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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A IMPORTÂNCIA DA INSERÇÃO DOS JOVENS NO
MERCADO DE TRABALHO: MAIS QUE UMA COTA, UM
INVESTIMENTO PARA ORGANIZAÇÃO.
Camila Reis Gonçalves Nolasco Vieira
ORIENTADOR:
Prof. Paulo José
Prof. Paulo
José
Rio de Janeiro
2018
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2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
Apresentação de monografia à AVM como requisito
parcial para obtenção do grau de especialista em
Gestão de Pessoas.
Por: Camila Reis Gonçalves Nolasco Vieira
A IMPORTÂNCIA DA INSERÇÃO DOS JOVENS NO
MERCADO DE TRABALHO: MAIS QUE UMA COTA, UM
INVESTIMENTO PARA ORGANIZAÇÃO.
Rio de Janeiro
2018
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AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus primeiramente por permitir essa
conquista em minha vida e ao meu esposo que
apoiou e incentivou o meu desejo de
desenvolvimento e crescimento profissional
durante toda a trajetória do curso.
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DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais, minha irmã, meu esposo,
parentes e amigos.
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo trazer reflexão aos
leitores e as empresas sobre a importância da inserção dos jovens no mercado
de trabalho através do programa Jovem Aprendiz aderido pelas empresas. De
que maneira a inserção dos Jovens no mercado de trabalho através de cotas,
gera investimento para as empresas? Apontaremos a importância do programa
de aprendizagem como oportunidade de primeira porta de entrada aos diversos
jovens para o mercado de trabalho, assim como a qualificação profissional e
relação dos mesmos com os estudos. Para as empresas, existe o ganho de ir
além do estrito cumprimento do dever legal, a oportunidade de cumprir seu
papel socialmente responsável e ainda moldar esses jovens de acordo com a
sua cultura, missão e valores para que futuramente venham assumir uma
posição efetiva na empresa ou mesmo prepara-los e qualifica-los para o
mercado de trabalho atual que está cada vez mais competitivo e exigente. No
trabalho inicialmente foi abordado resumidamente à história do trabalho infantil
com o surgimento das normas e sua evolução através da legislação Brasileira e
os Direitos da Criança e do Adolescente no Brasil. Em seguida abordamos o
Programa Jovem aprendiz de acordo com o manual do ministério do trabalho,
seus objetivos, planejamento, carga horária, forma de contratação,
remuneração e finalização do contrato. No desenvolvimento do trabalho o leitor
irá se deparar com temas relacionados à fase da adolescência através da visão
e teoria de diversos autores e a inserção dos jovens no mercado de trabalho de
acordo com a lei trabalhista atual. Após a contratação dos jovens no programa
de aprendizagem nos deparamos com a importante atuação do RH e do Gestor
no desenvolvimento profissional do Aprendiz. É de suma importância que haja
planejamento, treinamento e orientação durante a realização do programa e
quais as estratégias utilizadas para retenção desses talentos para empresa,
frente ao desafio de moldá-los e prepará-los para uma posição efetiva ao
término do programa de aprendizagem.
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METODOLOGIA
Os métodos que contribuíram para elaboração do trabalho
foram baseados em fontes de pesquisa como: sites do governo sobre a
legislação referente ao programa de Aprendizagem, artigos que abordam o
tema, pesquisa bibliográfica e revista eletrônica em busca de novos
conhecimentos e orientações a respeito do tema.
O Trabalho foi estruturado em quatro capítulos, no primeiro
tratamos brevemente a história do trabalho infantil e a legislação, em seguida
tratamos a respeito do programa Jovem aprendiz de acordo com a legislação.
No terceiro abordamos o conceito de adolescência e a visão de autores da
psicologia com relação a essa fase de transição e suas responsabilidades. No
quarto e último capítulo é abordado à importância do RH nas organizações
assim como os gestores responsáveis pela monitoria do jovem com sua
contribuição no desenvolvimento profissional e retenção dos mesmos na
organização.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
A História do Trabalho Infantil no Brasil 11
CAPÍTULO II
Programa Jovem Aprendiz 15
CAPÍTULO III
Adolescência e a inserção no Mercado de Trabalho 25
CAPÍTULO IV
O Desenvolvimento do Jovem na Organização 32
CONCLUSÃO 51
BIBLIOGRAFIA 53
ÍNDICE 59
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INTRODUÇÃO
O mercado de trabalho está cada vez mais concorrido, no que diz
respeito à busca de oportunidades de contratação via CLT, salário fixo,
benefícios e estabilidade financeira. Em meio à crise econômica no país,
muitos profissionais estão desempregados entre eles pessoas qualificadas, no
que tange a escolaridade, experiências profissionais ou mesmo habilidades e
domínio de línguas estrangeiras. Esses pontos contam de forma positiva na
busca de uma oportunidade de emprego em meio à concorrência atual no país.
Os jovens, que já apresentavam uma inserção mais difícil e
vulnerável no mercado de trabalho, passam a sofrer com mais intensidade as
dificuldades impostas por este contexto. O que nos atenta a desigualdade no
mercado de trabalho em relação aos jovens que estão terminando o Ensino
Médio ou mesmo cursando e não possuem a formação exigida pelas
empresas, experiências e habilidades necessárias para uma concorrência justa
no mercado. A pouca experiência e qualificação empurram os jovens para
empregos com contratos mais instáveis e que nem sempre oferecem condições
de permanecerem com os estudos ou mesmo desenvolvimento profissional.
A inserção do jovem no mercado de trabalho através das cotas
nas empresas trata-se de um assunto que têm despertado discursões. O que
nos leva a refletir de que forma a inserção dos jovens através das cotas gera
investimento para as empresas?
A Lei da Aprendizagem (lei 10.097, de 19 de dezembro de 2000,
complementada pelo Decreto nº 5.598, de 1º de dezembro de 2005) foi criada
para inserir o jovem no mercado de trabalho. Com este programa, o governo
em parceria com outras organizações não governamentais, tem desenvolvido
junto às empresas privadas ou não, um processo de aprendizado a estes
jovens em formação, a fim de capacitarmos estes jovens e torna-los
profissionais aptos nesse mercado de trabalho tão competitivo.
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Essa formação realiza-se em programas de aprendizagem
organizados e desenvolvidos sob orientação e responsabilidade de instituições
formadoras legalmente qualificadas. O aprendiz é o jovem com idade entre 14
e 24 anos, matriculado no curso de aprendizagem profissional admitido por
estabelecimentos de qualquer natureza que possuam empregados regidos pela
CLT. A matrícula em programas de aprendizagem deve observar a prioridade
legal atribuída aos Serviços Nacionais de Aprendizagem e, subsidiariamente,
ás Escolas Técnicas de Educação e às Entidades sem fins lucrativos que
tenham por objetivo a assistência ao adolescente e a educação profissional,
registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Transformar a obrigatoriedade do cumprimento da “cota para o
jovem aprendiz” em um investimento é uma tarefa assumida pela área de
Recursos Humanos (RH), com apoio da gestão corporativa. O Programa
Jovem Aprendiz apresenta alguns desafios, que precisam ser solucionados,
para que possamos afirmar que a empresa não é apenas uma cumpridora de
cota e sim uma desenvolvedora de mão de obra qualificada.
Um desses desafios é possibilitar que os jovens percebam a
oportunidade de trabalho associada à aprendizagem, mostrando que no
período da adolescência a vaga em uma empresa pode facilitar na construção
do seu papel na sociedade e auxiliar nas suas escolhas profissionais.
Compreendendo que a adolescência é uma fase caracterizada pela dualidade
adulto x infância, uma oportunidade de emprego sem a estruturação adequada,
pode proporcionar a esses jovens um desgaste psíquico e causar danos na sua
formação.
Amparados não só pela Lei da Aprendizagem, os adolescentes
têm seus direitos garantidos também pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente, o que sugere que as empresas cada vez mais precisam pensar
em estratégias que possibilitem o real cumprimento da cota, com a capacitação
teórico–profissional e não apenas com contratações evasivas, que vão inchar a
estrutura da empresa. Com a visão de que a Lei da Aprendizagem pode trazer
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benefícios para a empresa, se fez um estudo bibliográfico onde, visando
compreender a contratação dos jovens no programa jovem aprendiz pensando
na obrigatoriedade de cumprimento da lei como oportunidade de formação de
talentos e como facilitador para aderência desses funcionários à cultura da
empresa e suas especificidades técnicas. Nesse sentido, o presente estudo
teve o objetivo de buscar compreender a aplicabilidade do Programa de
Aprendizagem, e discutir a realidade do jovem no mercado de trabalho,
sobretudo, na condição de aprendiz.
Para realização da monografia foi realizada pesquisas
bibliográficas no sentido de buscarmos um maior entendimento acerca do
assunto e compreender de que forma a Lei pode, de fato, se tornar um
programa eficaz de capacitação profissional, tornando–se um investimento
para a empresa. Tendo como objetivo sensibilizar as empresas para ir além do
estrito cumprimento do dever legal, aproveitando a oportunidade de cumprir
seu papel de empresa socialmente responsável, capacitando talentos
antenados com seus valores e cultura. A contratação do jovem aprendiz é uma
oportunidade de treinar esse funcionário para assumir posições técnicas ao fim
de seu contrato.
No capítulo I será tratada de forma breve a história do trabalho
infantil. No capítulo II o Programa Jovem Aprendiz será tratado assim como
seus subcapítulos, afim de, relatarmos todo o processo de acordo com a Lei de
Aprendizagem, como a mesma funciona e como o programa é implementado
nas empresas de acordo com a legislação. No capítulo II trataremos a
passagem da Adolescência e sua inserção no mercado de trabalho. Em
seguida, no capítulo IV abordaremos o desenvolvimento profissional e pessoal
do jovem no ambiente corporativo.
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CAPÍTULO I
História do Trabalho Infantil no Brasil
Na antiguidade não havia a figura do menor aprendiz, as
crianças e adolescentes eram submetidos a prestar serviços com a mesma
carga horária dos adultos, ganhando metade do salário ou mesmo nada em
troca do trabalho realizado. Com a chegada da Revolução industrial, esse
cenário de trabalho infantil era visto com frequência.
Desse modo, as condições de trabalho nas quais foram submetidas
essas crianças eram realmente desumanas, pois além da jornada de trabalho
desgastante, e dos diversos acidentes de trabalhos ocorridos, estas eram
submetidas à realização das atividades em locais insalubres e perigosos
(MOURA, 1999, p. 40).
De acordo com Vianna (2004), ”o trabalho infantil ficou visível
na Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra, no século XVIII, onde os
menores começavam a trabalhar por volta dos seis anos de idade, com
funções extenuantes, sem repouso e recebendo cerca de ¼ do salário
garantido a um adulto”.
Nessa época se fazia necessário utilizar da mão de obra infantil,
pelos mais variados motivos, tais como baixos salários, ausência de
reivindicação de direitos, modo pelo qual ajudavam suas famílias, dentre
outros.
Em 1934, o Brasil adotou uma nova Constituição, na qual prescrevia
a proteção contra a exploração do trabalho infanto-juvenil no Brasil, trazendo a
proibição do trabalho aos menores de quatorze anos, de trabalho noturno a
menores de dezesseis e em indústrias insalubres a menores de dezoito
(PASSETTI, 1999, p. 354).
A Constituição de 1946, trata de flexibilizar os dispositivos em
relação à idade mínima para o trabalho, no sentido que atribuí aos juízes o
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poder de autorizar sua realização abaixo dos limites de idade mínima,
aumentando para dezesseis anos o trabalho noturno.( Paganini, 2011, p.6)
Em 1959, foi ratificada pelo Brasil a Declaração Universal dos
Direitos das Crianças, que é o Tratado que definiu as bases para a proteção
dos direitos dos meninos e meninas de todo o mundo, a qual dentre os vários
princípios, em seu princípio 9°, preceitua que a “criança gozará de proteção
contra quaisquer formas de negligência, crueldade e exploração. Não será
jamais objeto de tráfico, sob qualquer forma. Não será permitido à criança
empregar-se antes da idade mínima conveniente; de nenhuma forma será
levada a ou ser-lhe-á permitido empenhar-se em qualquer ocupação ou
emprego que lhe prejudique a saúde ou a educação ou que interfira em seu
desenvolvimento físico, mental e moral”.
Em 1960, iniciou a fase do Estado do Bem Estar Social, com a
criação da FUNABEM, Fundação Nacional do Bem Estar do Menor e em
seguida das FEBEMs, Fundação Educacional do Bem Estar do Menor em
vários estados (PASSETTI, 1999, p. 256). Desse modo, com a implantação do
Estado do Bem Estar Social, o menor passa a ser assunto do Estado.
A Constituição Federal de 1967, seguida pela Emenda
Constitucional nº 1 de 1969, modificou a idade mínima para o trabalho, que
passa a ser de 12 anos, significando um retrocesso em relação a outros países
(PASSETTI, 1999, p. 257).
Destarte, quanto mais se diminui o limite de idade para o labor de
crianças, mais se legitima a desigualdade social, a miséria, a evasão escolar,
dentre outros problemas marcantes na vida de meninos e meninas. Desse
modo, em 1979 é criado o segundo Código de Menores, o qual se diferencia
pouco do primeiro, constituindo-se basicamente a partir da Política Nacional do
Bem-Estar do Menor adotada em 1964 e ressaltando a cultura do trabalho
legitimando todo tipo de exploração de crianças e adolescentes (PASSETTI,
1999, p. 259).
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Com o fim da ditadura Vargas, e devido à organização dos vários
movimentos sociais, mais uma Constituição é elaborada no Brasil, entrando em
vigor em 1988, onde incorporará uma série de garantias destinadas a crianças
e adolescentes.
Em 1990, a promulgação do Estatuto da Criança e do
Adolescente, Lei de n°8069 regulamenta os princípios constitucionais, introduz
e consolida novos princípios adotados internacionalmente e dedica à questão
do trabalho do menor. Traz uma visão da criança e do adolescente de sujeito
de direitos e pessoa em condição peculiar de desenvolvimento independente
da classe social.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seus
artigos 60 a 69, trata da profissionalização e proteção do trabalho, nos
seguintes aspectos:
- É proibido qualquer trabalho ao menor de quatorze anos, salvo na
condição de aprendiz.
- São princípios da garantia da formação técnico-profissional:
garantia de acesso e frequência ao ensino regular, atividade compatível com o
desenvolvimento do adolescente e horário especial para o exercício das
atividades.
A mesma Convenção recomenda uma idade mínima de 18 anos
para os trabalhos que possam colocar em risco a saúde, a segurança ou a
moralidade do menor, e sugere uma idade mínima de 16 anos para o trabalho
que não coloque em risco o jovem por qualquer destes motivos, desde que o
jovem receba instrução adequada ou treino vocacional.
O artigo 65 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) define
que o trabalhador aprendiz tem direitos trabalhistas e previdenciários.
No mesmo diploma legal, o artigo 67 traz as proibições, os casos em
que não é permitido o trabalho do menor, sendo: o trabalho noturno, sendo
considerado este o realizado no período entre 22h de um dia e 5h do outro dia;
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o trabalho perigoso, penoso ou insalubre, de acordo com as definições da lei
trabalhista; o realizado em locais prejudiciais à formação e desenvolvimento
físico, psíquico, moral e social e o realizado em locais e horários que não
permitem que o adolescente frequente regularmente a escola.
O adolescente tem direito à profissionalização e a proteção no
trabalho, desde que sejam observados os seguintes aspectos: respeito à
condição peculiar de pessoa humana em desenvolvimento e capacitação
profissional adequada ao mercado de trabalho. (ECA,2017 artigo 69).
A partir do olhar diferenciado à Criança e ao Adolescente podemos
pensar na finalidade da aprendizagem tornando esses menores e jovens aptos
ao mercado de trabalho, aperfeiçoado e fornecendo diretrizes para sua
desenvoltura no trabalho. Contudo, esse aperfeiçoamento não pode interferir
na educação do aprendiz, visto ser um complemento para a sua formação.
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CAPÍTULO II
Programa Jovem Aprendiz
Ao longo da história do nosso país muitas foram as ações para
inserir o jovem no mercado de trabalho, embora grande parte dessas ações
não fosse com o objetivo de profissionalização e desenvolvimento e sim como
tentativa de diminuir a marginalização e violência.
Historicamente, o trabalho era visto como antídoto à
marginalidade. Acreditava-se, então, que os jovens pobres
eram mais vulneráveis à violência, tendo em vista a falta de
perspectivas educacionais e profissionais. Assim, reafirmava-se
a ideia do trabalho como “disciplinador” para os jovens
advindos das classes populares, que de outra forma estariam
“inclinados” ao crime (MÁXIMO, 2012, p.73).
O Programa Jovem Aprendiz, que embora esteja ligado a todo o
passado de política de inserção, tem uma vigência relativamente nova, se
comparada à história do trabalho.
Na sociedade atual, o trabalho vai além do fornecimento de uma
força de trabalho, em troca de um ganho financeiro. O trabalho traz
reconhecimento, coloca o indivíduo em um papel social e lhe permite ser
contextualizado no meio em que vive. O Programa Jovem Aprendiz traduz o
intuito não só de afastamento da marginalização dos jovens das classes
pobres, mas uma possibilidade de facilitar a sua inserção no mundo do trabalho
e contribuir com o seu processo de amadurecimento.
O Programa da Aprendizagem, tal como o concebemos hoje, é
fruto desse longo caminho de evoluções e retrocessos de
Políticas Públicas de incentivo ao trabalho e à formação de
jovens cidadãos. Inclusive das conquistas logradas a partir da
criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 1990, que
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passou a ver a criança e o adolescente como sujeitos de direito
(MÁXIMO, 2012, p.84).
Regulado pela lei 10.097, de 19 de dezembro de 2000, e pelo
Decreto nº 5.598, de 1º de dezembro de 2005 o programa justifica como
principal objetivo qualificar os jovens para o mercado de trabalho, prezando
pela sua proteção psíquica e física.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), aprovado pela Lei nº
8.069, de13 de julho de 1990, no capítulo V, os artigos 60 a 69, aborda as
diretrizes para o trabalho destinado aos jovens. Dentre essas diretrizes, o artigo
69 estabelece que o adolescente tenha direito à profissionalização e à proteção
no trabalho, e, como aponta o artigo 62 “Considera-se aprendizagem a
formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da
legislação de educação em vigor”.
As empresas de médio e grande porte possuem a obrigatoriedade
de cumprir a cota de 5 a 15% de contratação em cada estabelecimento, ou
seja, para cada CNPJ de uma mesma empresa é contabilizado a cota
separadamente. De acordo com a Lei, no artigo 10, parágrafo primeiro, sobre o
cálculo da cota ficam excluídos da contabilização os cargos que demandam
habilitação profissional de nível técnico ou superior, ou, ainda, as funções que
estejam caracterizadas como cargos de direção, de gerência ou de confiança,
contabilizando para a cota os empregados excluídos desse grupo. A
consideração dos empregados dentro do grupo ativo para cota deve ser pela
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), elaborada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego.
O art. 429 da CLT diz que é exigida por lei para todos os
estabelecimentos de qualquer natureza a obrigatoriedade de contratar
aprendizes, com o porcentual de cota de aprendizes em cada empresa está
fixado entre 5% no mínimo e 15% no máximo por estabelecimento. Porém,
cabe ao empregador, dentro do limite fixado, contratar jovens aprendizes que
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melhor atenda as necessidades de sua empresa. Caso não houver o
cumprimento da lei dos aprendizes em estabelecimentos, conforme a IN nº 26,
de 20 de dezembro de 2001 cabe os órgãos competentes a Delegacias
Regionais do Trabalho – DRTS, por meio dos Auditores Fiscais do Trabalho –
AFTS, fiscalizar o cumprimento e multar caso necessário. (GOMES, 2009).
A empresa é obrigada a oferecer formação técnico-profissional
estruturada, promovendo durante o ciclo de aprendizagem o desenvolvimento
progressivo e supervisionado. De acordo com a legislação, podem participar do
programa jovens com idade entre 14 anos até 24 anos. Sendo o candidato uma
pessoa com deficiência não existe a idade limite.
2.1. Conceito do Programa
Com o passar do tempo, os órgãos governamentais sentiram a
necessidade de se criar o manual da aprendizagem editado pelo Ministro do
Trabalho e do Emprego – MTE em 2006, cujo objetivo foi regulamentar
algumas leis que garantissem o trabalho ao jovem no caráter de aprendizado,
sem ser um trabalho que explore o adolescente e/ou lhe retirem o direito de
estudo e lazer.
O Manual da Aprendizagem classifica o aprendiz como os
adolescentes na faixa de 14 a 18 anos e os jovens na faixa etária de 18 e 24
anos. Esses precisam estar cursando ou cursado o ensino fundamental,
podendo estar matriculado em cursos de aprendizagem (GOMES, 2009 apud
MOURA; ANDRADE, 2014, p.18-19).
Para ser Aprendiz é necessário que o adolescente ou jovem entre 14
e 24 anos que esteja matriculado e frequentando a escola, caso não haja
concluído o ensino médio e inscrito em programa de aprendizagem numa
ONG, Escola Técnica e Sistema S. No caso em que o aprendiz seja pessoa
com deficiência, não haverá limite máximo de idade para a contratação.
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Segundo a definição do Estatuto da Criança e do Adolescente
(art.62), Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada
segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor,
implementada por meio de um contrato de aprendizagem. Esta formação
técnico profissional é feita por meio de um Programa de Aprendizagem, que
prevê a execução de atividades teóricas e práticas, sob orientação de entidade
qualificada nesta modalidade de ensino.
Aprendizagem é o instituto destinado à formação técnico-
profissional metódica de adolescentes e jovens, desenvolvida
por meio de atividades teóricas e práticas e que são
organizadas em tarefas de complexidade progressiva. Tais
atividades são implementada por meio de um contrato de
aprendizagem, com base em programas organizados e
desenvolvidos sob a orientação e responsabilidade de
entidades habilitadas.(Lei nº. 8.069/90 Art. 62 e CLT Art. 428)
O Programa prevê a execução de atividades teóricas e práticas,
sob a orientação pedagógica de entidade qualificada em formação técnico-
profissional metódica e com atividades práticas coordenadas pelo empregador .
Tendo a supervisão da entidade qualificadora para as atividades, em que se
faz necessário observar uma série de fatores como número máximo de
aprendizes por turma, perfil socioeconômico, estrutura do programa e duração
em horas para cada atividade sendo prática e teórica, observando os
parâmetros estabelecidos pela Portaria MTE n° 723, de 23 de Abril de 2012.
A Lei prevê que a formação técnica seja feita pelos Serviços
Nacionais de Aprendizagem ou por outras instituições que estejam
credenciadas no cadastro nacional de aprendizagem. Essas instituições
precisam oferecer um ensino estruturado e qualificado. É de responsabilidade
da entidade formadora fornecer à empresa o plano de curso que será
ministrado e as orientações devidas para que a empresa compatibilize o
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desenvolvimento da prática à teoria ministrada. Enquanto a empresa que
contrata o aprendiz oferece a aplicação prática dos conhecimentos teóricos.
O Cadastro Nacional de Aprendizagem, disponível no site do
MTE(www.mte.gov.br), é um banco de dados nacional com informações sobre
as entidades formadoras e dos cursos de aprendizagem que as mesmas
disponibilizam.
Sobre a atividade prática, a lei prevê a carga horária de até 6
horas diárias, podendo se estender até oito horas para os profissionais que já
tenham terminado o Ensino Fundamental. O jovem recebe uma bolsa auxílio e
o vale transporte, sendo facultativa à empresa a concessão do pacote de
benefícios. Ao final do curso de aprendizagem, os aprendizes que tiveram
concluído, com aproveitamento o curso é concedido obrigatoriamente o
certificado de qualificação profissional (Art. 430, parágrafo 2º CLT).
2.2. Contrato de Trabalho Especial
O contrato de trabalho é um contrato especial, ajustado por
escrito e de prazo determinado, com duração máxima, em regra de dois anos,
onde o empregador se compromete a assegurar ao aprendiz, inscrito em
programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica,
compatível com seu desenvolvimento físico, moral e psicológico. Já o aprendiz
se compromete a executar com zelo e diligência, as tarefas propostas a essa
formação (GOMES, 2009 apud MOURA; ANDRADE, 2014).
Em relação aos aprendizes com deficiência, não se aplica o limite de
24 anos de idade para sua contratação como rege o art. 2º, parágrafo único, do
decreto nº 5.598/05.
Referido contrato garantirá ao aprendiz seguridade em seu primeiro
emprego legalizado e condições que lhe protejam por lei. O que garantam que
receberá um salário, que deverá ser pago o salário mínimo regional integral ou
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o profissional, sendo lícito ao menor trabalhador firmar recibo pelo pagamento
dos salários. (GOMES, 2009).
A fundamentação da atividade do menor aprendiz se dá por meio de
um contrato de aprendizagem. O contrato de aprendizagem, conforme o
Decreto nº 5.598, de 1º de dezembro de 2005:
É o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por
prazo determinado não superior a dois anos, em que o
empregador se compromete a assegurar ao aprendiz, inscrito
no programa de aprendizagem, formação técnico-profissional
metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, mental
e psicológico." (BRASIL, 2005, p. 2-3).
A formalização do contrato do aprendiz é feita por meio de
anotação em CTPS e livro e/ou ficha de registro de empregados. No campo
função deve ser preenchida com a palavra “Aprendiz” seguida da área contaste
no programa para indicar em qual setor da aprendizagem o jovem irá atuar, de
acordo com o Código Brasileiro de Ocupação (CBO), nas anotações gerais
deve conter a informação de início e término do contrato de trabalho.
A rescisão do contrato de aprendizagem pode ser realizada nos
seguintes casos, como trata o art. 433 da CLT os fatos que ocasionam a
extinção do contrato de aprendiz, que são elas: Idade do aprendiz completar
vinte e quatro (24) anos, a salvo os aprendizes deficientes, que não tem limite
de idade; o término do prazo de prolongamento após a duração de dois anos;
desempenho insuficiente ou inadaptação do aprendiz as suas atividades; falta
disciplinar grave, ausência injustificada a escola que implique perda do ano
letivo; e pedido do jovem aprendiz. Esses motivos cancelaram o contrato.
Porém, a rescisão do contrato de trabalho é proibida ao menor de dezoito anos.
È necessário fornecer assistência aos seus responsáveis legais e requerer o
comprovante ao empregador do recebimento da indenização que lhe for
devida. (GOMES, 2009).
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Das hipóteses de estabilidade provisória decorrentes de
gravidez nos contratos de aprendizagem: De acordo com a Nota Técnica
79/2015 do Ministério do Trabalho, que “(...) altera seu entendimento expresso
da Nota Técnica 70/2013, garantindo assim o direito a estabilidade a aprendiz
gestante”. Seguindo a recomendação da SRTE/RJ:
A empresa não deve realizar desligamento de jovem aprendiz grávida
em curso no Programa, salvo em caso de falta disciplinar grave
(devidamente embasada, conforme art. 482 da CLT).
Em caso de término de contrato de jovem aprendiz grávida, a empresa
deve realizar a contratação em regime CLT imediatamente após realizar
a rescisão do contrato de aprendizagem (a jovem não poderá ficar
descoberta nenhum dia).
A ex-jovem aprendiz cumprirá em regime CLT, no mínimo, o período de
estabilidade previsto em Lei e, quando houver, no acordo coletivo da
empresa.
Aos direitos do aprendiz é concedida por lei a garantia do
salário mínimo hora, o direito ao benefício do vale transporte para frequentar
tanto as atividades teóricas quanto as jornadas destinadas a prática
profissional da(s) ocupação(s), explicitadas no programa técnico-pedagógico. O
depósito devido ao Fundo de Garantia por tempo de Serviço (FGTS)
corresponderá a 2% da remuneração paga ou devida, no mês anterior, ao
empregado aprendiz. E ficam assegurados ao aprendiz os demais direitos
trabalhistas e previdenciários compatíveis com o contrato de aprendizagem. As
férias do empregado aprendiz deverão coincidir com um dos períodos das
férias escolares do ensino regular quando solicitado, em conformidade com o §
2º do art. 136 da CLT, sendo vedado o parcelamento, nos termos do § 2ºdo art.
134 da CLT.
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O responsável pela fiscalização do cumprimento das leis
8.213/91 e 10.097/2000 é o Ministério do Trabalho e Emprego afim de garantir
que as empresas mantenham um percentual de pessoas com deficiência, e
indepentemente acrescentem ao seu efetivo o número mínimo equivalente a
5% de adolescentes e jovens em seu quadro de funcionários sobre cota
obrigatória através dos contratos de trabalho especiais. O contrato de trabalho
pode durar até dois anos e, durante esse período, o jovem recebe treinamento,
acompanhamento e é capacitado na instituição formadora e na empresa,
combinando formação teórica e prática.
2.3. Jornada de Trabalho do Aprendiz
A jornada de trabalho do aprendiz legalmente permitida é 6
horas diárias ou 8 horas diárias no máximo, de acordo com a escolaridade do
mesmo levando em consideração as horas destinadas às atividades teóricas e
práticas, cuja proporção deve estar prevista no contrato. Nesse caso, não é
permito uma jornada diária de 8 horas de atividade prática somente.
As horas extras são vedadas. Nem mesmo em caso de força
maior pode o empregador exigir que o aprendiz prorrogue sua jornada. Afinal, o
aprendiz não é contratado para prestar serviços, mas para submeter-se à
formação técnico-profissional de um ofício. A prestação de horas extras pelo
aprendiz descaracteriza a aprendizagem, e o contrato especial converte-se em
contrato comum de emprego.
A jornada de trabalho do aprendiz é de cinco dias na semana,
sendo um dia dessa jornada dedicado à capacitação teórica na entidade
qualificadora. Em qualquer caso, a compensação e a prorrogação da jornada
são proibidas.
De acordo com o art. 431 da CLT, pode haver efetivação do
aprendiz na empresa. Mas na condição de aprendiz, a duração da jornada de
trabalho não poderá exceder seis horas diárias, como o limite previsto de até
oito horas, desde que fiquem comprovadas que o adolescente completou o
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ensino fundamental e nelas forem destinadas as horas à aprendizagem teórica
- Escrito no art. 432 da CLT, descrito no Manual da Aprendizagem. (GOMES,
2009).
O Aprendiz poderá trabalhar aos domingos e feriados, desde que
a empresa possua autorização para trabalhar nesses dias e seja garantido ao
aprendiz o repouso, que deve abranger as atividades práticas e teóricas, em
outro dia da semana. Ressalta-se que o art.432 da CLT veda ao aprendiz a
prorrogação e compensação da jornada de trabalho.
Uma das características do Programa Jovem Aprendiz, que
marca sua especificidade está na definição de sua carga horária que é
estabelecida no cadastramento do curso de qualificação junto ao Ministério do
Trabalho e Emprego e posteriormente em contrato de trabalho, devendo somar
o tempo necessário à vivência das práticas do trabalho para o jovem, na
empresa contratante e ao aprendizado de conteúdos teóricos ministrados na
instituição de aprendizagem.
2.4. A Remuneração do Aprendiz
O salário do aprendiz não pode ser inferior a um salário mínimo por
mês. Conforme o artigo 428, § 2º, salvo condição mais favorável, ao menor
aprendiz é garantido o salário-mínimo. No entanto, o contrato de
aprendizagem, a convenção ou o acordo coletivo da categoria poderão garantir
ao aprendiz salário maior que o mínimo (art. 428, § 2º, da CLT e art. 17,
Parágrafo único do Decreto nº 5.598/05). Além das horas destinadas às
atividades práticas, deverão ser computadas no salário também as horas
destinadas às aulas teóricas, o descanso semanal remunerado e feriados.
De acordo com o Guia Prático para contratação e desligamento de
aprendizes da instituição CIEE (05/2017) o cálculo do salário do aprendiz é
realizado da seguinte forma:
24
Salário Mensal = Salário hr X hrs trabalhadas semanais X semanas do mês X 7
6
Observação: O número de semanas varia de acordo com o número de dias do
mês.
Número de dias do mês
Número de semanas do
mês
31 4,4285
30 4,2857
29 4,1428
28 4
Aplica-se ao aprendiz a regra do art. 462 da CLT, ou seja, é vedado
efetuar qualquer desconto no salário, salvo quando este resultar de
adiantamentos, de dispositivos de Lei ou de convenção ou acordo coletivo que
lhes seja aplicável.
O percentual de desconto do FGTS é de 2%, devendo ser recolhido
pelo código nº 7 da Caixa Econômica Federal (art. 24, Parágrafo único, do
Decreto nº 5.598/05). Ao aprendiz, é assegurado o vale-transporte para o
deslocamento residência/empresa e vice-versa, e residência/instituição
formadora e vice-versa (Art. 27 do Decreto nº 5.598/05).
25
CAPÍTULO III
Adolescência e a inserção no Mercado de Trabalho
O Programa Jovem Aprendiz, como já mencionado, é
destinado aos adolescentes e/ou jovens que desejam ingressar no mercado de
trabalho, portanto para entendermos a dinâmica dessa inserção e como esses
jovens encaram essa oportunidade, faz-se necessário uma breve análise do
adolescente e suas relações com o mundo.
A adolescência é a fase de transição da vida de criança para a vida de
adulto, é uma fase regida por conflitos psíquicos oriundos das transformações
fisiológicas e das transformações das relações externas. Nessa fase o
adolescente começa a sentir necessidade de fazer parte da vida adulta, porém
com traços de imaturidade característicos da fase infantil. Ele se percebe em
uma busca de identidade, pois seu mundo anterior era um mundo de
cobranças totalmente diferente das cobranças que vive nessa fase. Ele sente a
necessidade de fazer parte do mundo adulto, mesmo que para ele ainda não
seja claro esse mundo, a sociedade, inclusive a sua família, exige uma
mudança de papel.
A criança entra na adolescência com dificuldades, conflitos e
incertezas que se magnificam nesse momento vital, para sair
em seguida à maturidade estabilizada com determinado caráter
e personalidade de adultos (ABERASTURY, KNOBEL, 1981,
p.90).
Dessa forma apontaremos definições de adolescência de acordo com a
visão de alguns autores, para que possamos compreender o quanto esta fase
de mudanças é importante em nossas vidas, assim como as transformações
físicas e emocionais que o adolescer trás consigo e sua influência em todo o
processo de amadurecimento do ser humano.
26
A palavra ‘adolescência’ tem sua origem no Latim “ad” (‘para’) +
“olescere” (‘crescer’). Por esta razão, ‘adolescência’ significaria strictu sensu,
‘crescer para’. A etimologia da palavra remete à ideia de desenvolvimento, de
preparação para o que está por vir, de mudança; de transformação (PEREIRA
& PINTO, 2003).
Ela parece se configurar como uma fase que tem que ser transposta
para alcançar aquilo que é ideal. Por esses motivos, a adolescência é uma fase
da vida, uma passagem e um período de desenvolvimento que todos
cumprimos (FARIA,2014).
Vários aspectos influenciam o processo adolescer, entre eles a
família e a sociedade. Esses caminham juntos aos processos biológicos,
podendo influenciar de forma positiva ou negativa na formação da nova
identidade do indivíduo. De acordo com o paradigma biomédico, a
adolescência é uma fase do desenvolvimento humano de transição entre a
infância e a vida adulta, identificada principalmente, pelas transformações
biológicas da puberdade e relacionadas à maturidade biopsicossocial (AVANCI,
2005).
Dá-se o nome de adolescência ou juventude à fase
caracterizada pela aquisição de conhecimentos necessários
para o ingresso do jovem no mundo do trabalho e de
conhecimentos e valores para que ele constitua sua própria
família. A flexibilidade do critério, que nos pode levar a
categorizar alguém com vinte e cinco anos como adolescente e
alguém com quinze como adulto [...]. (BOCK; FURTADO &
TEIXEIRA, 1999, p. 294).
Erikson um grande teórico da Psicologia em 1976, destacou a
adolescência como etapa fundamental no percurso do desenvolvimento
humano. Para este teórico, o desenvolvimento se dá em direção à formação da
identidade através de diferentes estágios que ele denominou de “oito idades do
Homem”. Cada uma das idades está caracterizada, essencialmente, pela
27
resolução de uma importante “crise”, através da qual o indivíduo evolui
buscando um equilíbrio (GALLATIN, 1978).
As quatro primeiras idades se referem à infância, a quinta à
adolescência e as três últimas à vida adulta. Erikson marca a
adolescência como sendo uma fase especial no processo de
desenvolvimento, uma vez que identifica o período como sendo
quase que “um modo de vida entre a infância e a idade adulta”
(p. 128) difícil de administrar (ERICKSON, 1976).
Na adolescência, podem ocorrer conflitos entre gerações, choque
entre os interesses e valores dentro da ordem familiar e, ainda, nesta fase, o
prazer aparece aliado ao medo. A adolescência é uma fase do
desenvolvimento que se caracteriza pela polaridade entre perdas e ganhos,
lutos e aprendizagens, bem como medos e vivências de novas experiências
(SABINO, 2009).
Perde-se a infância, o corpo infantil e o status de criança e ganha-se
o corpo adolescente, suas transformações e responsabilidades. O jovem tende
a ser contestador, impetuoso e, ao mesmo tempo, imaturo e inseguro ao
deparar-se com novas visões da família e da sociedade, aliado a um novo
papel social, com escolhas sexuais e profissionais (RODRIGUES, 2005;
FARIA, 2014).
O ponto de vista comum a todos os teóricos cujo assunto seja
adolescência é tratar-se de uma fase de mudanças e de formação da própria
identidade.
Ao proporcionar ao jovem a capacidade de expressar seu ponto de
vista na sociedade, seja de concordância ou desacordo, lhe é concedida a
possibilidade do desenvolvimento de sua autoconfiança, autoestima e
responsabilidade, o que o ajuda a se descobrir por meio do ato de defender
suas ideias, seus próprios posicionamentos. Esses posicionamentos e
28
suposições exigirão escolhas, reflexões que evidenciarão suas crenças e
ideologias pessoais, de maneira que este jovem venha a diferenciar-se do
coletivo e venha a se definir como tal (CARVALHO, SALLES & GUIMARÃES,
2003).
Papalia, Olds & Feldman (2006) enfatizam que uma das razões da
puberdade começar mais cedo do que antes, pode estar ligada a entrada na
vida profissional que tende a ocorrer mais tarde, por causa da sociedade que
atualmente exige períodos mais longos de educação ou treinamento
profissional para que o jovem possa assumir responsabilidades adultas
(ALVES, 2008 p.12).
A busca da inserção social dos jovens se dá por motivos de ordem
moral e financeira. Os mesmos compreendem que atingirão sua fase de
desenvolvimento adulta, quando forem capazes de sustentar-se
financeiramente. Grande parte desses jovens sofre diante do contexto social de
desemprego que dificulta a inserção no mundo do trabalho e a assunção de
novos papéis sociais (WICKERT, 2006).
É nesse momento de incertezas e dificuldades, que a sociedade
convoca o jovem para o mundo profissional, iniciando com o preparo nas
escolas para os vestibulares e para os constantes questionamentos de qual
profissão ele irá seguir. O jovem se depara com o futuro próximo da transição
da rotina escolar para a rotina do trabalho e ainda não vê de forma clara o
trabalho como fundamental para sua construção enquanto indivíduo.
Em se falando dos jovens, o trabalho, principalmente na forma
do emprego formal, possui um papel fundamental na
construção dos mesmos enquanto cidadãos. Apesar da
transição da juventude para a idade adulta não ser tão
demarcada como era há anos atrás, em que havia o
cumprimento de rituais e celebrações, bem como a
demonstração de comportamentos específicos, alguns
29
elementos persistem como sendo de fundamental importância
para a sociedade atual (MÁXIMO, 2012, p.70).
O Programa Jovem Aprendiz é uma porta de entrada ao mercado de
trabalho e uma possibilidade de amortização das tantas exigências necessárias
para uma contratação, principalmente quando se busca o primeiro emprego.
No competitivo mercado atual, as oportunidades são muito disputadas e as
empresas exigem qualificações cada vez maiores. Diante desse contexto, os
jovens estão encontrando dificuldades de se inserir no mercado. Nesse
momento, se deparam não só com as questões de qualificação profissional,
mas também com a imaturidade para desenvolver as competências exigidas
pelo cargo.
É comum percebermos a queixa de não conseguirem ter a
oportunidade de emprego, por não terem uma experiência profissional anterior,
refletindo que a própria sociedade reforça uma cultura de fechamento de portas
para esse grupo de pessoas.
Com as modificações nos modos de gestão, com a implantação
e a difusão da informatização e dos novos processos
tecnológicos, as empresas passaram a fazer outras exigências
de contratação, passando a impor novas relações de poder e
de controle, que atingem o modo de viver e de se constituir.
Assim, passa-se ao próprio sujeito a responsabilidade por
capacitar-se e adquirir experiências para assegurar ou
conquistar seu posto de trabalho (WICKERT 2006 apud
MÁXIMO, 2012, p.71).
No momento em que o mercado de trabalho fecha a porta para a
juventude, facilita que a perspectiva do papel social que esse profissional
jovem deveria desenvolver sobre si mesmo e sobre a sociedade da qual faz
parte seja diminuída e retardada, proporcionando um aumento dos
subempregos e dificultando a busca por qualificação profissional.
30
A sociedade reforça o papel do trabalho como um delimitador da
fase adolescente para a fase adulta, deixando implicado que o trabalho muito
mais que uma questão de independência financeira, traz um papel muito além
daquele que era exercido enquanto jovem, (papel de filho, estudante,
namorado). Uma vez empregado, ele está inserido em um mundo corporativo,
que lhe trará um cargo, função e posição dentro da organização e passará a
ser visto de maneira diferente na sociedade.
Segundo Monteiro, 2014 em uma pesquisa realizada com
jovens brasileiros. O trabalho é apontado como ponto positivo como parte do
processo de constituição como pessoa, onde assume a função de promoção de
reconhecimento e permite a impressão de se sentir útil por parte da sociedade.
No Brasil a inserção dos adolescentes no mercado de trabalho
vem crescendo desde a década de 80, talvez pela crise econômica em que o
país têm enfrentado a inserção dos adolescentes/jovens de 14 a 24 anos sem
experiência ou formação acadêmica no mercado de trabalho trás grande
dificuldade para esse público. A competitividade no que diz respeito aos
adultos com formação acadêmica e experiências acaba tendo preferência na
ocupação das vagas nas empresas não dando oportunidade para os
“inexperientes”. Os que conseguem um emprego ganham salários inferiores, ou
arrumam empregos informais, sem carteira assinada.
Com a aprovação da lei 10097 em 2000, mais conhecida como
Menor Aprendiz, obriga as empresas de grande e médio porte, que cerca de 5
a 15% de seus funcionários sejam aprendiz. A lei age como facilitadora na
inserção dos jovens no mercado de trabalho oferecendo a esse público uma
qualificação em sua formação profissional e a experiência necessária para tal.
É um passo importante para o jovem a garantia da jornada de trabalho, a
formação do vínculo com a empresa, salário e benefícios além da conciliação
do trabalho com os estudos.
Podemos citar a lei da aprendizagem com o objetivo de trazer junto
as oportunidades para o jovem e/ou adolescente e a possibilidade de aprender
com o trabalho e dele tirar não somente o sustento, mas sim conhecimento e
31
experiências que garantam aprendizagem para a vida pessoal e profissional,
por isso, a preocupação com a inserção desses jovens no mercado de
trabalho.
Para as empresas é importante a visão de que o jovem aprendiz
não é somente uma cota ao qual a empresa possui a obrigatoriedade de
cumprir perante a lei, mas sim, a visão de que possui um talento para sua
organização no qual poderá ser moldado de acordo com a cultura e regras da
empresa podendo assim ao final do contrato assumir uma posição em qualquer
departamento da organização em que foi treinado.
Dessa forma a empresa contribui para a inclusão social do jovem
no mercado de trabalho, ofertando-lhe o primeiro emprego, e o prepara para
adquirir e desenvolver as competências necessárias, formando ainda os futuros
profissionais do país e da sua empresa. Estruturando a melhor forma de
desenvolver este profissional conforme seus valores, necessidades e
competências exigidas.
32
CAPÍTULO IV
O Desenvolvimento do Jovem na Organização
Compreendendo um pouco a face social do programa de
aprendizagem e algumas das implicações que temos na inserção do jovem no
mundo do trabalho, é preciso olhar também pela face corporativa,
compreendendo qual a melhor forma de fortalecer o elo entre a empresa e o
aprendiz.
Em um mundo onde os avanços tecnológicos estão cada vez
maiores e mais velozes, o mundo corporativo se mostra competitivo, explorador
e obrigatoriamente ágil para tomar suas decisões e se manter no mercado. O
profissional que busca uma colocação precisa estar preparado, mas a empresa
também busca se preparar para conseguir captar e reter os talentos, tendo em
seu time os melhores profissionais.
Assim, o papel da ARH deixa de ser a simples manutenção do
status quo para se transformar gradativamente na área capaz
de criar organizações melhores, mais rápidas, proativas e
competitivas (CHIAVENATO, 2009, p. 129).
A missão do RH nessa nova era corporativa é ser parceiro de
negócios, com postura ativa e estratégica. Torna–se missão da área otimizar
os custos da organização através da melhor administração das pessoas. O
recrutamento e seleção é uma área estratégica para o negócio, pois é através
desse processo que teremos pessoas alinhadas com visão, missão e valores
da empresa. Nesse sentido, o Programa Aprendiz traz uma oportunidade para
a empresa desenvolver talentos, ao mesmo tempo em que cumpre uma
obrigação legal.
Muito mais do que uma obrigatoriedade, as empresas na
contratação do Jovem Aprendiz tem a oportunidade de “moldar” talentos,
desenvolvendo um profissional que na maioria das vezes não teve contato com
33
um ambiente corporativo e proporcionar que ele, durante o período de
aprendizagem, seja aderente à cultura e valores da empresa, entregando um
trabalho dentro dos moldes que essa deseja.
Contudo, a definição de talento varia conforme o objetivo de cada
empresa, entendendo que o ser humano é impar, singular e dinâmico. Para o
profissional de RH, contratar talentos, depende de um alinhamento estratégico
com os objetivos da organização. Esse entendimento é crucial no processo de
entrada na empresa. Como podemos afirmar que um profissional que nunca
teve contato com aquele ambiente, com o clima organizacional, está adequado
à necessidade da organização? Como afirmar que ele é um possível talento?
(...) O talento (...) é um construto que depende de diversos
fatores presentes no individuo, na cultura da organização e em
práticas de gestão que valorizem o capital humano. Portanto,
investimento em captação e seleção, vistos isoladamente, não
são um bom indicador de retorno para a organização
(ALMEIDA, 2004, p.17).
O Recrutamento e Seleção se iniciam com a falta de um profissional
para determinada área. É papel do RH juntamente com gestor, desenhar um
perfil, e esse desenho passa ser o ideal para aquela posição. A partir dessa
primeira ação inicia–se a busca, no mercado, pelo profissional que chegará o
mais próximo possível desse modelo ideal. Segundo Chiavenato (2009) “O
objetivo básico do recrutamento é abastecer o processo seletivo de sua
matéria–prima básica: os candidatos. E o objetivo básico da seleção é escolher
e classificar os candidatos adequados às necessidades da organização.”.
As entrevistas de seleção através do comportamento passado
tentará predizer as possibilidades de comportamento futuros, contudo ao
lidarmos com pessoas nunca teremos total fidedignidade que estamos
colocando a pessoa certa no lugar certo, pois o ser humano é dinâmico e
transformado pelas suas vivências.
34
Quando a empresa efetiva um Jovem Aprendiz ela não exclui a
possibilidade de este não ser assertivo no fechamento da posição, porém,
diferente de candidatos externos, esse aprendiz durante o curso de
aprendizagem teve contato com o negócio da empresa, sua cultura, clima e
valores.
Em muitas situações o jovem aprendiz se depara com a primeira
oportunidade para a entrada no mercado de trabalho através do programa de
aprendizagem. Dessa forma ao contratá-lo a empresa precisa ter a ciência de
que o comportamento profissional padrão esperado não se têm naquele
momento e dessa forma não se pode predizer o futuro daquele funcionário na
empresa. De maneira geral têm o jovem que demonstra interesse em
determinado curso de qualificação e inicia sua formação na empresa,
aprendendo de acordo com a vivência prática no cotidiano do trabalho.
Diante disso, é natural os jovens apresentarem comportamento
imaturo que não sejam correspondentes aos padrões de comportamentos
empresariais. Por isso, a empresa além de promover o desenvolvimento
técnico, deve contar com uma área de recursos humanos alinhada com as
estratégias da empresa, que forneça treinamentos e que possibilitem o
desenvolvimento das competências dos jovens contratados. Além disso, todas
as atividades que eles desempenham devem ser acompanhas por um
Supervisor da prática de atuação do aprendiz da área que possa dar suporte
aos conflitos que esse jovem venha enfrentar ao longo do programa. Esse
movimento da empresa deve ser fruto da parceria do RH junto com os
gestores, atendendo a uma demanda de qualificação de mão de obra
específica para o negócio daquela organização e atendendo qualitativamente
aos objetivos especificados na legislação.
Para que o objetivo da Aprendizagem Profissional seja concretizado,
é fundamental que a supervisão colabore, no decorrer do Programa, com o
desenvolvimento das diversas competências necessárias para o desempenho
profissional almejado pela Aprendizagem.
35
4.1. Desenvolvendo Competências
No processo de desenvolvimento do jovem aprendiz na organização,
podemos destacar como parte essencial dessa formação o desenvolvimento de
competências, sejam elas comportamentais e técnicas, a fim de torná-los bons
profissionais, ou seja, desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes
necessárias para os dias atuais. As organizações valorizam pessoas que
tenham competências e demonstrem suas habilidades ao realizarem seu
trabalho, pois isto mostra que elas estão aptas para alcançar com êxito os
resultados e desafios que lhe são propostos.
As competências para inserção no mercado de trabalho são
aspectos importantes a serem considerados, independentemente da trajetória
profissional que o jovem pode seguir. Essas competências vão além do
desenvolvimento de habilidades e conhecimentos específicos de uma
determinada profissão e dizem respeito, também, aos valores e postura
profissional ao longo da vida, ou seja, às atitudes.
O desenvolvimento de competências se dá por meio do processo da
aprendizagem, seja ela individual ou coletiva, e envolve a aquisição de
conhecimentos, habilidades e atitudes relevantes a determinado propósito
(DURAND, 2000). Por meio da aprendizagem, portanto, é que as competências
podem ser adquiridas, desenvolvidas e ampliadas. Quando são criados
desafios, situações de aprendizagem cada vez mais diversificadas, as
possibilidades de respostas são mais amplas e diferenciadas.
Organizações investem no treinamento, desenvolvimento e
educação com a finalidade de desenvolver competências complexas, em que
seus integrantes possam de modo cada vez mais eficaz e coordenado,
desenvolver diferentes combinações de habilidades psicomotoras, cognitivas e
afetivas (BEGE, 2010 apud ABBAD; BORGES-ANDRADE, 2004).
Le Boterf (1999) ressalta que o desenvolvimento de competências
profissionais depende basicamente de três fatores: do interesse do indivíduo
por aprender; de um ambiente de trabalho e de um estilo de gestão que
incentive a aprendizagem; e do sistema de formação disponível ao indivíduo.
36
Os resultados aparecem quando se estrutura uma abordagem de educação
continuada, que integra teoria e prática e propõe vivências diversificadas, com
ênfase no autodesenvolvimento. A aprendizagem representa o processo ou o
meio pelo qual se adquire a competência, enquanto a competência representa
uma manifestação do que o indivíduo aprendeu. Tanto a aprendizagem quanto
a competência estão relacionadas ao conceito de mudança, pois envolvem
novas formas de pensar (BEGE, 2010 apud FREITAS; BRANDÃO, 2006).
4.1.1. Conceito de Competência
Mas afinal o que é uma competência? É um conjunto de
conhecimentos, habilidades, atitudes e comportamentos que permitem ao
indivíduo desempenhar com eficácia determinadas tarefas.
O termo competência é complexo e utilizado de diferentes maneiras
por diversos autores e profissionais, interna e externamente às organizações.
Constitui uma ideia antiga, porém, reavaliada em decorrência do processo de
reestruturação organizacional, motivado pelas mudanças nas características do
mercado de trabalho. (BEGE, 2010, p.37).
Diferentes áreas do saber utilizam o conceito de “competência”. No
senso comum, o termo está ligado à capacidade de se fazer algo bem feito. No
campo jurídico, competência é a faculdade concedida a determinado
funcionário, juiz ou tribunal para apreciar e decidir determinada questão. Para
as ciências sociais, competência está ligada a conteúdos particulares de cada
qualificação profissional dentro de uma determinada estrutura de trabalho; e,
para a psicologia, indica um comportamento equivalente a uma capacidade ou
habilidade, ou muitas vezes a uma aptidão. (UNICEF, 2014, p. 9)
De acordo com a educação profissional, “competência” implica a
mobilização de um conjunto de recursos cognitivos, afetivos e psicomotores. É
um conjunto identificável e avaliável de conhecimentos, atitudes, valores e
habilidades relacionadas entre si, que permitem desempenhos satisfatórios em
situações reais de trabalho, segundo padrões utilizados na área ocupacional.
(UNICEF, 2014, p. 9).
37
No processo de desenvolvimento do jovem, além das orientações,
treinamentos e desafios. É necessário a realização do feedback com relação as
atividades e desempenho do mesmo no ambiente corporativo, o feedback
transmite uma relação de transparência e confiança quando há oportunidade
do jovem se expressar, ser avaliado e compreender o quanto já evoluiu durante
o período em que iniciou até o momento, além de ter a orientação correta
indicando o que precisa ser feito para que alcance e desenvolva outras
competências e habilidades em sua trajetória profissional.
4.2. Feedback
Segundo Missel (2012, p.22) o feedback consiste na comunicação
verbal (palavras escritas ou faladas) ou não verbal (gestos, expressões, tom de
voz, postura, entre outras) dirigida a outros, tornando-os cientes de qual é o
impacto de sua conduta nos participantes do grupo. É transmitido por meio de
uma metodologia específica, direta e clara, informações sobre a eficácia de seu
desempenho na execução das atividades inerentes ao cargo que ocupa. (Apud
Vieira; Vargas, 2014, p.5).
Quando falamos de retenção de talentos, podemos citar o
Feedback como ferramenta importante neste processo. Os jovens que em sua
maioria iniciam sua primeira oportunidade de inserção no mercado de trabalho
no Programa Jovem Aprendiz. Já mencionamos o quanto é importante que o
RH da empresa ao selecionar esse jovem deixe claro as informações
necessárias para sua contratação, fornecendo orientações e direcionamento ao
gestor que estará responsável pela monitoria desse jovem.
Durante a realização do programa é de suma importância que o
gestor realize o feedback relacionado ao desempenho do jovem durante o
período em que o mesmo está na empresa. Pontuando positivamente as
atividades que o mesmo realizou e desenvolveu até aquele momento, entender
e compreender suas potencialidades, pontos de melhorias e o impacto de suas
ações nos resultados da empresa. O gestor precisa deixar claro os desafios
que estão por vir assim também como aqueles em que o jovem tenha
38
demonstrado desempenho insuficiente ou inadequado. Esse retorno ajudará no
desenvolvimento profissional e pessoal do jovem assim como contribuirá para a
transparência no relacionamento Liderado e líder e alinhamento com as
expectativas e planejamento estratégico da empresa, além de colaborar
consideravelmente nos processos motivacionais.
Entende-se por feedback o processo (parte de uma cadeia de
causa e efeito), onde uma informação sobre o passado
influencia um mesmo fenômeno no presente e/ou no futuro,
permitindo ajustes que mantenham um sistema funcionando
corretamente. (HILSDORF, 2012, p.1)
Segundo o autor Marques, 2016, um bom líder está sempre
presente no desenvolvimento de seus funcionários e mantém uma relação
estreita com eles. Esse profissional aponta os erros e acertos e,
principalmente, auxilia a sua equipe a investir nas melhorias necessárias e
reconhece o trabalho dela. Como consequência, obtém motivação, aumento de
produtividade e oferece mais resultados para a empresa. O Feedback é uma
comunicação que deve ser realizada de forma assertiva e cuidadosa, e é bom
lembrar que ela é uma medida educativa, não tendo a intenção de punir e que
pode ser classificado como positivo, negativo ou construtivo, conforme abaixo:
Positivo:
O feedback positivo valida um comportamento e incentiva a
continuidade dele. Ressalta os pontos positivos do jovem/colaborador, a sua
eficácia e bom comportamento diante dos acontecimentos, o alcance de algum
objetivo, entre outros. Esse reconhecimento é muito importante para que ele se
sinta mais motivado a sempre oferecer o seu melhor para a empresa.
(Marques, 2016).
Negativo:
O feedback negativo consiste em uma resposta contrária a um
estímulo que causou um desequilíbrio. Reconhece o esforço, mas ao mesmo
39
tempo estimula a mudança. Apesar de parecer incômodo, o feedback negativo
tem um peso importante na vida do jovem/colaborador. Quando o jovem não
atua de acordo com os objetivos da empresa ou não está com o desempenho
satisfatório, é essencial que o gestor converse com ele. Inclusive pode ser que
o jovem nem sê conta de um problema, como a diminuição do seu rendimento.
Portanto, o grande objetivo desse feedback é ajudar o jovem a crescer dentro
da empresa e fazer seu trabalho de maneira mais eficaz. (Marques, 2016).
Construtivo:
O feedback construtivo é a junção dos feedbacks positivo e negativo,
pois vem acompanhado de uma solução para resolver determinado problema.
Para oferecê-lo, o gestor deve estar bastante preparado, principalmente em
relação ao jovem que não sabe lhe dar com críticas. Esse é o tipo de feedback
mais indicado nas empresas, principalmente com funcionários que não sabem
lidar com comentários negativos. Ao identificar o ponto problemático de um
colaborador e elaborar uma maneira de erradicá-lo, o líder passará mais
confiança e proporcionará motivação, ao invés de soar como uma bronca.
(Marques, 2016).
É através do feedback que se consegue o entendimento e
compreensão entre as pessoas. A falta de feedback deixa os funcionários
perdidos no que diz respeito ao seu desempenho, desmotivados e sem
perspectivas pela falta de direcionamento sobre suas ações. Cabe ao
gestor/líder atuar de forma correta com relação ao feedback para que o positivo
sirva de estimulo para o jovem e o negativo não seja desmotivador, mas que o
impacto aconteça a fim de estimular a mudança e o engajamento nas
atividades em que não houve sucesso em seu primeiro momento. Por isso há
grande cuidado no ato do feedback o ideal é que o gestor converse com o
jovem em uma sala reservada dando-lhe a oportunidade de participar da
conversa oferecendo espaço para o jovem expressar sua opinião de
concordância ou não relacionada ao retorno que receberá.
40
O bom feedback abre a aceitação do outro para o que está
sendo transmitido, aproxima e reforça a relação … o
mau feedback faz com que o outro se feche, se proteja, se
afaste e se desmotive. (MESQUITA, 2010, pág. 2).
O gestor deve estar atento ao momento certo para poder dar
esse feedback, fazendo com que o jovem o absorva e aproveite da melhor
maneira possível. Podemos citar como vantagem e desvantagens na
realização do Feedbacks de forma correta e de forma errada: A Melhoria na
qualidade do trabalho, aumento da motivação, melhora da comunicação,
aprendizagem mútua; não oferecer espaço para o jovem falar, apontar apenas
o que precisa ser melhorado e não dá feedback nenhum.
A habilidade do gestor para utilizar o feedback como ferramenta
de gestão, mobiliza o funcionário para uma mudança de comportamento
duradoura, uma vez que irá influenciar diretamente em sua autoestima e em
seu comprometimento. Essa conquista favorece a solução de dificuldades
enfrentadas por empresas no cenário atual como a atração, retenção e
motivação de talentos, além da qualificação de profissionais para o bom
desempenho de suas atividades (Apud Vieira; Vargas, 2014, p.5).
Uma das ações que mais os motivam os jovens é ter abertura para
dar opiniões, pois eles conseguem expressar suas qualidades, pontos de vista
e, desta forma, cria-se um clima colaborativo, fator importante para que o
jovem sinta-se parte da equipe em que atua. Eles gostam de ser incentivados a
realizarem seus próprios projetos e também atividades externas que possam
agregar no trabalho e comportamento. (Vianini, 2015, p.1).
O feedback faz parte da ferramenta de avaliação de
desempenho que precisa ser realizada durante o programa de Aprendizagem.
Sendo o contrato de Aprendizagem um contrato especial, destinado à formação
técnico-profissional, a empresa é a responsável por avaliar o desenvolvimento
41
do aprendiz, esse acompanhamento é realizado através do Rh junto ao gestor
responsável pela monitoria do jovem.
4.3. O Papel do Rh
O papel do Rh inicia-se no planejamento do programa de
aprendizagem de acordo com as estratégias da empresa e escolha da
instituição social formadora que irá realizar a parte teórica do programa. Antes
de iniciar o recrutamento e seleção dos jovens, faz parte do planejamento o
alinhamento do perfil juntamente com o gestor responsável pela área em que
irá receber esse jovem e o monitor responsável pelo acompanhamento e
direcionamento do jovem durante o programa de aprendizagem para que a
seleção aconteça de forma assertiva.
Para atrair os candidatos algumas empresas disponibilizam as vagas
em seus sites e/ou mídias sociais onde o adolescente ou jovem interessado no
primeiro emprego pode cadastrar seus dados para ser chamado. Outras
empresas contam com ONGs regionais que se responsabilizam a fazer a parte
de contratação.
A seleção de pessoal envolve a escolha dos candidatos à
vaga recebidos no processo de recrutamento. O processo de seleção baseia-
se fundamentalmente na análise de dois aspectos: exigências do cargo e
características do candidato. Assim como a transparência no que diz respeito
às informações que devem ser claras aos candidatos para que aja mútuo
interesse em fazer parte da empresa que foi lhe apresentado, assim como as
atividades que irá realizar durante o programa, o objetivo do mesmo,
remuneração, benefícios e a carga horária tanto do curso quanto da parte
prática. Após a etapa de R&S e contratação, temos o treinamento e adaptação
do jovem no ambiente de trabalho que para ele em maioria é o primeiro
emprego.
É importante, desde o início, a empresa deixar claro ao contratado
que espera receber um jovem que tenha vontade de aprender e se desenvolver
42
pessoal e profissionalmente, para que também contribua com os processos
produtivos da empresa. A empresa tem a função de formar aprendizes,
complementar a sua formação acadêmica, dar-lhe orientação profissional e
pessoal e principalmente com o treinamento.
Segundo os autores Anholon, Pinto e Ribeiro 2007, o treinamento é
um processo de curto prazo, cujo objetivo é promover ou reciclar
conhecimentos, habilidades, conceitos ou atitudes que contribuem para
melhorar a adequação dos funcionários à execução de suas tarefas ou à
otimização do trabalho.
Em paralelo ao treinamento o Rh junto ao gestor deve investir no
desenvolvimento do jovem afim de que o mesmo alcance novas habilidades e
competências de acordo com a estratégia da organização.
O desenvolvimento, segundo Milkovich e Boudreau (2000), é o
processo de longo prazo para aperfeiçoar as capacidades e
motivações dos empregados a fim de torná-los futuros
membros valiosos da organização. O desenvolvimento inclui
não apenas o treinamento, mas também a carreira e outras
experiências. Já Minor (2003) afirma que “desenvolvimento”
implica em identificar as atividades de preparação dos
funcionários para dar-lhes maior capacitação para executarem
suas funções atuais ou futuras. (ANHOLON, PINTO e RIBEIRO
2007, p.3).
Mason, 2016, considera com relevância a efetiva participação do Rh
com um olhar estratégico para o Programa, escolhendo adequadamente a
organização social mais qualificada, acompanhando e intervindo junto ao
Gestor nas dificuldades e promovendo um processo de reaproveitamento
desses jovens nas vagas internas. Segundo o autor, as empresas que adotam
ações estratégicas para o programa de aprendizagem conseguem resultados
financeiros e sociais muito significativos.
Abaixo seguem algumas das ações:
43
Antes da contratação do jovem, o gestor responsável pela seleção,
integração, orientação, acompanhamento e avaliação do jovem na empresa
participa de palestra de Orientação e Sensibilização.
Cartilha de Orientação para o Gestor e Jovem Aprendiz também são
adotadas com o objetivo de esclarecer as principais dúvidas do dia a dia, uma
vez que a lei do aprendiz adota um contrato especial com direitos e deveres
específicos.
Incentivar o jovem a participar de treinamentos e ações internas, a fim
de possibilitar o aculturamento.
É estabelecido em conjunto com a organização certificadora um Plano
de Trabalho com todo o aprendizado, atendendo os requisitos de lei de
aumento de complexidade progressiva de forma que esteja claro para o jovem
e gestor suas atribuições na empresa.
O programa jovem aprendiz como mencionado anteriormente trata-
se de um papel de responsabilidade social que a empresa cumpre além da
cota legal, onde contribui para diversos outros tipos de retorno para a empresa.
Nesse contexto o Rh atua como porta voz da empresa na atração desses
talentos.
O profissional de Recursos Humanos atua como parceiro
fundamental, colaborando constantemente nos processos que
garantem a manutenção das propostas da empresa no campo
da Responsabilidade Social. A área de Recursos Humanos
funciona como setor estratégico não somente buscando formar
equipes sintonizadas com a Responsabilidade Social
Empresarial, mas dando suporte ao público interno oferecendo-
lhe capacitação adequada, promovendo políticas de
reconhecimento individual e coletivo, inserindo-o em uma
cultura participativa e criativa, onde seja reconhecido o seu
valor ao sucesso da organização como um todo. (ROSA,2010
p.1).
44
Responsabilidades da Gestão do Programa Jovem Aprendiz (Área de R&S):
Elo principal no relacionamento curso (instituição formadora) x Jovem
Aprendiz x Gestor/Monitor;
Realizar o processo seletivo baseado nos requisitos e competências
mapeadas da organização;
Acompanhamento do desenvolvimento dos Jovens;
Suporte aos monitores e gestores;
Promover proposta de melhorias e benefícios atrativos que viabilizem a
retenção do Aprendiz no Programa;
Além de ser fundamental que uma empresa avalie o desempenho
dos seus aprendizes, no Art. 5º – VII da Portaria nº 723, de 23 de abril de 2012,
que trata do cadastro dos Programas e Cursos no Cadastro Nacional da
Aprendizagem, determina-se que a instituição deverá fornecer os mecanismos
de acompanhamento e avaliação, mediante registro documental das atividades
teóricas e práticas pela entidade formadora, com a participação do aprendiz e
da empresa. É possível que durante a fiscalização feita pelo Ministério do
Trabalho e Emprego seja exigido da empresa a apresentação das avaliações
preenchidas.
4.4. O papel do Gestor
O gestor possui um papel essencial no desenvolvimento do jovem,
pois será através de suas orientações e de sua postura que servirá de exemplo
e inspiração profissional durante o programa de aprendizagem. Os jovens
esperam e precisam de direcionamento e treino claros sobre a função que
exercem. É de suma importância que o gestor acompanhe de perto o
desempenho e o comportamento do Aprendiz, uma vez que o objetivo do
Programa é alinhar o potencial dos jovens às características e necessidades do
mundo do trabalho.
45
Para desenvolver adequadamente esse jovem é necessário que o
gestor:
Conheça a lei de aprendizagem;
Esteja constantemente atualizado, culturalmente, como também
conheça práticas relativas ao desenvolvimento de pessoas;
Preocupe-se com o desenvolvimento do aprendiz;
Estabeleça limites: muitas vezes o aprendiz pode não entender as
regras de imediato, cabendo ao gestor estabelecer limites que o leve a
conscientização;
Ao verificar que faltam algumas competências essenciais para o
desenvolvimento integral do aprendiz, o gestor deve buscar orientação com o á
Rh da empresa que por sinal deverá aproximar-se da entidade que realiza a
formação do aprendiz. Muitas possuem treinamentos específicos que
desenvolvem o gestor.
No acompanhamento do jovem, o gestor deve, além de estimular
seu comprometimento, inspirá-lo ao protagonismo, ao planejamento, enfim,
ajudá-lo a enxergar suas potencialidades e o futuro promissor que sua carreira
pode lhe oferecer. Eles são profissionais em formação que precisam de
orientação e apoio.
Os jovens, que na maioria das vezes, têm no programa sua primeira
oportunidade de trabalho, precisam constantemente de orientação para se
adaptar e realizar as atividades propostas. Neste contexto é que está um dos
papéis primordiais do gestor: a missão de promover a integração do jovem no
ambiente de trabalho, assim como apresentar a estrutura e o funcionamento da
unidade organizacional e, principalmente, ser um facilitador na aquisição de
informações e conhecimento sobre a área em que o Aprendiz irá atuar.
(VIANINI, 2015 p.1).
O gestor que atua no desenvolvimento do jovem, precisa assumir o
papel de agente facilitador e motivador agindo como ouvinte e respeitando a
46
opinião do jovem com relação a suas atividades, rotina ou mesmo no auxilio da
tomada de decisão. É importante entender, que quando o jovem é motivado a
dar opinião e a mostrar o que têm de melhor, as qualidades individuais tendem
a aparecer.
Portanto, é papel do gestor promover a integração
do Aprendiz no ambiente de trabalho, assim como apresentar a
estrutura e o funcionamento da unidade organizacional e,
principalmente, ser um facilitador na aquisição de informações
e conhecimento sobre a área em que o jovem irá atuar. Para
essa nova geração de jovens profissionais, a função do gestor
vai além dessas funções. (SANCHES, 2017, p.1)
Segundo Vianini, 2015, os jovens são motivados pelos desafios
constantes e esperam ser tratados como colegas de trabalho pela liderança.
Eles ainda resistem ao fato de terem que dar satisfação aos gestores e não se
importam com hierarquia, ou seja, um líder que inspira e segue junto com a
equipe tem mais chances de obter resultados satisfatórios em curto prazo. O
tutor que sabe lidar com as diferentes gerações consegue administrar melhor a
equipe.
O gestor que incentiva ao jovem a estudar e a realizar atividades
que completem seu aprendizado tende a tornar-se referência para o aprendiz.
Propor novas atividades ou dar abertura para que o jovem proponha novas
soluções para um projeto realizado pela equipe é essencial na contribuição do
desenvolvimento profissional do mesmo. Para o jovem é sempre bom saber
que tem com quem contar durante o processo de desenvolvimento. Por isso,
ao solicitar uma atividade ao Jovem Aprendiz é importante que o gestor
acompanhe o status e saber quando a tarefa será concluída. Com este
cuidado, o jovem sente-se mais seguro e aprende a lidar melhor com os erros e
frustrações.
É importante que o tutor do Jovem Aprendiz faça uma autoavaliação
de sua gestão, com o objetivo de identificar pontos de melhoria, pensando
47
sempre no fortalecimento de vínculos. Uma das formas de posicionamento do
gestor é o feedback constante: uma boa conversa é fundamental para o
desenvolvimento do Jovem Aprendiz no programa ou em qualquer empresa.
Nele o tutor pode apontar melhorias, propor soluções e elogiar atividades e
ações promovidas pelo jovem. Esta é uma forma de aproximar o jovem de seu
gestor, pois ele começa a perceber que o gestor se importa com o seu
trabalho, como a empresa o enxerga e, além disso, pode ter mais espaço para
falar sobre os seus anseios e dúvidas. (VIANINI, 2015, p.1).
Fornecer feedbacks constantes e propor ações para o
desenvolvimento profissional são iniciativas fundamentais para o sucesso do
Jovem no Programa de Aprendizagem.
Dar abertura para opiniões é uma das ações que mais motivam
os jovens, pois eles conseguem expressar suas qualidades,
pontos de vista e, desta forma cria-se um clima colaborativo. A
gestão pode utilizar a troca de experiências e informações que
ajudam na construção do relacionamento entre a equipe, ou
seja, toda ideia é válida dentro da construção dos projetos e da
equipe. Esta troca pode ajudar o gestor a verificar as
possibilidades de efetivação e a pensar em plano de carreira
para o Jovem Aprendiz dentro da organização. (VIANINI, 2015,
p.1).
É necessário ressaltar constantemente para o jovem que todo
comportamento, atitude ou escolha traz consigo as consequências que deverão
ser assumidas e, inclusive, avaliadas para servirem de vivência e
conhecimento para a carreira dentro ou fora do Programa Jovem Aprendiz. O
direcionamento que o gestor dá é primordial para que o jovem se sinta seguro
na hora de escolher a profissão que pretende seguir. Muitas vezes, ele escolhe
algo que tenha a ver com o que aprendeu e isso é um dos objetivos do
programa: possibilitar ao jovem o conhecimento e identificação de profissões
por meio do contato com o mercado de trabalho.
48
O acompanhamento do desenvolvimento, desempenho e
comportamento são de extrema relevância, pois uma das características que
devem ser trabalhadas durante a realização do Programa Jovem Aprendiz é
alinhar as habilidades e competências do jovem ao mercado de trabalho.
4.5. O papel do Jovem Aprendiz
Assim como em qualquer trabalho em equipe, para dar certo todos
os integrantes precisam participar e contribuir para que o mesmo tenha o
sucesso que foi planejado e que é esperado. No programa de aprendizagem
não é diferente, ele é composto pela empresa empregadora e todos os
envolvidos nela como o Rh e o gestor para desenvolver e orientar o aprendiz,
assim como a instituição formadora que estará cumprindo seu papel de
qualificação e formação profissional e o jovem aprendiz que precisa cumprir
com suas responsabilidades e crescimento profissional. Precisa existir uma
parceria mútua entre todos os integrantes do programa.
A lei oferece garantias para ambos os lados, tanto para o jovem
interessado em iniciar sua vida profissional, quanto para a empresa que irá
contratá-lo oferecendo formação técnica, profissional e uma remuneração
mensal.
Em contrapartida, o jovem se compromete com a empresa podendo se
desenvolver como um profissional responsável que cumpre com suas tarefas
tanto no curso profissionalizante que é oferecido, quanto nas atividades diárias
na empresa.
Toda empresa espera receber um jovem que tenha vontade de
aprender e se desenvolver pessoal e profissionalmente, para que conquiste um
bom desempenho na organização e no mercado de trabalho. É esperado um
perfil empreendedor e comprometido. Uma pessoa com pouca ousadia ou
muito tímida deve ser estimulada pelo Rh, gestor e instituição formadora a
desenvolver-se e buscar as tarefas que despertam interesse para o
desenvolvimento e assim encontrar sua vocação profissional.
49
O aprendiz também tem suas obrigações, o mesmo precisa estar
comprometido o suficiente para cumprir a carga horária de quatro ou seis horas
diárias e ainda estudar tanto no ensino convencional quanto no curso técnico
aplicado pela organização. Essas obrigações são a base para
responsabilidade com o mundo do trabalho e ao mesmo tempo com a vida
pessoal.
A ESPRO (Instituição de Ensino Social Profissionalizante) faz uma
referência em seu site no que diz respeito ao papel do jovem aprendiz, enfatiza
que ser um jovem aprendiz é aprimorar-se constantemente. Aprendiz são
jovens e adolescentes que almejam desenvolvimento e crescimento
profissional, dentro de uma área de atuação específica, valorizam a educação
e, principalmente, desejam realizar sonhos. É a descoberta de oportunidade e
a possibilidade de inserção no mundo do trabalho. (ESPRO, 2013,
http://www.espro.org.br).
No ambiente corporativo o jovem deve demonstrar motivação,
interesse, iniciativa, responsabilidade e ser cordial com os demais colegas de
trabalho. Nessa fase, mais do que demonstrar competência técnica na
execução de tarefas, o empregador espera e observa aspectos
comportamentais. É importante que o jovem demonstre interesse em aprender,
mostre-se disponível e saiba se comportar e se relacionar dentro do ambiente
de trabalho.
Ao decorrer do programa ao adquirir novos conhecimentos e
habilidades o jovem é avaliado pelo gestor e colegas de trabalho, através de
ferramentas em conjunto com a instituição formadora que gera um conceito
final de aprendizado desse jovem ao final do programa, tendo bom
desempenho existe a possibilidade do aproveitamento desse talento para o
quadro efetivo dentro da empresa.
É importante que o jovem tenha como objetivo não só passar pelo
programa de aprendizagem, mas querer uma carreira profissional a partir do
programa. Que o trabalho seja visto não somente como aquele que aumenta as
50
responsabilidades do dia a dia, mas também como possibilidade de
aprendizado e de desenvolvimento de novas habilidades.
51
CONCLUSÃO
Ao tratar-se da inserção do jovem no mercado de trabalho,
destacamos O programa de aprendizagem e sua grande importância para os
jovens e empresas que aderem ao programa. Compreendendo que o
conhecimento e a aprendizagem são o caminho para construir um futuro
melhor, a inserção dos jovens em ambiente coorporativo, possibilita um
caminho para melhora nessa qualificação.
Contudo, muitas são as dificuldades para que a Lei da
Aprendizagem seja colocada em prática e atinja seus reais objetivos. O
trabalho buscou analisar a de inserção do jovem no mercado do trabalho,
analisando os momentos de transformações da adolescência e os processos
seletivos cada vez mais competitivos e o grande ganho para empresa na
contratação desses jovens.
O programa Jovem Aprendiz gera a oportunidade de inserir o
jovem no mercado de trabalho, assim como o investimento em sua formação
escolar e na construção de sua carreira profissional. É importante destacarmos
a necessidade de que este adolescente/jovem receba condições diferenciadas
dos demais empregados CLT, para que essa pretensa qualificação seja
viabilizada.
Para as empresas trata-se do cumprimento de seu papel de
empresa como responsabilidade social, cumprimento da Lei e a oportunidade
de reter esses talentos moldando–os de acordo com os valores e cultura da
empresa podendo gerar futuramente ao final do contrato de aprendizagem uma
oportunidade efetiva ao jovem. Aderindo ao programa as empresas terão a
oportunidade de ganhar como empregadoras, educadoras e empreendedoras.
É importante destacarmos a responsabilidade do RH das
empresas no que diz respeito à atuação de forma ativa desde o Recrutamento
e Seleção e o investimento em treinamentos, feedbacks, orientação e
52
desenvolvimento dos jovens. Desde o início do programa que fique claro ao
jovem o seu papel na empresa, as atividades, a importância no cumprimento
da carga horária, assim como sua responsabilidade com as atividades teóricas
no curso.
Espera-se que o RH das organizações atue junto aos gestores
como agente de mudança, reconhecer o capital humano como parceiros da
organização, manter o comportamento ético e socialmente responsável assim
como proporcionar a competitividade à organização. Dar informações claras,
verdadeiras e respeitosas a fim de reter esse talento e motivá-lo a querer
permanecer no quadro de funcionários da empresa. Incentivar o aprendiz a
buscar informações, a capacitação e a atualização profissional além de
fornecer o treinamento para desenvolvê-los.
Considerando que a contratação dos Jovens através do
programa de aprendizagem nas empresas, trás ganhos para a instituição e
para o jovem. Acredito que a empresa precisa investir no desenvolvimento
desses jovens, e assim além de proporcionar grandes oportunidades de
qualificação, estudo, retorno financeiro e desenvolvimento profissional a
organização retém talentos para futuras oportunidades á esse jovem não só no
mercado de trabalho, mas dentro da própria organização. Quando a empresa
adota a estratégia de que o jovem aprendiz pode ser seu futuro funcionário, ela
exerce o seu papel social e também de desenvolvimento do potencial humano,
e esse é um olhar além da legislação.
53
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59
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 01
AGRADECIMENTOS 03
DEDICATÓRIA 04
RESUMO 05
METODOLOGIA 06
SUMÁRIO 07
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
História do Trabalho Infantil no Brasil 11
CAPÍTULO II
Programa Jovem Aprendiz 15
2.1. Conceito do Programa 17
2.2. Contrato de Trabalho Especial 19
2.3. Jornada de Trabalho do Aprendiz 22
2.4. A Remuneração do Aprendiz 23
CAPÍTULO III
Adolescência e a inserção no mercado de trabalho 25
CAPÍTULO IV
O Desenvolvimento do Jovem na Organização 32
4.1. Desenvolvendo Competências 35
4.1.1. Conceito de Competência 36
4.2. Feedback 37
4.3. O Papel do Rh 41
4.4. O Papel do Gestor 44
4.5. O Papel do Jovem Aprendiz 48
60
CONCLUSÃO 51
BIBLIOGRAFIA 53
WEBGRAFIA 55