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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DO COORDENADOR PEDAGÓGICO E DO ORIENTADOR
EDUCACIONAL DIANTE DOS CONFLITOS DENTRO DA ESCOLA
Por: Diovana Maria Lourinho Ferreira
Orientadora
Profª Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
2014
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DO COORDENADOR PEDAGÓGICO E DO ORIENTADOR
EDUCACIONAL DIANTE DOS CONFLITOS DENTRO DA ESCOLA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Orientação Educacional e
Pedagógica.
Por: Diovana Maria Lourinho Ferreira.
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AGRADECIMENTOS
Á Deus que até aqui me deu forças
para jamais desistir, aos meus mestres
que me concederam trocas
inesquecíveis, a meu esposo
Wilkerson, nosso filho Mihael que
tiveram paciência e sempre me
apoiaram, aos meus Diretores Cristiane
e Michel que contribuíram diretamente
para que eu chegasse até aqui.
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DEDICATÓRIA
Primeiramente á Deus que me renova á
cada caminhada, meu esposo e filho que
claro, sempre estão ao meu lado para me
apoiar e ajudar, familiares e amigos que
acreditam no meu sucesso.
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RESUMO
Este trabalho tem como objetivo a reflexão de todos para com a importância do
Coordenador Pedagógico e do Orientador Educacional nas escolas, diante dos
conflitos que infelizmente vem tornando-se rotineiros no cotidiano de alunos,
professores e comunidade escolar num todo. Traz ainda uma discussão da
Coordenação e Orientação, suas funções e atividades dentro da escola
identificando seu papel na Instituição, qual sua colaboração para superar junto
com a escola seus desafios do dia a dia, e as possibilidades que temos para
um trabalho articulado integrado, no qual a mediação é o eixo e a fórmula do
sucesso para integrar-mos escola, sociedade e família dentro das realizações
de atividades que requerem a participação de todos dentro e fora da escola.
Conclui-se que a necessária transformação da prática educativa na
Coordenação Pedagógica e na Orientação Educacional está pautada num
referencial de mudança, na qual se discute sobre a função do C.P e do O.E
diante de uma prática coletiva de trabalho integrado. Destaca-se o papel
destes profissionais diante das questões: a organização e concretização do
Projeto Político-Pedagógico, a proposta coerente para a formação continuada
de professores, reuniões pedagógicas e as relações interpessoais no âmbito
educacional.
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METODOLOGIA
Para o desenvolvimento desta monografia foram utilizadas pesquisas
bibliográficas; consultas á sites de pesquisas científicas e observações
buscadas em diálogos com profissionais da escola de meu bairro sobre a
prática do CP e do OE dentro da escola.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I
Breve histórico da função do coordenador pedagógico na escola. 11
CAPÍTULO II
Breve histórico da função do Orientador Educacional na escola. 20
CAPÍTULO III
O Coordenador Pedagógico e o Orientador Educacional diante dos conflitos na
escola 27
CONCLUSÃO 36
BIBLIOGRAFIA 41
WEBGRAFIA 43
ÍNDICE 44
8
INTRODUÇÃO
Diante dos sérios problemas que a educação no Brasil vem passando ao longo
de muito tempo, á cada dia se vê a falta de interesse e o desgaste físico e
mental de nossos professores que simplesmente estão ficando doentes e se
aposentam, ou ainda assim, continuam lecionando sem nenhum compromisso
ou estímulo de melhorar o que está muito ruim em todos os sentidos, quando
falamos de processo educacional Brasileiro, seja na escola pública ou privada.
Mesmo assim, a educação ainda é encarada pela sociedade como única
esperança de futuro próspero. No entanto, persistem no continente altos
índices de analfabetismo, evasão, repetência e desigualdades de
oportunidades educacionais entre diferentes países, assim como entre regiões
geográficas de cada um deles. Em muitas sociedades é grave a crise da
escola pública e crescente fragmentação do sistema de ensino, em geral os
mais pobres, só tem acesso a determinadas escolas públicas, enquanto que
outras faixas da população, a de maior poder aquisitivo, freqüentam as
melhores escolas públicas e particulares consideradas de excelência.
Esta crescente diferenciação do sistema traduz também uma equação de
menor e a maior qualidade e viabiliza a tendência á inserção da educação na
lógica do mercado, como um produto de consumo que se compra, segundo as
possibilidades econômicas de cada um. Parte-se daí a geração das
problemáticas que vemos dentro do ambiente escolar, onde a qualidade da
educação é apresentada como a solução da crise que atravessa os sistemas
escolares no continente, relacionando-a com o tipo de sociedade e cidadania
que se quer construir e diferentes abordagens que dela podem ser feitas.
Diante de uma grande responsabilidade das famílias nos dias de hoje, que é
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educar sua criança nos dias de hoje, para que ela se torne um adulto de bem
amanhã diante de uma problemática antiga, onde a muito tempo buscamos
incansáveis soluções.
A desvalorização do profissional de educação pode também ser um dos
maiores fatores da frustração e baixa estima de nossos discentes dentro das
salas de aula de escolas públicas e privadas do País. Contudo, cada vez é
mais comum nas escolas Brasileiras encontrarmos crianças que não
aprendem, ou professores que não ensinam, mas o certo é que já estamos
habituados a nos deparar com um elevado número de alunos que não sabem
nem aquilo que a escola se propõe a ensinar.
Diante de tantas situações problemas, frustrações e falta de auto-estima de
professores, falta de educação e de interesse dos alunos, abandono da família
entre outras situações, o Coordenador Pedagógico e o Orientador Educacional
exercem papéis primordiais na mediação desses conflitos gerados dentro e
fora da escola. Onde o principal papel do Coordenador Pedagógico é
fundamentalmente um trabalho de formação continuada em serviço, ou seja,
favorecer a tomada de consciência dos professores sobre suas ações e o
conhecimento sobre o meio em que atuam e assim promover o bom
desenvolvimento profissional de todos, bem como a certeza de garantir o
aprendizado dos alunos.
O Orientador Educacional por sua vez, é um integrante da vida escolar e atua
em todos os momentos, para promover o desenvolvimento da aprendizagem
do aluno, tornando-se também um suporte pedagógico, pois trabalha
diretamente dando apoio as atividades coletivas desenvolvidas na escola e que
vão além da prática curricular desenvolvida em sala de aula pelos professores,
trazendo para dentro da escola as famílias e a comunidade escolar num todo.
A atuação do OE como profissional de ajuda, faz-se essencialmente junto a
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adolescentes e jovens alunos da escola, adultos em transição ou que ainda
não sabe o que quer ser, um alguém aceito com qualidades e defeitos.
A atual dinâmica do processo educativo, frente aos processos de
transformação de hoje requer, mas do que nunca a presença do Coordenador
Pedagógico e do Orientador Educacional nas escolas. Porém, é necessário no
entanto, que condições sejam criadas, sua importância sentida e reconhecida
como um todo e por todos que estiverem envolvidos na tarefa educacional,
para que realmente haja uma renovação de valores na educação brasileira
dentro de todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas.
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CAPÍTULO I
BREVE HISTÓRICO DA FUNÇÃO DO COORDENADOR
PEDAGÓGICO NA ESCOLA
...O trabalho em equipe nos dá resultado mais rápido.
Analisando estudos e pesquisas realizadas por Vera Maria Nigro
e Laurinda Ramalho no aspecto da prática do Coordenador Pedagógico no
cotidiano escolar surgiram-se análises e questionamentos sobre tal profissional
que tem um papel primordial para o desenvolvimento do cotidiano da escola
dia a dia.
Alguns olhares sobre o papel do Coordenador Pedagógico na
instituição escolar, quais suas necessidades, sobre um outro olhar do
Coordenador Pedagógico, na formação continuada de professores o tempo de
construção na construção do trabalho pedagógico, a ação e participação
pedagógica por meio de ações coletivas.
Na escola atual o Coordenador Pedagógico é levado a assumir várias
funções, muitas vezes relegando em segundo plano aquela atividade que
poderíamos considerar como essencial. O coordenador Pedagógico não pode
esquecer jamais que sua proposta faz parte de algo mais amplo, que é o
projeto pedagógico da escola, e que quanto mais conhecera realidade sobre a
qual vai operar e os limites de sua ação maior probabilidade terá de escolher a
alternativa mais adequada. Não esquecer, principalmente, do “escolher e fazer
junto” reflexões e propostas compartilhadas proporciona o envolvimento e
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compromisso de todos na ação. Lembrando Paulo Freire (1980, p.63): “O que
caracteriza o comportamento comprometido é a capacidade de opção”.
1.1.O trabalho do Coordenador Pedagógico na escola.
Entendemos a Coordenação Pedagógica como uma assessoria
permanente e continuada ao trabalho docentes, cujas principais atribuições,
dentre outras, podem ser listadas em quatro dimensões como aponta Piletti
(1998, p. 125):
a) Acompanhar o professor em suas atividades de planejamento, docência
e avaliação;
b) Fornecer subsídios que permitam aos professores atualizarem-se e
aperfeiçoarem-se constantemente em relação ao exercício profissional;
c) Promover reuniões, discussões e debates com a população escolar e a
comunidade no sentido de melhorar sempre mais o processo educativo;
d) Estimular os professores a desenvolverem com entusiasmo suas
atividades, procurando auxilia-los na prevenção e na solução dos
problemas que aparecem.
Entretanto, a despeito deste quadro de atribuições e até por desconhecimento
das mesmas, muitos olhares são lançados sobre a identidade e função do
coordenador pedagógico na escola, não raras vezes pelos próprios pais e
comunidade de intra e extra-escolar caracterizando-se em “modelos” distintos
e cobrando-lhe a determinação do sucesso da vida escolar e
encaminhamentos pertinentes as problemáticas que se sucedem no cotidiano.
Várias metáforas são construídas sintetizando o seu papel e a função na
escola com distintas rotulações e imagens, dentre elas, a de “bom-bril” (mil e
uma utilidades) a de bombeiro (o responsável por apagar os fogos dos
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conflitos entre docentes e discentes), a de “salvador da escola” (o profissional
que tem de responder pelo desempenho de professores na prática cotidiana e
do aproveitamento dos alunos) Além destas metáforas, outras aparecem
definindo-o como profissional que assume uma função de gerenciamento na
escola, que atende pais, alunos, professores e também se responsabiliza pela
maioria das “emergências” que lá ocorrem, isto é, como um personagem
“resolve tudo” e que deve responder unidirecionalmente pela vida acadêmica
da escola. Deste imaginário construído, muitas vezes o próprio coordenador o
encapa como seu e passa a incorporar um “modelo” característico forjado em
crenças institucionais e do senso comum.
Outro ponto relevante, apontado como uma das dificuldades do coordenador
pedagógico no desenvolvimento de seu trabalho é a definição no seu campo
de atuação na escola. Assim, por não ter claro o seu papel ou mesmo tendo
claro, mas abrindo mão dele por conta das crenças auto-realizadoras no
interior da escola, acompanha o ritmo ditado pelas rotinas ali designadas.
Quando se indaga sobre seu conhecimento sobre o papel e o campo de
atuação na escola, os coordenadores pedagógicos são unânimes em explicitar
a questão da formação continuada, desenvolvida junto aos professores,
trabalho que necessitaria estar articulado aos princípios pedagógicos
assumidos pela escola, por meio de uma leitura sistemática e intencional da
realidade contextual.
Segundo relatos é isso que a comunidade intra e extra-escolar esperam,
entretanto, frente a inúmeras questões que são colocadas para o profissional
resolver, inclusive no caso de ausência do restante da equipe técnica, mesmo
que essa atribuição não seja suficientemente bem desenvolvida. Diante de
tantas situações e questionamentos ainda acreditamos que a escola foi
pensada como um espaço que garantisse um lugar no mundo do trabalho,
sendo que ao final do curso de formação para qualquer área, o aluno era
considerado pronto para atuar profissionalmente, principalmente aqueles que
seguissem as normas, se mostrassem estudiosos e obedientes. Hoje, nem a
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estes a escola pode garantir um futuro de sucesso, apesar de contribuir para
uma melhor inserção no mercado de trabalho, à medida que a escola
proporcione “[...] oportunidades de desenvolvimento de uma flexibilidade
intelectual, de sensibilidade e abertura para o novo, de criatividade em face de
situações desafiadoras, de atitude crítica e construtiva face aos impasses que
o mundo coloca” (Alves & Garcia, p.133).
Infelizmente podemos pensar que há muito tempo a escola deixou de ser o
único lugar de acesso ao conhecimento, passando a ser apenas mais um entre
muitos, onde ocorre o encontro das múltiplas redes de conhecimento, onde
cada sujeito traz consigo uma bagagem. Portanto, a escola deve ser o espaço
de convergência das várias experiências e vivências que cada um traz consigo,
enfatizando que “ninguém sabe tudo e ninguém nada sabe”. Desse modo, a
escola é chamada a propiciar que os diferentes conteúdos curriculares se
entrelacem aos conhecimentos prévios dos alunos, e principalmente romper
com a divisão disciplinar, através da transversalidade.
Infelizmente nas escolas o que mais vemos na maioria das vezes, são
professores que preferem encaminhar os alunos à direção ou ao Coordenador
Pedagógico, para que sejam aplicadas sanções a esses alunos indisciplinados,
lembrando que ações autoritárias não resolvem o problema e pouco ajuda os
alunos, podendo aumentar ainda mais o comportamento indesejado. Nesse
contexto, destacamos a importância do Coordenador Pedagógico, que pode
junto à equipe escolar, ajudar o grupo a discutir e a refletir sobre o problema da
indisciplina.
Este profissional pode ser pautado em duas dimensões, como investigador da
realidade e na proposição vários pontos podem ser observados pelo
Coordenador Pedagógico, o que os professores entendem por indisciplina? A
relação professor-aluno, a maneira como o professor concebe a disciplina em
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sala de aula influencia a sua relação com o aluno. Geralmente é o docente que
prima por uma relação pautada no respeito mútuo e que é percebido pelos
alunos com admiração. Cabe ao PCP verificar como são as relações entre os
professores e os alunos, pois nessa dinâmica pode estar o fator
desencadeador de muitos conflitos que se apresentam nas escolas. De um
projeto de formação junto ao corpo docente, como formas de buscar
alternativas para mediar o problema.
Diante de algumas situações e explicitando a prática do Coordenador
Pedagógico dentro da escola, ele pode em conjunto com a equipe escolar,
construir um projeto visando à superação dos problemas titulados mais sérios
ou muito graves. Contudo é importante garantir a participação de toda a
comunidade escolar, pois várias ações podem ser planejadas, abrangendo
pais, alunos, funcionários, professores e equipe técnica. Para que isso
aconteça é indispensável que haja um bom relacionamento entre
família/escola, baseado no diálogo, troca de experiência, discussões e
decisões conjuntas.
O principal desafio do Coordenador Pedagógico para alcançar metas na sua
escola de forma satisfatória, além de conhecer o contexto da família é
demonstrar claramente a dimensão política de suas ações, sendo sua principal
função “administrar” os grupos, organizando, orientando e harmonizando. Na
escola os grupos se caracterizam pela diversidade e pelas múltiplas interações
entre o Coordenador Pedagógico, professores, alunos, pais, diretor, etc. No
entanto, o tempo para essas interações é pequeno e restrito aos intervalos,
reuniões, entrada e saída, aumentando a complexidade da função. Questão
que deve ser contemplada na formação inicial e permanente desse
profissional. É com essa diversidade que o Coordenador Pedagógico se
defronta e tem que trabalhar. Já com os pais o grande desafio é criar canais de
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comunicação e convencê-los de que devem participar do processo educacional
de seus filhos, em parceria com a escola.
Há ainda as pressões de instâncias superiores, e a carga de trabalho
burocrático, que ocupa quase todo o seu tempo que deveria ser dedicado às
funções pedagógicas, desta forma, estar e trabalhar com grupos traz como
condição lidar apenas com a diversidade, não sendo possível, contudo, prever
o resultado de um trabalho em grupo, planejando somente o que fazer a partir
de hipóteses até então incertas de qualquer prática. Se neste movimento o
coordenador conseguir entrelaçar os projetos individuais com os coletivos,
maior será sua possibilidade de sucesso. É confortador lembrar que, mesmo
com todos esses cuidados, é impossível ter o controle de todas as situações.
Tomar decisões diante de tantas solicitações, tantas emergências, tantos
conflitos que representam o cotidiano escolar não é fácil, é necessário ter
sagacidade para definir alguns pontos e ataca-los com as atitudes corretas,
levando em conta a situação concreta da escola, inserida num sistema escolar
mais amplo, e os seus próprios limites, profissionais e pessoais. Assim o
Coordenador Pedagógico deve evitar assumir tudo sozinho, pois o trabalho
conjunto possibilita administrar conflitos e chegar às soluções, que por sua vez
permitirão o crescimento do grupo e do processo educativo. Onde cada
problema vivido na escola será uma oportunidade de aprendizado e
amadurecimento pessoal e profissional para todos os envolvidos neste
processo.
Contudo, é preciso realmente ter coragem para fazer escolhas corretas, definir
metas, aproveitar brechas, criar espaços, fazer parcerias e atitudes para
aventurar-se neste cotidiano cheio de diversidades onde embora distante no
tempo, as ações e atividades da orientação pedagógica foram pioneiras e seus
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reflexos permanecem até hoje no dia á dia das escolas, sejam públicas ou
particulares.
1.2.Formação continuada de professores e coordenadores
pedagógicos.
O pressuposto de que construir a identidade de um ofício e construir-se nele
como seu escultor é realizar uma prática em que se busca o significado do
papel e exercício da cidadania e da própria humanidade, pois, a vivência
escolar e esta o desenvolvimento do trabalho pedagógico sustenta-se nos
intercâmbios e as aprendizagens comuns, respeitando-se a diversidade de
posicionamentos.
A este respeito Lima (2007) enfatiza:
O conhecimento da vida escolar, de suas relações, indagações, êxitos, fracassos, completudes e incompletudes em relação às políticas publicas para a educação, em relação a dimensão das relações interpessoais, em relação a organização, metas e projetos da escola; solicita uma visão de
conjunto para que seus contextos e condicionantes sejam suficientemente entendidos e problematizados, desta maneira a educação em sua finalidade
primordialpoderá encontrar encaminhamentos significativos como indicadores de seu norteamento. Na sociedade do conhecimento em que
vivemos, que se caracteriza pelo processo ensino-aprendizagem permanente e continuado
(mundo globalizado e em processo de globalização) não é possível entender a escola e suas relações como se estivessem desvinculadas da totalidade social, materializando seus esforços simplesmente como transmissora de conhecimentos, cujo dever formal se completa na formação de sujeitos
determinados para uma sociedade impessoalizada e alienante.
A coordenação pedagógica em seu sentido estrito, consequentemente, não se
caracteriza como dimensão mecânica e centralizadora, definidora da relação,
alienando-se apenas das questões contextuais que inquietam professores,
alunos e comunidade, muito pelo contrário, garante o espaço do diálogo
fortalecendo a vitalidade projetiva dos grupos sociais, atendendo perspectivas
da comunidade escolar num todo, na luta incessante por uma educação de
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qualidade e primando por pela superação dos obstáculos que inviabilizam as
ações coletivas. Tal ação deverá estar implícita ao trabalho do Coordenador
Pedagógico, bem como de sua atualização, capacitação e formação
profissional, que por sua vez, necessita ser constante e permanente. Cabe ao
coordenador pedagógico, juntamente com todos os outros educadores, exercer
o “ofício de coordenar para educar”, no sentido de sempre possibilitar trocas e
dinâmicas da mesma essência da aprendizagem “aprender e aprender juntos”
para que realmente aconteçam melhorias no profissional de todos e buscando
a formação continuada de forma insistente e constante para o amadurecimento
profissional individual de cada educando.
Não se trata de imaginar que cabe apenas ao coordenador pedagógico a
tarefa de realizar tantas tarefas sozinho, mas de também compreender que
este por sua vez, estando a serviço do grupo, e incumbido diretamente pelo
objetivo de buscar a superação dos problemas diagnosticados e passa a
promovera a dinâmica coletiva e de extrema necessidade para todo o grupo.
Assim, a coordenação pedagógica, muitas vezes exercida por um educador,
guarda suas bases fundamentais no significado e a papel da educação. Como
foi destacado em Lima (2007) a aproximação e interação entre as partes
sociais da escola (professores, coordenadores pedagógicos, diretores,
orientadores educacionais, demais colaboradores, pais e alunos) possibilitam a
identificação da percepção de realidade vivenciada e dos sentimentos que esta
realidade lhes provoca, além das reivindicações que devem conduzir a garantia
de uma educação com qualidade e como prerrogativa cidadã. As trocas de
experiência entre todo o corpo docente da escola provocam leituras além dos
“muros escolares”, o que muitas vezes provoca a orientação e formação do
cidadão em sentido amplo da educação para o exercício da cidadania num
todo, preparando o indivíduo para o concorrido mercado de trabalho; além da
superação do individualismo por meio de um processo de um processo de
socialização da aprendizagem, da convivência e dos interesses e finalidades
comuns do grupo.
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Contudo, precisamos entender que a identidade é um processo de
construção, então, o ideal é propormos que sejam criados termos de
convivência nas escolas, partindo da coordenação pedagógica com
professores e através destes as relações sejam melhor possibilitadas para que
sejam criadas alternativas de formação continuada para todos os educadores
envolvidos nesta construção, pois é certo de que o aprender junto com
responsabilidade, requer comprometimento e amadurecimento das pessoas
para que sejam buscadas melhores condições de trabalho e uma troca de
aprendizado mutuo e satisfatório para todos.
Partindo desta concepção de tempo, formação de educadores precisará ser
pensada como prioridade, buscando uma formação continuada voltada a
reflexão, e isto bem sabemos que é uma arte, semelhante a forma de tecer
como um tecelão, requerendo não somente habilidades, mais a visão mais
ampla e coerente do que se faz e como se faz. Holanda (1995) define a
palavra “tecer” como: “entrelaçar regularmente os fios, tramar, fazer, compor,
trançar, urdir, engendrar, formar, produzir” Neste sentido, a ação coletiva de
administração dos conflitos e encaminhamentos poderá ter um melhor
direcionamento, ficando mais coeso e de forma prudente para ambas as partes
do problema, respondendo sem omissão as ocorrências da escola e de seus
pares, quer sejam políticas, profissionais ou de outra índole.
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CAPÍTULO II
BREVE HISTÓRICO DA FUNÇÃO DO ORIENTADOR
EDUCACIONAL NA ESCOLA
Quando falamos de Orientação Educacional nos dias de hoje, vemos que a
escola tem um papel bem mais complexo do que antes, pois precisa educar
desafiando as novas formas de educação impostas pela sociedade juntamente
com as mídias que mostram escancaradas e sem pudor algum a “realidade”
em que infelizmente vivemos em nosso cotidiano diário e vivenciamos tais
situações também dentro das escolas, sejam públicas ou privadas. Contudo
torna-se mais que necessário que o Orientador Educacional, tenha uma boa
formação político-pedagógica, psicológica e cultural, pois o aluno de “hoje” não
é o mesmo de “ontem”.
Nas concepções tradicionais, caracterizadas como liberais, a Orientação
Educacional tinha o papel de ajustar o aluno á escola, á família e á sociedade,
levando em consideração um modelo de homem, de sociedade, de escola e
até mesmo de Orientação. Já na Pedagogia tradicional o Orientador tinha a
responsabilidade de aplicar testes e instrumentos de medida. Na Pedagogia
renovada, o Orientador tinha apenas o papel de consultor, identificando as
mudanças no desenvolvimento do aluno através de atividades de estímulo.
Nas concepções progressivas, a Orientação trabalha com a realidade social do
aluno, diante das contradições e conflitos, fazendo sempre a mediação entre
indivíduos e sociedade.
Segundo GRINSPUN (2006, p. 55) “ O Orientador Educacional dialetiza as
relações e vê o aluno como um ser real, concreto e histórico”. Dessa forma, ele
assume uma postura política, percebendo que a educação faz parte de um
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contexto sócio-econômico-político-cultural e que o aluno é o principal sujeito
desse contexto onde, o mesmo está inserido em uma determinada sociedade.
Por isso, o Orientador Educacional é um profissional de grande importância na
escola, pois, ele vai articular/orientar e clarificar as contradições e confrontos, e
nesse meio, buscar ajudar o aluno a compreender as redes de relações que na
sociedade se estabelecem. Sendo um ser em formação, o aluno necessita de
orientação de diferentes instituições desde a família ou até a igreja que
eventualmente o mesmo possa freqüentar. No que se refere á família, a
principal “instituição” educativa, devemos lembrar que o despreparo dos pais e
a possibilidade de que seja necessário a mulher ausentar-se de casa para
trabalhar contribui para que os genitores ou responsáveis tenham menos
condições e disponibilidade para participarem direta ou indiretamente da
educação de seus filhos.
Por outro lado, como o aluno passa boa parte do tempo na escola, e esta por
sua vez é a “instituição” mais bem preparada para exercer influência
sistemática, científica e cultural na educação dessas crianças, espera-se da
escola hoje, bem mais do que a transmissão de conhecimentos. Entretanto,
algumas características negativas do sistema educacional Brasileiro como o
baixo rendimento da aprendizagem, que consequentemente causa altos
índices de repetência e evasão escolar, revelam que as escolas não estão se
quer oferecendo a sua principal tarefa, que é ensinar. Diante desta
problemática e considerando os inúmeros fatores que causam o fracasso
escolar, retificamos que a educação não pode se esgotar unicamente na
relação professor-aluno. Outra função complementar e importantíssima ao
processo ensino-aprendizagem na escola é justamente a do Orientador
Educacional, que por sua vez é um especialista sistemático e contínuo que se
caracteriza por oferecer uma assistência profissional realizada por meio de
métodos e técnicas pedagógicas ou psicológicas, exercida direta ou
indiretamente sobre os alunos, levando-os ao conhecimento de suas
características pessoais e do ambiente sociocultural, afim de que possam
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tomar suas próprias decisões e as melhores perspectivas para seu
desenvolvimento pessoal e social.
Outro ponto que justifica a presença do Orientador Educacional dentro da
escola diz respeito á necessidade do trabalho em equipes multidisciplinares. O
Orientador, aliado aos demais profissionais da escola e a outros pedagogos,
pode contribuir e muito para a organização e dinamização do processo
educativo. É o que dizem Giacaglia e Penteado (2002) “Participando do
planejamento e da caracterização da escola e da comunidade, o Orientador
Educacional poderá contribuir, significativamente, para decisões que se
referem ao processo educativo como um todo”. (p. 15)
O campo de atuação do Orientador Educacional era inicialmente, apenas e tão
somente focalizar o atendimento ao aluno, aos seus “problemas”, a sua família,
aos seus “desajustes” escolares, etc... pouco ou quase nada voltado a
autonomia do aluno e a sua contextualização enquanto cidadão. Algum tempo
depois, voltou-se á prestação de serviços, mas sempre com objetivo de
ajustamento ou prevenção. Hoje, porém, o papel desempenhado por tal
profissional é outro:
“A Orientação, hoje está mobilizada com outros fatores que não penas e unicamente cuidar e ajudar os alunos com problemas”. Há, portanto
necessidade de nos inserirmos em uma nova abordagem de Orientação, voltada para a “construção de um cidadão que esteja
mais comprometido com seu tempo e sua gente. Desloca-se, significativamente, “onde chegar”, neste momento da Orientação Educacional em termos de trabalho com os alunos. Pretende-se
trabalhar com o aluno no desenvolvimento do seu processo de cidadania, trabalhando subjetividade e a intersubjetividade, obtidas através do diálogo nas relações estabelecidas” (CRINSPUN, 1994,
p.13).
Villon (1994) diz que o trabalho do Orientador Educacional deve ser o de
propiciar a aproximação entre a escola e a comunidade, desvelando os papéis
e a influência que diversas instituições, tais como clubes, indústrias, comércios
locais, associações etc. exercem a comunidade. Preconiza a liberdade de
extrapolar o espaço escolar indo em rumo a comunidade escolar. A autora
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evidencia desta forma, que o campo de atuação do Orientador Educacional
não se limita á microestrutura escolar.
Assis (1994) apresenta a importância do papel do Orientador Educacional
como co-responsável pela aprendizagem dos alunos. Questiona as práticas
docentes envolvendo os aspectos didático-pedagógicos, tais como,
metodologia, avaliação, relação professor-aluno, objetivos, conteúdos e mostra
a necessidade de os docentes conheçam e reflitam sobre o real significado da
existência da escola e sua função social. Apresenta o papel do Orientador
Educacional numa dimensão bastante ampla e fala também da escola como
lócus privilegiado de participação. Questiona a formação profissional,
mostrando que há necessidade do domínio de conteúdos necessários a uma
nova atuação. A autora diz que a Filosofia ajuda o Orientador Educacional no
sentido da práxis pedagógica e acrescenta:
Outros conhecimentos devem fundamentar a prática do Orientador
Educacional, tais como a Psicologia, Sociologia, História da Educação, História do Brasil (até nossos dias), além de outros,
oriundos da Antropologia, Ciências Políticas, Metodologia e Pesquisa em uma abordagem qualitativa. (p. 137)
Millet (1987), numa atuação ousada para a época é incompreendida pelos
profissionais da educação da própria escola onde trabalhava, já apresentou há
mais de dez anos atrás, uma mudança de enfoque no trabalho do Orientador
Educacional.
É necessário pensar junto com os alunos sobre o ambiente que os circunda e as relações que estabelecem com esse ambiente, para que, tomando consciência da expropriação a que são submetidos,
sintam-se fortalecidos para lutar por seus direitos de cidadãos. (p.43)
Segundo a autora, a indisciplina, agressividade, desinteresse, dificuldades de
aprendizagem (queixas mais comuns dos professores) não podem e nem devem ser
tratadas isoladamente e sim a partir de um estudo das relações “professor-
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aluno”, aluno-conteúdo, aluno-aluno, aluno-estatutos escolares, aluno-
comunidade, professor-comunidade. (p.43).
Através da apresentação de um relato de experiência, a autora conclui
alertando para o caráter político da atuação do Orientador Educacional que
“ultrapassa os limites dos muros da escola” e se envolve com a comunidade.
Placco (1994) conceitua a Orientação Educacional como:
Um processo social desencadeado dentro da escola, mobilizando todos os educadores que nela atuam especialmente os professores –
para que, na formação deste homem coletivo, auxiliem cada aluno a se construir, a identificar o processo de escolha por que passam, os
fatores socioeconômico-político-ideológico e éticos que o permeiam e os mecanismos por meio dos quais ele possa superar a alienação proveniente de nossa organização social, tornando-se, assim, um
elemento consciente e atuante dentro da organização social, contribuindo para sua transformação. (p.30)
A respeito da formação do educador para o desempenho de funções ligadas a
gestão educacional, ou seja, os administradores, orientadores educacionais e
supervisores, Lovatel, Klein e Medeiros (1993) constatam que a especificidade
de formação dos diferentes profissionais que atuam na rede escolar brasileira,
licenciados pelos cursos de Pedagogia, só teriam sentido se trouxessem em
seu bojo a dimensão de totalidade, de compromisso social, de transformação
das condições materiais. Desta forma, há uma “especificidade a ser respeitada
e resguardada na formação de cada especialista em função das condições
sócio-históricas concretas evidenciadas nas escolas e instituições” (p.30).
No que se refere aos aspectos legais, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB 9394/96), em seu artigo 64 diz que:
A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia
ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida nesta formação a base comum nacional.
25
No entanto, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em
Pedagogia, Licenciatura, em parecer aprovado em 13/12/2005, reduzem a
Orientação Educacional á área de serviços e apoio escolar, o que significa
mais um passo para a extinção total da função de Orientação Educacional.
Incoerentemente, o artigo 5º menciona que o egresso do curso de Pedagogia
deverá estar apto para uma série de tarefas possíveis apenas a partir de um
trabalho integrado com outros profissionais da educação.
ll- Compreender, cuidar e educar crianças de zero a cinco anos, de forma a contribuir para o
seu desenvolvimento nas dimensões, entre outras, física, psicológica, intelectual, social:
Vll- Promover e facilitar relações de cooperação entre a instituição educativa, a família, e a
comunidade:
XlV- Realizar pesquisas que proporcionem conhecimentos, entre outros: sobre alunos e alunas
e a realidade sociocultural em que estes desenvolvem suas experiências não-escolares: sobre
processos de ensinar e de aprender, em diferentes meios ambiental-ecológicos: sobre
propostas curriculares e sobre organização do trabalho educativo e práticas pedagógicas.
As tarefas citadas acima são apenas algumas que podem ser realizadas pelo
Orientador Educacional, em trabalho articulado ao gestor e ao coordenador
pedagógico. Algumas frentes de trabalho existem em todas as escolas e não
podem ser relegadas a segundo plano. Toda escola realiza um trabalho
pedagógico composto por situações de caráter pedagógico-adminstrativo.
Envolve, ainda, a organização e divisão do trabalho propriamente dito: divisão
de funções, determinação de horários a serem cumpridos pelos funcionários e
horários de funcionamento dos diferentes setores, a divisão de pessoal nos
diferentes turnos e setores, abertura e fechamento de portões, merenda
escolar, etc. Toda essa parte é importante porque sem ela a escola não pode
caminhar, além de representar a estrutura indispensável para que seja possível
a realização do ato educativo.
26
Dentre as tarefas de caráter pedagógico-adminstrativo estão todas as
iniciativas que a escola deve ter para que o ensino e aprendizagem ocorram.
Aliás, este é o coração do trabalho pedagógico. Ai se destaca duas ordens de
necessidades diferentes: uma ligada ao professor e outra ligada ao aluno.
Quanto ao aluno, pode-se dizer que é a razão de ser da escola. Para colaborar
com o aluno e com as suas necessidades, a escola precisa contar com o
trabalho do Orientador Educacional, pois esse é o profissional que trabalha
diretamente com o aluno e se preocupa com a sua formação pessoal. A ele
cabe desenvolver propostas que elevem o nível cultural dos mesmos e que
tudo faça para que o ambiente escolar o melhor possível. Contudo, o
Orientador Educacional diferencia-se do Coordenador Pedagógico, do
Professor e do Diretor. O diretor ou gestor administra a escola como um todo;
o professor cuida da especificidade de sua área do conhecimento; o
coordenador pedagógico fornece condições para que os docentes realizem
sua função da maneira mais satisfatória possível e o Orientador Educacional
cuida da formação de seu aluno, para a escola e para a vida.
Sobre a prática do Orientador Educacional na escola, concluímos que é um
profissional que participa de todos os momentos coletivos da escola, na
definição de seus rumos, na elaboração e avaliação de sua proposta
pedagógica, nas reuniões do Conselho de Classe, oferecendo subsídios para
uma melhor avaliação do processo educacional. Desta forma, é necessária
uma discussão sobre a natureza da vida escolar em que todos os integrantes
da equipe pedagógica “questionem criticamente o currículo existente na
escola, o currículo oculto, o aparelho político em todos os níveis, a forma e o
conteúdo dos textos escolares e as condições de trabalho que caracterizam
escolas específicas.” (GIROUX, 1997, p.48)
27
CAPÍTULO IIl
O COORDENADOR PEDAGOGICO E O ORIENTADOR
EDUCACIONAL DIANTE DOS CONFLITOS NA ESCOLA
Em meio aos dilemas de cunho neoliberal, vivenciados pela Orientação
Educacional, tais como: o descaso com a educação, as estratégias
econômicas que são inseridas no âmbito educacional apenas para a promoção
da competitividade e a divulgação de que a educação promove o
desenvolvimento sustentável da economia. Vasconcellos (2004) salienta a
importância de um especialista na escola. Compreende que a escola não
funcionaria sem professores e sem alunos. E sem um “especialista”? Para o
autor fica provado por meio de pesquisas que a escola que tem um
especialista apresenta um ensino de melhor qualidade, até porque, na maioria
das escolas quem tem desenvolvido esta função é a direção, supervisão,
orientação e coordenação pedagógica. Isso se dá pela possibilidade do tipo
de atividade exercida pelos mesmos na instituição. Refere-se ao especialista
como o “intelectual orgânico”ou seja, um especialista que consegue
compreender a realidade, um intelectual competente, ao ponto de conseguir
compreender os problemas e organizá-los, e passar para a frente a fim de
solucioná-los de forma coletiva. Um trabalho que deve ser realizado, e que seja
capaz de despertar interesse de mudança nas pessoas (VASCONCELLOS,
2004).
Muitas vezes a Orientadora Educacional sai da escola para participar do
cotidiano da comunidade como, reuniões para discutir a questão da
violência na favela ou do movimento para a construção da rede de esgoto,
isso não significa que a Orientadora está deixando de cuidar das atividades
do interior da escola, ao contrário, isso representa não perder de vista o
contexto social, onde a escola está inserida e retrata a realidade concreta
28
vivenciada pelo aluno. A função da Orientação Educacional é organizar o
processo educacional, buscando um trabalho em conjunto, na qual todos os
profissionais têm uma contribuição a oferecer em sua especificidade de
ação, com um mesmo objetivo, ou seja, atender o aluno na busca de uma
apropriação do conhecimento, no qual esses conhecimentos transmitidos na
escola devem se aproximar da sua vida diária. É por meio das dificuldades
enfrentadas para a sobrevivência dos alunos que a escola precisa se
preocupar, é isso que é preciso ser tratado, mas não tratando-os como
“coitados” ou paternizá-los, mas trabalhar numa perspectiva onde os alunos
possam tomar consciência dos problemas que enfrentam na sociedade
como as questões culturais, econômicas, sociais, políticas etc...
Muitas vezes é a partir desses momentos que o Coordenador Pedagógico e
o Orientador Educacional devem saber mediar esse tipo de conflito e
favorecer a esses alunos, fazendo-os participar de movimentos, um trabalho
coletivo para mudar o percurso da sua história (MILET, 2001).
Milet (2001), responde que o papel da escola diante dos problemas sociais,
em meio a sociedade de classes, é tornar o conhecimento significativo para
o aluno e evitar o fracasso escolar. Conforme ressalta:
[...] dificilmente o aluno aprende, se os conhecimentos transmitidos não são significativos para ele, seja esse aluno pertencente à classe trabalhadora ou não. Mas o que se verifica é que os conteúdos programáticos, a linguagem, as normas escolares, as regras de conduta são estabelecidas em harmonia
com os valores das camadas médias da população. Em nossa sociedade, qualquer que seja o lugar em que esteja localizada, qualquer que seja a
população atendida, a escola veicula os padrões dominantes como sendo os padrões ideais a ser atingidos por todos, indiscriminadamente.
Individualismo, competição, “modos” ao sentar e ao falar passividade, obediência e respeito à hierarquia, são algumas das imposições que a
escola costuma fazer aos alunos ao contrário do espírito de coletividade, da cooperação, de espontaneidade e do respeito mútuo, características dos
segmentos de baixa renda da população. Como se pode verificar, o aluno pobre está mesmo destinado ao fracasso, tal a estranheza que a escola lhe
inspira (MILET, 2001, p.48-49).
Portanto, o papel do Coordenador Pedagógico e do Orientador Educacional
nesta ênfase é de buscar elementos que possa propiciar momentos de
29
debates, sobre a vivência do aluno no seu cotidiano e relacionar com os
conteúdos no processo ensino-aprendizagem. Esse trabalho do Orientador
Educacional incluirá toda equipe pedagógica, ou seja, diretores,
professores, supervisores, coordenadores e que os pais e os alunos
devem fazer parte deste trabalho. Compreende-se que para isso o
Orientador Educacional terá que buscar embasamentos teóricos para
aperfeiçoar sua compreensão da história da sociedade relacionando aos
nossos dias, e assim contribuir se sobressaindo dos demais profissionais
para uma melhor compreensão de trabalhar no coletivo em todos os
aspectos, ou seja, questões de relacionamento, afetividade, ética, enfim,
que a prática educativa por meio do seu trabalho seja transformada.
De qualquer forma fica a exigência de uma atividade que seja, significativa
e significadora, integrada e integradora, como aponta Vasconcellos (2004,
p.72):
[...] visando uma melhor qualidade do trabalho pedagógico. os papéis desempenhados pelos especialistas, nesta linha, são tão relevantes que, no caso de ausência de agentes que os ocupem formalmente, serão exercidos por outros profissionais no interior da instituições; não estamos, pois, falando de “cargos”, mas de funções decisivas, tarefas imprescindíveis da prática educativa transformadora.
Já a escola por sua vez, apresenta-se como local privilegiado de
socialização e, portanto, propício ao desenvolvimento de sentimentos,
afetos e emoções que podem em determinado momento gerar conflitos em
que o diálogo cotidiano não seja capaz de solucionar. Quando isso ocorre
percebe-se a necessidade de que sejam tomadas providências para que
essa situação conflituosa não se deteriorize vindo a tornar-se um ato de
violência. A esse respeito Ortega, (2002:143), afirma que:
O conflito emerge em toda situação social em que se compartilham espaços, atividades, normas e sistemas de poder e a escola obrigatória é um deles. Um conflito não é necessariamente um fenômeno da violência, embora, em muitas ocasiões, quando não abordado de forma adequada, pode chegar a deteriorar o clima de convivência pacífica e gerar uma violência multiforme na qual é difícil reconhecer a origem e a natureza do problema.
30
Diante dos conflitos é necessário que a escola desenvolva ações
preventivas e curativas no intuito de tornar as relações e o ambiente escolar
harmonioso, por meio da prática do diálogo e da mediação dos conflitos.
Desse modo a mediação de conflitos na escola se apresenta como uma
proposta de pacificação, oferecendo aos sujeitos envolvidos no conflito a
possibilidade de solucioná-lo ou ameniza-lo por intermédio de ajuda
especializada. Nesse sentido, a mediação é definida pelo Coordenador
Pedagógico e o Orientador Educacional, “como um processo confidencial e
voluntário, no qual um terceiro imparcial facilita a negociação entre duas ou
mais partes, e onde um acordo mutuamente aceitável poderá ser um dos
desenlaces possíveis”. Assim sendo, a imparcialidade, o diálogo e o consenso
democrático são práticas imprescindíveis na resolução dos conflitos gerados
dentro da escola.
A importantíssima mediação dos conflitos na escola pelos
Coordenadores Pedagógicos e Orientadores Educacionais pretende contribuir
para a convivência mais saudável entre pais, docentes, discentes e sociedade
escolar num todo para a construção da cidadania e enfrentamento da
violência, já que são os próprios envolvidos no conflito que tentam buscar
meios de superá-lo, prática que ao longo do tempo, possibilita a criação da
cultura e da possível “paz” dentro das escolas.
Contudo confirmamos a extrema importância dos Pedagogos nas
escolas: seja nas tarefas de administração (estendida como organização
racional do processo de ensino e garantia de perpetuação desse processo no
sistema de ensino de forma a consolidar um projeto pedagógico-político de
emancipação das camadas populares), seja nas tarefas que ajudem os
Professores no ato de ensinar pelo conhecimento, e não apenas dos
processos específicos de aprendizagem, mas também na articulação entre os
diversos conteúdos e a busca de uma sala de aula, e de uma escola onde o
31
respeito e os valores prevaleçam além da violência que nos cerca todos os
dias dentro e fora dos muros escolares no Brasil.
Entre as diferentes opiniões dadas aos psicólogos sobre conflito,
Freud, citado por Castro & Santos, manifesta a importância da educação na
formação do aluno num ambiente preventivo dos conflitos:
A educação exerce um papel importantíssimo em relação á formação dos alunos. Ela poderá influenciar seu comportamento social de forma positiva ou negativa. Será positiva, á medida que orientar e prevenir os conflitos individuais para que os grupos também possam fluir em seu inter-relacionamento. Será negativo, quando ocorrer os desequilíbrios e não se conseguir promover acções criativas. Estas acções minimizam as tendências e influências negativas do contexto social e auxiliam no fortalecimento da personalidade do indivíduo. (2009, p.14)
Apesar de várias definições sobre o conflito, chegou-se ao consenso de
que o profundo sentimento de solidão e desamparo, inquietude, perplexidade
na tomada de decisão, a pouca capacidade de concentração nas tarefas a
realizar, tristeza acentuada, perda de apetite alimentar, idéias obsessivas são
sintomas que se associam ao estado de conflito.
No ambiente escolar, os conflitos com maior incidência têm origem em
problemas como:
1. Falhas na comunicação entre aluno ↔ professores ↔ profissionais de
educação ↔ comunidade;
2. Ausência de actividades de um programa de educação continuada para
professores e profissionais da educação – acadêmicos, administrativos
e encarregados de educação.
3. Planejamentos inadequados ao grupo alvo (alunos);
4. Resistência à mudança no contexto da escola, tanto no aspecto
académico como no administrativo;
32
5. Líderes com acentuado índice de autoritarismo.
6. Desigualdade social entre alunos, professores e outros membros da
comunidade escolar.
No ambiente escolar é constante o aluno manifestar comportamento que
crie conflito na sala de aula. Segundo MACHADO (2004), o conflito surge com
bastante freqüência de duas formas:
a) Em situações de crise de oposição.
b) Em dinâmicas conturbadas ou turbulentas (comummente chamadas de
indisciplina).
Quanto á primeira forma, muitas das vezes essas situações são
confundidas pelo professor como falta de respeito do aluno ou funcionário ao
ter um comportamento de oposição ao passo que as situações de dinâmicas
conturbadas ou turbulentas são caracterizadas pela agitação total de choque
entre a postura rígida do professor e a atitude inquieta dos alunos ou
funcionários. Todos esses aspectos aqui delineados fazem com que os
conflitos se proliferem e as reações emocionais aflorem nas instituições ou nos
estabelecimentos de ensino. Todos os profissionais que trabalham diretamente
com pessoas precisam ter conhecimentos básicos quanto á origem de conflitos
no ambiente escolar; as condições psicológicas que envolvem o indivíduo em
convívio social. Seja em família, no trabalho ou em qualquer concentração
social. É por isso, que cabe aos profissionais de educação estarem atentos
aos estudos mais recentes da psicologia das Relações Humanas e a
operacionalização e gestão de conflitos no ambiente escolar.
Segundo NANSCIMENTO, os conflitos podem ser divididos em duas áreas:
1- Conflito Social – é de reconhecer que hoje, se vive numa sociedade altamente evoluída do ponto de vista social e tecnológico, mas bastante precária em termos de capacidade para negociações. E a violência tem sido no decorrer da história da humanidade, um dos instrumentos mais utilizados para resolver conflitos.
33
2- Conflitos tradicionais - são aqueles que reúnem indivíduos ao redor dos mesmos interesses, fortalecendo a solidariedade. (2002, p.47)
Na medida em que se diversificam os tipos de conflitos, também se
diferem as consequências para o aproveitamento do aluno. Dentre os vários
aspectos do conflito, alguns podem ser considerados como negativos e
aparecem com frequência dentro das organizações. Quando o indivíduo em
conflito desvia a atenção dos reais objetivos, colocando em perspectiva os
objetivos dos grupos envolvidos no conflito, mobilizando os recursos e os
esforços para a sua solução ou ainda quando tornam a vida numa derrota,
caracterizados pela desmotivação, inibição, solidão, desinteresse, desistência,
etc]
Portanto, o indivíduo em estado de conflito, apresenta algumas atitudes:
• Extroversão – comunicativo.
• Introversão – calado.
O aluno ou indivíduo extrovertido ou introvertido, não significa que está ou
não satisfeito com o embate (choque), somente as características individuais
do comportamento podem determinar se o aluno ou indivíduo em conflito está
ou não satisfeito. No entanto, concluiu-se que depois do choque ou conflito, a
extroversão ou a introversão não determina a motivação ou a desmotivação do
indivíduo em conflito, mas sim, depende das características motivacionais e
comportamentais apresentadas.
“Perante a realidade de conflito, é possível pensar inúmeras alternativas para indivíduos e grupos lidarem com os conflitos. Estes podem ser ignorados ou abafados ou ainda sanados e transformados num elemento auxiliar na evolução de uma sociedade ou organização, ao observar a história:”
Até há pouco tempo a ausência de conflitos era encarada como expressão de bom ambiente, boas relações e no caso das organizações, como sinal de competência. (NASCIMENTO, SAYED, 2002, p.47)
34
Alguns profissionais, principalmente da educação, enxergam o conflito
somente de forma negativa, como resultante da ação e do comportamento de
pessoas indesejáveis, associado à agressividade, ao confronto físico e verbal e
aos sentimentos negativos, os quais eram considerados prejudiciais ao bom
relacionamento entre as pessoas e consequentemente ao bom funcionamento
das organizações escolares. Ficou claro que o conflito tanto nos grupos sociais
como escolares é inevitável na medida em que a sua origem se dá no
intercâmbio existencial entre indivíduos que formam a mesma sociedade.
No entanto, seja ele de área social como tradicional percebido no aspecto
positivo ou negativo, afeta em maior ou menor proporção a vida e o
desenvolvimento estudantil, onde o principal objetivo do C.P e do O.E é
mostrar o quanto isso é prejudicial para o aluno no ambiente escolar, controlá-
lo de forma a ajuda-lo diante dos conflitos mais comuns nas escolas, buscando
as causas, a origem e ter a capacidade de lidar com as situações conflituosas
do dia-a-dia, além de diminuir os efeitos de tipo manifesto que são mais
prejudiciais no desenvolvimento intelectual dos alunos. Para que possamos
concluir e termos um entendimento mais preciso sobre a dinâmica dos
conflitos, devemos ter uma visão mais abrangente dentro do ambiente escolar
para que as possibilidades de mediar o conflito da melhor forma possível,
cause impactos não somente negativos dentro da escola, mas que possamos
aprender com os erros também, além de se fazer necessário reconhecer que
existe um modo destrutivo e outro construtivo de proceder.
O conflito é fonte de idéias novas, podendo levar a discussões abertas sobre determinados assuntos, o que se releva positivo, pois, permite a expressão e exploração de diferentes pontos de vista, interesses e valores. (Ibdem, p.47)
35
Contudo, depois de melhores esclarecimentos sobre as “motivações” que
levam o indivíduo á zona de conflito, espera-se que a presença do C.P e do
O.E neste processo de mediação dos conflitos dentro da escola, possa
viabilizar o diálogo construtivo e a negociação de tomada de decisões, visando
relações interpessoais confortáveis na convivência escolar. Assim, apresenta-
se à escola como uma alternativa democrática para prevenir situações em
torno dos diversos tipos de violência. Portanto, o objetivo deste trabalho é
fornecer à escola, ferramentas alternativas para evitar que situações
problemáticas do cotidiano se desenvolvam e atinjam um nível maior de
violência. Diante disso, qualquer estudo referente a educação, precisa levar em
conta a realidade social. É preciso ter claro que a sociedade é resultado da
maneira em como os homens se organizam para produzir sua existência. Após
termos essa compreensão, pode-se propor como especialistas da educação
um trabalho de forma coletiva que requer a definição básica que delineia um
Projeto-Político-Pedagógico de educação, mesmo porque, para isso, é
necessária a compreensão e ação coletiva de todos os envolvidos.
Faz-se necessário que a escola por sua vez, tenha em mente a prática de
planejar, que tenha um projeto de trabalho, para lutar por esses objetivos, um
trabalho em conjunto, ou seja, Direção, Orientação, Supervisão, Coordenação,
pais, enfim, todos lutando em busca de um mesmo objetivo, auxiliando o
indivíduo a encontrar uma direção para a vida.
36
CONCLUSÃO
O interesse em aprimorar conhecimentos sobre o tema escolhido obtém
fatores relevantes para que possamos entender os papéis diferenciados da
prática do Coordenador Pedagógico e do Orientador Educacional dentro de
uma unidade escolar diante de situações que hoje desmoraliza a escola
causando graves conflitos entre professores, alunos, família e sociedade. A
presente pesquisa se dará para discutirmos e tentarmos entender o porquê da
falta de motivação e de compromisso entre docentes, discentes e família para
com a educação de nossos alunos e até onde vai á responsabilidade da escola
para educar nossas crianças diante da precariedade que se encontra a
Educação em nosso país. Como e de que forma o Coordenador Pedagógico
deve trabalhar para melhorar a auto-estima de seus professores e alunos,
colaborando para uma relação onde aconteça o respeito multo entre os
mesmos.
E o Orientador Educacional, que por sua vez tem a responsabilidade de
acompanhar o desenvolvimento do aluno de forma abrangente onde muitas
vezes as famílias são envolvidas. Até onde este profissional pode acompanhar
os alunos em determinadas situações problemas? E nós como sociedade, o
que podemos fazer diante de situações tão graves que acontecem dentro da
escola? Por último, não adianta ficarmos diante desse jogo de empurra, onde
as famílias culpam a escola, que culpam a sociedade e que por sua vez culpa
o governo.
Todavia, vivemos um período de extremos paradoxos onde é certo de que
problemas gerados dentro das escolas em especial no final e início do ano
letivo, onde o desinteresse dos alunos, os elevadíssimos índices de
reprovação, a evasão escolar, a baixa de qualidade de aprendizagem, o
desgaste do professor, a insatisfação de pais, as queixas do mercado de
37
trabalho em relação ao perfil do profissional saindo da escola, etc..São alguns
sinais desta triste realidade que viemos atualmente.
Esta é uma tendência dominante, no entanto não se pode ignorar que no Brasil
existem também inúmeras experiências e buscas que se situam em outras
perspectivas, onde a realidade educacional seja diferente da problemática que
descrevemos aqui, onde problemas, tornam-se desafios e alternativas para as
possíveis soluções. É importante que fiquemos ligados somente aos problemas
e com o único pensamento negativo, devemos pensar e acreditar que a
educação ainda é a única solução para um mundo melhor.
A preocupação com a formação humana, com a maneira como o
conhecimento tem chegado até aos alunos e com a complexidade do ensino
na escola, torna-se cada vez mais necessário a presença de outros
profissionais especializados para dar suporte à ação educativa, auxiliando na
capacitação e na orientação das práticas pedagógicas, em tudo que envolve o
universo escolar. Destaca-se nesse contexto o coordenador pedagógico como
articulador da ação que se concretiza na comunidade escolar. No entanto, é
importante analisar e refletir sobre a atuação desse especialista e de onde vem
a necessidade de tê-lo na escola.
Sua origem remonta ao tempo dos jesuítas, sob a influência do método
educacional rátio studiorum e de um modelo oriundo dos Estados Unidos, no
século XVIII, que atendia especificamente ao ensino que tinha como objetivo
criar mão de obra para atender ao mercado em processo de industrialização,
tendo, então, como foco a “supervisão” para coibir e controlar as ações dos
sujeitos. No Brasil, em plena ditadura militar, essa especialidade ganha cunho
legal, porém, como se vê, isso acontece num momento pouco favorável. Com
esse serviço introduzido na escola, porém, sem nenhuma preocupação com as
especificidades dos alunos nem com os desafios presentes na sala de aula,
acontece a partir daí, uma divisão dos trabalhos técnicos, passando o
supervisor a deter para si o comando das ações, de forma arbitrária e
autoritária, desacreditando os professores e assumindo o controle de todas as
funções.
38
Após refletir sobre a prática do Orientador Educacional no contexto educativo,
compreende-se que o trabalho desenvolvido pelo Orientador Educacional
torna-se relevante e significativo, mesmo porque, tem-se a compreensão por
meio das discussões dos autores citados, que para compreender a realidade
da escola, suas dificuldades, suas diferenças, serão necessárias além da
compreensão da realidade de mundo, do contexto econômico, social, político,
cultural etc... Um trabalho coletivo, realizado de forma democrática,
oportunizando o diálogo e repensar as medidas a serem tomadas.
Nesse sentido, ressalta-se o compromisso que tem a escola e toda a
sociedade de cuidar da formação dos indivíduos, auxiliando no
desenvolvimento de suas capacidades físicas e sociais, o que acontece
através da prática educativa, que se constitui em um fenômeno social,
universal e imprescindível à atividade humana. Dessa forma, é muito
importante que a escola tenha uma proposta de educação que contemple este
universo. Que os sujeitos envolvidos nesse processo percebam as
transformações sociais e subsidiem meios para que o ensino não seja apenas
uma transmissão de conteúdos pelo professor ou realização e resolução de
exercício de memorização pelo aluno, mas, seja de fato uma aquisição
significativa de saberes. Essa forma de mediar o conhecimento coloca o
educando como sujeito ativo, participante e atuante no processo de ensino
aprendizagem, fugindo à concepção de um ensino praticado nas escolas
tradicionais que vê o aluno como ser passivo, aquele que só responde
mecanicamente o que lhe é repassado pelo professor, sem qualquer chance
de reflexão.
Para continuarmos com o raciocínio, verificamos que a principal característica
da ação docente é fazer a mediação do conhecimento, aluno, escola e
sociedade - o que acontece pela integração e aplicação dos métodos e
organização do ensino, de forma a assegurar esse encontro. Para tanto, o
coordenador pedagógico, deve atuar junto aos professores, de modo a
planejar e desenvolver suas ações com vistas a apropriação de
39
conhecimentos, num interagir constante, avaliando o processo de ensino, com
competência e compromisso ético. O saber pedagógico é o saber que o
professor constrói no cotidiano de seu trabalho e que fundamenta sua ação
docente, ou seja, é o saber que possibilita ao professor interagir com seus
alunos, na sala de aula, no contexto da escola onde atua. (PIMENTA et al
1999, p. 43).
Na aquisição e efetivação desses saberes é que se faz necessária a
intervenção do coordenador pedagógico, em favor do professor para contribuir
com sua atuação na sala de aula, onde este deve ter em mente o quão é
importante essa busca essa transmissão de conhecimento, e troca de
experiências para a construção de identidade do educando. Para melhor
elucidar esse aspecto vale ressaltar as várias formas de atuação do
coordenador. Entende-se que nesse processo professor e coordenador atuam
de acordo com suas especificidades, onde o primeiro tem como objetivo
imediato a construção do desenvolvimento do aluno, o segundo, tem como
foco o trabalho do professor que, por sua vez, conhece e domina os conteúdos
sistematizados do processo de ensinar e aprender, enquanto que, o
coordenador detém conhecimentos acerca das atividades e das formas de
encaminhar esses saberes, levando em consideração as condições
subjacentes daqueles que aprendem: os alunos.
Quanto ao trabalho coletivo na escola, Muribeca (1994) destaca que, é
necessário abordar algumas questões, ou seja, analisar as relações existentes
entre sociedade e educação, na qual identifica-se como a sociedade se
organizou ao longo da história. O autor exemplifica o regime feudal na qual a
sociedade se caracterizava pelo trabalho artesão, trabalho este, valorizado,
onde o homem detinha o controle sobre a forma de produzir. A partir da
introdução das máquinas, esse processo sofre alteração, as máquinas passam
a ocupar o espaço do homem, determinando o tempo e a quantidade da
produção. Segundo o autor, esse processo de produção passa a ser
fragmentado, isso se fez necessário para que a classe hegemônica pudesse
garantir o controle do trabalho e também o lucro. Por isso, o autor ressalta
40
que, não é interessante desencadear um trabalho coletivo interdisciplinares,
pois isso coloca em risco a hegemonia da classe dominante.
Na verdade para ele, a questão do trabalho coletivo é mais uma questão social
do que metodológica. Precisamos tomar atitudes de resgatarmos nossas
crianças para que não se percam diante de tantas tentações que o mundo
oferece, devemos realmente exercer nosso papel como pais e iniciarmos a
educação de nossos filhos dentro de casa para que a partir daí a escola por
sua vez dê continuidade a esse processo longo e contínuo na vida de qualquer
ser humano.
41
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44
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
BREVE HISTÓRICO DA FUNÇÃO DO COORDENADOR NA ESCOLA 11
1.1 – O Trabalho do Coordenador Pedagógico dentro da escola 12
1.2 – A importância da Formação Continuada de Professores e
Coordenadores Pedagógicos 17
CAPÍTULO Il
BREVE HISTÓRICO DA FUNÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA
ESCOLA 20
CAPÍTULO Ill
O COORDENADOR PEDAGÓGICO E ORIENTADOR EDUCACIONAL
DIANTE DOS CONFLITOS NA ESCOLA 27
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA CITADA 41
WEBGRAFIA 43
ÍNDICE 44
45
46