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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
LEI DA APRENDIZAGEM – DESENVOLVENDO TALENTOS
Por: Bruno Maio de Andrade
Orientador
Prof. Paulo José
Rio de Janeiro
2014
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
LEI DA APRENDIZAGEM – DESENVOLVENDO TALENTOS
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestor de Recursos
Humanos.
Por: Bruno Maio de Andrade
3
AGRADECIMENTOS
...aos amigos, familiares, e
principalmente aos meus aprendizes
que são o objeto principal de estudo
deste trabalho...
4
DEDICATÓRIA
Trabalho dedicado aos meus pais, que
são minhas maiores referências, tanto
pessoais quanto profissionais.
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RESUMO
A presente monografia versa sobre a contratação do jovem aprendiz,
demonstrando os limites trazidos pela condição de pessoa em
desenvolvimento, e pela lei da aprendizagem. A pesquisa inicia-se através da
abordagem de aspectos da evolução histórica da legislação. Será portanto
abordada a evolução do direito do trabalho no mundo e principalmente no
Brasil, mostrando o surgimento das normas que protegem o trabalho infanto-
juvenil. Por final tem como objetivo analisar o resultado, na maioria das vezes
benéfico e positivo, da contratação de jovens, visando sua integração e seu
desenvolvimento no contexto organizacional de uma empresa.
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METODOLOGIA
Além de livros, revistas e demais meios de mídias a metodologia
utilizada na confecção do trabalho foi baseada principalmente na vivência
diária com jovens aprendizes. Durante alguns anos pude através da minha
função de educador desses jovens, compartilhar seus anseios, medos,
expectativas e questionamentos acerca de um universo aonde tudo ainda é
muito novo para cada um: o universo profissional. Além das pesquisas feitas
com os próprios aprendizes em sala de aula, a maioria dos materiais
pesquisados e utilizados foram gentilmente cedidos por minha empresa
empregadora, CIEE (Centro de Integração Empresa Escola), que é referência
na qualificação de jovens profissionais, sejam aprendizes ou estagiários.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAP I - TRABALHO INFANTIL NO MUNDO 09
CAP II – INTRODUZINDO A LEI DA APRENDIZAGEM 22
CAP III - DIREITOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS 25
CAP IV – CONTRATAÇÃO E DESLIGAMENTO 30
CAP V – PRINCIPAIS MOTIVOS PARA CONTRATAÇÃO 34
CONCLUSÃO 39
BIBLIOGRAFIA 40
WEBGRAFIA 41
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INTRODUÇÃO
A exploração da criança e do adolescente como força de mão de obra
trabalhadora é bastante antiga. Essa exploração que sempre causou bastante
incômodo a sociedade, foi e ainda é uma prática comum em diversos países e
culturas. Tal fato aqui no Brasil foi um dos motivadores do surgimento de leis
que protegem esses indivíduos. Essas leis das quais falaremos mais adiante
buscam erradicar a exploração e dar ao ser, a chance de inserir-se no mercado
de trabalho de uma maneira saudável, digna, legal e adequada ao seu
momento.
Antes de tratarmos sobre o trabalho de jovens no Brasil e sobre a lei que
rege e ampara atualmente esse tipo de trabalho, faremos um retrospecto
histórico para entendermos a história do trabalho de adolescentes não só em
nosso país, mas sim de forma mais globalizada, em âmbitos mundiais.
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CAPÍTULO I
TRABALHO INFANTIL NO MUNDO
1.1 - Origens do trabalho infantil na Europa
Na antiguidade europeia, o jovem era inserido no ambiente de trabalho
pela própria família e o trabalho era quase exclusivamente artesanal. Tinha
como propósito qualificar esse jovem para uma possível independência no
caso de emancipação.
Com o surgimento da Revolução Industrial, que caracterizou-se pela
produção em grande escala mediante o avanço tecnológico e a invenção cada
vez maior de máquinas e equipamentos, esse jovem que outrora trabalhava
apenas em âmbito familiar começa a prestar serviços a terceiros. Modificando
seu estilo de ocupação e seu ambiente profissional, toda proteção que existia
entorno de sua atividade começa a ser estudada, modificada e extinta.
Segundo CUSTÓDIO (1999), o trabalho infantil tem registros que
remontam à própria história da humanidade, sua utilização sempre variou
conforme o grau de desenvolvimento civilizatório. No entanto, considerando a
história recente da humanidade, com o início da Revolução Industrial o tema
passou a ganhar maior importância em função da evidente degradação física
que estava ocorrendo na infância, que alarmava, até mesmo, os mais
conservadores.
Com as máquinas da Revolução Industrial a todo vapor, os jovens
podiam ser facilmente encontrados trabalhando em moinhos, fiações ou o que
era ainda pior, em minas de carvão. As minas eram lugares totalmente
insalubres e não recomendáveis a qualquer ser humano, principalmente
aqueles que ainda não tinham completo desenvolvimento físico e psíquico.
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Apesar da população adulta ser numerosa o bastante para atender a
necessidade das indústrias, essas viram nos mais novos uma enorme
possibilidade de mão de obra barata, uma vez que trabalhando a mesma
quantidade de horas, recebiam apenas a metade do salário de um adulto. Era
comum por exemplo, que crianças muitas vezes menores de doze anos
trabalhassem ininterruptamente por quase quinze horas.
[...] milhares de braços tornaram-se de súbito necessários. [...] Procuravam-se principalmente pelos pequenos e ágeis. [...] [...] Muitos, milhares desses pequenos seres infelizes, de sete a treze ou quatorze anos foram despachados para o norte. O costume era o mestre (o ladrão de crianças) vestí-los, alimentá-los e alojá-los na casa de aprendizes junto a fábrica. Foram designados supervisores para lhes vigiar o trabalho. Era interesse destes feitores de escravos fazerem as crianças trabalhar o máximo possível, pois sua remuneração era proporcional à quantidade de trabalho que deles podiam extrair. (...) Os lucros dos fabricantes eram enormes, mais isso apenas aguçava-lhes a voracidade lupina. Começaram então a prática do trabalho noturno, revezando, sem solução de continuidade, a turma do dia pelo da noite o grupo diurno ia se estender nas camas ainda quentes que o grupo noturno ainda acabara de deixar, e vice e versa. Todo mundo diz em Lancashire, que as camas nunca esfriam. (MARX, Karl 1988, p. 875-876)
As condições impostas a essas crianças, logicamente pobres, eram as piores
possíveis e rapidamente se difundiram para as empresas, que ratificaram
ainda mais a cultura exploratória contratando cada vez mais crianças e
pagando salários cada vez menores. Como dito, as crianças eram oriundas de
famílias humildes que não conseguiam se opor a esse trabalho tamanha era
sua necessidade de alguma remuneração, por mais irrisória que fosse. As
lideranças, fossem elas sociais, políticas ou até mesmo religiosas também não
pareciam interessadas em coibir a prática, com isso tornavam-se cúmplices e
coniventes com a exploração infantil.
Como é de se supor, as consequências eram as piores possíveis, como
por exemplo, um enorme índice de analfabetismo, o que não é difícil de se
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imaginar haja visto que um jovem que trabalha quinze horas por dia não tem
nenhuma chance de frequentar escolas ou de ter acesso a educação por
qualquer outro meio. Outra consequência também terrível da exploração de
jovens e crianças como força de trabalho era a quantidade de jovens
mutilados, aleijados e doentes.
Com a prática da exploração tomando proporções tão grandes e sendo
praticada de forma cada vez mais usual, a sociedade política no início do
século XIX entende finalmente que precisa tomar providências no sentido de
proteger os menores trabalhadores. Para tanto, foi criada uma lei que
delimitava a jornada diária de trabalho de adolescentes em fábricas para
“apenas” 12 horas, não permitindo ainda o trabalho em horário noturno. Essa
lei que foi implementada em 1802 na Inglaterra ficou conhecida como Lei Peel
e exigia que fossem observadas ainda normas básicas de educação e higiene
em relação aos jovens trabalhadores. O nome da Lei foi uma homenagem a
seu criador, o primeiro ministro Robert Peel.
Continuando na Europa, na França no ano de 1813, foi proibido o
trabalho de menores em minas. Em 1839, foi proibido ainda qualquer tipo de
trabalho para menores de nove anos e a jornada de trabalho dos menores de
16 anos foi limitada à apenas 10 horas diárias. Na Itália, em 1886, foi proibido
o trabalho para menores de 09 anos.
Levando em consideração essas últimas informações fica evidente que
ainda que o deferimento de leis que beneficiavam os adolescentes não fosse
fácil, uma vez que contava com a desaprovação de muitos políticos e
logicamente de empresários que estavam satisfeitos com a mão de obra
barata, a verdade é que a legislação que trata da questão do trabalho infanto-
juvenil estava evoluindo e adquirindo uma maior gama de normas
protecionistas com o passar dos anos.
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O que regulamentou definitivamente a proteção ao jovem trabalhador foi
a criação em 1919 do Tratado de Versalhes. Esse tratado que foi assinado em
conjunto pelas principais potências europeias da época tinha como maior
objetivo findar oficialmente a Primeira Guerra Mundial e resolver questões
inerentes a mesma, suas consequências e heranças. O Tratado de Versalhes
previu a criação de uma organização que estabelecesse normas e leis
trabalhistas comuns a vários países. Foi criada então, com sede em Genebra,
a OIT (Organização Internacional do Trabalho). A OIT contou com a adesão de
dez países, dentre os quais até mesmo o Brasil.
Porém, somente em 1946 é consolidada à vinculação da OIT à ONU
(Organização das Nações Unidas), como instituição especializada para as
questões referentes à regulamentação internacional do trabalho.
É errado, entretanto, pensarmos que com a criação da legislação citada
todos os problemas estariam resolvidos. Ainda que a proteção do trabalhador
em geral, entre eles os adolescentes e menores, estivesse tendo considerável
evolução e melhora, ainda existia muito a ser feito e discutido. Por tratar-se de
uma lei pioneira e que na verdade estava longe de contar com aprovação
unânime, principalmente por parte de ricos influentes e da classe empresarial,
muitos de seus pontos ainda mostravam-se frágeis e superficiais.
1.2 – Origem do trabalho infantil no Brasil
Apesar de ter sido descoberto em 1500 com a chegada das caravelas
portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral, que aqui encontrou os
indígenas, tendo sido esses na verdade os verdadeiros descobridores, a
verdade é que o Brasil somente começou a ser povoado de fato pela corte
portuguesa alguns anos depois, em 1530. Essa povoação conta com a
presença de um grupo bastante numeroso de crianças, entre eles os Grumetes
e os Pajens.
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Os Grumetes eram jovens incumbidos de realizar as tarefas mais árduas
e perigosas. Tratava-se geralmente de crianças raptadas por serem judias ou
mesmo recrutadas por serem filhos de famílias pobres em Portugal. Além de
serem submetidos a diversos castigos e serem privados de uma alimentação
descente, os grumetes sofriam ainda abusos sexuais por parte dos marujos.
Em resumo, eram tratados como meros objetos não tendo qualquer tipo de
direito e sendo vistos apenas como força de trabalho.
Os Pajens em contrapartida ficavam responsáveis pelos serviços mais
leves, como servir as mesas, organizar camarotes e camas. Apesar de não
serem tão exigidos e maltratados, também eram usados como mão de obra
escrava e não tinham qualquer tipo de direito, não lhes cabendo qualquer
reivindicação sobre seus desejos ou vontades.
Fica claro assim que desde os nossos primeiros dias, já havia o abuso e
exploração do trabalho infantil, e o mais assustador é perceber que o mesmo
era legitimado pela sociedade. As crianças e adolescentes eram explorados
sem que houvesse qualquer respeito ou preocupação com seu
desenvolvimento enquanto indivíduo.
Segundo Mary Del Priore (1999), as crianças ingressavam
precocemente no mundo do trabalho durante o período colonial. A partir dos
sete anos de idade as crianças desenvolviam pequenas atividades ou
aprendiam algum ofício.
Com a chegada ao Brasil dos padres jesuítas, o trabalho infantil
continuava a ser legitimado, pois existia o discurso doutrinador de que o
trabalho era algo que tornaria uma pessoa nobre, boa e útil. Fazendo assim
com que ao morrer pudesse ser conduzida ao reino dos céus, já que em vida
foi uma pessoa digna e que fez algo de útil para a sociedade.
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Com o surgimento das primeiras ações de caráter assistencial no Brasil
é criada a Santa Casa de Misericórdia que tinha como uma de suas principais
missões, atender e acolher todas as crianças necessitadas através da Roda
dos Expostos, uma espécie de recipiente aonde eram deixados recém-
nascidos e crianças carentes. Entretanto, apesar de toda a boa intenção, tal
instituição continuava de certa forma utilizando menores para o trabalho ainda
que de forma remunerada ou em troca de casa e comida. Apesar das
condições, mais uma vez era legitimado o trabalho realizado por crianças.
É de conhecimento popular que o Brasil durante muitos anos após seu
descobrimento, mais especificamente entre 1500 e 1888, viveu em um regime
de total escravidão. De início os portugueses escravizaram os índios, esses
porém não possuíam estrutura física necessária para atender a demanda
exploratória que os portugueses lhes impunham. Sendo assim, a partir de 1530
aproximadamente, os portugueses começam a importar negros da África,
oficializando assim ainda mais a cultura escravocrata. Entre esses negros
vinham muitas crianças e adolescentes que se juntariam ainda, aos nascidos
já em terras brasileiras.
Durante o período de escravidão os jovens negros eram tratados como
mercadorias e desde muito cedo obrigados a trabalhar e servir nas fazendas
dos senhores de engenho. Os serviços iam aumentando e ficando mais
desgastantes à medida que o indivíduo ia se desenvolvendo, porém era
comum ver jovens entre 10 e 15 anos já trabalhando de maneira efetiva
durante todo o dia nas plantações de cana de açúcar. Caso se recusasse ou
não demonstrasse disposição para o trabalho, esse jovem era castigado e
açoitado de maneira tão severa que muitas vezes ficava com sequelas ou até
mesmo poderia vir a óbito. A escravidão era pública, notória e
institucionalizada.
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Em 28 de Setembro de 1871, a promulgação da Lei Nº 2040 conhecida como
Lei do Ventre Livre objetivava diminuir a exploração do trabalho escravo
infantil. Estabelecia que os filhos de escravos nascidos a partir daquela data
estariam livres e não precisariam trabalhar de maneira forçada ou obrigada.
Muito menos deveriam ser submetidos a qualquer tipo de tortura ou maus
tratos. Existiam então duas possibilidades para esses indivíduos: ou ficariam
sob a tutela dos senhores até os 21 anos (que na época era a maioridade) ou
seriam entregues ao governo. Como a escravidão ainda era vigente e os pais
desses jovens continuavam escravos, era muito mais comum que as crianças
continuassem morando na fazenda sob tutela do senhor de engenho que
continuava logicamente se beneficiando da situação e usando a mão de obra
desses indivíduos “livres” até pelo menos os 21 anos. Como por lei os
senhores não tinham mais obrigação de sustentar os filhos de escravos,
consideravam todo o tempo de tutela como gerador de encargos
desnecessários. Sendo assim, o jovem ao completar a maioridade, apesar de
ter trabalhado todo esse tempo sem qualquer remuneração, ainda era
confrontado com supostas dívidas que teria com o dono da fazenda, uma vez
que teve no mínimo moradia e alimentação. Era evidente que não teriam como
pagar essas dívidas de outra forma que não fosse trabalhando gratuitamente
por mais um tempo para seu senhor.
O debate sobre o trabalho infantil no Brasil só foi desencadeado
efetivamente com o fim da escravidão em 1888. Antes da extinção da
escravatura nenhuma criança recebia remuneração pelo trabalho que
executava.
Com a abolição dos escravos porém, estes se viram livres, mas ao
mesmo tempo sem um trabalho de onde pudessem prover seus sustentos.
Muitos adolescentes ficavam pelas ruas em situação de mendicância e não
apenas os negros mas também os brancos filhos de famílias pobres, muitas
vezes filhos de pais desconhecidos ou desempregados.
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“A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer outra instituição assumisse encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho. (...) Essas facetas da situação (...) imprimiram à Abolição o caráter de uma espoliação extrema e cruel”. (FLORESTAN, Fernandes. 1978. Pág 15)
No final do século XIX a maior preocupação social não era com a
questão do trabalho infantil, mas sim com a criminalidade e com a situação de
abandono e delinquência as quais essas crianças estavam sujeitas.
Houve então nessa mesma época uma enorme onda migratória. Passou
a ser comum a chegada de imigrantes advindos de variadas partes da Europa.
Esses imigrantes vinham em busca de melhores condições de vida e de
empregos, sendo utilizados portanto para substituir no campo a mão de obra
escrava. Ao se instalarem em grande número ao Sul do Brasil o trabalho
desses imigrantes não se restringiu apenas ao campo, mas começaram ainda
a trabalhar em fábricas e atividades industriais em geral.
A indústria por sua vez não fazia qualquer distinção entre a mão de obra
de adultos ou crianças, contratando a todos e dando-lhes as mesmas
atribuições. Surgiram na época várias denúncias referentes a maus tratos e
exploração infantil por parte dos empregadores. Não havia distinção na
distribuição de tarefas, os abusos eram praticados também igualmente contra
adultos e crianças fazendo inclusive com que todos se unissem em greves por
melhores condições, melhores salários e redução da jornada de trabalho entre
outros.
O primeiro diploma legal que protegeria o trabalhador menor foi criado
apenas em 1891, pouco depois do fim do período Imperial. O decreto
1313/1891 estabelece providências para regularizar o trabalho dos menores
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empregados nas fábricas a fim de, como consta em seu próprio corpo, impedir
que com prejuízo próprio e da prosperidade futura da pátria, sejam sacrificadas
milhares de crianças.
Segue abaixo os dezessete artigos estabelecidos pelo decreto:
Art. 1º É instituída a fiscalização permanente de todos os estabelecimentos
fabris em que trabalharem menores, a qual ficará a cargo de um inspetor geral,
imediatamente subordinado ao Ministro do Interior, e ao qual incumbe:
1º Velar pela rigorosa observância das disposições do presente decreto, tendo
para esse fim o direito de livre entrada em todos os estabelecimentos fabris,
oficinas, laboratórios e depósitos de manufaturas da Capital Federal;
2º Visitar cada estabelecimento ao menos uma vez por mês; podendo, quando
entender conveniente, requisitar do Ministério do Interior a presença de um
engenheiro ou de alguma autoridade sanitária;
3º Apresentar, no mês de Janeiro, ao Ministro do Interior, o relatório das
ocorrências mais notáveis do ano antecedente, relativamente as condições dos
menores, indicando as medidas que julgar convenientes para a realização
eficaz da assistência. Acompanharão o relatório quadros estatísticos, em que
se mencionem os estabelecimentos inspecionados, e, quanto aos menores, o
nome, idade, nacionalidade própria e paterna, nota de analfabeto ou não, e
outros quaisquer esclarecimentos.
Art. 2º Não serão admitidas ao trabalho efetivo nas fábricas crianças de um e
outro sexo menores de 12 anos, salvo, a título de aprendizado, nas fábricas de
tecidos as que se acharem compreendidas entre aquela idade e a de oito anos
completos.
Art. 3º Em cada estabelecimento fabril haverá um livro, aberto e rubricado pelo
inspetor, para a matrícula dos menores, no qual se escreverão as notas e
dados individuais de cada um e a data da admissão.
Art. 4º Os menores do sexo feminino de 12 a 15 anos e os do sexo masculino
de 12 a 14 só poderão trabalhar no máximo sete horas por dia, não
consecutivas, de modo que nunca exceda de quatro horas o trabalho contínuo,
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e os do sexo masculino de 14 a 15 anos até nove horas, nas mesmas
condições. Dos admitidos ao aprendizado nas fábricas de tecidos só poderão
ocupar-se durante três horas os de 8 a 10 anos de idade, e durante quatro
horas os de 10 a 12 anos, devendo para ambas as classes ser o tempo de
trabalho interrompido por meia hora no primeiro caso e por uma hora no
segundo.
Art. 5º E' proibido qualquer trabalho, compreendido o da limpeza das oficinas,
aos domingos e dias de festa nacional, bem assim das 6 horas da tarde às 6
da manhã, em qualquer dia, aos menores de ambos os sexos até 15 anos.
Art. 6º As oficinas destinadas ao trabalho serão suficientemente espaçosas e
sua cubagem tal que cada operário tenha, pelo menos, 20 metros cúbicos de
ar respirável.
Art. 7º A ventilação das oficinas será franca e completa, a juízo do inspetor, o
qual poderá obrigar o dono da fábrica, quando for preciso, a empregar
qualquer dos diferentes processos de ventilação artificial, de modo que nunca
haja risco de confinamento e impurificação do meio respiratório.
Art. 8º O solo das oficinas será perfeitamente seco e impermeável, os detritos
inconvenientes prontamente removidos e as águas servidas esgotadas.
Art. 9º O inspetor geral aconselhará, conforme a qualidade da fábrica, as
demais condições que convenha observar no interesse da higiene.
Art. 10º Aos menores não poderá ser cometida qualquer operação que, dada
sua inexperiência, os exponha a risco de vida, tais como: a limpeza e direção
de máquinas em movimento, o trabalho ao lado de volantes, rodas,
engrenagens, correias em ação, em suma, qualquer trabalho que exija da parte
deles esforço excessivo.
Art. 11º Não poderão os menores ser empregados em depósito de carvão
vegetal ou animal, em quaisquer manipulações diretas sobre fumo, petróleo,
benzina, ácidos corrosivos, preparados de chumbo, sulfureto de carbono,
fósforos, nitro-glicerina, algodão-pólvora, fulminatos, pólvora e outros misteres
prejudiciais, a juízo do inspetor.
Art. 12º Ao infrator de qualquer disposição do presente decreto será imposta
pelo inspetor, com recurso para o Ministro, dentro do prazo de cinco dias, a
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multa de 50$ a 100$, conforme a gravidade do caso, sendo do dobro na
reincidência.
Na imposição e cobrança das multas se observarão, as regras estabelecidas
relativamente a que são impostas por infração das disposições do regulamento
do serviço sanitário.
Art. 13º Também haverá recurso para o Ministro do Interior das intimações do
inspetor relativas ás medidas que importem avultada despesa por parte dos
donos dos estabelecimentos ou alteração do plano do edifício, ainda que a
ordem daquele funcionário tenha precedido o parecer de profissional técnico.
Art. 14º O vencimento do inspetor será de 4:800$ anuais, sendo 3:600$ de
ordenado e 1:200$ de gratificação, levada a despesa a conta do produto dos
impostos criados com aplicação especial aos serviços da Assistência pelo art.
10 da lei n. 3395 de 24 de novembro de 1888.
Art. 15º Em todas as fábricas em que houver menores será afixado um
impresso, contendo as disposições do presente decreto.
Art. 16º É concedido o prazo de seis meses para que os donos dos
estabelecimentos fabris os adaptem ao regime deste decreto.
Art. 17º Revogam-se as disposições em contrário.
É interessante notarmos, que a Lei de Aprendizagem que existe
atualmente e da qual logo falaremos, sendo ela o nosso real objeto de
interesse, parece em muito ter se baseado nesse documento de mais de cem
anos. Vários dos artigos citados como: Idade mínima para contratação (art.º 2);
Delimitação de carga horária reduzida (art.º 4); Proibição de trabalhos de
limpeza ou que ponham em risco a saúde a segurança do menor (art.º 10) e a
aplicação de multa em caso do descumprimento das normas entre outros,
foram se readequando com o passar dos anos, sendo modificados e
otimizados, mas ainda possuem a mesma essência e os mesmos objetivos da
época em que o decreto foi criado.
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Apesar do decreto já criado há alguns anos, a regulamentação do
trabalho infantil só viria a acontecer em 12 de Outubro de 1927 com a
publicação do Código de Menores que instituiu medidas necessárias para
assegurar ainda mais o desenvolvimento físico e psicológico do menor como
por exemplo o aumento da faixa etária dos jovens trabalhadores. Na verdade,
em decorrência de um habeas corpus, o código só passou a vigorar dois anos
mais tarde, sob a alegação que interferia no direito da família em decidir o que
é melhor para seus filhos.
De lá pra cá, muitas foram às modificações e ajustes que as leis de trabalho
sofreram em relação aos menores. A Constituição de 1934 proibiu o trabalho
para menores de 14 anos, além de restringir o trabalho apenas a horários
diurnos, através de seu artigo 121.
Em 1943, mais precisamente em 1º de Maio desse ano, foi criado um
decreto de lei que aprovava as Consolidações das Leis Trabalhistas e
dedicava o capítulo IV (art. 402 a 441) à proteção do trabalho do menor.
Com a publicação da CLT, os jovens trabalhadores que tivessem entre
14 e 18 anos receberiam por sua labuta a metade do salário mínimo de um
trabalhador em fase adulta. Era uma espécie de salário adequado às suas
necessidades.
Em 1946, a constituição apesar de manter as bases da constituição
anterior, decide aumentar a idade mínima para o trabalho noturno, passando
essa de 16 para 18 anos.
Alguns anos mais tarde, a promulgação da constituição de 1967
apresenta um retrocesso em relação a idade mínima do menor para o trabalho,
alterando de 14 para 12 anos a idade mínima para contratação. Essa idade
voltaria novamente a ser de 14 anos apenas em 1988 com a Constituição da
República Federativa do Brasil.
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Em 1990 é criado o atual Estatuto da Criança e do Adolescente que vem
de uma vez por todas elucidar e defender os direitos das crianças e
adolescentes em aspectos gerais, inclusive nos que tangem a questão do
trabalho e profissionalização. Segundo o Estatuto (ECA), fica terminante
proibida qualquer atividade de trabalho à menores de 16 anos, salvo em caso
de aprendizagem. Caso seja de sua livre e espontânea vontade, o jovem tem o
direito de tornar-se aprendiz a partir dos 14 anos. Entretanto a condição de
aprendiz é bastante peculiar, pois até como aprendiz o jovem terá que possuir
amparo legal, direitos e deveres estabelecidos segundo a legislação vigente e
não pode em qualquer hipótese permitir que sua vida profissional impacte em
sua vida escolar. Essa segunda terá que ser sempre priorizada.
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CAPÍTULO II
INTRODUZINDO A LEI DA APRENDIZAGEM
Em seu capítulo V, o ECA estabelece pelo menos dois artigos de
essencial conhecimento para a assimilação do motivo de existir uma legislação
especificamente voltada para aprendizagem, são eles:
Art. 61 – A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação
especial, sem prejuízo do disposto nesta lei.
Art. 62 – Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional
ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de educação em vigor.
De posse do conhecimento acerca desses dois artigos, percebemos
então a necessidade da criação de uma lei especial que trate apenas sobre
aprendizagem. Essa lei existe, é a lei 10.097/2000, a Lei da Aprendizagem.
Essa lei estabelece que empresas de médio e grande porte, devem destinar
uma cota que varia entre 5% a 15% de vagas apenas para jovens aprendizes
em seu quadro funcional.
O aprendiz, muitas vezes chamado erroneamente de menor aprendiz, é
o jovem ou adolescente trabalhador compreendido exclusivamente entre os 14
e 24 anos incompletos, inscrito em programa de aprendizagem que além de
matriculado, precisa ter frequência regular na escola (caso ainda não tenha
concluído o ensino médio). Para tornar-se aprendiz, esse jovem, como dito,
deve inscrever-se em uma instituição qualificadora e legalizada que trabalhe
com essa prática, podendo ser ela uma ONG entre as quais se destaca o
CIEE, uma Escola Técnica ou um pólo do chamado Sistema S, como SENAI e
SENAC entre outros. A única hipótese do limite de idade ser ignorado é
tratando-se de pessoas com algum tipo de deficiência para as quais a
aprendizagem não limita idade para contratação.
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As instituições que oferecem vagas de aprendizagem e qualificação
técnico-profissional de jovens, atuam em parceria com várias empresas e
utilizam o chamado Programa de Aprendizagem. Enquanto as instituições são
responsáveis pela formação teórica do indivíduo, as empresas em tese ficam
responsáveis apenas e tão somente pela formação prática. É importante que
instituição e empresa tenham total sintonia e trabalhem constantemente em
parceria trocando informações sobre o desempenho do jovem e planejando
juntas sempre que possível metas e ações para seu melhor desenvolvimento e
aproveitamento do potencial desse aprendiz.
A aprendizagem apenas existirá se houver no mínimo interesse dessas
três partes: a instituição qualificadora, a empresa e logicamente o próprio
adolescente. Ainda que exista interesse das três partes, para que o programa
realmente tenha sucesso e para que se obtenha maior aproveitamento é
importante ainda que outros atores entrem em cena, são eles: órgãos públicos,
a família e a escola. Cabe ao órgão público o papel de fiscalizar tanto a
instituição qualificadora, quanto principalmente a empresa que é aonde o
jovem passa a maior parte de seu tempo, para que assim a lei seja realmente
cumprida e não se tenha qualquer caso de coação ou exploração sobre esse
aprendiz. A família e a escola, cabem o entendimento sobre o momento
inédito e de descobertas pelas quais esse jovem está passando. A maioria dos
jovens inscritos hoje em programa de aprendizagem, estão conseguindo
através do mesmo sua primeira oportunidade de experiência profissional e
muitas vezes a adaptação e o entendimento desse novo universo pode ser
bem complicado.
Espera-se da família, que esta provenha os cuidados de saúde,
alimentação, suporte afetivo e demais incentivos necessários ao bom
desempenho do aprendiz no Programa. É essencial que a família acompanhe
de perto sua trajetória e seu processo de avaliação, informando aos demais
parceiros qualquer evento que comprometa a assiduidade e participação do
jovem. A família deve estar atenta, a fim de que qualquer dificuldade seja
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detectada e sanada precocemente. Se cada um dos citados fizer sua parte
será possível garantir a qualidade esperada na formação do jovem aprendiz.
O contrato de aprendizagem é diferente do contrato comum de trabalho em
inúmeros aspectos. Trata-se de um contrato de trabalho especial, ajustado por
escrito e com prazo determinado de apenas dois anos. Durante esse período o
empregador tem o compromisso de assegurar a seu aprendiz formação
técnico-profissional metódica compatível com seu desenvolvimento físico,
moral e psicológico. O aprendiz por sua vez deve comprometer-se a executar
com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação.
Durante o programa de aprendizagem, o adolescente é orientado a executar
atividades teóricas e práticas sob a orientação da entidade qualificadora. Os
conteúdos programáticos, os mecanismos de acompanhamento, avaliação e
emissão do certificado ao final do programa também são responsabilidade da
própria instituição. A entidade deve ainda orientar a empresa que tiver
contratado esse jovem para que esta possa sempre adequar a prática o
conteúdo que estiver ministrando na teoria.
As empresas que desejam contar com aprendizes em seu quadro funcional
tem livre acesso via internet a um banco de dados atualizado constantemente
pelo Ministério do Trabalho e Emprego, através próprio site do ministério.
Nesse cadastro, constam inúmeras entidades de formação técnico profissional,
especificando quais as áreas de cursos que disponibilizam. Como existem
cursos em áreas diferentes é importante que a empresa faça parceria com
uma entidade que tenha um curso de aprendizagem voltado para sua área de
atuação. Bancos por exemplo devem contratar jovens matriculados no curso
de práticas bancárias, enquanto um escritório de contabilidade deve contratar
um jovem de Ocupações Administrativas.
25
CAPITULO III LEI DA APRENDIZAGEM
DIREITOS TRABALHISTAS E PREVIDENCIÁRIOS
O aprendiz enquanto empregado terá direitos básicos assegurados, tais como:
3.1) - Salário mínimo calculado por hora de trabalho.
Ao aprendiz é assegurado o direito do salário mínimo hora, ou condição que o beneficie. Essa condição pode estar fixada em contrato, dever-se a intervenção sindical, acordos coletivos ou estar prevista em convenção. Além das horas práticas, as horas de aprendizado teórico, de feriados e do descanso semanal remunerado também devem ser contempladas para fins de recebimento sem que haja nenhum tipo de prejuízo ou compensação Para fins de garantia do salário mínimo hora, considera-se: a) o valor do salário mínimo nacional b) o valor do salário mínimo regional fixado em lei c) o piso da categoria previsto em instrumento normativo, quando houver previsão de aplicabilidade do aprendiz. d) o valor pago por liberalidade do empregador, superior aos valores anteriormente mencionados. Caso labore em horário noturno por força de sua jornada de trabalho (permitido aos maiores de 18 anos) ou em ambiente com alguma comprovação de possível insalubridade o aprendiz terá ainda direito a um ganho adicional. Aplica-se ao aprendiz a regra do art. 462 da CLT, ou seja, é proibido efetuar qualquer desconto no salário, exceto se esse resultar de adiantamento, de dispositivos de lei ou de convenções, ou de acordo coletivo legal. O cálculo do salário do aprendiz será feito através da seguinte fórmula:
Sal. Mês = Sal. Hora x Horas Trabalhadas Semanais x Semanas do Mês X 7
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
6
O número de semanas, varia de acordo com o número de dias do mês,
podendo variar entre 28, 29, 30 e 31 dias.
26
3.2) - Jornada de trabalho de até 6 horas diárias. A jornada de trabalho não deve ser superior a seis horas diárias,
admitindo-se a de oito horas para os aprendizes que já tiverem completado o
Ensino Médio, se nessa jornada forem computadas as horas destinadas à
aprendizagem teórica. Em nenhuma hipótese a prorrogação ou compensação
de jornada, será permitida.
Na fixação de jornada do aprendiz adolescente entre 14 e 18 anos, a
entidade qualificada em formação profissional metódica, deve observar os
demais direitos assegurados pelo ECA.
Será permitido o trabalho do aprendiz aos domingos e feriados desde
que a empresa possua autorização para trabalhar esses dias e se respeite o
repouso remunerado de um dia semanal e o dia da semana reservado a carga
horária teórica na entidade qualificadora.
A legislação proíbe ao menor de 18 anos o trabalho noturno,
considerado este o que for executado no período entre 22h de um dia e às 5h
dos dia seguinte, para o trabalho urbano. Já para o trabalho rural, considera-se
trabalho noturno o executado entre 21h de um dia e às 5h do dia seguinte, na
lavoura, e entre 20h de um dia e às 4h do dia seguinte, na atividade pecuária.
Quanto ao aprendiz maior de 18 anos, não há vedação legal ao trabalho
noturno, sendo-lhe assegurado o pagamento do adicional respectivo.
3.3) - Vale transporte
Ao empregado aprendiz é assegurado o vale transporte para o
deslocamento entre sua casa e seu local de trabalho e vice versa conforme
institui a lei nº 7.418, de 16 de Dezembro de 1985. A empresa deve fornecer o
vale transporte necessário para que uma vez por semana o aprendiz frequente
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o curso na instituição formadora. Caso exista a necessidade do aprendiz
deslocar-se no mesmo dia da instituição formadora para empresa ou o
contrário, essa passagem também será fornecida pela empresa empregadora.
3.4) - Férias
As férias do empregado aprendiz, devem coincidir preferencialmente com as
férias escolares. No caso de jovens menores de 18 anos essa coincidência
passa a ser obrigatória. É terminante vedado que o aprendiz goze suas férias
em dois períodos distintos tendo que utilizar esse direito de maneira integral.
Caso a empresa pratique o recurso de férias coletivas o aprendiz menor de
dezoito anos não deve ser prejudicado, mantendo suas férias no período das
férias escolares e gozando férias coletivas como licença remunerada.
3.5) - Recolhimento de FGTS Nos contratos de aprendizagem, aplicam-se as disposições da Lei nº 8.036,
de 11 de Maio de 1990.
A contribuição do FGTS corresponderá a 2% da remuneração paga ou devida
ao empregado aprendiz, em conformidade com o parágrafo 7º do artigo 15, da
lei 8.036/1990.
3.6) - Repouso Semanal Remunerado
Todo aprendiz tem direito a pelo menos um dia de descanso semanal
remunerado (folga). Ainda que pareça óbvio é importante ressaltar que o dia
da folga não pode coincidir com o dia em que o aprendiz possua capacitação
teórica na instituição formadora . Algumas empresas que adotavam tal
procedimento foram alertadas e repreendidas sobre a prática do ato, passando
a não mais praticarem. Assim como ocorre com trabalhadores em geral é
necessário que no mínimo uma das folgas seja no Domingo.
28
3.7) Atividades Práticas e Teóricas
As aulas teóricas do programa de aprendizagem devem ocorrer em
ambiente físico adequado ao ensino, e com meios didáticos apropriados. Tais
aulas podem se dar sob a forma de aulas demonstrativas no ambiente de
trabalho, hipótese em que é vedada qualquer atividade laboral do aprendiz,
ressalvado o manuseio de materiais, ferramentas, instrumentos e
assemelhados.
É vedado ao responsável pelo cumprimento da cota de aprendizagem,
propor ao aprendiz atividades diversas daquelas previstas no programa de
aprendizagem.
As aulas práticas deverão ocorrer todas no ambiente da empresa ou do
estabelecimento contratante.
Nessa hipótese é dever do empregador (empresa ou estabelecimento)
designar formalmente um empregado monitor responsável pela coordenação
de exercícios práticos e acompanhamento das atividades do aprendiz, em
conformidade com o programa de aprendizagem.
Para os fins da experiência prática segundo a organização curricular do
programa de aprendizagem, o empregador que mantenha mais de um
estabelecimento em um mesmo município poderá centralizar as atividades
práticas correspondentes em um único local.
Nenhuma atividade prática poderá ser desenvolvida no estabelecimento
em desacordo com as disposições do programa de aprendizagem.
A entidade responsável pelo programa de aprendizagem fornecerá aos
empregadores e ao Ministério do Trabalho e Emprego, quando solicitado,
cópia do projeto pedagógico do programa.
29
3.8) - Demais considerações sobre Direitos e Benefícios Previdenciários
As convenções e acordos coletivos apenas estendem suas cláusulas
sociais ao aprendiz quando expressamente previsto e desde que não excluam
ou reduzam o alcance dos dispositivos tutelares que lhes são aplicáveis.
Assim como os demais funcionários o empregado aprendiz terá direito ao
décimo terceiro salário dentro do que prevê a legislação
quanto a este benefício.
Por ter contrato de trabalho com tempo de duração determinado, o aprendiz
não terá direito ao benefício do seguro desemprego, salvo nos casos de
comprovado cessação da atividade profissional da firma, falência da empresa
ou falecimento do empregador constituído em firma individual.
Da mesma forma que os demais empregados da empresa onde trabalha, o
aprendiz está sujeito ao desconto das contribuições sindicais, previdenciárias
e se for o caso de imposto de renda esse será retido na fonte.
30
CAPÍTULO IV
CONTRATAÇÃO E DESLIGAMENTO
COMO PROCEDER
Quando foi criada, a lei da aprendizagem previa não só estabelecer
limites e defender jovens trabalhadores, mas também incentivar a geração de
emprego para adolescentes que ainda estejam iniciando uma vida profissional.
Justamente pela falta de experiência e imaturidade profissional, nem sempre
esse público é bem visto e absorvido pelo mercado de trabalho.
Atualmente a lei estabelece uma cota de jovens aprendizes no quadro
funcional das empresas. Ainda quem nem todos os empresários tenham
conhecimento dessa obrigatoriedade, a contratação de aprendizes vem se
tornando cada vez mais comum e crescendo consideravelmente ao longo dos
anos.
Como citado anteriormente, o artigo 429 da CLT, estabelece que os
estabelecimentos de qualquer natureza que contem com pelo menos sete
empregados, devem possuir um número de aprendizes equivalente a um
mínimo de 5% e um máximo de 15% do seu quadro de funcionários.
Ainda que muitas empresas empreguem jovens aprendizes apenas por mero
cumprimento da lei e por temerem punições, alguns estabelecimentos já
entendem tal prática como um ato de extrema responsabilidade social, uma
vez que ajuda o jovem a ganhar experiência e ter uma formação profissional,
além de dar o primeiro incentivo para sua carreira.
A Lei 10.097/2000 provoca o aprofundamento das reflexões sobre
responsabilidade social no cotidiano das empresas, em especial sobre a
possibilidade de elas atuarem no processo de formação dos jovens e sua
inserção no mundo produtivo. As empresas passam também a desempenhar o
31
papel de educador, de orientador dos jovens que estão construindo seus
projetos de vida.
Ao empregar um aprendiz, a empresa assume o papel de agente
transformador, fomentando a formação profissional e cidadã de jovens
autônomos, que saibam fazer novas leituras de mundo, tomar decisões e
intervir de forma positiva na sociedade. A contratação do aprendiz deve ser
feita por iniciativa única da empresa e preferencialmente de forma espontânea.
4.1) Disposições sobre a contratação do jovem
Para contar com aprendizes em seu quadro funcional a empresa deverá
procurar primeiramente uma instituição formadora aonde certamente já existe
um cadastro com vasto número de jovens a espera de oportunidade. A
empresa deve estipular para a instituição sua área de atuação e qual o perfil
do jovem que procura para que assim seja planejado um processo de seleção.
A contratação dos aprendizes deve ser obrigatoriamente formalizada por meio
de anotação de contrato na Carteira de Trabalho e no registro eletrônico ou
livro de registro de funcionários da empresa. Ao preencher o campo da função
esta deve estar antecedida da palavra aprendiz para que fique clara e
evidenciada a condição real do trabalhador. A data de início e do término do
contrato do jovem deve constar em anotações gerais, conforme determina o
art. 29 da CLT.
As informações básicas que devem constar no contrato de aprendizagem são:
a) Qualificação do Aprendiz
b) Qualificação da Empresa Contratante
c) Identificação da unidade que ministra o curso
d) Salário ou remuneração mensal (salário hora)
e) Designação da função e curso no qual o aprendiz tiver matriculado
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f) Jornada diária e semanal, com indicação dos tempos dedicados a atividades
teóricas e práticas.
g) Termo inicial e final do contrato de aprendizagem, que deve coincidir com o
início e término do curso de aprendizagem, previsto no respectivo programa
h) Assinatura do aprendiz e do responsável legal da empresa (art. 428 da
CLT). O aprendiz na faixa etária entre 14 e 16 anos é considerado
absolutamente incapaz de exercer pessoalmente os atos da vida civil, nos
termos do art. 3º do Código Civil (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002),
devendo o contrato ser assinado pelo seu responsável legal.
4.2) Disposições sobre a Rescisão de Contrato
O contrato de trabalho será extinto em algumas situações, como o
aprendiz completar 24 anos (ainda que antes do término dos dois anos de
contrato), desempenho insuficiente, inadaptação do aprendiz, falta disciplinar
grave, ausência injustificada à escola que implique perda do ano letivo ou
ainda a pedido do aprendiz por sua própria vontade. Caso não ocorra de
maneira antecipada em nenhuma dessas situações o contrato será extinto
quando completar dois anos, conforme pré-determinado.
Além das hipóteses mencionadas no parágrafo anterior o contrato
também pode ser extinto por encerramento das atividades da empresa,
falecimento do empregador constituído em empresa individual e falência.
Ao extinguir o contrato de um jovem por qualquer que seja o motivo, a
empresa deve contratar um novo aprendiz para seu lugar.
Ainda que em razão de dificuldades financeiras ou de conjuntura
econômica desfavorável que motivem a diminuição do quadro de pessoal da
empresa, não está autorizado que a mesma antecipe a rescisão do contrato de
33
um aprendiz. Esse deve ser prioritário e cumprido até o final.
Caso o aprendiz permaneça na empresa após o término de seu contrato,
deverá ser recontratado como trabalhador efetivo tendo contrato por prazo
indeterminado e se valendo de todos os direitos relacionados a esse tipo de
contrato.
A rescisão de trabalho do aprendiz deve ser homologada desde que
tenha ultrapassado um ano de serviços prestados (art. 477 da CLT). Sendo
menor de 18 anos o aprendiz deverá nesse momento ser assistido por seu
representante legal. A homologação pode ser prestada pelo sindicato da
categoria em que o aprendiz estiver inserido ou ainda pelas unidades do MTE.
34
CAPÍTULO V
Principais motivos para contratação de aprendizes
O capítulo final desse trabalho tem como objetivo elucidar as vantagens
da contratação de jovens, ainda que inexperientes, e sensibilizar não só as
empresas, mas sim a sociedade de modo geral a enxergar a lei da
aprendizagem como uma lei de suma importância para o futuro do nosso país.
De acordo com POCHMANN, a juventude torna-se uma condição de
vida que é a referência do estágio de desenvolvimento de uma sociedade. O
jovem já passa a assumir responsabilidades, comprovando que atualmente a
juventude é menos uma etapa de preparação para o ingresso na vida adulta e
muito mais a personificação de atitudes individuais e sociais que configuram
um estilo coletivo de vida e de pensar.
5.1 Formar profissionais alinhados a cultura da empresa
Atualmente o termo cultura organizacional é cada vez mais citado em
qualquer artigo ou palestra que faça referência ou sejam voltados para o
mercado de trabalho.
Essa cultura envolve padrões comportamentais, valores, crenças e
pressupostos que devem ser comuns a todos os funcionários daquela
organização. Dentro de uma empresa, é ela quem define os limites, a
coerência nos atos dos empregados, que dá a estes uma sensação de
identidade, mostrando-lhes através de normas que existe um vínculo, ainda
que invisível, entre funcionário e empresa. A cultura organizacional, diferencia
uma organização de outras organizações, ainda que atuem no mesmo
segmento. Em sua formação reúnem-se elementos como filosofia, parâmetros
administrativos e capital humano.
35
Como a cultura varia de empresa para empresa, muitas vezes
profissionais experientes, que já passaram por diversas instituições diferentes
ou mesmo que trabalharam por muito tempo em uma determinada empresa,
tem enorme dificuldade de adaptação a um novo ambiente de trabalho,
justamente por trazer dentro de si uma enorme bagagem de culturas
organizacionais que muitas vezes entrem em conflito com a do local em que
está tendo uma nova oportunidade.
Podemos assim afirmar que em algumas situações, não é errado dizer
que a falta de uma experiência profissional anterior pode ser uma vantagem na
hora da seleção de um funcionário.
Em uma contratação convencional, a empresa contrata um funcionário
que já está algum tempo no mercado de trabalho e que já tem hábitos, vícios e
atitudes oriundas de um outro espaço. Assim sendo precisará “desconstruir”
esse funcionário de modo a integrá-lo, treiná-lo e adaptá-lo a realidade de sua
empresa atual, o que nem sempre é fácil e muitas vezes não atinge resultado
satisfatório. Em contrapartida, contratando um aprendiz, você terá um
profissional que pode ser comparado a uma folha em branco. Irá treinar e
desenvolver um profissional completamente sem vícios que se for devidamente
orientado sobre as normas culturais, ideologias e normas de conduta
praticadas na empresa terá muito mais facilidade de adaptação. Terá até
mesmo maior possibilidade de seguir carreira dentro da organização uma vez
que estará desde cedo completamente treinado e adaptado a rotina e hábitos
daquela empresa.
“Treinamento é um processo sistemático para promover a aquisição de habilidades, regras, conceitos ou atitudes que resultem em uma melhoria da adequação entre as características dos empregados e as exigências dos papéis funcionais” (MILKOVICH, 2000, p. 338).
36
5.2 – Renovação do Quadro Funcional
Hoje em dia o mundo está cada vez mais globalizado e cada vez mais
tecnológico. As empresas que não conseguem acompanhar essa evolução e
se adequar as exigências do mercado provavelmente estarão fadadas ao
fracasso.
Sabendo que a peça mais importante, que realmente move a
engrenagem de uma empresa são seus funcionários, logicamente é importante
que estes sejam pessoas conectadas, globalizadas e antenadas, se possível
em tempo real com tudo que está acontecendo no mundo.
Mais uma vez a chamada geração Z (que é formada por jovens que
nasceram na década de 90), mostra que sua inclusão e participação no quadro
funcional de uma empresa é de fundamental importância.
Em matéria de dinamismo, conectividade e interação tecnológica, os
jovens dessa geração estão muito a frente de funcionários de gerações
anteriores, visto que antigamente tais requisitos não faziam parte da rotina e
não eram necessários ou pelo menos tão necessários para o sucesso de uma
organização.
A geração Z, nasceu em um mundo já globalizado, por isso tem uma
ampla visão do seu trabalho e de espaço. O fato de terem facilidade para
desempenharem tantas tarefas de forma simultânea (enquanto veem um filme,
navegam na internet, estudam e ouvem música) pode ser um diferencial
benéfico na formação de profissionais cada vez mais dinâmicos e capazes de
desempenhar multitarefas.
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5.3 – Responsabilidade Social
Apesar do pensamento comum de que a responsabilidade social das
empresas está associada apenas a questões ambientais, a verdade é que a
responsabilidade social aparece não apenas quando a firma preserva e se
preocupa com o meio ambiente mas também quando voluntariamente ela
contribui e cria meios para uma sociedade mais justa e igualitária.
Existem múltiplos fatores que se relacionam para formar o conceito de
responsabilidade social. No conceito da globalização e das mudanças na
indústria, surgiram novas preocupações e expectativas dos consumidores, dos
investidores e das autoridades públicas em relação as organizações.
A criação de programas sociais acaba gerando benefícios mútuos entre
a empresa e a comunidade, o que fica evidenciado quando a empresa resolver
contratar um jovem sem qualquer experiência profissional no intuito de ajudá-lo
a ingressar no mercado de trabalho. Ao proceder dessa forma a empresa
proporciona ao indivíduo que possa ganhar seu sustento e ajudar sua família
(muitas vezes em situação de privação) de uma forma justa, ética e legal
evitando assim que se envolva em situações criminosas ou de delinquência.
É de conhecimento geral que em nosso país um dos fatores que mais
contribuem para a marginalidade é a falta de emprego e para uma pessoa sem
experiência, arrumar uma ocupação torna-se ainda mais difícil. Infelizmente,
assim como discrimina pessoas mais velhas que já tenham atingido
determinada idade o mercado por vezes também é cruel com os jovens e
ainda não tem uma cultura de absorção desse público.
Ao contratar um aprendiz, a empresa tem a possibilidade de atuar no
processo de formação de um indivíduo e de ser responsável por sua entrada
no mundo produtivo. A empresa assume o papel de agente transformador,
fomentando a formação profissional e cidadã de jovens que saberão fazer
novas leituras de mundo, serão autônomos em suas decisões e participarão de
forma positiva da sociedade.
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5.4 – Adequação as questões legais
Como vimos, a contratação de aprendizes vai muito além de apenas
questões legais, mas se nenhum dos motivos expostos for suficiente para
sensibilizar uma organização a contratá-los de forma espontânea, é a lei que
irá de uma vez por todas atuar para que essa contratação ocorra.
A criação da lei 10.097/2000 ou simplesmente Lei da Aprendizagem
como é mais conhecida, legitima a intenção e os esforços em contribuir com a
empregabilidade de jovens, principalmente os que se comprovem como menos
privilegiados.
A lei que foi regulamentada em 2005 por meio do decreto 5.598/2005,
estabelece que todas as empresas registradas como de médio ou grande porte
estão obrigadas a contratar jovens entre 14 e 24 anos para fazerem parte de
seu quadro funcional, sendo um mínimo de 5% e um máximo de 15% de vagas
desse quadro, destinadas a essa finalidade.
A empresa que não cumpre o descrito acima, além de prestar um
desserviço a sociedade, se coloca a margem da legalidade e fica passiva de
sanções punitivas no caso de uma fiscalização. Essas punições podem vir por
exemplo em forma de multas, e ações judiciais. Em contrapartida, a empresa
que se adequa a legislação e contrata aprendizes, além de prestarem um
grande serviço, tem direito a benefícios tais como incentivos fiscais e
tributários.
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CONCLUSÃO
Concluímos portanto que a Lei da Aprendizagem é de total relevância
para jovens e adolescentes. Os programas de aprendizagem significam uma
grande oportunidade para os que dele participam, visto que facilitam a entrada
e adaptação destes em um mundo novo, que é o mundo profissional.
Justamente pelos motivos citados, percebemos que esses programas hoje são
essenciais para que o jovem possa se desenvolver profissionalmente e adquirir
maior empregabilidade, o que é necessário, uma vez que o mercado de
trabalho requer cada vez mais, indivíduos especializados e que tenham suas
competências desenvolvidas ao máximo.
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BIBLIOGRAFIA
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41
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