dominio publico internacional

28
17 DOMÍNIO PÚBLICO INTERNACIONAL Na doutrina, a expressão domínio público internacional desgina aqueles espaços cuja utilização suscita o interesse de mais de um Estado sobreno – às vezes de toda a comunidade internacional -, ainda quado sujeitos à incidência de determinada soberania. Domínio público internacional, corresponde a espaços que, embora pertencentes ao poder soberano de um Estado, despertam interesses de outros Estados. Aqui, então, cuida-se do mar (com seus diversos setores), dos rios internacionais, do espaço aéreo, do espaço extra-atmosférico e ainda do continente antártico. O pólo norte: (Accioly: é um oceano coberto por gelo) o escasso interesse econômico do pólo norte explica a modéstia de seu tratamento jurídico. Ali não há massa terrestre como no pólo sul: cuida-se apenas de água de mar, permanentemente congelada. A distância, o clima, a precariedade dos recursos biológicos praticamente reduzem o pólo norte à estrita condição de corredor ________________________________________________________________ _________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Upload: jonathan-da-cruz-madureira

Post on 27-Oct-2015

83 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DomInio pUblico Internacional

17

DOMÍNIO PÚBLICO INTERNACIONAL

Na doutrina, a expressão domínio público internacional desgina aqueles espaços cuja utilização suscita o interesse de mais de um Estado sobreno – às vezes de toda a comunidade internacional -, ainda quado sujeitos à incidência de determinada soberania. Domínio público internacional, corresponde a espaços que, embora pertencentes ao poder soberano de um Estado, despertam interesses de outros Estados. Aqui, então, cuida-se do mar (com seus diversos setores), dos rios internacionais, do espaço aéreo, do espaço extra-atmosférico e ainda do continente antártico.

O pólo norte: (Accioly: é um oceano coberto por gelo) o escasso interesse econômico do pólo norte explica a modéstia de seu tratamento jurídico. Ali não há massa terrestre como no pólo sul: cuida-se apenas de água de mar, permanentemente congelada. A distância, o clima, a precariedade dos recursos biológicos praticamente reduzem o pólo norte à estrita condição de corredor aéreo alternativo. Com efeito, por sua proximidade passam diversas rotas aéreas que economizam distância entre a Europa e o extremo oriente, cruzando espaço de livre trânsito – independentemente de qualquer tratado -, pelo justo motivo de que a superfície hídrica sbjacente é o alto mar.

Teoria dos setores (*)

A chamada teoria dos setores não pretendeu, em absoluto, fundamentar qualquer pretensão de domínio sobre as águas congeladas que circundam pólo, mas apenas justificar, mediante invocação do princípio da contigüidade, o domínio das ilhas existentes na área, a oitocentos km ou mais do ponto de convergência. Os setores triangulares configuram o resultado da _________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 2: DomInio pUblico Internacional

17

projeção, sobre o pólo, do litoral norte do Canadá (alcançando as ilhas Sverdrup), da Dinamarca – em razão da Groelândia -, da Noruega (alcançando o arquipélago de Francisco José, entre outras terras). Invocando a contigüidade esses Estados proclamaram sua soberania sobre tais ilhas, sempre mediante atos unilaterais, que não suscitaram contestação.

A Antártica: ( Accioly: terra firme coberta por gelo) aqui temos uma ilha gigantesca, dominando o círculo polar antártico, e coberta de gelo em quase toda sua extensão. Sobre a Antártica, onde o interesse econômico e estratégico pareceu desde logo mais acentuado, diversas pretensões nacionais vieram à mesa, assentando em pelo menos quatro diferentes teorias.

(teoria dos setores – divisão resultante da projeção de litorais próximos invocada por exemplo pelo Chile, a África do Sul e a Austrália; teoria da descoberta – invocada por países europeus de tradição navegatória como, por exemplo, Grã-Bretanha e Noruega; atividade de controle do litoral antártico – prestigiada pelos EUA ; teoria da continudade da massa geológica – aventada pela Argentina como base de suas pretensões)

TRATADO DA ANTÁRTICA: firmado em Washington em 1959, entrando em vigor 2 anos mais tarde. Entre seus negociadores: Argentina, Chile, Austrália, Noruega, França, Reino Unido, EUA e União Soviética. O Brasil ingressou mediante adesão em 1975. As adesões recentes, resultantes sobretudo de processos sucessórios na Europa elevaram para 45 o número de partes.

SOBRE O TRATADO: o regime jurídico é o da não militarização da Antártica que só deve ser usada para fins pacíficos, como a pesquisa científica e a preservação de recursos biológicos,

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 3: DomInio pUblico Internacional

17

proibidos o estabelecimento de bases ou fortificações, as manobras militares, os teste com armas de qquer natureza, o lançamento de resíduos radioativos.

O MAR

Codificação do Direito costumeiro: o direito do mar é parte elementar do dto internacional público, e suas normas, durante muito tempo, foram unicamente costumeiras.

O domínio marítimo do Estado abrange hoje em dia diversas áreas, ou seja, as águas interiores, o mar territorial, a zona contígua, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental. O DI se ocupa de todas estas áreas do domínio marítimo, principalmente na Convenção sobre o Direito do Mar, assinado em Montego Bay, em 10 de dezembro de 1982, e que entrou em vigor no dia 16/11/1994.

O Brasil, que ratificou a Convenção em dezembro de 1988, tratou de ajustar seu direito interno aos preceitos daquela antes mesmo da entrada em vigor – e, pois, antes de encontrar-se obrigado no plano internacional. A Lei 8.617 de 4/01/1993, (*) reduz a doze milhas a largura do nosso mar territorial e adota conceito de zona econômica exclusiva para as cento e oitenta milhas adjacentes.

Navios: noção e espécies: pode-se definir o navio como todo engenho flutuante dotado de alguma forma de autopropulsão, organizado e guarnecido segundo sua finalidade. O navio tem sempre um nome, um porto de matrícula, uma determinada tonelagem, e tem sobretudo – em função da matrícula – uma

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 4: DomInio pUblico Internacional

17

nacionalidade, que lhe confere o dto de arvorar uma bandeira nacional.

Distinguem-se os navios mercantes – quase sempre privados, mas eventualmente públicos – dos navios de guerra. Estes últimos têm cmo características, segundo a Convenção de 1982, o fato de pertencerem às forças armadas de um Estado soberano, de ostentarem sinais exteriores próprios de sua qualidade, de estarem sob o comando de oficiais identificados, e de encontrar-se sua tripulação submetida às regras da disciplina militar (art.29).

Os navios de guerra encontram-se a todo momento sob a jurisdição do Estado de origem, gozando de imunidade mesmo qdo em trânsito por mares territoriais alheios, ou ancorados em portos estrangeiros. Igual privilégio reconhece o costume internacional às embarcações pertencentes ao Estado e usadas para fins não comerciais, qual um navio de representação.

Mar Territorial

O mar territorial é a faixa de mar que se estende desde a linha de base até uma distãncia que não deve exceder 12 milhas marítimas da costa e sobre a qual o Estado exerce a sua soberania, com algumas limitações determinadas pelo dto internacional.

É na Convenção sobre o Direito do Mar (1982) e na Convenção sobre o Mar Territorial de 1958 que vamos encontrar as regras principais sobre o regime jurídico vigente no mar territorial.

Data do século XIV a noção de que as águas costeiras deveriam achar-se sujeitas a um regime especial. O dto romano dela não se ocupava, mas havia a convicção de que o Estado costeiro tinha a obrigação de proteger a navegação contra os piratas. Tratava-se, na sua concepção original, de um dever, e não de um dto.

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 5: DomInio pUblico Internacional

17

Os principais dtos geralmente reconhecidos ao Estado marginal sobre o mar territorial, decorrentes do dto de soberania são: o dto de polícia, do que deriva o de regulamentação aduaneira e sanitária e o de regulamentação da navegação. Acham-se incluídas neste último a faculdade de estabelecer regulamentos sobre sinais e manobras, a instalação de bóias, balizas e faróis, a organização de serviços de pilotagem, etc. O Estado pode também reservar aos seus nacionais a cabotagem e a pesca, nos limites do mar territorial. Pode, igualmente, fixar regras de cerimonial marítimo.

A soberania do Estado marginal estende-se ao espaço atmosférico situado sobre o seu mar territorial, bem como ao solo recoberto por essas águas e ao respectivo subsolo. Esta soberania só não é absoluta – como no caso do território ou das águas interiores – porque sofre uma restrição tópica, ditada por velha norma internacional: trata-se do direito de passagem inocente, reconhecido em favor dos navios – mercantes ou de guerra – de qualquer Estado.

Passagem inocente: Reconhecida pelo artigo 17 da Convenção que também esclarece que a passagem é inocente desde que não prejudicias à paz, à boa ordem ou à segurança do Estado costeiro. Deve ser contínua e rápida, e nada pode degenerá-la, sob risco de ato ilícito: proíbem-se ao navio passante manobras militares, atos de propaganda, pesquisas e busca de informações, atividades de pesca, levantamentos hidrográficos, enfim tudo quanto não seja estritamente relacionado com o simples ato de passar pelas águas territoriais. Aos submarinos manda-se que naveguem na superfície e arvorem seu pavilhão. O Estado costeiro tem o dto de regulamentar a passagem inocente de modo a prover à segurança da navegação, à proteção de instalações e equipamentos diersos, à proteção do meio ambiente e à prevenção de infrações à própria disciplina da passagem. Pode ele ainda, quando isso for _________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 6: DomInio pUblico Internacional

17

necessário à segurança da navegação, estabelecer rotas marítimas a serem seguidas pelos barcos transeuntes.

Não pode o Estado costeiro impor obrigações que frustrem ou dificultem a passagem inocente, nem discriminar navios em função de sua nacionalidade ou do Estado a que estejam servindo. Não pode ainda, cobrar taxas pelo só fato da passagem.

Os navios de guerra, imunes à jurisdição local, podem, contudo, receber a ordem de imediata retirada do mar territorial quando afrontem a respectiva disciplina. Sobre nacios de comércio em trânsito pelo mar territorial o Estado costeiro abstém-se de exercer jurisdição civil, salvo por responsabilidade decorrente do próprio ato de por ali passar. A jurisdição penal do Estado costeiro tampouco será exercida sobre o navio mercante em trânsito, exceto se a infração produz conseqüências sobre a ordem territorial, ou tem a ver com o tráfico de tóxicos; e ainda em caso de pedido de interferência feito pelo capitão ou pelo cônsul do Estado de nacionalidade do navio.

Regime Jurídico: A Convenção de Genebra dobre o Mar Territorial e a Zona Contígua estipula em seu artigo 19: “ a jurisdição penal do Estado ribeirinho não se exercerá a bordo de um navio estrangeiro, em trânsito no mar territorial, para detenção de uma pessoa ou execução de atos de instrução por motivo de uma infração penal, cometida a bordo do navio durante a passagem, salvo num ou noutro dos casos seguintes: a) se as consequências da infração se estenderem ao Estado ribeirinho; b) se a infração for de natureza a perturbar a paz pública do país ou a boa ordem no mar territorial; c) se a assistência das autoridades locais tiver sido pedida pelo Capitão do navio ou pelo Cônsul do Estado cuja bandeira é arvorada pelo navio; ou d) se tais medidas forem necessárias para a repressão do tráfico ilícito de entorpecentes.”

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 7: DomInio pUblico Internacional

17

Extensão do mar territorial: A idéia da soberania do Estado costeiro no mar territorial relaciona-se na origem com o imperativo de defesa do território.Durante séculos, ou as nações não se preocuparam com a extensão ou largura do mar territorial, ou reinou o arbítrio a esse respeito. Ao romper do século XVIII, adotava-se generalizadamente uma faixa com a largura de 3 milhas marítimas, visto que esse era o alcance máximo da artilharia naval e costeira. Já no século XX, e por volta da segunda grande guerra, alguns Estados estenderam – sempre mediante atos unilaterais – a largura dessa área a 4, 6, 9 e mesmo 12 milhas marítimas.

Em 1970, por lei, o Brasil adotou o mar territorial de 200 milhas. Depois de ratificar a Convenção de 1982, através da Lei 8.617 de 1993 reduziu seu mar territorial para 12 milhas, adotando o conceito de zona econômica exclusiva.

A Convenção de 1982 manda que seja a extensão máxima do mar territorialde todo Estado costeiro seja de 12 milhas marítimas (cerca de 22 km) e consagra as 200 milhas a título de zona econômica exclusiva.

Delimitação do mar territorial:mede-se a largura da faixa a partir da linha de base, isto é, da linha litorânea de maré baixa. Nos locais em que a costa apresenta recortes profundos e reentrâncias ou em que exista uma franja de ilhas ao longo da costa, a Convenção admite a utilização do método de linhas retas unindo os pontos mais avançados do território. As ilhas, como Fernando de Noronha debem dispor de faixa própria. Ilhas artificiais de plataformas não têm mar territorial próprio, nem as ilhas que submergem na maré alta.

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 8: DomInio pUblico Internacional

17

O critério da eqüidistância, de velha tradição costumeira, é consagrado pela Convenção de 1982 para a delimitação do mar territorial no caso dos Estados costeiros adjacentes ou confrontantes, a menos que tenham decidido, em comum acordo, adotar outra regra.

Zona contígua: esta noção não prima pela consistência e encontra vários críticos, dentre eles Accioly. Cuida-se de uma segunda faixa, adjacente ao mar territorial, e, em princípio de igual largura, onde o Estado costeiro pode tomar medidas de fiscalização em defesa de seu território e de suas águas, no que concerne à alfândega, à imigração, à saúde, e ainda à disciplina regulamentar dos portos e do trânsito pelas ágas territoriais. No artigo 33 a Convenção de 1982 refere-se à zona contígua, sumariando essas prerogativas do Estado costeiro e estabelecendo o limite da faixa: ela não pode ir além de 24 milhas marítimas contadas da mesma linha de base do mar territorial.

Zona econômica exclusiva: Uma das principais inovações da Convenção sobre o Direito do Mar de 1982 foi a adoção da figura da Zona Econômica Exclusiva (ZEE), definida no artigo 55 como “uma zona situada além do mar territorial e a este adjacente, sujeita ao regime jurídico estabelecido na presente Parte, segundo o qual os direitos e a jurisdição do Estado costeiro e os direitos e as liberdades dos demais Estados são regidos pelas disposições pertinentes da presente Convenção.

Segundo o art. 57, a largura da ZEE “não se estenderá além de 200 milhas marítimas”. O alto mar da Convenção de 1982 começa a duzentas milhas de distância de qualquer território.

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 9: DomInio pUblico Internacional

17

Sobre sua zona econômica exclusiva o Estado é limitada e especificamente soberano: ele ali exerce direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão de recursos naturais existentes na água, no leito e no subsolo, e para quanto mais signifique aproveitamento econômico, tal como a produção de energia a partir da água ou dos ventos. O Estado costeiro exerce também jurisdição sobre a zona em matéria de preservação do meio marinho, investigação científica e instalação de ilhas artificiais.

Todos os Estados gozam, na zona econômica exclusiva de qquer deles, de liberdades que distinguem essa área do mar territorial: a navegação – prerrogativa mais ampla que a simples passagem inocente -, o sobrevôo – que acima das águas territoriais não é permitido por noema geral alguma – e a colocação de cabos ou dutos submarinos, além de outros usos compatíveis com os direitos do Estado costeiro.

A Convenção estabelece ainda que os Estados sem litoral – como Paraguai e Bolívia – têm direito de participar, em base eqüitativa, do aproveitamento do excedente dos recursos vivos (não dos recursos minerais portanto) das zonas econômicas exclusivas de seus vizinhos. Mediante acordos regionais ou bilaterais determinar-se-ão os termos e condições dessa participação.

Águas Interiores: As instalações portuárias permanentes consideram-se parte da costa. As ilhas costeiras não deslocam a linha de base relativa ao litoral do continente mas geram direito a uma faixa de mar territorial que as circunde.

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 10: DomInio pUblico Internacional

17

Regime Jurídico das Águas Interiores: sobre as água interiores o Estado costeiro exerce soberania ilimitada. Não há nelas, direito de passagem inocente. O acesso aos portos não é livre: tanto os navios mercantes quanto os navios de guerra que ostentam pavilhão estrangeiro só podem atracar nos portos – estando, assim, nas águas interiores – qdo autorizados pela capitania. Na pra´tica, esta autorização é dada com antecedência, e em caráter duradouro, no caso das linhas regulares de carga e de passageiros. Ela pode ainda vir expressa em tratado, aplicando-se, em bases de concessão mútua, a todos os navios – ou a todos os navios de comércio – que levem o pavilhão de cada estado pactuante.

Admitindo navios de guerra estrangeiros em seus portos, o Estado costeiro conforma-se com a imunidade de jurisdição de que desfrutam. Não há imunidade para navios mercantes: há apenas praxe de não interferir, salvo em casos excepcionais, em incidentes de bordo que de nenhum modo afetem a ordem territorial.

Águas interiores

Interiores são as águas do Estado situadas no interior da linha de base do mar territorial.

As águas interiores não comportam o direito de passagem inocente, não há limitação à autoridade estatal.

O art. 8º e 2º da Convenção sobre o Direito do Mar excepciona esta regra ao preservar o direito de passagem inocente em águas de mar territorial que se tornaram interiores em razão de novo traçado de linha de base.

O ingresso nos portos por embarcação estrangeira deve ser autorizado pela capitania dos portes ou constar de acordo internacional.

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 11: DomInio pUblico Internacional

17

A embarcação estrangeira apresenta imunidade de jurisdição.

Mar territorial (mar litoral ou mar nacional)

A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar ( 1982) prescreve, em seu art. 2º, o conceito de mar territorial, como uma zona de mar adjacente ao território, e além das águas interiores e, no caso do Estado Arquipélago, das águas arquipelágicas, sobre as quais se estende a soberania do Estado Costeiro.

Seu limite é fixado em até o limite de 12 milhas a partir da linha de baixa-mar ao longo da costa, além disto determina a Convenção que a soberania do Estado será exercida não só sobre o Mar Territorial, como também sobre o espaço aéreo, o leito e o subsolo desse mar. Entretanto, os navios de qualquer bandeira, terão o direito de passagem inocente, podendo atravessar as águas do Mar Territorial desde que o façam de maneira rápida e ininterrupta, seja em direção a qualquer porto fora das águas interiores, seja simplesmente para sair delas. A passagem inocente deverá respeitar as leis do Estado Costeiro e as normas internacionais pertinentes, não podendo ser prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Estado.

Conceitos estabelecidos pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar.

Zona Contígua

A Convenção estabelece que o espaço marítimo estende-se a até 12 milhas além do limite exterior do Mar Territorial, tendo o Estado Costeiro o direito de adotar medidas de fiscalização.

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 12: DomInio pUblico Internacional

17

Portanto, zona contígua é a faixa adjacente ao mar territorial considerada à partir da mesma linha base, cuja extensão máxima adotável pelos Estados costeiros é de 24 milhas marítimas. (Convenção Bay, art. 33)

O estabelecimento da zona contígua tem por escopo determinar o espaço marítimo em que cada Estado pode exercer sua fiscalização.

No Estado Brasileiro, nos termos da Lei 8.617/93, art. 4º, a zona contígua compreende uma faixa que se estende das 12 as 24 milhas marítimas. Nesta área o Brasil pode tomar as medidas de fiscalização necessárias.

Da Zona Econômica Exclusiva

Entende-se por econômica exclusiva a zona situada além do mar territorial e a este adjacente, sujeita ao regime jurídico especifica estabelecido na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (1982).

A zona econômica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende das 12 as 200 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.

A extensão máxima permitida pela Convenção é de 200 milhas marítimas.

Lei 8.617/93, segue a Convenção nos seguintes termos:

Art. 6º A zona econômica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende das doze às duzentas milhas marítimas,

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 13: DomInio pUblico Internacional

17

contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.

Art. 7 º Na zona econômica exclusiva, o Brasil tem direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos naturais, vivos ou não-vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos.

 

Art. 8º Na zona econômica exclusiva, o Brasil, no exercício de sua jurisdição, tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação científica marinha, a proteção e preservação do meio marítimo, bem como a construção, operação e uso de todos os tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas.

Parágrafo único. A investigação científica marinha na zona econômica exclusiva só poderá ser conduzida por outros Estados com o consentimento prévio do Governo brasileiro, nos termos da legislação em vigor que regula a matéria.

 Art. 9º A realização por outros Estados, na zona econômica exclusiva, de exercícios ou manobras militares, em particular as que impliquem o uso de armas ou explosivas, somente poderá ocorrer com o consentimento do Governo brasileiro.

 Art. 10. É reconhecidos a todos os Estados o gozo, na zona econômica exclusiva, das liberdades de navegação e sobrevôo, bem como de outros usos do mar internacionalmente lícitos, relacionados com as referidas liberdades, tais como os ligados à operação de navios e aeronaves.

Plataforma Continental _________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 14: DomInio pUblico Internacional

17

Plataforma Continental é a designação dada à margem dos continentes que está submersa pelas águas do oceano.

A principal característica desta zona é o declive pouco acentuado e o aumento progressivo da profundidade até cerca de 200 metros, descendo depois bruscamente para maiores profundidades (a esta zona de descida brusca é dado a designação de talude continental).

A largura das plataformas continentais varia fortemente ao longo da costa e são, geralmente, regiões com muitos recursos naturais, nomeadamente recursos piscatórios e por vezes petrolíferos.

Os direitos de soberania incidentes sobre a plataforma continental são exclusivas e independentes de ocupação no tocante à exploração e ao aproveitamento dos seus recursos naturais.

Alto- Mar

Alto-mar corresponde a todas as partes do mar, excluídos a zona econômica exclusiva, o mar territorial, as águas interiores e as águas arquipelágicas de um Estado arquipélago, sobre os quais não incide o poder soberano de qualquer Estado.

O principio da liberdade determina o pleno acesso, para fins pacíficos, de todos os Estados, costeiros ou sem litoral, ao alto-mar, nos termos da Convenção de Montego Bay (1982):

a-) liberdade de navegação

b-) liberdade de sobrevôo

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 15: DomInio pUblico Internacional

17

c-) liberdade de colocar cabos e dutos submarinos

d-) liberdade de construir ilhas artificiais e outras instalações

e-) liberdade de pesca

f-) liberdade de investigação científica

Todo Estado tem o dever de prestar assistência, de impedir e punir o transporte de escravos e o tráfico ilícito de substâncias entorpecentes, de repreender a pirataria e as transmissões de rádio e televisão não autorizados dirigidas ao público em geral, em alto-mar excetuadas as transmissões de chamadas de socorro Internacionais

Rios internacionais são aqueles que o curso de água se faz presente no território de mais de um Estado soberano.

Podem ser:

Sucessivos: são rios internacionais que cortam os territórios de mais de um Estado separadamente, passam por um Estado e depois pelo outro.

Contíguos, de fronteira ou limítrofes: são os rios internacionais que separam dois ou mais Estados soberanos.

Inexiste em Direito Internacional, uma regulamentação geral sobre a navegação nos rios internacionais. Os Estados utilizam-se dos tratados para disciplinar regras próprias aplicáveis aos seus rios internacionais.

ESPAÇO AEREO

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 16: DomInio pUblico Internacional

17

O estudo do Direito Aéreo iniciou-se com o surgimento da navegação aérea e foi regulado pelas normas de Direito Marítimo no seu processo de formação.

A soberania exercida pelo Estado em relação ao seu espaço aéreo é absoluta, abarca o território e o mar territorial.

A navegação em seu espaço aéreo por outros Estados pressupõe permissão avulsa ou acordo internacional.

Adota-se a teoria da soberania em contraposição à teoria da liberdade, que entendia ser o ar res communis, não suscetível de apropriação.

A Convenção de Paris (1919) criou a Comissão Internacional de Navegação Aérea, afirmando a completa e exclusiva soberania do Estado sobre o espaço atmosférico acima do seu território e a liberdade de passagem inofensiva, em tempo de paz, permitida entre os contratantes.

Foi substituída pela Convenção de Chicago.

A Convenção de Chicago ( 1944) é o estatuto da aviação civil internacional, exceto no que tange à responsabilidade, disciplinada pela Convenção de Varsóvia. ( Convenção de Varsóvia -1929 – regulamenta a responsabilidade do transportador quando dá ocorrência de descumprimento de contrato ou sinistro).

Na Convenção de Chicago, art. 1º declara a soberania completa e exclusiva do Estado sobre o espaço aéreo acima do seu território.

Nacionalidade das Aeronaves

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis

Page 17: DomInio pUblico Internacional

17

A Convenção de Chicago, determina que toda aeronave utilizada em tráfego internacional deve apresentar uma nacionalidade.

É vedada a matrícula da aeronave em mais de um Estado.

Aeronave pertencente a companhia aérea de propriedade plurinacional tem nacionalidade individual, distinta, atestada na matrícula.

As cinco liberdades do ar previstas pela Convenção de Chicago, são:

a-) direito de sobrevôo;

b-) direito de escala técnica para reparações;

c-) direito de embarcar, no território do Estado contratante, mercadorias, passageiros e correio com destino ao Estado de que a aeronave é nacional;

d-) direito de desembarcar no território do Estado contratante, mercadorias, passageiros e correio com destino ao Estado de que a aeronave é nacional;

e-) direito de embarcar passageiros, mercadorias e correios com destino ao território de qualquer contratante, e o direito de desembarcar passageiros e mercadorias originarias do território de qualquer Estado contratante.

_________________________________________________________________________ - Fonte: NEVES. Gustavo Bregalda. Direito Internacional. 2010.Editora Saraiva. – Profa. Lucia Sirleni Crivelaro Fidelis