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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA FRENTE À DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA
Gabriela Lima da Silva
ORIENTADOR: Prof. Ms. Claudia Menezes nunes
Rio de Janeiro 2017
DOCUMENTO P
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LEID
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EITO A
UTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia Institucional. Por: Gabriela Lima da Silva
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA FRENTE À DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA
Rio de Janeiro 2017
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por iluminar minha mente e o
meu caminho. Aos meus pais pela oportunidade
de continuar os meus estudos. Ao meu amado,
Armando pelo total apoio e incentivo. As minhas
amigas por caminharem junto comigo, debatendo
e opinando na realização desse trabalho. Aos
moradores do Vidigal que contribuíram para a
realização dessa pesquisa. As minhas queridas
professoras do ISERJ. E a minha orientadora
Claudia Nunes pela paciência.
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso da pós-graduação em Psicopedagogia
apresenta uma pesquisa que teve a iniciativa através da vivência com alguns
jovens e adultos da comunidade do Vidigal, que desistiram de estudar,
principalmente por causa da matemática. Com base nos depoimentos, será
apresentado como a intervenção Psicopedagógica pode contribuir de forma
significativa na superação das dificuldades de aprendizagem matemática,
servindo de apoio aos profissionais da educação.
METODOLOGIA
A metodologia escolhida foi a pesquisa bibliográfica, através de
resumos e citações de livros e artigos, tendo os livros como embasamento
desse trabalho: Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática
educativa (FREIRE, 2014) e Transtornos e Dificuldade de Aprendizagem
SAMPAIO, 2011). Tendo como destaque além de Paulo Freire, destacamos
Ubiratan D’ Ambrosio e David Ausebel que fundamenta as nossas reflexões.
A Pesquisa foi feita com base em quatro depoimentos colhidos
através de entrevista. Os entrevistados são adolescentes e adultos, oriundos
de escola pública e/ou particular, moradores da Comunidade do Vidigal.
No geral, o questionário incluiu algumas perguntas como: Qual seu
primeiro pensamento quando ouve a palavra MATEMÁTICA? O que você
sugere para melhoria das aulas de matemática? Com objetivo de compreender
como o Psicopedagogo pode intervir no ensino da matemática; refletir sobre as
possíveis causas para a dificuldade na aprendizagem da matemática;
apresentar dificuldades encontradas pelos alunos no ensino da matemática;
facilitar o ensino da matemática com o auxílio do Psicopedagogo.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Por que estudar matemática? 12
CAPÍTULO II
O ensino da matemática: refletir é preciso 16
CAPÍTULO III
Dificuldade na aprendizagem matemática: a partir da análise 22 de depoimentos de moradores do Vidigal CAPÍTULO IV Intervenção psicopedagógica no ensino da matemática: o recurso do lúdico 29
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 40
WEBGRAFIA 42
ANEXO: ENTREVISTA 43
ÍNDICE 46
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INTRODUÇÃO
Este trabalho de conclusão do curso (TCC) de Pós-graduação em
Psicopedagogia apresenta as reflexões de depoimentos na perspectiva da
aprendizagem no ensino da matemática, a partir do olhar Psicopedagógico.
A iniciativa dessa pesquisa deve-se à vivência com alguns jovens e
adultos da comunidade do Vidigal, que desistiram de estudar, principalmente
por causa da matemática. É a partir desses depoimentos que o psicopedagogo
tem a oportunidade de refletir sobre as possíveis causas que levam esses
alunos a desistem de estudar e/ou a terem dificuldade na aprendizagem no
conteúdo da matemática. Com base nos depoimentos, será apresentado como
a intervenção psicopedagógica pode contribuir de forma significativa na
superação das dificuldades de aprendizagem matemática, servindo de apoio
aos profissionais da educação. Mas como o psicopedagogo pode intervir frente
a dificuldade de aprendizagem matemática?
É através da observação e escuta que o Psicopedagogo a partir das
diferentes estratégias / intervenções frente as dificuldades de aprendizagem
matemática poderá intervir ora desenvolvendo atividades estimuladoras, ora
propondo sugestões metodológicas e orientações, tendo como recurso: jogos,
livros, revistas, computadores, entre outros, com a finalidade de descobrir o
melhor caminho para a aprendizagem significativa de cada aluno.
Um fato importante da prática psicopedagógica é de aprender e
ensinar com prazer, com alegria, com “brincar”, com o lúdico, com o
conhecimento de quem são os sujeitos de sua ação: ora crianças, ora
adolescentes, ora adultos.
A partir disso, este trabalho tem como objetivos: Compreender como
o Psicopedagogo pode intervir no ensino da matemática, refletir sobre as
possíveis causas para a dificuldade na aprendizagem da matemática,
apresentar dificuldades encontradas pelos alunos no ensino da matemática e
facilitar o ensino da matemática com o auxílio do Psicopedagogo.
Para além de apresentar como ocorre o ensino da matemática na
educação básica, optou-se pela apresentação de depoimentos na íntegra sobre
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este mesmo ensino, de alunos do Vidigal. É importante analisar todo esse
contexto a partir dos próprios protagonistas do processo.
A matemática, infelizmente ainda é um “bicho de sete cabeças para
muita gente” e é através da intervenção psicopedagógica que este pensamento
pode ser revertido já que alguns alunos não aprendem a matemática por
diferentes fatores, sejam eles emocionais, cognitivos, sociais, psicológicos ou
por não compreenderem da forma como lhe é ensinado (metodologia).
A metodologia escolhida para a realização desse trabalho foi a
pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. Foram colhidos cinco
depoimentos através de entrevistas e/ou questionários, postado em grupo
fechado do facebook e/ou pessoalmente. Os entrevistados são adolescentes e
adultos, oriundos de escola pública e/ou particular, moradores da Comunidade
do Vidigal. No geral, o questionário e a entrevista incluíram algumas perguntas
como: Qual seu primeiro pensamento ou sentimento quando ouve a palavra
MATEMÁTICA? Você acha que a matemática é importante para sua vida? E a
partir destas e outras questões o trabalho foi desenvolvido.
A pesquisa é pautada nos seguintes autores-base: Paulo Freire,
Ubiratan D´Ambrosio, e Simaia Sampaio para fundamentar as reflexões
Psicopedagógicas. Tendo como principais livros: Pedagogia da Autonomia:
saberes necessários à prática educativa (FREIRE, 2014); Transtornos e
Dificuldade de Aprendizagem (SAMPAIO, 2011).
A pesquisa divide-se em quatro capítulos. No capítulo I intitulado de:
Por que estudar matemática? Aborda como é importante o estudo da
matemática para vida; capítulo II: O ensino da matemática: refletir é preciso:
nesse capítulo aborda a importância do olhar reflexivo do professor sobre suas
aulas e a sua formação continuada para construção do saber matemático. No
Capítulo III: Experiências do ensino da matemática: vivências e análise a partir
de depoimentos de alunos do Vidigal: foram apresentados os depoimentos dos
cinco moradores do Vidigal, que conduziram essa pesquisa. Sendo
fundamental para as reflexões e sugestões Psicopedagógicas. No Capítulo IV:
Intervenção psicopedagógica no ensino da matemática: apresenta sugestões
Psicopedagógica para o ensino lúdico da matemática.
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Pesquisar foi a ação e opção de trabalho todas as vezes que Jovens
e adultos contavam porque não voltavam a estudar. Pesquisar era o desafio
para entender, e para conhecer qual era o motivo da dificuldade dessas
pessoas em aprender matemática, que por consequência, são as mesmas de
muitos outros alunos. E assim, a pesquisa foi descobrindo que a matemática
não é tão difícil como dizem ser.
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CAPÍTULO I
POR QUE ESTUDAR MATEMÁTICA?
Segundo os Parâmetros Curriculares nacionais (1997), “A
Matemática, surgiu na Antiguidade por necessidades da vida cotidiana. Como
as demais ciências, ela reflete as leis sociais e serve de poderoso instrumento
para o conhecimento do mundo e domínio da natureza. ” (p.24). E continua: a
matemática “é a ciência da quantidade e do espaço, uma vez que se originou
da necessidade de contar, calcular, medir, organizar o espaço e as formas. ”
(PCN, 1997, p.24). Portanto, ela “estuda todas as possíveis relações e
interdependências quantitativas entre grandezas, comportando um vasto
campo de teorias, modelos e procedimentos de análise, formas de coletar e
interpretar dados. ” (PCN, 1997, p.24) Mas porque aprender matemática?
Uma das perguntas mais feitas pelos alunos é: por que tenho que
aprender matemática? E muita das vezes, a resposta é a mesma: “para passar
de ano! Ou então, “para prestar vestibular! ” Respostas que em muitos casos,
não tem utilidade para uma parte dos alunos, e assim, seguem sem uma
resposta, não tendo significado em aprender matemática. Mas a matéria tem
história e importancia.
Alguns defendem o caráter propedêutico da matemática. Ensina-se isso porque é importante para aquilo, e aquilo porque é importante para...e assim por diante. Justifica-se os programas como um elenco de conteúdos organizados linearmente. Nenhuma teoria hoje aceita de aprendizagem corrobora essa justificativa. Muito pelo contrário, o que sabemos dos processos cognitivas indicam que a aprendizagem deve consistir em oferecer ao aluno uma variedade de experiências ricas, apresentadas de forma não-linear, poderíamos mesmo dizer caótica. A riqueza de experiências vai possibilitar ao aluno que eventualmente –- não no dia e hora marcados pelo professor -- faça a organização dos fatos que experienciou para a construção de mentefatos que poderão servir para experiências novas. (D’AMBROSIO, 1999, p.43)
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É notório que a relação aluno e a matemática não são nada
amigáveis. São muitos os alunos que não gostam dessa disciplina, e por isso a
detestam. Também têm os que conseguem uma boa nota, porém, afirmam não
gostarem da disciplina, e que estudam só para garantir a nota. A quem diga
que as aulas são chatas, e/ ou que não entendem o que o professor explica. A
matemática aparenta ser difícil devido a forma como é ensinada. Por mais que
seja uma disciplina que demonstre uma certa dificuldade, por ser de exatas, é
preciso trazê-la para o concreto. Caso contrário, contribuirá para a falta de
interesse e rejeição, e até mesmo traumatizará o aluno.
A rejeição a matemática pode estar relacionada principalmente a
metodologia de ensino. Quem nunca chegou ao resultado de uma questão
resolvendo de forma diferente da do professor, e foi oprimido, pois deveria ter
feito como o professor ensinou?
Em muitos casos os alunos não sabem a importância de aprender
matemática, não correlacionam com o seu dia a dia. Ou seja, acabam não se
dedicando para aprender. Na maioria das vezes por não conseguirem
aprender, acham a matemática difícil. Dizem: “ é muita conta”, “muita matéria”,
mas isso acontece, pois “Tradicionalmente, o ensino de Matemática é feito pelo
acúmulo de conteúdo.” (D’Ambrósio, 1986). O que dificulta a aprendizagem do
discente, já que na matemática você precisa do conteúdo anterior para dar
continuidade.
Normalmente ensinamos como aprendemos, e assim, muitas das
vezes, perpetuamos as mesmas falhas. Pensando na resposta de aprender
matemática para passar de ano, será que esse é realmente o objetivo de
ensinar matemática na educação básica? O Parâmetro Curricular Nacional
(PCN) dentre seus sete objetivos gerais, apresenta as finalidades para o ensino
da matemática, não constando em nenhum, a obtenção de nota, confira:
• identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender e transformar o mundo à sua volta e perceber o caráter de jogo intelectual, característico da Matemática, como aspecto que estimula o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e o desenvolvimento da capacidade para resolver problemas;
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• fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos do ponto de vista do conhecimento e estabelecer o maior número possível de relações entre eles, utilizando para isso o conhecimento matemático (aritmético, geométrico, métrico, algébrico, estatístico, combinatório, probabilístico); selecionar, organizar e produzir informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las criticamente;
• resolver situações-problema, sabendo validar estratégias e resultados, desenvolvendo formas de raciocínio e processos, como dedução, indução, intuição, analogia, estimativa, e utilizando conceitos e procedimentos matemáticos, bem como instrumentos tecnológicos disponíveis;
• comunicar-se matematicamente, ou seja, descrever, representar e apresentar resultados com precisão e argumentar sobre suas conjecturas, fazendo uso da linguagem oral e estabelecendo relações entre ela e diferentes representações matemáticas;
• estabelecer conexões entre temas matemáticos de diferentes campos e entre esses temas e conhecimentos de outras áreas curriculares;
• sentir-se seguro da própria capacidade de construir conhecimentos matemáticos, desenvolvendo a auto-estima e a perseverança na busca de soluções;
• interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente na busca de soluções para problemas propostos, identificando aspectos consensuais ou não na discussão de um assunto, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles. (1997, p.37)
É um alívio saber que o objetivo do ensino - aprendizagem da
matemática não é para obtenção de nota ou simplesmente passar no
vestibular. O professor antes de passar respostas prontas, precisa
compreender a real importância do ensino da matemática para cada aluno.
Os alunos trazem para a escola conhecimentos, idéias [sic] e intuições, construídos através das experiências que vivenciam em seu grupo sociocultural. Eles chegam à sala de aula com diferenciadas ferramentas básicas para, por exemplo, classificar, ordenar, quantificar e medir. Além disso, aprendem a atuar de acordo com os recursos, dependências e restrições de seu meio. (PCN, 1997, p.25)
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É fácil dizer que Pedrinho não consegue resolver os cálculos
passado pela professora no caderno, mas como explica, ele conseguir ajudar
seu pai no caixa do mercadinho do bairro? E a Márcia, que não consegue
resolver os problemas em aula, mas consegue ajudar sua mãe a administrar as
despesas da casa?
A Matemática comporta um amplo campo de relações, regularidades e coerências que despertam a curiosidade e instigam a capacidade de generalizar, projetar, prever e abstrair, favorecendo a estruturação do pensamento e o desenvolvimento do raciocínio lógico. Faz parte da vida de todas as pessoas nas experiências mais simples como contar, comparar e operar sobre quantidades. (PCN, 1997, p.24-25)
Vê-se o quanto é importante aprender matemática? Vivemos
cercados por ela: Seja no ponteiro do relógio, no tamanho de uma roupa ou
simplesmente na quantidade de água que colocamos no copo. Precisamos
dela para o convívio em sociedade, como destaca o PCN ao dizer que:
O papel que a Matemática desempenha na formação básica do cidadão brasileiro norteia estes Parâmetros. Falar em formação básica para a cidadania significa falar da inserção das pessoas no mundo do trabalho, das relações sociais e da cultura, no âmbito da sociedade brasileira. (1997, p.25)
Partindo do pressuposto que “dependemos” da matemática,
utilizando-a no dia a dia, não tem como fugir dela. Logo, aprender/ saber
matemática, implica nas relações sociais. Ou seja, excluir ou inclui socialmente.
Com isso, muitos orientam o ensino destacando o fazer matemático como um ato de gênio, reservado a poucos, que como Newton, são vistos como privilegiados pelo toque divino. O resultado disso é uma educação de reprodução, formando indivíduos subordinados, passivos e acríticos. (D’AMBROSIO, 1999, p.23)
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Por isso a emergência em reavaliar a forma como é ensinado a
matemática. Para que aprendam o conteúdo, e mais do que isso: saibam o
porquê aprenderam.
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CAPÍTULO II
O ENSINO DA MATEMÁTICA: REFLETIR É PRECISO
Durante muito tempo o aluno sentava-se a frente do quadro negro e
por cerca de 4 horas seguia sentado, ouvindo seu professor. Ele não tinha vez,
nem voz. As aulas eram completamente mecânicas. O aluno respondia
somente aquilo que lhe era perguntado. O ensino, acontecia por meio da
memorização e repetição dos exercícios.
Hoje no século XXI, infelizmente a maioria das aulas continuam
assim, principalmente a de matemática. O professor vai à frente do quadro e
faz exercícios repetidos para memorização do conteúdo, deixando seu aluno
desinteressado pela matéria e decorando somente para fazer a prova. De
acordo com Beraldi (1999):
Um dos motivos do fracasso do ensino de matemática esta tradicionalmente pautado em manipulações mecânicas de técnicas operatórias, resolução de exercícios, que são rapidamente esquecidos, assim como a memorização de fórmulas, tabuada, regras e propriedades. (1999, p.88)
O professor precisa entender que vivemos em uma era, que se
move de acordo com os avanços tecnológicos. Hoje a escola não é mais a
detentora do saber. Com essa mudança, o aluno passa a ser o centro do
ensino. Antes mesmo do professor apresentar a matéria, o aluno tem acesso a
todo conteúdo na internet. Então para que ir à escola? Talvez esta seja a
questão que pode se apresentar como variável para o desinteresse, para a
bagunça dos alunos em classe.
Por essas razões, a pesquisa (ou investigação) que se desenvolve no âmbito do trabalho de professor não pode ser confundida com a pesquisa acadêmica ou pesquisa científica. Refere-se, antes de mais nada, a uma atitude cotidiana de busca de compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos e à autonomia na interpretação da realidade e dos conhecimentos que constituem seus objetos de ensino. (PROPOSTA DE
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DIRETRIZES PARA A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES, 2000, p.45)
Ou seja, o professor deve fazer papel de mediador da
aprendizagem, e não de transmissor. “Não posso apenas falar bonito”
(FREIRE, 2014, p.47), se a criança não participa e não aprende aquilo que lhe
é ensinado. Os alunos em sala são responsabilidade do professor. Só ele é
capaz de construir um caminho que facilite o processo de aprendizagem do seu
educando. Como diz FREIRE (2014), “Ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção. ” (p.24)
O processo de ensino aprendizagem acontece através do diálogo:
aluno - professor e o Psicopedagogo. Que está presente nas escolas para
trabalhar junto ao professor. Buscando conhecer quem são os alunos com
dificuldade, que significados atribuem ao estudo e à escola. Propor atividades
facilitadoras para o professor colocar em seu planejamento, pensando nos
objetivos que quer que os alunos alcancem, para que sejam capazes de
aprender, e não apenas decorar.
O Psicopedagogo deve ter o cuidado de sempre mostrar a utilidade
de cada conteúdo aos alunos com dificuldades, mas deixando-o livre para criar
e/ou descobrir as diferentes possibilidades. Assim, estará contribuindo para o
desenvolvimento de um ser autônomo e crítico- reflexivo capazes de tomar
suas próprias decisões.
Lutar por uma educação de qualidade implica também na forma
como o professor leciona. Por isso a importância da qualificação continuada.
Por mais que você já tenha 5, 10, 20 anos de experiências, é preciso ser
flexível e reflexivo, capaz de avaliar sua prática e estar aberto a mudanças.
Lembre-se: Nunca é tarde para mudar!
É preciso enfrentar o desafio de fazer da formação de professores uma formação profissional de alto nível. Por formação profissional, entende-se de que não seja uma formação genérica e nem apenas acadêmica, mas voltada para o atendimento das demandas de um exercício profissional específico, pois não basta a um profissional ter conhecimentos sobre seu trabalho. É fundamental que saiba mobilizar esses conhecimentos, transformando-os em ação. Essa formação
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deve ser de alto nível no cuidado e na exigência, tanto em relação ao que é oferecido pelo curso quanto ao que é requerido dos futuros professores. (PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES, 2000, p.35)
O Professor deve estar antenado a sua clientela. Seus alunos não
são marionetes. São indivíduos proativos e com diferentes valores. Que
precisam de portas abertas para suas ideias e desejos. Deve se moldar a sua
turma e não querer que os alunos se adeque a ele, pois assim estará
contribuindo para uma possível evasão. Sabemos que um aluno não é igual ao
outro, então o ideal é conhecer os alunos para saber o que propor.
O que dá sentido à aprendizagem é a dimensão vivencial que a condiciona. O processo de aquisição de competências desenvolve-se no convívio humano, na interação entre o indivíduo e a cultura na qual vive, na e com a qual se forma e para a qual se forma. Por isso, fala-se em aquisição de competências, na medida em que o indivíduo se apropria de elementos com significação na cultura. (PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA A FORMAÇÃO INICIAL, 2000, p.40)
Construir uma aula em cima do interesse dos alunos pode facilitar
muito o processo de ensino aprendizagem. Dividir as tarefas de acordo com a
facilidade de cada aluno é uma boa metodologia para a aquisição do conteúdo.
Nesse processo o psicopedagogo é o braço direito do professor. Está na
escola para ajudá-lo no que for preciso.
A aprendizagem por competências supera a dicotomia teoria - prática, definindo-se pela capacidade de mobilizar múltiplos recursos numa mesma situação, entre os quais os conhecimentos adquiridos na reflexão sobre as questões pedagógicas e aqueles construídos na vida profissional e pessoal, para responder às diferentes demandas das situações de trabalho. (PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA A FORMAÇÃO INICIAL, 200, p.37)
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A sala de aula deve ser um ambiente agradável, onde as crianças
sintam-se bem. Não esquecendo que as crianças carregam consigo uma
bagagem cultural, que deve ser aproveitada, no processo de ensino
aprendizagem.
Por considerar a aprendizagem da matemática fundamental na vida
do ser humano e saber que muitas pessoas a detestam. Foi decidido
investigar, a partir de um questionário, com alguns moradores do Vidigal que
desistiram de estudar principalmente por causa dela.
Quem nunca ouviu que não sabe para que aprende matemática; que
o professor ensina uma conta fácil e na prova caí uma difícil; que não consegue
aprender matemática, entre outras. “Acredito que um dos maiores erros que se
pratica em educação, em particular na Educação Matemática, é desvincular a
Matemática das outras atividades humanas. ” (D’AMBROSIO, 1999, p.1)
Vale ressaltar, que a intenção dessa pesquisa não é criticar os
professores, mas sim refletir sobre as dificuldades dos alunos e propor uma
possível solução, para não perpetuar as mesmas falhas.
Ao professor foram ensinadas muitas técnicas e teorias que ele jamais teve, e nem terá, oportunidade de praticar. E o professor parte para ensiná-las, sem nenhum momento de reflexão, de crítica. A última vez que viram aquele "ponto" do programa foi quando lhes ensinaram isso. E agora está vendo de novo esse ponto ao ensina-lo. (D’AMBROSIO, 1999, p.42)
Às vezes é preciso construir, ou simplesmente reconstruir. Observar
e selecionar recursos que leve a uma metodologia satisfatória. Que leve o
aluno à aprendizagem. Seja mudando ou adaptando, é importante frisar, que a
importância está no significado que o professor passa dos conteúdos ao
ensinar.
Cito uma reflexão de Paulo Freire, gravado no vídeo que ele enviou para o Congresso Internacional de Educação Matemática, em Sevilha, em 1996: Eu acho que nesse momento a gente se transformou também em matemáticos. A vida que vira existência se matematiza. Para mim, e eu volto agora a esse ponto, eu acho que uma preocupação fundamental, não apenas dos matemáticos, mas de todos nós,
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sobretudo dos educadores, a quem cabe certas decifrações do mundo, eu acho que uma das grandes preocupações deveria ser essa: a de propor aos jovens, estudantes, alunos homens do campo, que antes e ao mesmo em que descobrem que 4 por 4 são 16, descobrem também que há uma forma matemática de estar no mundo. (D’AMBROSIO, 1999, p.1-2)
O professor tem que fazer da sua sala de aula um local de
investigação da sua própria prática. Não reproduzir aquilo que vê, achando que
está correto só porque a escola diz. Tem que fazer a diferença, usar sua base
teórica, e não entrar no conformismo. Tendo apoio do trabalho
psicopedagógico que tem como objetivo: “ (i) promover a aprendizagem,
garantindo o bem-estar das pessoas em atendimento profissional, devendo
valer-se dos recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional. ” (CAP. I
ART. 5º, CÓDIGO DE ÉTICA DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
PSICOPEDAGOGIA)
Para tanto, o domínio da dimensão teórica do conhecimento para a atuação profissional é essencial, mas não é suficiente. É preciso saber mobilizar o conhecimento em situações concretas, qualquer que seja sua natureza. Essa perspectiva traz para a formação a concepção de competência, segundo a qual, a referência principal, o ponto de partida e de chegada da formação é a atuação profissional de professor. (PROPOSTA DE DIRETRIZES PARA A FORMAÇÃO INICIAL, 2000, p.36)
Como diz Freire (2014, p.30), “Não há ensino sem pesquisa. “A sala
de aula passa a ser vista, e deve ser vista como um campo de pesquisa
deixando de ser apenas uma prática mecânica do que é ser professor.
Quanto mais penso sobre a prática educativa, reconhecendo a responsabilidade que ela exige de nós, tanto mais me convenço do dever nosso de lutar no sentido de que ela seja realmente respeitada. O respeito que devemos como professores aos educandos dificilmente se cumpre, se não somos tratados com dignidade e decência pela administração privada ou pública de educação. (FREIRE, 2014, p.93-94)
É preciso reforçar que a sala de aula é lugar de reflexão sobre a
construção de caminhos a aprendizagem. A identidade profissional, a forma
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como está e estarão como profissionais da educação traz a marca das
instituições que estudaram. Traz a marca dos professores com quem estiveram
nos anos de formação. Assim como para os seus alunos. O que a reflexão
sobre o cotidiano da sala de aula é a certeza de que um professor deve ser
crítico e reflexivo da sua prática, ser capaz de se auto avaliar, de sempre rever
suas práticas e se necessário, mudá-las.
É preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amorosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto da alegria, gosto da vida, abertura do novo, disponibilidade à mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos, identificação com a esperança, abertura à justiça, não é possível a prática pedagógica-progressista, que não se faz apenas com ciência e técnica. (FREIRE, 2014, p.117-118)
Na vida da criança é importante um ambiente que favoreça o seu
desenvolvimento, assim como um bom psicopedagogo, que seja um mediador
nesse processo de ensino aprendizagem. Que proporcione momentos de
experimentação. Que o encoraje a explorar as diferentes possibilidades de
resoluções lógico-matemáticos. Mesmo que o aluno tente e erre, pois ruim, não
é quando o aluno erra, mas sim, quando ele desiste! E a Psicopedagogia “tem
aprofundado os processos de aprendizagem, os fatores da não aprendizagem,
as dificuldade e diferenças na aprendizagem visando uma escolarização bem
sucedida. ” Para que possa de forma significativa auxiliar aluno e professor
nessa trajetória de ensino- aprendizagem. (Capítulo X, código de ética da
associação brasileira de psicopedagogia)
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CAPÍTULO III
DIFICULDADE NA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA: A
PARTIR DA ANÁLISE DE DEPOIMENTOS DE
MORADORES DO VIDIGAL
A Pesquisa foi feita com base em quatro depoimentos colhidos
através de entrevista, feita por mim, aluna da Pós em Psicopedagogia. Os
entrevistados são adolescentes e adultos, oriundos de escola pública e/ou
particular, moradores da Comunidade do Vidigal. Com objetivo de compreender
como o Psicopedagogo pode intervir no ensino da matemática; refletir sobre as
possíveis causas para a dificuldade na aprendizagem da matemática;
apresentar dificuldades encontradas pelos alunos no ensino da matemática;
facilitar o ensino da matemática com o auxílio do Psicopedagogo.
A pesquisa foi publicada no facebook em um grupo fechado da
comunidade do Vidigal. As pessoas poderiam responder e enviar, mas como
tiveram dificuldade, por não lidarem com a tecnologia, preferiram vir a minha
residência, para que eu as ajudassem. Os depoimentos foram colhidos durante
uma semana, pois dependia da disponibilidade dos entrevistados.
Dentre os alunos que responderam o questionário, quanto à sua
profissão observa-se diferentes funções: Arrumador, motorista, doméstica e
Jovem aprendiz informática (vendedor). O que chama a atenção é que todas
essas profissões dependem do conhecimento matemático. Antes de analisar as
possíveis causas da dificuldade desses moradores do Vidigal, conheça o perfil
dos entrevistados.
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Figura 1: qual seu sexo?
Figura 2: qual sua idade?
Como mostra nos gráficos acima a maioria dos entrevistados são do
sexo masculino e quanto a idade, temos duas épocas diferentes.
Figura 3: em que série parou de estudar?
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Figura 4: Você trabalhava e estudava quando desistiu de
estudar?
Outro fato que chama a atenção, é que 75% dos entrevistados
desistiram de estudar, quando trabalhavam, não concluindo o Ensino
Fundamental.
Figura 5: como eram suas aulas de matemática?
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Figura 6: você estudou em escola pública ou privada?
Mesmo entrevistando pessoas de duas diferentes épocas, ficou
evidente que o ensino continua tradicional, ou seja, utilizando exercícios como
recurso nas aulas. Como a maioria dos entrevistados são oriundos de escola
pública, não foi possível analisar se o mesmo acontece na rede privada de
ensino.
No senso comum diz-se que a matemática é ‘um bicho de sete
cabeça’, mas ainda assim espera-se que os alunos não tenham “Pânico” ou
“Pavor” quando ouvem falar dela. Só que em duas das quatro respostas dos
entrevistados, quando perguntado: “Qual seu primeiro pensamento ou
sentimento quando ouve a palavra matemática? As respostas foram: “Vontade
de aprender “; “Problema”; “Pânico”; “Pavor”. Sendo assim, fica claro o
desespero que essa disciplina causa na vida acadêmica dessas pessoas. Mas
mesmo com tamanha dificuldade, ainda há quem tenha esperança em
aprender, como viram na resposta de um dos entrevistados.
E quando perguntado: Qual a sua maior dificuldade nas aulas de
matemática? Podemos concluir que o principal desafio a ser vencido por esses
entrevistados, e provavelmente de muitas outras pessoas, é a emoção negativa
(MEDO!) em relação ao aprendizado da matemática. Um dos entrevistados
diante da pergunta acima responde rapidamente: “Me concentrar. Fico
achando que vou fazer tudo errado. ”
Os entrevistados têm vontade de voltar a estudar, mas além do
pavor da matemática, dizem “não ter tempo” e “nem paciência”, pois “são
muitos exercícios”. Perguntados se acham que a matemática é importante para
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sua vida? Todos responderam que sim, pois dependem dela. Mas quando
perguntados sobre a relação da matemática que estuda na escola com o seu a
dia a dia, a resposta é surpreendente: 50% dos entrevistados respondeu que
nenhuma! 25% respondeu que tudo e 25% que: “Na escola é uma deficiência
muito triste. Lembro de poucas coisas que aprendi na escola que uso no meu
dia a dia. O que sei hoje sobre matemática aprendi com a vida, e não na sala
de aula. ” Veja o gráfico abaixo:
Figura 7: qual a relação da matemática que você estuda na
escola com o seu dia a dia?
Como foi mostrado mais a cima, os alunos entrevistados são
oriundos de escolas públicas e de um ensino tradicional, cujo ensino, está
vinculado ainda a repetição de exercícios. Também se sabe que a
aprendizagem satisfatória vai depender muito da relação que o aluno tem com
o seu professor. Ou seja, a maneira como o professor trata seus alunos e
conduz suas aulas influencia na aprendizagem Matemática dos mesmos.
Como consta no Capítulo I, Art. 3º Do Código De Ética Da Associação
Brasileira De Psicopedagogia estará presente para “mediar conflitos
relacionados aos processos de aprendizagem. ” Ou seja, ele criará subsídios
dentro do seu conhecimento para auxiliar docente e discente a vencer a
empatia e facilitar o processo de ensino aprendizagem.
Com intuito de conhecer melhor quem estava sendo entrevistado,
foi perguntado: “Aconteceu alguma coisa que marcou você nas aulas de
matemática? “ E um dos entrevistados respondeu: “A professora me colocou
para fora de sala de aula. E proibiu que eu assistisse as aulas, isso porque eu
27
não fazia os deveres (não sabia fazer) e ela não tinha paciência de me explicar.
” Por isso é preciso de um trabalho conjunto, escola e família. Os professores
precisam conhecer seus alunos e utilizar recursos que facilitem o processo de
ensino aprendizagem. Caso não esteja conseguindo, procurar o
Psicopedagogo para orientá-lo nesse processo. Vale ressaltar que cada aluno
tem seu tempo e sua forma de aprender.
Através da entrevista foi possível conhecer um pouco do que leva
esses entrevistados a terem dificuldade em aprender a matemática. Sabe-se
que os dados colhidos são poucos para uma conclusão eficaz., mas são
importantes para que, por exemplo, um psicopedagogo perceba as dificuldades
e pense em estratégias de intervenção para minimizar essas mesmas
dificuldades.
De acordo com Sánchez (2004, p. 18), “a intervenção é facilitadora,
estabelece pontes e ajudas com andaimes que devem ser progressivamente
retiradas para facilitar a autonomia”, a do psicopedagogo, com apoio de
recursos que facilitem a aprendizagem em Matemática, métodos que possam
acabar ou diminuir com a dificuldade do aluno. Cabe ao psicopedagogo, no
processo de observação e escuta, segundo a autora Fernandez (1991, p.120),
“detectar os lapsos, as diversas dificuldades na expressão do discurso, da
forma como os cortes são efetivados, das inconsistências, das repetições, das
pausas prolongadas, emerge o inconsciente. ”
Aqui será apresentado possíveis causas, mesmo tendo mostrado
claramente fatores que nos leva a uma conclusão. Porém, quanto
psicopedagoga, sabe-se que ao analisar um caso, diferentes fatores precisam
ser observados, assim como o meio família, social, cultural, afetivo, cognitivo,
entre outros.
Nos casos aqui apresentados, foi possível notar que os
entrevistados precisam de um olhar diferenciados. Precisam de um olhar
atento. Um ensino que vá de encontro a realidade deles, que não seja feito
mecanicamente. Mesmo com medo da disciplina, eles têm vontade em
aprender, e isso é importante. Mas para isso, é preciso de práticas inovadoras,
diferentes das que já estão acostumados a ver. Um ensino que realmente os
levem a aprendizagem.
28
Hoje, infelizmente ainda vemos professores completamente
tradicionais. Essa prática não ajuda na formação de um cidadão autônomo e
crítico. Pelo contrário, contribui para a evasão escolar e dificuldade de
aprendizagem, como visto na análise da entrevista mostrado acima. Com os
avanços tecnológicos e centenas de recursos lúdicos, fica mais emergente a
necessidade de práticas inovadoras, dinâmicas e além de tudo, satisfatória ao
aluno.
Como relatou uma entrevistada: “ Não entendo para que eu tenho
que saber quanto custou cada boneca. Não compro boneca. ” De novo: o
ensino precisa ter significado para o aluno. Para Ausubel (1963, p. 58), “a
aprendizagem significativa é o mecanismo humano, por excelência, para
adquirir e armazenar a vasta quantidade de idéias [sic] e informações
representadas em qualquer campo de conhecimento. ” E “ensinar não é
transferir conhecimento, mas crias as possibilidades para a sua produção ou a
sua construção ” (FREIRE, 2014, p. 25), enquanto “o psicopedagogo deve
“escutar e traduzir” (FERNANDEZ, 1991, p. 127) o que lhe é apresentado.
Por último fica a mensagem de que precisa haver mudanças.
Perguntados: “Se pudesse mandar uma mensagem para seu professor (a) de
matemática, qual seria? ”
• “Que eu não aprendi tudo ainda. Que falta muita coisa pela frente
e que foi bom enquanto durou. ”
• “Que ela tivesse mais paciência com os alunos dela. ” (Risos)
• “Não destrua o meu raciocínio com as suas perguntas difíceis. ”
• “Professora passe menos exercício! ”
Com as respostas dadas fica a reflexão. O professor deve levar em
conta como ensinar, o que ensinar, quando ensinar, para quem ensinar e para
quê ensinar. São perguntas norteadoras para um excelente ensino. Quanto o
Psicopedagogo, não pode esquecer que: “escutar não é sinônimo de ficar em
silencio, como olhar não é de ter os olhos abertos. Escutar, receber, aceitar,
abrir-se, permitir, impregnar-se”. (FERNANDEZ, 1991, P.131) Sempre em
busca de melhoria, sendo capaz de ouvir além dos que o aluno fala, pois
assim, será possível uma intervenção mais consistente.
29
CAPÍTULO IV
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO ENSINO DA MATEMÁTICA: O RECURSO DO LÚDICO
A escola está preocupada com o conteúdo, deixando os alunos
sentados por horas praticando exercícios atrás de exercícios. Esquecem que
são apenas crianças, que querem correr, brincar e pular ou jovens que buscam
novidades ou até mesmo adultos, que não querem se estressar, voltaram a
escola para aprender e não para refazer os mesmos deveres que faziam
quando criança.
Ao refletir sobre o depoimento dos entrevistados, fica evidente o
quanto é importante o Psicopedagogo nesse processo. Ele junto ao professor
estará atento as necessidades de cada aluno, propondo atividades
facilitadoras. O caminho mais propicio nos casos citados a cima, seria o lúdico,
pois percebe-se que da forma tradicional não houve sucesso.
O Psicopedagogo quando se apropria do lúdico no seu processo
interventivo, leva em consideração o público que está atendendo,
proporcionando atividades diferenciadas e voltadas para o aluno em questão. É
importante destacar que o brincar e o jogo estão presentes no cotidiano das
crianças, e quando levados para sala de aula, funcionam como um fio
condutor. Facilitando o processo de ensino aprendizagem matemático.
Além das aprendizagens de natureza subjetiva que o jogo promove, ou seja, pelo ato de jogar, o aprendente tem a possibilidade de vivenciar várias experiências, como ganhar, perder dividir situações, isolar-se, e que, às vezes, em outros contextos. Objetiva, como contar, reconhecer, classificar, seriar, desenvolver a orientação espacial, exercício visório-motor e outras capacidades necessárias ao desenvolvimento. (SIMAIA; IVANA, 2011, p.78)
O Psicopedagogo no que se refere às crianças, a intervenção
através dos jogos busca construir, junto com os professores, práticas
pedagógicas comprometidas com o seu desenvolvimento integral, respeitando
a linguagem a partir da qual elas compreendem e dialogam com o mundo
30
físico, social e cultural, e também considerando os aspectos da aprendizagem
a serem desafiados.
“O jogo ganha espaço, como a ferramenta ideal da aprendizagem, na medida em que propões estímulo ao interesse do aluno, desenvolve níveis diferentes de sua experiência pessoal e social, ajuda-o a construir suas novas descobertas, desenvolve e enriquece sua personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem. ” (SANTOS,200, p.37)
E no que se refere à interação com os professores envolvidos, fica o
trabalho de observar o desenvolvimento das crianças e quando necessário
intervir, lembrando sempre de incentivar o discente.
Dentre a infinidade de jogos, existem alguns que são considerados como verdadeiros “coringas” que podem ser trabalhos em sala de aula, sem serem visualizados como estratégia exclusiva de alguns. A práxis do jogo aparenta a diversão, a brincadeira para o aprendente. Já para o educador e/ou o reeducador nesse momento, este (s) necessita (m) de um amplo conhecimento tanto da aplicabilidade do jogo quanto da forma de analisar o processo de jogar, lançando sobre essa ação seu olhar analítico, sensível e reorganizador diante das situações demonstradas pelo aprendente. (SIMAIA; IVANA, 2011, p.77)
É através do diálogo, professora - Psicopedagoga, que coloca em
debate, estratégias de trabalho no sentido de apontar as questões pontuais do
trabalho cotidiano, que possibilitem incluir a seguinte indagação: como construir
com as crianças, um saber escolar que reflita o ser no seu desenvolvimento
pleno, em suas múltiplas perspectivas e que facilite seu aprender matemático?
Por meio das explorações que faz, do contato físico com outras
pessoas, da observação daqueles com quem convive, a criança aprende sobre
o mundo, sobre si mesma e comunica-se pela linguagem.
"O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento
31
necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil". (Piaget 1976, p.160).
Por isso a importância de atividades que possibilitem o contato direto
com outras crianças e adultos. Levar as brincadeiras e jogos para sala de aula
como recurso para o ensino aprendizagem matemático proporciona a
oportunidade de uma aprendizagem ímpar. Nesse instante, a criança
desenvolve suas capacidades, interage ou não com seus colegas e externaliza
suas emoções. Para Benjamin, “Não há dúvida que brincar significa sempre
libertação. ” (2002, p.85) Na brincadeira, a criança desenvolve a imaginação, a
atenção, a imitação e a memória, transformando assim as suas vidas.
Após muitos estudos e aplicações, sabemos que os jogos trazem
diversos benefícios, mas Groenwald (2002. p.2), aponta alguns:
O aluno demonstra para seus colegas e professores se o assunto foi bem assimilado; Detectar os alunos que estão com dificuldades reais; Competição entre as crianças, pois almejam vencer e para isso aperfeiçoam-se e ultrapassam seus limites; No desenrolar de um jogo observa-se que o aluno se torna mais crítico, alerta e confiante, expressando o que pensa, elaborando perguntas e tirando conclusões sem necessidade da interferência ou aprovação do professor; Permite que o aluno não tenha medo de errar, pois o erro é considerado um degrau necessário para se chegar a uma resposta correta; A criança se empolga com o clima de uma aula diferente, o que faz com que aprenda sem perceber.
Enquanto brincam, são capazes de construir novas regras,
solucionar possíveis conflitos que surgirem e desenvolver a memória e
atenção. Mas de acordo com Seabra (2010), “Um cuidado a ter no uso de jogos
é que estes não sejam mera distração. O jogo na educação deve ter o
propósito de contribuir com situações de aprendizagem, com objetivos claros. ”
(p.23) Aprender através do lúdico, do jogo em questão, é o caminho de uma
aprendizagem satisfatório, para quem ensina e para quem aprende. Também é
32
importante tomar alguns cuidados na escolha e execução dos jogos, como
afirma Groenwald (2002, p.2):
Não tornar o jogo algo obrigatório; Escolher jogos em que o fator sorte não interfira nas jogadas, permitindo que vença aquele que descobrir as melhores estratégias; Utilizar atividades que envolvam dois ou mais alunos, para oportunizar a interação social; Estabelecer regras, que podem ou não ser modificadas no decorrer de uma rodada; Trabalhar a frustração pela derrota na criança, no sentido de minimizá-la; Estudar o jogo antes de aplicá-lo, o que só é possível, jogando.
Ser criança é assim: brincar sem querer parar, descobrir o novo,
anunciar a novidade, escolher o que agrada, imitar, imaginar, criar, recriar,
adaptar, permitir, viajar. Assim deve ser os momentos vividos na intervenção
Psicopedagógica e na sala de aula: valorizando-se a cultura lúdica dos
pequenos! Cada encontro uma vivência, uma emoção. Uma nova fantasia,
novas paixões. O recomeço do vivido, a análise do ocorrido, a busca constante
pelo desconhecido, pela aceitação da imaginação como fonte de
conhecimento.
Os entrevistados dessa pesquisa relatam ter dificuldade na
aprendizagem matemática. Mas não se pode pensar que essa dificuldade seja
culpa deles, que não aprende porque não quer. É preciso fazer um diagnóstico
para entender o que passa com eles, é aí que entra o suporte
Psicopedagógico. Fazendo um levantamento sobre o contexto social que estão
inseridos. De acordo com Sampaio (2010, p. 143):
Resgatar a história de vida do sujeito e colher dados importantes que possam esclarecer fatos observados durante o diagnóstico, bem como saber que oportunidades este sujeito vivenciou como estímulo novas aprendizagens.
Pela análise das respostas dos entrevistados, que desistiram de
estudar, principalmente por causa das aulas de matemática, fica evidente que a
desistência está relacionada as práticas pedagógicas, que não era instigante e
nem inovadora, pelo contrário: era desestimulante, não tinha significado e nem
relação com o dia a dia. Por isso a importância do professor reavaliar suas
33
práxis, “Mudar é difícil, mas é possível” (FREIRE, 2014, p.47). Mas não quer
dizer que a causa está apenas direcionada a metodologia de ensino, pois como
falado no decorrer da pesquisa, as dificuldades de aprendizagem estão
relacionada a diferentes fatores, e não somente a prática educativa. Segundo
Castanho (2004):
A compreensão do insucesso escolar é a identificação com teorias que buscam compreendê-lo a partir dos seguintes aspectos: relação que o sujeito da aprendizagem estabelece com o conhecimento e o saber; relação professor-aluno; manejos inadequados nas instituições que provocam dificuldades de ordem reativa; visão do aluno como um todo; consideração do contexto onde ele se insere como importante para esclarecer sua relação com o conhecimento. (p.19)
É preciso atenção, pois as crianças nem sempre conseguem relatar
suas dificuldades, o que ocasiona o acúmulo de conteúdo não simulado,
levando o aluno ao desinteresse, e até mesmo, a desistência de estudar. E
carregam consigo essa dificuldade ao longo da vida, é o que aconteceu com os
entrevistados dessa pesquisa. Mas um olhar atento do Professor, poderia ter
mudado essa situação, pois ao perceber a dificuldade, encaminharia para o
Psicopedagogo, afim de um ‘tratamento’ eficaz para a resolução do problema
apresentado.
Para isso o Psicopedagogo faria um diagnóstico a partir da queixa
recebida, nesse caso, a dos alunos entrevistado. Durante a intervenção são
necessários instrumentos para que seja feito um trabalho eficaz, alcançando o
objetivo esperado: a causa da dificuldade do aluno e a sua superação. Durante
o processo interventivo, o jogo funciona como uma importante ferramenta, pois:
através do brincar, o profissional pode identificar e compreender a modalidade de aprendizagem do paciente – se é predominantemente acomodativa ou predominantemente assimilativa –, se o paciente cumpre de forma satisfatória o que lhe é solicitado, entretanto, fica paralisado diante do conhecimento, podemos dizer que sua modalidade é predominantemente acomodativa; ao passo que, se ele cria desordenadamente, mas não consegue transformar para construir o conhecimento, denominamos sua aprendizagem como predominantemente assimilativa, conforme postularam
34
Sara Paín e Alicia Fernández. Sendo assim, o brincar se destaca novamente para nos revelar que os esquemas que a criança usa para organizar as brincadeiras são os mesmos que ela usa para lidar com o conhecimento. Nessa perspectiva, é fundamental esse entendimento a fim de que o psicopedagogo possa identificar e intervir positivamente nas dificuldades da criança. (FONSECA, 2008, p.12).
Ao usar o lúdico como recurso, as intervenções psicopedagógicas
ficam distantes das práticas escolares, e a aprendizagem passa a ser
prazerosa e produtiva. Segundo Bossa (2000, p. 21) “o psicopedagogo utilizará
recursos como jogos, desenhos, brinquedos, brincadeiras, conto de histórias,
computador e outras situações que forem oportunas. ” Fazendo um trabalho de
apoio à criança, partindo do pressuposto que a sua dificuldade tem uma causa,
e precisa ser descoberta, para que não traga grandes consequências.
Sabendo-se que a causa da dificuldade na assimilação do ensino da
matemática tanto pode ser cognitiva, social, emocional, econômica ou até
mesmo na forma como está sendo organizado as práticas educativas. Como
afirma Weiss (1992, p. 22) ao falar das áreas de estudo da Psicopedagogia:
As áreas de estudo se traduzem na observação de diferentes dimensões no processo de aprendizagem: orgânico, cognitivo, emocional, social e pedagógico. A interligação desses aspectos ajudará a construir uma visão gestáltica da pluricausalidade deste fenômeno, possibilitando uma abordagem global do sujeito em suas múltiplas facetas.
O lúdico como principal ferramenta para o tratamento
Psicopedagógico, é importante, pois nesse processo o aluno é o condutor da
sua aprendizagem, apenas sendo mediado pelo Psicopedagogo, ele brinca e
aprende durante o acompanhamento psicopedagógico, mas sem perceber,
está sendo observado e avaliado, no intuito de atingir os objetivos esperados
pelo Psicopedagogo. Segundo Paín (1992):
A atividade lúdica nos fornece informação sobre os esquemas que organizam e integram o conhecimento num nível representativo. Por isto consideramos de grande interesse para o diagnóstico do problema de aprendizagem da infância, a observação do jogo do paciente. (p.50)
35
Os jogos de forma geral, podem trabalham diferentes fatores no que
se refere a aprendizagem. Como afirma Almeida (2009, p. 113):
• Trabalho da ansiedade por desenvolver mecanismos de enfrentamento e superação;
• Rever os limites por introjetar na criança à ideia de que está na posição de aprendiz;
• Reduzir a descrença na autocapacidade à ideia de que a partir de um ensinamento prévio é possível reconstruir mecanismos de ação;
• Diminuir a dependência e possibilitar a autonomia possibilidade de superar barreiras psicossociais e elaboração de estratégias e repostas pessoais;
• Aprimorar as coordenações motoras desenvolvimento das ações motoras através de movimentos;
• Melhorar o controle segmentar para funcionamento harmônico dos membros;
• Desenvolver percepção de ritmo através da sintonia com sons e movimentos mais elaborados;
• Aumentar a atenção e a concentração fornecem as condições de aprendizagem;
• Desenvolver antecipação e estratégia capacidade de antecipar, prever e de se preparar para a jogada do outro;
• Ampliar o raciocínio lógico que precisa ser constantemente instigado;
• Desenvolver a criatividade em jogos com individualidade e estilo próprio e
• Perceber a socialização e a coletividade ajuda a tornar o indivíduo capaz de perceber seus atos e as consequências deles no meio em que vive.
Kishimoto (2001) relata que:
A psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão incluídos. (p. 10)
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“A Psicopedagogia tem como meta compreender a complexidade dos
múltiplos fatores envolvidos nesse processo. ” (RUBINSTEINS,1999, p.127) E
a intervenção Psicopedagogia dentro da escola, visa além de superar as
dificuldades de aprendizagem, busca fortalecer a identidade dos alunos com
dificuldades, e é o que os entrevistados precisam. Está pesquisa possibilitou
refletir sobre as dificuldades de aprendizagem no ensino da matemática e
como o Psicopedagogo pode intervir nesse processo.
O primeiro passo a ser dado, segundo a análise feita com base nas
respostas e diálogos feitos de forma paralela, é um trabalho que fortaleça a sua
identidade e os incentivem a voltarem a estudar, deixando de lado as emoções
negativas (medo).
O grau de afetividade que envolve a relação do (a) professor(a) com seus pares representa o fio condutor e o suporte para a aquisição do conhecimento pelo sujeito. O aluno, (...), precisa sentir-se integralmente aceito para que alcance plenamente o desenvolvimento de seus aspectos cognitivo, afetivo e social. (JUSANI, 2009, p. 3).
Com a autoestima elevada, o aluno estará com suas emoções
trabalhadas, tendo motivação para prosseguir em busca do conhecimento.
Importante frisar que o trabalho de desenvolvimento da autoestima deve ser
contínuo. Aos poucos o interesse pela aprendizagem matemática irá surgindo,
até que chegue o momento, onde o aluno se verá envolvido com a matemática.
Segundo Rego e Rego (2000)
Até muito tempo atrás se acreditava que os alunos aprendiam acumulando informações dadas pelo professor, que escrevia, explicava e ensinava regras. As falhas no processo de aprendizagem eram justificadas pela pouca atenção, capacidade ou interesse do aluno. (p.17)
Mas como foi visto no decorrer da pesquisa o ensino mecânico é um
dos grandes fatores que contribuíram para a dificuldade de aprendizagem dos
entrevistados e quando perguntado: “QUAL A SUA MAIOR DIFICULDADE
NAS AULAS DE MATEMÁTICA? ” Uma das respostas é: “Muito exercício”. Fica
37
a reflexão que muito exercício não é sinônimo de uma boa aprendizagem. Daí
chega-se ao segundo passo a ser dado: a metodologia de ensino. Vale
ressaltar a importância da comunicação entre o Psicopedagogo e a professora.
“Todo esforço está em estabelecer um clima favorável a uma mudança dentro
do indivíduo, isto é, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente.
” (LIBÂNEO, 1990, p. 13-14)
O aluno adulto novamente dentro da sala de aula é um avanço
significativo. Provavelmente busca recuperar o tempo perdido, e para isso o
Psicopedagogo junto ao professor tem a missão de media-lo para que consiga
vencer as suas dificuldades de aprendizagem. Ou seja, além de novas
metodologias de ensino, e preciso um ambiente favorável à sua aprendizagem.
O estudo também mostrou que a intervenção Psicopedagógica
frente as dificuldades de aprendizagem no ensino da matemática devem ir de
encontro a realidade do aluno e também a prática do professor em sala.
Por fim, destaca-se que as análises feitas revelam que a intervenção
Psicopedagógica com o apoio do lúdico contribuem de forma significativa para
solução das dificuldades de aprendizagem do ensino da matemática.
38
CONCLUSÃO
A partir da pesquisa desse trabalho de conclusão do curso de pós-
graduação em Psicopedagogia, utilizando-se das obras literárias de vários
autores tais como Ausebel (1963), Freire (2014), Kishimoto (2001), Ubiratan
(1996), Paín (1985), Sampaio (2010), Weiss (1992), dentre outros grandes
autores foi possível: Refletir sobre as possíveis causas para a dificuldade na
aprendizagem da matemática; Apresentar dificuldades encontradas pelos
alunos no ensino da matemática; Facilitar o ensino da matemática com o
auxílio do Psicopedagogo e compreender como o Psicopedagogo pode intervir
no ensino da matemática.
Vimos que o lúdico favorece o ensino, facilitando a aprendizagem do
educando. Os resultados obtidos se referem aos alunos da rede pública de
ensino que participaram de uma aula diferente da que estavam acostumados, e
cansados. Em relação aos alunos pude observar que, mesmo com aqueles que
parece que a escola os abandonou, porque rotulados de “bagunceiros”;
“desatentos”; “não participativos”; “briguentos”, acabam por não ter interesse
nas atividades, ou como pude observar pela metodologia utilizada e descrita
acima foram capazes de estar atentos, foram participativos. Foi perguntado ao
Igor: “Porque nas aulas ele não participava e nesta ele estava interessado? ”.
Ele simplesmente respondeu: “- Porque a aula da tia Gabi foi interessante e eu
gostei. ” Depois dessa resposta, acho que ele respondeu todas ou quase todas
as perguntas.
Como puderam ver a dificuldade dos alunos está diretamente
relacionado com a metodologia de ensino. Por isso a importância de reavaliar
as práxis e quando necessário fazer um trabalho junto ao Psicopedagogo. Que
através do lúdico estará contribuindo para uma aprendizagem significativa e
prazerosa da matemática.
O psicopedagogo junto ao professor precisa propor atividades de
forma lúdica, interativa, despertando a curiosidade e a criticidade. Para isso
utilizando jogos e brincadeiras. Mudando a disposição das cadeiras e mesas se
necessário; contar histórias, estimular as crianças a falar, a brincar, a
39
investigar, a desenhar; valorizar conquistas, considerar o que já sabem do
cotidiano, das práticas sociais vividas.
Os moradores entrevistados mostraram uma resistência a voltar a
estudar, mas por outro lado, mostram esse querer, o desejo de voltar para
escola para aprender. Têm a noção de precisam do aprendizado para crescer
na vida, e para que ninguém os enganem.
Enquanto era respondido o questionário, o pós-graduando
incentivava a voltarem a estudar. Falava sobre meios que facilitaria que
aprendessem a matéria, e caso não aprendessem, perguntassem ao professor
até que conseguissem fazer. Tentando mostrar que a culpa em não aprender
não era deles, e sim da escola. O que reforça a necessidade de uma
metodologia que envolva o lúdico. Esse é o caminho a ser seguido pelo
Psicopedagogo que trabalhará em parceria com a professora e instituição. É
importante ressaltar que somos educadores e que cada criança, jovem e/ou
adulto pode estar dependendo de um olhar especial para o seu
desenvolvimento, por isso não devemos perder nunca a calma e sim pensar
em estratégias e alternativas, desenvolvendo competência para o melhor
desempenho do educando.
O psicopedagogo pode intervir frente a dificuldade de aprendizagem
da matemática. Através da observação e escuta. Sendo capaz de perceber se
o aluno apresenta indicadores de algum transtorno, que possa está dificultando
a aprendizagem matemática. Em alguns casos, será preciso que o
Psicopedagogo encaminhe para um diagnóstico clinico e em outros,
desenvolva atividades estimuladoras, proponha sugestões metodológicas e
orientações. Tendo como recurso: jogos, livros, revistas, computadores, entre
outros. Com a finalidade de descobrir o melhor caminho para a aprendizagem
significativa de cada aluno.
40
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43
ANEXO: ENTREVISTA
Indicação de data e hora
12/01/2017 17:59:36
13/01/2017 11:40:34
20/01/2017 14:41:45
21/01/2017 09:59:08
1) QUAL SEU SEXO?
Masculino
Masculino
Feminino
Masculino
2)QUAL A SUA IDADE?
52
24
52
16
3)QUAL A SUA PROFISSÃO?
Arrumador
Motorista
Doméstica
Jovem aprendiz informática (vendedor)
4)EM QUE SÉRIE PAROU DE ESTUDAR?
6º série
9º ano
5º ano
9º ano
5)VOCÊ ESTUDOU EM ESCOLA PÚBLICA OU PRIVADA?
PÚBLICA
PÚBLICA
PÚBLICA E PRIVADA
PÚBLICA E PRIVADA
6)VOCÊ TRABALHAVA E ESTUDAVA QUANDO DESISTIU DE ESTUDAR?
Sim
Sim
Sim
Não
7)QUAL SEU PRIMEIRO PENSAMENTO OU SENTIMENTO QUANDO OUVE A PALAVRA MATEMÁTICA?
Vontade de aprender
Problema
Pânico
Pavor
8) QUAL A SUA MAIOR DIFICULDADE NAS AULAS DE MATEMÁTICA?
Gostava da matemática, mas não tinha tempo em aprender e nem quem em ensinar nos deveres.
Me concentrar. Fico achando que vou fazer tudo errado.
Divisão
Muito exercício
9) VOCÊ ACHA QUE A
Sim. PQ tudo na vida tem
Sim. Pq dependo
Sim. Só não sei o pq.Sei
Sim. Pq ele está presente
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MATEMÁTICA É IMPORTANTE PARA SUA VIDA? EXPLIQUE.
que fazer cálculo. Se vc não souber matemática não consegue resolver as coisas, pois tudo depende dela.
dela no dia a dia.
que quando falamos de matemática estamos tratando de números e quando falamos de números falamos de quantidade, então sei que é importante.
em todo momento.
10) QUAL A RELAÇÃO DA MATEMÁTICA QUE VOCÊ ESTUDA NA ESCOLA COM O SEU DIA A DIA?
Na escola é uma deficiência muito triste. Lembro de poucas coisas que aprendi na escola que uso no meu dia a dia. O que sei hoje sobre matemática aprendi com a vida, e não na sala de aula.
Tudo. Nenhuma. Nenhuma.
11) COMO ERAM SUAS AULAS DE MATEMÁTICA?
Exercícios no caderno
Exercícios no caderno
Exercícios no caderno
Exercícios no caderno
12) SE PUDESSE MANDAR UMA MENSAGEM PARA SEU PROFESSOR (A) DE MATEMÁTICA, QUAL SERIA?
Que eu não aprendi tudo ainda. Que falta muita coisa pela frente e que foi bom enquanto durou.
Que ela tivesse mais paciência com os alunos dela.
Não destrua o meu raciocínio com as suas perguntas difíceis.
Professora passe menos exercício!
13) ACONTECEU ALGUMA
Eu tinha medo das provas. Um
A professora me colocou para fora de
Não destrua o meu raciocínio
Minhas notas na prova. Durante as
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COISA QUE MARCOU VOCÊ NAS AULAS DE MATEMÁTICA?
fato que lembro era que minha turma era muito bagunceira, e eu quieto. Acabava tirando notas razoáveis pq eu prestava mais atenção.
sala de aula. E proibiu que eu assistisse as aulas, isso pq eu não fazia os deveres (não sabia fazer) e ela não tinha paciência de me explicar.
com as suas perguntas difíceis.
aulas eu sabia fazer os exercícios, mas na hora da prova era mais difícil e eu não sabia fazer.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
POR QUE ESTUDAR MATEMÁTICA? 12
CAPÍTULO II
O ENSINO DA MATEMÁTICA: REFLETIR É PRECISO 16
CAPÍTULO III
DIFICULDADE NA APRENDIZAGEM MATEMÁTICA: A PARTIR DA ANÁLISE DE DEPOIMENTOS DE MORADORES DO VIDIGAL 22
CAPÍTULO IV
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO ENSINO DA MATEMÁTICA: O RECURSO DO LÚDICO 29
CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 40 WEBGRAFIA 42 ANEXO: ENTREVISTA 43