doutorado tese completa 06 dezembro 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA FARMACÊUTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SINTÉTICOS BIOATIVOS JADER FREIRE SOBRAL FILHO ENSAIOS FARMACOLÓGICOS CLÍNICOS DE FASES I E II COM O HIDROGEL OBTIDO A PARTIR DO EXTRATO ETANÓLICO BRUTO DA CASCA DE ANACARDIUM OCCIDENTALE LINN. NO TRATAMENTO DA ACNE VULGAR João Pessoa – PB 2010

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Page 1: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA FARMACÊUTICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E

SINTÉTICOS BIOATIVOS

JADER FREIRE SOBRAL FILHO

ENSAIOS FARMACOLÓGICOS CLÍNICOS DE FASES I E II COM O

HIDROGEL OBTIDO A PARTIR DO EXTRATO ETANÓLICO BRUTO DA

CASCA DE ANACARDIUM OCCIDENTALE LINN. NO TRATAMENTO DA

ACNE VULGAR

João Pessoa – PB 2010

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JADER FREIRE SOBRAL FILHO

ENSAIOS FARMACOLÓGICOS CLÍNICOS DE FASES I E II COM O

HIDROGEL OBTIDO A PARTIR DO EXTRATO ETANÓLICO BRUTO DA

CASCA DE ANACARDIUM OCCIDENTALE LINN. NO TRATAMENTO DA

ACNE VULGAR

Tese apresentada como parte dos

requisitos para obtenção do título de DOUTOR EM PRODUTOS NATURAIS E SINTÉTICOS BIOATIVOS do Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos do Centro de Ciências de Saúde da Universidade Federal da Paraíba. Área de concentração: Farmacologia.

Orientadora: Profª Drª Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz

Co-orientadora: Prof. Dra. Jane Sheila Higino

João Pessoa – PB 2010

Page 3: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

JADER FREIRE SOBRAL FILHO

ENSAIOS FARMACOLÓGICOS CLÍNICOS DE FASES I E II COM O

HIDROGEL OBTIDO A PARTIR DO EXTRATO ETANÓLICO BRUTO DA

CASCA DE ANACARDIUM OCCIDENTALE LINN. NO TRATAMENTO DA

ACNE VULGAR

Aprovada em:___/ ___/___

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________ Prof. Dr. Reinaldo Nóbrega de Almeida

Avaliador Interno

____________________________________________________________ Profa. Dra.. Liana Clébia S. Lima de Morais

Avaliadora Interna

____________________________________________________________ Profa. Dra. Carla Wanderley Gayoso – CCS/UFPB

Avaliadora Externa

____________________________________________________________ Profa. Dra. Ivone Antônia de Souza - CCS/UFPE

Avaliadora Externa

____________________________________________________________ Profa. Dra. Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz

Avaliadora Interna

____________________________________________________________ Prof. Dr. Emmanuel Rodrigues de França – FCM ⁄UPE

Avaliador Externo

Page 4: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F., Ensaios farmacológicos clínicos de fases I e II com o hidrogel obtido a partir do extrato etanólico bruto da casca de Anacardium occidentale Linn. no tratamento da acne vulgar. Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos do CCS/LTF/UFPB, 2010.

RESUMO

A acne vulgar é a dermatose mais prevalente entre os adolescentes apresenta um grande impacto psico-social. Várias classes de fármacos são utilizadas no tratamento da AV, porém ainda não há um fármaco que seja ao mesmo tempo seguro e eficaz. O objetivo desse estudo foi avaliar a farmacologia clínica do o hidrogel obtido a partir do extrato etanólico bruto da casca de Anacardium occidentale Linn. (AO) em voluntários saudáveis. Para atingir este objetivo realizou-se um ensaio clínico não aleatório, aberto, com 40 voluntários sadios, sendo 22 mulheres e 18 homens, os quais aplicaram o gel na face uma vez ao dia, durante três semanas. Os voluntários foram incluídos no estudo somente após serem considerados saudáveis, depois de avaliações clínica e laboratorial que antecederam o estudo. A avaliação laboratorial consistiu de análise hematológica, bioquímica e sorológica. As avaliações clínica e laboratorial foram repetidas após a primeira semana e no final do tratamento, na terceira semana do estudo. A aplicação tópica do gel deste fitoterápico foi bem tolerada pelos 40 voluntários sadios os quais não apresentaram efeitos adversos. Os exames clínicos e laboratoriais realizados antes, durante e após o ensaio não evidenciaram sinais de toxidade na pele e nem nos diversos órgãos e sistemas avaliados, demonstrando segurança do produto, sendo estes resultados promissores para a realização de ensaios de eficácia terapêutica. Um ensaio clínico farmacológico, randomizado, duplo cego, controlado foi realizado para avaliar a eficácia e segurança (ensaio de fase II) do hidrogel obtido a partir do extrato etanólico bruto da casca de AO comparando-o com adapaleno gel a 0,1%. Os indivíduos foram designados randomicamente a receber o gel de AO ou o adapaleno gel a 0,1% diariamente durante 12 semanas. Foi recrutado um grupo total de 43 indivíduos com acne vulgar (AV) leve e moderada. O adapaleno gel a 0,1% foi significativamente superior ao gel de AO na contagem das lesões não inflamatórias (cômedos). Contudo, para as lesões de natureza inflamatória da AV não houve diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos tratados. Resultados semelhantes, foram obtidos, em relação à redução na contagem total das lesões da AV, houve 42,7% de redução na contagem total das lesões da AV com AO e 43,1% para o gel de adapaleno a 0,1 %, não havendo diferença estatística entre os grupos tratados. Os efeitos adversos relatados foram, em sua maioria, de leves a moderados no grupo que utilizou o adapaleno e não ocorreu nenhum evento adverso no grupo tratado com o gel da AO. Os resultados desse estudo mostram que tanto o adapaleno gel como o AO foram eficazes no tratamento da AV, sendo o gel de adapaleno a 0,1% superior ao gel de AO para as lesões não inflamatórias da AV, porém, os dois produtos foram estatisticamente semelhantes para a redução na contagem total das lesões e naquelas de natureza inflamatória. O perfil de segurança e tolerabilidade foi superior para AO. Palavras-chaves : Anacardium occidentale Linn. , acne vulgar e ensaios clínicos de fases I e II

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SOBRAL, J.F.F., Pharmacological clinical trial phase I and II with the hydrogel obtained from the ethanol crude extract of the bark of Anacardium occidentale Linn. in the treatment of acne vulgaris. (thesis) Doutorado in Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos. CCS/LTF/UFPB, 2010.

ABSTRACT

The acne vulgaris is the most prevalent dermatologic disease of teen age. Many drugs are used in the treatment of acne but it is necessary a drug with safety and efficacy. The gel extracted from the bark Anacardium occidentale Linn. is indicated for topical treatment of inflammatory diseases. The purpose of this study was to evaluate the clinical pharmacology of this formulation in healthy volunteers. For this, a non-randomized open clinical trial was conducted with 40 healthy volunteers (22 female and 18 male), who administered the topical gel in their faces during 3 weeks. The volunteers were included in the study only when considered healthy after clinical assessment, physical examination and laboratory tests which preceded the study. The laboratory tests included: hematological, biochemical and serological analysis. The clinical and laboratory evaluation were repeated after the first week and at the end of the third week after the last administration. This gel was well tolerated by the 40 volunteers, and it has showed no adverse events. The clinical and laboratory data assessed before, during and after the test showed no signals of toxicity in various organs and systems evaluated, confirming the safety of the preparation for use in trials of therapeutic efficacy. A randomized, investigator-blinded, controlled study was conducted to evaluate the efficacy and safety of gel obtained from the bark of Anacardium occidentale Linn. (AO) versus adapalene gel 0,1%. Subjects were assigned randomly to receive either adapaleno gel 0,1% or AO once daily for 12 weeks. A total of 43 subjects with mild to moderate acne vulgaris (AV) were enrolled. Adapalene gel 0,1% was significantly superior to AO in noninflammatory lesion counts (p<0,005). But, the efficacy was statistically similar between two group for inflammatory lesion counts and in the reduction of total lesion count (p<1,0). Treatment-related adverse events were mostly mild-to-moderate in the group of adapaleno gel 0,1%. But in the group of AO no adverse events was seen. The results of this study show that Adapalene 0,1% gel was superior to AO in noninflammatory lesions of AV but similar in inflammatory and total counts lesions while AO was superior in safety and tolerability profile to adapaleno 0,1% gel. Keywords: Anacardium occidentale Linn., acne vulgaris, clinical trial phase I and II

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 . Algoritmo para o tratamento da acne vulgar..............................................................41

Figura 2. Análise da função hematológica no início e no final do tratamento em voluntários saudáveis do sexo masculino).............................................................................................61 Figura 3. Análise das funções renal e metabólica no início e no final do tratamento em voluntários saudáveis do sexo masculino......................... ......................................................62 Figura 4. Análise da função hepática no início e no final do tratamento em voluntários saudáveis do sexo masculino...............................................................................................63

Figura 5. Análise da função hematológica no início e no final do tratamento em voluntários saudáveis do sexo feminino...................................................................................................64

Figura 6. Análise das funções renal e metabólica no início e no final do tratamento em voluntários saudáveis do sexo feminino................................................................................65 Figura 7. Análise da função hepática no início e no final do tratamento em voluntários saudáveis do sexo feminino.......................................................................................................66 Figura 8. Desenho e fluxograma dos pacientes que participaram do estudo............................67

Figura 9. Porcentagens medianas de redução de contagens, a partir do período basal, de (a) lesões não inflamatórias (cômedos), (b) lesões inflamatórias (pápulas) e (c) lesões inflamatórias (pústulas) durante o período de 12 semanas de tratamento com adapaleno versus Anacardium occidentale.........................).......................................................................................................71 Figura 10. Porcentagens medianas de redução nas contagens, a partir do período basal, de lesões totais (inflamatórias e não inflamatórias) na face dos voluntários portadores de AV (a) com o uso do gel de adapaleno 0,1% e (b) com o gel de Anacardium occidentale L. (AO)......................................................................................................................................72 Figura 11. Percentual de pacientes que apresentaram respectivos efeitos colaterais na 1a semana de tratamento (n=20).....................................................................................................75 Figura 12. Percentual de pacientes que apresentaram respectivos efeitos colaterais na 3a semana de tratamento (n=20).....................................................................................................75 Figura 13. Percentual de pacientes que apresentaram respectivos efeitos colaterais na 6a semana de tratamento (n=20).....................................................................................................76

Page 7: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

LISTA DE QUADROS Quadro 1 . Classificação de acordo com o número de lesões....................................................27

Quadro 2. Classificação da AV segundo Leeds (modificada)....................................................28 Quadro 3. Classificação de Leeds revisada por Cunliffe (modificada) 2003..............................28 Quadro 4. Classificação dos retinóides .....................................................................................34 Quadro 5 . Classificação sistemática de Anacardium occidentale Linn......................................43 Quadro 6 . Uso etnofarmacológico de Anacardium occidentale Linn..........................................44 Quadro 7. Formulação ideal do gel de extrato bruto da casca do caule de Anacardium occidentale Linn...........................................................................................................................49

Page 8: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Ensaio farmacológico clínico de fase I (parâmetros bioquímicos e hematológicos) com gel obtido da casca do caule de Anacardium occidentale Linn. Resultados dos exames laboratoriais obtidos dos voluntários saudáveis do sexo masculino durante o período de tratamento por via tópica (na face), comparados aos valores observados antes e após a administração do fitoterápico...................................................................................................60 Tabela 2. Ensaio farmacológico clínico de fase I (parâmetros bioquímicos e hematológicos) com gel obtido da casca do caule de Anacardium occidentale Linn. Resultados dos exames laboratoriais obtidos dos voluntários saudáveis por sexo feminino durante o período de tratamento por via tópica (na face), comparados aos valores observados antes e após a administração do fitoterápico............).......................................................................................60 Tabela 3. Características demográficas e do período basal da população................................68

Tabela 4. Percentual médio de redução nas lesões não inflamatórias (cômedos), lesões inflamatórias (pápulas e pústulas) e cicatrizes por semana........................................................70 Tabela 5. Média percentual de redução na contagem de lesões na 12a semana......................70 Tabela 6. Comparação do percentual de redução das lesões totais do adapaleno e do gel de Anacardium occidentale Linn......................................................................................................73 Tabela 7 . Número de pacientes que apresentaram respectivos efeitos adversos por semana a partir da 1ª semana (n=20) com o gel de adapaleno 0,1%.........................................................74 Tabela 8. Número de pacientes que apresentaram respectivos efeitos adversos por semana a partir da 1ª semana (n=20) com o uso do gel de AO..................................................................76

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

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AO Anacardium occidentale Linn.

AP1 Proteína ativadora 1

AV acne vulgar

CRABP II Proteína carreadora do ácido retinóico tipo II

GBA Grupo Brasileiro da acne vulgar

HLD-DR Antígeno DR do leucócito humano

ICAM-1 Molécula 1 de adesão inter-celular

IL-1α Interleucina 1 alfa

IL-1β Interleucina 1 beta

IL6 Interleucina 6

MMPs Metaloproteinases da matriz

NAMCS Órgão americano de registro de dados médicos

NF-KB Fator nuclear kapa B

P. acnes Propionibacterium acnes

RARs Receptores do ácido retinóico

RXRs Receptores do ácido retinóico X

TNF- α Fator de necrose tumoral alfa

TRL-2 Receptores toll like 2

UV Ultra violeta

VCAM -1 Molécula 1 de adesão vascular

Page 10: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11

2. JUSTIFICATIVA .................................. ......................................................... 46

3. OBJETIVOS ...................................... ........................................................... 48

3.1. Objetivo Geral ........................................................................................... 48

3.2. Objetivos Específicos ................................................................................ 48

4. MATERIAL ....................................... ............................................................ 49

4.1 Composição do fitoterápico Hidrogel de Anacardium occidentale Linn ...... 49

5. MÉTODOS ................................................................................................... 51

5.1. Ensaios farmacológicos clínicos de fase I ................................................. 51

5.2 Ensaios farmacológicos clínicos de fase II ................................................. 53

5.3 Avaliação da Eficácia Clinica e Segurança ................................................ 56

5.4. Análise estatística ..................................................................................... 58

6. RESULTADOS ..................................... ........................................................ 59

6.1. Ensaios clínicos farmacológicos de fase I ................................................. 59

6.2. Ensaios clínicos farmacológicos de fase II ................................................ 66

6.2.1. Avaliação da Eficácia Clinica e Segurança ............................................ 67

6.3. Avaliação da segurança (tolerabilidade).................................................... 73

7. DISCUSSÃO ................................................................................................ 77

8. CONCLUSÃO ...................................... ........................................................ 91

9. PERSPECTIVAS .......................................................................................... 93

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 94

ANEXOS ........................................................................................................ 106

Anexo I .......................................................................................................... 106

Anexo II ......................................................................................................... 108

Anexo III ...................................................................................................... 112

Anexo IV ...................................................................................................... 115

Page 11: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Introdução 11

1. INTRODUÇÃO

A acne vulgar (AV) (do grupo AKMÉS, VÉRTICE, CUME) é a afecção da

pele que atinge a unidade pilossebácea. Apresenta uma grande variabilidade

clínica, desde lesões mínimas comedônicas até as formas graves deformantes,

causadoras de transtornos emocionais, que afetam o comportamento psico-

social do paciente. Localiza-se na face e nas regiões anteriores e posteriores

do tórax. A AV é a afecção cutânea mais observada da adolescência,

especialmente após a puberdade. Diversos fatores intervêm na sua patogenia,

embora sua causa básica seja desconhecida (SOBRAL, 1993; MELNIK &

SCHMITZ, 2008; THIBOUTOT et al., 2009; SAKAMOTO, 2010).

A AV é a razão mais frequente de pessoas entre 15 a 45 anos visitar o

Dermatologista. De acordo com dados do NAMCS, órgão americano de registro

de dados médicos, a cada ano desde 1985, ocorrem aproximadamente 6,5 a

7,5 milhões de visitas de pacientes com AV a consultórios de médicos

dermatologistas. As visitas devem-se a pacientes com AV seja como principal

razão ou diagnóstico primário. A cura da AV é um problema substancial, que

causa milhões de visitas por ano aos médicos e com um custo total que excede

o valor de um bilhão de dólares (HARALD et al., 2003). Neste contexto,

necessitamos de pesquisas que possam estimar o impacto físico, psíquico e

econômico de pessoas portadoras desta enfermidade e que estes resultados

possam aperfeiçoar prescrições racionais para segmento de pacientes com AV

(GOLNICK et al., 2003).

Page 12: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Introdução 12

A AV é uma condição extremamente comum, afeta quase 70% dos

adolescentes e adultos jovens. O órgão alvo da AV é a unidade pilossebácea, e

explica a distribuição desta doença na face, tórax e dorso, que são áreas com

grande concentração de glândulas pilossebáceas (GOLLNICK et al., 1991;

LEYDEN, 1995; CUNLLIFE, 2001; SAKAMOTO, 2010). O crescimento folicular

alterado e a diferenciação celular com hiperplasia da glândula sebácea são os

fatores mais importantes na gênese da AV, porque esta combinação induz a

formação do microcomedo – lesão primária da AV. O microcomedo pode ser

não-inflamatório ou torna-se inflamado e se apresentar como pápulas, pústulas

ou nódulos (GOLLNICK et al., 1991).

Esta enfermidade é mais frequente no sexo feminino, porém as formas

graves foram mais observadas no sexo masculino. Afecção própria da

adolescência, sobretudo após a puberdade. Em João Pessoa - PB, a incidência

encontrada foi de 39,9%, na faixa etária dos 17 aos 25 anos (SOBRAL, 1993).

A causa básica da AV não está completamente elucidada (CUNLIFFE,

1998). Esta doença não é produzida por um único fator, mas é multifatorial,

envolvendo um grande número de fatores etiológicos que atuam combinados

(THIBOUTOT et al., 2009). Para o desenvolvimento da doença acredita-se ser

necessários uma base genética e vários fatores desencadeantes e agravantes,

tais como: atividade androgênica, aumento na produção de sebo, alteração na

qualidade dos lipídeos do sebo, interação com neuropeptídios,

hiperqueratinização do folículo, o processo inflamatório e a proliferação de

Propionibacterium Acnes (P. acnes) dentro do folículo (KUROKAWA et al.,

2009).

Page 13: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Introdução 13

Nos últimos 25 anos inúmeras drogas tópicas e sistêmicas foram

desenvolvidas para o tratamento da AV. Muitas estratégias já foram criadas

para o tratamento da AV na última década, incluindo o consenso do tratamento

oral da AV na França (1999), o consenso do Canadá (1995), o consenso do

tratamento da AV da Academia Americana de Dermatologia (2003) e consenso

Brasileiro de Acne (2006). Contudo, os avanços da medicina ocorrem de forma

rápida e estes guias práticos ficam defasados, pois foram superados pelos

novos fármacos desenvolvidos. Logo, necessitam de atualizações e

recomendações pelas recentes terapias adquiridas (CUNLIFFE et al., 2001;

RAMOS-E-SILVA et al., 2006).

Dentre os fatores envolvidos na patogenia da AV temos a produção

sebácea pelas glândulas sebáceas e a liberação de mediadores da resposta

inflamatória na pele. Atualmente, estudos com cultura celular trouxeram mais

informações sobre os lipídeos sebáceos e os mediadores inflamatórios

envolvidos nesta afecção da pele dentre estes os produzidos pelas

metaloproteinases da matriz (MMPs) (THIBOUTOT et al., 2009).

Em 2003, Jeremy e colaboradores investigaram os eventos iniciais das

lesões da AV, e observaram trocas imunológicas e respostas inflamatórias

ocorrendo antes da hiperproliferação dos ceratinócitos, com padrão semelhante

à reação de hipersensibilidade tardia tipo IV. A resposta imune sendo mediada

pelos linfócitos CD4+ e macrófagos. Estes resultados levantaram a hipótese

que a produção das citocinas ativa as células endoteliais locais, induzindo um

aumento na quantidade dos marcadores vasculares inflamatórios tais como- E-

selectina, molécula 1 de adesão vascular (VCAM-1), molécula 1 de adesão

intercelular (ICAM-1) e o antígeno-DR do leucócito humano (HLA-DR) ao redor

Page 14: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Introdução 14

dos folículos pilossebáceos. Estes eventos podem ser iniciados pela

interleucina 1α (IL-1α) em resposta à relativa deficiência do ácido linoléico

causada pelo excesso de sebo e alteração na função barreira dentro do

folículo.

Estudos in vitro, na década passada, demonstraram a presença de um

fator solúvel produzido pelo P. acnes que induz a produção de citocinas pro -

inflamatórias em linhagens de células monocíticas humanas (VOWELS et al.,

1995). Este fator solúvel, produto do P. acnes, com características similares

aos lipossacarídeos, tem atividade dependente da presença do CD14 e induz a

síntese do fator de necrose tumoral α (TNF-α) e da interleucina 1β (IL-1β) em

linhagens celulares. Pesquisas posteriores demonstraram que a indução da

síntese de citocinas pelo P. acnes envolve a via dos toll like receptores 2 (TRL-

2) (KIM et al., 2002). O TRL é um homologo da proteína da drosófila conhecido

como toll, surgiu como um regulador chave das repostas imunes frente às

infeções. Esta proteína transmembrana tem uma porção citoplasmática que é

homologa ao receptor da IL-1 podendo sinalizar e ativar a cascata do fator

nuclear-kB (NF-kB).

Estudos recentes de Jugeau et al. em 2005, demonstraram que estes

eventos ocorrem nas lesões inflamatórias de paciente com AV facial. Estes

fatos corroboram com as evidências de que as citocinas inflamatórias

trabalham por mecanismos autócrinos e parácrinos através dos seus

respectivos receptores, e amplificam o sinal da via que ativa o fator de

transcrição da proteína ativadora (AP)-1 (KANG et al., 2005). Os retinóides

utilizados no tratamento da AV inibem AP-1 (CZERNIELEWSKI et al., 2001).

Page 15: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Introdução 15

Outros estudos indicam que os retinóides atuam sobre os monócitos

induzindo a expressão do CD209+ pelos macrófagos e a fagocitose das

bactérias P. acnes (LIU et al, 2008). Estes estudos esclarecem como ocorrem

os efeitos antiinflamatórios dos tratamentos utilizados na AV, como exemplo os

retinóides. E explicam ainda, o agravamento das lesões da AV, o “flare up”, no

início do tratamento, como por exemplo, a ruptura dos sebócitos pode resultar

na liberação de moléculas inflamatórias, e como resultado clínico o aumento da

inflamação em alguns pacientes (LIU et al., 2008).

Os lipídeos sebáceos são regulados, pelo menos em parte, pelos

receptores ativados do proliferador dos peroxomas e das respostas esteróides

mediadas pelo elemento de ligação protéica que aumenta sua formação no

lipídeo sebáceo induzido pelo fator 1 de crescimento insulina-like (SMITH et al.,

2006). Por outro lado, as glândulas sebáceas regulam de forma independente

funções endócrinas na pele (ZOUBOULIS et al., 2008) e têm atividades

antibacterianas diretas e indiretas. O ácido sapênico, um lipídeo do sebo, tem

atividade antimicrobiana inata e ativa TLR-2 por bactérias da pele

(THIBOUTOT et al., 2009). As glândulas sebáceas expressam ainda peptídeos

antibacterianos e citocina/quimiocinas proinflamatórias; estas substâncias são

produzidas nos sebócitos na presença de bactérias (THIBOUTOT et al., 1995).

A glândula sebácea atua como um órgão endócrino em resposta à

mudança androgênica ou a outros hormônios. Sendo assim, um centro de

controle complexo para regular neuropetídeos que agem à semelhança do eixo

hipotálamo-hipófise-adrenal (ZOUBOULIS et al., 2008). A função primária da

glândula sebácea é influenciada pelo hormônio liberador de corticotrofina e

pelos receptores de corticotrofina. Os níveis deste hormônio se alteram em

Page 16: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Introdução 16

resposta a tensão emocional e participam da regulação da função da glândula

sebácea, como uma conexão entre o cérebro e a pele e através deste

mecanismo se explica a relação entre a tensão emocional e a pele (BOHN et

al., 2002).

O sistema endócrino e a vitamina D na pele participam na regulação da

função dos sebócitos com produção de sebo. Um análogo da vitamina D

normaliza a fisiologia da glândula sebácea em paciente com AV (ZOUBOULIS

et al., 2008).

Em 2006, Ottaviani e colaboradores estudaram linhagens de células

ceratinocíticas humanas e observaram que a peroxidação de lipídeos do sebo

induz a ativação da interleucina 6 (IL-6) e das lipoxigenases. O esqualeno

oxidado estimula a hiperproliferação dos ceratinócitos. Este resultado sugere

que os lipídeos são responsáveis, pelo menos em parte, pela formação dos

comedões (lesão inicial da AV). Outros estudos observaram que os

leucotrienos B4 possue efeitos proinflamatórios no ducto pilossebáceo e são

potentes agentes quimiotáticos para neutrófilos, macrófagos e estimulam a

produção de citocinas proinflamatórias (JEREMY et al., 2003; ALESTAS et al.,

2006).

Em 2005, Papakonstantinou e colaboradores investigaram o

envolvimento das MMPs na AV. Estas enzimas (exemplo: colagenases,

gelatinases, estromelisinas e matrilisinas) têm uma participação relevante na

reestruturação do processo inflamatório e nas disordens proliferativas da pele.

O sebo humano possui várias MMPs, que são originadas nos sebócitos e

queratinócitos. A isotretinoína oral droga mais eficaz no tratamento da AV,

Page 17: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Introdução 17

reduz as concentrações das MMPs no sebo com melhora clínica paralela

(ALESTAS et al., 2006).

A compreensão, em nível molecular, da AV sugere que esta doença

envolve o sistema imune inato, adquirido e eventos inflamatórios. Tratamentos

que tenham estes dois alvos são obviamente desejados. Embora não se

conheça plenamente como os agentes usados correntemente atuem, eles

devem ter efeitos nos receptores celulares, mediadores inflamatórios e outros

alvos moleculares. Muitos mecanismos devem ser descobertos e novos alvos

para o tratamento precisam ser identificados (THIBOUTOT et al., 2009).

A acne é uma obstrução crônica e uma patologia com formas clínicas

variadas (inflamatórias e sem inflamação) que afeta os folículos pilossebáceos.

A sua patogênese tem sido elucidada gradualmente. As glândulas sebáceas e

o infundíbulo ductal não são meramente apêndices cutâneos que suprem o

sebo e retêm a umidade da epiderme. Elas também servem e participam de

fenômenos imunológicos, incluindo a imunidade inata, produção de

neuropeptídios, sínteses de peptídeos antimicrobianos e expressão de células

tronco características. Sendo considerados cérebros da pele (KUROKAWA et

al., 2009).

A comedogênese, formação dos microcomedos, é causada pela

hiperproliferação e hiperqueratinização do infra-infundíbulo do canal folicular

(THIBOUTOT et al., 1997).

A corrente hipótese da patogênese da acne em adolescentes

predispostos consiste na combinação da ação dos andrógenos e ligantes

PPAR na unidade pilossebácea, os quais resultam em alterações sebáceas

quantitativas. O estímulo androgênico, atuam sinergisticamente por fatores do

Page 18: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Introdução 18

crescimento, neuropeptídeos e IL-1α conduz a hiperqueratinização ductal e

infundibular anormal. Ectopeptidases, proliferação de P. acnes e o resultado do

aumento de ligantes nos toll like receptores 2 (TLR2) no canal folicular podem

aumentar a produção de IL-1 α e a secreção de IL-1β, os quais induzem a

produção de IL-6, IL-8 e IL-12 nos ceratinócitos infundibulares e macrófagos,

resultando na inflamação e na ruptura folicular com indução das

metaloproteinases das matrizes teciduais que leva a formação cicatricial

(KUROKAWA et al., 2009).

Novas explicações foram propostas na patogênese da acne vulgar. O

aumento dos andrógenos no plasma durante a adolescência inicia ativação dos

receptores dos fibroblastos perifoliculares os quais secretam altos níveis de

FGF7 e FGF10 (fatores do crescimento dos fibroblastos). Esta estimulação

parácrina ativa os receptores FGFR2b que aumentam a ativação da regulação

e promoção da proliferação de genes alvos com aumento da expressão de IL-

1α, ciclina D1 e Shh (Sonic hedgehog). A Shh media a up-regulation de MC5R

(receptor da melanocortina 5 dependente da GLI) que está envolvida na

indução da lipogênese.

A estimulação andrógeno dependente das FGF7, FGF10 e FGFR2b-IL-

1α pode explicar a hiperproliferação e ativação dos ceratinócitos e sebócitos

infundibulares. Mutações do FGFRF2 têm participação importante na

carcinogênese do câncer da próstata. Existe inclusive reportagem de

correlação estatisticamente significante entre o câncer da próstata em

portadores de acne vulgar severa. O aumento da sinalização folicular da

FGFR2 pode ativar a 5- α redutase tipo 1, que pode induzir a síntese de FGF

dependente de andrógenos como resultado do aumento local na produção da

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SOBRAL, J.F.F Introdução 19

diidrotestosterona. Atualmente se conhecem quatro fatores receptores do

crescimento do fibroblasto (ex. FGFR1-4). A epiderme expressa FGFR1 e

FGFR2. A ativação dos receptores tirosina cinases requer ligações de

mediadores específicos de FGFs mediados por proteoglicans heparino sulfatos

na superfície celular dos 2 receptores.

A transdução do sinal ocorre primariamente via cascata da Ras-Raf-

MAPK, que induz a proliferação e diferenciação celular (MELNIK et al., 2008).

A ativação da MPAK, proteína cinase C e Akt durante a transdução do sinal da

FGFR2b é considerada um pré-requisito para a indução na sinalização da Shh-

Gli, que tem uma influência direta na lipogênese (KUROKAWA et al., 2009).

Assim, a via de sinalização do FGFR2 tem importância central na patogênese

da acne (ZOUBOULIS et al., 2005).

As pesquisas que observaram o envolvimento dos FGFR tiveram

importante contribuição a partir dos estudos com a síndrome de Apert e o

nevus comedônico. A acne na síndrome de Apert e o Nevus acneiforme

segmental unilateral estão associados com mutações no fator receptor do

crescimento do fibroblasto 2(FGFR2) , os quais estão envolvidos na

patogênese da acne (KUROKAWA et al., 2009).

Tem sido investigada a sinalização FGF-FGFR2 com a formação do

epitélio mesenquimal dos apêndices cutâneos, homeostase dos folículos

pilossebáceos, comedogênese e proliferação das glândulas sebáceas.

Pesquisas com nevos comedônico, nevos acneiforme segmental unilateral e

síndrome de Apert (sinostose da extremidade distal, coluna e ossos do crânio,

anormalidades dentárias, fenda palatina, sindactilia e acne severa precoce)

indicaram que as alterações na diferenciação terminal ao nível do folículo

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SOBRAL, J.F.F Introdução 20

infundibular estão envolvidas na formação dos comedos fechados e o fator

receptor do crescimento fibroblasto 2 (FGFR2) participa deste mecanismo.

Estudos de Munro e colaboradores (1998), com nevus acneiforme , que

é uma variação do nevus comedônico, e com síndrome de Apert (mutação

heterozigótica de Ser252Tpr e Pro253Arg de dois aminoácidos da região de

ligação de FGFR2) indicaram o envolvimento do FGFR2 na comedogênese.

Este evento elucida a presença da acne na síndrome de Apert (MELNIK, 2008).

A mutação Ser252Trp-FGFR2 aumenta a sinalização do FGFR2 que por

sua vez aumenta a expressão da IL-1α. A IL-1α induz a hiperqueratinização no

infundíbulo folicular in vitro e in vivo (GUY et al., 1996; KUROKAWA et al.,

2009) e induz a proliferação de ceratinas 6 e 16. Andrógenos mediam a up-

regulation da sinalização do FGFR2 e pode ser o sinal inicial na patogênese da

acne (MELNIK, SCHMITZ, 2008).

Baseado nestes novos conceitos na fisiopatologia da AV, as

perspectivas futuras no tratamento desta doença devem ter vários pontos

básicos, tais como: a normalização da ceratinização no infundíbulo folicular,

inibição de IL-1 α, antagonista do receptor da IL-1 α, inibição dos mediadores

da inflamação (ex. 5-lipoxigenase), a inibição da quimiotaxia dos leucócitos, o

antagonismo das citocinas pro - inflamatórias, inibição da produção das

espécies reativas de oxigênio, a ação mais efetiva dos anti-androgênicos, o

aumento na produção dos peptídeos endógenos antimicrobianos e

possivelmente a manipulação de células de Langerhans migrantes e expressão

de TNF α, integrinas e TLR2. A nanotecnologia deve facilitar o alvo folicular

destes novos avanços terapêuticos (KUROKAWA et al., 2009).

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SOBRAL, J.F.F Introdução 21

Os extratos das plantas Azadirachta indica, Sphaeranthus indicus,

Hemidesmus indicus, Rubia cordifolia e Curcuma longa tem apresentado

atividades antiinflamatórias in vitro por suprimir a atividade de espécies reativas

de oxigênio e citocinas pró-inflamatórias induzidas por P. acnes (JAIN et al.,

2003). É possível que este mecanismo esteja envolvido na ação anti-

inflamatória da Anacardium occidentale Linn. observada neste estudo em

pacientes portadores da AV, pois, estudos in vitro (MELO et al., 2005)

observaram inibição de P. acnes com o extrato bruto Anacardium occidentale

Linn.

O folículo sebáceo é associado com glândulas sebáceas largas ou

multilobulares (PLEWIG et al., 2000). Em pacientes com AV, observam-se o

aumento no número dos lóbulos e folículos sebáceos (GOLLNICK et al., 1991).

O estímulo androgênico que ocorre aproximadamente aos sete ou oito anos de

idade inicia o crescimento das glândulas sebáceas, com resultante aumento na

excreção sebácea (POCHI et al., 1979). Os andrógenos mudam tanto os

sebócitos e queratinócitos foliculares que formam o microcômedo e

desenvolvem subsequentemente as lesões inflamatórias e os comedões. Em

nível folicular, os andrógenos são metabolizados por enzimas, em particular 5α

redutase (tipo 1) e 3β e 17β hidroxiesteróide dihidrogenase (THIBOUTOT et al.,

1998).

Em pacientes com AV a produção excessiva do sebo deve-se tanto ao

aumento dos andrógenos circulantes como a hiperresponsividade da unidade

pilossebácea. Muitas evidências apontam para esta observação, pois, nem

todos os folículos sebáceos são afetados, como é demonstrado pela

distribuição assimétrica das lesões da AV na face (AKAMATSU et al., 1992).

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SOBRAL, J.F.F Introdução 22

Em resumo, os andrógenos são fatores causais da AV, ainda que não seja

possível demonstrar anormalidades endócrinas em pacientes com AV. Poucos

pacientes apresentam produção excessiva de andrógenos. Porém, outros

pacientes que apresentam AV tem distúrbios hormonais tais como: ovários

policísticos, hiperplasia da supra-renal. A redução da produção de andrógenos

e a redução da produção do sebo beneficiam o tratamento da AV.

No folículo normal, os ceratinócitos são células enviadas para o lúmen

folicular e a seguir excretadas (GOLLNICK et al., 1991; CUNLIFFE et al.,

2001). Na AV, a hiperproliferação dos ceratinócitos e a sua excreção estão

alteradas. Eles tornam-se densamente empacotados com monofilamentos e

gotas de lipídeos (THIELITZ et al., 2001). A comedogênese ocorre quando a

descamação anormal de corneócitos se acumulam no folículo sebáceo. A lesão

inicial da AV é o microcomedo, lesão microscópica e invisível ao olho nu

(CUNLLIFE et al., 2000). Com o tempo, os folículos ficam cheios de lipídeos,

bactérias e fragmentos de células. Aparecem então as lesões clínicas, como

lesões não inflamatórias (cômedos abertos ou fechados) ou lesões

inflamatórias, se ocorrer proliferação do P. acnes e gerar a produção de

mediadores inflamatórios (KUROKAWA et al., 1989).

Várias teorias têm sido propostas para explicar a descamação anormal

que ocorre em pacientes com AV. Estudos imunohistoquímicos mostram um

aumento na taxa de proliferação dos ceratinócitos basais e diferenciação

anormal dos ceratinócitos da parede folicular dos microcomedos e cômedos.

Estes resultados sugerem uma diminuição relativa do ácido linoléico sebáceo

(DOWNING et al., 1986).

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SOBRAL, J.F.F Introdução 23

A hiperproliferação folicular é também associada com anormal inclusão

de lipídeos, através de uma diferenciação celular anormal ou difusão passiva

de lipídeos para o lúmen do folículo sebáceo. Finalmente, o controle retinóide,

modulação de citocinas e bactérias ductais devem participar do processo

inflamatório na AV (GUY E KEALEY, 1998).

Evidências acumuladas demonstram a importância das citocinas como

mediadores da comedogênese. Em 1992, Inghan e colaboradores observaram

que altos níveis de ativadores biológicos da IL-1 α levam a produção de

comedões nos ceratinócitos foliculares. Corroborando com estes resultados,

Guy e Kealey em 1998 observaram que adição IL-1 α estimula a descamação

anormal e levam a ruptura da parede folicular em cultura in vitro, sugerindo que

a troca na composição do sebo ou secreção irrita os ceratinócitos

infundibulares e resulta na liberação de IL-1 α e início da comedogênese. Em

adição, a IL-1 α pode induzir a inflamação após comprometer a barreira

folicular.

Em resumo, a descamação anormal ocorre precocemente na formação

das lesões da AV e em associação com a hiperproliferação e diferenciação

anormal dos ceratinócitos. O mecanismo que controla este processo não está

completamente elucidado, contudo, a composição lipídica, andrógenos e

citocinas locais, são importantes nestes mecanismos.

O P. acnes não é infeccioso, mas é um fator importante no

desenvolvimento da AV. Contudo, não há correlação entre a gravidade

da AV e contagem do P. acnes na superfície da pele (LEYDEN et al.,

1975).

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Os pacientes freqüentemente procuram o tratamento da AV quando

ocorrem as lesões inflamatórias. Estas lesões se caracterizam por máculas,

pápulas, pústulas ou nódulos. Em casos severos, cicatrizes podem surgir. O

microcomedo precede a formação das pápulas em 80% dos casos (NORRIS et

al., 1988). Posteriormente, ocorre a invasão de linfócitos CD4 na parede

folicular levando a sua ruptura. Em seguida, neutrófilos migram para o foco

inflamatório (PUHVEL et al., 1978).

A ruptura da parede folicular leva ao extravasamento de lipídeos,

corneócitos e bactérias para a derme. Certas citocinas e mediadores

neuroinflamatórios são fatores desencadeantes adicionais do fenômeno

inflamatório. Os receptores para os neuropetídeos tais como: hormônio de

liberação de corticortropina, melanocortina, β-endorfinas, polipeptídio intestinal

vasoativo e peptídeo relacionado ao gene da calcitonina já foram isolados de

sebócitos, em particular a substância P é expressa nas glândulas sebáceas

humanas e afeta o tamanho da glândula e o número de vacúolos do sebo,

contribuindo para anormalidades na diferenciação, proliferação, produção de

citocinas inflamatórias, metabolismo androgênico e síntese dos lipídeos

(TOYODA et al., 2001, ZOUBOULIS, BARON, BOHM , 2008).

O sebo humano apresenta ácidos graxos que têm grande poder

inflamatório, contudo o cômedo fechado parece ser relativamente não irritante.

Foi observado que ao ser injetado na pele, o sebo é inflamatório (WEBSTER,

1995).

O P. acnes é o microrganismo predominante na região sebácea da pele.

É um germe anaeróbio que se localiza no folículo piloso, sendo levado a

superfície da pele pelo fluxo sebáceo. Metaboliza as frações de triglicerídeos

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SOBRAL, J.F.F Introdução 25

do sebo e ocorre mais na adolescência, sendo raro na infância (GUY &

KEALEY, 1998; THIBOUTOT et al., 2009).

O evento inicial da AV inflamatória poderia ser o rompimento do epitélio

folicular que expõe o material intrafolicular que em contato com a derme ativa o

processo inflamatório. Além disso, estudos em lesões demonstraram a

presença de neutrófilos dentro de cômedos aparentemente intactos; sugerindo

que fatores inflamatórios solúveis devem difundir-se dos cômedos intactos e a

ruptura, então, não seria o fenômeno inicial da AV inflamatória. Quando ocorre

o rompimento do cômedo pela ação das enzimas lisossômicas dos neutrófilos,

o material exposto contendo ácidos graxos livres, P. acnes e outras

substâncias estimulam o sistema imune levando a uma resposta inflamatória,

cuja intensidade provavelmente seria mediada geneticamente (KLIGMAN,

2000; THIBOUTOT et al., 2009).

Na AV a reação inflamatória é responsável pelo agravamento e

dramaticidade do quadro clínico, por isso atualmente se pesquisa bastante a

respeito do processo inflamatório nesta afecção, com o objetivo de identificar

as causas e etapas desta reação para uma melhor compreensão e

conseqüentemente o desenvolvimento de terapêuticas mais eficazes.

Foram encontrados anticorpos anti-P. acnes no sangue de pacientes

com a pele clinicamente envolvida, sendo que a reação inflamatória mais

intensa foi diretamente proporcional aos títulos de anticorpos. O aumento na

imunidade ao P.acnes deve ser o evento primário na AV inflamatória. A

elevação imunitária poderia ser o resultado de exposições repetidas ao

antígeno e não refletiria predisposição genética, contudo existem muitas

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SOBRAL, J.F.F Introdução 26

doenças que correlacionam a hereditariedade ao processo inflamatório, como

doenças atópicas e síndrome reumática HLA- linked (WEBSTER, 1995).

A elevação dos andrógenos tem recebido grande atenção para

explicar a variação na severidade na AV inflamatória. O estimulo

androgênico aumenta a secreção sebácea e a população do P. acnes

quando comparados com adultos normais. Muitas mulheres com

hirsutismo hiperandrogênico não têm AV, mas têm níveis elevados dos

andrógenos e sinais virilização. Isto sugere que andrógenos em

excesso na circulação não são isoladamente o fator determinante da

severidade da AV. A elevação dos andrógenos não está relacionada

com a severidade da AV (GUY, RIDDEN E KEALEY, 1996; CHEN et al.,

2006).

A associação familiar com a AV severa pode ser explicada, mas

poucos estudos relacionados com severidade da AV na família têm

sido feitos. AV conglobata e hidradenite têm uma herança

autossômica dominante de único gene, e outras publicações

demonstram à severidade da AV em gêmeos homozigóticos (SOBRAL,

1997). A predisposição genética deve determinar o desenvolvimento

da AV severa em pelo menos algumas situações, isto explicaria as

diferenças individuais à reatividade ao P. acnes. Este conceito que

indivíduos geneticamente predispostos teriam como fator

desencadeador da AV inflamatória a presença do P. acnes poderia

determinar que em pessoas hipersensíveis pequenos estímulos deste

micororganismo seriam os fatores desencadeadores da inflamação e

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SOBRAL, J.F.F Introdução 27

nos menos reativos haveria pouca ou nenhuma inflamação

(WEBSTER, 1995).

Uma classificação universal para a AV ainda é motivo de grandes

controvérsias, sendo muito difícil estabelecer uma escala de gravidade,

assim como o modo de dividir os diferentes tipos clínicos. A primeira

classificação estabelecida foi a de Bloch (1931) que caracterizou a AV pela

contagem do número de comedões, pápulas e pústulas presentes no rosto e

tronco (O’BRIEN et al., 1998). Em 1993, Kligman e Plewig estabeleceram

uma nova classificação pela associação do número e tipo das lesões, como

apresentado no Quadro 1.. O Grupo Brasileiro de AV (GBA) decidiu criar um

algoritmo nacional para orientar a pesquisa, baseado na classificação de

Pillsbury (POCHI et al., 1990), que pareceu ser a mais prática para o uso

diário, facilitando a escolha da abordagem terapêutica mais adequada

(Quadro 1) (RAMOS-E-SILVA et al., 2006). Outras classificações da AV

foram realizadas com base no número de lesões por Leeds e Cunliffe

(2003), Quadros 2 e 3.

Quadro 1 . Classificação da Acne vulgar de acordo com o número de lesões

Lesões Sem inflamação (Cômedos) Com inflamação (pápulas e pústulas)

Grau I < 10 <10

Grau II 10 a 25 10 a 20

Grau III 26 a 50 21 a 30

Grau IV >50 >30

Fonte – (Ramos e Silva, 2006)

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SOBRAL, J.F.F Introdução 28

Quadro 2. Classificação da acne vulgar segundo Leeds (modificada) Comedoniana Leve (<10 cômedos) Moderada (10-40) Grave (>40)

Papulopustulosa Leve (<10 pap/pust.) Moderada (10-40) Grave (>40)

Nodulocística Leve Moderada Grave

Fonte – (Ramos e Silva, 2006). PAP = pápulas e PUST = pústulas.

Quadro 3. Classificação da acne vulgar de Leeds revisada por Cunliffe 2003 _______________________________________________________________

Grau I Predomínio de cômedos, pápulas e Leve

pústulas (pequenas e < 10)

Grau II 10-40 pápulas e pústulas (cômedos) Moderada

Grau III 40-100 pápulas e pústulas, >40 comedos, Moderada/ Severa

nódulos presentes

Grau IV AV nódulo-cística e conglobata com Severa

lesões severas, dolorosas, pápulas

pústulas, e comedos

_______________________________________________________________

Fonte – (Ramos e Silva, 2006)

A AV é a doença responsável pelo maior número de visitas ao

dermatologista, em pessoas com idade entre 15 aos 45 anos. A cada ano

aproximadamente oito milhões de pessoas visitam os consultórios médicos

devido a esta afecção nos EUA. O seu tratamento é um substancial problema,

o qual causa milhões de visitas por ano e com um custo total que excede a um

bilhão de dólares (HARALD et al., 2003). O impacto físico, psicológico e

econômico desta patologia precisa ser compreendido e tratado com a

dimensão real que o problema encerra e afeta milhões de jovens em todo o

mundo.

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SOBRAL, J.F.F Introdução 29

A AV é uma condição prevalente que pode causar significativa

morbidade. Um variado número de tratamentos é efetivo, mas pesquisas

precisam ser feitos para definir quais pacientes podem ser beneficiados com

esquemas de tratamento específicos, num tempo mais curto e com menos

efeitos colaterais. Efetivar estes processos e métodos para alcançar estas

metas ainda pode levar um longo caminho (HARALD et al., 2003).

Avanços recentes na compreensão dos processos patofisiológicos

da AV têm mudado e orientado o manejo da mesma. O ataque simultâneo

aos seus três principais fatores patogênicos deve ser utilizado o mais

breve possível para o seu controle adequado. Na AV leve, na manutenção

e para minimizar o uso de antibióticos - particularmente na AV

comedônica, os retinoides tópicos são o tratamento de escolha. Todos

retinóides tópicos afetam o microcomedo e diminuem os cômedos e as

lesões inflamatórias, (LEYDEN, 2003). Os retinóides têm atividades

contra os cômedos e inflamação como também podem ser associados a

medicamentos antimicrobianos. Para pacientes com AV e componente

predominante inflamatório o peróxido de benzoíla e/ou antibióticos tópicos

aceleram o desaparecimento das lesões inflamatórias. Na AV severa e

moderada, a combinação de antibiótico oral com retinóides tópicos é

apropriada. Mulheres podem ser candidatas à terapia hormonal anti-

androgênica, especialmente se a contracepção oral for desejada pela

paciente. A isotretinoína oral é o tratamento de escolha nos casos mais

graves (graus III e IV) e em situações que terapia tópica foi ineficaz. A

opção para pacientes que não respondem a terapia convencional inclui a

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SOBRAL, J.F.F Introdução 30

isotretinoína oral e terapia hormonal (para mulheres) (SHALITA et al.,

1996; LEYDEN, 2003).

Os retinóides tópicos revertem à descamação anormal por afetar o

“turnover” do folículo epitelial a maturação das células. Em adição, alguns

retinoides tópicos podem afetar a inflamação por modular a resposta

imune, mediadores inflamatórios e migração de células inflamatórias.

Reduz tanto a inflamação como a formação do microcomedão. Estudos

com cromatografia demonstram que os retinoides tópicos: adapaleno e

tretinoína,diminuem os ácidos graxos livres no microcomedão e normaliza

a barreira funcional do infundíbulo o que explica a atividade

antiinflamatória destas drogas. O P. acnes metaboliza triglicerídeos em

ácidos graxos livres, produzindo irritação. Durante o tratamento, os

microcomedões são dramaticamente reduzidos, contudo aumentam após

a suspensão do tratamento. Este evento fundamenta a recomendação da

terapia de manutenção com o retinoide tópico para prevenir a recorrência

das lesões da AV (LEYDEN, 2003).

Os principais retinóides tópicos (Quadro 4) são: tretinoína, adapaleno,

tazaroteno, isotretinoína, motretinide, retinaldeído e β-retinoil glucuronídio. A

tretinoína, o primeiro retinóide estudado, reduz os comedões e as lesões

inflamatórias. Pode ser formulado em creme (0.025%, 0.05%, e 0.1%), gel

(0.01% e 0.025%), líquido (0.05%), novas formulações com microesferas e

polimerizado (LEYDEN, 2003).

O adapaleno é o retinóide menos irritante e não é fotossensibilizante.

Quando se combina retinóide com antimicrobiano tópico ou oral resulta numa

grande redução das lesões do AV e aparecimento de resultados mais rápidos

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SOBRAL, J.F.F Introdução 31

que o uso isolado de retinóide e/ou antimicrobiano (THIELITZ & GOLLNICK,

2008).

O tazaroteno, avaliado em gel ou creme na concentração de 0.05% ou

0.1% é bastante efetivo segundo estudos clínicos, duplo-cego e randomizados.

Entre 68% e 51% dos pacientes obtiveram sucesso terapêutico, resultado

comparável ao adapaleno e sem efeitos adversos sérios. Apresenta boa

tolerabilidade, mas, irritação local superior ao adapaleno. (THIELITZ &

GOLLNICK, 2008).

Parece razoável iniciar o tratamento da AV com retinóides. A alternativa

ao uso isolado dos retinóides pode ser a terapia combinada com zinco,

peróxido de benzoíla ou com antibióticos tópicos. Mas, existe a necessidade de

estudos clínicos bem controlados que comparem peróxido de benzoíla com

novos retinóides. Em adição, o uso de antibióticos em longo prazo aumenta a

resistência bacteriana, especialmente, quando usado como monoterapia. Deste

modo, que é preferível um paciente com AV do que observar uma infecção em

órgão interno por bactéria resistente aos antibióticos. A resistência bacteriana

no tratamento da AV tem sido observada por diversos estudos (LEYDEN,

2003).

Um retinóide é definido atualmente como uma molécula que se liga aos

RARs (receptores de ácido retinóico) e os ativam, diretamente ou através de

conversão metabólica, e assim obtém a transcrição dos genes responsivos ao

ácido retinóico. Essa definição clara supera limitações prévias relacionadas ao

fato de que algumas moléculas estruturalmente semelhantes ao retinol não

tiveram efeitos biológicos, enquanto outros compostos sintéticos sem

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SOBRAL, J.F.F Introdução 32

semelhança com o retinol demonstraram atividade similar a este (THIELITZ &

GOLLNICK, 2008).

A primeira referência aos retinóides surgiu em 1931, quando o comitê do

Prêmio Nobel reconheceu os detalhes da estrutura do retinol. No início a

tretinoína foi utilizada para tratar distúrbios da ceratinização como na psoríase

e na ictiose. Mais tarde, esta foi utilizada com êxito para o tratamento da AV

(KLIGMAN, 2000).

Os efeitos biológicos dos retinóides tópicos são mediados e

regulados pelos citados RARs, pelos RXRs (receptores de retinóide X) – e

também por proteínas citosólicas ligantes (THIELITZ & GOLLNICK, 2008).

Cada família de receptores possui três subtipos (α, β, γ) que formam

homodímeros ou heterodímeros que se ligam a uma extensão do DNA

chamada de elemento responsivo (RARE e RXRE) que induz ou inibe a

expressão dos genes-alvo de maneira dependente ao ligante (THIELITZ &

GOLLNICK, 2008).

Os receptores mais frequentemente distribuídos na pele humana

são RARγ e RARα, e um heterodímero formado por ambos, os quais

transduzem os efeitos dos retinóides na pele humana (CHEN, 1995). A

descoberta de RARs nucleares proporcionou indícios para um desenho

racional de novos agonistas sintéticos seletivos para estes receptores,

com perfis físico-químicos e de tolerabilidade diferentes ou aprimorados

(BIKOWSKI, 2005).

A tretinoína, o primeiro retinóide tópico aprovado para a AV, liga-se a

todos os RARs com a mesma afinidade, e seu metabólito 9-cis ácido retinóico

liga-se aos RXRs. Além disso, a tretinoína aumenta a expressão e se une à

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SOBRAL, J.F.F Introdução 33

proteína carreadora do ácido retinóico II (CRABP II), que é a proteína de

ligação intracelular predominante na pele. Essa ação não seletiva e de ligação

à CRABP II foi proposta como uma das razões para o seu potencial irritante.

Outra desvantagem dessa substância é a sua alta instabilidade quando

exposta à luz e ao oxigênio (MARTIN, 1998).

Essas limitações foram superadas pelo desenvolvimento de novos

retinóides sintéticos de terceira geração. Os três anéis aromáticos da molécula

do adapaleno, aprovado para o tratamento da AV em 1996, tornam essa

molécula mais estável a luz e ao oxigênio. Sua estrutura lipofílica e sua baixa

solubilidade possibilitam a penetração no folículo sebáceo e não através da

pele, o que parece contribuir para um em melhor perfil de torelabilidade

(MARTIN, 1998).

O adapaleno liga-se seletivamente aos RARβ e RARγ e ativa a

expressão gênica por todos os RARs, mas não os RXRs (SHROOT, 1997).

Apesar de ser forte indutora da CRABP II mensageira de RNA, o adapaleno

não se liga a essa proteína, o que também poderia explicar sua melhor

torelabilidade (GRIFFITHS, 2003).

O tazaroteno, aprovado para o tratamento da AV em 1997, foi projetado

como molécula poliaromática com rigidez mais alta de conformação do que a

tretinoína, objetivando a redução de efeitos colaterais. Esta droga é seletiva

para os RARs e ativa a expressão dos genes através dos RARβ e RARγ, mas

antagoniza a atividade da via AP-1 de fator de transcrição nuclear por todos os

RARs. Acredita-se que essa ação seja responsável pelos efeitos

antiinflamatórios e antiproliferativos na psoríase (NAGPAL, 2000).

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SOBRAL, J.F.F Introdução 34

O retinaldeído é um metabólito natural do retinol que não se liga aos

RARs e que apresenta atividade biológica pela conversão em tretinoína nos

queratinócitos epidérmicos. O mesmo se aplica para o retinol e para os ésteres

de retinil utilizados em preparações cosméticas (SORG, 2006).

Quadro 4. Classificação dos retinóides

Primeira geração - não aromáticos

• Tretinoína (all-trans-ácido retinóico)

• Isotretinoína (13-cis-ácido retinóico)

• 9-cis-retinóide

Segunda geração – monoaromáticos

• Etretinato e acitretina

Terceira geração – poliaromáticos

• Adapaleno

• Tazaroteno

• Bexaroteno

Fonte - Sardan e Sehgal, 2003

Os retinóides influenciam a proliferação e diferenciação das células

(BIKOWSKI, 2005) e revertem a proliferação anormal dos queratinócitos,

aumentando o “turnover” folicular epitelial, o que resulta na expulsão dos

comedões maduros (abertos ou fechados) e na supressão da formação de

microcomedões, lesões iniciais da AV (THIELITZ, 2008). Demonstrou-se que o

RARγ, em particular, medeia à eficácia e a possível irritação dos retinóides, ao

passo que a atividade agonista do RARα não tem nenhum impacto na irritação

(THIELITZ, 2008).

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SOBRAL, J.F.F Introdução 35

Além disso, os retinóides modulam a expressão dos fatores de

transcrição, tais como o da via AP-1, que regulam a expressão gênica dos

fatores de crescimento (por exemplo, o fator de crescimento endotelial

vascular) e das enzimas de degradação (por exemplo, MMPS), envolvidos em

respostas inflamatórias (THIELITZ, 2008).

Os retinoides estimulam a síntese do colágeno e impedem o stress

oxidativo, apresentando assim efeito antienvelhecimento (SORG, 2006).

Essas substâncias também estão envolvidas na indução da apoptose

por uma variedade de mecanismos, ligados ou não a receptores de retinóide

(SIMONI, 2001).

A mudança no microclima do folículo pilossebáceo pela prevenção da

hipercornificação promove um ambiente aeróbio inóspito para o P. acnes e é

provável que amplie a penetração de outras drogas tópicas. Um efeito

antibacteriano direto específico contra o P. acnes foi demonstrado somente

para o retinaldeído (PECHERE, 1999). Além deste efeito antiinflamatório

indireto, outros estudos demonstraram atividade imunomoduladora direta dos

retinóides tópicos (JONES, 2005).

Os estudos in vitro revelaram que o adapaleno está associado à inibição

da via da lipoxigenase e de produção de leucotrienos e estes efeitos são

maiores do que os observados com a tretinoína, isotretinoína e etretinato

(SHROOT, 1997).

O adapaleno, a tretinoína e em menor grau a isotretinoína, inibiu a

liberação de radicais livres de oxigênio dos leucócitos polimorfonucleares

derivados de coelhos (SHROOT, 1997). Em 2008, Thielitz e colaboradores

demonstraram que o adapaleno e a tretinoína modulam a resposta imunológica

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SOBRAL, J.F.F Introdução 36

inata, inibindo a expressão do receptor toll-like 2 em monócitos e em

queratinócitos, respectivamente .

O adapaleno é um derivado quimicamente estável do ácido naftóico que

se liga seletivamente aos RARs de subtipo RARγ (encontrado principalmente

na epiderme) e RARβ (encontrado em fibroblastos cutâneos), ativando os

genes responsáveis pela diferenciação celular, e não se une às CRABP II

(WAUGH, 2004). Acredita-se que o adapaleno module a queratinização, a

diferenciação e a inflamação das células epiteliais foliculares. Isso conduz a

uma redução dos microcomedões, os precursores das lesões da AV (WAUGH,

2004).

A eficácia do gel de adapaleno a 0,1% é semelhante à do gel de

tretinoína a 0,025% no tratamento da AV leve a moderada. Em estudos

randomizados, o adapaleno e a tretinoína reduziram o número de

lesões inflamatórias no final do tratamento em 47% a 75% e 38% a

73%, respectivamente, e o número de lesões não inflamatórias em 46%

a 83% e 33% a 83%, respectivamente, (TU, 2001; VERSCHOORE,

1991). A melhora na escala da gravidade com o adapaleno (39-80%) foi

também semelhante à da tretinoína (39-72%) em diversos estudos

(ELLIS, 1998).

O adapaleno tem início rápido de ação (dentro de 1 semana), o que

parece geralmente similar com a tretinoína (GROSSHANS, 1998).

A eficácia e a segurança do adapaleno gel a 0,1% no tratamento

da AV têm sido bem demonstradas em múltiplos estudos clínicos

controlados. Os efeitos adversos foram na maioria leves ou moderados

com boa tolerabilidade. Os eventos adversos dermatológicos

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SOBRAL, J.F.F Introdução 37

observados foram pele seca, desconforto cutâneo e descamação,

relatados respectivamente em 10,5%, 8,3% e 3,3% dos indivíduos

(JONATHAN, 2008). Eritema, descamação, ressecamento, prurido e

ardor são em geral transitórios, sendo maiores nas primeiras semanas

e diminuindo depois. Outros estudos registraram os seguintes eventos

adversos relacionados ao tratamento com adapaleno 0,1%: pele seca

(10%), eritema (2,5%), desconforto cutâneo (6,4%), descamação

(2,6%), prurido (1,7%), queimadura solar (1,9%), irritação da pele

(5,4%) (CUNLIFFE, 1995).

Na terapia da AV o uso de antibiótico tópico e oral não devem ser

usados como monoterapia. Os antibióticos são em geral bem tolerados, mas

em casos raros podem ocorrer efeitos colaterais sérios, hepatopatias com o

uso de minociclina (THIBOUTOT et al., 2009; GOLD et al., 2010).

Peróxido de benzoíla ou ácido azelaíco devem ser associados ao uso de

antibióticos para reduzir o desenvolvimento da resistência ao P. acnes

(SITTART et al., 2006).

O uso de antimicrobianos tem sido a terapia de escolha para a AV por

mais de 30 anos e deve permanecer por muito tempo. Nas últimas duas

décadas, o arsenal de agentes tópicos e sistêmicos vem aumentando. A

indicação para o uso de antibióticos sistêmicos é para AV inflamatória

moderada a severa. As bactérias P. acnes em geral são sensíveis a

tetraciclinas, macrolídeos, sulfonamidas e quinolonas. As tetraciclinas são os

antimicrobianos de escolha, seguida dos macrolídeos.

Os antibióticos orais reduzem o número de P. acnes e

Estafilococcus epidemidis (CUNLIFFE et al., 2003) fatores importantes na

Page 38: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Introdução 38

resposta inflamatória das lesões da AV e possuem atividade

antiinflamatória, pois inibem a quimiotaxia dos neutrófilos, produção de

citocinas e função dos macrófagos. As tetraciclinas diminuem a produção

de prostaglandinas, de óxido nítrico, e aumentam a expressão da

superóxido dismutase. Em adição, ainda inibem a formação do granuloma

inflamatório (PLEWIG et al., 2000).

O peróxido de benzoíla é um poderoso agente antimicrobiano e destrói

bactérias e fungos. Possui um efeito supressor no P. acnes e atua de forma

indireta na comedogênese, pois, a ativação do sistema imune pelo P. acnes é

suprimida (GOLD et al., 2010).

O mecanismo de ação do ácido azelaíco é controverso, muito estudos

sugerem efeito supressor no P. acnes, ação comedolítica e antiinflamatória

(LEYDEN, 2003).

Em geral, com exceção da minociclina, os efeitos colaterais não

são comuns ou graves. Os efeitos gastrintestinais incluem glossite,

náuseas, vômitos, diarréia, esofagite e úlceras. Os efeitos sobre o

sistema nervoso central incluem hipertensão intracraniana benigna.

Porém o mais importante é uso adequado para evitar a resistência

bacteriana (CUNLIFFE et al., 2003).

A resistência microbiana aos antibióticos usados na terapia da AV tem

crescido nos últimos anos, e estima-se que 25% dos pacientes que recebem

antibióticos apresentam P. acnes resistentes. Este fato fez a comunidade

científica estabelecer metas para evitar o aumento de cepas resistentes e os

passos incluem limitar o uso de antibióticos a curtos períodos; associar terapia

tópica com peróxido de benzoíla; evitar longo tempo de uso de antibióticos; no

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SOBRAL, J.F.F Introdução 39

retratamento utilizar o mesmo antibiótico e evitar o uso concomitante de

antibióticos orais e tópicos (SITTART et al., 2006).

A isotretinoína é um retinóide oral derivado da vitamina A. É um fármaco

muito eficaz, pois cerca de 90% dos doentes tratados com o esquema padrão

atingem remissões, que são duradouras em 60% dos casos. Está indicado no

tratamento dos doentes com AV cística ou nodular recalcitrante severa, com

AV moderado resistente ao tratamento convencional, com tendência para a

formação de cicatrizes, com oleosidade excessiva, nos dismórficos ou com

dismorfofobia, com foliculite gram negativo ou piodermite facial (CUNLIFFE et

al., 2001).

Este fármaco afeta todos os fatores etiológicos implicados na AV; induz

uma involução das glândulas sebáceas com acentuada diminuição da

produção de sebo; reverte a hiperqueratose de retenção; reduz o número de P.

acnes e diminui diretamente a inflamação.

Vários estudos recomendam que a isotretinoína deva ser administrada

na dose cumulativa total de 120 a 150 mg/kg, de modo a aumentar a eficácia

do tratamento e reduzir a probabilidade de recidivas. Doses cumulativas

maiores não trazem mais benefícios (CUNLIFFE et al., 2001). A dose mais

eficaz, e que garante maiores benefícios em longo prazo, é de 1 mg/kg/dia, em

duas tomas, preferencialmente às refeições, durante 16-20 semanas, até

atingir a dose cumulativa referida. Deve-se sempre atingir a dose cumulativa

recomendada. Cerca de 40% dos doentes apresentam recidiva, a maioria até

ao segundo ano após o tratamento. As recidivas são mais frequentes nos

doentes muito jovens, naqueles com AV severo, do tronco ou microcístico, e

nas mulheres com distúrbios endócrinos.

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SOBRAL, J.F.F Introdução 40

Nos pacientes que não apresentam uma resposta adequada após o

primeiro ciclo com isotretinoína, deve-se aguardar pelo menos dois meses

antes de iniciar um novo ciclo de tratamento. No entanto, alguns autores

recomendam aguardar pelo menos quatro meses, porque durante este

intervalo os doentes podem continuar a melhorar. Alguns doentes necessitarão

de três a cinco ciclos. Entre os doentes que apresentam recidivas alguns

poderão ser tratados apenas com fármacos tópicos ou com antibióticos orais.

Os efeitos colaterais causados pela isotretinoína são frequentes,

geralmente reversíveis com a interrupção do tratamento e dependentes da

dose (com exceção da teratogenecidade). Alguns efeitos colaterais podem

persistir ou manifestarem-se meses ou anos após o término do tratamento, não

sendo, contudo, graves (SHALITA et al., 1996). Os efeitos colaterais

mucocutâneos são experimentados por quase todos os doentes e incluem

queilite, conjuntivite, secura dos olhos, xerostomia, alteração do nível das

enzimas hepáticas, alterações do metabolismo lipídico (aumento dos

triglicerídeos, do colesterol total, diminuição do colesterol de alta densidade,

neutropenia, e mais raramente desenvolvimento de pseudo-tumor cerebral.

Existe um risco teórico de complicações devido à hiperlipidemia, como

pancreatite aguda e xantomas, se os níveis de triglicerídeos forem superiores a

700 mg/dL.

A isotretinoína está associada ao desenvolvimento de várias

malformações fetais, onde se incluem anomalias do sistema nervoso central,

cardiovasculares e craniofaciais. Pela sua elevada teratogenecidade, antes de

iniciar a isotretinoína deve informar as mulheres em idade fértil sobre os riscos

para o feto e da necessidade de contracepção adequada, que deverá ser

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SOBRAL, J.F.F Introdução 41

mantida até um mês após o tratamento. Como já foi referido, deve ser feito o

teste de gravidez antes do tratamento e só iniciá-lo após a menstruação O

tratamento da AV baseia-se no algoritmo da AV discutido pelo GBA, Como

mostra a Figura 1.

O impacto da AV em particular no paciente não é facilmente julgado pelos

clínicos. Por exemplo, mesmo na AV leve alguns pacientes apresentam

problemas emocionais significantes, com diminuição na qualidade de vida, e em

alguns casos, no convívio social. Felizmente, o tratamento da AV melhora

dramaticamente a qualidade de vida do paciente. Os clínicos precisam entender o

impacto positivo do tratamento na qualidade de vida que é altamente significativo

na vida do paciente. A ansiedade e a depressão são bastante frequentes nos

portadores da AV, e em casos extremos o suicídio já foi descrito em pacientes

com formas graves da doença (MULDER et al., 2001).

FIGURA 1. Algoritmo para o tratamento da acne vulgar

Fenótipo da AV Terapia inicial Terapia de Manutenção

Sucesso

Fonte: (HARALD et al., 2003) . (Pb = Peróxido de benzoíla; AZ= ácido azelaíco; AV= Acne

vulgar).

AV leve

(comedões)

Retinóides tópicos

ou + Pb/Antibiótico

tópico ou AZ

AV moderada

(pápulas e

pústulas)

Terapia combinada

Retinóide tópico + antibiótico

oral ou Retinóide + Pb +

antibiótico oral(ou AZ)

Retinóide tópico ou

retinóide tópico + Pb

ou observação

AV severa

(nódulo-cística)

Isotretinoína Sistêmica

ou Terapia hormonal

(mulher)

Page 42: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Introdução 42

Desde os primórdios da civilização, temos constatado a fragilidade da

saúde humana e os benefícios que a natureza oferece através das plantas. A

fitoterapia repousa sobre uma tradição secular, associada a relatos lendários.

Ela se transmitia de pai para filho ou por observações, o que constitui nossa

herança cultural fitoterápica. Hoje em dia, tem sido alvo de interesse de vários

pesquisadores no mundo inteiro. Com isso vem ocupando cada vez mais

espaço no campo da terapia tradicional (MOTA, 1982; SALLÉ, 1996; MATOS,

1998).

A primeira descrição do cajueiro é atribuída ao historiador André Treveti

(1558). Nos anos posteriores, o cajueiro não passou mais despercebido a

nenhum dos cronistas ou botânicos que vieram encontrá-lo nas praias ou

mesmo no interior do Brasil. Segundo SOULTHEY em 1882 (APUB MOTA,

1982), a espécie Anacardium Occidentale Linn. (AO), é a árvore mais útil das

Américas. Nenhuma outra planta tem tanta importância para o Nordeste

Brasileiro como o cajueiro. Os índios nativos da Região já faziam uso de

extratos desta planta para fins terapêuticos, além de utilizarem, por exemplo, o

suco do pseudofruto e a amêndoa como fonte de alimento de resistência.

Na época em que os holandeses invadiram o nordeste, os médicos

flamengos preferiam cortar os lábios dos soldados para reduzir a deformação

causada pelo escorbuto, depois vieram a descobrir a regressão da doença nas

vítimas consumidoras do caju. Algum tempo depois, Maurício de Nassau, com

o objetivo de proteger estas árvores de tanta utilidade para os índios fixou

multa por cada cajueiro derrubado. (MOTA, 1982)

O AO é uma planta pertencente à família Anacardiacea (Quadro 5), vem

se destacando como planta medicinal devido à potente ação antibacteriana e

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SOBRAL, J.F.F Introdução 43

antiinflamatória de seus metabólitos, principalmente os polifenóis, tanino e

flavonóides (HISLAN, 1966; MOTA, 1982; MELO et al., 1997). As propriedades

farmacológicas do cajueiro são tão conhecidas que atualmente faz parte do

elenco de plantas que estão validadas como medicinais. A classificação

sistemática foi realizada usando como base as características filogenéticas

(JUDD et al., 1999).

A espécie é popularmente conhecida como: cajueiro, acaju, acajuba,

cajubeiro, anacardo (XAVIER, 1995; MELO et al., 1997). É originário da Região

Nordeste do Brasil. Seus decotos e infusos são empregados na medicina

popular (Quadro 6) no tratamento de diarréias, inflamação de garganta,

hemorróidas, diabetes em adultos e inflamações bucais. Também é usado

como anti-séptico e adstringente vaginal (AGUIAR, LINS, 1958; AGUIAR,

CARDOSO, 1959; XAVIER, 1995, MELO et al., 1997).

Quadro 5 – Classificação sistemática de Anacardium occidentale Linn. CLASSE Angiosperma eucotiledonea

ORDEM Sapindales eurosidae

FAMÍLIA Anacardiaceae

GÊNERO Anacardium

ESPÉCIE Anacardium occidentale Linn

NOME POPULAR Caju, acajuba, caju manso

Fonte: MOTA et al., 1982

Praticamente todas as partes do vegetal têm atividade antimicrobiana, tanto

para bactérias gram negativas como para as gram positivas (mostrou ação em 13 das

15 bactérias isoladas), além de uma potente ação antiinflamatória quando comparada

ao ácido acetil salicílico (MOTA, 1982). Outras ações terapêuticas da planta incluem

inibição da formação da placa bacteriana dentária (ARAÚJO et al., 2009). Ainda pode

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SOBRAL, J.F.F Introdução 44

ser utilizado contra a Leishmania (Viannia) brasiliense (KUDI, 1999; AKINPELU,

2001). Tanto a casca quanto as folhas possuem grande quantidade de polifénois,

principalmente taninos, que são os principais responsáveis pelas propriedades

farmacológicas. (MOTA, 1982; HASLAN, 1995; SALLÉ, 1996; MELO et al., 1997).

Quadro 6 – Uso etnofarmacológico de Anacardium occidentale Linn.

Parte usada Indicação Referência

Casca do caule Febre, diabetes, verruga

diarréia, contraceptivo,

purgativo, diabetes,

inflamação, esterilidade

hemorragias, escorbuto,

amigdalite, inseticida

GILL et al, 1986; DUKE,

1994; AYENSU, 1978;

LEWIS, 1980; NAYAR et

al 1969 VASILEVA,

1969.

Fruto Lepra, vermes,

desordens uterinas

DUKE et al, 1985;

AYENSU,1978

Folhas Diabetes, diarréia,

estomatite, disenteria,

hemorragias

MULLER-

OERLINGHAUSEN et al

1971; GILL,1986;

SWANSTON et al, 1989;

Castanha Purgativo, inflamação,

verrugas

MELO, 1997.

Sementes Hemorragia, purgativo,

verrugas, disenteria

MELO, 2005.

Fonte: Melo et. al., 2005

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SOBRAL, J.F.F Introdução 45

Nos estudos galênicos, após a identificação botânica e obtenção do

extrato bruto da casca dessa planta, podemos produzir um gel dermatológico

que é o veículo de escolha para peles oleosas, pois tem característica

hidrossolúvel. Somando-se a isto temos a característica adstringente do extrato

da planta, contribuindo assim com estas duas propriedades, para a diminuição

da oleosidade da pele (MELO, 2002).

Este gel é obtido a custo baixíssimo, devido ao fato de utilizarmos uma

matéria prima de fácil aquisição em nosso meio, por ser encontrado em todo

nordeste, além de termos um custeio baixo e ser uma planta bastante

conhecida no meio popular. Os ensaios farmacotécnicos revelaram que o

extrato é incorporado pelas formas farmacêuticas gel dermatológico e creme

dermatológico. Ensaios preliminares mostraram que as perspectivas utilização

nas Indústrias Cosmética e dos Medicamentos são ótimas, pois o uso destas

novas formulações leva a uma diminuição do uso de antibióticos, que não

raramente acarretam reações indesejáveis ao organismo humano.

Na literatura temos relato de diversos estudos a respeito da eficácia do

extrato bruto, extraído das várias partes do AO, no tratamento de doenças da

pele (BARRET, 1994), mas nada está relacionado ao estudo da eficácia do

extrato da casca no tratamento da AV.

Os testes de toxicidade aguda e DL50 do extrato bruto da casca de AO

foram realizados em camundongos machos por via intraperitoneal, a DL50

calculada foi de 1105,14 mg/kg (MELO , 2005).

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SOBRAL, J.F.F Justificativa 46

2. JUSTIFICATIVA

A acne é a doença responsável pelo maior número de visitas ao

dermatologista, em pessoas com idade entre 15 aos 45 anos. A cada ano nos

EUA entre 6 a 8 milhões de pessoas vão aos consultórios médicos devido a

acne vulgar. O tratamento da acne é um substancial problema, o qual causa

milhões de visitas por ano e com um custo total que excede a um bilhão de

dólares (HARALD et al, 2003). O impacto físico, psicológico e econômico desta

patologia requer medidas e ações governamentais para seu efetivo controle,

uma vez que, esta patologia atinge mais de 40% das pessoas entre 15 aos 30

anos.

O Ministério da Saúde, em 1981, definiu o estudo das plantas medicinais

como uma das prioridades de investigação em saúde. Assim a Central de

Medicamentos (CEME) criou Programa de Pesquisas em Plantas Medicinais.

Um número, cada vez maior, de produtos fitoterápicos aparece no

mercado, como inócuos, porém sem a devida comprovação científica de seus

constituintes. Recentes normativas (CIPLAN n0 08/88 e Resolução - RDC

números 17 de 24/02/2000) dispõem sobre o registro de medicamentos

fitoterápicos, buscando-se a melhoria da sua segurança, eficácia, e qualidade,

resguardando a saúde dos pacientes, obrigando as indústrias desse setor à

pesquisa no domínio dos fitoterápicos. Investimento em pesquisa nesta área

Page 47: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Justificativa 47

torna-se a única forma de possibilitar o avanço tecnológico da produção de

fitoterápicos verdadeiramente seguros e eficazes.

A acne vulgar é uma patologia que atinge entre 40 a 60% da população

dos jovens brasileiros, entre os 12 e 30 anos, com casos que podem levar a

graves problemas de natureza psicológica (SOBRAL, 1993). Porém, ainda não

existe um tratamento que seja ao mesmo tempo eficaz, de baixo custo e sem

efeitos colaterais importantes.

Outro problema de grande importância clínica e terapêutica é o aumento

crescente de cepas bacterianas resistentes ao uso de antibióticos. Deste modo,

a procura por novos fármacos faz-se necessário na tentativa de ampliar o

arsenal terapêutico desses pacientes, em especial, produtos derivados de

plantas medicinais com ensaios toxicológicos, investigação de segurança e

eficácias comprovadas. Neste sentido, o gel obtido da casca de Anacardium

occidentale Linn. enquadra-se neste perfil e ainda apresenta um baixo custo de

produção, restando saber se é eficaz em pacientes portadores da AV.

Por outro lado, analisando a fisiopatologia desta doença observamos

que drogas com propriedades antiinflamatórias e antibacterianas

(especialmente drogas que sejam eficazes contra o Propionibacterium acnes)

apresentam efeito terapêutico nos pacientes portadores da AV. Assim, pelo

menos tecnicamente baseados nas propriedades antiinflamatórias e

antibacterianas do gel obtido da casca de Anacardium occidentale Linn.

observadas em várias pesquisas (BARBOSA, 1985; BARRET 1994), seja

possível supor que este produto possa apresentar efeitos terapêuticos em

pacientes com AV, com as vantagens do baixo custo de produção e boa

tolerabilidade.

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SOBRAL, J.F.F Objetivos 48

3. OBJETIVOS

3.1. GERAL

⇒ Avaliar a segurança e a eficácia terapêutica do gel obtido a partir da casca

do caule de Anacardium occidentale Linn., no tratamento de pacientes com

Acne Vulgar.

3.2. ESPECÍFICOS

⇒ Realizar ensaio farmacológico clínico de fase I com gel obtido da casca do

caule de Anacardium occidentale Linn. com base nas resoluções 251/97 e

196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

⇒ Realizar ensaio farmacológico clínico de fase II com o gel obtido da casca

do caule de Anacardium occidentale Linn. nos pacientes com Acne Vulgar

graus I e II.

⇒ Contribuir para o conhecimento do potencial clínico e farmacológico da

espécie Anacardium occidentale Linn.

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SOBRAL, J.F.F Material e Métodos 49

4 MATERIAL

4.1 Composição do fitoterápico Hidrogel de Anacardium occidentale Linn .

Estudos anteriores demonstraram a viabilidade do gel a partir do extrato

bruto seco (EBS) da casca do caule de Anacardium occidentale Linn. O

hidrogel foi obtido tendo como gelificante o carbopol 940, o solvente utilizado

foi água destilada e o tenso ativo a trietanolamina. Depois do gel pronto

incorporou-se o extrato de Anacardium occidentale Linn.. A formulação ideal do

gel de extrato bruto da casca do caule de AO pode ser observada no Quadro 7.

Quadro 7 - Formulação ideal do gel de extrato bruto da casca do caule de Anacardium. occidentale Linn.

Carbopol 940....................................................... 2,5 g

Trietanolamina.................................................... 2,5 ml

Extrato vegetal.................................................... 4,0 ml

Água destilada q.s.p............................................ 100,0 ml

Fonte: MELO, 2002

No controle de qualidade do hidrogel foi observado que na determinação

do índice de tanino encontrou-se uma concentração de 12,5%, concentração

esta suficiente para inibir as bactérias que contribuem para a formação da

acne, além de ser suficiente também para diminuir a oleosidade da pele, fator

preponderante para o controle da acne. (MELO, 2002).

Page 50: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Material e Métodos 50

O estudo Reológico confirmou que a massa gelificada é não-newtoniana

e plástica. Estas características estão de acordo com a literatura, ou seja, o

hidrogel do extrato bruto seco (EBS) da casca de Anacardium occidentale Linn.

mostrou-se uma forma farmacêutica de boa qualidade (MELO, 2002). Nestas

condições, o hidrogel de Anacardium occidentale Linn. foi fornecido pelo

laboratório de toxicologia da UFPE.

Page 51: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Material e Métodos 51

5 MÉTODOS

5.1. Ensaio Clínico Farmacológico de Fase I

Este estudo foi conduzido de acordo com a Declaração de Helsinki

e da Boa Prática Clinica, observando-se as normas de segurança

requeridas. O protocolo de estudo foi revisado e aprovado por comitê

ético em pesquisa com seres humanos do Hospital Lauro Wanderley da

Universidade Federal da Paraíba, com base na Resolução número 196⁄96

do CNS⁄MS que regulamenta a ética da pesquisa em seres humanos sob

numero 010⁄09.

O desenho consistiu de um estudo aberto, aleatório, com 40

voluntários sadios, de ambos os sexos, adultos. Neste estudo cada

voluntário foi seu próprio controle, pois seus dados coletados no período

inicial do estudo foram comparados com os obtidos durante e após o

tratamento. Assim, foram formulados convites as pessoas adultas, a

formarem grupos de, no mínimo, 40 integrantes (18 do sexo masculino e

22 do sexo feminino), entre 18 a 40 anos, aparentemente sadios, sem

distinção de cor.

Page 52: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Material e Métodos 52

Antes de iniciar o estudo, os voluntários foram informados sobre o

objetivo e a natureza do mesmo e assinaram um termo de consentimento livre

e esclarecido em duas vias (uma do pesquisador e outra do paciente),

oficializando sua participação na pesquisa e autorizando a publicação dos

resultados obtidos, após anamnese e exame físico que os consideraram em

aparente estado de boa saúde.

Todos os participantes foram avaliados laboratorialmente através de

hemograma completo, Beta HCG (mulheres), creatinina sérica e

transaminases: aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase

(ALT). A dosagem de transaminases foi realizada após a décima segunda

semana do estudo, bem como a pele foi examinada por dermatologista para

avaliação de possíveis reações adversas. O gel obtido da casca da

Anacardium occidentale Linn. foi aplicado na pele dos voluntários deste estudo

através da via de administração dermal durante três semanas e, a cada

semana, foram avaliados pelo doutorando e observados os efeitos adversos,

utilizando formulário padrão (anexo III) e requisitados os exames laboratoriais

específicos.

Os pacientes que demonstraram alterações laboratoriais nos exames de

análises clínicas, que revelam disfunção renal, diabetes, alterações cardíacas,

grávidas, alcoólatras (80 mg/dia), fumantes ou em uso de alguma medicação

nos últimos 3 meses e homens com barba foram excluídos deste estudo.

Page 53: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Material e Métodos 53

5.2 Ensaio Clínico Farmacológico de Fase II

Este é um ensaio farmacológico clínico, de fase II, randômico, duplo-

cego, controlado, comparando o tratamento da AV com o adapaleno tópico e o

hidrogel obtido da casca do caule de Anacardium occidentale Linn.

O ensaio clínico de fase II foi desenvolvido seguindo as diretrizes e

normas regulamentadoras de Pesquisas envolvendo seres humanos,

contidas nas Resoluções nº 196 / 96 e nº 251 / 97 do Conselho Nacional de

Saúde (CNS) do Ministério da Saúde (MS). O estudo foi também conduzido

de acordo com a Declaração de Helsinki e da Boa Prática Clinica, e

observando as normas de segurança requeridas. O protocolo de estudo no

010⁄09 foi revisado e aprovado por comitê de ética e pesquisa em Humano

da Universidade Federal da Paraíba.

Foram incluídos na amostra 40 pacientes portadores da AV, de ambos os

sexos, atendidos no ambulatório de Dermatologia do Hospital Universitário

Lauro Wanderley, selecionados aleatoriamente, em dois grupos, com

proporção de 1:1, e fornecidos os medicamentos identicamente rotulados:

adapaleno 0,05% gel e o gel obtido da casca do caule de Anacardium

occidentale Linn. Antes de iniciar o estudo, os pacientes foram informados de

todos os objetivos e tratamentos a serem submetidos e assinaram o termo

específico de Consentimento Livre e Esclarecido, em duas vias (uma do

pesquisador e a outra do paciente), oficializando sua participação na pesquisa

e autorizando a publicação dos resultados obtidos.

Page 54: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Material e Métodos 54

Para preservar a característica de duplo-cego do estudo, todas as

avaliações do tratamento foram realizadas por um estatístico que não estava

envolvido na coleta dos dados, no gerenciamento ou nas análises. Além disso,

a medicação foi fornecida por um farmacêutico, e não pelo avaliador. O gel

obtido da casca do caule de Anacardium occidentale Linn. foi preparado

conforme quadro 7 e colocado em vidros de modo idêntico ao adapaleno. Os

medicamentos foram preparados através de manipulação, e as duas

substâncias foram fornecidas aos pacientes de modo duplo-cego, separadas

em grupos denominados I e II.

Os pacientes foram randomizados na proporção 1:1 para receber

Adapaleno 0,1% gel e gel da casca de Anacardium occidentale Linn., uma

vez ao dia à noite por um período de 12 semanas. O cumprimento do

programa foi monitorado através da devolução dos tubos distribuídos na

consulta anterior. Não foi permitido o uso de quaisquer outras medicações

durante o estudo.

Desta forma o ensaio foi desenvolvido no decorrer de doze semanas. Após

receberem os géis, os pacientes foram avaliados na linha base, após uma

semana e depois a cada três semanas: (0-1-3-6-9-12 semanas), contando a

partir do dia zero. A cada consulta de acompanhamento, os pacientes foram

submetidos à história clínica e familiar, a exames físicos gerais e

especializados e questionados sobre melhora, manutenção ou piora dos seus

sinais e sintomas através de protocolo elaborado especificamente para esse

estudo, a ser preenchido unicamente pelo doutorando (anexo III).

A avaliação das lesões inflamatórias e não inflamatórias da doença foi

realizada utilizando uma escala analógica numérica (EAN) composta por uma

Page 55: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Material e Métodos 55

linha de dez cm, sendo que uma das extremidades representa ausência de

lesões (= a zero) e outra a presença de lesões graves (=10) (anexo III).

Neste estudo foram incluídos pacientes do sexo masculino e feminino, com

idade superior a 18 anos e inferior a 30 anos, de todas as raças, com

diagnóstico de AV leve a moderada (de acordo com GBA, 2006), atendidos em

ambulatório da especialidade por um único examinador (Pesquisador –

Dermatologista).

Os pacientes com AV conglobata ou com outras patologias, a exemplo

de doenças neurológica, infecciosa ou óssea; pacientes portadores de

glaucoma, retenção urinária, doença cardíaca coronariana, arritmias,

insuficiência cardíaca congestiva, além de gestantes ou com desejo de

gravidez, nutrizes, ou que tenham feito uso de outras drogas nos últimos

três meses e homens com barba foram excluídos do estudo. Durante a

pesquisa os pacientes deveriam evitar medicamentos com efeitos

antiinflamatórios e antibióticos.

Page 56: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Material e Métodos 56

5.3 Avaliação da Eficácia e Segurança

Foram monitorados sinais e sintomas de reações clínicas adversas nos

pacientes. A cada visita, o pesquisador avaliou o número de lesões

inflamatórias (pápulas, pústulas, nódulos e cistos) e lesões não-inflamatórias

(cômedos abertos e fechados) da face dos pacientes com AV. O número de

cômedos abertos, cômedos fechados, pápulas e pústulas contados em

separados. O investigador também avaliou o grau global da AV, bem como a

severidade da mesma a partir do sistema de gradação proposto pelo GBA

(RAMOS-E-SILVA, 2006). O pesquisador registrou a tolerância local da face

em cada visita através da observação do eritema, escama, pele seca,

sensação de ardor, dor ou picada em categorias separadas na escala de

nenhuma (0), leve (1), moderada (2) e severa (3). Os pacientes foram

questionados para relatar sobre possíveis efeitos adversos.

A avaliação da eficácia primária final foi feita em comparação com a

contagem total das lesões inflamatórias e não inflamatórias desde o início até a

última observação na décima segunda semana. A comparação do grau de

severidade global e todos os pontos, contagens de lesões por semana e com

suas respectivas linhas de base foram também registradas.

A segurança primária foi registrada através do aparecimento de eritema,

escamas, pele seca e sensação de queimou ou picadas desde o início da

Page 57: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Material e Métodos 57

pesquisa até a décima segunda semana. Cada efeito adverso (dermatológico e

não-dermatológico) foi registrado.

Um questionário específico sobre o aparecimento e as características de

possíveis efeitos adversos era aplicado a cada consulta, devendo ser

respondido pelo próprio paciente e/ou auxiliado por uma terceira pessoa

(colaborador), tendo em vista os conhecidos efeitos adversos do adapaleno,

visando não comprometer a qualidade do estudo duplo-cego (anexo IV).

Todos voluntários realizaram exames laboratoriais no início e no final do

estudo (hemograma completo, Beta HCG (mulheres), creatinina sérica e

transaminases: aspartato aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase

(ALT). A dosagem das transaminases foram realizadas também após a oitava

semana de estudo. Os exames foram realizados no Laboratório de Análises

Clínicas Maurílio de Almeida e no Hospital Universitário Lauro Wanderley da

UFPB.

Page 58: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Material e Métodos 58

5.4 Análise estatística

Para a análise estatística dos resultados obtidos foram utilizados o Teste

de análise de variância (ANOVA) com medidas repetidas, seguido do pós-teste

de Dunnett, pelo test-t de Student ou através do teste de Fisher. Os dados

numéricos foram aplicados no programa Graph Pad Prism versão 4,02. Os

valores obtidos foram expressos em média ± erro padrão da média (e.p.m.),

sendo os resultados considerados significativos quando apresentaram um valor

de p < 0,05.

Page 59: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 59

6 RESULTADOS 6.1 Ensaios Clínicos Farmacológicos de Fase I

A amostra final avaliada foi constituída de 40 voluntários saudáveis de

ambos os sexos, sendo 22 (55%) do sexo feminino e 18 (45%) do sexo

masculino. A média das idades dos participantes do sexo masculino foi de 23,1

± 0,83 anos (19–30 anos mínimo/máximo) e a média das idades dos

participantes do sexo feminino foi de 23,3 ± 0,52 anos (19–28 anos

mínimo/máximo).

A formulação a base do gel de AO foi utilizada na face de todos os

voluntários diariamente, por um período de 3 semanas e foi bem tolerado por

todos, não sendo registrado nenhum efeito adverso na pele dos mesmos.

As tabelas 1 e 2 mostram que os exames laboratoriais foram, em geral,

dentro dos limites de normalidade durante cada semana de administração, para

o sexo masculino e o feminino, respectivamente. Não foram observadas

variações estatisticamente significantes quando se comparou a avaliação

durante a administração com o período basal dos voluntários (p<0,05) tanto do

sexo masculino como no sexo feminino conforme observado nas figuras 2 a 6.

Page 60: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 60

Tabela 1. Ensaio farmacológico clínico de fase I (parâmetros bioquímicos e hematológicos) com gel obtido da casca do caule de Anacardium occidentale Linn. Resultados dos exames laboratoriais obtidos dos voluntários saudáveis do sexo masculino durante o período de tratamento por via tópica (na face), comparados aos valores observados antes e após a administração do fitoterápico. Parâmetro Inicial Final Valores normais Hemácias (10 6/mL) 5,3 ± 0,11 5,2 ± 0,09 4,5 a 6,5 Hemoglobina (g/dL) 15,1 ± 0,18 14,86 ± 0,17 13,5 a 18 Leucócitos / mL 6804,0 ± 5 6326,0 ± 312,6 4.000 a 10.000 Linfócitos % 37,3 ± 2,3 37,5 ± 1,79 22 a 40 Plaquetas (10 3/mL) 247,8 ± 15,1 219,2 ± 12,57* 130 a 370 Glicemia (mg/dL) 82,6 ± 2,2 78,8 ± 1,7 70 a 100 Uréia (mg/dL) 26,4 ± 2,1 25,7 ± 1,7 10,0 a 50,0 Creatinina (mg/dL) 0,88 ± 0,04 0,78 ± 0,05*** 0,60 a 1,30 Colesterol total (mg/dL) 152,9 ± 6,4 152,2 ± 7,1 < 200 HDL (mg/dL) 51,2 ± 2,0 49,9 ± 2,2 > 40 Triglicerídeos (mg/dL) 101,6 ± 12,9 96,3 ± 10,4 < 160 AST (u/L) 20,0 ± 1,5 20,1 ± 1,4 Até 42 ALT (u/L) 17,1 ± 0,85 16,2 ± 1,4 Até 41 Fosfatase Alcalina (u/L) 85,0 ± 11,8 67,1 ± 6,2 27 a 150 Beta HCG - - - Os valores representam media ± e.p.m. (n=18); *p<0,05, **p<0,01, ***p<0,001 (Teste t-Student) Tabela 2 . Ensaio farmacológico clínico de fase I (parâmetros bioquímicos e hematológicos) com gel obtido da casca do caule de Anacardium occidentale Linn. Resultados dos exames laboratoriais obtidos dos voluntários saudáveis por sexo feminino durante o período de tratamento por via tópica (na face), comparados aos valores observados antes e após a administração do fitoterápico Parâmetro Inicial Final Valores

normais Hemácias (10 6/mL) 4,4 ± 0,09 4,5 ± 0,07 4,6 a 6,2 Hemoglobina (g/dL) 12,7 ± 0,25 12,8 ± 0,19 12 a 16 Leucócitos / mL 6553,0 ± 403,8 6784,0 ± 358,5 4.000 a 10.000 Linfócitos % 38,7 ± 1,6 34,8 ± 1,8* 22 - 40 Plaquetas (10 3/mL) 261,3 ± 14,0 266,9 ± 12,4 130 - 370 Glicemia (mg/dL) 78,6 ± 1,8 74,9 ± 2,4 70 a 100 Uréia (mg/dL) 23,9 ± 1,1 24,5 ± 1,3 10 a 50 Creatinina (mg/dL) 0,72 ± 0,03 0,74 ± 0,02 0,50 a 1,10 Colesterol total (mg/dL) 181,8 ± 8,3 186,8 ± 6,3 < 200 HDL (mg/dL) 57,4 ± 2,7 56,1 ± 2,4 > 40 Triglicerídeos (mg/dL) 85,1 ± 5,4 80,2 ± 4,0 < 160 AST (u/L) 21,8 ± 1,6 21,3 ± 1,4 Até 42 ALT (u/L) 20,1 ± 1,7 17,2 ± 1,6 Até 41 Beta HCG 100% negativos 100% negativos negativo Os valores representam media ± e.p.m. (n=22); *p<0,05, **p<0,01, ***p<0,001 (Teste t-Student).

Page 61: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 61

A B

Contagem de Hemácias

Inicial Final0

1

2

3

4

5

6

7

Hem

ácia

s 1

06 /m

L

Hemoglobina

Inicial Final0

10

20

Hem

oglo

bina

(g/

dL)

C D

Leucócitos

Inicial Final0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Leuc

ócito

s / m

l

Linfócitos

Inicial Final0

10

20

30

40

50

% L

infó

cito

s

E

Plaquetas

Inicial Final0

100

200

300

Pla

quet

as 1

03 / m

L

Figura 2. Análise da função hematológica (média ± e.p.m.) no início e no final do tratamento em voluntários saudáveis do sexo masculino (p < 0,05).

Page 62: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 62

A B

Glicemia

Inicial Final0

20

40

60

80

100

Glic

ose

mg/

dL

Uréia

Inicial Final0

5

10

15

20

25

30

Uré

ia m

g/dL

C D

Creatinina

Inicial Final0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

*

Cre

atin

ina

mg/

dL

Colesterol total

Inicial Final0

50

100

150

200

Col

este

rol T

otal

mg/

dL

E F

HDL

Inicial Final0

10

20

30

40

50

60

70

HD

L m

g/dL

Triglicerídeos

Inicial Final0

25

50

75

100

125

Trig

licer

ídeo

s m

g/dL

Figura 3. Análise das funções renal e metabólica (média ± e.p.m.) no início e no final do tratamento em voluntários saudáveis do sexo masculino (p < 0,05).

Page 63: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 63

A B

AST

Inicial Final0

5

10

15

20

25

AS

T u

/L

ALT

Inicial Final0

5

10

15

20

ALT

u/L

C

Fosfatase alcalina

Inicial Final0

25

50

75

100

125

*

FA

L u/

L

Figura 4. Análise da função hepática (média ± e.p.m.) no início e no final do tratamento em voluntários saudáveis do sexo masculino (p < 0,05).

Page 64: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 64

A B

Contagem de Hemácias

Inicial Final0

1

2

3

4

5

6

Hem

ácia

s 1

06 /m

L

Hemoglobina

Inicial Final0

5

10

15

Hem

oglo

bina

(g/

dL)

C D

Leucócitos

Inicial Final0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

Leuc

ócito

s / m

L

Linfócitos

Inicial Final0

10

20

30

40

50

*

% L

infó

cito

s

E

Plaquetas

Inicial Final0

50

100

150

200

250

300

Pla

quet

as 1

03 / m

L

Figura 5 . Análise da função hematológica (média ± e.p.m.) no início e no final do tratamento em voluntários saudáveis do sexo feminino (p < 0,05).

Page 65: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 65

A B

Glicemia

Inicial Final0

20

40

60

80

100

Glic

ose

mg/

dL

Uréia

Inicial Final0

5

10

15

20

25

30

Uré

ia m

g/dL

C D

Creatinina

Inicial Final0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

Cre

atin

ina

mg/

dL

Colesterol total

Inicial Final0

50

100

150

200

Col

este

rol T

otal

mg/

dL

E F

HDL

Inicial Final0

10

20

30

40

50

60

70

HD

L m

g/dL

Triglicerídeos

Inicial Final0

25

50

75

100

Trig

licer

ídeo

s m

g/dL

Figura 6. Análise das funções renal e metabólica (média ± e.p.m.) no início e no final do tratamento em voluntários saudáveis do sexo feminino (p < 0,05).

Page 66: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 66

A B

AST

Inicial Final0

5

10

15

20

25

AS

T u

/L

ALT

Inicial Final0

5

10

15

20

25

ALT

u/L

C

Fosfatase alcalina

Inicial Final0

10

20

30

40

50

60

70

FA

L u/

L

FIGURA 7. Análise da função hepática (média ± e.p.m.) no início e no final do tratamento em voluntários saudáveis do sexo feminino (p < 0,05). 6.2 - Ensaios Clínicos e Farmacológicos de Fase II

A amostra total foi constituída de 43 pacientes randomicamente

selecionados para os dois grupos de tratamento, sendo que 39 destes

concluíram o estudo (20 voluntários fizeram uso do adapaleno e 19 aplicaram o

gel de AO). Três voluntários do grupo do adapaleno e 01 voluntário do grupo

da AO não completaram o estudo como mostra a figura 8. Os pacientes que

usaram adapaleno não seguiram o estudo por causa de efeitos adversos como:

irritação local e agravamento das lesões preexistentes. Enquanto um paciente

não fez uso adequado do gel de AO e por este motivo foi excluído da pesquisa.

Page 67: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 67

Figura 8. Desenho e fluxograma dos pacientes que participaram do estudo.

O sexo que teve um leve predomínio foi o feminino com 55% da amostra

em comparação com sexo masculino 45%. A idade média da amostra avaliada

foi de 23,1 anos (19 -30 anos). Sendo que a média das idades dos pacientes

tratados com AO foi de 24,5 ± 0,64 anos (19–28 anos mínimo/máximo), e a

média das idades dos pacientes tratados com o adapaleno foi de 22,5 ± 0,63

anos (19-29 anos mínimo/máximo), conforme mostra a tabela 3. O tempo

médio (meses) de duração da AV antes do tratamento com o hidrogel de AO foi

de 8,3 ± 0,42 meses (5–10 meses mínimo/máximo), enquanto que, para o

grupo que fez uso de adapaleno o tempo médio (meses) de duração da AV

antes do tratamento foi 6,9 ± 0,43 meses (5–10 meses mínimo/máximo), como

mostra a tabela 3.

Page 68: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 68

Com relação à classificação do grau da acne, 90% dos pacientes que

fizeram uso de adapaleno foram classificados em grau II, enquanto que 94,3%

dos pacientes que utilizaram AO foram classificados como grau II da AV. De

forma que, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas

entre os dois grupos nas avaliações da AV. As características demográficas e

do período basal foram similares entre os dois grupos de tratamento e estão

resumidos na Tabela 3.

Tabela 3. Características demográficas e do período basal da população Característica Adapaleno 0,1 % AO

Idade média, anos (±DP) 22,5 (±0,63) 24,5 (±0,64)

Sexo, nº (%)

Masculino 07 (35%) 09 (47,3%)

Feminino 13 (65%) 10 (52,7%)

Duração média da AV, meses 6,9 ± 0,43 (5-10) 8,3 ± 0,42 (5-10)

Classificação da AV nº (%)

Grau I 02 (10%) 01 (5,3%)

Grau II 18 (90%) 18 (94,3%)

6.2.1 Avaliação da eficácia clinica e segurança

Os resultados primários são mostrados nas Tabelas 4, 5 e 6. Os

pacientes de ambos os grupos de tratamento obtiveram significativas reduções

a partir dos valores basais na contagem total de lesões, no número de lesões

inflamatórias (pápulas e pústulas) e nas lesões não inflamatórias (cômedos). A

média percentual de alterações na contagem das lesões inflamatórias e não

inflamatórias do ponto basal e nas semanas terceira, sexta, nona e décima

segunda semanas podem ser observadas na tabela 4.

Page 69: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 69

A partir do ponto primário para o final houve uma redução significante na

média percentual da contagem de lesões não inflamatórias (cômedos)

(p<0,005), nas pápulas (p<0,319) e pústulas (p<0,105). Conforme se observa

na Tabela 4, as lesões não inflamatórias (cômedos) a pontuação média foi

significativamente maior no grupo do adapaleno 0,1% (p<0,005) quando

comparado ao hidrogel de AO com um percentual médio de redução de 45,9%

contra 21,9% observados no gel de AO, como mostrado na tabela 4.

Não houve diferenças significativas entre os grupos de tratamento com

relação às lesões de natureza inflamatória (pápulas e pústulas). O percentual

médio de redução nas lesões tipo pápulas foi de 52,0% no grupo do adapaleno

e de 59,0% para o grupo do gel de AO. Para as lesões tipo pústulas o

percentual médio de redução foi de 57,9% no grupo do adapaleno contra

70,1% para o grupo do AO, conforme se observa na tabela 4 e figura 9.

Os resultados de eficácia clínica foram similares em ambos os grupos na

avaliação global das lesões, ou seja, quando se observou o percentual médio

de redução total das lesões (inflamatórias e não inflamatórias), o resultado foi

estatisticamente (p<0,05) semelhantes para os dois grupos de tratamento,

como mostra a figura 10 e tabela 6, onde se observa que ao final da 12ª

semana de tratamento um percentual médio de 43,1% para o grupo tratado

com adapaleno e 42,7% nos voluntários que usaram o hidrogel de AO.

Na tabela 6 e na figura 10 observamos uma redução maior e

estatisticamente significativa (p<0,01) na contagem de lesões totais na primeira

semana de tratamento para o grupo tratado com o gel de AO (19,8%)

comparado com o grupo de adapaleno (5,7%), porém nas semanas seguintes a

eficácia clinica observada foi estatisticamente semelhante para os dois grupos

avaliados.

Page 70: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 70

Tabela 4. Percentual médio de redução nas lesões não inflamatórias (cômedos),

lesões inflamatórias (pápulas e pústulas) e cicatrizes por semana.

Critérios Adapaleno Anacardium occidentale % Redução dos Cômedos 1ª Semana - 9,3%

3ª Semana – 26,0% 6ª Semana – 34,0% 9ª Semana – 39,0% 12ª Semana – 45,9%

1ª Semana – 11,6% 3ª Semana – 21,9% 6ª Semana – 19,0% 9ª Semana – 18,8% 12ª Semana – 21,9%

% Redução das Pápulas 1ª Semana – 3,8% 3ª Semana – 37,0% 6ª Semana – 50,4% 9ª Semana – 52,8% 12ª Semana – 52,0%

1ª Semana – 31,1% 3ª Semana – 50,4% 6ª Semana – 56,6% 9ª Semana – 56,3% 12ª Semana – 59,5%

% Redução das Pústulas 1ª Semana – 11,9% 3ª Semana – 32,9% 6ª Semana – 49,4% 9ª Semana – 57,4% 12ª Semana – 57,9%

1ª Semana – 24,8% 3ª Semana – 50,6% 6ª Semana – 61,8% 9ª Semana – 68,0% 12ª Semana – 70,1%

% Redução das Cicatrizes 1ª Semana – 0,0% 3ª Semana – 0,0% 6ª Semana – 0,0% 9ª Semana – 0,0% 12ª Semana – 0,0%

1ª Semana – 0,0% 3ª Semana – 0,0% 6ª Semana – 0,0% 9ª Semana – 0,0% 12ª Semana – 0,0%

Tabela 5. Média percentual de redução na contagem de lesões na décima segunda semana.

Critérios Adapaleno Anacardium occidentale Linn

% m

édia

de

redu

ção

na c

onta

gem

de

lesõ

es n

a 12

ª se

man

a

Cômedos

45,9%*** 21,9%

Pápulas

52,0% 59,5%

Pústulas

57,9% 70,1%

Cicatrizes

0,0% 0,0%

***p<0,001 (teste de Fisher)

Page 71: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 71

(a) Contagem de lesões não inflamatórias (cômedos)

0 3 6 9 12 150

20

40

60

80

100AdapalenoAnacardium occidentale

****

**

Semanas tratamento

% d

e re

duçã

o do

com

edos

(b) Contagem de lesões inflamatórias (pápulas)

(c) Contagem de lesões inflamatórias (pústulas)

0 3 6 9 12 150

20

40

60

80

100Adapaleno

Anacardium occidentale

*

*

Semanas tratamento

% d

e re

duçã

o do

púst

ulas

Figura 9. Porcentagens medianas de redução de contagens, a partir do período basal, de (a)

lesões não inflamatórias (cômedos), (b) lesões inflamatórias (pápulas) e (c) lesões inflamatórias (pústulas) durante o período de 12 semanas de tratamento com adapaleno versus Anacardium

occidentale. Os valores representam a percentagem media ± e.p.m.*p<0,05, **p<0,01, ***p<0,001 (Teste de Fisher).

0 3 6 9 12 150

20

40

60

80

100AdapalenoAnacardium occidentale

***

Semanas tratamento

% d

e re

duçã

o do

pápu

las

Page 72: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 72

a) b)

Figura 10. Porcentagens medianas de redução nas contagens, a partir do período basal, de lesões totais (inflamatórias e não inflamatórias) na face dos voluntários portadores de AV (a) com o uso do gel de adapaleno 0,1% e (b) com o gel de Anacardium occidentale Linn. (AO).

*p<0,05 ou ** p<0,01.

Lesões totais Adapaleno

1ª consulta 1ª semana 3ª semana 6ª semana 9ª semana 12ª semana0

10

20

30

40

50

60

**

******

de le

sões

Lesões totais AO

1ª consulta 1ª semana 3ª semana 6ª semana 9ª semana 12ª semana0

10

20

30

40

50

60

70

80

**

********

de le

sões

Page 73: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 73

Tabela 6. Comparação do percentual de redução das lesões totais do adapaleno e do gel de Anacardium occidentale Linn.

Critério Semana Adapaleno Anacardium occidentale Linn. 1a 5,7% 19,8%**

Lesões 3a 24,4% 35% totais 6a 35,4% 38,9% 9a 39,8% 40,3% 12a 43,1% 42,7%

*p<0,05% ou **p<0,01% (Teste de Fischer)

6.3. Avaliação da segurança (tolerabilidade)

A análise de efeitos adversos observados no grupo do adapaleno é

sumarizada na Tabela 7 e nas Figuras 11, 12 e 13. Os efeitos observados

foram leves nas seis primeiras semanas e desapareceram com a continuidade

do tratamento. Na primeira semana cinco pacientes apresentaram eritema,

cinco pele seca, dois com escama e um queixou-se de ardor. Na terceira

semana foram observados os seguintes efeitos: eritema (nove pacientes), pele

seca (onze pacientes), escamas (sete pacientes) e ardor (dois pacientes). Já

na sexta semana apenas 02 pacientes apresentaram eritema, um pele seca,

dois com escamas e três com ardor. Na nona semana nenhum paciente se

queixou de efeitos adversos.

O uso do gel de AO foi considerado de fácil aplicação, com boa

aceitação e cosmeticidade. Não foi observado qualquer tipo de intolerância ou

Page 74: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 74

efeito adverso local ou sistêmico. Portanto, não foram relatadas quaisquer

reações adversas ao uso tópico do gel de AO. Conforme tabela 8.

Ambos os regimes de tratamentos foram bem tolerados no estudo.

Efeitos adversos leves foram reportados apenas no grupo do adapaleno.

Apenas 3 pacientes do grupo do adapaleno não completaram o estudo por

causa dos efeitos adversos. Um paciente apresentou agravamento da AV e

dois por causa de eritema, descamação e ardor no local da aplicação.

Tabela 7 . Porcentagens de pacientes que apresentaram respectivos efeitos adversos ao Adapaleno por semana a partir da 1ª semana (n=20) até a 12a semana. Reações adversas – Adapaleno 1a semana 3a semana 6a semana 9a semana 12a semana

Cutâneos 0 0 0 0 0

Eritema 25 4,5 10 0 0

Pele seca 25 5 0,5 0 0

Escama 10 35 10 0 0

Ardor 5 10 15 0 0

Dor 0 0 0 0 0

Outros (descrever)

5 10 0 0 0

Page 75: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 75

Reações adversas adapaleno

Figura 11. Percentual de pacientes que apresentaram respectivos efeitos adversos ao adapaleno na 1ª semana (n=20)

Figura 12. Percentual de pacientes que apresentaram respectivos efeitos adversos ao adapaleno na 3ª semana (n=20)

Page 76: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Resultados 76

Figura 13. Percentual de pacientes que apresentaram respectivos efeitos adversos ao adapaleno na 6ª semana (n=20)

Tabela 8 . Porcentagens de pacientes que apresentaram respectivos efeitos adversos da 1ª semana (n=20) a 12a semana ao gel de Anacardium occidentale Linn.

Reações adversas – Anacardium occidentale Linn

1a semana 3a semana 6a semana 9a semana 12a semana

Cutâneos 0 0 0 0 0

Eritema 0 0 0 0 0

Pele seca 0 0 0 0 0

Escama 0 0 0 0 0

Ardor 0 0 0 0 0

Dor 0 0 0 0 0

Outros (descrever)

0 0 0 0 0

Page 77: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Discussão 77

7 DISCUSSÃO

A fitoterapia tem crescido de importância nos últimos anos, porém são

necessárias, para o seu uso seguro, pesquisas científicas que avaliem seus

riscos e benefícios. Desta forma torna-se num recurso terapêutico seguro,

eficaz e de baixo custo. Os estudos pré-clínicos e clínicos de fase I e II podem

avaliar a toxicidade, a eficácia e segurança de um medicamento, tomando

como base os protocolos e resoluções contidas nas leis que regem a pesquisa

científica (196/96 do 251/97 (Conselho Nacional de Saúde) avali ação de

segurança do uso em pacientes sadios) e de acordo com a Declaração de

Helsink de 1964. Assim é possível validar eticamente os fitoterápicos com

benefícios amplos para a população geral e, em especial, para classes sociais

menos favorecidas, pois os fitoterápicos constituem, via de regra,

medicamentos de baixo custo.

O ensaio farmacológico clínico de fase I investiga a segurança de um

medicamento em voluntários sadios. Nesse sentido, este estudo avaliou o uso

tópico de gel de Anacardium occidentale Linn. na face de voluntários sadios. A

avaliação da toxicidade se deu através do exame clínico do pacientes e da

realização de exames laboratoriais hematológicos, hepáticos, renais e

metabólicos.

Durante a realização do ensaio clínico de Fase I, não foram observados

nenhum evento adverso na pele dos voluntários. E a análise dos exames

laboratoriais comparados ao período basal do tratamento (Tabelas 1 e 2)

(figuras 2,3,4,5,6 e 7) não mostrou toxicidade estatisticamente significativas

nos diversos órgãos e sistemas avaliadas. Alguns exames apresentaram

Page 78: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Discussão 78

algumas variações dentro da faixa de normalidade para cada parâmetro e as

taxas não sofreram alterações significativas ao longo do tratamento.

Os resultados desse estudo são consistentes com os estudos pré-

clínicos realizados com gel obtido da casca de Anacardium occidentale Linn. e

observados em várias pesquisas (BARBOSA, 1985; BARRET, 1994; MELO,

2002; MELO, 2004; MELO, 2005), os quais demonstraram que este produto

possui baixa toxicidade em animais de laboratório.

O estudo clínico-farmacológico de fase I demonstrou a segurança do

uso do gel da casca de Anacardium occidentale Linn. aplicado na face de

voluntários sadios. Estudos mais amplos (Fases III e IV) são necessários para

confirmar estes achados, com maior número de indivíduos para garantir a

ausência de efeitos colaterais, principalmente àqueles de baixa incidência

somente observados após utilização de grande número de indivíduos com

variações genéticas e ambientais.

A disponibilidade e o emprego de medicamentos são fundamentais para

atenção primária à saúde. As plantas são fontes de remédios tradicionais e

princípios ativos puros. O grande desafio é identificar plantas medicinais,

formar listas nacionais de medicamentos e substituir produtos importados.

Porém, faltam pesquisas que precisem qualificar estes medicamentos para os

sistemas de saúde dos países. O interesse na exploração industrial das plantas

se limita quase exclusivamente a China e ao Japão. É um caminho aberto para

os pesquisadores organizar e realizar programas de investigação

interdisciplinar sobre a utilização destas fontes naturais de medicamentos.

Pesquisadores da área prevêem que as plantas ocuparão uma posição

predominante entre as prioridades nacionais. Essa linha de investigação pode

Page 79: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Discussão 79

contribuir para o desenvolvimento industrial dos países e produzir produtos

galênicos seguros, estáveis, padronizados e eficazes para uso na atenção

primária à saúde e descobrir novos princípios biologicamente ativos derivados

de plantas. A fonte de matéria prima no nosso país é abundante e a flora está

praticamente sem ser explorada. Muitos medicamentos utilizados na prática

médica foram isolados de origem vegetal (FRANSWORTH, AKELELE, 1989;

MELO et al., 2006; SILVA et al., 2007).

Os fármacos derivados de plantas têm importância nos países

desenvolvidos. Os Estados Unidos da América, por exemplo, 25% de todas as

prescrições dispensadas contêm extratos ou princípios ativos de plantas

superiores, como exemplo curares, digitálicos e anestésicos. Em 1980, os

consumidores dos Estados Unidos gastaram mais de oito milhões em

prescrições que contém princípios ativos procedentes de plantas

(FRANSWORTH, SOEJARTO, 1985).

O Anacardium occidentale Linn. é uma planta pertencente à família

Anacardiaceae, vem se destacando como planta medicinal devido à potente

ação antibacteriana e antiinflamatória de seus metabólitos, principalmente os

polifenóis tanino e flavonóides. As propriedades farmacológicas do cajueiro são

tão conhecidas que, atualmente, ele faz parte do elenco de plantas que estão

validadas como medicinais (HISLAN, 1966; SALLÉ et al., 1996; MOTA, 1982;

MELO et al., 1997).

É utilizada na medicina tradicional, principalmente no Nordeste brasileiro

com efeitos terapêuticos como: aliviar dor de dente, antiinflamatório para

gengiva e garganta, bronquites, artrites, hemorróidas, cólicas intestinais,

icterícia, contra diabetes, asma e até mesmo usado como afrodisíaco (MOTA,

Page 80: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Discussão 80

2004; MORAIS et al., 2005; AGRA, 2007). Esta planta está entre as 10 mais

citadas pela população entrevistada sobre plantas utilizadas no tratamento das

dermatoses (RINALDA, 2006).

Na literatura encontram-se atividades farmacológicas comprovadas,

como sendo o cajueiro uma planta antiinflamatória (OLAJIDE et al., 2004;

FALCÃO et al., 2005), antidiabética (OLIVEIRA e SALTO, 1987/1989;

KAMTCHOUING et al., 1998; BARBOSA-FILHO et al., 2006), inibidor da

enzima acetilcolinesterase (BARBOSA-FILHO et al., 2006) e substâncias

isoladas do fruto demonstraram ser inibidora de tirosinase (KUBO et al., 1994).

Também é usado como anti-séptico e adstringente vaginal (AGUIAR, LINS,

1958; AGUIAR, CARDOSO, 1959; XAVIER, 1995; MELO et al., 1997).

Praticamente todas as partes do vegetal têm atividade antimicrobiana,

tanto para bactérias gram negativas como para as gram positivas (mostrou

ação em 13 das 15 bactérias isoladas), além de uma potente ação

antiinflamatória quando comparada ao ácido acetil salicílico (MOTA, 1982).

Outras ações terapêuticas da planta incluem inibição da formação da

placa bacteriana dentária (estudos em desenvolvimento), além de ser utilizado

contra a Leishmania (Viannia) braziliensis (KUDI, 1999; AKINPELU, 2001).

Tanto a casca quanto as folhas possuem grande quantidade de polifénois,

principalmente taninos, que são os principais responsáveis pelas propriedades

farmacológicas. (HASLAN, 1966; MOTA, 1982; MELO et al., 1997).

O extrato hidroalcoólico de Anacardium occidentale Linn. apresenta

atividade antibacteriana “in vitro” sobre S. mitis, S. mutans e S. sanguis,

presentes no biofilme bacteriano supra-gengival, como também atividade

inibitória mínima de aderência (MELO et al., 2006). A atividade bactericida, in

Page 81: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Discussão 81

vitro, do extrato da casca do caule do Anacardium occidentale Linn. (cajueiro)

sobre os microrganismos formadores do biofilme dental foi estudada

comparando com o gluconato de clorexidina a 0.12%.

Todas as linhagens ensaiadas demonstraram elevada sensibilidade ao

extrato do cajueiro em uma concentração de 1:4 (Streptococcus sanguis e

Lactobacillus casei) a 1:8 (Streptococcus mutans, Streptococcus mitis e

Streptococcus sobrinus) comparado ao gluconato de clorexidina a 0.12%, que

atuou em uma concentração de 1:2 (Stretococcus mitis), 1:4 (Streptococcus

sobrinus) e 1:8 (Streptococcus mutans, Streptococcus sanguis e Lactobacillus

casei), assim, estes autores observaram atividade até a diluição de 1:8 para

ambas as substâncias. E concluíram que o extrato da casca do caule do

Anacardium occidentale Linn. (cajueiro) apresenta atividade bactericida in vitro

sobre os principais microrganismos formadores do biofilme dental, sugerindo

assim a continuação dos estudos com esse fitoterápico, para que futuramente

obtenha-se um coadjuvante químico efetivo ao controle do biofilme supra-

gengival, assim atuando na prevenção e tratamento da cárie e doença

periodontal (ARAÚJO et al., 2009).

Estudo análogo observou que o extrato da casca do caule do

Anacardium occidentale Linn. (cajueiro) apresenta atividade bactericida “in

vitro” sobre os principais microrganismos formadores do biofilme dental, a

atividade antimicrobiana foi conduzida em placa de Petri e observado inibição

das bactérias Streptococcus mutante, Streptococcus. mitis e Streptococcus.

Sanguis, desta forma este extrato pode ser usado terapeuticamente na

odontologia no controle do biofilme supra-gengival, assim atuando na sua

prevenção e no seu tratamento (MELO et al, 2006).

Page 82: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Discussão 82

Segundo estudos, o extrato hidroalcóolico do cajueiro (Anacardium

occidentale Linn.) produziu significante atividade antimicrobiana “in vitro” sobre

as linhagens de Staphylococcus aureus de origem humanas hospitalar

resistentes e sensíveis a meticilina. Assim, os autores concluíram que o

cajueiro apresenta-se como uma eficaz alternativa terapêutica para infecções

provocadas por Staphylococcus aureus, de baixo custo e de fácil acesso a

população, uma vez que já está difundido seu uso na medicina popular (SILVA

et al., 2007).

O extrato da casca do cajueiro apresentou potencial atividade

antifúngica sobre Candida tropicalis e Candida stellatoidea para todas as

leveduras ensaiadas. Estes resultados demonstram a importância de se

estudar novos meios alternativos e de baixo custo, o que sugere a sua

utilização terapêutica como agente antifúngico na odontologia (ARAÚJO et al.,

2005).

Nos estudos galênicos, após a identificação botânica e obtenção do

extrato bruto da casca dessa planta, podemos produzir um gel dermatológico,

que é o veículo de escolha para peles oleosas, pois tem característica

hidrossolúvel. Somando-se a isto temos a característica adstringente do extrato

da planta, contribuindo assim com essas duas propriedades, para a diminuição

da oleosidade da pele (MELO, 2002).

Este gel é obtido a custo baixíssimo, devido ao fato de utilizarmos uma

matéria prima de fácil aquisição em nosso meio, por ser encontrado em todo

nordeste do Brasil, além de termos um custeio baixo e ser uma planta bastante

conhecida no meio popular Os ensaios farmacotécnicos revelaram que o

extrato é incorporado perfeitamente pelas formas farmacêuticas gel

Page 83: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Discussão 83

dermatológico e creme dermatológico. Ensaios preliminares mostram que as

perspectivas de sua utilização nas Indústrias Cosmética e de Medicamento são

ótimas, pois a utilização destas novas formulações leva a uma diminuição do

uso de antibióticos, que não raramente acarretam reações indesejáveis ao

organismo humano.

Na literatura temos relato de diversos estudos a respeito da eficácia do

extrato bruto, extraído das várias partes do Anacardium occidentale Linn., no

tratamento de doenças da pele (BARRET, 1994), mas nada está relacionado

ao estudo da eficácia do extrato da casca no tratamento da AV.

Os testes de toxicidade aguda e DL50 do extrato bruto da casca de

Anacardium occidentale Linn. foram realizados em camundongos machos por

via intraperitoneal, a DL50 calculada foi de 1105,14 mg/kg. (MELO, 2002).

Ensaios toxicológicos pré-clínicos agudos do extrato bruto da casca do

caule de Anacardium occidentale Linn. em ratos concluíram que é praticamente

atóxico, visto que não provocou mortes mesmo considerando as elevadas

doses administradas aos animais (MELO et al, 2004; MELO, 2005).

A AV é a doença mais comum entre os adolescentes, afetando de 45% a

70% da população (principalmente entre os 12 aos 18 anos) e causa um

considerável impacto psicossocial, mesmo em suas formas mais leves, pode

levar a sérios transtornos de natureza psicossocial. O tratamento da AV é um

substancial problema, o qual causa milhões de visitas por ano e com um custo

total que excede a 1 bilhão de dólares (HARALD et al., 2003).

Atualmente, o único tratamento eficaz contra as suas quatro principais

características fisiopatológicas (hiperqueratinização folicular, produção elevada

do sebo, proliferação bacteriana e inflamação) é a isotretinoína. Os efeitos

Page 84: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Discussão 84

colaterais como teratogenicidade são associados a esse tratamento e, portanto

ele tem sido reservado para os casos graves. Há necessidade de um

tratamento tópico com menos efeitos colaterais e que seja ao mesmo tempo

eficaz.

Um grave problema que tem se observado no uso de antibióticos tópicos e

sistêmicos para tratamento da AV é o aparecimento e crescimento da

resistência bacteriana do P. Acnes. Em 2003, Eady e colaboradores

observaram que pacientes que usaram antibióticos contra P. acnes

desenvolveram resistência antimicrobiana. A resistência bacteriana do P. acnes

era relativamente rara até o uso em larga escala de antibióticos tópicos. A

resistência aos antibióticos tem crescido nos últimos anos e bastante comum

em larga percentagem de pacientes, e inclusive com resistência a outras

drogas. A resistência microbiana deve ser suspeitada em pacientes com uso de

antibióticos e que não apresentem resposta terapêutica ou até agravamento

súbito das lesões durante o tratamento.

A resistência nos pacientes com AV pode ser identificada pela redução ou

ausência da resposta terapêutica. Uma revisão sistemática publicada em 1998

encontrou clara associação entre baixa resposta terapêutica e P. acnes

resistentes ao uso de antibióticos. A resistência é disseminada através de

paciente a paciente pelo contato pessoa a pessoa.

Estudos mostram a prevalência da resistência bacteriana em 41% na

Hungria e 86% na Espanha (ROSS et al., 2003). Aproximadamente 25% dos

pacientes que usam antibióticos apresentam resistência bacteriana. A reunião

da Global Alliance para o tratamento da AV em maio de 2009 recomenda em

consenso que o uso de antibióticos para AV deve ser limitado. Eles acreditam

Page 85: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Discussão 85

que os médicos devem ser orientados sobre melhoras práticas para o controle

da AV usando terapia combinada e limitando a duração do uso de antibióticos.

Em adição, sugerem que são necessários estudos que avaliem os efeitos do

uso de antibióticos em pacientes com AV, avaliando a freqüência de faringites,

cistites, infecção cutânea e desenvolvimento de Estafilococos aureos metilcilina

resistentes. (THIBOUTOUT et al., 2009).

Assim, a resistência do P. acnes aos antimicrobianos é clinicamente

relevante em aproximadamente 25% dos pacientes que recebem antibióticos

como terapia para o tratamento da AV e continuará a crescer de forma

significante se algumas condutas não forem tomadas com urgência para

minimizar a seleção de P. acnes resistentes. Deverá ser limitado o uso de

antibióticos a curtos períodos, usar terapias combinadas (ex. com peróxido de

benzoíla e/ou retinóides tópicos), evitar usar antibióticos por períodos

prolongados ou em terapia de manutenção e ainda pesquisar alternativas ao

uso de antibióticos para minimizar ou controlar o aparecimento de cepas

bacterianas resistentes que poderão ser responsáveis por infecções graves e

até letais. Contudo, deve ser lembrado que no momento atual muitos pacientes

necessitam do uso de antibióticos para controlar a AV (GOLLICK et al., 2003).

O uso indiscriminado dos antibacterianos na AV, a utilização irregular ou

muito prolongada destes e a prescrição do mesmo medicamento para diversas

infecções resultaram em significativos desenvolvimento e disseminação de

cepas de P.acnes resistentes aos antibacterianos mais comuns, como

macrolídeos (eritromicina, claritromicina e azitromicina) e tetraciclinas

(minociclina, doxiciclina e tetraciclinas).

Page 86: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Discussão 86

Existe um interesse global para suprimir o crescimento excessivo de

bactérias antibiótico-resistentes através do desenvolvimento de produtos com

princípios ativos que tenham mecanismos de ação antibacterianos distintos. A

ação benéfica do gel da casca de Anacardium occidentale Linn. sobre as

lesões inflamatórias da AV, como foi observada nos estudos de fase II, pode

tornar este fitoterápico como alternativo aos antibióticos tópicos e sistêmicos

utilizados na AV e evitar o risco de desenvolver resistência bacteriana, um dos

grandes problemas que teremos de enfrentar no presente e no futuro próximo.

A resistência bacteriana pelo uso de antimicrobianos para AV tem sido

documentada não só na pele, mas também em órgão sistêmicos. Como por

exemplo, o desenvolvimento de infecção de vias aéreas nos pacientes em uso

de antibióticos para o tratamento da AV. Tal fato deve-se ao uso prolongado de

medicamentos que podem provocar alterações na flora respiratória natural,

promovendo colonização das vias aéreas desses pacientes por cepas

bacterianas resistentes a determinadas classes de antibióticos e mais

agressivas, aumentando o risco de ocorrências de rinossinusites agudas, otites

e amigdalites. Assim sendo, a escolha do antimicrobiano utilizado no

tratamento da AV deve levar em consideração não somente a eficácia e

potenciais efeitos adversos, mas também o risco de resistência bacteriana. Tal

precaução é importante não somente do ponto de vista do tratamento eficaz da

AV, mas também da saúde global do paciente e da comunidade (FORSSMAN,

1995; ROSS et al., 2003; ELSTON, 2009).

Este ensaio clínico-farmacológico de fase II foi desenhado para investigar e

comparar os efeitos terapêuticos e adversos do Adapaleno 0,1% gel com o gel

de Anacardium occidentale Linn. em pacientes portadores da AV graus I e II.

Page 87: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Discussão 87

Os retinóides são considerados por diversos consensos mundiais como a

classe farmacológica de eleição para o tratamento da AV graus I e II

(THIBOUTOT et al., 2009; SEIDLER et al., 2010). O adapaleno pela sua

eficácia e baixa incidência de efeitos colaterais é a droga mais utilizada entre

os diversos retinóides (THIBOUTOT et al., 2009) e foi por estas razões a droga

de escolha neste estudo.

Os retinóides tópicos têm potente ação anticomedogênica e comedolítica,

revertendo a ceratinização folicular anormal e impedindo a formação do

microcomedão, lesão inicial da AV, e consequentemente bloqueia o início do

processo inflamatório que resulta da ruptura dos comedões. Os retinóides

possuem efeitos antiinflamatórios por ação imunomoduladora, agem

antagonizando de maneira dose-dependente os ´toll like receptors 2´ (TLR2)

em culturas de monócitos humanos. As bactérias P. acnes presentes nas

lesões da AV causam inflamação por ativar os receptores TLR2 e assim induzir

a produção de citocinas inflamatórias. O adapaleno inibe diretamente o TLR2 e

por esta ação farmacológica diminui o efeito inflamatório do P. acnes nas

lesões da AV (THIBOUTOT et al., 2009).

A eficácia primária entre os grupos foi avaliada pela taxa de sucesso e pelo

percentual de redução de lesões não inflamatórias (cômedos), inflamatórias

(pápulas e pústulas) ao final das 12 semanas do protocolo. Os 43 voluntários

sadios foram randomizados e assim distribuídos: 23 receberam adapaleno e 20

gel de Anacardium occidentale Linn.

Os resultados desse estudo indicaram que o tratamento dos dois grupos

possui eficácia clínica nos pacientes portadores da AV, pois reduziram de

forma estatisticamente significantes as lesões inflamatórias e não inflamatórias

Page 88: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F Discussão 88

ao final da12a semana. Para as lesões não inflamatórias o grupo tratado com

adapaleno foi estatisticamente superior ao grupo tratado com o gel de

Anacardium occidentale Linn. com 45,9% de redução dos cômedos comparado

a 21,9% (p<0,005). Porém, a redução no número das lesões inflamatórias foi

estatisticamente semelhante a ambos os grupos observados. A redução no

número de pápulas foi de 52,0% no grupo do adapaleno contra 59,5% (p<0,31)

para o grupo do gel de Anacardium occidentale Linn. Com relação às pústulas

houve um percentual de redução de 57,9% para o grupo tratado com

adapaleno e 70,1% (p<0,105) nos pacientes que usaram o gel do Anacardium

occidentale Linn. (Figura 9 e Tabelas 4 e 5).

O percentual de redução das lesões inflamatórias e não inflamatórias dos

voluntários que utilizaram o adapaleno neste ensaio clínico e farmacológico

foram semelhantes ao encontrado na literatura, como o observado por

Thiboutot e colaboradores em 2006, um estudo multicêntrico, randomizado,

duplo-cego e controlado, de fase III, com o gel de adapaleno 0,1%, em que

estes autores observaram percentual média de alterações na contagem de

lesões na semana 12 seguintes: melhora de 57,8% para lesões inflamatórias e

de 43,4% nas lesões não inflamatórias.

A avaliação das porcentagens medianas de redução nas contagens de

lesões totais (inflamatórias e não inflamatórias), a partir do período basal, na

primeira, terceira, sexta, nona e décima segunda semana de lesões totais

(inflamatórias e não inflamatórias) na face dos voluntários com AV que fizeram

o uso de adapaleno 0,1% comparado com o gel de Anacardium occidentale

Linn. podem ser observados na tabela 6. Assim, a análise da contagem de

lesões totais na primeira semana de tratamento com o tratamento com o gel de

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SOBRAL, J.F.F Discussão 89

Anacardium occidentale Linn. resultou em uma taxa de sucesso

significativamente maior em comparação com o gel de adapaleno. No grupo

que aplicou o gel de Anacardium occidentale Linn. houve 19,8% de redução

nas lesões totais comparado com 5,7% do grupo tratado com o gel de

adapaleno 0,1%. Porém, nas semanas seguintes, a redução percentual das

lesões totais foi estatisticamente semelhante para os dois grupos.

Na décima segunda semana de tratamento, semana final do tratamento,

observou-se uma redução percentual mediano na contagem das lesões da AV

de 43,1% no grupo tratado com o gel de adapaleno e de 42,7% (p<1,0) para o

grupo tratado com o gel de Anacardium occidentale Linn, portanto, no final do

tratamento os resultados de eficácia global foram similares estatisticamente

para os dois grupos tratados, ou seja, não houve diferenças estatisticamente

significantes para o tratamento das lesões totais (inflamatórias e não

inflamatórias) da AV entre os voluntários que utilizaram o gel de adapaleno e

os que utilizaram o gel de Anacardium occidentale Linn.

Pacientes usando formulações de retinóides tópicos inicialmente podem

apresentar episódios de dermatite de contato. Além do relato rotineiro de

eventuais efeitos adversos, os pacientes neste estudo foram especificamente

avaliados para o eritema facial, descamação e sensação de ardor após a

aplicação dos medicamentos utilizados neste estudo. A maioria dos eventos foi

leve e ocorreu com menos freqüência na medida em que o tratamento foi

continuado. Tanto o tratamento com o adapaleno quanto o gel de Anacardium

occidentale Linn. foram em geral bem tolerados.

No grupo tratado com adapaleno foram descritos casos de efeitos

colaterais leves que desaparecem com a continuação do tratamento. Nenhum

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SOBRAL, J.F.F Discussão 90

dos tratamentos levou a necessidade do uso concomitante de hidratante e

apenas 3 pacientes do grupo do adapaleno interrompeu o tratamento

prematuramente por causa de evento adverso clínico.

Conforme se pode observar na Tabela 8, não foi observado nenhum efeito

adverso no grupo tratado com o gel de Anacardium occidentale Linn. Quatro

eventos adversos específicos foram observados no grupo tratado com o

adapaleno, foram eles: eritema (5⁄20 pacientes), ressecamento da pele (5⁄20

pacientes), escamas (2⁄20 pacientes) e ardor (1⁄20 pacientes). Estes efeitos

adversos apareceram principalmente entre a primeira e a terceira semana do

estudo e desapareceram ao final da sexta semana do uso deste fármaco

(figuras 11, 12 e 13 e tabela 7). Estes resultados estão de acordo com vários

estudos feitos com o adapaleno (THIBOUTOT et al., 2006; GOLD et al., 2010).

Estudo com os extratos das plantas Azadirachta indica, Sphaeranthus

indicus, Hemidesmus indicus, Rubia cordifolia e Curcuma longa demonstraram

ações antiinflamatórias “in vitro” por supressão da atividade de espécies

reativas do oxigênio induzida por P. acnes e citocinas pro - inflamatórias (JAIN,

2003). O gel de Anacardium occidentale Linn age contra cepas de P.acnes

(MELO, 2002) e este mecanismo é semelhante ao encontrado pelo estudo de

Jain, sugerindo que o efeito positivo observado no tratamento da AV com o gel

de Anacardium occidentale Linn. pode ser devido a uma ação antimicrobiana

sobre o P. acnes.

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SOBRAL, J.F.F. Conclusões 91

8. CONCLUSÕES Nesta análise do banco de dados do estudo, foram constatadas as seguintes tendências: 1. A administração na face do gel obtido da casca de Anacardium

occidentale Linn. uma vez ao dia durante 28 dias consecutivos não evidenciaram efeitos colaterais locais (pele) e nem sinais de toxicidade nos diversos órgão e sistemas avaliados de acordo com os exames clínicos e laboratoriais realizados. Estes resultados permitem a realização de novos estudos para avaliação de suas indicações terapêuticas.

2. O estudo de fase II demonstrou que o gel de Anacardium occidentale Linn. reduziu de forma estatisticamente significante as lesões inflamatórias e não inflamatórias do AV, sendo mais eficaz a redução na contagem das lesões inflamatórias. Foi bem tolerada e não foram observados efeitos colaterais locais ou sistêmicos.

3. A aplicação do gel de Anacardium occidentale Linn. comparado com o adapaleno 0,1% em pacientes com AV demonstrou eficácia em ambos os regimes de tratamento na avaliação global das lesões da AV. Os dois regimes de tratamento foram bem tolerados, porém, os pacientes que fizeram uso de adapaleno tiveram efeitos adversos locais leves. Enquanto que, os pacientes que utilizaram o gel de Anacardium occidentale Linn. não foram observados efeitos adversos.

4. O uso tópico do adapaleno foi estatisticamente superior com relação às lesões não inflamatórias (comedos). Porém, com relação às lesões inflamatórias (pápulas e pústulas) não houve diferenças estatisticamente significante e os dois regimes foram eficazes no tratamento das lesões inflamatórias da AV, ao final da décima segunda semana de tratamento. O gel de Anacardium occidentale Linn. teve resposta estatisticamente significativa mais rápida que o adapaleno 0,1% na primeira semana de tratamento, embora ao final da décima segunda semana de tratamento ambos os regimes de tratamento foram estatisticamente similares. . Com relação à avaliação da redução percentual na contagem das lesões totais (inflamatórias e não inflamatórias) não houve diferenças estatisticamente significantes entre o grupo tratado com adapaleno (43,1%) comparado com o grupo tratado com o gel de Anacardium occidentale (42,7%) para um p<0,05.

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SOBRAL, J.F.F. Conclusões 92

5. O gel de Anacardium occidentale Linn. pode ser uma alternativa para o tratamento da AV, principalmente para as lesões inflamatórias desta doença e com o benefício de poder evitar o uso de antimicrobianos causadores de resistência bacteriana. Estudos maiores, com maior número de pacientes serão necessários para confirmar estes achados e pelas ações farmacológicas (antiinflamatório e antimicrobiano) do gel de extraído da casca de Anacardium occidentale Linn. estudos serão necessários para avaliar a possível indicação deste fitofármaco para outras doenças.

CONCLUSÃO De acordo com os resultados obtidos, Conclui-se, portanto, que a administração do gel obtido da casca de Anacardium occidentale Linn na face de pacientes com AV uma vez ao dia, durante 3 semanas foi eficaz para as lesões inflamatórias e não evidenciou sinais de toxicidade nos diversos órgãos e sistemas avaliados de acordo com os exames clínicos e laboratoriais. Esses resultados permitem a realização de estudos mais amplos para comprovação de sua eficácia terapêutica e indicações clínicas.

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SOBRAL, J.F.F Perspectivas 93

9 PERSPECTIVAS

• O estudo clínico-farmacológico de fase I demonstrou a segurança do uso

do gel da casca de Anacardium occidentale Linn (AO) aplicado na face

de voluntários sadios e o ensaio clínico e farmacológico de fase II

observou a eficácia de AO em pacientes com acne inflamatória. Estudos

mais amplos (Fases III e IV) são necessários para confirmar estes

achados, com maior número de indivíduos para garantir a ausência de

efeitos colaterais, principalmente àqueles de baixa incidência somente

observados após utilização de grande número de indivíduos com

variações genéticas e ambientais.

• Ensaios clínicos e farmacológicos com outras doenças de natureza

inflamatória e⁄ou infecciosa devem ser realizados, principalmente com

relação as seguintes afecções: candidíase, impetigo, furúnculo, úlceras

infectadas, na prevenção e tratamento do biofilme dental, infecções de

pele por Pseudomonas aeruginosa ou estafilococos metilcilina

resistentes.

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SOBRAL, J.F.F. Anexos 106

ANEXOS

ANEXO I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto: Ensaios farmacológicos clínicos de fase I e II com o

hidrogel obtido a partir do extrato etanólico bruto da casca do caule de

Anacardium occidentale L, no tratamento da Acne Vulgar

Investigador principal: Jader Freire Sobral Filho/ CRM-PB: 3084.

Orientadora: Profa. Drª Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz; Co-

Orientador: Profa. Dra. Jane Sheila Higino

Eu, ...(nome do sujeito da pesquisa, nacionalidade, idade, estado civil,

profissão, endereço, RG), estou sendo convidado a participar de um estudo

denominado Ensaio farmacológico clínico de fase I com o hidrogel obtido a

partir do extrato etanólico bruto da casca de Anacardium occidentale L. no

tratamento da AV. cujos objetivos e justificativas são:

A AV é uma doença presente em cerca de 48% da população na faixa

etária dos 12 aos 25 anos, e se caracteriza por um polimorfismo clínico, desde

lesões mínimas comedônicas até a presença de pápulas, pústulas, nódulos,

cistos e abscesso, causadores de sérios transtornos psicológicos para o

paciente. O tratamento em geral se baseia no controle da oleosidade, combate

a inflamação e infecção e evitar e tratar as cicatrizes. Entre os medicamentos

mais utilizados, estão os antibióticos da classe das tetraciclinas, derivados do

ácido retinóico, etc. No entanto, o tratamento é prolongado e apresentam

efeitos colaterais em aproximadamente 20% dos pacientes que muitas vezes

contra indicam o seu uso.

Deste modo, sabendo da necessidade de ampliar as opções de

tratamento para esse grupo de doentes, este estudo tem como objetivo geral

testar a eficácia terapêutica do gel obtido da casca de Anacardium occidentale l

no tratamento de pacientes com AV.

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SOBRAL, J.F.F. Anexos 107

O gel obtido á partir da casca do caule de Anacardium occidentale L é

uma planta já estudada no laboratório de Tecnologia Farmacêutica e de

Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos da UFPB há mais de 15 anos. Em

testes de toxicidade feitos em animais de laboratório, não foram demonstrados

efeitos prejudiciais à saúde dos animais, mesmo utilizando doses bem acima

das usadas popularmente..

Na consulta inicial, os pacientes farão uma avaliação clínica, incluindo

história clínica e exame físico e responderão a um questionário contendo

perguntas sobre seu estado físico e psicológico.

As pacientes deverão vir a consulta na primeira semana após o primeiro

dia do tratamento e depois a cada três semanas até completar 12 semanas (3

meses), num total de 6 visitas médicas.

Receberá gratuitamente a medicação da pesquisadora e irá se

prontificar a não tomar nenhum tipo de medicamento.

Além da medicação, os exames laboratoriais também serão realizados

sem ônus para os pacientes. Ficará resguardado o seu nome, mas os dados da

pesquisa deverão ser publicados sem identificação dos pacientes participantes.

Fui alertado de que, da pesquisa a se realizar, posso esperar alguns

benefícios, tais como: o surgimento de novo medicamento para o tratamento da

AV, de origem natural e que poderá evitar o uso de antibióticos. A resistência

bacteriana aos antibióticos é um problema mundial e que são necessárias

alternativas de tratamento ao uso de antibióticos, pois, hoje vemos doenças

infecciosas cada dia mais graves e resistentes aos antibióticos, por conta do

seu uso abusivo.

Recebi, por outro lado, os esclarecimentos necessários sobre os possíveis

desconfortos e riscos decorrentes do estudo, levando-se em conta que é uma

pesquisa, e os resultados positivos ou negativos somente serão obtidos após a

sua realização. Assim, poderá ocorrer irritação local na pele.

Estou ciente de que minha privacidade será respeitada, ou seja, meu nome

ou qualquer outro dado ou elemento que possa, de qualquer forma, me

identificar, será mantido em sigilo.

Também fui informado de que posso me recusar a participar do estudo, ou

retirar meu consentimento a qualquer momento, sem precisar justificar, e de,

Page 108: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Anexos 108

por desejar sair da pesquisa, não sofrerei qualquer prejuízo à assistência que

venho recebendo.

Eu serei informada de qualquer alteração no estudo ou qualquer nova

observação pertinente ao estudo. Estou ciente de que os médicos que estão

conduzindo este estudo são capacitados e bem treinados, de forma a me

oferecer os maiores benefícios possíveis. Todos os dados da minha

participação neste estudo serão documentados e mantidos confidencialmente,

sendo disponíveis apenas para as autoridades de saúde e minha pessoa.

Fui informada que este estudo envolve o uso de medicamentos.

Como minha participação é voluntária, posso abandonar o estudo a

qualquer momento, desde que me sinta prejudicada por quaisquer motivos.

Não receberei compensação financeira por eventuais injúrias que possam me

ocorrer, mas não me privo de meus direitos legais agindo desta forma.

Se eu tiver qualquer dúvida ou perguntas relativas a este ou aos meus

direitos, no que diz respeito à minha participação, ou se houver algum sintoma

e / ou sinal associados com a pesquisa, deverei contatar o Dr Jader Freire

Sobral Filho 9122 1924/ 3246 5252 e Drª Margareth de F.F. Melo Diniz, 3216-

7502.

Eu concordo em seguir as instruções das pessoas que estão conduzindo

e monitorizando este estudo, de forma a obter o máximo de benefícios da

atenção médica oferecida por esta pesquisa, e, se existirem gastos adicionais,

estes serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa.

Declaro que li atentamente o documento em anexo: “Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido”, e aceito participar do estudo.

Ass. do paciente ou responsável

legal:_______________________

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SOBRAL, J.F.F. Anexos 109

Ass. do pesquisador: ____________________________________

Testemunha (em caso de analfabeto):________________________

Local e data

ANEXO II

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto: Ensaios farmacológicos clínicos de fase I e II com o hidrogel

obtido a partir do extrato etanólico bruto da casca do caule de Anacardium

occidentale L, no tratamento da Acne Vulgar

Investigador principal: Jader Freire Sobral Filho/ CRM-PB: 3084.

Orientadora: Profa. Drª Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz; Co-

Orientador: Profa. Dra. Jane Sheila Higino

Informações sobre a pesquisa:

A AV é uma doença presente em cerca de 50% da população na faixa

etária dos 18 aos 25 anos, e se caracteriza por um polimorfismo clínico, desde

lesões mínimas comedônicas até a presença de pápulas, pústulas, nódulos,

cistos e abscesso, causadores de sérios transtornos psicológicos para o

paciente. O tratamento em geral se baseia no controle da oleosidade, combate

a inflamação e infecção e evitar e tratar as cicatrizes. Entre os medicamentos

mais utilizados, estão os antibióticos da classe das tetraciclinas, derivados do

ácido retinóico, etc. No entanto, o tratamento é prolongado e apresentam

Page 110: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Anexos 110

efeitos colaterais em aproximadamente 20% dos pacientes que muitas vezes

contra indicam o seu uso.

Deste modo, sabendo da necessidade de ampliar as opções de

tratamento para esse grupo de doentes, este estudo tem como objetivo geral

testar a eficácia terapêutica do gel obtido da casca de Anacardium occidentale l

no tratamento pacientes com AV Ensaios clínicos de Fase II.

O gel obtido á partir da casca do caule de Anacardium occidentale L é

uma planta já estudada no laboratório de Tecnologia Farmacêutica e de

Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos da UFPB há mais de 15 anos. Em

testes de toxicidade feitos em animais de laboratório, não foram demonstrados

efeitos prejudiciais à saúde dos animais, mesmo utilizando doses bem acima

das usadas popularmente.

Na consulta inicial, os pacientes farão uma avaliação clínica, incluindo

história clínica e exame físico e responderão a um questionário contendo

perguntas sobre seu estado físico e psicológico.

As pacientes deverão vir consultar-se uma semana após o primeiro dia

do tratamento e depois a cada três semanas até completar 12 semanas (3

meses), num total de 6 visitas médicas.

Receberá gratuitamente a medicação da pesquisadora e irá se

prontificar a não tomar nenhum tipo de medicamento.

Além da medicação, os exames laboratoriais também serão realizados

sem ônus para os pacientes. Ficará resguardado o seu nome, mas os dados da

pesquisa deverão ser publicados sem identificação dos pacientes participantes.

O estudo constará de dois grupos. Um grupo receberá medicamento

conhecido e utilizado no tratamento da AV e outro grupo receberá a substância

da planta a ser investigada, na dose já utilizada pela população (com gel obtido

da casca do caule de Anacardium occidentale L).

Por meio deste instrumento, estou sendo informada, com detalhes,

sobre o estudo acima e resolvi dele participar. Serei uma das pacientes

participantes deste estudo.

Entendo que minha participação é inteiramente voluntária e não é, de

forma alguma, condição para que receba o tratamento médico nesta Instituição

após o término do estudo.

Page 111: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Anexos 111

Eu serei informada de qualquer alteração no estudo ou qualquer nova

observação pertinente ao estudo. Estou ciente de que os médicos que estão

conduzindo este estudo são capacitados e bem treinados, de forma a me

oferecer os maiores benefícios possíveis. Todos os dados da minha

participação neste estudo serão documentados e mantidos confidencialmente,

sendo disponíveis apenas para as autoridades de saúde e minha pessoa.

Fui informada que este estudo envolve o uso de medicamentos.

Como minha participação é voluntária, posso abandonar o estudo a

qualquer momento, desde que me sinta prejudicada por quaisquer motivos.

Não receberei compensação financeira por eventuais injúrias que possam me

ocorrer, mas não me privo de meus direitos legais agindo desta forma.

Se eu tiver qualquer dúvida ou perguntas relativas a este ou aos meus

direitos, no que diz respeito à minha participação, ou se houver algum sintoma

e / ou sinal associados com a pesquisa, deverei contatar a Dr Jader Freire

Sobral Filho, através dos números: (083)-9122 1924 / 3246 5252 e Drª

Margareth de F.F. Melo Diniz, 3216-7502.

Eu concordo em seguir as instruções das pessoas que estão conduzindo

e monitorizando este estudo, de forma a obter o máximo de benefícios da

atenção médica oferecida por esta pesquisa, e, se existirem gastos adicionais,

estes serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa.

Declaro que li atentamente o documento em anexo: “Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido”, e aceito participar do estudo.

Page 112: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Anexos 112

ANEXO III Protocolo: Ensaios farmacológicos clínicos de fase II com gel obtido da casca do caule de Anacardium occidentale Linn. 1-Identificação:Nome: ____________________________________________________________ Data nascimento: ___/___/___data: ___/___ /___ Grupo______ Procedência:________________ Naturalidade:_________ ________ Grau de escolaridade:____________________ profissão:____________________ Endereço:__________________________________________ ________________________________________________________Fone/co ntato________________ 2- Início do quadro clínico (em meses): 3- Classificação do grau da AV: Classificação de acordo com o número de lesões 9

Lesões não -inflamatórias Lesões inflamatórias (comedões) (pápulas e pústulas) Grau I <<<< 10 <<<<10 Grau II 10 a 25 10 a 20 Grau III 26 a 50 21 a 30 Grau IV >>>>50 >>>>30 Classificação do Grupo Brasileiro de AV (adaptado d e Pillsbury) Comedonia na Leve Moderada Grave Papulopustulosa Leve Moderada Grave Nodulocística Leve Moderada Grave Classificação de Leeds Revisada por Cunliffe (modif icada) 2003 _______________________________________________________________ Grau I Predomínio de cômedos, pápul as e Leve pústulas presente s mais pequenas e <<<< 10 Grau II 10-40 pápulas e pústulas (c ômedos ) Moderada Grau III 40-100 pápulas e pústulas, >>>>40 comedos, Mod/ Severa nódulos presente s Grau IV AV nódulo-cística e conglobata com Severa lesões severas, dolorosas , largas com pápulas pústulas, e comedos _______________________________________________________________

Page 113: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Anexos 113

4- Escala analógica numérica (avaliação inicial e a companhamento): Comedos: ausência do sinal 0 10 20 30 40 50 sinal intenso Pápulas: ausência do sinal 0 10 20 30 40 50 sina l intenso Pústulas: ausência do sinal 0 10 20 30 40 50 sina l intenso Cicatrizes: ausência do sinal 0 10 20 30 40 50 sin al intenso Acompanhamento das pacientes (EAN)

Comedos Pápulas Pústulas Cicatrizes

1ª consulta 1ª semana 3ª semana 6ª semana 9ª semana 12ª semana

ANEXO IV

5- Contagem simples através da observação das lesõe s: Questionário sobre efeitos adversos (sim=1 e não=ze ro) deve ser respondido pelo paciente com auxílio de um colabora dor do estudo: Anticolinérgicos

1ªsemana 3ªsemana 6ªsemana 9ªsemana 12ªsemana

Boca seca Narinas secas Perturbação visual ou borramento

Prisão de ventre Retenção de urina

Gastrintestinais Náuseas Vômitos Falta de apetite Diarréia Aftas Cólicas intestinais

Gosto estranho na boca

Cardiovasculares

Page 114: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Anexos 114

Palpitações Aceleração no coração

Dor no peito Queda de pressão

Aumento da pressão

Psiquiátricos Confusão mental Alucinações / visões

Desorientação Ansiedade Sonolência Insônia Agitação Neurológicos Formigamentos Zumbidos Falta de coordenação Convulsões

Tonturas Cefaléia Cutâneos Eritema Pele seca escama Ardor dor Outros (descrever)

Page 115: doutorado tese completa 06 dezembro 2010

SOBRAL, J.F.F. Anexos 115