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Congresso Brasileiro de Cardiologia Os desafios da cardiologia brasileira Eugene Braunwald DOMINGO 9 DE SETEMBRO DE 2007 O Dr. Eugene Braunwald, autor reno- mado do Tratado de Medicina Car- diovascular e editor do Harrison: Medicina interna, foi o palestrante de abertura do 62º Congresso Brasileiro de Cardiologia. Nascido em 1929 na Áustria, Eugene Braunwald estudou medicina na Califórnia e desde 1972 é professor de Medicina em Har- vard. Ele é famoso por suas pesqui- sas sobre o papel da aterosclerose e da trombose nas bases fisiopatológi- cas do infarto agudo do miocárdio, e de seu tratamento. Na sua palestra “Colesterol e aterosclerose – Um sé- culo de progresso e controvérsias”, Eugene Braunwald lembrou a fan- tástica evolução do conhecimento dos fatores de risco das doenças car- diovasculares. Os livros de Braun- wald, e principalmente o Tratado de Medicina Cardiovascular, leitura obrigatória de todos os médicos e cardiologistas, são, nas suas edições sucessivas, o espelho da evolução da cardiologia nos 30 últimos anos. A cardiologia brasileira é uma das mais respeitadas do mundo, serve de exemplo aos países do continente, e deve lidar hoje com as epidemias de diabetes, obesidade e hipertensão, cujo crescimento atinge taxas alarmantes: cerca de 40% da população é hipertensa, 40% dislipidêmica e 45% tem sobrepeso ou obesidade. Foto: Abertura oficial do 62º Congresso Brasileiro de Cardiologia. “O crescimento do número de acessos no site da SBC, www.cardiol.br, foi de 50% este ano, com 30.000 acessos diários, o que faz do nosso portal o número dois do mun- do, apenas atrás do site da American Heart Association. Esse sucesso se explica prin- cipalmente pelas assinaturas a 28 revistas internacionais, que podem ser consultadas gratuitamente. Mas o portal tem ainda muito potencial de crescimento, porque somente 50% dos cardiologistas são usuários regulares, e não temos ainda um numero consistente de consultas do público leigo.” www.cardiol.br O Jornal do Congresso é distribuído a partir de 7h30 na entrada do pavilhão.

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Congresso Brasileiro de CardiologiaOs desafios da cardiologia brasileira

Eugene Braunwald

DOMINGO 9 DE SETEMBRO DE 2007

O Dr. Eugene Braunwald, autor reno-mado do Tratado de Medicina Car-diovascular e editor do Harrison: Medicina interna, foi o palestrante de abertura do 62º Congresso Brasileiro de Cardiologia. Nascido em 1929 na Áustria, Eugene Braunwald estudou medicina na Califórnia e desde 1972 é professor de Medicina em Har-vard. Ele é famoso por suas pesqui-sas sobre o papel da aterosclerose e da trombose nas bases fisiopatológi-cas do infarto agudo do miocárdio,

e de seu tratamento. Na sua palestra “Colesterol e aterosclerose – Um sé-culo de progresso e controvérsias”, Eugene Braunwald lembrou a fan-tástica evolução do conhecimento dos fatores de risco das doenças car-diovasculares. Os livros de Braun-wald, e principalmente o Tratado de Medicina Cardiovascular, leitura obrigatória de todos os médicos e cardiologistas, são, nas suas edições sucessivas, o espelho da evolução da cardiologia nos 30 últimos anos.

A cardiologia brasileira é uma das mais respeitadas do mundo, serve de exemplo aos países do continente, e deve lidar hoje com as epidemias de diabetes, obesidade e hipertensão, cujo crescimento atinge taxas alarmantes: cerca de 40% da população é hipertensa, 40% dislipidêmica e 45% tem sobrepeso ou obesidade. Foto: Abertura oficial do 62º Congresso Brasileiro de Cardiologia.

“O crescimento do número de acessos no site da SBC, www.cardiol.br, foi de 50% este ano, com 30.000 acessos diários, o que faz do nosso portal o número dois do mun-do, apenas atrás do site da American Heart Association. Esse sucesso se explica prin-cipalmente pelas assinaturas a 28 revistas internacionais, que podem ser consultadas gratuitamente.Mas o portal tem ainda muito potencial de crescimento, porque somente 50% dos cardiologistas são usuários regulares, e não temos ainda um numero consistente de consultas do público leigo.”

www.cardiol.br

O Jornal do Congresso é distribuído a partir de 7h30 na entrada do pavilhão.

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CONGRESSO BRASILEIRO DE CARDIOLOGIA 09 DE SETEMBRO DE 2007�

Médico alerta os colegas sobre controle de fatores de risco da doença cardiovascularO Dr. Fernando Nobre reforça que os colegas devem se acostumar a intervir com relação ao colesterol, à hipertensão e ao tabagismo.

SBC ministra o curso de ACLSGratuítas, as aulas estão sendo oferecidas das 8h30 às 18h30.

A Sociedade Brasileira de Cardiolo-gia está ministrando aqui no congres-so, gratuitamente, o curso oficial de Suporte Avançado de Vida em Car-diologia (SACV, em inglês ACLS) da American Heart Association, no qual

os alunos treinam em manequins. O instrutor do curso, cardiologista Francisco de Andrade Souto, da Ben-eficiência Portuguesa de São Paulo e da Amil Resgate conta que o primei-ro curso foi trazido para o Brasil em 1996, pelo Dr. Sérgio Timmerman e colegas e que os guidelines são modi-ficados a cada cinco anos em função de meta análises, deliberações de co-mitês e outros procedimentos cientí-ficos.“A SBC/Funcor é certificada pela as-sociação americana para ministrar o curso, o que depende de treinamento e credenciamento dos instrutores mi-nistrado pela mesma American Heart, todos médicos e o curso é tem sido contratado por vários hospitais de todo o Brasil ”, diz o Dr. Francisco. Entretanto, o procedimento não faz parte do currículo obrigatório das escolas de medicina – exceção feita para a Escola Paulista da Unifesp

no último ano - o que, na opinião do médico, deveria ser uma questão fechada. Outro problema é ainda a baixa procura pelo curso, no caso de hospitais e “ainda predominam as solicitações do hospitais privados se comparados aos hospitais públicos”. Os manequins, fornecidos pela em-presa Laerdal, simulam, sob coman-do dos instrutores, situações, entre outras, de arritmia, parada cardíaca, indicações de entubação para as quais são aplicados os algoritmos do pas-so-a-passo de urgência e emergência. Médicos, enfermeiros e estudantes de medicina podem procurar o stand de ressuscitação, fornecido pela Boeh-ringer-Ingelheim, sendo que as aulas, ministradas por quatro instrutores médicos além do diretor, vão das 8:30 às 18:30, com intervalo para almoço entre 13 e 14 hs.

A quarta edicão do livro MAPA (Monitorizacão Ambulatorial da Pressão Arterial) dos Drs. Fernando Nobre, Décio Mion e Wille Oigman foi lançada aqui no Congresso da

SBC. O Dr Fernando Nobre explica que esta versão traz mais oito capítulos, alguns outros autores e cinco colab-oradores internacionais. Em mais de 400 pági-nas, os autores abordam um método que tem crescido muito no Bra-sil. Segundo Nobre, “o livro traz contribuições para o clinico na con-

dução da hipertensão, tanto no diag-nóstico quanto no prognóstico e ai-nda na avaliação do tratamento a que o paciente esta sendo submetido”. O preço de livro e R$ 187. O médico

Carlos Eduardo Suaide Silva, car-diologista de São Paulo, fêz duran-te o congresso uma palestra muito concorrida de enogastronomia, para auxiliar o médico na escolha de vinhos em função dos pratos.

também participou de um simpósio, coordenando pelo Dr. Mion, onde o tema abordado teve como título “A ocorrência de mais 300 mil mortes no Brasil por doença cardiovascu-lar”. Segundo o Dr. Nobre, várias intervenções podem reduzir mortali-dade, principalmente controle de fa-tores de risco que contribuem para a manifestação da doença, dentre eles tabagismo, obesidade, colesterol e hipertensão arterial. “Se fizermos in-tervenções sobre todos esses aspectos podemos minimizar o impacto desse alto índice de mortalidade das doen-ças cardiovasculares”.

Simpatia 1

Dr. Carlos Eduardo Suaide Silva

No stand da Boehringer-Ingel-heim, o congressista pode ganhar uma camiseta customizada. As fi-las podem ser grandes, mas é uma recordação simpática do 62º Con-gresso Brasileiro de Cardiologia.

Simpatia 2

Simpatia 3

O homem de Olinda circula “discretamente” na exposição, motivando o congressista a atu-alizar seu equipamento.

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�CONGRESSO BRASILEIRO DE CARDIOLOGIA 09 DE SETEMBRO DE 2007

Livro aborda hipertensão, aterosclerose e síndrome coronariana agudaEscrito apenas por brasileiros, a publicação foca nas estratégias diagnósticas.

O volume III do livro Doenças Car-diovasculares: apoio ao diagnóstico da Editora Planmark foi lançado on-tem, pela manhã. Seu autor, Dr. Fran-cisco Antonio Helfenstein Fonseca, da Unifesp, autografou exemplares no stand da Merck Sharp Dohme, que adquiriu parte dos exemplares e ofereceu aos médicos presentes aqui no Congresso. Segundo funcionários da MSD, o livro será vendido nor-malmente, pela editora responsável.O livro aborda os métodos diagnósti-cos semiológicos e complementares

em cardiologia, de forma geral e segmenta a avaliação laboratorial, bioquímica, por imagens e provas funcionais para a aterosclerose e seus fatores de risco, hipertensão arterial e síndrome coronariana aguda. Foi escrito com a colaboração de vários médicos e pesquisadores da Usp, Unifesp, Unesp, Incor, UFRJ, Uerj, Faculdade do ABC, entre outras.O prefácio é do professor titular e chefe da disciplina de cardiologia da Unifesp, Dr. Antônio Carlos Car- valho que, no texto, indica a publica-

ção para estudantes e profissionais de medicina, salientando a importância de a obra ter autoria brasileira. Ele es-creve ao final do texto: “que esta obra sirva, além de sua finalidade pre-cípua, para transmitir aos brasileiros que buscar qualidade é um diferen-cial importante, que deve sempre ser procurado: quando isto ocorrer de forma disseminada, com certeza este país estará muito melhor e junto dos demais ditos desenvolvidos”.

Dr. Francisco Antonio H. Fonseca autografa o seu último livro.

No stand da Sanofi-Aventis, uma gincana de jogos de perguntas/res-potas, premia os acertadores com um jaleco personalizado.

Hugo Hoyama, multi-campeão de tênis de mesa dos Jogos Panameri-canos, foi o convidado do estande da AstraZeneca, onde baleu bola com congressistas.

Simpatia 4

Simpatia 5

Simpatia 6

O stand da Libbs disponibiliza aos congressistas, a calibração do esfingomanometro e a troca de peras e manguizos. O especialista Henrique Vasconcelos da Precisão Ltda., traz vida nova à aparelhos cansados ou moribundos.

Vasco 0 x São Paulo 2Campeonato brasileiro no stand da Medley

Os minutos finais do jogo Vasco e São Paulo pelo campeonato brasileiro, foram disponibilizados nos telão do stand.

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CONGRESSO BRASILEIRO DE CARDIOLOGIA 09 DE SETEMBRO DE 2007�

Novos avanços na síndrome do coração partidoO mistério do tako-tsubo reside talvez na elevação brutal da taxa de catecolaminas.

no eletrocardiograma e nas enzimas cardíacas. O ecocardiograma e a cine-angiocoronariografia selam o diag-nóstico, já que as artérias coronárias apresentam-se sempre normais, sem obstruções. A causa que leva a este quadro ainda não está bem esclareci-da, mas várias teorias apontam para a liberação de catecolaminas nos casos de estresse. Apesar de ainda existirem várias controvérsias a respeito das causas, há um consenso, após a fase aguda, que afirma que a recuperação do coração é espontânea e total, não deixando seqüelas, e não se tem notí-cia de repetição do quadro.Ainda não é conhecido o motivo de a síndrome ocorrer, na maioria das ve-zes, em mulheres acima dos 60 anos. Nos casos descritos por Augusto Bozza, só há situações de luto, assal-tos, acidentes de carro, julgamentos em tribunal, ou cirurgia que resultam em crises agudas de tako-tsubo, sem correlação ecocardiográfica ou bi-ológica.Na palestra de hoje, 9 de setembro, Augusto Bozza vai explorar a fi-

BOVESPANão compre apartamento, compre Vale do Rio Doce

No stand da Bovespa, as corretoras mostram ao médico como investir na Bovespa. É simples, fácil (tudo se faz por Internet) e pode render bastante dinheiro. Na maioria dos casos, muito mais do que os inves-timentos preferidos dos brasileiros, como imóveis, terra ou poupan-ça. Por enquanto só 4 a 5% dos brasileiros se interessam por in-vestimentos no mercado acionário, contra 40 a 50% na Europa ou nos EUA. Aproveite a sua passagem no Congresso par receber alguns con-selhos de investimentos.

A General Electric lança o VIVID 7 com imagem Multi-di-mensional e Volu-métrica. A direita a imagem em 4D mostra as válvulas atrioventriculares normais. As imagens são disponíveis em tempo real.

Ecocardiografia

siopatologia desta doença do broken heart, que estaria relacionada com o aumento das catecolaminas (estresse) ou com espasmo microvascular. Uma das pistas interessantes é a semelhança da síndrome com a sín-drome da picada do escorpião, que resulta em um aumento de 20 vezes na taxa de catecolaminas. Outra rela-ção interessante é a da hemorragia ce-rebral, que se acompanha da famosa onda T negativa (onde T “cerebral”), que também poderia ser explicada pela hiperprodução de catecolaminas. Existem ainda muitas zonas escu-ras na fisiopatologia da síndrome do coração partido, mas como gosta de repetir Gustavo Bozza, após Claude Bernard: “quem não sabe o que pro-cura não pode entender o que encon-tra”.Segundo o Dr. Augusto Bozza, di-

retor médico do Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro, os primeiros relatos da síndrome do coração partido foram publicados em 1991 em uma revista científica japonesa, o que explica por que ela passou desapercebida durante 10

anos. Para descrev-er essa doença, os japoneses usam a palavra tako-tsubo, o que literalmente significa “vaso para pescar os polvos”. É um vaso com entrada estreita, do qual os polvos não conseguem sair, o que se aparenta um pouco à situação do ventrículo cardíaco. Em 2001, o primei-ro estudo com 88 pacientes foi divul-gado na Revista do Colégio Americano de Cardiologia e,

após essa primeira publicação, novos casos foram relatados em países do Ocidente. No Brasil, Augusto Bozza já identificou vários casos, todos com as mesmas características. Os sintomas se assemelham a um infarto agudo do miocárdio com dor no peito menos intensa, alterações

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CONGRESSO BRASILEIRO DE CARDIOLOGIA 09 DE SETEMBRO DE 2007�

Medicamentos fazem revolução no tratamento do diabetes tipo 2Entre 2006 e 2007 vários fármacos foram lançados mostrando eficácia no controleda hipoglicemia.

Os novos medicamentos e a conse-qüente necessidade de uma relação mais estreita entre cardiologistas e endocrinologistas são questões apon-tadas pelo Dr. Antônio Roberto Cha-cra, professor titular de endocrinolo-gia da Unifesp, como fazendo parte de um momento revolucionário no tratamento do diabetes tipo 2. Este ano, segundo o médico, foram lançados ou estão em fase de aprova-ção novos fármacos hipoglicemiantes que , segundo estudos multicêntricos, inclusive os do Brasil, na fase clínica 3, mostram eficácia na ação hipo-glicêmica e na adesão por parte dos pacientes. Da nova lista fazem parte a exenatida injetável da Lilly, a sita-gliptina da Merck Sharp & Dohme, a vildagliptina da Novartis, a saxa-gliptina da Bristol, o rimonabanto da Sanofi-Aventis, a insulina inalável da Pfizer, a insulina de longa ação – glargina – da Sanofi Aventis e a de ação lenta da Novo Nordisk.O Dr. Chacra explica que a exenatida é uma incretina que apresenta as van-

tagens de diminuir peso e controlar glicemia sem causar hipoglicemia. “Sua posologia são duas injeção diárias subcutâneas de 5µg durante um mês, seguida de 10 µg que de-vem ser mantidas, sem necessidade de titulação”, diz. Já a sitagliptina inibe a metabolização das incretinas endógenas, aumentando sua vida útil, estimulando a elevação da insulina e suprimindo o glucagon. “Interessante é que a droga para de agir quando a glicemia chega ao nível normal, por isto é chamada de “smart drug” ou seja, “droga inteligente”, acrescenta o pesquisador. Por fim, a vildagliptina é um fármaco que tem semelhanças moleculares com a sitagliptina, sendo que am-bos são apresentados na forma oral de 100 mg e obedecem ao regime de um comprimido diário. “Importante é que as duas medicações podem ser administradas junto a outros medi-camentos clássicos do diabetes tipo 2, em especial a metformina”, diz o professor. Outro membro do novo

grupo – a saxagliptina da Bristol – ainda está em fase de pesquisas para aprovação. Ele aponta ainda como importantes as novas insulinas, que facilitam a adesão dos pacientes diabéticos tipo 2 quando necessitam do hormônio. Entretanto, alerta que as medicações clássicas são eficazes e devem con-tinuar a ser usadas, principalmente na impossibilidade de acesso aos no-vos medicamentos. Por fim, enfatiza que o diabetes tipo 2 é uma doença crônica que precisa ser encarada pe-los médicos cardiologistas e endocri-nologistas em conjunto, sob o risco de o paciente cada vez mais se afa-star dos objetivos de adesão. “O olhar do médico para o diabetes não pode ser apenas ‘glucocêntrico’, mas deve buscar um enfoque das outras comor-bidades, estabelecendo estratégias que cativem e desafiem o paciente, combatendo neste sua costumeira negligência com a doença”, conclui.

Dr. Paulo Zielinsky e colegas da Unidade de Cardiologia Fe-tal do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul da FUC (Fundação Universidade de Cardiologia) desenvolveram um estudo sobre a possível relação entre a ingestão ma-terna de chá verde, chá-mate e suco de uva e a constrição ductal no feto. Em apresen-tação no Congresso, ele ex-plicou que a pesquisa experi-mental envolveu 13 ovelhas em gestação de 120 dias.Os animais foram divididos em três grupos: quatro rece-beram somente chá verde, quatro apenas chá-mate, e cinco ingeriram suco con-centrado de uva. A concent-ração, segundo Dr. Zielinsky, foi estabelecida de forma que simulasse a ingestão média de uma pessoa, sendo assim, eles calcularam que uma pessoa ingere uma taça do produto três vezes na semana. Para as ovelhas, os pesquisadores de-ram essa dose estimada acres-cida de 50%, compensando o peso do animal.O estudo mostrou que a in-gestão das três bebidas gerou constrição ductal. O médico espera seguir as investigações com a ampliação do estudo.

Dr. Antônio Roberto Chacra, professor titular de endocrinologia da Unifesp.

Chá verde, chá matesuco de uva e constrição ductal

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7CONGRESSO BRASILEIRO DE CARDIOLOGIA 09 DE SETEMBRO DE 2007

Errata

Com relação à matéria “Ecografi a tridimensional”, o título correto é “Ecocar-diografi a tridimensional”. Além disso, o Dr. Luiz Darcy Cortez Ferreira é médico da Diagnósticos da América (DASA), empresa que apre-sentou o Simpósio DASA de Imagens e Vinhos, que foi coordenado pelo Dr. Al-exandre Murad Neto, chefe do serviço de cardiologia da instituição. Com relação ao mesmo simpósio, na maté-ria “Médicos têm deixado relação com o paciente para o segundo plano”, o palestrante foi o Dr. Michel Batlouni e não o Dr. Manuel Adan Gil, como consta do texto.

Responsáveis científicos: Dr. Dário Sobral (SBC) Editor: Dr. Jean-Louis PeytavinRedação: Dra. Ilana Polistchuck Noguei-ra, Teresa Santos (Notisa)Direção-Arte: Edson Lara (Criativa Design)Impressão: FolhagráficaRealizaçãoMedicina Hoje - Atlântica EditoraRua Teodoro Sampaio, 2550/cj15 Pinheiro 05406-200 São Paulo SPTel: (11) 3816 6192Diretor comercial: Maurício Galvão Anderson - [email protected]

JORNAL DO CONGRESSOBRASILEIRO DE CARDIOLOGIA

Medicina Hoje é uma parceira com Medicina Today International (Dagens Medicin Suécia, Dagens Medicin Dinamarca, MediUutiset Finlândia, Dagens Medisin Noruega, Puls Medycyny Polônia)

Atendimento em geriatria deve ser individualizado e intensivoIdosos mostram melhores resultados quando submetidos à intervenções invasivas

Com o aumento da expectativa de vida, a cardiogeriatria vem ganhando cada vez mais espaço na cardiolo-gia. Desta forma, no congresso estão ocorrendo várias atividades que dis-cutem esta temática. O Dr. Roberto Gamarski, do Rio de Janeiro, e a Dra Márcia Cristina Amélia da Silva, de Pernambuco, participaram de pal-estras sobre o tema, falando sobre a cardiologia e o idoso.Em entrevista ao Medicina Hoje, o Dr. Gamarski lembrou que o mais importante no tratamento deste pa-ciente, não são as novidades farma-cológicas e sim a individualização. Ele afi rma que é cientifi camente

comprovado que “o tratamento no octagenário e efi caz”. Desta forma, não importa primordialmente a droga que se vai escolher e sim atingir a meta buscada. Já a Dra Márcia afi rmou que “o pa-ciente, quanto mais idoso, mais se benefi cia do tratamento da doença coronariana; quanto mais se trata agressivamente, mais se reduz o nu-mero de mortes pela doença”. Ela ex-plicou que, na prática, em um setor de emergência, se o doente idoso não tiver contra-indicacões, ele deve ser tratado de forma mais intensa do que pacientes jovens. Ela ressaltou que as drogas mais modernas devem ter

ajuste para pacientes com insufi ciên-cia renal, pois o uso sem muita segu-rança pode gerar sangramentos inten-sos. “A novidade da cardiogeriatria é que antes imaginava-se que o paci-ente mais idoso, com idade por volta dos 80-90 anos, deveria ser tratado apenas com medicação; no entanto, agora, sabe-se que em atendimento de emergência ele deve passar por procedimentos como cateterismo, angioplastia até dois dias depois do evento. Assim, o número de óbitos diminui se comparado ao dos pacien-tes que apenas fazem uso de medica-mentos”.

Prova do TEC: aprovados são 36%

De 2004 a 2007 a proporção de aprovados na prova do Título de Especialista em cardiologia passou de 51% a 36%. Neste ano, o número de inscritos era 793 candidatos, e somente 288 foram aprovados.

Prova Cidade Candidatos Aprovados

2004

2005

20072007

Rio de Janeiro

Porto Alegre

Recife

São Paulo

710

782

743

793

365

267

304

288

51%

34%

40%

36%

2006

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