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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ESTUDO SOBRE A SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES DE UMA EMPRESA DE ENERGIA FRENTE ÀS NOVAS EXIGÊNCIAS DO MUNDO DO TRABALHO E OS POSSÍVEIS IMPACTOS DESTE ADOECIMENTO NAS SUAS RELAÇÕES FAMILIARES. Por: Katia Gonçalves da Silva Orientadora Profª. Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ESTUDO SOBRE A SAÚDE MENTAL DOS TRABALHADORES DE UMA

EMPRESA DE ENERGIA FRENTE ÀS NOVAS EXIGÊNCIAS DO MUNDO DO

TRABALHO E OS POSSÍVEIS IMPACTOS DESTE ADOECIMENTO NAS

SUAS RELAÇÕES FAMILIARES.

Por: Katia Gonçalves da Silva

Orientadora

Profª. Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ESTUDO SOBRE A SAUDE MENTAL DOS TRABALHORES DE UMA

EMPRESA DE ENERGIA ELÉTRICA FRENTE ÀS NOVAS EXIGÊNCIAS DO

MUNDO DO TRABALHO E OS POSSÍVEIS IMPACTOS DESTE

ADOECIMENTO NAS SUAS RELAÇÕES FAMILIARES.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Terapia de Família.

Por Kátia Gonçalves da Silva

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus a dádiva da vida e a oportunidade de

concluir mais uma etapa que me propus a realizar; à

minha família que estar ao meu lado sempre; aos

professores do Instituto AVM que me auxiliaram durante

todo este curso e na elaboração deste estudo; e aos

participantes da pesquisa que foram primordiais para o

desenvolvimento deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Ao meu filho Hugo Felipe.

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RESUMO

Nosso estudo teve a pretensão de abordar a questão da saúde mental

frente às novas exigências do mundo do trabalho e identificar os possíveis

impactos desse adoecimento nas suas relações familiares.

Para tanto, abordamos no primeiro capitulo o mundo do trabalho

relatando um breve histórico deste, iniciando na comunidade primitiva e

finalizando com a entrada do capitalismo. Logo após, será comentado os

modelos de produção industrial Fordismo, Taylorismo e Toyotismo. Já no

segundo discorremos sobre a globalização da economia e as mudanças na

vida do trabalhador e na instituição família. Avançamos a discussão para o

adoecimento deste trabalhador frente as novas exigências e o impacto na

dinâmica familiar. Enfim o terceiro capítulo relatou o resultado do estudo

exploratório realizado numa empresa de energia.

Em nossas considerações finais deixamos nossa preocupação com o

ambiente de trabalho e a saúde do trabalhador, e apontamos para a

necessidade de novas pesquisas nesta direção a fim de ampliar as propostas

de ações na área.

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METODOLOGIA

ASPECTOS ÉTICOS

Após os devidos esclarecimentos a respeito da pesquisa, foi entregue a

todos os participantes um questionário com questões abertas e fechadas,

juntamente com o “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”, baseado na

Resolução CNS 196/96, Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas

envolvendo Seres Humanos, do Conselho Nacional de Saúde, o qual formaliza

as condições de adesão destes participantes ao estudo.

O Termo de Consentimento registra de forma clara todos os cuidados de

cunho ético, e esclarece aos participantes que estes poderão desistir a

qualquer momento da participação, informando-lhes também que a pesquisa é

sigilosa e que os envolvidos não serão identificados.

DELINEAMENTO DA PESQUISA

Trabalhamos com a pesquisa de tipo exploratório, que têm trazido

contribuições muito importantes para a compreensão de questões que estão

sendo percebidas na realidade do mundo do trabalho, concernentes a saúde

do (a) trabalhador(a). Quanto à amostragem, utilizaremos o critério de

acessibilidade,. Pretendemos ter uma amostra composta de no mínimo 14

trabalhadores (as), representando um percentual de 33,3% dos atendimentos

pertinentes a saúde mental, realizados pelo Serviço Social nos últimos cinco

anos.

A impossibilidade de pensarmos em entrevistarmos o número total de

atendidos (as), se deu por ocorrência recente de desligamentos de

trabalhadores (as), através de programa de demissão voluntária.

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POPULAÇÃO ALVO

A escolha pelo universo da pesquisa de campo fundamentou-se no

critério de relevância para a análise, onde elegemos os (as) trabalhadores (as)

que já foram atendidos (as) pelo Serviço Social e que receberam intervenção

no que tange a saúde mental, de forma direta ou indireta, tais como:

afastamento de suas atividades por absenteísmo, afastamento médico e

conflito interpessoal dentro da empresa e na esfera familiar, devido ao

esgotamento mental.

Assim sendo, a população alvo desta pesquisa pode ser entendida como

uma pequena amostra dos funcionários que fazem parte do quadro de

empregados da empresa.

COLETA DE DADOS

Para coleta de dados serão utilizadas fontes primárias e secundárias. A

coleta nas fontes primárias será realizada através de aplicação de

questionários com questões fechadas e algumas encadeadas. Para Marconi e

Lakatos (2005, p. 203) "questionário é um instrumento de coleta de dados,

constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas

por escrito sem a presença do entrevistador". Segundo as autoras, essa

metodologia apresenta as seguintes prerrogativas: processo econômico e com

bom rendimento quanto aos dados; abrange muitas pessoas simultaneamente;

cobre geograficamente área mais ampla; colhe respostas rápidas precisas;

propicia maior liberdade nas respostas por conta do anonimato; minimiza riscos

de distorção, pela não influência do pesquisador; favorece as respostas em

hora mais adequada ao respondente e favorece uniformidade na avaliação,

pela impessoalidade do instrumento.

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Já a coleta nas fontes secundárias será realizada através de pesquisa

bibliográfica e análise documental nos prontuários. Com relação às técnicas e

instrumentos de coleta de dados, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, que

segundo Cervo e Bervian (2007) é um tipo de pesquisa que procura explicar

um problema a partir de referências teóricas publicadas, dentre outras, em

artigos, livros, dissertações e teses.

Segundo GIL (2008) nas questões fechadas, pede-se aos respondentes

para que escolham uma alternativa dentre as que são apresentadas numa lista.

São as mais comumente utilizadas, porque conferem maior uniformidade às

respostas e podem ser facilmente processadas.

Vale destacar que o questionário foi estruturado de maneira que as

perguntas fossem claras e objetivas, já que deveriam garantir a uniformidade

de entendimento dos pesquisados e a padronização dos resultados. O

questionário aplicado visou conhecer o perfil dos(as) trabalhadores (as), bem

como responder se as questões relacionadas ao trabalho podem afetar a

saúde mental dos(as) trabalhadores (as), a ponto de interferir a sua dinâmica

familiar.

Foi realizado um pré-teste para assegurar uma validade e precisão das

respostas da pesquisa.

Como é sabida, no caso do questionário, a obtenção desses requisitos é

bastante crítica. Todavia, o pré-teste deve assegurar que o questionário esteja

bem elaborado, sobretudo no referente à clareza e precisão dos termos, forma

de questões, desmembramento das questões, ordem das questões, e

introdução do questionário (GIL, 2008).

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ANÁLISE DE DADOS

Após a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados, de maneira que

fosse possível interpretá-los. Também, foram utilizados gráficos e tabelas para

um melhor entendimento da inferência realizada. Na seqüência, foram

analisados os resultados a partir das informações coletadas através dos

questionários aplicados na amostra.

É importante destacar que as pesquisa qualitativa e quantitativa não são,

necessariamente, contraditórias, podendo ser complementares. Na visão de

Minayo (1993, p.247):

Se a relação entre quantitativo e qualitativo, entre

objetividade e subjetividade, não se reduz a um

continuum, ela não pode ser pensada como oposição

contraditória. Pelo contrário, é de se desejar que as

relações sociais possam ser analisadas em seus aspectos

mais ‘ecológicos’ e ‘concretos’ e, aprofundadas em seus

significados mais essenciais. Assim, o estudo quantitativo

pode gerar questões para serem aprofundadas

qualitativamente, e vice-versa. (MINAYO, 1993, p.247).

A análise das respostas foi realizada de forma quanti-qualitativa, ou seja,

as questões de múltipla escolha foram tabuladas e mostraram resultados

quantitativamente. As questões dissertativas foram analisadas através de uma

análise de conteúdo, onde as respostas mais significativas e/ou mais

frequentes foram levadas em consideração e trazidas para os resultados.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I - MUNDO DO TRABALHO

CAPITULO II - TRABALHADOR E SUA FAMILIA NO SECUÇO XXI

CAPITULO III - A PESQUISA

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BIBLIOGRAFIA CITADA

ANEXOS

ÍNDICE

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INTRODUÇÃO

O presente estudo tem a intenção de abordar a questão da saúde

mental frente às novas exigências do mundo do trabalho e identificar os

possíveis impactos desse adoecimento nas suas relações familiares.

Focaremos nossos esforços em desvendar as questões relacionadas ao

trabalho que podem afetar a saúde mental dos(as) trabalhadores (as) de uma

empresa de energia e ainda demonstrar a extensão dos impactos incididos na

família dos mesmos.

Temos como hipóteses que a dinâmica familiar destes(as) trabalhadores

(as) é afetada, apesar de não sabermos até que ponto. Nesse sentido,

entendemos que o consumo de energia física e mental, em virtude das funções

laborais, pode tender ao distanciamento dos compromissos pessoais,

familiares e sociais.

Para Marx (1988, p142), o trabalho é um processo entre o homem e a

natureza, um processo em que o homem, por sua própria ação, media regula e

controla o seu metabolismo com a natureza. (...) Ele põe em movimento forças

naturais pertencentes a sua corporalidade, braços e pernas, cabeça e mãos, a

fim de propriar-se da matéria, natural numa forma útil para sua própria vida. Ao

atuar, por meio desse movimento, sobre a natureza externa a ele, ao modificá-

la, ele modifica ao mesmo tempo sua própria natureza.

A necessidade de abordagem do tema “saúde mental” já vem sendo

observada há oito anos, desde quando a profissional de Serviço Social iniciou

nesta empresa no departamento de Gestão de Pessoas na área da Saúde

do(a) trabalhador (a). Tendo em vista que atendemos um número significativo

de casos que são desdobramento do adoecimento mental do(a) trabalhador

(a).

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CAPÍTULO I

MUNDO DO TRABALHO

Será abordado neste capitulo sobre o mundo do trabalho relatando um

breve histórico deste, iniciando na comunidade primitiva e finalizando com a

entrada do capitalismo. Logo após, será comentado os modelos de produção

industrial Fordismo, Taylorismo e Toyotismo,

1.1- Breve histórico

Historicamente vimos que no período da pré-história, o homem é

conduzido, direta e amargamente, pela necessidade de satisfazer a fome e

assegurar sua defesa pessoal. Ele caça, pesca e luta contra o meio físico,

contra os animais e contra os seus semelhantes, tendo como instrumento as

suas próprias mãos.

No início das comunidades primitivas a produção tinha um caráter

rudimentar, características do final da selvageria e início da barbárie (ENGELS,

s/d).

O modo de produção primitivo é o primeiro modo de produção que

surgiu na gênese da sociedade humana com o avanço das primeiras

ferramentas, estas que eram construídas de pedra, espinhos, e pedaços de

lascas de árvore. Neste cenário, o homem buscava saciar suas necessidades

básicas. Todo trabalho era na busca de melhorias voltadas para as atividades

cotidianas, como alimentar-se, abrigar-se e proteger-se.

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Segundo Marx(1999), o modo de produção primitivo designa uma

formação econômica e social que abrange um período muito longo, desde o

aparecimento da sociedade humana. A comunidade primitiva existiu durante

centenas de milhares de anos, enquanto o período compreendido pelo

escravismo, pelo feudalismo e pelo capitalismo mal ultrapassa cinco milênios.

Na comunidade primitiva, os homens trabalhavam em conjunto. Os meios de

produção e os frutos do trabalho eram propriedade coletiva, ou seja, de todos.

Não existia ainda a idéia da propriedade privada dos meios de produção, nem

havia a oposição entre proprietários e não proprietários.

As relações de produção eram relações de cooperação e ajuda entre

todos; elas eram baseadas na propriedade coletiva dos meios de produção,

com a terra ocupando papel preponderante. Também não existia o Estado.

Este só passou a existir quando alguns homens começaram a dominar outros.

O Estado surgiu como forma de coesão e coerção social, visando o controle e

à organização social.

A partir do momento em que o homem começa a plantar e a estocar

alimentos e nesse sentido poderia produzir riquezas, inicia-se a queda do

sistema primitivo, surgindo novas formas sociais de interação, que contribuirão

para a afirmação da hierarquia.

Com o estabelecimento da propriedade privada dos meios de produção,

definem-se novas relações de poder pautadas no domínio e sujeição,

configura-se assim o modo de produção escravista. Neste, os escravos eram

tidos como propriedade dos senhores de engenho, portanto a liberdade de

suas ações eram cerceadas e limitadas por estes.

Este modo de produção perdurou até o fim do período antigo quando o

império romano do ocidente cai e com os anos este modo de trabalho perde

sua força e legitimidade no ocidente europeu, sendo a escravidão não mais

viável economicamente como também socialmente.

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Com o avanço de tribos bárbaras na Europa e também com a queda do

império romano do ocidente a escravidão perde sua força, a igreja medieval

surge enquanto um grande controlador social, e com o avanço do ruralização

na Europa o campo ganha força; concomitando com o aparecimento de uma

nova ordem social: o Feudalismo. No qual, o trabalho do servo estava

condicionado ao senhor feudal, que provia para o seu servo proteção militar.

Os trabalhadores eram servos que cuidavam das terras, para o senhor feudal.

Entende Mota (1997) que o Feudalismo foi um sistema social, político e

econômico caracterizado pela relação de dependência pessoal entre servos e

senhores.

A função de cada um na sociedade era bem definida o servo em geral

executava trabalhos braçais, o clero cuidava da espiritualidade e

intelectualidade e os nobres governavam e davam proteção aos servos. Sendo

esta uma sociedade com estamentos sociais definidos, o servos mantinham o

sistema na base a onde com sua pouca tecnologia davam a maior parte de

suas colheitas ao senhor feudal este era o sistema de trabalho que ocorre ate o

começo das caravanas, aonde muitos desses senhores iam para guerras ao

oriente e de lá traziam mercadorias construindo um comercio em volta dos

palácios feudais surgindo ai a primeira força de capitalismo. A relação

trabalhista da época era a relação senhor – servo, denominada relação de

vassalagem. A servidão é diferente da escravidão, já que os servos gozam de

uma certa liberdade, que os diferem dos escravos, visto que estes são tidos

como propriedade de seus senhores de engenho. Um servo podia sair das

terras do senhor e ir para onde quisesse desde que não tivesse dívidas a pagar

para o mesmo. Na servidão, o servo não trabalha para receber uma

remuneração, mas para ter o direito de morar nas terras do seu senhor.

Também não existe qualquer vínculo contratual entre os dois, mesmo porque

senhor e servo eram iletrados.

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De acordo com Vianna (1984) a servidão foi um tipo muito generalizado

de trabalho em que o indivíduo, sem ter a condição jurídica do escravo, na

realidade não dispunha de sua liberdade.

O feudalismo foi substituído por novo sistema econômico e social por

volta do século XVI, visto que na Inglaterra as classes superiores passaram a

cercar os pastos, preferindo explorá-los diretamente, pois, assim cercados, era

muito pequeno o número de pastores necessários. Na Alemanha, após o

fracassado levante dos camponeses, e a devastadora Guerra dos 30 Anos. Na

França a Revolução varreu os últimos vestígios da servidão. Aconteceram

também as Grandes Navegações e Expansões Marítimas Européias, fase em

que a burguesia mercante começa a buscar riquezas em outras terras fora da

Europa. Os comerciantes e a nobreza estavam à procura de ouro, prata,

especiarias e matérias-primas não encontradas em solo europeu. Estes

comerciantes, financiados por reis e nobres, ao chegarem à América, por

exemplo, vão começar um ciclo de exploração, cujo objetivo principal era o

enriquecimento e o acúmulo de capital.

A crise da sociedade feudal, provocada pelas próprias leis internas ao

sistema, abriu caminho para o desenvolvimento progressivo das relações

capitalistas de produção.

No capitalismo, o direito da propriedade dos meios de produção

pertence à minoria capitalista, e o trabalhador é obrigado a vender a sua força

de trabalho aos membros desta classe em troca de um salário. Uma das

características centrais do modo de produção capitalista é a relação

assalariada de produção (trabalho assalariado). As relações de produção

capitalistas baseiam-se na propriedade privada dos meios de produção pela

burguesia, que substituiu a propriedade feudal, e no trabalho assalariado, que

substituiu o trabalho servil do feudalismo. Portanto, existem basicamente duas

classes sociais: a burguesia e os trabalhadores assalariados.

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Neste contexto, podemos identificar as seguintes características

capitalistas: busca dos lucros, uso de mão-de-obra assalariada, moeda

substituindo o sistema de trocas, relações bancárias, fortalecimento do poder

da burguesia e desigualdades sociais.

A partir da segunda metade do século XVIII, com a Revolução Industrial,

inicia-se um processo ininterrupto de produção coletiva em massa, geração de

lucro e acumulo de capital. Na Europa Ocidental, a burguesia assume o

controle econômico e político. As sociedades vão superando os tradicionais

critérios da aristocracia (principalmente a do privilégio de nascimento) e a força

do capitalismo se impõem. Surgem as primeiras teorias econômicas: a

fisiocracia e o liberalismo. A Revolução Industrial então cria duas classes que

se opõem em interesses: de um lado os detentores do capital e dos meios de

produção e do outro os operários.

Entre 1760 a 1860, a Revolução Industrial ficou limitada, primeiramente,

à Inglaterra. A energia movida a vapor foi usada para a extração de minério, na

indústria têxtil e na fabricação de uma grande variedade de bens que

anteriormente eram feitos à mão. O navio a vapor substituiu a escuna e a

locomotiva a vapor substituiu os vagões puxados a cavalo, melhorando

significativamente o processo de transporte de matéria-prima de produtos

acabados. Substituindo assim, muito do trabalho físico.

Logo após, ocorreu a Segunda Revolução Industrial no período de 1860

a 1900 ( I Guerra Mundial ) e ao contrário da primeira fase, países como

Alemanha, França, Rússia e Itália também se industrializaram. O petróleo

começou a competir com o carvão e a eletricidade foi efetivamente utilizada

pela primeira vez, criando uma nova fonte de energia para operar motores,

iluminar cidades e proporcionar comunicação instantânea entre as pessoas.

Geoffrey Blainey chama de “segunda era inventiva” . Nesse período,

segundo ele, as diversas inovações tecnológicas como o telefone, o

gramofone, a câmera e o avião, tornavam o mundo menor, mas “O fato de o

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mundo estar se tornando menor não significava que necessariamente ficava

mais amigável” (BLAINEY, p. 41, 2008).

Vindo na sequencia, a Terceira Revolução Industrial que surgiu

imediatamente após a II Guerra Mundial, mais precisamente em meados dos

anos 40, trazendo um impacto significativo no modo como a sociedade

organiza sua atividade econômica. Computadores e softwares avançados

estão invadindo a última esfera humana – os domínios da mente.

Adequadamente programadas, estas novas "máquinas inteligentes" são

capazes de realizar funções conceituais, gerenciais e administrativas e de

coordenar o fluxo da produção, desde a extração da matéria-prima ao

marketing e à distribuição do produto final e de serviços.

Refletindo veremos que ainda convivemos com resquícios de um

passado escravocrata, visto que só dispomos da liberdade formal de trabalho

há pouco mais de cem anos. Com a afirmação das fábricas reconfiguram- se

as relações sociais no cenário produtivo, agora dinamizado através dos

proprietários das máquinas e do proletariado subordinado ao proprietário e a

máquina o trabalhador dispõe apenas de sua força de trabalho, necessitando

vende-la a fim de garantir sua subsistência, no entanto se não a vendes o

empresário não tem quem opere o maquinário, é o que Marx chama de relação

entre iguais.

Cabe ressaltar que a condição de subordinação de classes está

diretamente relacionada ao processo de alienação e a ocorrência do

assalariamento, visto que o modo de produção capitalista baseia-se na

propriedade privada dos meios de produção e exploração de classes.

Como vimos, no final do século XIX e início do século XX, a indústria

fabril estava em ascensão. No entanto, os proprietários dessas indústrias

precisavam racionalizar sua linha de produção. Para isso, deveriam controlar

com mais afinco o tempo dos operários durante o trabalho, no sentido de

aperfeiçoar esse tempo, com o qual o trabalhador produziria mais produtos, no

mesmo período trabalhado. Outra questão que necessitou de mudança foi à

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redução nos custos da produção, no intuito de aumentar o lucro dos

capitalistas. Com o avanço do sistema capitalista, o início do século XX foi um

período de intensas alterações no sistema produtivo.

A indústria transforma o conceito de trabalho e dita novos valores à

sociedade da época, criando assim a chamada Sociedade Industrial.

Foi a indústria que além de termos como "bem-estar",

"consumo" e "urbanismo", inspirou outros como

"alienação", "exploração" e "estresse" (MASI, 2000, p. 59).

1.2- Modo de produção

A sociedade agora estava diante de uma nova forma de organização do

trabalho. Esse processo baseou-se particularmente em racionalizações

administrativas e gerenciais, ou seja, mudança na organização, administração

e condução não só do processo de trabalho, mas da empresa em sua

totalidade. Esta transformação societária capitalista ampliou a complexidade

das relações de trabalho estabelecida.

No final do séc. XIX e início do séc. XX foi criado pelo engenheiro norte-

americano Frederick Taylor uma expressão para designar uma conjunto de

ideias e princípios de gestão. Esta Teoria ficou conhecida como Gestão

Científica ou Organização Científica do Trabalho. Sabe-se que a partir de

Taylor um novo método de produzir foi proposto nas linhas de produção: em

vez de um trabalhador desempenhar várias funções na produção de

mercadorias, ele implantou a divisão do trabalho, em que cada operário

desempenharia uma única e repetitiva tarefa.

No chamado estudo do tempo taylorista, diferentes atividades são

subdivididas ao extremo em tarefas tão simples quanto esboços de gestos,

passando então a medir a duração de cada movimento com um cronômetro, e

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tendo como resultado a determinação do tempo “real” gasto para se realizar

cada operação (PINTO, 2010, p. 23-24).

Mas, todavia foi com o Henry Ford (1863 – 1947), que ocorreu uma

grande inovação do fordismo em relação ao taylorismo foi à introdução de

linhas de montagens, na qual o operário era responsável apenas por uma

atividade. Ele iniciou este método na sua fábrica, determinando a posição de

todos seus funcionários, que aguardavam as peças automotivas. Estava

iniciando assim, a chamada linha de produção. Essa linha era composta por

uma esteira rolante que movimentava o produto fabricado. Cada funcionário

tinha apenas uma função em toda linha de montagem, sendo somente

responsável, por exemplo, por apertar um determinado parafuso. Além disso, o

proletário devia executar sua atividade no tempo determinado pela máquina,

pois caso atrasasse alterava toda a produção e era repreendido pelo gerente

local.

Em cada parte da produção teria um trabalhador para exercer uma

função específica. Essas linhas de montagem ficaram conhecidas como modo

de produção fordista, que prevaleceu até a década de 1970, aumentando a

produção durante o mesmo tempo de trabalho dos operários.

A limitação funcional do operário causava uma alienação psicológica no

indivíduo, pois limitava o conhecimento do operário a função, não tendo

nenhuma noção da compreensão do todo. Sem contar os problemas físicos

ocasionados pela excessiva repetição da mesma atividade, inúmeras vezes ao

dia. A jornada exaustiva de trabalho desses indivíduos e os problemas e

abusos sofridos por eles.

Na década de 1980, o fordismo entrou em declínio, devido à crise que

estava ocorrendo. Os compromissos do Estado se intensificaram cada vez

mais com programas assistenciais, mas WelfareState não conseguia dar conta

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de suas demandas. Naquela época as grandes indústrias se viram com um

excedente de produção, assim como fábricas e equipamentos ociosos num

mercado cada vez mais competitivo. Era uma época de recessão e

agravamento da inflação, ou seja, de estagnação da produção de bens e alta

inflação de preços.

Diante do quadro que se apresentava, o sistema capitalista entrou em

um novo ciclo de reestruturação do capital. Começou um período de

racionalização e intensificação do controle do trabalho.

Foi necessária uma reestruturação produtiva, introduziram-se novas

técnicas gerenciais e administrativas. Em contraste com a rigidez do fordismo,

foi criada no Japão, na empresa Toyota, um novo método que se mundializou:

a produção flexível. Esse método associava uso intensivo da tecnologia,

terceirização e flexibilidade na produção. Em vez da produção em larga escala

criou-se a produção em pequenos lotes e com produtos variados. Os grandes

estoques comuns à produção fordista deixaram de existir, seguia um sistema

enxuto de produção, aumentando a produção, reduzindo custos e garantindo

melhor qualidade e eficiência no sistema produtivo. Se o trabalhador na linha

de produção fordista fazia um trabalho repetitivo, mecânico e especializado, no

toyotismo o trabalhador era polivalente, com múltiplas habilidades e

competências. Essa revolução teve grandes conseqüências para o mercado de

trabalho. A reestruturação produtiva causou a desregulamentação das relações

de trabalho aumentando o desemprego, fomentando o trabalho informal e

fazendo surgir relações precárias de trabalho: trabalho temporário, jornada

parcial, terceirização, subcontratação, etc.

Segundo Harvey (2008), neste regime ocorreu à substituição de um

modelo de produção e acumulação calcado na rigidez produtiva, por um regime

fundamentado em uma maior flexibilidade dos processos, produtos, padrões de

consumo, mercados e da organização do trabalho.

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O surgimento do setor de serviços e de terceirização abriu grandes

oportunidades para os pequenos negócios. A produção doméstica e familiar

que existia na época da revolução industrial começou a voltar como

conseqüência da reestruturação produtiva. Para Harvey (2008) ela começou a

retornar não como algo periférico, mas como peça central da nova organização

industrial.

Para o autor acima, o resultado foi à emergência de novos setores de

produção, novas modalidades de serviços financeiros, novos mercados e, em

especial, a ascensão de altas taxas de inovação comercial, tecnológica e

organizacional, com intuito de garantir que o sistema produtivo seja capaz de

operar dentro de contextos que exigem rápidas mudanças, adaptando-se

continuamente às variações da demanda.

Neste modelo, é caracterizado por ter sua produção vinculada à

demanda, desenvolvimento de produtos diferenciados, adequados aos

interesses e necessidades do adquirente, resultado de ação em equipe de

técnicos com multifunções e especialidades.

Um dos elementos de maior destaque dentro do modelo toyotista é o

chamado just-in-timeque significa “em cima da hora”, em tradução livre. Surgiu

da necessidade de criar uma alternativa aos poucos espaços para armazenar

estoques, sejam eles matérias-primas, peças intermediárias ao processo

produtivo ou mercadorias já produzidas, e da escassez de recursos para

manter a produção parada. Consiste em detectar a demanda e a produção de

bens em função da necessidade específica, ao contrário do fordismo. Assim,

toda demanda tem que ser produzida após ter sido efetivada sua venda,

mantendo um fluxo de produção contínuo. Esse modelo funciona na

combinação entre os sistemas de fornecimento de matérias-primas, de

produção e de venda. Assim, apenas a matéria-prima necessária para a

fabricação de uma quantidade predeterminada de mercadorias é utilizada, que

deve ser realizada em um prazo já estabelecido, geralmente muito curto.

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No Brasil, dentre os diversos períodos que caracterizam o capital

nacional e a política econômica, pode-se destacar duas fases que foram

essenciais para a implantação e aprimoramento do toyotismo. A primeira é

fortemente marcada pelo papel do Estado no controle das ações de capital e

domínio da industrialização. A segunda fase abrange o contexto da

redemocratização do país e adoção de políticas econômicas neoliberais.

A realidade social adquire o simples aspecto de relações sociais de compra e

venda de uma força de trabalho. Agora é necessário que os trabalhadores

estejam preparados para produzir o que pede a demanda, uma vez que a

produção é feita sob encomenda. Desta maneira devem adaptar-se

imediatamente para a nova produção no decorrer do dia. Também é necessário

que o trabalhador esteja disponível para incorporar à sua rotina de trabalho

árdua e desgastante, muitas horas de trabalho, caso assim for necessário para

suprir a demanda. A flexibilização da mão-de-obra passa a ser outro requisito

essencial para o trabalhador inserido no sistema toyotista. É preciso ser

polivalente para assumir qualquer posto que se faça necessário. Baseado

neste princípio de multifuncionalidade é deflagrado nas últimas décadas a

teoria das competências, onde o indivíduo precisa desenvolver uma série de

capacidades para se inserir ou se manter no mercado de trabalho.

Segundo Antunes (2000, p. 36/37):

[...] esse padrão produtivo estruturou-se com base no

trabalho parcelar e fragmentado, na decomposição de

tarefas, que reduzia a ação operária a um conjunto

repetitivo de atividades cuja somatória resultava no

trabalho coletivo produtor de veículos. Paralelamente à

perda de destreza do labor operário anterior, esse

processo dedesatropornorfização do trabalho e sua

conversão em apêndice da máquina-ferramenta dotavam

o capital de maior intensidade na extração do sobre

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trabalho. À mais-valia extraída extensivamente, pelo

prolongamento da jornada de trabalho e do acréscimo da

sua extração intensiva, dada pela dimensão relativa da

mais-valia. A subsunção real do trabalho ao capital,

própria da fase da maquinaria, estava consolidada. Uma

linha rígida de produção articulava os diferentes trabalhos,

recendo vínculos entre as ações individuais das quais a

esteira fazia as interligações, dando o ritmo e o tempo

necessários para a realização das tarefas. Esse processo

produtivo caracterizou-se, portanto, pela mescla da

produção em série fordista com o cronômetro taylorista,

além da vigência de uma separação nítida entre

elaboração e execução. Para o capital, tratava-se de

apropriar-se do sawir-faire do trabalho, “suprimindo” a

dimensão intelectual do trabalho operário, que era

transferida para as esferas da gerência científica. A

atividade de trabalho reduzia-se a uma ação mecânica e

repetitiva.

O trabalhador era percebido e encarado como um complemento da

maquinaria dentro do processo de produção. O mesmo realizava tarefas

rotineiras por uma longa jornada de tempo, o que acarretava em ações

mecanizadas. Salientando ainda, as péssimas condições quanto ao ambiente

de trabalho, geralmente era lugares com pouca iluminação, sem circulação de

ar, dentre outros fatores insalubres. Para isso, Pinto dirá (2007, p. 45):

[...] a idéia fundamental no sistema taylorista/fordista [...] é

elevar a especialização das atividades de trabalho a um

nível de limitação e simplificação tão extremo que, a partir

de um certo momento, o operário torna-se efetivamente

um apêndice da máquina, repetindo movimentos tão

absolutamente iguais num curto espaço de tempo quanto

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possam ser executados por qualquer pessoa, sem a

menos experiência de trabalho no assunto.

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CAPÍTULO II

TRABALHADOR E SUA FAMILIA NO SECULO XXI

Neste capitulo será abordado à globalização da economia e as

mudanças na vida do trabalhador e na instituição família. Avançando a

discussão para o adoecimento deste trabalhador frente as novas exigências e

o impacto na dinâmica familiar.

2.1- Globalização: impactando o trabalhador e a família

A mudança na economia que ocorreu com a globalização, estimulou a

competição dos mercados, logo demandou mudanças no atendimento ao

cliente, no que tange a qualidade dos produtos e prazos de produção a serem

cumpridos. A capacidade de adaptação rápida dos produtos às exigências do

mercado - a flexibilidade da produção - tornou-se um diferencial importante

para as empresas. Esses fatores, adaptados a um novo padrão de uso do

trabalho, que, para se adequarem à flexibilidade da produção, os trabalhadores

precisam desenvolver também a capacidade de se adaptar de acordo com as

mudanças contínuas do processo produtivo. Devem, portanto, adquirir

diferentes habilidades e capacidades que possibilitem modificar continuamente

suas atividades.

O trabalho se toma menos atraente e a relação com ele

se dá de forma mais superficial, o que não fortalece a

identidade profissional. Muitos se submetem a baixos

salários, a jornadas extensas, ao exercício de atividades

que não tem qualquer afinidade, somente para não

perderem a rara oportunidade de ter um emprego. O

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medo do desemprego funciona como um "espantalho

disciplinador" (De Masi, 2000 p. 78).

Tem sido analisada a precarização do trabalho no Brasil, enfatizando as

alterações que vem ocorrendo no mercado de trabalho – crescimento da

informalidade, de formas flexíveis de contratação, e do desemprego em

determinados setores e ocupações – e suas implicações para o indivíduo.

Pochmann (2001), por exemplo, acredita que a terceirização e a

flexibilização da economia vêm causando fortes impactos no mercado de

trabalho em todo o Brasil. Segundo o autor, o que se tem observado no Brasil é

a presença simultânea e combinada do desemprego aberto em larga escala, do

desassalariamento e da geração de postos de trabalho precários. Convém

lembrar que, além da redução dos postos de trabalho e do aumento do

desemprego, as possibilidades de absorção pelo mercado de trabalho, por

meio de empregos assalariados regulamentados diminuem e aumentam as

possibilidades de inserções em posições mais precárias.

Para Cardoso, Comin e Guimarães (2001), o emprego com registro em

carteira, que predominava na indústria, é, na maior parte das vezes, substituído

por ocupações autônomas ou temporárias caracterizadas por maior

instabilidade.

Atualmente, tanto as indústrias quanto os serviços utilizam muita

tecnologia que reduze em parte o uso da força física e intensifica o uso da

energia mental dos trabalhadores, o que, via de regra, tem gerado o desgaste

biopsíquico daqueles que trabalham. Há um discurso ideológico de redução de

custos da produção e aumento da produtividade acompanhada dos

incrementos modernizadores tanto no campo objetivo dos ambientes e

organização do trabalho quanto no subjetivo dos denominados recursos

humanos.

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Portanto, as mudanças no mundo do trabalho, implicam em mudanças no

cotidiano dos trabalhadores, no modo de exercer as suas atividades, de se

expor as novas tecnologias e engenharias produtivas, que há tempos

extrapolou a ciência mecânica. A vida em sociedade mercadorizou-se (Alves,

2007). As empresas estão se consolidando em rede, novas ocupações vão

sendo sedimentadas, são múltiplas formas de assalariamento, novas

ocupações são constituídas.

Enfim, após a consolidação da política neoliberal, pode-se observar de

forma mais clara, a submissão do Estado pelo mercado, conforme análises de

Franca (2007, p. 136):

O neoliberalismo veio assegurar o domínio do mercado

sobre o Estado, do privado sobre o público e,

principalmente, do capital sobre o trabalho. Esses

objetivos foram sustentados por uma apologia abstrata

ao livre mercado. Foi por meio da apologia que o

neoliberalismo empreendeu seus objetivos concretos,

que interessavam ao capital financeiro, ao imperialismo

e à burguesia nacional, ficando prejudicados os

interesses da maioria da sociedade.

Historicamente, vimos que a inserção das maquinas provocou a

desagregação do trabalho familiar e a ruína da diferença de papeis entre seus

integrantes. (Venosa, 2006) A revolução industrial, que separou o mundo do

trabalho do mundo familiar e instituiu a dimensão privada da família,

contraposta ao mundo publico, as mudanças significativas relacionam-se ao

impacto do desenvolvimento tecnológico, tendo em vista que as descobertas

cientificas resultaram também em intervenções tecnológicas sobre a

reprodução humana. A década de 1960 difundiu-se a pílula anticoncepcional,

que separou a sexualidade da reprodução e interferiu decisivamente na

sexualidade feminina, a mulher deixou de ter sua vida sexual atada à

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maternidade e a identificação entre mulher e mãe, a difusão dos

anticoncepcionais teve impacto em toda sociedade, porém significados

diferentes nas camadas sociais, pois maternidade e filho têm significados

diferentes para cada um.

No período do pós-guerra, a introdução do modelo fordista de produção

fez com que as mulheres se inserissem mais intensamente no mercado de

trabalho, tendo maior importância no sustento familiar. Conseqüentemente,

observou-se uma alteração no modelo familiar com visível redução da taxa de

natalidade. Ampliou se as possibilidades de atuação da mulher no mundo

social associada ao trabalho remunerado, a sua independência, abalando se

assim os laços familiares, e causando um processo de mudanças substantivas

na família. As mudanças abalam o modelo idealizado tornando se difícil

sustentar a idéia de um modelo “adequado”.

É importante observar que, como parte de uma sociedade, a família e os

sujeitos que nela se inserem e que a partir dela se formam, são diretamente

afetados pelas transformações do mundo do trabalho. Homens e mulheres se

afirmam como cidadãos dignos e produtivos pautados nos valores positivos do

trabalho. Assim, a família uma vez considerada como mediadora entre o

indivíduo e a sociedade, oferecendo recursos para uma relação dialética e

ativa, não pode deixar de ser analisada fora do contexto das transformações

sociais ocasionadas pelas mudanças no sistema produtivo.

As mudanças que ocorreram no mundo, em nossa sociedade e nas

novas relações humanas afetaram a dinâmica familiar como um todo e em

particular as famílias pobres, estas raramente passam pelos ciclos de

desenvolvimento do grupo doméstico. As dificuldades enfrentadas para a

realização dos papeis familiares no núcleo conjugal, devido uniões instáveis e

empregos incertos, desencadeiam arranjos que envolvem a rede de parentesco

como um todo, na tentativa de viabilizar a existência família. Os papéis sociais

exercidos no contexto familiar por seus membros foram se reconfigurado,

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influenciado pelo processo de reestruturação produtiva do mercado e dos

sucessivos momentos de crise.

Pensarmos família no contexto do século atual, no Brasil, implica

observar as todas estas mudanças nos padrões de relacionamentos. A família

sofreu várias modificações no contexto social e com essas, ficou difícil

sustentar a ideologia que associa a família. Devido à diversidade dos tipos de

composição familiar, muda-se o foco da estrutura da família nuclear, como

modelo de organização familiar, considera-se as novas questões referentes à

convivência entre as pessoas da família, sua relação com a sociedade e

comunidade.

Sennet (2001) aponta que atualmente as famílias têm vivido uma

instabilidade tanto econômica, quanto afetiva conseqüentemente vivem-se uma

“ansiedade trivial” .

Dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística

(IBGE) apontam ainda para uma intensificação deste processo social. Segundo

dado do Censo 2010, no que se refere às uniões entre casais observa-se um

aumento na taxa de divórcio, o mais alto desde 1984, atingindo hoje o

percentual de 1,8 para cada mil pessoas com vinte anos ou mais, porém,

reduziu-se o número de separações a 0,5‰. Houve ainda, um aumento da

taxa de casamentos que subiram 4,5% em relação a 2009, concomitantemente,

os recasamentos aumentaram 11,7% em relação ao ano de 2000, totalizando

18,3% das uniões registradas cartórios.

Segundo a Pesquisa Nacional Amostras Domiciliares (PENAD) 2008, o

índice de fecundidade feminina vem diminuindo cada vez mais, chegando a

1,95, com queda de 17,5% do número de crianças e adolescentes nos últimos

10 anos.

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Nessa perspectiva, a família pode ser entendida a partir

do contexto social em que se encontra e definida como

uma estrutura social que se modifica e se transforma,

sempre relacionada com o meio social, considerando a

evolução da família e suas transformações como “menor

números de filhos, maior grau de instrução por parte das

mulheres e, consequentemente, um maior acesso ao

mercado de trabalho e a outro nível salarial, aumento do

número de famílias chefiadas por mulheres, luta por

garantia de direitos, maior mobilidade geográfica e social”

(BELLINI, 2002, p 65)

As modificações na relação do indivíduo com o trabalho acarretaram

novos posicionamentos tanto da mulher quanto do homem, que

indiscutivelmente refletiram na família contemporânea determinando novos

mapeamentos em sua estruturação e diferentes referenciais que norteiam as

relações entre marido e mulher e entre pais e filhos.

Na sociedade moderna, muitas vezes, parece mais decisivo, para a

própria realização pessoal, crescer na carreira profissional, dando mais

importância às relações funcionais que se caracterizam pela competição

individualista e tendem a favorecer a fragmentação da pessoa.

Hoje, principalmente nas sociedades capitalistas periféricas, estamos tão

prisioneiros do trabalho como mero negócio desigual, da venda de força de

trabalho por salários aviltados, da dolorosa negociação de um preço suportável

para a sobrevivência, do medo crônico do desemprego, que nem percebemos

as inumeráveis possibilidades realizadoras do trabalho. Não encontramos

prazer na atividade que transforma o mundo e nos transforma, achamos que é

necessário passar pelo trabalho como inferno, pela negociação salarial como

purgatório, para alcançarmos o paraíso do consumo. Mas o salário conseguido

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não permite acesso ao mundo do que necessitaríamos e/ou desejaríamos

consumir. Assim, os vários sindicatos lutam pela redução da jornada, pelo

aumento dos intervalos, pela extensão das férias e licenças remuneradas, por

ganhos de poder de compra.

Codo (1995) O trabalho transforma-se em maldição que, se não pode

ser afastada, pode pelo menos ser diminuída. O salário não cumpre função

promotora de existência através do consumo, mas de mera e cansativa

subsistência.

2.2 - Saúde do trabalhador

Sabe-se que o trabalho possibilita crescimento, transformações,

reconhecimento e independência pessoal e profissional. Dejours afirmava que,

no entanto, não existe trabalho sem sofrimento, especialmente porque os

valores de saúde e doença foram anteriormente construídos na empresa, sob o

foco da produtividade. Dentro dessa estrutura, a pressão organizacional pode

levar o trabalhador a sofrimento psíquico, afetando diretamente a qualidade de

vida no trabalho.

A primeira proposta de institucionalização do cuidado com a saúde do

trabalhador surgiu no século XIX, de um proprietário de fábrica que resolveu

instituir um serviço médico para os seus trabalhadores e propôs os elementos

básicos quanto às finalidades de tais serviços, cujas idéias serviram de base

para a organização e implantação dos serviços de medicina do trabalho. Esses

Serviços de Medicina do trabalho tinham como princípios assegurar a proteção

dos trabalhadores contra os riscos à sua saúde, os quais resultassem de seu

trabalho ou das condições em que este se efetuasse.

Todavia após a 2ª Guerra Mundial, além de uma piora nas condições de

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trabalho, ocorre o desenvolvimento de novos processos industriais e novos

equipamentos, e também se verifica uma nova divisão internacional do trabalho

e, com isso, crescem a insatisfação e os agravos à saúde dos trabalhadores.

Nesse sentido, surge uma nova abordagem, Saúde Ocupacional que avança

numa proposta interdisciplinar, com base na Higiene Industrial, relacionando

ambiente de trabalho-corpo do trabalhador. Incorpora a teoria da

multicausalidade, na qual um conjunto de fatores de risco é considerado na

produção da doença, avaliada através da clínica médica e de indicadores

ambientais e biológicos de exposição e efeito.

No entanto, a Saúde Ocupacional apresenta limitações que geram uma

insuficiência no modelo de assistência, em relação às necessidades dos

trabalhadores, e uma crise, compreendendo fatores políticos e sociais,

principalmente a respeito da exigência da participação dos trabalhadores nas

questões de saúde e segurança. Sendo assim, passa a se preocupar com a

promoção da saúde, cuja estratégia principal é a de modificar o comportamento

das pessoas e seu estilo de vida através de um processo educativo.

A concepção de saúde do trabalhador surge neste bojo,

calcada nas reflexões teóricas da determinação social da

doença e de crítica ao paradigma dessa doença como um

processo exclusivamente biológico e individual, sendo a

questão da causalidade e da determinação colocada em

debate, bem como as relações entre trabalho, ciência e

ideologia. Esta concepção de saúde do trabalhador é um

avanço, não só por ampliar o contexto do entendimento

dos aspectos que determinam o processo de adoecer e

morrer dos trabalhadores, a partir da avaliação do

processo de trabalho, mas principalmente por resgatar a

multidimensionalidade do sujeito trabalhador e da

determinação social do processo saúde/doença.

(MENDES, 1991 p. 347).

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Em síntese, por Saúde do Trabalhador compreende-se um corpo de

práticas teóricas interdisciplinares – técnicas, sociais, humanas e

interinstitucionais, desenvolvidas por diversos atores situados em lugares

sociais distintos e informados por uma perspectiva comum. Enquanto campo

de conhecimento, Saúde do Trabalhador é, por isso, uma construção que

combina um alinhamento de interesses, em determinado momento histórico,

onde as questões, politicamente colocadas, adquirem relevância e há

condições intelectuais para discuti-las e enfrentá-las sob os pontos de vista

científicos e epistemológicos, e como todo campo científico vem mediado por

relações sociais.

2.3-Trabalhador: adoecimento psíquico e suas relações

familiares.

Em consonância aos capítulos anteriores, vimos que as determinações

que incidem sobre a saúde do trabalhador na contemporaneidade estão

fundamentalmente relacionadas com as novas modalidades de trabalho e com

os processos mais dinâmicos de produção, implementados pelas inovações

tecnológicas e pelas atuais formas de organização do trabalho.

Existem quatro áreas distintas e inter-relacionadas no

contexto de trabalho que influenciam na saúde do

trabalhador, a saber: as tarefas, as relações

interpessoais, as normas e os processos. Para que as

tarefas sejam desempenhadas com sucesso, é preciso

constante treinamento e especialização como forma de

acompanhamento do mercado e das freqüentes

mudanças tecnológicas. (FIORELLI, 2001 p. 119).

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O caminho histórico do lidar com o adoecimento laboral, foram

realizadas no país, a partir dos anos 1980, uma série de medidas, como a

implantação dos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest),

cuja proposta era a criação de locais onde todas as questões sobre doenças do

trabalho seriam tratadas, o que possibilitaria vasto armazenamento de

informações e produção de conhecimento sobre a temática.

Dados do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da

Saúde (BRASIL, 2001) apontam que, no começo do século XXI, estavam em

funcionamento cerca de 150 programas em todo o país, com ênfase na

atenção à saúde de trabalhadores urbanos e com níveis variados de

organização, interligando o poder público nas esferas municipal, estadual e

federal, além de movimentos sociais e sindicais, o setor privado e sistemas

mistos de parceria público-privada. Alguns dos principais méritos desses

programas foram o desenvolvimento de práticas e metodologias de vigilância e

o estabelecimento de modelos de como preparar profissionais para

atendimentos e ações em prol da saúde do trabalhador.

As profundas transformações que vêm alterando a economia, a política

e a cultura na sociedade, por meio da reestruturação produtiva e do incremento

da globalização, implicam também mudanças nas formas de organização da

gestão do trabalho que engendram a precariedade e a fragilidade na relação

entre saúde e trabalho, repercutindo, diretamente, nas condições de vida do

trabalhador e de sua família. Atualmente, os trabalhadores têm que se adaptar

às tecnologias e se atualizar perante um mercado competitivo, perdendo um

pouco da sua identidade e ganha insegurança no ambiente de trabalho, familiar

e social. Diante destas situações, estão envolvidos num processo complexo e

dinâmico que abrange as condições somáticas, os processos cognitivos e

emocionais, e as questões sociais que o faz adoecerem. Apesar dos

trabalhadores serem normalmente as pessoas mais diretamente afetadas, as

doenças ocupacionais, também afetam os familiares, os colegas de trabalho,

os vizinhos, amigos, entre outros.

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Neste contexto, o processo de saúde e doença, é compreendido como

uma das expressões da Questão Social e impõe compreender suas

particularidades no mundo do trabalho para explicar os processos sociais que

as produzem e reproduzem e como são experimentados pelos trabalhadores e

como estes as vivenciam em suas relações familiares. Nesta perspectiva,

Estabelecer as relações entre questão social e direitos

implica o reconhecimento do individuo social com sua

capacidade de resistência e conformismo frente às

situações de opressão e de exploração vivenciadas; com

suas buscas e iniciativas (individuais e/ou coletivas) para

enfrentar adversidades; com seus sonhos e frustrações

diante das expectativas de empreender dias melhores.

Trata-se, portanto, de pensarmos a vida e os indivíduos

em suas relações sociais historicamente determinadas

(BEHRING, 2009, p. 276).

As ciências sociais de base fenomenológica compreendem o processo

de adoecimento como uma ruptura de pressupostos da vida cotidiana, daí as

dúvidas, incertezas e vacilações que marcam a experiência da doença dentro

do horizonte de significado e a forma de lidar socialmente com a enfermidade.

Segundo Alves (2006) observa-se atualmente a predominância da

pesquisa das ciências sociais em saúde que expressam uma preocupação em

compreender e problematizar como os indivíduos vivenciam uma experiência

de doença e como atribuem significações a esta experiência.

Neste contexto capitalismo, a estrutura que abrange o mercado

globalizado passou a integrar a subjetividade do empregado, afetando o meio

ambiente de trabalho, consequentemente a saúde mental do trabalhador. Em

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função de sua forma de serem, os trabalhadores podem vivenciar suas próprias

experiências de trabalho. Levando a uma interação dinâmica entre a pessoa,

local de trabalho e organização e assim, pode-se perceber que o ajuste nem

sempre é adequado, e quando assim está o indivíduo tende a perceber que

não dispõe de recursos suficientes para ajustar-se, surgindo assim o estado de

estresse, desdobrando para danos a sua saúde, bem estar físico, psicológico e

social.

O Procurador do Trabalho do MPT da 2ª Região, São Paulo, Gustavo

Filipe Barbosa Garcia, autor dos livros Meio ambiente do trabalho: direito,

segurança e medicina do trabalho (Editora Método, 2006) e Acidentes do

trabalho, doenças ocupacionais e nexo técnico epidemiológico (Editora Método,

2007), afirma que a depressão ainda encontra sérias dificuldades para ser

reconhecida como doença do trabalho, avaliando que existe um “nítido

descompasso entre o acentuado avanço médico-científico nessa área, quando

comparado com o ainda insuficiente desenvolvimento jurídico legislativo no

tratamento do tema”.

Segundo o autor, a distorção continua crescendo, mesmo havendo

dados comprovados que, dependendo da organização do trabalho, as

condições laborais acarretam conseqüências danosas à saúde mental dos

trabalhadores. Argumenta ele que a grave conseqüência desse quadro e o

evidente prejuízo, sofrido pela pessoa enferma, quanto à sua própria dignidade,

por dificultar o acesso a adequados tratamentos e coberturas previdenciárias

(como benefícios pertinentes a auxílio- doença - acidentário, pensão e

aposentadoria por invalidez), e garantias trabalhistas, como a estabilidade

provisória de permanência no emprego.

A organização do trabalho exerce sobre o homem uma ação específica,

cujo impacto é o aparelho psíquico. Para Codo (2002) Em certas condições,

emerge um sofrimento, dificultando a relação homem-trabalho, levando o

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trabalhador a estados de doença, dentre elas, encontram-se a fadiga,

distúrbios do sono, alcoolismo, depressão, estresse e a síndrome de Burnout.

Em suma, prevalece o entendimento na área de saúde mental que

vários fatores contribuem para a depressão: fatores genéticos, biológicos e

psicossociais, ou seja, um quadro depressivo desenvolve-se com a somatória

de fatores, aparecendo o trabalho em determinadas condições como um fator

desencadeante e/ou de agravamento.

Segundo Alkimin (2008) Num entendimento capitalista, o trabalho

tornou-se uma atividade humana voltada para a produção de bem material, que

por conseqüência leva à riqueza, dando um significado eminentemente

produtivo-mercantilista, com interesse do Estado e do capital. E ainda, é

considerado fonte de realização pessoal, enriquecimento, integração no meio

social e etc.

O sofrimento do trabalhador se produz nas relações de trabalho, a partir

da forma da organização de trabalho e das relações interpessoais que a

compõe. Quando a organização passa a cobrar, muitas vezes de forma hostil,

o resultado não atingido pelo trabalhador. E por sua vez este trabalhador,

acredita nesta “verdade” e passa a desenvolver uma relação de sofrimento

consigo mesmo e com a organização, ao buscar aquele “algo mais” não

encontrado nas condições habituais de trabalho. Começa, então, a enxergar

que a organização deseja, continuando a oferecer as mesmas condições, tidas

como ideais, que ele as considere como suficientes para a realização do seu

trabalho.

De acordo com Mendes & Morrone (2002), este sentido resgatado

depende da interrelação entre subjetividade do indivíduo que trabalha, do saber

fazer e do coletivo de trabalho. No que diz respeito à subjetividade, esta

envolve a história de vida e a estrutura psíquica deste sujeito, já o saber fazer

se refere a um tipo de capacidade que ajuda o trabalhador a regular e a

sobreviver ao que está prescrito pela organização na qual está inserido,

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adquirindo com a prática uma maneira peculiar e imaginativa para realizar o

seu trabalho de maneira correta.

Outro fator a se pensar no contexto do sofrimento psíquico destes

trabalhadores, é que se sentem responsáveis pelos rendimentos familiares, e

como provedores, tornam-se vulneráveis, pois são dependentes de condições

externas cujas determinações escapam a seu controle, sobre eles recai o peso

do fracasso dos projetos frustrados, ocorrendo sua desvalorização, pois não

correspondeu a planos e sonhos depositados neles, ser “trabalhador”, homens

ou mulheres, é condição pensada em termos morais e sendo assim comporta

valores positivos. O sofrimento psíquico, emana das relações do trabalho e do

mercado que exercem forte pressão nos alicerces da perspectiva de

pertencimento social dos membros da família na comunidade, no seio familiar e

na sociedade.

Para melhor compreender o adoecimento psíquico, é necessário

pensarmos no conceito de família e Elsen (2002) chama atenção para o

conceito de família como um sistema de saúde para seus membros. A família

produz um modelo explicativo de saúde-doença que compreende um conjunto

de valores, crenças, conhecimentos e praticas que guia as ações na promoção

da saúde e tratamento de doenças

Neste sentido, entender a família como sujeito social significa que

considerar a criança, o idoso, a mulher, o adolescente, não como categorias

sociais abstratas ou como indivíduos isolados, mas como membros de uma

comunidade familiar, de uma rede de relacionamentos solidários. A família

poderá ser ativada e oportunamente ajudada, para que seja capaz de atender

satisfatoriamente às necessidades de seus membros, principalmente em caso

de adoecimento.

Carvalho (2005) trabalha com a concepção de famílias contemporâneas

como a representação privada da esfera pública, no que se refere às políticas

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sociais. Segundo a mesma, ambas as instâncias pretendem a proteção social

de seus membros, mas de modo diferenciado, pois se o Estado garante a

proteção através da via do direito, a família, por outro lado se vale

principalmente do afeto e da socialização.

Se, nas comunidades tradicionais, a família se ocupava

quase exclusivamente destas funções [a proteção de seus

membros], nas comunidades contemporâneas elas são

compartilhadas com o estado pelas políticas públicas.

(CARVALHO, 2005; p. 267)

Quando a família não vive uma relação de reciprocidade plena e, em

lugar de fortalecer a solidariedade favorece o individualismo, quando a

cooperação entre os sexos e entre as gerações não é valorizada, a família

sofre um desgaste nas relações. Todavia nas famílias nas quais solidariedade

e cooperação são valorizadas e promovidas, estas conseguem dar conta, da

educação das novas gerações, dos cuidados com seus membros

desempregados ou portadores de deficiências física ou mental, doentes e, dos

idosos não mais auto-suficientes.

A família constitui uma rede de solidariedade (Petrini 2007; Santoro;

Morande; Fornari, 1990) quase sempre eficaz para oferecer os cuidados

necessários a seus membros, especialmente quando apresentam incapacidade

temporária ou permanente para prover autonomamente suas necessidades,

como nos casos de crianças e idosos ou nos casos de enfermidades físicas e

psíquicas ou de desemprego.

Deste modo, o trabalhador é, muitas vezes, obrigado a

canalizar toda sua energia física e psíquica para o

trabalho. Sendo assim, o tempo livre é progressivamente

contaminado e organizado para responder às demandas

do trabalho, e as outras esferas da vida pessoal ficam

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esvaziadas ou passam a ser orientadas e reguladas pela

mesma lógica do trabalho, ou seja, o mesmo ritmo e

regras do trabalho são impressos na vida pessoal, nas

relações familiares, na agenda dos filhos e no lazer

(SENNET, 2000 p. 102).

Durante o adoecimento do trabalhador, torna-se mais complexo para ele

equilibrar os múltiplos papéis no trabalho e na família. Já que este desempenho

é um fenômeno freqüente nas sociedades atuais em que homens e mulheres

dividem responsabilidades familiares e profissionais, a sua direção pode ser

unidirecional ou bidirecional, ou seja, da família para o trabalho, do trabalho

para a família ou simultaneamente de uma esfera para outra.

Muitos trabalhadores no início de seu adoecimento não

conseguem controlar suas rotinas e a organização do

trabalho, o que leva a jornadas de trabalho longa e/ou

inflexível sendo são responsáveis pelo conflito trabalho-

família. As interferências da estrutura temporal do

trabalho são sentidas tanto na quantidade como na

qualidade de tempo disponível para a convivência com a

família. (SELIGMANN 1994 p. 82).

O que se percebe é que quanto maior o tempo dedicado ao trabalho,

menor o tempo disponível para as trocas interpessoais com os familiares, para

a participação efetiva no cotidiano doméstico e para a educação dos filhos.

Além disso, o desgaste e a fadiga resultantes do tempo excessivo de trabalho

podem gerar irritabilidade e desânimo afetando a qualidade das relações.

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CAPITULO III

A PESQUISA

Neste capítulo, serão apresentados os resultados referentes à pesquisa

de campo, por meio da aplicação de um questionário, com afirmações

fechadas.

3.1- RESULTADOS DA PESQUISA

Em relação ao perfil do publico alvo, 64% dos participantes são do

sexo feminino e 36% do sexo masculino. Fabbro (2006) relata que no plano da

cultura, especialmente no imaginário social, a mulher se apresenta como uma

pessoa fraca, menos capaz e com menos direitos. A quebra deste estereótipo

parece conduzir à criação de outro o “estereótipo da mulher bem-sucedida”.

Este último carrega consigo tanto a idéia de emancipação e igualdade, quanto

à difícil tarefa de se mostrar forte e capaz de lidar com os desafios. “Esse

estereótipo a obriga a agir conforme estas predicações, escravizando-a num

modelo que se sustenta numa lógica instrumental perversa, inibidora de

condições que provocam o desenvolvimento da identidade humana no nível

pós-convencional. A idade dos participantes, 50% têm de 50 a 55 anos e 43%

de 40 a 49 e apenas 7% estão na faixa etária de 30 a 39 anos. Quanto ao grau

de instrução dos participantes, está distribuído da seguinte forma: 8% possuem

doutorado, 17% possuem mestrado, 42% possuem especialização e 33%

possuem somente o nível superior. Todos os participantes possuem salários

acima de seis salários mínimos. Quanto ao tempo de empresa 64% dos

participantes trabalham mais de 16 anos na empresa, 14% entre oito e 16 anos

na empresa e 22% menos que oito anos. Em relação ao estado civil dos

participantes, 43% são casados, 22% são solteiros, 21% são

divorciado/separado e 14% possuem união estável.

Quanto a questões de saúde 64 % dos participantes disseram que esta

vivenciando no momento problema de saúde mental e 29% dos participantes

disseram já ter vivenciado, somente 7% dizem não ter vivenciado.

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Dentre os problemas de saúde mental que foram apresentados 27% dos

participantes tiveram crise do pânico, 34% dos participantes tiveram depressão

e 23% dos participantes tiveram estresse ocupacional e 16% tiveram outros

distribuídos como a síndrome de burnout, síndrome do pânico e transtorno

bipolar.

A depressão ocupacional atesta a ineficácia das possíveis

mediações utilizadas pelo trabalhador para se conservar

saudável e afugentar o adoecimento no trabalho. Isso se

dá por tais mediações dependerem mais das condições

objetivas de trabalho do que de características individuais

do perfil psicológico de cada trabalhador. Essas

condições, portanto, impossibilitam, muitas vezes, a

subjetivação dos indivíduos e do coletivo, a realização

profissional, o desenvolvimento da identidade, podendo

gerar frustração e a presença da depressão ocupacional

(Mendes; Cruz, 2004).

As transformações sociais, familiares e organizacionais resultaram em

novas exigências tanto no trabalho, quanto na família, as quais, segundo

Souza (2007), são interdependente e necessitam de equilíbrio. O aumento da

carga de trabalho, as cobranças para atingir as metas e aumentar a

produtividade e a dificuldade de dividir tarefas podem ocasionar manifestações

físicas e psíquicas nos trabalhadores, sendo as mais frequentes o estresse, a

ansiedade e o cansaço, que podem associar-se ao abuso de drogas (álcool,

tabaco, calmantes e outros) e contribuir para o desenvolvimento de transtornos

mentais (Bárbaro, Robazzi, Pedrão, Cyrillo & Suazo, 2009).

Quanto à assistência na fase do adoecimento, 19 % dos participantes

buscaram ajuda medica durante o período de seu adoecimento e 23 % dos

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participantes buscaram ajuda terapêutica durante o período de seu

adoecimento. E 58% dos participantes não buscaram ajuda medica e nem

terapêutica durante o período de seu adoecimento.

Em relação ao tratamento medico 79% dos participantes usaram

medicação psicotrópica, 7% não usaram nenhum tipo de medicação

psicotrópica e 14% não quiseram responder a esta questão. Dos que usaram

medicação psicotrópica 22 % tiveram resistência em utilizar a medicação e

64% não tiveram nenhuma resistência quanto ao medicamento.

Segundo Freud (1930), procuramos medidas paliativas para nos aliviar

desses sofrimentos e decepções da vida, e entre esses paliativos existem

basicamente dois tipos: satisfações substitutivas que diminuem o “sofrer” e

substâncias tóxicas que nos tornam insensíveis a ele.

Rodrigues (2003) nota que, não levando em conta fatores sociais, o

medicamento pode ser utilizado como forma de restituir ao indivíduo a

possibilidade de viver plenamente e preparar a pessoa para estresse cotidiano.

Exercendo um importante papel na diminuição de sintomas depressivos,

ansiosos, psicóticos ou maníacos. Algumas pesquisas indicam que a

abordagem terapêutica mais eficaz é obtida quando o paciente é tratado

simultaneamente com a psicoterapia

No tocante aos hábitos saudáveis, 79% dos participantes não fumam

cigarro de tabaco, nem ingerem bebida alcoólica e usam drogas. 14% dos

participantes ingerem bebida alcoólica e 7% dos participantes fumam cigarro

de tabaco. Destes 99 % dos participantes usufruíram das atividades do

programa qualidade de vida da empresa, apenas 1% dos participantes não

participaram das atividades do programa qualidade de vida, que é oferecido

dentro da empresa. 50% dos participantes não praticaram atividade física

dentro e nem fora da empresa durante seu adoecimento e 43% dos

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participantes praticaram alguma atividade física e 7% não responderam a esta

pergunta.

Devido redução de custo, o programa de qualidade de vida citado no

formulário foi extinto, cerca de dois anos, nesta empresa.

A conjuntura econômica interna e a externa também

representam uma variável influente e significativa, como,

por exemplo, a suscetibilidade da unidade organizacional

à instabilidade macroeconômica. Muitas vezes, observa-

se a lógica de baixar custos, na qual não prevalece o

interesse em desenvolver práticas cooperativas e

mantenedoras do ambiente saudável no cotidiano

corporativo (Iório, 2006 p. 32).

No tocante as responsabilidades familiares, 35% dos participantes têm

filhos maiores sob sua responsabilidade financeira, 23% dos participantes têm

idosos sob sua responsabilidade financeira, 18% dos participantes têm

crianças sob sua responsabilidade financeira e 12% dos participantes têm

cônjuge sob sua responsabilidade financeira, somente 12 % dos participantes

não possuem ninguém sob sua responsabilidade financeira. Já 26% dos

participantes têm filhos maiores sob seus cuidados pessoais. 21% dos

participantes têm idosos sob seus cuidados pessoais, 21% dos participantes

têm cônjuge sob seus cuidados pessoais, 16% dos participantes têm criança

sob seus cuidados pessoais e 11% dos participantes não possuem ninguém

sob seus cuidados pessoais.

A dependência entre as gerações, atualmente, se revela de duas

naturezas distintas: de um lado a dependência material dos filhos que por

precisarem cada vez mais e por mais tempo da proteção dos pais, não hesitam

em aceitá-la, até por entenderem como obrigação. Do outro lado a

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dependência emocional dos pais, fruto do modelo familiar estabelecido. Neste

modelo a família é entendida como uma forma natural de organização da vida

coletiva, uma instituição estável da sociedade, sendo a união entre seus

membros a principal responsável pela integração e harmonia da vida familiar.

Quanto à percepção pessoal da dedicação de tempo suficiente para com

suas respectivas famílias, 50% dos participantes acreditam estar dedicando

tempo suficiente para seus entes, enquanto os demais (50%) afirmam a

impraticabilidade da rotina.

Em virtude de exigências familiares e domésticas, demandas por

desenvolvimento, medo do desemprego e requisições cada vez mais

acentuadas para se cumprir as metas no trabalho, muitos trabalhadores

passaram a estender sua jornada de trabalho, mesmo sem ganhos extras.

Assim, o tempo dedicado para a família diminuiu, uma vez que as

preocupações com o trabalho e as tarefas do ofício passaram muitas vezes a

ser levadas para os ambientes familiares. Se por um lado as mulheres sofrem

com a desigualdade, com a desproporção entre sua remuneração e a

remuneração masculina e com o acúmulo de tarefas e responsabilidades (Neto

et al., 2010; Barham & Vanalli, 2012), muitos homens sofrem com a pressão

relacionada ao sustento da família e com a manutenção de sua imagem

perante os demais.

Faria (2005) ainda afirma que as organizações têm um papel importante

na disponibilização de benefícios organizacionais que promovam maior

equilíbrio entre trabalho e família.

Em afinidade às relações familiares, 17 % dos participantes tiveram

uma boa acolhida da sua família durante o período de seu adoecimento.

Elsen (2002) identificou ser o conjunto de valores, conhecimentos,

práticas e crenças o principal pilar que sustenta as ações da família na

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promoção da saúde de seus membros, na prevenção e no próprio tratamento

da doença. É nesse sistema que ocorre todo o processo de cuidado, no qual a

família toma as iniciativas necessárias frente às situações de doença,

supervisiona, avalia, busca ajuda, estando continuamente atenta e disponível

para cuidar

Nesta perspectiva, o que norteia as ações familiares é a base em que

ela é construída e sustentada. Como parte integrante de um ambiente

sociocultural, compartilha saberes através de interações sociais.

No que concerne a percepção de alteração na dinâmica familiar, 10%

dos participantes notaram variações durante o período de seu adoecimento.

Quanto à percepção de conflitos nos relacionamentos entre os membros da

família durante o período de seu adoecimento, 8% dos participantes,

observaram o mesmo. No mais, 10% dos participantes tiveram dificuldade em

dar atenção aos seus filhos durante o período de seu adoecimento e 13% dos

participantes perceberam alteração no desejo sexual durante o período de seu

adoecimento

Mioto (2010) enfatiza que a família é um dos eixos organizadores da

vida do ser humano, o que torna relevante a investigação sobre como o fator

do sofrimento psíquico pode afetar a dimensão familiar.

Observamos que 50% dos participantes disseram que foram criticados

pela família, devido seu estado mental e os sintomas que apresentaram; 43%

dos participantes não receberam nenhuma crítica e 7% dos participantes não

responderam.

No que condiz ao ambiente de trabalho, 43% dos participantes disseram

que foram criticados no mesmo devido seu estado mental e os sintomas

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apresentados, enquanto 50% afirmaram não terem sofrido nenhuma crítica e

7% reservaram-se ao direito de não responder a esta pergunta.

Em referência a necessidade de afastamento, em virtude do

adoecimento psíquico, 28% dos participantes afastou-se da suas atividades

laborativas durante o período máximo de 15 dias, enquanto 29% excederam o

limite estimulado à época, recorrendo ao auxílio doença disponibilizado através

do INSS. Os demais, correspondentes a 43% dos participantes não

apresentaram absenteísmo, por determinado motivo.

Segundo o Boletim Informativo Quadrimestral sobre Benefícios por

Incapacidade, lançado em 25/04/2014, pelo Ministério da Previdência Social,

doenças motivadas por fatores de riscos ergonômicos – tais como má postura

e esforços repetitivos – e sobrecarga mental têm sido as principais causas de

afastamento do trabalho.

Quanto à compreensão particular da existência manifestações física nas

doenças de ordem mental, 86 % dos participantes as legitimam, em contra

partida 7% dos participantes não acham que existem estas relações e 7% dos

participantes não respondeu a esta pergunta.

Em relação aos sintomas de ordem mental, 24% dos participantes

disseram apresentar cansaço mental constante, 20% dos participantes

disseram apresentar tristeza/angustia, 20% dos participantes disseram

apresentar distúrbio de sono, 14% dos participantes disseram apresentar

apatia e 22% dos participantes relatou que apresentavam outros sintomas

como medo sem motivo, tremores repentino acrescentado a transpiração e

batimento acelerado do coração.

A organização do trabalho exerce sobre o homem uma

ação específica, cujo impacto é o aparelho psíquico. Em

certas condições, emerge um sofrimento, dificultando a

relação homem-trabalho, levando o trabalhador a estados

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de doença, dentre elas, encontram-se a fadiga, distúrbios

do sono, alcoolismo, depressão, estresse e a síndrome de

Burnout. (Codo, 2002 - p. 62)

Em relação a sintomas de ordem física, 30% dos participantes disseram

apresentar cansaço físico constante, 20% dos participantes disseram

apresentar dores musculares, 20% dos participantes disseram apresentar

gastrointestinais, 12% dos participantes disseram apresentar dores de cabeça,

resfriados constantes, pressão arterial afetada e sensação de desmaio.

Ademais, 24% dos participantes percebem que estão muito cansados,

22% reconhecem-se ansiosos, 22% se queixam de baixo entusiasmo, 15%

acham que estão muito irritados, 10% dos crêem que estão com baixa

produtividade, 7% entendem que estão esquecendo muitos compromissos.

Para Ferreira (2011, p. 29) “A sociedade a qual vivemos possui

condições reais de ambiente que afetam a qualidade de vida dos trabalhadores

podendo vir a contribuir e fazer com que o trabalho seja gerador de sofrimento

e não de prazer”.

Devido o adoecimento, 14% dos participantes tiveram o

desenvolvimento de suas tarefas no trabalho atingidas, 14% sentiram

alterações nos processos de lazer, 14% comprometeram-se no aspecto da

saúde física, 10% notaram o desenvolvimento das tarefas do cotidiano

atingido, 11% sofreram interferências no relacionamento conjugal, 8% sentiu

impactos na sua relação sexual, 7% foram atingidos no seu convívio familiar 6

% dos participantes foram atingidos nos relacionamentos com os filhos,

parentes e amigos.

Os estudos sobre família revelam que durante o processo de

adoecimento de um dos seus membros, ampliam-se as demandas no ambiente

familiar, impondo uma reorganização interna para lidar com este novo

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momento. Sabe-se que algumas famílias estão mais bem preparadas do que

outras para gerenciar as mudanças provocadas pela doença no cotidiano

doméstico.

Dentre as áreas trabalho e família, 50% perceberam que o trabalho foi à

área mais impactada durante seu adoecimento, 28% identificaram como sendo

a família a mais atingida, 5% informaram que não foram atingidos em

nenhuma das duas opções e sim a religião. E 17% não perceberam impacto

em nenhuma das duas áreas apresentadas no questionário.

Quanto à questão que poderiam influenciar para o adoecimento dos

mesmos, 34% dos participantes apontaram que conflitos pessoais

influenciaram para o seu adoecimento mental, 30% apontaram a relação do

trabalho, 13% apontaram a relação familiar, 10% apontaram outra influencia

como a falta de lazer e 13% apontaram a vida social, excesso de atividade e

descoberta de doença física como influencia para seu adoecimento.

De acordo com Sergio Ricardo (2013), Administração do tempo é um

fator de grande importância, é aconselhável fazer um cronograma e segui-lo

rigorosamente, onde se encontram todas as atividades a serem controladas, de

maneira que não haja desperdício involuntário do tempo. Planejar melhor as

atividades para evitar o acúmulo de trabalho faz com que se tenha mais tempo

para o lazer, tão necessário e desejado por todos.

Verificou-se que 28% dos participantes sempre excedem o horário de

expediente de trabalho e 26% com certa constância. Ademais, 21% dos

participantes interrompem seu horário de expediente por não haver ânimo.

Inclusive, 50% dos participantes sentem constantemente desanimo ao pensar

que o domingo está acabando e que iniciará uma nova semana de trabalho,

enquanto 29% dos participantes relatam sentirem, às vezes, esta sensação de

desânimo.

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Vergara (2005, p. 78):

Porque a motivação é intrínseca, também não podemos dizer que motivamos

os outros a isso ou aquilo. Ninguém motiva ninguém. Nós é que nos

motivamos, ou não. Tudo o que os de fora podem fazer é estimular, incentivar,

provocar nossa motivação. Dito de outra maneira, a diferença entre motivação

e estímulo é que a primeira está dentro de nós e o segundo, fora.

A motivação é um elemento intrínseco, ligado ao

significado e ao caráter do trabalho em si realizado, a

satisfação no trabalho é extrínseca, ligada a aspectos

como salário, benefícios, reconhecimento, liderança,

relacionamento interpessoal, dentre outras condições

presentes no ambiente de trabalho. São os elementos

formadores do clima organizacional, o qual reflete uma

estimativa dos níveis de satisfação da organização e das

pessoas integrantes (Coda, 1997).

Em relação à percepção sobre a empresa que trabalha, 43% dos

participantes acham que seus colegas de trabalho não colaboram durante o

desempenho de suas atividades, 71% acham que o chefe não reconhece suas

potencialidades, 64% consideram que seu salário não é condizente com o dos

seus colegas que exercem a mesma função, 79% consideram que seu salário

não é equivalente ao de profissionais de outras empresas que desenvolvem o

mesmo trabalho.

Com relação ao trabalho, Fiorelli (2001) sinaliza que é preciso haver um

equilíbrio entre a capacidade física de produção e a quantidade exigida pela

organização, visto que seu desequilíbrio pode gerar ansiedade no profissional

que não conseguir atingir sua meta. É preciso também haver certa adequação

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entre o perfil do profissional selecionado para a realização da tarefa e suas

exigências.

Observarmos que 57% dos participantes consideram que sua carga de

trabalho não está adequada à sua capacidade mental.

A carga psíquica do trabalho de ser considerada, pois se relaciona

diretamente com a motivação do empregado. Deve-se atentar para o que o

indivíduo quer e pode oferecer para o trabalho a ser desempenhado. Caso haja

um desequilíbrio nesses fatores, o ambiente de trabalho pode gerar angústia

ao trabalhador, aumento da carga psíquica do trabalho e redução da

motivação.

Quanto à estrutura da Instituição, 86% dos participantes acreditam que

o ambiente físico em que desenvolve suas atividades é seguro e 50% dos

participantes acreditam que o espaço físico interno (salas) proporciona uma

boa interação entre os empregados

As relações interpessoais intra-organizarão podem gerar

também a supressão da manifestação emocional do

trabalhador, diminuição de atitudes espontâneas,

exposição ao risco dos efeitos colaterais negativos da

competitividade, embotamento afetivo e funcionamento

grupal disfuncional e conflituoso (Gondim; Siqueira, 2004).

Quando indagados sobre a questão hierárquica, 86% dos participantes

acreditam não serem incentivados a tomar iniciativas para resolver os

problemas inerentes ao seu posto de trabalho e 79% dos participantes

acreditam que não são estimulados a adquirir outras habilidades, além

daquelas que já fazem parte da sua função.

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Identifica-se que o ambiente de trabalho conflitante gera

muita insatisfação e outras consequências indesejadas ao

colaborador, o conflito entre as funções, a sobrecarga de

trabalho ou tempo ocioso são fontes reais para o estresse

ocupacional. “Uma das maiores fontes de conflitos em

qualquer empresa tem relação com problemas que

surgem da indefinição das funções dos colaboradores”

(Dolan, 2006, p.218).

Analisamos que 93% dos participantes entendem seu trabalho como

sendo importante para a vida de outras pessoas, 86% possuem uma

identificação com suas tarefas no trabalho e 71% consideram que seu chefe

não oferece informações necessárias para executar seu trabalho

adequadamente.

A comunicação mostrou-se deficiente caracterizada pela falta de

entendimento das pessoas em relação as suas atividades, acarretando falta de

confiança no processo e na gerência. Essa confiança traz fluência e integração

das pessoas que podem contribuir consideravelmente para o alcance dos

resultados propostos. Atrelado à comunicação, a falta de visão da

administração em receber as contribuições das pessoas faz com que se sintam

excluídas do processo.

Do mesmo modo, 64% dos participantes consideram que a empresa não

oferece oportunidades de crescimento profissional, considerando o

desempenho apresentado pelos empregados.

Osborn (2002, p. 34), afirma que o termo de qualidade de vida no

trabalho é logo notado no comportamento organizacional, é através dele que se

descobrem as formas de pensar a respeito das pessoas, do seu trabalho e das

organizações nas quais suas carreiras são realizadas.

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Cabe relevância ao fato de que 71% dos participantes consideram que

dentro da empresa existe preconceito. Segundo os envolvidos na pesquisa

estes representam o seguinte quantitativo: 23% racial, 23% geracional, 23%

classe, 23% gênero e 8% perceberam outros tipo de preconceito como

atividade exercida e a formação profissional.

Segundo o dicionário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (2009, p.

1380), preconceito significa:

1. Conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou

conhecimento dos fatos; idéia preconcebida; 2. Julgamento ou opinião

formada sem se levar em conta o fato que os conteste; prejuízo; 3.

Superstição, crendice, prejuízo; 4. Por extensão: suspeita, intolerância, ódio

irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões, etc.

Define Christiano Jorge Santos (2001, p. 39) que “o preconceito

representa uma idéia estática, abstrata, pré-concebida, traduzindo opinião

carregada de intolerância, alicerçada em pontos vedados na legislação

repressiva.”

Frise-se, ainda, que a discriminação não ocorre apenas nos países de

regimes totalitários ou nos países pobres ou em desenvolvimento. Ao contrário,

trata-se de um problema globalizado que atingem ricos e pobres, democracias

e ditaduras, repúblicas e monarquias.

No mais, 57% dos participantes consideram que o relacionamento interpessoal

dentro do espaço organizacional não é bom.

Iório (2006) levanta alguns elementos predisponentes do ambiente

corporativo para os transtornos mentais, em especial a depressão. Destacam-

se, assim, os fatores correlacionados ao funcionamento da instituição, como

valorização e exigência de ações de controle, altas cobranças por resultados e

produtividade, medo de desligamento arbitrário e imediato e, finalmente,

submissão às conseqüências de uma cultura organizacional comprometida.

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Para o autor, esse contexto complexo de fenômenos gera diversas

necessidades sócio-organizacionais, entre elas a crescente demanda pela

presença de profissionais de saúde nas organizações, os quais ainda se

deparam com dificuldades, como baixos recursos voltados à promoção da

saúde mental, além de diagnósticos e encaminhamentos precoces. Sendo

assim, o estado emocional do trabalhador compromete-se gradualmente.

Consideramos que 79% dos participantes afirmam que a empresa não

investe em responsabilidade social, apoiando iniciativas de projetos

comunitários.

Neste sentido, Santos (2005) pesquisou a percepção dos empregados

em relação às práticas de responsabilidade social de uma empresa metalúrgica

do Pólo Petroquímico de Camaçari-BA, concluindo que o tema permanece

confuso e nebuloso para a maioria dos trabalhadores. Porém, mesmo assim,

eles são capazes de reconhecer que, caso a empresa não exerça seu discurso

na prática, os supostos beneficiários destas ações, entre eles os próprios

funcionários, encarregar-se-ão de desmistificar perante o público externo

qualquer tentativa de ludibriá-los com ações superficiais e inconsistentes,

caracterizadas mais como uma estratégia oportunista de marketing do que um

compromisso real da companhia com suas partes interessadas.

Ficou explicitado no discurso dos trabalhadores que se a

empresa carregar um discurso de cidadania e suas

práticas cotidianas de relacionamento com o quadro

funcional, não for condizente com os valores alardeados,

a maquiagem não resistirá por muito tempo e a própria

força de trabalho poderá gradualmente fazer derreter aos

olhos do público externo, os verdadeiros valores que

conduzem as práticas e decisões da corporação (Santos,

2005,p.177).

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Obtivemos a informação que 57 % dos participantes percebem que

dentro da empresa não se pode expressar livremente seu pensamento sobre

os assuntos inerentes ao ambiente de trabalho.

Gerar conhecimentos e processar informações com

eficiência; adaptar-se à geometria variável da economia

global; ser flexível o suficiente para transformar seus

meios tão rapidamente quanto mudam os objetivos sob o

impacto da rápida transformação cultural, tecnológica e

institucional; e inovar, já que a inovação torna-se a

principal arma competitiva. (Castells, 2006, p.233)

Em consonância, a totalidade de empregados ouvidos considera que a

empresa não pratica um tratamento impessoal e igualitário em relação a todos

os empregados e 93 % dos participantes avaliam que a imagem interna da

empresa não é bem vista pelos empregados.

Logo, os estudos sobre a cultura organizacional demonstram que as

organizações que possuem uma cultura de trabalho voltada para o

reconhecimento das necessidades dos profissionais, para além do ambiente de

trabalho, e estimulam o equilíbrio entre os papéis desses trabalhadores na vida

pessoal e profissional têm maior probabilidade de serem vistas positivamente

pelos trabalhadores, independentemente dos interesses pessoais. Portanto,

segundo Mendes (2008), essas ações não contribuem apenas para minimizar o

conflito do trabalho-família, mas contribuem para a facilitação do trabalho para

a família.

Dejours (2000) afirma que as relações de trabalho, dentro das

organizações, freqüentemente, despojam o trabalhador de sua subjetividade,

excluindo o sujeito e fazendo do homem uma vítima do seu trabalho. No

entanto, se o trabalho lhe oferecer autonomia naquilo que é do seu fazer, de

forma a não sobrecarregá-lo, há a construção de um ambiente no qual o

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trabalho possa ser desempenhado, a relação com o trabalho e a chefia passam

a ser constituídas de uma maneira distinta, pautada no respeito, na

responsabilidade e, sobretudo, no reconhecimento das personagens

organizacionais.

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CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo de testar a hipóteses que a dinâmica

familiar dos trabalhadores da empresa de energia estava sendo afetada, bem

como, as relações de trabalho que perpassam nesta empresa.

Portanto, mediante os dados expostos ao longo desse estudo, pode-se

concluir:

Que é primordial que se propague uma gestão voltada à melhor

qualidade de vida dentro das organizações, assim como a criação de

programas de controle do estresse no ambiente de trabalho.

O estresse ocupacional e outros males psíquicos foram indicados como

presentes neste ambiente de trabalho e precisam ser visto pelos gestores com

atenção.

Quando há um desequilíbrio entre as necessidades dos empregados e

as obrigações profissionais, começaram a surgir problemas físicos e

emocionais relacionados a um ambiente de trabalho desagradável.

A motivação do trabalhador consiste em variáveis como características

individuais, características do trabalho e características da situação do

trabalho.

Algumas famílias estão mais bem preparadas do que outras para tolerar

situações que envolvam o adoecimento dos seus membros, logo o impacto

sofrido é modelado por diversas variações. Neste grupo estudado levantou-se

que todos os participantes têm um poder aquisitivo considerado alto, se

comparado a maioria da população trabalhadora no Brasil; possuem

estabilidade de emprego; recebem durante o afastamento uma

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complementação de renda, adicional ao seu beneficio do INSS por parte da

empresa. E possuem carga horária de sete horas e meia de trabalho.

Há resistência na busca de ajuda profissional e medicamentosa em caso

de saúde mental. E ainda, o trabalhador adoecido mentalmente é criticado

dentro da familiar e no espaço organizacional.

Certos de que ainda há muito mais a ser estudado sobre o tema,

concluímos este estudo de forma preliminarmente, ciente que a pesquisa nos

aproximou mais da discussão sobre os fenômenos sociais “trabalho,

adoecimento psíquico e família”.

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ANEXO I

FORMULARIO

QUESTIONÁRIO Caro colaborador, O presente questionário faz parte de um trabalho de conclusão de curso de especialização em terapia de família no Instituto “A Voz do Mestre”- Universidade Candido Mendes, e gostaria de ter a sua colaboração, respondendo a este questionário. Você não será identificado e as respostas serão utilizadas unicamente para fins de pesquisa. Desde já agradeço a contribuição! Qual o seu Sexo? ( ) Masculino ( ) Feminino Qual a sua idade? _______anos Qual seu grau de escolaridade? ( ) fundamental completo ( ) médio completo ( ) superior completo ( ) Pós-graduação especialização ( ) Pós-graduação mestrado ( ) Pós-graduação doutorado. Qual sua renda mensal (salário mínimo nacional)? ( ) De 2 a 4 ( ) De 4 a 6 ( ) Acima de 6 Há quanto tempo você trabalha nesta empresa? ( ) menos que 8 anos ( ) Entre 8 e 16 anos ( ) Mais de 16 anos Qual seu estado Civil? ( ) Casado ( ) Solteiro ( ) Divorciado/separado ( ) união estável ( ) viúvo Quem você tem sob sua responsabilidade financeira: ( ) cônjuge ( ) crianças ( ) adolescentes ( ) filhos maiores de idade ( )idosos ( ) outros parentes ( ) não possuo dependentes financeiros Quem você tem sob seus cuidados pessoais: ( ) cônjuge ( ) crianças ( ) adolescentes ( ) filhos maiores de idade ( )idosos ( ) outros parentes ( ) não possuo dependentes financeiros Você faz uso, pelo menos uma vez na semana? ( ) cigarro de tabaco ( ) bebida alcoólica ( ) droga ilícita ( )nenhuma das opções Você acha que dedica tempo suficiente a sua família? ( )sim ( ) não Quais atividades você participou no programa de qualidade de vida na empresa? ( )acupuntura ( ) RPG ( ) shiatsu ( )apoio nutricional ( )ginástica laboral ( )semana da saúde ( ) palestras educativa ( )coral ( ) caminhada ( )nenhuma atividade Você acha que já vivenciou um problema de saúde mental ( )vivencio ( ) já vivenciei ( )nunca vivenciei Qual foi o mais recente? ( )depressão ( ) crise de ansiedade ( )estresse ocupacional ( ) síndrome do pânico ( )síndrome de burnout ( ) transtorno bipolar ( ) crise psicótica (esquizofrenia) ( ) outros__________________

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Se sim, nesta fase você : ( )teve uma boa acolhida da sua família ( ) percebeu alteração na sua dinâmica familiar ( ) percebeu conflito nos relacionamentos entre os membros da família ( ) teve dificuldade em dar atenção aos seus filhos ( ) percebeu alteração no desejo sexual ( ) buscou ajuda medica ( ) buscou ajuda terapêutica Você precisou ser medicado (a) com psicotrópicos (ansiolítico, antipsicoticos ou antidepressivo)? ( )sim ( )não Caso afirmativo na resposta anterior, você teve alguma resistência em usar este tipo de medicamento? ( )sim ( )não Você passou por alguma critica no trabalho devido seu estado mental e os sintomas decorrentes? ( )sim ( )não Você passou por alguma critica na família devido seu estado mental e os sintomas decorrentes? ( )sim ( )não Você se afastou do trabalho neste período? ( )não ( )sim-menos de 15 dias ( )sim- mais de 15 dias Você praticou alguma atividade física neste período? ( )sim ( )não Você acha que existem manifestações físicas nas doenças de ordem mental? ( ) sim ( ) não Você já sentiu de forma repetida, durante mais ou menos uma semana, alguns dos sintomas abaixo: ( ) apatia ( ) tristeza/angustia sem motivo aparente ( ) medo sem motivo aparente ( ) tremores repentinos ( ) suores e batimento acelerado do coração repentino ( ) cansaço mental constante ( )problemas cardiológicos ( )dores musculares ( )dores de cabeça ( )resfriados constantes ( )Problemas gastrointestinais - diarréia, prisão de ventre, dores abdominais e do estomago ( ) distúrbio do sono (insônia, sonolência ou sono muito curto) ( )cansaço físico constante ( ) pressão arterial alterada ( ) sensação de enjôo ( ) outros______________ Você foi atingido, em algumas das áreas abaixo, durante seu adoecimento? ( ) convívio familiar ( )relacionamento conjugal ( ) filhos e parentes ( ) saúde física ( )relação sexual ( ) relacionamento com os amigos ( )lazer ( ) tarefas no trabalho ( ) tarefas do cotidiano ( )relacionamento com colega de trabalho ( ) saúde física ( ) saúde mental ( ) outros____________________ QUAL DAS OPÇÕES, VOCE PERCEBEU MAIOR IMPACTO? ( ) FAMILIA ( )TRABALHO ( )OUTROS O que você acha que alguma destas situações influenciou para o seu adoecimento? ( )relação familiar ( )relação de trabalho ( ) vida social ( ) falta de realização de lazer ( ) descoberta de alguma doença física ( )seus conflitos pessoais ( )falta de crença religiosa ( ) outros_____________________________ ATUALMENTE EM RELAÇÃO AO SEU AMBIENTE DE TRABALHO: Você sente um grande desânimo ao pensar que o domingo está acabando e que iniciará uma nova semana de trabalho? ( )sim ( )não ( )as vezes Você excede seu horário de expediente de trabalho? ( )sim ( )não ( )as vezes Você interrompe seu horário de expediente de trabalho antes do previsto, por não haver ânimo para continuá-lo? ( )sim ( )não ( )as vezes Você acha que seus colegas de trabalho não colaboram com você durante o desempenho de suas atividades? ( )sim ( ) não Você acha que seu chefe reconhece suas potencialidades? ( )sim ( ) não

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Você acha que está: ( )esquecendo muitos compromissos ( ) muito cansada ( ) muito ansioso ( )baixo entusiasmo ( ) muito irritado ( ) baixa produtividade Você considera que seu salário é condizente com o dos seus colegas que exercem a mesma função? ( )sim ( ) não Você considera que seu salário é equivalente ao de profissionais de outras empresas que desenvolvem o mesmo trabalho? ( )sim ( ) não Você considera que à sua Carga de trabalho está adequada à sua capacidade física ( )sim ( ) não Você considera que as atividades proposta é adequada a sua capacidade mental? ( )sim ( ) não Você considera que o ambiente físico em que desenvolve suas atividades é seguro? ( )sim ( ) não Você considera que o espaço físico interno (salas) proporciona uma boa interação entre os empregados? ( )sim ( ) não Você considera que a empresa incentiva a tomada de iniciativa para resolver os problemas inerentes ao seu posto de trabalho? ( )sim ( ) não Você considera que a empresa estimula a aquisição de outras habilidades, além daquelas que já fazem parte da sua função? ( )sim ( ) não Você considera que seu trabalho é importante para a vida de outras pessoas? ( )sim ( ) não Você se identifica com as tarefas que realiza? ( )sim ( ) não Você considera que seu chefe oferece informações necessárias para executar seu trabalho adequadamente? ( )sim ( ) não Você considera que a empresa oferece oportunidades de crescimento profissional, considerando o desempenho apresentado pelos empregados? ( )sim ( ) não Você considera que dentro da empresa ocorre preconceito? ( )sim ( ) não - Se “sim” , que tipo já percebeu dentro da empresa ( ) Racial ( ) gênero ( ) classe ( ) geracional ( ) outros ___________ Você considera que os empregados da empresa têm um bom relacionamento interpessoal dentro do espaço organizacional? ( )sim ( ) não Você considera que a empresa investe em responsabilidade social, apoiando iniciativas de projetos comunitários? ( )sim ( ) não Você considera que a empresa permite ao empregado se expressar livremente, manifestando seu pensamento sobre os assuntos inerentes ao ambiente de trabalho? ( )sim ( ) não Você considera que a empresa pratica um tratamento impessoal e igualitário em relação a todos os empregados? ( )sim ( ) não Você considera a imagem interna da empresa bem vista pelos empregados? ( )sim ( ) não

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ANEXO I I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Pesquisador responsável: Sua colaboração é importante e necessária para o desenvolvimento da pesquisa, porém sua participação é voluntária. A pesquisa “saúde mental dos trabalhadores de uma empresa de energia frente às novas

exigências do mundo do trabalho e os possíveis impactos deste adoecimento nas suas

relações familiares pretende analisar as questões relacionadas ao trabalho que podem

afetar a saúde mental dos trabalhadores de uma empresa de energia e ainda demonstrar

os impactos ocorridos na família dos mesmos”, tem como hipótese que a dinâmica

familiar dos trabalhadores é afetada, não sabemos até que ponto, mas entendemos que o

consumo de energia física e mental pode levar o distanciamento dos compromissos

pessoais, familiares e sociais. Utilizaremos no desenvolvimento da pesquisa a coleta de

dados com fontes primárias e secundárias. A coleta nas fontes primárias será realizada

através de aplicação de questionários com questões fechadas e algumas encadeadas e a

coleta nas fontes secundárias será realizada através de pesquisa bibliográfica e análise

documental nos prontuários.

Será garantido o anonimato e o sigilo das informações, além da utilização dos resultados exclusivamente para fins científicos; Você poderá solicitar informações ou esclarecimentos sobre o andamento da pesquisa em qualquer momento com o pesquisador responsável; Sua participação não é obrigatória, podendo retirar-se do estudo ou não permitir a utilização dos dados em qualquer momento da pesquisa; Sendo um participante voluntário, você não terá nenhum pagamento e/ou despesa referente à sua participação no estudo; Os materiais utilizados para coleta de dados serão armazenados por 5 (cinco) anos, após descartados, conforme preconizado pela Resolução CNS nº. 196, de 10 de outubro de 1.996. Eu, ______________________________________, como voluntária da pesquisa, afirmo que fui devidamente informada e esclarecida sobre a finalidade e objetivos desta

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pesquisa, bem como sobre a utilização das informações exclusivamente para fins científicos. Meu nome não será divulgado de forma nenhuma e terei a opção de retirar meu consentimento a qualquer momento. Rio de janeiro, ___ de _______ de 2014. ________________________________ Sujeito da pesquisa ________________________________ Pesquisador:

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VERGARA, Sylvia Constant. Gestão de Pessoas. 4ª ed. São Paulo: Ed. Atlas,

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WEBGRAFIA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 10

INTRODUÇÃO 11

CAPÍTULO I

MUNDO DO TRABALHO 12

1.1 – Breve Histórico 12

1.2 – Modo de Produção 18

CAPÍTULO II

TRABALHADOR E SUA FAMÍLIA NO SÉCULO XXI 25

2.1 - Globalização:impactando o trabalhador e a família 25

2.2 - Saúde do Trabalhador 31

2.3 - trabalhador adoecimento psíquico e suas relações familiares 33

CAPÍTULO III

A PESQUISA

3.1 - Resultado da pesquisa 41

CONCLUSÃO 57

ANEXOS 59

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 62

BIBLIOGRAFIA CITADA 64