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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA INDISCIPLINA ESCOLAR Luciane Conceição da Silva Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto A Vez do Mestre como requisito parcial para a obtenção do título de licenciado em Pedagogia Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho MACAÉ 2009 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

INDISCIPLINA ESCOLAR

Luciane Conceição da Silva

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto A Vez do Mestre como requisito parcial para a obtenção do título de licenciado em Pedagogia

Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

MACAÉ

2009

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos os que me

auxiliaram na construção desse

trabalho, de modo especial meu

marido, meu filho, e principalmente a

Deus que permitiu que eu chegasse

até aqui.

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DEDICATÓRIA

A Deus que sempre foi e será minha fonte inspiradora.

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EPÍGRAFE

“Não há vida sem correção, sem retificação”. Paulo Freire

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RESUMO

A presente monografia teve como objetivo principal mostrar a importância da família na educação da criança, principalmente no que diz respeito a participação dos pais em todas as fases de desenvolvimento de seus filhos e como é mais importante ainda para a criança se sentir amada e querida pela família. Enfatizar também a importância da interação entre professor –aluno e como o diálogo é um dos principais meios para se conseguir sucesso na atuação na sala de aula e na obtenção do conhecimento. E como o meio escolar contribui em muito para formação da personalidade das crianças e ainda que o professor deve ter consciência de seu papel perante aos educandos, pois ele é visto pelos alunos como um ser que transmite valores e idéias que norteiam suas vidas. Relatar ainda como as formas de indisciplinas que são tão freqüentes nas escolas podem ser diagnosticadas e as formas preventivas para auxiliar nas relações entre o professor-aluno-família-escola, e por fim como o professor pode melhorar o clima na sala de aula com atitudes que façam a diferença.

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METODOLOGIA Este trabalho buscou apoio básico na pesquisa bibliográfica em

publicações impressas e digitais em forma de livros, resenhas, apostilas,

boletins e artigos.

A pesquisa bibliográfica compreende a leitura, e interpretação de livros,

periódicos, textos legais, documentos mimeografados ou xerocopiados, mapas,

fotos, manuscritos, resenhas, artigos, etc. Todo material pesquisado deve ser

submetido a uma seleção, a partir da qual é possível organizar um plano de

leitura.

A pesquisa além e dá base para qualquer tipo de pesquisa, auxilia na

explicação do problema, na definição dos objetivos, na elaboração de

hipóteses, na justificativa da escolha do tema e na preparação do relatório final.

Ela deve ser uma prática tanto na vida profissional de professores e

pesquisadores, quanto na vida dos estudantes.

De acordo com o Professor Doutor João J.F. do Amaral (2007) a pesquisa

bibliográfica é uma etapa fundamental em todo trabalho científico que

influenciará todas as etapas de uma pesquisa na medida em que der

embasamento teórico em que se baseará o trabalho.

O nome dos principais autores e teóricos que foram utilizados para a

realização deste trabalho foram Paulo Freire, Georges Gusdorf, Jean Piaget,

Ana Maria Poppovic e Júlio Aquino.

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SUMÁRIO

RESUMO 05 METODOLOGIA 06 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I – A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO

1.1 A educação começa em casa 10 13 1.2 Limites na educação CAPÍTULO II – A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO 2.1 A socialização do aluno 16 2.2 O papel do professor 17 2.3 O valor pedagógico da relação professor-aluno 19 2.4 A importância do diálogo 23 CAPÍTULO III – INDISCIPLINA ESCOLAR-DIMENSÃO PREVENTIVA

3.1 A Indisciplina 27 3.2 Encaminhamentos preventivos 32 CONCLUSÃO 40 BIBLIOGRAFIA 42 WEBGRAFIA 44

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INTRODUÇÃO

O objetivo da presente monografia é demonstrar os fatores responsáveis

pela indisciplina nos ambientes escolares, apresentar algumas de suas

características e causas atuais e a importância do enfoque preventivo como

estratégia mais adequada para enfrentar o problema.

O ser humano é um ser social e como tal precisa ser considerado. Neste

sentido é necessário que a criança e o jovem convivam em grupos sociais

diferentes e aprendam as regras dessa convivência desde cedo. Para que isso

aconteça é importante seguir normas que facilitem essa relação.

A relação social deve se iniciar na família e continuar na escola como uma

instância maior. Por ser viver num mundo complexo, numa sociedade

competitiva e individualista, onde não se valoriza a relação em grupo, a

sociedade de hoje está formando indivíduos com o pensamentos de que para

se vencer tem que pensar em si em primeiro lugar, em satisfazer

primeiramente seus desejos e isto tem gerado muita rebeldia e indisciplina,

principalmente nas crianças que se tornam adolescentes e adultos cada vez

mais complicados.

Conscientizar-se de que a família é a primeira e principal forma de

educação apresentada à criança e como esta deve participar na sua educação,

além de serem os principais responsáveis pela maioria dos conflitos

apresentados pelas crianças. Aprender como a indisciplina é geralmente

repercussão dos conflitos da família e do meio social que envolve a criança.

Compreender que as crianças necessitam de atenção e tempo com os pais

para que aprendam a ter o caráter e a disciplina trabalhados desde pequenas.

Explanar como lares desfeitos e desestruturados influenciam e despertam

sentimentos e rebeldia nas crianças que necessitam de apoio para crescerem

sadias física e mentalmente.

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Conhecer como a relação do professor com o aluno pode influenciar no

comportamento deste na sala de aula e apresentar ainda como a família em

conjunto com a escola pode desenvolver na criança uma autodisciplina.

Por se tratar de um tema extenso, serão tratados apenas alguns tópicos na

perspectiva de ponto de partida para outras futuras abordagens interativas que

possam, com certeza, contribuir ainda mais no ato de educar.

Assim sendo, este estudo foi dividido em três capítulos. No primeiro

capítulo pretendeu-se analisar a importância da família na educação. E que a

criança como um ser social em desenvolvimento é ajustado pelo ambiente em

que vive, e precisa ser trabalhada para que suas melhores características

sejam despertadas. Buscando caminhos preventivos e meios de estimular as

crianças desmotivadas através do caminho da educação prazerosa.

No segundo capítulo, por sua vez, objetivou-se demonstrar a relação

professor-aluno e como esta interação é importante para o desenvolvimento do

aluno, e ainda sobre alguns aspectos que são necessários para um bom

relacionamento. Como o diálogo, que é tão importante, despertará

questionamentos e trocas de informações, e proporcionará tanto ao professor

quanto ao aluno uma construção de conhecimento mais ampla. Pois para se

ensinar bem é preciso criar vínculos. É por meio da ligação existente entre

professor e cada aluno que a aprendizagem acontece. E por fim, no terceiro

capítulo procurou-se enumerar as principais características e prevenções no

problema da indisciplina e como os pais, escolas e professores podem e

devem participar e ajudar na autodisciplina de seus filhos e alunos.

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CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO

1.1 A educação começa em casa

A educação da criança deve ser iniciada no seio familiar e se estender na

escola, uma vez que as idéias e valores que orientam a criança durante a vida

são repassados pelos pais.

É importante que a família junto com a escola siga as mesmas bases e

critérios, bem como a mesma direção em relação aos objetivos que desejam

atingir. Por isso é importante que com estes princípios em comum, cada um

deve fazer sua parte para que a criança alcance o melhor caminho.

É primordial que o professor conheça a família de seu aluno, com isso ele

conhecerá o próprio aluno. A convivência familiar resulta na vida dos

educandos de forma positiva ou negativa. A família e a escola devem formar

uma equipe de interação para que juntas alcancem o sucesso no

desenvolvimento da criança. Sabe-se que a atuação da família é essencial

para que este desenvolvimento na escola aconteça, e por isso é importante

que os pais proporcionem espaço para que a educação aconteça.

Nas últimas décadas a sociedade vem passando por várias mudanças o

que refletiu também sobre a representação da família e o processo de

interação desta com a escola. Pais ausentes e sem tempo para seus filhos, a

falta de diálogo e de limites, são alguns dos acontecimentos que têm

contribuído para que a rebeldia e a indisciplina existam cada vez mais dentro e

fora da escola. Todo educador sabe que o apoio da família é decisivo no

desenvolvimento escolar. Pais que acompanham a vida escolar de seus filhos,

que estão presentes às reuniões, que são cooperativos e atentos no

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desempenho de seus filhos na medida certa, certamente terão filhos mais

participativos e envolvidos nas atividades escolares. Este é o desejo de

qualquer educador. Porém mesmo com tantos apelos no sentido de

participação dos pais junto à vida de seus filhos, muitos ainda vêm transferindo

suas responsabilidades como educadores e formadores de caráter de seus

filhos aos professores e às escolas de um modo geral.

As crianças geralmente copiam os exemplos de seus pais, irmãos ou

parentes mais próximos. Por isso é importante que os pais demonstrem

atitudes de respeito e carinho mútuo, pois se sabe que um aluno que convive

num lar desestruturado, onde os pais não se respeitam, retrata o que presencia

em casa no ambiente escolar. A criança que vive num meio violento torna-se

violenta.

Quando a escola presencia uma criança maltratando um colega, agredindo

física ou verbalmente qualquer pessoa, percebe-se que estas atitudes se

devem muitas vezes ao fato desta criança sofrer maus tratos ou assistir a

cenas de violência em casa. A primeira recomendação para se reparar este

mal é procurar conhecer a criança e oferecer-lhe segurança não estimulando a

culpa e nem a violência.

Vale ressaltar que as regras de boa convivência social serão aplicadas pelas

crianças à medida que as mesmas vivenciem tais situações. É certo que a

escola tem um papel fundamental na formação do aluno, devendo ajudá-lo a

ter uma convivência social harmoniosa, mas é imprescindível que os pais

aprendam a tomar ações mais determinadas, mostrando aquilo que não se

pode fazer ou falar. Nenhuma escola pode substituir o papel dos pais que é

tão importante na formação do caráter das crianças.

Com a ausência dos pais os filhos passaram a ser mimados em excesso e

tendo todas as suas vontades satisfeitas, quando na verdade a criança que

chora, faz uma birra ou grita está pedindo ajuda, socorro, querendo receber ao

invés de mimos e presentes uma grande porção de amor, atenção, respeito e

carinho.

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A família de classe média possui uma perspectiva melhor com relação à

educação, pois os pais possuem um conhecimento mais vasto e variado, um

vocabulário mais enriquecido. Geralmente lêem a livros, assistem a programas

educativos, possuem computador em casa com Internet, que se trata de uma

grande fonte de informação, etc. Mediante a isto, a criança já cresce num

ambiente mais informatizado com maior oportunidade de ter um melhor

desenvolvimento cognitivo. Ressalta-se também a interação verbal entre pais

e filhos no cotidiano que anima ainda mais a criança em seu desenvolvimento.

Percebe-se então, que a posição em que está introduzida a família na

sociedade certamente influenciará no desenvolvimento e no caráter da criança.

Devido os pais de classe baixa geralmente ter pouco acesso ao estudo, sem

condições de transmitir maiores informações para seus filhos a interação entre

eles se torna restrita. Em muitos casos os pais precisam trabalhar fora e por

isso passam a maior parte do tempo longe dos filhos, não tendo tempo para

dar-lhes atenção, ajudar nos exercícios de casa e examinar como esta seu

desenvolvimento na escola. A criança fica então na total dependência de seus

educadores, sentindo com isso uma relativa desmotivação em estudar.

Além disso, é de suma importância que os pais saibam em que companhias

seus filhos andam e o que aprendem fora de casa, certamente tais companhias

aumentarão ou diminuirão as chances de seus filhos serem mais ou menos

indisciplinados.

1.2 Limites na educação

É fundamental que a criança saiba o que pode e o que não pode ser feito

(Tiba, 1996). É importante que a criança aprenda desde cedo a ter limites para

que seu convívio social se estabeleça de forma satisfatória e sadia. Educar

uma criança não é uma tarefa muito fácil, pois além de tempo, requer

disposição e paciência, pois é um processo não acontece da noite para o dia.

Os pais precisam ter a consciência de que são os responsáveis para educar

seus filhos.

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Muitos pais passam por momentos de conflitos quando estão diante de

uma criança que ultrapassa os limites. É necessário então que os pais tomem

uma providência a fim de estabelecer quais são esses limites necessários que

precisam ser respeitados. Mas quando se fala em por limites surgem diversas

dúvidas para muitos pais. Como por exemplo, o que fazer em relação a como

lidar com os comportamentos impróprios apresentados pela criança. Diante de

tudo isso os especialistas indicam que existem muitos meios de se trabalhar o

limite sem usar a força física. As normas em qualquer situação precisam ser

apresentadas às crianças desde cedo, para que as mesmas possam aprender

a conviver em sociedade e não venham a sofrer os malefícios da

desobediência quando já foram maiores. Do ponto de vista educacional

permitir nada ou tudo são hábitos igualmente nocivos para a criança.

No ambiente escolar uma das questões mais discutidas está relacionada à

indisciplina. As razões são inúmeras e dificilmente se chega a uma conclusão

sobre o assunto. Porém antes de tomar qualquer atitude é preciso que primeiro

seja verificada a causa do problema, ou seja, origem da questão, pois somente

a partir daí que se conhece os motivos que levam os indivíduos a se comportar

de forma indisciplinada.

É importante que antes de julgar o comportamento de alguns seja

verificada a realidade da escola, da família, o psicológico, o social, além de

muitos outros que envolve a criança. As expressões de indisciplina muitas

vezes podem ser vistas como uma forma de se mostrar ao mundo, mostrar

sua existência, em muitos casos o indivíduo tem somente a intenção de ser

ouvido por alguém, então para muitos alunos indisciplinados a rebeldia é uma

maneira de exteriorizar seus pensamentos e sentimentos.

Muitos pais perdem a tranqüilidade quando o assunto é o estabelecimento

de limites, pois alguns não têm mais tanta segurança e não sabem quais os

caminhos que devam indicar para que seus filhos encontrem a felicidade. Na

sociedade atual, valores como o respeito, o amor, a compreensão, a

fraternidade, a valorização da família e diversos outros foram ignorados

fazendo com que indisciplina cresça constantemente. Na atualidade, é mais

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difícil estabelecer a disciplina e fazê-la respeitar. Estes são alguns dos motivos

pelos quais os pais cada vez mais impõem menos limites.

A falta de estabelecimento de limites pode tanto ser sinal de humildade

como falta de compromisso em relação aos filhos e ao futuro do mundo.

Muitos jovens hoje se queixam da ausência de seus pais e educadores, pois

estes enfrentam o desafio de como dar liberdade aos filhos e alunos, sem ser

ausentes e omissos, sem abandonar o papel do adulto e de orientador.

Essa dificuldade de mostrar as nossas crianças e jovens a importância da

obediência às normas e o respeito à moral e a ética tem gerado problemas

que estão presentes de maneira acentuada em nossas famílias, em nossas

escolas e em qualquer instituição de ensino. Estes são alguns dos motivos que

acarretam muitas vezes, problemas de identificação dos jovens, dificuldade de

diálogo, desvios de condutas, agressividade, busca de refúgio nas drogas e

outros tipos de vícios.

É preciso que exista uma relação de confiança entre a família e a escola

escolhida para auxiliar os pais a educar seus filhos. Tanto os pais como as

escolas devem evitar fazer críticas entre si na presença dos filhos. Ao invés

disso devem buscar uma comunicação que seja ativa e presente na relação

família-escola, tornando-as mais integradas.

“Crianças excessivamente inquietas, agitadas, com tendências à

agressividade, se destacam no grupo pela dificuldade de aceitar e

cumprir as normas, às vezes não conseguindo produzir o esperado para

sua idade. Estas crianças representam um desabafo para suas famílias

e escola, cabendo a estes estabelecer os métodos de orientação mais

condizentes a cada situação e estabelecer os níveis de regimes

necessários para obtenção da disciplina”. (MIELNIK, 1982:60)

A educação dada à criança depende do adulto que a acompanha, que a

ensina, que a educa. Por isso é importante que este adulto seja tranqüilo e

confiante em si mesmo, convicto de suas atitudes, procurando oferecer sempre

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o melhor para esta criança. O amor à criança, a compreensão e aceitação são

atitudes importantes que juntas irão auxiliar numa educação prazerosa e

agradável para ambas às partes.

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CAPÍTULO II

A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO

2.1 A socialização do aluno

“O professor deve acolher os sentimentos dos alunos e criar uma atmosfera

de aceitação para obter sucesso na aprendizagem. Isso mudou o modelo de

relação hierárquica fria e distante que dominou a pedagogia até fins do século

XIX”.

“O professor, no entanto, é um profissional. Tem que criar um clima

afetuoso para promover aprendizagem”.

“... aluno aprende com a cabeça e coração, então precisamos fazer com

que sua cabeça aprenda, a sentir e a ter compaixão e que seu coração

aprenda a pensar e a conhecer”.- Carol Koliniak – Revista Nova Escola (2004).

Para Vigotsky (1984), é fundamental o papel do outro no processo de

aprendizagem, bem como a mediação e a qualidade das interações sociais.

Entende-se que o laço dialógico e afetivo ocorre a partir da relação com o

outro principalmente nos primeiros anos de vida. Mediante a isto, especialistas

e educadores insistem para que os laços afetivos sejam feitos de forma a

desenvolver o intelecto da criança e sejam realmente praticados inicialmente

na família. Na conseqüência do desenvolvimento da criança, esses vínculos

vão ampliando-se na relação ensino-aprendizagem com alguém que tem o

papel de mediar esse processo.

Mesmo sabendo-se que a família constitui o primeiro momento de

desenvolvimento mais imediato para a criança, a escola apresenta-se logo em

um importante encadeamento de socialização diferenciado da família. A

família é incumbida de transmitir o conhecimento comum, a educação informal,

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já a escola conduz à educação formal, uma soma de conhecimentos

organizados, produto do desenvolvimento cultural.

Por fazer parte de um meio mais imediato junto à criança a relação com a

família ocorre de maneira mais estreita. Por outro lado, a escola não pode

garantir uma relação desta natureza entre professor e aluno, já que dentro do

grupo as oportunidades de interação com o professor são muito mais

escassas.

As primeiras experiências escolares estão relacionadas ao

desenvolvimento de habilidades sociais que facilitam a incorporação posterior

da criança na escola. Parece que a experiência escolar prévia da criança em

aspectos como conhecer as rotinas escolares integra-se em grupo iguais,

conhecer o papel do professor, isso facilita sua acomodação às novas

situações escolares.

2.2 O papel do professor

A sociedade criou a escola como sendo uma instituição com a finalidade

de transmitir determinados conhecimentos e formas de intervenção no mundo.

Logo, se acredita que alguém que ensina é representada fisicamente pela

figura do professor. Ocorreram momentos na nossa história em que algumas

partes da sociedade que buscava a escolarização eram muito pequenas e os

professores eram considerados como intelectuais portadores de certa cultura, e

a sociedade valorizava esse profissional como alguém que representava a

escola.

Com o passar do tempo, o professor teve suas funções alteradas para

atender as novas exigências da sociedade, que buscava cada vez mais uma

educação formal de qualidade, naquele momento histórico, o professor passou

a ser visto como parte de uma linha de montagem, dentro de uma escola vista

sob uma visão industrial. Nessa percepção de escola, as funções do professor

eram consideradas simples, resumindo-se em esquema operacional prático:

expor matéria, propor e corrigir exercícios e avaliar seus alunos.

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Na atualidade o trabalho do professor tornou-se mais difícil, seja como

conseqüência dos avanços científico-tecnológicos, sociais e econômicos, seja

como resultado do progresso da cultura e da educação. Pode-se dizer que

hoje o professor é o mediador que contribui com suas práticas pedagógicas,

suas competências técnicas e humanas para transformar o futuro de seus

alunos, abrindo-lhes portas, buscando a plena cidadania, iluminando caminhos

e possibilitando que se construam enquanto sujeitos históricos e sociais.

O professor desempenha um papel importante, não devendo ser visto como

figura central do trabalho, mas como mediador do processo educativo, usando

este de uma autoridade democrática e criando em conjunto com os alunos um

clima em sala de aula estimulante e desafiador, para que neles ocorram as

construções de um conhecimento escolar significativo.

“o professor desempenha neste processo o papel de modelo,

de guia, referência (seja para ser seguido ou contestado); mas

os alunos podem aprender a lidar com os conhecimentos

também com os colegas. Uma coisa é o conhecimento

“pronto”, sistematizado, outro, bem diferente, é este

conhecimento em movimento, tencionado pelas questões da

existência, sendo montado e desmontado (engenharia

conceitual). Aprende-se a pensar, ou, se quiserem, aprende-

se a aprender”. (VASCONCELLOS, 2003, p.58)

2.3 O valor pedagógico da relação professor-aluno

É no ambiente da sala de aula, na convivência diária com o professor e

com os colegas que o aluno vai despertando hábitos e atitudes, assim como

entendendo os valores. Acredita-se na grande importância do grupo social e

familiar do qual a criança faz parte, pois é através destes grupos que a criança

e o jovem adquirem conhecimentos e desenvolvem comportamentos de

convívio social.

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Cada classe também constitui um grupo social, e é dentro deste contexto

que ocorrem as interações sociais tanto entre professor e o aluno quanto entre

os próprios alunos.

O convívio a cada dia proporciona a assimilação de valores, a exercitação

de hábitos e o desenvolvimento de atitudes.

O filósofo francês Georges Gusdorf (1970), em seu livro Professores, para

quê?, relata um pouco sobre as relações provenientes principalmente do

ambiente escolar:

“Cada um de nós conserva imagens inesquecíveis dos

primeiros dias de aula e da lenta odisséia pedagógica a que se

deve o desenvolvimento do nosso espírito e, em larga medida,

a formação da nossa personalidade. O que nos ensinaram, a

matéria desse ensino, perdeu-se. Mas se, adultos,

esquecemos o que em crianças aprendemos, o que nunca

desaparece é o clima desse dias de colégio: as aulas e o

recreio, os exercícios e os jogos, os colegas”.(p.7)

Portanto sabe-se que o que realmente fica marcado na memória são estas

relações que se fazem enquanto crianças, principalmente recorda-se dos

melhores amigos, dos professores, de suas personalidades, de suas formas de

agir e pensar.

O que o autor quis dizer é que a escola é um local de encontros

existenciais, da vivência das relações humanas e da veiculação e intercâmbio

de valores e princípios da vida.

É certo de que toda a matéria e os assuntos do ensino podem ser

esquecidos, mas os momentos vividos juntos aos colegas e professores, e os

valores que foram inseridos provenientes deste convívio, seja de forma

subentendida ou clara, dificilmente serão esquecidos pelos alunos durante sua

vida e com certeza guiarão seu desenvolvimento e caráter.

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A razão, os sentimentos e a emoção se unem norteando o comportamento

das pessoas, e é por isso que nos momentos de interação capta-se o que

realmente marcou aquele momento.

O professor Walter E. Garcia (1981) afirma que:

“a educação, seja ela escolar ou do mundo, é fenômeno que

só ocorre em razão de um processo básico de interação entre

pessoas. (...) Que a educação é processo eminentemente

social julgamos desnecessário insistir, tal a evidência com que

isso se manifesta. Aliás, poderíamos ir mais além, ao dizer que

a educação existe exatamente porque o homem é um ser

gregário e que só realiza como tal a partir do momento em que

entra em relação com seu semelhante. Enquanto processo de

formação humana, a educação é a única maneira pela qual é

assegurada a continuidade da espécie, que assim consegue

dominar a natureza e imprimir nela sua presença e sua maneira

de ver o mundo”. (p.63)

A partir da construção do conhecimento e do processo educativo

acontecem as interações e os sujeitos que deles participam estabelecem

relações entre si. A interação humana tem uma ação educativa, pois é através

da convivência com os outros que o ser humano educa e é educado. Mediante

as essas interações acontecem uma série de ações que proporcionam trocas

de idéias, assimilação de conhecimento, expressão de opiniões,

compartilhamento de experiências, entre outros.

Vale ressaltar que no processo de construção do conhecimento é de suma

importância na interação humana, pois é pela mediação entre professor-aluno

e aluno-aluno que o conhecimento se constrói coletivamente. O professor

desperta a atenção do aluno à medida que utiliza como base duas ações em

suas relações. A primeira delas é a função incentivadora e energizante e a

segunda é a função orientadora, ambas buscam despertar a curiosidade

natural dos alunos e direcionar seus esforços para aprender, auxiliando-os a

construírem seus próprios conhecimentos.

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É tarefa do professor por meio de sua interação com a classe transformar o

conhecimento indistinto em uma forma de conhecimento organizada e distinta.

Por isso é importante que o professor tenha consciência de que suas ações,

pensamentos e valores acabam direcionando de certa forma a vida de seus

alunos, pois ele não apenas ajuda os alunos a adquirirem conhecimento, mas

acaba também transmitindo ideais, valores e princípios de vida, contribuindo

desta maneira para a formação da personalidade do aluno.

A afetividade é muito importante no processo de ensino aprendizagem,

pois é a partir da mesma que todo processo se inicia. Desta forma é muito

importante para a criança a relação social com o outro, pois é através desta

que ela terá aproximação ao mundo simbólico e assim adquirir avanços

significativos na parte cognitiva.

Um bom relacionamento na sala de aula é muito mais importante do que os

arranjos ou a diversidade de métodos e recursos utilizados. Percebe-se que o

relacionamento entre os alunos e professores de uma classe é bom quando se

vê alunos alegres, bem-humorados e seguros enquanto desenvolvem suas

atividades de aprendizagem.

“... os professores também são pessoas importantes para os

adolescentes se identificarem e, nesse sentido têm uma

participação essencial no processo. A maioria das pessoas

adultas é capaz de lembrar de professores importantes, com os

quais se identificou, da mesma forma que daqueles com os

quais buscou ser completamente diferente”.(OUTEIRAL, 1994

p.72)

Como líder, o professor é o grande responsável pelo bom relacionamento

com seus alunos. Sua influência na sala de aula é muito grande, e a criação de

um clima favorável propicia a aprendizagem.

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O clima na sala de aula depende em sua maioria ao tipo de liderança que o

professor escolhe. Podem-se citar:

- Liderança autoritária - nesta liderança tudo o que deve ser feito é

decidido pelo líder. O líder não compartilha das atividades dos alunos,

apenas distribui as tarefas e dá ordens.

- Liderança democrática – tudo o que for feito é debatido e decidido pela

turma. Todos trabalham em liberdade com os colegas que quiserem,

cabendo a todos a responsabilidade pela direção das atividades. O líder

discute com todos os elementos os critérios da avaliação e participa das

atividades do grupo.

- Liderança permissiva – o líder desempenha um papel de passividade,

dando plena liberdade aos alunos, a fim de que estes estabeleçam suas

próprias atividades. O líder não se preocupa com qualquer avaliação

sobre a atividade do grupo, permanecendo distante ao que está

acontecendo.

O papel do professor é o de auxiliar o processo ensino-aprendizagem,

orientando os alunos quanto à aquisição de conhecimentos e habilidades

cognitivas. O professor precisa possuir destreza ao utilizar a sua autoridade de

forma democrática na sala de aula, pois a forma pela qual o professor

demonstra o poder que possui contribuirá ou não para sua eficiência.

Por isso com certeza o líder democrático alcançará seus objetivos. Cabe ao

professor preparar e debater seu desenvolvimento com os alunos,

aproveitando as sugestões apresentadas por eles. Cabe também ao professor

fazer a melhor seleção das técnicas e procedimentos para o melhor

desenvolvimento dos conteúdos abrangidos pela escola. Valorizar os

interesses, as atividades e as experiências dos alunos são algumas formas de

aproveitar o tempo junto com alunos na sala e a partir daí provocar um clima

favorável para que a aprendizagem ocorra de maneira prazerosa.

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Apresentam-se a seguir algumas atitudes e comportamentos que o

professor deve seguir na sala de aula para exercer o papel de líder

democrático:

- Ter claro os objetivos a serem atingidos. Se o professor não sabe o que

deseja dos alunos, não saberá também aonde chegar e como poderá

orientar as atividades da classe.

- Fazer saber aos alunos esse objetivo.

- Fazer de cada aula um desafio ao aluno. Todas as pessoas estão

sempre dispostas a provar o seu valor.

- Sugerir ao invés de impor.

- Ouvir as sugestões dos alunos e colocá-las em discussão com o grupo.

- Colocar-se na classe como orientador da atividade do aluno. Didática é

a “orientação da aprendizagem”.

- Fazer com que os alunos trabalhem não para o professor, mas sim com

o professor.

- Elogiar tudo o que for elogiável. O elogio é uma comprovação de que o

aluno está tendo um bom desempenho.

- Ao invés de dar destaque aos erros, evidencie os acertos.

- Incentivar as equipes a estabelecerem regras de trabalho para seu

funcionamento.

- Ouvir o máximo possível e falar com ponderação.

- Encerrar as atividades com uma avaliação feita pelos próprios alunos.

Para alguns estudiosos como Wallon, a afetividade desempenha um

papel de extrema importância na construção e funcionamento da

inteligência determinando algumas necessidades pessoais e interesses

individuais. (MATUI, 1995, p. 155).

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Ainda segundo este autor as emoções são manifestações de estágios

subjetivos, mas com componentes orgânicos. Como exemplo pode-se citar o

choro do bebê, que pode significar fome ou algum desconforto.

Em alguns casos, percebe-se que o professor foi perdendo a consideração

e o respeito perante a sociedade o que acabou influenciando em sua moral na

sala de aula. É preciso resgatar a imagem do professor e valorizar seu

importante papel na sociedade. Por outro lado, há professores que por medo,

ignorância ou arrogância, não conseguem ter um bom relacionamento com os

alunos e deixam de lado a aprendizagem afetiva colocando em prática somente

a pedagogia tradicional na qual o aluno é visto como uma folha em branco,

pronta para ser preenchida pelo professor.

No presente século o professor deve exercer sua função de facilitador no

acesso às informações. Deve auxiliar o aluno a conhecer o mundo e seus

problemas, fatos, suas injustiças e suas solidariedades de forma que o aluno

possa caminhar com liberdade de expressão e conseqüentemente de ação. Em

equivalência, o aluno precisa aprender a respeitar a instituição escolar e

valorizar o professor, sabendo aproveitar cada momento de aprendizagem e o

encanto de aprender-ensinar-aprender.

2.4 A importância do diálogo na relação professor-aluno

De acordo com Freire (1967) a relação professor-aluno compõe em um

esquema horizontal de respeito e de intercomunicação, destacando o diálogo

como componente importante para uma aprendizagem significativa.

O processo educativo é complexo e abraça diversas pequenas faces que,

inter-relacionadas auxiliam para a construção do processo de ensino-

aprendizagem. É importante respeitar o outro de acordo com seu modo de ser

e assim, assegurar um bom relacionamento, tornando possível um clima de

confiança.

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É de responsabilidade do professor favorecer a aquisição do saber a partir

do diálogo, pois é através deste que os sujeitos encontram a aprendizagem

verdadeira, dissolvendo as diferenças entre as classes sociais. Na ação

recíproca entre professor-aluno, a escola desempenha um papel essencial,

sendo cenário das diversas situações que propiciam esta interação

principalmente em seu aspecto social, o qual prepara o aluno para a viver em

harmonia em grupo e em sociedade e com suas diversidades. Além disso, é na

escola onde ocorre a adaptação de conhecimentos acumulados, bem como a

qualificação para o trabalho, no aspecto profissionalizante.

Na concepção de Freire, percebe-se o vínculo entre o diálogo e o afeto é o

que guiará o respeito aos educandos não somente como receptores, mas

também como indivíduos.

Os vínculos afetivos que o aluno institui com os colegas e professores são

valorosos na educação, pois a afetividade estabelece a base de todas as

relações da pessoa diante da vida.

Sabe-se ainda que as dificuldades afetivas provocam falta de adaptações

sociais e escolares, bem como distúrbios no comportamento, o cuidado com a

educação afetiva deve caminhar paralelamente com a educação intelectual.

É na escola, que a criança e o adolescente buscam atender algumas de

suas necessidades afetivas. Mediante a isto é importante que, na relação entre

professor-aluno, sejam refletidos tanto os aspectos cognitivos quanto os

aspectos afetivos desta relação.

“Os laços afetivos que constituem a interação professor-

aluno são necessários à aprendizagem e independem da

definição social do papel escolar, ou mesmo um maior abrigo

das teorias pedagógicas, tendo como base o coração da

interação professor-aluno, isto é, os vínculos cotidianos”.

(AQUINO,1996, p.50)

O diálogo constitui uma ferramenta de grande importância na interação

entre professor e o aluno, principalmente no fator psicológico, sendo este a

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ponte entre o cognitivo e as ações concretas. Ele é o intercâmbio entre os

sujeitos e favorece a aprendizagem. Porém esta aprendizagem não ocorre de

forma espontânea, pois requer um conhecimento por parte do professor da

turma com a qual trabalha, pois para que o diálogo se torne uma constante em

sala de aula é preciso que os sujeitos estejam abertos a novas maneiras de ver

o mundo ao seu redor e que não estejam fechados em seu próprio ponto de

vista.

O professor precisa admitir e compreender que o aluno é portador também

de um saber que foi adquirido através de suas experiências próprias e suas

relações sociais.

Por isso o diálogo se faz tão importante, conhecer a história do aluno, sua

família, suas dificuldades, seus conflitos, seus anseios serão se suma

importância para que o professor entenda o aluno e conseqüentemente este se

sinta seguro e confortável em sala de aula, e faça da sua relação com o

professor e com os colegas algo espontâneo e prazeroso.

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CAPÍTULO III

INDISCIPLINA ESCOLAR-DIMENSÃO PREVENTIVA

3.1 A Indisciplina

No que diz respeito à educação foram consideradas muitas evoluções ao

longo deste século, mas também alguns problemas tiveram destaque, entre

eles a indisciplina.

Esta indisciplina tem sido vivenciada nos lares e mais ainda nas escolas,

sendo uma fonte de estresse nas relações interpessoais principalmente quando

estão associadas a situações de conflito em sala de aula. Além disso, trata-se

de um fenômeno que tem sofrido modificações com o decorrer do tempo. A

indisciplina escolar apresenta atualmente características diferentes e mais

complexidade, por isso parece mais difícil do ponto de vista dos professores

resolvê-la de modo efetivo.

É difícil estabelecer apenas um conceito para a indisciplina escolar, pois se

trata de um tema complexo e precisa incorporar diversos aspectos. Conforme

o dicionário Michaelis a indisciplina é: “falta de disciplina. Ato ou dito contrário à

disciplina. Desobediência, desordem, rebelião”.

Percebe-se em alguns casos que na própria instituição de ensino a

ausência de uma cultura de disciplina preventiva bem como a falta de

professores com preparo adequado para enfrentar esta questão, precisando

que a escola modifique algumas práticas pedagógicas a fim de suprir esta

necessidade. A escola deve desenvolver em seus alunos competências que

formem um aluno crítico, capaz de refletir e intervir sobre a realidade social, e

assim exercer a cidadania. Mas em alguns casos percebe-se que tais

comportamentos, principalmente o pensamento crítico na forma de

contestação, por exemplo, ao ser utilizado dentro da escola, resulta muitas

vezes em situações de conflito quando professores não gostam ou não estão

preparados para lidar com estes tipos de alunos que utilizam estas formas de

expressão. Por isso é importante que todas as manifestações sejam

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observadas e analisadas, a fim de que não sejam rotuladas como indisciplina, e

ser pensado como expressão de uma consciência social em formação.

Para alguns educadores, uma pessoa disciplinada é aquela que usa seu

comportamento de forma inteligente, com auto controle e consciente de seus

impulsos e motivações, uma pessoa que conhece as leis e as utiliza para o

bem comum, que consegue desenvolver uma série de atitudes buscando

entender os outros e adequar seu comportamento a diversas situações do dia a

dia. A disciplina é uma construção de valores, comportamentos, cultura e vida e

que permite que uma série de condições próprias para que a aprendizagem

aconteça.

É Preciso superar a noção de indisciplina como sendo restrita apenas a

algo comportamental, ela precisa ser pensada em conformidade com o

momento histórico do século em que vivemos. A visão da disciplina vem

gradualmente passando por modificações passando da visão de proibição e

punição para uma visão de autodisciplina.

Na concepção de Piaget (1973) essas modificações sobre a forma de

imaginar a disciplina têm coincidências a respeito do desenvolvimento moral e

social da pessoa, além disso, esses desenvolvimentos equivalem aos estágios

de desenvolvimento intelectual. No século passado, há 30 anos atrás, por

exemplo, dificilmente se ouvia falar em indisciplina escolar, pois as escolas

tradicionais aplicavam castigos, muitas vezes físicos e punições como forma de

resgatar a “ordem”. De lá pra cá muito coisa mudou, tanto na escola quanto no

contexto familiar, o que antes era considerado normal hoje é considerado como

abuso e crime. As escolas também adotaram uma postura mais democrática,

valorizando a cidadania e o respeito.

A origem dos comportamentos indisciplinares podem ser procedentes de

diversos fatores: uns podem ser relacionados com o professor, principalmente

em sala de aula, outros oriundos da família dos alunos, outros verificados nos

próprios alunos, outros criados no processo pedagógico escolar, e outros

alheios ao meio escolar. Como relatado anteriormente, a família e o meio social

em que vivem é a primeira fonte de educação que seus filhos conhecem, a

partir de então começa a fazer parte do convívio social escolar. Muitas vezes

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também a indisciplina ocorre na escola porque os alunos não entendem a

matéria ou acham as aulas cansativas.

Diante destes casos o professor pode modificar suas aulas, adotando

atividades estimulantes e interativas. Esse tipo de atitude costuma gerar bons

resultados. Em outras situações a indisciplina se inicia a partir de situações de

conflito e enfrentamento entre o aluno e o professor. Quando isto ocorre o

professor deve buscar o diálogo e ouvir sempre os alunos. Fica sob a

responsabilidade do professor desfazer o clima de conflito e solucionar a

questão. Uma outra atitude positiva que costume gerar bons resultados é criar

algumas regras comuns para o funcionamento das aulas. O professor pode

fazer isso com a ajuda dos próprios alunos.

Dentro das regras estabelecidas podem constar levantar a mão e aguardar

sua vez antes de perguntar ou falar, fazer silêncio em momentos de explicação,

falar num tom adequado, entre outros. Com atitudes como esta o professor

tende a ganhar o respeito sem, no entanto ser autoritário ao extremo. Diante de

posições como esta fica aberto o diálogo onde o professor junto com aluno

deverá buscar soluções para melhorar as condições das aulas. O Objetivo

maior da disciplina é desenvolver no aluno o autocontrole, a autodireção e o

auto-respeito e respeito por todas as coisas que o rodeiam. Para que isto seja

desenvolvido no aluno é preciso que o próprio professor possua essas

qualidades, caso contrário será inútil tentar desenvolver estas qualidades no

aluno.

Para despertar e desenvolver nos alunos a autodireção e a autodisciplina é

muito importante seguir alguns passos:

a) Utilizar maneiras positivas de orientar os alunos.

b) Considerar cada momento em que a disciplina é quebrada, em relação,

às pessoas envolvidas no fato, suas necessidades e seu passado.

c) Proporcionar um clima no qual o respeito e a confiança mútua sejam

possíveis.

d) Ajudar a criança a compreender os motivos de existirem os

regulamentos escolares.

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e) Ajudar as crianças a anteverem as conseqüências de seus próprios

atos.

f) Buscar as causas dos comportamentos infantis, de maneira objetiva e

racional, ao invés de reprimir a criança e forçá-la a mudanças para as

quais não está preparada.

g) Ajudar as crianças a perceberem as causas de seu próprio

comportamento e das ações dos outros, e a desenvolver meios sensatos

de solucionar seus próprios conflitos.

A verdadeira disciplina não se origina de pressões exteriores, ela parte do

íntimo do indivíduo, e este individuo começa a agir com os limites

estabelecidos por ele próprio.

É notório que ninguém nasce disciplinado, pois a disciplina é resultado de

aprendizagens interligadas em todas as áreas – afetiva, cognitiva e motora. Ela

começa nos primeiros dias de vida e se perpetua por toda a vida.

Para Piaget (1973):

“o desenvolvimento moral e social segue alguns estágios que

correspondem aos estágios de desenvolvimentos intelectuais.

Portanto na compreensão de regras, o indivíduo tende a se

desenvolver seqüencialmente de um estágio em que

predomina a moral heterogênea - chamada por Piaget de

moral da obediência e do dever e caracterizada pela atitude

egocêntrica e pela obediência irrefletida às normas importas

de fora - para um estágio onde prevalece a moral autônoma”.

(p.167)

A moral autônoma caracteriza-se pela preparação e aceitação consciente

das regras, pela relação de colaboração espontânea com os outros, pelo

respeito mútuo e pela reciprocidade de sentimentos. Nesta última fase, onde

prevalece a moral autônoma, o indivíduo passa a entender o verdadeiro sentido

das regras e consegue organizar uma escala de valores. Mas para este

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desenvolvimento possa se instaurar é muito importante a contribuição do

ambiente no qual a criança vive, principalmente com relação ao tipo de

relações sociais que ela mantém com os adultos, com os quais convive e

interage.

Desta forma, se a criança desde cedo ao invés de se acostumar somente a

obedecer às normas impostas do exterior, tiver a chance de compartilhar da

criação de padrões de comportamento e de normas de conduta em conjunto

com o adulto, terá uma disposição maior a desenvolver com mais facilidade a

chamada moral autônoma e a capacidade de autodirigir seu comportamento.

A disciplina é indispensável em sala de aula assim como a ordem das

condições que tornam possíveis a aprendizagem. A disciplina escolar é

resultado da organização geral da escola, e também o reflexo da relação que

se institui entre o professor e o aluno. Se as escolas desejam que os alunos

guiem sua conduta de acordo com os princípios firmados, deve-se trabalhar em

sala de aula o desenvolvimento da autodisciplina. Mas o aluno só aplica

normas de comportamento se ele as realiza no seu dia-a-dia.

Por este motivo deve-se preparar e dar condições para que o aluno possa

praticar e vivenciar a autodisciplina no cotidiano da sala de aula. É preciso que

o professor compreenda e aceite os princípios da disciplina democrática e as

pratique diariamente em sala de aula. Como já ressaltado anteriormente, a

disciplina da classe é em grande parte, uma conseqüência da relação

professor-aluno.

Para saber lidar com a indisciplina na atualidade é preciso compreender

melhor sobre suas causas e estabelecer soluções efetivas. Sabe-se que a

indisciplina escolar não apresenta uma única causa, pois esta costuma ser

oriunda de uma série de causas diversas.

Estas causas podem ser agrupadas em dois grupos gerais: às causas

externas à escola e as causas internas. Nas primeiras causas podemos por em

destaque, por exemplo, a influência dos meios de comunicação, a violência

social e o ambiente familiar. Já no interior da escola, destaca-se o ambiente e

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os modos de ensino-aprendizagem, as relações interpessoais entre alunos e

professores, o perfil dos alunos e a sua capacidade de se adequar aos planos

da escola.

Desta forma como foi falada anteriormente a própria relação entre os

professores e alunos geram motivos para a indisciplina, e as formas de

aplicação disciplinar que muitos professores exercem podem reforçar ou

mesmo criar modos de indisciplina.

É preciso exceder a noção de indisciplina como apenas uma questão de

comportamento. Pois se escola apenas se preocupar em resolver “problemas

de comportamento”, nunca chegará a ver a indisciplina solucionada. O “bom

comportamento” nem sempre é sinal de disciplina, pois pode apenas apontar

uma adequação aos esquemas escolares ou simplesmente conformidade.

3.2 Sugestões e encaminhamento preventivos

Mediante a tudo que foi apresentado até o momento, a seguir seguem

algumas sugestões que podem auxiliar o professor e também a orientar a

conduta de seus alunos e a criar condições para o desenvolvimento da

autodisciplina:

1) Estabelecer junto com os alunos modelos de comportamento a serem

seguidos, permitindo que eles analisem e discutam as normas de conduta

propostas, expressando sua opinião a respeito de cada uma delas e

contribuindo com sugestões.

A partir do momento que os alunos podem debater e expressar suas

opiniões sobre as regras de comportamento a serem seguidas por cada um

deles, em particular, e pela classe em geral, eles tem uma disposição maior

em aceitá-las e adotá-las mais facilmente. Deste modo, os regulamentos

firmados em conjunto costumam ser respeitados pelo grupo. Quando o aluno

pode contribuir na elaboração e decisão das regras, ele tem mais motivação

para respeitá-las.

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2) Use comportamentos positivos de orientação da conduta, buscando sempre

desenvolver o autoconceito positivo dos alunos.

O autoconceito é o conceito que alguém tem de si próprio, é a imagem que

faz de si mesmo, tanto do seu interior (personalidade) como exterior (aspecto

físico). Portanto, o autoconceito é a auto-imagem que exerce influência na

auto-estima. Por sua vez, a autodisciplina é um controle interno. Deste modo, o

desenvolvimento da autodisciplina está comparado à formação do autoconceito

positivo. Por este motivo, deve-se usar, como forma de orientar a conduta, o

reforço positivo, elogiando e destacando o comportamento adequado.

A professora Poppovic (1980) e seus colaboradores, na obra Pensamento e

Linguagem, destinada a professores das classes de 1ª série do ensino

fundamental que se iniciam no magistério, afirma que “elogios e recompensas

ajudam mais a motivar o aluno mais do que as críticas e punições. (...) Um

comportamento elogiado tende a aparecer de novo”. Mas ressaltam:

“O elogio precisa ser feito nas oportunidades adequadas. Se

for dado à toa perde o valor de reforço. No entanto, você não

deve ser econômica em elogios, nem tampouco desperdiçar

oportunidades de reforçar positivamente seus alunos. Elogie

sempre, nas ocasiões que achar oportunas”. (p.167)

Elogiar sempre que possível os comportamentos apropriados, assim como

a dedicação e o esforço demonstrados, pois desta maneira estará se

orientando a conduta do aluno encorajando-o a conquistar avanços na

aprendizagem.

Nos momentos em que for necessária a repreensão do professor ao aluno

por qualquer comportamento impróprio, deve procurar fazê-lo de forma

particular, sem submeter o aluno a tratamento vexatório. As repreensões nunca

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deve ser feitas em público e não devem ser humilhantes. Jamais se deve

envergonhar um aluno na frente da classe.

O professor também deve procurar não rotular o aluno. O comportamento

do aluno em sala de aula é muito influenciado pela noção que ele faz de si

próprio (autoconceito) e pelo que o professor espera dele. (e o aluno percebe

quando isso acontece). Logo, o aluno que foi rotulado de “problema”,

“indisciplinado”, “desajustado”, tende a absorver esses estereótipos, formando

um conceito negativo de si. E o que é pior: tem uma disposição natural a agir

dessa forma, retratando o comportamento que é esperado dele.

3) Explicar a razão de existirem as regras de conduta a serem seguidas,

mostrando por que elas são necessárias. Quando houver a necessidade de

uma repreensão fazê-la em particular e explicar por que seu comportamento é

inadequado.

É necessária a aceitação das regras para se viver em sociedade. Mediante

a isto, é preciso mostrar ao aluno que a instituição das regras de conduta não é

algo fora da lei. Cada uma delas tem uma razão de ser na dimensão da escola

em geral, e da sala de aula em particular, pois visam o bom andamento dos

trabalhos escolares.

É importante que o professor possa explicar a seus alunos o porquê das

regras e dos regulamentos escolares existirem, talvez desta forma as

manifestações de indisciplina sejam menores. É primordial discutir cada regra

com a classe, para que os alunos possam entender por que algumas

exigências precisam ser feitas. Durante a explicação, deve-se levar em conta

as sugestões e opiniões dos alunos, procurando deixar bem claro que as

regras que foram propostas pelo grupo precisam ser respeitadas.

4) Respeitar e levar em conta a história pessoal do aluno.

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A indisciplina na escola pode ser uma reação do aluno decorrente de seu

desinteresse, de sua inadaptação, insatisfação ou revolta. Por trás de cada

caso de indisciplina há um problema a ser analisado e solucionado. O

professor deve buscar evitar frustrações, desajustes e a conseqüente

indisciplina, se considerar as experiências anteriores dos alunos e sua história

pessoal de vida, e tratando-os com compreensão e respeito.

Em alunos que sempre demonstram comportamentos inadequados e

revelam com freqüência problemas de indisciplina, desajustamento e

inadaptação, o professor pode realizar entrevistas com ele e com seus pais ou

responsáveis, fazendo um estudo do caso, para tentar encontrar uma forma de

ajudá-lo a melhorar sua forma de agir. As causas desta má conduta podem ser

as mais variadas possíveis. Cabendo ao professor investigá-las.

Em muitos casos, os problemas de ordem afetiva e emocional ultrapassam

o campo de atuação do professor. Nestes casos, o que ele pode fazer além de

conversar com os pais ou responsável é encaminhá-lo a um profissional

especializado, que tenha condições de oferecer o tratamento necessário e o

acompanhamento específico para o caso.

5) Incentivar e permitir que os alunos participem ativamente da organização

escolar e da dinâmica da sala de aula.

Quando o aluno se sente motivado e participa ativamente do processo

ensino-aprendizagem, ele se torna mais concentrado e aprende mais e melhor,

e de uma forma geral, não costuma apresentar problemas de indisciplina.

Na concepção de Poppovic (1980):

“Enquanto participa, ele concentra todas as suas energias na

situação de aprendizagem. E assim mantém seu interesse,

sem ter tempo de ser indisciplinado. (...) A motivação é um

fator fundamental para a aprendizagem. Se não estiver

motivada, a criança perde o interesse. Por causa desse

desinteresse ela muitas vezes fica indisciplinada. Uma forma

importante de motivar a criança é estimular sua iniciativa”.

(p.164)

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Apresentam-se a seguir algumas sugestões que podem ajudar o professor

a incentivar a participação do aluno no processo ensino-aprendizagem e na

dinâmica de sala de aula:

- Oferecer atividades que desafiem, que envolvam uma situação-

problema e mobilizem a parte cognitiva de natureza operativa dos

alunos. Essas atividades podem ser individuais, ou em grupos. Os jogos

e trabalhos em equipe, por exemplo, ativam o relacionamento entre os

alunos e estimulam a integração da classe.

- Realizar atividades que envolvam a expressão oral, nas quais o aluno

além de ouvir e fazer-se ouvir, possa falar sobre o que aprendeu e

externar suas opiniões e suas dúvidas.

O professor pode após dar uma explicação sobre determinado

conteúdo, escolher um aluno e pedir para que o mesmo faça um rápido

resumo sobre o que foi explicado. Desta forma os alunos se manterão

atentos e prestarão atenção na explicação do professor, pois sabem que

serão solicitados a fazer uma breve explicação oral do que foi exposto

para a classe. Caso algum aluno apresente uma dúvida sobre algum

tópico da explicação dada, antes de apresentar o assunto novamente,

verifique quais os alunos que entenderem aquele tópico, e solicite a um

deles para explicá-lo novamente à classe, e, principalmente, ao colega

que não entendeu.

Esta forma de agir auxilia para desenvolver a cooperação entre os

alunos, pois assim eles têm a possibilidade de se ajudarem no processo

de construção coletiva do conhecimento. Além disso, ajuda, também, a

desenvolver a aprendizagem autopossuida, que é aquela que se

caracteriza pelo fato do aluno ter aprendido e saber que aprendeu.

- Distribuir algumas funções e dividir as tarefas, como apagar o quadro,

recolher cadernos, distribuir material, pendurar cartazes e quadros

didáticos, levar recados do professor a outros funcionários da escola,

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etc., é importante que estas funções sejam feitas em forma de rodízio.

Desta forma todos participam da dinâmica da sala de aula e também se

sentem responsáveis por ela.

Percebe-se então que a participação ativa do aluno na aula depende do

grau de motivação pelo assunto ou atividade focalizada. É importante

também que a incentivação da aprendizagem ocorra durante o percorrer da

aula e da unidade de ensino, dependendo, em parte, do ambiente da sala

de aula e do clima de relações humanas existente nela.

Se um professor aparenta indiferença pelo assunto que explica a seus

alunos, facilmente terá alunos desinteressados pelo assunto. Já um

professor que gosta do que faz e demonstra sua alegria e interesse pelo

que ensina, certamente terá mais facilidade para incentivar seus alunos a

aprender o que expõe e a se interessar pelo assunto.

A seguir, apresentam-se alguns procedimentos que podem ajudar no

processo de incentivação da aprendizagem:

a) Relacionar o que está sendo ensinado e aprendido com a realidade.

Deste modo ao introduzir um novo conteúdo ou iniciar uma atividade,

começar sempre pelos fatos e situações reais relacionados ao ambiente

imediato (físico ou social) e próximos da experiência da realidade do

aluno. A partir desta correlação, chega-se à abstração, à generalização

e à elaboração teórica, por meio da mobilização dos esquemas

operatórios do pensamento, que geram a reflexão e o raciocínio. Em

seguida fazer com que os alunos apliquem novamente aos fatos, o

conhecimento já organizado e sistematizado a partir do real.

b) A partir de uma situação-problema apresentar novos desafios, para a

qual os alunos devem encontrar, individualmente ou em grupos, uma

explicação ou solução. Através deste processo de descoberta (que

envolve ensaio e erro) e de procedimentos, como a pesquisa, o diálogo

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e a análise das informações expostas ao professor, o aluno recolhe

dados que, inseridos à situação-problema apresentada, ajudam a

esclarecê-la, explicá-la ou resolvê-la.

c) De acordo com a faixa etária e com o nível de desenvolvimento dos

alunos usar procedimentos ativos de ensino-aprendizagem.

Isto significa que para incentivar a aprendizagem, é necessário

apresentar aos alunos atividades desafiadoras, que estimulem sua

participação e acionem e mobilizem seus esquemas operativos de cognição

(sejam eles sensório-motores, simbólicos ou operatórios). Os alunos devem

vivenciar situações de ensino-aprendizagem ativas, onde possam observar,

comparar, classificar, ordenar, seriar, fazer estimativas, realizar operações

numéricas a partir da manipulação de material concreto, localizar no tempo

e no espaço, coletar e analisar dados, sintetizar, propor e comprovar

hipóteses, chegar à conclusões, elaborar conceitos, avaliar, julgar, enfim,

onde possam agilizar e praticar operações cognitivas.

d) Incentivar o aluno a se auto-superar gradativamente, através de

atividades sucessivas de dificuldade progressiva. Apresentar pequenas

tarefas e preparar os alunos para realizá-las, proporcionando-lhes as

condições necessárias para assegurar que alcancem o objetivo. Elogiar

e reforçar o sucesso alcançado pelos alunos, demonstrando interesse

por aquilo que conseguem realizar bem.

e) Explicar o objetivo a ser alcançado com a realização de certa atividade

ou estudo de determinado conteúdo, relacionando este objetivo à

realidade do aluno.

f) Proporcionar e manter um ambiente agradável em sala de aula,

estimulando a cooperação entre os alunos, pois as relações humanas

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que se estabelecem na sala de aula influem na aprendizagem. Orientar

e supervisionar os trabalhos, acompanhando e assistindo os alunos

quando necessitarem. Elogiar o esforço realizado por cada um e o

progresso alcançado, inspirando confiança e segurança própria.

g) Regularmente informar os alunos sobre os resultados que estão sendo

alcançados, analisando seus avanços e dificuldades nos processo de

construção do conhecimento.

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CONCLUSÃO

O presente trabalho procurou relatar a importância das relações interpessoais

na vida da criança, principalmente na família e na relação com o professor, a

importância do diálogo que é uma das formas mais eficazes de se alcançar a

disciplina e uma interação afetuosa e algumas formas de prevenções e

medidas que podem auxiliar para que comportamento de indisciplina decaiam

cada vez mais no ambiente escolar.

Considerou-se ainda como é importante introduzir novas técnicas educacionais

para que estas se tornem instrumento entre professores e alunos. Desenvolver

nos alunos novas habilidade de estudo e utilizar novas estratégias de

aprendizagem de forma cooperativa. Prover modificações na imagem da escola

através de atividades extracurriculares, envolvendo a comunidade escolar

como um todo, que ajudem a melhorar a estima pela escola e o valor desta

perante os estudantes.

Oferecer serviços especiais, tais como aconselhamento e supervisão,

sobretudo para aqueles alunos com problemas disciplinares mais sérios.

Enfatizar a necessidade de melhorar a comunicação e o envolvimento dos pais

nos processos da escola e na relação com os professores.

Acredita-se ainda que as escolas precisam desenvolver políticas internas para

lidar, sobretudo de forma preventiva, com a indisciplina, há também a

necessidade de programas de formação de professores em serviço, voltada

para a indisciplina.

Mediante a tudo que foi levantado concluiu-se ainda que existe uma

precariedade no diálogo nas relações pedagógicas, principalmente no âmbito

escolar, pois se acredita que é através do diálogo que os alunos podem

encontrar o verdadeiro momento de aprendizagem, facilitar a interação entre

ambos e conseqüentemente uma melhor aprendizagem.

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Espera-se que a partir deste trabalho e de outros já realizados novos

pesquisadores e estudiosos possam lançar novas alternativas e estratégias de

motivação e aprendizagem a fim de reter cada vez mais a atenção de nossos

alunos na sala de aula. Além de tudo isso que os pais como principais

geradores de educação possam dedicar-se mais a educação de seus filhos e

contribuírem cada vez mais para a formação de seu caráter.

Defende-se que ainda existam muitas outras vertentes a serem estudadas e

discutidas e espera-se que este assim como outros trabalhos possam incitar a

novas pesquisas e aprimoramentos a fim de favorecer cada vez mais a

educação como um todo.

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WEBGRAFIA

Revista Veja on line: www.veja.abril.com.Br/noticia/educação/papel-professor