apostila direito internacional publico - fortium

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Direito internacional público Prof. Mário Jorge Panno 1 Sociedade Internacional 2 Direito Internacional Público 2.1 Divisão e Classificação do Direito Internacional Público 2.2 Finalidade e Importância do DIP 2.3 Fontes do Direito Internacional Público 2.4 O Confronto Teórico: DIP X Direito Interno 2.4.1 A Teoria Monista: Kelseniana ou Internacionalista 2.4.2 Teoria Nacionalista 2.4.3 Teoria Dualista 2.5 A Recepção da Norma Internacional 2.6 Princípios que regem as Relações Internacionais do Brasil 2.7 Sujeitos do DIP 3 Estado 3.1 Soberania 3.2 Princípios na formação dos Estados 3.3 Território: Jurisdição e Competência 3.4 Aquisição e Perda de Território 3.5 Delimitação Territorial 3.6 Representantes do Estado 4 Imunidade à Jurisdição Estatal 4.1 Privilégios Diplomáticos 4.2 Imunidade à Jurisdição Estatal 4.2.1 Privilégios Consulares 4.2.2 IMUNIDADE À JURISDIÇÃO ESTATAL: ASPECTOS DA IMUNIDADE PENAL 4.3 Renúncia à Imunidade 4.4 Imunidade à Jurisdição Estatal: Primado do Direito Local 4.5 Imunidade Estatal: Soberania do Estado em face da jurisdição local. 5 População 5.1 Princípios Gerais da Nacionalidade 5.2 População: Classificação da Nacionalidade 5.3 Normas Costumeiras sobre a Nacionalidade 5.4 População: disposições dos Tratados Multilaterais sobre a Nacionalidade 6 Brasileiros Natos 6.1 Brasileiros naturalizados 6.2 Naturalização 6.3 Perda da Nacionalidade Brasileira 6.4 O Estatuto de Igualdade 7 Condição Jurídica do Estrangeiro: Princípios Internacionais sobre o Estrangeiro 7.1 Exclusão do Estrangeiro 7.2 Asilo Político 7.2.1 Asilo territorial 7.2.2 Asilo diplomático: Forma provisória do asilo político 8 O Fenômeno federativo e a unidade da soberania 8.1 Doutrina Tobar: a expectativa da legitimidade 8.2 Doutrina Estrada: uma questão de forma

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Page 1: Apostila Direito Internacional Publico - Fortium

Direito internacional públicoProf. Mário Jorge Panno

1 Sociedade Internacional2 Direito Internacional Público2.1 Divisão e Classificação do Direito Internacional Público2.2 Finalidade e Importância do DIP2.3 Fontes do Direito Internacional Público2.4 O Confronto Teórico: DIP X Direito Interno2.4.1 A Teoria Monista: Kelseniana ou Internacionalista2.4.2 Teoria Nacionalista2.4.3 Teoria Dualista2.5 A Recepção da Norma Internacional2.6 Princípios que regem as Relações Internacionais do Brasil2.7 Sujeitos do DIP3 Estado3.1 Soberania3.2 Princípios na formação dos Estados3.3 Território: Jurisdição e Competência3.4 Aquisição e Perda de Território3.5 Delimitação Territorial3.6 Representantes do Estado4 Imunidade à Jurisdição Estatal4.1 Privilégios Diplomáticos4.2 Imunidade à Jurisdição Estatal4.2.1 Privilégios Consulares4.2.2 IMUNIDADE À JURISDIÇÃO ESTATAL: ASPECTOS DA IMUNIDADE PENAL4.3 Renúncia à Imunidade4.4 Imunidade à Jurisdição Estatal: Primado do Direito Local4.5 Imunidade Estatal: Soberania do Estado em face da jurisdição local.5 População5.1 Princípios Gerais da Nacionalidade5.2 População: Classificação da Nacionalidade5.3 Normas Costumeiras sobre a Nacionalidade5.4 População: disposições dos Tratados Multilaterais sobre a Nacionalidade6 Brasileiros Natos6.1 Brasileiros naturalizados6.2 Naturalização6.3 Perda da Nacionalidade Brasileira6.4 O Estatuto de Igualdade7 Condição Jurídica do Estrangeiro: Princípios Internacionais sobre o Estrangeiro7.1 Exclusão do Estrangeiro7.2 Asilo Político7.2.1 Asilo territorial7.2.2 Asilo diplomático: Forma provisória do asilo político8 O Fenômeno federativo e a unidade da soberania8.1 Doutrina Tobar: a expectativa da legitimidade8.2 Doutrina Estrada: uma questão de forma

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8.3 O problema dos micro-Estados8.4 A Santa Sé9 Organizações Internacionais9.1 Características Fundamentais9.2 Personalidade Jurídica9.3 Sanções9.4 O Fenômeno Sucessório9.5 Responsabilidade Internacional. Elementos Essenciais:9.6 Endosso10 Tratado Internacional - Direito dos Tratados10.1 Princípios Gerais dos Tratados10.2 Características10.3 Classificação dos Tratados10.4 Produção do Texto Convencional10.5 Expressão do Consentimento10.5.1 Pressupostos Constitucionais do Consentimento no Brasil10.6 Entrada em Vigor10.6.1 Registro e Publicidade10.7 Tratado em vigor10.8 Extinção dos Tratados11 Formas extraconvencionais11.1 Costume Internacional11.2 Princípios Gerais do Direito e Princípios Orientadores do DIP11.3 Atos Unilaterais11.4 Decisões que podem figurar como fonte de DIP12 Instrumentos de interpretação e de compensação12.1 Jurisprudência e Doutrina12.2 Analogia e Eqüidade13 Domínio público internacional13.1 Águas13.1.1 O Mar13.1.2 Navios13.1.3 Águas Interiores13.1.4 Mar Territorial13.1.5 Zona Contígua13.1.6 Zona Econômica Exclusiva13.1.7 Plataforma Continental e Fundos Marinhos13.1.8 Alto Mar - princípio da liberdade13.1.9 Estreitos (naturais)13.2 Espaço Aéreo14 Conflitos Internacionais14.1 Conceito14.2 Meios Diplomáticos14.3 Meios Políticos14.4 Meios Jurisdicionais14.5 Solução Judiciária14.6 Guerra e o Direito Internacional14.7 Regras Costumeiras

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14.8 Guerra e o Direito Internacional

1 Sociedade InternacionalDevemos inicialmente anotar o conceito de sociedade internacional (REZEK): “Uma advertência

deve ser feita a todo aquele que se inicia no estudo do Direito Internacional Público. A sociedadeinternacional, ao contrário do que sucede com as comunidades nacionais organizadas sob a formade Estados, é ainda hoje descentralizada, e o será provavelmente por muito tempo adiante denossa época. Daí resulta que o estudo desta disciplina não oferece a comodidade própria daquelasoutras que compõem o direito interno, onde se encontra lugar fácil para a objetividade e para osvalores absolutos”.

A sociedade internacional tem características, a saber:1. Inexistência de autoridade superior;2. Organização horizontal dos Estados;3. Inexistência de representação;4. Normas jurídicas internacionais dependentes de consentimento;5. Inexistência de hierarquia entre as normas de DIP;6. Vigência do Princípio de Não-Intervenção (sentido político);7. Estágio intermediário: “sociedade natural” e “sociedade de direito”;8. Relação Estado versus Indivíduo: Idéia de subordinação;9. Relação Estado versus Estado: Idéia de coordenação;10. Precariedade do sistema de sanções;11. Falta de autoridade central provida de força;12. A igualdade soberana como postulado jurídico versus a desigualdade de fato entre os Estados.

2 Direito Internacional PúblicoDireito Internacional Público pode ser definido:“O direito internacional público ou direito das gentes é o conjunto de princípios ou regrasdestinados a reger os direitos e deveres internacionais, tanto dos Estados ou outros organismosanálogos, quanto dos indivíduos”. Hildebrando Accioly

2.1 Divisão e Classificação do Direito Internacional PúblicoO Direito Internacional Público pode ser dividido em:

1. Direito Internacional teórico, ou natural, ou racional - funda-se na razão humana e abrange osprincípios de justiça e eqüidade que devem governar as relações entre os povos;2. Direito Internacional positivo ou prático - resulta do acordo de vontades dos Estados ou dosfatos jurídicos consagrados por uma prática constante;3. Direito Internacional Positivo Convencional;4. Direito Internacional Positivo Costumeiro ou Consuetudinário;5. Direito Internacional Público Constitucional;6. Direito Internacional Público Administrativo;7. Direito Penal Internacional;8. Direito Substantivo Internacional;9. Direito Processual Internacional.

Deve ser anotada a divisão não exaustiva dada pelo Professor Hildebrando Accioly, indicando ofundamento do Direito Internacional Público:1. Estados Soberanos;2.Autodeterminação;3.Busca de organização da sociedade internacional;

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4. Consentimento: Criativo e Perceptivo;5. Pacta Sunt Servanda.

O autor leciona: “(...) O direito internacional público repousa sobre um fundamento objetivo,isto é, sobre o sentimento de justiça que existe na consciência humana, que se impõe aos homenscomo regra normativa superior à sua vontade. Esse sentimento de justiça é adquirido pelo homemgraças à sua razão. O direito internacional assim concebido não depende, pois, da vontadearbitrária dos Estados: tem um fundamento objetivo, que é a lei natural, comum a todos oshomens”.

2.2 Finalidade e Importância do DIPPodemos anotar as finalidades do Direito Internacional Público:

• Busca o bem comum da sociedade Internacional;• Sua importância cresce à medida em que as relações internacionais vão ficando, a cada dia, maiscomplexas.

2.3 Fontes do Direito Internacional PúblicoOs tratados e convenções internacionais são fontes primárias do DIP. Temos ainda o costume,

os princípios gerais do direito internacional e, como fontes acessórias, a doutrina e jurisprudência.A função da Corte Internacional de Justiça é a seguinte:

“Art. 38 - 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsiasque lhe forem submetidas, aplicará:a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regrasexpressamente reconhecidas pelos Estados litigantes;b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito;c) os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas;d) sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas maisqualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo etbono, se as partes com isto concordarem”.

A decisão da corte internacional obrigará nesta hipótese:“Art. 59 - A decisão da Corte só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso

em questão”.Deve ser anotado o seguinte sobre a Corte Internacional de Justiça:

1. Não há uma hierarquia formal entre as fontes elencadas no art. 38 do Estatuto da CIJ.2. Na prática, o Direito Convencional terá prioridade em relação ao Direito Costumeiro.3.O art. 59 determina os limites das decisões tomadas pela CIJ, ou seja, estabelece que os efeitosserão sempre interpartes.

2.4 O Confronto Teórico: DIP X Direito InternoExistem várias teorias que explicam o confronto entre direito internacional público e privado.

2.4.1 A Teoria Monista: Kelseniana ou InternacionalistaEnfatiza a unicidade da ordem jurídica sob o prisma do DIP, defendendo que ele caminha para

uma ordem única em nível mundial.Observa a supremacia do DIP sobre o Direito Interno.

2.4.2 Teoria Nacionalista

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Enfatiza a soberania de cada Estado, defendendo a descentralização da sociedade internacionale cultua a Constituição como norma jurídica máxima.

2.4.3 Teoria DualistaEnfatiza a distinção entre os sistemas de DIP e de Direito Interno, defendendo que as normas

internas não são condicionadas pelas normas internacionais.

2.5 A Recepção da Norma InternacionalA recepção da norma internacional não consiste apenas em transformar as normas de DIP em

direito interno.Deve ser anotado que : “(...) Na legislação interna, os tratados e convenções a ela incorporados

formam um direito especial que a lei interna, comum, não pode revogar”. (Hildebrando Accioly).Registre-se que: “É princípio geralmente reconhecido, do direito internacional, que, nas

relações entre potências contratantes de um tratado, as disposições de uma lei interna nãopodem prevalecer sobre as do tratado”. (Parecer consultivo da Corte Internacional de Justiçaproferido a 31 de julho de 1930.)

No Brasil, até a edição da emenda constitucional 45/04, o tratado internacional sempre foirecebido com status normativo de lei ordinária, em virtude do procedimento previsto para oreferendo realizado pelo Congresso Nacional.

Entretanto, após a referida emenda, passou a constar a possibilidade dos tratados seremincorporados como norma constitucional, sempre que seu objeto for referente aos direitosfundamentais e seu procedimento de referendo de competência do Congresso Nacional seja dedúplice apreciação em cada uma das Casas, com aprovação condicionada a 2/3 de seus membros.

2.6 Princípios que regem as Relações Internacionais do BrasilA CF/88 dispõe sobre o tema:

“Art. 4º - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintesprincípios:

I - independência nacional;II - prevalência dos direitos humanos;III - autodeterminação dos povos;IV - igualdade entre os Estados;V - defesa da paz;VI - solução pacífica dos conflitos;VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social ecultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americanade nações”. (Constituição Federal - 1988.)

2.7 Sujeitos do DIPDeve ser indicado o seguinte:

“Pessoa internacional ou pessoa de direito internacional é toda aquela a quem este reconhece acapacidade de possuir direitos e obrigações, na ordem internacional. Assim, devem serconsiderados como pessoas do direito internacional: os Estados, a Igreja Católica Romana (ou,antes, a Santa Sé), outras coletividades e o indivíduo”. Hildebrando Accioly

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A noção de que os Estados são as pessoas de direito internacional público fica evidenciada,nestes termos:

“Sujeitos de direito internacional público – ou pessoas jurídicas de direito internacional público– são os Estados soberanos (aos quais se equipara, por razões singulares, a Santa Sé) e asorganizações internacionais. Aí não vai uma verdade eterna, senão uma dedução segura daquiloque nos mostra a cena internacional contemporânea”. J.F. Rezek

A personalidade jurídica dos Estados é ORIGINÁRIA e com a seguinte característica:O Estado possui realidade física: é um espaço territorial sobre o qual vive uma comunidade de

seres humanos.A personalidade jurídica das organizações internacionais é DERIVADA e com as seguintes

características:1. As organizações internacionais carecem da dupla dimensão material: Território e Povo.2. As organizações internacionais são produto exclusivo de uma elaboração jurídica

resultante da vontade conjugada de certo número de Estados.3. O tratado constitutivo de toda organização internacional, tem, para ela, importância

superior à da constituição para o Estado soberano.

3 EstadoO Estado é o sujeito originário do Direito Internacional Público, ostentando três elementos

conjugados:1. Território - espaço físico onde o Estado exerce sua soberania.2. População - comunidade humana estabelecida sobre essa área.3. Governo - não subordinado a qualquer autoridade exterior.

Pondere-se que em circunstâncias excepcionais e transitórias, pode faltar ao Estado oelemento governo – tal é o que sucede nos períodos anárquicos –, e pode faltar-lhe até mesmo adisponibilidade efetiva de seu território, ou o efetivo controle dessa base por seu governolegítimo.

O elemento humano é, em verdade, o único que se supõe imune em qualquer caso.O Estado, na larga acepção do termo, existe desde que se achem reunidos os seguintes

elementos:a) uma população, isto é, um agrupamento humano permanente;b) um território fixo sobre o qual habitualmente se exerce a autoridade dos órgãos do Estado;c) um governo ou uma organização política, à qual incumbe a realização do bem comum dacoletividade e a manutenção das relações com os demais membros da comunidade internacional.

3.1 SoberaniaA soberania pode ser conceituada como a capacidade para dirigir a vida do ente social

correspondente. A soberania é também definida como sendo a autoridade que possui o Estadopara decidir, em última alçada, sobre as questões da sua competência.

Não é, porém, um poder absoluto. Nas relações internacionais, ela se acha subordinada aodireito das gentes.

Com essa autoridade se exerce na direção dos negócios internos e externos do Estado. Diz-se,usualmente, que a soberania, é interna ou externa, sendo a primeira também chamada deautonomia e a segunda, independência.

3.2 Princípios na formação dos EstadosA formação dos Estado atende a alguns princípios.Princípios de Consolidação:

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1.1. Princípio das Nacionalidades - baseia-se na idéia de que cada nacionalidade deve constituirum Estado.1.2. Princípio da Autodeterminação - baseia-se no direito dos povos de disporem de si próprios.1.3. Princípio do Espaço Vital - doutrina nazista que procurava amparar usurpações territoriais. Oespaço vital era definido como sendo a área necessária a um povo para se desenvolver livrementeou dar livre expansão às suas atividades. Servia ela, apenas, de disfarce para o expansionismo semlimites.

O Estados podem ser classificados em:1. Estado simples ou unitário - forma uma unidade estatal completa por si só.2. Estados compostos:

2.1.Por coordenação: São constituídos pela associação de Estados soberanos ou pelaassociação de unidades estatais que, em igualdade de condições, conservam apenas umaautonomia de ordem interna, enquanto o poder soberano é investido num órgão central.

2.2.União pessoal ou real.2.3. Confederação de Estados.2.4. Estado Federal ou Federação de Estados.

3. Por subordinação:3.1.Estados vassalos.3.2. Estados protegidos ou protetorados.3.3. Estados clientes.3.4. Países sob tutela.

Na União, existe a reunião, sob o mesmo monarca ou chefe de Estado, de dois ou mais Estadossoberanos, que conservam a sua plena autonomia interna, mas, por acordo mútuo, delegam a umórgão único os poderes de representação externa e, geralmente, fundem todos os interessescomuns, no tocante às relações exteriores. Exemplo: Dinamarca e Islândia, de 1918 a 1944.Presentemente, já não existe caso algum de união real.

Confederação de Estados: é uma associação de Estados soberanos, que conservamintegralmente sua autonomia e sua personalidade internacional e, para certos fins especiais,cedem permanentemente a uma autoridade central uma parte de sua liberdade de ação. Essesfins especiais são, geralmente: a manutenção da paz entre os Estados confederados, a defesa dosEstados confederados, a proteção dos interesses comuns. Como exemplo histórico: ConfederaçãoAmericana, de 1781 a 1789.

Estado Federal ou Federação de Estados: é a união permanente de dois ou mais Estados, naqual cada um deles conserva apenas sua autonomia interna, sendo a soberania externa exercidapor um organismo central, isto é, pelo governo federal, plenamente soberano nas suasatribuições, entre as quais se salientam a de representar o grupo nas relações internacionais e ade assegurar a sua defesa externa. O Brasil é um Estado federal desde a Constituição de 24 defevereiro de 1891.

Estados vassalos: são os que gozam de autonomia na direção dos seus negócios internos, mas,no tocante aos negócios externos, dependem de outro Estado, ao qual devem vassalagem. Esseoutro Estado é chamado de suserano, em relação aos vassalos. Embora a condição dos Estadosvassalos possa variar de um para outro, consideram-se-lhes mais ou menos constantes asseguintes características:1a) só excepcionalmente exercem a soberania externa;2a) têm o dever de respeitar e executar, no que lhes diz respeito, os tratados concluídos peloEstado suserano;3a) participam das guerras feitas por este;4a) pagam-lhe um tributo;

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5a) dos seus atos é responsável, dentro de certos limites, o Estado suserano.A vassalagem é condição geralmente transitória: ou se transforma em completa independência

do Estado vassalo, ou em completa anexação deste pelo Estado suserano. Presentemente, nãoexiste caso algum de Estado vassalo.

Como principais exemplos históricos, citam-se os seguintes: os principados de Valáquia eMoldávia, os da Sérvia e do Montenegro, o da Bulgária, o Egito, todos sob a suserania da Turquia.

Estados Protegidos ou Protetorados: são aqueles que, em virtude de tratado e por tempoindeterminado, colocam-se sob a proteção e direção de outro ou outros Estados, ao qual ou aosquais cedem uma parte dos seus direitos soberanos. As características dessa situação jurídica são,em geral, as seguintes:1a) o protetorado baseia-se, ordinariamente, num tratado entre o Estado protetor e o Estadoprotegido;2a) o Estado protegido conserva, até certo ponto, a qualidade da pessoa internacional;3a) o exercício da soberania externa cabe ao Estado protetor, bem como o de certos direitosdependentes da soberania interna, tais como o comando militar, a administração da justiça, etc.;4a) o Estado protegido não é, em princípio, obrigado a participar das guerras do Estado protetor;5a) os tratados celebrados por este último não são necessariamente aplicáveis ao primeiro.Protetorados internacionais, quase já não existem.

Encontramos ainda a pequenina república de Andorra, nos Pirineus, colocada, desde 1806, soba comum proteção da França e do bispo de Urgel; a república de São Marino (encravada noterritório italiano) e o principado de Mônaco, ao sul da França, juridicamente ligado a esta poracordos especiais.

Estados clientes: são os que confiam a outro Estado a defesa de alguns dos seus negócios ouinteresses. Os Estados clientes conservam perfeita independência em relação aos demais, emboracedam a outro Estado o exercício de certos poderes ou de certos atributos da Soberania. É asituação que existiu em Cuba, até 1934, relativamente aos Estados Unidos da América. A mesmaclassificação abrangia ainda o Haiti, a República Dominicana e o Panamá, igualmente com relaçãoà União americana;

E, por extensão, parece aplicar-se, pelo menos sob certos aspectos, aos chamados ‘paísessatélites’ da União Soviética.

Países sob tutela: o art. 22 do Pacto da Liga das Nações criou países sob mandato que eramdivididos, segundo o grau de desenvolvimento, em três classes, dos quais apenas os de classe ‘A’,todos eles, antigas províncias do Império Otomano, eram considerados aptos a adquirir aindependência. A Carta das Nações Unidas, em seus arts. 75 a 85 criou o sistema internacional detutela que era uma adaptação do sistema anterior.

Contrariamente ao que ocorreu na Liga das Nações, onde as potências mandatáriasconsideravam os mandatos como meras colônias, as Nações Unidas, desde cedo, mostraram que,não obstante o grau de atraso da maioria dos territórios, todos deveriam alcançar a suaindependência, com a conseqüente admissão dos mesmos na própria Organização.

3.3 Território: Jurisdição e CompetênciaSobre seu território, o Estado exerce jurisdição (termo preferido em doutrina anglo-saxônica), o

que vale dizer que detém uma série de competências para atuar com autoridade (expressão maisao gosto dos autores da escola francesa). O território de que falamos é, por ora, a área terrestredo Estado, somada àqueles espaços hídricos de interesse puramente interno, como os rios e lagosque circunscrevem no interior dessa área sólida. Sobre o território assim entendido, o Estadosoberano tem jurisdição geral e exclusiva.

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A generalidade de jurisdição significa que o Estado exerce no seu domínio territorial todas ascompetências de ordem legislativa, administrativa e jurisdicional.

A exclusividade significa que, no exercício de tais competências, o Estado local não enfrenta aconcorrência de qualquer outra soberania. Só ele pode tomar medidas restritivas contra pessoas,detentor que é do monopólio do uso legítimo da força pública.

3.4 Aquisição e Perda de TerritórioDescoberta - terra nullius.Princípio da contigüidade - a pretensão ocupacionista do descobridor avança pelo território

adentro até quando possível – em geral, até encontrar a resistência de uma pretensão alheiacongênere.

Terra abandonada - terra derelicta. Exemplo: Malvinas abandonadas pela Espanha e ocupadaspela Grã-Bretanha.

Aquisição por conquista - expulsão dos ocupantes pelos conquistadores.Cessão onerosa - compra e venda ou permuta de territórios.Cessão gratuita - ornamento típico dos tratados de paz, aqueles em que, finda a guerra,

defrontavam-se na mesa de negociação vencedores e vencidos, estes à mercê daqueles. Exemplo:Alsácia-Lorena.

Atribuição de território - por decisão política de uma organização internacional. Ocorreu noâmbito da ONU em 1947, a propósito da partilha da Palestina.

3.5 Delimitação TerritorialO estabelecimento das linhas limítrofes entre os territórios de dois ou mais Estados pode

eventualmente resultar de uma decisão arbitral ou judiciária. Nas mais das vezes, porém, issoresulta de tratados bilaterais, celebrados desde o momento em que os países vizinhos têm noçãoda fronteira e pretendem conferir-lhe, formalmente, o exato traçado.

3.6 Representantes do EstadoO Diplomata - representa o Estado de origem junto à soberania local, e para o trato bilateral

dos assuntos de Estado.O Cônsul - representa o Estado de origem para o fim de cuidar, no território onde atue, de

interesses privados – os de seus compatriotas que ali se encontrem a qualquer título, e oselementos locais que tencionem, por exemplo, visitar aquele país, de lá importar bens, ou para láexportar.

É indiferente ao direito internacional o fato de que inúmeros países – entre os quais o Brasil –tenham unificado as duas carreiras, e que cada profissional da diplomacia, nesses países, transiteconstantemente entre funções consulares e funções diplomáticas. A exata função desempenhadaem certo momento e em certo país estrangeiro é o que determina a pauta de privilégios.

4 Imunidade à Jurisdição Estatal4.1 Privilégios Diplomáticos

Possuem imunidades nos âmbitos: penal, civil e tributário. São invioláveis e não podem servirde testemunhas.

São privilégios de Diplomatas, pessoal do quadro administrativo e técnico, bem como suasfamílias.

Exceções:1. Âmbito Civil: feito sucessório, imóveis particulares, reconvenção, profissão liberal e atividadecomercial (embora as duas últimas sejam vedadas pela Convenção de Viena de 1961).

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2. Âmbito Tributário: impostos indiretos, impostos relativos a imóveis particulares e tarifas.São fisicamente invioláveis os locais da missão diplomática com todos os bens ali situados,

assim como os locais residenciais utilizados pelo quadro diplomático. Esses imóveis, e os valoresimobiliários neles encontráveis, não podem ser objeto de busca, requisição, penhora ou medidaqualquer de execução.

Os arquivos e documentos da missão diplomática são invioláveis onde quer que se encontrem.

4.2 Imunidade à Jurisdição Estatal4.2.1 Privilégios Consulares

Os cônsules e funcionários consulares gozam de inviolabilidade física e de imunidade aoprocesso – penal ou cível – apenas no tocante aos atos de ofício.

Não se estendem a membros da família nem a instalações residenciais.Quando processados, deve-se cuidar de que a marcha do feito seja breve e perturbe o mínimo

possível os trabalhos consulares.A prisão preventiva é permitida, desde que autorizada por juiz, e em caso de crime grave.A prestação do depoimento testemunhal é obrigatória, devendo ser programada de modo a

não causar prejuízo ao serviço.Os locais consulares são invioláveis na medida estrita de sua utilização funcional, e gozam de

imunidade tributária.Os arquivos e documentos consulares, a exemplo dos diplomáticos, são invioláveis em

qualquer circunstância e onde quer que se encontrem.

4.2.2 Imunidade à Jurisdição Estatal: aspectos da Imunidade PenalDiplomatas não respondem, in loco, pelos crimes cometidos. Apenas em seu país de origem.Nos casos dos cônsules, visto que a imunidade só alcança os atos de ofício, resulta claro que

crimes comuns podem ser processados e punidos in loco.

4.3 Renúncia à ImunidadeO Estado acreditante – e somente ele – pode renunciar, se entender conveniente, às

imunidades de índole penal e civil de que gozam seus representantes diplomáticos e consulares.Estipula as convenções de Viena quem no foro cível, a renúncia atinente ao processo de

conhecimento não alcança a execução, para a qual nova renúncia se faz necessária (normasingular, que em doutrina já foi considerada imoral).

Em caso algum o próprio beneficiário da imunidade dispõe de um direito de renúncia.

4.4 Imunidade à Jurisdição Estatal: Primado do Direito LocalRegra que prevê que os detentores do privilégio estão obrigados a respeitar as leis e

regulamentos do Estado territorial.

4.5 Imunidade Estatal: Soberania do Estado em face da jurisdição local.Tendências atuais: Convenções. Redução da imunidade.

5 PopulaçãoPopulação: “População do Estado soberano é o conjunto das pessoas instaladas em caráter

permanente sobre seu território: uma vasta maioria de súditos locais, e um contingenteminoritário – em número proporcional variável, conforme o país – de estrangeiros residentes”.(J.F. Rezek)

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Dimensão pessoal do Estado soberano (seu elemento constitutivo, ao lado do território e dogoverno).

Não é a respectiva população. É sim a comunidade nacional, ou seja, o conjunto de seussúditos, incluindo aqueles, minoritários, que se tenham estabelecido no exterior.

Sobre os estrangeiros residentes, o Estado exerce inúmeras competências inerentes à suajurisdição territorial.

Sobre seus súditos distantes, o Estado exerce jurisdição pessoal, fundada no vínculo denacionalidade e independente do território onde se encontrem.

Conceito de Nacionalidade: é um vínculo político entre o Estado soberano e o indivíduo, quefaz deste um membro da comunidade constitutiva da dimensão pessoal do Estado.

5.1 Princípios Gerais da NacionalidadeO Estado soberano não pode privar-se de uma dimensão pessoal: ele está obrigado, assim, a

estabelecer distinção entre os nacionais e os estrangeiros.O Estado não pode arbitrariamente privar o indivíduo de sua nacionalidade, nem do direito de

mudar de nacionalidade.Princípio da efetividade: o vínculo patrial não deve fundar-se na pura formalidade ou no

artifício, mas na existência de laços sociais consistentes entre o indivíduo e o Estado.

5.2 População: Classificação da NacionalidadeNacionalidade originária - aquela que é atribuída à pessoa quando nasce:

1. Jus soli;2. Jus sanguinis;3. Nacionalidade derivada.

5.3 Normas Costumeiras sobre a NacionalidadeÉ de prática generalizada excluírem-se da atribuição de nacionalidade jure soli os filhos de

agentes de Estados estrangeiros (diplomatas, cônsules, etc.).Outra prática é a proibição do banimento.Nenhum Estado pode expulsar súdito seu com destino a território estrangeiro ou a espaço de

uso comum.Há uma obrigação, para o Estado, de acolher seus nacionais em qualquer circunstância, incluída

a hipótese de que tenham sido expulsos de onde se encontravam.

5.4 População: disposições dos Tratados Multilaterais sobre a NacionalidadeO Estado tem liberdade para determinar quem são os seus nacionais.Estabelece um mínimo de efetividade (lugar do nascimento, filiação, tempo razoável de

residência ou outro indicativo de vínculo como pressuposto da naturalização).A Nacionalidade Brasileira: “O Estado soberano é livre para conferir disciplina legal à sua

nacionalidade. (...) A nacionalidade, no Brasil, configura matéria constitucional: em breveseqüência de dispositivos, a lei maior traça as normas básicas, pouco fazendo cair no domínio dalegislação ordinária”. (J.F. Rezek)

6 Brasileiros NatosOs nascidos no território brasileiro, mesmo que de pais estrangeiros, quando não estão a

serviço de seu país de origem.Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja

a serviço do Brasil.

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Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desvinculados embora doserviço público, desde que venham a residir no país e optem pela nacionalidade brasileira aqualquer tempo.

6.1 Brasileiros naturalizadosEstrangeiros em geral:

• Que se fixaram no país há mais de quinze anos, sem quebra de continuidade.• Que nunca tenham sofrido condenação penal.• Súditos de países de língua portuguesa.• Residência fixa no país por mais de um ano e idoneidade moral.

6.2 NaturalizaçãoA naturalização não é jamais obrigatória, tanto significando que, caso a caso, o governo pode

recusá-la mesmo quando preenchidos os requisitos da lei.O brasileiro naturalizado tem todos os direitos do brasileiro nato, salvo o acesso a certas

funções públicas eminentes, que a Constituição arrola de modo limitativo, conforme seu artigo 12.

6.3 Perda da Nacionalidade BrasileiraPode atingir tanto o brasileiro nato quanto o naturalizado, em caso de aquisição de outra

nacionalidade, por naturalização voluntária.Para que se acarrete a perda da nossa nacionalidade, a naturalização voluntária, no exterior,

deve necessariamente envolver uma conduta ativa e específica.O brasileiro naturalizado encontra-se sujeito ao cancelamento da naturalização, por exercer

atividade contrária ao interesse nacional.Por óbvio, a variante implica processo capaz de abrigar amplos meios de defesa. Cabe ao

presidente da República anular, por decreto, a aquisição fraudulenta da qualidade de brasileiro.Não se trata, aqui, de uma hipótese de perda da nacionalidade: esta se reputará nula, e, pois,inexistente.

Ninguém pode perder algo que jamais tenha possuído a não ser em equívoca aparência.

6.4 O Estatuto de IgualdadeSobre o estatuto da igualdade cabe registrar:

“O estatuto da igualdade entre brasileiros e portugueses, inovação jurídica resultante de tratadobilateral do início dos anos setenta, altera presentemente, entre nós, a clássica noção danacionalidade como pressuposto necessário da cidadania. Seu regime torna possível que,conservando incólume o vínculo de nacionalidade com um dos outros dois países, o indivíduopasse a exercer no outro direitos inerentes à qualidade de cidadão”. (J.F. Rezek)

7 Condição Jurídica do Estrangeiro: Princípios Internacionais sobre o EstrangeiroOs princípios são os seguintes:

1. Admissão discricionária.2. Direitos fundamentais da pessoa na qualidade de estrangeiro:2.1.Vida;2.2.Integridade física;2.3. Prerrogativa eventual de peticionar administrativamente ou requerer em juízo;2.4. Tratamento isonômico em relação a pessoas de idêntico estatuto.

Na maioria dos países, a lei costuma reconhecer aos estrangeiros, mesmo quando temporários,o gozo dos direitos civis. Exceção importante: Direito ao trabalho e aquisição de imóveis.

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7.1 Exclusão do Estrangeiro1. Deportação: A deportação é uma forma de exclusão, do território nacional, daquele estrangeiroque aqui se encontre após uma entrada irregular, geralmente clandestina, ou cuja estada tenha-setornado irregular – quase sempre por excesso de prazo, ou por exercício de trabalho remunerado,no caso do turista.

Não deve ser confundida com o impedimento à entrada de estrangeiro, que ocorre quando lhefalta justo título para ingressar no Brasil (um passaporte visado, lá fora, por nosso cônsul, ou,dependendo do país patrial, um simples passaporte válido).

A medida não é exatamente punitiva, nem deixa seqüelas. O deportado pode retornar ao paísdesde o momento em que se tenha provido de documentação regular para o ingresso.

2. Expulsão: Também se cuida de exclusão do estrangeiro por iniciativa das autoridades locais, esem destino determinado.

Seus pressupostos são mais graves: condenação criminal de variada ordem; considerado oindivíduo nocivo à convivência e aos interesses nacionais.

Sua conseqüência é a impossibilidade – em princípio – do retorno do expulso ao país.

3. Extradição: É a entrega, por um Estado a outro, e a pedido deste, de indivíduo que em seuterritório deva responder a processo penal ou cumprir pena. Pressupõe sempre um processopenal.

Fundamento jurídico: um tratado entre os dois países envolvidos, no qual se estabeleça que,em presença de determinados pressupostos, dar-se-á a entrega da pessoa reclamada. Na falta detratado: promessa de reciprocidade.

Pressupostos da extradição arrolados na lei doméstica.A exemplo de qualquer promessa, a de reciprocidade em matéria extradicional tanto pode ser

acolhida quanto rejeitada, sem fundamentação.

7.2 Asilo PolíticoAsilo político pode ser conceituado: “Asilo político é o acolhimento, pelo Estado de estrangeiro

perseguido alhures - geralmente, mas não necessariamente, em seu próprio país patrial - porcausa de dissidência política, de delitos de opinião, ou por crimes que, relacionados com asegurança do Estado, não configuram quebra do direito penal comum”. J.F.Rezek.

7.2.1 Asilo territorialForma perfeita e acabada do asilo político.

7.2.2 Asilo diplomático: Forma provisória do asilo políticoReconhecimento de Estado: É o ato unilateral, e nem sempre explícito - com que um sujeito de

direito das gentes, no uso de sua prerrogativa soberana, faz ver que entende presente numaentidade homóloga.

8 O Fenômeno federativo e a unidade da soberaniaUnidades federativas possuem autonomia. Autonomia não se confunde com soberania.

Unidades federativas não têm personalidade jurídica de DIP. Unidades federativas não têmcapacidade para manifestar vontade própria na cena internacional. Unidades federativas nãopodem ser membros de organizações internacionais ou assinar tratados.

Atuação aparente de Unidades Federadas no plano internacional.

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O Estado soberano pode atribuir às suas unidades federadas de alguma competência paraatuar no plano internacional.

As outras soberanias interessadas e envolvidas devem reconhecer esse procedimento. Quemresponde pela unidade federativa é a União Federal.

8.1 Doutrina Tobar: a expectativa da legitimidadeMinistro das Relações Exteriores da República do Equador, proferiu, em 1907, a seguinte

doutrina:“O meio mais eficaz para acabar com essas mudanças violentas de governo, inspiradas pela

ambição, que tantas vezes têm perturbado o progresso e o desenvolvimento das nações latino-americanas e causado guerras civis sangrentas, seria a recusa, por parte dos demais governos, dereconhecer esses regimes acidentais, resultantes de revoluções, até que fique demonstrado queeles contam com a aprovação popular”.

8.2 Doutrina Estrada: uma questão de formaPronunciamento do Secretário de Estado das Relações Exteriores (1930) comunicando que “o

México não se pronuncia no sentido de outorgar reconhecimento de governo”.A doutrina Tobar sofreu desgaste acentuado. Em lugar da legitimidade tem-se perquirido

apenas a efetividade. Tem predominado a doutrina Estrada.A prática do pronunciamento formal, outorgando ou recusando o reconhecimento de governo,

marcha para o desuso. A manifestação se dá através do rompimento das relações diplomáticas oupreservação de tais relações com alteração política unilateral.

8.3 O problema dos micro-EstadosEm princípio, são considerados soberanos.

Características:• Território exíguo;• População inferior a quarenta mil pessoas;• Possui instituições políticas estáveis e regimes corretamente estruturados;• Confiam parte de sua competência a outros Estados;• Normalmente não são aceitos em organizações internacionais de caráter político.

8.4 A Santa SéÉ a cúpula governativa da Igreja Católica, instalada em Roma.Possui o Vaticano: território, população e governo. Entretanto não possui dimensão pessoal -

não possui nacionais. Não possui condição estatal devido a sua condição teleológica e a falta dadimensão pessoal. Não configura uma organização internacional. Entretanto sua personalidadejurídica de DIP é reconhecida. Tem capacidade para celebrar tratados.

9 Organizações Internacionais9.1 Características Fundamentais• Possuem personalidade jurídica de Direito Internacional Público;• Divergem, entre si, quanto às suas respectivas finalidades;• São formadas por Estados-membros;• Possui sanção em relação a seus Estados- membros nos limites dos acordos constitutivos.

9.2 Personalidade Jurídica• É originada no texto dos tratados constitutivos das OI’s;

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• É obtida em virtude do reconhecimento dos Estados-membros;• Corresponde à competência da OI para celebrar tratados em seu próprio nome.

A doutrina dominante considera que entidades que não possuam a capacidade de celebrartratados e acordos não podem ser categorizadas como Organização Internacional.

As Organizações Internacionais normalmente possuem:• Assembléia Geral• Secretaria

As Organizações Internacionais de caráter político normalmente contam também com umConselho permanente.

Os Estados não membros podem, normalmente, participar dos debates embora não tenham odireito a voto.

As sedes das OI’s são sempre determinadas por acordo bilateral entra o organização e o Estado- acordo sede.

Pode, a OI, dispor de mais de uma sede.As OI’s têm direito a representação com os mesmos benefícios dispensados ao serviço

diplomático.As finanças das OI’s são mantidas através de cotização dos Estados-membros, correspondente

à capacidade contributiva dos mesmos.A admissão de novos membros é disciplinada pelo ato constitutivo que aborda três aspectos

(Limites de abertura da carta aos Estados não membros - condições prévias de ingresso): Carátergeográfico, Caráter geopolítico, Caráter discricionário da própria organização.

9.3 SançõesA falta aos deveres resultantes da qualidade de membro de uma OI pode trazer como resultado

uma sanção.Podem ocorrer sanções:

• de suspensão de determinados direitos.• de exclusão do quadro.

Retirada voluntária de Estados Membros:• O pré-aviso de denúncia do Tratado.• A quitação das obrigações financeiras para com a OI.

Espécies de Organizações Internacionais:• Critério de classificação - alcance e finalidade.• Alcance - universal ou regional.• Finalidade - política ou técnica específica.

Alcance Universal e Finalidade Política:• Sociedade de Nações (1919-1939).• Organização das Nações Unidas (ONU - 1945)

Alcance Universal e Finalidade Técnica Específica:• OIT; UNESCO; FAO; FMI; OACI; OMS; BIRD.

Alcance Regional e Finalidade Política:• OEA; Liga dos Estados Árabes (1945); Organização da Unidade Africana (1963); OTAN.

Alcance Regional e Finalidade Técnica Específica:• OPEP; ALADI; CECA; CEEA; CEE.

Segundo o professor Rezek, indivíduos e empresas NÃO possuem personalidade jurídicainternacional. Justificativa: não se envolvem, a título próprio, na produção do acervo normativointernacional. Não guardam qualquer relação direta e imediata com esse corpo de normas.Segundo Rezek, para que a idéia da personalidade jurídica do indivíduo em direito das gentes

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pudesse fazer algum sentido, seria necessário que ele dispusesse da prerrogativa ampla dereclamar, nos foros internacionais, a garantia de seus direitos, e tal qualidade resultasse de normageral.

9.4 O Fenômeno SucessórioPrincípio da continuidade do Estado:“O Estado, pelo fato de existir, tende a continuar existindo

- ainda que sob outra roupagem política, até mesmo quando ocorrem modificações expressivas nadeterminação da titularidade da soberania”.

Não ocorre o mesmo fenômeno com as OI’s - elas podem desaparecer do cenário mundial semdeixar marcas.

Entretanto o fenômeno sucessório também as abrange.• Modalidades de Sucessão de Estados:• Fusão ou agregação:Unidade italiana (1860-1870)• Secessão ou desmembramento: União soviética (1991)• Transferência territorial: Alasca (1867)

Responsabilidade Internacional: Conceito e Fundamento: “O Estado responsável pela prática deum ato ilícito segundo o direito internacional deve ao Estado a que tal ato tenha causado danouma reparação adequada”.

Implica igualmente as organizações internacionais.Não se investiga, para afirmar a responsabilidade do Estado ou da organização internacional

por um ato ilícito, a culpa subjetiva - basta haver uma afronta ao direito das gentes e que daítenha resultado algum dano.

9.5 Responsabilidade Internacional. Elementos Essenciais:• Ato ilícito de direito internacional público.• Imputabilidade - personalidade jurídica de Direito Internacional Público.• Dano - não há responsabilidade internacional sem que do ato ilícito tenha resultado um dano.Somente Estados ou organizações internacionais têm qualidade para invocar a responsabilidadeinternacional.

Proteção Diplomática: Tem como objeto o “particular - indivíduo ou empresa - que, no exterior,seja vítima de um procedimento estatal arbitrário, e que, em desigualdade de condições frente aogoverno estrangeiro responsável pelo ilícito que lhe causou dano, pede ao seu Estado de origem(...) que realize uma autêntica demanda entre sujeitos de DIP”.

É um Instituto bastante contagiado pelos interesses de países desenvolvidos, considerando-sesua origem.

9.6 EndossoÉ a outorga da proteção diplomática de um Estado a um particular. Não significa

necessariamente que haverá instância judicial ou arbitral. É possível composição de entendimentodireito, ou de outro meio diplomático. O pedido por parte do particular é uma faculdade. Aproteção diplomática não é um direito do particular - o Estado pode negar, bem como podeconceder sem ter havido um pedido.

Condições do Endosso1) Nacionalidade do particular:• Apátrida: Não tem como demandar proteção diplomática.

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• Dupla nacionalidade: Qualquer dos Estados que o reconhecem como nacional pode conceder aproteção. O endosso só é possível contra os Estados que não reconhecem o indivíduo comonacional.• Nacionalidade contínua: É preciso que o particular tenha sido um nacional do Estado reclamanteno momento em que sofreu o dano e no momento da reclamação, sem quebra de continuidade.• Nacionalidade efetiva: Para evitar o abuso da prerrogativa soberana de um Estado, concedendonacionalidade a estrangeiro que não possua qualquer vínculo social.• Proteção Funcional: Não apenas os Estados, mas também as OI’s podem proteger seus súditosno plano internacional, mas restringe-se aos seus agentes, independentemente do vínculo denacionalidade.

2) O Esgotamento dos Recursos Internos:Antes de outorgar o endosso, irá o Estado verificar se seu súdito esgotou previamente os

recursos administrativos ou judiciários que lhe eram acessíveis no território do Estado reclamado.

Efeito jurídico do EndossoO Estado, outorgante da proteção diplomática, transforma a reclamação particular numa

reclamação nacional. O Estado se torna o dominus litis e assume todas as conseqüências desteato. A assistência do particular no feito não o faz co-autor O Direito Internacional não impõe aoEstado patrial o dever de transferir a indenização obtida ao particular. Esse dever é resultado deprincípios éticos ou normas de direito interno.

Conseqüências da Responsabilidade InternacionalA reparação devida deve ser correspondente ao dano causado, tendo, assim, natureza

compensatória. Não tem caráter punitivo.A reparação deve ser justa, compreendendo:

• Montante básico;• Juros moratórios;• Lucros cessantes.

Não deve compreender os danos indiretos.

10 Tratado Internacional - Direito dos TratadosOs tratados têm uma evolução consuetudinária. Fases dos tratados:

1. Início em momento remoto da história.2. Primeiro momento: tratados bilaterais.3. Segundo momento: tratados multilaterais.4. Terceiro momento: fase interna dos tratados.5. Direito dos Tratados em face do DIP.6. Direito dos Tratados em face do direito interno.7. Quarto momento: OI’s e codificação.8.Convenção de Viena (1969) - Dir. dos tratados e codificação.9. Convenção de Viena (1986) - Tratados entre Estados e OI e entre OI’s.

Conceito de Tratado: “Tratado é todo acordo formal concluído entre sujeitos de direitointernacional público, e destinado a produzir efeitos jurídicos”. J. F. Rezek

“Os Tratados, acordos ou ajustes internacionais são atos jurídicos por meio dos quais semanifesta o acordo de vontades entre duas ou mais pessoas internacionais”. Hildebrando Accioly10.1 Princípios Gerais dos Tratados1. Pacta sunt servanda

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2. Princípio da boa féTerminologia: Acordo, Ajuste, Arranjo, Ata, Ato, Carta, Código, Compromisso, Constituição,

Contrato, Convenção, Convênio, Declaração, Estatuto, Memorando, Pacto, Protocolo eRegulamento - São todas denominações genéricas de Tratado.

Apenas o termo Concordata possui, em direito das gentes, significado singular: tratado bilateralem que uma das partes é a Santa Sé, e que tem por objeto a organização do culto, a disciplinaeclesiástica, missões apostólicas, relações entre a Igreja católica local e o Estado co-pactuante.

10.2 Características1. Formalidade;2. Forma Escrita;3. Existência condicionada à conclusão das negociações (plano da existência): Exclui-se aconfirmação e a entrada em vigor (Rezek discorda dessa proposição).

Capacidade para celebrar tratados: somente a tem as Pessoas Jurídicas de DIP.Produção de efeitos jurídicos - ato jurídico e norma: Desencadeia efeitos de direito, gerando

obrigações e prerrogativas.Gentlemen’s agreement: distinto de tratado, não há um compromisso estatal e sim um pacto

pessoal entre estadistas.

10.3 Classificação dos Tratados1. Critérios Formais:1.1.Número de partes - pode ser bilateral ou multilateral ou coletivo.1.2. Extensão do procedimento adotado:a) Conclusão na assinatura (acordo executivo).b) Conclusão na ratificação.2. Critérios Materiais:2.1. Natureza das normas expressas no tratado.2.2. Execução no tempoa) Estático.b) Dinâmico.2.3. Execução no espaço.a) Aplicação Territorial.b) Aplicação Extraterritorial.

10.4 Produção do Texto ConvencionalCompetência: Estados e Organizações Internacionais.Agentes Representantes do Estado:

• Chefes de Estado e de Governo: Não precisam de cartas de plenos poderes.• Plenipotenciários: Ministro das Relações Exteriores; Chefes de Missão Diplomática; outrosservidores públicos especializados;- podem assinar tratados desde que possuam;- carta de plenos poderes expedida pelo Chefe de Estado;- apenas o Ministro das Relações Exteriores não precisa de carta credencial.• Delegações Nacionais: tem íntima ligação com a fase negocial dos tratados; apenas o chefe dadelegação detém a carta de plenos poderes. Fundamentada em hierarquia, o chefe não precisaser, necessariamente, um diplomata.

Classificação da Negociação: bilateral ou coletiva.

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Em sendo bilateral o local poderá ser de um dos países envolvidos ou de um terceiro país.Nesse caso evita o clima de animosidade e desconfiança. Proporciona vantagem operacional eeconômica quando já existem representações diplomáticas permanentes dos pactuantes. Impõe-se a adoção de um idioma comum. O resultado do texto convencional deve ser;a) lavrado numa única versão autêntica;b) lavrado em duas versões autênticas e de igual valor;c) lavrado em mais de duas versões, todas autênticas e de igual valor;d) lavrado em duas ou mais versões autênticas, mas com privilégio assegurado a uma única, paraefeito de interpretação.

A negociação coletiva normalmente ocorre através de conferências. Pode ser de iniciativa dosEstados ou de OI’s e os idiomas são decididos previamente em versão autêntica e oficial. Os textosdevem ser aprovados de acordo com a Convenção de Viena segundo a qual “a adoção do texto deum tratado numa conferência internacional efetua-se por maioria de dois terços dos Estadospresentes e votantes, a menos que esses Estados decidam, por igual maioria, aplicar uma normadiversa” (art. 9, § 2o).

Conclusão do Tratado deve conter assinatura e rubrica ad referendum.A estrutura do Tratado é composta de preâmbulo; rol das partes pactuantes; motivos,

circunstância e pressupostos: serve de apoio à interpretação e parte Dispositiva: utiliza linguagemjurídica. Possui feitio de normas. Ordenada por artigos ou cláusulas. Anexos.

10.5 Expressão do ConsentimentoAssinatura: firma que põe termo a uma negociação, fixando e autenticando, sem dúvida, o

texto do compromisso, mas, precipuamente, exteriorizando em definitivo o consentimento daspessoas jurídicas de direito das gentes que os signatários representam. Há sempre uma disposiçãode vacatio legis. Entretanto, o compromisso internacional já está consumado, em termosdefinitivos e perfeitos imediatamente após a assinatura. Não há possibilidade de retratação -pacta sunt servanda.

Ratificação: é o ato unilateral com que o sujeito de direito internacional, signatário de umtratado, exprime definitivamente, no plano internacional, sua vontade de obrigar-se. Tem comoobjetivo garantir ao soberano o controle da ação exterior de seus plenipotenciários. A ratificaçãoserá sempre expressa, nunca tácita. Consuma-se pela comunicação formal à outra parte, ou aodepositário, do ânimo definitivo de ingressar no domínio jurídico do tratado. As cartas deratificação podem ser trocadas no mesmo momento ou em momentos distintos. Nos tratadosmultilaterais, o depositário recebe formalmente a comunicação expressa no instrumento de cadaEstado ratificante. Nos tratados aonde não se exige cartas de ratificação e sim apenas notasdiplomáticas pode ser feita pela declaração oral pública do Chefe de Estado ou por qualquer outraforma de comunicação (exceções à comunicação formal).

Competência: não cabe ao direito das gentes e sim à ordem constitucional interior de cadaEstado soberano determinar a competência para a ratificação de tratados.

Discricionariedade: a assinatura de um acordo não vincula o governo em face de Ratificação.Não comete qualquer ilícito internacional o Estado que se abstém de ratificar um acordo firmadoem foro bilateral ou coletivo. Pode ou não haver, no corpo do acordo, disposição a respeito dotempo exigido para haver uma ratificação.

Irretratabilidade: pacta sunt servanda.Depositário: figura comum nos acordos coletivos (multilaterais). Recebe os originais do tratado,

as cartas de ratificação, os instrumentos de adesão e, eventualmente, as notificações de denúncia.Normalmente o depositário é um Estado. Quase sempre é o Estado em cujo território teve curso a

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conferência onde se negociou o compromisso. Hoje em dia é comum encontrar OrganizaçõesInternacionais na posição de depositário.

10.5.1 Pressupostos Constitucionais do Consentimento no BrasilEvolução: a partir da Constituição de 1891, entendeu o constituinte brasileiro que cabe ao

Congresso Nacional “resolver definitivamente sobre os tratados e convenções com as naçõesestrangeiras”. Compete ao Presidente da República “celebrar ajustes, convenções e tratados,sempre ad referendum do Congresso”.

Constituição de 1988: é competência exclusiva do Congresso Nacional “resolverdefinitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos oucompromissos gravosos ao patrimônio nacional”;

Ao Presidente incumbe “celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos areferendo pelo Congresso Nacional”.

Procedimento Parlamentar: conclui-se a negociação. Presidente decide se dará curso ou não aoprocesso de consentimento. Exceto as convenções internacionais do trabalho, decidindopositivamente, o Presidente submete, através de mensagem e quando melhor lhe parecer, o textoà aprovação do Congresso com a Mensagem, Texto do acordo e a Exposição de motivos doMinistro das Relações Exteriores.

A Câmara discute e vota primeiramente. Aprovado, segue para o Senado. Quórum: maioriaabsoluta. Votação: por maioria dos presentes. Após a aprovação pela Câmara e pelo Senado, opresidente do Senado Federal promulga um decreto legislativo, publicado em Diário Oficial. Umúnico decreto legislativo pode aprovar dois ou mais tratados. Uma vez aprovado, o PoderExecutivo deve informar aos acordantes sobre a sua ratificação por parte do governo brasileiro.

Como já mencionado, no Brasil, até a edição da emenda constitucional 45/04, o tratadointernacional sempre foi recebido com status normativo de lei ordinária, em virtude doprocedimento previsto para o referendo realizado pelo Congresso Nacional.

Entretanto, após a referida emenda, passou a constar a possibilidade dos tratados seremincorporados como norma constitucional, sempre que seu objeto for referente aos direitosfundamentais e seu procedimento de referendo de competência do Congresso Nacional seja dedúplice apreciação em cada uma das Casas, com aprovação condicionada a 2/3 de seus membros.

Reserva: Declaração unilateral do Estado que consente, visando a “excluir ou modificar efeitojurídico de certas disposições do tratado em relação a esse Estado”. Pode ocorrer no momento daassinatura (dependente de confirmação) ou no momento da ratificação (em definitivo). Não cabereserva em tratado bilateral. Mesmo entre os tratados multilaterais, há alguns que nãocomportam reservas: Pactos Institucionais e Convenções Internacionais do Trabalho. O Congressopode aprovar um acordo com restrições, mas cabe ao Executivo, no momento da ratificação,transformar estas em reservas.

Acordos Executivos Possíveis no Brasil:a) Acordo Executivo como subproduto de tratado vigente.b) Acordo Executivo como expressão de diplomacia ordinária:b.1) Estabelecer e romper relações diplomáticas;b.2) Decidir sobre intercâmbio consular;b.3) Política de aproximação ou reserva em face de blocos políticos;b.4) Atuação de representantes nas OI’s;b.5) Sobre convites (aceitação ou recusa) para participar de negociações de novos tratados.c) Acordo Executivo que consigna a interpretação de um tratado vigente.d) Acordo Executivo que complementa um tratado vigente

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e) Acordo Executivo que pretende deixar as coisas no estado em que se encontram, ouestabelecer bases para negociações futuras.

Vícios de Consentimento:a) Consentimento expresso com agravo ao direito público interno:Ilícito praticado pelo poder Executivo quanto externa, no plano internacional, um consentimento aque não se encontra constitucionalmente habilitado.b) Erro, dolo, corrupção e coação sobre o negociadorImporta em anulabilidade, exceto no caso de coação sobre o negociador onde impera a nulidadeabsoluta.c) Coação sobre o Estado

10.6 Entrada em VigorVigência contemporânea do consentimento.Vigência diferida (vacatio legis).Registro e Publicidade: Sistema da Sociedade das Nações - “aboliu” a diplomacia secreta Art.

102 da Carta da ONU: “1. Todo tratado e todo acordo internacional, concluídos por qualquermembro das Nações Unidas depois da entrada em vigor da presente Carta, deverão, dentro domais breve prazo possível, ser registrados e publicados pela Secretaria”.“2. Nenhuma parte em qualquer tratado ou acordo internacional que não tenha sido registrado deconformidade com as disposições do parágrafo 1 deste artigo poderá invocar tal tratado ou acordoperante qualquer órgão das Nações Unidas”.

10.6.1 Registro e PublicidadeCaracterísticas do Sistema ONU: Estatui o registro ex officio, pelo secretário-geral, do tratado

em que a ONU, ou qualquer de suas instituições especializadas, figure como parte ou comodepositário. A obrigação de registrar o tratado desaparece, para as demais partes, quando o tenhafeito uma delas. Veda o registro antecipado de todo compromisso que não haja ainda entrado emvigor.

Registros Regionais e Especializados: Organizações regionais.

10.7 Tratado em vigorEfeitos sobre as Partes: embora produzido em foro diverso das fontes legislativas domésticas,

não se distingue, enquanto norma jurídica, dos diplomas legais que destas promanam.Papel do Poder Judiciário: garantir, ante o caso concreto, que não se veja frustrado - pela

administração governamental, pelos indivíduos - seu fiel cumprimento. Não cabe a este Poderexecutar o tratado.

Efeito sobre Terceiros:a) Efeito Difuso: as situações jurídicas objetivas. Impõe-se pelo simples conhecimento. Exemplo:Acordo de permuta territorial / Conhecimento, por parte de terceiros, da nova realidade limítrofeda região envolvida.b) Efeito Aparente: a cláusula da nação mais favorecida. Exemplo: Acordos tarifários contendo estacláusula. O pacto anterior não produz efeito sobre terceiro como norma jurídica, mas comosimples fato.

Previsão Convencional de Direitos para Terceiros. Mesmo a criação de direitos para um terceiroreclama o consentimento deste, mas o silêncio faz presumir aquiescência (art. 36 da Convenção deViena).

Previsão Convencional de Obrigações para Terceiros: criam obrigações a terceiros, mas estasdependem do consentimento expresso e escrito por parte do terceiro envolvido.

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Duração do Tratado:a) Tratado de vigência estática - perpétuo. Exemplo: compra e venda de território ou fixação defronteiras.b) Tratado de vigência dinâmica - pode ter duração indeterminada.

Ingresso Mediante Adesão: é uma forma de expressão do consentimento. Sua natureza jurídicanão difere daquela da ratificação. O Aderente, nesta situação, não negociou nem assinou o pacto.Exceção: perda do prazo para ratificação. Deve ocorrer em tratados “abertos”, observando-se oslimites desta abertura (localização e inalidade). O Estado aderente não se distingue do Estadoratificante dentro do quadro convencional, em nível de direitos e obrigações.

Emendas: são regulamentadas pelo próprio acordo. A iniciativa pode vir de qualquer Estadoparte no tratado. Revisão ou reforma é o nome que se dá ao empreendimento modificativo maisamplo que aquele da emenda singular.

Violação do Tratado: dá direito à outra parte de entendê-lo extinto, ou de suspender tambémela seu fiel cumprimento, no todo ou parcialmente. Se o compromisso é coletivo, igual direito têm,em conjunto, os pactuantes não faltosos, e o tem ainda cada um deles nas suas relações com oEstado responsável pela violação.

Interpretação:a) Sistemas: Autêntica - realizada pelas próprias partes pactuantes. Jurisdicional - realizada noplano internacional por organismo vestido, ainda que ad hoc, do poder de jurisdição.b) Métodos (princípios e critérios):A interpretação deve sempre visar a um contexto. A boa fé deverevestir o intérprete e também é pressuposto interpretativo. Deve buscar sempre a vontade daspartes. Se ainda obscura a interpretação, recorrerá o intérprete à pesquisa histórica dascircunstâncias negociais e do momento de sua celebração.

Conflito entre Tratados:a) Identidade da fonte de produção normativa. Lex posteriori derogat priori e lex specialis derogatgenerali.b) Diversidade da fonte de produção normativa. Não há solução real. O ilícito internacionalocorrerá.

Conflito entre Tratado e Norma de Direito Interno:a) Doutrina da Prevalência dos Tratados sobre o Direito Interno Infraconstitucional.b) Paridade entre o Tratado e a Lei Nacional.c) Lex posteriori derogat priori.

10.8 Extinção dos TratadosVontade Comum: Predeterminação ab-rogatória. Todo tratado com termo cronológico de

vigência, condição resolutiva, ou determinação de quantum mínimo de partes. Decisão ab-rogatória superveniente. Extinção do tratado por meio de acordo unânime (sem necessidade deprevisão). Extinção do tratado por meio de decisão majoritária (com previsão textual). Extinção dotratado por meio de outro tratado que reúna todas as partes.

Extinção pela Vontade Unilateral: Denúncia - manifestação da vontade estatal de deixar de serparte no acordo internacional. Não cabe denúncia unilateral em tratados de vigência estática.Debate a respeito da imunidade, em relação à denúncia, dos tratados normativos de elevado valormoral e social. Exemplo: Direitos Humanos. A denúncia se efetiva por escrito. A denúncia é, deacordo com a prática internacional, ato retratável (no curso do prazo de acomodação).

Mudanças Circunstanciais: Referem-se à superveniência da impossibilidade do cumprimento dotratado, e à alteração fundamental das circunstâncias (cláusula rebus sic stantibus).a) Execução tornada impossível: se o fator frustrante for temporário, só dará ensejo à suspensãodo cumprimento do pacto.

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b) Rebus sic stantibus: a mudança fundamental das circunstâncias não pode ser invocada para queo pactuante se dispense de cumprir um tratado, a menos que presentes os seguintes requisitos: Ascircunstâncias aí versadas devem ter sido temporâneas da expressão do consentimento daspartes, e constituído condição essencial. A mudança nessas circunstâncias há de mostrar-sefundamental, levadas em conta sua dimensão e seu valor qualitativo. Essa mudança deve reputar-se imprevisível.

Jus Cogens: conjunto de normas que, no plano do direito das gentes, impõem-se objetivamenteaos Estados, a exemplo das normas de ordem pública que em todo sistema de direito internolimitam a liberdade contratual das pessoas. Tem por objetivo centralizar e hierarquizar a ordemjurídica internacional.

Quem pode legitimamente definir o suposto direito internacional imperativo? O art. 53 daConvenção de Viena afirma que: “é nulo o tratado que, no momento de sua conclusão, conflitecom uma norma imperativa de direito internacional geral”.

O Jus Cogens “(...) Uma norma imperativa de direito internacional geral é uma norma aceita ereconhecida pela comunidade internacional dos Estados no seu conjunto, como uma norma daqual nenhuma derrogação é permitida e que só pode ser modificada por uma norma de direitointernacional geral da mesma natureza”.

O art. 64, por sua vez, determina: “se sobrevier uma norma imperativa de direito internacionalgeral, qualquer tratado existente em conflito com essa norma torna-se nula e extingue-se”. A idéiado jus cogens é incompatível com o princípio do consentimento como base fundamental do DIP.

11 Formas extraconvencionais11.1 Costume Internacional

Elemento Material: prática geral aceita como sendo o direito; procedimento de repetiçãoregular.

Quanto tempo para estabelecer o costume? Não necessariamente positivo.Elemento Subjetivo: opinio juris: prática determinada pelo entendimento, pela convicção de

que assim se procede por ser necessário, correto, justo, e, pois, de bom direito. Ex: Asilodiplomático. Toda regra costumeira repousa sobre um erro jurídico.

Prova do Costume: a parte que alega em seu prol certa regra costumeira deve provar suaexistência e sua oponibilidade à parte adversa. Que prova é essa? Plano Interno (atos estatais);executivos (atos diplomáticos); textos legais; decisões judiciárias que disponham obre DIP; planointernacional: jurisprudência internacional; tratados; momentos negociais.

Costume e Tratado: o costume surgiu como a primeira fonte de Direito Internacional. Não háhierarquia. Ambos podem derrogar tanto costumes quanto tratados anteriores (desuso).

O tratado oferece maior segurança jurídica em relação ao costume. Os tratados multilateraisatuam, também, no intuito de codificar os costumes.

Fundamento do Costume: consentimento expresso ou tácito.

11.2 Princípios Gerais do Direito e Princípios Orientadores do DIP1. Princípio da não-agressão.2. Princípio da solução pacífica dos litígios entre Estados.3. Princípio da autodeterminação dos povos.4. Princípio da coexistência pacífica.5. Princípio do desarmamento.6. Princípio da proibição da propaganda de guerra.7. Princípio do pacta sunt servanda.8. Princípio do lex posteriori derogat priori.

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9. Princípio do nemo plus juris transferre potest quam ipse habet.

11.3 Atos UnilateraisO art. 38 do Estatuto da Corte de Haia não menciona os atos unilaterais entre as fontes

possíveis de DIP. Atos jurídicos que não criam normas: notificação; protesto; renúncia;reconhecimento; ratificação, adesão ou denúncia.

Atos unilaterais de natureza normativa: podem figurar como fonte de DIP. Têm natureza noordenamento interno. Exemplo: leis ou decretos que determinam os limites próprios eclassificação do mar territorial. Decisões das OI’s Também não figuram como fonte no art. 38 doEstatuto.

11.4 Decisões que podem figurar como fonte de DIP1.Resoluções.2.Recomendações3. Declarações.4. Diretrizes.

12 Instrumentos de interpretação e de compensação12.1 Jurisprudência e Doutrina

Na realidade, não são formas de expressão do direito, mas instrumentos úteis ao seu corretoentendimento e aplicação. Órgãos jurisdicionais não legislam. Jurisprudência Internacional: Nãocorresponde à jurisprudência nacional dos Estados. Não abrange decisões arbitrais internacionais.Compreende somente as decisões efetivadas por Cortes Internacionais. Doutrina: produçãocientífica no campo do Direito Internacional com a finalidade de auxiliar no entendimento dopróprio DIP.

12.2 Analogia e EqüidadeServem para preencher as lacunas existentes nas normas internacionais, formando os métodos

de raciocínio jurídico.O art. 38 da Corte de Haia e a dependência de autorização das partes em litígio para o emprego

da eqüidade.

13 Domínio público internacional13.1 Águas13.1.1 O Mar:durante muito tempo todas as disposições eram fundadas em direito costumeiro. Codificação dodireito do mar - Genebra, 1958 (sob patrocínio da ONU). Convenção sobre mar territorial e zonacontígua. Convenção sobre alto mar. Convenção sobre pesca e conservação dos recursos vivos doalto mar. Convenção sobre plataforma continental. Não obtiveram aceitação generalizada.Convenção da ONU sobre o direito do mar: Concluída em 1982. Entrará em vigor um ano depoisque estiver reunido o quorum de sessenta Estados ratificantes ou aderentes.

13.1.2 Navios:todo engenho flutuante dotado de alguma forma de autopropulsão, organizado e guarnecidosegundo sua finalidade.Espécie de Navios: Navios Mercantes. Navios de Guerra (imunidade de jurisdição).

13.1.3 Águas Interiores:

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extensão de água salgada em comunicação livre na superfície da Terra, e sua interioridade é puraficção jurídica. São águas situadas aquém da linha de base do mar territorial, em razão daexistência de baías, de portos e ancoradouros, ou de um litoral caracterizado por recortesprofundos e reentrâncias ou em que exista uma franja de ilhas ao longo da costa na suaproximidade imediata. Exercício de soberania ilimitada. Não há direito de passagem inocente.

13.1.4 Mar Territorial:Soberania quase absoluta. Passagem inocente:Navios mercantes ou de guerra de qualquer outroEstado. Flanqueio de costa ou rumo a águas interiores portuárias. Contínua e rápida. É vedado:manobras militares, atos de propaganda, pesquisas e busca de informações, atividades de pesca,levantamentos hidrográficos ou qualquer outro ato que não tenha a simples finalidade de“passar”. Questão dos submarinos. Proibição de discriminação e imposição de obrigações. Osnavios de guerra podem receber ordem para retirada do mar territorial.Mar Territorial: 12 milhas náuticas. A questão das 200 nm. Mede-se a partir da linha base, ou seja,da linha litorânea de maré baixa. Ilhas em alto mar - faixa própria. Ilhas artificiais, plataformas ebaixios a descoberto (ilhas que submergem na maré alta) - não têm mar territorial próprio.Exceção dos baixios: quando encontrem-se, no todo ou em parte, dentro da faixa de águasterritoriais do continente ou de uma ilha autêntica. Confronto ou mar territorial adjacente: critérioda eqüidistância.

13.1.5 Zona Contígua:segunda faixa, adjacente ao mar territorial, a princípio de igual largura, onde o Estado pode:fiscalizar alfândega, imigração, saúde e regulamentar o tráfego portuário. Não poderá ultrapassaros limites de 24 nm.

13.1.6 Zona Econômica Exclusiva:faixa adjacente ao mar territorial - que se sobrepõe, assim, à zona contígua -, e cuja larguramáxima é de 188 nm contadas do limite daquele, com o que se perfazem 200 nm a partir da linhade base. Exerce o Estado direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento,conservação e gestão dos recursos naturais existentes na água, no leito e no subsolo, e paraquanto mais signifique aproveitamento econômico, tal como a produção de energia a partir daágua ou dos ventos.Também exerce jurisdição para preservação do meio marinho, investigação científica e instalaçãode ilhas artificiais. Direitos de Terceiros: navegação, sobrevôo e colocação de cabos e dutossubmarinos. Estados sem litoral têm direito de participar do aproveitamento do excedente daszonas vizinhas - acordos regionais ou bilaterais.

13.1.7 Plataforma Continental e Fundos Marinhos:200 nm de exploração econômica exclusiva. Além de 200 nm. Posição americana - res nullius.Posição predominante - autoridade internacional dos fundos marinhos.

13.1.8 Alto Mar - princípio da liberdade:mínimo de disciplina. Fins pacíficos do uso. Conservação dos recursos vivos. Repressão ao tráficode escravos, drogas, pirataria e transmissões a partir do oceano.Estados sem litoral.

13.1.9 Estreitos (naturais):canais (artificiais). Rios Internacionais. Rios limítrofes. Rios de curso sucessivo.

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13.2 Espaço AéreoSoberania sobre os ares acima de seu território e mar territorial. Não há direito de passageminocente no espaço aéreo nacional. Livre sobrevôo no espaço aéreo internacional. As cincoliberdades: Espaço Extra-atmosférico. Livre acesso. Insuscetíveis de apropriação ou anexação.Investigação e exploração devem fazer-se em benefício coletivo. Responsabilidade objetiva. Usoda Lua somente para fins pacíficos. Uso das órbitas terrestres e lunares: proibido o uso para armasnucleares.

14 Conflitos Internacionais14.1 Conceito:conflito ou litígio internacional é “todo desacordo sobre certo ponto de direito ou de fato, todacontradição ou oposição de teses jurídicas ou de interesses entre dois Estados”.

14.2 Meios Diplomáticos:pressupõem entendimento direito. Forma simples: Não há intervenção de terceiros. Bons ofícios:entendimento direito facilitado pela ação amistosa de um terceiro. Sistema de Consultas:entendimento direto programado, sem intervenção de terceiro. Mediação: Envolve terceiroresponsável pelo aconselhamento em face da resolução da questão. Não obriga às partes.

Conciliação: Variante da mediação onde não há apenas um mediador e sim uma comissão deconciliação.

Inquérito: para o DIP é um procedimento preliminar com o objetivo de estabelecer amaterialidade dos fatos. Não atribui responsabilidades, apenas verifica circunstâncias.

14.3 Meios Políticos:Órgãos Políticos da ONU (Assembléia Geral e Conselho de Segurança). Deliberam sobre conflitosinternacionais graves. Pode dar início ao procedimento os litigantes ou terceiro interessado.Organizações regionais e especializadas ratione materiae podem ser usadas como meios políticosna solução de conflitos.

14.4 Meios Jurisdicionais: Arbitragem.Solução Judiciária. Arbitragem: Jurisdição ad hoc. Princípio da boa-fé.Base Jurídica (compromisso arbitral):

a) descrição do litígio;b) estabelecimento das regras de direito aplicáveis;c) designação do árbitro ou do tribunal arbitral;d) estabelecimento eventual de prazos e regras procedimentais;e) comprometimento fiel ao cumprimento da sentença arbitral.

Natureza irrecorrível da sentença arbitral.

14.5 Solução Judiciária:Solução dos conflitos por intermédio de Cortes Internacionais. Fenômeno recente no DIP.

Fundamenta-se no consentimento. Normalmente, possuem decisões definitivas e obrigatórias.Princípios da boa-fé e pacta sunt servanda. Adquiriu força com os eventos relativos aos DireitosHumanos e ao Direito Comunitário.

14.6 Guerra e o Direito Internacional:Jus in bello (direito na guerra). Jus ad bellum (direito à guerra). Guerra como meio legítimo de

solução dos conflitos - idéia mantida até início do século XX.

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14.7 Regras Costumeiras: feridos e enfermos.Médicos, enfermeiros e capelães. Hospitais. Prisioneiros de guerra. População civil. Início da

Codificação (1856): Convenção de Genebra (1864) Direito humanitário (Henry Dunant). ComitêInternacional da Cruz Vermelha.

14.8 Guerra e o Direito Internacional:Direito de Haia (1907). Declaração de Guerra: Armistício. Neutralidade. Sociedade das Nações

(1919): não vedou formalmente a guerra. Limitou-se a fazer dela a alternativa secundária. PactoBriand-Kellog (1928): Guerra condenada como solução de conflitos. Os pactuantes renunciam aodireito à guerra. Carta da ONU (1945): proibição formal e extensiva, do uso da força e da ameaça.Direito de Genebra (1949): convenções sobre: proteção dos feridos e enfermos na guerraterrestre; a dos feridos, enfermos e náufragos na guerra naval; o tratamento dos prisioneiros deguerra; e a proteção dos civis em tempo de guerra.