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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A DISLEXIA E OS DESAFIOS PEDAGÓGICOS Por: Suzana Paula Pedreira Tavares de Moura Orientador Prof. Flávia Cavalcanti Niterói 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A DISLEXIA E OS DESAFIOS PEDAGÓGICOS

Por: Suzana Paula Pedreira Tavares de Moura

Orientador

Prof. Flávia Cavalcanti

Niterói

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A DISLEXIA E OS DESAFIOS PEDAGÓGICOS

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Orientação Educacional e

Pedagógica.

Por: Suzana Paula Pedreira Tavares de Moura

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que

me deu força todos os dias para não

desistir diante dos obstáculos, e

prosseguir na luta por dias melhores. A

minha orientadora Flávia Cavalcanti,

pela dedicação e paciência para a

concretização desse trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha mãe que

com amor, trabalho e sacrifício orientou-

me pelos caminhos do saber, lutando

incansavelmente para me proporcionar o

melhor. Aos meus filhos que foram

compreensivos e pacientes, jamais se

queixando com a minha ausência e

excessos de afazeres. Minha amiga

dedicada que esteve caminhando ao meu

lado durante essa trajetória de grande

importância na minha vida.

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RESUMO

A dislexia é definida como um distúrbio na área da leitura, escrita e

soletração. Porém os sintomas que uma criança com dislexia apresenta são

idênticos a qualquer outros transtornos de aprendizagem encontrados em uma

criança não disléxa. Portanto, o diagnóstico de dislexia deve ser feito por uma

equipe multidisciplinar formada por Orientador Pedagógico, Psicólogo,

Fonoaldiólogo. A criança disléxa apresenta dificuldades de aprendizagem já

nos primeiros anos escolares. É um indivíduo que apresentará sempre

dificuldades na leitura, na escrita e as vezes, apresentará movimentos

descoordenados = lateralidade, dificuldades para jogar bola, andar de bicicleta,

amarrar sapatos, etc. Disgrafia = letra feia, vários erros, escrita espelhada;

Discalculia = falta de habilidades de lidar com números, símbolos e operações;

Déficit de atenção = dificuldade de organização, seguir ordens, entrega de

tarefas no prazo, excesso de distração, etc. Disortografia = erros excessivos.

Esses são apenas alguns sintomas que podem ocorrer. E é bom lembrar que a

criança disléxa tem um nível intelectual na média ou acima dela, jamais abaixo.

A falta de ajuda provoca nas crianças com distúrbios de aprendizagem ( não só

os disléxos ) o temido fracasso escolar e junto com ele vem os estigmas de

“burro”, incapaz, preguiçoso, Elas não conseguem, não porque “não querem

nada”, mas sim pelas suas dificuldades e isso gera uma baixa autoestima, às

vezes resultando em problemas de comportamento, pois chamam a atenção

dos pais e professores pelos aspectos negativos. Por isso é importante ficar

atento às observações feitas pela escola, pois quanto antes a criança for

encaminhada para um diagnóstico correto, melhor será para ela e também para

a família, evitando assim maiores transtornos no futuro. Embora a cura para a

dislexia ainda não exista, é possível, com terapias, minimizar

significativamente, ajudando a criança a descobrir caminhos que facilitem a sua

aprendizagem, não só escolar, mas para a sua vida.

Palavras-chave: Dislexia, Dificuldade de Aprendizagem, Diagnóstico

Pedagógico.

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METODOLOGIA

Neste trabalho foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica, dividida em

quatro etapas: levantamento do referencial teórico, seleção do material teórico

apropriado a presente investigação ( entre vários autores, tendo um

embasamento teórico centrado na seleção do material sobre a dislexia ), leitura

analítica do referencial selecionado e organização do relatório final.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I 10

CAPÍTULO II 26

CAPÍTULO III 45

CAPÍTULO IV 55

CONCLUSÃO 60

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 62

ÍNDICE 64

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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INTRODUÇÃO

Nesta pesquisa sobre “A Dislexia e os Desafios Pedagógicos” é visível a

importância da articulação do Orientador Pedagógico com os professores da

instituição. O Orientador Pedagógico, junto a direção escolar compõe a equipe

técnica administrativa que se encarrega da gestão da unidade escolar, mas

principalmente na questão pedagógica.

Justifica o presente estudo o fato a se considerar como é fundamental a

compreensão dos modos de agir do Orientador Pedagógico nos diversos

contextos em que atua, rumo a superação dos problemas da escola. O

Orientador Pedagógico é desafiado constantemente com os problemas das

mais diversas ordens, entre elas a dificuldade de aprendizagem e não

podemos ignorar o que acontece com nossos alunos. Se existe o problema,

devemos conhecê-lo e promover alguma forma de intervenção. Afinal, superar

as situações que comprometem o desenvolvimento dos nossos alunos deve

ser sempre o objetivo do educador.

Então, o principal objetivo é levantar a questão de como o Orientador

Pedagógico pode intervir junto ao professor para ajudar na construção do

conhecimento do aluno disléxo e no processo de aprendizagem, descobrindo

estratégias e recursos para fazer com que esses alunos se interessem em

aprender. As reflexões, interesses e práticas da pedagogia podem ajudar a

ação educativa na escola compartilhando as atitudes e intervenções

pedagógicas do professor para o aluno disléxo.

Pensando nisso, o trabalho foi desenvolvido através de pesquisas

bibliográficas tomando como base a investigação de autores como Antunes,

Drouet, Fonseca, Pain, Selikowitz entre outros.

O primeiro capítulo da pesquisa aborda o que é a dislexia, suas

características e os sinais que podem indicar o distúrbio, que impede a criança

de compreender com a mesma facilidade que a outra da mesma idade.

O segundo capítulo relata as intervenções que o Orientador Pedagógico

pode fazer, auxiliando o professor com o aluno disléxo. Aborda as dificuldades

encontradas pelo Orientador Pedagógico e a atuação do mesmo, com as

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crianças disléxas e como pode ajudar o professor a planejar atividades para o

desenvolvimento da criança.

O terceiro capítulo relata sobre dados encontrados na LDB, frente aos

portadores da dislexia, Lei 9.394/96, a necessidade do Orientador Pedagógico

conhecer a Lei e Diretrizes e Bases e como proporcionar oportunidades

educacionais adequadas.

Para finalizar, o quarto capítulo aborda sobre como avaliar um aluno disléxo

e como realizar essa avaliação sem traumas. O Orientador Pedagógico pode

estar ajudando o professor a elaborar avaliações que favoreçam o

entendimento e desenvolvimento do mesmo.

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CAPÍTULO I

O QUE É DISLEXIA?

Aos desmembrarmos a palavra de imediato temos a primeira noção

básica do que vem ser dislexia: DIS= distúrbio, dificuldade; LEXIA= leitura (do

latim) e linguagem (do grego). DISLEXIA = distúrbio da linguagem.

Segundo Drouet,(2003.p.137) a dislexia é uma alteração nos

neurotransmissores cerebrais que impede uma criança de ler e compreender

com a mesma facilidade com que as crianças da mesma faixa etária. Todo o

desenvolvimento da criança é normal, trata-se de um problema na base

cognitiva que afeta as habilidades linguísticas associadas à leitura e a escrita.

Muitos acreditam que a dislexia é o resultado de uma má alfabetização,

da metodologia usada nas escolas, despreparação de professores, desatenção

do aluno que muitas vezes é rotulado de “burro”, “preguiçoso”, baixa

inteligência e que não tem o apoio dos responsáveis. Isto porque em geral os

disléxicos têm outras dificuldades de aprendizagem, como que vão poder

aprender outras matérias se não sabem ler e escrever? Acabam fracassando

em outras disciplinas, mesmo aprendendo a matéria, não conseguem escrevê-

la, atrapalhando sua realização pessoal e emocional, dificultando nos

processos cognitivos básicos. São crianças sem nenhuma autoestima.

Drout (2003,p.139) diz que para Orton, a dislexia seria explicada por uma

inadequada instalação da dominância lateral. Orton inspirou-se nos trabalhos

de Broca (o mesmo que descreveu o centro da articulação da palavra em

1865).

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Estudos sobre distúrbios da linguagem têm confirmado que no cérebro há

áreas responsáveis pelo controle da linguagem, que tem seu controle

predominante no hemisfério cerebral esquerdo.

Pain (1992,p.30) acha a dislexia um nome muito sofisticado usado

apenas como um bonito nome pra traduzir insuficiências da leitura e

escrita.visto que pessoas com dislexia não são incapazes. Tem um distúrbio de

aprendizagem que pode ser tratado. Ela não descarta que a dislexia merece

uma consideração especial dentro dos diversos problemas de aprendizagem,

pois a dislexia é uma das mais comuns deficiências de aprendizagens.

É necessário que pais, professores estejam cientes das dificuldades da

criança, para que junto com o orientador pedagógico encontrem estratégias

para amenizarem a dificuldade causada pela dislexia.

Nesse caso, Pain (1992, p.31) acredita que quanto mais cedo for

diagnosticado, maior êxito terá no tratamento utilizando a estimulação

apropriada.

Como a dislexia é um pouco conhecida, muitas vezes as crianças que

não aprende a ler, mas dá demonstrações de inteligência no dia-a-dia, pode

ser acusada injustamente de falta de interesse, quando na verdade, ela apenas

tem um jeito diferente de ser, que reflete a expressão de sua mente.

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1.1 Entendendo melhor a dislexia

De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, as causas da

dislexia podem ser neurobiológicas e genéticas. Sendo hereditária, qualquer

criança disléxica tem sempre um parente disléxico.

Os disléxicos recebem informações em uma área diferente do cérebro,

portanto o cérebro dos disléxicos é normal. Infelizmente essas informações em

áreas diferentes resultam de falhas nas conexões cerebrais. O resultado é que

devido a essas falhas no processo de leitura, eles tem dificuldades de aprender

a ler, escrever, soletrar, pois é difícil assimilarem as palavras.

O lado esquerdo do cérebro está diretamente relacionado à linguagem,

permitindo que o aluno aprenda normalmente a ler e a escrever. À medida que

a criança se familiarize com a leitura, passando a ler com maior facilidade, a

outra parte do cérebro passa a se desenvolver, construindo uma memória que

reconheça rapidamente as palavras já reconhecidas. Assim o cérebro domina o

processo e a leitura exige um menor esforço.

Devido às falhas nas conexões cerebrais, o cérebro dos disléxicos não

funciona dessa forma, suas ligações cerebrais não incluem a área responsável

pela identificação de palavras e, portanto as crianças com dislexia não

conseguem reconhecer instantaneamente palavras que já tenham estudado. A

leitura torna-se uma grande dificuldade, pois quase toda a palavra é

desconhecida. Só através de muito treino, estímulo e paciência ela conseguirá

ler. A dislexia pode ser derrotada, amenizada, mesmo não tento cura.

Crianças disléxicas que recebem tratamento desde cedo apresentam

uma menor dificuldade na aprendizagem da leitura. É de grande importância

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afirmar que a dislexia não é superada com o tempo, a criança tem que ter um

tratamento apropriado.

Segundo Selikowtiz (2001,p.32) para que o termo dislexia tenha algum

significado, ele deve ser utilizado somente para crianças que tenham muitas

dificuldades para aprender a ler, que estejam fora da média. É normal que a

criança enfrente problemas com a leitura, escrita, ortografia, aritméticas no

primeiro ou segundo ano, mas após esse período deve atingir um nível básico

de competência. Deve-se suspeitar das crianças que pareça estar aquém de

suas potencialidades.

Já que detectar o distúrbio da dislexia não é uma tarefa fácil. Há alguns

sinais e sintomas que podem indicar a presença da dislexia desde cedo, mas

um diagnóstico preciso só é possível a partir do momento que a escrita e a

leitura são apresentadas formalmente á criança. Entre os sinais mais comuns é

a percepção tanto para pais e professores que os portadores de dislexia

encontram facilidades em coisas geniais e ao mesmo tempo dificuldades

básicas, durante o processo da aprendizagem. Como o distúrbio é

comprovadamente genético, os especialistas afirmam que as crianças podem

ser avaliadas a partir do cinco anos de idade principalmente porque a dislexia

perdura ao longo de toda a vida. Mesmo sendo controlada, os disléxicos devem

ter um tratamento adequado e principalmente uma boa dose de esforço

individual para conseguir desenvolver estratégias que compensam a

dificuldade e facilitar a vida escolar. Normalmente cabe ao professor e o

orientador pedagógico com formação ou informação em dificuldades de

aprendizagens indicar o aluno para o psicopedagogo escolar, que é o

profissional indicado para comunicar o problema aos pais e atuar como

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mediador entre eles e os diferentes profissionais que podem avaliar

clinicamente o distúrbio.

Considerando que não é uma doença, o disléxico tem que ser visto como

uma criança inteligente, sem problemas neurológicos nem psiquiátricos. Seu

cérebro apenas tem uma pequena área específica do hemisfério lateral-direito

mais desenvolvida e que funciona de forma peculiar, dificultando a associação

dos símbolos gráficos.

A partir do diagnóstico, o que se torna importante é a linha adotada pelo

profissional (ou profissionais) que vai tratá-la. Entre os vários métodos

adotados, a Associação Brasileira da Dislexia aconselha a terapia

multissensorial, cumulativa e sistemática que trabalha todos os sentidos ao

mesmo tempo (como o disléxico assimila facilmente tudo que é vivenciado

concretamente, ele pode ser treinado para ler e ouvir, enquanto escreve, por

exemplo) o tratamento normalmente é feito por fonoaudiólogos,

psicopedagogos e psicólogos especializados no assunto.

1.2 Sinais e características da dislexia

Quando pedimos para uma criança disléxica produzir um texto por menor

que seja, notamos uma dificuldade na organização do pensamento para a

escrita. Além de trocas de letras, tem uma escrita muitas vezes ilegível, devido

também a dificuldade da coordenação motora. Algumas crianças com dislexia

também tem dificuldades em calcular. Além dos distúrbios próprios da dislexia ,

as crianças podem apresentar problemas de linguagem como demora no

desenvolvimento e dificuldades em articular as palavras.

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Selikowitz (2001.p.50) diz que são muitos os sinais que identificam a

dislexia. Crianças disléxicas têm dificuldades em identificar fonemas e

reclamam que ler é muito difícil, tem dificuldades em soletrar, em ler em voz

alta e memorizar palavras, elas também confundem palavras. Suas habilidades

aritméticas são afetadas, ela parece confusa quando lhe pedem para fazer

cálculos que se espera de uma criança de seu nível de escolaridade. A criança

tem grandes dificuldades para aprender o significado das operações

aritméticas, como adição, subtração, multiplicação e divisão.

Quase sempre a dislexia leva a outras dificuldades de aprendizagens

como: Discalculia – dificuldade em aprender aritmética, reconhecer numerais,

resolver problemas. As crianças com dislexia apresentam um grande obstáculo

para ler os enunciados, mas são capazes de fazê-los quando lido em voz alta.

A discalculia impede a compreensão dos princípios e processos matemáticos,

como o reconhecimento dos numerais não relacionando símbolos à

quantidade. Com ajuda ele reconhece e consegue resolver problemas, quando

alertadas quanto o tipo de operações que deverá utilizar. Sem a colaboração

de um mediador não consegue determinar o processo, invertendo os números

das operações ou a sequência dos mesmos.

A discalculia quando diagnosticada nas primeiras séries iniciais é

corrigida facilmente com uma reeducação apropriada e atividades

interessantes.

Disgrafia – atraso no desenvolvimento da linguagem escrita,

principalmente cursiva, é muito difícil para o disléxico usar os símbolos gráficos

para exprimir ideias, existindo vários tipos de disgrafia, desde a dificuldade de

segurar o lápis, ou seguir traçados, ligar pontinhos. Quando bem trabalhados

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conseguem reproduzir palavras, no início com distorções na sequência dos

movimentos, sem respeitar margens, amontoando letras, palavras ou

separando-as erradamente. Tendo uma caligrafia difícil de entender,

precisando muitas vezes ser adivinho para conseguir identificá-la, a escrita é

extremamente pobre com dificuldades de realização dos movimentos motores

necessários à escrita.

Disortografia – dificuldade na expressão da linguagem escrita, havendo

trocas ortográficas e confusões de letras. É incapaz de apresentar uma escrita

correta, de palavras confundem as letras , trocam sílabas, letras, sons.

Trocas auditivas; f-v/ p-b

Trocas visuais: b-d/p-q

Normalmente a disortografia é revelada por frases incorretamente

construída, normalmente associada a atrasos na compreensão e na expressão

da linguagem escrita.

Formulação de sintaxe – Dificuldade de colocar as ideias em ordem,

pode ser um bom orador, porém não consegue transmitir através da escrita ,

suas ideias, seus pensamentos, sendo um grande obstáculo para a formulação

de uma produção de um texto. Estas crianças conseguem ler, compreendem o

que está sendo lido, mas é muito difícil escrever cartas, bilhetes, versos e o

pior não consegue dar respostas a perguntas escritas em provas,

principalmente quando é necessário fazer à justificativa das mesmas.

Martins (2007) afirma que a dislexia não tem cura, mas existem

tratamentos que permitem que as pessoas aprendam estratégias para ler e

entender. A maioria dos tratamentos enfatiza a assimilação de fonema, o

desenvolvimento do vocabulário, a melhoria da compreensão e fluência da

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leitura. Ajudar o disléxico a melhorar sua leitura é muito trabalhoso e exige

muita atenção, mas toda criança disléxica necessita de apoio e paciência, pois

essas crianças sofrem de falta de autoconfiança e baixa autoestima, pois se

sentem menos inteligentes que seus amigos.

Infelizmente nem todos os professores estão preparados para lidar com

crianças disléxicas. As crianças com dislexia não são tratadas como as demais

que se enquadram perfeitamente cumprindo na aprendizagem o planejamento

feito pelo professor. Essas crianças ainda são maltratadas quando avaliadas

comparativamente como as outras crianças não disléxicas. É preciso muita

atenção para que os professores compreendam suas dificuldades, sua lentidão

em vez de taxá-las de lentas e preguiçosas, são maltratadas, a abandonam, a

desprezam, a condenam sem se sensibilizar com suas dificuldades levando-as

a evasão escolar.

O orientador pedagógico antes de mais nada tem que oferecer a estas

crianças e a seus educadores (pais, responsáveis, professores) a informação

que a dislexia é uma dificuldade de aprendizagem e que se deve dar

oportunidades para que o aluno aprenda usando estratégias fáceis e simples.

Segundo Laurenti (2000,p.67), o orientador pedagógico e professores

precisam trabalhar juntos. É preciso que professores sejam preparados para a

elaboração de um saber, saber este que não é isento de preconceitos que

atuam nele e por meio dele. É importante fazê-los perceber que o saber não

está completo, que não há respostas para tudo.

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Aprender é um ato da vida e para aprender é

necessário alguém que ensine e alguém que

aprenda, mediados por uma ação vincular. Não

podemos nos esquecer de que, muitas vezes, o

aprendente/aluno fracassa, mas também os

ensinantes/professores fracassam. (LAURENTI,

2000.p.31)

É necessário, caminhar sempre juntos, o orientador pedagógico deve

propor trabalho onde as atividades sejam significativas, escolhendo atividades

com contínua dinâmica e interação entre as condições cognitivas do aluno e as

intervenções pedagógicas do professor frente à dificuldade do aprendiz.

São muitas as causas que precisam ser corrigidas , no entanto são

poucos os profissionais que conhecem e entendem os problemas e suas

possíveis correções e soluções.

Pain (1992,p.27) ressalta que quando há um problema de aprendizagem,

pode-se ter uma significação. Sempre é preciso definir o sintoma, portanto para

diagnosticar a dificuldade, é preciso dar palavra à mãe, ao pai e principalmente,

à criança. É preciso escutá-la. Precisa-se saber o que se passa, compreender

a capacidade de construção de aprendizagem.

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Não é só a possibilidade de aprender, isto é, de saber

qual é o movimento adequado para conseguir um fim,

mas também a de alcançar um domínio do próprio

corpo capaz de agir de maneira eficaz.(PAIN,

1992.p.31)

Os professores, em sua grande maioria ainda não estão preparados para

reconhecer a forma como ocorre a aprendizagem do aluno, contribuindo cada

vez mais para o fracasso escolar, dificultando seu desenvolvimento. Um aluno

com dificuldade de aprendizagem carrega uma pesada cruz de não saber o

que fazer com suas limitações. São bombardeados em cheio na sua

autoestima quando lhe é oferecido o mesmo modelo de provas, mostrando o

quanto são preguiçosos, lentos, desqualificados.

Maltratando-os quando não compreendem suas dificuldades, o seu jeito de

aprender. E pior do que isso quando não respeitam ao avaliá-los dando notas

morais e sociais através de seu desempenho escolar sem ao menos imaginar

que nisso existe um ser desejante do saber que sofre, principalmente ao

compará-los com as crianças sem dificuldades de aprendizagem.

O orientador pedagógico durante o processo de intervenção atua com o

objetivo de diminuir a defasagem, propondo ao professor que este

desempenhe seu papel com segurança valorizando o potencial já existente no

educando por meio de diferentes propostas, procurando transformar suas

experiências e desencadeando o desejo de aprender.

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1.3 Alguns sinais que podem indicar a dislexia

De acordo com José e Coelho (1989, p.91), o professor que deseja ajudar

seus alunos minimizando os problemas referentes à dislexia sabe que é

necessário encaminhá-los para tratamento e colaborar nesse tratamento, pois

muitos conflitos e frustrações acompanham o disléxico, pois sendo ele normal

intelectualmente, as expectativas da família são sempre muito grande, criando

uma situação emocional que tende a se agravar, especialmente em função das

injustiças que costumam sofrer.

As principais dificuldades apresentadas pelas crianças disléxicas, de

acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), são:

• Histórico familiar de problemas de leitura e escrita.

• Frases confusas

• Impulsividade em agir

• Uso excessivo da mesma palavra

• Nomeação imprecisa

• Dificuldades de lembrar cores e nomes de objetos

• Confusão no uso de palavras que indicam direção, como: dentro/fora,

em cima/ em baixo, direita/esquerda, fora/dentro

• Fraco desenvolvimento de atenção

• Confunde conceitos como: ontem, hoje, amanhã

• Não guarda datas (nem de se aniversário)

• Dificuldade especial em aprender a ler e a escrever.

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• Dificuldade em aprender sequências como alfabeto, numerais, dias da

semana, meses do ano...

• Dificuldade continuada como amarrar cadarço

• Dificuldade em agarrar bola ou acertá-la no cesto

• Dificuldade em andar em linha reta

• Reversão de letras e números (13-31 / b-d)

• Dificuldades na articulação de palavras polissílabas

• Ler sem compreensão

• Escrita incorreta

• Lentidão para trabalhos escritos

• Dificuldade de copiar do quadro ou livro

• Falta de interesse em ler, só se interessa pelas figuras

• Dificuldade em montar quebra cabeças

• Dificuldade em memorizar versos

• Vocabulário muito pobre

• Escassez de conhecimentos prévios (memória de longo prazo)

• Inversão de sílabas

• Omissão de sílabas

• Dificuldade na discriminação de fonemas

• Modificação de sons: lalito com palito

• Escrita em espelho

• Letra ilegível

• Confusão entre letras, sílabas ou palavras

• Adição ou omissão de sons

• Repetição de sílabas, palavras ou frases

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• Pular uma linha, retroceder para a linha anterior e perder a linha ao ler

• Reconhecer letras mas não organizar palavras

• Atraso nas tarefas de leitura e escrita, mas não nas orais

• Dificuldades em rimas

• Dificuldade em associações

• Dificuldade em memorizar números de telefones

• Esquecer de dar recados

• Esquecer de efetuar tarefas

• Dificuldade em organização das tarefas

• Dificuldades em cálculos mentais

• Persistência no mesmo erro

• Dificuldade em escrever palavras ditadas

• Aprendizagem lenta

• Dificuldades em seguir regras

• Problemas de motivação cultural

• Deficiente desenvolvimento da linguagem

• Problemas de comunicação verbal

• Dificuldades na sequência de sons

• Problemas de grafismo

• Dificuldade na leitura oral

• Na realiza corretamente as separações de sílabas

• Dificuldades no uso de plurais e verbos

• Confusão na configuração de palavras

• Demora a aprender a falar, a fazer laços nos sapatos, a reconhecer as

horas, a pegar e a chutar bola, a pular corda.

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Esses são alguns dos sintomas verificados em crianças com dislexia, não

querendo afirmar que todos os disléxicos tenham todas as características

citadas acima. No momento que o professor identificar uns oito sintomas já

pode encaminhá-lo para o serviço de orientação pedagógica, pois mesmo não

tendo dislexia pode indicar outras causas, como afirma Fonseca (1996.p.114):

• Imaturidade sensorial

• Imaturidade psicomotora

• Imaturidade psicolinguística

• Privação cultural

• Má qualidade de vida familiar

• Inoportunidade pedagógica

Ainda teremos, segundo Fonseca (1996.p.117) causas exteriores à

criança (exógenas), onde o desenvolvimento é predominante e causas da

criança (endógenas) onde se refletem em termos de desenvolvimento e de

dificuldades de informação.(...) Passamos a diferenciar os diferentes tipos de

causas que têm sido apontados em inúmeros trabalhos de investigação.

Dentro das causas exógenas, pode-se realçar;

• Má frequência escolar

• Deficiente orientação pedagógica

• Recusa do ambiente escolar (oposição)

• Falta de aprendizagem imediata

• Falta de hábitos de trabalho

• Inexistência de ensino infantil

• Problemas de motivação social

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Dentro das causas endógenas, pode-se destacar:

• Carências instrumentais

• Dificuldades de processamentos da informação visual e auditiva

• Imaturidade psicomotora, com problemas de imagem do corpo

• Deficiente desenvolvimento da linguagem ou imaturidade

psicolinguística, expressão limitada, vocabulário diminuto,

problemas de comunicação verbal

• Problemas orgânicos e genéticos que se podem refletir na

dificuldade de aprendizagem, como sejam, por exemplo:

Problemas no sistema nervoso cerebral , disfunções cerebrais,

diabetes, anomalias enzimáticas, afecções congênitas dos

elementos constituintes do sangue, etc.

• Hipersensibilidade, superestimulação e hiperatividade com

problemas global de atenção (Ong 1968).

Como afirma Fonseca (1996.p.109): “A dislexia, normalmente não

aparece isolada, ela surge integrada numa constelação de problemas que

justificam uma deficiente manipulação do comportamento simbólico que trata

de uma aquisição simbólica exclusivamente humana.”

Cabe um novo olhar para auxiliar esse aprendiz, iluminando o seu

caminho diante dos desafios a serem vencidos, fazendo que o mesmo possa

vir a ser e a fazer parte de um processo mais amplo de ensino. As dificuldades

de aprendizagens podem ser observadas como oportunidades de

aprendizagens para todos: aluno, família, escola, professores.

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Existem fogueiras grandes e pequenas e figueiras de

todas as cores. Existe gente de figo sereno, que nem

percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar

de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam

nem queimam: mas outros incendeiam a vida com

tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem

pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.

(GALEANO, 1997).

Ninguém é igual a ninguém. De acordo com Galeano somos fogueirinhas

diferentes, cada qual com suas características, umas iluminam mais, outras

menos, porém todas com tua luz própria. Só que em uma sala de aula o que se

busca são as semelhanças. E assim para que a constelação de problemas não

aumente, cabe ao profissional um olhar sensível, capaz de identificar as

diversidades. As diferenças em sala de aula podem se tornar mediadoras para

viver experiências criativas e lúdicas em que coloca o aluno com dislexia em

situação de constantes desafios, oferecendo melhores condições de superá-

los.

Deve-se buscar nas dificuldades o que o aprendiz tem de melhor, sendo

fundamental tentar entender o processo do aprender, estimulando seu

desenvolvimento visando novas alternativas de ação voltadas para a prática

pedagógica na escola. Um problema de aprendizagem deve sempre ser

trabalhado de uma maneira mais ampla procurando sempre estratégias para

facilitar sua aprendizagem conforme os estilos diferentes de aprendizagem de

seus alunos.

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CAPÍTULO II

AS INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS

O orientador pedagógico deve auxiliar o professor a planejar

regularmente atividades que propiciem liberdade de ação às crianças,

promovendo um ambiente relacional, oferecendo-lhes condições de superar

as dificuldades e principalmente conhecendo a importância das brincadeiras

no desenvolvimento da criança.

É necessário estimular a participação ativa e a imaginação criativa,

para que também elas possam crescer junto com as crianças.

O orientador pedagógico antes de mais nada deve oferecer a estas

crianças e as seus educadores ( pais, responsáveis, professores ) a

informação que a dislexia é uma dificuldade de aprendizagem e que

devemos dar oportunidades para que o aluno aprenda usando estratégias

fáceis e simples. O orientador e professor precisam trabalhar juntos.

2.1 O papel do orientador pedagógico no auxílio ao professor com o aluno

disléxico

Sendo a aprendizagem, o objeto do estudo da pedagogia, bem como as

dificuldades, ou seja, o que facilita ou não a construção do conhecimento da

criança, evitando dessa forma o fracasso escolar e favorecendo a aquisição do

conhecimento, realizando intervenções, atuando nos transtornos de

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aprendizagem, levando dessa forma o aprendiz a reintegrar-se a vida escolar

normal, de acordo com suas possibilidades e interesses. O orientador

pedagógico pode auxiliar aos professores a entenderem e respeitarem a forma

da aprendizagem do aluno disléxico. Essa intervenção dentro do ambiente

escolar possibilita uma leitura mais próxima da realidade do dia a dia da

criança na escola, podendo assim oferecer-lhe oportunidades diferenciadas de

aprendizagem.

Já que a pedagogia integra várias disciplinas que se propõe a

compreender o processo de dificuldade de aprendizagem, estudando o ato de

aprender e ensinar, levando em conta as experiências do educando, já que o

sujeito é um conhecedor ativo e o conhecimento é construído por suas ações.

O orientador pedagógico trabalha junto aos professores os conhecimentos

científicos á partir da realidade de seus alunos, para que o educando construa

por si próprio e junto ao professor, que deve ser um mediador na investigação,

que permita que o pensamento de quem aprende converta os conhecimentos

em si próprios; respeitando os processos e limites do aprendiz. Descobrindo o

prazer de construir o seu próprio desenvolvimento, favorecendo desde o início,

uma aprendizagem mais significativa e prazerosa.

Precisando estar atento ao que ocorre entre os outros e com os outros

para explicar a aprendizagem e o desenvolvimento das pessoas, observando o

que pode desencadear dificuldades de aprendizagens, portanto é mais do que

necessário uma visão ampla e abrangente dos envolvidos na situação, para

que se possa intervir adequadamente.

Neste caso, cabe ao orientador pedagógico, juntamente com a equipe,

pesquisar, estudar, refletir e levar o professor como se processa o

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conhecimento, quais as habilidades e interesses dos alunos, sugerindo

estratégias e recursos no que diz respeito às dificuldades que o aluno poderá

apresentar em relação à dislexia.

O orientador pedagógico deve propor trabalho onde as atividades sejam

significativas. As escolhas das atividades exigem uma contínua dinâmica entre

as intenções cognitivas dos alunos e as intenções pedagógicas do professor

frente às dificuldades do aluno, pois quando um distúrbio de aprendizagem

envolve áreas básicas de linguagens como a dislexia que não é isolada,

afirmando o que Fonseca já disse, que é uma constelação de problemas, pode

tornar doloroso esse processo, tanto para o professor quanto para o aluno,

porém com uma aula mais criativa, onde errar é também uma forma de

aprender, a criança pode redescobrir suas capacidades. Através de um

trabalho paciente e constantemente variado poderá prestar a criança à ajuda

que tanto precisa, estimulando a aprendizagem e sua autonomia.

Deve-se evitar a exclusão, estimulando-o sempre pelo seu esforço, para

que ele acredite que é capaz de realizar-se tanto na fala, escrita e leitura. As

dificuldades de leitura e escrita podem resultar em obstáculos nos processos

cognitivos básicos. São impedimentos que podem atrasar o desenvolvimento

do aluno.

A motivação é muito importante para a criança

disléxica, pois ao se sentir limitada, inferiorizada, ela

pode se revoltar e assumir uma atitude de negativismo.

Por outro lado quando se vê compreendida e

amparada, ganha segurança e vontade de

colaborar.(JOSE e COELHO 1998, p.91)

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O professor deve ter a certeza que a valorização da autoestima passou a ter

uma relevância maior, tendo em vista que a fragilidade, ou seja, a baixa estima

atrapalha a boa aprendizagem criança, consequentemente, comprometendo a sua

sobrevivência em um mundo extremamente desafiador e competitivo. Por isso é

importante que o professor valorize seus conhecimentos, de modo a não causar a

evasão escolar, o auto índice de insucesso escolar, pode ter a ver com

preconceito, discriminação.

O fracasso escolar atinge não só o aluno, atingindo também sua família e

o meio social gerando problemas emocionais, comportamentais, familiares e

sociais, comprometendo ainda mais o processo de aprender. O disléxico tem

que acreditar em suas possibilidades, capacidades elevando sua autoestima.

Se aceitarmos e valorizarmos nossos alunos, se os

considerarmos capazes de desenvolver competências e

habilidades necessárias para lidar com seus estudos e se os

julgamos suficientemente importantes para reservamos tempo

para ouvi-los, contribuiremos para que desenvolvam padrões

consistentes e realistas, sintam-se encorajados a não se intimidar

com o fracasso e aprendam a agir de forma independente e

responsável. (ANTUNES, 2003, p.23-24)

Diante disso, pode-se dizer que uma criança desenvolve sua autoestima, à

medida que é reconhecida como tal, única, singular, com necessidades

educacionais específicas. Nessa perspectiva cabe ao orientador pedagógico e o

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professor ajudar cada aprendiz a descobrir-se, a aceitar-se, levando-o a se sentir

confiante e apto a enfrentar as dificuldades do aprender.

É com essa preocupação que surge a necessidade de se analisar a

importância da autoestima, e de como esta pode contribuir para o

desenvolvimento do aluno disléxico.

A Psicogênese é de grande ajuda, pois para Piaget há três princípios que

podem ajudar o professor na sala de aula:

• Respeito à produção do aluno – qualquer indivíduo pode aprender.

• Espaço para testar suas hipóteses – só conhecemos quando agimos,

dependemos da ação e para exercitá-la é necessário espaço, para fazer

perguntas, testar as respostas, interpretando a realidade e conhecendo

sua capacidade.

• Trabalho em grupo – o lado cooperativo, a ajuda, a integração, e um

pouco mais além, ajudando na formação de indivíduos sociais,

construindo o seu aprender num processo coletivo.

No seu livro A psicogênese da língua escrita, Emília Ferreiro (1999, p.56)

mostra como que as crianças expressam uma enorme variedade de ideias e

hipótese demonstrando não só como pensam, mas principalmente o modo

como são tocadas pelo universo das letras. E esse universo é formado pelos

contos de fadas, poemas, revistas infantis, parlendas, cantigas... mostrando

que as crianças já chegam à escola com uma grande bagagem cultural, não

chegam vazias, sem saber nada sobre a língua. De acordo com Ferreiro, toda

criança passa por quatro etapas até que esteja alfabetizada. Para Ferreiro,

existe um sujeito que conhece.

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Mesmo tendo dislexia, o aluno tem muita coisa a oferecer, o orientador

pedagógico e o educador devem estar sempre atentos para promover a

aprendizagem. Principalmente aos alunos com dislexia é muito importante

oferecer atividades em que a escrita e leitura torne o desejo de sua

aprendizagem, através de métodos criativos e simples, ninguém deverá ficar

isolado brincando de roda, Pai Francisco, chicotinho queimado, e outras ideias

simples que automaticamente vai levantando a autoestima do aluno disléxico.

O objetivo de Ferreiro é integrar o conhecimento espontâneo da criança

ao ensino dando-lhe maior significado. E a aprendizagem será um prazer, uma

grande e gostosa brincadeira, onde o aluno participa constantemente

desenvolvendo e construindo seu conhecimento.

Segundo Weis (1999.p.48): “Não é porque o aluno participa de forma

direta da construção do seu conhecimento que o professor não precisa ensiná-

lo”. O mediador deve organizar materiais, atividades que motivem o

pensamento, a reflexão da escrita, pois só pensando, se exercitando que o

aluno irá aprender. Com situações naturais, durante as atividades rotineiras em

sala de aula nas quais os alunos interagem, ao recontarem histórias

conhecidas, reconhecem rótulos da própria merenda...e assim o mediador

deve interrogar a criança a partir daquilo que ela diz, das ideias que constrói.

O orientador pedagógico tem que lembrar ao professor que em um

ambiente propício para a construção da aprendizagem não é um lugar cheio de

coisas escritas, paredes cheias de cartazes, e sim que é um espaço aberto às

mais variadas linguagens: oral, escrita, corporal, gráficas... um lugar de

diálogo, que tenha muita fala, muita leitura, onde textos possam serem

produzidos em grupos ou individualmente, sempre introduzidos com sentidos

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reais para o aluno. Ler e escrever são interagir, participar, estabelecendo a

correspondência entre o texto e a vida. A comunicação, informação, expressão,

não deve aparecer simplesmente com o objetivo de levar o aluno a ler e a

escrever e sim, devem desde o mais cedo possível exercer funções reais, que

façam parte da rotina da criança ampliando as práticas já vividas criando

condições para que sejam descobertas e compreendidas introduzindo-a na

vida social, que coincide com a ampliação de seu meio de relação resultando

em um processo de interação social da criança disléxica com o meio ambiente,

a sociedade.

O orientador pedagógico deve orientar ao professor que o aluno não é

um ser passivo e nem o professor é todo o poderoso, aquele que tudo sabe, o

dono do saber, que ministram aulas expositivas, avaliam seus alunos por

valores absolutos e administram suas aulas por meios de uma pedagogia de

pavor.

Com a ajuda da Pedagogia, o professor começa a despertar

competências, conhecendo diferentes estratégias para a participação integral

de seus alunos e administrando aulas com alegria e total envolvimento,

agregando valor à sociedade, assumindo a condição de facilitador, oferecendo

oportunidades de construção de conhecimentos. Sabendo que é preciso uma

nova ação educativa para fortalecer à autoestima e respeitar o ritmo, o limite de

cada aprendiz, buscando igualdade entre professor e alunos, onde ambos

aprendem, trocam experiências, dando oportunidade de reflexão acerca do

mundo formando-os críticos e participativos.

É preciso que o orientador pedagógico saiba lidar com as diversidades, e

para isso, terá que dar a si próprio, a oportunidade de desenvolver seu trabalho

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aceitando possíveis limitações, em uma prática educativa que visa o

desenvolvimento das potencialidades dos educandos, respeitando seus

estágios, valorizando seus conhecimentos e os reconhecendo como sujeitos

capazes de transformar a si e a sociedade que vive.

Assim o aluno é despertado para um senso de autonomia , participando,

interagindo, formando-se uma pessoa crítica e criativa, tentando lutar por uma

sociedade mais justa. Crianças educadas construindo o seu próprio

conhecimento tendem a se tornar um adulto participativo e atuante não

aceitando as injustiças com um simples balançar de cabeça.

O orientador pedagógico deve ajudar o professor explorar os meios mais

viáveis para a aprendizagem. Não esquecendo que a aprendizagem deve ser um

prazer. E que as escolhas das atividades exigem uma contínua dinâmica entre as

intenções pedagógicas do professor frente às dificuldades do aluno, pois o

cansaço, a falta de perspectiva, pode acarretar um distúrbio de aprendizagem,

podendo tornar doloroso tanto para o professor como para o aluno, porém uma

aula mais criativa, onde errar é também uma forma de aprender, oferece aos

disléxicos a chance de redescobrirem suas capacidades. Através de um trabalho

paciente e constantemente variado poderá prestar aos disléxicos à ajuda que

tanto precisa, estimulando a aprendizagem e sua autonomia. E para isso terá que

dar aos professores a oportunidade de desenvolver seu trabalho aceitando

possíveis limitações, em uma prática educativa que visa o desenvolvimento das

potencialidades do educando, valorizando seus conhecimentos e os

reconhecendo como sujeitos desejantes do saber.

Deve-se evitar sempre a exclusão, estimulando-o sempre pelo seu esforço,

para que ele acredite que é capaz de realizar-se tanto na fala, escrita e leitura.

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Luckesi (2005, p.18), acredita que: “a educação tem a ver com o prazer

de aprender, de entender, de buscar, se saber fazer, de construir, de desafiar”.

A presença do orientador pedagógico ao lado do professor sustentará

um olhar atento e desafiador , permitindo que o aluno experimente outros

processos utilizando recursos cognitivos, afetivos e sociais. Levando aos

professores a romperem com a formalidade na prática pedagógica e colocarem

o “coração” no caminho do crescimento, do conhecimento e insistirem

inventando e reinventando possibilidades para que os seus educandos

aprendam, porque para desenvolver-se é importante que aprendam

significativamente sobre tudo o que se passa diante de seus olhos. Muitas

vezes parece difícil, mas se o coração estiver lá, tudo se torna fácil, inventa e

flui. Está é a verdadeira educação, para ensinar tem que aprender e não deixar

de ousar, não ter medo, as crianças principalmente com dificuldades de

aprendizagem sofrem e o papel do educador é ajudá-la.

“Se nosso caminho tiver coração, ele guiará

nossa ação, que será via eficaz e nada

formal”. ( Luckesi )

2.2 Dificuldades encontradas pelo orientador pedagógico

As crianças com dislexia não são tratadas como as demais que se

enquadram perfeitamente nos objetivos esperados pelos professores durante a

confecção de seu planejamento. Essas crianças são maltratadas, quando

avaliadas comparativamente como as outras crianças não disléxicas, lógico que

a nota será muito inferior. A maioria dos professores não compreende suas

dificuldades dizendo que só sabem atrapalhar a aula, algumas são agitadas

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(lógico, se não consegue acompanhar a aula, não tem motivação...acabam

incomodando) .

Elas são maltratadas quando a abandonam, a desprezam, a condenam

simplesmente logo no primeiro bimestre. Rapidamente batem o veredicto: tem

dificuldade de fazer uma cópia? Tem uma letra que ninguém entende? Não

consegue fazer um ditado? Desenvolver uma redação? Não sabe ler como os

outros da mesma idade e série? Vai repetir na certa!

Fonseca (1996, p.141), afirma que o ensino inapropriado vem provar que

muitas dificuldades de aprendizagem não são devidas à criança nem à

sociedade, mas sim ao ensino. As crianças ficam infelizes quando não

conseguem aprender, esta falta ou agravamento da aprendizagem está

relacionado aos métodos e técnicas de ensino ineficientes.

Muitas vezes esse comportamento do professor acaba prejudicando o

diagnóstico, prejudicando o início do tratamento, já que existem diversas

abordagens terapêuticas para esse transtorno, principalmente apoio

psicopedagógico especializado. Diagnóstico este que não é feito por

adivinhações e sim através de um contato com a orientação pedagógica para

maiores observações sobre o aluno. Chamando os responsáveis e solicitando

um diagnóstico com uma avaliação global.

Muitos professores ainda não reconhecem o valor da orientação

pedagógica no tratamento das dificuldades dos educandos, vendo-os muitas

vezes como inimigos, fofoqueiros, intrometidos. Muitas vezes cabe ao orientador

pedagógico observar se não há falhas no professor, se o método não está

coerente, se a aula é monótona e não interessa a criança, se o professor está

realmente desenvolvendo exercícios que favoreçam a habilidade de atenção, se

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o professor está excluindo alunos, favorecendo outros, o jeito de avaliar cada

aluno e não a turma. Eles sentem-se incomodados não entendem que o

orientador pedagógico está na escola para adicionar e não para prejudicar o

professor. Tem que haver parceria.

Estudando o ato de aprender e ensinar, a pedagogia leva sempre em

conta as realidades da aprendizagem, procurando estudar como ocorre a

construção do conhecimento em toda sua complexidade, ou seja o que facilita e

o que dificulta a aprendizagem, evitando o fracasso escolar e facilitando os

processos da aquisição do conhecimento, realizando intervenções, atuando

junto aos professores, atuando nos transtornos de aprendizagem levando dessa

forma o aluno a reintegrar-se a vida escolar normal, segundo suas

potencialidades e interesses, concebendo a criança como um ser ativo,

inteligente que constrói seu conhecimento interagindo com o ambiente no qual

faz parte e para que isso aconteça o orientador pedagógico necessita do apoio

do professor para que juntos possam fazer o melhor, com um ensino dinâmico,

vivo, capaz de atuar em situação de interagir facilitando o conhecimento. O

grande desafio do orientador pedagógico é mostrar aos professores que a

educação requer ação, então o orientador deve descobrir junto ao professor

estratégias e recursos para fazer com que os alunos se interessem em

aprender. Considerando as atividades lúdicas que envolvam brincadeiras,

fornecendo vários estímulos. Incluindo dramatizações, músicas, jogos e

construções que desenvolvam a criatividade e a autoestima. Propondo trabalho

onde as atividades sejam significativas e motivadas.

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De uma vez para sempre a escola tem de compreender

e reconhecer que 15% das crianças não podem

aprender pelos métodos tradicionais. Não nos parece

justo que cerca de 15% das crianças sejam

marginalizadas porque não aprendem pelo método ou

ao ritmo imposto pelos professores ou pelos currículos.

Quantas crianças consideradas maus alunos

continuarão a perder? (FONSECA, 1996, p.232)

Pesquisas mostram que 15% a 20% das crianças em idade escolar

sofrem com dificuldades de aprendizagem e 10% delas são disléxicas. É um

número muito alto para que nada possa ser feito com a ajuda dos professores,

principalmente quando se percebe professores que não querem mudar e o pior,

não acreditam na mudança, ou melhor dizendo: não acreditam em suas próprias

possibilidades de resgatar a prática do ensinar com prazer, propiciando aos

disléxicos o manuseio de livros, desenvolvendo aspectos sensoriais, emocionais

e intelectuais de uma forma bem mais dinâmica e afetiva. A Motivação é muito

importante para o aluno disléxico, que precisam de tratamento paciente e

constante.

Mas muito pode ser feito para ajudar ao aluno com dislexia, além de ser

pouco conhecida. Mesmo tendo uma grande dificuldade de leitura, dá

demonstrações de inteligência no seu dia a dia, sendo quase sempre acusado

injustamente de falta de interesse, quando na verdade, é a dislexia que reflete a

expressão individual de sua mente.

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O professor deve sentir no orientador pedagógico um parceiro, alguém

que quer ajudar, acrescentar.

2.3 A atuação pedagógica e a aprendizagem escolar nas crianças

disléxicas

Quem nasce com dislexia, somente com tratamento adequado e uma

boa dose de esforço individual, consegue desenvolver estratégias que

compensam a dificuldade e facilitam a vida escolar. Considerando que a

dislexia não é uma doença, o disléxico tem que ser visto como uma criança de

inteligência normal, que não apresenta doenças neurológicas nem

psiquiátricas. Seu cérebro apenas tem uma área específica do hemisfério

lateral direito mais desenvolvido, dificultando as associações dos símbolos

gráficos com o som que representam.

Em seu livro “A construção do Afeto”, Celso Antunes (2002, p.43) afirma

que “A inteligência é estimulável e a ação das pessoas e dos ambientes sobre

as crianças pode ampliar de forma maravilhosa seu potencial biológico.”

Gardner (1998) estabelece critérios ou sinais para definir uma

competência como inteligência. Ao falar de oito inteligências este autor não

incluiu uma ou outra meramente por apresentar um dos sinais, mas por ter

identificado em cada uma delas oito sinais. Ele admite que existem oito

inteligências e estabeleceu oito critérios para selecioná-las; linguísticas

(escritor, poeta, compositor... constroem imagens com palavras e linguagens),

lógico-matemática (físicos e grandes matemáticos, mas também se mostra na

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simplicidade com que um mestre de obras, às vezes analfabetos, lê interpreta

o desafio e uma obra a ser construída), inteligência espacial (arquitetos,

marinheiros, geógrafos... percebem o espaço e o administram na utilização e

construção de mapas e outras formas de representação gráficas), musical

(está ligada a percepção de sons e música como forma de conhecer o mundo),

sinestésico-corporal (linguagem gestual e mímica, se apresenta muito nos

artistas e atletas), naturalista (está ligada a compreensão do ambiente e a

paisagem natural) interpessoal (bom relacionamento com os outros,

professores, terapeutas) e intrapessoal (vivem bem consigo mesmo, tendo

ótima autoestima.

Na linguística, Martins (2007) diz que: “ A dispedagogia, é a ausência de

método eficaz no ensino escolar, é apontada hoje como mais importante causa

do fracasso escolar...acabando por gerar ao longo dos anos uma série de

distúrbios relacionados à dislexia”.

A pedagogia tenta melhorar esse fracasso, sugerindo aos professores

intervenções pedagógicas para o problema de dislexia, disgrafia ou

disortografia, amenizando a dificuldade, que não significa a superação da

dislexia, como já foi dito, tem que ser feito um trabalho indisciplinar,

abrangendo outros profissionais.

Mesmo assim, o professor não deve deixar de sonhar, de tentar ser o

principal facilitador do processo reeducativo.

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Alguns dos disléxicos mais famosos, confirmando a tese das múltiplas

inteligências de Gardner:

• Agatha Christie – A famosa escritora de romances policiais disse: “Eu

por mim mesma, sempre me reconheci como a mais lenta da família.

Isto era inteiramente verdade e eu aceitava”.

• Albert Einstein – O grande cientista enfatizou: “Quando eu lia, somente

ouvia o que estava lendo, e era incapaz de lembrar a aparência visual

da palavra que lia”.

• Hans Christian Anderson- autor de livros infantis e da fábula “O patinho

feio”, uma história que reflete estados psicológicos de um disléxico

severo, com baixa autoestima, mas com consciência de seu potencial.

Andersen teve sérias dificuldades na escola e durante toda a sua vida,

não conseguiu aprender a soletrar nem a escrever. Todas as suas

histórias foram ditadas.

• Leonardo Vinci – O homem considerado gênio universal, segundo

registros históricos, disse: “Você poderia preferir um bom cientista sem

habilidades literárias, a um literato sem conhecimentos científicos”.

• Magic Jonnson- O jogador norte americano de basquete, destaque da

década de 80 na NBA, traduziu sua frustração dizendo “ Os olhares as

celebridades, os sorrisos...Eu queria mostrar a cada um que eu podia

fazer o meu melhor, mas também que eu era capaz de ler “

• Thomas Edison- O maior inventor de todos os tempos admitiu “A mais

satisfatória forma de arrebatamento é pensar, pensar e pensar”.

• Winston Churchill – O primeiro ministro britânico, estadista, escritor,

pintor armador e um dos personagens do século XX, que atingiu a

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celebridade como campeão da resistência contra a opressão de Hitler,

no início da Segunda Guerra Mundial, ao jurar que jamais se renderia

as forças nazistas em vida desabafou : “Fui totalmente desestimulado

em tudo em meus dias de escola. E nada é mais desencorajador do que

ser marginalizado em sala de aula, o que leva a nos sentirmos inferiores

em nossa origem humana”.

De acordo com Giroto (2001,p.50), com a devida orientação, a aluno

conseguirá ser bem sucedido em classe. A compreensão e a assimilação da

matéria são mais prováveis se houver clareza, repetição, variedades e

flexibilidades no estilo de ensino sendo possível ajudar.

O orientador pedagógico pode intervir junto ao professor e ajudar com

várias estratégias educacionais:

• A criança disléxica deve sentar-se perto da professora, de modo que a

professora possa encorajá-la a solicitar ajuda.

• Cada ponto deve ser revisto várias vezes

• Nunca compará-la o seu trabalho escrito com os colegas.

• Seus conhecimentos devem ser julgados mais pelas respostas orais do

que pela escrita o que significa que deverá ser avaliado diariamente.

• Sempre que possível peça a criança para ela repetir várias vezes com

suas próprias palavras, o que a professora pediu para ela fazer, pois

isso ajuda na memorização.

• Ensinar a criança à “sentir” as letras através de diferentes texturas de

materiais

• Nunca forçar o aluno a aceitar a lição do dia.

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• Evitar submeter o aluno a pressão do tempo ou competição com outras

crianças.

• Usar crítica de maneira construtiva.

• Estimular a escrever em linhas alternadas, pois ajudará ao professor a

ler uma caligrafia imprecisa e frequentemente amontoada.

• Procurar a identificar o que interessa a criança.

• Utilizar técnicas visuais e globais, usando imagens e fichas.

• Aceitar frases simples e depois ir ampliando.

• Imitar e reproduzir sons e palavras.

• Brincar de tempestade de ideias.

• Discutir oralmente expondo os acontecimentos rotineiros em grupo.

• Utilizar palavras com a mesma configuração.

• Relacionar letras com sons singulares.

• Associar sons (sintetizando sílabas)

• Não exigir grandes redações.

• Utilizar leitura silenciosa, observando postura, olhar, boca...

• Usar vários materiais de apoio para apresentar a lição à classe como :

lousa, projetores de slide, retro projetor, filmes educativos,

demonstrações práticas e outros recursos multimídias (sabendo que é

difícil na rede municipal e estadual, mas não impossível).

• Introduzir o vocabulário novo , de forma contextualizada.

• Evitar confusões, isto é dando instruções orais e escritas ao mesmo

tempo.

• Anunciar o trabalho com bastante antecedência, a fim de o disléxico se

necessário, arranjar outras formas de realizá-las.

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• Considerar trabalho em grupo

• Quando apropriado, proporcionar alternativa fora da sala de aula para

tarefas de leitura, como dramatização, entrevistas e trabalho de campo

• Realizar aulas de revisão que permitam o tempo adequado para

perguntas e respostas.

• Avaliar sempre o conhecimento dos estudantes com dislexia usando

métodos alternativos, inclusive avaliações orais, trabalhos feitos em

casa e apresentações individuais.

• Autorizar o uso de tabuadas, calculadoras, rascunhos e dicionários

durantes as provas.

• Aumentar o limite de tempo para as provas escritas.

• Ler a prova em voz alta e antes de iniciá-las verificar se todos

entenderam e compreenderam o que foi pedido.

• Nunca peça a ele que leia em voz alta na classe, sem que lhe

comunique antecipadamente para que possa se preparar com

antecedência;

• Nunca o force a escrever no quadro-negro;

• Nunca peça que ele responda perguntas sem ter se oferecido para tal;

• Corrija a escrita avaliando o significado de seu conteúdo, e não pelo

número de palavras escritas de forma ortográfica correta;

• Não insista para que o estudante copie do quadro-negro. Se ele achar

que isso é difícil, permita-lhe que copie das anotações da professora ou

de um colega;

• Reduza as atividades em classe e as tarefas de casa do aluno disléxico;

• Use artifícios para facilitar a memorização do estudante, como músicas;

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• Permita o uso de máquina de calcular durante as lições de matemática;

• Dê a ele a oportunidade de responder às questões dos testes

oralmente, e de refazer o teste quando necessário, atribuindo nota

extra para compensar as notas baixas.

O papel do orientador pedagógico e do professor é fundamental para o

desenvolvimento do aluno, já que são mediadores e facilitadores da

aprendizagem. É muito importante entender as reais dificuldades do aluno

e acompanhar de perto seu processo de aprendizagem. Compreensão e

parceria são fundamentais para garantir o futuro dos disléxicos. Pois

embora a dislexia seja um distúrbio de leitura, que pode causar outras

dificuldades de aprendizagem, a criança apresenta inteligência normal,

precisando receber estimulação e ensino de acordo com suas

possibilidades para que assim possam enfrentar os possíveis obstáculos

encontrados em seu cotidiano escolar.

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CAPÍTULO III

A LDB FRENTE AOS PORTADORES DE DISLEXIA

Infelizmente nem todas as escolas seguem a Legislação, e desta

forma continuam achando que o aluno disléxico tem que se adequar a mesma,

esquecendo dos limites do mesmo e da necessidade de profissionais capazes

de oferecer atendimento eficaz quando ao desenvolvimento do educando, pois

mesmo disléxicas podem aprender quando determinadas condições estão

presentes e se proporciona oportunidades educacionais adequadas.

Segundo Fonseca (1996, p.145): “A escola não pode pôr o programa ou

os métodos à frente da criança. A finalidade da escola é proporcionar a toda

criança sem distinção, de acordo com os seus biorritmos, o desenvolvimento

máximo do seu potencial e o prazer da cultura adquirida pela experiência

social das gerações antecedentes”.

A escola cria com sua metodologia técnicas para auxiliar os mais

dotados e afastam os alunos com dificuldades. Tornando-se preconceituosa e

aumentando os problemas emocionais daqueles que deviam ser apoiados. Ela

não responde ao desafio de trabalhar com as dificuldades das crianças,

principalmente às relacionadas com as dificuldades de linguagem como a

dislexia, favorecendo “a dificuldade de ensinar”. Problemas vindo de uma

abordagem errada do professor, em não perceber os caminhos para chegar

aos alunos com dislexia, deixando-o inibido e com poucas possibilidades de

aprender, pois falta-lhe estímulo, motivação. É necessário considerar o efeito

emocional que a dislexia acarreta, agravando o problema do educando,

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levando-o ao fracasso escolar, a desistência, a baixa-estima muitas vezes por

desilusão acabam entrando na marginalidade.

A Constituição Federal de 1988, a Lei 9.394/94 e a legislação do

Conselho Nacional de Educação dão apoio aos disléxicos, portadores de

necessidades especiais relacionadas principalmente com as dificuldades da

leitura, resultando no compromisso de educar a todos sem discriminação ou

exclusão.

Todas as leis, legislação e diretrizes educacionais, não são específicas

para os disléxicos, apenas engloba o que tange a inclusão escolar como

direito de qualquer cidadão.

3.1 A legislação de apoio para entendimento às crianças com

dificuldades de aprendizagem

LDB 9.394/96

Art. 12 – Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as

do seu sistema, terão a incumbência de:

I – elaborar e executar sua Proposta Pedagógica.

V – prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento.

Art. 23 – A educação básica poderá organizar as séries em anuais, períodos

semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não

seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por

forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de

aprendizagem assim o recomendar.

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Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA)

Art. 53, incisos I, II e III

“a criança e o adolescente tem direito a educação, visando ao pleno

desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e

qualificação para o trabalho, assegurando-lhes:

I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II – direitos de ser respeitado pelos seus educadores;

III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias

escolares superiores.”

Deliberação CEE nº 11/96

Artigo 1º - “ o resultado final da avaliação feita pela escola, de acordo com o

seu regimento, deve refletir o desempenho global do aluno durante o período

letivo, no conjunto dos componentes curriculares cursados, com

preponderância dos aspectos qualitativos e dos resultados obtidos durante o

período letivo sobre os da prova final, caso esta seja exigida, considerando as

características individuais do aluno e indicando sua possibilidade de

prosseguir nos estudos.”

Indicação CEE nº 5/98, de 15/04/98

D.O.E. em 23/09/98

(...) educação escolar consiste na formação integral e funcional dos

educandos, ou seja, na aquisição de capacidades de todo tipo: cognitivas,

motoras, afetivas, de autonomia, de equilíbrio pessoal, de inter-relação

pessoal e de inserção social.

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(...) os conteúdos escolares não podem se limitar aos conceitos e sim devem

incluir procedimentos, habilidades, estratégias, valores, normas e atitudes. E

tudo deve ser assimilado de tal maneira que possa ser utilizado para resolver

problemas nos vários contextos.

(...) os alunos não aprendem da mesma maneira e nem no mesmo ritmo. O

que eles podem aprender em uma determinada fase depende do seu nível de

amadurecimento, de seus conhecimentos anteriores, do seu tipo de

inteligência, mais verbal, mais lógica ou mais especial.

(...) recuperar significa voltar, tentar de novo, adquirir o que perdeu, e não

pode ser entendido como um processo unilateral. Se o aluno não aprendeu, o

ensino não produziu seus efeitos, não havendo aqui qualquer utilidade em

atribuir-se culpa ou responsabilidade a uma das partes envolvidas.

(...) o compromisso da escola ao é somente com o ensino, mas principalmente

com a aprendizagem. O trabalho só termina quando todos os recursos forem

usados para que todos os alunos aprendam. A recuperação deve ser

entendida como uma das partes de todo o processo ensino-aprendizagem de

uma escola que respeite a diversidade de características e a de necessidades

de todos os alunos.

(...) dentro de um projeto pedagógico consistente, a recuperação, deve ser

organizada para atender os problemas específicos de aprendizagem que

alguns alunos apresentam, e isso não ocorre em igual quantidade em todas as

matérias e nem em épocas pré-determinadas no ano letivo. A recuperação da

aprendizagem precisa: - ser imediata, assim que for constatada a perda, e

contínua; ser dirigida as dificuldades específicas do aluno; abranger não só os

conceitos, mas também as habilidades, procedimentos e atitudes.

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(...) a recuperação paralela deve ser preferencialmente feita pelo próprio

professor que viveu com o aluno aquele momento único de construção do

conhecimento. Se bem planejada e baseada no conhecimento da dificuldade

do aluno, é um recurso útil.

Parecer CEE nº 451/98 – 30/07/98

D.O.E. de 01/08/98, páginas 18 e 19, seção I

A expressão “rendimento escolar”, que se encontra no inciso V do artigo 24 da

Lei 9.394/96, se refere a exclusivamente a aprendizagem cognitiva?

Não. A legislação sobre avaliação do rendimento escolar, sobretudo o referido

artigo, não restringe a expressão “rendimento escolar” exclusivamente à

aprendizagem cognitiva.

A lei 9.394/96, ao tratar da educação básica, situou-a no quadro de

abertura que permitiu, aos que dela fossem cuidar, em seus diferentes

níveis e modalidades, a pensasse como um todo e a explicitasse, nos limites

do seu texto, em sua proposta pedagógica e em seu regimento. Na

elaboração dessa proposta e desse regimento, consubstanciado

certamente numa visão de homem, de sociedade e, por

consequência, numa concepção de educação e de avaliação, cuidados

muitos especiais deverão ser tomados para que estejam de acordo com

estes alunos com dificuldades de aprendizagem, instrumentos,

referentes ao processo ensino-aprendizagem, e em particular ao meio de

verificação da avaliação do rendimento escolar.

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O legislador deixou sob a responsabilidade da escola e de toda sua

equipe a definição do projeto de educação, de metodologia e de

avaliação a serem desenvolvidas. Abandonou detalhes para agarrar-se

ao amplo, ao todo, ao global, ao abrangente. Aponta, por isso, para uma

educação inclusiva visando para a diversidade, onde estudo e

avaliação devem caminhar sempre juntos, esta última como

instrumento indispensável para permitir saber em que medida e critérios

os objetivos pretendidos pelo professor foram alcançados. A educação deve

ser vista como um processo de permanente crescimento do educando,

visando seu pleno desenvolvimento, onde conceitos, menções e notas

devem ser vistos como mero registros, prontos a serem alterados com a

mudança de situação. E, nessa busca do pleno desenvolvimento e do

processo do educando, estando presentes outros objetivos que não só

os de dimensão cognitiva mas os de natureza sócio afetiva e

psicomotora, que igualmente precisam ser trabalhados e avaliados. Deve-

se ter muito cuidado ao uso que se pode fazer da avaliação, não a

dissociando da ideia do pleno desenvolvimento do aluno.

Lei nº 10.172 de janeiro de 2001 – Plano Nacional de Educação

Capítulo 8 – Da Educação Especial

8.2 – Diretrizes

A educação especial se destina a pessoas com necessidades especiais

no campo da aprendizagem, originadas quer de deficiência física, sensorial,

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mental ou múltipla, quer de características como de altas habilidades,

superdotação ou talentos.

(...) a integração dessas pessoas no sistema de ensino regular é uma diretriz

constitucional ( art. 208, III ), fazendo parte da política governamental à pelo

menos uma década. Mas, apesar deste longo período, tal diretriz ainda não

produziu a mudança necessária na realidade escolar, de sorte que todas as

crianças, jovens e adultos com necessidades especiais sejam atendidos em

escolas regulares, sempre que for recomendado pela avaliação de suas

condições pessoais. Uma política explícita e vigorosa de acesso à educação,

de responsabilidade de União, dos Estados e Distrito Federal e dos

municípios, é uma condição para que as pessoas especiais sejam

assegurados de seus direitos a educação.

Tal política abrange: o âmbito social, do reconhecimento das crianças,

jovens e adultos especiais como cidadãos e de seu direito de estarem

integrados na sociedade o mais plenamente possível; e o âmbito educacional,

tanto nos aspectos administrativos ( adequação no espaço escolar, de seus

equipamentos e materiais pedagógicos ), quanto na qualificação dos

professores e demais profissionais envolvidos.

O ambiente escolar como um todo deve ser sensibilizado para uma

perfeita integração. Propõe-se uma escola integradora, inclusiva, aberta a

diversidade dos alunos, no que a participação da comunidade é fator

essencial. Quanto as escolas especiais, a política de inclusão as orienta para

prestarem apoio aos programas de integração.

(...) requer-se um esforço determinado das autoridades educacionais para

valorizar a permanência dos alunos nas classes regulares, eliminando a

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nociva prática de encaminhamento para classes especiais daqueles que

apresentam dificuldades comuns de aprendizagem, problemas de dispersão,

de atenção ou de disciplina. A este deve ser dado maior apoio pedagógico,

nas suas próprias classes, e não separá-los como se precisassem de

atendimento especial.

Parecer CNE/CEB nº 17/2001

Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001

“ O quadro das dificuldades de aprendizagem absorve uma diversidade

de necessidades educacionais, destacadamente aquelas associadas a:

dificuldades específicas de aprendizagem como a dislexia e disfunções

correlatadas, problemas de atenção, perceptivos, emocionais, de memória,

cognitivos, psicolinguísticos, psicomotores, motores, de comportamento; e

ainda há fatores ecológicos e sócioeconômicos, como as privações de caráter

sociocultural e nutricional”.

3.2 A necessidade do orientador pedagógico conhecer a Lei de Diretrizes

e Bases

As crianças com dislexia, estão no grupo daqueles educandos com

dificuldades “não vinculadas a uma causa orgânica específica”, pois é

compreendida como uma dificuldade no aprendizado da leitura

comprometendo a articulação das palavras e a compreensão do texto,

prejudicando-as em todas as disciplinas.

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As dificuldades de aprendizagem absorvem diversas necessidades

educacionais associadas a problemas psicolinguísticos como: dislexia,

disgrafia, disortografia. Dificuldades psicomotoras, cognitivas como: atenção,

concentração, memória, hiperatividade e fatores ambientais e econômicos.

Não sendo portador e deficiência, o disléxo porém é portador de uma (ou

mais ) dificuldades de aprendizagem que interferem nas realizações escolares

nas quais as habilidades de leitura, escrita e aritméticas são comprometidas.

Pode-se entender que com a LDB 9.394/96 as escolas devem visar o

apoio ao educando assegurado a inclusão dos alunos com dificuldades de

aprendizagem no projeto pedagógico, definindo recursos para serem utilizados

com objetivos de um melhor entendimento destes, oferecendo capacitação

contínua aos professores, para que possam estabelecer modos de

cooperação formando uma parceria entre escola-aluno-família, produzindo a

mudança necessária na realidade escolar, pois este ambiente deve ser

sensibilizado para uma perfeita integração, aberta à diversidade dos alunos no

qual a participação da família é fator essencial, produzindo resultados mais

significativos sobre o desenvolvimento das crianças.

Conforme a LDB 9394/96, admite que crianças com dificuldades na

leitura e escrita, como os portadores de dislexia, devem ser avaliadas de

maneira diferenciada para não excluir seus verdadeiros potenciais.

O educando com dislexia tem direito a realização de avaliações

diferenciadas com provas orais, provas alternativas, a prova quando escrita

deve ser lida pelo professor questão por questão, o tempo de avaliação deverá

ser estendido e até mesmo durante a redação, esta pode ser ora e transcrita

pelo professor.

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O orientador pedagógico deve ficar atento e conhecer as leis que

amparam as crianças com dificuldades de aprendizagem, conhecer também o

projeto político da escola para que possa proporcionar a esta criança o melhor

meio de ser avaliada pela instituição escolar. Deve estar atualizado quanto as

teorias do desenvolvimento e da aprendizagem e proporcionar o

desenvolvimento da autoestima do aluno.

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CAPÍTULO IV

AVALIANDO UM ALUNO DISLÉXICO

A dislexia exige muita paciência e atenção, levando seus portadores , a

maioria das vezes a abandonarem a escola no início da adolescência, não só

pela dificuldade de assimilação dos conteúdos escolares, mas principalmente

pela humilhação de realizar o mesmo tipo de avaliação não conseguindo

alcançar o sucesso esperado, pois não há tempo de processar as informações

esperadas, e ao mesmo tempo estes alunos muitas vezes não conseguem

colocar no papel o que pensam.

A avaliação de um disléxico deve ser diferenciada, pois o jeito de

aprender é diferente. Deve ser através da observação diária do professor, na

participação, interesse e exercícios.

Para avaliar um aluno disléxico, o orientador pedagógico junto ao

professor devem criar situações que promovam uma avaliação reflexiva e

criativa, proporcionando a compreensão e a auto-compreensão do educando

respeitando seus limites, motivando o crescimento na medida em que se

respeita à maneira do aprender, auxiliando-o durante a execução da

avaliação, oferecendo a ajuda necessária para o entendimento da mesma.

Segundo Fonseca (1996, p.240) , a escola tem que criar não as

tradicionais provas para a avaliação, mas sim modelos de identificação de

problemas de aprendizagem.

Cabe a escola comprometida com o desenvolvimento de seus alunos,

elaborar suas avaliações, visando colaborar com medidas que favoreçam o

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desenvolvimento do disléxico, sabendo que é um período que exige muito

dele. Preparar as avaliações iluminada pela vontade de transformar,

oportunizando o crescimento do educando, encorajando a reorganização do

saber.

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: “ A

avaliação dar-se-á de forma contínua e formativa.”

Deve-se refletir sobre como avaliar o aluno com dislexia, já que muitas

vezes a memória é frequentemente um desafio, pois a dificuldade da leitura

não permite processar os conteúdos normalmente, exigindo do aluno um

esforço muito maior.

A parte emocional não deve ser esquecida, esses educandos precisam

de um apoio especial para sentir-se capaz, evitando frustrações. Portanto a

avaliação deve ser contínua, o professor deve acompanhar diariamente o

processo de aprendizagem do aluno, proporcionando o desejo da

aprendizagem, reflexões, diálogos e reorganização de ideias.

Quando um educador respeita a dignidade do aluno e

trata-o com compreensão e ajuda construtiva, ele

desenvolve na criança a capacidade de procurar dentro

de si mesma as respostas para os seus problemas,

tornando-o responsável e consequentemente, agente do

seu próprio processo de aprendizagem.(DROUET,

2003,p.13).

A Avaliação deve ser voltada para o desenvolvimento da criança. O

professor capacitado e comprometido com as mudanças deverá tomar

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decisões conscientes visando às possibilidades do aluno, não o julgando

apenas através de testes e provas, porém através da observação constante e

reflexiva sobre toda e qualquer manifestação do mesmo, intervindo de maneira

positiva e humana, estimulando sua participação ativa no ato de aprender.

4.1 Avaliação sem traumas

Como o disléxico tem dificuldades na leitura e interpretação, é essencial

que o professor leia questão por questão ou que faça a prova oralmente,

permitindo que a prova seja com entusiasmo e sem medo. O professor tem

que entender que a avaliação é contínua e com estratégias variadas, como

pede a Lei de Diretrizes e Bases.

Já que ainda é necessária a aplicação da prova, que ela seja vista como

um ato de carinho, no sentido de não prejudicar o aluno, desejante do saber. É

através da observação, vivência, experiência que se aprende, sendo assim é

normal errar, só erra que tenta acertar, quem experimenta, o erro faz parte da

aprendizagem, e durante a execução da prova também é hora de aprender.

Através do erro o aluno mostra sua trajetória, cabe ao professor faze-lo

avançar neste processo.

A inteligência é estimulável e

independentemente da carga genética ou da

história biológica e evolucionista de uma pessoa,

são inegáveis os efeitos em seu progresso,

ocasionados por um ambiente estimulador e por

pessoas empenhadas nesse fim.”

(ANTUNES, 2002, p.114)

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A avaliação deve ser um ato de prazer, no sentido de integrar, incluir,

pelos mais variados meios, buscando uma resposta satisfatória ao esforço do

disléxico, integrando as experiências vividas em sala de aula.

O orientador pedagógico deve intervir para que o professor analise os

erros, identificando as razões e intervindo no momento que ocorre o erro,

alertando ao disléxico assegurando a autoestima do aluno.

A avaliação deve ser feita para promover transformações, e para isso o

professor deve ser orientado a avaliar sua metodologia e verificar se está

promovendo a inclusão ou a exclusão do aluno disléxico. De acordo com

Hoffmam (1993, p.93): “A construção do ressignificado da avaliação passa

também por um processo de auto avaliar-se e pressupõe dos educadores um

enfoque crítico da educação e se seu papel social.”

Intervindo, o orientador pedagógico auxilia nesta busca por mudanças

mostrando ao professor que ousando irá proporcionar ao aluno disléxico um

envolvimento amplo e significativo para que ele perceba o quanto é capaz.

Avaliar é então, questionar, formular perguntas, propor

tarefas desafiadoras, disponibilizando tempo e

recursos, condições dos alunos para construção de

respostas. É compromisso do professor sugerir e

disponibilizar várias fontes de informações.

(HOFFAMANN.1993, p.93)

Para avaliar o desenvolvimento do aluno várias estratégias e meios

diversos podem ser usados. Incentivar a autoestima deve ser um dos

principais objetivos do professor. Trabalhar no sentido de criar um ambiente

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agradável. O aluno precisa ser feliz na escola, descobrir o prazer de fazer

suas atividades, aprender que é permitido errar e que através do erro se

aprende, cresce. É a melhor forma de preparar o aluno para sair-se bem

quando sabe que está sendo avaliado.

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CONCLUSÃO

A Pedagogia investiga os processos da aprendizagem, procurando

colaborar com a instituição escolar no sentido de reforçar e auxiliar a equipe

docente com o objetivo de diminuir suas dificuldades, compreendendo suas

necessidades e respeitando suas características individuais almejando o

sucesso no rendimento escolar. O orientador pedagógico intervem incorporando

novas dinâmicas em sala de aula, em conjunto com outros profissionais da

escola, estimulando o desenvolvimento de relações interpessoais,

estabelecendo vínculos, estimulando e oportunizando ao aluno disléxico a galgar

caminhos mais elevados que suas limitações, valorizando a sua atuação na

instituição escolar.

Para que o orientador pedagógico possa desenvolver um bom trabalho de

intervenção é necessário o entrosamento entre toda a equipe pedagógica,

procurando colaborar com a instituição no sentido de reforçar e auxiliar o bem

estar do aluno disléxico, respeitando suas diversidades no sentido de diminuir as

dificuldades causadas pela dislexia.

A atuação pedagógica deve criar situações desafiadoras para que o

professor provoque o interesse pela aprendizagem, colaborando numa

perspectiva e visando que o desenvolvimento do aluno com dislexia seja o

menos doloroso possível, desenvolvendo sua autonomia, independência,

buscando novas alternativas para a resolução de problemas para que aprenda a

lidar com suas frustrações.

Através do lúdico, o orientador pedagógico junto ao professor, deve

proporcionar ao disléxico uma abordagem agradável buscando a superação,

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melhorando o rendimento escolar, dando oportunidade para que este

desenvolva sua criatividade, promovendo a autoestima e preparando-os para

que no futuro saiba resolver problemas com um bom equilíbrio emocional,

saindo fortalecido e seguro dos obstáculos enfrentados.

Com a intenção de melhorar as condições de aprendizagem do aluno

disléxico, o orientador pedagógico pode contribuir orientando ao professor para

que este proporcione atividades de integração, impulsionando o educando a

amenizar as dificuldades apresentadas pela dislexia e o libertando da prisão que

corresponde ao não saber.

Este é o grande desafio da Pedagogia, alçar voo na direção de melhorar a

realidade do aluno desejante do saber. Olhar o educando como um sujeito

capaz de aprender, entendendo o processo da construção de seu conhecimento,

respeitando e valorizando cada conhecimento adquirido, vivenciado.

Ser orientador pedagógico é sonhar, acreditar na mudança, na

transformação, na verdadeira inclusão dos alunos com dificuldades de

aprendizagem.

É sonhar... sonhar com a esperança e no compromisso de fazer a

diferença, lutar pela inclusão, pelo fim do preconceito, por uma escola mais

digna e humana onde alunos não se sintam excluídos e sim que tenham a

oportunidade de serem valorizados, sem privações e humilhações.

É distribuir sonhos.

E ter a certeza de fazer o melhor!

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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DROUET, Ruth C. da Rocha. Distúrbios da aprendizagem. São Paulo: Ática,

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

O QUE É DISLEXIA? 10

1.1- Entendendo melhor a dislexia 12

1.2- Sinais e características da dislexia 14

1.3- Alguns sinais que podem indicar a dislexia 20

CAPÍTULO II

AS INTERVENÇÕES PEDAGÓGICAS 26

2.1- O papel do orientador pedagógico no auxílio ao professor com o aluno

disléxo 26

2.2- Dificuldades encontradas pelo orientador pedagógico 34

2.3- A atuação pedagógica e a aprendizagem escolar nas crianças disléxas

38

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CAPÍTULO III

A LDB frente aos portadores de dislexia 45

3.1- A legislação de apoio para entendimento às crianças com dificuldades

de aprendizagem 46

3.2- A necessidade do orientador pedagógico conhecer a Lei de Diretrizes e

Bases 52

CAPÍTULO IV

Avaliando um aluno disléxo 55

4.1- Avaliação sem traumas 57

CONCLUSÃO 60

BIBLIOGRAFIA CNSULTADA 62

ÍNDICE 64

FOLHA DE AVALIAÇÃO 66

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A DISLEXIA E OS DESAFIOS PEDAGÓGICOS

Por

Suzana Paula Pedreira Tavares de Moura

Monografia apresentada à AVM Faculdade Integrada como parte do

requisito parcial para conclusão de Pós-Graduação em Orientação

Educacional e Pedagógica.

APROVADO EM______/______/______

AVALIAÇÃO______________________

PROFESSORA: Flávia Cavalcanti

Niterói

2013