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INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS CAMPUS OURO PRETO DOSSIÊ DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO PRÉDIO DO ANTIGO ARMAZÉM NO DISTRITO DE SANTA RITA DE OURO PRETO ALINA GABRIELA DE SOUZA OLIVEIRA OURO PRETO 2014

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INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS

CAMPUS OURO PRETO

DOSSIÊ DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO PRÉDIO DO ANTIGO

ARMAZÉM NO DISTRITO DE SANTA RITA DE OURO PRETO

ALINA GABRIELA DE SOUZA OLIVEIRA

OURO PRETO

2014

Page 2: DOSSIÊ DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO …...Oliveira, Alina Gabriela de Souza Oliveira O48d Dossiê de conservação e restauro do antigo prédio do armazém São José no Distrito

INSTITUTO FEDERAL DE MINAS GERAIS

CAMPUS OURO PRETO

DOSSIÊ DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO PRÉDIO DO ANTIGO

ARMAZÉM NO DISTRITO DE SANTA RITA DE OURO PRETO

Projeto de Pesquisa de Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado ao Instituto Federal de Minas

Gerais como exigência para a obtenção do título de

Tecnólogo em Conservação e Restauro.

Orientadora: Paola de Macedo Gomes Dias Villas

Bôas.

ALINA GABRIELA DE SOUZA OLIVEIRA

OURO PRETO

2014

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ALINA GABRIELA DE SOUZA OLIVEIRA

DOSSIÊ DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO PRÉDIO DO ANTIGO

ARMAZÉM NO DISTRITO DE SANTA RITA DE OURO PRETO

Monografia apresentada ao Instituto

Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Minas Gerais, Campus

Ouro Preto, como parte das exigências do

Curso de Tecnologia em Conservação e

Restauro, para a obtenção do título de

Tecnólogo.

APROVADA EM: 21 de março de 2014.

___________________________ _________________________

Ana Paula de Moraes Benedito Tadeu de Oliveira

________________________________

Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

(Orientadora)

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Oliveira, Alina Gabriela de Souza Oliveira

O48d

Dossiê de conservação e restauro do antigo prédio do

armazém São José no Distrito de Santa Rita de Ouro Preto,

Ouro Preto – Minas Gerais [manuscrito] /Alina Gabriela de

Souza Oliveira

108 f. : il.

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Boas

Monografia (Graduação) – Instituto Federal Minas Gerais,

Campus Ouro Preto. Tecnologia em Conservação e Restauro.

1.Dossiê. – Monografia. 2. Conservação e Preservação. –

Monografia. 3. Armazém. – Monografia. 4. Restauro. –

Monografia. I. Paola de Macedo Gomes Dias Villas Boas. II.

Instituto Federal Minas Gerais, Campus Ouro Preto.

Tecnologia em Conservação e Restauro. IV. Título.

CDU 7.025.4

Catalogação: Biblioteca Tarquínio J. B. de Oliveira - IFMG – Campus Ouro Preto

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Dedico este trabalho a

todos os santarritenses.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus pelo dom da vida e por ter me proporcionado força e

coragem para realizar este trabalho.

Aos professores do curso de Conservação e Restauro que me acompanharam e me

guiaram com seus ensinamentos durante o curso.

À minha orientadora Paola pelo suporte e incentivo e por ajudar a tornar esse

momento possível.

Aos meus colegas de sala, principalmente Isabel, Natália, Tamara e Cleide,

companheiros de caminhada que contribuíram muito para a minha formação. São laços de

amizade que vão além de uma sala de aula.

À minha família pelo apoio, meus tios Maria, Natinho e Carminha, aos meus primos

André, Natércia e Marcos Túlio, principalmente a minha mãe Luzia e a minha irmã Alice,

razões da minha existência.

À minha tia Aparecida, sei que onde quer que ela esteja está torcendo muito por mim.

Você foi uma guerreira!

À minha amiga e irmã Doris, pela amizade, confiança, apoio e paciência. Obrigada por

tudo!

À Ângela pela ajuda com o português, à Ana Cristina pela ajuda com livros e apoio, à

Dona Léa pelas informações e pelas fotos, ao padre Antônio também por ceder informações

que muito contribuíram para este trabalho. Ao Estarilno pela ajuda com o levantamento. Ao

Francisco da Silva Araújo, dono do prédio do armazém, por permitir a realização deste

trabalho.

E a todos que contribuíram de alguma forma para que este trabalho fosse realizado e

que torceram por mim durante esta jornada, aqui deixo meus sinceros agradecimentos.

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Ninguém é suficientemente perfeito, que não possa

aprender com o outro e, ninguém é totalmente

destituído de valores que não possa ensinar algo a

seu irmão.

São Francisco de Assis

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Resumo

O presente trabalho apresenta como tema central a elaboração de um Dossiê de Conservação e

Restauro do antigo prédio do Armazém São José no distrito de Santa Rita. Para a realização

do mesmo, foi dividido em quatro etapas. A primeira se resume em uma pesquisa histórica

sobre o distrito, destacando sua formação, cultura, religiosidade, aspectos urbanos,

arquitetônicos e geográficos etc. A segunda etapa é voltada para o objeto de estudo: o

Armazém São José. Nela encontra-se o histórico do prédio, as características arquitetônicas, o

levantamento arquitetônico. Já na terceira expõem-se os danos encontrados no prédio através

de um mapeamento realizado utilizando-se o levantamento arquitetônico, um levantamento

fotográfico e um relatório conclusivo sobre o estado de conservação. Finalmente na quarta e

última etapa propõe-se uma intervenção graficamente e através de um caderno de encargos.

Palavras-Chaves: Dossiê, Conservação, Restauro, Armazém, Santa Rita

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Lista de Figuras

FIGURA 01: Vista do prédio do Armazém .............................................................................. 13

FIGURA 02: Localização do objeto de estudo ......................................................................... 13

FIGURA 03: Vista da cidade de Ouro Preto ............................................................................ 16

FIGURA 04: Vista do Pico do Itacolomi ................................................................................. 17

FIGURA 05: Localização de Santa Rita em relação à sede de Ouro Preto e os outros

distritos.................. ................................................................................................................... 19

FIGURA 06: Antiga capela do Século XVIII .......................................................................... 19

FIGURA 07: Pintura da casa de Maria Antônia ....................................................................... 20

FIGURA 08: Imagem de Santa Rita que Ana de Vasconcelos mandou comprar para a antiga

capela ........................................................................................................................................ 21

FIGURA 09: Sá-Girarda e Felipe Turco .................................................................................. 23

FIGURA 10: Foto da capa do livro Sá-Girarda ........................................................................ 24

FIGURA 11: José Leandro de Paula Rodrigues ....................................................................... 24

FIGURA 12: Filhos de José Leandro ....................................................................................... 25

FIGURA 13: Casas com características coloniais que foram preservadas ............................... 27

FIGURA 14: Casas com características coloniais que sofreu modificações ............................ 27

FIGURA 15: Casas com características coloniais que foi demolida ........................................ 27

FIGURA 16: Igreja de Santa Rita............................................................................................. 28

FIGURA 17: Inauguração da Igreja de Santa Rita em 1964 .................................................... 28

FIGURA 18: Interior da Igreja de Santa Rita ........................................................................... 29

FIGURA 19: Parte externa da igreja: salão, coreto, fragmentos da antiga capela. .................. 29

FIGURA 20: Imagem de Santa Rita esculpida em pedra-sabão .............................................. 29

FIGURA 21: Imagens do século XVIII .................................................................................... 30

FIGURA 22: Capela de Santo Antônio .................................................................................... 30

FIGURA 23: Interior da Capela ............................................................................................... 31

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FIGURA 24: Cruz dos Martírios .............................................................................................. 31

FIGURA 25: A capela antes e depois da reforma .................................................................... 31

FIGURA 26: Primeira Eucaristia e Crisma .............................................................................. 32

FIGURA 27: Guardas romanos da Semana Santa .................................................................... 33

FIGURA 28: Coroações do mês de Maria................................................................................ 33

FIGURA 29: Procissão de caminhões com representações de cenas da vida de Santa Rita .... 34

FIGURA 30: Barracas .............................................................................................................. 34

FIGURA 31: Show ................................................................................................................... 34

FIGURA 32: Partícula do osso de Santa Rita .......................................................................... 35

FIGURA 33: Corpo de Santa Rita na igreja do convento em Cássia na Itália ......................... 36

FIGURA 34: Quadrilha ............................................................................................................ 37

FIGURA 35: Show de Sérgio Reis e Rodeio na Festa do Cavalo 2013 em Santa Rita ........... 37

FIGURA 36: Apresentação da Sociedade Musical Santarritense ............................................ 38

FIGURA 37: Apresentação da Sociedade Musical Santarritense ............................................ 38

FIGURA 38: Sede da Sociedade Musical Santarritense .......................................................... 38

FIGURA 39: Profeta Daniel do Santuário de Congonhas ........................................................ 39

FIGURA 40: Panelas em pedra-sabão ...................................................................................... 39

FIGURA 41: Artesanatos em pedra-sabão ............................................................................... 39

FIGURA 42: Execução de peças no torno ............................................................................... 40

FIGURA 43: Show da Festa da Pedra-Sabão ........................................................................... 40

FIGURA 44: Vista de Santa Rita entre as décadas de 70 e 80 ................................................. 41

FIGURA 45: Vista de Santa Rita atualmente ........................................................................... 41

FIGURA 46: Mapa de Santa Rita com subdistritos e localidades ............................................ 42

FIGURA 47: Mapa dos Aspectos Arquitetônicos .................................................................... 43

FIGURA 48: Tipologia das casas, pavimentação e iluminação ............................................... 43

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FIGURA 49: Zoneamento do distrito de Santa Rita................................................................. 44

FIGURA 50: a: Escola Estadual José Leandro; b: Escola Municipal de Educação Infantil

Suely ......................................................................................................................................... 45

FIGURA 51: a: Igreja Matriz de Santa Rita; b: Capela de Santo Antônio; c: Assembleia de

Deus; d: Maranata; e: Igreja Batista ......................................................................................... 45

FIGURA 52: a: Clínica Odontológica; b: Posto Policial; c: Posto de Saúde ........................... 46

FIGURA 53: a: Campo de Futebol; b: Indústria e Comércio São José .................................... 46

FIGURA 54: Vista do arruamento principal com a serra da Chapada ao fundo ...................... 46

FIGURA 55: Vista de uma das encostas destacando a predominância do verde ..................... 47

FIGURA 56: Jardim da Avenida José Leandro ........................................................................ 47

FIGURA 57: Mapa dos Aspectos Geográficos ........................................................................ 47

FIGURA 58: Córrego Cuiabá ................................................................................................... 48

FIGURA 59: Vista da fachada principal do prédio .................................................................. 49

FIGURA 60: José Leandro servindo pinga a seus clientes na porta do armazém .................... 49

FIGURA 61: Vista da fachada principal da residência ............................................................ 50

FIGURA 62: Vista da fachada principal entre as décadas de 70 e 80 ...................................... 50

FIGURA 63: Vista da fachada principal em 2013 ................................................................... 50

FIGURA 64: Planta Cronológica ............................................................................................. 51

FIGURA 65: Planta Falada....................................................................................................... 52

FIGURA 66: Teatro da Ópera de Paris .................................................................................... 53

FIGURA 67: Teatro Municipal do Rio de Janeiro ................................................................... 53

FIGURA 68: Teatro Municipal de São Paulo .......................................................................... 54

FIGURA 69: Edificações ecléticas em São João Del Rey ....................................................... 54

FIGURA 70: Residência eclética em Ouro Preto ..................................................................... 54

FIGURA 71: Vista da fachada do bar com características ecléticas e traços da art déco ........ 55

FIGURA 72: Vista da fachada principal da residência com características ecléticas e traços da

art déco ..................................................................................................................................... 55

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FIGURA 73: Fachada principal do Armazém .......................................................................... 56

FIGURA 74: Porta do Armazém .............................................................................................. 56

FIGURA 75: Detalhe da platibanda ......................................................................................... 56

FIGURA 76: Detalhe da coluna ............................................................................................... 57

FIGURA 77: Detalhe do oratório com a imagem de São José ................................................. 57

FIGURA 78: Detalhe das escadas de acesso ao prédio ............................................................ 57

FIGURA 79: Detalhe da luminária ........................................................................................... 57

FIGURA 80: Detalhe do piso em cerâmica do salão de vendas ............................................... 58

FIGURA 81: Detalhe do forro do salão de vendas ................................................................... 58

FIGURA 82: Armários e prateleiras do salão de vendas.......................................................... 58

FIGURA 83: Divisória ............................................................................................................. 58

FIGURA 84: Salão posterior - depósito ................................................................................... 59

FIGURA 85: Porta de acesso ao salão posterior ...................................................................... 59

FIGURA 86: Piso em cimento queimado ................................................................................. 59

FIGURA 87: Ausência de forro................................................................................................ 59

FIGURA 88: Janela metálica .................................................................................................... 59

FIGURA 89: Parede externa .................................................................................................... 59

FIGURA 90: Porta de acesso ao hall ........................................................................................ 60

FIGURA 91: Piso do hall em cerâmica .................................................................................... 60

FIGURA 92: Laje em concreto do hall .................................................................................... 60

FIGURA 93: Paredes do hall .................................................................................................... 60

FIGURA 94: Banheiro ............................................................................................................. 61

FIGURA 95: Porta de acesso à parte externa ........................................................................... 61

FIGURA 96: Área de serviço ................................................................................................... 61

FIGURA 97: Parte externa descoberta ..................................................................................... 62

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FIGURA 98: Piso do banheiro da parte externa ....................................................................... 62

FIGURA 99: Forro do banheiro da parte externa ..................................................................... 62

FIGURA 100: Janela do banheiro da parte externa .................................................................. 62

FIGURA 101: Peças de louça do banheiro da parte externa .................................................... 62

FIGURA 102: Telhado do armazém ........................................................................................ 63

FIGURA 103: Fachada principal da residência ........................................................................ 63

FIGURA 104: Platibanda da fachada da residência ................................................................. 63

FIGURA 105: Porta de entrada da residência .......................................................................... 64

FIGURA 106: Janela da fachada principal da residência ......................................................... 64

FIGURA 107: Janela da fachada principal da residência ......................................................... 64

FIGURA 108: Coluna da fachada principal da residência ....................................................... 64

FIGURA 109: Portão da garagem ............................................................................................ 64

FIGURA 110: Sala ................................................................................................................... 65

FIGURA 111: Quarto ............................................................................................................... 65

FIGURA 112: Quarto ............................................................................................................... 66

FIGURA 113: Cozinha ............................................................................................................. 66

FIGURA 114: Pia da cozinha e área de serviço ....................................................................... 66

FIGURA 115: Janela e porta de acesso à área externa ............................................................. 66

FIGURA 116: Banheiro ........................................................................................................... 66

FIGURA 117: Forro em madeira ............................................................................................. 66

FIGURA 118: Área externa da residência ................................................................................ 66

FIGURA 119: Telhado da residência ....................................................................................... 66

FIGURA 120: Garagem ........................................................................................................... 67

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Lista de Abreviaturas e Siglas

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

ZAR-2 – Zona de Adensamento Restrito 2

ZPAM – Zona de Proteção Ambiental

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

SPDI – Sistema de Prevenção e Combate a Incêndio

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FOLHA DE ROSTO

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2

DEDICATÓRIA

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3

AGRADECIMENTOS

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4

EPÍGRAFE

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5

RESUMO

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LISTA DE FIGURAS

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7

LISTA DE FIGURAS

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8

LISTA DE FIGURAS

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9

LISTA DE FIGURAS

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10

LISTA DE FIGURAS

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11

LISTA DE SIGLAS

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12

SUMÁRIO

1 Introdução.......................................................................................................................... 13

2 Levantamento Histórico e Contextual ............................................................................... 16

2.1 A formação do Município de Ouro Preto e seus Distritos ................................................ 16

2.2 O distrito de Santa Rita de Ouro Preto .............................................................................. 19

2.2.1 Nomes que Fazem Parte da História de Santa Rita ........................................................ 22

2.2.2 Monumentos ................................................................................................................... 27

2.2.3 Religiosidade e Cultura .................................................................................................. 32

2.3 Santa Rita nos Dias Atuais ................................................................................................ 41

2.3.1 Aspectos Urbanos e Arquitetônicos ............................................................................... 43

2.3.2 Aspectos Geográficos ..................................................................................................... 47

3 Objeto de estudo: Armazém São José ............................................................................. ..50

3.1 Características Arquitetônicas ........................................................................................... 53

4 Levantamento Arquitetônico ............................................................................................ .69

5 Diagnóstico...................................................................................................................... ..72

5.1 Mapeamento de Danos ...................................................................................................... 72

5.2 Levantamento Fotográfico ................................................................................................ 76

5.3 Relatório Conclusivo Sobre o Estado de Conservação ..................................................... 92

6 Proposta de Intervenção .................................................................................................. ..94

6.1 Especificações dos Serviços .............................................................................................. 96

6.2 Caderno de Encargos e Serviços ....................................................................................... 98

7 Conclusão ...................................................................................................................... ..105

8 Referências Bibliográficas ............................................................................................ ..106

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13

1. Introdução

Este trabalho tem como tema a elaboração do Dossiê de Conservação e Restauro de

uma edificação com características ecléticas: o prédio do antigo Armazém São José (figura

01), localizada à Avenida José Leandro, nº 206, no distrito de Santa Rita de Ouro Preto

(figura 02), distante 30 km da sede do município.

Figura 01: Vista do prédio do Armazém.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 02: Localização do objeto de estudo.

Fonte: Prefeitura Municipal de Ouro Preto

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14

A ocupação do distrito de Santa Rita teve início no século XVIII, mas o seu

desenvolvimento expressivo se deu somente no século XX. Entretanto, é provável que o

reconhecimento do conjunto urbano como parte da história e memória da comunidade

santarritense foi insuficiente para que a arquitetura deste período permanecesse preservada até

os dias atuais. Hoje, as construções que ainda permanecem preservadas são poucas e estão

esparçadas na malha urbana. A edificação em estudo é um destes exemplares e,

principalmente por esse motivo, foi escolhida como objeto para a o desenvolvimento deste

trabalho.

Além das características arquitetônicas singulares, a edificação também teve um papel

importante na história local, por ter funcionado como um armazém desde 1940. Atualmente

foi adaptada para funcionar provisoriamente como salas de aula da Escola Estadual José

Leandro que passa por reformas, sofrendo com isso algumas modificações.

Para alcançar o objetivo de elaborar o dossiê de tombamento do prédio do Armazém, o

trabalho foi divido em várias etapas. A contextualização histórica será desenvolvida através

da leitura de livros que pertencem às bibliotecas das escolas locais que contenham alguma

referência à história do distrito, documentos da paróquia, acervos documentais e fotográficos

de particulares e coleta de informações com a população local. O registro da história de um

lugar é muito importante para salvaguardar a memória de um povo e para que as futuras

gerações conheçam a vida de seus antepassados. Para a realização deste trabalho, a

contextualização histórica se mostra importante por agregar valores ao objeto estudado,

justificando assim a realização do trabalho.

Para delimitar a área a ser estudada será realizada uma visita no distrito para coleta de

dados para análise dos aspectos urbanos, arquitetônicos, geográficos, socioculturais. Nesse

momento acontece o primeiro contato com o local para conhecer suas principais

características, o modo como as pessoas vivem, conhecer a cultura local. Esta fase é muito

importante, pois servirá como norteadora no momento das intervenções que serão propostas

para que nem o objeto nem o seu entorno sejam prejudicados.

Com relação ao estudo do objeto, as informações gerais e históricas sobre o prédio

serão levantadas com a coleta de dados com o proprietário e os filhos de José Leandro

responsável pela construção do prédio e acesso a acervos fotográficos de particulares. É

imprescindível o conhecimento da história do objeto de estudo para a comprovação da sua

importância para o distrito e justificar as intervenções que serão propostas para o objeto.

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15

Uma segunda visita, no local onde o armazém se encontra para realizar o levantamento

de dados relacionados à arquitetura (características, tipologia, análise iconográfica) e

levantamento arquitetônico do edifício através de coleta de todas as medidas possíveis e

levantamento fotográfico para execução dos desenhos em arquivo digital. Como a parte

histórica, a parte física também é relevante, uma vez que seu registro servirá para que as

futuras intervenções que porventura possam ocorrer, sejam facilitadas e orientadas por este

estudo.

A avaliação acerca do estado de conservação do imóvel com informações sobre os

fatores de degradação e impactos no imóvel será a base para que sejam sugeridas propostas de

intervenções de restauro e conservação do edifício, utilizando-se as teorias de restauração e as

condições do prédio.

Além da preservação da edificação em si, espera-se que a realização deste dossiê

contribua para a preservação da memória local, tornando-se um registro da história do distrito

de Santa Rita, assim como da cultura e dos costumes da população, uma vez que poucas

informações são encontradas na bibliografia existente.

Por fim, a realização do trabalho se dá como meio de inserção da edificação como

patrimônio local e para a promoção do reconhecimento deste bem pela população como sendo

um patrimônio seu que deve ser preservado.

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16

2. Levantamento Histórico e Contextual

2.1 A formação do município de Ouro Preto e seus distritos

Cada rua, cada montanha de Ouro Preto encontramos um pouco da rica história de seu

passado, contada de diversas formas e por vários autores, mas nunca perdeu o seu encanto

(figura 03).

Figura 03: Vista da cidade de Ouro Preto.

Fonte: Alina Gabriela, 2012.

Muitos escreveram sobre a descoberta do ouro e fundação de Vila Rica. A versão

considerada oficial, descrita por Diogo de Vasconcelos, é que em uma das várias bandeiras

que adentraram o interior do país em busca de ouro, um mulato parou em um córrego para

beber água e encontrou algumas pedras escuras, guardou-as e vendeu-as a um homem que

descobriu mais tarde que se tratava de ouro de boa qualidade coberto por uma camada de

óxido de ferro.

A notícia da descoberta logo se espalhou e várias bandeiras saíram à procura do local

que tinha como única referência a presença de uma montanha cujo pico tinha uma forma

diferenciada. A primeira a chegar ao lugar foi a de Antônio Dias de Oliveira, em 24 de junho

de 1698, que avistou o referido pico, hoje conhecido como Pico do Itacolomi (figura 04). Ali

foi celebrada a primeira missa e fundado o arraial, com a denominação de Arraial de São

João.

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17

Figura 04: Vista do Pico do Itacolomi.

Fonte: Google Imagens.

Imediatamente, após o comunicado do achado, diversos aventureiros ocuparam a

região do arraial em busca de ouro, como Alex Bohrer descreve:

Em pouco tempo as montanhas da região se povoaram de levas

de aventureiros de todas as partes da colônia e do reino. Vários

arraiais mineradores salpicaram os morros e as margens dos

ribeiros. A desorganização fazia da paisagem um emaranhado

de gentes, casebres e lavras.1

A ocupação nessas terras se deu nas margens dos rios e nas encostas dos morros, os

locais onde se encontrava ouro em abundância. A formação inicial desses arraiais se dava,

segundo Alex Bohrer, por pequenas capelas e por extensas áreas mineradoras.

Dentre esses arraiais, o Arraial de Nossa Senhora da Conceição e o Arraial de Nossa

Senhora do Pilar se destacaram na formação urbana de Vila Rica:

Suas duas capelas situadas nas proximidades de córregos

auríferos, tiveram atuação preponderante na evolução urbana

do núcleo maior que então se desenhava. Tanto isso é veraz

que em 1711, com a criação de Vila Rica, os dois núcleos

foram eixo de discussão, e em 1724, com a instituição das

primeiras freguesias colativas das Minas Gerais, Pilar e

Antônio Dias tiveram seus templos elevados à categoria de

igrejas paroquiais.2

Em 1711 o arraial tornou-se uma vila, intitulada como Vila Rica e em 1720 já era a

capital de Minas Gerais. Pela grande riqueza que tinha em suas terras, logo a vila chamou a

atenção de Portugal que, para garantir a sua parte, criou vários impostos para serem cobrados

sobre o ouro, motivando várias revoltas como a guerra dos Emboabas, a Revolta de Filipe dos

Santos e a Inconfidência Mineira.

1 BOHRER, Alex Fernandes. Ouro Preto: um novo olhar, p.20.

2 BOHRER, Alex Fernandes. Ouro Preto: um novo olhar, p.22.

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Como afirma Alex Bohrer, nenhum outro município brasileiro acumulou tantos fatos

históricos relevantes à construção da memória nacional como este vasto município3, por esse

fator, pelo grandioso conjunto arquitetônico colonial preservado e pela sua rica cultura, em

1933 foi elevado a Patrimônio Nacional, em 1938 tombada pelo atual IPHAN e em 1980

considerada pela UNESCO Patrimônio Cultural da Humanidade.

Atualmente a cidade de Ouro Preto é conhecida mundialmente devido ao seu passado

que atrai turistas de diversas partes para conhecer as suas ladeiras, seus casarões, a sua

história. Porém, essa história ultrapassa o limite das montanhas de Ouro Preto que, além da

sede, contém 12 distritos: Amarantina, Antônio Pereira, Cachoeira do Campo, Engenheiro

Correia, Glaura (Casa Branca), Lavras Novas, Miguel Burnier, Rodrigo Silva, São

Bartolomeu, Santa Rita de Ouro Preto, Santo Antônio do Leite e Santo Antônio do Salto

(figura 05).

Alguns desses distritos tiveram sua formação inicial em meio à exploração aurífera já

no início do século XVIII em Vila Rica. Devido a grande concorrência pela busca do metal

precioso em Vila Rica, aventureiros começaram a explorar os arredores da capital na

esperança de encontrar riquezas e vários arraiais surgiram nessa época. Entretanto nada se

descobriu, mas alguns se aproveitaram das terras férteis e começaram a cultivar plantações e

criação de animais para abastecer a sede, como é o caso de Cachoeira do Campo e

Amarantina, uma vez que pouco se pensava em alimentação e grave crise já se assolava.

Outros distritos que também se formaram no século XVIII eram, na época, pontos

onde se encontravam fazendas localizadas nos caminhos de tropeiros e rotas de comércio que

serviam de pouso para os viajantes. Esses distritos tiveram seu desenvolvimento urbano

somente no século XIX, como exemplo Santo Antônio do Leite.

3 BOHRER, Alex Fernandes. http://www.ouropreto.mg.gov.br/historia

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19

Figura 05: Localização de Santa Rita em relação à sede de Ouro Preto e os outros distritos.

Fonte: Google Imagens.

2.2 O distrito de Santa Rita de Ouro Preto

O distrito de Santa Rita surge neste contexto histórico, em meio à busca pelo ouro e ao

surgimento de fazendas para o cultivo de plantações e criação de animais. Sobre a origem do

distrito, poucos registros são encontrados. No Arquivo Público Mineiro consta um documento

com a data de 1832-1833 do “registro de pagamento de licenças de ofício da capela de Santa

Rita – Ouro Preto”. Outra referência à sua origem é a antiga capela (figura 06) que tinha um

medalhão em pedra-sabão com dois anjos de cada lado segurando as alças de um cálice que

sustentava uma hóstia, trazendo a inscrição com a data de 1734, podendo-se concluir que

provavelmente a formação do povoado se deu entre o final do século XVII e o início do

século XVIII. Esta capela foi demolida e cedeu lugar à ampla igreja que hoje ainda existe.

Figura 06: Antiga capela do Século XVIII.

Fonte: Google Imagens.

O inventário realizado pela Prefeitura Municipal de Ouro Preto em 2008 afirma que as

terras do distrito começaram a ser ocupadas em fins do século XVII quando alguns

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20

aventureiros embrenharam-se pelas margens dos ribeirões Falcão e Gualaxo, em busca de

ouro4·. Ainda no mesmo inventário:

“A capela e a localidade de Santa Rita localizavam-se no

caminho que descia de Vila Rica, passando ao lado de Lavras

Novas, rumo ao sul, na direção da comarca do Rio das Mortes.

O trajeto constituía uma variante de acesso ao Caminho Novo,

rota fundamental das transações entre as vilas mineiras e o

litoral do Rio de Janeiro. Santa Rita situava-se, portanto, em

ponto freqüentado, abrigando paradas de tropeiros e outras

atividades ligadas ao comércio e à agricultura. Em seu entorno

fixavam-se as localidades de Bacalhau, a leste; Itatiaia e Ouro

Branco, a oeste; Manja Legoas, ao sul; Lavras Novas e Vila

Rica, a norte.”5

O nome de Martinho de Vasconcelos aparece como o fundador do distrito. Segundo a

memória local, foi ele o primeiro a chegar nessas terras em busca de ouro. Não encontrando o

metal precioso, Martinho aproveitou-se das terras férteis da região e da crise de fome que

ocorreu nas regiões mineradoras por volta de 1689, e iniciou o cultivo de alimentos e a

criação de animais. Logo conseguiu formar grande fortuna. Construiu a primeira casa6 do

arraial e trouxe a esposa Ana de Vasconcelos e a filha Marta de Vasconcelos para morar em

Santa Rita (figura 07).

Figura 07: Pintura da casa de Maria Antônia.

Fonte: foto tirada por Alina Gabriela de uma pintura de autor desconhecido que fica na casa paroquial de Santa

Rita.

Martinho era conhecido por ser um homem perverso e ateu. Maltratava seus escravos e

até mesmo sua esposa que, ao contrário dele, era conhecida pela sua bondade e pela sua fé. A

filha do casal, Marta, faleceu ainda muito jovem. Após a morte da filha, D. Ana, devota de

Santa Rita, prometeu que se o marido se convertesse, mandaria construir uma capela em

homenagem à santa.

4 Inventário de Santa Rita de Ouro Preto da Prefeitura Municipal de Ouro Preto, p.25

5 Inventário de Santa Rita de Ouro Preto da Prefeitura Municipal de Ouro Preto, p.26

6 Esta casa, segundo a população, era a casa que pertenceu a D. Maria Antônia, feita de madeira e pau-a-pique,

de dois pavimentos com uma bonita varanda na frente, mas infelizmente a edificação foi demolida.

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Passados alguns anos, Martinho foi encontrado gravemente enfermo dependurado no

lombo de seu cavalo. Foi levado para casa e antes de morrer se converteu. E cumprindo sua

promessa, Ana mandou erguer a capela7 em homenagem à santa e do Rio de Janeiro

trouxeram a pequena imagem de Santa Rita8 (figura 08) toda em madeira. Assim a pequena

vila que já se formava recebeu o nome de Santa Rita de Cássia.

Figura 08: Imagem de Santa Rita que Ana de Vasconcelos mandou comprar para a antiga capela.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Depois disso, Ana mudou-se para o Rio de Janeiro e vendeu suas terras para os

bandeirantes Miguel Pacheco e João Novais. Miguel Pacheco doou metade de suas terras para

a capela como relata Padre Antônio:

Dona Ana vendeu suas terras para os bandeirantes Miguel

Pacheco e João Novais. O primeiro doou metade de suas terras

para a capela de Santa Rita: uma fazenda com 85 alqueires.

João Novais discordou da ideia e vendeu sua parte para Miguel

Pacheco e este doou a outra metade para o patrimônio de Santa

Rita.9

Segundo inventário, existem vários registros de batismos, casamentos e óbitos da

antiga capela de Santa Rita. O primeiro registro encontrado é o de uma certidão de casamento

com data de 02 de maio de 1735 de João Barbosa Lima e Maria Dantas. Com esse

levantamento realizado pelo inventário, através do número de batismos e de óbitos, pôde-se

constatar o grande número de escravos e alto poder aquisitivo dos fazendeiros do arraial:

A elevada proporção de batismos realizados junto a escravos,

além de comprovar o caráter popular do templo, indica que a

região devia dedicar-se à agricultura e/ou mineração com o

emprego de mão-de-obra cativa (o que significa a existência de

7 Esta capela é a mesma mencionada anteriormente, construída em pedra, madeira e barro com a inscrição de

1734. 8 Esta imagem ainda se encontra no altar da igreja do distrito em razoável estado de conservação.

9 VIEIRA, Antônio Jesus. Dr. Sílvio Cesar Claudino: Protótipo de Humildade e Simplicidade na Vida Real, p.53.

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propriedades com razoável nível de capitalização).10

O número de óbitos de escravos, como mostra o inventário, se junta ao número de

batismos para comprovar tal fato. Através de análise do inventário constatou-se que entre os

anos de 1747 e 1757, 83,8% dos registros são referentes a sepultamentos de escravos. No

livro de óbitos foi encontrado pelos pesquisadores do inventário o registro do falecimento do

escravo Damião, que pertenceu a Manoel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho.

Santa Rita manteve suas características rurais por muito tempo e pouco se desenvolveu

com relação à formação de traçado urbano. Somente no século XIX, o arraial começou a se

desenvolver. Em 1938 foi elevado à categoria de distrito e passou a chamar Santa Rita de

Ouro Preto. Em 1940, Santa Rita começa a adquirir traços urbanos como Alex Bohrer

destaca:

O Povoado, propriamente dito, só se desenvolveu com

arruamento expressivo durante o século XIX. Caminhos de

tropeiros e vias antigas de comércio fizeram a prosperidade dos

fazendeiros e comerciantes da região, que invariavelmente era

ponto de pouso e rota de caravanas. Estes velhos caminhos

guiaram, como era de se esperar, a expansão urbana.11

Algumas atividades começam a se desenvolver, principalmente a extração de pedra-

sabão, presente no solo do distrito, para a fabricação do pó e de panelas, além de artesanatos.

Nessa época a população contava com o luxo de possuir uma sala de cinema.

Pela grande exploração da pedra-sabão, Santa Rita passou a ser conhecida

mundialmente como a “Capital da Pedra-Sabão”. Tanto a extração das pedras nas pedreiras

quanto a fabricação de peças passou a ser a principal atividade rentável do distrito.

2.2.1 Nomes que fazem parte da história de Santa Rita

Sá-Girarda

Seu nome era Geraldina e é pelas palavras de Maria da Assunção que a conhecemos:

Magra, branca, cara cor de terra, cabelo de poeira. O nariz

vivia escorrendo, o cabelo pingava piolho e o vestido de saco

tinto dançava ensebado sobre uma combinação branca de saco

encardido, pegajosa de sujo. Suas pernas perebentas, magras,

encimavam pés enormes, caraquentos e bichentos. Os olhos

amarelos, dentro de pálpebras inflamadas, sem cílios, eram

moles, preguiçosos, salpicados de manchinhas que lembravam

sardas. As mesmas sardas que tinha espalhadas sobre o corpo;

por toda parte em seu corpo comprido e magro. Geraldina

10

Inventário de Santa Rita de Ouro Preto da Prefeitura Municipal de Ouro Preto, p.29 11

BOHRER, Alex Fernandes. Ouro Preto: um novo olhar, p.183.

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23

lembrava assim, não a raça portuguesa da qual viera em

terceira geração, mas uma camponesa irlandesa, eternamente

suja.12

Como se pode notar, era conhecida pela sua imundice e também por ser muito brava,

qualquer motivo despertava sua ira. Morava em um lugarejo denominado Bom Retiro, nos

arredores de Santa Rita. O modo de ser de Geraldina permaneceu assim até quando conheceu

um turco que apareceu naquelas terras para fixar comércio, com o nome de Felipe Alfredo

Xiples, mas todos o chamavam de Turco. Foi ele quem lhe deu esse apelido por não conseguir

pronunciar o seu nome corretamente, então lhe chamava de Girarda.

Geraldina casou-se com o Turco e foi morar em Santa Rita (figura 09). Depois disso

melhorou um pouco seus modos, passou a ser conhecida por ser boa quitandeira. Entretanto a

braveza pela qual era conhecida não mudou nada, muito pelo contrário, passou a ser como se

fosse a delegada do arraial. Brigas de casais, desentendimentos entre vizinhos, qualquer

problema era ela quem resolvia. Para tanto, utilizava um porrete para temer as partes

envolvidas e não hesitava em fazer uso do instrumento se fosse necessário.

Figura 09: Sá-Girarda e Felipe Turco.

Fonte: foto retirada do inventário de Santa Rita realizado pela Prefeitura Municipal de Ouro Preto, 2008.

Depois de muitos anos, com os filhos já crescidos, mudou-se para Belo Horizonte, mas

sempre sentiu falta da sua terra. Deixou em Santa Rita uma filha, Maria Felipa dos Anjos: a

Maria Turca casada com José Leandro. Adorava passear de bonde pelas ruas da nova cidade e

continuou a fazer suas quitandas que logo ficaram famosas. Já com idade avançada, faleceu

em Belo Horizonte (figura 10).

12

LEANDRO, M. A. Sá-Girarda. p. 07

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24

Figura 10: Foto da capa do livro Sá-Girarda.

Fonte: foto tirada por Alina Gabriela da capa do livro Sá-Girarda.

José Leandro

O seu nome completo era José Leandro de Paula Rodrigues (figura 11), seus pais eram

Leandro Rodrigues e Maria Muniz. Nasceu no dia 17 de dezembro de 1898 em Santa Rita.

Começou a estudar aos oito anos, mas aos dez abandonou os estudos para trabalhar.

Figura 11: José Leandro de Paula Rodrigues.

Fonte: Inventário da Prefeitura Municipal de Ouro Preto, 2008.

Aos dezoito anos já estava estabelecido financeiramente e casou-se com Vitalina com

quem teve dois filhos: João Leandro Rodrigues e Maria Leandro Rodrigues de Oliveira. Após

sete anos de casamento, Vitalina faleceu e oito meses depois ele se casou novamente com

Maria Felipa dos Anjos: a Maria Turca, a filha da Sá-Girarda. Com Maria Turca teve mais

treze filhos. São eles: Maria José Rodrigues Chaves, Maria de Assis Rodrigues da Cruz,

Deusdet Rodrigues de Paula, Maria Aparecida Rodrigues Martins, Maria dos Anjos

Rodrigues Araújo, Mário Rodrigues de Paula, Léa Maria Rodrigues e Rodrigues, Roberto

Rodrigues de Paula, Maria Angela Rodrigues Araújo, Washington de Paula Rodrigues, Maria

da Assunção Rodrigues, José Leandro Filho e Felipe Alfredo de Paula Rodrigues (figura 12).

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Figura 12: Filhos de José Leandro.

Fonte: Inventário da Prefeitura Municipal de Ouro Preto, 2008.

José Leandro foi uma figura muito importante para o distrito de Santa Rita. Ajudou

muita gente, de diversas maneiras. Mantinha um pequeno armazém onde as pessoas o

procuravam em busca de auxílio:

Zé Leandro deixou o povo a explicar entre si aquela doidera de

coisas esquisitas de fim de mundo, e saiu correndo para acudir

a parturiente. Outras pessoas aflitas já lhe corriam atrás para

que ele fosse assistir a uma e outra pessoa que tiveram síncope

ou estavam mal do fígado.13

Até mesmo devido a acontecimentos bizarros, as pessoas o procuravam. Como

aconteceu quando, pela primeira vez dois bimotores cruzaram o céu de Santa Rita, na época

em que o presidente Getúlio Vargas decretou estado de sítio no país. Foi no largo em frente ao

armazém que todo o povo se reuniu:

De repente um vozerio encheu o largo defronte a Venda. Gritos

aflitos, enlouquecidos, invadiram o recinto. Choro, lamento,

canto de hinos e ladainhas, pedidos de socorro e proteção dos

céus... Os ouvidos de Zé Leandro captaram os sons, enquanto,

curioso, ele veio correndo em direção ao vozerio. Deparou com

uma cena estranha, da qual jamais se esqueceria. Todo povo

parecia apavorado por alguma coisa. Todos traziam nas mãos,

terços, imagens de santos, e estendiam os braços num apelo:

-Seu Zé Leandro, ajuda nóis! O mundo tá arrazando. Nóis, num

sabe o que deve de fazê. O sinhô vem reza com nóis na igreja.

Vem home de Deus, vem seu Zé, acode nóis tudo!14

Além disso, trouxe vários benefícios para o distrito, construiu o principal arruamento

do arraial, criou a Casa de Cinema, a banda de música, a casa de escola15

e a usina elétrica.

Quando construiu a estrada que ligava Santa Rita a Ouro Preto, para inauguração, comprou

um automóvel e caminhões, o que causou grande espanto entre os moradores que nunca

tinham visto nada parecido:

13

LEANDRO, M. A. Sá-Girarda. p. 60 14

LEANDRO, M. A. Sá-Girarda. p. 59 15

Atual Escola Estadual José Leandro

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A chegada dos carros foi anunciada com muitos foguetes. A

banda do Antônio Dias de Ouro Preto, abria o cortejo. O povo

tímido, arredio, se afastava à medida que a banda passava. No

momento em que o primeiro carro chegou ao largo da Venda o

povo saiu correndo das proximidades. O susto que sofreram foi

semelhante ao dos aviões. Acharam contudo o perigo maior

porque estava na terra, bem ao lado deles.16

José Leandro conseguiu a elevação da vila a distrito de Ouro Preto em 1938. Também

construiu a primeira fábrica de Talco e Panelas São José. Exerceu o cargo de Juiz de Paz e em

1941 foi eleito vereador.

No dia 22 de setembro de 1957, aos 59 anos, José Leandro faleceu devido a

complicações pelo diabetes.

Outros nomes importantes para o distrito

Outras pessoas também contribuíram para a história e o crescimento do distrito, entre

eles:

Miguel Pacheco, português muito rico, que também chegou ao arraial à procura de

ouro na mesma época que Martinho de Vasconcelos. Como não encontrou, construiu uma

casa e se dedicou à plantações de algodão, cana-de-açúcar, milho e feijão. Foi ele quem doou

as terras para a igreja.

Manoel Delfino Gomes, que nasceu e sempre viveu em Santa Rita. Foi um homem

muito religioso e que muito ajudou as pessoas que dele precisaram com sua experiência.

Padre Marcelino, que em 1940 passou a prestar assistência religiosa em Santa Rita. Na

época, a pequena capela pertencia a Itatiaia onde ele também trabalhava. Outro local onde

prestou seus serviços foi em Miguel Burnier. Padre Marcelino, utilizando-se dos seus próprios

recursos, comprou a Casa Paroquial que atualmente se localiza atrás da igreja de Santa Rita.

Cônego Veloso, que trabalhou muito pela comunidade de Santa Rita. Com muita

dificuldade, lutou para construir a atual Igreja Matriz de Santa Rita. A obra durou cinco anos,

de 1959 a 1964, pois a comunidade era muito pequena e com poucos recursos financeiros.

Depois de prestar grandes serviços à comunidade, tornou-se bispo de Itumbiara em Goiás

onde faleceu.

16

LEANDRO, M. A. Sá-Girarda. p. 69

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2.2.2 Monumentos

Apesar de ter sua origem nos século XVIII, poucos traços da época foram conservados

no distrito. A antiga capela foi derrubada como mencionado anteriormente e cedeu lugar a

uma ampla e moderna igreja. Restam poucos exemplares de casarões que foram construídos

no início do século XIX (figura 13).

Figura 13: Casas com características coloniais que foram preservadas.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

A Prefeitura Municipal de Ouro Preto, em 2008, realizou um inventário de vários

imóveis do distrito, alguns pelas suas características coloniais ou ecléticas ou pela importância

que tem para a população. Contudo, hoje, com o inventário em mãos, pode-se notar que

alguns desses imóveis sofreram modificações e alguns até mesmo foram demolidos (figura 14

e 15).

Figura 14: Casas com características coloniais que sofreram modificações.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 15: Casas com características coloniais que foi demolida.

Fonte: http://www.asminasgerais.com.br/qf/venhameverdeperto/santa_rita_ouro_preto/grande083.htm.

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Dentre esses imóveis inventariados, destacam-se a Igreja Matriz de Santa Rita e a

Capela de Santo Antônio.

Igreja Matriz de Santa Rita

A Igreja Matriz de Santa Rita (figura 16) é ampla com características modernas,

localizada em um ponto de destaque no distrito. Na época da formação do distrito, uma

pequena capela com características barrocas ocupava o mesmo lugar da atual igreja.

Figura 16: Igreja de Santa Rita.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Devido ao aumento significativo da população, a capela já não suportava o grande

número de fiéis, então demoliram a antiga construção para erguerem um templo maior. Em

1964 já se inaugurava o novo templo, com feições modernas (figura 17).

Figura 17: Inauguração da Igreja de Santa Rita em 1964.

Fonte: foto tirada por Alina Gabriela de uma foto que fica na casa paroquial de Santa Rita.

Suas características são simples, sem muita ornamentação: telhado de duas águas,

presença de uma torre sineira, frontão triangular, um relógio onde havia um óculo e alguns

degraus que dão acesso ao alpendre na sua fachada principal. No seu interior prevalece a

claridade devido à presença de várias janelas basculantes nas duas laterais da nave; logo na

entrada, à esquerda tem a sala de batismo (que hoje não é mais usada) e à direita o acesso para

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o coro e para a torre. Entre o altar-mor e a nave há o arco cruzeiro com a imagem do Divino

Espírito Santo no centro e dois altares laterais com algumas imagens. No altar-mor há

ornamentações em mármore e ao fundo a imagem de Santa Rita. Ainda na parte posterior se

encontra à esquerda a Capela do Santíssimo Sacramento e à direita a sacristia (figura 18).

Figura 18: Interior da Igreja de Santa Rita.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Na parte externa há a casa paroquial, o salão paroquial que é utilizado para diversas

atividades e um amplo adro que abriga alguns fragmentos da portada da antiga capela, um

coreto (figura 19) e uma belíssima imagem de Santa Rita esculpida em pedra-sabão (figura

20).

Figura 19: Parte externa da igreja: salão, coreto, fragmentos da antiga capela.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

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Figura 20: Imagem de Santa Rita esculpida em pedra-sabão.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Segundo informações do pároco padre Antônio, a igreja consegue abrigar em seu

interior 3.000 pessoas e ainda conserva algumas imagens do século XVIII que pertenciam à

antiga capela como a pequena imagem de Santa Rita que ocupa um lugar de destaque no altar-

mor e a imagem de São Sebastião, entre outras (figura 21).

Figura 21: Imagens do século XVIII.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Capela de Santo Antônio

É uma pequena capela em homenagem a Santo Antônio, que se localiza bem próxima

à igreja matriz (figura 22). Alguns moradores contam que ali também havia pequenina capela

com traços barrocos e que foi demolida.

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Figura 22: Capela de Santo Antônio.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Também apresenta características modernas, com telhado de duas águas, não há

presença de torres, sua fachada principal é formada por uma porta central e uma pequena

abertura que abriga a imagem de Santo Antônio.

No seu interior há uma escada à direita que dá acesso à imagem da fachada, uma nave

ampla com algumas janelas nas laterais e um altar-mor simples com uma pequena sacristia ao

lado (figura 23).

Figura 23: Interior da Capela.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

E ainda no adro há um cruzeiro de madeira com os instrumentos do martírio de Jesus

Cristo (figura 24).

Figura 24: Cruz dos Martírios.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

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Recentemente a capela passou por uma reforma em que foram fechadas as duas

janelas que existiam na fachada principal e a alteração da cor das fachadas (figura 25).

Figura 25: A capela antes e depois da reforma.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

2.2.3 Religiosidade e Cultura

A religiosidade é uma das características do distrito. O próprio nome é uma

homenagem a Santa Rita, mostrando como a fé faz parte da vida desse lugar, herança da

colonização portuguesa como em Ouro Preto, onde em vários pontos da cidade existem

monumentos religiosos como demonstração de fé dos portugueses.

Logo no início da ocupação, um membro da primeira família a chegar às terras de

Santa Rita, Ana de Vasconcelos, mandou construir uma capela e desde então a religião passou

a fazer parte da vida das pessoas da comunidade.

Atualmente não é muito diferente, outras religiões chegaram ao distrito como a

Assembleia de Deus, a Batista, a Maranata. Entretanto, ainda é a religião católica que tem

maior expressão em Santa Rita. Há um grupo de oração, o terço das crianças, o terço das

mulheres, o terço dos homens, o terço dos jovens e o grupo de jovens.

Ainda há encontros de catequese para preparar as crianças para a Primeira Eucaristia e

a preparação dos jovens para a Crisma (figura 26).

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Figura 26: Primeira Eucaristia e Crisma.

Fonte: Carmem Lúcia, S/D.

Além disso, são várias as festividades ao longo do ano em que toda a comunidade

participa ativamente.

No início do ano, no dia 20 de janeiro há a comemoração pelo dia de São Sebastião

com missas e procissão. O período da Quaresma começa com a celebração da Quarta-feira de

Cinzas, quando os fiéis recebem as cinzas na cabeça em sinal de penitência. Durante todo o

período, além de missas, há confissões e a Via Sacra que consiste na meditação dos

sofrimentos de Jesus desde o tribunal de Pilatos até o Monte Calvário onde foi crucificado. A

Semana Santa começa com o Domingo de Ramos quando é celebrada a entrada triunfal de

Jesus em Jerusalém, neste dia é realizada a procissão de ramos. Na quarta-feira há Procissão

do Encontro, momento em que Maria encontra com seu filho no caminho para o Monte

Calvário. Na quinta-feira é realizada a Cerimônia do Lava-Pés, que é a representação do

momento que Jesus lavou os pés dos seus discípulos. Na sexta-feira pela manhã realiza-se

uma Via Sacra pelas ruas do distrito, às 15 horas é celebrada a Paixão de Cristo e a noite o

Descendimento da Cruz, o canto da Verônica e a Procissão do Senhor Morto. Nesse dia há a

tradição das pessoas levarem ervas como alecrim, manjericão, arruda para colocar no esquife

do Senhor Morto e após a procissão pegar um galhinho. No sábado celebra-se a Vigília Pascal

com a benção do fogo novo e o momento em que os sinos voltam a repicar. No domingo há

missas e a procissão celebrando a Páscoa (figura 27).

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34

Figura 27: Guardas romanos da Semana Santa.

Fonte: http://santarita-op.blogspot.com.br/2012/10/santa-rita-de-ouro-preto.html.

O dia de Corpus Christi também é comemorado na comunidade com missas,

procissões e a Bênção do Santíssimo. Nos meses de junho e julho há celebrações em honra a

Santo Antônio, São Pedro e São João. No mês de outubro comemora-se o dia da padroeira do

Brasil, Nossa Senhora Aparecida, também com procissão e missas e em dezembro a

comemoração do Natal.

Mas a festa de maior expressão e de maior importância é a comemoração pelo dia da

padroeira no mês de maio. As comemorações ocorrem ao longo de todo o mês. Todos os dias

acontecem a celebração da missa e coroações da imagem de Nossa Senhora e de Santa Rita

pelas meninas da comunidade que se vestem de anjo em homenagem ao mês de Maria (figura

28). Nove dias antes das festividades inicia-se a novena em honra a Santa Rita.

Figura 28: Coroações do mês de Maria.

Fonte: Carmem Lúcia, S/D.

A festa começa no sábado mais próximo ao dia da padroeira, com a procissão das

bandeiras de Santa Rita e de Nossa Senhora, cada uma saindo de residências de moradores da

comunidade. Ao chegar à igreja celebra-se a missa, logo após há coroação e o levantamento

do mastro com as bandeiras no adro da igreja com a apresentação da banda Sociedade

Musical Santarritense. No domingo, a comunidade recebe milhares de romeiros devotos da

santa. Durante o dia há a celebração de várias missas. Às 10 horas, celebra-se uma missa

solene em honra a Santa Rita com a benção das rosas vermelhas. Ao meio-dia há o repique de

sinos e é costume entre os moradores soltarem fogos de artifício. E no final do dia é realizada

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35

a tradicional procissão composta por 14 caminhões enfeitados e com pessoas da própria

comunidade representando cenas da vida de Santa Rita (figura 29).

Figura 29: Procissão de caminhões com representações de cenas da vida de Santa Rita.

Fonte: Alice Cerise, 2012.

Em todos os dias da festa é tradição a presença das dezenas de barraquinhas que

vendem desde bebidas e comida até roupas, enfeites, calçados, brinquedos etc. (figura 30). E

ainda, depois que as festividades religiosas terminam, há os shows que acontecem em local

aberto ao público (figura 31).

Figura 30: Barracas.

Fonte: Google Imagens, S/D. Figura 31: Show.

Fonte: Google Natália Santos, 2011.

No dia 22 de maio, dia dedicado à padroeira do distrito, há a celebração da missa

solene às 10 horas da manhã, ao meio-dia repete-se o repicar dos sinos e a queima de fogos

por moradores e no final da tarde a procissão com a pequena imagem do século XVIII em um

andor todo enfeitado por rosas vermelhas.

Pela grande manifestação de fé da população de Santa Rita, a comunidade recebeu

uma relíquia – um fragmento de osso da santa, que se encontra dentro da Igreja de Santa Rita

exposta para visitação (figura 32).

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36

Figura 32: Partícula do osso de Santa Rita.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Santa Rita ou Margueritta, seu nome de batismo, nasceu em Roccaporena, província

de Úmbria perto de Cássia na Itália, em 22 de maio de 1381. Seus pais, Antônio Mancini e

Amata Ferri, já tinham idade avançada quando a conceberam. Quando criança já lhe foi

atribuídos milagres.

Desde pequena Rita demonstrou o desejo de ser religiosa, mas seus pais resolveram

casá-la com Paulo Ferdinando, um homem rico, perverso e violento. Durante quase duas

décadas Rita viveu ao seu lado suportando os maltratos e infidelidade do marido. Com ele

teve filhos gêmeos: Paulo Maria e João Tiago. Conhecido por sua crueldade, Paulo tinha

muitos inimigos, um dos quais o assassinou. Rita, ao ver os filhos planejando a vingança pela

morte do pai e não conseguindo destituí-los da ideia, pediu a Deus que tal vingança não se

consumasse. O seu pedido foi atendido quando, pouco tempo depois seus filhos foram

acometidos de doença misteriosa e em pouco tempo faleceram.

Vendo-se sozinha após a morte do marido e dos filhos, Rita tentou ingressar no

convento das agostinianas em Cássia, mas alguns historiadores dizem que encontrou

dificuldades por ser viúva, outros pela desavença que ainda existia pela morte de seu marido e

esse impasse perdurou por quatro anos. Rita somente foi aceita no convento pela intervenção

de São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau, santos de sua devoção e que, num certo

dia, simplesmente apareceu dentro do convento sem ninguém abrir a porta para que ela

entrasse. Rita vivia isolada no convento em constantes orações por não ter sido bem recebida

pelas outras freiras. Um dos milagres atribuídos a ela foi quando a Superiora do convento lhe

deu a missão de regar um galho seco de videira. Sem entender a ordem, Rita aceitou a tarefa

sem questionamentos e, findo um ano, a videira brotou folhas verdes e frutos. Essa videira

ainda se encontra no convento.

Outro fato marcante em sua vida foi quando ajoelhada em constante oração em frente

a um crucifixo, recebeu em sua testa um dos espinhos da coroa de Cristo. Uma ferida

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37

infeccionada com mau cheiro se formou, o que acabou ocasionando o seu isolamento em sua

cela. Rita conviveu quinze anos com a chaga e durante esse tempo várias pessoas a

procuravam, muitas vezes por motivos de doenças, pedindo-lhe orações. Nesse tempo várias

curas inexplicáveis foram-lhe atribuídas.

Uma parenta, procurando consolá-la, perguntou-lhe: “Que

posso fazer para aliviar seus sofrimentos?”. Rita respondeu:

“Eu queria muito uma rosa e dois figos do meu belo pomar”.

Mesmo sem esperanças de encontrar a tal encomenda, de volta

a Roccaporena, a parenta se dirigiu ao local do antigo pomar da

casa dos pais de Rita. E lá estavam uma linda rosa e dois figos

maduros.17

Aos 76 anos, muito doente, no dia 22 de maio de 1457, após suas últimas palavras às

irmãs, a ferida da testa cicatrizou e começou a exalar um doce perfume de rosas e Rita

faleceu. Os sinos do convento começaram a badalar misteriosamente. O seu corpo nunca foi

enterrado e permanece exposto para a visitação dos fiéis até hoje (figura 33).

Figura 33: Corpo de Santa Rita na igreja do convento em Cássia na Itália.

Fonte: Google Imagens.

Também há relatos de que quem visita o convento ainda sente o cheiro de rosas. Pela

atribuição a vários milagres, Santa Rita foi canonizada em 1900 por Leão XIII.

A Festa de Santa Rita, além de ser uma festa religiosa, é também parte da cultura do

distrito. Outras manifestações populares que ocorrem ao longo do ano também fazem parte da

cultura desse povo. Como é o caso das festas juninas que ocorrem em comemoração aos

santos Antônio, João e Pedro, com a apresentação de quadrilhas, casamento na roça,

barraquinhas de comidas típicas da época como o quentão e a canjica, pescaria, pau de sebo e

fogueira (figura 34).

17

VARELA, Viviane da Silva. Santa Rita das Causas Impossíveis – Luz e Esperança Para o Povo Que Sofre.

p.27

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38

Figura 34: Quadrilha.

Fonte: Carmem Lúcia, S/D.

No mês de agosto ocorre a Expoagro, com a apresentação de rodeios, barraquinhas de

comida, parque de diversão e shows durante três dias de festa (figura 35).

Figura 35: Show de Sérgio Reis e Rodeio na Festa do Cavalo 2013 em Santa Rita.

Fonte: Isabel Cristina, 2013.

No distrito há também a banda de música Sociedade Musical Santarritense (figura 36 e

37), criada em 1952 por José Leandro. Tem sua sede (figura 38) ao lado da Igreja de Santa

Rita e participou ativamente de todas as festividades da paróquia. Em 2000, a banda foi

desativada e por muito tempo a comunidade teve que recorrer a bandas de outras paróquias

para a realização de festas, principalmente a Sociedade Musical Santa Cecília de Passagem de

Mariana. Recentemente a Sociedade Musical Santarritense foi reativada e atualmente além de

abrilhantar as festas da comunidade, incentiva crianças e jovens a aprenderem o ofício.

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39

Figura 36: Apresentação da Sociedade Musical

Santarritense.

Fonte: Acervo de Rafael Guimarães, 2012.

Figura 37: Apresentação da Sociedade Musical

Santarritense.

Fonte: Acervo de Leia Maria Rodrigues e Rodrigues,

s/d.

Figura 38: Sede da Sociedade Musical Santarritense.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Apesar de ser considerado um lugar pequeno e pacato, o distrito de Santa Rita é

conhecido mundialmente por ser a Capital Mundial da Pedra-Sabão. No seu subsolo o mineral

é encontrado em abundância. Pedra-sabão é o seu nome popular por ser escorregadia,

principalmente quando molhada. Esteatita é seu nome científico, é uma rocha metamórfica

que contém outros minerais na sua composição, de baixa dureza. Devido a essa característica,

vários usos foram-lhe atribuídos.

No século XVIII, Aleijadinho utilizava a pedra para esculpir peças que hoje são

mundialmente famosas (figura 39). A pedra também é beneficiada e transformada em talco

para ser utilizado de diversos modos como a fabricação de remédios. A pedra é usada também

para fabricar fogões à lenha, lareiras, panelas e formas de pizza18

(figura 40).

18

No Brasil não é comum a utilização da pedra para a fabricação de fogões à lenha e lareira.

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40

Figura 39: Profeta Daniel do Santuário de Congonhas.

Fonte: Google Imagens. Figura 40: Panelas em pedra-sabão.

Fonte: Google Imagens.

Em Santa Rita, a pedra é amplamente utilizada pelos artesãos para a confecção de

objetos em geral (figura 41): porta retratos, porta joias, castiçais, cinzeiros, copos, relógios.

Há três formas de se transformar a pedra: esculpindo manualmente, no torno ou na serra

(figura 42).

Figura 41: Artesanatos em pedra-sabão.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

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41

Figura 42: Execução de peças no torno.

Fonte: Google Imagens.

Durante muito tempo a confecção do artesanato foi a base de subsistência da maioria

das famílias do distrito, quase todas as casas tinham um torno no fundo do quintal. Entretanto,

devido a vários fatores, houve um declínio na produção do artesanato. Atualmente poucas

pessoas ainda trabalham com a pedra-sabão.

Apesar do declínio, no mês de setembro é realizada a Festa da Pedra-Sabão, onde

todos os artesãos têm a oportunidade de mostrar o seu trabalho em uma exposição. Durante a

festa é realizados shows e é escolhida a rainha da pedra-sabão com desfiles (figura 43).

Devido a questões políticas, a festa não aconteceu por vários anos e seu acontecimento fica a

cargo da vontade dos governantes.

Figura 43: Show da Festa da Pedra-Sabão.

Fonte: Google Imagens.

2.3 Santa Rita nos Dias Atuais

Atualmente, houve um declínio significativo na fabricação de peças, devido ao

embargo de pedreiras e tornos, falta de incentivo do poder público e doenças causadas pelo pó

da pedra. Poucas famílias mantêm a tradição de trabalhar com a pedra e por não haver outra

atividade que gere renda, várias deixaram o distrito em busca de emprego em cidades

vizinhas. Santa Rita hoje se encontra em estado de abandono, quase não há investimento em

cultura, lazer, fontes de renda, transporte.

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42

Santa Rita (figura 44 e 45) se localiza a 30 quilômetros ao sul da sede, num vale

cercado por pequenas montanhas. Atualmente, segundo o pároco padre Antônio, o distrito

conta com uma população de 8.200 pessoas, sendo que boa parte desta população se

caracteriza como rural.

Figura 44: Vista de Santa Rita entre as décadas de 70

e 80.

Fonte: Acervo de Léa Maria Rodrigues e Rodrigues,

s/d.

Figura 45: Vista de Santa Rita atualmente.

Fonte: Sinésio Fernandes, 2013.

Apesar de seu centro urbano ser pequeno, possui uma extensa área com as seguintes

divisas: Ouro Branco, Itaverava, Catas Altas da Noruega, Piranga, Mariana e a sede do

município. A população se divide nessa área em diversas localidades e subdistritos. São 05

subdistritos: Bandeiras, Mata dos Palmitos, Piedade, Santo Antônio e Serra dos Cardosos e 29

localidades: Águas Claras, Bananal, Boa Vista, Bom Retiro, Campestre, Canavial, Cláudio

Souza, Córrego Grande, Coqueiro, Curvilhana, Derrubada, Felipinho, Fernandes, Fojo,

Maciel, Malta, Mantiqueira, Mapa, Mata do Gama, Meira, Moreira, Olhos D’água, Pasto

Limpo, Raposos, Sanches, Sapecado, Tabuões, Tejuco, Zezinho19

(figura 46).

19

Algumas localidades não aprecem no mapa da figura 10 e a localidade da Chapada atualmente não pertence a

Santa Rita.

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43

Figura 46: Mapa de Santa Rita com subdistritos e localidades.

Fonte: Acervo Documental da Paróquia de Santa Rita, S/D.

2.3.1 Aspectos Urbanos e Arquitetônicos

Não existe um padrão na arquitetura do distrito, as construções são diversificadas de

acordo com a situação econômica de cada morador. Existem casas mais simples, algumas com

terraço, outras com telhado, de um a dois pavimentos, algumas no alinhamento da rua, outras

com afastamentos, quase todas com quintais na parte posterior das edificações (figura 47). O

distrito tem a maioria de suas ruas asfaltadas em péssimo estado de conservação, a iluminação

pública é através de postes convencionais (figura 48).

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44

Figura 47: Mapa dos Aspectos Arquitetônicos.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 48: Tipologia das casas, pavimentação e iluminação.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Embora a ocupação do distrito seja desordenada, sem um padrão formal, existem leis

que regem a ocupação do solo no distrito. O município de Ouro Preto foi dividido em zonas

que coloca determinadas normas para a ocupação de cada área. Em Santa Rita,

especificamente na sua área central, prevalece a Zona de Adensamento Restrito 2 – ZAR-2.

Segundo a Lei Complementar Nº93 de 20 de Janeiro de 2011, que estabelece normas e

condições para parcelamento, a ocupação e o uso do solo urbano do Município de Ouro Preto,

Zona de Adensamento Restrito compreende as áreas em que a ocupação e o uso do solo são

controlados, em razão da ausência ou deficiência de infraestrutura de drenagem, de

abastecimento de água ou esgotamento sanitário, da precariedade ou saturação da

articulação viária externa ou interna, de condições topográficas, hidrográficas e geológicas

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45

desfavoráveis e da interferência sobre o patrimônio cultural ou natural, além das áreas que,

por suas características geo-ambientais incluindo o seu entorno, devem ser preservadas,

podendo ser parceladas e/ou ocupadas mediante condições especiais, observando a

tendência ou a forma de ocupação existente20

. E ainda, mais especificamente a ZAR-2,

regiões nas quais as condições de relevo, as características de risco geológico, a geometria,

a desarticulação do sistema viário ou a tendência à ocupação residencial unifamiliar exigem

a adoção de parâmetros que devam ajustar e restringir o adensamento demográfico21

.

Vale ressaltar que praticamente todo o entorno do distrito está na Zona de Proteção

Ambiental - ZPAM que compreende as áreas que devem ser preservadas ou recuperadas em

função de suas características topográficas, geológicas e ambientais de flora, fauna e

recursos hídricos, e/ou pela necessidade de preservação do patrimônio arqueológico ou

paisagístico.22

(figura 49). Embora haja estas normas visando à proteção, essas áreas vêm

sendo degradadas pela plantação de eucaliptos para a produção de carvão.

Figura 49: Zoneamento do distrito de Santa Rita.

Fonte: http://www.ouropreto.mg.gov.br/uploads/arquivos_veja_tambem/zoneamento-santa-rita-de-ouro-preto-1.pdf

O distrito de Santa Rita conta com duas escolas: a Escola Estadual José Leandro que

possui ensino fundamental e médio e a Escola Municipal de Educação Infantil Suely, a

20

LEI COMPLEMENTAR Nº93 DE 20 DE JANEIRO DE 2011 21

LEI COMPLEMENTAR Nº93 DE 20 DE JANEIRO DE 2011 22

LEI COMPLEMENTAR Nº93 DE 20 DE JANEIRO DE 2011

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Creche Sonho de Criança, a Igreja Matriz de Santa Rita, a Capela de Santo Antônio, a

Assembleia de Deus, a Maranata e a Batista, um cemitério municipal, um posto policial, um

campo de futebol, um hotel, duas pousadas, um posto médico e uma clínica odontológica da

prefeitura, uma farmácia, duas padarias, três supermercados, algumas lojas (móveis, roupas,

calçados, papelaria, artesanato), vários bares, um restaurante, um posto de gasolina, uma

fábrica de talco e panelas (figuras 50, 51,52 e 53).

(a)

(b)

Figura 50: a: Escola Estadual José Leandro; b: Escola Municipal de Educação Infantil Suely.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

Figura 51: a: Igreja Matriz de Santa Rita; b: Capela de Santo Antônio; c: Assembleia de Deus; d: Maranata; e:

Igreja Batista.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

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47

(a)

(b)

(c)

Figura 52: a: Clínica Odontológica; b: Posto Policial; c: Posto de Saúde.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

(a)

(b)

Figura 53: a: Campo de Futebol; b: Indústria e Comércio São José.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

2.3.2 Aspectos Geográficos

O distrito de Santa Rita fica situado num vale cercado por montanhas. A sua ocupação

se dá nas encostas dessas montanhas de maneira desordenada e no meio do vale o arruamento

principal, a Avenida José Leandro (figura 54) sendo que o traçado viário é orgânico.

Figura 54: Vista do arruamento principal com a serra da Chapada ao fundo.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Por ser um lugar pequeno, ainda existe grande predominância do verde na paisagem

principalmente nas encostas das montanhas que circundam o distrito. Além disso, a maioria

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das casas têm quintais e existe um pequeno jardim localizado na avenida principal (figuras 55

e 56).

Figura 55: Vista de uma das encostas destacando a

predominância do verde.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 56: Jardim da Avenida José Leandro.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Como em todo vale, no centro passa um pequeno córrego denominado Cuiabá. Este

córrego se encontra muito maltratado, pois é ele que recebe todo o esgoto do distrito, também

é nele que alguns moradores jogam o lixo apesar de haver o recolhimento pela prefeitura três

vezes por semana. Devido a esses fatores, alguns pontos do distrito já convivem com

alagamentos em época de chuva (figura 57 e 58).

Figura 57: Mapa dos Aspectos Geográficos.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

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49

Figura 58: Córrego Cuiabá.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

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50

3. Objeto de Estudo: Armazém São José

O objeto de estudo trata-se de um prédio (figura 59) localizado em Santa Rita de Ouro

Preto, distrito de Ouro Preto. Esse prédio foi construído em 1940 por José Leandro de Paula

Rodrigues para abrigar um armazém: Armazém São José ou Casa Leandro, onde eram

vendidos tecidos, sapatos, alimentos como arroz, feijão entre outros artigos (figura 60).

Figura 59: Vista da fachada principal do prédio.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 60: José Leandro servindo pinga a seus clientes na porta do armazém.

Fonte: Acervo de Léa Maria Rodrigues e Rodrigues, s/d.

Anexa ao armazém há uma residência que funcionava como escritório do armazém,

depois funcionou como posto telefônico do distrito e posteriormente foi adaptado para uma

residência (figura 61).

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51

Figura 61: Vista da fachada principal da residência.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

O armazém funcionou por mais de 60 anos, administrado pela família de José Leandro

mesmo após o seu falecimento. Quando se deu a partilha dos bens, o armazém mudou-se para

outro prédio localizado na mesma avenida e tomou características de um pequeno

supermercado administrado pelo filho de Mário Rodrigues de Paula e o antigo prédio passou a

ser propriedade da filha Maria Ângela Rodrigues Araújo e seu esposo Francisco da Silva

Araújo em 2004. Atualmente o prédio foi alugado para a Escola Estadual José Leandro que

passa por reformas. Para tanto o salão foi adaptado com divisórias para a criação de duas salas

de aula. A residência atualmente encontra-se sem uso.

Com relação às modificações que foram realizadas ao longo do tempo não foi

encontrada nenhuma documentação que comprove a época em que ocorreram. Entretanto, ao

realizar o levantamento e a análise de fotos antigas podem-se observar algumas mudanças

(figuras 62 e 63).

Figura 62: Vista da fachada Principal entre as décadas

de 70 e 80.

Fonte: Acervo de Léa Maria Rodrigues e Rodrigues,

s/d.

Figura 63: Vista da fachada Principal em2013.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

A filha de José Leandro afirma que o salão de vendas e a residência foram construídos

em 1940. As duas portas à esquerda da edificação como pode ser visto na foto acima,

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primeiramente davam acesso ao depósito do armazém, depois davam acesso a entrada do

armazém e posteriormente esta parte foi demolida para acréscimo da residência ao lado.

O salão que fica na parte de trás da edificação e o banheiro que se localiza na parte

externa, segundo Luzia Dias de Souza, que trabalhou no armazém na década de 70, afirmou

que esta parte também é antiga, entretanto não se pode afirmar que foi construída na mesma

época do armazém, sabe-se que esta parte passou por intervenções, pois estava em estado de

arruinamento. As divisões que existem na residência e o banheiro que se encontra a esquerda

da edificação são intervenções realizadas recentemente (figura 64).

Figura 64: Planta Cronológica.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Os materiais construtivos utilizados na edificação se diferem de acordo com o tempo

em que as modificações ocorreram. Na planta original de 1940, nota-se que a alvenaria é de

tijolo maciço, o forro do salão de vendas é de madeira tipo saia e camisa, o tabuado de

madeira foi substituído pela cerâmica. A parte de trás passou por modificações constatadas

pela alvenaria de bloco de concreto. O espaço onde funcionava o escritório é dividido para se

transformar em residência, utilizando-se nas alvenarias tijolo furado. E um banheiro é

adaptado à planta, intervenção esta realizada recentemente (figura 65).

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53

Figura 65: Planta Falada.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

3.1 Características Arquitetônicas

O termo ecletismo pode ser definido como uma mistura de estilos em uma única obra.

É um termo de origem grega "eklekticós", que significa aquele que escolhe23

. Portanto pode

ser entendido como um estilo que seleciona as qualidades de outros estilos e as encerra em

somente um.

A produção artística de alguns artistas do norte da Itália do século XVI foi a primeira a

ser identificada como eclética pelo teórico alemão Johann Joachim Winckelmann, mas em um

primeiro momento de cunho negativo, caracterizando tais obras sem personalidade e

originalidade. Somente no século XX é que se passa a admitir o ecletismo como uma

produção criativa.

O ecletismo tem forte expressão na arquitetura europeia do século XIX. Na França,

por volta de 1840, os arquitetos começaram a adotar modelos históricos do passado como o

gótico e românico. O governo de Napoleão III foi marcado pela realização de importantes

obras ecléticas no país, como o Teatro da Ópera de Paris de Charles Garnier (figura 66).

23

http://www.significados.com.br/ecletico/

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54

Figura 66: Teatro da Ópera de Paris.

Fonte: Google Imagens, 2013.

O ecletismo tem como sua característica principal a ornamentação das fachadas, além

disso, tem presença de riqueza decorativa, de simetria e de grandiosidade.

No Brasil, o ecletismo começou a ser difundido na transição do século XIX para o

século XX por influência da política da Europa, mas com algumas peculiaridades, pois no

país não havia industrialização dessa forma ou se importava materiais e técnicas ou se

utilizava a encontrada in loco.

No Rio de Janeiro o estilo aparece no momento em que a cidade passava por uma

reurbanização. O maior símbolo do ecletismo do país encontra-se no Rio, o Teatro Municipal

que foi inspirado no teatro de Paris mencionado anteriormente (figura 67).

Figura 67: Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

Fonte: Alina Gabriela, 2012.

Em São Paulo, o estilo tomou uma forma diferente do Rio de Janeiro. Teve uma

influência italiana, com a utilização de mais estilos. Devido à expansão urbana, utilizou-se

amplamente do ecletismo nas construções para a modernização da arquitetura de São Paulo. O

Teatro Municipal também é um exemplar da presença do ecletismo na cidade (figura 68).

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55

Figura 68: Teatro Municipal de São Paulo.

Fonte: http://arquiteturadobrasil.wordpress.com/periodo-ecletico-no-brasil/, 2013.

No século XX, o ecletismo atingiu quase todas as capitais do Brasil que passavam pelo

processo de expansão. Entretanto, em Minas Gerais, especificamente nas cidades onde houve

exploração de ouro, o gosto pelo eclético se deu de uma forma específica, segundo Adalgisa

Arantes Campos no estado “houve a passagem da arquitetura colonial para o gosto eclético,

sem ter a mediação do Neoclássico” e o ecletismo se deu de uma forma diferente, intitulado

por Adalgisa como “ecletismo de fachada” que se caracteriza pela manutenção da volumetria

colonial e pela renovação da fachada com a presença da platibanda, sem a modificação do

sistema construtivo.

Esse tipo de ecletismo pode ser encontrado em algumas cidades mineiras,

principalmente as de origem colonial, como Ouro Preto, Sabará, São João Del Rey (figura 69

e 70).

Figura 69: Edificações ecléticas em São João Del Rey.

Fonte: Google Imagens. Figura 70: Residência eclética em Ouro Preto.

Fonte: Tamara Pereira, 2013.

O prédio do antigo armazém pode ser qualificado como eclético de fachada, essa

definição de autoria de Adalgisa, já mencionada anteriormente, pode ser utilizada para o

objeto de estudo, uma vez que, encerra em si todas as características desse estilo: uma fachada

com características ecléticas e volumetria colonial.

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56

No distrito não houve a predominância do estilo eclético de fachada, há somente mais

dois exemplares semelhantes24

ao armazém: um bar localizado na Rua Dom Veloso com as

mesmas características (platibanda e volumetria colonial), construído em 1990 (figura 71) e

uma residência localizada na Avenida José Leandro, com a presença da platibanda na fachada

principal, com volumetria colonial, mas com algumas características modernistas (grandes

janelas em metal e vidro) (figura 72).

Figura 71: Vista da fachada principal do bar com

características ecléticas e traços da art déco.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 72: Vista da fachada principal da residência

com características ecléticas e traços da art déco.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

A presença do ecletismo no distrito de Santa Rita pode ser explicada devido ao contato

do proprietário do armazém, José Leandro, com a cidade de Ouro Preto. Apesar de ter tido a

oportunidade de ver edificações com o estilo eclético em outras cidades como São Paulo e

Belo Horizonte, pode-se concluir que para a construção do prédio do armazém foi utilizado o

ecletismo de fachada pelo modo simples da ornamentação da platibanda da fachada e pelo

restante da edificação apresentar características coloniais.

Para a construção do bar, por ser uma edificação posterior à do armazém, pode-se

deduzir que o proprietário utilizou o prédio e os exemplares de Ouro Preto para a sua

construção. Quanto à residência, não foram encontrados registros sobre sua construção.

O antigo armazém é uma edificação retangular, alinhada à Avenida José Leandro

apresentando a testada maior que a profundidade e ainda em anexo a residência.

A fachada principal (figura 73) é composta por seis portas de duas folhas na cor

amarela e portais na cor azul, encimadas por arcos semi-planos (figura 74). Na parte superior

aparece a platibanda em alvenaria com terminação curva (figura 75). Nas extremidades há

24

A palavra semelhante foi utilizada pois, tanto a fachada da residência do armazém, quanto as fachadas do bar e

da residência, apesar de apresentarem características do ecletismo de fachada, também se voltam para uma art

déco que é a mistura do ecletismo com movimentos do século XX como construtivismo, cubismo, modernismo,

Bauhaus, art nouveau e futurismo.

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57

duas colunas simples (figura 76). No centro da fachada, logo abaixo da platibanda encontra-se

um oratório com a imagem de São José, origem do nome do armazém (figura 77). Na frente

existe uma pequena escadaria que dá acesso à edificação (figura 78). Ainda na fachada

encontram-se duas luminárias afixadas na parede (figura 79). Toda a fachada principal é

pintada na cor bege.

Figura 73: Fachada principal do Armazém.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 74: Porta do Armazém.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 75: Detalhe da platibanda.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

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58

Figura 76: Detalhe da coluna.

Fonte: Alina Gabriela, 2013. Figura 77: Detalhe do oratório com a imagem de São

José.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 78: Detalhe das escadas de acesso ao prédio.

Fonte: Alina Gabriela, 2013. Figura 79: Detalhe da luminária.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Ao adentrar a edificação, encontra-se o salão de vendas, com as seis portas que dão

acesso à parte externa, em piso cerâmico (figura 80), forro em madeira do tipo saia e camisa

(figura 81) e alvenaria em tijolo de barro, rebocadas e pintadas na cor branca. Nesse salão

ainda se localizam as prateleiras e armários do armazém em madeira e vidro (figura 82). Para

o funcionamento das salas de aula, inseriu-se neste salão uma divisória naval dividindo-o em

duas salas (figura 83).

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59

Figura 80: Detalhe do piso em cerâmica do salão de

vendas.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 81: Detalhe do forro do salão de vendas.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 82: Armários e prateleiras do salão de vendas.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 83: Divisória.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Posterior ao salão de vendas há outro salão (figura 84), que servia como depósito. Este

salão apresenta dimensões menores que a do primeiro e tem acesso através de uma porta de

madeira de duas folhas (figura 85), tem piso em cimento queimado (figura 86), sem forro

(figura 87), com três janelas metálicas tipo basculante (figura 88). A parede externa foi

construída em tijolo de cimento aparente e caiada (figura 89).

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60

Figura 84: Salão posterior - depósito.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 85: Porta de acesso ao salão posterior.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 86: Piso em cimento queimado.

Fonte: Alina Gabriela, 2013. Figura 87: Ausência de forro.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 88: Janela Metálica.

Fonte: Alina Gabriela, 2013. Figura 89: Parede externa.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Na lateral esquerda deste salão existe um pequeno hall que dá acesso a pequeno

banheiro. O acesso se dá através de uma porta de madeira de uma folha (figura 90), o hall

possui piso cerâmico (figura 91), laje de concreto (figura 92) e paredes de tijolo, rebocadas e

pintadas na cor branca (figura 93).

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61

Figura 90: Porta de acesso ao hall.

Fonte: Alina Gabriela, 2013. Figura 91: Piso do hall em cerâmica.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 92: Laje em concreto do hall.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 93: Paredes do hall.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

O banheiro tem o mesmo piso cerâmico do hall, porta em madeira de uma folha,

cerâmica nas paredes até a altura de 80 cm, o restante das paredes rebocadas e pintadas na cor

branca, um vaso e um lavatório (figura 94).

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62

Figura 94: Banheiro.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Na lateral direita do salão posterior há uma porta de duas folhas em madeira que dá

acesso à parte externa da parte de trás da edificação (figura 95). Na parte externa há uma

pequena área de serviço, com um tanque e coberta com laje de concreto (figura 96). Ainda na

parte externa existe uma área descoberta com piso de concreto (figura 97) e um banheiro com

porta de madeira de uma folha, piso de cimento queimado (figura 98), forro de madeira

(figura 99), janela metálica fixa (figura 100), um vaso e um lavatório (figura 101).

Figura 95: Porta de acesso à parte externa.

Fonte: Alina Gabriela, 2013. Figura 96: Área de serviço.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

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63

Figura 97: Parte externa descoberta.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 98: Piso do banheiro da parte externa.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 99: Forro do banheiro da parte externa.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 100: Janela do banheiro da parte externa.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 101: Peças de louça do banheiro da parte externa.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

A cobertura do armazém é feita por um telhado de duas águas com cumeeira paralela a

rua, com estrutura em madeira e telha de barro colonial curva (figura 102).

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64

Figura 102: Telhado do armazém.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

A residência anexa ao armazém tem a sua fachada principal contígua à fachada do

armazém (figura 103). Também apresenta platibanda na fachada em linha reta, simples, sem

ornamentações (figura 104). Uma porta almofadada, simples de verga reta e uma folha de

madeira pintada na cor marrom (figura 105). Uma janela a esquerda da porta de entrada

também em madeira e vidro, pintada na cor marrom, tipo guilhotina e duas folhas na parte

interna (figura 106) e outra janela, à direita da porta de entrada, metálica e em vidro, tipo

basculante (figura 107). Na extremidade também se encontra uma coluna idêntica à do

armazém (figura 108) e o portão de entrada da garagem (figura 109).

Figura 103: Fachada principal da residência.

Fonte: Alina Gabriela, 2013. Figura 104: Platibanda da fachada da residência.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

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65

Figura 105: Porta de entrada da residência.

Fonte: Alina Gabriela, 2013. Figura 106: Janela da fachada principal da residência.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 107: Janela da fachada principal da residência.

Fonte: Alina Gabriela, 2013. Figura 108: Coluna da fachada principal da residência.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 109: Portão da garagem.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

A edificação é disposta internamente por uma pequena sala de piso cerâmico e forro

de madeira, com paredes em alvenaria de tijolo, rebocadas e pintadas na cor rosa, uma janela

metálica tipo basculante (figura 110), um quarto também com piso cerâmico, forro em

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madeira e alvenaria de tijolo, rebocadas e pintadas na cor rosa, porta de madeira de uma folha

pintada na cor marrom e uma janela tipo guilhotina de madeira, também pintada na cor

marrom (figura 111); outro quarto com as mesmas características do primeiro, com janela

metálica tipo basculante, voltada para a parte de trás da edificação (figura 112); um pequeno

hall entre as duas portas dos quartos; uma cozinha conjugada com área de serviço, com piso

cerâmico, revestimento cerâmico nas paredes até altura de 1,60m e o restante da alvenaria

seguindo a tipologia dos outros cômodos (figura 113), uma pia e um tanque separados por

uma pequena bancada de alvenaria (figura 114). Ainda na área de serviço há uma pequena

janela metálica tipo basculante e uma porta de madeira que dá acesso a parte externa posterior

da edificação (figura 115); um banheiro, também em piso cerâmico, com forro de madeira,

janela metálica tipo basculante, porta de madeira, um chuveiro, um lavatório e um vaso e

revestimento cerâmico em toda a extensão das paredes (figura 116). Toda a edificação

apresenta forro em madeira (figura 117). A parte externa é toda descoberta e com piso em

concreto (figura 118). A cobertura da edificação é de duas águas, com estrutura de madeira e

telhas de barro colonial curvas com cumeeira paralela à rua (figura 119). A garagem é de piso

de concreto, com telhado aparente (figura 120).

Figura 110: Sala.

Fonte: Alina Gabriela, 2013. Figura 111: Quarto.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

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67

Figura 112: Quarto.

Fonte: Alina Gabriela, 2013. Figura 113: Cozinha.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 114: Pia da cozinha e área de serviço.

Fonte: Alina Gabriela, 2013. Figura 115: Janela e porta de acesso à área externa.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 116: Banheiro.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 117: Forro em madeira.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 118: Área externa da

residência.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

Figura 119: Telhado da residência.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

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68

Figura 120: Garagem.

Fonte: Alina Gabriela, 2013.

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69

4. Levantamento Arquitetônico

Para o levantamento arquitetônico foi realizada uma visita in loco para o recolhimento

de medidas e desenhos de croquis. Segue o levantamento arquitetônico.

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72

5. Diagnóstico

Em visita in loco foi realizada para verificar a situação do prédio. Os danos foram

identificados através de fotos e marcações no levantamento arquitetônico.

5.1 Mapeamento de Danos

Foi realizado um mapeamento dos danos encontrados no prédio utilizando-se do

levantamento arquitetônico e das fotos coletadas durante a realização do diagnóstico.

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73

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76

5.2 Levantamento Fotográfico

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TECNÓLOGO EM CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS IMÓVEIS

Projeto de Conservação e Restauro

Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Fissuras

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Bom Alvenaria rebocada e pintada Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

A parede da fachada frontal apresenta descascamento da pintura provavelmente oriunda

da presença de umidade ocasionando perda de adesão devido às condições ambientais

propícias, uma vez que a fachada se encontra exposta a intempéries.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Fachada Principal 01/16

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77

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TECNÓLOGO EM CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS IMÓVEIS

Projeto de Conservação e Restauro

Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Lacuna e manchas enegercidas

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Bom Alvenaria rebocada e pintada Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

Na parte superior da platibanda houve uma intervenção incorreta, provavelmente causada

pelo deslocamento de um padrão que havia no local, ocasionando uma lacuna. Presença de

manchas enegrecidas no acabamento da fachada devido à deposição de partículas pela

sua exposição às intempéries e a falta de manutenção, originando infiltrações.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Fachada Principal 02/16

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78

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Projeto de Conservação e Restauro

Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Perda da camada pictórica e manchas enegrecidas

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Bom Alvenaria rebocada e pintada Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

A parede da fachada frontal apresenta perda da camada pictórica e manchas

enegrecidas provavelmente oriunda das condições ambientais propícias, devido a

exposição da fachada a intempéries e a falta de manutenção, provocando umidade,

presença de microorganismos e infiltrações.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Fachada Principal 03/16

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79

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Projeto de Conservação e Restauro

Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Perda da camada pictórica e fissura

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Bom Alvenaria rebocada e pintada Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

A parede da fachada frontal apresenta perda da camada pictórica provavelmente pelas

condições ambientais propícias, devido a exposição da fachada a intempéries e a falta de

manutenção, provocando umidade, presença de microorganismos e infiltrações. A fissura

ocorre pela movimentação estrutural devido à trepidação pela passagem de veículos.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Fachada Principal 04/16

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80

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Projeto de Conservação e Restauro

Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Presença de vegetação de pequeno porte e desprendimento localizado de reboco

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Bom Alvenaria rebocada e pintada Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

O desprendimento localizado de reboco ocorre devido a perda de aderência devido a

infiltração causada devido a exposição a intempéries. A presença de vegetação de

pequeno porte acontece devido à presença de umidade no local e a falta de manutenção.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Fachada Principal 05/16

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81

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Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Presença de vegetação de pequeno porte

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Regular Passeio em Concreto Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

A presença de vegetação de pequeno porte acontece devido à presença de umidade no

local e a falta de manutenção.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Fachada Principal 06/16

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Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Mancha enegrecida

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Regular Alvenaria rebocada e pintada Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

A mancha enegrecida ocorre devido a condições ambientais propícias e a intempéries,

ocorrendo umidade ascendente, presença de microorganismos.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Fachada Posterior 07/16

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83

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Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Fissura

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Regular Alvenaria rebocada e pintada Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

A fissura ocorre devido à movimentação estrutural pela trepidação que ocorre pela

passagem de veículos.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Fachada Posterior 08/16

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Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Mancha de sujidade e perda da camada pictórica

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Regular Alvenaria rebocada e pintada Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

A mancha de sujidade é ocasionada pela ação humana causada pela utilização do local e

pela falta de manutenção. A perda da camada pictórica ocorre pela presença de

microorganismos e umidade ascendente, devido as condições ambientais propícias.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Fachada Posterior 09/16

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Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Presença de vegetação aérea

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Regular Alvenaria rebocada e pintada Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

A presença de vegetação aérea ocorre devido ao transporte de sementes por pássaros,

vento ocasionado pela falta de manutenção.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Fachada Posterior 10/16

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Projeto de Conservação e Restauro

Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Forro

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Regular Madeira Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

No forro ocorre uma deformação por flexão – flambagem devido à perda da função

original dos elementos do telhado (realizar análises no telhado para verificar o dano do

forro).

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Corte AA 11/16

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Projeto de Conservação e Restauro

Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Perda da camada pictórica

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Bom Alvenaria rebocada e pintada Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

A perda da camada pictórica acontece devido à presença de eflorescência, ocasionando a

cristalização dos sais pela presença de umidade.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Corte AA 12/16

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88

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Projeto de Conservação e Restauro

Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Mancha de sujidade

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Bom Alvenaria rebocada e pintada Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

A mancha de sujidade é ocasionada pela utilização do local (marcas de pés nas paredes)

devido a ação humana e pela falta de manutenção.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Corte BB 13/16

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89

INSTITUTO FEDERAL MINAS GERAIS – CAMPUS OURO PRETO

TECNÓLOGO EM CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS IMÓVEIS

Projeto de Conservação e Restauro

Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Presença de grânulos

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Bom Madeira Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

Presença de grânulos nos armários e prateleiras devido ao ataque de xilófagos pela falta

de manutenção.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Corte BB 14/16

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90

INSTITUTO FEDERAL MINAS GERAIS – CAMPUS OURO PRETO

TECNÓLOGO EM CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS IMÓVEIS

Projeto de Conservação e Restauro

Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Presença de mofo

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Regular Madeira Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

Presença de mofo no forro da residência devido à presença de microorganismos pela

presença de umidade por infiltrações existente no telhado.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Planta de Forro 15/16

Page 106: DOSSIÊ DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO …...Oliveira, Alina Gabriela de Souza Oliveira O48d Dossiê de conservação e restauro do antigo prédio do armazém São José no Distrito

91

INSTITUTO FEDERAL MINAS GERAIS – CAMPUS OURO PRETO

TECNÓLOGO EM CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS IMÓVEIS

Projeto de Conservação e Restauro

Armazém São José

FICHA DE DIAGNÓSTICO

Presença de mofo

ESTADO DE CONSERVAÇÃO MATERIAIS ACABAMENTO

Regular Madeira Com Acabamento

OBSERVAÇÕES

Presença de mofo no forro da residência devido à presença de microorganismos pela

presença de umidade por infiltrações existente no telhado.

Equipe Técnica:

Orientador: Paola de Macedo Gomes Dias Villas Bôas

Orientanda: Alina Gabriela de Souza Oliveira

LOCALIZAÇÃO Fevereiro/2

014

Planta de Forro 16/16

Page 107: DOSSIÊ DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO …...Oliveira, Alina Gabriela de Souza Oliveira O48d Dossiê de conservação e restauro do antigo prédio do armazém São José no Distrito

92

5.3 Relatório Conclusivo Sobre o Estado de Conservação da Edificação

Após a partilha dos bens de José Leandro, foi realizada uma reforma no prédio do

armazém, principalmente no telhado que estava em processo de ruína. O piso em tabuado de

madeira também foi substituído pelo piso cerâmico e houve a demolição de uma pequena

parte da edificação na lateral esquerda onde era a entrada do armazém. As cores das fachadas

foram alteradas, porém o prédio ainda conserva suas principais características originais.

A fachada principal apresenta alguns problemas com relação à umidade por estar

exposta a intempéries, sendo assim, notam-se manchas enegrecidas tanto na parte superior,

quanto na inferior, desprendimento localizado de reboco na base da construção. Um

descascamento na pintura ao lado do oratório também proveniente das condições propícias em

que a fachada se encontra. Outras fissuras foram encontradas na parte inferior da janela da

residência e acima do portão da garagem provenientes da movimentação estrutural devido a

trepidação que ocorre pela passagem de veículos. Há também em alguns pontos a perda da

camada pictórica causada também pela presença da umidade e machas de sujidades que

ocorrem devido ao uso da edificação. Nos degraus que dão acesso à edificação foram

encontrados vegetação de pequeno porte derivada da presença de umidade e pela falta de

manutenção.

No interior da edificação, no salão de vendas foram encontradas algumas manchas de

sujidade devido ao uso, presença de grânulos nos armários, perda da camada pictórica por

causa da cristalização de sais pela presença de umidade. O principal dano encontrado neste

recinto foi a deformação que acontece no forro, uma flexão por flambagem que pode estar

ocorrendo pela perda da função original dos elementos do telhado, mas que devem ser

verificados para comprovar a causa, já que no dia do levantamento não se teve acesso a parte

interna do telhado.

No salão contíguo ao salão de vendas encontraram-se poucos danos, perda da camada

pictórica, devido cristalização dos sais pela presença de umidade. Algumas infiltrações no

telhado puderam ser constatadas uma vez que no dia do levantamento estava chovendo.

Na parte externa posterior os principais danos identificados foram manchas

enegrecidas, principalmente na parte inferior da edificação devido a presença de

microorganismos pela umidade ascendente por causa das condições ambientais propícias. Há

também a presença de vegetação de pequeno porte ao longo da parte inferior da edificação

também devido a presença de umidade no local. Algumas manchas de sujidade,

principalmente algumas pichações na parede, pelo uso do local, que atualmente é utilizado

Page 108: DOSSIÊ DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO …...Oliveira, Alina Gabriela de Souza Oliveira O48d Dossiê de conservação e restauro do antigo prédio do armazém São José no Distrito

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como salas de aula. Foi identificada no telhado uma vegetação aérea causada pelo transporte

de sementes por aves ou pelo vento, presente pela falta de manutenção no local.

No interior da edificação os danos encontrados foram principalmente a presença de

mofo nos forros, alguns no início, outros com maior proliferação, ocorrendo devido a

presença de infiltrações no telhado contribuindo para a propagação de microorganismos

causadores do dano. Outros danos de menor intensidade foram identificados, algumas

manchas de sujidade pelo uso do local, um pequeno desprendimento de reboco ao lado da

porta de entrada também devido ao uso do local.

No exterior da parte de trás da edificação foram notadas manchas de sujidade pelo uso

da edificação e manchas enegrecidas pela presença de umidade devido às condições

ambientais propícias.

De um modo geral, a edificação encontra-se em bom estado de conservação,

necessitando de alguns reparos, um estudo mais detalhado do estado do telhado para checar a

necessidade ou não de uma intervenção na sua estrutura e um programa de manutenção

periódica do prédio para evitar que pequenos danos continuem ocorrendo.

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94

6 Proposta de Intervenção

A proposta de restauração do Prédio do Antigo Armazém São José está baseada na

teoria de Cesare Brandi que, segundo o autor, “o restauro constitui o momento metodológico

do reconhecimento da obra de arte na sua consistência física e na dupla polaridade estético-

histórica, tendo em vista a sua transmissão ao futuro”25

. O armazém faz parte da história do

distrito de Santa Rita, portanto a sua preservação é essencial para se manter viva a história da

cidade.

Na execução do trabalho, o profissional de restauro deve enxergar a obra por inteiro

não por partes, é necessário considerar o entorno ao qual está inserido o objeto a ser

restaurado e a pátina do tempo conforme pensamento de Cesare Brandi. Deve-se respeitar sua

instância histórica e sua instância estética.

Durante a visita de campo constatou-se a presença de lacunas no objeto, porém estas

não interferem na unidade potencial da obra, conceito este defendido e divulgado por Brandi.

Baseada na carta de restauro sugere-se o preenchimento das lacunas existentes com

materiais desde que os mesmos se diferenciem dos originais, usando como base a Carta

Italiana do Restauro (1932) que prega o seguinte: “que, em qualquer caso, semelhantes

adições devem ser cuidadosamente e evidentemente assinaladas pelo emprego de materiais

diferentes dos primitivos, ou pela adição de molduras de contorno, simples e isentas de

modelações, ou pela aplicação de sinais ou de epígrafes, de forma a que um restauro

executado nunca possa provocar qualquer engano aos estudiosos e representar uma

falsificação de um documento histórico”.26

Vale destacar a importância da utilização de documentação fotográfica durante a

elaboração de um projeto de restauro, uma vez que, através de fotos antigas podem-se detectar

intervenções que já foram realizadas no objeto e assim qual linha teórica seguir para realizar a

restauração interferindo o mínimo possível nas suas características originais. Com relação ao

armazém, foram analisadas algumas fotos antigas onde se constatou que uma pequena parte

foi demolida e, portanto, irreversível. Devido a essas modificações, propõe-se o tombamento

do prédio para que não ocorram mais intervenções inadequadas, uma vez que As Cartas de

Restauro recomenda que: “Deve-se ter o maior cuidado, pelo contrário, com as

25

BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração, pg.30. 26

Cartas do Restauro, pg.18. Disponível em: http://5cidade.files.wordpress.com/2008/04/fundamentacao-teorica-

do-restauro.pdf

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sistematizações ao redor e/ou ao ambiente necessário para se prolongar naturalmente a vida

das fachadas exteriores, pela eliminação das mais graves causas de degradação”.27

Outro aspecto importante do prédio é o piso do salão de vendas que era de tabuado de

madeira e foi substituído por cerâmica. Para se manter as características do armazém, propõe-

se a substituição do piso atual por um de madeira que mostre claramente, através do material,

cor, que é uma intervenção nova. Na Carta Italiana de Restauro de 1972 aceita esse tipo de

operação: “nova envolvente ou sistematização da obra, quando não existam já ou quando

estejam destruídos a envolvente ou sistematização tradicionais, ou quando as condições de

conservação exijam sua remoção.”28

As recomendações para a restauração do armazém é que sejam feitas as intervenções

mínimas para a sua preservação: Deve-se respeitar, na execução de qualquer gênero de obra,

o princípio da intervenção mínima - Na aplicação de qualquer técnica, mesmo que pouco

invasiva e reversível, deve-se parar um pouco antes da perfeição, evitando-se, por esta

forma, exceder-se ou exagerar-se, em todos os casos, em todos os trabalhos que não sejam

estritamente necessários (directa ou indirectamente) para a conservação da obra. 29

Depois de realizadas as intervenções, recomenda-se a manutenção periódica do prédio,

já que: “No pressuposto de que as obras de manutenção realizadas no devido tempo

asseguram longa vida aos monumentos, encarece-se o maior cuidado possível na vigilância

contínua dos imóveis para a adoção de medidas de caráter preventivo, inclusive para evitar

intervenções de maior amplitude.”30

27

Cartas do Restauro, pg.09. Disponível em: http://5cidade.files.wordpress.com/2008/04/fundamentacao-teorica-

do-restauro.pdf 28

Cartas do Restauro, pg.26. Disponível em: http://5cidade.files.wordpress.com/2008/04/fundamentacao-teorica-

do-restauro.pdf 29

Cartas do Restauro, pg.09. Disponível em: http://5cidade.files.wordpress.com/2008/04/fundamentacao-teorica-

do-restauro.pdf 30

Carta do Restauro, pg.08. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=242

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6.1 Especificações dos Serviços

Segue a especificações dos serviços realizadas através da identificação dos serviços

propostos utilizando o levantamento arquitetônico.

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97

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98

6.2 Caderno de Encargos e Serviços

Este volume é parte integrante do Dossiê de Conservação e Restauro do antigo prédio

do Armazém São José, localizado à Avenida José Leandro, nº 206 no distrito de Santa Rita,

em Ouro Preto, MG.

No mapeamento de danos e diagnóstico do Armazém, chegou-se à conclusão que o

estado de conservação da edificação é razoável, e os principais problemas encontrados são: os

relacionados às poucas intervenções de conservação anteriormente executadas sem critérios

adequados; à presença de umidade, e os agentes incitados por ela, como os sais solúveis, os

insetos xilófagos, os vários microorganismos e à botânica; uma flexão por flambagem que

ocorre no forro. Essa condição, no entanto, não afasta a necessidade de obras de conservação

e consolidação o mais cedo possível.

Serviços Preliminares

Demolições/Remoções

Os serviços de retirada deverão ser executados de modo a proporcionarem níveis máximos

de reaproveitamento. Todos os materiais possíveis de reaproveitamento deverão ser limpos,

guardados convenientemente até sua reutilização ou remoção do canteiro de serviços.

As remoções ou retiradas especiais previstas para reaproveitamento, reintegração e/ ou

restauro serão feitas dentro da mais perfeita técnica, tomados os devidos cuidados.

Os trabalhos de remoção e retirada especiais deverão ser executados parcialmente, não

devendo atingir grandes áreas de uma única vez.

Escoramentos: Montagem e Desmontagem

Os escoramentos serão utilizados como apoio às estruturas ou elementos que apresentem

riscos de desabamento ou desagregação e serão preferencialmente metálicos.

No escoramento em madeira serrada, essas deverão ter qualidade compatível com o seu

uso, e estará isenta de ataque de insetos xilófagos. No caso de prolongamento da obra, deve

ser verificado o estado do madeiramento com frequência e, caso necessário, proceder à

imunização.

Substituições

Se eventualmente houver condições ou circunstâncias que indicarem a substituição de

algum material especificado, a troca só poderá ser efetivada com a aprovação do responsável

técnico pelo projeto;

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99

A substituição, quando aceita, será regida pelo critério de analogia ou similaridade;

Considera-se similaridade quando o material desempenha idêntica função construtiva,

apresenta as mesmas características e propriedades técnicas, e aspecto estético final ao

material original;

Analogia ou semelhança considera-se quando desempenham idêntica função construtiva,

assim como aspecto estético, mas não apresentam as mesmas características e propriedades

técnicas, e a mesma origem do material existente;

As novas adaptações e o uso de materiais análogos estarão limitados ao mínimo e serão

reversíveis;

As recomposições de partes fragmentadas, as reintegrações de pequenas partes e de

lacunas serão de forma identificável e harmônica, facilmente distinguíveis, e ao mesmo tempo

levará em consideração a unidade potencial do edifício, priorizando a instância estética;

O restauro dos elementos arquitetônicos e construtivos, será feito utilizando materiais e

técnicas que garantam a durabilidade do bem e previnam sua degradação;

Serão substituídos os materiais existentes, quando sua preservação for incompatível com as

exigências de segurança, de funcionamento, ou por se tratar de interferência incorreta que

comprometa a integridade ou descaracterize a arquitetura do edifício, ressalvadas as

determinações do responsável técnico pelo projeto;

Todo o material e sistemas construtivos originais serão aproveitados o máximo possível;

Intervenções Arquitetônicas:

Alvenarias Internas e Externas

Rebocos:

A areia a ser utilizada deve ser bem escolhida, lavada, e evitando-se aquelas com grãos de

maiores dimensões;

O acabamento final será executado com desempenadeira revestida com feltro, camurça ou

esponja;

A espessura do reboco será de aproximadamente igual a existente;

Nos casos onde estiver ocorrendo desprendimento, serão identificadas as causas que o

provocaram e, somente após a correção do dano é que será executada recomposição parcial ou

total do revestimento;

Nos pontos com presença de trincas, o reboco será removido para a costura adequada;

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100

Após o fechamento das fissuras, essas serão mapeadas e monitoradas até o final da obra,

como também após ocupação;

Pintura externa

A pintura será feita diretamente sobre o reboco com tinta a base de água com cor a ser

definida pelo responsável técnico;

Todas as superfícies a serem pintadas serão cuidadosamente limpas, lixadas e removidas

por raspagem toda a tinta existente. Estarão isentas de sujeiras, poeiras, gorduras, mofos e

outras substâncias estranhas ao material existente;

Todas as superfícies a pintar serão protegidas, de forma a evitar que poeiras, fuligens,

cinzas e outros materiais estranhos possam se depositar durante a aplicação e secagem da

tinta;

As superfícies só poderão ser pintadas quando perfeitamente secas, inclusive durante as

demãos, de acordo com as orientações do fabricante do produto a ser utilizado;

Adotar precauções especiais com a finalidade de evitar respingos de tinta, isolamento com

tiras de papel, pano ou outros materiais; remoção de salpicos, enquanto a tinta ainda estiver

fresca, empregando removedor adequado, sempre que necessário;

Antes do início de qualquer trabalho de pintura, preparar uma amostra de cores com as

dimensões mínimas de 0,50 x 1,00m no próprio local a que se destina, para aprovação do

responsável pelo projeto;

Antes da pintura das alvenarias externas, será aplicado em toda a superfície um

microbicida de ação rápida para prevenir futuras proliferações de microorganismos (ref.:

Linha Complemento Satinizante H.A.S da Ibratin), e será executado conforme indicação do

fabricante;

A tinta deve ser preparada em tonel e aplicada com brocha de crina.

A primeira demão será executada horizontalmente e a segunda, verticalmente, e assim

alternadamente em direções cruzadas, até o recobrimento perfeito;

A superfície pintada ao final estará homogênea, sem escorrimentos e suficientemente

coberta.

Pintura interna

A pintura será feita diretamente sobre o reboco com tinta a base de água com cor a ser

definida pelo responsável técnico;

Page 116: DOSSIÊ DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO DO …...Oliveira, Alina Gabriela de Souza Oliveira O48d Dossiê de conservação e restauro do antigo prédio do armazém São José no Distrito

101

Todas as superfícies a serem pintadas serão cuidadosamente limpas, lixadas e removidas

por raspagem toda a tinta plástica existente. Estarão isentas de sujeiras, poeiras, gorduras,

mofos e outras substâncias estranhas ao material existente;

Todas as superfícies a pintar serão protegidas, de forma a evitar que poeiras, fuligens,

cinzas e outros materiais estranhos possam se depositar durante a aplicação e secagem da

tinta;

As superfícies só poderão ser pintadas quando perfeitamente secas, inclusive durante as

demãos, de acordo com as orientações do fabricante do produto a ser utilizado;

Adotar precauções especiais com a finalidade de evitar respingos de tinta nas: isolamento

com tiras de papel, pano ou outros materiais; remoção de salpicos, enquanto a tinta ainda

estiver fresca, empregando; removedor adequado, sempre que necessário;

Antes do início de qualquer trabalho de pintura, preparar uma amostra de cores com as

dimensões mínimas de 0,50 x 1,00m no próprio local a que se destina, para aprovação do

responsável pelo projeto;

A tinta deve ser preparada em tonel e aplicada com brocha de crina.

A primeira demão será executada horizontalmente e a segunda, verticalmente, e assim

alternadamente em direções cruzadas, até o recobrimento perfeito;

A superfície pintada ao final estará homogênea, sem escorrimentos e suficientemente

coberta.

Pisos

A aplicação de materiais de constituição e revestimento de pisos deve estar de acordo com

as determinações da proposta de intervenção;

A execução dos pisos somente deve ser procedida após a conclusão de todas as

canalizações que devem ficar embutidas;

O revestimento dos pisos somente deve ser executado após a conclusão dos revestimentos

de paredes e tetos;

O piso do salão de vendas deve ser substituído por tabuado de madeira.

Forros

Será realizada inspeção no forro do salão de vendas, nas peças do tabuado como também

em toda a estrutura, para verificação do estado de conservação e o cumprimento de suas

funções estruturais, levando em consideração que no momento da elaboração do diagnóstico

deste projeto não foi possível realizar inspeções acima do forro;

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102

Todas as peças em estado de conservação que as impeça de cumprir suas funções originais

serão substituídas por outras análogas às existentes, com propriedades estruturais idênticas as

existentes;

Toda a madeira a ser utilizada será registrada e de boa qualidade. A peça será seca em

estufa, devidamente imunizada, isenta de branco, caruncho ou broca, sem nós grandes, rachas,

fibras arrancadas, deformações ou outros defeitos que possam comprometer a sua

durabilidade, resistência ou aparência;

A estrutura de fixação, disposição das réguas de madeira e detalhes de suporte e fixação

devem ser feitas da mesma maneira como se encontram no local;

Na montagem do forro será executada com os seguintes cuidados: evitar cortes

desnecessários, só devem ser feitas emendas nos sarrafos, as réguas justapostas devem

adaptar-se perfeitamente, evitando-se mudanças bruscas de tonalidade, prever folga de 1mm

nos encaixes das réguas, para permitir contrações e dilatações, prever reforço da estrutura de

sustentação junto às luminárias e ao longo das linhas de apoio das divisórias, a superfície deve

ser lixada para posterior pintura ou envernizamento;

No forro da residência fazer a limpeza com uma escova de cerdas duras, aplicar antimofo e

aplicar pintura esmalte.

Esquadrias

O acabamento das esquadrias será em pintura esmalte com acabamento acetinado, com cor

a ser definida pelo responsável técnico pelo projeto.

Cobertura

Todas as peças principais do telhado passarão por inspeção rigorosa para verificação da

necessidade de substituição, levando-se em consideração que durante o levantamento não foi

possível acessar o telhado. Quando houver a necessidade, as peças serão substituídas por

outras com características análogas às existentes, com as mesmas propriedades ou superior;

Todas as telhas serão amarradas com arame galvanizado e serão emboçadas com

argamassa à base de cal;

Quando necessário não serão empregadas novas peças de madeira que apresentem defeitos,

como: esmagamento ou outros danos que possam comprometer a resistência da peça; alto teor

de umidade (madeira verde); nós soltos ou nós que abranjam grande parte da seção transversal

da peça; rachas, fendas ou falhas exageradas, arqueamento, encurvamento ou encanoamento

acentuado; ligações imperfeitas; desvios dimensionais; ou, presença de sinais de deterioração

por ataque de fungos, cupins ou outros insetos;

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103

Serão utilizadas apenas madeira legalizada, e de espécies do tipo folhosa, tais como

canafístula, cambará, cupiúba, peroba rosa, maçaranduba (paraju), angelim vermelho, angico

preto (angico, angico rajado, guarapuraca), jatobá (jataí, jataúba) ou braúna;

As peças de madeira devem ser separadas conforme suas características geométricas e

armazenadas em pilhas, distanciadas entre si, em local seco, bem drenado, protegido e isolado

do contato com o solo.

O transporte e manipulação das peças de madeira devem ser executados cuidadosamente,

de modo a não ocasionar quaisquer danos às mesmas;

Os elementos para ligações tais como pregos, pinos metálicos ou de madeira, parafusos

com porcas e arruelas, conectores, tarugos e colas, devem obedecer às prescrições das normas

da ABNT pertinentes a cada caso;

Todos os elementos metálicos devem ser protegidos com pintura antiferruginosa, caso não

tenham sido previamente tratados contra oxidação;

Os cortes e furos devem ser executados de modo a não acarretar rachaduras, furos

assimétricos, alargados ou alongados;

Todas as peças passarão por imunização e, a pintura somente deve ser aplicada após sua

completa secagem;

Para a substituição das peças em estado ruim de conservação, toda a estrutura será calçada

em pontos convenientes por meio de cimbramento, para que não ocorra deformações ou que

não seja mudado o esquema original da estrutura;

Disposições Finais

Os projetos os quais esse Caderno de Encargos e Serviços faz parte são insuficientes para a

execução completa da obra, assim como para garantir a preservação do antigo prédio do

Armazém São José. Assim, é imprescindível a elaboração dos seguintes projetos

complementares antes do inicio das obras:

Instalações Elétricas, Luminotecnia e Sistema de som;

SPDI – Sistema de Prevenção e Combate a Incêndios;

Alarme e Prevenção de Furtos e Roubos;

Limpeza

A obra será entregue em perfeito estado de limpeza e conservação;

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104

Antes da entrega final da obra será realizada limpeza geral de pisos, paredes, vidros,

equipamentos e áreas externas;

Será removido todo o entulho do terreno e acessos;

Serão limpas e lavadas, cuidadosamente, todas as pavimentações, revestimentos,

cimentados, azulejos, vidros, aparelhos sanitários e outras instalações, de modo a não serem

danificados.

Para a limpeza, de modo geral, será utilizado água e sabão neutro; o uso de detergentes,

solventes e removedores químicos devem ser restritos e feitos de modo a não causar danos nas

superfícies ou peças;

Serão removidos todos os detritos ou salpicos de argamassa endurecida das superfícies;

Serão removidas todas as manchas e salpicos de tinta, especialmente nos vidros e ferragens

das esquadrias;

O cimentado liso ou áspero terá as superfícies escovadas com água e sabão e lavadas com

jato de água;

Os pisos em madeira serão raspados, rejuntados e encerados;

Entrega da Obra

Deverá ser feita uma cuidadosa verificação das perfeitas condições de funcionamento e

segurança de todas as instalações, equipamentos, ferragens, etc.

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105

7. Conclusão

A realização deste trabalho contribui para que seja despertada a importância de se

preservar o patrimônio, seja ele qual for, mesmo que o local onde se encontra não for uma

cidade histórica.

O projeto de restauro do Armazém São José além de propor a preservação do prédio,

tem o intuito de se salvaguardar a história do distrito de Santa Rita que apesar de ter seu início

no século XVIII, pouco se preservou dessa época.

Durante o desenvolvimento pôde-se perceber a rica história de Santa Rita, aspectos

históricos muitas vezes ignorados pela maioria da população do local que agora ficam

registrados neste trabalho.

Ao finalizá-lo, espera-se que o mesmo se configure como o início de uma

conscientização sobre a importância de se preservar monumentos históricos e que outros mais

se juntem a este para que o distrito não sofra mais com perdas irreparáveis que acabam por

criar lacunas na sua história.

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106

8. Referências Bibliográficas

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