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  • 8/19/2019 Doenças Arroz leitura

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     UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

    CAMPUS DE PARAGOMINAS

    DOENÇAS DO ARROZ

    PARAGOMINAS-PANOV/2011

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    CARLOS ALBERTO JÚNIORELDENIRA B. UCHÔAMURILO TOURINHO

    SAMARA SOUZA

    DOENÇAS DO ARROZ

    Trabalho apresentado a

    disciplina de Fitopatologia Agrícola, doCurso de Agronomia da UniversidadeFederal Rural da Amazônia - UFRA,como parte das exigências de avaliação, Área de Concentração: Doenças do Arroz.

    Orientador: Prof. Dr. Gustavo Ruffeil

    PARAGOMINAS-PA

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    NOV/2011

    À Deus,Aos Nossos Pais,Aos nossos familiares,

    A todos os que contribuem para conclusão da nossa graduação -(Professores, colegas e amigos).

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    AGRADECIMENTOS

     À Deus, por nos dá coragem para enfrentar e vencer mais esse desafio; A Universidade Federal Rural da Amazônia, pelo crescimento

    acadêmico, profissional e oportunidade de realização da graduação;

     Ao professor Dr. Antônio Gustavo Rufeill pelos ensinamentos

    transmitidos ao longo do curso;

     Aos professores do Curso de Graduação em Agronomia, pela amizade e

    pelos conhecimentos transmitidos durante o curso;

     Aos colegas do Curso de Graduação em Agronomia, pela amizade etroca de conhecimentos;

     A nossas queridas mães pelo apoio e conselhos que nos fazem vencer

    nos momentos difíceis e por incentivar-nos a continuar;

     A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste

    trabalho.

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    ...Nenhuma outra atividade econômica alimenta tantas pessoas, sustenta tantas famílias, étão crucial para o desenvolvimento de tantas nações e apresenta mais impacto sobre o nossomeio ambiente. A produção de arroz alimenta quase a metade do planeta todos os dias,

    fornece a maior parte da renda principal para milhões de habitações rurais pobres, podederrubar governos e cobre 11% da terra arável do planeta." (Ronald Cantrell, 2002). 

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    SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................072. BRUSONE ................................................................................................................09

    2.1 Sintomas .................................................................................................................092.2 Etiologia ..................................................................................................................122.3 Controle...................................................................................................................133. MAL DO COLO .........................................................................................................153.1 Sintomas..................................................................................................................153.2 Etiologia...................................................................................................................153.3 Controle...................................................................................................................164. QUEIMA DAS GLUMELAS.......................................................................................164.1 Sintomas..................................................................................................................174.2 Etiologia...................................................................................................................174.3 Controle ..................................................................................................................185. MANCHA PARDA......................................................................................................18

    5.1 Sintomas..................................................................................................................195.2 Etiologia...................................................................................................................205.3 Controle...................................................................................................................216. ESCALDADURA........................................................................................................226.1 Sintomas..................................................................................................................236.2 Etiologia...................................................................................................................246.3 Controle...................................................................................................................257. FALSO CARVÃO ou CARVÃO VERDE...................................................................267.1 Sintomas..................................................................................................................267.2 Etiologia...................................................................................................................277.3 Controle...................................................................................................................278. MANCHA ESTREITA................................................................................................27

    8.1 Sintomas..................................................................................................................288.2 Etiologia...................................................................................................................298.3 Controle...................................................................................................................299. MANCHA DE GRÃOS...............................................................................................309.1 Sintomas..................................................................................................................309.2 Controle ..................................................................................................................3110. QUEIMA DAS BAINHAS.........................................................................................3110.1 Sintomas................................................................................................................3210.2 Etiologia.................................................................................................................3410.3 Controle.................................................................................................................3511. PONTA BRANCA....................................................................................................3511.1 Sintomas................................................................................................................3511.2 Etiologia.................................................................................................................3611.3 Controle.................................................................................................................3712. PODRIDÃO DO COLMO.........................................................................................3713. CARIE DO ARROZ (Carie-do-grão) .......................................................................3813.1 Sintomas................................................................................................................3913.2 Etiologia.................................................................................................................4013.3 Ciclo da doença e epidemiologia................................................................ ...........4013.4 Controle.................................................................................................................4114. VÍRUS-DO-ENROLAMENTO-DO-ARROZ............................................................4114.1 Sintomas................................................................................................................4214.2 Controle ................................................................................................................44

    15. CONCLUSÃO..........................................................................................................4516. REFERÊNCIAS.......................................................................................................46 

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    1. INTRODUÇÃO

    O arroz (Oryza sativa L.) é uma das fontes alimentícias mais importantes

    para metade da população mundial. No Brasil, a cultura é cultivada em todos

    os Estados com sua produção concentrada nas regiões Centro-Oeste e Sul

    (FERREIRA; VILLAR, 2004).

    Caracteriza-se por ser uma espécie hidrófila, cujo processo evolutivo

    tem levado à sua adaptação as mais variadas condições ambientais. De uma

    maneira mais abrangente, são considerados dois grandes ecossistemas para a

    cultura, que são o de várzeas e de terras altas, englobando todos os sistemas

    de cultivo de arroz no país. (VIEIRA et al. 1999)

    No Brasil, a maior parcela de produção é proveniente do ecossistema de

    várzeas, onde a orizicultura irrigada é responsável por 69% da produção

    nacional, uma vez que não é tão dependente das condições climáticas em

    relação ao cultivo de terras altas. No país, há 33 milhões de hectares de

    várzeas, com topografia e disponibilidade de águas propícias à produção de

    alimentos, entretanto, apenas 3,7% dessa área são utilizados para a

    orizicultura (GUIMARÃES et al., 2006).

    O Brasil é o nono produtor mundial, o arroz é cultivado em todas as

    regiões, sob diversos ecossistemas, tanto em terras altas como em várzeas. A

    produção e a produtividade aumentaram nos últimos anos. Porém, se

    consideradas as estatísticas até a década de 70, as médias eram muito baixas.

     Atualmente, mesmo com ganhos expressivos na produtividade, a média ainda

    está muito aquém da dos países mais evoluídos na exploração deste cereal.

    Deve-se considerar que, apesar de o Brasil ser o maior produtor de arroz em

    regime de terras altas do mundo, neste sistema há muito que ser feito no quese refere à adoção de tecnologias. (VIEIRA et al. 1999)

     As doenças de importância econômica no Brasil são relativamente

    poucas, mas bastante prejudiciais, tanto em arroz de sequeiro como em

    irrigado, e variam de acordo com o clima e com o solo. (EMBRAPA, 1995).

    Várias doenças, principalmente as causadas por fungos, incidem na

    cultura do arroz nos sistemas de plantios de terras altas, várzea e irrigado. A

    incidência e severidade de cada doença variam em função do manejo da água,da adubação, da resistência das cultivares e das condições ambientais. As

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    principais doenças da cultura no Brasil são a brusone, mancha-de-grãos,

    mancha-parda e escaldadura das folhas (CORNÉLIO et al., 2004). Segundo

    Balardin e Borin (2001) a redução no rendimento da cultura causados por

    manchas foliares podem ser de até 50%. Vale ressaltar que existem algumas

    doenças que ocasionam redução na produtividade em ambientes específicos

    e outras não apresentam danos econômicos consideráveis, a exemplo disso

    temos, queima das bainhas, manha estreita, carvão, vírus-do-enrolamento-do-

    arroz, carvão verde, carie-do-grão e queima das glumelas. É importante

    lembrar que a cultura do arroz de terras altas, é afetada por doenças

    durante todo seu ciclo, que reduzem a produtividade e a qualidade

    dos grãos.

    A incidência e a severidade das doenças dependem da

    ocorrência do patógeno virulento, do ambiente favorável e da

    suscetibilidade da cultivar. Mais de 80 doenças causadas por patógenos,

    incluindo fungos, bactérias, vírus e nematoides, foram registradas na literatura,

    em diferentes países. O manejo integrado dessas doenças requer um conjunto

    de medidas preventivas, cujos componentes são a resistência genética da

    cultivar, as práticas culturais e o controle químico, tendo por objetivo o aumento

    da quantidade e da qualidade do produto pela redução da população do

    patógeno a níveis toleráveis. (PRABHU et al., 2006)

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    2. BRUSONE

    Magnaporthe grisea  (T.T. Hebert) Yaegashi & Udagawa (Pyricularia

    grisea (Cooke) Sacc. = P oryzae Cavara).

     A brusone é considerada a doença mais importante do arroz. Os

    primeiros registros sobre sua ocorrência datam de 1600 e foram feitos na

    China. O termo brusone é adaptado do italiano “bruzone” e foi adotado na

    tradução para a língua portuguesa. Na Europa, a doença é conhecida de longa

    data, tendo sido relatada na Itália em 1828. Em inglês é chamada de “blast”,

    em razão da queima das folhas que provoca quando ocorre de modo severo. A

    distribuição da doença é bastante ampla, sendo encontrada em praticamente

    todas as regiões onde o arroz é cultivado em escala comercial. As perdas são

    variáveis em função da variedade cultivada e dos fatores climáticos

    prevalecentes nas áreas de cultivo. No Brasil, alguns dados revelam perdas no

    peso de grãos da ordem de 8-14%, enquanto índices de 19-55% de espiguetas

    vazias foram observados em experimentos conduzidos em condições de

    campo. (BEDENDO et al., 2005)

    2.1 Sintomas

     A brusone pode ocorrer em todas as partes aéreas da planta, desde os

    estádios iniciais de desenvolvimento até a fase final de produção de grãos. Nas

    folhas, os sintomas típicos iniciam-se por pequenos pontos de coloração

    castanha, que evoluem para manchas elípticas, com extremidades agudas, as

    quais, quando isoladas e completamente desenvolvidas, variam de 1-2 cm de

    comprimento por 0,3-0,5 cm de largura. Estas manchas crescem no sentido

    das nervuras, apresentando um centro cinza e bordos marrom-avermelhados,

    às vezes circundadas por um halo amarelado. O centro é constituído por tecidonecrosado sobre o qual são encontrados as estruturas reprodutivas do

    patógeno. A dimensão do bordo está diretamente relacionada com a

    resistência da variedade e com as condições climáticas, sendo estreita ou

    inexistente em variedades muito suscetíveis. As manchas individualizadas

    podem coalescer e tomar áreas significativas do limbo foliar; neste caso,

    aparecem grandes lesões necróticas, que se estendem no sentido das

    nervuras. A redução da área foliar fotossintetizante tem um reflexo direto sobrea produção de grãos. Quando a doença ocorre severamente nos estádios

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    iniciais de desenvolvimento da planta, o impacto é tão grande que a queima

    das folhas acaba por levar a planta à morte. (BEDENDO et al., 2005)

    Nos colmos, mais precisamente na região dos entrenós, os sintomas

    evidenciam-se na forma de manchas elípticas escuras, com centro cinza e

    bordos marrom-avermelhados. As manchas crescem no sentido do

    comprimento do colmo, podendo atingir grandes proporções. Esporos do

    patógeno podem estar presentes sobre o tecido necrosado das lesões.

    Os sintomas característicos nos nós são lesões de cor marrom, que

    podem atingir as regiões do colmo próximas aos nós atacados. As lesões

    provocam ruptura do tecido da região nodal, causando a morte das partes

    situadas acima deste ponto e a quebra do colmo, que, no entanto, permanece

    ligado à planta.

    Nas panículas, a doença pode atingir a raque, as ramificações e o nó

    basal. As manchas encontradas na raque e nas ramificações são marrons e

    normalmente não apresentam forma definida; os grãos originados destas

    ramificações são chochos. A infecção do nó da base da panícula é conhecida

    como brusone do pescoço e tem um papel relevante na produção. O sintoma

    expressa-se na forma de uma lesão marrom que circunda a região nodal,

    provocando um estrangulamento da mesma. Quando as panículas são

    atacadas imediatamente após a emissão até a fase de aparecimento de grãos

    leitosos, a doença pode provocar o chochamento total dos grãos; as panículas

    se apresentam esbranquiçadas e eriçadas, sendo facilmente identificadas no

    campo. Quando as panículas são infectadas mais tardiamente, ocorre redução

    no peso dos grãos ou a quebra da panícula na região afetada, caracterizando o

    sintoma conhecido por pescoço quebrado”. (BEDENDO et al., 2005)

    Os grãos, quando atacados, apresentam manchas marrons localizadasnas glumas e glumelas, as quais são facilmente confundidas com manchas

    causadas por outros fungos. Além da infecção externa, o patógeno pode atingir

    o embrião, sendo veiculado também internamente à semente.

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    Sintomas de Brusone em Folha de Arroz

    Sintomas de Bruzone do pecoço de arroz

    Fonte: Embra a

    Fonte: Embrapa

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    Brusone na panícula

    2.2 Etiologia

    O agente causal da brusone é o fungo Magnaporthe grisea, que

    corresponde ao estádio anamórfico Pyricularia grisea (=P oryzae). Os conídios

    são caracteristicamente piriformes, apresentando a base arredondada do ápice

    mais estreito. Normalmente são encontrados dois septos por esporo; um ou

    três septos raramente são observados. O conídio é hialino e geralmentegermina a partir da célula apical ou basal; germinação da célula central é pouco

    frequente. Apressório é formado na extremidade do tubo germinativo. As

    colônias são muito variáveis quanto à densidade e à cor do micélio: são

    encontradas desde colônias ralas até cotonosas e desde colônias

    esbranquiçadas até acinzentadas escuras, em função do meio de cultura e do

    isolado do fungo.

     Alguns fatores do ambiente podem influenciar o desenvolvimento dofungo. A temperatura ótima para esporulação está em torno de 28°C, embora

    possa ocorrer esporulação desde 10 até 35°C. A liberação de esporos não é

    muito influenciada pela temperatura e normalmente ocorre na faixa de 15 a

    35°C. Em relação à germinação, temperaturas compreendidas entre 25 e 28°C

    favorecem o processo. Quanto à umidade, a produção de conídios sobre as

    lesões tem início quando a umidade relativa atinge no mínimo 93%. Para a

    germinação, há necessidade de água livre, pois raramente o esporo germina

    sob condições de ar saturado. O desenvolvimento do micélio é favorecido por

    Fonte: Embrapa

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    umidade relativa próxima de 93%. A luz também pode ter influência sobre o

    micélio e os esporos. Embora o crescimento do micélio, a germinação de

    conídios e a elongação do tubo germinativo sejam processos inibidos pela luz,

    a alternância da mesma tem um papel importante sobre a produção de

    esporos. Estes começam a ser liberados tão logo escureça, alcançam um

    máximo em poucas horas e praticamente cessam na alvorada; sob condições

    de luz ou escuro contínuo a esporulação cai a níveis muito baixos, voltando a

    aumentar quando os períodos de luz e escuro novamente voltarem a se

    alternar. (BEDENDO et al., 2005)

    O fungo apresenta uma variabilidade muito grande em relação a

    características culturais, exigências nutricionais e patogenicidade. Uma série

    de trabalhos tem demonstrado a ocorrência de variabilidade mesmo dentro de

    isolados monospóricos. Várias raças patogênicas têm sido identificadas através

    de reações de variedades de arroz inoculadas com isolados monospóricos.

    O patógeno pode sobreviver, na forma de micélio ou conídio, em restos

    de cultura, sementes, hospedeiras alternativas e plantas de arroz que

    permanecem no campo. A disseminação ocorre principalmente através do

    vento. Uma vez depositado na superfície da planta e na presença de água livre,

    o conídio germina, produzindo tubo germinativo e apressório. A penetração é

    feita diretamente através da cutícula, raramente pelos estômatos. A

    colonização dos tecidos é facilitada por toxinas, que provocam a morte de

    células, e por hifas, que se desenvolvem no tecido morto.

    2.3 Controle

     A severidade da brusone depende de uma série de condições

    relacionadas à resistência do hospedeiro, à presença de raças do patógeno e àprevalência de fatores do ambiente favoráveis ou não à doença.

     As variedades plantadas no sistema de sequeiro são, de maneira geral,

    mais suscetíveis do que aquelas cultivadas no sistema irrigado. Em razão da

    variabilidade do patógeno, a resistência vertical tem sido constantemente

    quebrada, sendo mais apropriado buscar a incorporação de resistência do tipo

    horizontal, quando se deseja obter variedades resistentes.

     A influência do ambiente é mais relevante para o arroz de sequeiro. Nosistema irrigado, a presença constante da lâmina de água no campo (mantendo

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    um microclima relativamente estável), o uso de insumos e defensivos e a

    utilização de variedades com bom nível de resistência contribuem para diminuir

    os riscos da doença. No sistema de sequeiro é comum a ocorrência de

    deficiência hídrica, as variedades normalmente não possuem níveis desejáveis

    de resistência e o uso de defensivos e insumos não é adequado. Assim, ênfase

    maior será dada ao controle da doença para as condições de sequeiro.

    (BEDENDO et al., 2005)

    Em relação à instalação da cultura, é recomendado que o plantio seja

    completado dentro de um período mínimo de tempo e iniciado no sentido

    contrário à direção predominante do vento; que barreiras de mata sejam

    mantidas dentro da área de plantio; que plantas de arroz remanescentes do

    plantio anterior sejam eliminadas. Estes cuidados visam reduzir a disseminação

    do patógeno na cultura. O uso de espaçamento e densidade adequados à

    duração do ciclo das variedades contribui para o controle, pois promove o

    arejamento da cultura, impedindo a formação de microclima favorável à

    doença, além de evitar a competição por água e nutrientes, o que poder tornar

    as plantas predispostas ao ataque do patógeno. (BEDENDO et al ., 2005)

     A utilização de nitrogênio em excesso aumenta a suscetibilidade ao

    patógeno nas folhas e nas panículas; por outro lado, sua deficiência pode

    predispor as plantas à doença. O fósforo é um elemento importante para o bom

    desenvolvimento da planta e, mesmo com a ocorrência da brusone, pode

    contribuir para a produtividade da mesma. O potássio, aplicado no plantio,

    desfavorece o patógeno, principalmente em solos deficientes.

     Aspectos relacionados ao controle de ervas daninhas e à colheita

    também têm sua importância. A cultura deve ser mantida no limpo para impedir

    que estas plantas atuem como hospedeiros intermediários do fungo ou mesmotomem o microclima da cultura mais favorável ao patógeno. A colheita tardia

    pode favorecer a infecção dos grãos por fungos saprófitas ou parasitas.

    Recomenda-se que os grãos sejam colhidos com 22% de umidade ou quando

    a panícula apresentar 2/3 dos grãos maduros.

    O controle da brusone, tanto no sistema irrigado como no sistema de

    sequeiro, envolve também o emprego de produtos químicos aplicados como

    tratamento de sementes e em pulverização da parte aérea. Vários produtostêm sido utilizados. A escolha dos mesmos pode ser feita de acordo com a

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    eficiência do fungicida, sua disponibilidade no mercado e economicidade.

    Dentre os produtos comumente recomendados estão o benomyl, blasticidin-S,

    carbendazin, carboxin, edifenphos, kasugamicina, kitazin, maneb, mancozeb,

    thiabendazol, triciclazol e pyroquilon.

    3. MAL DO COLO

    Fusarium oxysporum (Schi.) Snyder & Hansen

    O mal do colo do arroz é uma doença nova da cultura, tendo sido

    relatada pela primeira vez em 1980, no Brasil. A doença foi inicialmente

    observada em culturas de sequeiro instaladas em solos de cerrado, na região

    centro-oeste. A frequência com que a doença apareceu nos plantios de 1979-

    80 chamou a atenção dos pesquisadores, que passaram a investigar a sua

    causa.

    3.1 Sintomas

    Os sintomas na parte aérea da planta caracterizam-se por leve

    amarelecimento das folhas e retardamento no crescimento; estes sintomas são

    mais evidentes aos 25 dias após o plantio. A diferença entre a altura das

    plantas afetadas e sadias aumenta com o tempo. Tanto o amarelecimento das

    folhas como a desuniformidade observada entre as plantas pode ser facilmente

    confundida com deficiência nutricional, principalmente de nitrogênio. No

    entanto, quando as plantas são arrancadas, pode ser observada uma

    descoloração escura no nó basal do colmo, justamente na região de emissão

    das raízes secundárias e adventícias; o nome da doença deriva desteescurecimento do colo da planta. As plantas doentes apresentam o sistema

    radicular pouco desenvolvido e produzem poucos perfilhos. Apesar do

    subdesenvolvimento, as plantas afetadas raramente são mortas pela doença.

    (BEDENDO et al., 2005)

    3.2 Etiologia

    O patógeno foi identificado como sendo Fusarium oxysporum, com basena presença de microconídios, macroconídios e clamidósporos. Nos testes de

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    patogenicidade, sintomas idênticos aos observados no campo foram obtidos

    somente para alguns isolados, sugerindo a ocorrência conjunta de isolados

    patogênicos e saprofíticos. A ocorrência do patógeno também pode estar

    associada a nematoides formadores de galhas nas raízes, pertencentes à

    espécie Meloidogyne javanica.

    3.3 Controle

     A recomendação de medidas de controle exige maior conhecimento

    sobre a doença. Em razão do aumento de sua importância nas regiões de

    cerrado, principalmente quando o arroz é cultivado em rotação com pastagens

    ou por 2-3 anos sucessivamente, seria prudente promover a rotação de cultura.

    4. QUEIMA DAS GLUMELAS

    Phoma sorghina (Sacc.) Boerema et al.

     A queima de glumelas tem sido registrada em vários países e pode

    causar perdas significativas, dependendo de condições climáticas. No Brasil, a

    doença é considerada de menor importância. Assumiu, porém, sérias

    proporções no ano agrícola de 79-80, na região centro-oeste. Anteriormente a

    esta data, a doença vinha sendo observada desde 1975, em arroz de sequeiro,

    porém sempre com baixa intensidade. A causa provável da epidemia de 79-80

    foi a ocorrência de chuvas contínuas durante a fase de emissão de panículas.

    Embora mais frequente em arroz de sequeiro, a queima das glumelas pode ser

    encontrada esporadicamente em arroz irrigado. (PHABHU et al. 2006)No ano da epidemia, avaliação feita em três campos severamente

    atacados apontou perdas de produção da ordem de 29%, 41% e 45%. Estes

    dados demonstram que, embora seja considerada de importância pequena, a

    doença pode atingir proporções epidêmicas sob condições favoráveis,

    principalmente se chuvas contínuas ocorrerem durante o período de emissão

    de panículas pelas plantas.

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    4.1 Sintomas

    O patógeno pode atacar as panículas desde o início da emissão até o

    estádio de grão maduro. Quando ocorre infecção inicial, as panículas emergem

    com grãos manchados, sendo estas manchas de coloração marrom-

    avermelhada, que surgem na extremidade apical e gradualmente se espalham

    por todo o grão. Quando a infecção aparece após a emergência das panículas,

    durante a formação dos grãos, aparecem as manchas típicas de coloração

    marrom-avermelhada com centro claro (cinza ou branco); sob condições de

    umidade, numerosos picnídios podem ser encontrados sobre esta região clara

    da mancha. Em alguns casos, pequenas manchas marrons do tamanho da

    cabeça de um alfinete podem ser observadas nas glumelas. Em casos de

    ataques severos, os grãos podem se apresentar parcialmente formados. 

    (PHABHU et al. 2006)

    Queima das Glumelas 

    4.2 Etiologia

    O agente causal da queima das glumelas é o fungo Phoma sorghina, o

    qual já foi chamado de Phyllosticta glumarum, P oryzina, P glumicola e P

    orizicola. Este deuteromiceto apresenta picnídios globosos. Os conídios têm

    forma ovalada a oblonga. Quando na presença de umidade, a massa de

    conídios é liberada pelo picnídio na forma de um fluxo espiralado; este tipo de

    extrusão permite reconhecer prontamente o patógeno.

    Fonte: Embrapa

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     A sobrevivência do fungo pode ocorrer em restos de cultura e sementes

    contaminadas. As sementes constituem-se na principal via de disseminação do

    patógeno, além de atuarem como fonte de inoculo primário.

    4.3 Controle

    O aparecimento esporádico da doença e a baixa intensidade de

    ocorrência não justificam medidas específicas de controle. Variedades

    inoculadas artificialmente mostraram diferentes graus de resistência; os

    materiais mais resistentes poderão ser diretamente utilizados para plantio ou

    em programas de incorporação de resistência. O uso de sementes

    provenientes de lotes com boas condições de sanidade é altamente desejável;

    o tratamento de sementes é recomendado como forma de reduzir o inóculo

    eventualmente presente nas mesmas. (BEDENDO et al., 2005)

    5. MANCHA PARDA

    Cochliobolus miyabeanus Ito & Kuribayashi (Bipo lar is oryzae  Breda de

    Haan). Sinonímia: Helminthosporium oryzae  Breda de Haan e Dreschlera

    oryzae Breda de Haan.

     A mancha parda está amplamente distribuída nas regiões orizícolas do

    mundo, sendo particularmente importante nas regiões tropicais. Em termos de

    perdas, a doença carrega o estigma de ter causado a famosa “fome de

    Bengala”, em 1942. Embora a doença tenha expressado seu potencial

    destrutivo naquela ocasião, as perdas atribuídas a ela não são tão drásticas.

    Chegam, porém, a ser significativas em função da suscetibilidade da variedadee da ocorrência de condições ambientais favoráveis. A importância da mancha

    parda tem sido subestimada pelo fato de ser frequentemente confundida com a

    brusone. (PHABHU et al. 2006)

    Os danos associados à doença são decorrentes da infecção dos grãos,

    da redução na germinação das sementes, da morte de plântulas originadas de

    sementes infectadas e da destruição de área foliar. As perdas de produção em

    termos mundiais são muito variáveis. Redução da ordem de 30% já foi relatadapara ensaios conduzidos com seis variedades na região norte do Brasil. A

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    mancha parda normalmente ocorre tanto em culturas instaladas sob condições

    irrigadas como de sequeiro.

    5.1 Sintomas

    Os sintomas são mais frequentemente encontrados nas folhas e nos

    grãos, embora possam ser observados também no coleóptilo, nas ramificações

    da panícula e na bainha. Nas folhas, as manchas jovens ou ainda não

    totalmente desenvolvidas são arredondadas, de coloração marrom, pequenas.

     As manchas típicas são ovaladas, de coloração marrom-avermelhada e

    normalmente apresentam um centro cinza, onde podem ser encontradas as

    estruturas reprodutivas do patógeno. As manchas ocorrem geralmente de

    forma isolada. Podem, porém, coalescer e tomar considerável área da folha.

    (BEDENDO et al., 2005)

    Nos grãos, as manchas são de cor marrom escuro ou marrom-

    avermelhado. Em ataques severos, as manchas podem cobrir parcial ou

    totalmente a superfície dos grãos; como consequência, ocorre chochamento,

    redução de peso e gessamento. Em grãos severamente atacados, a remoção

    das glumas permite observar o escurecimento do endosperma causado pelo

    fungo. O gessamento provoca quebra dos grãos durante o beneficiamento,

    diminuindo o rendimento em termos de grãos inteiros. (BEDENDO et al., 2005)

    Os coleóptilos originários de sementes infectadas podem apresentar

    pequenas manchas de coloração marrom-avermelhado. Sementes

    severamente atacadas normalmente sofrem redução do seu poder germinativo

    e os coleóptilos provenientes das mesmas podem, inclusive, morrer.

    Sintomas de Mancha parda

    Fonte: Embrapa

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    Sintomas de Mancha Parda

    5.2 Etiologia

    O fungo Bipolaris oryzae é classificado na subdivisão Deuteromycotina,

    classe Hyphomycetes e família Dematiaceae. A fase perfeita corresponde a

    Cochliobolus miyabeanus, que produz peritécios globosos, ascos cilíndricos e

    ascósporos filamentosos. A forma perfeita ainda não foi constatada

    no Brasil.

     As hifas são de coloração escura, normalmente marrom. Os conidióforosoriginam-se como ramificações laterais das hifas. As colônias são geralmente

    pretas ou acinzentadas, apresentando, porém, densidade e cor bastante

    diversificada em função do isolado, meio de cultura e condições de incubação.

    E comum o aparecimento de setores brancos nas colônias.

    Os conídios são levemente curvos, mais largos no centro e

    gradativamente mais finos em direção às extremidades, onde a largura

    corresponde a aproximadamente metade da região central. Quando maduros,possuem coloração marrom e freqüentemente germinam através das células

    apical e basal. Os tubos germinativos originários destas células formam

    apressório. O número de núcleos presentes em cada célula do conídio pode

    variar de 1-14, sendo mais comumente encontradas células binucleadas.

    O desenvolvimento do fungo é influenciado por uma série de fatores

    ambientais como temperatura, umidade, luz, pH e elementos nutricionais. Em

    relação à temperatura, a faixa ótima para o crescimento micelial está em tomode 28°C, enquanto a germinação é favorecida por 25-30°C e a produção de

    Fonte: Fitopatologia.net

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    conídios ocorre desde 5°C até 35-38°C. O patógeno apresenta uma

    variabilidade muito grande quanto à morfologia, produção de esporos,

    características culturais e patogenicidade. Isolados obtidos a partir de esporos

    produzidos numa mesma cultura, ou isolados provenientes de células apicais

    de hifas, podem mostrar variabilidade patogênica marcante; apesar disto, não

    há um consenso entre os pesquisadores em relação à existência de raças do

    patógeno. A esporulação também é variável, podendo ser estimulada ou inibida

    pela ausência, presença ou alternância de luz, dependendo do isolado

    considerado. (BEDENDO et al., 2005)

     A sobrevivência ocorre geralmente em restos de cultura, sementes

    infectadas ou plantas de arroz e hospedeiros alternativos. Normalmente, o

    inoculo primário está presente na semente ou no solo, sendo o inoculo

    secundário disseminado pelo vento e pela chuva a partir de plantas infectadas.

     A infecção é favorecida pela presença de água livre na superfície foliar.

    Umidade relativa de 89%, porém, já é suficiente para que o processo ocorra. O

    tubo germinativo forma um apressório, através do qual a hifa penetra

    diretamente a epiderme e a colonização se desenvolve com a produção de

    toxinas que matam as células do hospedeiro. Os sintomas foliares aparecem

    na forma de manchas e as estruturas reprodutivas formadas sobre o tecido

    necrosado passam a ser novamente disseminadas pelo vento e pelos

    respingos de chuva.

    5.3 Controle

     A mancha parda tem sido relatada em áreas onde algum fator do

    ambiente desfavorece a planta, tornando-a predisposta à doença. Em outras

    palavras, a doença não é problema em culturas instaladas em solos de boafertilidade e que recebem bom suprimento de água. No Brasil, onde metade da

    produção de arroz é proveniente do sistema de sequeiro, a doença deve

    merecer atenção especial, visto que as áreas de arroz de sequeiro são

    normalmente de solo pobre e sujeitas a períodos de deficiência hídrica; isto é

    particularmente verdadeiro para as áreas de cerrado, nas quais está

    concentrada a grande maioria das lavouras de arroz de sequeiro. As culturas

    implantadas no sistema irrigado, na região sul do país, também estão sujeitas adanos provocados pela doença, apesar das boas condições do solo e da

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    disponibilidade de água. Neste caso, a doença tem sido favorecida pelo plantio

    de variedades suscetíveis e pela maior frequência de plantio. (BEDENDO et al.,

    2005)

     A doença, de acordo com o exposto, é influenciada pela ocorrência de

    fatores desfavoráveis ao crescimento da planta, pelo estádio de

    desenvolvimento da mesma e pela suscetibilidade da variedade. Desta forma,

    as medidas de controle devem estar relacionadas com estes aspectos.

    Variedades com elevado grau de resistência ainda não estão

    disponíveis. Há, porém, indicações de materiais razoavelmente resistentes,

    mesmo para as condições brasileiras. Na verdade, programas específicos de

    melhoramento visando a obtenção de variedades resistentes são praticamente

    inexistentes nas nossas condições; o que existe é a avaliação da reação à

    mancha parda em variedades ou linhagens produzidas com programas de

    melhoramento dirigidos para resistência à brusone.

     Além do emprego de variedades com certo grau de resistência, é

    recomendável a utilização de lotes de sementes sadias ou de sementes

    tratadas, visando reduzir o inoculo inicial. O uso de adubação adequada e a

    manutenção de um bom manejo de água podem contribuir para minimizar os

    efeitos da doença. Práticas como rotação de cultura e eliminação de gramíneas

    das proximidades da área cultivada com arroz podem desfavorecer a

    sobrevivência do fungo. A utilização de pulverização com produtos químicos é

    uma opção de controle que deve ser analisada com cuidado, principalmente

    para cultivos de sequeiro, em função do baixo rendimento da cultura; no

    entanto, se esta medida for adotada, deve ser lembrado que as fases finais do

    ciclo da planta são as mais críticas e, portanto, a folha bandeira e os grãos

    devem ser convenientemente protegidos. Alguns fungicidas como maneb,mancozeb, chlorothalonil+tiofanato metílico e ziram podem ser empregados

    para o controle preventivo da doença.

    6. ESCALDADURA 

    Monographella albescens  (Thuemen.) Parkinson et al. (Gerlachia

    oryzae  (Hashioka & Yokogi) W. Gams)

    O primeiro relato sobre a escaldadura com arroz foi feito no Japão em1955, embora a doença já fosse conhecida anteriormente por outros nomes.

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    Sua ocorrência é bastante generalizada tendo sido identificada em diferentes

    partes do mundo onde o arroz é cultivado. A doença pode provocar perdas

    consideráveis em vários países da América Latina, inclusive no Brasil. A

    escaldadura já foi constatada em praticamente todo o território brasileiro, sendo

    considerada particularmente importante na região norte; na região centro-oeste

    tem sido observado um crescimento significativo da doença. Tanto as culturas

    instaladas em condições irrigadas quanto às de sequeiro estão sujeitas ao

    ataque do patógeno. Na cultura de sequeiro, a ocorrência de chuvas contínuas

    e de longos períodos de orvalho são fatores extremamente favoráveis ao seu

    desenvolvimento. Em função da prevalência destes fatores nas regiões

    tropicais, a escaldadura assume um papel relevante nestas regiões.

    6.1 Sintomas

     A doença ocorre predominantemente nas folhas, podendo, no entanto,

    ser observada também na bainha, partes da panícula e grãos. Os sintomas

    típicos nas folhas iniciam-se pelo ápice e/ou pelas margens, na forma de

    manchas de coloração verde-oliva opaca que contrasta com o verde das áreas

    não atacadas. Os bordos das manchas não são bem definidos e apresentam-

    se com aspecto de encharcamento. Posteriormente, as áreas atacadas exibem

    uma sucessão de faixas concêntricas, onde pode ser observado uma

    alternância de faixas marrom-claro e faixas marrom-escuro. Os bordos com

    aspecto de encharcamento precedem as faixas de cor marrom à medida que a

    doença progride para áreas sadias da folha. Nos bordos de uma mancha jovem

    com tecidos encharcados é comum a presença de massas esbranquiçadas

    contendo conídios do patógeno. Além das típicas manchas em faixas, um outro

    tipo de sintoma pode aparecer nas folhas, na forma de pequenas manchas decoloração marrom, sem forma definida, que se distribuem por toda a superfície

    foliar.

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     Sintomas de Escaldadura

    Escaldadura das folhas

    6.2 Etiologia

    O agente causal da escaldadura, tanto na sua fase imperfeita como

    perfeita, foi reclassificado no início da década de 80. Atualmente, Gerlachia

    oryzae  é o nome que o fungo recebe como deuteromiceto. A fase perfeita

    Fonte: Embrapa

    Fonte: Embrapa

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    corresponde ao ascomiceto Monographella albescens. Alguns relatos da

    literatura anteriores a esta data trazem a denominação de Rhynchosporium

    oryzae  para o estádio conidial e de Metasphaeria albescens  para o estádio

    ascógeno.

    Os conídios são curvos, unicelulares quando jovens e bicelulados

    quando maduros, hialinos, não-pedicelados e arredondados em ambas as

    extremidades; raramente apresentam 2 ou 3 septos. As colônias jovens

    apresentam aspecto cotonoso branco, e, posteriormente, passam a apresentar

    coloração creme e massas rosadas nas quais os conídios são produzidos.

    Os ascósporos são originários de peritécios esféricos de coloração

    marrom escura; os ascos são cilíndricos, levemente curvos e produzem 8

    esporos. Estes apresentam formato elíptico, são hialinos, normalmente com 3

    septos.

    O patógeno sobrevive nas sementes, restos de cultura e hospedeiros

    alternativos. O desenvolvimento do fungo é favorecido por temperaturas

    compreendidas entre 20 e 30°C. A germinação do conídio exige a presença de

    um filme de água na superfície da folha e origina um tubo germinativo que se

    desenvolve formando estruturas de vários tamanhos, semelhantes a

    apressórios. A penetração ocorre através dos estômatos. As hifas

    desenvolvem-se no mesófilo foliar e emergem pelos estômatos, produzindo

    massas a de esporos que podem ser disseminados através da água e do

    vento.

    6.3 Controle

    Tem sido relatado que a alta densidade de plantas e o menor a

    espaçamento entre linhas aumentam a intensidade da doença. A utilização denitrogênio em excesso também favorece o rápido desenvolvimento das

    manchas. Assim, recomenda-se que sejam observados espaçamento e

    densidade adequados quando da instalação da cultura, bem como o uso de

    adubação balanceada, principalmente em relação ao elemento nitrogênio.

    Quanto ao emprego de variedades resistentes no controle da doença,

    pouca informação existe. Algumas variedades testadas com inoculação artificial

    mostraram variações quanto ao grau de resistência, demonstrando ser possível

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    utilizar estes materiais em programas de melhoramento, ou mesmo usá-los

    diretamente.

    7. FALSO CARVÃO ou CARVÃO VERDE 

    Ustilaginoidea virens (Cooke) Takah

    Esta doença, apesar da pouca importância econômica que representa

    para a cultura do arroz, chama a atenção do agricultor em razão da

    sintomatologia exibida pela planta afetada. Sua ocorrência é esporádica e os

    danos são insignificantes, pois a doença normalmente incide sobre poucas

    panículas e, dentro da panícula, em pequeno número de grãos.

    7.1 Sintomas

    O falso carvão é observado tipicamente nos grãos, na forma de uma

    massa arredondada de coloração verde-olivácea e aspecto pulverulento, com

    tamanho variável de 4-10 mm de diâmetro; pode também se manifestar como

    uma massa de tamanho reduzido contida pelas glumelas. O tipo de sintoma

    depende da época de infecção dos grãos ter ocorrido mais cedo ou mais tarde.

     Assim, quando a infecção atinge o ovário nos estádios iniciais de

    desenvolvimento, este é destruído e torna-se gradativamente uma massa

    estromática crescente, inicialmente lanuginosa, posteriormente amarelo-

    alaranjada ou amarelo-esverdeada e, finalmente, verde-olivácea, de formato

    globoso e aspecto pulverulento; quando a infecção é tardia, a massa

    estromática não se desenvolve tanto. Pode, porém, substituir o grão, ficando

    contida pelas glumelas ou recobrindo as mesmas.

    Sintomas de Falso CarvãoFonte: Embrapa

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    7.2 Etiologia

    O agente causal da doença é o fungo Ustilaginoidea virens. Os

    clamidósporos ou conídios maduros são esféricos a elípticos, equinulados,

    verde-oliváceos; quando jovens são hialinos e quase lisos. Estes esporos

    originam-se das hifas que compõem a massa estromática presente nos grãos.

    Na fase ascógena, ainda não relatada nas condições brasileiras, o fungo

    produz peritécios gregários, ascos cilíndricos com 8 esporos. Os ascósporos

    são hialinos, filiformes.

    O patógeno sobrevive em restos de cultura, sendo disseminado pelo

    vento e pela água; as sementes também podem veicular estruturas fúngicas. A

    infecção pode ocorrer desde os primeiros estádios de desenvolvimento da

    planta e as hifas são geralmente encontradas nas regiões de crescimento dos

    perfilhos. A infecção da panícula pode ocorrer durante um curto período que

    precede a emissão da mesma, ou seja, ainda no estádio de emborrachamento

    da planta. Quando a infecção ocorre nos estádios iniciais do florescimento, a

    panícula exibe massas de esporos de cor verde, que representam o sintoma

    típico da doença; na infecção tardia (estádio de grão maduro), os esporos

    acumulam-se nas glumas, incham, separam a pálea da lema e, finalmente,

    todo o grão é substituído e recoberto pelo fungo. Os esporos presentes nas

    plantas infectadas são novamente dispersados pela água e pelo vento. A

    presença de umidade alta (98%), chuvas contínuas durante a emissão das

    panículas, temperaturas altas (28°C), solos de elevada fertilidade e excesso de

    adubação nitrogenada favorecem a ocorrência da doença.

    7.3 Controle

    O controle específico do carvão não é comum, devido à poucaimportância da doença para a cultura. No entanto, em locais onde a doença

    incide mais freqüentemente, recomenda-se fazer tratamento de sementes ou

    pulverização com fungicida, alguns dias antes da emissão das panículas. 

    8. MANCHA ESTREITA

    Sphaerulina oryzina K. Hara (Cercospora oryzae Miyake)

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     A ocorrência de Cercospora oryzae em plantas de arroz foi relatada pela

    primeira vez, em 1910, no Japão. Atualmente, a doença já foi registrada em

    todo o mundo, exceto no continente europeu.

    Mesmo existindo relatos de perdas em algumas regiões do mundo,

    acredita-se que nas condições brasileiras a doença tenha pouca importância. A

    mancha estreita geralmente ocorre na fase final do ciclo da planta e

    normalmente passa desapercebida na cultura. Quando a doença se manifesta

    mais cedo, pode reduzir a área foliar fotossintetizante, provocar redução de

    peso e rápida maturação dos grãos, além de diminuir o rendimento durante o

    processo de beneficiamento. A relevância da doença quanto aos danos está

    condicionada principalmente ao uso de variedades muito suscetíveis, fato

    verificado nas décadas de 30 e 40 nos Estados Unidos.

    8.1 Sintomas

     As manchas típicas aparecem mais freqüentemente nas folhas. No

    entanto, sob condições de ataque severo, as manchas podem ser encontradas

    nas bainhas, colmos e glumelas. As lesões características são estreitas, finas,

    necróticas, alongadas no sentido das nervuras, apresentando coloração

    marrom-avermelhada; nas variedades resistentes as lesões tendem a ser mais

    curtas, estreitas e escuras. Embora as dimensões sejam bastante variáveis, as

    manchas medem em média 3-5 x 1-1,5 mm.

    Sintomas de Mancha de Estreita

    Fonte: Embrapa

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    8.2 Etiologia

    O agente causal é o fungo Cercospora oryzae, um deuteromiceto cujos

    conídios são cilíndricos a clavados, normalmente apresentando de 3 a 10

    septos, hialinos ou levemente oliváceos. Os conidióforos são escuros, com 3

    ou mais septos, e emergem pelos estômatos isoladamente ou em grupos de

    dois ou três.

    Na fase perfeita, o patógeno é o ascomiceto Sphaerulina oryzina.

     Apresenta peritécios globosos e escuros, imersos na epiderme da planta. Os

    ascos têm forma cilíndrica aclavada, sendo os ascósporos fusiformes retos ou

    levemente curvos, hialinos, com três septos.

    O fungo se desenvolve dentro de uma ampla faixa de temperatura. O

    crescimento ótimo é conseguido entre 25-28°C. Várias raças fisiológicas têm

    sido detectadas através de uma série diferencial de variedades de arroz.

     A sobrevivência ocorre nos restos de cultura. Uma vez na superfície da

    folha, trazidos principalmente pelo vento, os conídios germinam e penetram

    pelos estômatos. A colonização dos tecidos é feita pelo crescimento intracelular

    das hifas, que emergem através dos estômatos, produzindo conidióforos e

    conídios, os quais são novamente disseminados pelo vento. Condições de

    umidade alta e temperatura elevada (28°C) são favoráveis ao desenvolvimento

    da doença.

    8.3 Controle

    O uso de variedades resistentes é a medida mais indicada para evitar ou

    diminuir as perdas. Ao longo do tempo, diversas variedades foram produzidas

    em programas de melhoramento dirigidos para mancha estreita. Embora a

    doença venha merecendo pouca atenção no Brasil, a incorporação deresistência em variedades nacionais pode ser facilitada graças à existência de

    material estrangeiro com boas características agronômicas e portador de

    resistência.

    Outras medidas podem contribuir para o controle da doença, entre as

    quais o emprego de sementes sadias ou tratadas, a eliminação do arroz

    vermelho, que se constitui num hospedeiro alternativo, e mesmo a rotação de

    cultura. Alguns fungicidas, como benomyl, maneb+zinco, mancozeb e ziramtêm sido recomendados para o controle do patógeno.

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    9. MANCHA DE GRÃOS

     Agente causal: complexo fúngico Phoma sorghina; Bipolaris oryzae;

     Alternaria Padwickii , Gerlachia oryzae, Nigrospora  sp. Curvularia  spp.,

    Fusarium spp.,Epicoccum sp., Pyricularia oryzae e Trychoconiella padwickii )

     A mancha de grãos é causada por mais de um patógeno fúngico e pode

    ser considerado um dos principais problemas da cultura do arroz, tanto em

    sistema de várzea como no de terras altas. Nas amostras provenientes de

    lavouras de arroz do Estado de Roraima apenas o fungo Phoma sorghina foi

    encontrado associado à doença.

    Esta doença pode ocorrer desde a emissão das panículas até seu

    amadurecimento. Os fatores que favorecem o desenvolvimento da doença são

    a ocorrência de chuvas durante a fase de formação de grãos, o acamamento e

    injúrias causadas por insetos, principalmente percevejos.

    9.1 Sintomas

    Os sintomas são muito variáveis, dependendo do patógeno

    predominante, do estádio de infecção e das condições climáticas. Nos grãos

    observam-se manchas de coloração escura com centro esbranquiçado e borda

    marrom. Em condições de elevada incidência, todos os grãos da panícula são

    manchados, resultando na formação de espiguetas chochas ou na redução da

    massa dos grãos.

    Sintoma da mancha de grãos na cultura do arrozFonte: Embrapa

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    Sintoma de Mancha de Grãos

    9.2 Controle

    Tratamento de sementes com fungicidas para diminuir o inóculo inicial

    (AGROFIT, 2009);

    Realizar práticas culturais recomendadas para o controle de outros

    patógenos que contribuem para redução da incidência e severidade da doença;

    Os fungicidas protetores mostram redução dos sintomas e melhoria da

    qualidade de grãos, sem, contudo, indicar diferenças de produtividade.

    10. QUEIMA DAS BAINHAS

    Thanatephorus cucumeris (A.B. Frank) Donk. (Rhizoctonia solani  Kühn)

    Inicialmente descrita no Japão em 1910, esta doença encontra-se

    disseminada em praticamente todas as áreas do mundo onde se cultiva o

    arroz, principalmente em condições irrigadas. Sua importância vem

    aumentando devido ao uso de fertilizantes e de variedades altamente

    produtivas; isto implica em maior perfilhamento da planta e,

    consequentemente, em aumento de umidade na cultura, criando condiçõesfavoráveis ao patógeno.

    Fonte: Embrapa

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    10.1 Sintomas

    Os sintomas ocorrem nas bainhas e colmos, sendo inicialmente

    observados próximos do nível da lâmina de água presente na cultura irrigada;

    sob condições favoráveis, as lesões podem ser encontradas também nas

    folhas e bainhas localizadas acima da linha da água. As manchas, nas bainhas

    e colmos, são ovaladas, elípticas ou arredondadas, apresentam coloração

    branco-acinzentada, com bordos de cor marrom, bem definidos; nas folhas, os

    sintomas são semelhantes, porém as manchas apresentam aspecto irregular.

     Ataques severos podem causar seca parcial ou total das folhas, além de

    provocar acamamento das plantas.

    Sintoma de queima-das-bainhas em arroz

    Fonte: Embrapa

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     Sintoma causado por Rhizoctonia solani  em folhas de arroz

    Sintoma de Queima-das-Bainhas em arroz

    Fonte: Embrapa

    Fonte: Embrapa

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    10.2 Etiologia

    O agente causal da queima das bainhas é o deuteromiceto Rhizoctonia

    solani , que na fase perfeita corresponde a Thanatephorus cucumeris. O micélio

     jovem é claro e torna-se gradativamente marrom, apresentando septação e

    ramificações típicas deste fungo. Os escleródios são globosos, brancos e

    tomam a coloração marrom-escura quando mais velhos, podendo alcançar até

    5 mm de diâmetro. Na fase perfeita, o patógeno produz basídios sobre os quais

    se desenvolvem os basidiósporos em número de 2-4. A morfologia das

    estruturas produzidas pelo fungo pode variar dependendo do isolado, tendo

    sido separados vários grupos morfológicos. Em relação ao grupo de

    anastomose, o patógeno do arroz está incluído no grupo AGI.

     A sobrevivência do fungo no solo dá-se por micélio ou escleródios. O

    cultivo contínuo do arroz na mesma área aumenta os danos, pois os restos de

    cultura contribuem para o aumento do inoculo. A infecção tem início quando os

    escleródios, disseminados pela água da cultura irrigada, atingem as partes das

    plantas localizadas na linha da água e germinam sobre a superfície vegetal. A

    penetração pode ocorrer através dos estômatos ou diretamente através da

    cutícula. O fungo produz apressório para, em seguida, penetrar os tecidos do

    hospedeiro. O micélio desenvolve-se rapidamente tanto no interior dos tecidos

    como sobre a superfície externa dos mesmos, levando ao aparecimento de

    manchas típicas da doença, sobre as quais podem ser encontradas hifas e

    escleródios. Estas estruturas são novamente disseminadas pela água de

    irrigação.

     A ocorrência de temperaturas em torno de 28°C e a presença de alta

    umidade na cultura são fatores altamente favoráveis à doença; contribuem para

    estas condições o emprego de adubação pesada e a alta densidade deplantas. O microclima existente na cultura tem grande influência no

    desenvolvimento da doença. Tem sido demonstrado que a severidade é maior

    em solos com altos níveis de nitrogênio e fósforo, pois estes elementos

    favorecem o desenvolvimento vegetativo das plantas; por outro lado, o potássio

    tem promovido redução na incidência da doença.

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    10.3 Controle

     As medidas de controle indicadas compreendem, de modo geral, o uso

    de variedades resistentes e o emprego de fungicidas, entre os quais podem ser

    citados benomyl, kitazin, hinosan, mancozeb e iprodione. Nas regiões

    brasileiras que cultivam arroz irrigado a doença não tem sido registrada como

    problema sério. Preventivamente, porém, certos cuidados devem ser tomados,

    relacionados principalmente com a adubação e com a densidade de plantio.

    11. PONTA BRANCA 

     Aphelenchoides besseyi  Christie

    Esta doença, causada por um nematoide, foi primeiramente estudada no

    Japão em 1915. Nas décadas de 40 e 50, vários aspectos relacionados à

    interação hospedeiro-patógeno e ao controle foram objetos de pesquisas mais

    detalhadas. A distribuição da ponta branca é ampla, tendo sido registrada em

    todos os continentes. No Brasil, a doença foi relatada pela primeira vez no Rio

    Grande do Sul, em 1969, estando atualmente disseminada em praticamente

    todos os locais onde o arroz é cultivado em escala comercial.

     As perdas são variáveis de acordo com o local, variedade, ano e manejo

    da cultura. Em países onde foram feitas estimativas de danos, constatou-se de

    10-46% de perdas no rendimento. Em países de regiões tropicais, a doença

    tem merecido pouca atenção por parte dos agricultores e da pesquisa, talvez

    pelo fato da predominância das culturas de sequeiro, onde a doença é de

    menor importância. A ponta branca apresenta maior relevância para os plantios

    realizados sob condições de irrigação com lâmina de água.

    11.1 Sintomas

    Os sintomas mais característicos aparecem na fase adulta da planta. O

    ápice das folhas exibe uma clorose bastante evidente que se torna

    esbranquiçada e normalmente estende-se por 5 cm. Com o tempo, esta região

    pode apresentar rasgamento do tecido e se reduzir a um filamento de tecido

    necrosado. E comum nas folhas ocorrer o enrolamento da extremidade apical,dificultando a emissão das panículas. A doença pode provocar encurtamento

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    das folhas, amadurecimento tardio das panículas, esterilidade e retorcimento

    das glumas. As plantas afetadas podem apresentar subdesenvolvimento;

    produzem panículas pequenas com menor número de grãos. Em alguns casos,

    as plantas não mostram sintomas típicos.

    11.2 Etiologia

    O nematóide Aphelenchoides besseyi  Christie é chamado de nematóide

    das folhas. As fêmeas apresentam tamanho variável de 0,62-0,88 mm de

    comprimento, enquanto os machos medem de 0,44-0,72 mm. A temperatura

    pode influenciar a duração do ciclo do parasita. Em condições de laboratório, o

    ciclo completa-se em 24 dias a 16°C e em 8 dias, a 30°C. A umidade também

    tem influência sobre o patógeno, pois o mesmo só se torna ativo quando a

    umidade atinge valores superiores a 70%; este nível de umidade pode ser

    encontrado nas regiões de crescimento da parte aérea da planta, em folhas

    dobradas e no interior das panículas, locais onde normalmente os nematóides

    são encontrados.

    Quando as sementes contaminadas germinam, os nematóides alcançam

    as regiões de crescimento das plantas e mantêm-se como ectoparasitas,

    ficando alojados entre as folhas jovens e as bainhas; durante a sucessão de

    folhas, permanecem no cartucho das folhas jovens, até a emissão da última

    folha (folha bandeira), da qual emergirá a panícula. Antes do florescimento,

    ficam na superfície da panícula. Durante a fase de florescimento, os

    nematóides atingem as glumas, onde ficam alojados até a germinação das

    sementes. A disseminação dentro das plantas e para plantas vizinhas pode ser

    feita através do movimento ativo do nematóide, quando ocorre molhamento da

    superfície das mesmas devido a chuvas ou deposição de orvalho. O patógenotem na semente sua principal via de disseminação e local de sobrevivência,

    podendo permanecer viável por períodos de até 8 anos. Além da semente,

    várias espécies vegetais, principalmente gramíneas, podem atuar como

    hospedeiros alternativos, garantindo a sobrevivência do parasita.

    Um estudo relacionando número e distribuição de nematóides e estádios

    de desenvolvimento da planta de arroz mostrou que poucos indivíduos são

    encontrados em sementes germinando e em plântulas; à medida que a plantaperfilha e cresce, aumenta o número de nematóides encontrados nas folhas

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     jovens; no início deformação das panículas, ficam localizados externamente às

    mesmas e, durante o florescimento, penetram nas glumas. O patógeno é mais

    freqüentemente encontrado nos colmos principais do que nos colmos dos

    perfilhos; na panícula, ocorre com maior frequência nas partes centrais do que

    nas extremidades; os grãos bem formados contêm mais nematóides que

    aqueles vazios. Em campos infestados, estes parasitas são encontrados em

    grande número em plantas que apresentam sintomas; plantas aparentemente

    sadias, porém, também podem abrigá-los.

    11.3 Controle

    O uso de variedades resistentes é uma das medidas indicadas para o

    controle da doença; em vários países já foram identificadas variedades com

    diferentes graus de resistência. No entanto, o tratamento químico das

    sementes tem se constituído num método de controle altamente viável e

    prático. O uso de produtos com ação nematicida, incluindo alguns inseticidas e

    fungicidas, tem sido suficiente para controlar eficientemente o agente causal da

    doença.

    12. PODRIDÃO DO COLMO

    Leptosphaeria salvinii  Cat. (Sclerotium oryzae Catt. - fase esclerodial e

    Helminthosporium sigmoideum Cav. - fase conidial).

     As lesões manifestam-se inicialmente na bainha foliar, ao nível do solo,

    4 a 6 semanas antes do espigamento; posteriormente, a lesão atinge o caule,

    circundando-o e provocando o acamamento da planta e o chochamento dosgrãos. Nos tecidos afetados, o fungo desenvolve numerosos escleródios

    negros. O estádio esclerodial, único relatado entre nós, é o mais comumente

    encontrado, não só em arroz, mas também em gramíneas selvagens e é

    responsável pelas infecções primárias. O controle recomendado no caso de

    incidência severa é a rotação de cultura; também, paliativamente, antes da

    doença atingir o colmo, pode-se recomendar a drenagem da água, o que evita

    satisfatoriamente o acamamento. Além das doenças acima citadas, existem noBrasil relatos da ocorrência de outras, geralmente aparentando ter pequena

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    importância. Entre elas figuram a podridão do colo e raízes, causada por

    Pythium arrhenomanes  Drechs; o estiolamento e morte das plantinhas,

    atribuídos a fungos dos gêneros Fusarium e Pythium; a podridão das bainhas e

    colmos, atribuída a fungos dos gêneros Fusarium, Sclerotium,  Ophiobolus,

    Rhizoctonia; lesões nos grãos, atribuídas aos fungos Curvularia lunata

    (Wakker) Boedijn e Nigrospora oryzae (H. & Br.) Pech.; mancha de Phyllostic ta,

    causada por Phyllosticta sp.

    Sintomas de Podridão do Colmo

    13. CARIE DO ARROZ (Carie-do-grão)

     Agente causal Tilletia barclayana (Bref.) Sacc. & Syd. A cárie do grão do

    arroz é uma doença de ocorrência freqüente nos países da Ásia e no Sul dos

    Estados Unidos. No Brasil é motivo de peocupação recente e na Austrália

    ainda não foi constatada. A infecção ocorre em poucos grãos por panícula e

    danos severos podem reduzir a produção em até 15 %. Não há evidências deprodução de toxinas pelo fungo, porém o principal dano está relacionado com a

    qualidade dos grãos e da semente. Em arroz parboilizado o carvão pode

    causar coloração acinzentada. Uma das características da cárie do arroz, ao

    contrário dos outros cereais, é a particularidade de não ser sistêmica, ou seja,

    não é transmitida para a planta através da semente. (FITOPATOLOGIA.NET,

    2011)

    Fonte: Embrapa

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    13.1 Sintomas

    Os sintomas aparecem na fase de maturação do arroz e são

    constatados com maior facilidade nas manhãs úmidas. A massa de esporos

    (teliosporos) absorve água, aumenta o volume do grão, tornando-se visível e

    cobrindo outras partes das plantas com líquido preto. Durante o dia a massa

    desidrata, tornando-se pó negro, que é facilmente removido das plantas e pode

    formar poeira que cobre as colhedoras de preto. As pústulas pretas sobre os

    grãos que ficam quebradiços como se fosse um dente cariado. Na maioria das

    vezes, o grão é totalmente substituído pelos teliosporos.

    Grãos Cariados

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    Grão com Carie

    13.2 Etiologia

    O fungo produz teliósporos pretos em massa, arredondados, 18 a 23 µm

    de diâmetro, às vezes apresentando curto apêndice hialino, densamente

    coberto por espículos pontiagudos.

    13.3 Ciclo da doença e epidemiologiaO fungo causador cárie do grão do arroz (Tilletia barclayana ), pode ser

    disseminado pela semente, mas a infecção dos grãos na panícula não ocorre

    via sistêmica, independe do tratamento de sementes com fungicidas e está

    diretamente relacionada às condições favoráveis para a doença na fase de

    floração do arroz. Os esporos sobrevivem no solo, palha e água e são

    encontrados em abundância nos ambientes onde se cultiva arroz. Os esporos

    podem germinar na superfície da água, expelindo esporídios no ar, quepenetram na flor do arroz, completando o ciclo biológico.

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     A infecção da cárie ocorre num curto período de tempo, na antese. Isto

    é, logo depois da emissão da panícula, na abertura do pálea e do lema (casca

    do grão de arroz), quando ocorre a liberação da antera (parte masculina que

    produz pólen) e a fecundação da semente. O fungo desenvolve no endosperma

    e ocupa parte ou toda a semente com a produção de massa negra de esporos.

    Cada grão pode produzir até 37,5 mil esporos, que sobrevivem no solo, na

    palha ou na água, entre os cultivos de arroz e podem ser disseminados pelo

    vento, infectando as panículas no ano seguinte. O ambiente (umidade,

    temperatura e luminosidade) e a presença de esporos devem ser favoráveis no

    momento crítico de fecundação da semente de arroz, que dura poucas horas.

    (FITOPATOLOGIA.NET, 2011)

    13.4 Controle

    O uso de fungicidas pode reduzir o índice de grãos infectados, se

    aplicado na fase de emborrachamento do arroz. Porém, muitos

    questionamentos a respeito da eficiência de produtos, doses, época de

    aplicação, resistência genética, e outros meios de controle, deverão ser

    esclarecidos pela pesquisa nas próximas safras. Baseado em observações de

    campo, sugere-se prevenir maiores danos e perdas com por esta doença,

    através da alternância de cultivares e medidas de manejo que reduzam o

    excessivo crescimento vegetativo das plantas, especialmente pela adubação

    desequilibrada.

    14. VÍRUS-DO-ENROLAMENTO-DO-ARROZ

     Agente causal RSNV  –  Rice stripe necrosis  vírus. O vírus RSNVpertence atualmente ao grupo dos Benyvirus, possui partículas alongadas de

    RNA de duplo filamento com dimensões que variam de 110 a 380 nm de

    comprimento e 20 nm de diâmetro. Este vírus é transmitido para as plantas de

    arroz através de um vetor, o protozoário Polymyxa graminis.

    P. graminis, é habitante natural do solo, onde permanece por longos

    anos, mediante a formação de estruturas de sobrevivência denominadas de

    cistosoros. Estas estruturas dão origem a células dotadas de flagelosdenominados zoósporos, as quais podem se deslocar através da água de uma

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    planta doente para uma planta sadia. Os cistosoros presentes no solo também

    podem ser disseminados de diversas formas tais como, maquinaria agrícola,

    ferramentas ou botas. É provável ainda, que a forma mais importante de

    disseminação do patógeno, para áreas mais distantes, seja através da semente

    do arroz, embora não tenha sido comprovado que o vírus possa infectá-la. No

    entanto, a presença de partículas de solo contendo cistosoros aderidos às

    sementes viabiliza esta forma de disseminação do patógeno. Além do RSNV,

    P. graminis é vetor de diversas outras viroses de importância econômica em

    outros cereais, como trigo, aveia, cevada, sorgo, triticale, etc.

    (FITOPATOLOGIA.NET, 2011)

    14.1 Sintomas

    Em torno de 30 a 40 dias após a semeadura, as plantas infectadas

    começam a mostrar os primeiros sintomas e até mesmo morrer. As folhas

    apresentam listras amareladas (cloróticas) e ficam retorcidas. Mais tarde, as

    panículas também podem ficar retorcidas (forma de espiral), em casos de alta

    intensidade da doença. As raízes das plantas infectadas podem apresentar-se

    dobradas e logo se tornam necróticas. Na lavoura, os sintomas da virose

    ocorrem em áreas delimitadas, ou seja, em reboleira. (FITOPATOLOGIA.NET,

    2011)

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    Planta atacada pelo Vírus

    Plantas mortas pelo RSNV

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    14.2 Controle

     As principais estratégias de controle para o enrolamento do arroz

    baseiam-se em práticas adotadas para controlar outros vírus transmitidos por

    P. graminis. Portanto, medidas preventivas são as mais indicadas para o

    controle desta virose. Entre estas, ressalta-se o uso de sementes provenientes

    de regiões produtoras não infestadas por RSNV, a restrição ao ingresso, em

    áreas livres do patógeno, de ferramentas, implementos, terra, água ou

    sementes de lavouras comprovadamente contaminadas. Também, como forma

    de controle, recomenda-se a rotação com espécies não gramíneas (sempre

    que possível), o manejo cuidadoso da água de irrigação e de suas fontes,

    evitando que a água de uma área contaminada possa arrastar partículas de

    solo e matéria orgânica para áreas não contaminadas. O manejo da adubação,

    a época de plantio e uso de agentes de biocontrole também são fatores

    importante para minimizar os danos desta virose. (FITOPATOLOGIA.NET,

    2011)

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    15. CONCLUSÃO

    O arroz é atualmente um alimento básico para grande parte da

    população humana. Esta cultura pode ser atacada por doenças em todos os

    estádios vegetativos, as percas podem ser de até 100% dependendo da

    severidade do ataque do patógeno, com isso é importante conhecer as

    doenças, as formas de ataque e a forma de disseminação das mesmas para

    que seja possível combater a presença do patógeno na cultura. Assim

    cuidados são necessários para que a incidência de doenças na lavoura seja

    diminuída, através de métodos de controle, utilizando também medidas

    preventivas. O desafio para a pesquisa continua sendo a produção de alimento

    de alta qualidade em uma grande e crescente escala, e a custos baixos, na

    presença vários patógenos que podem gerar danos econômicos consideráveis.

    Todas as estratégias e técnicas de manejo que têm sido geradas pela pesquisa

    têm sido empregadas para combater essas doenças do arroz, mas em algumas

    ainda com sucesso limitado, como é o caso da Brusone.

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    16. REFERÊNCIAS

    VIEIRA, N.R. de A. V.; SANTOS, A. B. dos; SANT’ANA, E.P. A cultura do

    arroz no Brasil. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1999. 633p.

    FERREIRA, C.M.; VILLAR, P.M. del. Aspectos da produção e do mercado de

    arroz. Informe Agropecuário, v.25, n.222, p.11-18, 2004.

    EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Doenças do

    arroz. Arquivo do Agrônomo N°10. Goiânia: EMBRAPA-CNPAF, 1995. 5p.

    CORNÉLIO, V.M. das O.; CARVALHO, V.L.; PRABHU, A.S. Doenças do Arroz.

    Informe Agropecuário, v.25, n.222, p.11-18, 2004.

    BALARDIN, R.S.; BORIN, R.C. Doenças na cultura do arroz irrigado. Santa

    Maria: [s.n], 2001. 48p.il.

    GUIMARÃES, C. M.; SANTOS, A. B.; MAGALHÃES JUNIOR, A. M.; et al.

    Sistema de cultivo. In: SANTOS, A. B.; STONE, L. F.; VIEIRA, N. R. A. Cultura

    do Arroz no Brasil. v. 2, p. 53-96, 2006.

    BEDENDO, I.P.; PRABHU, A.S. Doenças do Arroz. In: KIMATI, H.; AMORIM,L.; REZENDE, J.A.M.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L.E.A. Manual de

    Fitopatologia. 4 ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. p. 79-90.

     AGROFIT: Sistema de Agrotóxicos Fitossanitários. Disponível em:

    . Acesso

    em: 10 nov.2011.

    PHABHU, A. S.; FILLIPI, M. C. C.; RIBEIRO, A. S. Doenças e seu controle. In:

    SANTOS, A. B.; STONE, L. F.; VIEIRA, N. R. A. A Cultura do Arroz no Brasil 

    (2º ed.). EMBRAPA/CNPAF. Santo Antônio – GO. p. 561-590, 2006.

    FITOPATOLOGIA.NET, Grandes Culturas Arroz. Disponível em.

    http://www6.ufrgs.br/agronomia/fitossan/fitopatologia/ficha.php?id=249 acesso

    em 12 de novembro de 2011.