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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PROFESSOR, A SALA DE AULA E SEUS DESAFIOS
Apresentação de monografia À AVM Faculdade Integrada como
requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Docência do Ensino
Superior.
Por.: Pedro Raimundo de Oliveira
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO "LATO SENSU"
AVM FACULDADE INTEGRADA
O PROFESSOR, A SALA DE AULA E SEUS DESAFIOS
Por: Pedro Raimundo de Oliveira
Orientador
Prof. Pablo Santos
Rio de Janeiro
2013
AGRADECIMENTO
Agradeço a DEUS pela oportunidade de estar realizando este trabalho. Aos meus
amigos Domingos Raimundo e Carla Gama que de forma especial, me deram força e coragem.
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a meu filho Pedro Oliveira e minha irmã Fatima Luziete que com
muito carinho e apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida.
RESUMO
Este estudo tem por objetivo discutir a prática dos professores em
sala de aula face as repercussões das mudanças advindas do contexto social,
econômica e Política.
Constatou-se que a atividade pedagógica, especialmente a prática
do professor no interior da sala de aula apresenta permanente desafios,
constantemente modificado.
Conclui-se que neste cenário pedagógico os seus atores, professor
e o aluno, ainda não sabem claramente como proceder na instituição de
ensino.
A situação de aprender e ensinar implica na organização e
construção de vários conteúdos e normas articuladas para serem ensinados
nas escolas o que chamamos de currículo e o relacional, pessoas que se
propõe a desenvolver outras pessoas.
A atividade pedagógica implica sempre em um movimento de trocas
entre professor, alunos e conteúdo de ensino.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................................... 1
CAPÍTULO I –
O PROFESSOR E OS DESAFIOS DA PRÁTICA DOCENTE............................. 2
CAPÍTULO II –
O PROFESSOR A SALA DE AULA E SEUS DESAFIOS................................... 5
CAPÍTULO III –
A POLÍTICA EDUCACIONAL ALCANÇA AS NECESSIDADES DO
PROFESSOR E A SALA DE AULA?................................................................. 15
CAPÍTULO IV –
O PROFESSOR DA ESCOLA PÚBLICA DOS GRANDES CENTROS
BRASILEIROS................................................................................................ 21
CONCLUSÃO......................................................................................................... 24
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ............................................................................... 30
1
INTRODUÇÃO
Este estudo aborda os aspectos intrínsecos ao âmbito educativo. O
sentido físico aqui atribuído se deve ao local onde acontecem as
aprendizagens e que é denominado escola.
Ainda que sejam largamente considerados e discutidos esses
processos, gera no educador a necessidade de uma discussão permanente, de
uma reflexão e apresentação de tais fatores e processos por meio do diálogo,
com os atores desse contexto.
Esse estudo apresenta um discussão técnica sobre três eixos de
análise: O professor e os desafios da prática docente, O professor, a sala de
aula e seus desafios e a Política educacional alcança as necessidades do
professor e a sala de aula?
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CAPÍTULO I
O PROFESSOR E OS DESAFIOS DA PRÁTICA DOCENTE
A busca do conhecimento pelo aluno no intuito de estimular sua
curiosidade e aprimorar suas habilidades em elaborar soluções criativas para
transformar a realidade social, da qual, faz parte (Bueno,2009) o Docente se
encontra, por vez, frente a novos desafios, onde práticas pedagógicas
autoritárias e conservadoras se fazem obsoletas na atualidade, precisando ser
repensadas.
A verticalidade no processo ensino-aprendizagem deve ser
substituída pela horizontalidade e pelas relações que, segundo Freire, consiste
em aprender ensinando e ensinar aprendendo.
Assim, o compromisso docente passa pela importância social do seu
trabalho. Cabe portanto ao professor se entender como um ser inacabado, que
vive em constante processo de construção, que aprende e ensina, devendo
conduzir sua prática através de reflexões e autocríticas que possibilitam a
aceitação do novo e a compreensão de que a educação é uma forma
importante de intervenção no mundo.
Nesse enfoque, o novo modo de pensar vem implicar no campo
educacional. A modificação da maneira como se dá a relação sujeito-
aprendizagem, professor-aluno, sujeito sociedade, passa a vigorar uma busca
constante de novos ambiente de aprendizagem mais adequadas ás
necessidades desse relacionamento, em que a prática pedagógica esteja
voltada para as relações interpessoais. Portanto, a busca de uma educação
libertadora é o conhecimento, por parte do educador, do contexto e a realidade,
na qual, os educandos estão inseridos.
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Nesse enfoque, o novo modo de pensar vem implicar no campo
educacional. A modificação da maneira como se dá a relação sujeito-
aprendizagem, professor-aluno, sujeito sociedade, passa a vigorar uma busca
constante de novos ambiente de aprendizagem mais adequadas ás
necessidades desse relacionamento, em que a prática pedagógica esteja
voltada para as relações interpessoais. Portanto, a busca de uma educação
libertadora é o conhecimento, por parte do educador, do contexto e a realidade,
na qual, os educandos estão inseridos.
Obtendo esta percepção, o educador substitui sua linguagem técnica
usual, por uma linguagem que é familiar para seus educandos.
Dentro desta atmosfera comum permite um diálogo aberto em que
se sobrepõe o respeito mútuo, dando voz aos educandos, que não se sentem
oprimidos pelo temor de vexames ou de castigos.
Gadotti destaca que “ a pedagogia conservadora humilha o aluno e a
pedagogia de Paulo Freire dá dignidade ao aluno, colocando o professor ao
lado dele com a tarefa de orientar e dirigir o processo educativo”
Em nosso sistema ainda vigora uma escola centrada no professor e
na transmissão de conteúdo, que valoriza as relações hierárquicas em nome
da transmissão do conhecimento e que continua vendo o indivíduo como seres
obedientes e castrados em sua capacidade criadora.
Cada indivíduo deve ser compreendido como construtor e
reconstrutor da sociedade em que vive. Sociedade que, também, está sempre
em constante transformação, necessitando assim de novas ideias, práticas e
inovações que podem ser construídas e reconstruídas por meio da pesquisa.
Ao que se refere à abordagem dos conteúdos, sabe-se que cada
professor, em sua prática docente, enfrenta sérios problemas, pois sofre
diversas pressões. Terminar todos os capítulos do livro, dar todo o conteúdo
planejado.
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É o embate entre quantidade versus qualidade. A ausência de uma
reflexão tem conduzido os professores a, ao selecionar conteúdos e métodos,
reproduzir uma cultura escolar já ultrapassada.
Isso mostra que o valor da ação do professor revela-se na
capacidade de conflitar os problemas e buscar alternativas para o êxito da
relação conhecimento e promoção da aprendizagem. O professor precisa ter
além do conhecimento, a capacidade, o saber fazer. Para isso, é fundamental o
conhecimento didático.
Embora não seja cabível dizer, mas nesse caso faz sentido a
expressão “Esse professor não tem didática” ou seja, ele tem conhecimento,
mas não sabe como repassar ou aplicá-lo.
Falar em educação nesse momento de contemporaneidade e de
mudanças radicais em que estamos presenciando constantemente pela mídia e
pelo mundo é um desafio ao qual o profissional docente está sendo foco das
atenções.
Quando se tem apoio e subsídios da escola e do próprio estado é
relevante construir e delinear passos para um boa educação, mas a carência
de tudo isso faz gerar certos paradoxos em torno do profissional da educação
que não encontra meios de estimular o aluno a ter gosto pela disciplina, criando
dessa forma barreiras entre professor e aluno e conhecimento.
Ter clareza acerco do papel cultural da escola é algo importante e
necessário. No entanto, é preciso, além disso, definir a maneira como esse
papel é apontado nos programas escolares e nas práticas dos professores.
Mais do que definir o conteúdo cultural que integrarão os programas
curriculares, é preciso sinalizar as orientações ou os princípios que guiarão as
escolhas culturais dos professores.
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CAPÍTULO II
O PROFESSOR A SALA DE AULA E SEUS DESAFIOS
Considerada como proposta ideal, uma aula sempre pode ser bem
aproveitada” toda aula, em resumo, seja qual for o objetivo a que vise, e por
mais claro,preciso,restrito, que este se apresente tem sempre uma repercussão
mais ou menos ampla, no comportamento e no pensamento do aluno”.E,
provavelmente o ganho ou a aprendizagem passa ser considerado o produto
de tudo isso.
Portanto ao se enfatizar os desafios vivenciados pela trajetória
profissional como docente, poderia classificá-los em dois tipos: desafios
localizados no sujeito e desafios localizados no processo de aprendizagem.
Na primeira condição, observa-se que toda pessoa em processo de
aprendizagem enfrenta, de certa forma algo com o que poderia chamar de
“dificuldade” pois aprender é um processo que consiste em abandonar algo, ou
romper com alguma coisa, o que resulta em resistência para aprender.A
resistência para aprendizagem pode ser manifestada de diversas formas pelos
alunos,desde a falta de pontualidade e frequência as aulas até as dificuldades
de associação e compreensão dos conteúdos propostos. Esse é um processo
natural do aprender,e, diga-se de passagem, que essa característica da
aprendizagem se enfrentava no passado como também se enfrenta
atualmente.
Na segunda condição, estariam os desafios localizados no processo,
o que implica na avaliação dos métodos de ensino, dos recursos,dos
conteúdos, do professor e toda série de questões institucionais presente.
Nesse caso, sabe-se que em muitas vezes um professor tem um programa de
ensino a cumprir, esse programa nem sempre vem ao encontro dos interesses
e objetivos do aluno, ou nem sempre é bem compreendido por ele, o que os
leva, muitas vezes, a aceitar o conteúdo como mais uma tarefa acadêmica sem
significado para sua vida prática. Um problema ou um desafio?
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O professor, sempre está integrado com o plano curricular do curso,
por isso ele não tem autonomia para mudar o conteúdo e em alguns casos o
seu método de ensino, pois está comprometido com a proposta de ensino. Isto
quer dizer, um plano de currículo envolve outras disciplinas, outros professores,
a filosofia da instituição, os objetivos do curso ou nível de ensino. Dessa forma,
o professor assume um compromisso que não pode ser rompido, essa é sua
função como profissional da educação.
Diante deste contexto profissional do professor, os desafios junto
aos alunos podem se avolumar, pois a uma negativa do professor, como por
exemplo: não ter aula, trocar ou não fazer provas- o aluno poderá entender
como rigidez do professor. E o professor por seu lado está a cumprir com sua
função docente.
Esses desafios aconteciam e continuam acontecendo. Ainda é
necessário destacar em termos de mudanças ou dificuldades enfrentadas na
docência e que vem a incrementar o conteúdo acima exposto, a revolução
tecnológica que, seguramente deu outra face ao ensino e a aprendizagem.
Nessa questão relacionada ao redimensionamento da prática
docente, existem hoje muitas facilidades para professores e alunos.Exemplo
disso é a facilidade na comunicação, acesso aos meios de informação e
comunicação, a ênfase na pesquisa, que são fatores que modificam a
característica da aula.
Tal abordagem foi descrita por Libâneo ao sugerir que “o professor
não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os
alunos. (1994,p.250)
Assim, podemos constatar que os desafios do professor, são de
ontem e são de hoje, mas sempre podem ser mudados pelo professor, que de
posse do saber, sabe contextualizar em suas bases sociais e políticas,
reconhecendo as mudanças e a demanda existente.
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O professor no exercício das atividades pedagógicas que lhe são
conferidas, como função profissional, enfrenta vários desafios diante das
mudanças sociais.
A sala de aula é um espaço pedagógico onde acontecem as
interações sociais favoráveis à construção do conhecimento e à troca de
experiências, informações, ideias e opiniões que contribuem para o
crescimento educacional do indivíduo .Nela a ação pedagógica estruturada no
trabalho de grupos, além de propiciar as necessárias trocas de informações,
cria situações que favorecem o desenvolvimento da sociabilidade, da
cooperação e do respeito mútuo entre os alunos, garantindo aprendizagens
significativas.
Na sala de aula, a função do docente é promover a aprendizagem
dos alunos, reconhecendo a importância de envolvê-los; mobilizar seus
processos de pensamentos; explorar todas as dimensões e oportunidades de
aprendizagem; fazer e refazer percursos; criar e renovar procedimentos,
visando sempre seus alunos reais, que formam grupos com características
próprias.
Sendo o professor o mediador do processo ensino-aprendizagem na
sala de aula, este,segundo CARVALHO & PÉREZ, deve:
Conhecer os conteúdos a serem ensinados.
Conhecer e questionar a realidade.
Adquirir conhecimentos teóricos sobre aprendizagem(...)
Estabelecer relações dos conteúdos específicos com a realidade
sociocultural dos alunos.
Refletir criticamente sua ação pedagógica.
Saber preparar atividades capazes de gerar uma aprendizagem
efetiva.
Saber dirigir o trabalho dos alunos.
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Saber avaliar.
Utilizar a pesquisa e a inovação (1995:19)
É necessário também o professor saber organizar o espaço de sala
de aula para que esta se torne um ambiente vivo e dinâmico, pois diferentes
atividades requerem diferentes necessidades e diferentes arrumações.
Podemos desenvolver o trabalho pedagógico em diferentes espaços,
a saber: pátio,jardim,quadra,laboratório,sítio,terreno e outros lugares. Os
professores descrevem um cotidiano no qual sua atuação não se resume
apenas ao campo da didática, mas engloba um espectro mais amplo, no qual
está incluído o enfrentamento de questões ligadas a convivência, ao
comportamento e à formação de atitudes e valores.
A falta de apoio e interesse da família é, do ponto de vista dos
professores, um fator determinante. Pais que tem pouco tempo para os filhos e
baixo envolvimento com a educação destes estão, para os professores em sua
maioria, entre os principais fatores que explicam o baixo rendimento dos
alunos.
É claro que a problemática da violência e dos conflitos traz para a
escola e para os professores uma série de elementos novos, certamente não
contemplados no programa dos cursos de formação de professores.
É preciso observar também os problemas enfrentados pelos
professores na questão estrutural, como falta de equipamentos, salas
superlotadas, instalações deficiente ou mal conservadas.
Há lacunas também em relação ao trabalho pedagógico, como falta
de materiais, a necessidade de aulas de reforço, para garantir o aprendizados
dos alunos com menor nível de conhecimento, a falta de conhecimento
didático, todos aparecem como elementos importantes.
Em que pese o esforço de informatização da escola, o computador
ainda não é uma realidade na grande maioria das escolas públicas urbanas até
porque recursos fundamentais representam graves carências, como uma boa
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lousa, boa iluminação, livros didáticos, paradidáticos e literários ainda não
estão disponíveis em um número significativo de escolas.
E o aluno, qual seria o seu papel? Os professores expressam uma
visão de certa forma ambígua,que traz à tona temas ligados à convivência e à
gestão dos conflitos na escola e sugere a dificuldade dos docentes de
relacionar o processo de ensino/aprendizagem com as questões próprias da
formação de valores.
O aluno é visto como um agente positivo para a educação,mas, ao
mesmo tempo, é avaliado como uma das principais interferências negativas.A
mesma dicotomia pode ser notada em relação à influência da família e da
comunidade.
Outro lado que chama a atenção é a tendência do professor de
isentar-se da responsabilidade pela problemática da qualidade de ensino.
É interessante observar que, embora exista um consenso em
relação à baixa qualidade da educação no Brasil, não se nota a mesma
convergência de opiniões em relação aos aspectos que contribuem para essa
situação.
De maneira geral, os professores identificam a si próprios como
agentes positivos, com grande relevância nos resultados do aprendizado, e
tendem a considerar a família, e mesmo o próprio aluno, como atores
importantes, ainda que, em certa proporção,tenham uma participação negativa
no processo.
Segundo Sandra Rief (2001), especialista em Educação Especial e
Recursos de Aprendizagem, algumas condições pré-existente podem
desencadear problemas para portadores de TDAH na sala de aula, estas
condições podem ser:
Físicas: fatores internos como fadiga, fome, desconforto físico, etc.
Meio Ambiente: barulho, posição da carteira, localização da sala, etc.
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Atividade ou evento específico: alguma coisa frustrante, tediosa,
inesperada,superestimulante.
Tempo específico: hora do dia, dia da semana.
Demonstração de habilidade ou necessidade de atuação: no
comportamento nas relações sociais na produção acadêmica (expectativa de
fazer algo difícil, desagradável ou que provoque ansiedade).
Outras: interação negativa com alguém ser alvo de brincadeiras ou
provocações etc.
Com o objetivo de prevenir problemas na sala de aula, o professor
deve procurar alterar essas condições pré-existentes. Algumas sugestões:
• Criar um ambiente “seguro”, reduzindo o medo e o stress.
• Aumentar a estrutura
• Estabelecer uma rotina previsível ( São difíceis de se adaptarem a
novas situações)
• Ajustar os fatores ambientais ( temperatura, iluminação, móveis,
estímulos visuais etc.
• As regras, limites e procedimentos a serem seguidos devem ser
claramente definidos,ensinados e praticados.
• O ensino do sucesso de todos.
• Estrutura as lições de modo a permitir participação ativa e
resposta interessada.
• Proporcionar mais escolhas e opção a fim de provocar interesse e
motivação.
• Proporcionar mais tempo e mais espaço; se necessário, mudar o
tempo e o espaço.
• Proporcionar ritmo adequado.
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• A supervisão deve ser mais frequente.
• Aumentar as oportunidades de movimentação física.
• Ensinar estratégias de autocontrole(relaxamento,visualização,
respiração profunda)
• Utilizar as estratégias de “tempo para se acalmar”, “pausa para
descanso” como medida preventiva.
• Trabalhar as dificuldades acadêmicas, sociais e comportamentais.
• Proporcionar maior encorajamento e retorno positivo.
• Aumentar o número de dicas e incentivos, especialmente os
“toques” visuais e sinais não verbais.
Estratégias para atrair a atenção e participação dos alunos:
• Usar voz calma, bem como uma tranquila linguagem corporal-
requisitar, redirecionar e corrigir de maneira eficiente e respeitosa.
• Estratégias para atrair a atenção e participação dos alunos:
• Faça uma pergunta interessante e especulativa, mostre uma
figura, conte uma pequena estória ou leia um poema relacionado para gerar
discussão e interesse para a próxima lição.
• Tente um pouco de brincadeira ou tolice, drama (use objetos e
estórias) para conseguir a atenção e estimular interesse.
• Mostre animação e entusiasmo sobre a próxima lição.
• Diminua o tempo que o professor fala.Faça o máximo de esforço
para aumentar mais as respostas dos alunos (dizendo ou fazendo alguma
coisa com a informação que está sendo ensinada).
• O uso de parceiros (duplas) é talvez o método mais eficaz de
maximizar o envolvimento do aluno. O formato de parceiros assegura que
todos estejam envolvidos ativamente não apenas alguns.
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• Formule as lições usando um ritmo animado e uma variedade de
técnicas de questionamento que envolvam a classe toda, parceiros e respostas
individuais.
• Antes de pedir uma resposta oral, faça uma pergunta e peça que
os alunos anotem primeiro o que eles acharem que seja correto.Depois peça
que voluntários respondem oralmente.
• Use folhas de resumo que são resumos parciais enquanto você
explica a lição ou dá uma palestra, os alunos preenchem as palavras que estão
faltando baseado em o que você está dizendo ou escrevendo no quadro.
• Contato com os olhos. Os alunos devem estar virados para você
quando você está falando, especialmente quando instruções estão sendo
dadas.Se os alunos estiverem sentados em grupos, peça aqueles que não
estão diretamente voltados para você que virem suas cadeiras e corpos
quando sinalizados a fazer isso projete sua voz e certifique-se estar sendo
ouvida claramente por todos.Esteja consciente de outros barulhos na sala de
aula como ar condicionado e outros.
• Chame o aluno para perto de você para explicação direta.
• Use recursos visuais, escreva palavras chave ou figuras no
quadro. Use figuras,diagramas,gestos,demonstrações e materiais de alto
interesse.
• Ilustre: não importa se você não desenha bem durante suas
explicações.Dê a você mesmo e aos alunos permissão e encorajamento para
desenhar,mesmo que não tenha talento.Desenhos não precisam ser
sofisticados e exatos.Aliás, geralmente quanto mais tolo melhor.
• Aponte para o material escrito que você quer enfocar com um
apontador ou laser.Retroprojetores estão entre as melhores ferramentas para
aprender a atenção na sala de aula.
• No retroprojetor o professor pode modelar facilmente e destacar
informações importantes.Transparências podem ser preparadas com
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antecedência,poupando tempo. As transparências podem ser parcialmente
cobertas,bloqueando qualquer estímulo visual que possa distrair.
• Ande pela sala- mantendo sua visibilidade.
• Esteja bem preparado e evite atrasos nas explicações.
• Use técnica de alto nível para perguntas. Faça perguntas abertas,
que requerem raciocínio e estimulam pensamentos críticos e discussão.
• Use programas de computador motivadores para construção de
habilidades específicas e para fixação (programa que fornecem feedback e
autocorreção).
Estratégias e suportes para lidar com problemas sociais e
emocionais:
• Tente variar a organização de assentos para proporcionar uma
situação em que o aluno sinta-se confortável.
• Dê ao aluno responsabilidade na sala de aula/escola.
• Reduza o número de tarefa ou modifique para possibilitar um
maior índice de sucesso nos alunos.
• Tente identificar o que está causando estresse e frustração ao
aluno.
• Reduza tarefas com papel/lápis e permita outros meios de
produção.
• Amplie o tempo para completar a tarefa.
• Use instruções curtas acompanhadas por demonstração ou
exemplo visual.
• Forneça atividades que o aluno possa ter sucesso
(academicamente e socialmente)
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• Descubra o interessa dos alunos e proporcione atividades que
correspondam a esses interesses.
• Chame atenção para as potencialidades dos alunos e demonstre
os talentos dele/dela, suas ilhas de competência.
• Dê responsabilidades ao aluno de ser um assistente do professor,
monitor, modelo, líder do grupo, etc.
• Aumente a comunicação com os pais.
• Aumente as oportunidades de encontrar com o aluno
individualmente e estabelecer um relacionamento de apoio.
• Ensine habilidades sociais apropriadas, estratégias de lidar com
situações e resolver problemas.
• Aumente significativamente as interações positivas, frequência de
elogios e feedback.
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CAPÍTULO III
A POLÍTICA EDUCACIONAL ALCANÇA AS NECESSIDADES DO
PROFESSOR E A SALA DE AULA
Se o professor mostra-se convicto e consciente de sua importância
para a sociedade, o mesmo não ocorre quanto à sua opinião a respeito do que
a sociedade pensa de sua profissão. Para 22% dos entrevistados, o docente
não é devidamente valorizado pela sociedade.Para a metade dos ouvidos, a
sociedade dá aos professores pouco ou nenhum valor.
Há, sem dúvida, uma questão de desprestígios social que
provavelmente impacta na motivação e no desempenho do professor.
O fator idade e a modalidade de ensino também auxilia na
compreensão dos indicadores levantados.A visão crítica em relação ao
desprestígio social é maior entre os que lecionam no ensino Médio.Ao mesmo
tempo, os professores mais maduros tendem a sentir-se menos afetados pelo
baixo reconhecimento da profissão.
Embora, de maneira geral, os professores apresentem-se satisfeitos
com sua profissão, esse índice é um pouco maior entre os da faixa etária mais
jovem e entre aqueles que se dedicam a alunos das séries mais avançadas.
A fala espontânea dos professores sobre o que os motiva a exercer
a profissão traduz uma boa dose de idealismo: para 53% dos entrevistados –
de todas as idades e modalidades de ensino- é o amor à profissão que os leva
a dar aulas.
A possibilidade de contribuir para a sociedade, preparando as
crianças e os jovens para o futuro e formando cidadãos, aparece também como
estímulo importante no âmbito social.
Não deixa de ser um alerta, porém, que os aspectos mais ligados ao
retorno profissional, como salário, surjam apenas no antepenúltimo lugar. A
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questão da profissionalização efetiva da carreira do professor, especialmente
no que tange às condições de exercício profissional, está em pauta no país.
Quando estimulados a refletir sobre diversos aspectos referentes ao
exercício da profissão, os professores dos grandes centros urbanos brasileiros
reafirmam a tendência de valorizar a flexibilidade de sua atuação em sala de
aula, mostrando-se bastante satisfeitos com sua didática, formação e liberdade
de atuação.Também declararam estar, em geral, contentes com o
relacionamento com superiores,coordenadores e direção da escola.
As principais deficiências estruturais da escola são atribuídas a
pouca assistência dada ao aluno na área social e na de saúde, ao elevado
número de alunos por sala, além da já detectada falta de preparo para a
inclusão de alunos com necessidades especiais.
Essas opiniões refletem a demanda por uma maior integração das
políticas públicas e da condição mais adequada de infraestrutura, enquanto
apontam o descompromisso de uma parcela dos professores com aspectos
mais amplos da formação e do cuidado com tema cuja responsabilidade é
atribuída à família.
Mais uma vez aparecem como principais fontes de insatisfação a
falta de interesse dos alunos e da família no processo de aprendizado.
Por outro lado, algumas questões que já foram consideradas mais
problemáticas no Brasil, como a merenda escolar ou mesmo as instalações
físicas da escola, de maneira geral, são avaliadas positivamente por
professores que lecionam nos grandes centros urbanos do país.
Um ponto que não foi apontado como relevante pelos professores,
mas surge indiretamente neste estudo e incide de maneira alarmante na
condição do trabalho docente, é a questão da disponibilidade de tempo do
professor para as várias atividades que seu trabalho pressupõe.
Os professores passam cerca de 29 horas semanais em sala de
aula.Para o planejamento das aulas-atividade considerada importante por
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praticamente todos os professores ouvidos-são reservadas,aproximadamente,
seis horas semanais.
Agregadas às demais atividades extraclasse, tais como elaborar
avaliações,corrigir trabalhos e provas,realizar reuniões com coordenação,
dedicar-se a leituras e estudos para manter-se atualizado e atender a pais e
alunos, o professor tem, em média, uma jornada de trabalho de 56 horas
semanais.
A elas deve-se somar o tempo gasto para deslocar-se de casa para
a escola e entre as diferentes escolas em que atua: e aí se vão outras oito
horas semanais.
Certamente, o que sobra é pouco tempo para as possibilidades de
lazer, cultura e de vida pessoal. Um ritmo de trabalho menos exigente talvez
proporcionasse uma aproximação maior com os alunos e seus pais.
Há uma demanda implícita por mais tempo para o estudo, para
manter-se atualizado e para o trabalho em equipe, reconhecidamente eficaz.
A pouca disponibilidade de tempo produz impactos ainda mais
dramáticos naqueles professores que atuam no ensino Fundamental II e no
Ensino Médio e têm sob sua responsabilidade direta uma média de turmas
muito mais alta do que os professores das crianças mais novas: são cerca de
dez a 11 turmas entre o sexto e o nono ano no ensino fundamental e no ensino
Médio, ante cerca de duas a três turmas na educação Infantil e no ensino
Fundamental.
Como ressaltado anteriormente, o nível de satisfação com a
profissão é sensivelmente menor entre os que lecionam nas séries mais
avançadas e , numa ponderação geral, é no ensino Médio que encontramos os
professores mais críticos, seguidos por aqueles que lecionam no ciclo
fundamental II.
Nesses dois grupos, é possível notar maior dificuldade no que se
refere ao relacionamento com pais de alunos, ao nível de aprendizado e ao
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interesse do estudante, bem como em relação aos recursos didáticos
disponíveis.
A remuneração e benefícios são motivos de muita insatisfação para
44%¨dos entrevistados do ensino Médio, o que ocorre com apenas 18% dos
que ensinam nas primeiras séries.Essa opinião também é refletida na menor
satisfação com o fato de trabalhar na rede pública e na avaliação do sistema de
pontuação utilizado para o progresso na carreira ou até mesmo no desejo de
maior oferta de cursos gratuitos de aprimoramento.
Já a insatisfação gerada pela grande quantidade de alunos por sala
é um problema comum a todas as modalidades de ensino.
Por outro lado, é de se notar a satisfação dos docentes com a
própria atuação, o grau de preparo e mesmo com a sua formação inicial, o que
contrasta frontalmente tanto com a sua percepção global sobre a escola
pública como os próprios resultados que os alunos alcançam nos exames que
avaliam o rendimento acadêmico.
O professor valoriza muito a sua liberdade de atuação em sala de
aula, e considera satisfatório o apoio pedagógico recebido da coordenação e
da direção da escola.Embora as deficiências de infraestrutura e recursos
didáticos mereçam alguma crítica dos professores, de maneira geral estes são
considerados suficiente.Na visão dos professores, não estaria,portanto, nas
questões mais diretamente ligadas à escola,o motivo principal para um baixo
nível de aprendizado do aluno.
Há demandas claras, que podem ser sintetizadas nas seguintes
áreas:
- Maior integração do tripé: escola/comunidade/família;
- Formação inicial e continuada mais adequadas à realidade da sala
de aula;
- Remuneração, acompanhada de valorização social da profissão;
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- Uma definição mais clara do que é papel da escola, da família e do
Estado, permitindo uma revisão de uma face paternalista da escola e do
professor;
- Melhoria das condições de trabalho por meio, entre outros, da
redução do número de alunos e turmas e qualificação do tempo extraclasse;
- Melhoria das condições de infraestrutura e recursos pedagógicos.
Se o professor não está recebendo apoio nas áreas em que espera,
não seria necessário um encontro entre as políticas governamentais e as
demandas reais e cotidianas do docente? Ao mesmo tempo, em um ambiente
em que predominam as críticas à ineficiência dos processos – sejam os
internos à escola, sejam os ligados à estrutura do sistema como um todo, não é
preciso que os diagnósticos busquem maior clareza na definição das
responsabilidades de gestores públicos, docentes ou mesmo de outros atores
sociais?
Sob a ótica docente, a educação, e por consequência o papel do
educador como principal agente no processo formativo, sustenta-se sobre um
tripé formado pelo aluno, sua família e a estrutura da escola.Em sua visão,
parecem estar excluídos outros atores de fundamental importância na cadeia
de valor da educação pública: o poder público, as universidades, as entidades
representativas da categoria, gestores escolares e outros agentes da
sociedade, capazes de incidir de maneira efetiva na mudança da realidade que
o cerca.
Se na fala dos educadores percebe-se uma série de contradições, é
porque elas efetivamente existem.Seria um erro ignorá-las ou subestimá-las. É
justamente do enfrentamento dessas contradições que depende uma inversão
de perspectivas, na qual o professor deixe de ser visto como parte do problema
e por meio da participação, passe a ser incorporado como trajetória de solução.
A sociedade brasileira já identificou a educação como um dos fatores
prioritários para o desenvolvimento do país e o professor é o elemento-chave
para que as mudanças possam ser realizadas.
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Em permanente busca de melhor formação, é ele quem conhece o
dia a dia da sala de aula, quem convive com o aluno esforçado ou
indisciplinado, quem lida diretamente com os reflexos da violência e da
desigualdade. Cabe ao Estado e à sociedade fornecerem instrumentos para
promover essa transformação, dando suporte ao trabalho docente.
Por outro lado, os professores também expressam valores positivos,
entre eles, a importância da escola para formar cidadãos conscientes e
prepará-los para um futuro melhor e para o mercado de trabalho.
Como variáveis fundamentais para o bom desempenho da educação
no país, surgem em primeiro lugar, os próprios professores, seguidos pela
possibilidade de uma formação continuada.
No contexto dos fatores que influem negativamente, na visão dos
docentes, a falta de verbas é apontada como uma das vilãs da má qualidade
do ensino.
Por outro lado, chama a atenção o fato de que, mesmo entre
professores de escolas públicas de grandes centros urbanos, tenha baixa
incidência a atribuição de responsabilidade aos agentes públicos ( entre eles, o
Ministério da Educação,Secretarias de Educação e Direção da Escola), nos
resultados do sistema educacional.
Quando questionados sobre as expectativas em relação ao futuro da
educação no país, os professores têm uma visão negativa do cenário do
sistema educacional em dez anos, principalmente os que residem nas grandes
cidades das regiões sul e sudeste e aqueles que lecionam no Fundamental II e
no Ensino Médio.
21
CAPÍTULO IV
O PROFESSOR DA ESCOLA PÚBLICA DOS GRANDES
CENTROS BRASILEIROS
O perfil dos professores às questões deste estudo confirma uma
percepção empírica do predomínio feminino nas salas de aula brasileira: 77%
dos professores entrevistados nas escolas públicas são mulheres, constatação
que se repete em todas as regiões brasileiras.
A média esconde diferenças consideráveis quando se tomam por
parâmetro as modalidades de ensino. Se na Educação Infantil e no Ensino
Fundamental I, a figura da professora prevalece, no ciclo do Fundamental II e
no Ensino Médio há uma nítida elevação do número de homens, embora ainda
representem minoria.
Não deixa de ser relevante notar a presença masculina na Educação
Infantil, ainda que pequena, mas marcante, o que pode alimentar reflexões
sobre a importância da participação dos homens nessa etapa do ensino.
Quanto à faixa etária, percebe-se que o professor é um profissional
de meia-idade. Não é muito jovem e inexperiente, tampouco é um cidadão em
vias de se aposentar. Por volta de 42% referem-se a professores cuja idade
oscila entre 36 e 45 anos.
Os mais jovens são os profissionais da Educação Infantil. Pouco
mais de um terço dos professores situa-se na faixa etária de até 35 anos. Por
outro lado, encontra-se no ensino Médio a menor porcentagem de professores
nesta faixa etária, em torno de 24%.
Quanto a formação, a imensa maioria dos professores dos grandes
centros urbanos possui nível superior completo. Essa formação é ligeiramente
menor entre os professores da Região Nordeste.
22
É preciso analisar separadamente os dados por modalidade de
ensino, uma vez que as exigências profissionais para exercício da função,
foram historicamente diferentes.
Com relação ao ensino Médio, a totalidade dos professores cursou
uma faculdade, e cerca de 20% frequentaram um curso de pós-graduação. No
Ensino Fundamental II, constatam-se números semelhantes, mas nas demais
modalidades estudadas, uma parcela da ordem de 22% na Educação Infantil e
de 14% no ensino Fundamental I não completou a graduação.
Quanto à trajetória percorrida em sua formação escolar, a maioria
dos docentes é egressa da escola básica pública, mas passou por faculdades
privadas na graduação ou na pós-graduação.
Mais as maiores disparidades são encontradas nas diferentes
modalidades de ensino: a proporção dos que concluíram a formação média na
escola privada se eleva, conforme avança-se pelas etapas do ciclo escolar. Em
torno de 15% dos docentes da Educação Infantil concluíram o ensino Médio na
rede particular de ensino. Esta proporção chega a 32% entre os que atuam no
ensino Médio.
Quando analisamos a graduação, a situação inverte-se. Os
professores do Ensino Médio são os que mais frequentaram instituições
públicas, normalmente apontadas como as de mais qualidade. Entre os que
lecionam no Ciclo Fundamental I, essa parcela é bem menor, da ordem de
32%.
Estes dados mostram que entre os professores repete-se uma
tendência comum à sociedade brasileira, segundo a qual os alunos da rede
pública tendem a frequentar as faculdades privadas, enquanto os que tiveram a
possibilidade de frequentar a educação básica particular conseguem ter acesso
à universidade pública, obtendo, assim, via de regre, uma melhor formação
acadêmica.
Os professores graduaram-se, em sua maioria, nos cursos de Letras
ou de Pedagogia. Como seria de esperar, há diferenças conforme as
24
CONCLUSÃO
Contudo, as mudanças esperadas para o futuro, espera-se
expectativas positivas, mais investimentos em capacitação, melhores
salários,escola mais equipadas, parceria com a família e a sociedade, além de
maior participação do governo.No sentido inverso, a má qualidade e a
degradação do ensino público no país, a falta de professores, a evasão escolar,
assim como a diminuição das verbas públicas, surgem como desafios a serem
vencidos.
É preocupante ver que, apesar de todos os esforços realizados em
diversas instâncias administrativas para implantar sistemas de avaliação do
rendimento escolar, os principais instrumentos ainda são desconhecidos por
parte dos professores nos grandes centros urbanos.O Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem), é sem dúvida, o de maior notoriedade.Os dados
mostram também que há um intervalo entre o lançamento de iniciativas
públicas nesse campo e a resposta das escolas, para qual certamente
contribuem deficiências de comunicação com uma rede muito vasta e dispersa.
Em 2007, o Ministério da Educação acabava de lançar o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador que resulta do
cruzamento do fluxo escolar e das médias de desempenho nas avaliações
oficiais e é base para diversas políticas públicas ligadas à qualidade de
ensino.Contudo, neste ano, o indicador permanece desconhecido a uma parte
dos professores.
A prova Brasil, realizada desde 2005 (aplicada universalmente a
estudantes de quarta a oitava série do Ensino Fundamental de escolas
públicas urbanas com mais de 30 alunos), é lembrada espontaneamente por
poucos professores que lecionam no Ensino fundamental.
25
Dois enfoques tem sido utilizados na análise de problemas da
educação: o externo e o interno. A análise externa parte de um olhar mais
global, abordando aspectos sócias, econômicos, culturais, institucionais das
políticas educacionais, das diretrizes curriculares, da legislação, da gestão dos
sistemas de ensino; pode-se dizer que analisa as questões da educação de
fora para dentro.
A análise interna aborda os objetivos, conteúdos as metodologias de
ensino, as ações organizativas e curriculares, a avaliação das aprendizagens,
isto é, refere-se ao funcionamento da escola, claro, sem perder de vista os
contextos.
O enfoque interno visa pensar a educação escolar “por dentro”, lá
onde as coisas acontecem. É óbvio que legisladores, pesquisadores, dirigentes
educacionais, professores, precisam levar em conta os dois enfoques. Mas, no
Brasil, nas últimas décadas, tanto no âmbito da gestão dos sistemas de ensino
como na própria pesquisa educacional, as análises externas têm se sobreposto
às internas.
As políticas educacionais estão fracassando porque elas não partem
da realidade escolar, de políticas voltadas diretamente ás escolas, das
necessidades dos professores, das condições de aprendizagem dos alunos. Os
quadros abaixo mostram a Revista HISTEDBR on-line ,campinas, n32, p.168-
178, dez.2008 – ISSN: 1676-2584170 interligação entre fatores externos e
internos, ou seja, como fatores sócio –culturais mais amplos afetam as
políticas educacionais e o funcionamento da escola.Alguns dos fatores
externos ao sistema escolar:
• Insuficiência ou precariedade do financiamento das políticas
educacionais.
• Insuficiência de um sistema nacional de educação, articulado.
• Falta de uma política global e permanente de formação,
profissionalização e valorização do magistério da educação básica.Total
26
desorganização dos dispositivos legais relacionados com o sistema de
formação de professores.
• Ausência de informação, de vontade política e de ações
estratégicas, por parte dos governantes e dos partidos políticos, do papel da
educação e da cultura no desenvolvimento da sociedade e do país.A educação
e o ensino no Brasil continuam se prestando muito mais a clientelismo, a trocas
de favores eleitorais, ao jogo de interesses, do que ao efetivo desenvolvimento
social e cultural.
• Notória dificuldade das entidades e sindicatos ligados ao
professorado em formular uma frente ampla para se pensar o sistema
educacional.Essas dificuldades nascem de posições divergente dentro do
campo, entre pesquisadores, militantes de associações, dirigentes de cursos
de formação, dirigentes de secretarias de educação,legisladores, etc.
• Reincidente falta de relação orgânica entre a universidade e a
educação básica; distorção salarial entre professores de nível superior e
professores da educação básica.
• Total desestímulo das políticas educacionais para motivar
estudantes a buscar os cursos de licenciatura.
Assim sendo, os fatores externos acabam por afetar diretamente os
fatores intra-escolares, isto é, o funcionamento interno das escolas:
• Deficiências da estrutura física das escolas, de equipamentos e
material escolar.
• Baixos salários dos professores e funcionários, falta de
regulamentação da carreira profissional e do regime de trabalho adequado.
• Insuficiente preparação profissional dos professores e
“tecnicização” da atividade docente, aligeiramento dos cursos de formação,
fracasso dos cursos de formação de professores das séries iniciais.
27
• Precarização do exercício profissional de professores de todos os
níveis de ensino.
• Falta de atendimento ás necessidade materiais e culturais dos
alunos, como livro didático, uniforme, biblioteca, práticas esportivas, saúde
escolar, etc.
• Resultados precários na aprendizagem dos alunos.
Em face dessa problemática, o que as políticas educacionais atuais
estão propondo?
O que está acontecendo no país é um arremedo de políticas
educacionais e uma ausência de políticas educativas. Observa-se a distinção
entre políticas educacionais, que são amplas, são do lado macro e políticas
educativas, que são as políticas para a escola, para o ensino e aprendizagem.
As políticas educacionais, desde a época da transição política, de identificada
com a visão economicista.
A avaliação externa transformou-se em motor das reformas
educacionais. As metas são quantificadas, muito mais em função da diminuição
dos custos do ensino do que de uma sólida preparação escolar dos alunos.
Força-se a melhoria dos índices educacionais sem ampliação das verbas para
o que é realmente prioritário. As escolas devem mostrar produtividade com
base em resultados possíveis de serem falseados. Alunos são aprovados sem
critérios claros de níveis de escolarização. Os números aparecem
positivamente nas estatísticas,mas os aprovados não sabem ler e escrever.
Estamos, efetivamente, frente a uma pedagogia de resultados: põem-se as
metas, e as escolas que se virem para atingi-las. Mas se virar com que meios?
Onde estão as instalações físicas? O material didáticos? O atendimento à
saúde das crianças? Os salários e as condições de trabalho dos professores?
Onde estão as professoras que dominam os conteúdos, que sabem pensar,
raciocinar, argumentar e têm uma visão crítica das coisas?
28
Não contamos com isso, com um sistema nacional de educação, na
forma de um sistema único de educação pública, com metas pedagógicas
consequentes. O que temos são metas econômicas, burocráticas.
Em segundo lugar, limitar programas de formação de professores a
ações de educação a distância mostra um descaso com a educação pública e
os professores. Qualquer educador com um mínimo de conhecimento de
escola sabe que formar professores a distância resulta em formação aligeirada
e frágil. Com esse mentalidade economicista, vamos formar no país milhares
de professores que vão chegar ás escolas sem a competência profissional,
tornando ainda mais desastrosos os já baixos resultados da educação
fundamental.
Pois, efetivamente a educação a distância vem apenas como
programa de formação do professor executor e de certificação em larga escala,
como o diploma fosse suficiente para o exercício profissional.
Já não bastasse o notório esvaziamento do conteúdo do trabalho
docente, há que considerar que as escolas não dispõe de equipamentos, de
material didático, de instalações físicas. Tudo isso concorre para gerar um
imenso prejuízo para os alunos das escolas públicas. Ou seja, este é mais um
governo que não investe em um sistema articulado de formação inicial de
professores com uma sólida formação cultural e científica em cursos regulares
nas instituições de ensino, e em programas de formação continuada nas
situações de trabalho.
Enfim, como escreve a pesquisadora Raquel Barreto, a presença
das TCI na educação, a despeito de sua importância, não é condição suficiente
para a busca de soluções de problemas educacionais, sejam eles novos ou
velhos.
Em terceiro lugar, as políticas educacionais devem subordina-se ás
políticas educativas para a escola, isto é, para as condições do ensino e
aprendizagem na escola. Não há essa tradição em nosso país, ao contrário, o
mais comum tem sido o caminho inverso, que é tratar primeiro das políticas, do
currículo formal, e esperar que a norma prescrita aconteça nas escolas,nas
29
práticas pedagógicas nas salas de aula. Há nas estratégias políticas de ação
política, no planejamento, uma superposição de análise externa sobre a análise
interna dos problemas de formação, onde se verifica muito mais uma visão de
sociólogos e políticos e uma comissão dos pedagogos.
No entanto, os fatos constatados nas escolas são muito concretos:
nossas crianças e jovens não estão aprendendo ou não estão aprendendo
como precisariam aprender, nossos professores pelo motivo que for, estão com
dificuldades para ensinar; aumentam a cada dia os problemas
sociais,culturais,disciplinares,dentro da escola, e as dificuldades dos
professores para lidar com eles. Por sua vez, as soluções tidas como
“progressistas” multiplicaram esses mesmos problemas.
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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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abordagem sociológica - Cortez Editora, agosto 2001
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Brasil- Difusão europeia do Livro, São Paulo, 4ª edição
http://www.fvc.org.br/estudos-e-pesquisas/avulsas/estudos1-1ser-
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SILVIA, Maria de Oliveira Pavão, UNIFRA
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http://www.tdah.com.br/paginas/gaetah/Boletim8.htm
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BRASIL, http//portal.mec.gov.br/seed/index.phd
LAVAL,Cristian. A escola não é uma empresa-O neo-liberalismo em
ataque ao ensino público.Londrina:Editora Planta,2004.
LIBÂNEO, José Carlos.Organização e gestão da escola-Teoria e
Prética.Goiânia:Editora Alternativa.5a.Ed.,2006.
LIBÂNEO,JoséCarlos.Sistema de ensino, escola, sala de aula:onde
se produz a qualidade das aprendizagens? In: Lopes
Texto de conferência proferida no XV ENCONTRO NACIONAL DE
GEÓGRAFOS,realizado no período de 20 a 26 de julho de 2008,São Paulo,
promovido pela Associação de Geógrafos do Brasil (AGB).Publicado nos Anais
do XV ENG.
Http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=874