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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O COMPORTAMENTO HUMANO NO TRABALHO Por: Michelli de Oliveira Marques Alcântara Orientador Prof. Marcella da Silva Estevez Pacheco Goiânia 2010 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O COMPORTAMENTO HUMANO NO TRABALHO

Por: Michelli de Oliveira Marques Alcântara

Orientador

Prof. Marcella da Silva Estevez Pacheco

Goiânia

2010

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2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O COMPORTAMENTO HUMANO NO TRABALHO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Gestão de Recursos Humanos.

Por: Michelli de Oliveira Marques Alcântara

3

AGRADECIMENTOS

À todos aqueles que de alguma forma

contribuíram para o meu

desenvolvimento pessoal e profissional.

Aos pais, que são detentores de uma

grande sabedoria e espelhos para toda

a minha vida.

Ao meu esposo, pelos momentos de

cumplicidade, doação e amizade, que

sempre esteve ao meu lado.

4

DEDICATÓRIA

Aos meus pais e meu esposo que sempre

estiverem presentes e dando todo apoio

que necessitei.

5

RESUMO

O Comportamento Humano no trabalho sempre foi discutido como forma de

interferir na gestão de uma empresa. Surgem várias reflexões sobre as

pessoas no trabalho a fim de se obter um meio eficaz para que as pessoas se

motivem a trabalhar juntas de uma forma mais produtiva.

Os profissionais que trabalham em uma empresa são o seu mais valioso “bem”,

portanto devem ser estudados e treinados buscando a sua satisfação para que

a organização possa se manter no mercado e se tornar uma empresa de

sucesso e competitiva.

A análise comportamental do homem em seu ambiente de trabalho possibilita a

tomada de decisões em uma organização. É um fator relevante, pois indica

pontos a serem modificados ou mantidos para que a organização se mantenha

no mercado.

É diante desse contexto que buscaremos ao longo deste trabalho monográfico

discutir algumas questões a respeito do comportamento humano,

competências e habilidades, trabalho em equipe e linguagem corporal.

6

METODOLOGIA

A pesquisa sobre comportamento humano no trabalho tem por objetivo

investigar que o Ser Humano é um ser biopsicosocial que estão inseridos nas

organizações de hoje, e estas, por sua vez, observam somente um aspecto,

deixando de lado os outros, o que refletirá na realidade e no cotidiano das

organizações e por isso a metodologia terá o enfoque teórico, ou seja, são

idéias e conceitos, científicos ou não, que serão fundamentados a partir de

documentos, livros ou de outras pesquisas.

A forma de pesquisa utilizada neste assunto é a Bibliográfica, a qual permite ao

pesquisador obter conhecimento para a solução do problema através da busca

de referenciais ao assunto estudado em documentos, livros e outros.

Como referência para este estudo, destacamos os seguintes autores: Keith

Davis, John W. Newstrom, Allan e Bárbara Rease, Fela Moscovici, Pierre Weil,

Roland Tompkow, Jean-François Chanlat e Paul E. Spector.

7

SUMÁRIO

Resumo 5

Metodologia 6

Introdução 8

Capítulo I – Comportamento humano no trabalho: comunicação e linguagem

corporal 10

Capítulo II – Comunicação e Motivação como fatores essenciais para a

melhoria do comportamento humano no trabalho 26

Capítulo III – Liderança e Colaboradores – comportamento necessário para o

sucesso da equipe 33

Conclusão 38

Referências Bibliográficas 41

8

INTRODUÇÃO

O tema desta monografia questiona se o comportamento humano no

trabalho interfere na gestão de uma empresa.

Os profissionais que trabalham em uma empresa são o maior valor das

mesmas, portanto devem ser analisados, estudados e treinados para que a

organização possa se manter no mercado e se tornar uma empresa de

sucesso.

A análise comportamental do homem em seu ambiente de trabalho

possibilita a tomada de decisões em uma organização. É um fator importante a

ser observado, pois indica pontos a serem alterados e/ou mantidos para que a

organização seja competitiva.

Uma das contribuições da pesquisa é mostrar que um bom profissional

de RH deve saber lidar com a subjetividade humana, criar um ambiente

propício à aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades, assim como

estimular a motivação dos trabalhadores através da intervenção no ambiente.

Identificar que o Ser Humano é um ser biopsicosocial que estão

inseridos nas organizações de hoje e esta por sua vez, observam somente um

aspecto, deixando de lado os outros dois e por isso influenciará na realidade e

no cotidiano das organizações.

Os profissionais de RH não reconhecem a importância de criar

condições para motivar, ocasionando funcionários estressados, insatisfeitos e

com alto nível de rotatividade, resultando em custos para a empresa.

9

O trabalho em equipe, liderança e comunicação estão deficientes,

gerando atitudes divergentes da visão e missão da empresa.

O aumento da mão-de-obra disponível e sem qualificação gerou uma

queda nos salários, ocasionando uma competitividade desleal.

Sendo assim, o objeto de estudo envolve as empresas brasileiras e

dessa forma, esta monografia está estruturada em capítulos. Nos capítulos

será apresentada a parte teórica a qual alicerça os conceitos que embasam a

pesquisa.

10

CAPÍTULO I – COMPORTAMENTO HUMANO NO

TRABALHO: COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM

CORPORAL

Segundo Rogério Martins (2009) em seus textos sobre

Comportamento Humano, destaca que existem cinco fatores que influenciam o

comportamento humano, que não são definitivos, apenas apontam alguns

caminhos.

Para o mesmo autor, analisa que do ponto de vista antropológico ou

cultural o comportamento é um fator relacionado à questão de cultura de um

povo ou grupo social. Por exemplo, as pessoas que freqüentam uma

determinada igreja têm hábitos semelhantes quanto à vestimenta, atitudes e

comportamento em geral.

O autor segue discorrendo que o segundo fator que influencia o

comportamento humano do ponto de vista sócio-econômicos trata-se de

pessoas que moram em locais mais pobres ou ricos tem, em geral,

características mais semelhantes entre si.

Ainda afirma que o terceiro fator determinante ao comportamento

humano está ligado a características biológicas ou Fisiológicas, que está

relacionado ao físico. Um exemplo clássico é a mulher grávida. A alteração

hormonal proporcionada pela gravidez gera em algumas mulheres alteração no

comportamento.

Seguindo o raciocínio do autor, ele destaca o quarto item o qual se

refere a fatores Ambientais, que tem a ver com o local onde as pessoas

moram, trabalham, vivem. Estudos comprovam que cidades onde há maior

11

incidência de sol as pessoas tendem a agir de modo mais alegre, receptivo e

espontâneo.

Concluindo o autor destaca os fatores Psicológicos o qual está

relacionado ao estado emocional das pessoas, modo como foram criadas e

tratadas desde a infância até o momento atual.

Para Moscovici (1990), o comportamento humano é complexo e

multidimensional. Apesar dos avanços das ciências do comportamento, ainda

persistem aspectos intrigantes e inexplicáveis que desafiam a compreensão do

cientista e do leigo.

Segundo Moscovici (1990), três conjuntos interdependentes de

variáveis internas influem no comportamento humano: competência, energia e

ideologia. Para entender melhor sobre as variáveis, a seguir, detalharemos um

pouco sobre cada uma delas.

A autora acima mencionada destaca que a competência compreende

aspectos intelectuais inatos e adquiridos, conhecimentos, capacidades,

experiência, maturidade. Uma pessoa competente executa ações adequadas e

hábeis em seus afazeres, em sua área de atividade.

No texto de Moscovici (1990), Equipes que dão certo, ressalta ainda

que a energia biopísiquica manifesta-se no nível de intensidade e na extensão

temporal de atividade física e mental, nas emoções e sentimentos, nas

características de temperamento e humor.

E por fim, Moscovici (1990) menciona que a ideologia abrange um

conjunto de idéias e princípios hierarquizados, com lastro em valores sociais,

12

políticos, religiosos e filosóficos que influenciam a percepção, o raciocínio, o

julgamento, as decisões.

Comportamento, desempenho e posicionamento resultam da interação

desses três subsistemas entre si e com os sistemas externos. Comportamento

é a designação genérica da conduta do indivíduo. Desempenho é

comportamento qualificado que atende a certas especificações de uma

atividade correspondente ao papel social. O posicionamento concerne mais à

visão e às atitudes gerais da pessoa em relação a questões valorativas de

interpretação e julgamento ético, moral e ideológico. O processo de integração

humana está presente em toda a organização e é o que mais influi no rumo das

atividades e nos seus resultados.

Moscovici (1990) diz que é enganoso supor que o comportamento

humano individual sirva de base para se extrapolarem conhecimentos e

conclusões sobre a atuação de grupo. As pessoas em grupo agem de forma

diferente da que adotam quando estão sós. As empresas parecem não ter

despertado inteiramente para o fato repetidamente constatado: para trabalhar

bem e produzir em grupo, as pessoas precisam possuir mais do que

competência técnica para as funções.

Os eventos vividos no grupo atingem cada um de maneira diferente e

provocam reações pessoais, manifestas ou interiorizadas, de duração variável.

Schutz (1978), avalia que existem três núcleos de necessidades interpessoais

nos grupos humanos: inclusão, controle e afeição.

Moscovici (1990), destaca que a fase de inclusão, cada pessoa

procura situar-se e achar sua posição no centro ou na periferia do grupo. As

dificuldades de inclusão são típicas de grupos novos em qualquer contexto,

seja no trabalho, na escola, na família.

13

A autora comenta que na segunda fase – a de controle, podemos dizer

que é marcada por variadas situações de competição, clara ou encoberta,

afirmação de competência, manobras sutis de jogo de forcas, alianças, dentre

outras.

Na fase de afeição evidencia-se em expressões emocionais abertas na

interação, trocas afetivas em intensidade e qualidade diversas. As pessoas

comunicam, de forma verbal e não verbal, apoio, rejeição, ciúmes, hostilidade,

agressividade.

Segundo Cecília Bergamini (1996), existem variáveis que afetam o

comportamento e elas podem ser divididas em individuais e ambientais. As

variáveis de ordem individual dizem respeito a toda a bagagem inata, mais

experiências adquiridas ao longo das várias fases evolutivas, tais como a

infância, a adolescência e fase adulta de cada um. Já as variáveis de ordem

ambiental abrangem todos os possíveis eventos extrínsecos ao indivíduo, tais

como grupo social, cultura, fatores do meio ambiente físico propriamente dito e

outros.

De forma ampla, pode-se dizer que dado comportamento humano

pode aparecer quando menos se espera. É, portanto, muito grande o número

de condutas inesperadas por parte daqueles que estão sendo observados. Não

há leis universais para a questão do estímulo e resposta, como pretendiam os

behavioristas em suas teorias. Para eles certo estímulo, haveria determinada

resposta por parte do indivíduo e, conhecendo-se a resposta comportamental,

seria possível inferir que o estímulo havia sido dado anteriormente.

Para Dubrin (2003, p. 2) a definição de comportamento organizacional,

"Comportamento organizacional é o comportamento humano no local de

trabalho, a interação entre as pessoas e a organização em si. As principais

14

metas do comportamento organizacional são explicar, prever e controlar o

comportamento."

O mesmo autor ainda complementa que comportamento

organizacional é o estudo do comportamento das pessoas no ambiente de

trabalho, como se interage com as outras pessoas do mesmo convívio

profissional e como a empresa se relaciona com estes colaboradores, sendo

que o processo do trabalho administrativo, jamais pode ser entendido como

conteúdo do mesmo.

Dubrin (2003) complementa que o comportamento organizacional

também se resume na realização da pessoa em compreender as outras

pessoas, e é dessa forma que se destaca o auto conhecimento e a auto

percepção. Os estudos possibilitaram mudanças nas condições de vida do

profissional brasileiro e a quebra de muitos paradigmas. Com os avanços

demográficos e os conhecimentos na área de psicologia, o envelhecimento

proporcionou melhorias na perspectiva de vida e de trabalho.

“O trabalho sempre ocupou lugar central na vida das diferentes

comunidades e gradativamente foi sendo limitado pelas condições sociais que

foram se estabelecendo”. (KANAANE,1995, p.01). Um dos motivos dessas

mudanças citado por Neri (2005), está referido a necessidade de competir e

sobreviver num mercado dinâmico, globalizado e exigente. Com isso pode-se

verificar que, as organizações estão fazendo um redesenho da estrutura,

preocupando-se com o ambiente externo, proporcionando aos profissionais

experientes, tratamentos diferenciados, beneficiando-os em vários aspectos

como: qualidade de vida profissional, grandes perspectivas de conquistar as

metas e objetivos traçados, inter-relacionamentos mais maduros e

estabilizados.

15

Schutz (1978) ressalta que é impossível compreender todo o

comportamento quando se leva em conta o número de variáveis envolvidas em

determinada situação e as ‘n’ maneiras pelas quais essas variáveis podem

combinar-se.

Segundo estudos Allan e Bárbara (2005), a linguagem corporal e os

sons emitidos pela garganta eram as principais formas de transmissão de

emoções e sentimentos humanos – e continuam sendo até hoje, embora a

excessiva atenção dada às palavras faça com que sejamos profundamente

desinformados a respeito da linguagem do corpo e da importância que ela tem

em nossas vidas.

Os atores do cinema mudo, como Charles Chaplin, foram os pioneiros

das técnicas de linguagem corporal, então o único modo de comunicação

disponível em tela. A técnica de um ator era considerada boa ou má à medida

que ele fosse capaz de usar gestos e sinais corporais para se comunicar com o

público.

A linguagem do corpo é o reflexo externo do estado emocional da

pessoa. Cada gesto ou movimento pode ser uma valiosa fonte de informação

sobre a emoção que ela está sentindo num dado momento. O segredo da

linguagem corporal está na capacidade de captar o estado emocional de uma

pessoa escutando o que ela diz e observando seus gestos e atitudes. Apesar

das imensas diferenças culturais, os sinais básicos da linguagem corporal são

os mesmos em todos os lugares.

As pesquisas mostram que os sinais não verbais tem um efeito cinco

vezes maior do que as palavras pronunciadas e que quando não há coerência

entre uns e outros as pessoas – principalmente as mulheres – dão mais

importância à mensagem não verbal e desconsideram o conteúdo transmitido

oralmente.

16

A capacidade de ler os sinais da linguagem do corpo não apenas faz

de você uma pessoa mais consciente e atenta para as tentativas de dominação

e manipulação por parte das outras pessoas como também lhe ensina a ser

mais sensível com as emoções e sentimentos alheios.

Segundo Chanlat (1994), a imagem que nós transmitimos através dos

sinais corporais exerce um efeito sobre as demais pessoas: esse efeito pode

vir a ser importante na vida cotidiana, na escola, na empresa, e, da mesma

forma, no funcionamento da justiça, na pratica médica ou psicoterapêutica. Os

gestos podem ser considerados detentores, assim como as palavras, da

propriedade e exprimir as representações mentais que constituem o

pensamento.

Os gestos também parecem apresentar especificidade com relação à

linguagem oral, qual seja a de servir, antes de tudo, à expressão das emoções,

dos estados afetivos, das atitudes interpessoais; falamos, nesse caso, de uma

comunicação não verbal.

A analogia entre os gestos e a língua repousa em certo tipo de lógica,

que começa pela observação de que os usos corporais variam segundo os

povos e as culturas; assim com as línguas faladas no mundo, as praticas

gestuais diferem segundo o lugar e a época.

Os gestos e posturas podem igualmente transmitir outras informações,

principalmente as relativas ao status social, à competência, à auto confiança, à

sinceridade. Um status superior, uma competência particular podem exprimir-

se de diversas maneiras: pelo contato corporal com o interlocutor, pela

gesticulação, pelo caráter distenso da postura adotada Mehabian, 1972).

17

Segundo Brandão Guimarães (2002), um dos principais aspectos da

gestão de pessoas com base em competências é associação da área/função

de gestão de pessoas com as estratégias organizacionais. Há muita confusão

na compreensão do significado de competência. Ser competente e ter

competências são coisas iguais ou diferentes?

O autor diz que ser competente está relacionado com um bom

desempenho numa determinada tarefa, o que não garante que esse

desempenho será bom sempre. Foi competente por causalidade. Ter

competência para a realização de uma tarefa significa ter conhecimentos,

habilidades e atitudes compatíveis com o desempenho dela e ser capaz de

colocar esse potencial em prática sempre que necessário.

Embasado no livro de Brandão Guimarães (2002), podemos definir

competência como um conjunto de conhecimentos, habilidades, atitudes e

comportamentos que permitem ao indivíduo desempenhar com eficácia

determinadas tarefas, em qualquer situação.

O perfil de competências é o diferencial competitivo de cada pessoa ou

profissional. Uma pessoa pode ter o conhecimento, mas nunca tê-lo colocado

em prática, isto é, não desenvolveu habilidade. Todo profissional tem um perfil

de competências que compreende competências técnicas e comportamentais.

As competências comportamentais tem sido foco de muitas atenções

no mercado de trabalho, porque o mercado do passado só tinha olhos para as

competências técnicas. Se o profissional fosse tecnicamente competente, já

possuía os requisitos para ocupar seu lugar no mercado de trabalho.

Hoje, muitos profissionais, de todos os níveis, considerados exímios

tecnicamente, tem sido desligados de empresas porque não perceberam a

importância das competências comportamentais e não se adequaram em

tempo hábil.

18

No mundo organizacional de hoje, o comportamento é um diferencial

competitivo para qualquer profissional que tem como meta uma carreira

ascendente dentro da empresa. Para entender melhor, definiremos as

competências técnicas: conhecimento e habilidade em técnicas ou funções

especificas. Exemplo: técnico em contabilidade. O grande desafio consiste em

desenvolver competências como flexibilidade, criatividade, inovação e

empreendedorismo.

E as competências comportamentais: atitudes e comportamentos

compatíveis com as atribuições a serem desempenhadas. Exemplo: iniciativa,

criatividade, habilidade de relacionamento interpessoal, comunicação verbal,

liderança, negociação, espírito de equipe, bom humor, humildade, atenção a

detalhes, foco em resultados, agilidade e outros.

Sendo assim, o diferencial competitivo de cada profissional envolve:

Conhecimentos Habilidades Atitudes

C H A

Saber Saber fazer Querer fazer

Conhecimentos

técnicos, escolaridade,

cursos, especializações.

Experiência nos

conhecimentos técnicos,

ter colocado em pratica

o saber.

Ter atitudes compatíveis

para atingir eficácia em

relação aos

conhecimentos e

habilidades adquiridas

ou a serem adquiridas.

Esse elo com as estratégias organizacionais é destacado por Fleury

(2002, p. 57), ao observar que “a partir do modelo de análise de competência

proposto, ocorre uma mudança de foco: a questão se desloca das

19

competências do indivíduo para as das organizações. Introduz-se, assim, a

noção de empresa como um portfólio de competências”.

Percebe-se também, como observam Fleury e Fleury (2002, p.66),

“uma elevação do nível educacional do corpo de empregados; uma

preocupação com as pessoas mais comprometidas, cujas competências

agreguem valor ao negócio”.

Fleury (2002, p.55), por exemplo, define competência como “um saber

agir responsável e reconhecido que implica mobilizar, integrar, transferir

conhecimentos, recursos, habilidades, que agregue valor econômico à

organização e valor social ao indivíduo”.

São várias também as categorizações de tipos de competências, tais

como: organizacionais, humanas, profissionais, técnicas, gerenciais, dentre

outras. As competências organizacionais referem-se a atributos necessários à

organização que lhes “conferem vantagem competitiva, geram valor distintivo

percebido pelos clientes e são difíceis de ser imitados pela concorrência”

(Brandão Guimarães, 2002,p.58).

Brandão e Bahry (2005,p.180), ao tratarem de métodos e técnicas para

mapeamento de competências, utilizam a classificação de competências em

humanas ou profissionais entendidas como “combinações sinérgicas de

conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas pelo desempenho

profissional em determinado contexto ou em determinada estratégia

organizacional”.

As pessoas contribuem para a organização onde atuam com aquilo

que sabem, com o que aprenderam nas instituições de ensino ou em sua

experiência de vida (conhecimentos). Competências compreendem também o

saber fazer alguma coisa (habilidades) que contribua para os objetivos

estratégicos da organização.

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Brandão e Bahry (2005) quando falam em combinação sinérgica de

conhecimentos, habilidades e atitudes expressas no desempenho, sinalizam

que é a partir do desempenho no trabalho que os profissionais demonstram as

competências.

O mapeamento de competências evidencia claramente a relação entre

as estratégias da organização e as pessoas. Mapear é identificar, com uso de

diferentes técnicas (entrevistas, pesquisa documental, questionários e outras),

as competências que as pessoas detem e as que necessitam desenvolver para

realizar as competências organizacionais.

A gestão de pessoas baseadas em competências envolve mudanças:

no modo de selecionar pessoas para trabalhar na organização e/ou para

exercer funções diferenciadas na mesma organização (seleção interna); nas

ações de treinamento, de desenvolvimento e de educação voltadas para o

aprimoramento profissional dos empregados; assim como nas formas de

remuneração diferenciadas que valorizem as diferentes contribuições dos

empregados.

Atualmente o conceito de qualidade de vida no trabalho é bem amplo.

Existem várias definições sobre o tema. Podemos citar a seguinte definição de

Limongi-França (1996,2002), qualidade de vida no trabalho é o conjunto de

ações de uma empresa no sentido de implantar melhorias e inovações

gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho. Seus destaques

são para:

Saúde: relacionada a preservação da integridade física, psicológica e

social do ser humano, indo além do simples controle de doenças laborais,

gerando, essa forma uma maior expectativa de vida e reabilitação ou

readaptação do trabalhador que adoece e daqueles que sofrem lesões por

acidente ou por esforço repetitivo.

21

Ecologia: relacionada à preservação do ecossistema, tendo o homem

como parte integrante e principal responsável pela preservação dos insumos

da natureza, tornando-o o ator responsável pelo desenvolvimento sustentável,

gerando a preocupação com os impactos ambientais e elevando a importância

do desenvolvimento de programas para educação ambiental nas organizações.

Ergonomia: relacionada ao estudo das condições do ambiente de

trabalho das

pessoas, visando o conforto e o desempenho nas diversas operações de

trabalho. Fundamenta-se na medicina, na psicologia, na motricidade e na

tecnologia para gerar projetos de trabalho que sejam adequados às pessoas

que o realizam.

Psicologia: relacionada às demonstrações das influências das

atitudes internas, das perspectivas, das expectativas e da importância do

significado intrínseco das necessidades individuais para o envolvimento no

trabalho, gerando a preocupação com a elevação da auto-estima e dos

programas de desenvolvimento das relações interpessoais.

Sociologia: relacionada ao resgate da dimensão simbólica do que é

compartilhado e construído socialmente, demonstrando as implicações de

quem influencia e é influenciado nos diversos contextos culturais e

antropológicos da empresa, elevando a importância dos processos de

socialização e de integração nas organizações.

Economia: relacionada à consciência de finitude dos bens e ao

principio de eqüidade, de responsabilidade e de direito social na distribuição

dos bens, recursos e serviços, gerando os programas de responsabilidade

social e o respeito às leis.

22

Administração: relacionada a capacidade de mobilizar recursos para

atingir os resultados em ambientes competitivos, complexos e mutável,

gerando a necessidade de aumento dessa capacidade através do

desenvolvimento da capacidade de negociação e motivação.

Engenharia: relacionada a elaboração das formas de produção,

projetos de trabalho voltados para a manufatura, armazenamento de materiais,

uso da tecnologia, organização do trabalho e controle de processos, gerando

os projetos mais flexíveis, com maior

O conceito de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), para Davis e

Newstrom (2004), referem-se aos pontos favoráveis e desfavoráveis de um

ambiente de trabalho para as pessoas. A proposta básica é desenvolver

ambientes que sejam tão bons para as pessoas como para a saúde econômica

da organização.

Para Davis e Newstrom (2004), os programas de Qualidade de Vida no

Trabalho em geral enfatizam o desenvolvimento das habilidades dos

funcionários, a redução do estresse ocupacional e o desenvolvimento de

relações mão-de-obra gerência mais cooperativas.

As características do mundo moderno cuja tônica é a pressa, o

excesso de atividades, de informações e as exigências de alto nível de

qualificação profissional para fazer frente a um mercado altamente competitivo,

dentre outros aspectos, trazem consequências para a saúde física e mental do

trabalhador. Surgem, então, preocupações com a qualidade de vida deste.

Davis e Newstrom (2004) destacam que muitas organizações realizam

ações destinadas à qualidade de vida no trabalho (QVT), mas sem uma

avaliação de sua efetividade, e muitas vezes, sem sequer compreender o que

seja Qualidade de Vida no Trabalho.

23

A QVT produz um ambiente de trabalho mais humanizado. Seu

objetivo é servir tanto às aspirações mais altas dos trabalhadores quanto às

suas necessidades mais básicas. Ela procura aproveitar as habilidades mais

refinadas dos trabalhadores e proporcionar um ambiente que os encoraje a

desenvolver a desenvolver suas capacidades. A idéia é que os trabalhadores

são recursos humanos que tem que ser desenvolvidos e não simplesmente

usados. Além disso, o trabalho não deve ter condições excessivamente

negativas, nem submeter os trabalhadores a tensões indevidas, tampouco

prejudicar ou degradar sua humanidade e nem ser arriscado ou indevidamente

perigoso. Ele deve, sim, construir – ou pelo menos não prejudicar – a

capacidade de os trabalhadores desempenharem outros papéis, como o de

cidadão, marido e pai, ou seja, é preciso que o trabalho contribua para o

desenvolvimento social em geral.

Segundo Davis e Newstrom (2004), a hipótese básica do trabalho

humanizado é que ele é mais vantajoso quando promove o ‘melhor

ajustamento’ entre os empregados, tarefas, tecnologia e meio ambiente.

O moderno interesse que existe na qualidade de vida no trabalho

desenvolveu-se através da ênfase no enriquecimento do trabalho. O termo foi

criado por Frederick Herzberg baseado em sua pesquisa sobre motivadores e

fatores de manutenção. De maneira estrita, enriquecimento do trabalho quer

dizer que motivadores adicionais são somados à tarefa para torná-la mais

recompensadora, embora o termo seja aplicado para quase qualquer esforço

para humanizar os trabalhos.

Segundo David (2005), são destacadas oito dimensões e indicadores

de Qualidade de Vida no Trabalho apresentados por um dos principais

estudiosos sobre o tema, a fim de identificar como as pessoas são afetadas na

qualidade de vida no trabalho.

24

CRITÉRIOS INDICADORES QVT

Compensação justa e adequada Equidade interna e externa

Renda adequada

Compensação justa

Partilha dos ganhos de produtividade

Condições de trabalho Jornada de trabalho adequada

Ambiente físico seguro e saudável

Uso e desenvolvimento de

capacidades

Autonomia

Habilidades múltiplas

Informações e perspectivas sobre o

trabalho

Tarefas inteiras

Planejamento

Oportunidade de crescimento e

segurança

Possibilidade de carreira

Oportunidade de crescimento

Perspectiva de avanço salarial

Segurança de trabalho

Integração social na organização Ausência de preconceitos

Igualdade

Mobilidade

Relacionamento interpessoal

Constitucionalismo Privacidade pessoal

Liberdade de expressão

Equidade de tratamento

Direitos trabalhistas

O trabalho e o espaço total de vida Papel balanceado no trabalho

Estabilidade de horários

Poucas mudanças geográficas

Tempo para lazer da família

Relevância social do trabalho na vida Imagem da empresa

Responsabilidade social da empresa

Responsabilidade pelos produtos

25

Práticas de emprego

Fonte: Walton (1973 apud DAVID, 2005, p. 26).

Observando o que dizem os autores mencionados, percebemos que

são vários os aspectos que interferem na qualidade de vida do trabalho e a

maior parte deles, ou quase todos, estão de alguma forma relacionada à

gestão de pessoas na organização.

26

CAPÍTULO II – COMUNICAÇÃO E MOTIVAÇÃO COMO

FATORES ESSENCIAIS PARA A MELHORIA DO

COMPORTAMENTO HUMANO NO TRABALHO

Segundo Davis e Newstrom (1989), “comunicação é o canal através do

qual as pessoas se relacionam umas com as outras. A comunicação é tão vital

em uma organização quanto à corrente sanguínea é para uma pessoa”.

A comunicação envolve um emissor e um receptor.

O processo de comunicação de duas vias é o método pelo qual o

emissor atinge o receptor com a mensagem, suas etapas são:

- ELABORAR UMA IDÉIA que o emissor deseja transmitir.

- CODIFICAR determina o método de transmissão.

- TRANSMITIR a mensagem finalmente é elaborada, a terceira etapa é

transmiti-la através de método escolhido, seja ele por memorando, telefone ou

mesmo uma visita pessoal.

- RECEBIMENTO iniciativa é transferida ao receptor que deve estar

preparado para receber a mensagem.

- DECODIFICAR o emissor quer que a mensagem seja compreendida pelo

receptor exatamente como foi enviada.

- ACEITAR uma vez que os receptores tenham obtido e decodificado a

mensagem têm oportunidade de aceitá-la ou rejeitá-la.

- USAR uso da informação, que pode descartá-la, executar a tarefa como

apresentada, guardar a informação para o futuro ou fazer qualquer outra coisa.

- DAR FEEDBACK completa a curva da comunicação porque existe um fluxo

na mensagem entre o emissor e o receptor e vice-versa.

Davis e Newstrom (1989), ressaltam que o relacionamento entre duas

pessoas será mais frutífero para ambas, quanto maior for a eficácia do

processo de comunicação entre elas. Em muitos relacionamentos –

27

profissionais, sociais, afetivo-emocionais – as partes não conseguem ‘ajudar-

se’ mutuamente, facilitando o desempenho uma da outra, porque sua

comunicação interpessoal é cheia de ‘ruídos’, o que a torna precária, senão

prejudicial.

É indispensável que as pessoas consigam alcançar e preservar um alto

nível de confiança mútua, a fim de que sua comunicação se processe à base

do que se costuma chamar de “certeza das relações”. Podemos “aprender” a

confiar mais nos outros e a ajudar os outros a aprenderem a confiar mais em

nós. Ninguém é totalmente isento de responsabilidade pela pouca confiança,

ou mesmo desconfiança que lhe tenham os outros. A confiança mútua não é

um ponto a atingir, mas um processo a assumir, não é algo fixo, independente

das partes, estático, irreversível, e sim algo conquistável e que uma vez

conquistado, não mais se perderá.

É preciso haver uma comunicação genuína, com o mínimo possível de

ruídos, para que um relacionamento interpessoal aufira os benefícios da

certeza de relações, ou seja, para uma boa comunicação é preciso ter

confiança.

Davis e Newstrom (1989) mencionam que a comunicação genuína

depende fundamentalmente da competência individual para dar e receber

feedback, competência esta difícil de ser alcançada, mas que pode e deve ser

desenvolvida. Para ser eficaz, o feedback deve ser aplicável pelo receptor,

neutro, específico, oportuno, direto e objetivo.

A informação objeto de feedback deve ser utilizável pelo receptor, ou

seja, dirigida para comportamentos que ele realmente possa modificar

mediante reconhecimento do ponto falho e esforço individual no sentido de

corrigir o desvio.

28

Segundo Macedo (2003), ouvir atentamente é uma capacidade pouco

desenvolvida. De acordo com Nichols e Stevens (1999), mesmo enquanto

ouvimos alguém falar muito depressa (125 palavras por minuto), nosso cérebro

guarda espaço para processar muito mais informações. É o uso – ou mau uso

– desse espaço que determina a eficácia da recepção da mensagem: o ouvinte

passa a antecipar-se, tentando prever o que será dito a seguir e até tirar

conclusões de modo a reforçar suas próprias opiniões. Ele analisa o que está

sendo dito, resume mentalmente o que escutou antes e ainda presta atenção

nas entrelinhas, especialmente na comunicação não verbal, e tudo isso ao

mesmo tempo.

29

Símbolos da comunicação

PALAVRAS são o principais símbolos de comunicação utilizados no trabalho.

FIGURAS utilizados para clarificar a comunicação oral. “Uma imagem é

melhor do que 1000 palavras”.

AÇAO comunicação não-verbal, exemplo, um aperto de mão.

Uma parte importante da comunicação não-verbal é a linguagem

corporal, através da qual as pessoas transmitem significados às outras através

de seus corpos numa interação interpessoal. A linguagem corporal é um

suplemento importante à comunicação verbal em quase todo o mundo.

Segundo Moreira, Coelho e Pinheiro (1998), a motivação pode ser

concebida como conjunto de condições responsáveis pela variação da

intensidade, qualidade e direção do comportamento. É o esforço exercido para

alcançar algo. A motivação, uma das principais responsabilidades gerenciais,

impulsiona o comportamento humano, contribuindo para o bom desempenho

pessoal no trabalho coletivo.

As pesquisas de motivação apresentam dois tipos de modelos: os

voltados para o ‘conteúdo’ da motivação (Maslow e Herzberg), ou seja, para as

condições intrínsecas do indivíduo e os motivos determinadores de seu

comportamento; e os modelos voltados para o “processo” da motivação

(Adams e Vroom), isto é, aqueles que considerem “cada comportamento

específico como uma inter-relação das percepções do indivíduo sobre seu

objetivo e seu desempenho, a situação externa e a tarefa, a importância desta

para satisfazer suas necessidades e as dificuldades envolvidas”.

Segundo Moreira, Coelho e Pinheiro (1998), as necessidades são

individuais, determinadas pela personalidade, pelos traços biológicos e

30

psicológicos e pelas características advindas da vivência e da aprendizagem.

(Teoria das Necessidades Humanas). Para Maslow, as necessidades humanas

estão organizadas em uma pirâmide de importância e influência sobre o

comportamento humano, que obedecem a uma hierarquia. Pela ordem são

classificadas em: necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e

de auto-realização. O termo hierarquia significa que as necessidades humanas

mais elevadas não se realizam sem a satisfação das básicas.

NECESSIDADES FISIOLÓGICAS Constituem o nível mais baixo de todas as

necessidades humanas, como alimentação, sono e repouso, abrigo, ou desejo

sexual.

NECESSIDADES DE SEGURANÇA Constituem o segundo nível das

necessidades humanas. Levam a pessoa a proteger-se de qualquer perigo real

ou imaginário, concreto ou abstrato.

NECESSIDADES SOCIAIS Estão relacionadas com a vida associativa do

indivíduo, participação, aceitação por parte dos colegas, amizade, afeto, amor.

NECESSIDADES DE ESTIMA Estão relacionadas com a aceitação social e

reconhecimento, status, prestígio e consideração.

NECESSIDADE DE AUTO-REALIZAÇÃO São as mais elevadas, pois levam à

realização do potencial, ao desenvolvimento contínuo ao longo da vida, é o

impulso em tornar-se mais do que é de vir a ser tudo o que se pode ser.

O organismo humano tende a um equilíbrio dinâmico que é rompido

quando surge uma necessidade. Maslow explica o funcionamento cíclico e

repetitivo da motivação (ciclo motivacional). O desequilíbrio cede lugar a um

estado de tensão que dura enquanto a necessidade não for devidamente

satisfeita. A satisfação da necessidade devolve ao organismo o estado de

equilíbrio dinâmico anterior.

Segundo Moreira, Coelho e Pinheiro (1998), se algumas necessidades

exigem um ciclo motivacional rápido e repetitivo, como é o caso das

necessidades fisiológicas – de alimentação e sono – outras, mais sofisticadas,

31

como a de autorealização, exigem um ciclo mais longo, envolvendo quase toda

uma vida.

A gratificação (satisfação) e a frustração (insatisfação) de

necessidades são elementos importantes na teoria da motivação. Uma vez

satisfeita, a necessidade específica deixa de ser motivadora. Por outro lado,

uma pessoa frustrada em algumas de suas necessidades básicas não é

considerada desajustada. Ao contrário, pode estar mais motivada, a depender

do grau e natureza de sua insatisfação.

O conhecimento do mecanismo de ação das necessidades humanas é

fundamental para a condução das pessoas e equipes de trabalho, no sentido

de evitar frustrações e de encaminhar soluções positivas para o alcance dos

objetivos individuais.

Para Herzberg, motivação envolve sentimentos de realização, de

crescimento e de reconhecimento profissional manifestos no exercício de

tarefas e atividades desafiadoras, significativas para o trabalhador. Motivador é

o próprio trabalho, desde que ele permita aprender, usar autonomia, decidir,

responsabilizar-se, aplicar o que se sabe.

Segundo Moreira, Coelho e Pinheiro (1998), o teorista Herzberg

formulou a Teoria dos dois fatores – higiênicos e motivacionais - para explicar o

comportamento das pessoas nas organizações. Dessa forma, discutiremos

sobre os dois fatores a seguir:

Fatores Higiênicos – Estão relacionados ao contexto do cargo,

abrangendo as condições sob as quais as pessoas desempenham seu

trabalho: salário, benefícios sociais, condições físicas e ambientais de trabalho,

regulamentos internos, políticas e diretrizes da empresa, clima organizacional.

32

Como os fatores higiênicos são decisões da empresa, estão fora do

controle pessoal. A sua principal característica é que não são considerados

fatores motivacionais, embora tradicionalmente sejam utilizados pelas

organizações para se obter a motivação dos empregados.

Fatores Motivacionais – Por estarem relacionados ao conteúdo do

cargo e à natureza das tarefas executadas, os fatores motivacionais são

conhecidos como intrínsecos, estão sob o controle da pessoa (relacionados

com aquilo que ela desempenha).

A principal característica desses fatores motivacionais é que, quando

ótimos, elevam a satisfação das pessoas no trabalho e de maneira duradoura.

Porém, quando precários, tornam-se responsáveis por serviços mal-

executados, descontentamento, falta de integração de equipe.

Uma das contribuições trazidas por essa teoria é a compreensão de

que os fatores responsáveis pela satisfação no trabalho são independentes

daqueles responsáveis pela insatisfação: o oposto da satisfação profissional

não é a insatisfação, mas sim nenhuma satisfação; da mesma forma, o oposto

da insatisfação profissional não é a satisfação, mas a não-insatisfação.

33

CAPÍTULO III – LIDERANÇA E COLABORADORES –

COMPORTAMENTO NECESSÁRIO PARA O SUCESSO

DA EQUIPE

Muito já se escreveu sobre liderança, e Macedo (2003), diz que ainda

não se estabeleceram com clareza as metodologias para o seu

desenvolvimento. Questões como “todo mundo pode ser líder ?” ou “todo

mundo deveria desejar ser líder?” povoam reflexões de autores de todas as

correntes. Mas é ponto pacífico que o atual líder de uma equipe pode vir a ser

liderado amanhã, num processo de mudança de papéis.

Macedo (2003), diz que entende-se por liderança a arte de educar,

orientar e estimular as pessoas a persistirem na busca de melhores resultados

num ambiente de desafios, riscos e incertezas. Agregando novos elementos,

Megginson, Mosley e Pietri (1998) consideram que “liderança é um processo

de influenciar as atividades individuais e grupais, no estabelecimento e

atingimento de metas”. Já Bennis (1999) afirma “liderança é como a beleza:

difícil de definir, mas fácil de reconhecer”.

Observando excertos retirados do texto de Cavalcanti et al. (2005), no

qual menciona que analisando lideres eficazes, podemos distinguir dois papéis,

ambos necessários. Um é o carismático; o outro, o instrumental. O líder tem

que ter visões de futuro, delegar poder, transmitir energia e motivar seus

liderados, mas também precisa estruturar, projetar, controlar e recompensar

comportamentos.

Hoje muitos líderes buscam alcançar o compromisso e enfoque que

advém de visões genuinamente compartilhadas. Infelizmente, várias pessoas

ainda pensam que ‘visão’ é tarefa do líder máximo. Visões de líderes

34

individuais podem contribuir efetivamente para uma organização superar uma

crise.

Cavalcanti et al (2005) diz que liderança serve para:

- profundo desejo de servir aos outros e à sociedade humana;

- modelo fortemente baseado na ética e comprometimento com a melhoria da

qualidade das instituições;

- modelo baseado em equipes de trabalho e comunidades, criando valores e

significados.

Hoje se compreende a liderança como um fenômeno tipicamente

social, uma influência interpessoal exercida numa dada situação e dirigida

através do processo de comunicação humana para a consecução de um ou

mais objetivos específicos.

Atualmente observamos muitos estudos de avaliação do

comportamento dos grupos em função do estilo de liderança, os quais

desatacamos:

- liderança autocrática apresentam maior volume de trabalho, embora sejam

verificados sinais de tensão, frustração e agressividade;

- liderança liberal apresentam sinais de individualismo, insatisfação e pouco

respeito ao líder;

- liderança democrática a qualidade de trabalho é comparativamente melhor

que na autocrática, acompanhada de um clima de satisfação, responsabilidade

e comprometimento da equipe.

Davis e Newstrom (2004) sugerem que quando o trabalho é

independente, eles agem como um grupo de trabalho e buscam desenvolver

uma condição de elaboração denominada trabalho em equipe, que nada mais é

do que um pequeno grupo cooperativo que se encontra regularmente, estando

comprometido numa ação coordenada. Quando os membros sabem dos seus

objetivos, contribuem entusiasticamente para a tarefa e se dão apoio mútuo.

35

Existem pelo menos quatro ingredientes que contribuem para o

desempenho de um trabalho em equipe: uma ambiente de apoio, habilidades

adequadas às necessidades do cargo, metas superiores e recompensas à

equipe.

Davis e Newstrom (2004) destacam que o trabalho em equipe tem

mais probabilidade de desenvolver quando constrói um ambiente que lhe dê

apoio. As medidas de apoio ajudam o grupo a dar os primeiros passos

necessários ao trabalho em equipe, os quais contribuem para maior

cooperação, confiança e compatibilidade.

Os membros de uma equipe devem ser razoavelmente qualificados

para executar as suas tarefas e desejar colaborar. Além disso, eles só poderão

trabalhar juntos como uma equipe depois que todos os membros do grupo

conhecerem os papéis daqueles com quem irão interagir. Quando existe este

entendimento, os membros podem agir imediatamente como uma equipe

baseando-se nas necessidades da situação, sem esperar que alguém lhes dê

uma ordem. Metas superiores somente podem ser atingidas se todas as partes

carregarem seu peso. Elas servem para focalizar a atenção, unificar esforços e

estimular equipes mais coesas.

Sendo complexo e dinâmico, o trabalho em equipe é sensível a todos

os aspectos do ambiente organizacional. Como o poderoso carvalho, o trabalho

em equipe cresce lentamente, pode cair rapidamente, da mesma forma que o

carvalho rompe-se no chão da floresta. Por exemplo, muitas mudanças e

transferências de pessoal interferem nas relações grupais e impedem o

crescimento do trabalho em equipe.

Existem também outros problemas potenciais. O afastamento das

linhas clássicas de autoridade pode dificultar o trabalho responsável de alguns

36

funcionários. A larga participação nas tomadas de decisão consome muito

tempo.

Um líder desempenha um papel fundamental tanto na construção

quanto no desenvolvimento das equipes de trabalho. Lembrando, no entanto,

que outros elementos devem estar presentes em uma equipe para que

apresente um desempenho de excelência, além da presença de um líder com

certas características e comportamentos.

Cavalcanti et al. (2005) identificaram dezenas de competências

fundamentais aos líderes, assim como papéis que um líder deve assumir para

desenvolvimento de sua equipe. Os papéis estão relacionados à gestão de

pessoas, processos, metas e mudanças.

Ressaltaremos os aspectos referentes à gestão de pessoas. Nesse

caso, o líder assume o papel de mentor (escuta, apóia e reconhece os esforços

dos empregados) e de facilitador (estimula o esforço coletivo, cria coesão moral

e administra os conflitos).

O papel de mentor ou daquele que orienta uma equipe tem sido

destacado como fundamental para a efetividade de uma equipe de trabalho. O

líder deve identificar as necessidades de aprendizagem de sua equipe,

recomendar treinamentos e outras ações educacionais que visem suprir essas

necessidades, orientar quanto a melhor maneira de realizar o trabalho,

respeitando e valorizando as iniciativas da equipe. Quanto ao papel de

facilitador, cabe destacar a importância da gestão de conflitos.

Pessoas com formações, experiências, visões de mundo e

personalidades diferentes tendem discordar mais com relação aos assuntos

tratados em equipe e os conflitos se fazem presentes. No entanto, esse mesmo

aspecto da heterogeneidade do grupo é apontado como relevante para

37

criatividade. Devemos destacar que nem sempre os conflitos se originam da

heterogeneidade da equipe, mas podem se originar de fatores externos à

mesma e exercem influencia em seu desempenho, tal como a competitividade

reinante no mundo atual.

Se quisermos pessoas críticas, devemos estimular a participação

delas. Assim, o líder deve ser democrático e estimular a participação de sua

equipe, solicitando opiniões, avaliações e sugestões voltadas para o trabalho.

Dessa forma, a autoconfiança das pessoas é estimulada e a crença na

capacidade de aprendizagem é contínua.

38

CONCLUSÃO

Esta pesquisa teve como objetivo analisar o comportamento humano

no trabalho avaliando que um bom profissional de Recursos Humanos deve

saber lidar com a subjetividade humana, criar ambiente propício à

aprendizagem e o desenvolvimento de habilidades, assim como estimular a

motivação dos trabalhadores através da intervenção no ambiente.

Durante a pesquisa pude observar que o comportamento humano no

trabalho é cercado de vários fatores essenciais.

A comunicação, como canal através do qual as pessoas se

relacionam, tem enorme relevância nesta pesquisa, sem ela é praticamente

impossível que uma organização e indivíduo possam prosperar.

A liderança é fundamental em organizações e para o comportamento

das pessoas no trabalho, visto que é um fenômeno social, uma influência

interpessoal exercida em certa ocasião e dirigida através do processo de

comunicação humana para se atingir os objetivos específicos.

Em continuidade, a motivação é característica primordial para o

indivíduo se relacionar em seu ambiente de trabalho, sendo uma

responsabilidade gerencial que leva a pessoa a ter um bom desempenho ou

não no trabalho. Depende da sua gerência/líder conduzir essa ferramenta.

Não poderia deixar de mencionar que o trabalho em equipe é um fator

responsável pelo comportamento humano no trabalho. Quando os

componentes sabem dos seus objetivos, se sentem motivados, contribuem

para a tarefa e se dão apoio mútuo. Devemos observar que as recompensas

são bem aceitas quando se atinge o objetivo proposto.

39

Várias organizações propõem trabalho em equipe, mas na verdade, só

querem atingir as metas, esquecendo-se dos indivíduos como Seres Humanos.

Dessa forma, reflete no comportamento humano no trabalho que por

sua vez é muito complexo. Padrões, normas, demandas, expectativas, critérios

de avaliação, recompensas e punições compõem as variáveis externas do

comportamento. Sendo assim, enganoso imaginar que o comportamento

humano individual sirva de base para conclusões de atuação de determinado

grupo.

Baseado-se neste comportamento, pude observar sobre a linguagem

corporal. Um tema também complexo e muito interessante quando se trata de

Ser Humano.

Pela linguagem do corpo você diz muitas coisas aos outros e eles tem

muitas coisas para dizerem a você. Nosso corpo é um centro de informações

inclusive para nós mesmos. A maioria das pessoas ignora a existência da

linguagem do corpo quando se relacionam. Gestos, olhares, posição do corpo

e outros, comunicam normalmente a verdade que as palavras não conseguem

dizer.

De acordo com o livro “O corpo fala”, de Pierre Weil e Roland

Tompakow o corpo humano é divido em três partes: Águia (cabeça-controle e

inteligência), Leão (tórax-emoção) e Boi (abdômen-desejos instintivos). Então

uma pessoa com a cabeça (controle) baixa, curvada para frente (tórax e

abdômen reprimidos), passa uma imagem de submissão total. Ao contrário,

cabeça ereta e coluna reta mostram que você é uma pessoa segura de si.

Observei assim que todos os tópicos citados e as competências e

habilidades de cada indivíduo mais a qualidade de vida no trabalho podem ter

40

total contribuição para o comportamento humano no trabalho. Pois como

vimos, é complexo e envolve partes para se chegar ao final.

Quando se pensa na importância do comportamento humano no

trabalho nos deparamos com o saber lidar com as incertezas, pois é um

desafio que as sociedades, organizações e os próprios indivíduos tem que

enfrentar no mundo cada vez mais globalizado. O contato com as

imprevisibilidades impulsiona o surgimento de novas visões de mundo, altera

antigos paradigmas e modifica as concepções pessoais, gerando, sentimentos

de angústias, ansiedade e estresse. Portanto, compreender melhor esse

processo é fundamental para que se possa repensar e construir políticas de

trabalho adequadas à realidade.

41

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