documentos da igreja cristã - henry bettenson

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h. bettenson DOCUMENTOS M IÔREJA CRISTÃ ifte

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  • h. bettenson

    DOCUMENTOSM

    IREJA CRIST

    ifte

  • Documentos da Igreja Crist

  • O t t o G u s t a v o O t t oPresidente

    A h a r o n S a p s e z i a n Secretrio Geral

  • Seleo de H EN R Y B ETTEN SO N

    DOCUMENTOSDA

    IGREJA CRIST

    Traduo H e l m u t h A l f r e d o S im o n

    AS teSO PAULO

  • Ttulo do original em ingls:

    DOCUMENTS OF THE CHRISTIAN CHURCH

    Oxford, University Press

    2.a edio, 1963

    Edio em lngua portugusa, com colaborao do Fundo de Educao Teolgica,

    pela

    ASSOCIAO DE SEMINRIOS TEOLGICOS EVANGLICOS

    So Paulo 1967

  • Prefcio do T radutor Prefcio do A utor . .

    r719

    PARTE IA IG R E J A P R I M I T I V A (A T O CO N C IL IO

    DE CA LC EDNIA, E M 451)

    SECO I

    A IG REJA E O M U N D O

    I . AUTORES CLSSICOS E O CRISTIANISM O ........................ 26a. Tcito: O julgamento de Pompnia Grecina A persegui

    o de Nerob. Suetnio: Os judeus so expulsos de Roma A persegui

    o de Neroc. Plnio, o Jovem: Os cristos de Bitnia A poltica de Tra-

    jano para com os cristos

    II. CRISTIANISM O E EN SIN O A N T IG O .................................... 30a. A opinio liberalb. A opinio negativac. Outro liberal

    a . O rescrito de Adriano a Caio Mincio Fundanob. Tertuliano e a perseguio"c. Lealdade dos cristos a seu Imperadord . A perseguio de Neroe. O martrio de Policarpof. A perseguio de Leo e Vienag . A perseguio em tempos de Dcioh . A perseguio durante o reinado de Valerianoi . O rescrito de Galienoj . A perseguio dioclecianak . Tentativa de restaurao do paganismo sob Maximino1. O edito de tolernciam . O edito de Milon . Apoio dado por Constantino Igrejao. A legislao de Constantino a favor da Igrejap . Carta de sio a Constncioq . Juliano, o Apstata, e a tolernciar . Juliano opina sbre o cristianismo: O culto de Jesus e dos

    III. IGREJA E ESTA D O 33

    mrtires

  • s. Graciano e o julgamento dos bispos Jurisdio da SedeRomana

    t. O rdenana de Graciano sbre casos eclesisticos, civis oucriminais

    u . Teodsio I: catlicos e hereges v. Edito de Valentiniano III A prim azia papal

    SECQ II

    OS CREDOS

    I . O CREDO DOS APSTOLOS ............................................... 54

    II. O CREDO NICENO ............................................................... 54a. O Credo de Cesariab . O Credo de Niciac. O Credo Niceno

    SECO III

    P R IM E IR A S R E F ER N C IA S A O S E V A N G E L H O S

    I . A TRA D I O DOS A N CIOS (PA D RES APOSTLICOS) 57

    II. OS EVANGELISTAS E SUAS FO N T E S .................................... 58

    III . O C N O N D E M U RA TO RI ............................................... 58

    SECO IV

    A PESSO A E A O BRA D E C RISTO

    I . IN C IO .................................................................................................. 61II . IR IN E U .................................................................................................. 61

    a . A recapitulao em Cristob. A santificao de cada idade da vidac. A redeno do poder satnico

    III . T E R T U L IA N O E A EN CA RN A O DO VERBO ............. 63IV . D IO N SIO : SBRE A T R IN D A D E E EN CA RN A O . 63

    V . A TA N SIO E A EXPIAO ...................................................... 65a. Cristo salva restaurandob . Salvao segundo a revelao

    V I. A RECONCILIA O: UM A TRA N SA O COM ODIABO ...................................................................................................... 67

    V II. HERESIAS SBRE A PESSOA D E CRISTO .......................... 67a. O docetismob. O gnosticismo: 1. Gnosticismo de tipo srio 2. Gnosti

    cismo de tipo egpcio 3. Gnosticismo de tipo judaizante 4. Gnosticismo de tipo pntico

  • c. O monarquianismo: i . Patripassianismo 2. Sabelia- nismo

    d . O arianismo: 1. Carta de rio a Eusbio 2. O silogismo ariano 3. Carta do Snodo de Nicia Condenaode rio

    e. Esforos para desvirtuar as formas de Nicia: 1. O Credoda Dedicao 2. A blasfmia de Esmirna 3. Umatentativa de compromisso: O Credo Datado

    SECO V

    O PR O B LE M A D A R E L A O D A H U M A N ID A D E E D A D IV IN D A D E E M C RISTO

    I. O APOLINARISM O ......................................................................... 78II. O N ESTO RIA NISM O ....................................................................... 79

    a. Antemas de Cirilo de Alexandriab . Exposio de Cirilo

    III . O EU TIQ U IA N ISM O ....................................................................... 82a . Eutiques admite q u e . . .b . O Tomo de Leoc. A definio de Calcednia

    SECO VI

    O P E L A G IA N ISM O A N A T U R E Z A D O H O M E M ,DO PECAD O E D A G R A A

    I . O EN SIN O D E PEL G IO ............................................................ 87a. Carta a Demtriob . Pelgio e a liberdade hum anac. Pelgio e o pecado original

    I I . A D O U T R IN A A TRIBU D A A PEL G IO E A CELSTIO 88III . A D O U TR IN A D E A G O STIN H O .... 89

    a. Palavra que irritou Pelgiob. Agostinho e a graa Agostinho e a graa preveniente

    Agostinho e a graa irresistvelc. A doutrina de Agostinho sbre a predestinaod . A concepo agostiniana de liberdadee. Liberdade e graa

    IV . O CO N C LIO D E CARTAG O C N O NES SBRE OPECA DO E A GRAA .................................................................... 9 4

    V . O SN O D O D E ARLES O S E M IP E L A G IA N ISM O ..... 96

    V I. O C O N C L IO D E O RA N G E REAO D O SEMI-PELAGIANISM O ................................................................................. 97

  • D O U T R IN A E D ESEN V O LV IM EN TO C N O N VI-

    C E N T IN O ....................... ........................................................................ 123

    SECO X

    INSCRIES CRISTS QUE ILUSTRAM O CRISTIA N IS

    MO POPU LA R DOS TERCEIRO E Q U ARTO SCULOS . 126

    PARTE II

    D O C O N C I L I O DE CAL CED NI A A T O P R ESE N TE

    SECO I

    D E C A L C E D N IA A T O CISM A E N T R E O O R IE N T E E O O C ID E N T E

    I . AS IGREJAS O R IEN TA IS E O C ID EN TA IS ............................ 130a. O HenotiJon de Zenob . Os Trs Captulosc. A controvrsia monotelitad . A controvrsia iconoclastae. Nicolau I e a s apostlica

    II. A RU PTURA FIN A L E N T R E O R IE N T E E O C ID E N T EEM 1054 .................................................................................................. 138

    SECO II

    O IM PRIO E O PAPAD O

    I . CARLOS M AGNO E A EDUCAO ........................................ ' 139

    I I . A D O AO D E C O N ST A N T IN O , O ITA V O SCULO . . 139

    I I I . IGREJA E ESTA D O ..........................................................143a. Decreto sbre as eleies papaisb . Carta do Snodo de W orms a Gregrio VIIc. Deposio de H enrique IV por Gregrio VIId. Carta de Gregrio V II ao Bispo de Metz

    IV . O FIM D A LU TA SBRE AS IN V ESTID U RA S ................. 154a. Concordata de W orms: 1. Acrdo do Papa Calixto II

    2. Edito do Imperador H enrique Vb. Inocncio III sbre o imprio e o papado: A Lua e o Sol

    V . O PAPA E AS ELEIES IM P E R IA IS .................................... 156V I . A BULA CLERICIS LA IC O S ................................................... 157

    V II. A BULA "U N A M S A N C T A M " ..................................................... 159

  • M O N A S T 1CISM O E F R A D E S

    I . A REGRA D E SO B EN TO ........................................................ 161II . A REGRA D E SO FRANCISCO ............................................ 175

    SECO IV

    IG REJA E H E R E SIA

    I . A INQUISIO EPISCOPAL E O PO D ER SECULAR . . . . 180II. A JU STIFICAO D A IN Q U ISI O ..................................... 181

    SECO V

    0 M O V IM E N T O C O N C IL IA R

    I . O D EC R ETO "S A C R O S A N C T A DO C O N C L IO D EC O N ST A N A ....................................................................................... 183

    II . A BULA E X E C R A B 1L IS D E PIO II ........................................ 184

    SECO VI

    ESC O LASTIC ISM O

    I . A PROVA O N TO L G IC A D E ANSELM O SBRE AEX ISTN C IA D E DEUS ................................................................ 185

    II. A D O U T R IN A D E A N SELM O SBRE A EXPIAO . . . 186III . TO M S D E A Q U IN O ...................................................................... 188

    a. Sbre a fb. Sbre a encarnaoc. Sbre a expiaod . Sbre a eucaristia: A doutrina da transubstanciao

    SECO VII

    A IG REJA N A IN G L A T E R R A A T A R E F O RM A

    I . GREGRIO, O G RA N DE, E A IGREJA D A IN G LA TER R A 201a. Carta de Gregrio a Eulgio, Patriarca de Alexandriab . Conselho de Gregrio a Agostinho sbre a proviso litrgica

    para a Inglaterrac. Esquema de Gregrio para a organizao da Igreja da In

    glaterraII. O PRIM EIRO SN O D O N A C IO N A L D A IGREJA DA

    IN G LA TER R A ..................................................................................... 203III . G U ILH ERM E, O C O N Q UISTA D O R, E A IGREJA ............. 205

    a. Recusa de fidelidade ao papab. A supremacia real

  • IV . H E N R IQ U E E ANSELM O ............................................................ 206a. A posio constitucional do arcebispo Carta de H enrique

    a Anselmob. O acrdo de Bec

    V . A C O N STITU I O D E C L A R EN D O N .................................. 208

    V I. O IN T E R D IT O PAPA L SBRE A IN G L A T E R R A ............... 212V II. E N TR EG A D O R E IN O AO PAPA POR JOO .................... 214

    V III. A CA RTA ECLESISTICA D E JOO ................................. 215

    IX . AS CLUSULAS ECLESISTICAS D A M AGNA CA R TA . 217X . W Y C LIFFE E OS LOLARDOS ...................................................... 218

    a. As proposies de Wycliffe condenadas em Londres e noConcilio de Constana

    b. As concluses dos Lolardosb. D e haeretico comburendo

    SECO VIII

    A R E F O R M A N O C O N T IN E N T E EU ROPEU

    I. A REFORM A L U TER A N A ............................................................ 228a. A bula "Unigenitus de Clemente VIb . O mecanismo das indulgnciasc. As noventa e cinco teses de Luterod . A disputa de Leipzige. Dois tratados de 1520: 1. Aplo nobreza germnica

    2. O cativeiro babilnico da Igrejaf. A Dieta de W ormsg o catecismo breveh . A confisso de Augsburgo

    II. O CALVINISM O ................................................................................ 263

    III. A PAZ D E AUGSBURGO .............................................................. 266

    IV . O E D IT O D E N A N T E S ................................................................. 267V I. A PAZ D E W ESTF LIA .............................................................. 268

    SECO IX

    A R EFO RM A N A IN G L A T E R R A

    I . A REFORM A SOB H E N R IQ U E V III ...................................... 269a. A submisso do clerob. O princpio legal restrio dos apelosc. O princpio eclesistico: O ato da dispensad . O ato de supremaciae. A abjurao da supremacia papal pelo clero

  • f. A condenao de H enrique pelo papag. O s seis artigos

    II. O ESTA BELECIM EN TO ELISA BETAN O .............................. 275a. O Ato de Supremaciab . A bula papal contra Elisabete

    SECO X

    IG R E JAS D ISS ID E N T E S N A IN G L A T E R R A

    I. O PRESBITERIANISM O .................................................................. 278

    II. CONFISSES BATISTAS D E F ................................................. 282a. A primeira confissob. A segunda confisso

    III . OS IN D E P EN D E N TE S (CO N G R EG A CIO N A LISM O ) . . . . 284

    IV . OS QUACRES ....................................................................................... 287V . A ORGANIZAO DOS M ETODISTA S ................................ 291

    a. O ttulo de declaraob. O plano de pacificaoc. O ttulo modlo de depsito

    SECO XI

    A IG REJA R O M A N A D ESD E A C O N TR A -R E F O R M A A T 0 P R E SE N TE

    I . OS JESUTAS ..................................................................................... 294a. Regras para pensar com a Igrejab. Obedincia dos jesutas

    II. O CO N CILIO D E T R E N T O ....................................................... 297a. Sbre a escritura e a tradiob. Sbre o pecado originalc.. Sbre a justificaod. Sbre a eucaristiae. Sbre a penitnciaf. Sbre o santssimo sacrifcio da missag . Sbre o purgatrio e a invocao dos santosh . Sbre as indulgncias

    III. A PROFISSO D E F T R ID E N T IN A ....................................... 303^ IV . O ARM INIANISM O .......................................................................... 305

    - .V . O JANSENISM O: As Cinco Proposies ................................ 306

    V I. A DECLARAO G ALICANA ..................................................... 307

    V II. A D O U TR IN A D A IM ACULADA CO N CEI O ................. 308V III. O SLABO D E ERROS .................................................................... 309

  • X I. A D O U T R IN A DA IN FA LIB ILID A D E PAPAL ................... 310

    X . O PAPA LEO X III E AS O RD EN S A N G L IC A N A S .......... 311X I. A IGREJA ROM ANA E OS PROBLEM AS SOCIAIS ............ 312

    a. Rerum Novarumb. Quadragsimo A nnoc. Mater et Magistra

    X II . A D O U T R IN A D A ASSUNO DA BEM -AVENTURADAVIRGEM M ARIA ................................................................................. 319

    SECO XII

    A IG REJA IN G L SA N O S SCU LO S X V II A X IX

    I . O ANGLICA N ISM O D O SCULO XVII .................................... 321a. A Igreja da Inglaterrab. A Igreja Catlicac. O catolicismo romanod . A justificaoe. A eucaristia: 1. Lancelot Andrewes 2. Jeremias Taylorf. A confissog . A orao pelos mortos

    II. A CONTROVRSIA D ESTIC A DO SCULO XV III .......... 334a. M atthew Tindalb. John Toland

    III. O M O V IM EN TO D E O X FO RD ........................................ 338a. O Sermo do T ribunalb . O Tratado XC __ .......... ..........._

    V I. AS ORD EN S A N GLICA N AS ........................................................ 345

    SECO XIII

    A U N ID A D E C R IST

    I . UM A PLO PARA REU N I O ..................................................... 350II. A IGREJA O R TO D OX A E AS O RD EN S A N GLICA N AS . . 353

    III. AS IGREJAS VELHO-CATLICAS E A C O M U N H O A N GLICAN A ................................................................................................ 353

    IV . A IGREJA D O SUL DA N D IA ....................................... 354

    V . O C O N SELH O M U N D IA L D E IGREJAS ............................ 357a. Constituio do Conselho M undial de Igrejasb. Em enda da Base da Constituio

    Apndice A Um a lista de conclios .................................... 360Apndice B Bibliografia ......................................................... 361N D IC E REMISSIVO .................................................................. 363

  • Os estudiosos a Histria Eclesistica sempre se ressentiam, nos pases de fala portuguesa, da ausncia quase completa dos textos e documentos cristos que fizeram poca e criaram histria. verdade que existem hoje em dia grandes e valiosas colees de tais textos, quer Tias lnguas originais em que foram compostos, quer nas principais lnguas modernas. Mas nenhuma coleo digna dste nome existia em portugus. Da ter a A STE , em boa hora, decidido fazer verter para o vernculo a conhecida obra de Bettenson.

    Nesta obra todos os documentos esto vertidos para o ingls, exceto aquelas que foram originalmente compostos nesta lngua. E como a traduo do autor podia s vzes deixar lugar a dvidas quanto ao verdadeiro sentido de determinada passagem), foram consultados os documentos originais sobretudo os em grego e latim para que a verso portugusa reproduzisse a maneira mais fiel possvel aqules venerveis ocumentos a igreja antiga.

    Bettenson pertence Igreja Anglicana. Por isto compreensvel que tenha reservado grande espao aos ocumentos que se referem origem e ao esenvolvimento a Igreja na Inglaterra , sobretuo a partir a Reforma. Como se trata e ocumentos que no tm maior intersse para as outras confisses crists, tomamos a liberdade e resumir alguns ocumentos mais extensos e e omitir outros que, a nosso juzo, s tinham intersse especial para as igrejas e traio anglicana e episcopal.

    Era inteno os responsveis pela trauo portugusa aproveitar o espao ganho pela omisso aqulas partes para inserir na presente eio portugusa de Bettenson os principais ocumentos referentes Igreja no Brasil, tanto romana como evanglica. Mas. como para tanto se requer um longo trabalho e pesquisa e coleta, no foi possvel apresentar, nesta edio, tais ocumentos. Esperamos que numa edio futura ou numa obra original algum professor e Histria Eclesistica nos presenteie com um florilgio e textos referentes j longa e movimentaa histria a Igreja e Jesus Cristo na Terra e Santa Cruz.

  • A presente obra tem uma evidente finalidade ecumnica. No h outro estudo mais proveitoso para ampliar nossas idias e quebrar nosso unilaterlismo confessional do que ler e meditar a vasta messe de documentos cristos de vinte sculos, colecionados na presente obra. Atravs dles comeamos a compreender como a Igreja de todos os sculos ao mesmo tempo divina e humana; divina no Esprito e Deus evidentemente presente em tdas as renovadas tentativas e formular a Palavra Bevelaa; humana demasiadamente huma/na, s vzes na maneira limitada, e condicionada pelo tempo, de apresentar aquela divina Palavra. Mas, a Palavra do Senhor permanece para sempre.

    H. A. Simon

  • P R E F C I O

    Nesta seleo de documentos cristos, gniou-nos o desejo de proporcionar a leitores e curiosos em geral dados referentes ao desenvolvimento da Igreja e de suas doutrinas. Um tomo reduzidssimo, como ste, abarcando tantos sculos de reflexo sbre matria to dilatada, no pretende trazer coisas desconhecidas do especialista. Apenas esperamos que aqui, reunida num s volume, se encontre grande parte dos documentos disseminados em obras de carter mais geral. No evitaramos lacunas considerveis e bvias: a mais evidente, talvez, o nosso silncio absoluto sbre a Igreja Oriental a partir do Grande Cisma at o ano 1922. Postos a omitir muitas coisas e cientes do fato inegvel, embora lastimoso, de que entre ns o estudo, mesmo sumrio, da Igreja Oriental de aps-cisma campo reservado a especialistas, pareceu-nos de bom alvitre no tocar num assunto que, em obra dste tamanho e propsito, no podia ser tratado adequada e proveitosamente.

    Via de regra, temos pensado mais til transcrever poucos documentos de alguma substncia, do que um retalho de mil fragmentos; aceitando o risco de certo desequilbrio, optamos por agrupar documentos relacionados entre si, e abandonar a marcha cronolgica e o surto desconexo dos diferentes temas ao longo da Histria. Tambm preferimos no dispensar igual cuidado a qualquer matria tratada; mas, a assuntos de maior monta e mais faltos de explicao, dedicamos anotaes e comentrios mais explcitos.

    bem improvvel que se encontrem duas pessoas concordan- tes sbre o material a se incluir ou excluir e, menos ainda, sbre a melhor classificao da matria escolhida. Decidimos, pois, dividir a obra em duas partes bastante desproporcionais. A primeira trata da Igreja Primitiva, termina com o quarto Concilio Ecumnico, que promulgou a srie de definies e decretos considerados por todos os historiadores como expresso da unanimidade alcanada na antiga Igreja Universal.

  • Uma primeira seco dedicada s relaes exteriores da Igreja, a seus progressos como organizao inicialmente no reconhecida, perseguida pelo Estado, logo tolerada, depois entronizada e tornada conscia do Imprio, finalmente capaz de afirmar sua preponderncia sbre o poder secular. As outras seces, com exceo da ltima, tratam do desenvolvimento doutrinai da poca, da formao gradual dos instrumentos de f e culto. Para concluir esta primeira parte, damos a transcrio do Cnon Yicentino, pedra de toque da ortodoxia antiga. ste registro de documentos relativos a controvrsias altas e freqentemente amargas seguido de uma nomenclatura sucinta de inscries crists, tiradas especialmente das catacumbas: elas ilustraro o cristianismo popular dos primeiros sculos; sbre um assunto de tanto intersse contentemo-nos com sua luz parca e parcial, j que nada mais nos resta a no ser raros fragmentos de papiros que no relatam coisas de valor.

    Na segunda parte, bem mais rica, no procedia mais a coordenao em base de documentos doutrinais; optamos pela ordem cronolgica, salvo no relacionado com a Igreja Anglicana, cuja documentao ocupa lugar parte. Digamos desde j, uma simples olhada nestas pginas, alis, o manifesta que nossa recompilao obedece ao ponto de vista anglicano, justificando-se assim a grande proporo de textos f anotaes sbre a Igreja Anglicana. Algum argir que a insero de tantos documentos legais, muito extensos, relativos aos reinados de Henrique V III e Elisabete, se fz custa de outros mais valiosos. Respondemos que a situao e o carter peculiar da Igreja Anglicana s se tornam compreensveis luz de textos que evidenciam o caminho que a levou a emancipar-se de Roma e definir suas relaes explcitas ou implcitas com o Estado.

    As fontes dste florilgio se indicam na Bibliografia. O editor reconhece suas dvidas, especialmente s colees de Kidd, Denzinger, Mirbt e Gee and Hardy. Uma nota especial faz constar a autorizao de reproduzir textos amparados por Copyright.

    Nossas introdues e notas no reivindicam qualquer originalidade; apenas ns nos responsabilizamos pelos erros e inexatides que acaso se tenham introduzido. Para a primeira parte, confessa- mo-nos devedores, particularmente, a Bethune-Baker (Introduction in the H istory of Early Christian D octrine). Para a segunda, devemos muito s obras-primas, ricas de erudio condensada, de M. Deanesley (The H istory of the Moern Church) e de J . W . C. Wand (The H istory of the Moern Church).

  • Tda vez que rodaps no indiquem alguma fonte especial, assumimos a responsabilidade das tradues; na maioria dos casos, porm, nossas verses foram diligentemente comparadas e revisadas sbre anteriores tradues: a Bibliografia indica as autoridades consultadas.

    Quando, na parte reservada Igreja Anglicana, abreviamos algum documento, sempre remetemos a Gee and Hardy, onde os textos se acham completos.

    Setembro de 1942

  • A G R A D E C I M E N T O S

    Devemos agradecer, pela gentil concesso de usar textos de sua propriedade, a:

    H . M. Stationery Office (Statues of the B ealm ).

    Srs. Longmans, Green & Co. (Darwell Stone: H istory of the Doctrine of the Eucharist) .

    Srs. Macmillan & Co. (Henry Gee and W . J . Hardy: Documents lllustrative of English Church H istory) .

    Srs. Methuen & Co. (R . G. D . Laffan: Select Documents of European H istory; and W . F . Reddaway: Select Documents of European H istory) .

    The S. P. C. K. (P . E . More and F . L . Cross: Anglicanism).

    The Clarendon Press (B . J . Kidd: Documents of the Continental B eform ation).

  • A IGREJA PRIMITIVA

    (AT O CONCLIO DE CALCEDNIA, EM 451)

  • A IGREJA E O MUNDO

    I . AUTORES CLSSICOS E O CRISTIANISMO

    a. Tcito (c .60-c .l20)0 julgamento e Pompnia Grecina, 57 a .D .

    Tcito, Annales, X I I I .32

    Pompnia Grecina, dama da alta sociedade (espsa de Aulo Plucio1 qne fz jus, como j mencionado, vocao com sua campanha contra a Gr-Bretanha), foi acusada de aderir a uma superstio importada; o prprio marido a entregou; seguindo precedentes antigos, apresentou aos membros da famlia o caso que envolvia a condio legal e a dignidade da espsa. Esta foi declarada inocente; Pompnia, porm, passou a transcorrer sua longa vida em constante melancolia: morta Jlia,2 filha de Druso, viveu ainda quarenta anos trajando luto e fartando-se de tristeza. Sua absolvio, ocorrida em dias de Cludio, veio a ser-lhe motivo de glria.

    [Conjeturou-se que esta superstio importada no era outra seno o cristianismo. Citam-se em abono desta hiptese inscries do sc. I II mencionando como cristos membros da gens pomponia. Para a sociedade depravada da era de Nero, a austeridade e o retraimento de Pompnia s podiam ser um luto perptuo (Fumeaux, Tac. Ann. ad loc.).]

    A Perseguio e Nero, 64 Tcito, Annales, X V .44

    Mas os empenhos humanos, as liberalidades do imperador e os sacrifcios aos deuses no conseguiram apagar o escndalo e silenciar

    1. Conquistou a parte sul da Bretanha, 43-47 a .D .2 . Bisneta de Pompnia, filha de tico. Morreu em 43 a .D .

  • os rumores de ter ordenado3 o incndio de Roma. Para livrar-se de suspeitas, Nero culpou e castigou,4 com supremos refinamentos da crueldade, uma casta de homens detestados por suas abominaes5 e vulgarmente chamados cristos. Cristo, do qual seu nome deriva, foi executado por disposio de Pncio Pilatos durante o reinado de Tibrio. Algum tempo reprimida, esta superstio perniciosa voltou a brotar, j no apenas na Judia, seu bero, mas na prpria Roma, receptculo de quanto srdido e degradante produz qualquer recanto da terra. Tudo, em Roma, encontra seguidores. De incio, pois, foram arrastados todos os que se confessavam cristos; logo, uma multido enorme convicta no de ser incendiria, mas acusada de ser o oprbrio do gnero humano. Acrescente-se que, uma vez condenados a morrer, sua morte devia servir de distrao, de sorte que alguns, costurados em peles de animais, expiravam despedaados por cachorros, outros morriam crucificados, outros foram transformados em tochas vivas para iluminar a noite. Nero, para stes festejos, abriu de par em par seus jardins, organizando espetculos circenses em que le mesmo aparecia misturado com o populacho ou, vestido de cocheiro, conduzia sua carruagem. Suscitou-se assim um sentimento de comiserao at para com homens cujos delitos mereciam castigos exemplares, tanto mais quanto se pressentia que eram sacrificados no para o bem pblico, mas para satisfao da crueldade de um indivduo.

    b. Suetnio ( c .75-160)Os judeus so expulsos de Roma, c . 52 Suet. Vita Claudii, X X V .4 (cf. At 18.2)

    . . . Como os judeus, instigao de Cresto, no deixassem de provocar distrbios, [Cludio] os expulsou de R om a...

    [Provvelmente alude a querelas entre judeus e doutores cristos.]

    A perseguio de Nero, 64 Suet. Vita Neronis, XYI

    Durante seu reinado, muitos abusos, foram severamente castigados e,outras tantas leis promulgadas. Determinou-se um limite aos,gastos; os banquetes pblicos .foram reduzidos s alimentao;

    3 . O grande incndio de Roma se deu no vero de 64 a .D .4 . Subdidit: usou de fraudulenta substituio, ou de sugesto falsa. Tcito' no cria na culpa dles.5 . Infanticdio, canibalismo, incesto, etc. foram acusaes levantadas contra os

    cristos. Somos acusados de trs coisas: atesmo, comermos nossos prprios filhos e haver entre ns relaes sexuais entre filhos e mes. Atengoras, Legatio pro Christianis, III , f. pg. 17.

  • as tabernas, que outrora forneciam tda classe de guloseimas, doravante venderiam apenas legumes e verduras cozidas; castigou-se aos cristos sectrios que aderiram a supersties novas e malficas; ps-se um freio s pulhas e aos abusos dos cocheiros que, fortes de uma longa imunidade, se arrogavam o direito de usar e abusar da gente, de se divertir roubando e defraudando; foram banidas as pantomimas e companhias teatrais.

    c. Plnio, o Jovem (62-C.113)Os cristos e Bitnia, c. 112

    Plnio, E pp. X (a Trajanem), XCVI

    Tenho por praxe, Senhor, consultar Yossa Majestade, nas questes duvidosas. Quem melhor dirigir minha incerteza e instruir minha ignorncia? Nunca tenho presenciado julgamentos de cristos, ignoro, pois, as penalidades e instrues costumeiras, e mesmo as pautas em uso. [2] Estou hesitando acrca de certas perguntas. Por exemplo, cumpre estabelecer diferenas e distines de idade? Cabe o mesmo tratamento a enfermos e a robustos? Deve perdoar-se a quem se retrata? A quem foi sempre cristo, compete gratificar quando deixa de s-lo? H de punir-se o simples fato de ser cristo, sem considerao a qualquer culpa, ou exclusivamente os delitos encobertos sob ste nome?6

    Entretanto, eis o procedimento que adotei nos casos que me foram submetidos sob a acusao de cristianismo. [3] Aos incriminados pergunto se so cristos. Na afirmativa, repito a pergunta segunda e terceira vez, cuidando de intimar a pena capital. Se persistem, os condeno morte. No duvido que sua pertincia e obstinao inflexvel devem ser punidas, seja qual fr o crime que confessem. [4] Alguns apresentam indcios de loucura; tratan- do-se de cidados romanos, os separo para os enviar a Roma. Mas o que geralmente se d o seguinte: o simples fato de julgar essas causas confere enorme divulgao s acusaes, de modo que meu tribunal est inundado com uma grande variedade de casos..[5] Recebi uma lista annima com muitos nomes. Os que negaram ser cristos, considerei-os merecedores de absolvio; de fato, sob minha presso, devotaram-se aos deuses e reverenciaram com incenso e libaes vossa imagem colocada, para ste propsito, ao lado das esttuas dos deuses, e, pormenor particular, amaldioaram a Cristo,

    6- Ver nota preliminar, pg. 27.

  • eoisa que um genuno cristo jamais aceita fazer. [6] Outros inculpados da lista annima comearam declarando-se cristos, e logo negaram s-lo, declarando ter professado esta religio durante algum tempo e renunciado a ela h trs ou mais anos; alguns a tinham abandonado h mais de vinte anos. Todos veneraram vossa imagem e as esttuas dos deuses, amaldioando a Cristo. [7] Foram unnimes em reconhecer que sua culpa se reduzia apenas a isso: em determinados dias costumavam comer antes da alvorada e rezar res- ponsivamente7 hinos a Cristo, como a um deus; ohrigavam-se por juramento,8 no a algum crime, mas absteno de roubos, rapinas, adultrios, perjrios e sonegao de depsitos reclamados pelos donos. Concludo ste rito, costumavam distribuir e comer seu alimento: ste, alis, era um alimento comum e inofensivo. Prticas essas que deixaram depois do edito que promulguei, de conformidade com vossas instrues proibindo as sociedades secretas. [8] Julguei bem mais interessante descobrir que classe de sinceridade h nessas prticas: apliquei tortura a duas mas chamadas diaconisas9. Mas nada achei seno superstio baixa e extravagante. Suspendi, portanto, minhas observaes na espera do vosso parecer. [9] Creio que o assunto justifica minha consulta, mormente tendo em vista o grande nmero de vtimas em perigo: muita gente de tdas as idades e de ambos os sexos corre risco de ser denunciada, e o mal no ter como parar. Esta superstio contagiou no apenas as cidades, mas as aldeias e at as estncias rurais. Contudo o mal ainda pode ser contido e vencido. [10] Sem dvida, os templos que estavam quase desertos so novamente freqentados; os ritos sagrados h muito negligenciados, celebram-se de nvo; onde, recentemente, quase no havia comprador, se fornecem vtimas para sacrifcios. sses indcios permitem esperar que, dando-lhes oportunidade de se retratar, legies de homens sejam suscetveis de emenda.

    7. carmen.. . dicere secum invicem carmen traduz-se geralmente por hino, mas pode significar diversas formas estabelecidas de poema. Aqui, prov- velmente, designa um responso ou um salmo antifonal, ou determinada forma de ladainha.

    8. Sacramentum palavra tomada pelos cristos pode afigurar-se aos romanos como conspirao. Os conspiradores de Catilina maquinaram um sacramentum ( Salstio, Cat- X X II).

    9. ministrqe, equivalente sem dvida do grego dikonoi: neste caso, aqui temos a ltima meno das diaconisas at o quarto sculo, momento em que elas reconquistaram certa importncia no Oriente. No Ocidente elas parecem no ter sido conhecidas at seu r< cente estabelecimento no ministrio da Igreja Anglicana.

  • A poltica de Trajano para com os cristos Trajano a Plnio (Plin. Epp. X .X C Y II)

    No exame das denncias contra feitos cristos, querido Plnio, tomaste o caminho acertado. No cabe formular regra dura e inflexvel, de aplicao universal. [2] No se pesquise. Mas se surgirem outras denncias que procedam, aplique-se o castigo, com esta ressalva de que se algum nega ser cristo e, mediante a adorao dos deuses, demonstra no o ser atualmente, deve ser perdoado em recompensa de sua emenda, por muito que o acusem suspeitas relativas ao passado. No merecem ateno panfletos annimos em causa alguma; alm do dever de evitarem-se antecedentes inquos, panfletos annimos no condizem absolutamente com os nossos tempos.

    II . CRISTIANISMO B ENSINO ANTIGO

    a. A opinio liberal A luz que ilumina todo homem Justino, Apologia (c . 150), I .X L V I.1-4

    Para afastar a gente de nossos ensinos, outros brandiro contra ns o argumento desarrazoado de que ns afirmamos que Cristo nasceu, h 150 anos; em tempos de Quirino, que ensinou, em tempos de Pncio Pilatos, a doutrina que ns lhe atribumos, e criticar-nos-o, pois, dizendo que no temos em considerao tantos homens nascidos antes de Cristo. Convm que desfaamos essa dificuldade. [2] Temos aprendido que Cristo o primognito do Pai, e aeaba- mos de explicar que le a razo, (o Yerbo) da qual participa tda razo humana, [4] e aqules, pois, que vivem de conformidade com a razo so cristos, muito embora sejam reputados como ateus. Assim Scrates e Herelito entre os gregos e, como les, muitos outros.. .

    Apologia I I .X III

    Quando chegam aos meus ouvidos as maliciosas contrafaes que, atravs de relatos falsos, lanam os demnios contra a doutrina divina dos cristos para dela afastar os homens, eu me rio das falsificaes e dos preconceitos do vulgo. [2] Declaro que, com todo meu ser, orei e me esforcei para que se reconhea em mim um cristo, no porque as doutrinas de Plato sejam contrrias s doutrinas de Cristo, pois no so, em todos seus aspectos, como as doutrinas de

  • Cristo. E assim acontece igualmente com os ensinamentos dos demais: esticos, poetas e prosadores. [3] Em todos que corretamente discursaram percebemos que os pontos que se harmonizam com o cristianismo10 se devem participao de suas mentes com a razo seminal de Deus (Verbo), mas aqules que opinaram contrriamente [ao Evangelho] apresentam-se destitudos do conhecimento invisvel e da sabedoria irrefutvel. [4] Tudo quanto, por algum homem, em algum lugar, foi opinado aeertadamente, pertence a ns, cristos, porquanto ns, em presena de Deus, adoramos e amamos a razo (o Verbo) que procede do Deus encarnado e inefvel. Visto que essa razo, por nossa causa, se fz homem e compartilhou de nossos sofrimentos, ela pde igualmente trazer-nos a salvao. [5] Ora, a todos os autores foi dada a possibilidade de obscuramente discernir a verdade em virtude da semente inata da razo que havia nles. [6] Uma coisa a semente e a reproduo de uma realidade concedida segundo a capacidade natural do homem ; outra coisa bem diferente a realidade em si, cuja participao e reproduo so concedidas segundo a graa.

    b. A opinio negativa, A sabedoria dste sculo Tertuliano ( c .160-240), Be praescr. haeret. ( c .200), VII

    A filosofia a matria bsica da sabedoria mundana, intrprete temerria da natureza e da ordem de Deus. De fato, a filosofia que equipa as heresias. Ela a fonte dos eons, das formas infinitas e da trindade do homem no sistema de Valentino11. Ela gerou o deus Mrcion12, o bom Deus do sossgo que vem dos esticos. Quando Mrcion afirma que a alma perece, obedece a Epicuro; quando nega a ressurreio da carne, segue o parecer de uma entre tdas as filosofias; quando confunde matria e Deus, repete a lio de Zeno; quando alude a um deus de fogo, torna-se aluno de Her- clito. Hereges e filsofos manipulam o mesmo material e examinam os mesmos temas, a saber, a origem e a causa do mal; a origem e o como do homem, e uma questo ultimamente colocada por Valentino a origem do prprio Deus: Valentino responde que Deus provm de enthymsis e e ktrma..13

    10. t syggens talvez que lhe correspondem, cf. 6, de acrdo com as capacidades humanas .

    11. Vide pg. 168.12. Vide pg. 170.13. enthymsis concepo (ou, talvez, atividade mental ), uma impor

    tante e difcil parte da complicada cosmogonia e teogonia de Valentino. ktrma, abrto, era um trmo aplicado ao mundo catico antes de sua organizao e manuteno com uma alma intelectual.

  • miservel Aristteles! que lhes proporcionaste a dialtica, sse artfice hbil para construir e destruir, sse verstil camaleo que se disfara nas sentenas, se faz violentos nas conjeturas, duro nos argumentos, que fomenta contendas, molesta a si mesmo, sempre recolocando problemas antes mesmo de nada resolver. Por ela proliferam essas interminveis fbulas e genealogias, essas questes estreis, sses discursos que se alastram, qual caranguejos, e contra os quais o Apstolo nos adverte terminantemente na sua carta aos Colos- senses: Cuidado que ningum vos venha a enredar com sua filo- sofia e suas sutilezas vazias, acordadas s tradies humanas, mas contrrias providncia do Esprito Santo . ste foi o mal de A ten a s ... Ora que h de comum entre Atenas e Jerusalm, entre a Academia e a Igreja, entre os hereges e os cristos? Nossa formao nos vem do prtico de Salomo, ali se nos ensinou que o Senhor deve ser buscado na simplicidade do corao. Reflitam, pois, os que andam propalando seu cristianismo estico ou platnico. Que novidade mais precisamos depois de Cristo ? . . . que pesquisa necessitamos mais depois do Evangelho? Possuidores da f, nada mais esperamos de credos ulteriores. Pois a primeira coisa que cremos que, para a f, no existe objeto ulterior.

    c. Outro liberal

    Clemente de Alexandria ( c .200). Stromateis, I .V .2 8

    At a vinda do Senhor a filosofia foi necessria aos gregos para alcanarem a justia. Presentemente ela auxilia a religio verdadeira emprestando-lhe sua metodologia para guiar aqules que chegam f pelo caminho da demonstrao. De fato, se atribuis Providncia todo bem, quer pertena a gregos, quer seja nosso, teu p no tropear . Deus fonte de tdas as coisas boas. basicamente dalgumas, como o Antigo e o Nvo Testamentos, conseqentemente de outras, como da filosofia. Pode ser que, bsicamente, aos gregos concedeu-se a filosofia at que foi possvel ao Senhor vocacionar os gregos. Assim a filosofia foi um pedagogo que levou os gregos a Cristo, como a lei levou a Cristo os hebreus. A filosofia foi um preparo que abriu caminho perfeio em Cristo.

  • II I . IGREJA E ESTADO

    (Acerca da poltica de Nero e Trajano, ver acima pgs. 27 e 28) a. O rescrito de Adriano a Caio Mincio Fundano,

    procnsul da sia, c. 152[Copiado do original fornecido por Tirano Rufino (345-P410), na traduo

    de Eusbio, H .E . IV .IX . (Justino, Apol. I.L X IX , conserva o texto original vertido no grego) . ]

    lio Adriano Augusto a Mincio Fundano procnsul, sade. Recebi cartas enviadas por Sernio Graniano, homem esclarecido, teu predecessor. No me agrada que o assunto seja decidido sem diligente exame, pois no quero que inofensivos sejam perturbados e que .delatores caluniosos achem ocasio para exercer seu vil ofcio. [2] Portanto, se, nas suas demandas contra os cristos, os morado

    res das provncias podem estar presentes e responder ante o tribunal, no tenho objeo a que se d curso ao juzo. Mas no permitirei que sejam admitidas apenas exigncias barulhentas e gritarias. Ser, pois, justo se algum pretende acus-los, que tu tomes conhecimento das acusaes. [3] Mas se algum os acusar e provar que desrespeitaram a lei, sentencia-os conforme o seu delito. Mas, e nisso

  • acreditamos que a sade do Imperador descanse em mos de chumbo. Vs sois, no entanto, os religiosos, y s que procurais a prosperidade imperial ali onde ela no est e a solicitais de quem no a pode dar, negligenciando o nico que tem o poder de a dispensar. Pelo contrrio, perseguis a quem sabe implor-la e, portanto, consegui-la.

    X X X . Encomendamos a sade do Imperador ao Deus Eterno, verdadeiro e vivo, precisamente quele que os mesmos imperadores, alm dos outros deuses, desejam lhes seja propcio. Pois no ignoram de quem les tm recebido o imprio. . .

    X X X I. Mas direis que para burlar a perseguio que agora estamos a adular o Imperador e a fingir essas soadas preces. . . Examinai a Palavra de Deus. nossas Escrituras: no as dissimulamos ; muitas casualidades tm-nas colocado em mos profanas. Delas, pois, aprendei que se nos faz preceito de sobreabundar em benigni- dade, de rogar inclusive pelos inimigos e implorar por quem nos persegue14. Ora, que maior inimigo e que maior perseguidor de cristos do que aqules que nos acusam da traio? A Escritura, no entanto, manifesta e imperiosamente nos manda: Orai pelos reis, pelos prncipes e podres, para que tdas as coisas redundem em vossa paz15. Na realidade, se o imprio fsse perturbado e seus membros abalados, ns tambm, por muito alheios que nos guardssemos da desordem, no escaparamos da calamidade.

    X X X II. Outra e maior necessidade compele-nos a orar pelos, imperadores e, conseqentemente, pelo Estado e pelos intersses romanos. Sabemos que somente a continuidade do imprio16 adiar a revoluo em marcha sbre o mundo, a runa das estruturas com seu espantoso sqito de pesares. Livre-nos Deus destas calamidades ? Assim, cada vez que oramos pela suspenso das ameaas, trabalhamos para a estabilidade de Roma. . . Nos imperadores reverenciamos o prprio juzo de Deus que quem os preps s naes. . .

    d . A perseguio de Nero Martrio dos Santos Pedro e Paulo

    Clemente Romano, ad Corinthios ( c .95), V

    Falemos dos heris mais prximos a ns. . . os excelentes apstolos . . . Pedro, injustament invejado, sofreu, no um ou dois, mas

    14. Mt S.44.15. 1 Tm 2 .2 .16. Cf. 2 Ts 2 .6, aquilo que o detm, na Igreja primitiva foi geralmente inter

    pretado como o poder de Roma.

  • inmeros desgostos e, aps prestar seu;testemunho, marchou ao merecido lugar na glria. Paulo, suportando cimes e rivalidades, experimentou o valor da constncia: sete vzes encadeado, desterrado, apedrejado, levou o Evangelho ao Oriente e ao Ocidente, fazendo-se nobremente famoso por sua f . Aps ensinar a justia.ao mundo inteiro e tocar os confins do Ocidente, prestou seu testemunho diante dos soberanos e, deixando o mundo, entrou no lugar santo. No cabe maior exemplo de pacincia. : 1 - ;

    e. O martrio de Policarpo, bispo .de Esmirna, 155 Do H artyrium Polycarpi [Carta.da Igreja de Esmirna;

    o primeiro martirolgio]

    A Igreja de Deus estabelecida em Esmirna Igreja de Deus estabelecida em Filomlio e s Igrejas de todos os lugares que so partes da Igreja santa catlica: a misericrdia, a paz e a caridade de Deus Pai e de Nosso Senlior Jess Cristo vos sejam concedidas abundantemente.

    Escrevemos, irmos, a respeito dos ' que testemunharam em particular o bem-aventurado Poliearpo4 que; com seu martrio, selou e ps fim perseguio. Os acontecimentos que provocaram su martrio foram usados pelo Senhr para 'nos dar uma imagem do martrio segundo o Evangelho. Plicarp aceitou ver-se trado, como o Senhor, para aprendermos imit-lo por nossa vez e a no olharmos para o prprio intersse, ms pra o do prximo, pois o amor autntico e efieiente consiste, para cada um, em querer no apenas a prpria salvao, mas a de todos os irmos.

    I . Felizes e corajosos foram todos os heris da f, conforme a dispensao divina. Atribumos a Deus, cujo poder soberano e universal, os nossos progressos na piedade. No h quem no se maravilhe ante a intrepidez, a pacincia e o divino amor dstes confessores. Foram dilacerados pelos fagelos at o extremo de ver-se-lhes a estrutura de suas carnes, veias e artrias profundas. Suportaram firmes, provocando a comiserao dos espectadores. Tinham alcanado tanta elevao espiritual que no soltavam lamentos nem gemiam. Presenciando seu martrio, compreendamos que, nesta hora, as testemunhas de Cristo estvam fora do prprio corpo- ou, antes, que o Senhor as assistia com sua presena.

    II . Possudos pela graa de Cristo, desprezavam os tormentos; no transcurso de uma hora ganhavam a eterna vida. O mesmo

  • fogo os refrescava, ste fogo dos . earrascos; interiormente pensavam num outro fogo, no fogo: inextinguvel. A sua alma contemplava os bens reservados aos que sofrem, que o lho no viu. nem o ouvido ouviu, nem o corao pressentiu. O Senhor mostrava-lhes stes bens, a les que, deixando de ser homens, se tinham tornado anjos. Finalmente, condenados s feras, os confessores tiveram que enfrentar tormentos espantosos. Foram estirados sbre cavaletes, submetidos a todo gnero de torturas, para que a durao do suplcio os constrangesse a negar sua f.

    III . No faltaram ' Maquinaes dos demnios, mas graas a Deus, nenhum dles foi vencido. Germnico, corajoso sem par, fortalecia a fraqueza dos otrs com o exemplo de sua intrepidez; le foi maravilhoso no combate, contra as feras. O procnsul o conju- rava a que se apiedasse de sua juventude, mas Germnico, desejoso de sair quanto antes dste, mundo injusto e criminoso, atraa sbre si a fera batendo nela.: O imenso populacho, exacerbado com a coragem e piedade dos cristos, prorrompeu em gritos: Morte aos ateus!17 Prenda-se a Poliarpo!

    IV , Somente um fraquejou: Quinto, um frgio acabado de chegar de sua terra; a viso das feras infundiu-lhe o pavor. Quinto era, no entanto, quem havia estimulado os irmos para que se denunciassem a si prprios,espontaneamente e lhes tinha dado o exemplo. O procnsul pde,ta,uto com suas insistncias que Quinto terminou abjurando e sacrificando. Bis por que, irmos, no aprovamos aqules que se entregam espontneamente; alis, ste no o ensino dos Evangelhos. ,:i ;

    Y . O mais admirvel dentre todos os mrtires foi Poliarpo. Ao ser notificado dos horrores praticados, no se perturbou, mas insistiu para permanecer na, cidade. Acabou, porm, acatando a opinio da maioria e se afastou para uma pequena fazenda prxima cidade, a morando com .alguns companheiros, orando dia e noite por todos os homens e tdas as Igrejas do mundo conforme era seu hbito. Enquanto orava, trs dias antes de sua priso, caiu num arrebatamento espiritual e viu sua almofada ardendo. Yoltando-se para seus companheiros, lhes anunciou: Hei de ser queimado vivo.

    V I. Como os que (> andavam procurando no deixassem de persegui-lo, mudou de esconderijo, Nem bem se tinha retirado,

    17. Ura epteto comumente aplicado aos cristos por se recusarem a adorar dolos pagos e por no 'possurem imagens de seu prprio deus.

  • sobrevieram policiais que, no o achando* legaram presos dois escravos moos; um dstes, submetido tOTtura, falou. Poliarpo no mais podia furtar-se, j que os prprios familiares o traam. O chefe da polcia18, que responde ao nome predestinado de Herodes, almejava levar Poliarpo prso ao estdio, ond ste terminaria sua peregrinao compartilhando a sorte de Cristo,; enquanto seus delatores compartilhariam o castigo de Judas, :

    V II. Assim levando consigo b jovem escravo, numa sexta- -feira, na hora da ceia, policiais a . p e outros montados empreenderam a marcha, armados dos ps cabea como se fssem contra ladres. Entrada j a noite, chegaram easa onde se escondia Poli- carpo. Este, deitado num quarto do aiidar superior, teria podido retirar-se para outra fazenda, mas n" quis, declarando apenas: Seja feita a vontade de Deus! Tendo ouvido a voz dos policiais, desceu e entrou em conversao com les. Sua grande idade e calma causaram admirao: no compreendiam que se fizesse tanto alarde para prender um homem to velho. Poliarpo providen- ciou-lhes comida e bebida tanto, quanto: desejavam, a despeito da hora avanada. No solicitou outra recompensa, seno uma hora para livremente orar, que lhe foi eoncedida. Comeou a orar, de p, como um homem cheio da graa divina Durante duas horas, incontivelmente, perseverou orando em . voz alta. Todos olhavam para le estupefatos; muitos lamentavam-se por aprisionarem ancio to divino.

    V III . Terminada sua orao, na qual mencionara a todos, humildes e grandes, ricos e pobres, familiares e amigos, tda a Igreja universal, a hora de partir chegou. Sentaram-no num asno e caminharam para a cidade de Esmirna. Era o dia do grande sbado.

    Encontraram-se com Herodes, o irenarque, e seu pai Nicetas, que o fizeram subir sua carruagem. Sentados a seu lado, procuraram convenc-lo: Ora, que mal h em dizer Senhor Csar e em sacrificar aos deuses como de costume., se assim salvas a vida? Poliarpo decidiu no contestar, mas como insistiam, lhes declarou: No hei de fazer como me aconselhais . Seus dois companheiros, desiludidos, insultaram-no e empurraram-no to brutalmente para fora da carruagem que caiu e machucou as pernas. Poliarpo no se inquietou: com passo alegre e veloz continuou caminhando. O grupo dirigiu-se para o estdio onde o tumulto e a vociferao eram tantos que ningum conseguia deixar-se ouvir.

    18. eirenarchos oficial de paz freqentemente mencionado em inscries.

  • IX . Ao penetrar! no. i recinto, uma voz celestial retumbou: Bom nimo, Policarpo, msta-te viril . Ningum percebeu quem tinha falado, mas irmoS nossos presentes ouviram a voz. Enquanto avanava Policarpo, o timulta atingia o paroxismo: Est prso Policarpo . Finalmente;em presena do procnsul, ste lhe perguntou se era Policarpo. : Ej'ouvida a afirmativa, tentou persuadi-lo com perguntas e exortaes a deixar sua f: Considera tua idade, e semelhantes coisas comp ,. de praxe nos lbios dos magistrados. Como acrescentasse: Jura ,pelo,gnio do Csar19, retrata-te; grita: abaixo os ateus!, Policarpo, muito gravemente, olhando para os pagos que enchiam as escadarias do estdio, e acenando para les, suspirou e exclamou: Abaixo os ateus! O procnsul insistiu: Jura, e te soltarei. Insulta a Cristo . Policarpo respondeu: Oitenta e seis anos h que sirvo a Cristo. Cristo nunca me fz mal. Como blasfemaria eontra meu Rei e Salvador?

    X . O procnsul- irastoii: Jura pela fortuna de Csar . O bispo redargiu: Andas muito enganado se esperas que jure pelo gnio de Csar. J que decides ignorar quem sou, escuta minha declarao: Eu sou cristo. Se dSejas saber o ensino cristo, d-me um dia e escuta-me . Disse ento o procnsul: Persuade-o ao povo . Policarpo retrucou:'5 Na tua presena parecer-me-ia justo explicar-me, porquanto aprendemos a prestar aos magistrados e autoridades estabelecidas por Deus a considerao que lhes devida, na medida em que no contrariem nossa f .

    X I . O procnsul disse: Tenho feras a meu dispor; se no te retratas, entregar-te-i !elas. Ao que respondeu Policarpo: Ordena. Quando ns: efstas morremos, no passamos do melhor para pior; nobre passar d" ml para a justia . Disse ainda o procnsul: Se no te retratas, mandarei que te queimem na fogueira, j que desprezas'-a"feras . Disse ento Policarpo: Amea- as-me com o fogo que' ade :ma hora e se apaga. Conheces tu o fogo da justia vindoura?' Safees tu' o castigo que devorar os mpios? No demores! Sentencia teu arbtrio .

    X II . Policarpo deu estas e outras respostas com alegria e firmeza e seu rosto irraiava a divina graa.' O interrogatrio perturbou no a le, mas ao procnsul. ste acabou mandando seu

    19. Genius ( fortuna, numem) . aesaris. Juramento inventado no perodo de Jlio Csar (Dio C assius,'X L IV .6). No perodo de Augusto certos dias eram reservados para o culto do gnio do imperador; a prtica desenvolveu-se com os ltimos impefadores.

  • arauto proclamar por trs vzes, no meio do estdio, que Poliarpo se confessara cristo. Ento a turba pag e judia no mais conteve sua ira e vociferou: Eis o doutor da sia, o pai dos cristos, o destruidor dos deuses, que, com seu ensino, afasta ofe homens dos sacrifcios e da adorao . Enquanto tumultuavam, algum solicitou ao astarco20 Filipe que soltasse um leo contra o ancio . Filipe recusou, visto j ter terminado com os jogos. Neste caso, ao fogo com le ! Cumprir-se-ia a viso exttica dos dias precedentes, quando o ancio viu sua almofada ardendo e anunciou: Hei de ser queimado vivo .

    X I I I . O desenlace precipitou-se. O povo amontoou lenha e ramos apanhados nas lojas e nos banhos pblicos, distinguindo-se, como de costume, os judeus. Nem bem aprontada a fogueira, Poli- carpo despiu suas vestimentas, tirou sua cinta e tentou descalar-se: ordinriamente no o fazia, porquanto os fiis rivalizavam entre si para o ajudar e tocar seu corpo; tanta era sua santidade que, antes de seu martrio, j era objeto de venerao. Arranjou-se logo algo para o prender fogueira; os carrascos pretendiam pregar seus membros, mas le lhes disse: Deixai-me livre: Aqule que me deu fras para no temer o fogo, fras me dar para permanecer nle sem a ajuda de vossos pregos .

    X IV . No o pregaram; ataram-no simplesmente. Atado a. mos para trs, Poliarpo parecia uma ovelha escolhida na grande grei para o sacrifcio. Levantando os olhos, exclamou: Senhor Deus onipotente. Pai de Jesus Cristo, teu Filho predileto e abenoado por cujo ministrio te conhecemos; Deus dos anjos e dos podres, Deus da Criao universal e de tda a famlia dos justos que vivem em tua presena; eu te louvo porque me julgaste digno dste dia e desta hora, digno de ser contado entre teus mrtires e de compartilhar do clice de teu Cristo, para ressuscitar vida eterna da alma e do corpo na incorruptibilidade do Esprito Santo. Possa eu, hoje, ser recebido na tua presena como uma oblao preciosa e aceitvel, preparada e formada por ti. Tu s fiel s tuas promessas, Deus fiel e verdadeiro. Por esta graa e por tdas as coisas, eu te louvo, bendigo e glorifico em nome de Jesus Cristo, eterno e sumo-sacerdote, teu Filho amado. Por le que est contigo e o Esprito Santo, glria te seja dada agora e nos sculos vindouros. Amm!

    20. O chefe da confederao d cidades da sia (a Commune Asiae) . Presidia os jogos como sumo-sacerdote da sia.

  • X Y . Depois de Poliarpo proferir ste amm, os carrascos acenderam a fogueira e a chama alou-se alta e brilhante. Neste momento presenciamos um sinal e nossa vid foi poupada quem sabe para relatar ste milagre . . . O fogo tomou a forma de uma abbada ou de uma vela inchada pelo vento e rodeou o corpo do confessor. Poliarpo estava de p no como carne que queima, mas como po que se doura ou como ouro ou prata que se purificam. Sentamos um perfume delicioso como de incenso ou armatas preciosos.

    X V I . Finalmente os criminosos sem lei, vendo que seu corpo no podia ser destrudo pelo fogo, mandaram um verdugo para o matar com a espada. Da ferida saiu uma pomba e brotou uma torrente de sangue tal que extinguiu totalmente o fogo. A enorme multido maravilhava-se da diferena entre infiis e eleitos. . .

    f . A perseguio de Leo e Viena, 177 A Epstola das Igrejas Galicanas: ap. Eusbio, H . E . V .I

    Os servos de Cristo que vivem em Viena e Leo da Glia aos irmos estabelecidos na sia e na Frigia, que possuem a mesma f e esperana de redeno que n s: paz, graa e glria da parte de Deus Pai e de Nosso Senhor Jesus Cristo.

    Ns no podemos expressar com palavras, nem pessoa alguma poderia descrever a gravidade dos padecimentos, o furor e raiva dos pagos contra os santos, quantas e quais coisas sofreram os bem-aventurados mrtires. O adversrio caiu sbre ns com todo o mpeto de suas fras.. . No somente fomos expulsos das casas, das termas e do fro, mas, inclusive, fomos proibidos de aparecer em pblico. Mas a glria de Deus pelejou conosco contra o diabo. . .

    Em primeiro lugar, sofreram, com a maior pacincia, quantas coisas podia inventar o populacho em sua perseguio: zombarias, feridas, rapinas, privao de honras fnebres, priso; numa palavra, tudo quanto si imaginar a ral excitada pelo furor e raiva contra seus adversrios e inimigos. Levados ao fro pelos magistrados da cidade21, interrogados e confessos diante de todo o povo, eram lanados ao crcere at a chegada do presidente.. .

    Tambm foram presos alguns de nossos escravos que eram pagos, porquanto o presidente havia decretado que se nos procurasse

    21; Literalmente: comandante de mil homens um trmo comum para um comandante.

  • a todos. les, temendo os tormentos que viam padecer aos santos, impulsionados pelos demnios e instigados pelos soldados, acusaram-nos de comermos s nossos filhos e de trmos relaes sexuais com nossas prprias mes e outras coisas das quais no possvel falar ou nelas pensar, pois no podemos acreditar que jamais tenham acontecido entre os humanos. Espalhadas estas coisas entre o vulgo, de tal modo enfureceram-se contra ns que, se alguns at ento guardavam moderao com respeito a ns por motivos de parentesco, agora se iraram violentamente contra ns, agitados por grande indignao. Cumpria-se, destarte, o que tinha sido predito pelo Senhor: Tempos viro em que todo o que vos matar, julgar com isso tributar culto a Deus . . .

    Dste modo sofreram os santos mrtires tais tormentos que no podem ser expressos em nenhum discurso. . .

    Foi levado tambm ao tribunal, retendo apenas a alma (para que mediante ela triunfasse Cristo), num corpo totalmente exausto e acabado pela ancianidade e enfermidade, o bem-aventurado Potino, que era bispo de Leo. Tendo mais de noventa anos, respirava com dificuldade; todo seu corpo estava gasto, mas reconfortava-o o spro do Esprito e o desejo do martrio. Levado pelos soldados at o tribunal, seguido pelos magistrados da cidade e pelo populacho que o injuriava, como se fsse o prprio Cristo, deu um testemunho insigne. Perguntado pelo presidente quem era o deus dos cristos, respondeu: Se tu s digno, conhec-lo-s . Ento empurrado sem nenhuma humanidade, foi vtima de muitos ferimentos. Os que conseguiram aproximar-se, injuriosamente precipitaram-se sbre le com pancadas e golpes, sem levar em conta a sua idade; os que estavam mais longe atiravam nle tudo quanto tinham mo; todos se teriam considerados rus de impiedade e de grave delito se no ultrajassem ao infeliz. Criam que dsse modo vingavam a injria feita a seus deuses. Da, apenas respirando, foi levado ao crcere, onde entregou a alma dois dias depois.. .

    g . A perseguio em tempos de Dcio, 249-251Libellus (certificado de sacrifcio) descoberto em

    Fayoum (Egito), 1893: Milligan, Greek Papyri, 48[O edito de Dcio, 250, ordenava aos governadores e magistrados das

    provncias, assessorados se necessrio pelos cidados locais mais conspcuos, supervisionar os sacrifcios aos deuses e ao gnio do imperador que deviam celebrar-se em determinados dias. Muitos abjuraram, outros compraram certificados ou procuraram-nos mediante os bons ofcios de amigos pagos. Aparentemente os oficiais vendiam sob conivncias.]

  • AOS COMISSIONADOS PREPOSTOS PARA OS SACRIFCIOS NA ALDEIA ALEXANDRONESO, DA PARTE DE AURLIO DIGENES, FILHO DE STABO, NASCIDO EM ALEXANDRONESO, DE 72 ANOS DE IDADE, MARCA PARTICULAR: UMA CICATRIZ NA SOBRANCELHA DIREITA.

    Sempre sacrifiquei aos deuses, e agora na vossa presena, de conformidade com os trmos do edito, acabo de oferecer sacrifcios e libaes e de provar carnes sacrificadas. Solicito de Yossa Senhoria outorgar-me um certificado para o devido efeito. Saudaes.

    SPLICA APRESENTADA POR MIM, AURLIO DIG ENES.

    EU CERTIFICO TER PRESENCIADO O SACRIFCIO D E AURLIO SIRO.

    Datado neste primeiro ano do Imperador Csar Gaio Mssio Quinto Trajano Dcio, Pio, Flix, Augusto. (26 de junho de 250).

    h . A perseguio durante o reinado e Valeriano, 253-260Cipriano, Ep. L X X X .I

    [No princpio de seu reinado, Valeriano pareceu favorecer o cristianismo: havia cristos em seu palcio que foram mencionados no Rescrito como, por exemplo, Caesariani (ver Dionsio de Alexandria, em Eusbio, H .E . V II .X .3ss). O seguinte extrato expressa bem a tendncia de seu segundo Rescrito. O primeiro determinava os sacrifcios exigveis dos bispos e sacerdotes e negava aos cristos o direito de reunio e o uso de cemitrios. Tda contraveno era punida com a morte.]

    . . .Rumores falsos esto circulando; a verdade, porm, esta: Valeriano enviou um Rescrito ao Senado ordenando que sejam castigados imediatamente os bispos, sacerdotes e diconos; os senadores, cavaleiros e fidalgos romanos devem ser privados de suas propriedades e degradados; e, se persistirem na f crista, decapitados; as matronas, privadas de seus bens e desterradas. Qualquer membro da casa de Csar que confessou ou ainda eonfessa ser cristo, perder seus bens e ser entregue prso para trabalhos forados nas terras do Imperador.

    i . O rescrito e Galieno, 261Eusbio, H. E. VII. X III. 2

    [Um edito de 260, cujo texto est perdido, permitiu que as baslicas fssem reabertas, os cemitrios restaurados e a liberdade de cultos concedida. O cristianismo tornou-se, assim, religw licita,.]

    O Imperador Csar P . Licnio Galieno, Pio, Flix, Augusto, a Dionsio, Pina, Demtrio e demais bispos. Ordenamos que se estenda

  • a tda a terra a indulgncia que inspirou nossa bondade, de tal maneira que todos os nossos sditos abandonem os antros da superstio. Podereis, pois, vs tambm, usar das disposies de nosso Res- crito, para que doravante ningum vos moleste. Alis, j foi concedido h tempo o que legalmente vs podeis fazer. Deixo p procurador de assuntos pblicos, Aurlio Cirnio, encarregado de dar cumprimento a esta disposio em vosso favor.

    j . A perseguio diocleciana, 303-305[Diocleciano parece ter sido, inicialmente, favorvel aos cristos. Sua

    espsa e filha eram catecmenas; Eusbio testemunha sbre o considervel crescimento da Igreja durante a primeira metade de seu reinado (H .E . V I I I .I ) . Sua reviravolta devida (segundo Lactncio, De mortibus persecutorum, X I) influncia de Galrio; ela acarretou a revogao do edito de Galieno e a reabilitao das leis de Valeriano.]

    Eusbio, H . E .I X .X .8. ...u m a lei foi promulgada pelos divinos Diocle

    ciano e Maximiano, para abolir as reunies de cristos. . .V I I .X I .4 . Maro de 3 0 3 ... Em tdas as partes public-

    ram-se editos imperiais para que fssem arrasadas as igrejas, queimadas as Escrituras, depostos os oficiais e, caso persistissem na f crist, os seus familiares seriam privados de liberdade. 5. ste foi o primeiro edito a circular entre ns. Outros decretos, pouco depois, se seguiram dispondo que sejam encarcerados, em primeiro lugar, os pastores das igrejas de tdas as partes do imprio e induzidos, por qualquer meio, a sacrificarem aos deuses. . .

    Eusbio, Be nvartiribus Palestinae, III. 2Abril de 304. . . . Publicaram-se editos imperiais adotando a

    disposio geral de forar todos os moradores sem exceo a sacrificarem e fazerem libaes aos deuses.. .

    k. Tentativa e restaurao do paganismo sob Maximino, 308-311 308. Eusbio, Be m- P . I X .2

    Por ordem de Maximino mandaram-se milhares de cartas a todos os lugares de tdas as provncias. Governadores e comandantes militares, por meio de editos, cartas e ordenanas pblicas, instaram os magistrados e fiscais a se valerem do decreto imperial dispondo a reconstruo acelerada dos templos arruinados, a oblao de sacrifcios e libaes exigveis de todos sem exceo, homens, mulheres, escravos, meninos e at crianas de colo. . .

  • 311. Eusbio, V III . X IV . 9

    Maximino ordenou que, em cada cidade, fssem reconstrudos os templos, e rapidamente restaurados os bosques sagrados, pois uns e outros, desde muito tempo, tinham cado em runas. Nomeou sacerdotes dos deuses para cada cidade e aldeia, designando-lhes, em cada provncia, um sumo-sacerdote escolhido entre oficiais particularmente devotados a seu servio, e assistido por um corpo de soldados e de uma guarda pessoal. . .

    1. E dito de Tolerncia, 311 Lactneio, De mort. persec. X X X IV

    [Emanado de Galrio agonizante em seu leito de morte, aps anos de severa perseguio. Leva os nomes de seus colegas Constantino e Licnio. O quarto colega, Maximino Daza, governador do Egito e Sria, se negou a assinar.]

    Entre outras providncias para promover o bem duradouro da comunidade, temo-nos empenhado em restaurar o funcionamento- das instituies e da ordem social do Estado. Foi nosso especial desejo que retornem ao correto os cristos que tm abandonado a religio de seus pais. 3. Aps a publicao de nosso edito ordenando o retorno dos cristos s instituies tradicionais, muitos dles. foram constrangidos a decidir-se mediante o temor, e outros passaram a viver numa atmosfera de perigos e intranqilidade. 4. Sendo, porm, que muitos persistem em suas opinies e evidenciando-se que,, hoje, nem reverenciam os deuses, nem veneram seu prprio deus,, ns, usando da nossa habitual clemncia em perdoar a todos, temos* por bem indultar a sses homens, outorgando-lhes o direito de existir- novamente e de reconstruir seus templos, com a ressalva de que no* ofendam a tranqilidade pblica. 5. Seguir uma instruo explicando aos magistrados como se devem portar nesta matria. Os cristos, por esta indulgncia, obrigar-se-o a orar a seu Deus por- nossa convalescena, em benefcio do bem geral e do seu bem-estar particular, de modo que o Estado seja preservado de perigo e les mesmos vivam a salvo no seu lar.

    m . O Edito e Milo, maro de 313 Lactncio, De mort. persec. X LVIII

    2. Ns, Constantino e Licnio, Imperadores, encontrando-nos. em Milo para conferenciar a respeito do bem e da segurana do* imprio, decidimos que, entre tantas coisas benficas comunidade,.

  • o culto divino deve ser a nossa primeira e principal preocupao. Pareceu-nos justo que todos, cristos inclusive, gozem da liberdade de seguir o culto e a religio de sua preferncia. Assim Deus que mora no cu ser-nos- propcio a ns e a todos nossos sditos.4 . Decretamos, portanto, que, no obstante a existncia de anteriores instrues relativas aos cristos, os que optarem pela religio de Cristo sejam autorizados a abra-la sem estorvo ou empecilho, e que ningum absolutamente os impea ou moleste. . . 6. Observaioutrossim, que tambm todos os demais tero garantida a livre e irrestrita prtica de suas respectivas religies, pois est de acrdo com a estrutura estatal e com a paz vigente que asseguremos a cada cidado a liberdade de culto segundo sua conscincia e eleio; no pretendemos negar a considerao que merecem as religies e seus adeptos. 7. Outrossim, com referncia aos cristos, ampliandonormas estabelecidas j sbre os lugares de seus cultos, -nos grato ordenar, pela presente, que todos que compraram sses locais os res- tituam aos cristos sem qualquer pretenso a pagamento.. .

    [8 e 9 . As igrejas recebidas como donativo e os demais lugares que antigamente pertenciam aos cristos deviam ser devolvidos. Os proprietrios, porm, podiam requerer compensao.]

    10. Use-se da mxima diligncia no cumprimento das ordenanas a favor dos cristos e obedea-se a esta lei com presteza, para se possibilitar a realizao de nosso propsito de instaurar a tranqilidade pblica. 11. Assim continue o favor divino, j experimentado em empreendimentos momentosssimos, outorgando-nos o sucesso, garantia do bem comum.

    n . Apoio dado por Constantino Igreja Restituio dos bens eclesisticos

    Constantino a Anulino, procnsul da frica, 313 Eusbio, H. E . X . Y . 15-17

    Salve, estimadssimo Anulino. costume de nossa bondade exigir que as coisas pertencentes ao direito alheio no s sejam respeitadas, mas tambm restitudas. . . 16. Portanto, mandamos que,ao receber esta carta, faa com que sejam restitudas imediatamente s igrejas crists as propriedades que estejam sob poder de qualquer pessoa em qualquer cidade ou lugar. nossa vontade que voltem a seus proprietrios legais que as referidas igrejas possuram outrora. 17. Tda vez que Yossa Clemncia souber ser verdadeira esta nossa injuno, ponha mos obra para que quanto antes lhes

  • sejam devolvidos os jardins, as casas e qualquer outra propriedade que legalmente lhes tenham pertencido, de modo que conste que obedeceu exatissimamente ao nosso preceito. Deus o guarde, amado Anulino.

    Uma concesso ao clero Constantino a Ceciliano, Bispo de Cartago, 313

    Eusbio, H . E . X .Y I

    Parecendo-nos prprio que se conceda algo para os gastos de determinados ministros da legtima e muito santa religio crist da frica, Numdia e das duas Mauritnias, enviei cartas a Urso, varo ilustre [contador da frica], a fim de que proporcionasse a Yossa Firmeza o pagamento de trs mil bolos [folies = moeda de valor incerto]. 2 . Portanto, ao reeeberdes a importncia acima, ordenai que seja distribuda aos antes mencionados de acordo com a carta a vs enviada por sio22. 3. Contudo, se achardes que se omitiu algo para o cumprimento de meu propsito a respeito dos supracitados, pedireis o que vos fr mister a Herclides, nosso tesoureiro, sem temor de serdes inquiridos, pois eu lhe tenho ordenado que, se precisardes de algum dinheiro, procure entreg-lo sem nenhuma vacilao. 4 . Tendo chegado a meus ouvidos que homens devassos, com fraudes e licenciosidades, corrompem os fiis da Santssima Religio Catlica, quero que saibais que ordenei ao procnsul Anulino e a Patrcio, vigrio dos prefeitos, para que dessem ateno especial a ste particular, noi tolerando que novamente isto acontea.5. Portanto, se observardes que homens dessa classe perseveram em sua loucura, achegai-vos sem demora aos juizes mencionados, dando-lhes conta dos fatos, para que contra les procedam conforme tenho ordenado pessoalmente. Deus vos guarde por muitos anos.

    Isenes concedidas ao clero Constantino a Anulino, 313: Eusbio, H . E . X .Y II

    Demonstrado por muitos argumentos que o desprzo de uma religio em que se tributa suma reverncia majestade divina acarreta os maiores perigos s coisas do Estado, e que, pelo contrrio, praticada e devidamente protegida, tal religio tem ocasionado, por graa de Deus, a mxima prosperidade ao nome romano e a maior felieidade a todos nossos negcios; pareceu-nos de bom alvitre, que-

    22. Yer pg. 48.

  • ridssimo Anulino, que recebam alguma recompensa por seus servios aqules homens que, com a devida probidade e observncia da lei, prestam seu ministrio ao culto da divina religio. 2 . Conseqentemente, queremos que sejam eximidos absolutamente de qualquer funo pblica os que exercem seus prstimos, nos limites da provncia a ti confiada, Santa Religio Catlica na Igreja presidida por Ceciliano, e que so vulgarmente chamados de clrigos; no seja que por algum rro ou descuido sacrlego sejam afastados do culto devido Divindade, mas, muito pelo contrrio, que possam cumprir a obrigao de sua prpria lei sem qualquer empecilho. Quanto mais homenagens prestem a Deus, tanto maior utilidade prestam ao Estado.

    Constantino e a disciplina da Igreja Ceciliano e os Donatistas, 316

    Agostinho, Contra Cresconium, III, 82. (Op. IX 476ss)

    [Ceciliano entrou em choque com o sentimento popular de seus diocesanos de Cartago, em virtude de seus esforos por moderar a excessiva vaidade dos confessores e mrtires que solapavam a autoridade eclesistica. Assim originou-se o cisma donatista. (Ver abaixo, pg. 116). Os donatistas apelaram para Constantino; ste convocou um concilio em Roma (outubro de 313) e um snodo em Aries (314) . Condenados, os donatistas lanaram um aplo pessoal ao Imperador.]

    A investigao me fz ver claramente que Ceciliano estava sem qualquer culpa: era homem observante de sua religio e devotado a esta como devia s-lo. Saltava vista que no se podia encontrar ne falta alguma, contrriamente s acusaes que pesavam sbre le resultantes das invenes alegadas em seu desabono por seus inimigos em sua ausncia.

    o. A legislao de Constantino a favor da Igreja Supresso dos adivinhos, 319

    Co. Theod. I X .X V I .I (Nullus Jiaruspex)

    Nenhum arspice aproximar-se- do limiar de seu vizinho, inclusive com outro propsito (do que adivinhar). Desterre-se a amizade com gente dessa profisso, sem excetuar amizades j velhas. O arspice que violar o domiclio de seu vizinho ser queimado; e qualquer pessoa que o convidar, seja por persuaso ou por pago de dinheiro, ser privada de seus bens e banida a alguma ilha. Os que desejarem continuar em suas supersties podero ser autorizados a praticar seus ritos peculiares em lugar pblico.

  • Quem delatar tais contravenes no ser considerado como delator, mas ser merecedor de recompensa.

    Dado em Roma, a 1. de fevereiro, quinto ano do consulado de Constantino Augusto e de Licnio Csar.

    Reconhecimento oficial do domingo Cod. Justin., I I I .X I I .3 (Corpus Juris Civilis, I I . 127)

    Constantino a Elpdio. Todos os juizes, cidados e artesos descansaro no venerando dia do sol. Os camponeses podero, porm, atender agricultura, por ser ste o dia apropriado para fazer a sementeira ou plantar vinhas, pois no se deve desperdiar a oportunidade concedida pela divina Providncia, visto ser de curta durao a estao prpria. 7 de maro de 321.

    Cod. Theodo. I I .V III . 1

    Constantino imperador a Elpdio. Assim como opinamos ser o domingo, com seus venerveis ritos, o dia menos indicado para os juramentos e contra-juramentos de litigantes e para disputas indecentes, tambm pensamos ser coisa muito decorosa e prazerosa atender nesse dia a peties de especial urgncia. Portanto, permita-se a todos tramitar, em dia festivo, processos de alforria (manumisso) ou emancipao e autorize-se qualquer diligncia necessria a ste fim . 3 de julho de 321.

    p . Carta de sio, Bispo e Crova (296-357) a Constando Atansio, Hist. Ar. 44

    [sio foi conselheiro eclesistico de Constantino. Teve papel decisivo no Concilio de Nicia, defendendo vigorosamente a Atansio. Constncio, agora nico imperador, ariano fantico, tentou conseguir o apoio de sio (de fato o conseguiu, mediante violncia, pois sio assinou a famosa blasfmia de Esmirna em 357) . Constncio firmou a condenao de Atansio em Milo ( 3SS), onde expressou suas idias sbre as relaes do Estado e da Igreja numa frase clebre: Aceite-se minha vontade entre vs e seja ela vossa lei como lei para os bispos srios (arianos) (Ver Atansio, Histria dos Arianos, 33) .]

    . . .Abandonai, suplico-vos, os vossos procedimentos. Lembrai que tambm vs sois mortal; temei o dia do juzo e guardai-vos puro na perspectiva daquele dia. No interfirais em matrias eclesisticas, nem nos instruais em semelhantes questes, mas a respeito delas aprendei de ns. Deus colocou em vossas mos o imprio, mas as coisas de sua Igreja confiou a ns. Se algum vos arrebatasse o imprio, resistiria ordem divina; do mesmo modo, devereis, vs e

  • os vossos, temer que, assumindo o governo da Igreja, vos torneis rus de ofensa grave. Dai a Csar o que de Csar e a Deus o que de Deus . Ns no temos permisso para exercer o poder humano, e vs, Csar, no tendes autoridade para queimar incenso. Assim vos escrevo por se tratar de vossa prpria salvao. Quanto ao assunto de vossa carta, estou decidido a no escrever aos arianos e anatematizo a heresia dles. Pretendo no subscrever a acusao contra Atansio. Por amor tanto pela Igreja de Roma quanto pelo snodo, absolvei-o.

    q. Juliano, o Apstata, (861-363) e a tolerncia Juliano, Ep. L II. (ao povo de Bostra, 362)

    Imaginava que os bispos galileus teriam comigo maiores obrigaes do que com os meus predecessores. Pois, no governo dles, muitos foram banidos, perseguidos e encarcerados e, dos chamados hereges, muitos foram executados. . . Tdas essas coisas foram invertidas em meu governo: os desterrados tm permisso para regressar; os bens confiscados retornam a seus proprietrios. Mas tal sua insensatez e doidice que, pois j no podendo mais ser dspotas, executando suas decises primeiro contra seus irmos e, ento, contra ns, os adoradores dos deuses, se inflamam com fria, no sabendo mais onde atacar para conseguir o propsito desonesto de alarmar e excitar o povo. So irreverentes para com os deuses e desobedientes aos nossos editos, mesmo aos mais justos. Entretanto, no toleramos que um cristo seja levado aos altares pela fra; muito pelo contrrio, decretamos que se algum cristo desejar compartilhar de nossas purificaes e libaes, dever antes oferecer sacrifcios expiatrios e rogar aos deuses protetores do mal. Estamos bem longe de desejar a admisso de qualquer mpio em nossos ritos sacros se antes no purifica sua alma mediante invocao dos deuses, e seu corpo mediante ablues rituais . . .

    Portanto, do meu agrado, mediante sse edito, mandar e ordenar a todos que se abstenham de fomentar os tumultos do clero. . . (aos cristos) lcito celebrar suas assemblias, se assim desejarem, e oferecer suas oraes de acrdo com seus usos. . . . doravante, deixe-se o povo viver em paz. No se permita que algum cause distrbios ou leve outro a errar. Que o cristo desnorteado no perturbe a quem adora os deuses como convm e conforme foi legado pela remotssima antiguidade; que os adoradores dos deuses no destruam nem pilhem a casa dos que a ignorncia, mais do que a

  • livre escolha, deseneaminha. Os homens devem instruir-se e conquistar-se pela razo e no com pancadas, insultos e castigos fsicos. Eis por que, com suma seriedade, exorto aos aderentes da religio verdadeira no injuriarem nem provocarem os galileus de nenhum modo nem com violncia corporal, nem com recriminaes. Pois os que, em matria de suprema importncia, andam errados, merecem mais compaixo do que dio. . .

    r . Juliano opina sbre cristianismo: O culto de Jesus e dos mrtires

    Juliano Contra Christianos, apu Cirilo de Alexandria contra Julianum, X (op. IX .326ss)

    Mas, infortunadamente, no sois fiis s tradies apostlicas: estas em mos dos seus sucessores tornaram-se em mxima blasfmia. Nem Paulo, nem Mateus, nem Lucas ou Marcos ousaram afirmar que Jesus Deus. Foi o venervel Joo quem, constatando que grande nmero de habitantes das cidades gregas e italianas eram vtimas de epidemias, e ouvindo, imagino, que as tumbas de Pedro e Paulo se tornavam objeto de culto (privado, sem dvida, mas sempre culto), Joo, repito, foi quem primeiro ousou fazer tal afirmao . . .

    ste mal se deve a Joo. Quem, entretanto, denunciar a causa desta outra inovao, qual seja, a venerao dos corpos de muitos cristos mortos ultimamente, alm dos corpos dos apstolos?Tendes enchido as praas com tumbas e monumentos__ Opinaisque no particular nem sempre valem as palavras de J e su s ... (Mt 23.27) declarando que os sepulcros esto cheios de im undcie... como podeis invocar a Deus acima dles?

    s. Graciano (375-383) e o julgamento de bispos Jurisdio a Sede Romana

    [Para as decises do Concilio de Srdica, 343, ver pg. 118]Splica do Snodo Romano, 382, a Yalentiniano II e Graciano

    Migne, Patrologia, Latina, X I I I .581 [O texto aqui citado encontra-se tambm em Puller, Primitive Saints and

    the See of Rome, pg. 145s.](9) ...Suplicam os que Yossa Clemncia se digne providen

    ciar, mediante os ilustres prefeitos pretorianos da Itlia ou seus representantes municipais, o comparecimento a Roma dos que juridicamente tenham sido condenados ou por Dmaso (Bispo de Roma,

  • 366-384) ou por ns mesmos, j que pertencem f catlica se pretenderem injustamente reter suas igrejas ou, intimados por um snodo, recusarem contumazmente apresentar-se. Se ocorrer algum caso dste tipo em provncias mais longnquas, suplicamos que as cortes locais encaminhem a causa ao metropolitano; se o prprio metropolitano fr acusado, que seja le intimado a se apresentar imediatamente a Roma ou ao tribunal designado pelo bispo de R om a... Caso existam suspeitas de favoritismo ou de m-f por parte de um metropolitano ou bispo, que se lhe conceda o direito de aplo ao bispo de Roma ou a um snodo de, pelo menos, quinze bispos da vizinhana. . .

    Resposta de Graciano: P . L . X I I I .586 (C .S . E .L. X X X V .I.5 7 ss . Puller, op cit. 145ss)

    (6) Ordenamos que todo aqule que tenha sido condenado no tribunal de Dmaso23, assessorado por cinco ou sete bispos23, oupelo snodo dos bispos catlicos,__

    [Concede os diversos itens da splica, exceto que os bispos contumazes das provncias mais prximas sejam remetidos ao tribunal episcopal ou enviados a Roma, alternativa que presumivelmente distingue os que foram condenados no snodo, dos que foram condenados pelo papa: uns e outros devero comparecer ante o tribunal original que os condenou.]

    t . Ordenana de Graciano sbre casos eclesisticos, civis ou criminais, 376

    Qui mos est (Cod. Theod. X V I .I I .23)

    Siga-se em matria eclesistica a praxe em vigor nas matrias civis: isto , se surgir alguma contenda por desacordo ou ofensa menor no campo da disciplina religiosa, seja julgado no lugar pelos snodos episcopais, salvo casos que acarretem alguma ofensa civil ou criminal reservada jurisdio ordinria ou extraordinria das cortes ou de algum oficial de graduao superior.

    u . Teodsio 1 (379-395) : Catlicos e hereges Cunctos populos, 380. (Cod. Theod. X V I. 1 .2 )

    Queremos que as diversas naes sujeitas nossa Clemncia e Moderao continuem professando a religio legada aos romanos pelo- apstolo Pedro, tal como a preservou a tradio fiel e tal como

    23-23. incerto que isto seja tuna prescrio a afirmao de um fato.

  • presentemente observada pelo, pontfice Dmaso e por Pedro, Bispo de Alexandria e varo de santidade apostlica. De conformidade com a doutrina dos apstolos e; o ensino do Evangelho, creiamos, pois, na nica divindade do Pai, do Filho e do Esprito Santo em igual majestade e em Trindade santa. Autorizamos aos seguidores desta lei a tomarem o ttulo de Cristos Catlicos. Referentemente aos outros, que julgamos locos cheios de tolices, queremos que sejam estigmatizados com o nome ignominioso de hereges, e que no se atrevam a dar a seus conventculos o nome de igrejas. stes sofrero, em primeiro lugar, o eastigo da divina condenao , em segundo lugar, a punio que nossa autoridade, de acrdo com a vontade do cu, decida infligir-lhes.

    Nullus haereticus, 381. (Cod. Theo. X Y I.Y .6 )Sejam absolutamente excludos dos edifcios eclesisticos, pois

    no esto autorizados a celebrar suas assemblias ilegais dentro dos povoados. Se tentarem qualquer distrbio, ordenamos eliminar e expulsar das cidades a sses frenticos, de modo que as igrejas catlicas possam ser restauradas, no mundo inteiro, e recolocadas em mos dos bispos ortodoxos, que confessam o credo de Nicia.

    v . Edito de Valentmiano III, 445. A primazia, papal Constitutio Valentiniani III, Leo, Ep. X I: P . L . LIV.636ss

    Sabemos que a nica defesa, do imprio e nossa, reside no favor de Deus que est no cu. Para merecer ste favor demos ateno especial ao amparo da f crist e de seu culto venervel. Portanto, tendo em vista que a primazia da S Apostlica foi bem estabelecida pelo mrito de' So Pedro, primeiro dos bispos, pela posio capital de Roma na conduo do mundo, e pela autoridade do santo snodo, no permitiremos que se ouse atentar contra a autoridade da Santa S. Somente ser preservada a paz de tdas as igrejas no mundo inteiro quando todo o corpo reconhea o seu chefe. At hoje isso vem sendo inviolvelmente observado. Um relatrio de Leo, varo venervel e Papa de Roma, nos comunica, entretanto, que o Bispo de Aries, Hilrio, com presuno contumaz, aventurou-se a procedimentos ilegais, introduzindo espantosa confuso nas igrejas transalpinas. Semelhantes atos minam a confiana no imprio e o respeito da lei. Portanto, alm de condenar tamanho crime, para que no surjam distrbios, mesmo leves, entre igrejas e que a disciplina no resulte enfraquecida por nenhuma causa, decretamos por decreto perptuo que os bispos galicanos ou de qualquer

  • outra provncia nada intentem contrrio aos usos antigos, sem autorizao do venervel papa da Cidade Eterna; mas seja lei para todos o que decidir a autoridade da S Apostliea. Se, pois, algum bispo, citado pelo Papa de Roma, descuidar em obedecer, seja le constrangido a se apresentar pelo governador da provncia. . .

  • O S C R E D O SI . 0 CREDO DOS APSTOLOS

    a. 0 Antigo Credo Romano[De Epifnio, L X X II.3 (Patrologia grega X L .I I I .385 D ). Credo de

    Marcelo, Bispo de Ancira, enviado a Jlio, Bispo de Roma, c. 340. Marcelo, desterrado de sua diocese por presses arianas, passou quase dois anos em Romae, antes de se retirar, deixou ste documento de sua f.

    Rufino, sacerdote de Aquilia, Expositio in symbolum, c .400, (P .L . X X I .335 B ), compara o credo de Aquilia com o de Roma tomando-o como o credo composto pelos apstolos em Jerusalm e conservado pela Igreja Romana como profisso de f em seu ritual de batismo. ste credo difere do de Marceloapenas em pequenos detalhes.]

    1. Creio em Deus onipotente [Rufino: em Deus Pai onipotente]2. e em Jesus Cristo, seu nico Filho, nosso Senhor3. que nasceu do Esprito Santo e da Virgem Maria4. que foi crucificado sob o poder de Pncio Pilatos e sepultado5. e ao terceiro dia ressurgiu da morte6. que subiu ao cu7. e assentou-se direita do Pai8. de onde h de vir para julgar os vivos e os mortos.9. E no Esprito Santo

    10. na santa Igreja11. na remisso dos pecados12. na ressurreio da carne13. na vida eterna [omitido por Rufino.]

    [O Credo Apostlico completo, tal como o conhecemos, encontra-se pelaprimeira vez em Dieta Abbatis Pirminii de singulis libris canonicis scarapsus( = excerptus, excerto), c .750.]

    II . O CREDO NICENOa. O Credo de Cesariai

    Epstola Eusebii, apud Scrates, H . E . 1 .8 [No Concilio de Nicia (325), Eusbio de Cesaria, o famoso historia

    dor, sugeriu a adoo do credo de sua prpria igreja, cujo teor o seguinte:]

  • Cremos em um s Deus, Pai onipotente, criador de tdas as coisas visveis e invisveis;

    e em um s Senhor Jesus Cristo, Yerbo de Deus, Deus de Deus, Luz de Luz, Vida de Vida, Filho unignito, primognito de tda a criao, por quem foram feitas tdas as coisas; o qual foi feito carne para nossa salvao e viveu entre os homens, e sofreu, e ressuscitou ao terceiro dia, e subiu ao Pai e novamente vir em glria para julgar os vivos e os mortos;

    cremos tambm em um s Esprito Santo.

    b. O Credo de Nicia

    [O credo de Eusbio era ortodoxo, porm no resolvia explicitamente a posio de rio. Contudo, serviu de base e foi aperfeioado pelo concilio e publicado em forma revisada, cujas alteraes e adies aqui vo grifadas.]

    Cremos em um s Deus, Pai onipotente, criador de tdas as coisas visveis e invisveis;

    e em um s Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado pelo Pai, unignito, isto , da substncia1 do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado no feito, de uma s substncia,2 com o Pai, pelo qual foram feitas tdas as coisas, as que esto no cu e as que esto na terra; o qual, por ns homens e por nossa salvao, desceu, se encarnou e se fz homem? e sofreu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao cu, e novamente deve vir para julgar os vivos e os mortos;

    e no Esprito Santo.E a quantos dizem: le era quando no era, e

    Antes de nascer, le no era, ou que Foi feito do no existente,4

    bem como a quantos alegam ser o Filho de Deus

    1. eh tes oysias toy patrs do mais ntimo ser do P ai unido insepa- rvelmente (veja nota pg. 64).

    2 . homooysion t patr ser unido intimamente com o Pai; embora distintos em existncia, esto essencialmente unidos.

    3 . enanthrpsanta tomando sbre si tudo aquilo que faz homem ao homem, alargando sarkthnta, fz-se carne ; ou, talvez, viveu como homem entre os homens, alargando e salvaguardando o credo de Cesaria viveu entre homens, n anthrpois politeysmenon. Mas isto parece menos provvel.

    4 . eks oyk n t n do nada .

  • de outra substncia ou essncia, ou feito, ou mutvel,5 ou altervel,5

    a todos stes a Igreja Catlica e Apostlica anatematiza.

    c. O Credo Niceno

    [Encontra-se em Epifnio, Ancoratus, 118, c .374 a .D ., e parece ter sido extrado por estudiosos, quase palavra por palavra, das leituras catequticas de Cirilo de Jerusalm. Foi lido e aprovado em Calcednia, 451, como sendo o credo dos 318 padres conciliares de Nicia e dos 150 padres que se reuniram em outra oportunidade (isto , em Constantinopla, 381) . Da ser freqentemente mencionado como credo de Constantinopla ou credo niceno-constanti- nopolitano". Muitos criticos opinam ser a reviso do credo de Jerusalm transmitido por Cirilo. Para esta questo, consulte Hort, Ttvo Dissertations ( 1876), Burn, Introduction to the Creeds ( 1899), e Kelly, Early Christian Creeds ( 1950).]

    Cremos em um Deus, Pai todo-poderoso, criador do cu e da terra, de tdas as coisas visveis e invisveis;

    e em um Senhor Jesus Cristo, o unignito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os sculos, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado no feito, de uma s substncia com o Pai, pelo qual tdas as coisas foram feitas; o qual, por ns homens e por nossa salvao, desceu dos cus, foi feito carne do Esprito Santo e da Virgem Maria, e tomou-se homem, e foi crucificado por ns sob o poder de Pncio Pilatos, e padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia conforme s Escritura