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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A QUALIDADE NO SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL Por: Mariana Diegues da Silva Oliveira Orientador Prof. Dr. Antônio Fernando Vieira Ney SANTOS 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A QUALIDADE NO SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL

Por: Mariana Diegues da Silva Oliveira

Orientador

Prof. Dr. Antônio Fernando Vieira Ney

SANTOS

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A QUALIDADE NO SERVIÇO PÚBLICO MUNICIPAL

Por: Mariana Diegues da Silva Oliveira

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial à obtenção do grau de Especialista em Gestão Pública.

Por: Mariana Diegues da Silva Oliveira

SANTOS

2013

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela oportunidade de estar

realizando este trabalho. A minha família, pelo

incentivo e colaboração, principalmente nos

momentos de dificuldade. Ao meu orientador por

estar disposto a ajudar sempre. Agradeço a todos os

funcionários da Prefeitura de Santos, em especial ao

Anderson e Ângelo, que me auxiliaram na busca de

informações para a realização de todo esse trabalho.

DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia a Deus, por ter a

certeza de que Ele esteve presente em todos os

momentos dessa jornada. Às pessoas mais

importantes da minha vida: meus pais Filipe e Rose,

meus irmãos Raphael e Juliana e meu marido

Guilherme, que confiaram no meu potencial para

esta conquista. Não conquistaria nada se não

estivessem ao meu lado. Obrigada, por estarem

sempre presentes a todos os momentos, me dando

carinho, apoio, incentivo, determinação, fé, e

principalmente pelo amor de vocês.

Ao orientador Prof. Marcelo Oliveira, pela sabedoria

na orientação e por sua compreensão e auxílio para

alcançar essa vitória.

RESUMO

Esta monografia traz a realização de um estudo de caso sobre a Qualidade no Serviço Público Municipal, como a capacitação do servidor, a busca pela sua motivação pode contribuir para a excelência na prestação dos serviços para a população. Procura-se mostrar como a sociedade está cada dia mais exigente em relação aos serviços públicos prestados, através de um trabalho eficiente e eficaz. Mostra como o investimento no servidor através de cursos, treinamentos e programas para sua motivação, servem não somente para seu crescimento pessoal, como também para o crescimento da própria Prefeitura. Busca-se discutir a questão da eficiência no Serviço Público, através da Gestão da Qualidade Total, metodologia já bastante difundida em nosso país. Palavras-chave: Qualidade, Qualidade Total, Serviço Público

METODOLOGIA

Para a elaboração e desenvolvimento dessa monografia a metodologia

utilizada foi realizada através da leitura de artigos, livros, revistas, sites, tudo

relacionado à questão da qualidade, a qualidade no serviço público e do

próprio servidor.

Os principais autores citados foram: William Edward DEMING, Kaoru

ISHIKAWA , Vicente FALCONI e Joseph Moses JURAN.

Foram efetuadas também consultas na Coordenadoria de Apoio à Gestão

Municipal, da Prefeitura Municipal de Santos, colhendo informações a respeito

dos procedimentos necessários para se obter uma boa qualidade no serviço

público.

LISTA DE SIGLAS / ABREVIAÇÕES

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

GQT – Gestão da Qualidade Total

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial

ISO – International Organization for Standardization ou Organização

Internacional para Padronização

SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade

SUMÁRIO

Introdução

09

Capítulo I – O que é Qualidade?

11

Capítulo II – História e Evolução da Qualidade

16

2.1 – A Qualidade no Brasil

18

Capítulo III – Gestão da Qualidade Total

22

Capítulo IV – A Qualidade no Serviço Público

28

4.1 – Qualidade no Atendimento

30

4.2 – Treinamento / Capacitação

32

4.3 – Rodízio de Trabalho

34

4.4 – A Qualidade na Gestão dos Processos

35

4.5 – ISO

37

4.6 – Certificadoras de Qualidade

39

Conclusão

43

Bibliografia

45

Webgrafia

46

Anexos 49

9

INTRODUÇÃO

Tendo em vista a facilidade no acesso às informações, a busca do cidadão

em exercer a sua cidadania, a sociedade hoje exige do serviço público a

eficiência no desempenho de suas funções.

A prestação de um serviço público em geral é visto pela maioria das

pessoas como ruim, lento, ineficiente e sem qualidade e quando é preciso

utilizá-lo ele muitas vezes não atende às necessidades da população. A má

fama desses serviços está muitas vezes atrelada à falta de capacitação de

seus funcionários, a desmotivação, etc., ofertando assim serviços de má

qualidade. Essa cultura já vem de muito tempo e é por isso que o tema

Qualidade foi escolhido para essa monografia, para mostrar como a

implantação da mesma, que já existe na iniciativa privada, só vem a ajudar e

elevar o padrão desses serviços.

A qualidade é um tema de fundamental relevância, tendo em vista essas

constantes reclamações sobre a morosidade no serviço público, em relação às

informações prestadas por seus funcionários, o seu desempenho, o

atendimento diário, etc. Temos que observar também o lado do próprio servidor,

quando precisa treinar funcionários novos, a falta de incentivos pessoais e

profissionais, como cursos e capacitações, para sua valorização, etc., pois no

momento de sua posse, o servidor firma um compromisso com a sociedade, no

sentido de bem servi-la e da melhor forma representá-la, de maneira eficiente e

ética.

Os investimentos em qualidade na área pública acarretam em serviços

prestados com eficiência, proporcionando a todos (funcionários e população)

uma melhora na qualidade de vida.

A principal questão é saber como a busca por essa qualidade através da

capacitação do servidor público pode contribuir para a excelência na prestação

de serviços para a população.

Uma rede de parcerias formada por organizações, servidores, cidadãos,

10

com o propósito de promover o aperfeiçoamento da gestão pública, constitui o

alicerce desse movimento nacional pela qualidade nas organizações públicas.

Para que esses objetivos sejam alcançados, a Prefeitura através de seus

representantes deve observar os pontos fracos de seus setores, investindo na

capacitação de seus funcionários, através de cursos de formação e

treinamentos, planos de motivação (rodízio de trabalho), políticas de qualidade

(padronização de serviços), etc.

A qualidade no serviço público serve também para contribuir com a

melhoria das relações de trabalho tendo em vista a busca pela excelência na

qualidade do atendimento e dos serviços prestados. Cursos de capacitação,

planos de carreira, etc., são modernas ferramentas de gestão que motivam os

funcionários a proporcionar bom atendimento, informações claras e respeito à

população.

Essa monografia tem como objetivo o de mostrar como a prestação de um

serviço de qualidade no âmbito municipal pode fazer diferença no dia-a-dia da

população.

Esse estudo foi dividido em 4 (quatro) Capítulos. No primeiro pretende-se

analisar o que é a qualidade do ponto de vista de diferentes autores; no

segundo procurou-se mostrar como a qualidade evoluiu no Brasil e no mundo

até os dias de hoje; no terceiro procurou-se identificar o conceito da qualidade

total e por fim no quarto capítulo objetivou-se mostrar como é a qualidade no

serviço público e suas formas de introdução no dia a dia dos funcionários, na

execução de seus serviços.

11

CAPÍTULO I

O QUE É QUALIDADE?

Qualidade é um conceito subjetivo que está relacionado diretamente às

percepções de cada indivíduo, suas necessidades internas e diversos fatores

como cultura, produto ou serviço prestado, necessidades e expectativas

influenciam diretamente essa definição1.

Segundo a ISO – International Standardization Organization (Organização

Internacional para Padronização), situada na Suíça e responsável pelas

normas de Qualidade, em diversos setores, no mundo inteiro, qualidade é a

adequação ao uso. É o conjunto das características de uma entidade que lhe

conferem a aptidão para satisfazer necessidades exprimidas e implícitas. É a

conformidade às exigências, residindo em tudo o que se faz e não apenas no

que se tem como consequência disso. Em outras palavras, todos os processos

de uma determinada atividade são importantes, se os processos forem

desenvolvidos com qualidade, o produto final terá qualidade2.

A qualidade para David Hutchins (2001)

“não diz respeito a apenas um produto ou serviço específico, mas sim a tudo o que uma organização faz, poderia ou deveria fazer para determinar a opinião não só dos seus clientes imediatos ou usuários finais, mas a sua reputação na comunidade, e todos os seus aspectos”. (DAVID HUTCHINS apud RAFAEL SCUCUGLIA, 2001).

Juran (1990) adota dois significados para qualidade: características do

produto que vão ao encontro das necessidades dos clientes e, dessa forma,

proporcionam a satisfação em relação ao produto e à ausência de falhas

(JURAN apud JOSÉ PARENTE FILHO, 1991, texto para discussão IPEA).

Juran (2001), diz ainda que,

“para os gerentes nenhuma definição (de qualidade) é realmente precisa, mas uma das definições que obteve larga aceitação é a de que: qualidade é adequação ao uso. Mesmo

1 Consulta ao site Significados. 2 Consulta ao site Administradores. Artigo: Herbert Gonçalves.

12

assim ela não fornece a profundidade necessária aos gerentes para escolherem os rumos de ação” (JURAN apud RAFAEL SCUCUGLIA, 2001).

Lobos define a qualidade como “tudo aquilo que alguém faz ao longo de um

processo para garantir que o cliente obtenha, exatamente, aquilo que deseja”

(LOBOS, 1991, p. 18).

Para Deming (1990), “qualidade está diretamente ligada à satisfação do

consumidor. Ele é quem pode aferir a qualidade do bem ou serviço” (DEMING apud

JOSÉ PARENTE FILHO, 1991, texto para discussão IPEA).

Para Crosby (1990), “a qualidade está associada a dois princípios básicos, ou

seja, de conformidade aos requisitos e o zero defeitos” (CROSBY apud JOSÉ

PARENTE FILHO, 1991, texto para discussão IPEA).

Falconi (1990) associa o conceito de qualidade a

“satisfação total do cliente, que é alcançada pelo equilíbrio dos seguintes fatores: qualidade intrínseca do produto ou serviço, custo e atendimento. A esses fatores devem ser associados ainda, o moral dos empregados e a segurança do consumidor, em particular, e da sociedade em geral” (FALCONI apud JOSÉ PARENTE FILHO, 1991, texto para discussão IPEA).

Falconi (1992) diz ainda que

“o verdadeiro critério para a boa qualidade é a preferência do consumidor em relação ao concorrente, que se dá através da adequação do produto ou serviço às necessidades, expectativas e ambições do consumidor como uma forma de agregar valor ao que será produzido com menor custo” (FALCONI, 1992, p. 63).

Moller afirma que: “a qualidade pessoal é a base de todos os outros tipos de

qualidade, pois são os altos níveis de qualidade pessoal que contribuem para os altos

níveis de qualidade nos departamentos que, por sua vez, criam serviços de qualidade

superior” (MOLLER, 1992, p. 14).

Para Moura “qualidade é definida como sendo a conformidade entre o que se

produz com aquilo que o cliente quer, de modo que suas expectativas sejam

superadas e sua satisfação alcançada” (MOURA, 1999, p. 68).

Segundo o dicionário Larousse Cultural, a “qualidade é cada um dos aspectos

positivos de alguma coisa e que a faz corresponder ao que melhor se espera dela”.

13

O termo qualidade vem do latim qualitate3, sendo utilizado em situações

bem distintas, por exemplo: quando se fala da qualidade da vida das pessoas

de um país ou região; de um produto em geral; da água que se bebe, como

também da qualidade do serviço prestado por uma determinada empresa.

Do ponto de vista de uma empresa, os objetivos que se pretendem

alcançar através da qualidade devem ser definidos de forma clara e objetiva,

deve-se apurar quais são as necessidades dos clientes e definir os requisitos

de qualidade do produto. Esses requisitos são variáveis como: simpatia de

quem atende o cliente, rapidez do atendimento, eficácia do serviço, etc.

Em qualquer lugar onde exista qualidade, pode-se dizer que existe o

orgulho e a satisfação do trabalho realizado, fazendo com que todos se

empenhem mais e tendo por consequência maior produtividade e crescimento.

Deming (1990) afirma que “Qualidade é sentir orgulho do trabalho bem feito (...)

Aprimoramento da qualidade eleva a produtividade (...) Máxima utilidade para o

consumidor” (DEMING, 1990, p. 137).

Para algumas pessoas, a qualidade representa a busca da satisfação do

cliente, para outras, além da satisfação do cliente, engloba a busca da

excelência para todas as atividades de um processo4.

As diferentes definições de Qualidade têm pontos em comum, pois se

referem à satisfação dos clientes ou usuários e também a idéia de se fazer

certo da primeira vez e, assim, eliminar erros, perdas, reclamações,

indenizações, etc.

Um produto ou serviço de qualidade é aquele que atende perfeitamente, de

forma confiável, acessível, segura e no tempo certo às necessidades dos

clientes.

Um dos princípios básicos da qualidade é a prevenção e a melhoria

permanente. Isto significa que a qualidade é um projeto sem fim cujo objetivo é

considerar os desfuncionamentos o mais cedo possível. Assim, a qualidade

pode ser representada por um ciclo de ações corretivas e preventivas,

3 Consulta ao site Wikipédia-A Enciclopédia livre. 4 Consulta ao site do Senado Federal.

14

chamado “roda de Deming”5.

Este ciclo, representado na roda de Deming, chama-se modelo PDCA, para

designar os quatros tempos:

“Plan” (Planificar/Planejar): defini-se os objetivos e metas a atingir e planifica-se

as aplicações de ações, os meios que permitirão atingir essas metas;

“Do” (Fazer/Executar): implementa-se as ações corretivas. O plano aqui é

executado através de tarefas específicas, colhem-se dados para posterior

controle de processos;

“Check” (Verificar/Conferir): verifica-se o alcance dos objetivos fixados. O

processo acabou, tem-se o produto pronto, já elaborado. Verifica-se se todas

as metas foram conquistadas;

“Act” (Agir/Ação): em função dos resultados da fase precedente convém tomar

medidas preventivas. Deve-se corrigir o que deu errado, o que não saiu como

planejado.

Este ciclo PDCA serve como base para quem quer trabalhar com

Qualidade Total, de maneira que se houve uma etapa inicial de planejamento,

necessariamente haverá uma de execução e depois o controle, com ação

corretiva, se for o caso. É o método central da Gestão da Qualidade Total.

A cada volta do ciclo PDCA sempre acontece um progresso, mesmo

pequeno, por isso nunca volta ao mesmo ponto. Cada mudança da início a um

5 Consulta ao site Kioskea. Autor: Jean-François Pillou. 2004

15

novo ciclo que tem como base o ciclo anterior, caracterizando desta forma a

espiral da melhoria contínua.

Dentro de suas principais utilizações se destacam: padronização,

metodologia de análise e solução de problemas.

Com tudo isso se conclui que a definição de qualidade é motivo de muita

divergência e polêmica no que tange a elaboração de um conceito universal.

Pode-se dizer, portanto, que apenas os executivos das empresas/organizações

é que poderão definir qual será a visão utilizada, o que seria qualidade para

aquela empresa/organização, é um assunto particular à realidade de cada uma

delas.

No setor público, a qualidade permite particularmente explicar um uso

controlado dos fundos públicos para fornecer um serviço adaptado às

exigências dos cidadãos.

Como observou Deming (1990), nas repartições públicas não existe um

mercado a ser buscado, mas sim a prestação do serviço conforme a legislação

vigente. O serviço bem executado deveria ser o objetivo dessas repartições.

O sucesso de uma instituição, seja ela pública ou privada, depende do

nível da qualidade dos serviços prestados com a finalidade de satisfazer todas

as exigências da população. E isso irá se efetivar a partir do desempenho das

pessoas responsáveis por esses serviços em um bom nível, uma vez que

envolve a satisfação das expectativas humanas da pessoa que presta o serviço

e das demais com as quais se relaciona.

16

CAPÍTULO II

HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DA QUALIDADE

Para a Sociedade, assim como para o homem, sempre foi muito importante

estar em busca e em constantes mudanças, a fim de enfrentar novos desafios

e aproveitar as oportunidades que surgiam para a sua sobrevivência e

desenvolvimento.

Durante muito tempo, as habilidades pessoais de cada indivíduo a fim de

vender determinado produto ou prestar algum tipo de serviço que não tivesse a

disposição naquele momento era o suficiente para suprir essas deficiências

encontradas. A qualidade então foi percebida como consequência dessas

habilidades pessoais. Com o avanço do transporte e do comércio foram

surgindo possibilidades de comparação, firmando-se então o conceito de

qualidade tanto do produto quanto do serviço.

No início do século XX, a qualidade começou a ser incorporada à produção

industrial, a fim de impedir que produtos defeituosos chegassem às mãos dos

clientes. Nasceu a partir daí o controle de qualidade, que nada mais era do que

técnicas de controle estatístico introduzidos na produção em massa dos

produtos, atendendo de forma mais segura os mercados em crescimento6.

Conforme Trigueiro, a qualidade começou a ser colocada em prática,

inicialmente, na indústria a partir do século XX, mas especificamente no início

dos anos 20, com o objetivo de evitar que produtos com defeitos chegassem às

mãos dos consumidores. (TRIGUEIRO, 2001, p. 13).

Após a Segunda Guerra Mundial e com desenvolvimento da indústria

aeronáutica, começou a ser adotado o controle de processos, englobando toda

a produção, desde o projeto até o acabamento. A obtenção da qualidade nos

processos de produção visava, principalmente, a segurança e o alcance “zero”

de defeito.

Integrando também serviços, esses conceitos evoluíram para a garantia da 6 Consulta ao site (blog) de Flávia Alves de Brito Lacerda. 2012

17

qualidade, que consiste na demonstração, aos clientes e ao público em geral,

de que determinados produtos e serviços da empresa possuem a qualidade

solicitada. Isto somente é possível através do envolvimento de toda empresa e

da incorporação de visão de sistemas e métodos e ferramentas de

gerenciamento. Mesmo com o desenvolvimento das grandes empresas, a

qualidade ainda não tinha os impulsos que necessitava. Quando a qualidade

era questionada, segundo Whiteley (1992): “sempre que a bandeira da

`Qualidade´ era desfraldada, sem dúvida seguiam-se grandes melhorias”

(WHITELEY, 1992, p. 44).

Os avanços nas áreas de informática, transportes e comunicação

aumentaram ainda mais a velocidade das mudanças. Neste novo ambiente

globalizado, o diferencial competitivo que estava na escala de produção e na

dimensão das organizações passa a ser a rapidez e a competência da

organização em apreender, interagir e responder ao mercado.

Diante de tais circunstâncias o atendimento às necessidades dos clientes

passou a ser condição básica para a competitividade das organizações, apesar

das empresas, nesta época ainda não estarem tomando medidas que

garantissem que os clientes as escolhessem futuramente.

A qualidade surge como diferencial, como a possibilidade de surpreender

positivamente o cliente, na sua experiência com o produto e o serviço. Nestas

condições, percebe-se que a participação consciente, criativa e motivada do

colaborador pode atender as expectativas do cliente. Além disso, conhecer as

necessidades implícitas e explícitas do cliente auxilia no diferencial da

qualidade. Estar atento as tendências de mercado, produzir produtos e prestar

serviços que superem as expectativas constituem-se fatores que tornam a

qualidade como um diferencial. O modelo de gestão que incorpora de maneira

sistêmica e interdependente estas competências é a gestão da Qualidade7.

A evolução histórica da administração com suas teorias que marcaram

décadas de gerenciamento tem sido apresentada por diferentes perspectivas. A

evolução da qualidade com olhar da administração através da psicosociologia e

da perspectiva de qualidade vem buscando enfatizar o lado humano da 7 Consulta ao site (artigo) de André Luiz Nascimento Kaercher.

18

qualidade.

As contribuições teóricas de Deming, Juran e Ishikawa8 sobre qualidade

relativa às teorias administrativas do século XX e seus antecedentes históricos

foram importantes para o reconhecimento do movimento da qualidade total.

2.1 - A Qualidade no Brasil

A qualidade no Brasil teve início na década de 60, através do CEP –

Controle Estatístico de Processo, primeira ferramenta utilizada na indústria

brasileira.

A partir da década de 70, algumas empresas começaram a adotar uma

normatização de seus procedimentos, que serviram de base para a geração da

“família ISO 9000”, na década de 80. Nessa época apareceu o CCQ – Círculo

de Controle de Qualidade, que se utilizava de ferramentas japonesas nas

empresas aqui instaladas9.

Em 198310, o governo brasileiro lançou o Programa Brasileiro de Gestão da

Qualidade, escolhendo três universidades (a Politécnica juntamente com a

Fundação Vanzolini, a Fundação Christiano Ottoni e o Instituto Brasileiro de

Qualidade Nuclear) para serem as diversificadoras da Qualidade no Brasil. O

Programa tinha como objetivo o de disseminar a Qualidade em todas as

instituições públicas e privadas11.

No final da década de 80, com a entrada da ISO 9000 no país, foi que a

Qualidade começou a se sobressair, ocorrendo um grande movimento da

Fundação Christiano Ottoni, com o modelo japonês de Qualidade, pois até

então era muito disperso, poucas empresas se preocupavam com a questão da

qualidade total, ficavam mais preocupados com o produto final.

8 Consulta ao site (artigo) de Marcos Bueno. 9 Consulta ao site PDCA-Consultoria em Qualidade. Haroldo Ribeiro. 10 Consulta ao site Gestão em Qualidade. José Joaquim do Amaral Ferreira. 11 Consulta ao site PDCA-Consultoria em Qualidade. Haroldo Ribeiro.

19

Com o passar do tempo teve também outros modelos, como o TQC –

Gestão da Qualidade Total, mas hoje em dia temos uma mistura de vários

modelos, sendo usado o que há de melhor no mercado12.

Mas foi nos anos 90, que a Qualidade se firmou realmente no país, ganhou

o status de modelo de gestão empresarial, indo além das linhas de produção

para os processos gerenciais mais amplos, vários consultores e empresas

ficaram preocupadas e voltadas para o tema. A Fundação Vanzolini tornou-se o

primeiro organismo brasileiro credenciado pelo INMETRO para conceder

certificados de conformidade de Sistemas da Qualidade baseados nas normas

NBR ISO 9001/9002/9003.

Foi na década de 90 também que se criou o Prêmio Nacional da Qualidade,

responsável pelo reconhecimento de Excelência de Gestão e o Programa

Brasileiro para Qualidade e Produtividade, a fim de disseminar a qualidade em

todas as instituições públicas e provadas13.

As empresas passaram a adotar a Qualidade Total, vários brasileiros

buscaram aprender as técnicas e métodos da qualidade, com o objetivo de

fazer a diferença. Com isso ocorreu o aumento da produtividade e da qualidade

nos produtos e serviços, aumentando também a competitividade no mercado,

reduziram-se os desperdícios, as reclamações, prazos de entrega, etc.

O Brasil recebeu treinamentos com os maiores gurus mundiais da

qualidade (Deming, Juran, Ishikawa, entre outros), criou a ABNT, que cuida da

normalização geral, criou o INMETRO, que é o órgão acreditador das normas

ISO e representa o Brasil junto aos organismos internacionais, e inclusive o

presidente mundial da ISO é um brasileiro. No mundo todo já foram emitidos

mais de 220.000 certificados ISO 9000 e tem produzido material e

principalmente recursos humanos de padrão mundial na área da qualidade,

com vários auditores brasileiros credenciados por organismos internacionais.

Várias empresas brasileiras foram premiadas pelo Prêmio Nacional da

Qualidade, com um padrão de excelência mundial.

A Qualidade hoje em dia é a base de tudo, pois ninguém consegue

12 Consulta ao site Wikipédia-A Enciclopédia Livre. 13 Consulta ao site PDCA-Consultoria em Qualidade. Haroldo Ribeiro.

20

trabalhar sem a sua existência.

A diferença do trabalho com a qualidade no Brasil e nos países

desenvolvidos, é que nesses últimos a qualidade é tratada como obrigação, é

mais normalizada, as empresas trabalham com procedimentos, trabalhando

com disciplina e motivação, já no Brasil, quando uma pessoa abre uma

empresa pensa que já sabe de tudo, mas com a chegada da ISO 9000 isso

está mudando, está fazendo com que haja o mínimo de organização, tendo em

vista a busca por parte dos clientes/consumidores de produtos/serviços cada

vez melhores, de excelente qualidade, pois a concorrência tão acirrada do

mercado impulsiona todo esse negócio.

A exemplo das grandes empresas, a cidade de Santos foi a primeira a

pensar e a implantar o Programa de Gestão da Qualidade no serviço público

municipal, tendo em vista que os seus serviços são prestados à uma população

muito exigente, capacitada e qualificada.

Através de uma parceria com a empresa USIMINAS, as Secretarias de

Educação e posteriormente a de Gestão desenvolveram o Programa da

Qualidade que passa por valores como ética, legalidade, pessoas,

transparência e responsabilidade e tem como objetivo principal de satisfazer o

munícipe, através da melhoria contínua na prestação do serviços e valorizar o

servidor.

Divergências na aplicação da qualidade no setor público e privado:

Setor Público Setor Privado

As finalidades principais são

embuídas do ideal democrático de

prestar serviços à sociedade em prol

do bem estar comum

As finalidades principais das

atividades de caráter privado são o

lucro e a sobrevivência em um

ambiente de alta competitividade

A preocupação em satisfazer o

cliente é alicerçada no dever de

atender bem

A preocupação em satisfazer o

cliente no setor privado é baseado no

interesse

21

O cliente atendido paga

indiretamente pela via do imposto,

sem qualquer simetria entre a

quantidade e a qualidade do serviço

recebido e valor do tributo que

recolhe

O cliente atendido remunera

diretamente a organização pagando

pelo serviço recebido ou pelo produto

adquirido

As políticas voltada para a qualidade

no setor público diz respeito a busca

pela excelência no atendimento a

todos os cidadãos, ao menor custo

possível

A política voltada para a qualidade no

setor privado refere-se às metas de

competitividade no sentido da

obtenção, manutenção e expansão

de mercado

22

CAPÍTULO III

GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL

A Gestão da Qualidade Total (GQT), ou Total Quality Control (TQC) se

refere a um modelo gerencial aperfeiçoado no Japão, que tem no Ishikawa a

pessoa que se sobressaiu, a partir de idéias norte-americanas, especialmente

devidas a Deming e Juran, introduzidas durante a ocupação aliada naquele

país depois de 1945.

A Toyota, no Japão, foi a primeira organização a empregar o conceito de

GQT. Masao Namoto entrou na Toyota em 1943 sendo nomeado presidente,

em 1982. Em 1985 a empresa ganhou o prêmio Deming (prêmio japonês) de

gestão da qualidade14.

Um aspecto fundamental da GQT é o conceito de rompimento, que implica

uma mudança de forma de pensar, de estilo e de postura, envolvendo todos os

integrantes da organização, desde o principal executivo até o mais modesto

funcionário. A figura do principal da organização assume dimensões decisivas,

pois é ele, de forma intransferível, quem tem em suas mãos o detonador do

sucesso ou do insucesso, mas apesar de ter essa figura principal, o

gerenciamento da qualidade é melhor, custa menos, quando é descentralizado,

quando é uma tarefa de todos e não apenas de uma pessoa específica.

O conceito de Qualidade Total é amplo e dinâmico. Em princípio está ligado

à satisfação total do cliente, procurada tanto de forma interna (eliminando os

fatores que não agradam ao mesmo), como externa (através da antecipação

das necessidades do cliente, incorporando-se as características detectadas

nos produtos e serviços).

A Qualidade Total pode ser definida como um conjunto de atividades,

envolvendo toda a empresa, que contribuem de forma harmônica para a

consecução dos objetivos e que têm como meta principal assegurar o resultado

14 Consulta ao site Wikipédia-A Enciclopédia Livre.

23

final do empreendimento15. É o espírito de qualidade partilhado por todos da

empresa.

No caso do serviço público o principal cliente são os usuários dos serviços,

envolvendo tanto organizações públicas ou privadas como grupos familiares e

pessoas individuais.

O Sistema de Gestão da Qualidade tem oito princípios que formam a base

para as normas, facilitando a definição de objetivos da qualidade,

potencializando a sua utilização como os elementos fundamentais para a

melhoria do desempenho das organizações e promover uma aproximação e

alinhamento dos referenciais normativos com a maioria dos modelos de

excelência e de qualidade total, são eles16:

a) Foco no cliente: as organizações dependem de seus clientes e, portanto,

convém, é recomendado que atendam as necessidades atuais e futuras do

cliente, e seus requisitos, procurando exceder as suas expectativas;

b) Liderança: os líderes estabelecem uma unidade de propósitos e o rumo da

organização, convém que eles criem e mantenham um ambiente interno no

qual as pessoas possam estar totalmente envolvidas no propósito de atingir os

objetivos da organização;

c) Envolvimento de pessoas: pessoas de todos os níveis são a essência/base

de uma organização, e seu total envolvimento possibilita que as suas

habilidades sejam usadas para o benefício da organização;

d) Abordagem de processo: um resultado desejado é alcançado mais fácil e

eficientemente quando as atividades e os recursos relacionados são

gerenciados como um processo;

e) Abordagem sistêmica para a gestão: identificar, entender e gerenciar os

processos inter-relacionados como um sistema, contribui para a eficácia e a

eficiência da organização no sentido desta alcançar seus objetivos;

f) Melhoria contínua: convém que a melhoria contínua do desempenho global

da organização seja seu objetivo permanente;

15 Consulta ao site Portal Qualidade. Antonio Carlos Evangelista Ribeiro. 16 Consulta ao site Programa de Educação Continuada da Escola Politécnica . Silvio Melhado. 2001.

24

g) Decisão baseada em fatos: decisões eficazes são baseadas na análise de

dados e de informações e

h) Benefício mútuo nas relações com os fornecedores: uma organização e seus

fornecedores são interdependentes e uma relação de benefícios mútuos

aumenta a capacidade de ambas em agregar valor.

O uso com sucesso desses princípios faz com que o retorno financeiro

melhore, cria-se valores e aumenta-se a estabilidade.

A gestão da qualidade nada mais é do que o processo de conceber,

controlar e melhorar os processos da empresa quer sejam processos de

gestão, de produção, de gestão de pessoal entre outros. Essa gestão envolve a

concepção dos processos e dos produtos/serviços, envolve a melhoria dos

processos e o controle de qualidade.

O controle de qualidade visa assegurar que todos os requisitos estejam

presentes nos produtos e/ou serviços. São ações relacionadas com a medição

da qualidade, para diagnosticar se os requisitos estão sendo respeitados e se

os objetivos da empresa estão sendo atingidos.

A gestão da qualidade utiliza operacionalmente técnicas de padronização,

ferramentas estatísticas, metodologia de solução de problema e os círculos de

controle da qualidade.

A padronização consiste no estabelecimento e registro de todos os fluxos e

procedimentos operacionais necessários à execução das atividades para

elaboração de um bem ou prestação de um serviço. Desenvolve os materiais

básicos para o processo de educação e treinamento.

As ferramentas estatísticas básicas utilizadas na gestão da qualidade são a

folha de verificação (planilha para coleta e registro de dados referentes aos

processos de trabalho); gráfico de pareto (diagrama de barras que ordena as

ocorrências da maior para a menor); diagrama de causa e efeito (expressa, de

modo simples e fácil, a série de causas de um efeito/problema); estratificação

(consiste em agrupar dados, levando em consideração referenciais

previamente estabelecidos), etc.

A metodologia de solução de problemas é uma ferramenta que tem por

25

objetivo auxiliar o processo de identificação de problemas e de determinação

da sua causa fundamental. Ela contém passos sequenciais que devem ser

seguidos para que, com a ajuda das diferentes ferramentas estatísticas, sejam

identificados os problemas e suas causas determinantes.

Os círculos de controle da qualidade são constituídos por grupos de

trabalhadores que se reúnem para a análise de problemas do processo de

trabalho, e para a formulação de soluções e desenvolvimento de novos

processos produtivos.

A Qualidade Total possui cinco dimensões17:

a) Qualidade intrínseca do produto ou serviço: refere-se especificamente às

características inerentes ao produto/serviço, capazes de fornecer a satisfação

ao cliente.

No caso do serviço público, esta dimensão da qualidade pode ser refletida

através de indicadores tais como índices de infecção hospitalar, de repetência

escolar, de produtividade de funcionários, etc.

b) Custo do produto ou serviço: quanto menor o preço do produto ou serviço,

maior será a satisfação do consumidor/cliente.

Exemplos de custo: de treinamento para funcionários, de elaboração de um

levantamento, de serviços como luz ou telefones, correios, etc.

c) Entrega ou atendimento: o cliente deve receber o produto ou serviço no

prazo, local e qualidade certos.

Alguns indicadores seriam: atraso na entrega de correspondência, atraso na

movimentação de documentos, na entrega de material xerocado, demora no

atendimento, etc.

d) Segurança: é fundamental que o produto ou serviço não ameace a saúde

mental e física do usuário.

e) Moral: refere-se à disposição e motivação que os funcionários manifestam.

Para isso a empresa deve se esforçar para pagar-lhes um salário digno,

respeitando-os como seres humanos e dando-lhes oportunidades de

17 Consulta ao site (artigo). Henrique Silveira de Almeida e José Carlos de Toledo. 1991.

26

crescimento como pessoas e no trabalho. Uma forma de avaliar o moral é

através do nível de absenteísmo.

A Qualidade Total implica explorar as profundezas, as raízes, as bases,

onde a qualidade é elaborada. Muitos pensam que o peso da responsabilidade

na obtenção da Qualidade depende, quase que exclusivamente, da área fim,

mas isso não é verdade, GQT refere-se à qualidade em toda organização.

No serviço público temos como exemplo: o setor administrativo tem como

cliente interno o setor técnico, a área da xérox tem como cliente interno

praticamente toda a empresa, a tesouraria é cliente interna do Departamento

de Finanças, etc.

Essa integração, nada mais é do que uma cadeia de relações que deve ser

entendida e atendida. As áreas administrativas deverão se organizar

coordenadamente para que o setor técnico com o auxílio do operacional

possam cumprir suas funções de forma inteiramente satisfatória, por exemplo a

utilização de máquinas numa Prefeitura, distribuição de correspondência pelo

Correio, atendimento da Saúde num hospital, impressão de material gráfico na

Imprensa Oficial.

A Qualidade é importante por três motivos18:

a) Motivos passados: as organizações perdem muito dinheiro e perderão ainda

mais cada ano que passa se não mudarem sua ótica a tempo. Esta perda está

representada, basicamente, pelo custo da má qualidade. É importante ressaltar

que estas perdas ocorrem em todas as áreas do serviço público, nas quais o

intenso grau de ineficiência acaba esbanjando os poucos recursos disponíveis,

oferecendo um serviço de baixa qualidade à comunidade, remunerando

pessimamente os funcionários administrativos e técnicos e desagradando a

todos.

b) Motivos atuais: a pressão social está aumentando sobre as organizações,

através da lei do consumidor, da redução de tarifas alfandegárias, leis de

proteção ambiental, etc. No caso do serviço público, a privatização e a

18 Consulta ao site (artigo) Sensibilização para a importância da Qualidade no Mercado Atual. Joaquim Delgado.

27

terceirização já tem feito bastante estragos, reclamando-se das sobreviventes

eficácia e eficiência.

c) Motivos futuros: tais como: aplicação acelerada da filosofia e das técnicas da

Qualidade Total nas organizações concorrentes, aumento acelerado da

conscientização do ser humano, etc. Influencia drasticamente no serviço

público já que as pessoas querem continuar como cidadãos, cientes de seus

deveres e seus direitos.

A Qualidade Total é uma boa ferramenta para se buscar racionalidade de

processos rotineiros, atendendo à preocupação de se utilizar bem os recursos

públicos e garantir a agilidade e qualidade necessárias a esses processos,

base para que outros, estratégicos, possam se concretizar. Esse sistema de

controle de processos, pela alta direção, pode auxiliar para acompanhar os

indicadores, mostrando possíveis desvios em relação às metas, e por

consequência em relação às prioridades.

As ferramentas da Qualidade Total poderão auxiliar na busca constante de

melhorias nas rotinas de trabalho de cada área operacional, aumentando sua

eficiência/eficácia e promovendo instrumentos de controle de processos, que

por sua vez, facilitarão a criação de espaços para novos esforços criativos em

cada área.

28

CAPÍTULO IV

A QUALIDADE NO SERVIÇO PÚBLICO

O Programa de Qualidade no Serviço Público vem, desde 1991,

procurando transformar as organizações públicas brasileiras e orientá-las na

direção da qualidade na prestação de serviços públicos, retirando o foco dos

processos burocráticos. O programa visa tanto elevar o padrão dos serviços

prestados quanto tornar o cidadão mais exigente em relação aos serviços que

lhe são prestados.

Esse Programa tem como objetivos: apoiar as organizações públicas no

processo de transformação gerencial, com ênfase na produção de resultados

positivos para a sociedade, na otimização dos custos operacionais, na

motivação e na participação dos servidores, na delegação de atribuições, na

racionalidade no modo de fazer, na definição clara de objetivos e no controle

dos resultados; promover o controle social; assim como, promover a adesão

das organizações públicas brasileiras ao Programa da Qualidade no Serviço

Público; apoiar e avaliar as ações que visem o aprimoramento e à melhoria da

qualidade dos serviços prestados pelas organizações públicas ao cidadão e à

sociedade; promover a participação dos cidadãos no processo de definição,

implementação e avaliação da ação pública; avaliar os resultados e os níveis

de satisfação dos usuários dos serviços públicos; sensibilizar os servidores

para a participação no esforço de melhoria da qualidade da gestão pública e

dos serviços prestados ao cidadão e à sociedade e consolidar a consciência

dos valores éticos inerentes ao serviço público19.

A qualidade está presente na grande maioria das empresas do setor

privado, porém no público é algo que está sendo inserido ao poucos,

principalmente como é o caso da Prefeitura Municipal de Santos.

Busca-se os conhecimentos e experiências da iniciativa privada, visando a

melhoria contínua dos serviços públicos e a satisfação dos munícipes. No setor

19 Consulta ao site do Senado Federal.

29

público há uma pressão muito menor, tendo em vista não enfrentarem

processos de concorrência, como ocorre no privado.

A Prefeitura tem diversas missões, entre elas como exemplo, a da

responsabilidade social, sendo responsável, entre outras coisas, pela coleta de

lixo, a manutenção de ruas e passeios ou no caso das escolas públicas, a

educação gratuita de milhões de crianças, adolescentes e jovens.

Para que os recursos recebidos não sejam desperdiçados é necessário um

trabalho eficiente, eficaz e efetivo. (Para conseguir esses resultados, as

técnicas da GQT podem fornecer uma contribuição decisiva, utilizando-se de

avaliações de processos, padronizações, metodologia de solução de

problemas, etc.).

As organizações públicas que fazem com seriedade a Gestão da Qualidade

Total, a fim de melhorar o modo de se fazer os trabalhos, estão tendo

excelentes resultados, como: economia de milhões de reais; conquista do

reconhecimento do público, admirado com a qualidade dos serviços e

acréscimo de novos serviços necessários e já exigidos pelo público.

Para que haja essa qualidade no serviço público é necessário que se tenha

uma política de pessoal voltada para a valorização e motivação dos

funcionários a prestarem sempre um atendimento eficiente, diferenciado e

personalizado a cada cliente. É preciso investir sempre na qualidade do

atendimento, através do conhecimento da cultura e do clima organizacional, da

contínua capacitação dos funcionários, do desenvolvimento profissional, da

criação de recompensas pecuniárias, do incentivo à participação de todos na

definição clara para todos dos propósitos da instituição/empresa/departamento.

A qualidade no serviço consiste em critérios como: consistência e

coerência, precisão, profissionalismo, cortesia, acessibilidade, tempo,

flexibilidade, disposição e capacidade de resposta, credibilidade, empatia e

relacionamento, como também o desenvolvimento do servidor e do munícipe, a

questão da acessibilidade nos prédios públicos, o envolvimento da sociedade

com as ações do governo, uma prefeitura saudável e viável para empregos,

etc.

30

A Prefeitura de Santos, mais precisamente o Departamento de Gestão de

Pessoas tem como objetivos: melhorar a qualidade dos serviços; promover a

satisfação dos clientes; garantir a melhoria contínua; aperfeiçoar a

comunicação com as partes interessadas, através de políticas de qualidade

voltadas para a atração de investimentos e geração de empregos; o

desenvolvimento do capital humano; o direito à cidadania inclusiva e a

governança participativa.

O Programa da Gestão da Qualidade implantado na Prefeitura de Santos,

nas Secretarias de Educação e Gestão, conforme acima mencionado, visa a

melhoria contínua dos serviços públicos prestados e a satisfação dos

munícipes.

4.1 - Qualidade no atendimento

O atendimento com qualidade depende de uma estrutura organizacional e

de uma equipe envolvida a fim de atingir os objetivos almejados. Precisa

também oferecer um suporte por parte dos Chefes e Coordenadores aos

funcionários, para que todos se sintam envolvidos e motivados.

Um atendimento é adequado quando o cliente sai com sua necessidade e

perspectiva atingida, preocupando-se não apenas com os resultados, mas sim

também com o ser humano envolvido. Segundo Juran (1990) a Qualidade é a

adequação ao uso, a satisfação das aspirações dos usuários.

Deming foi o pioneiro na arte de inovação na área da qualidade, foi o

primeiro a se preocupar com o lado humano dessa relação.

A satisfação do cliente pode ser definida como a relação ou a diferença (em

geral, a comparação) entre a qualidade percebida pelo cliente no serviço ou

produto entregue e as expectativas que este cliente com o serviço ou o produto

tem20.

20 Consulta ao site Qualidade Sem Segredos. Márcio Hosken.

31

Expectativas

Satisfação do cliente = -----------------------------

Qualidade percebida

Para se tornar uma empresa (Prefeitura) de sucesso, é necessário que se

acredite no poder do atendimento das necessidades do cliente e no modo

como vai entendê-lo.

O rendimento do trabalho de um servidor de qualquer órgão público está,

também, vinculado aos seus ideais. Quanto mais elevados os ideais e uma

pessoa, proporcional será o nível de qualidade do desempenho e, em todas as

condições, o modelo de qualidade é um dos valores de maior importância, uma

vez que vai servir como referência, na auto avaliação, como a dos outros

colegas no seu ambiente de trabalho.

Na Prefeitura de Santos, especialmente no Departamento de Gestão de

Pessoas (antigamente denominado como RH – Recursos Humanos) o

atendimento é feito de servidor para servidor/funcionário, na grande maioria

das vezes. Eles vêm em busca de informações e esclarecimentos em relação a

diferentes assuntos, como pagamentos de férias, licenças prêmios, faltas que

não foram abonadas, etc. e caso as respostas não sejam aquilo que queriam

ouvir, muitos começam a agredir verbalmente o servidor que efetuou o

atendimento, fazem escândalos. As pessoas muitas vezes não querem aceitar

a informação que está sendo transmitida, não entendem ou não querem

entender que aquela pessoa que esta atendendo não detém a informação que

necessita que não é ele que faz as leis, as normas do município.

Para que nada disso ocorra ou possa ser evitado, é necessário que

principalmente os servidores do atendimento sejam escolhidos de forma

criteriosa, que sejam pessoas que gostem de trabalhar com o público em geral,

que tenham suas habilidades aprimoradas (mesmo quando não se sabe

determinado assunto, a boa vontade em atender supre a falta de conhecimento

do mesmo), que tentem se antecipar aos problemas apresentados, passando

por processos de treinamento e capacitação.

32

De acordo com Moller:

“para prestar um serviço eficaz, no contato pessoal, é muito importante e recomendável: ser educado e cortês; sorrir e se portar com naturalidade; falar em tom de voz agradável; falar o interlocutor sempre o olhando nos olhos” (MOLLER, 1992, p. 69).

Para que o funcionário atenda bem, é essencial que ele saiba fazer (tenha

conhecimento ou habilidades), possa fazer (tenha recursos necessários) e

primordialmente queira fazer. Porém, esse querer fazer está diretamente

relacionado com o clima organizacional, e consequentemente, com a sua

motivação, satisfação ou seu estado de espírito21. O ambiente de trabalho pode

motivar ou não as pessoas e comprometer a qualidade no atendimento.

O comprometimento com o trabalho melhora a auto-estima, a qualidade de

vida, tanto no aspecto pessoal quanto no profissional. Uma empresa prestadora

de serviços deve estar em qualquer circunstância e constantemente atenta

objetivando tomar conhecimento da satisfação daqueles para os quais estão

voltados os seus serviços.

4.2 – Treinamento / Capacitação

O conceito de treinamento é muito amplo, porém tem sido entendido quase

sempre como sendo o processo pelo qual a pessoa é preparada para

desempenhar, de maneira excelente as tarefas específicas do cargo que deve

ocupar. É um meio de se desenvolver competências nas pessoas para que se

tornem mais produtivas, criativas e inovadoras, a fim de contribuir melhor para

a consecução dos objetivos organizacionais.

O treinamento é necessário para vários fatores como: quando são

admitidos funcionários novos, quando se mudam os métodos e processos de

trabalho (por exemplo: sistema de computador), para atualização e reciclagem

dos cursos, etc.

21 Consulta ao site Gestão e RH. Ricardo Silveira Luz.

33

Na Prefeitura de Santos, mais precisamente no Departamento de Gestão

de Pessoas, o treinamento é efetuado através de cursos como: atendimento de

pessoal, motivacional, entre outros, a fim de contornarem, quando necessário,

os problemas que aparecem no dia a dia, como as situações de pessoas

exaltadas; mantendo o seu controle emocional e se possível o bom humor,

através de um cumprimento cordial, um olhar sincero e um sorriso discreto.

Esse treinamento nada mais é do que um investimento da Prefeitura em

seus servidores, a fim de que possam atender bem e superar as expectativas

da clientela (seja um servidor ou um munícipe).

Ele deve ser baseado principalmente nas carências existentes na qualidade

do atendimento, abordando técnicas de qualidade no atendimento e

habilidades para com as pessoas.

Segundo Whiteley o bom treinamento é “(...) essencial na transformação de

uma companhia de modo a servir o cliente” (WHITELEY, 1992, p. 79).

Muitas coisas podem contribuir para se fazer um atendimento de qualidade,

como: o respeito, a paciência, a empatia, o conhecimento do serviço, etc.

Esse bom atendimento gera benefícios para ambos os lados, pois um

atendimento rápido e preciso em seus esclarecimentos, faz com que o

funcionário que atende se sinta bem, motivado e pronto para o próximo,

fazendo também com que não haja filas de espera, enquanto que para a

pessoa atendida, saia satisfeita com o atendimento célere e eficaz e servindo

também como multiplicadora do bom atendimento público.

Esses treinamentos devem ocorrer com certa frequência e regularidade

durante todo o ano para todos os funcionários, principalmente para esses do

atendimento, a fim de que possam se reciclar nas técnicas do atendimento e no

relacionamento pessoal tanto com os clientes, quanto com seus colegas de

trabalho.

Um funcionário bem treinado sente-se muito seguro para a execução de

seus serviços diários.

34

4.3 – Rodízio de trabalho

É um programa de rodízio efetuado internamente no Departamento, a fim

de que os servidores, em especial do atendimento, possam fazer escalas e

ficarem certos períodos do ano/meses, em outras seções, principalmente

naquelas cujas solicitações de atendimento são mais solicitadas, a fim de obter

um pouco do conhecimento básico de cada uma delas para prestarem

informações corretas e precisas no momento do atendimento.

Esse rodízio só pode ser realizado por funcionários estatutários, os

concursados da Prefeitura (pois os contratados têm prazo certo para encerrar

seus contratos de trabalho e seria uma perda de tempo treiná-los para logo

saírem, principalmente em uma seção que demanda de um conhecimento mais

amplo do Departamento) e com pelo menos 01 (um) ano de efetivo exercício

(para a pessoa já ter a noção do trabalho executado pela seção que foi lotada

no momento de sua posse), a partir do preenchimento de uma ficha de

inscrição, onde ali o servidor já indica ao menos 03 (três) seções que gostaria

de ir a princípio para aprender. Essa ficha é analisada pela Chefia do

Departamento, juntamente com os Coordenadores a fim de verificarem a

disponibilidade das trocas de funcionários entre as seções solicitadas.

Esse período de treinamento em outra seção deve ser de no mínimo 01

mês, para que assim o funcionário possa passar por toda a rotina mensal

daquela seção.

Esse rodízio é muito importante para o bom atendimento, tendo em vista

que com ele as informações podem ser passadas de forma mais célere,

precisa e eficaz, fazendo com que haja muito mais rotatividade no atendimento

ao público e sem demora.

Segundo Whiteley (1992) para que o serviço público seja de boa qualidade,

é necessário que as pessoas que sejam contratadas/nomeadas para tal, seja

gente que goste de gente, treiná-las demonstrando como o atendimento deve

ser feito e apoiá-las na execução de suas tarefas diárias.

35

4.4 – A Qualidade na gestão dos processos

O Processo na Prefeitura de Santos, nada mais é do que o documento com

diversas folhas que tramita de uma seção para outra, de uma Secretaria para

outra, com as informações pertinentes a cada assunto relacionado ao

processo. É o meio pelo qual nos permite obter resultados (através das

informações, etc.).

Para se atingir a qualidade através desses processos é necessário

implantar o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) que é o controle e

melhoria dos processos para fazer com que o produto/serviço seja

entregue/efetuado ao cliente com qualidade. E para tal, o produto/serviço deve

passar por processos que garantam a qualidade através de uma série de

requisitos, que estão reunidos sob as famosas Normas ISO 9000, dentre

outros. No Brasil essas normas são editadas pela ABNT (Associação Brasileira

de Normas Técnicas).

Esse trabalho de normatização consiste em reorganizar e padronizar todos

os procedimentos visando a eficiência.

São feitas reuniões regulares com os departamentos para entender a

sistemática e reorganizar, junto com os funcionários, a dinâmica de trabalho.

Essas reniões servem para que seja detalhado todo o serviço executado,

transformando-os em normas de serviço.

Nessas normas de serviço é elaborado o passo a passo de cada tarefa

executada pelas seções individualmente, como por exemplo quem a executa

(se a Chefia ou o próprio funcinonário), quando ela deve ser efetuada, que

material é necessário para sua execução, quais os problemas que já ocorreram

na sua execução e possíveis soluções. É feita também uma norma técnica,

onde se coloca toda a parte técnica da tarefa, ou seja, modelos de relatórios,

folhas/formulários padronizados pela Prefeitura de uso obrigatório, cópias de

leis que sejam necessárias para a execução do referido serviço, etc.

As informações são discutidas, consensadas e aprovadas pelos

36

Coordenadores e Chefia do Departamentos. Após aprovação, essas normas

serão publicadas em manuais de procedimento (internet) e servirão a

funcionários do quadro e novos servidores.

Esse sistema pode ser implantado em qualquer empresa e setor, mas para

todo esse procedimento acima descrito ter validade, é necessário a Prefeitura ir

atrás de um certificado ISO e para isso, deve procurar um órgão de auditoria

independente para fazer esse procedimento. São realizadas primeiramente

auditorias internas (entre os departamentos) e depois a auditoria externa,

através de empresa certificadora credenciada para tal fim. Após isso, sendo

aprovada a certificação esse órgão autoriza a emissão do Certificado ISO, que,

no Brasil é o INMETRO.

Uma vez certificada, deve-se trabalhar para manter sempre o mesmo

padrão de qualidade para manter essa certificação nas auditorias futuras, que a

partir daí ocorrerão constantemente, para promover ações preventivas e

corretivas.

Com o Sistema de Gestão da Qualidade atuante no Departamento de

Gestão de Pessoas, a padronização de todos os procedimentos faz com que

haja uma utilização adequada dos recursos, controle dos produtos e processos,

redução do desperdício, especificação de matérias-primas, aumento da

produtividade, documentação dos procedimentos, e outros benefícios, já que

há um foco maior no cliente e na melhoria contínua dos processos internos.

Hoje na Prefeitura de Santos, a Secretaria de Educação é a única que

possui a certificação ISO. A Secretaria de Gestão está caminhando para isso, já

está na fase das auditorias internas, entre os próprios departamentos, para

futuramente contratar uma empresa certificadora a fim de obter o certificado

ISO.

37

4.5 – ISO

A ISO - International Organization for Standardization22 é uma federação de

organismos de normalização de 130 países, um por país. É uma organização

não governamental estabelecida em 1947.

O sistema ISO nasceu nas indústrias de produção seriada e massificada

pela necessidade de manter-se a perfeita padronização das peças e produtos

intermediários e finais, fabricados evitando assim o retrabalho e maiores custos

de produção.

Com isto passou-se a utilizar o termo conformidade como sendo a

certificação de que determinado produto, em sua cadeia produtiva, cumpriu

todas as etapas de fabricação e sofreu todas as alterações e modificações da

mesma maneira e forma que os demais produtos da linha de produção.

Portanto, o conceito de qualidade está associado ao perfeito cumprimento

das especificações técnicas de determinado produto. Assim, foram criados os

Certificados ISO, com suas variações abrangendo os segmentos industriais,

comerciais e de serviços regulamentando-se através de normas, critérios para

sua obtenção.

As normas da família ISO 9000 são referenciais para a implementação de

Sistemas de Gestão da Qualidade que representam um consenso internacional

sobre boas práticas de gestão e com o objetivo de garantir da primeira e em

todas às vezes, o fornecimento de produtos que satisfaçam os requisitos dos

clientes e/ou estatutários e/ou regulamentares; bem como a prevenção dos

problemas e ênfase na melhoria contínua23. Produtos fabricados e serviços

prestados de acordo com a norma ISO 9000 significam que todos possuem as

mesmas características e o mesmo padrão de qualidade.

Tem o objetivo de padronizar a implantação de um SGQ nas empresas,

bem como avaliar os processos, promover a manutenção da qualidade e a sua

22 Consulta ao site Portal Qualidade. Antonio Carlos Evangelista Ribeiro. 23 Consulta ao site Qualidade Sem Segredos. Márcio Hosken.

38

melhoria contínua, e são sempre revisadas periodicamente. O atendimento a

estes requisitos faz com que haja a padronização dos procedimentos e evita ou

reduz o índice de retrabalho.

Um certificado ISO traz diferenciação em relação ao mercado concorrente

e mostra ao mercado consumidor que procura sempre atender às suas

necessidades, o que gera mais confiabilidade. É por isso que as empresas

possuidoras do Certificado ISO, na promoção de seus produtos/serviços,

argumentam que escolher empresas certificadas é melhor do que outras que

não tem a certificação, mostrando as vantagens de se adquirir um

produto/serviço que passa por um controle de qualidade.

É importante ressaltar que uma vez conquistado o Certificado ISO, não

significa que todo o trabalho acabou, mas ao contrário, é apenas o começo de

uma nova cultura da qualidade para a empresa, devendo esta zelar pelo

cumprimento das Normas ISO, para a manutenção de seu SGQ, e isso é feito

através de auditorias internas e externas com o propósito de verificar se todos

os procedimentos estão em conformidade com as Normas ISO, apurando se é

o caso ou não, de manter a certificação. Se caso os processos não tiverem de

acordo com os requisitos das Normas ISO, a certificação poderá até ser

retirada24.

A certificação permite avaliar as conformidades determinadas pela

organização através de processos internos, garantindo ao cliente um material,

processo, produto ou serviço concebido conforme padrões, procedimentos e

normas.

A empresa/organização que possui a certificação ISO demonstra o seu

compromisso com a qualidade e a satisfação do cliente.

24 Consulta ao site Administradores.com-O Portal da Administração. Herbert Gonçalves Espuny.

39

4.6 - Certificadoras de Qualidade

O Inmetro foi o órgão responsável no início para conceder a certificação

das empresas. Posteriormente, seguindo uma tendência mundial, ele deixou de

ter essa função e começou a credenciar instituições para fazer isso.

Existem hoje no Brasil, três entidades que são credenciadas. A Fundação

Vanzolini (que foi a primeira, em 1990), a União Certificadora e a Associação

Brasileira de Normas Técnicas. A Vanzolini foi a primeira empresa que obteve o

credenciamento para certificar os sistemas de gestão das empresas.

Há também várias empresas internacionais no Brasil concedendo essas

certificações ISO 9000. No total deve ter cerca de 20 empresas certificadoras,

entre elas: a Associação Brasileira de Normas Técnicas, Fundação Carlos

Alberto Vanzolini, DQS do Brasil S/C Ltda, Lloyd's Register Quality Assurance

SP e RJ, etc.

Para a obtenção do certificado as empresas interessadas deveriam

elaborar documentação minuciosa e detalhada dos produtos e serviços, com

suas especificações técnicas, os métodos e procedimentos padronizados

adotados na cadeia produtiva para a realização desses produtos e/ou serviços.

Essa documentação seria submetida à análise e, mediante auditoria

comprova-se que todos os requisitos descritos na documentação estão

implantados adequadamente, de acordo com a norma estabelecida pela ISO.

A certificação ISO atesta que determinado produto ou serviço obedece

rigorosamente às normas e procedimentos de padronização. Isso significa que

os produtos ou serviços de determinada linha de produção são exatamente

iguais, e mostra ao mercado que a empresa em questão mantém um Sistema

de Garantia da Qualidade, o que significa que seus produtos (bens ou serviços)

carregam consigo um nível muito baixo de risco associado com a não-

qualidade, relativamente às especificações técnicas25.

O certificado ajuda na tomada de decisão, por parte do cliente,

25 Consulta ao site Portal Qualidade. Antonio Carlos Evangelista Ribeiro.

40

principalmente, quando este é intermediário, no processo de escolha de seus

fornecedores, quando o custo de determinada peça ou produto defeituoso, é

alto.

O custo das certificações variam conforme cada certificadora, quantidade

de unidades, complexidade do processo, abrangência do certificado, etc. Os

prazos de certificação tem variado de 12 e 24 meses, dependem do grau de

implementação do sistema de qualidade.

Alguns desses órgãos certificadores possuem programas de consultoria a

fim de auxiliar as empresas durante todo o processo de implementação. Caso a

empresa opte por um desses programas ela deverá, entretanto, escolher outro

órgão certificador para avaliar e certificar o seu sistema de qualidade, pois seria

antiético um órgão certificador avaliar e certificar um sistema de qualidade que

ele mesmo ajudou a implementar.

A maioria das empresas ao conquistar o certificado ISO, adormece em

berço esplêndido e utiliza essa certificação técnica como diferencial para

impulsionar suas vendas e a colocação de seus produtos no grande mercado

varejista para o consumidor final, o que de certa forma surtiu efeito em tempos

passados.

Entretanto, o consumidor final, aquele que impulsiona a economia, deseja

qualidade no sentido de satisfação de suas necessidades, o que dá um

enfoque bem diferente à característica “qualidade”. O consumidor final busca a

realização de seus desejos e aspirações quando adquire determinado produto,

pouco se importando se esse foi produzido dentro das normas de

padronização.

Não importa ao consumidor final se o componente de determinado

eletrodoméstico foi inserido no produto da mesma forma que os demais, o que

importa é que ele adquira um produto que satisfaça plenamente sua

necessidade26.

Uma vez certificada a empresa, deve zelar pela manutenção do certificado

pois perdê-lo é muito mais danoso do que não tê-lo.

26 Consulta ao site Portal Qualidade. Antonio Carlos Evangelista Ribeiro.

41

Empresas de Certificação acreditadas pelo INMETRO*

Empresa País

FCAV – Fundação Carlos Alberto Vanzolini Brasil

ABS - Quality Evaluations Inc. Brasil

TÜV Rheinland do Brasil Ltda. Brasil

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas Brasil

BVQI do Brasil Sociedade Certificadora Ltda Brasil

BSI Brasil Sistema de Gestão Ltda Brasil

SGS ICS Certificador Ltda Brasil

Det Norske Veritas Certificadora Ltda Brasil

Lloyd`s Register do Brasil Ltda Brasil

BRTÜV Avaliações da Qualidade S. A. Brasil

IQA - Instituto da Qualidade Automotiva Brasil

DQS do Brasil Ltda Brasil

TECPAR - Instituto de Tecnologia do Paraná Brasil

Instituto de Fomento e Coordenação Industrial - IFI Brasil

SAS Certificadora Ltda Brasil

Fondonorma - Fondo para la Normalización y la Certificación de la

Calidad

Venezuela

CCB - Centro Cerâmico do Brasil Brasil

UNIT - Instituto Uruguayo de Normas técnicas Uruguai

GL - Germanischer Lloyd Industrial Service do Brasil Ltda Brasil

RINA Services S.p.A. Itália

ICQ Brasil - Instituto de Certificação Qualidade Brasil Brasil

Bureau Acta de Certificação-QS Brasil

Perry Johnson Registrars, Inc. Estados Unidos

ACTA – Supervisão Técnica Independente Brasil

CERTA - Certificadores Associados Ltda Brasil

Associação NCC Certificações do Brasil Brasil

Instituto Falcão Bauer da Qualidade - IFBQ Brasil

42

ITAC-Instituto Tecnológico de Avaliação e Certificação da Conformidade

Ltda

Brasil

IBAMETRO-Instituto Baiano de Metrologia e Qualidade Brasil

Instituto Totum de Desenvolvimento e Gestão Empresarial Ltda. Brasil

Certa Qualidade Ltda. Brasil

EVS Brasil Certificadores de Qualidade Ltda. Brasil

Conceitos Serviços de Certificação Ltda. Brasil

Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia - FDTE Brasil

APCER - Associação Portuguesa de Certificação Portugal

Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica - ABTG Brasil

ABRACE – Avaliações Brasil da Conformidade e Ensaios Ltda. Brasil

Management Systems Certificações Ltda Brasil

W.Q.S. Certificações de Produtos Ltda Brasil

ICEPEX – Instituto de Certificação para Excelência na Conformidade Brasil

* Fonte: abnt/cb25 (consultado em 08/03/2013)

Relação das Certificações concedidas no Brasil*

* Fonte: Inmetro. (consultado em 08/03/2013)

43

CONCLUSÃO

Esse trabalho teve o intuito de demonstrar como a qualidade é uma

ferramenta importante e indispensável no dia a dia das pessoas e das

empresas, sejam elas públicas ou privadas.

A sociedade está acostumada com ótimos serviços prestados

principalmente pelas empresas privadas, tendo em vista a concorrência que

existe entre elas e, por isso estão cada vez mais exigentes também no setor

público, não desejando conviver mais com funcionários mal preparados,

serviços lentos e ruins.

A preocupação de se investir no próprio funcionário está cada vez maior, os

Chefes tem se preocupado em colocar pessoas específicas para cada área de

seus departamentos e seções, fazendo que o atendimento, a prestação dos

serviços seja feita de forma mais individualizada, específica; tem-se investido

no diálogo, em programas de motivação, em cursos de treinamento e

capacitação a fim de motivá-los e valorizá-los, fazendo com que se reciclem e

evoluam com a mesma frequência com que mudam os desejos e exigências

dos clientes e população.

A qualificação profissional anterior dos funcionários, principalmente os que

lidam diretamente com os clientes é sempre analisada, a fim de se ter uma

equipe de frente bem treinada e qualificada, que esteja acostumada a lidar com

problemas e situações desagradáveis primando sempre pela qualidade no seu

atendimento.

A Gestão da Qualidade é uma valiosíssima ajuda, tanto para a prefeitura

como para os funcionários. A aplicação desta metodologia de forma

conscienciosa cria de um lado um clima interno mais favorável ao crescimento

das potencialidades dos funcionários, e por outro, fornece os instrumentos

básicos para que estas potencialidades se possam manifestar na forma de um

serviço mais eficiente, mais interessante e satisfatório para todos.

44

A Qualidade é a base do sistema e não é obtida através de uma imposição

hierárquica gerada por decretos, ou portarias. Deve ser levado em

consideração que cada integrante de seus setores é um elemento fundamental

para se obter a qualidade dos serviços, das ações voltadas para a busca

incessante de um resultado que possa ser efetivamente sentido e digno de

elogios por todos.

Pode-se dizer que sem qualidade não há serviço público. Se o próprio

Estado oferece um serviço de má qualidade não se pode esperar melhor do

setor privado. Por isso cabe ao setor público uma mostra de que não existem

motivos para serviços públicos de péssima qualidade, sem ética, providos de

interesses próprios27.

Na presente monografia, buscou-se mostrar como é importante e

necessária a prestação de serviços com qualidade nas repartições públicas

municipais. Em qualquer órgão público deve haver uma conscientização de que

o usuário é muito importante e que sem ele não haveria razão para existir o

servidor que o atende.

Ficou claro que cabe também aos funcionários que atuam nos setores

públicos e que trabalham com a população em geral, uma postura correta, ética

e de profundo interesse pelos problemas para qual o usuário procura solução.

O funcionário público deve ser um interessado pelas causas alheias e pelas de

sua cidade.

O serviço Público Municipal de Santos está atrás de uma certificação de

qualidade em todas as suas Secretarias, garantindo assim o bom andamento

da máquina pública e a satisfação de todos os seus usuários e população.

27 Consulta ao site (artigo) de Miguel Lima. Publicado em 27 de maio de 2010.

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ANEXOS

Modelo de ficha/norma de serviço para padronização dos processos nas

seções do Departamento de Gestão de Pessoas.

SECRETARIA DE GESTÃO Página 49 / 1

Código: Processo: Pessoal Revisão: Aprovação: / /

NORMA DE SERVIÇO – PADRÃO DE SERVIÇO Título (Tarefa):

ONDE: QUEM:

QUANDO:

CONDIÇÕES NECESSÁRIAS:

DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES:

RESULTADOS ESPERADOS:

EM CASO DE ANORMALIDADE (O que fazer?):