mínimos; em Lagoa Santa,dentro do perímetro urbano, mais próximo aocentro encontraram-se valores médios de 3a quase 6 salários-mínimos, ao passo queem direção a Vespasiano, ao sul, a rendamédia dos chefes começa a declinarvisivelmente, chegando a atingir no setor 23,limítrofe a Vespasiano, o baixo valor deapenas 0,5 salário-mínimo. Os setorescensitários pertencentes às demaissubáreas possuem valores oscilando entre1 a 2 salários-mínimos, o que não surpreendepor causa da vida rural. Esse indicadorcorrobora plenamente as informaçõesqualitativas obtidas com informantes locais.

Cabe salientar que é importante definir uma áreade influência indireta da APA que abranja, nomínimo, o território restante dos municípiosafetados e os municípios limítrofes a oeste e aosul, principalmente os que se situam na Baciade drenagem do Ribeirão da Mata, pois hásérios comprometimentos a montante. Semdúvida, o Rio das Velhas também é um problemasério, mas como existem ações agressivas ajusante, envolvendo o próprio esgoto domésticode Belo Horizonte, com solução a meiocaminho, e que não existem comprometimentosmaiores decorrente de agentes dentro da própriaAPA, pode-se dizer que o Rio das Velhas deveficar em um plano secundário de atenção,devendo-se priorizar o Ribeirão da Mata.

Finalmente, alguns pontos da análise sócio-econômica devem ser considerados paraelaboração das diretrizes para a gestão dosrecursos naturais da APA:

1. As atividades de grande porte atuantes naregião têm destaque estadual e nacional,portanto, pode ser extremamenteinteressante tê-las como parceiras na buscade soluções de problemas e na maturaçãode potenciais regionais (como o turismo),uma vez que elas têm nome e poder debarganha para a captação de recursospúblicos e privados, nacionais einternacionais, para serem investidos deforma ambientalmente adequada na região;

2. A apropriação do espaço por essasempresas, embora já tenha acarretadodanos ambientais localizados e perdasirreparáveis, tem atuado como um obstáculoao crescimento urbano desordenadocaracterístico da periferia metropolitana; ouseja, fornece a oportunidade para planejar a

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expansão dos municípios afetados, de modoque seja minizada a pressão que vem sidoexercida nos limites da APA. É urgente quesejam exigidos e se dêem condiçõesfinanceiras às Prefeituras para viabilizarPlanos Diretores Municipais, bem como sefaçam, em curto prazo, programas deconstrução de fossas sépticas para substituiras rudimentares, enquanto se negociamrecursos para implementar investimentosmais ambiciosos em saneamento básico;

3. Talvez deva ser pensada a constituição deum Fundo de recursos financeiros específicopara viabilizar a Gestão dos recursosnaturais da APA, a fundo perdido e/ou viaempréstimos subsidiados, com fontesdiversas de contribuição, de modo que asPrefeituras tenham interesse e condiçõespara assumir o papel mais imediato epróximo de fiscalização, controle e soluçãode problemas detectados (parte desteinteresse advém da nova lei “Robin Hood” dedistribuição do ICMS aos municípios, vigenteem 1996, na qual as ações positivas sobre omeio ambiente incrementam o índice departicipação ou a quota dos municípios);

4. A Casa Fernão Dias representa um excelenteponto de partida para o treinamento defuncionários municipais da própria região, emcursos de curta duração, com a assessoria

da FEAM e a articulação com Faculdadesexistentes em Pedro Leopoldo e com escolasde segundo grau nos maiores municípios daregião;

5. A inserção parcial do território da APA naRegião Metropolitana de Belo Horizonteconfere um “status” privilegiado à região, poispossibilita a obtenção de maior atenção dopoder público estadual e dos órgãosestaduais sediados em Belo Horizonte, comoa própria FEAM, a COPASA e a SEPLAN,esta última responsável por decisõesreferentes, por exemplo, à construção de umaterro sanitário conjunto de vários municípiosmetropolitanos, questão vital para todos osmunicípios envolvidos;

6. É fundamental encontrar formas concretaspara que os CODEMAs sejam criados econsigam de fato cumprir os seus objetivos,pois as entrevistas locais mostraram queeles têm sofrido pressões e oscilações queimpedem a sua atuação, ou seja, acapacidade executiva deles parece estaratrelada às Prefeituras e, portanto, limitadapor elas. A estrutura institucional local defiscalização, controle, punição e coerção deabusos tem de ser avaliada bem desenhadapara que consiga ter eficácia e não fiqueapenas no papel.

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5 - BIBLIOGRAFIA

BANCO DE DESENVOLVIMENTO DE MINAS GERAIS - BDMG. Diagnóstico e perspectivas: junhode 1989. Belo Horizonte: BDMG, 1989. V.I, II e IV.

CENTRAIS ELÉTRICAS DE MINAS GERAIS - CEMIG. Ortofotos - escala: 1:10.000. Belo Horizonte:CEMIG, 1989. [Correspondentes à área em foco].

_____. Fotografias aéreas - escala: 1:30.000. Belo Horizonte: CEMIG, 1989.

FUNDAÇÃO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE - FEAM. Proposta para atuar em educação ambientalno Centro de Referência Patrimonial “Casa Fernão Dias” - Quinta do Sumidouro, município dePedro Leopoldo - MG. s.n.t. [Mimeografado].

_____. Plano diretor para o Centro de Referência Patrimonial Casa Fernão Dias. s.n.t. [Mimeografado].

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Esgotos sanitários: alternativas tecnológicas aplicáveis à realidademineira. Belo Horizonte: Centro de Estudos Políticos e Sociais, 1995. V.3.

IBGE. Censo demográfico de Minas Gerais: setores censitários. s.n.t., 1991.

_____. Censo demográfico: estimativas da população municipal em 01 de julho, 1992, 1993 e 1994.[Mimiografado].

_____. Censo demográfico: sinopse preliminar. s.n.t., 1991.

_____. Censo demográfico: síntese municipal. s.n.t., 1991.

_____. Mapas da base operacional com o desenho dos setores censitários. Funilândia, Lagoa Santa,Pedro Leopoldo e Matozinhos. s.n.t.. [Inclui Confins].

INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL DE MINAS GERAIS - INDI. A indústria de cimentona Região Sudeste do Brasil: situação atual e perspectivas para a década de 90. Belo Horizonte:INDI, 1991.

_____. Relatório do banco de dados municipais: Vespasiano, Lagoa Santa, Pedro Leopoldo,Matozinhos, Funilândia, Prudente de Morais. s.n.t.

PRAXIA - ESTUDOS, PROJETOS E CONSULTORIA LTDA. Diagnóstico do município de PedroLeopoldo para o plano diretor. Belo Horizonte: PRAXIS, 1991.

LOBATO, Mauro. PREFEITURA DE PEDRO LEOPOLDO - Lei Orgânica Municipal - seção VI - DoMeio Ambiente; Lei nº 1789, de 23 de dezembro de 1991 - criação do CODEMA; Decreto nº 563,de 01 de julho de 1992 - aprovação do regimento do CODEMA; Lei nº 1683, de 15 de março de1993 - modificações do funcionamento do CODEMA; “Os Órgãos Ambientais - Breve Esborço desuas atuações”. Pedro Leopoldo: s.n.t.

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ANEXO IDocumentação Fotográfica

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II

Foto 4.1 - Fábrica da Cauê em Pedro Leopoldo -Vista daportaria por onde ocorre a entrada e saída contínuas decaminhões com matéria-prima.

Foto 4.2 - Fábrica da Calmit em Matozinhos, nos limitesda APA, nas margens da MG-424, na saída em direção aSete Lagoas.

Fotos 4.3 e 4.4 - Pracinha central de Mocambeiro, distrito de Matozinhos.

Foto 4.5 - Vista do Condomínio Quintas da Fazendinha,em Matozinhos.

Foto 4.6 - Vista do Condomínio Quintas da Fazendinha,em Matozinhos.Tem-se ao fundo a MG-424, e à direita aEIMCAL, da Usiminas, em território do município dePrudente de Morais.

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III

Fotos 4.7 e 4.8 - Serraria de ardósia em Fidalgo, distrito de PedroLeopoldo, exemplo da principal atividade econômica local.

Fotos 4.9 e 4.10 - Condições de trabalho em serraria de ardósia emFidalgo, distrito de Pedro Leopoldo.

Fotos 4.11 e 4.12 - Mineração de grande porte na estrada que vai paraFidalgo, distrito de Pedro Leopoldo.

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IV

Fotos 4.13 e 4.14 - Estrada em dique feita pela prefeitura dentro daLagoa do Sumidouro com rejeitos do beneficiamento de ardósia emFidalgo, distrito de Pedro Leopoldo, dentro do Parque do Sumidouro.

Fotos 4.15 e 4.16 - Aproveitamento turístico da Gruta da Lapinha, emLagoa Santa, dentro do Parque do Sumidouro.

Foto 4.17 - Museu arqueológico na Gruta da Lapinha,em Lagoa Santa, dentro do Parque do Sumidouro.

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V

Fotos 4.18 e 4.19 - Periferia urbana de Lagoa Santa, em direção àestrada de terra que dá acesso à Gruta da Lapinha através da árearural entre Lagoa Santa e o Aeroporto Internacional de Confins.

Fotos 4.20 e 4.21 - Limites legais da APA dentro do perímetro urbanode Lagoa Santa - rua Acadêmico Nilo de Figueiredo, que dá acesso àPrefeitura, situada em território da APA.

Fotos 4.22 e 4.23 - Vista geral da cidade de Confins, novo municípiocriado com o distrito de mesmo nome em Lagoa Santa. Ao fundo, nohorizonte estão as edificações do Aeroporto Internacional TancredoNeves (Confins).

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VI

Fotos 4.24 e 4.25 - Problemas ambientais na Lagoa de Confins, àesquerda, tem-se a ilustração do problema do lixo, ao lado, vê-se aofundo, no centro, a saída de um canal de drenagem feito recentementepara o escoamento das águas pluviais do Aeroporto InternacionalTancredo Neves (Confins).

Fotos 4.26 e 4.27 - Vista geral do Município de Confins, novo municípiocriado e em processo de instalação - à esquerda, a sub-prefeituraexistente. Ao lado, área rural no entorno da cidade.

Fotos 4.28 e 4.29 - Vista geral do Município de Confins - à esquerda, alocalidade de Tavares. Ao lado, o Condomínio Lagoa dos Mares.

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VII

Fotos 4.30 e 4.31 - Extração de areia no Ribeirão da Mata, na divisa domunicípio de Confins.

Fotos 4.32 e 4.33 - Extração de areia no Ribeirão da Mata, na divisa domunicípio de Confins.

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Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricose da Amazônia Legal

CPRMServiço Geológico do Brasil

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CPRMServiço Geológico do Brasil

ZONEAMENTO AMBIENTAL

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ZONEAMENTO AMBIENTAL

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Ministro do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia LegalGustavo Krause Gonçalves Sobrinho

Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

Eduardo Martins

Diretor de Ecossistemas

Ricardo José Soavinski

Chefe do Departamento de Vida Silvestre

Maria Iolita Bampi

Ministro de Minas e EnergiaRaimundo Mendes de Brito

Secretário de Minas e Metalurgia

Otto Bittencourt Netto

Diretor-Presidente da CPRM - Serviço Geológico do Brasil

Carlos Oití Berbert

Diretor de Hidrologia e Gestão Territorial

Gil Pereira de Azevedo

Chefe do Departamento de Gestão Territorial

Cássio Roberto da Silva

Edição

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

Diretoria de Incentivo à Pesquisa e Divulgação

Departamento de Divulgação Técnico-Científica e Educação Ambiental

Divisão de Divulgação Técnico-Científica

SAIN - Av. L4 Norte, s.n, Edifício Sede. CEP 70800-200, Brasília, DF.

Telefones: (061) 316-1191 e 316-1222

FAX: (061) 226-5588

CPRM - Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

DRI - Diretoria de Relações Institucionais e Desenvolvimento

Av. Pasteur, 404. CEP 22290-240, Urca - Rio de Janeiro, RJ.

PABX: (021) 295-0032 - FAX: (021) 295-6647

GERIDE - Gerência de Relações Institucionais e Desenvolvimento

Av. Brasil, 1731. CEP 30140-002, Funcionários - Belo Horizonte, MG.

Telefone: (031) 261-0352 - FAX: (031) 261-5585

Belo Horizonte

1998

Impresso no Brasil

Printed in Brazil

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Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos

e da Amazônia Legal

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis

Diretoria de Ecossistemas

Ministério de Minas e Energia

Secretaria de Minas e Metalurgia

CPRM - Serviço Geológico do Brasil

Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial

Superintendência Regional de Belo Horizonte

CPRMServiço Geológico do Brasil

ZONEAMENTO AMBIENTAL

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IBAMA

Moacir Bueno Arruda

Coordenador de Conservação de Ecossistemas

Eliana Maria Corbucci

Chefe da Divisão de Áreas Protegidas

Ricardo José Calembo Marra

Chefe do Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Carvernas - CECAV

Jader Pinto de Campos Figueiredo

Superintendente do IBAMA em Minas Gerais

Ivson Rodrigues

Chefe da APA Carste de Lagoa Santa

CPRM

Osvaldo Castanheira

Superintendente Regional de Belo Horizonte

Fernando Antônio de Oliveira

Gerente de Hidrologia e Meio Ambiente

Jayme Álvaro de Lima Cabral

Supervisor da Área de GATE

Helio Antonio de Sousa

Coordenador

Edição e Revisão

Valdiva de Oliveira

Ruth Léa Nagem

Capa

Wagner Matias de Andrade

Diagramação

Washington Polignano

Foto da Capa: Lapa Vermelha I, Pedro Leopoldo - MG.

Ézio Rubbioli

Z87 Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa-MG/HelioAntonio de Sousa (coordenador). - Belo Horizonte: InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos NaturaisRenováveis: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais,199762p.ISBN - 85-7300-056-2

1. Zoneamento Ambiental - 2. Preservação. 3. DesenvolvimentoAmbiental. I. Sousa, Helio Antonio de. II Insituto Brasileiro do MeioAmbiente e dos Recursos Naturais Renováveis. III - Companhia dePesquisa de Recursos Minerais.

CDU 502-3

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RELATÓRIO DE ZONEAMENTO AMBIENTAL

Engenheiro Civil e Geólogo Jayme Álvaro de Lima Cabral

Geólogo Helio Antonio de Sousa

Geólogo Eduardo Chapadeiro

Consultoria Técnica e Jurídica

Advogado Joaquim Martins da Silva Filho

Engenheiro Ivan Carlos Maglio

Geógrafa Olga Maria Soares e Gross

Equipe de Apoio

Elizabeth de Almeida Cadête Costa - Desenho Cartográfico

Maria Alice Rolla Pecho - Editoração

Rosângela Gonçalves Bastos Souza - Geógrafa

Rosemary Corrêa - Desenho Cartográfico

Terezinha Inácia de Carvalho Pereira - Digitalização

Valdiva de Oliveira - Editoração

Digitalização

AJS Engenharia e Informática Ltda.

GERIDE - Gerência de Relações Institucionais e Desenvolvimento

RELATÓRIOS TEMÁTICOS

Responsáveis Técnicos

Volume I - Meio Físico

Geologia/Geomorfologia - Geólogo Haroldo Santos Viana/CPRM

Prof. Heinz Charles Kohler/Museu de História Natural da UFMG

Geotecnia - Engº Civil e Geólogo Jayme Álvaro de Lima Cabral/CPRM

Hidrogeologia - Geólogo Paulo Fernando Pereira Pessoa/CPRM

Hidrologia - Engª Hidróloga Maria Letícia Rabelo Alves Patrus/CPRM

Pedologia - Engº Agrônomo Edgar Shinzato/CPRM

Volume II - Meio Biótico

Fauna e Flora - Bióloga Patrícia G. da Silva Carvalho/Fundação Biodiversitas

Volume III - Patrimônio Espeleológico, Histórico e Cultural

Espeleologia - Geóloga Mylene Luiza Cunha Berbert-Born/CPRM Bióloga Lilia C. Senna Horta/CPRM

Arqueologia - Prof. André Prous/Museu de História Natural da UFMG

Paleontologia - Prof. Castor Cartelle/Museu de História Natural da UFMG

Volume IV - Sócio-Economia

Sócio-economia - Economista Laura Maria Irene de Michelis Mendonça

CRÉDITOS DE AUTORIA

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OAPRESENTAÇÃO

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA no cumprimento da sua missãoinstitucional de executar a Política Nacional de Meio Ambiente, tem como um dos seus principais objetivos: criar, implantare realizar a gestão de áreas protegidas, identificadas como amostras representativas dos ecossistemas brasileiros.

A Diretoria de Ecossistemas do IBAMA tem sob sua responsabilidade a gestão do Sistema Nacional de Unidades deConservação, constituído, principalmente, pelas categorias de Parques Nacionais, Estações Ecológicas, Reservas Biológicas,Áreas de Proteção Ambiental e Reservas Particulares do Patrimônio Natural.

O presente trabalho trata do zoneamento ambiental da Área de Proteção Ambiental do Carste de Lagoa Santa que sereveste da maior importância do ponto de vista da conservação da natureza, pois foi criada com o objetivo de proteger o ricopatrimônio espeleológico localizado nesta região, que contém significativos registros arqueológicos e paleontológicos. A APAde Lagoa Santa também se constitui num importante cinturão verde para essa área de tão intensa urbanização de BeloHorizonte.

O IBAMA tem como estratégia o estabelecimento de parcerias, em todos os níveis, na busca da efetividade de gestãoambiental, especialmente para as unidades de conservação. Foi neste sentido que o IBAMA convidou a CPRM - Companhiade Pesquisa de Recursos Minerais - para unir esforços na elaboração do zoneamento ambiental da APA do Carste de LagoaSanta.

O convênio celebrado atribuiu à CPRM a difícil, porém essencial, missão de elaborar o zoneamento ambiental numa unidadeonde o desafio de conservar a natureza é muito intenso, em face da antropização por várias formas de exploração dosrecursos naturais. Entretanto, esta tarefa foi brilhantemente cumprida pela CPRM, com o apoio e participação de todos ossegmentos sociais concernentes à unidade de conservação.

Assim sendo, o IBAMA, ao aprovar o presente zoneamento ambiental e sua respectiva instrução normativa, vem, juntamentecom a CPRM, disponibilizá-lo à sociedade, através da presente publicação, para que se tenha acesso ao conhecimentoproduzido e se possa colaborar para a gestão dessa importante Área de Proteção Ambiental Federal.

Ricardo José SoavinskiDiretor de Ecossistemas do IBAMA

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1. INTRODUÇÃO

A APA Carste de Lagoa Santa foi criada pelo Governo Federal em 25 dejaneiro de 1990, através do Decreto 98.881, editado com base nas Leis6.902 de 27 de abril de 1981, 6.938 de 31 de agosto de 1981 e na Resolução/CONAMA/nº 10 de 14 de dezembro de 1988.

Assim diz o Art. 1º:

“Sob a denominação de APA - Carste de Lagoa Santa, fica declarada Áreade Proteção Ambiental a região situada nos municípios de Lagoa Santa,Pedro Leopoldo, Matozinhos e Funilândia no Estado de Minas Gerais, comas delimitações geográficas constantes do artigo 3º deste Decreto.”

No art. 2º fica textualmente definido o objetivo principal de criação da APA:

“A declaração de que trata o artigo anterior, além de garantir a conservaçãodo conjunto paisagístico e da cultura regional, tem por objetivo proteger epreservar as cavernas e demais formações cársticas, sítios arqueo-paleontológicos, a cobertura vegetal e a fauna silvestre, cuja preservação éde fundamental importância para o ecossistema da região”.

Pautados nesse propósito, o IBAMA e a CPRM-Serviço Geológico do Brasilassinaram convênio para a execução do Zoneamento Ambiental da APA.Por sua vez, a CPRM assinou convênios com a Fundação BIODIVERSITAS,com o Museu de História Natural/UFMG (via FUNDEP) e com o CETEC,além de contratos de consultoria, visando complementar o conjunto doslevantamentos temáticos (ver Capítulo 3) necessários à elaboração dozoneamento ora apresentado.

O conjunto de informações que geraram o zoneamento é objeto de relatóriostemáticos a serem editados posteriormente pelo IBAMA, o que vale dizerque o relatório apresentado, incluindo o mapa de zoneamento, não contemplao amplo universo de dados que foram coletados e organizados nolevantamento dos temas. Vale esclarecer que a escala 1:50 000, adotadano zoneamento, constitui um fator limitante quanto à apresentação deinformações pertinentes a escalas de detalhe, cabendo à gestão a exigênciada realização desse detalhamento, cujo grau variará de acordo com o tipode ocupação analisado.

A abordagem metodológica para o zoneamento pretendeu, além de atenderàs leis ambientais, construir uma visão de futuro para APA no que tange aosseus processos e às tendências sócio-econômicas vigentes. O produtofinal é de caráter orgânico, portanto dinâmico, abandonando as idéias dezoneamentos estáticos - papel assumido pelos temas isolados - cuja principaltônica é visualisar a APA como meio de consolidar um padrão desejável dedesenvolvimento ambiental, em que homem e meio ambiente fazem partede um mesmo conjunto, substituindo a visão antropocêntrica pela visãobiocêntrica.

A fragilidade ambiental dessa APA, por constituir-se de terrenos cársticos,é motivo suficiente para chamar a atenção de todos os segmentosenvolvidos direta ou indiretamente, no sentido de procurar dividirresponsabilidades quanto ao seu uso racional, considerando-se ainda osaspectos relevantes inerentes à sua natureza biótica, cultural-paisagística,bem como suas tendências sócio-econômicas.

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Figura 1 - Mapa de Localização da APA

2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA E VIAS DE ACESSO

Localiza-se na Microrregião Belo Horizonte do Estado de Minas Gerais,na margem esquerda do rio das Velhas (Figura 1), podendo seralcançada pela MG-424, no sentido Belo Horizonte-Pedro Leopoldo-Matozinhos-Sete Lagoas, ou pela MG-010, no sentido Belo Horizonte-Lagoa Santa.

A APA, com uma área de 35.600 ha, abrange, além dos municípioscitados no Decreto, o de Confins, instalado a partir de 1º de janeiro de1997.

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3. ATIVIDADES TEMÁTICAS

A formulação do panorama ambiental da APA Carste de Lagoa Santaenvolveu a análise e a integração de elementos fornecidos por múltiplasatividades temáticas.

Para caracterização do meio físico, foram utilizados os levantamentosgeológico, geomorfológico, do uso da terra, hidrológico, hidrogeológico egeotécnico. O meio biótico e cultural foi levantado através dos estudos daflora e fauna, paleontologia, arqueologia e espeleologia. A análise e aintegração desses temas, frente aos processos e tendências sócio-econômicas da região, permitiram delimitar as unidades ambientais quecompõem o zoneamento proposto.

As principais atividades desenvolvidas nos diversos temas e os subsídiospor eles fornecidos na elaboração desse Zoneamento Ambiental podemser assim sumarizados:

3.1 - Geologia

Levantamento desenvolvido: Mapeamento geológico na escala 1:50 000.

Subsídios: Informações referentes ao substrato rochoso, estratigrafia,estrutural e recursos minerais, constituindo o embasamento doslevantamentos pedológicos, geomorfológicos, hidrogeológicos e geotécnicos.Geração de dados para subsidiar o zoneamento ambiental.

3.2 - Geomorfologia

Levantamentos desenvolvidos: Cartografia na escala 1:50 000 referenteàs grandes unidades geomorfológicas. Delimitação cartográfica ecompartimentação das principais feições do relevo cárstico e não-cárstico.

Subsídios: Informações básicas para os levantamentos hidrogeológicos,pedológicos e geotécnicos. Definição de conjuntos paisagísticos e geraçãode elementos de apoio para diretrizes e delimitação das zonas ambientais.

3.3 - Pedologia

Levantamentos desenvolvidos: Mapa de caracterização pedológica dosterrenos na escala 1:50 000.

Subsídios: Informações relativas à tipologia dos solos e potencialidadeagrícola dos terrenos e critérios de manejo, gerando dados de apoio para adelimitação das zonas.

3.4 - Uso da Terra

Levantamentos desenvolvidos: Cartografia em escala 1:50 000 dasformações vegetacionais, atividades agrícolas, áreas urbanas e industriaise de outros usos de menor expressão.

Subsídios: Informações de apoio a outras atividades do Projeto, definiçãoda tipologia e espacialização das formações vegetacionais e dos vetoresurbanos e industriais, gerando dados para o estabelecimento de conflitos ede incompatibilidades com o meio físico.

3.5 - Hidrologia

Levantamentos desenvolvidos: Caracterização hidrológica regional,disponibilidade hídrica, uso e qualidade das águas superficiais.

Subsídios: Critérios de consumo para o abastecimento público e industriale de compatibilidade quanto à instalação de empreendimentos. Definiçãode conflitos de uso e restrições relativas aos fatores de poluição.Informações básicas para o estudo hidrogeológico e geração de dados parao estabelecimento de diretrizes e delimitação das unidades ambientais.

3.6 - Hidrogeologia

Levantamentos desenvolvidos: Levantamento hidrogeológico em escala1:50 000. Uso e qualidade das águas subterrâneas. Estudo dos aqüíferos eanálise de suas potencialidades e vulnerabilidade.

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3.10 - EspeleologiaLevantamentos desenvolvidos: Inventário em escala 1:50 000 ereconhecimento das cavernas existentes, com definição de áreas de diferentespotenciais de ocorrência. Descrição e estudos espeleológico e biológico dascavernas mais importantes. Definição de critérios de proteção e avaliação.

Subsídios: Hierarquização de áreas segundo a importância do bem espeleológico.Indicações de áreas de ocorrências ambientais e subsídios para definição daszonas ambientais. Indicações de áreas de potencial turístico e cultural.

3.11 - Fauna e FloraLevantamentos desenvolvidos: Caracterização das diferentes formaçõesvegetacionais em relação às suas características florísticas e fitossociológicas.Inventário da fauna, com base nos grupos de ofídios, aves e mamíferos.

Subsídios: Indicação de áreas para recuperação. Proposição e delimitação dezonas ambientais, com diretrizes de uso. Propostas específicas para aimplementação de práticas que consolidem a conservação dos recursos naturais.

3.12 - Sócio-economiaLevantamentos desenvolvidos: Estudos populacionais. Aspectosinstitucionais, metropolitanos e municipais. Definição de faixas decornurbação e expansão urbana. Atividades econômicas relevantes. Análisede tendências das atividades sócio-econômicas e de expansão urbana.

Subsídios: Geração de informações para o zoneamento ambiental,baseados na definição de vetores de crescimento dos setores primários,secundários e terciários. Potencial de desenvolvimento turístico regional,com sugestões de áreas para essa finalidade.

3.13 - Aspectos jurídicos e institucionaisLevantamentos desenvolvidos: Compilação de leis ambientais,resoluções e portarias, no âmbito federal, estadual e municipal, diretamenterelacionadas à APA Carste de Lagoa Santa.

Subsídios: Fornecimento de embasamento jurídico-institucional necessáriopara a elaboração das diretrizes e normas de uso.

Subsídios: Informações para os levantamentos hidrológicos e geotécnicos.Restrições ao uso e ocupação dos terrenos em função da vulnerabilidade àpoluição dos aqüíferos. Definição de conflitos de uso. Fornecimento de critériose diretrizes de balizamento na definição das ocorrências e zonas ambientais.

3.7 - Geotecnia

Levantamentos desenvolvidos: Zoneamento geotécnico e aptidão do usopara assentamento urbano, obras viárias, grandes escavações e disposiçãode resíduos sólidos urbanos, em mapas na escala 1:50 000. Caracterizaçãogeotécnica dos solos com relação à resistência, fragilidade e permeabilidade.Estabelecimento de áreas de risco com relação à erosão acelerada,abatimentos e poluição dos solos.

Subsídios: Definição de critérios e restrições para o uso dos terrenos.Geração de dados para o estabelecimento de normas e diretrizes deconservação, parcelamento dos solos, proteção de mananciais e áreas derecarga, recuperação de áreas degradadas, fornecendo subsídios para oestabelecimento das ocorrências e zonas ambientais.

3.8 - Paleontologia

Levantamentos desenvolvidos: Cartografia em escala 1:50 000 dosprincipais sítios paleontológicos. Classificação e estudo desses sítos. Estudospara o estabelecimento de critérios de proteção dos sítios paleontológicos.

Subsídos: Geração de informações para definição de ocorrênciasambientais e normas de proteção desses sítios.

3.9 - Arqueologia

Levantamentos desenvolvidos: Registros cartográficos em escala1:50 000 dos sítios arqueológicos. Classificação e qualificação dos estudos deconservação desses sítios e determinação de raios-limites para suas proteções.

Subsídios: Determinação de critérios para delimitação de ocorrências ezonas de proteção ao acervo cultural.

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4. METODOLOGIA

4.1 - Pressupostos da abordagem

Antes de tratar dos procedimentos adotados na formulação do ZoneamentoAmbiental, é necessário estabelecer os conceitos e premissas dessaabordagem:

• Considera-se Zona Ambiental um padrão territorial, com peculiaridades denatureza biótica e abiótica, paisagística, cultural e com característicasdecorrentes dos processos de uso e ocupação do solo. A delimitaçãodesse território tem por finalidade a atribuição de controles administrativossobre sua ocupação, normas de uso do solo e manejo de recursos naturais,que devem refletir exigências intrínsecas à conservação desses recursos.Por outro lado, essas normas de controle precisam refletir a intenção socialquanto ao padrão de desenvolvimento desejável para a região.

• Uma Zona Ambiental expressa espacialmente as características de seusrecursos naturais, culturais, sociais e econômicos. Constitui assim umaunidade ambiental onde a homogeneidade e heterogeneidade internas sãoindissociáveis.

• O zoneamento atribuído a uma APA, espaço ambiental protegido, deve virao encontro dos valores e desejos da sociedade que foi responsável pelacriação da Unidade de Conservação.

• As categorias de análises temáticas, que subsidiam a formulação dozoneamento da APA, precisam considerar as dimensões técnica, estéticae ética, possibilitando assim o desenvolvimento de propostas normativase o julgamento de alternativas, de maneira justa em cada fato ou situação.

• A visão Biocêntrica é premissa deste trabalho. O homem constitui parteintegrante do meio biótico, e não parte dominante, como na visãoantropocêntrica.

• O Conceito de Derivação Ambiental é fundamental, tanto na compreensãoregional da APA quanto na definição de cada zona e na integração do

zoneamento. Dentro desse conceito, os elementos componentes e fatoresde um espaço ambiental vão alterando física e dinamicamente suascaracterísticas, apresentando derivações em seus estados de equilíbrio.

• A identificação de padrões territoriais, sob a ótica de processos de derivaçãoambiental, aponta importantes linhas explorativas na formulação dozoneamento, tais como:

• tirar partido dos fatos e situações, trabalhar riscos e oportunidades;

• ver necessidades e premências, considerando o fator ambiental-social;

• enxergar limites das possibilidades quanto ao incentivo ou restriçãode ações em domínios da propriedade privada;

• separar e consagrar, como bem coletivo, os mais substantivos evaliosos recursos ambientais.

• Finalmente, cabe ressaltar que subjacente à proposta de zoneamentoda APA Carste está a idéia de manutenção da hierarquia e das inter-relações entre o todo e suas partes, tal qual se dá na estrutura e fisiologiados ecossistemas.

4.2 - A complexidade do ambiente cárstico e as análisestemáticas

A forte interação entre os elementos e fatores dos meios bióticos e abióticose a relação causa-efeito entre esses meios é especialmente sensível emcondições ambientais do Carste.

Assim sendo, a formulação do quadro ambiental da APA, bem como adefinição e a delimitação de unidades territoriais com seus padrões dederivação ambiental, exige análises complexas e consistentes de umconjunto de elementos e seus fatores intervenientes. Numa primeira etapa,as análises isoladas de cada um dos elementos selecionados (Quadro 1)resultam em conteúdos fundamentais para a montagem do ContextoAmbiental da região, em primeira aproximação.

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É importante ressaltar que os elementos jurídico-institucionais são umacategoria de dados considerados nas análises, fornecendo o embasamentotécnico-jurídico para a consistência das propostas normativas relativas aozoneamento ambiental.

Cabe registrar que a equipe responsável pelo desenvolvimento de cada temaestabelece, na conclusão de suas análises, uma gradação de níveis de

proteção ou de conservação, atribuída ao padrão ou situação identificada.Tal procedimento contribui, com objetividade, para a definição de grupostemáticos que serão objeto das análises integradas, etapa que antecede adefinição do cenário de zoneamento.

Os subsídios e diretrizes preliminares, que podem ser inferidos (Capítulo3), foram de grande valia para os primeiros esboços das zonas ambientais.

Quadro 1 - Análises Temáticas/Subsídios do Zoneamento Ambiental

Geotecnia Hidrogeologia Hidrologia Geomorfologia Espeleologia

Estudos e Vulnerabilidade Ambiental Grandes Inventário das

Diretrizes de Natural dos Águas de Unidades e Grutas e de Áreas

Zoneamento Aqüíferos Superfície Feições Potenciais

Patrimônio Paleontologia Meio Biótico Uso e Ocupação Processos e

Arqueológico Inventário Fauna e Flora da Terra Tendências

Tipologia de Sítios dos Sítios Proposta de Levantamento Sócio-

Pré-Históricos Paleontológicos Zoneamento Cartográfico econômicas

Aspectos Jurídicos e Institucionais

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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4.3 - Análises Integradas

A segunda etapa de trabalho foi desenvolvida através de análises integradas,em que são agrupados os temas originais. A avaliação isolada dos conteúdose subsídios, gerados pelas análises de cada tema, sugere a composiçãode três focos de estudo:

-O meio físico;

- O meio biótico, cultural e paisagístico;

-Os processos e tendências atuais da sócio-economia e seurebatimento espacial.

Os fluxos de integração dos elementos ambientais e seus fatores estãoapresentados na Figura 2.

Com o produto da interpretação dos dados, resultantes dos blocos deanálises integradas, configuram-se os CONDICIONANTES, que passam aorientar o cenário de desenvolvimento ambiental desejável para a APA. Talresultado constitui o insumo técnico fundamental ao delineamento dozoneamento ambiental.

4.4 - Condicionantes do Cenário de Desenvolvimento Ambiental

4.4.1 - Do Meio Físico

• Proteger as áreas cársticas, regiões de maciços calcários puros de altapermeabilidade, com baixa alteração antrópica e configurados por feiçõestípicas de grande fragilidade.

• Proteger áreas não-cársticas de grande fragilidade, por serem áreas comterrenos de baixa resistência aos processos erosivos e por sua topografiaacidentada e com declives acentuados. As planícies aluvionares, com suasvárzeas, são da mesma forma objeto de proteção e de conservação, porsuas funções na dinâmica hidrológica superficial e dos aquíferossubterrâneos.

• Estabelecer medidas de proteção ou de conservação das áreas, cujaocupação inadequada altera a produção e a qualidade das águas, afetandoo equilíbrio hidrológico das bacias fluviais e dos aqüíferos subterrâneos.

• Estabelecer medidas rigorosas de proteção às áreas de recarga do aqüíferoregional situadas na APA.

4.4.2 - Do Meio Biótico, Cultural e Paisagístico

• A delimitação de zonas ambientais e a articulação entre elas deverãoresultar em um conjunto harmônico, onde os processos ambientais,culturais, sociais e econômicos se completem e se otimizem.

• As grandes unidades geomorfológicas representam contextos físico-bióticos dinâmicos, que expressam as condições de derivação ambientalpresentes e constituem diretrizes espaciais, em alguns casos, paradefinição de zonas.

• Serão definidos ao norte, a sudeste e a centro-leste da APA, núcleos dedesenvolvimento e manutenção da biodiversidade, territórios de vidasilvestre, em cujo entorno as atividades sociais e econômicas deverão sedesenvolver, sob condições de baixo impacto ambiental.

• O acervos arqueológicos, espeleológicos e paleontológicos devem estarpreservados na sua totalidade.

• O patrimônio ambiental cultural, representado pelo conjunto espeleológico,arqueológico e paleontológico, paisagístico e biótico da região Sumidouro-Lapinha, deve receber medidas específicas de proteção, por ser zonaambiental.

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ANÁLISES TEMÁTICAS ANÁLISES INTEGRADAS

Pedologia, Geologia, Geomorfologia,Hidrologia, Hidrogeologia,

Geotécnica

Biota (Flora e Fauna),Paleontologia,Arqueologia,

Espeleologia,Geomorfologia

Uso do Solo, Estudos Demográficos,Aspectos Urbanísticos,

Tendências Econômicas e Sociais,Aspectos Polítcos e Institucionais

Análise Integrada

do Meio Fisico

IntegraçãoBiótico-

paisagística

Rebatimento Espacialdos Processos e

TendênciasSócio-econômicas

ELEMENTO ESTRUTURADOR

ELEMENTO REGULADOR

ELEMENTO BALIZADOR

PROPOSTA DEZONEAMENTO

AMBIENTALCondicionantes doCenário de

DesenvolvimentoAmbiental

Programas

Normas de uso e ocupação dosolo e de utilização de

Recursos Naturais

Anteprojeto de regulamentaçãodo Decreto da Apa Carste de

Lagoa Santa

Zonas de ProteçãoZonas de Conservação

Áreas de Ocorrência Ambiental

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

Figura 2 - Fluxograma de Integração

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4.4.3 - Dos Processos e Tendências Atuais da Sócio-economia eseu Rebatimento Espacial

• Os vetores de expansão norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte,configurados pelos eixos urbano-industriais que se estendem junto aoslimites leste e, em especial, a oeste do território da APA, devem ser objetode disciplinamento quanto às suas condições de expansão e formas deassentamento urbano, devido à grande vulnerabilidade hidrogeológica edos solos.

• A região configurada pelo Aeroporto Internacional Tancredo Neves, valedo ribeirão da Mata, nucleações urbanas ligadas ao vetor nortemetropolitano, e pela presença de significativos exemplares da biota local,deve ser otimizada por seus atributos ambientais, vantagens locacionaise presença de equipamentos de porte metropolitano.

• As atividades agro-silvo-pastoris devem ter suas características atuais deprodução reformuladas em suas condições de manejo, baseadas no altoconsumo de recursos naturais, com o objetivo de potencializar a

conservação do ambiente cárstico. As iniciativas existentes que jáincorporam tecnologias intensivas devem ser objeto de incentivo, comcontrole de seus impactos ambientais.

• As atividades minerárias de grande porte, envolvendo extração ebeneficiamento, respeitadas as condições de ocorrência do bem mineral,deverão atender aos seguintes pressupostos:

• Limites de expansão dentro de territórios já consagrados, em funçãode atividades já existentes;

• Conservação e proteção de partes mais substantivas do territórioambiental implicam redução das expectativas, quanto aoaproveitamento do potencial existente;

• Atividades minerárias de pequeno porte devem receber mecanismosde controle ambiental sobre sua expansão desordenada e suportetécnico-operacional quanto ao manejo.

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5. ZONEAMENTO AMBIENTAL

5.1 Aspectos Conceituais

A construção de um “Cenário Desejável“ para a conservação e a proteção

dos recursos ambientais da APA Carste de Lagoa Santa sintetiza a buscade uma meta ideal, que tem como objetivo principal promover um processode desenvolvimento sustentável, viabilizando a conjugação das limitações,

potencialidades e fragilidades do ecossistema cárstico com as necessidadeseconômicas e sociais dos municípios de Lagoa Santa, Confins, PedroLeopoldo, Matozinhos e Funilândia.

A formulação desse cenário consubstancia-se com o Zoneamento Ambientalestabelecido, que se constitui em um instrumento de apoio e orientação àgestão ambiental, capaz de fornecer orientações programáticas e

respectivas normas gerais para o disciplinamento do uso dos recursosambientais e do uso e ocupação do solo no território da APA.

Nessa perspectiva, o Zoneamento Ambiental é formado pelas Zonas deProteção, Zonas de Conservação e por Áreas de Ocorrência Ambiental,cujas conceituações estão abaixo apresentadas:

Zonas de Proteção: são espaços que terão a função principal de protegeros sistemas naturais existentes, cuja utilização dependerá de normas decontrole rigorosas.

Incluem:

Os remanescentes dos ecossistemas e paisagens pouco ou nada alteradosou com alterações pouco significativas;

As áreas que possuam configurações geológicas/geomorfológicasespeciais;

Áreas com cobertura vegetal natural remanescentes dos ecossistemaslocais;

Refúgio de fauna;

Conjuntos representativos do patrimônio arqueológico e paleotológico,espeleológico e cultural.

Zonas de Conservação: são aqueles espaços cuja função principal é o depermitir a ocupação do território sob condições adequadas de manejo eutilização dos recursos e fatores ambientais.

Compreendem:

Áreas de ocupação para fins de chacreamento;

Áreas destinadas a exploração de atividades agro-silvo-pastoris;

Áreas de mineração;

Outras ocupações antrópicas.

Em geral, os recursos e os fatores enquadrados nessas zonas estãoalterados pelo processo de uso e ocupação do solo, apresentando níveisdiferenciados de fragilidade e de conservação.

Áreas de Ocorrência Ambiental: são áreas que correspondem a situaçõesparticulares dos meios físico e biótico e que ocorrem de forma dispersa egeneralizada em quaisquer das zonas ambientais estabelecidas. Devidoàs suas particularidades, requerem normalização específica, mais restritivaque o conjunto de normas comuns à zona ambiental. São passíveis deenquadramento nessa categoria:

APPs - Áreas de Preservação Permanente, são aquelas que possuem umacobertura vegetal de preservação permanente, conforme estabelece a Leinº 4.771 de 15 de setembro de 1965 ou outras que vierem a ser declaradas

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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para a mesma finalidade, entre as quais as matas e cerrados, portantoequivalentes neste zoneamento as zonas de vida silvestre.

AIEs - Áreas de Interesse Especial, são aquelas não compreendidas nascategorias definidas na letra “a” da Instrução Normativa, independente deestarem protegidas por qualquer tipo de norma, federal, estadual oumunicipal,que apresentarem como importantes na composição da Unidadede Conservação, quer pelo caráter representativo de conjunto cultural,histórico ou paisagístico, quer pelo grau de fragilidade física e biótica quepossam representar riscos que comprometam os ecossistemas locais. Noâmbito da APA Carste de Lagoa Santa, tão somente para efeito dozoneamento ficam estabelecidas como Áreas de Interesse Especial osmaciços calcários, dolinas, terrenos montanhosos e frágeis, aluviões eterraços, área tombada, sítio arqueológicos e cavernas.

Normas e Diretrizes de Uso

Para efeito do estabelecimento de normas de uso e ocupação do solo,aplicáveis às zonas ambientais, foram definidas as categorias decontrole:

Usos Permitidos - são categorias de uso e ocupação do solo, compatíveiscom as funções e diretrizes da zona ambiental considerada;

Usos Tolerados - são categorias de uso e ocupação do solo, já existentes

na APA, incompatíveis com as funções e diretrizes da zona ambiental

considerada e sujeitas ao cumprimento de medidas quanto à reduçãode sua desconformidade.;

Usos Proibidos - são categorias de uso e ocupação do solo incompatíveis

com as funções e diretrizes da zona ambiental considerada,

cuja instalação ou viabilização não será aprovada em hipótese

alguma.

O quadro de normas e diretrizes de uso relativo a cada Zona Ambiental,

fornece sugestões para as principais caterogias de uso aqui definidas.

Os usos não relacionados serão objeto de análise por ocasião do

licenciamento ambiental.

Zoneamento Programa

Conceitua uma associação entre o zoneamento ambiental proposto e os

programas estratégicos de ação que permitem a efetivação das suas

respectivas diretrizes de uso e ocupação. Define as ações de apoio que

deverão estimular os processos econômico-sociais ambientalmente

adequados, reorientar processos inadequados, suprir os meios e as lacunas

de conhecimento limitantes ao desenvolvimento em moldes ambientalmente

sustentáveis.

O seu objetivo é buscar as articulações do zoneamento e das ações

de controle ambiental, bem como a orientação para a transformação

das posturas e práticas ambientais vigentes, de forma a agir preventivamente

na eliminação ou mitigação gradual dos conflitos de uso existentes.

5.2 - Zonas Ambientais

O zoneamento (Figura 3) para a APA Carste de Lagoa Santa é constituído

das seguintes zonas ambientais:

Zonas de Conservação Ambiental

• Zona de Conservação do Equilíbrio Ambiental Metropolitano - ZCEAM

• Zona de Conservação e Desenvolvimento Urbano e Industrial - ZCDUI

CPRM - Serviço Geológico do BrasilZoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

• Zona de Conservação e Desenvolvimento Agrícola - ZCDA

• Zona de Conservação do Planalto das Dolinas - ZCPD

Zonas de Proteção Ambiental

• Zona de Proteção do Patrimônio Cultural - ZPPC

• Zona de Proteção das Paisagens Naturais do Carste - ZPPNC

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Figura 3 - Zonas Ambientais da APA Carste de Lagoa Santa

LEGENDA

ZCEAM - Zona de Conservação do EquilíbrioAmbiental Metropolitano

ZCPD - Zona de Conservação do Planalto dasDolinas

ZPPC - Zona de Proteção do PatrimônioCultural

ZPPNC - Zona de Proteção das Paisagens Naturaisdo Carste

ZCDA - Zona de Conservação e DesenvolvimentoAgrícola

ZCDUI - Zona de Conservação e DesenvolvimentoUrbano e Industrial

CPRMServiço Geológico do Brasil

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5.2.1 - Zona de Conservação do Equilíbrio Ambiental Metropolitano - ZCEAM

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Funções

A principal função ambiental desta zona é propiciar o equilíbrio entre o sistemacárstico e o vetor de expansão norte da Região Metropolitana de BeloHorizonte, garantindo as interfaces entre estes dois processos distintos: oprocesso de metropolização, representado pelo complexo aeroportuário, eo processo de desenvolvimento do território da APA, com suas característicassócio-ambientais específicas. Portanto, a função dessa zona é estabelecero bloqueio aos grandes vetores metropolitanos de Vespasiano/Lagoa Santae Pedro Leopoldo/Sete Lagoas, em direção à APA, visando disciplinar suaexpansão sobre áreas de maior fragilidade.

De acordo com essa função, destacam-se os seguintes aspectos:

• As áreas urbanas inseridas nessa zona sediam a infra-estrutura deserviços do complexo aeroportuário de Confins;

• As diretrizes e a regulamentação objetivam potencializar a infra-estruturaexistente e direcioná-la para o desenvolvimento turístico, aliando a funçãode polo de serviços à instalação de uma adequada infra-estrutura queatenda ao aeroporto internacional e que explore as imensas potencialidadesturísticas da região de Lagoa Santa e do conjunto da APA.

• A esses objetivos devem-se aliar a conservação dos remanescentes devegetação de cerrado que contornam as áreas urbanizadas e o sistemaaeroportuário. Esse conjunto vegetacional configura-se como umimportante elemento de bloqueio à penetração do crescimento urbanosobre áreas de relevo acidentado e de terrenos de alta fragilidade;

• Pela sua localização entre as áreas menos alteradas do ecossistemacárstico e o norte da região metropolitana, o potencial desse conjuntovegetacional, em termos ambientais, extrapola os limites da APA, podendocumprir importante função para o equilíbrio ambiental metropolitano,constituindo verdadeiro cinturão de reserva de biosfera, com múltiplaspossibilidades de uso.

A zona poderá propiciar, por exemplo, a implementação de um ParqueMetropolitano com múltiplas funções a serem desenvolvidas dentro de umplano urbanístico ambientalmente integrado, que considere as seguintespossibilidades:

• Sediar serviços de hotelaria aeroportuária;

• Permitir a instalação de áreas de lazer para a população da regiãometropolitana;

• Instalar trilhas de observação dos cerrados, destinadas à educaçãoambiental;

• Implantar unidades de conservação dos remanescentes do cerrado,a exemplo dos cerrados Promissão e da Infraero;

• Instalar um centro de exposição, de feiras e de exibições próximo aoaeroporto;

• Implantar um grande Centro de referência e divulgação paraapresentação e introdução dos visitantes ao território da APA, a fimde viabilizar a divulgação do ecossistema cárstico.

Elementos de Enquadramento

• Vetor de expansão urbana/metropolitana Vespasiano/Lagoa Santa, queinclui os núcleos urbanos de Lagoa Santa (Bairro de Santa Helena eCampinho de Baixo);

• Complexo Aeroportuário Tancredo Neves e suas interfaces urbanísticascom o município de Confins;

• Cerrados e matas de transição/cerrados sobre áreas cársticas e não-cársticas de relevo acidentado, apresentando vulnerabilidade aosprocessos erosivos e à poluição do aqüífero;

CPRM - Serviço Geológico do BrasilZoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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• Reserva Florestal da Infraero ( proteção ao vôo );

• Cerrado Promissão, área das mais representativas do cerrado ‘’sensustricto’’ da APA.;

• O vale do ribeirão da Mata;

• Áreas cársticas de alta permeabilidade, caracterizadas por abrigardepressões cársticas (dolinas, uvalas);

• Áreas não-cársticas, de relevo ondulado e com vertentes de baixa amoderada declividade. Solos de boa resistência, apresentando baixasusceptibilidade à instalação de processos erosivos e à movimentaçãode massas. Desprezível vulnerabilidade à poluição do aqüífero cárstico.

Critérios de Delimitação

• Limites das áreas de preservação da biota remanescente, incluindo asáreas montanhosas e as matas existentes a oeste, no vale do ribeirão daMata;

• Nucleação urbana de Tavares;

• Áreas urbanas e de expansão urbana do eixo Vespasiano/Lagoa Santa/Confins;

• O vale do ribeirão da Mata.

Conflitos de Uso

• Extração de areia no ribeirão da Mata, causando assoreamento esupressão da vegetação ciliar;

• Núcleos urbanos sem infra-estrutura de saneamento, com crescimentodesordenado sobre áreas de cerrado e terrenos cársticos (cidade deConfins e Tavares);

• Poluição do ribeirão da Mata, devido às áreas urbanizadas e industriaissituadas a montante;

• Disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos;

• Ocupação do solo em áreas de relevo acidentado, com alta propensão àerosão (em especial, a expansão urbana para norte, ao longo do eixo LagoaSanta-Campinho de Baixo, a noroeste de Confins e a norte de Vespasiano,em direção à APA);

• Expansão desordenada de loteamentos e áreas de recreio no municípiode Lagoa Santa, sem infra-estrutura de saneamento;

• Poluição dos aqüíferos por efluentes de atividades urbanas, face à ausênciade sistemas de tratamento de esgotos domésticos, com exceção doSistema Aeroportuário que já possui a sua ETE e incinerador de lixo;

• Abertura de malha viária sobre áreas com alta susceptibilidade a erosão ea movimentos de massas.

Diretrizes de Conservação Ambiental

Incentivos

• Desenvolver o potencial turístico da região de Lagoa Santa e Confins;

• Consolidar a região como prestadora de serviços voltados ao complexoaeroportuário de Confins;

• Promover e viabilizar a implantação de um Parque Metropolitano,assegurando à população a utilização dos recursos paisagísticos docerrado;

• Potencializar a presença do aeroporto internacional, equipando a regiãodo entorno visando ao desenvolvimento da APA como pólo ecoturístico ede serviços.

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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Restrições Gerais

• Disciplinar o parcelamento do solo das áreas de expansão urbana, deforma compatível com a vulnerabilidade hidrogeológica e à susceptibilidadeà erosão de seus terrenos;

• Disciplinar a implantação de conjuntos habitacionais na região deVespasiano e Lagoa Santa e Confins;

• Disciplinar a ocupação das áreas de entorno das lagoas perenes outemporárias, de forma a não degradar sua qualidade ambiental;

• Disciplinar os padrões de parcelamento do solo para os loteamentos derecreio e lazer, assegurando baixas densidades de ocupação na área,vinculando a aprovação desses loteamentos à implantação de infra-estrutura de saneamento;

• Disciplinar, através de mecanismo adequado de gestão ambiental, aexplotação de areia por dragagem no ribeirão da Mata;

• Direcionar a política industrial para setores compatíveis com odesenvolvimento sócio-ambiental da área.

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Quadro de Normas e Diretrizes de Uso

ZONA DE CONSERVAÇÃO DO EQUILÍBRIO AMBIENTAL METROPOLITANO - ZCEAM

l Hotéis e outros equipamentos destinados aoturismo de grande porte, condicionados àimplantação de infra-estrutura de saneamentobásico;

l Parques urbanos, dotados de infra-estruturapara esportes, lazer, centros de convençõese exposições, condicionados à implantação deinfra-estrutura de saneamento básico;

l Assentamentos urbanos, residencial, comerciale de serviços ( com médio a baixo índice deocupação ), observadas as condições deimplantação de arruamentos, obras dedrenagem e controle de erosão, compatíveiscom as vulnerabilidades geotécnicas ehidrogeológicas dos terrenos;

l Loteamentos e conjuntos habitacionais comalto índice de ocupação desde que implantadosem áreas com adequação geotécnica para oassentamento urbano e infra-estrutura desaneamento básico;

l Indústrias classificadas como de Classe I, deacordo com a Resolução 001/90 do COPAM,observadas a compatibilidade com osambientes cársticos e as exigências relativasao controle e disposição de efluentes e deresíduos sólidos.

Usos Permitidos Usos Tolerados Usos Proibidos

l Atividades de mineração existentes (em operação), regularmentelicenciadas pelo Órgão Ambiental Competente-OAC. Além dasexigências já contidas na licença ambiental, esses empreendimentosdeverão manter intactos sítios espeleológicos, arqueológicos oupaleontológicos que ocorrerem nas suas áreas e responsabilizar-sepela salvaguarda; tratar e dispor adequadamente seus efluenteslíquidos, sem que se configure alteração das águas subterrâneas ousuperficiais; dispor estéril sem que haja interferência sobre o sistemade dolinas e sumidouros; realizar estudos de impacto ambiental, noscasos de ampliação das áreas licenciadas;

l Utilização de áreas para disposição e tratamento de efluentessanitários, resíduos sólidos domésticos ou industriais;

l Loteamentos urbanos já instalados em áreas inadequadas, desdeque passem a ser dotados de sistemas de coleta, disposição etratamento de efluentes sanitários, adequados às exigências doambiente cárstico, além de obras necessárias de drenagem econtenção de taludes;

l Indústrias existentes classificadas como de Classe II ou III, de acordocom a Resolução 001/90 do COPAM, regularmente licenciadas. Narenovação das licenças ambientais, deverão ser observadas asexigências relativas ao controle e disposição de efluentes e resíduossólidos, compatíveis com o ambiente cárstico.

l Disposição de efluentes ou de resíduosindustriais, resíduos de agrotóxicos oude fertilizantes e outros resíduosperigosos.

l Expansão do perímetro urbano sobreáreas de alta vulnerabilidade geotécnicae à poluição dos aqüíferos onde seobservarem conjuntos de ocorrênciasambientais.

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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Quadro de Normas e Diretrizes de Uso

Programas de Controle Ambiental

l Integração das atividades de monitoramento, fiscalização e licenciamento ambiental.

l Gerenciamento de loteamentos, atividades de mineração, indústrias, infra-estrutura de saneamento e turismo.

l Avaliação e monitoramento sistemático da qualidade das águas subterrâneas.

l Desenvolvimento de estudos hidrogeológicos direcionados ao equacionamento do uso das águas em termosquantitativos.

l Programas de Recuperação de: áreas degradadas pela mineração; áreas frágeis e lagoas degradadas pela ocupaçãourbana, focos de contaminação do aqüífero e das águas superficiais; áreas degradadas por lixões, visando reduziro impacto ambiental sobre a qualidade das águas subterrâneas.

l Tecnologia adequada para a minimização dos impactos da extração e transformação do calcário e de extração deareia no ribeirão da Mata.

l Desenvolvimento de mecanismos de gestão adequados para a potencialização dos recursos financeiros provenientesdo ICMS Ecológico.

l Desenvolvimento de programas baseados no reconhecimento ambiental do ecossistema cárstico, de seuscomponentes bióticos e abióticos.

l Institucionalização da Área Programa, compreendendo o entorno do Aeroporto Internacional, com expressivosnúcleos de vegetação natural, para a instalação de Parque Metropolitano, com funções múltiplas: equilíbrio ambiental,recreação e lazer, educação ambiental e centro de referência e divulgação da APA Carste.

l Divulgação dos atributos ambientais do sistema cárstico e do ecossistema cerrado.

l Fomento do turismo ecológico e à implantação de empreendimentos de apoio ao turismo na APA. Implantação deparques com adequada infra-estrutura para visitação e utilização.

l Implantação de infra-estrutura de saneamento ambiental - Sistemas de Tratamento de Esgoto e Resíduos SólidosUrbanos, fundamentais para o equacionamento dos problemas de poluição hídrica.

l Desenvolvimento de Plano Urbanístico Integrado, envolvendo as prefeituras de Lagoa Santa e Confins, organizaçõescivis e/ou empresarial, órgãos públicos federais e estaduais, com o objetivo de otimizar a infra-estrutura de serviçosdo Complexo Aeroportuário, através da implementação de infra-estrutura turística de grande porte, que propicie oaproveitamento das potencialidades e atributos turísticos da APA Carste.

Titulo Discriminação

Programas de Extensão Ambiental àProdução

Programas de Educação Ambiental

Programas de Promoção e Divulgação deInteresse Ambiental

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5.2.2 - Zona de Conservação e Desenvolvimento Urbano e Industrial - ZCDUI

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Funções

As funções principais desta zona são:

• Disciplinar o corredor de urbanização e industrialização ao longo da MG -424, limitando sua penetração nas áreas frágeis do Planalto de Dolinas eevitando o impacto sobre as áreas remanescentes de matas deciduais esemideciduais;

• Disciplinar as atividades de extração e beneficiamento de calcário,desenvolvidas ao longo do corredor;

• Controlar e reduzir a poluição do ar, decorrente das atividades das indústriascimenteiras, e a poluição hídrica do aqüífero cárstico, decorrente dolançamento dos efluentes das atividades urbanas e industriais;

• Regulamentar o transporte de cargas perigosas que circulam na MG-424.

Elementos de Enquadramento

• Nucleações urbanas e industriais existentes ao longo do vetor de expansãourbana Pedro Leopoldo/Matozinhos/Sete Lagoas e do subvetor PedroLeopoldo/Mocambeiro, desenvolvidas sobre áreas de alta permeabilidade,caracterizadas por abrigar maciços de calcário e depressões cársticas(dolinas, uvalas);

• No sul desta zona, localizam-se áreas mais adequadas à urbanização,apresentando relevo ondulado e substrato cárstico, declividades evulnerabilidade à poluição moderadas, e baixa propensão aos processoserosivos;

• O vale do ribeirão da Mata, porção localizada ao norte da nucleação urbanaDr. Lund;

• Terrenos frágeis de alta vulnerabilidade à poluição do aqüífero cárstico ede baixa disponibilidade hídrica superficial;

• Vetor industrial de beneficiamento e transformação do calcário erespectivas lavras existentes ao longo da MG - 424 (municípios de PedroLeopoldo e Matozinhos), com produção de 10 milhões de toneladas anuais,representando 30% da produção nacional.

Critérios de Delimitação

• Limites das superfícies cimeiras de relevo aplainado sobre metapelitos ecalcários, limitadas pelas cotas de 850 metros e situadas a leste docorredor;

• Limite oeste da APA, representado pelo ribeirão da Mata e pela MG - 424;

• Nucleações urbanas de Mocambeiro e da Lagoa de Santo Antônio, até oslimites do polje de Mocambeiro;

• Nucleação urbana de Matozinhos, limitada pelos remanescentes de matassemideciduais;

• Nucleação urbana de Quintas da Fazendinha, entre a MG - 424 e o córregoPalmeira.

Conflitos de Uso

• Extração de areia do ribeirão da Mata;

• Núcleos urbanos sem saneamento, com crescimento desordenado;

• Poluição do ribeirão da Mata, conseqüência da urbanização e daindustrialização;

• Disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos e de mineração;

• Ocupação do solo em áreas de risco geológico, constituídas por terrenosdeclivosos, aluviões e terraços;

• Expansão desordenada de loteamentos e chácaras de recreio, nas regiõesde Pedro Leopoldo e Matozinhos, sem infra-estrutura de saneamento;

• Poluição dos aqüíferos por efluentes de atividades urbanas e industriais.

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CPRM - Serviço Geológico do BrasilZoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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Diretrizes de Conservação Ambiental

Incentivos

• Desenvolver estudos hidrológicos direcionados ao equacionamento do usodas águas, em termos quantitativos;

• Criar mecanismos para avaliação e monitoramento sistemático daqualidade das águas subterrâneas da área;

• Desenvolver serviços e infra-estrutura para dinamizar o potencialecoturístico dos municípios envolvidos;

• Desenvolver mecanismos de gestão adequados para a potencializaçãodos recursos financeiros provenientes do ICMS Ecológico;

• Priorizar investimentos em infra-estrutura de saneamento ambiental -Sistemas de Tratamento de Esgoto e Resíduos Sólidos, fundamentaispara o equacionamento dos problemas de poluição hídrica.

Principais Restrições

• Disciplinar o parcelamento do solo, controlando sua expansão em direçãoàs áreas de maior vulnerabilidade hidrogeológica e geotécnica;

• Vincular a aprovação de loteamentos à implantação de infra-estrutura desaneamento básico;

• Ajustar o padrão de parcelamento urbano às características adequadas àcapacidade de suporte dos terrenos e à potencialidade do aqüífero cárstico;

• Estabelecer exigências quanto à instalação de equipamentos de controledas emissões atmosféricas industriais.

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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ZONA DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO URBANO INDUSTRIAL - ZCDUI

Quadro de Normas e Diretrizes de Uso

Usos Permitidos Usos Tolerados Usos Proibidos

• Assentamentos urbanos, residencial,comercial e de serviços (com médio abaixo índice de ocupação), observadas ascondições de implantação dearruamentos, obras de drenagem econtrole de erosão, compatíveis com asvulnerabilidades geotécnicas ehidrogeológicas dos terrenos;

• Loteamentos e conjuntos habitacionaiscom alto índice de ocupação desde queimplantados em áreas com adequaçãogeotécnica para o assentamento urbanoe infra-estrutura de saneamento básico;

• Indústrias classificadas como de Classe Iou II, de acordo com a Resolução 001/90do COPAM, observadas as exigênciasrelativas ao controle e disposição deefluentes e resíduos sólidos compatíveiscom o ambiente cárstico.

• Atividades de mineração existentes (em operação), regularmentelicenciadas pelo OAC. Além das exigências já contidas na licençaambiental, estes empreendimentos deverão manter intactos sítiosespeleológicos, arqueológicos ou paleontológicos que ocorreremnas áreas de suas concessões ou nas imediações de suas lavrase responsabilizar-se por sua salvaguarda; tratar e disporadequadamente seus efluentes líquidos, sem que se configurealteração das águas subterrâneas ou superficiais; dispor estérile rejeitos sem que haja interferência sobre o sistema de dolinase sumidouros. Nos casos de ampliação dos empreendimentos,deverão ser realizados novos estudos de impacto ambiental;

• Utilização de áreas para tratamento de efluentes sanitários,resíduos sólidos domésticos ou industriais;

• Assentamentos urbanos já instalados em áreas inadequadas,desde que passem a ser dotados de sistemas de coleta,disposição e tratamento de efluentes sanitários, e das necessáriasobras de drenagem e de contenção de taludes;

• Indústrias existentes, classificadas como de Classe III, de acordocom a Resolução 001/90 do COPAM, regularmente licenciadas.Quando das renovações das licenças ambientais, deverão serobservadas as exigências relativas ao controle e à disposição deefluentes e resíduos sólidos compatíveis com o ambiente cárstico.

• Disposição de efluentes ou de resíduos urbanosou industriais, resíduos de agrotóxicos ou defertilizantes e outros resíduos perigosos;

• Expansão de loteamentos urbanos em áreasde alta vulnerabilidade geotécnica e de poluiçãodos aqüíferos cársticos;

• Expansão do perímetro urbano sobre áreas dealta vulnerabilidade geotécnica ou de poluiçãodos aqüíferos, e onde se observarem conjuntosde ocorrências ambientais.

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CPRM - Serviço Geológico do BrasilZoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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Programas Prioritários

Titulo Discriminação

Programas de Extensão Ambiental à Produção • Desenvolvimento de tecnologias ambientais voltadas à melhoria de desempenho do Parque Cimenteiro, envolvendotodo o ciclo de produção.

• Integrar ações de monitoramento, fiscalizações e licenciamento ambiental.

• Desenvolvimento de estudos hidrogeológicos, direcionados ao equacionamento do uso das águas em termosquantitativos.

• Programa de avaliação e monitoramento sistemático da qualidade das águas subterrâneas.

• Programa de redução da poluição atmosférica, em especial da gerada pelo ramo da indústria cimenteira.

• Gerenciamento de loteamentos-atividades de mineração, indústrias e infra-estrutura de saneamento.

• Implantação de infra-estrutura de saneamento ambiental-Sistemas de Tratamento de Esgoto e Resíduos Sólidos,fundamentais para o equacionamento dos problemas de poluição hídrica existentes.

• Recuperação de áreas degradadas pela mineração; de áreas frágeis e lagoas degradadas pela ocupação urbana,focos de contaminação do aqüífero e águas superficiais; áreas degradadas por lixões, visando reduzir o impactoambiental sobre a qualidade das águas subterrâneas.

• Desenvolvimento de serviços e de infra-estrutura para dinamizar o potencial ecoturístico dos municípios envolvidos.

• Desenvolver mecanismos de gestão adequados para a potencialização dos recursos financeiros provenientes doICMS Ecológico.

Programas de Controle Ambiental

Programas de Pesquisa e Recuperação Ambiental

Programas de Apoio Técnico e Financeiro

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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5.2.3 - Zona de Conservação e Desenvolvimento Agrícola - ZCDA

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Função

Consolidação de novos padrões tecnológicos de produção agropecuáriaintensiva, que racionalizem a utilização dos recursos ambientais da APA.

Elementos de Enquadramento

• Planícies e terraços do vale do rio das Velhas e do riacho da Gordura;

• Formas cársticas residuais de pequeno porte tais como torres, dolinas euvalas;

• Áreas não-cársticas de relevo ondulado e suavemente ondulado, comvertentes de baixa a moderada vulnerabilidade;

• Pequenas ocorrências de áreas cársticas e não-cársticas de relevomontanhoso, vertentes ravinadas de alta declividade, com valesencaixados e alta susceptibilidade à erosão;

• Setor rural, com estabelecimentos agropecuários de bom padrãotecnológico. Pivôs de irrigação que utilizam o riacho da Gordura comofonte de abastecimento.

Critérios de Delimitação

• Rio das Velhas;

• Zona de proteção à biota natural da APA;

• Mata ciliar e remanescentes de vegetação, localizadas na planície aluvionardo rio das Velhas ;

• Sub-bacia do riacho da Gordura.

Conflitos de Uso

• Atividades de extração de cascalho no rio das Velhas, que implicamimpactos significativos ao sistema fluvial e à vegetação ciliar;

• Alteração da paisagem cárstica por usos intensivos do solo;

• Agricultura com técnicas inadequadas, envolvendo a utilização de adubose pesticidas;

• Pecuária em condições inadequadas de manejo, implicando ocupaçãode áreas de alta declividade e, por conseqüência, processos erosivos;

• Desmatamentos intensos, resultando em poucos remanescentes dasformações vegetais, que recobrem vertentes acidentadas e planíciesfluviais.

Diretrizes de Conservação Ambiental

Incentivos

• Incentivar a implantação de atividades agrícolas e pecuárias de altatecnologia, baseadas em produção intensiva e que otimizem o uso dosrecursos ambientais;

• Incentivar a avaliação da disponibilidade hídrica dos aqüíferos e das águassuperficiais;

• Incentivar o manejo agrícola compartilhado com a combinação de espéciesnativas;

• Incentivar padrões de parcelamento do solo, compatíveis com amanutenção de baixas densidades de ocupação.

Principais Restrições

• Coibir o uso de fertilizantes e pesticidas nas atividades agrícolas.

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG CPRM - Serviço Geológico do Brasil

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ZONA DE CONSERVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA - ZCDA

Usos Permitidos Usos Tolerados Usos Proibidos

Quadro de Normas e Diretrizes de Uso

• Loteamentos destinados a chácaras de recreio, com lote mínimode 5.000 m2, destinando-se 20 % da área à recomposiçãovegetal com espécies da flora nativa;

• Agricultura e pecuária sob condições de manejo que propiciembaixo consumo de recursos ambientais, promovam odesenvolvimento de tecnologias que associem alta produtividadee redução de impactos ambientais;

• Produção florestal com utilização de manejo em basesecológicas, condicionada à recomposição florística com espéciesexóticas ou nativas em; pelo menos, 20% da área de produção;

• Utilização dos recursos hídricos subterrâneos, de acordo coma capacidade de renovação das reservas reguladoras;

• Atividades de extração e beneficiamento mineral regularmenteaprovadas pelo OAC, condicionadas à implantação de sistemasde tratamento e disposição adequada de efluentes, à recuperaçãoambiental das áreas degradadas; à disposição adequada deestéreis e rejeitos, desde que não causem interferências sobreas APPs e AIEs presentes nesta zona;

• Agroindústrias de pequeno porte e de baixo potencial poluidor,complementares às atividades agropecuárias da região.

• Loteamentos existentes destinados achácaras de lazer e outras finalidadesurbanas, com lotes inferiores a 5.000 m2,condicionados à implantação de infra-estrutura de coleta e tratamento adequado deefluentes sanitários, ao sistema de coletasistemática e regular de lixo, com destinaçãofinal sob condições aprovadas pelo OAC;

• Agricultura, silvicultura e pecuária intensivaexistentes, cujo manejo implique excessivamecanização, uso de defensivos, fertilizantese pesticidas, condicionadas à redução dosimpactos ambientais das atividades.

• Parcelamento do solo destinado aloteamentos com finalidades urbanas;

• Agricultura e pecuária, em áreas comdeclividades superiores a 45 % e/ou emcondições de manejo que demandem altoconsumo de recursos naturais, eimpacto ambiental com grande interferênciaespacial;

• Utilização de áreas para disposição etratamento de efluentes sanitários, resíduossólidos domésticos ou industriais, sobcondições que impliquem risco de poluiçãodo solo e das águas superficiais esubterrâneas;

• Disposição de efluentes ou de resíduosorgânicos, de agrotóxicos ou de fertilizantes,provenientes da atividade agropecuária,especialmente em dolinas, uvalas e planícies;

• Implantação e operação de indústrias de altopotencial poluidor.

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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Título Discriminação

Programas Prioritários

Programa de Recuperação Ambiental

• Difusão de tecnologias adequadas e práticas de manejo direcionadas para a minimização dos impactos da agriculturae da pecuária.

• Integrar as ações de monitoramento, fiscalização e licenciamento ambiental para a gestão das atividades agro-silvo-pastoris.

• Promover tecnologias adequadas e práticas de manejo direcionadas para a minimização dos impactos da agriculturae da pecuária.

• Programa de recuperação do leito e das margens dos cursos d’água, através de técnicas de reconformação topográficae desassoreamento, com adensamento e recomposição florística das matas ciliares.

Programa de Extensão Ambiental

Programas de Controle Ambiental

Programa de Extensão Ambiental à Produção

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG CPRM - Serviço Geológico do Brasil

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5.2.4 - Zona de Conservação do Planalto das Dolinas - ZCDP

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FunçõesDisciplinar as atividades agropecuárias e de extração mineral no planaltodas dolinas.

Proteger as ocorrências localizadas de preservação permanente e deinteresse especial:

• Feições cársticas significativas;

• Sítios arqueológicos e paleontológicos;

• Grutas representativas do Patrimônio Espeleológico;

• Remanescentes de formações vegetacionais.

Elementos de Enquadramento

• Compartimento geomorfológico do Planalto das Dolinas, onde ocorremsignificativas feições do sistema cárstico tais como os maciços do Baú,dos Borges, de Confins, da Lapa Vermelha e o maciço de Cerca Grande;

• Concentrações de ocorrências espeleológicas e arqueo-paleontológicas;

• Áreas cársticas de relevo ondulado, com vertentes de baixa a moderadadeclividade, contendo ocorrências esparsas de depressões cársticas emaciços de calcário impuro (setor sudeste);

• Áreas cársticas de permeabilidade alta a muito alta, caracterizadas pelapresença de maciços de calcário e abundância de depressões cársticas,apresentando relevo ondulado e montanhoso (setor norte e oeste);

• Áreas com ocupação agrícola caracterizada pela presença deempreendimentos de maior porte, dedicados à fruticultura e à pecuária,situados no município de Lagoa Santa;

• Áreas com presença de atividades agropecuárias com concentração decriação de gado leiteiro, cavalos de raça, suínos e aves para postura,situadas majoritariamente no município de Pedro Leopoldo.

Critérios de Delimitação

• Limitada a noroeste pela Uvala de Mocambeiro e a nordeste pela regiãode Bebedouro;

• Limitada a leste com a região de Lapinha/Sumidouro, pelo conjunto decerrados e matas deciduais ocorrentes na ZPPC;

• Limitada a sudeste pelo vale do córrego do Jaques;

• Limitada a oeste pelo eixo de expansão urbano-industrial Pedro Leopoldo/Mocambeiro;

• Limitada ao sul pelos ambientes de cerrado e cerrado em transição paramatas - INFRAERO, Promissão.

Conflitos de Uso

• Atividades de mineração e beneficiamento de calcário, que implicam emimpactos significativos ao sistema cárstico e ao patrimônio espeleológico,arqueológico e paleontológico;

• Alteração da paisagem cárstica por usos intensivos do solo;

• Disposição inadequada de rejeitos de mineração e resíduos sólidos;

• Agricultura com técnicas inadequadas, envolvendo a utilização de adubostóxicos e pesticidas;

• Pecuária em condições inadequadas de manejo, implicando ocupaçãode áreas de alta declividade e gerando focos de erosão;

• Desmatamento intenso, resultando em poucos remanescentes dasformações vegetais, que recobrem maciços calcários e outras áreasacidentadas.

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG CPRM - Serviço Geológico do Brasil

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Diretrizes de Conservação Ambiental

Incentivos

• Incentivar a implantação de atividades agrícolas, baseadas em produçãoextensiva e que otimizem o uso dos recursos naturais;

• Incentivar a avaliação da disponibilidade hídrica das águas subterrâneas esuperficiais;

• Incentivar o manejo agrícola e o pecuário compartilhados com a produçãode espécies nativas;

• Permitir padrões de parcelamento do solo, compatíveis com a manutençãode baixa densidade de ocupação.

Restrições

• Proibir o uso de fertilizantes tóxicos e pesticidas nas atividades agrícolas;

• Proibir o parcelamento do solo com finalidades urbanas;

• Proibir a instalação de indústrias com potencial poluidor;

• Proibir a instalação de depósitos de rejeitos urbanos e industriais.

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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ZONA DE CONSERVAÇÃO DO PLANALTO DAS DOLINAS - ZCPD

Usos Permitidos Usos Tolerados Usos Proibidos

Quadro de Normas e Diretrizes de Uso

• Loteamentos destinados à chácaras de recreio, com parcelamento mínimo de 5.000m2, reservando-se 20% da área do lote para reposição vegetal com espécies da floranativa;

• Criação animal em pastagens consorciadas, sob condições de manejo que propiciembaixo impacto ambiental, preservando-se as espécies arbóreas de médio e grande portedas formações vegetais naturais;

• Agricultura com manejo ecológico, adotando-se medidas de conservação do solo, controlebiológico de pragas, restrição ao uso de biocidas, agrotóxicos e fertilizantes tóxicos;

• Produção florestal com utilização de manejo em bases ecológicas, condicionada àrecomposição florística com espécies exóticas e nativas em, no mínimo, 20% da áreade produção;

• Turismo ecológico condicionado à implantação de infra-estrutura sanitária, preservando-se as condições ambientais locais e não induzindo à concentração populacional;

• Atividades de pesquisas técnica e científica, especialmente voltadas à biodiversidade,espeleologia, arqueologia, paleontologia, limnologia e hidrogeologia, bem como a outrasde interesse científico e ambiental;

• Utilização dos recursos hídricos subterrâneos, de acordo com a capacidade de renovaçãodas reservas reguladoras;

• Atividades de extração e beneficiamento mineral regularmente aprovadas pelo OAC,condicionadas à implantação de sistemas de tratamento e disposição adequada deefluentes, à recuperação ambiental das áreas degradadas; à disposição adequada deestéreis e rejeitos, vedadas as interferências sobre o sistema de dolinas e sumidouros;

• Implantação e operação de indústrias de pequeno porte e não-poluentes, complementaresàs atividades permitidas nesta zona.

• Loteamentos existentes destinadosa chácaras de lazer e outrasfinalidades urbanas, com lotesinferiores a 5.000 m2, condicionadosà implantação de infra-estrutura decoleta e tratamento adequado deefluentes sanitários; sistema decoleta sistemática e regular de lixo,com destinação final sob condiçõesaprovadas pelo OAC;

• Agricultura, silvicultura e pecuáriaexistentes, sem uti l ização dedefensivos, fertilizantes tóxicos epesticidas, condicionadas à reduçãodos impactos ambientais da atividade;

• Indústrias regularmente instaladas,desde que reduzidas as condições dedesconformidade com o ambientecárstico;

• Extração e beneficiamento irregularesde calcário, condicionados à suaregularização e vinculação dosprodutores em programa de extensãoambiental, destinados à redução dosimpactos da atividade, melhoriatecnológica e redução de perdas.

• Criação intensiva de animais,com alto impacto ambiental;

• Agricultura intensiva com altoimpacto ambiental;

• Parcelamento do solodestinado a loteamentosurbanos;

• Utilização de áreas paradisposição e tratamento deefluentes sanitários, resíduossólidos domésticos ouindustriais;

• Disposição de efluentes ouresíduos químicos, deagrotóxicos ou de fertilizantes;

• Implantação e operação deindústrias com potencialpoluidor.

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Título Discriminação

Programas Prioritários

Programa de Apoio Técnico e Financeiro

• Integração das ações de monitoramento, fiscalização e licenciamento ambiental para a gestão das atividades agro-silvo-pastoris.

• Gerenciamento de atividades agro-silvo-pastoris.

• Promover e incentivar a proteção do patrimônio espeleológico e arqueo-paleontológico.

• Incentivar a proteção do patrimônio espeleológico e arqueo-paleontológico.

• Promover tecnologias adequadas e práticas de manejo, direcionadas para a minimização dos impactos da agricultura eda pecuária.

• Promover a redução dos impactos da atividade mineral, a melhoria e a regularização dos empreendimentos.

• Criar condições técnicas, financeiras e administrativas para a organização dos produtores.

Programas de Controle Ambiental

Programa de Educação Ambiental

Programa de Extensão Ambiental à Produção

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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5.2.5 - Zona de Proteção do Patrimônio Cultural - ZPPC

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Funções

• Proteger e promover o conjunto paisagístico e a cultura regional,representados pelos sítios arqueo-paleontológicos do Sistema Ambientaldo Sumidouro, pelo Sítio Arqueológico da Lapinha e pelo patrimônio históricode Fidalgo;

• Proteger o ecossistema úmido e a biota remanescentes em ambientelacustre, em especial a avifauna associada à lagoa do Sumidouro.

Elementos de Enquadramento

• Polje do Sumidouro, especial feição da paisagem cárstica;

• Quinta do Sumidouro - Capela de Nossa Senhora do Rosário;

• Lagoa do Sumidouro, importante sistema úmido, de grande relevânciapara a sobrevivência e a manutenção da diversidade faunística regional(avifauna), incluindo espécies ameaçadas de extinção;

• Conjunto da gruta da Lapinha, de grande importância turística, cultural/arqueológica e paleontológica/espeleológica;

• Casa Fernão Dias - referência histórica e cultural, onde está situado oCentro de Referência da APA;

• Contexto ambiental urbano de Fidalgo/Quintas do Sumidouro;

• Conjunto de cerrados que se localizam ao norte e em todo o entorno dalagoa do Sumidouro;

• Cabeceiras do córrego Jenipapo, área cárstica com relevo montanhoso,vertentes com alta declividade e terrenos de baixa resistência, sujeitos àinstalação de processos erosivos e de deslizamentos de massa;

• Áreas não-cársticas de relevo ondulado e com vertentes de baixa amoderada vulnerabilidade;

• Expressiva biodiversidade dos ambientes úmidos da APA, representadapela lagoa do Sumidouro, em interface com os núcleos de cerrado.

Critérios de Delimitação

• Limites do conjunto de cerrados que se localizam ao norte e em todo oentorno da lagoa do Sumidouro;

• Limites da área enquadrada pelo decreto de criação do parque doSumidouro;

• Planície aluvial do córrego do Jaques.

Conflitos de Uso

• Atividades de extração de cascalho no rio das Velhas, causando impactossignificativos ao sistema fluvial e à vegetação ciliar;

• Expansão desordenada de loteamentos e áreas de recreio nas regiões deLapinha, Fidalgo e Sumidouro, sem infra-estrutura de saneamento;

• Competição pelo uso da água;

• Disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos e de mineração;

• Extração de pedra Lagoa Santa, com impactos sobre áreas de grandefragilidade ambiental;

• Impacto ao patrimônio espeleológico, arqueológico, cultural e paisagístico,em decorrência das atividades de beneficiamento da pedra Lagoa Santa;

• Assoreamento e poluição dos mananciais;

• Expansão de loteamentos urbanos e de recreio, do município de LagoaSanta;

• Agricultura com utilização de adubos e pesticidas.

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CPRM - Serviço Geológico do BrasilZoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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Diretrizes de Proteção Ambiental

Incentivos

• Reativar os mecanismos para a implantação do Parque do Sumidouro/Lapinha, com o objetivo de proteger o patrimônio e integrar comunidadeslocais na sua manutenção e no seu funcionamento;

• Estabelecer plano diretor para implantação das estruturas de apoio/visitação e para valorização do patrimônio;

• Estabelecer condições técnicas e financeiras para elaborar e implantar oplano diretor para os núcleos urbanos de Fidalgo e Lapinha, visandocompatibilizá-los com as novas funções previstas para a área;

• Estabelecer condições técnicas e financeiras para apoiar a organizaçãode cooperativa de pequenos produtores e beneficiadores de pedras derevestimento (pedra Lagoa Santa), visando concentrar as áreas deprodução em distritos mineiros, orientar a tecnologia de extração ebeneficiamento, reduzir as perdas e os impactos ambientais dos rejeitosdas serrarias.

Principais Restrições

• Disciplinar o parcelamento do solo, controlando sua expansão em direçãoàs áreas de maior vulnerabilidade;

• Restringir o parcelamento do solo para loteamentos urbanos;

• Estabelecer padrões de ocupação que garantam a manutenção de baixasdensidades;

• Controlar as atividades agropecuárias causadoras de poluição na lagoado Sumidouro;

• Controlar as atividades minerárias, especialmente da extração da pedraLagoa Santa e do calcário.

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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ZONA DE PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL - ZPPC

Usos Permitidos Usos Tolerados Usos Proibidos

Quadro de Normas e Diretrizes de Uso

• Extração e beneficiamento irregulares de pedra Lagoa Santa,condicionados à sua regularização e à vinculação dos produtoresem programa de extensão ambiental, destinado à redução dosimpactos da atividade, melhoria tecnológica e redução de perdas;

• Atividades agro-silvo-pastoris existentes e condicionadas à reduçãode desconformidades tais como : utilização de áreas comdeclividade superior a 45 % e com práticas de manejo que causemdegradação e poluição do solo e das águas subterrâneas. Vedadaa expansão dos cultivos já existentes;

• Atividades de extração mineral já existentes e regularmenteaprovadas pelo OAC, com adequados sistemas de tratamento edisposição de efluentes líquidos e de resíduos sólidos, as quaispromovam a recuperação ambiental das áreas degradadas. Vedadaa expansão das lavras já existentes;

• Assentamentos urbanos já instalados em áreas inadequadas, desdeque dotados de sistemas de coleta, disposição e tratamento deefluentes sanitários, adequados às exigências do ambiente cárstico;

• Indústrias já existentes, desde que licenciadas pelo órgão ambientalcompetente (OAC) e com adequados sistemas de tratamento edisposição de efluentes líquidos e de resíduos sólidos. Vedada aexpansão das áreas industriais.

• Reflorestamento com espécies nativas,visando ao adensamento da vegetação e àrecomposição florística, principalmente nosentornos das áreas de vegetação natural;

• Pesquisa científica;

• Atividades agro-silvo-pastoris em áreascársticas com declividade inferior a 45 % eque utilizem técnicas de manejo compatíveiscom os processos naturais dos ecossistemas;

• Turismo ecológico dirigido, que utilizetécnicas de acesso com baixo impacto sobreos ambientes a serem preservados;

• Pesca artesanal e de subsistência;

• Condomínios rurais, destinados a sítios derecreio, com fração mínima de 5.000 m2,sendo 20% da área destinada à reposiçãovegetal com espécies da flora nativa;

• Equipamentos urbanos e infra-estrutura devisitação destinados a organizar a atividadeturística e cultural da região.

• Atividades de extração mineral que causemquaisquer riscos ao patrimônio ambiental eaos sítios espeleológicos, arqueológicos epaleontológicos;

• Criação intensiva de animais;

• Agricultura com manejo intensivo e com usode defensivos e fertilizantes;

• Parcelamento do solo destinado aloteamentos, com finalidades urbanas echácaras de recreio;

• Implantação e operação de indústrias;

• Utilização de áreas para disposição etratamento de efluentes sanitários, resíduossólidos domésticos ou industriais, sobquaisquer condições;

• Disposição de efluentes ou resíduos desubstâncias químicas, de agrotóxicos ou defertilizantes.

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CPRM - Serviço Geológico do BrasilZoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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Título Discriminação

Programa de Apoio Técnico-Financeiro

• Dinamização da educação ambiental através do Centro de Referência da APA - Casa Fernão Dias.

• Saneamento básico, controle de fossas sépticas e recuperação de áreas.

• Divulgação da APA Carste, através de eventos promocionais do patrimônio arqueológico/espeleológico e culturalda região.

• Apoio tecnológico visando orientar a extração e beneficiamento da pedra Lagoa Santa.

• Criar condições técnicas, financeiras e administrativas para a organização dos produtores e beneficiadores.

• Apoio ao programa de educação ambiental, através do Centro de Referência (Casa Fernão Dias).

Programa de Educação Ambiental

Programa de Controle Ambiental

Programa de Divulgação Ambiental

Programas Prioritários

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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5.2.6 - Zona de Proteção das Paisagens Naturais do CARSTE- ZPPNC

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Funções

Proteger os recursos ambientais e a sua biodiversidade para a integridadedos ecossistemas representativos das paisagens e da biota associados àsmatas deciduais e semi-deciduais da APA.

Elementos de Enquadramento

• Áreas não-cársticas com relevo montanhoso e vertentes com declividademuito alta e terrenos de baixa resistência, sujeitos a instalação deprocessos erosivos e deslizamento de massas;

• Área de proteção à biodiversidade e à expressiva paisagem dos ambientesnaturais da APA, incluindo a manutenção de corredores de fauna eremanescentes vegetacionais em estágios avançados de recuperação,que auxiliem a potencialização das conexões ecológicas;

• Áreas de recarga do aqüífero regional situadas a noroeste da APA e quepodem representar cerca de 30 % da zona de recarga do aqüífero cárstico;

• Região de maciços de calcário puro, áreas cársticas com altapermeabilidade, com baixo grau de alteração antrópica, configuradas pordesfiladeiros e abismos, altos paredões e feições espetaculares, situadasnas cotas mais elevadas do sistema (850 a 900 metros);

• Planície fluvial Mocambeiro-Jaguara com drenagens superficial esubterrânea, que se destacam no contexto do carste, apresentandofunções importantes na dinâmica do aqüífero (recargas locais, sumidouros,surgências e ressurgências);

• Polje do Mocambeiro, que representa importante sistema úmido,enriquecido por ressurgências e apresentando em seu entorno o Maciçode Cerca Grande;

• Conjunto Vargem da Pedra - importante conjunto paisagístico earqueológico;

• O cinturão de uvalas, paisagem especial, com suas extensas depressõescársticas, com funções sazonais de recarga e descarga do aqüífero;

• O acervo arqueológico, espeleológico e paleontológico disperso emdiversos conjuntos na paisagem cárstica, a exemplo de Poções, Cauaiae Peri-peri.

Critérios de Delimitação

• Limites da zona de recarga do aqüífero regional inserida na APA, excluindo-se as áreas já em processo de urbanização;

• Inclui as grandes massas contínuas de vegetação decidual e semidecidual,e respectivos corredores de fauna até a mata ciliar da planície do rio dasVelhas;

• Maciços calcários diversos;

• Polje de Mocambeiro, especial paisagem cárstica e baixo vale do córregoMocambeiro.

Conflitos de Uso

• Atividade de mineração e beneficiamento de calcário, que implica emimpactos significativos ao sistema cárstico e ao patrimônio espeleológico,arqueológico e paleontológico;

• Atividades de extração de cascalho no rio das Velhas, causando impactossignificativos ao sistema fluvial e à vegetação ciliar;

• Expansão de loteamentos urbanos e de recreio do município deMatozinhos,com alto potencial de poluição do aqüífero cárstico e riscos àinstalação de processos de erosão e de escorregamentos;

• Pastagens em áreas com relevo muito acidentado, ocasionando erosão eassoreamento;

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG CPRM - Serviço Geológico do Brasil

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• Agricultura intensiva e irrigada, com utilização de adubos tóxicos epesticidas;

• Utilização inadequada de dolinas e planícies aluviais para plantios edisposição de efluentes provenientes de criadouros;

• Desmatamento visando a atividades agropecuárias;

• Utilização inadequada de dolinas e planícies aluviais para plantios edisposição de efluentes provenientes de criadouros.

Diretrizes de Proteção Ambiental

Incentivos

• Promover a criação de um banco de idéias aplicáveis a projetos florestais,que potencializem a diversidade biológica existente e gerem atividadesprodutivas, perfeitamente integradas aos processos naturais do sistemacárstico;

• Implantar um sistema de apoio à reorientação tecnológica de atividadesincompatíveis e conflitantes em relação ao ambiente cárstico, visandoreduzir as incompatibilidades existentes;

• Incentivar a pesquisa de técnicas de manejo agro-silvo-pastoris,compatíveis com os processos naturais do carste;

• Incentivar a pesquisa de novos procedimentos de turismo ecológico, coma criação de pontos de observação e trilhas, baseados em técnicas deacesso de baixo impacto ambiental.

Principais Restrições

• Atividades de extração mineral;

• Movimentos de terra e desmates;

• Loteamentos urbanos de baixa, média e alta densidade;

• Agricultura e pecuária que impliquem impactos ambientais, especialmenterelacionados à geração de carga orgânica, utilização de fertilizantes tóxicose pesticidas;

• Proibição de desmates de vegetação de qualquer tipo, nas áreas-núcleode manutenção da biota regional.

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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ZONA DE PROTEÇÃO DAS PAISAGENS NATURAIS DO CARSTE - ZPPNC

Usos Permitidos Usos Tolerados Usos Proibidos

Quadro de Normas e Diretrizes de Uso

• Reflorestamento com espéciesnativas visando ao adensamentoda vegetação e recomposiçãoflorística, principalmente nosentornos das áreas de vegetaçãonatural;

• Pesquisa científica;

• Atividades agro-silvo-pastoris,em áreas cársticas comdeclividade inferior a 45 % e queutilizem técnicas de manejocompatíveis com os processosnaturais dos ecossistemas;

• Turismo ecológico dirigido queutilize técnicas de acesso combaixo impacto sobre osambientes a serem preservados;

• Pesca artesanal e de subsis-tência.

• Atividades agro-silvo-pastoris existentes econdicionadas à redução de desconformidades taiscomo: utilização de áreas com declividade superior a45 % e com práticas de manejo que causemdegradação e poluição do solo e de águassubterrâneas. Vedada a expansão dos cultivos jáexistentes;

• Atividades de extração mineral já existentes eregularmente aprovadas pelo OAC, com adequadossistemas de tratamento e disposição de efluenteslíquidos e de resíduos sólidos, e que promovam arecuperação ambiental das áreas degradadas.

• Assentamentos urbanos já instalados desde quedotados, na sua totalidade, de sistemas de coleta,disposição e tratamento de efluentes sanitários,adequados às exigências do ambiente cárstico;

• Indústrias já existentes desde que licenciadas peloórgão ambiental competente (OAC) e com adequadossistemas de tratamento e disposição de efluenteslíquidos e de resíduos sólidos. Vedada a expansão dasáreas industriais.

• Novas atividades de extração mineral em maciços quecontenham feições cársticas expressivas, sítiosespeleológicos importantes, sítios arqueológicos epaleontológicos, reconhecidos como patrimôniocultural.

• Criação intensiva de animais;

• Agricultura intensiva ou com uso de defensivos efertilizantes tóxicos, potencialmente poluentes;

• Parcelamento do solo destinado a loteamentos, comfinalidades urbanas ou chácaras de recreio;

• Implantação e operação de indústrias;

• Utilização de áreas para disposição e tratamento deefluentes sanitários, resíduos sólidos domésticos ouindustriais, sob quaisquer condições;

• Disposição de efluentes ou resíduos de substânciasquímicas, de agrotóxicos ou de fertilizantes tóxicos;

• Ocupação de faixas limítrofes dos mananciais, cursosd’água e lagoas, conforme normalização do CódigoFlorestal.

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Titulo Discriminação

Programas prioritários

Programa de Estudos Ambientais

• Recuperação de áreas degradadas por erosão, abatimentos ou por escorregamentos.

• Avaliação das disponibilidades hídricas subterrâneas.

• Sistema geográfico de informação e banco de dados integrando os diversos estudos e levantamentosrealizados na APA.

• Inventário completo dos sítios espeleológicos, arqueológicos e paleontológicos.

• Desenvolvimento de técnicas de manejo florestal que potencializem a diversidade biológica existente.

• Divulgação dos atributos ambientais do sistema cárstico e dos ecossistemas florestais.

• Promoção de atividades de interesse ambiental.

• Suporte logístico, técnico e financeiro, através de parcerias Governo/Setor Privado, para viabilizaros programas ambientais.

• Inventário completo e banco de dados espeleológicos da APA, em desenvolvimento pela CPRM.

• Implantar o sistema geográfico de informação e banco de dados integrando os diversos estudos elevantamentos realizados na APA.

• Implantar o banco de idéias tecnológicas de manejo florestal que potencializem a diversidade biológicaexistente e representem atividades produtivas, perfeitamente integradas aos processos naturais do sistemacárstico; programas de mitigação e correção de incompatibilidades.

• Banco de dados integrando os diversos estudos e levantamentos realizados para o zoneamento da APA.

• Banco de dados com inventário completo da biodiversidade, dos sítios arqueo-paleontológicos e constituiçãode banco genético de flora e fauna da APA Carste.

Programa de Pesquisa Ambiental eRecuperação de Áreas Degradadas

Programa de Extensão Ambiental à Produção

Programa de Divulgação Ambiental

Programa de Apoio Técnico e Financeiro

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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NORMAS E REGULAMENTOS:

Áreas de Ocorrência Ambiental

São áreas que correspondem às situações físicas e bióticas particulares eque ocorrem de forma dispersa e generalizada em quaisquer das zonasambientais estabelecidas para a APA de Lagoa Santa. Devido às suasparticularidades requerem normalização específica. São passíveis deenquadramento nesta categoria:

APPs - Áreas de Preservação Permanente - Correspondem às situaçõesenquadradas e definidas pelo Código Florestal e outros instrumentos legaisque regulamentam situações específicas. São aqui consideradas comoZonas de Vida Silvestre.

Além das situações já previstas no artigo 2o do Código Florestal, enquadram-se, também, nesta condição as situações específicas do ambientecárstico:

• Os remanescentes de vegetação natural representativos das formaçõesvegetais que ocorrem na APA, como os cerrados e as matas decíduas esemidecíduas, conforme registro cartográfico nas cartas referentes aoZoneamento Ambiental da APA;

• As cavernas inventariadas, reconhecidas e registradas na documentaçãocartográfica do Zoneamento Ambiental da APA, bem como as que vierema ser identificadas e registradas junto ao órgão ambiental competente;

• As áreas de entorno das lagoas perenes e das lagoas sazonais formadaspelo afloramento do lençol freático.

AIEs - Áreas de Interesse Especial - Correspondem a situaçõesespecíficas de vulnerabilidade presente na APA e podem ampliar asocorrências protegidas pelo Código Florestal. São consideradas nessacategoria as seguintes situações:

• As áreas de entorno das cavernas, ou seja, uma faixa com largura de 250metros a partir do limite da projeção em superfície da cavidade considerada;

• Os sítios arqueológicos e paleontológicos e respectivas faixas de entorno;

• Os maciços calcários;

• As planícies fluviais;

• As áreas de risco à erosão e a deslocamentos de massas, de acordocom o mapeamento geotécnico realizado para o Zoneamento Ambiental;

• As dolinas, os polje e as uvalas;

• As lagoas de afloramento do lençol freático e as lagoas características docarste.

As APPs e AIEs acima definidas são consideradas Áreas de OcorrênciaAmbiental, e sobre elas incidem as seguintes normas específicas:

Estão vedadas as seguintes interferências, atividades ou empreendimentos:

• Expansão das lavras já existentes e início de novas atividades minerárias;

• Abertura de vias ou arruamentos;

• Atividades que impliquem desmatamentos ou movimentos de terra e quecausem degradação ambiental, descaracterização das feições naturaisou poluição concentrada ou difusa;

• Disposição de resíduos sólidos de qualquer natureza, incluindo rejeitos eestéril de mineração;

• Disposição de efluentes líquidos domésticos e industriais;

• Disposição de efluentes ou de resíduos provenientes de atividades urbanas,industriais ou agro-silvo-pastoris.

5.3 - Ocorrência de preservação permanente e especial

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6. DECRETO DE CRIAÇÃO DA APA

Decreto nº 98.881, de 25 de janeiro de 1990.

Dispõe sobre a criação de área de proteção ambiental no Estado de MinasGerais, e dá outras providências.

O Presidente da República, no uso das atribuições que lhe confere o artigo84, item IV, da Constituição Federal, e tendo em vista o que dispõe o artigo8º, da Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de1981, os Decretos nºs 88.351, de 01 de junho de 1983, e 89.532, de 06 deabril de 1984, e Resolução CONAMA nº 10, de 11 de agosto de 1989,

DECRETA:

Art. 1º - Sob a denominação de APA Carste de Lagoa Santa, fica declaradaÁrea de Proteção Ambiental a região situada nos municípios de Lagoa Santa,Pedro Leopoldo, Matozinhos e Funilândia, no Estado de Minas Gerias, comas delimitações geográficas constantes do artigo 3º deste Decreto.

Art. 2º - A declaração de que trata o artigo anterior, além de garantir aconservação do conjunto paisagístico e da cultura regional, tem por objetivoproteger e preservar as cavernas e demais formações cársticas, sítiosarqueo-paleontológicos, a cobertura vegetal e a fauna silvestre, cujapreservação é de fundamental importância para o ecossistema da região.

Art. 3º - O memorial descritivo da área que compreende a APA Carste deLagoa Santa foi elaborado com base nas cartas topográficas da regiãometropolitana de Belo Horizonte na escala de 1:50.000 - código SE-23-ZC-V e SE-23-ZC-VI, da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- FIEGE, com a seguinte descrição: começa na foz do Riacho da Gordurasobre o Rio das Velhas, sobe por esse fio até seu encontro com a RodoviaMG-010; daí segue por essa rodovia no sentido de Lagoa Santa até encontraro perímetro da zona de expansão metropolitana de Lagoa Santa; acompanhaesse perímetro no sentido anti-horário até a confluência do córrego Olhosd’Água com o córrego do Barreiro; sobe pelo córrego do Barreiro, seguindo

o perímetro urbano de Lagoa Santa e continua por esse perímetro atéencontrar a Rua Acadêmico Nilo de Figueiredo; daí segue por essa rua atéseu encontro com a Rua Salgado Filho; segue por essa rua até seu encontrocom a Rodovia MG-010, segue por essa rodovia no sentido de Belo Horizonteaté encontrar o perímetro da Zona de Expansão Metropolitana do Municípiode Pedro Leopoldo; acompanha esse perímetro em sentido anti-horário atéencontrar a estrada que liga Pedro Leopoldo a Mocambeiro; segue por essaestrada no sentido de Mocambeiro até seu entroncamento com a estradaque liga Matozinhos a Mocambeiro; segue por essa estrada no sentido deMatozinhos até seu entroncamento com a Rodovia MG-424; segue por essarodovia no sentido de Sete Lagoas até atingir o limite dos MunicípiosMatozinhos-Prudente de Morais; segue acompanhando esse limite municipalem direção ao Rio das Velhas até encontrar a estrada que liga Prudente deMorais à Fazenda Casa Branca, passando pelo povoado de São Bento;segue essa estrada no sentido daquela fazenda, até seu encontro com oRiacho da Gordura; desce por esse riacho até a sua foz no Rio das Velhas,onde teve início a descrição do perímetro, perfazendo uma área de 35.600hectares.

Art. 4º - Na implantação e funcionamento da APA Carste de Lagoa Santaserão adotadas, entre outras, as seguintes medidas:

I - o procedimento de zoneamento da APA será realizado pelo InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, doMinistério do Interior, que indicará as atividades a serem encorajadas emcada zona, bem como as que deverão ser limitadas, restringidas ouproibidas, de acordo com a legislação aplicável, objetivando a salvaguardadas Cavernas e demais formações cársticas, sítios arqueo-paleontológicose a biota nativa, para garantia das espécies residentes, proteção da fauna eflora silvestres raras, endêmicas, ameaçadas e em perigo de extinção;

II - a utilização dos instrumentos legais e dos incentivos financeirosgovernamentais, para assegurar a proteção da Zona de Vida Silvestre, ouso racional do solo e outras medidas referentes à salvaguarda dos recursosambientais, sempre que consideradas necessárias;

Zoneamento Ambiental da APA Carste de Lagoa Santa - MG

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III - a aplicação, quando cabível, de medidas legais, destinadas a impedir ouevitar o exercício de atividades causadoras de degradação da qualidadeambiental, em especial as atividades minerárias e agropecuárias;

IV - a divulgação das medidas previstas neste Decreto, objetivando oesclarecimento da comunidade local sobre a APA e suas finalidades.

Art. 5º - Na APA Carste de Lagoa Santa ficam proibidas ou restringidas:

I - a implantação de atividades industriais potencialmente poluidoras, capazesde afetar mananciais de águas;

II - a realização de obras de terraplanagem e a abertura de canais, quandoessas iniciativas importarem em alteração das condições ecológicas locais,principalmente da Zona de Vida Silvestre, onde a biota será protegida commaior rigor;

III - o exercício de atividades capazes de provocar erosão das terras ouassoreamento das coleções hídricas;

IV - o exercício de atividades que ameaçem extinguir as espécies raras dabiota, o patrimônio espeleológico e arqueológico, as manchas de vegetaçãoprimitiva e as nascentes de cursos d’água existentes na região;

V - o uso de biocidas, substâncias organocloradas e/ou mercuriais quandoindiscriminado ou em desacordo com as normas ou recomendaçõestécnicas oficiais.

Art. 6º - A abertura de vias de comunicações, de canais, barragens emcursos d’água, a implantação de projetos de urbanização, sempre queimportarem na realização de obras de terraplanagem, e as atividadesminerárias, bem como a realização de grandes escavações e obras quecausem alterações ambientais, dependerão da autorização prévia do IBAMA,que somente poderá concedê-la:

I - após estudo do projeto, exame das alternativas possíveis e a avaliaçãode suas conseqüências ambientais;

II - mediante a indicação das restrições e medidas consideradas necessáriasà salvaguarda dos ecossistemas atingidos.

Parágrafo único - As autorizações concedidas pelo IBAMA não dispensarãooutras autorizações e licenças federais, estaduais e municipais, porventuraexigíveis.

Art. 7º - Para melhor controlar seus efluentes e reduzir o potencial poluidordas construções destinadas ao uso humano na APA Carste de Lagoa Santa,não serão permitidas:

I - a construção de edificações em terrenos que, por suas características,não comportarem a existência simultânea de poços para receber o despejode fossas sépticas e de poços de abastecimento d’água, que fiquem a salvode contaminação, quando não houver rede de coleta e estação de tratamentode esgoto em funcionamento;

II - a execução de projetos de urbanização, sem as devidas autorizações,alvarás, licenças federais, estaduais e municipais exigíveis.

Art. 8º - Os projetos de urbanização que, pelas suas características, possamprovocar deslizamento do solo e outros processos erosivos não terão asua execução autorizada pelo IBAMA.

Art. 9º - Em casos de epidemias e endemias, veículadas por animaissilvestres, o Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde do Estado deMinas Gerais poderão, em articulação com o IBAMA, promover programasespeciais, para o controle dos referidos vetores.

Art. 10 - Fica estabelecida, na APA Carste de Lagoa Santa, uma Zona deVida Silvestre destinada, prioritariamente, à salvaguarda das Cavernas edemais formações cársticas, sítios arqueo-paleontológicos e da biota nativa,para garantia da reprodução das espécies, proteção do habitat de espéciesraras, endêmicas, em perigo ou ameaçadas de extinção.

Parágrafo Único - A Zona de Vida Silvestre, de que trata o caput desteartigo, compreenderá as áreas mencionadas no artigo 18, da Lei nº 6.938/

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81, consideradas como de relevante interesse ecológico, ainda que dedomínio privado, e ficarão sujeitas às restrições de uso e penalidadesestabelecidas nos termos dos Decretos nº 88.351/83 e 89.532/84.

Art. 11 - Visando a proteção de espécies raras na Zona de Vida Silvestre,não será permitida a construção de edificação, exceto as destinadas àrealização de pesquisa e ao controle ambiental.

Art. 12 - Na Zona de Vida Silvestre não será permitida atividade degradadoraou causadora de degradação ambiental, inclusive o porte de armas de fogoe de artefatos ou instrumentos de destruição da biota, ressalvados os casosobjeto de prévia autorização, expedida em caráter excepcional pelo IBAMA.

Art. 13 - A APA Carste de Lagoa Santa será implantada, supervisionada,administrada e fiscalizada pelo IBAMA, em articulação com o órgão estadualdo meio ambiente de Minas Gerais, as prefeituras municipais dos municípiosenvolvidos e seus respectivos órgãos de meio ambiente.

Art. 14 - Com vistas a atingir os objetivos previstos para a APA Carste deLagoa Santa, bem como para definir as atribuições e competências nocontrole de suas atividades, o IBAMA poderá firmar convênios com órgãose entidades públicas ou privadas.

Art. 15 - As penalidades previstas nas Leis 6.902/81 e 6.938/81 serãoaplicadas aos transgressores das disposições deste Decreto, pelo IBAMA,

com vistas ao cumprimento das medidas preventivas e corretivas,necessárias à preservação da qualidade ambiental.

Parágrafo único - Dos atos e decisões do IBAMA, referentes a esta APA,caberá recurso ao Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.

Art. 16 - Os investimentos e a concessão de financiamento e incentivos daAdministração Pública Federal, direta ou indireta, destinados à APA Carstede Lagoa Santa, serão previamente compatibilizados com as diretrizesestabelecidas neste Decreto.

Art. 17 - O IBAMA expedirá as instruções normativas necessárias aocumprimento deste Decreto.

Art. 18 - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 19 - Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 25 de janeiro de 1990, 169º da Independência e 102º da República.

JOSÉ SARNEY

João Alves Filho

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7. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 1/97

O Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais Renováveis - IBAMA, no uso das atribuições que lhe são conferidas,RESOLVE:

1 - Expedir a presente Instrução Normativa - IN, que estabelece normas deocupação e uso do solo na Área de Proteção Ambiental - APA - de Carstede Lagoa Santa, localizada no Estado de Minas Gerais, visando compatibilizara utilização dos recursos naturais com a proteção da biodiversidade,contribuindo para o desenvolvimento sustentável da região.

2 - Nos termos desta IN e para os fins previstos no Decreto nº 98.881 de 25de janeiro de 1990, com as modificações introduzidas pelo Decreto nº 1876de 25 de abril de 1996, fica a APA Carste de Lagoa Santa dividida em 06(seis) zonas configuradas no documento do “Zoneamento Ambiental daAPA Carste de Latoa Santa - MG” elaborado pela CPRM - Serviço Geológicodo Brasil, em convênio com o IBAMA, a seguir especificadas:

ZCEAM - Zona de Conservação do Equilíbrio Ambiental Metropolitano

ZCDUI - Zona de Conservação e Desenvolvimento Urbano e Industrial

ZCDA - Zona de Conservação e Desenvolvimento Agrícola

ZCPD - Zona de Conservação do Planalto das Dolinas

ZPPC - Zona de Proteção do Patrimônio Cultural

ZPPNC - Zona de Proteção das Paisagens Naturais do Carste

2.1 - O documento de que trata o item 2 encontra-se no escritório da APA,no município de Lagoa Santa - MG e no Centro Nacional de InformaçãoAmbiental - CNIA / IBAMA sede em Brasília - DF, onde pode ser consultado.

3 - Para efeito desta IN ficam definidas as seguintes zonas de manejo, usoe ocupação do solo na APA Carste de Lagoa Santa:

3.1 - Zonas de Proteção: são espaços que terão a função principal deproteger os sistemas naturais existentes, cuja utilização dependerá denormas de controle rigorosas, nas quais estão enquadrados:

a) os remanescentes dos ecossistemas e paisagens pouco ou nadaalterados ou com alterações pouco significativas;

b) as áreas que possuam configurações geológicas/geomorfológicasespeciais;

c) áreas com cobertura vegetal natural remanescentes dos ecossistemaslocais;

d) refúgio de fauna;

e) conjuntos representativos do patrimônio arqueológico e paleontológico,espeleológico e cultural.

No âmbito da APA Carste de Lagoa Santa, tão somente para efeito dozoneamento ficam estabelecidas as seguintes Zonas de Proteção Ambiental:

• ZPPNC - Zona de Proteção das Paisagens Naturais do Carste;

• ZPPC - Zona de Proteção do Patrimônio Cultural.

3.2 - Zonas de Conservação: são aqueles espaços cuja função principal éo de permitir a ocupação do território sob condições adequadas de manejoe utilização dos recursos e fatores ambientais, e compreendem:

a) áreas de ocupação para fins de chacreamento;

b) áreas destinadas a exploração de atividades agro-silvo-pastoris;

c) áreas de mineração;

d) outras ocupações antrópicas.

No âmbito da APA Carste de Lagoa Santa, tão somente para efeito dozoneamento ficam estabelecidas as seguintes Zonas de ConservaçãoAmbiental:

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• ZCEAM - Zona de Conservação do Equilíbrio Ambiental Metropolitano;

• ZCPD - Zona de Conservação do Equilíbrio Ambiental Metropolitano;

• ZCDA - Zona de Conservação e Desenvolvimento Agrícola;

• ZCDUI -Zona de Conservação e Desenvolvimento Urbano Industrial.

3.3 - Áreas de Ocorrência Ambiental: são áreas que correspondem asituações físicas e bióticas que ocorrem de forma dispersa em quaisquerdas zonas estabelecidas e que, devido às particularidades, requeremnormatização específica em relação às demais existentes em outras zonase enquadram nas seguintes cetegorias:

a) APP - Áreas de Preservação Permanente, são aquelas que possuemuma cobertura vegetal de preservação permanente, conforme estabelecea Lei nº 4.771 de 15 de setembro de 1965 ou outras que vierem a serdeclaradas para a mesma finalidade, entre as quais as matas e cerrados;

b) AIE - Áreas de Interesse Especial, são aquelas não compreendidas nascategorias definidas na letra “a”, independente de estarem protegidaspor qualquer tipo de norma, federal, estadual ou municipal, queapresentarem como importantes na composição da Unidade deConservação, quer pelo caráter representativo de conjunto cultural,histórico ou paisagístico, quer pelo grau de fragilidade física e biótica quepossam representar riscos que comprometam os ecossistemas locais.No âmbito da APA Carste de Lagoa Santa, tão somente para efeito dozoneamento ficam estabelecidas como Áreas de Interesse Especial osmaciços calcários, dolinas, terrenos montanhosos e frágeis, aluviões eterraços, área tombada, sítio arqueológico Pré-cerâmico, sítioarqueológico Cerâmico, sítio arqueológico Rupestre, sítio Paleontológicoe cavernas.

4 - As divisões zonais estabelecidas pelo zoneamento econômico-ecológicoda APA Carste de Lagoa Santa têm como finalidades:

4.1 - a ZCEAM - Zona de Conservação do Equilíbrio AmbientalMetropolitano tem a função de propiciar o equilíbrio entre a proteção dosistema cárstico e o vetor de controle sobre os grandes vetoresmetropolitanos de Vespasiano, Pedro Leopoldo, Matozinhos e Lagoa Santa,minimizando os impactos desta expansão sobre as áreas de maior fragilidadeda APA. Nesta zona ficam proibidos:

• a disposição de efluentes ou de resíduos industriais, resíduos deagrotóxicos ou de fertilizantes e outros resíduos perigosos;

• a expansão do perímetro urbano sobre áreas de alta vulnerabilidadegeotécnica e à poluição dos aqüíferos onde se observarem conjuntos deocorrências ambientais.

4.2 - a ZCDUI - Zona de Conservação e Desenvolvimento UrbanoIndustrial tem a função de disciplinar o corredor de urbanização eindustrialização ao longo da MG - 424, e limita a sua penetração nas áreasfrágeis do Planalto de Dolinas, bem como evitar o impacto deste sobre asáreas remanescentes das matas deciduais e semi-deciduais. Nesta zonaficam proibidos:

• a disposição de efluentes ou de resíduos urbanos ou industriais, resíduosde agrotóxicos ou de fertilizantes e outros resíduos perigosos;

• a expansão do perímetro urbano e de loteamentos urbanos em áreas dealta vulnerabilidade geotécnica e de poluição dos aqüíferos onde seobservarem conjuntos de ocorrênmcias ambientais.

4.3 - a ZCDA - Zona de Conservação e Desenvolvimento Agrícola temcomo objetivo estabelecer padrões tecnológicos para a produçãoagropecuária visando racionalizar a utilização dos recursos naturais. Nestazona ficam proibidos:

• o parcelamento do solo destinado a loteamentos com finalidades urbanas;

• a agricultura e pecuária em áreas com declividades superiores a 45%e/ou em condições de manejo que demandem alto consumo de recursosambientais e impacto ambiental com grande interferência espacial;

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• a utilização de áreas para disposição e tratamento de efluentes sanitários,resíduos sólidos domésticos ou industriais, sob condições que impliquemrisco de poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas;

• a disposição de efluentes ou de resíduos orgânicos, de agrotóxicos ou defertilizantes provenientes da atividade agropecuária, especialmente emdolinas, uvalas e planícies;

• a implantação e operação de indústrias de alto potencial poluidor.

4.4 - a ZCPD - Zona de Conservação do Planalto das Dolinas tem afinalidade de disciplinar a ocupação do planalto das Dolinas por atividadesagropecuária e extração mineral. Nesta zona ficam proibidos:

• a criação intensiva de animais, com alto impacto ambiental;

• a agricultura intensiva com alto impacto ambiental;

• o parcelamento do solo destinado a loteamentos urbanos;

• a utilização de áreas para disposição e tratamento de efluentes sanitários,resíduos sólidos domésticos ou industriais;

• a disposição de efluentes ou resíduos químicos, de agrotóxicos ou defertilizantes;

• a implantação e operação de indústrias potencialmente poluidoras.

4.5 - a ZPPNC - Zona de Proteção das Paisagens Naturais do Carstetem como função proteger os recursos ambientais e a sua biodiversidadepara a integridade dos ecossistemas representativos das paisagens e dabiota associados às matas deciduais e semi-deciduais da APA. Nesta zonaficam proibidos:

• novas atividades de extração mineral em maciços que contenham feiçõescársticas expressivas, sítios espeleológicos importantes, sítiosarqueológicos e paleontológicos reconhecidos como patrimônio cultural;

• a criação intensiva de animais;

• a agricultura intensiva ou com uso de defensivos e fertilizantes tóxicos,potencialmente poluentes;

• o parcelamento do solo destinados a loteamentos, com finalidades urbanasou chácaras de recreio;

• a implantação e operação de indústrias;

• a utilização de áreas para disposição e tratamento de efluentes sanitários,resíduos sólidos domésticos ou industriais, sob quaisquer condições;

• a disposição de efluentes ou resíduos de substâncias químicas, deagrotóxicos ou de fertilizantes tóxicos;

• a ocupação de faixas limítrofes dos mananciais, cursos d’água e lagoas,conforme normatização do Código florestal.

4.5 - a ZPPC - Zonas de Proteção ao Patrimônio Cultural tem comoobjetivo a proteção do conjunto paisagístico e a cultura regional,representados pelos sítios arqueológicos e paleontológicos do SistemaAmbiental do Sumidouro, pelo Sítio Arqueológico da Lapinha e pelo patrimôniohistórico de Fidalgo. Nesta zona ficam proibidos:

• as atividades de extração mineral que causem quaisquer riscos aopatrimônio ambiental e aos sítios espeleológicos, arqueológicos epaleontológicos;

• a criação intensiva de animais;

• a agricultura com manejo intensivo e com uso de defensivos e fertilizantes;

• o parcelamento do solo destinado a loteamentos, com finalidades urbanase chácaras de recreio;

• a implantação e operação de indústrias;

• a utilização de áreas para disposição e tratamento de efluentes sanitários,resíduos sólidos domésticos ou industriais, sob quaisquer condições;

• a disposição de efluentes ou resíduos de substâncias químicas, deagrotóxicos ou de fertilizantes.

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5 - Para efeito desta IN, ficam declaradas como Zonas de Vida Silvestretodas as APP - Áreas de Preservação Permanente existentes no perímetroda APA Carste de Lagoa Santa.

6 - A gestão da APA Carste de Lagoa Santa é de responsabilidade do InstitutoBrasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA.

7 - A gestão da APA Carste será efetivada por processo participativo, atravésde um Conselho de Co-gestão constituído pelos órgãos e instituiçõesgovernamentais e a sociedade civil organizada, presente na área e cominteresse na sua conservação.

7.1 - O IBAMA, após a publicação desta IN, baixará portaria nomeando osmembros do Conselho de Co-gestão, bem como aprovando o Plano deGestão da APA, devidamente detalhado.

8 - Todos os empreendimentos no âmbito da APA Carste de Lagoa Santadeverão ser precedidos do licenciamento ambiental concedido pelo ÓrgãoEstadual de Meio Ambiente ouvido o Conselho de Co-gestão, conformeprevisto no artigo 7º da Resolução CONAMA nº 10 de 14 de dezembro de1988.

9 - Esta IN entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se asdisposições em contrário.

Brasília, 17 de dezembro de 1997.

Eduardo Martins

Presidente do IBAMA

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O produto apresentado vem ao encontro dos anseios da comunidadeambientalista da APA, no sentido de trazer à tona a necessidade de criarmecanismos de conservação e preservação do ecossistema regional, bemcomo possibilitar à comunidade um crescimento social e econômicosustentado. Desse modo, os resultados atingiram as metas pretendidasdentro da escala apresentada, uma vez que o zoneamento como um todo édinâmico e, portanto, sujeito a constantes aperfeiçoamentos.

Vale ressaltar que o processo de conservar e preservar os recursos naturaisexistentes na região é de responsabilidade direta de toda a comunidade enão somente dos órgãos oficiais que cuidam do meio ambiente. Caberá àgestão organizar e fazer funcionar os mecanismos disponíveis paraconcretizar as metas e os propósitos estabelecidos.

Além dos Programas sugeridos para cada zona ambiental, apresentadosno escopo do relatório, é recomendada a realização de projetos específicos,em escalas de detalhes, conforme as necessidades dos órgãos ambientais,no sentido de facilitar a aplicação das leis vigentes para fazer valer a gestãoambiental da área. Do mesmo modo, as instituições de pesquisa poderãotrazer excelentes contribuições ao aperfeiçoamento das informações jáobtidas.

Recomenda-se, ainda, a elaboração de novo decreto corretivo do MemorialDescritivo da APA, visando eliminar as dúvidas geradas no Decreto originale no Decreto nº 1876 de 25 de abril de 1996, e cujos termos propostospassariam a ser:

“O memorial descritivo da área que compreende a APA Carste de LagoaSanta foi elaborado com base nas cartas topográficas da região (códigos:folha Lagoa Santa: SE-23-Z-C-VI-1; folha Pedro Leopoldo: SE-23-Z-C-V-2;folha Sete Lagoas: SE-23-Z-C-II e folha Baldim: SE-23-Z-C-III), na escala de1:50 000, da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - FIBGEe em ortofotos na escala 1:10 000, elaboradas pela EMBRAFOTO para aCEMIG(1990), com a seguinte descrição: começa na foz do Riacho daGordura com o Rio das Velhas, subindo por este fio até seu encontro com arodovia MG-010; daí segue por essa rodovia no sentido de Lagoa Santa,adentrando o perímetro da zona de expansão metropolitana deste município,continuando pela Rua Pinto Alves até seu encontro com a Av. Pref. JoãoDaher, seguindo por esta avenida até encontrar a Rua Acadêmico Nilo deFiguerêdo; daí segue por essa rua até seu encontro com a Rua SalgadoFilho; segue por esta rua, saindo do perímetro urbano e continuando pelarodovia MG-010, até encontrar o Ribeirão da Mata; sobe por esse ribeirão,passando pela zona urbana de Pedro Leopoldo, até encontrar junto à MG-424, a estrada que liga Pedro Leopoldo a Mocambeiro; segue por essaestrada no sentido de Mocambeiro até seu entroncamento com a estradaque liga Matozinhos a Mocambeiro; segue por essa estrada no sentido deMatozinhos, até seu encontro com a rodovia MG-424; segue por essa rodoviano sentido de Sete Lagoas até atingir o limite dos municípios Matozinhos-Prudente de Morais; segue acompanhando esse limite municipal em direçãoao Rio das Velhas até encontrar a estrada que liga Prudente de Morais àFazenda Casa Branca, passando pelo povoado de São Bento; segue poressa estrada no sentido daquela fazenda, até seu encontro com o Riachoda Gordura; desce por esse riacho até a sua foz no Rio das Velhas, ondeteve início a descrição do perímetro.”

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BERTRAND, G - Paisagem global esboço metodológico. São Paulo: Institutode Geografica da USP, 1972 [Caderno de Ciências da Terra, 13].

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FARIA, G. L., LIMA, M.G. Comp. Decreto federal nº 99.274,06/10/90 -regulamenta as Leis 6902/81 e 6938/81. In: COLETÂNEA DE LEGISLAÇÃOAMBIENTAL, FEDERAL e ESTADUAL. Paraná: Secretaria de Est. Desenvol.Urb. e Meio Ambiente, 1990, p. 230-42

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Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricose da Amazônia Legal

CPRMServiço Geológico do Brasil

Ministério de Minas e Energia