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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIA NA DISCALCULIA PARA ESTUDANTES DO FUNDAMENTAL II. DIOGO HERMOGENES MADEIRO SAMPAIO ORIENTADOR: PROF. MARTA RELVAS Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIA NA DISCALCULIA PARA

ESTUDANTES DO FUNDAMENTAL II.

DIOGO HERMOGENES MADEIRO SAMPAIO

ORIENTADOR:

PROF. MARTA RELVAS

Rio de Janeiro 2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA Por: DIOGO HERMOGENES MADEIRO SAMPAIO

Contribuição da neurociência na Discalculia para estudantes do fundamental II.

Rio de Janeiro 2016

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que contribuíram para que esse trabalho

fosse realizado. E em particular ao meu pai e minha noiva.

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DEDICATÓRIA

Agradeço primeiramente a Deus.

Agradeço a minha noiva Renata, pela dedicação,

carinho e amor.

Ao meu pai Francisco por tudo que fez por mim,

principalmente pelos meus estudos.

E a pessoa mais importante e especial, minha

mãe Maria Cecilia, que não esta mais conosco

para ver mais uma vitória minha.

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RESUMO

Atualmente, pedagogos e professores têm encontrado muitos alunos em sala

de aula com grande dificuldade em resolver problemas matemáticos e cálculos bem

simples, com as operações de soma, subtração, multiplicação e divisão. É nesta

hora que, a Discalculia ganha destaque, pois esse tipo de distúrbio afeta as

condições de raciocínio do aluno e da sua capacidade de desenvolvimento,

atrapalhando as construções das ações que facilitaria a sua aprendizagem. Sendo

assim, a presente pesquisa visa compreender os elementos que dificultam o

pensamento lógico que é exigido para as questões de cálculos matemáticos. Nesta

pesquisa há ferramentas que tem como finalidade orientar e ajudar professores,

facilitando o ensino e desenvolvimento da aprendizagem da matemática, envolvido

em varias experiências no dia-a-dia. Essa se optou por uma abordagem mais

teórica, bibliográfica, com enfoque nos dados e informações quanto ao ensino e

aprendizagem da matemática.

PALAVRAS-CHAVE: DISCALCULIA. APRENDIZAGEM. MATEMÁTICA

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METODOLOGIA

O objetivo dessa pesquisa é a Discalculia, um distúrbio pouco divulgado nas

escolas e até mesmo aos professores.

Segundo Vygotsky (1984), a matemática consiste em uma ferramenta de

extrema importância para o homem, em termos de sociedade e sobrevivência, pois

lidar com os números e realizar cálculos, esta ligada em nosso dia-a-dia.

Essas dificuldades foram observadas, dando-lhe inicio a um estudo para

saber o que ocorre com essas pessoas e a investigação cientifica começou a

identificar as características da Discalculia, um caso de muita importância.

Esse assunto é muito interessante apesar de existirem poucas pesquisas

sobre o mesmo. Para isso a Associação Brasileira de Dislexia (ABD) desenvolve um

importante papel por cuidar desses déficits de aprendizagem. Essa associação tem

como finalidade ajudar os disléxicos e todas as pessoas com dificuldades em geral

em aprendizagem, tornando assim pessoas eficientes nas suas vidas pessoais e no

mercado de trabalho. A ABD atua também nas áreas de diagnósticos, pesquisas,

entidades privadas, cursos e palestras ligadas na área de educação.

Com tudo, pretende-se com essa pesquisa ajudar e contribuir com os

professores e pedagogos, sobre tudo com a educação matemática e na divulgação

desse problema chamado Discalculia.

O aluno em perfeitas condições neurológicas tem capacidades, habilidades e

total condição de realizar suas tarefas, o mesmo não ocorre com aquele que

apresenta as características da discalculia, que tem como características afetar

todas as habilidades dos alunos em lidar com números e cálculos. Deste modo,

pretende-se com este estudo, analisar sobre esse fenômeno que é a discalculia,

suas causas e diagnósticos.

Para realizar a essa pesquisa optou-se por uma abordagem própria do

levantamento bibliográfico, de cunho qualitativo.

A elaboração do trabalho seguiu as seguintes ordens e critérios;

a) Levantamento de informações de dados diversos, como fontes bibliográficas,

revistas e artigos, dissertações e “websites”.

b) Seleção a divisão dos assuntos pertinentes ao tema.

c) Organização do material para orientação do trabalho.

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Para construção desta pesquisa foram utilizadas obras dos seguintes autores:

• ANTUNES, Celso

• BASTOS, J.A

• CIASCA, Sylvia M.

• GARCIA, J.N.

• GRANDO, R.C.

• SILVA, Willian R. C.

• Lent, Roberto

• Relvas, Marta Pires

• Bernardi, Jussara

• Dante, Luiz Roberto.

• BECKER, F.; FRANCO Sergio R.K. Revisando Piaget.

• ALMEIDA, Cintia Soares de;

• COSTA, Rosana Tósi da. LIMA, Lauro.

• MOURA, M.

• PAROLIN, Isabel Cristina H.;

• FERREIRA, Márcio.

• TELES, Paula .

• GRADO, Regina Célia.

• JONHSON, D.J.;

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................9

CAPITULO 1 – NEUROCIÊNCIAS.............................................................................10

1.1 Neurociência e a aprendizagem...........................................................................18

1.1.2 Neurociência e a Psicologia..............................................................................19

1.1.3 Neurociências e a pedagogia............................................................................19

1.2 Aprendizagem da matemática..............................................................................20

1.2.1 Dificuldade na matemática...............................................................................22

CAPITULO 2 – DISCALCULIA...................................................................................26

2.1 - Tipos de discalculia..............................................................................................27

2.2 - Causas da discalculia...........................................................................................28

2.2.1 - Neurológica (Imaturidade)...............................................................................28

2.2.2 – Linguística .....................................................................................................29

2.2.3 - Psicológica......................................................................................................29

2.2.4 - Genética..........................................................................................................29

2.3 - Discalcúlicos famosos........................................................................................30

2.4 - Discalculia e dislexia...............................................................................................32

2.5 – Como identificar a discalculia................................................................................33

2.6 – Como ajudar um discalcúlico.............................................................................34

CAPITULO 3 – INCLUSÃO DO ALUNO DISCALCÚLICO NA ESCOLA...................37

3.1 - Recursos para ajudar em casos de discalculia..................................................38

3.2 - Sugestões de atividades para ajudar os alunos discalcúlicos ..........................40

3.2.1 - Double Digits...................................................................................................40

3.2.2 - Towberblast.....................................................................................................41

3.2.3 - Soma Quinze...................................................................................................42

3.2.4 - Tangran...........................................................................................................42

3.2.5 - Domino da multiplicação.................................................................................43

3.2.6 - Jogos dos hexágonos.....................................................................................44

CONCLUSÃO.............................................................................................................45

BIBLIOGRAFIA...........................................................................................................46

WEBGRAFIA..............................................................................................................48

ÍNDICE.......................................................................................................................49

ÍNDICE DE FIGURAS................................................................................................51

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INTRODUÇÃO

Todo o ser humano apresenta algum tipo de limitação em sua vida e possuem

habilidades diferentes que são aperfeiçoadas de acordo com desenvolvimento e hoje

temos conhecimentos que o nosso cérebro com tempo sofre modificações. Porém,

algumas pessoas não conseguem desenvolver algumas habilidades cognitivas, na

qual surgem as dificuldades de aprendizagem.

Observa-se que uma das grandes dificuldades dos alunos apresenta-se na

disciplina da matemática, na qual, essa área de aprendizagem para muitos é

considerada como um tormento e pode contribuir para o fracasso escolar.

Dentre as dificuldades de matemática existentes, destaca-se a discalculia.

A discalculia ainda é pouco estudada no Brasil, mas já tem em vista que

alguns tipos de trabalhos têm dado bons resultados e se não for trabalhado de forma

mediadora e de intervenção em sala de aula e também na família, acarretará em um

adulto frustrado no futuro.

De acordo com o contexto, toda a reflexão proposta neste estudo e pesquisa

tem como objetivo fazer levantamento das concepções, fatores, teorias que

detectam e demonstram o surgimento da discalculia para uma melhor compreensão

desse tema tão abordado e que aflige tanto a vida escolar das crianças e causa

tanta preocupação a toda a comunidade escolar.

Esses estudos foram organizados em 3 capítulos, na qual o 1º capítulo vamos

abordar sobre neurociência e o 2º capítulo sobre discalculia de uma forma geral e

finalizamos com o 3º capítulo mostrando algumas sugestões para intervir e ajudar no

“tratamento deste transtorno”

Vale ressaltar, que todo o levantamento da pesquisa bibliográfica e os

estudos foram realizados para buscar conhecimento sobre a dificuldade de

aprendizagem da matemática, a discalculia, com o intuito de um melhor

entendimento sobre o assunto e possíveis intervenções que ajudará o professor a

lidar com esses problemas em sala de aula.

Para Bastos (2006), a matemática desempenha papel decisivo, ao permitir, na

formação do cidadão, o desenvolvimento proveitoso de habilidades diversamente

importantes no raciocínio lógico dedutivo, interferindo fortemente na capacitação

intelectual e estrutural do pensamento.

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Capitulo 1 – NEUROCIÊNCIA

Conceitualmente para os neurocientistas tem-se que a neurociências é o

estudo do sistema nervoso e das composições moleculares e bioquímicas, e as

diferentes manifestações deste sistema e do tecido, através das nossas atividades

intelectuais, tais como a linguagem, o reconhecimento das formas, a resolução de

problemas e a planificação das ações.

Contudo, para se entender sobre neurociências é relevante falar-se sobre o

tecido nervoso segundo Mark F. Bear. O tecido nervoso compreende basicamente

dois tipos celulares: os neurônios e as células glias. Neurônio: é a unidade estrutural

e funcional do sistema nervoso que é especializada para a comunicação rápida. Tem

a função básica de receber, processar e enviar informações. Células Glias:

compreende as células que ocupam os espaços entre os neurônios e tem como

função sustentação, revestimento ou isolamento e modulação da atividade neural.

Figura 1 – Tecido nervoso.

Fonte: http://www.auladeanatomia.com/neurologia/tecidonervoso.htm

Neurônios: são células altamente excitáveis que se comunicam entre si ou

com outras células efetuadoras, usando basicamente uma linguagem elétrica. A

maioria dos neurônios possui três regiões responsáveis por funções especializadas:

corpo celular, dendritos e axônios.

O corpo celular: é o centro metabólico do neurônio, responsável pela síntese

de todas as proteínas neuronais. A forma e o tamanho do corpo celular são

extremamente variáveis, conforme o tipo de neurônio. O corpo celular é também,

junto com os dendritos, local de recepção de estímulos, através de contatos

sinápticos.

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Dendritos: geralmente são curtos e ramificam-se profusamente, a maneira de

galhos de árvore, em ângulos agudos, originando dendritos de menor diâmetro. São

os processos ou projeções que transmitem impulsos para os corpos celulares dos

neurônios ou para os axônios. Em geral os dendritos são não mielinizados. Um

neurônio pode apresentar milhares de dendritos. Portanto, os dendritos são

especializados em receber estímulos.

Axônios: a grande maioria dos neurônios possui um axônio, prolongamento

longo e fino que se origina do corpo celular ou de um dendrito principal. O axônio

apresenta comprimento muito variável, podendo ser de alguns milímetros como mais

de um metro. São os processos que transmitem impulsos que deixam os corpos

celulares dos neurônios, ou dos dendritos. A porção terminal do axônio sofre várias

ramificações para formar de centenas a milhares de terminais axônicos, no interior

dos quais são armazenados os neurotransmissores químicos. Portanto, o axônio é

especializado em gerar e conduzir o potencial de ação.

Figura 2 – Neurônio

Fonte: http://www.psiqweb.med.br/site/FBArquivos%5CNO%5C00000290%5C00000290_613.jpg

Tipos de Neurônios: São três os tipos de neurônios: sensitivo, motor e

interneurônio. Um neurônio sensitivo conduz a informação da periferia em direção ao

SNC, sendo também chamado neurônio aferente. Um neurônio motor conduz

informação do SNC em direção à periferia, sendo conhecido como neurônio

eferente. Os neurônios sensitivos e motores são encontrados tanto no SNC quanto

no SNP.

Portanto, o sistema nervoso apresenta três funções básicas:

Função Sensitiva: os nervos sensitivos captam informações do meio interno

e externo do corpo e as conduzem ao SNC;

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Função Integradora: a informação sensitiva trazida ao SNC é processada ou

interpretada;

Função Motora: os nervos motores conduzem a informação do SNC em

direção aos músculos e às glândulas do corpo, levando as informações do SNC.

Figura 3 – Tipos de neurônio.

Fonte: HOWSTUSSWorks

Classificação do neurônio quanto aos seus prolongamentos: a maioria dos

neurônios possuem vários dendritos e um axônio, por isso são chamados de

multipolares. Mas também existem os neurônios bipolares e pseudo-unipolares.

Nos neurônios bipolares, dois prolongamentos deixam o corpo celular, um

dendrito e um axônio.

Nos neurônios pseudo-unipolares, apenas um prolongamento deixa o corpo

celular.

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Figura 4 – Principais tipos de neurônios.

Fonte: http://www.auladeanatomia.com/neurologia/tiposdeneuronios.jpg

Sinapses: Os neurônios, principalmente através de suas terminações

axônicas, entram em contato com outros neurônios, passando-lhes informações. Os

locais de tais contatos são denominados sinapses. Ou seja, os neurônios

comunicam-se uns aos outros nas sinapses – pontos de contato entre neurônios, no

qual encontramos as vesículas sinápticas, onde estão armazenados os

neurotransmissores. A comunicação ocorre por meio de neurotransmissores –

agentes químicos liberados ou secretados por um neurônio. Os neurotransmissores

mais comuns são a acetilcolina e a norepinefrina. Outros neurotransmissores do

SNC incluem a epinefrina, a serotonina, o GABA e as endorfinas.

Todas as nossas sensações, sentimentos, pensamentos, respostas motoras e

emocionais, a aprendizagem e a memória, a ação das drogas psico-ativas, as

causas das doenças mentais, e qualquer outra função ou disfunção do cérebro

humano não poderiam ser compreendidas sem o conhecimento do fascinante

processo de comunicação entre as células nervosas (neurônios).

Os neurônios precisam continuamente coletar informações sobre o estado

interno do organismo e de seu ambiente externo, avaliar essas informações e

coordenar atividades apropriadas à situação e às necessidades atuais da pessoa.

Como os neurônios processam essas informações?

Isso ocorre essencialmente graças aos impulsos nervosos. Um impulso

nervoso é a transmissão de um sinal codificado de um estímulo dado ao longo da

membrana do neurônio, a partir de seu ponto de aplicação. Os impulsos nervosos

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podem passar de uma célula a outra, criando assim uma cadeia de informação

dentro de uma rede de neurônios.

Dois tipos de fenômenos estão envolvidos no processamento do impulso

nervoso: os elétricos e os químicos. Os eventos elétricos propagam o sinal dentro de

um neurônio, e os eventos químicos transmitem o sinal de neurônio a outro ou para

uma célula muscular. O processo químico de interação entre os neurônios e entre os

neurônios e células efetoras acontecem na terminação do neurônio, em uma

estrutura chamada sinapse. Aproximando-se do dendrito de outra célula (mas sem

continuidade material entre ambas as células), o axônio libera substâncias químicas

chamadas neurotransmissores, que ligam-se aos receptores químicos do neurônio

seguinte e promove mudanças excitatórias ou inibitórias em sua membrana.

Portanto, os neurotransmissores possibilitam que os impulsos nervosos de

uma célula influenciem os impulsos nervosos de outro, permitindo assim que as

células do cérebro "conversem entre si", por assim dizer. O corpo humano

desenvolveu um grande número desses mensageiros químicos para facilitar a

comunicação interna e a transmissão de sinais dentro do cérebro. Quando tudo

funciona adequadamente, as comunicações internas acontecem sem que sequer

tomemos consciência delas.

Uma compreensão da transmissão sináptica é a chave para a o entendimento

das operações básicas do sistema nervoso a nível celular. O sistema nervoso

controla e coordena as funções corporais e permite que o corpo responda, e aja

sobre o meio ambiente. A transmissão sináptica é o processo chave na ação

interativa do sistema nervoso

Vamos ver melhor como a sinapse e os neurotransmissores funcionam.

Sinapse: O ponto de encontro entre neurônios. Dado que os neurônios

formam uma rede de atividades elétricas, eles de algum modo têm que estar

interconectados. Quando um sinal nervoso, ou impulso, alcança o fim de seu axônio,

ele viajou como um potencial de ação ou pulso de eletricidade.

Entretanto, não há continuidade celular entre um neurônio e o seguinte; existe

um espaço chamado sinapse. As membranas das células emissoras e receptoras

estão separadas entre si pelo espaço sináptico, preenchido por um fluido.

O sinal não pode ultrapassar eletricamente esse espaço. Assim, substâncias

químicas especiais, chamadas neurotransmissores, desempenham esse papel. Elas

são liberadas pela membrana emissora pré-sináptica e se difundem através do

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espaço para os receptores da membrana do neurônio receptor pós-sináptico. A

ligação dos neurotransmissores para esses receptores tem como efeito permitir que

íons (partículas carregadas) fluam para dentro e para fora da célula receptora,

conforme visto no artigo sobre condução nervosa.

A direção normal do fluxo de informação é do axônio terminal para o neurônio

alvo, assim o axônio terminal é chamado de pré-sináptico (conduz a informação para

a sinapse) e o neurônio alvo é chamado de pós-sináptico (conduz a informação a

partir da sinapse).

Tipos de sinapses: A sinapse típica, e a mais frequente, é aquela na qual o

axônio de um neurônio se conecta ao segundo neurônio através do estabelecimento

de contatos normalmente de um de seus dendritos ou com o corpo celular. Existem

duas maneiras pelas quais isso pode acontecer: as sinapses elétricas e as sinapses

químicas.

A Sinapse elétrica: A maioria das sinapses dos mamíferos são sinapses

químicas, mas existe uma forma simples de sinapse elétrica que permite a

transferência direta da corrente iônica de uma célula para a célula seguinte. As

sinapses elétricas ocorrem em locais especializados chamados junções. Elas

formam canais que permitem que os íons passem diretamente do citoplasma de uma

célula para o citoplasma da outra. A transmissão nas sinapses elétricas é muito

rápida; assim, um potencial de ação no neurônio pré-sináptico, pode produzir quase

que instantaneamente um potencial de ação no neurônio pós-sináptico. Sinapses

elétricas no sistema nervoso central de mamíferos, são encontradas principalmente

em locais especiais onde funções normais exigem que a atividade dos neurônios

vizinhos seja altamente sincronizada. Embora as junções sejam relativamente raras

entre os neurônios de mamíferos adultos, eles são muito comuns em uma grande

variedade de células não neurais, inclusive as células do músculo liso cardíaco,

células epiteliais, algumas células glandulares, glia, etc. Elas também são comuns

em vários invertebrados.

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Figura 5 – Sinapses elétricas

Fonte: http://image.slidesharecdn.com/aula1-parte1-131121063030-phpapp02/95/instituto-interage-curso-de-

psicofarmacologia-aula-11-47-638.jpg?cb=1385015523

A sinapse química: Nesse tipo de sinapse, o sinal de entrada é transmitido

quando um neurônio libera um neurotransmissor na fenda sináptica, o qual é

detectado pelo segundo neurônio através da ativação de receptores situados do lado

oposto ao sítio de liberação. Os neurotransmissores são substâncias químicas

produzidas pelos neurônios e utilizadas por eles para transmitir sinais para outros

neurônios ou para células não-neuronais (por exemplo, células do músculo

esquelético, miocárdio, células da glândula pineal) que eles inervam.

A ligação química do neurotransmissor aos receptores causa uma série de

mudanças fisiológicas no segundo neurônio que constituem o sinal. Normalmente a

liberação do primeiro neurônio (chamado pré-sináptico) é causado por uma série de

eventos intracelulares evocados por uma despolarização de sua membrana, e quase

que invariavelmente quando um potencial de ação é gerado.

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Figura 6 – Sinapse química.

Fonte: http://image.slidesharecdn.com/fisiologia-sinapse-140714055009-phpapp02/95/fisiologia-sinapse-6-

638.jpg?cb=1405317068

Fibras nervosas: uma fibra nervosa compreende um axônio e, quando

presente, seu envoltório de origem glial. O principal envoltório das fibras nervosas é

a bainha de mielina (camadas de substâncias de lipídeos e proteína), que funciona

como isolamento elétrico. Quando envolvidos por bainha de mielina, os axônios são

denominados fibras nervosas mielínicas. Na ausência de mielina as fibras são

denominadas de amielínicas. Ambos os tipos ocorrem no sistema nervoso central e

no sistema nervoso periférico, sendo a bainha de mielina formada por células de

Schwann, no periférico e no central por oligodendrócitos. A bainha de mielina

permite uma condução mais rápida do impulso nervoso e, ao longo dos axônios, a

condução é do tipo saltatória, ou seja, o potencial de ação só ocorre em estruturas

chamadas de nódulos de Ranvier.

Figura 7 – Fibra nervosa.

http://bio-neuro-psicologia.usuarios.rdc.puc-rio.br/imagens/sn/15.jpg

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Nervos: após sair do tronco encefálico, da medula espinhal ou dos gânglios

sensitivos, as fibras nervosas motoras e sensitivas reúnem-se em feixes que se

associam a estruturas conjuntivas, constituindo nervos espinhais e cranianos.

1.1 NEUROCIÊNCIA E A APRENDIZAGEM

A aprendizagem não acontece ao acaso, é necessário um conjunto de ações

tanto do professor quanto do aluno para que ela ocorra, ou seja, os métodos

pedagógicos combinados com a motivação, atenção e a memória do aluno geram o

resultado almejado pelos educadores. Percebe-se que o aluno motivado e atento

quando recebe novas informações, associando a seu conhecimento prévio,

armazena com maior facilidade o que assimilou em sua memória.

A partir dessa visão, os cientistas verificaram que o cérebro se modifica em

contato com o meio durante toda a vida, pois a formação da memória é mais efetiva

quando a nova informação é associada a um conhecimento prévio.

Esta visão não é nova, só reforça o que Jean Piaget (1896-1980), Lev

Vygotsky (1896- 1934), Henri Wallon (1879-1962) e David Ausubel (1918-2008), e a

maioria dos profissionais da área de Psicologia cognitiva já diziam. A novidade é que

as conclusões dos cientistas, são frutos de investigações neurológicas recentes

sobre o funcionamento cerebral. "O que hoje a Neurociência defende sobre o

processo de aprendizagem se assemelha ao que os teóricos mostravam por

diferentes caminhos", diz a psicóloga Tania Beatriz Iwaszko Marques, da Faculdade

de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), estudiosa de

Piaget. Destaca-se também o avanço das metodologias de pesquisa e da tecnologia

que permitiram novos estudos possíveis. "Até o século passado, apenas se intuía

como o cérebro funcionava. Ganhamos precisão", diz Lino de Macedo, do Instituto

de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), também piagetiano. Mas ainda é

preciso refletir sobre a introdução das ideias neurocientíficas em sala de aula.

"Aprende-se com a cognição, mas sem dúvida alguma, aprende-se pela emoção, o desafio é unir conteúdos coerentes, desejos, curiosidades e afetos para uma prazerosa aprendizagem".

Marta Relvas

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1.1.2 NEUROCIÊNCIA E A PSICOLOGIA

A Neurociência e a Psicologia Cognitiva se ocupam em entender a

aprendizagem, mas têm diferentes focos. A primeira faz isso por meio de

experimentos comportamentais e do uso de aparelhos como os de ressonância

magnética e de tomografia, que permitem observar as alterações no cérebro durante

o seu funcionamento. "A Psicologia, sem desconsiderar o papel do cérebro, foca os

significados, se pautando em evidências indiretas para explicar como os indivíduos

percebem, interpretam e utilizam o conhecimento adquirido", explica Evelyse dos

Santos Lemos¹, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de

Janeiro, e especialista em aprendizagem significativa, campo de estudo de Ausubel.

Sendo assim, as duas áreas permitem entender de forma abrangente o

desenvolvimento da criança, correlacionadas geram entre o avanço da

neurociências somado com os estudos comportamentais da psicologia, soluções,

eliminando as dificuldades que antes os professores tinham, aprimorando suas

estratégias de ensino.

1.1.3 NEUROCIÊNCIA E A PEDAGOGIA

Com base em evidências neurocientíficas, sabe-se que há uma correlação

entre um ambiente propício para aprendizagem e o aumento das sinapses

(conexões entre as células cerebrais). Mas quem define o que é um meio

estimulante para cada tipo de aprendizado? Quais devem ser as intervenções para

intensificar o efeito do meio? Como o aluno irá reagir? Para responder tais

questionamentos pode-se contar com o auxílio da Pedagogia, pois é ela que possui

meios para lidar com as situações encontradas na educação escolar. "A

Neurociência não fornece estratégias de ensino. Isso é trabalho da Pedagogia, por

meio das didáticas", diz Hamilton Haddad¹, do Departamento de Fisiologia do

Instituto de Biociências da USP. Como, então, o professor pode enriquecer o

processo de ensino e aprendizagem usando as contribuições da Neurociência?

1 Publicado em NOVA ESCOLA Edição 253, Junho/Julho 2012. Título original: Toda a atenção para a Neurociência

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Para o educador português António Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa,

responder à questão é o grande desafio do século 21. "A estrutura educacional de

hoje foi criada no fim do século 19. É preciso fazer um esforço para trazer ao campo

pedagógico as inovações e conclusões mais importantes dos últimos 20 anos na

área da ciência e da sociedade", diz.

Ao professor, cabe se alimentar das informações que surgem, buscando

fontes seguras, e não acreditar em fórmulas para a sala de aula criadas sem

embasamento científico. "A Neurociência mostra que o desenvolvimento do cérebro

decorre da integração entre o corpo e o meio social. O educador precisa

potencializar essa interação por parte das crianças", afirma Laurinda Ramalho de

Almeida, professora do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação, da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e especialista em Wallon.

1.2 APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

Para entender a aprendizagem relativa à matemática precisa-se entender

melhor o funcionamento do nosso cérebro assim diz Alexandre Castro Caldas,

Professor Catedrático de Neurologia na Faculdade de Medicina de Lisboa e diretor

do Serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria em Lisboa.. Esse

entendimento atualmente se tornou mais fácil devido ao avanço tecnológico, contudo

antigamente, isso só era possível quando uma pessoa sofria ou morria de causas

relativas a lesões cerebrais. A partir da década de 1990, os cientistas não

precisaram mais contar apenas com azarados para descobrirem como o cérebro

funcionava: passaram a usar aparelhos de espectroscopia de ressonância

magnética nuclear com tecnologia fMRI – e analisaram as imagens com estatísticas.

Desse jeito, eles têm estudado pessoas saudáveis. Não obstante com implemento

dessas novas técnicas foi percebido que o cérebro é capaz de executar inúmeras

atividades ao mesmo tempo, como por exemplo, dirigir um carro, porém não se dá

conta de que para se executar essa atividade, ativa-se várias partes do cérebro, e

quando não é possível sua execução, pode -se haver uma falha em determinada

parte do cérebro. Contudo, ainda não é possível afirmar nada sobre este órgão tão

importante e intrínseco.

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Correlacionando o funcionamento do cérebro com a aprendizagem da

matemática, nota-se que este funcionando em perfeita harmonia, alcança o

resultado esperado (a aprendizagem) e quando não há este caminho pode estar

ocorrendo alguma disfunção cerebral que impede que o indivíduo chegue ao

resultado esperado.

As crianças já entram na escola sabendo varias coisas de matemática, pois já

nascem sabendo. Bebês de poucos meses têm noção de cardinalidade, isto é, de

quantos elementos há dentro de um conjunto. Também tem noções de estatística: se

um macaquinho toca bumbo quase todas as vezes que o bebe aperta um botão

vermelho, então ele acha provável que o macaquinho toque bumbo quando aperta o

botão vermelho. “Quando a criança entra na escola” “ela já sabe consegue contar,

perceber o maior e o menor, ela já tem noção de numero e de ordem; ela já realiza

várias operações algébricas”. Tais habilidades estão sediada no hemisfério direito do

cérebro (com filiais no esquerdo).

Nos primeiros anos escolares, a função do professor é explicar à criança

como ela pensa, e ensina-la a descrever seu pensamento com ajuda de símbolos

lógicos. Se a escola fizer isso bem, o adolescente e o adulto devem resolver

problemas com álgebra (letra no lugar de números).

Ninguém deve comparar a aprendizagem da língua materna com a

aprendizagem de matemática. O estudante sabe que esta mergulhado em

linguagem: o dia inteiro, e todo dia, ele diz coisas para outras pessoas e as outras

pessoas lhe dizem coisas, ele escreve coisas para outras pessoas e outras pessoas

lhe escrevem coisas. Os estudantes usam a linguagem materna para se comunicar

mesmo quando esta sozinho, pois liga a TV ou abre um livro. Matemática não é

assim e, por isso, aprender matemática esta mais perto de aprender uma língua bem

diferente do português, como alemão ou inglês, ou de aprender um jogo complicado,

como gamão ou xadrez. Para imergir em matemática como já está imerso em

linguagem, tem de resolver exercícios, questões e mais questões. A função da

“A habilidade numérica é determinada biologicamente, sendo uma categoria científica de domínio do conhecimento. Assim, o sistema cerebral para os números pode ser comparável às outras áreas cerebrais especializadas, como as responsáveis pelo conhecimento das cores, pela audição, visão, entre outras.”

Basto

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pratica, e deixar o cérebro bem treinado e cada vez mais “inteligente” e assim o

cérebro vai gastar muita energia.

Para na ter dificuldade na matemática, o estudante precisa treinar a memoria.

A criança precisa decorar texto e isso só pode ser capaz devido o uso da memoria e

para o mesmo ter êxito na matemática precisa decorar a tabuada. O aluno que já

decorou a tabuada gasta menos energia para resolver problemas que envolva a

multiplicação, pois fara automaticamente.

Todavia, não sairá tão cedo um “Manual de Instruções ao Professor de

Matemática Feito a Partir das Recentes Descobertas dos Neurocientistas Equipados

com Tecnologia fMRI e Estatística”, porque todas as pesquisas realizadas até o

momento, ainda são preliminares, e devido a sua complexidade o cérebro ainda é

um órgão que não foi totalmente estudado.

1.2.1 DIFICULDADE NA MATEMÁTICA

Adultos que sempre foram mal em matemática, quando crianças se sentiam

culpados por não conseguirem fazer uma conta simples de multiplicar ou dividir, e

chegavam a pensar que eram incompetentes, muita das vezes acabavam sendo

obrigados a frequentar aulas particulares de matemática, tornando-se a

aprendizagem muito enfadonha (Cristina Loureiro, 2012).

Tendo isso em vista, muitas crianças possuem dificuldades no aprendizado da

matemática não correspondendo às expectativas satisfatórias de aprendizagem, por

isso, pais e professores, devem estar atentos a estas questões e sempre que

“Resultou desse esforço de pesquisa uma nova concepção: o cérebro é mutante, e não estático! Responde aos estímulos ambientais não apenas com operações funcionais imediatas, mas também com alterações de longa duração, algumas das quais podem se tornar permanentes. Emergiu o conceito de neuroplasticidade, que sintetiza essa capacidade dinâmica, mutante, transformadora.”

Roberto Lent

“O cérebro gasta muita energia. Quanto mais uma pessoa treina seu uso, menores serão as áreas que estarão envolvidas quando essa pessoa estiver a resolver problema.”

Alexandre Castro Caldas

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necessário encaminhar a criança para atendimento psicopedagógico ou

neuropsicopedagógico para que a partir daí sejam feitas possíveis intervenções.

Esse transtorno pode estar associado a discalculia que será discutida adiante.

De modo bem exemplificado, a imagem abaixo, mostra alguns tópicos da

discalculia:

Figura 8 – Discalculia o que é.

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br

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Figura 9 – Sinais de discalculia

Fonte: http://selmamcarvalho.blogspot.com.br

Segundo Rita Lucena²

“a discalculia é um distúrbio que atinge as áreas temporo-parientais do cérebro, afetando assim o desenvolvimento da atividade da matemática. Atinge 4 domínios da matemática: operacional, contextual, espacial e terminologia. É uma espécie de imaturidade na forma como o cérebro processa as informações relacionadas à matemática. Ocorre mais no hemisfério direito do cérebro.”

Verifica-se que a discalculia atinge as áreas temporo-parientais do cérebro, e,

hoje em dia não existem exames ou aparelhos específicos que identifiquem esse

transtorno. Isso não é visto em nenhum exame, por que é uma forma como os

neurônios transmitem as informações, não é algo que pode ser percebido numa

ultrassonografia, por exemplo².

Mas quando é feito o diagnostico será que pode reverter o quadro?

O diagnóstico tem que ser feito logo no começo, logo que se percebe a

dificuldade com a matemática, para que se possa fazer a intervenção, mesmo que

mais à frente se descubra que não era discalculia. Pode ser revestido e a pessoa

conseguir fazer normalmente operações, compreender as formas matemáticas, as

terminologias. A discalculia acontece quando o cérebro não consegue ativar a área

afetada, daí o tratamento é iniciado, mas chega um momento em que não consegue

mais avançar e ocorre o que chamamos de discalculia irreversível. Quando a criança

chega neste estágio, é necessário uma adequação pedagógica².

2 Publicado em http://educacao.atarde.uol.com.br/?p=7842 acesso no dia 13/02/2016

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De acordo com o Instituto de Inclusão Brasileira³, o diagnóstico é de suma

importância, porque quanto mais cedo o distúrbio é identificado, o tratamento irá

trazer melhores resultados.

No entanto mais importante ainda que o diagnóstico é a intervenção. Intervir

no momento que a criança apresente dificuldades, mesmo que estas dificuldades

não sejam sintomas da discalculia. É preciso intervir de maneira a ajudar a criança

naquele momento para que no futuro aquela dificuldade não se torne um problema

grave na vida da criança, ou para identificar a discalculia e tratar o distúrbio³.

3 - Publicado em http://www.intitutoinclusaobrasil.com.br/informacoes_artigos_integra.asp?artigo=241 acesso no dia 13/02/2016.

“O tratamento é baseado em um processo de reabilitação neuropsicológica. Que tem um acompanhamento, visando ajudar a crianças em suas dificuldades, trabalhando em parceria com a escola, para que esta saiba lidar com aquele aluno. Um novo método para tratamento é a estimulação transcraniana não-invasiva. Este método provoca estímulos elétricos no couro cabeludo visando atingir aquela área do cérebro que está afetada pela discalculia.”

Lucena (2016)

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CAPITULO 2 - DISCALCULIA.

A discalculia é o termo utilizado atualmente que reporta-se à pessoas que

possuem dificuldades desde reconhecer números, como fazer simples contas.

Entende-se que é um distúrbio neuropsicológico caracterizado pela dificuldade no

processo de aprendizagem do calculo.

Para melhor entendimento, compreende-se por transtorno “o ato ou efeito de

transtornar; desordem; confusão” (Academia Brasileira de Letras, 2009, p.1250).

Tendo esse conceito em vista pode-se dizer que pessoas que apresentam

discalculia possuem desordem na parte cerebral responsável por lidar com números.

Acerca das características de uma pessoa discalculica, assevera Jussara

Bernardi:

“Por outro lado, a ocorrência de alguns distúrbios de caráter maturacional em determinadas estruturas do cérebro durante o desenvolvimento infantil poderá ser percebido somente quando a criança entrar na escola e manifestar certa carência de suas condições internas para a aprendizagem. Especificamente, quando alunos de séries iniciais em processo de construção das noções matemáticas apresentarem um desempenho aritmético abaixo do esperado para sua idade, podem ser caracterizado como estudante discalcúlicos” . (BERNARDI, 2014, p 25)

Já de acordo com Johnson e Myklebust (1987): “Este transtorno não causado

por deficiência mental nem por déficits visuais e auditivos nem por má

escolarização“. Ainda, segundo os autores o portador de discalculia comete erros

diversos na solução de problemas verbais, nas habilidades de contagem, nas

habilidades computacionais e na compreensão dos números.

Johnson e Myklebust (1987) já afirmavam que crianças com discalculia não

conseguem:

a) Visualizar conjuntos de objetos dentro de um conjunto maior.

b) Conservar quantidades, o que impede o entendimento de saber que

250 gramas é a quarta parte de 1 quilo.

c) Identificar os sinais das 4 operações: soma, subtração, multiplicação e

divisão: (+, - , x e :).

d) Organizar números: o que vem antes do 14 e o que vem depois do 16

(antecessor e sucessor)

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e) Montar as operações.

f) Entender os conceitos de medidas.

g) Lembrar a ordem para realização de expressões numéricas.

h) Contar as coisas através de números ordinais e cardinais.

Convém destacar que Johnson e Myklebust (1987) também descreveram

sobre os processos cognitivos envolvidos na discalculia, são eles:

a) Dificuldades na memória de trabalhos.

b) Dificuldades de memórias em tarefas não-verbais.

c) Dificuldades na soletração de não palavras (tarefa de escrita).

d) Dificuldades nas habilidades visuo-espaciais.

e) Dificuldades nas habilidades psicomotoras e perceptivo-táteis.

Para o Manual de diagnostico e Estatística de Distúrbios Mentais – DSM-V

(2013), esse transtorno é caracterizado pela incapacidade de realização de cálculos,

realização de operações matemáticas inferior a media da idade cronológica do

individuo, trazendo prejuízos significativos em tarefas diárias que exigem alguma

dificuldade, já que as dificuldades matemáticas excedem aquelas geralmente

associadas.

Também para o referido Manual (2013), diversas habilidades podem ser

prejudica por esse transtorno:

a) Habilidades linguísticas: compreensão e nomeação de termos,

operações e conceitos matemáticos e transposição de problemas escritos em

símbolos matemáticos.

b) Perceptuais: o reconhecimento de símbolos numéricos ou aritméticos e

o agrupamento de objetos em conjuntos.

c) Atenção: copiar os números, sinais de operações.

d) Matemáticas: dar sequência a etapas matemáticas como contar

objetos, a na aprendizagem da tabulada de multiplicação.

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2.1 – TIPOS DE DISCALCULIA.

Os pesquisadores Johnson e Myklebust (1983) baseiam seus estudos em

uma classificação com seis tipos de discalculia:

a) Discalculia Verbal – Dificuldade para nomear as quantidades

matemáticas, números, símbolos e as suas relações.

b) Discalculia Practognostica – Dificuldade de comparar, manipular

objetos físicos ou em imagem matematicamente.

c) Discalculia Léxica – Dificuldade na leitura dos símbolos matemáticos.

d) Discalculia Gráfica – Dificuldade na escrita dos símbolos matemáticos.

e) Discalculia Ideognóstica - Dificuldade de fazer cálculos mentais .

f) Discalculia Operacional – Dificuldades na execução das operações

numéricas.

2.2 – CAUSAS DA DISCALCULIA.

Os estudos sobre discalculia ainda não alcançaram suas causas, pois ainda

são muito recentes, não encontrando-se justificativas que comprovem tais

dificuldades com as linguagens matemáticas, que podem ocorrer por falta de

habilidades para realização de cálculo ou por dificuldades de elaboração dos

mesmos.

Ana Maria Antunes de Campos (2014, p 22), dispõe sobre suas causas:

“[... não é ocasionada por deficiência mental, deficiência visual ou auditiva nem por

má escolarização, é a falta do mecanismo do calculo e da resolução de problemas,

ou seja, por transtorno neurológico...]”. Contudo, a referida autora ainda assevera

sobre os novos estudos dos neurocientistas:

“de acordo com diversos neurologistas, já é conhecido que a região cerebral usada para as habilidades matemáticas é o lobo parietal nos dois hemisférios, junto com diversas áreas do cérebro, como o lobo occipital, memória de trabalho visual, espacial e outros. Alguns cientistas ainda acreditam que pode ser associado com as lesões ao supramarginal e giro angular na junção entre os temporais e o lobo parietal do córtex cerebral"

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Estes estudos apontam que a discalculia pode ser causada por vários fatores

que abrangem varias áreas de estudos, que iram ser discutidas adiante, são elas:

neurologia, a linguística, a psicológica, e a genética.

2.2.1 – A NEUROLOGIA (IMATURIDADE).

O desenvolvimento neurológico implica na maturação através das

modificações do seu sistema nervoso e tem características diferentes, ordenada,

progressiva e cronologicamente. A cada nível de maturação o indivíduo desenvolve

novas funções (percepção, espaço temporal, lateralidade, ritmo e etc.) através de

suas experiências que produziram estímulos. Quando não há esta maturação ocorre

um transtorno neurológico. A partir desse entendimento tem-se que, a discalculia

pode ser um transtorno neurológico, relativo à área matemática do indivíduo.

A maturação se refere às transformações que capacitam o organismo alçar

novos níveis de funcionamento. Com a maturação, cada dia que passa, estamos

mais preparados para executar novas tarefas4. Sobre esta perspectiva, segundo

Romagnoli (2008), dependendo do grau de imaturidade neurológica da criança, a

discalculia pode ser considerada em distintos graus:

a) Leve - é aquela que o discalcúlico reage a intervenção terapêutica .

b) Médio – é o quadro dos indivíduos que apresentam as dificuldades

especificas.

c) Limite – ocorre quando a uma lesão neurológica, gerando diversos

traumatismos.

4 - Publicado em http://www.portaleducacao.com.br/medicina/artigos/62174/crescimento-desenvolvimento-e-maturacao-idade-cronologica-x-idade-biologica#ixzz40pb2HAmW acesso em 21/02/2016

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2.2.2 - LINGUISTICA.

Segundo Cazenave (1972 apud Dias, 2007) compreensão matemática só é

possível com a integração da linguagem. O discalcúlico, neste caso apresenta muita

dificuldade na elaboração do seu pensamento devido as dificuldade no processo de

linguagem. A linguagem tem uma função muito importante na evolução do intelecto.

Ela habilita o raciocínio ate uma perspectiva mais abstrata.

Romagnoli (2008) afirma que também existe a tese de que a discalculia possa

ser uma dificuldade linguística, na medida em que a matemática é uma forma de

linguagem. Segundo esta ideia, a criança com discalculia apresenta deficiente

elaboração do pensamento devido às dificuldades no processo de interiorização da

linguagem

Sendo assim, o individuo precisa desenvolver um nível linguístico para

entender a matemática de uma forma melhor. A criança que tem dificuldades

linguísticas não conseguirá assimilar os assuntos matemáticos com seus símbolos.

Tem-se que, para que o estudante consiga resolver problemas matemáticos

deve entender as palavras e aplicá-las no sentido aritmético. A compreensão do

problema é importante para sua resolução, segundo Cazenava (1972 apud Dias,

2007) caso contrario não conseguira resolvê-lo. Ou seja, a matemática só será viável

com a integração de uma linguagem bem sólida.

2.2.3 - PSICOLÓGICA.

As causas de natureza psicológica também podem ser consideradas, pois

indivíduos com alguma alteração psíquica são mais propensos a apresentar

transtornos de aprendizagem, já que o emocional interfere no controlo de

determinadas funções como: atenção, memória, percepção, etc. Existem

explicações mas não comprovação, da determinação do gen responsável por

transmitir a herança dos transtornos no cálculo. Há significativos registros de

antecedentes familiares de crianças com discalculia que também apresentam

dificuldades na matemática (Romagnoli, 2008)

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Ressalte-se que, indivíduos com variações psicológicas têm mais tendências em

apresentar transtornos de aprendizagem, visto que a parte emocional interfere nas

funções responsáveis pela aprendizagem.

2.2.4 - GENÉTICA.

Pesquisadores do Laboratório de Neuropsicologia do Desenvolvimento da

Universidade Federal de Minas Gerais5 apontam que existe uma influência genética

na manifestação dos sintomas de dificuldades de aprendizagem da matemática, e

além disso, o risco de recorrência familiar é muito grande pois irmãos de uma

criança com discalculia possuem maiores chances (cinco a dez vezes) de

apresentarem o transtorno do que a população em geral.

No entanto as explicações ainda não passam de especulações, não tendo

sido comprovado nada sobre a herança genética de transtornos de cálculos. Mas

ainda assim a hereditariedade, precisa de estudos mais aprofundados sobre esse

assunto.

2.3-DISCALCULICOS FAMOSOS.

Segundo Associação Americana de Psiquiatria pessoas com discalculia³ são

pessoas capazes. Aqui alguns exemplos de pessoas com discalculia e que

trouxeram para o mundo contribuições fantásticas.

Benjamin Franklin: Inventor do pára-raios, aquecedor de Franklin e das

lentes bifocais. Ele também deixou a escola aos 12 anos de idade, pois "falhava" em

matemática. Ele é o "homem na nota de 100 dólares"

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Figura 10 – Benjamin Franklin.

Fonte: http://discalculicos.blogspot.com.br/2007/10/ser-discalclico-no-ser-pior-coisa-do.html

Thomas Edison: Entre suas contribuições estão: lâmpada elétrica

incandescente, o gramofone, o dita fone, o microfone entre outros. Ele saiu da

escola aos 12 anos de idade, pois se achava "estúpido".

Figura 11 – Thomas Edison.

Fonte: http://discalculicos.blogspot.com.br/2007/10/ser-discalclico-no-ser-pior-coisa-do.html

Hans Christian Andersen: Escritor dinamarquês de clássicos da literatura

infantil, tais como, O Patinho Feio, Os Sapatinhos Vermelhos, O Soldadinho de

Chumbo, A Pequena sereia, dentre outros. Graduado na High School aos 23 anos

de idade.

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Figura 12 – Hans Christian Andersen.

Fonte: http://discalculicos.blogspot.com.br/2007/10/ser-discalclico-no-ser-pior-coisa-do.html

Albert Einstein: Propôs a Teoria da Relatividade e foi ganhador do Prêmio

Nobel da Física de 1921. Devido à formulação da teoria da relatividade, Einstein

tornou-se mundialmente famoso. Nos seus últimos anos, sua fama excedeu a de

qualquer outro cientista no mundo. Foi por exemplo eleito pela revista Time como a

"Pessoa do Século", e a sua face é uma das mais conhecidas em todo o mundo.

Figura 13 – Albert Einstein.

Fonte: http://discalculicos.blogspot.com.br/2007/10/ser-discalclico-no-ser-pior-coisa-do.html

Cher: Atriz, cantora e produtora americana. Ela é vencedora de um Oscar, um

Grammy, um Emmy, três Globos de Ouro e um prêmio do Festival de Cannes. Ela é

a única pessoa na história a receber todos esses prêmios.

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Figura 14 – Cher.

Fonte: http://discalculicos.blogspot.com.br/2007/10/ser-discalclico-no-ser-pior-coisa-do.html

Mary Tyler Moore: Atriz e comediante americana. tornou-se conhecida

internacionalmente por estrelar a série de TV com seu nome The Mary Tyler Moore

Show, exibida de 1970 até 1977. Na vida privada, ela é uma ativista de várias

causas civis, tais como prevenção de diabetes e direitos animais.

Figura 15 – Mary Tyler Moore.

Fonte: http://discalculicos.blogspot.com.br/2007/10/ser-discalclico-no-ser-pior-coisa-do.html

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2.4-DISCALCULIA E DISLEXIA.

A Associação Brasileira de Dislexia5 conceitua que a dislexia é considerada

como um transtorno específico de aprendizagem de origem neurobiológica,

caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na

habilidade de decodificação e em soletração. Tais dificuldades normalmente

resultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são inesperadas

em relação à idade e outras habilidades cognitivas. (Definição adotada pela IDA –

International Dyslexia Association, em 2002. Essa também é a definição usada pelo

National Institute of Child Health and Human Development – NICHD).

Pesquisa feita pela deputada federal Mara Gabrili (PSDB- SP)6, Integrante da

Comissão de Educação e Cultura da Câmara Federal, aponta que, 10 a 15% da

população apresenta o transtorno de dislexia, ainda assim não significa uma má

alfabetização, distração ou desmotivação, mas decorre de um aspecto neurológico.

Uma observação importante é que pessoas dislexias são bem dotadas em

matemática. Elas conseguem visualizar em três dimensões que as ajudam a

assimilar conceitos mais rápidos que as pessoas não-dislexias7.

No entanto a discalculia e a dislexia podem apresentar características iguais

como falta de memória temporária, ou problemas de formação de símbolos ligados à

matemática, todavia existem as características peculiares de cada transtorno, ou

seja, o discalculico vai apresentar dificuldade na área matemática, já a disléxico

pode não apresentar esta mesma deficiência. Consoante a isso (CAMPOS, p.21,

2014) sustenta:

“Encontramos na discalculia uma relação muito grande com a dislexia e disgrafia (problemas para formar os símbolos). Podemos encontrar algumas características que percebemos nos disléxicos, mas vale ressaltar que a criança pode ser apenas discalcúlicos e não necessariamente disléxicos.”

Assim, pessoas que tem dislexia podem apresentar a discalculia, mas isso não

ocorre sempre, visto que pode-se ter vários transtornos ao mesmo tempo ou

somente possuir um.

5 - Publicado em http://dislexia.org.br/v1/index.php/health-living-c/50-haretra-faucibus-eu-laoreet-9 acesso em 21/02/2016 6 - Publicado em http://maragabrilli.com.br/ acesso em 21/02/2016 7 - Publicado em http://www.dislexia.com.br acesso em 21/02/2016

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Poucos são esses estudos sobre a discalculia, o que motiva o destaque de

mais pesquisas sobre o assunto, pois isso trará grandes benefícios aos profissionais

de educação interessados no assunto, ampliando seus conhecimentos e sua

capacitação profissional, levando os alunos ao resultado esperado de aprendizagem.

2.5 - COMO IDENTIFICAR A DISCALCULIA.

Para se diagnosticar uma pessoa com discalculia é necessário uma equipe

formada por médicos, psicólogos, fonoaudiólogos, neuropedagogos, entretanto é de

extrema importância o papel do professor, uma vez que identifica dentro da sala o

aluno que possui discalculia, e faz o encaminhamento para os profissionais

competentes.

De acordo com Gontijo (2007) para que ocorra a aprendizagem matemática é

considerado vários aspectos como a memória, a atenção, a atividade motora,

organização espacial, recursos verbais, e verificar possíveis falhas de estratégia

relacionada ao ensinamento da matemática.

O aluno com discalculia mostra-se com muita dificuldade em: nomear as

quantidades matemáticas, os números, os termos, os símbolos, em enumerar,

comparar e manipular objetos reais ou em imagens, matematicamente, leitura de

símbolos matemáticos, em fazer cálculos e na execução de operações, na escrita e

até mesmo em fazer operações mentais (CAMPOS, p.25, 2014).

Dentro da sala de aula, o professor precisa estar atento a todo o

comportamento dos alunos, pois a escola é o lugar mais propício para identificar as

referidas características anteriormente citadas. O aluno precisa dar sua atenção para

o professor lhe ensinar, e em contrapartida o professor precisa doar maior atenção

aos alunos para poder identificar as dificuldades apresentadas pelos mesmos.

É de suma importância o transtorno ser identificado o quanto antes, mas

deve-se ter cautela em um diagnóstico prematuro e infundado na medida em que ele

é afirmado pode-se estigmatizar o aluno para sempre. Acerca disto dispõe

(CAMPOS, p 27, 2014)

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Devemos ter muito cuidado ao fazer um diagnóstico de uma criança com discalculia, estamos rotulando o aluno para o resto de sua vida. Por isso, é importante uma equipe multidisciplinar, consultar vários profissionais para este diagnóstico...]

Observa-se também outras dificuldades tais como a coordenação motora fina

(pintar, cortar, desenhar) e a falta de coordenação motora grossa (falta de

habilidades nos esportes, deixa cair objetos no chão frequentemente).

A resistência à leitura e a escrita é uma aspecto a ser considerado no

diagnóstico, pois o discalcúlico pode ter dificuldades nessas modalidades, na medida

em que não participará de trabalhos em grupos para não se expor com medo de

errar suas respostas na maioria das vezes, apresentando um sentimento de

inferioridade perante toda à classe.

2.6– COMO AJUDAR UM DISCALCÚLICO.

Segundo Piaget (1971), [...] o homem se faz matemático na medida em que

se faz matemática com conteúdo, mas, sobretudo, como estrutura [...] ser humano

implica em ser matemático; torna-se humano é tornar-se matemático, ou melhor,

lógico matemático [...].

Com essa afirmação visando melhor o aprendizado na matemática, a

Associação Brasileira de Discalculia (ABD)5, criou algumas possibilidades de ajuda

para o professor, em relação aos alunos que apresentam dificuldades no

aprendizado da matemática:

a) Deixar o aluno usar sua calculadora e tabuada.

b) Em relação às avaliações colocar questões claras e diretas sem limite

de tempo, para que o aluno não fique confuso.

c) Fazer prova oral, submetendo o aluno a elaborar as questões

mentalmente e as transcrevendo.

d) Moderar os trabalhos de casa, passando exercícios repetitivos e

cumulativos.

e) Realizar os problemas com métodos de desenho.

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f) Prestar atenção no método e critério que a criança utilizou para realizar

e desenvolver o problema.

g) Ter em mente, que para o discalcúlico, nada é obvio como é para as

outras crianças.

Essas recomendações da ABD são muito importantes, mas nada que impeça

que o professor procure trabalhar com uma equipe multidisciplinar. Tais medidas

mesmo que sensivelmente, vão ajudar essa criança, principalmente com a

participação de um psicopedagogo que trabalhará a auto-estima da criança dando

valor às atividades desenvolvidas por ela e descobrindo seu processo de

aprendizagem e os instrumentos que auxiliarão no aprendizado.

Nesse contexto o professor pode se utilizar de varias ferramentas para auxiliar

o aluno com discalculia como o emprego de jogos lúdicos que proporcionam o

prazer e aprendizado, ou o uso do computador/tecnologia na aprendizagem pois

pode despertar curiosidade e interesse na criança cada vez maior, destacando-se o

seu emprego como uma boa opção de instrumento para visualização, verificação

das habilidades psicomotoras, habilidades espaciais e a de contagem.

Sobre a atividade lúdica Campos (2014) dispõe alguns jogos matemáticos a

serem utilizados para auxiliar o desenvolvimento das crianças com discalculia:

a) Jogos dos sete erros – para desenvolver a concentração e atenção

b) Amarelinha – ajuda a reconhecer os números, estimula a memória e

desenvolve a orientação espaciale percepção visual.

c) Vivo ou morto – desenvolve a atenção, concentração, capacidade de

categorização e organização

d) Sudoku – desenvolve a estruturação espaço-temporal, promove o

raciocínio lógico, desenvolve atenção, concentração e percepção

visual.

e) Trilha ou Moinho – desenvolve lateralidade, sequência, formação de

estratégia e conceito de probabilidade

f) Baralho – desenvolver sequência numérica, raciocínio lógico, estratégia

e probabilidade

g) Dominó – desenvolver associação de números, sequência, maior e

menor.

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h) Jogo do mico – desenvolver atenção, pareamento e percepção visual.

i) Jogo da velha – desenvolver raciocínio, análise, resolução de problema

e concentração.

j) Quebra-cabeça das somas ou subtração – desenvolver concentração,

percepção visual, análise, cálculo mental, operações básicas.

k) Tangran – trabalha o raciocínio espacial, a análise e síntese e as

formas geométricas

l) Batalha naval – desenvolver o conceito de par ordenado,

representação de números inteiros e ajuda a identificar coordenadas no

plano cartesiano.

m) Jogo da memória – deselvolver concentração, memória de trabalho e

coordenação.

É de suma importância salientar que o professor deve evitar palavras que

dêem ênfase a dificuldade do aluno, ou correções constantes, para que este não se

sinta excluído dos demais, não gerando assim situações desagradáveis ou de

inferiorização. O educador precisa ser o canal entre as dificuldades do discálculico e

o saber, não devendo forçá-lo a realizar tarefas quando assim achar necessário, pois

poderá colocar o aluno nervoso, em desconforto. Neste caso, o professor deve

explicar para ele das suas dificuldades e dizer que esta ali pra ajudá-lo, trazendo

calma evitando assim qualquer tipo de transtorno.

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Capitulo 3 – A INCLUSÃO DO ALUNO DISCALCÚLICO NA

ESCOLA .

A inclusão do aluno discalcúlico na escola, como portador de necessidade

educacional, está garantida e orientada por diversos textos legais e normativos. Um

exemplo é a Lei 9.394, de 20/12/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), que

prevê ações da escola a partir dos seguintes artigos.

Além da seriedade dessa desordem neurológica, a falta de conhecimento do

que seja discalculia por grande parte dos professores que estão atuando na rede de

ensino é uma das preocupações referentes a este assunto. A importância de se

estudar o assunto é discutida em diversos artigos e reportagens, pois a discalculia

está cada dia mais presente nas salas de aula.

É necessária a divulgação do que seja essa desordem, as causas, como

diagnosticar, como ajudar pais e professores.

“Art. 12 - Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua Proposta Pedagógica; V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento.

Art. 13 - Os docentes incumbir-se-ão de: III, zelar pela

aprendizagem dos alunos; IV, estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento.

Art. 23 - A educação básica poderá organizar-se em séries

anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.

Art. 24, V, a) avaliação contínua e cumulativa; prevalência dos

aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período.”²

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3.1-RECURSOS PARA AJUDAR EM CASOS DE

DISCALCULIA.

Alguns recursos são muitos utilizados como mecanismos psicológicos e

pedagógicos para ajudar quem tem o discalculia, como os jogos didáticos e

brincadeiras. Isso facilita muito o desenvolvimento mental e aprendizado de

linguagem. Esses jogos e brincadeiras funcionam como aliados e instrumentos para

a construção do saber e desenvolvimento do aluno.

Segundo os Parâmetros Curriculares Brasileiros (PCN) sobre a introdução de

jogos no ensino da matemática:

[...] constituem uma forma interessante de propor problemas, pois permitem

que estes sejam apresentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na

elaboração de estratégias de resolução de problemas e busca de soluções. Propicia

a simulação de situações-problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que

estimula o planejamento de ações.

[...] podem contribuir para um trabalho de formação de atitudes – enfrentarem

desafios, lançar à busca de soluções, desenvolvimento da crítica, da intuição, da

criação de estratégias e da possibilidade de alterá-las quando o resultado não é

satisfatório - necessário para o aprendizado da Matemática (BRASIL, 1998 p.46-47).

Os jogos são atividades que desde cedo devem ser explorados junto à

criança, facilitando muita sua aprendizagem, coordenação motora, fala e a

desenvolver estratégias para solucionar os problemas.

Através de jogos e brincadeiras ligados a matemática, o professor pode criar

situações nas aulas que impulsione o aluno a fazer conexões com a linguagem da

matemática, conceitos da vida real, escrita e a desenvolver o vocabulário

matemático formal. Habilidades de resoluções de problemas e noções dos conceitos

também são trabalhadas nesse mesmo contexto.

[...] para Piaget, o homem se faz matemático na medida em que constrói matemática – como conteúdo, mas, sobretudo, como estrutura. [...] ser humano implica ser matemático; tornar-se humano é tornar-se matemático, ou melhor, lógico matemático [...].

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Outro aspecto é a utilização de “situações-problema”, desenvolvendo suas

habilidades de raciocínio, a interpretação dos problemas e uma estratégia para

resolver os mesmos.

Para resolver problemas não basta encontrar a solução, mas colocar a prova

o que foi proposto. É necessário testar seus resultados e efeitos comparando assim

com diversos caminhos para obter a solução.

Segundo Dante (1989) um modelo bem resumido para resolução de

problemas é o seguinte:

a) Compreender o problema – entender o enunciado e localizar dados

importantes.

b) Elaborar uma estratégia – organizar os dados, lembrando de

problemas anteriores que possam ajudar.

c) Executar a estratégia elaborada – experimentar o plano, um passo de

cada vez.

d) Examinar a solução executada – verificar o resultado.

Lima (2000) afirma que: “a iniciação matemática não se trata, como se vê de

ensinar cálculos (contar, somar, dividir etc.), mas de construir estruturas de

classificação, seriação, partição, correspondência, redes, grupos etc.”

Segundo Grado (2004) as intervenções pedagógicas como as citadas acima

podem ser usadas em alguns momentos: conhecimento do material do jogo,

reconhecimento das regras, introdução da pedagogia verbal, regras do jogo,

melhorar a escrita.

No momento do conhecimento das regras, o aluno começa a construir

situações de estratégias construindo suas jogadas. Uma das coisas que acontecem

é a comparação de regras conhecidas por eles através de jogos já conhecidos.

Para garantir essas regras é só no momento do “jogo a jogo” momento este

que o professor pode explorar suas noções matemáticas neles contido.

Essa intervenção pode ser verbalmente ou por meio de observações, para

que seu aluno comece a analisar suas jogadas e fazer com que ele se interesse

mais pelo jogo.

Com isso o aluno se torna mais atencioso nas resoluções de problemas do

jogo, tento condições de relacionar com questões matemáticas.

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O reconhecimento das regras depende do objetivo e da natureza do jogo.

Registrar os pontos e seus procedimentos para calcular os pontos, isso é uma forma

de formalização com a linguagem matemática. É importante o professor auxiliar no

registro dos pontos, gerando a necessidade da escrita.

No momento da escrita o professor junto aos alunos poderá criar situações-

problema através daquele jogo para que os próprios alunos resolvam.

Esses problemas criam uma analise na qual aborda diferentes situações das

partidas. O registro dessa situação-problema deve ser feito no mesmo momento.

A última parte desse momento pedagógico com jogos é fazer com que o aluno

execute as estratégias usadas nos jogos em uma situação real, e nas situações-

problema expostos a ele.

Segundo Moura (1996): “O jogo na educação matemática: passa a ter o

caráter de material de ensino quando promotor de aprendizagem. A criança coloca

diante de situações lúdicas, aprende a estrutura lógica da brincadeira e, deste modo,

aprende também a estrutura matemática presente”.

3.2 – SUGESTÕES DE ATIVIDADES PARA AJUDAR OS

ALUNOS DISCALCULIOS.

Nesse capitulo serão feitos algumas sugestões de jogos para interagir junto

aos alunos discalcúlicos, seja de qualquer faixa etária trabalhando com coerência e

com o nível de aprendizado. Usando o auxilio da tecnologia que também é muito

importante. Outros jogos também serão apresentados nesse capitulo, sendo esses

mais simples.

3.2.1 - DOUBLE DIGITS.

O jogo consiste em trabalhar duas operações matemáticas: adição e

subtração.

O jogo também desenvolve a coordenação motora, visto que a solução da

conta é feita com o mouse.

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Feito isto o aluno marcar sua resposta entre as soluções ao lado da sua

conta. Caso a resposta esteja certa ele respondera “Yes”, caso contrário “No”.

Figura 16 – Modelo do Jogo Double Digits.

http://alexprofessor.wordpress.com/2009/07/25/jogo-on-line-double-digits-para-treinar-adicao-e-

subtracao

3.2.2- TOWBERBLAST.

O jogo tem duas torres de números. Tem como objetivo colocar os números

na torre em ordem crescente, isto é, do menor para o maior, quando isto acontece à

pessoa passa de nível e derruba a torre do adversário.

Figura 17 - Modelo do jogo Towberblast.

Fonte: http://games1.85play.com/thumbs/tower-blaster.jpg

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3.2.3- SOMA QUINZE.

O jogo é formado por um tabuleiro numerado de 1 a 9 e 6 fichas, 3 preta e 3

vermelhas.

É jogado por dois participantes de qualquer idade. Inicia-se o jogo o primeiro

participante colocando a ficha em um número qualquer em seguida o outro

participante segue o mesmo procedimento. Vencera o jogo aquele que ao final das

três fichas, somar 15, caso isso não ocorra, o jogo começará deste o inicio.

Figura 18 – Tabuleiro do Jogo Soma Quinze

Fonte: http://www.uniblog.com.br/img/posts/ima

3.2.4 – TANGRAN.

É um jogo composto de sete peças (5 triângulos, 1 quadrado e 1

paralelogramo) . Para iniciar o jogo é preciso uma superfície plana, para as peças

serem expostas.

Objetivo do jogo é formar outras figuras, estimulando a inteligência,

criatividade e raciocínio do aluno.

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Figura 19 – Modelo do jogo Tangran . Figura 20 – Formação de desenhos com o Tangran.

Fonte:http://3.bp.blogspot.com/rHMqO_E7juc/Te1pQNwI_QI/AAAAAAAAAOg/UpY8usXlAdM/s1600/tangra

m_games.jpg

3.2.5- DOMINO DA MULTIPLICAÇÃO.

É um domino simples aparentemente, precisa-se de 2 a 4 jogadores.

Objetivo e fazer o jogador a exercitar a tabuada e o raciocínio, vencerá o jogo

aquele que ficar sem nenhuma peça.

Figura 21 – Peças do domino da Multiplicação.

Fonte:http://1.bp.blogspot.com/XHnmXBL_lDc/UBw3qVMfJzI/AAAAAAAAPPg/J4gkJzpUzVs/s1600/domin

%C3%B3+tabuada+da+multiplica%C3%A7%C3%A3o+espa%C3%A7o+educar.jpeg

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3.2.6 - Jogos dos Hexágonos.

O jogo não tem limite para jogadores, basto escolher dentro do hexágono

maior um hexágono menor e executar uma soma. O jogador terá que pensar muito

rápido exige concentração por causa da regra estabelecida, visto que essa pode ser

modificada.

Regras:

• -15 a 0 – 10 pontos.

• 1 a 10 – 5 pontos.

Aquele que somar 60 pontos ganhará, após 8 partidas ninguém conseguir,

aquele que fizer mais pontos tornara o vencedor.

Figura 22 – Figura do Jogo dos Hexágonos .

Fonte: http://matematicao.mat.ufrgs.br/assessorias/2006/mat2_061/hexagono.JPG

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CONCLUSÃO

No decorrer da pesquisa, houve muita dificuldade em conseguir material que

lhe desse respaldo, por existirem poucas pesquisas que tratam especificamente da

Discalculia, sobretudo no Brasil.

Muitos dos estudos existentes são realizados com maior ênfase à Dislexia.

Observa-se maior dificuldade em relação à material de apoio, tendo em vista que

muitos dos livros consultados são dirigidos à psicologia clinica o que dificulta a

exploração do conteúdo.

Entretanto, ainda que de posse de escasso material, foi possível estabelecer

um paralelo entre a discussão proposta pela concepção clinica e as concepções

pedagógicas, construindo-se as primeiras bases para identificar um déficit na

aprendizagem da matemática e, com isso projetar ações didáticas especificas para

amenizar o déficit, compreendendo a necessidade de uma intervenção

multiprofissional, ou seja, o indispensável auxílio de outros profissionais tais como o

psicopedagogo e o fonoaudiólogo, constituindo-se uma equipe de apoio ao aluno e

aos educadores.

Que está presente pesquisa, mesmo que modesta seja de grande auxílio para

os alunos com dificuldades no aprendizado em matemática e que os educadores

matemáticos possam utilizar este material e as sugestões nele contidas com apoio e

fonte de inspiração para novas metodologias relativamente ao trabalho com seus

alunos, reduzindo o misticismo da matemática, mostrando que a ciência exata pode

ser apresentada de maneira mais clara, aplicada com transparência e demonstrada

através das experiências do dia-a-dia, para que o aprendizado se torne mais

agradável e prazeroso a todos, educandos e educadores.

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BIBLIOGRAFIA

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aprendizagem em matemática e a percepção dos professores em relação a

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Editorial: 2014

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Parâmetros curriculares nacionais.

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CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 4ª ed. São

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GRADO, Regina Célia. O jogo e a matemática no contexto da sala de aula.

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RELVAS, Marta Pires. Neurociência e transtornos de aprendizagem. Rio

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Revista: Cálculo, edição: Ano 2 – Número 20. São Paulo: Editora Segmento

2012

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTOS 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 08

INTRODUÇÃO 09

CAPITULO 1 – NEUROCIÊNCIAS 10

1.1Aprendizagem 18

1.1.2 Neurociência e a psicologia 19

1.1.3 Neurociências e a pedagogia 19

1.2 Aprendizagem da matemática 20

1.2.1 Dificuldade na matemática 22

CAPITULO 2 – DISCALCULIA 26

2.1 - Tipos de discalculia 28

2.2 - Causas da discalculia 28

2.2.1 - Neurológica (imaturidade) 29

2.2.2 – Lingüística 30

2.2.3 – Psicológica 30

2.2.4 – Genética 31

2.3 - Discalcúlicos famosos 31

2.4 - Discalculia e dislexia 35

2.5 – Como identificar a discalculia 36

2.6 – Como ajudar um discalcúlico 37

CAPITULO 3 – INCLUSÃO DO ALUNO DISCALCÚLICO NA ESCOLA 40

3.1 - Recursos para ajudar em casos de discalculia 41

3.2 - Sugestões de atividades para ajudar os alunos discalcúlicos 43

3.2.1 - Double digits 43

3.2.2 – Towberblast 44

3.2.3 - Soma quinze 45

3.2.4 – Tangran 45

3.2.5 - Domino da multiplicação 46

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3.2.6 - Jogos dos hexágonos 47

CONCLUSÃO 48

BIBLIOGRAFIA 49

WEBGRAFIA 51

ÍNDICE 52

ÍNDICE DE FIGURAS 54

Anexos 55

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Tecido Nervoso. 10

Figura 2 – Neurônio. 11

Figura 3 – Tipos de Neurônios. 12

Figura 4 – Principais tipos de Neurônios. 13

Figura 5 – Sinapse Elétrica. 16

Figura 6 – Sinapse Química. 17

Figura 7 – Fibra Nervosa. 17

Figura 8 – Discalculia o que é. 23

Figura 9 – Sinais de Discalculia. 24

Figura 10 – Benjamin Franklin. 32

Figura 11– Thomas Edison. 32

Figura 12 – Hans Christian Andersen. 33

Figura 13 – Albert Einstein. 33

Figura 14 – Cher. 34

Figura 15 – Mary Tyler Moore. 34

Figura 16 – Modelo do Jogo Double Digits. 44

Figura 17– Modelo do jogo Towberblast. 44

Figura 18 – Tabuleiro do Jogo Soma Quinze 45

Figura 19 – Modelo do jogo Tangran 46

Figura 20 – Formação de desenhos com o Tangran. 46

Figura 21 – Peças do domino da Multiplicação. 46

Figura 22 – Jogo dos Hexágonos. 47

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Revista Crescer

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ANEXO 1

Discalculia é ainda mais comum que dislexia

Autor: Simone Tinti

Texto: Revista Crescer

outubro 2008 ed. 179

Um novo estudo elaborado em Cuba e divulgado em um congresso científico

no Reino Unido neste final de semana avaliou 1500 crianças e constatou que de 3%

a 6% delas sofriam da discalculia, contra 2,5% e 4,3% que apresentaram dislexia.

De acordo com Quezia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de

Psicopedagogia, há uma série de sintomas que caracterizam a discalculia - e não

apenas a dificuldade em fazer contas. "Geralmente, a criança que apresenta o

distúrbio não tem boa noção espacial, confunde os conceitos de direita e esquerda,

não consegue montar quebra-cabeças e não gosta de jogos de mesa, como

baralho", diz. Ou seja, é necessário o diagnóstico de um psicopedagogo para que

ele diferencie o transtorno da dificuldade em aprender matemática. Consultar um

neuropediatra também é importante para que se afaste a possibilidade de doenças

mais graves.

Hereditário, esse transtorno é identificado em crianças a partir de 7 anos de

idade. Caso o problema seja diagnosticado, saiba que seu filho pode continuar

frequentando as aulas normalmente - mas sempre acompanhado de perto pelos

especialistas. "A pessoa com discalculia terá problemas com raciocínio matemático

a vida inteira. Mas com o tratamento adequado, ela poderá se desenvolver

satisfatoriamente", diz Quezia.