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Page 1: Direito Internacional Privado · 2017. 10. 19. · -Estatuto do estrangeiro - Lei nº 6.815/80: art. 1º “Emtempo de paz, qualquer estrangeiro poderá, satisfeitas as condições

Direito Internacional

Privado

Joyce Lira

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3) Aspectos constitucionais sobre os indivíduos e o Direito Internacional

Privado.

Aula 10 – Condição jurídica do estrangeiro.

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a) Aspectos históricos

- Igualdade

- Fustel de Coulanges (livro Cidade Antiga) – antiguidade: “a religião abria entre o

cidadão e o estrangeiro profunda e indelével distinção, vedado a este participar do

direito de cidade” (COULANGES, 1971, p. 240).

- Necessidade de justiça para o estrangeiro: tribunal excepcional e violação da igualdade.

- Ex.: Roma tinha um pretor especial para julgar o estrangeiro, o pretor peregrinus, e em

Atenas, o juiz dos estrangeiros era o polemarca, o magistrado encarregado dos

cuidados da guerra e de todas as relações com o inimigo.

- Dificuldade de evolução: Estados tendentes ao autoritarismo no tema de proteção

jurídica do estrangeiro. Tendência de não conceder tratamento igualitário. Estímulo à

xenofobia.

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- Entrada de estrangeiros no Brasil:

Carta Régia de D. João VI, de 1808: decretou a abertura dos portos, estimulando

gradativamente a imigração - “ qualquer pode conservar-se ou sair do Império como lhe

convenha, levando consigo os seus bens, guardados os regulamentos policiais e salvo prejuízo

de terceiro”,

Constituição Republicana: “em tempo de paz, qualquer pessoa pode entrar no território

nacional ou dele sair, com a sua fortuna e bens, quando e como lhe convier,

independentemente de passaporte”.

Limitação da corrente migratória:

- Século XX (influencia da legislação americana): imposição do sistema de cotas para

ingressar no país;

- Brasil em 1934 determinou restrições, não podendo a corrente imigratória de cada país

exceder, anualmente, o limite de dois por cento sobre o número total dos respectivos nacionais

fixados no Brasil nos próximos cinquenta anos;

- O sistema de cotas foi mantido na carta de 1937;

- Constituição de 1946 aboliu o regime de cotas, restabelecendo a livre entrada no território

nacional;

- Constituição de 1967 manteve a liberdade de entrada.

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b) Conceito

- CRFB/88: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no

País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e

à propriedade, nos termos seguintes: (...)”

- O estrangeiro é o indivíduo natural de outro país.

- Pode estar num país em duas circunstâncias:

caráter provisório, seja como visitante, turista ou em missão especial, seja

de caráter científico, técnico, diplomático;

em caráter permanente, a exemplo do imigrante.

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- Estatuto do estrangeiro

- Lei nº 6.815/80: art. 1º “Em tempo de paz, qualquer estrangeiro poderá, satisfeitas as

condições desta Lei, entrar e permanecer no Brasil e dele sair, resguardados os

interesses nacionais”.

- OBS: Revogação da Lei 818/1949 (lei sobre nacionalidade) e Lei 6.815/1980

(Estatuto do Estrangeiro) pela Lei 13.445/2017 (Lei de Migração): Art.

124. Revogam-se: I - a Lei no 818, de 18 de setembro de 1949; e II - a Lei no 6.815,

de 19 de agosto de 1980 (Estatuto do Estrangeiro).

- Vacatio Legis: Art. 125. Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e

oitenta) dias de sua publicação oficial. (publicação em 25/05/2017)

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c) Visto

- Conceito: permissão para que o estrangeiro entre no Brasil se dá pela concessão do

visto de entrada.

- A permissão de entrada de estrangeiro em território nacional é ato discricionário do

Estado, assim o visto não constitui um direito subjetivo à entrada e ainda menos à

permanência no território, é mera expectativa de direito.

- Tipos de visto de entrada no Brasil: de turista, de trânsito, de cortesia, oficial ou

diplomático. Pode ser ainda temporário ou permanente, bem como individual ou

extensivo aos dependentes daquele considerado titular.

- No visto permanente o estrangeiro tem intenção de permanecer definitivamente no país,

já no visto temporário o estrangeiro tem ânimo de permanência temporário, não sendo

possível a prestação de trabalho remunerado.

- Frise-se que de acordo com o art. 51 do Estatuto do Estrangeiro ”um estrangeiro que

tenha visto permanente e venha a se ausentar do Brasil poderá regressar

independentemente de visto se o fizer dentro de dois anos”.

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d) Portugueses

- Originários de países de língua portuguesa.

- Naturalização (art. 12, II, a, CRFB/88). “Art. 12. São brasileiros: II - naturalizados: a) os

que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de

países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade

moral;”

- Não naturalizados (continuam estrangeiros): art. 12, § 1º Aos portugueses com residência

permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os

direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.

- Cláusula de reciprocidade: Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta, entre a

República Federativa do Brasil e a República Portuguesa (Decreto 3.927/2001)

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- STF: Quase-nacionalidade

E M E N T A: EXTRADIÇÃO PASSIVA - ACUSAÇÃO POR SUPOSTA PRÁTICA DE TRÁFICO ILÍCITO DE

ENTORPECENTES - SÚDITO ESTRANGEIRO QUE POSSUI FILHOS BRASILEIROS - CAUSA QUE NÃO

OBSTA A ENTREGA EXTRADICIONAL - SÚMULA 421/STF - RECEPÇÃO PELA VIGENTE CONSTITUIÇÃO DA

REPÚBLICA - CONVENÇÃO SOBRE IGUALDADE DE DIREITOS E DEVERES ENTRE BRASILEIROS E

PORTUGUESES - COMPATIBILIDADE DESSE TRATADO INTERNACIONAL COM O ART. 12, § 1º DA

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - INSTITUTO DA QUASE-NACIONALIDADE - ACESSO À CONDIÇÃO

JURÍDICA DE QUASE-NACIONAL DO BRASIL - CONDIÇÕES - PEDIDO EXTRADICIONAL FUNDADO NOS

MESMOS FATOS QUE ENSEJARAM A INSTAURAÇÃO, PERANTE A JUSTIÇA BRASILEIRA, DE

PROCEDIMENTO PENAL CONTRA O EXTRADITANDO - INVIABILIDADE DA EXTRADIÇÃO - PEDIDO

INDEFERIDO. SÚMULA 421/STF: ENUNCIADO COMPATÍVEL COM O TEXTO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988. –

(...) O ESTATUTO DA IGUALDADE E O INSTITUTO DA QUASE-NACIONALIDADE (CF, ART. 12, § 1º). - A

norma inscrita no art. 12, § 1º da Constituição da República - que contempla, em seu texto, hipótese

excepcional de quase-nacionalidade - não opera de modo imediato, seja quanto ao seu conteúdo eficacial,

seja no que se refere a todas as conseqüências jurídicas que dela derivam, pois, para incidir, além de

supor o pronunciamento aquiescente do Estado brasileiro, fundado em sua própria soberania, depende,

ainda, de requerimento do súdito português interessado, a quem se impõe, para tal efeito, a obrigação de

preencher os requisitos estipulados pela Convenção sobre Igualdade de Direitos e Deveres entre

brasileiros e portugueses.(...) (Ext 890, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em

05/08/2004, DJ 28-10-2004 PP-00037 EMENT VOL-02170-01 PP-00030 RTJ VOL-00192-03 PP-00808)

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e) Tratamento diferenciado ao estrangeiro

- O direito à igualdade não é absoluto.

- As distinções devem ser taxativamente previstas na CF.

Art. 5º, LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

Art. 12, § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dosDeputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial dasForças Armadas; VII - de Ministro de Estado da Defesa

Art. 12, § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, emvirtude de atividade nociva ao interesse nacional;

Art. 89. O Conselho da República é órgão superior de consulta do Presidente da República, e dele participam: VII - seis cidadãos brasileirosnatos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Presidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal e doiseleitos pela Câmara dos Deputados, todos com mandato de três anos, vedada a recondução.

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ounaturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País

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e.1) Extradição

- Distingue-se de expulsão, deportação, banimento, asilo político e refúgio.

- “Extradição é o ato mediante o qual um Estado entrega a outro Estado

indivíduo acusado de haver cometido crime de certa gravidade ou que já se

acha condenado por aquele, após haver-se certificado de que os direitos

humanos do extraditando serão garantidos. A instituição da extradição tem por

objetivo principal evitar, mediante a cooperação internacional, que um

indivíduo deixe de pagar pelas consequências de um crime cometido.

Atualmente, a extradição procura garantir ao acusado um julgamento justo, de

conformidade com o art. XIX da Declaração Universal dos Direitos Humanos,

segundo o qual ‘todo homem acusado de um ato delituoso tem o direito de ser

presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo

com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas

as garantias necessárias a sua defesa’.” (Accioly, Nascimento e Silva e

Casella)

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- Extradição ativa:

O requerimento de entrega é feito pelo Brasil ao Estado estrangeiro.

Art. 20, caput, do Decreto-lei n. 394/38.

Art. 20. Quando se tratar de indivíduo reclamado pela justiça brasileira e refugiado em país estrangeiro, o pedido

de extradição deverá ser transmitido ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores, que e examinará e,

se o julgar procedente, o encaminhará ao Ministério das Relações Exteriores, para os fins convenientes,

fazendo-o acompanhar de cópia dos textos da lei brasileira referentes ao crime praticado, à pena aplicável e

à sua prescrição, e de dados ou informações que esclareçam devidamente o pedido. Em casos de urgência,

o Ministério da Justiça e Negócios Interiores solicitará as necessárias providências ao das Relações

Exteriores, para que este peça a prisão preventiva do extraditando.

Quando, em virtude de tratado, a país estrangeiro o permitir, as autoridades judiciárias ou administrativas dos

Estados poderão diretamente solicitar a prisão provisória do extraditando ás autoridades competentes do

referido país. Nesse caso, porém, deverão imediatamente levar o fato ao conhecimento do Ministério da

Justiça, que o encaminhará ao das Relações Exteriores, para que confirme o pedido pelos meios regulares.

STF não tem papel ativo nesse pedido. (AP 470)

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- Extradição passiva:

O requerimento de entrega é feito pelo Estado estrangeiro ao Brasil.

Brasileiro nato nunca poderá ser extraditado (art. 5º, LI, CRFB/88).

Brasileiro naturalizado: crimes comuns anteriores à naturalização ou tráfico

ilícito de entorpecentes e drogas afins, independentemente do momento do

crime.

o estrangeiro não poderá ser extraditado por crime político ou de opinião (art.

5º, LII, CRFB/88): LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime

político ou de opinião;

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- Procedimento (extradição passiva): art. 76 e ss., Lei 6.815/80 (estatuto do estrangeiro)

OBS: Lei 13.445/17

Pedido/Extradição Exame STF Interrogatório Defesa Plenário

Via diplomática pressupostos formais ou identidade legalidade e

Ou M.J. de admissibilidade arquivamento defeito formal procedência

ilegalidade (irrecorrível)

prisão cautelar

(não admitidas

liberdade vigiada,

prisão domiciliar,

prisão albergue –

mudança com a nova lei)

90 dias 10 dias

Retirada

do

Extraditando

60 dias

ou

liberdade

Obs: Art. 88. Negada a extradição, não se admitirá novo pedido baseado no mesmo fato.

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- A extradição, ao final do procedimento, é decisão discricionária do Presidente da

República, por questão de soberania (Pedro Lenza) ou motivada em ilegalidade

- Ext. 1.085 STF – caso Cesare Battisti, refugiado: Presidente da República decidiu

não extraditar.

- O fato de o extraditando ter constituído família no Brasil não afasta a possibilidade

da extradição (diferente da expulsão – art. 75, II, a e b da Lei 6.815/80). Súmula

421 do STF.

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e.2) Expulsão

Lei 6.815/80 Art. 65. É passível de expulsão o estrangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a

segurança nacional, a ordem política ou social, a tranqüilidade ou moralidade pública e a economia

popular, ou cujo procedimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses

nacionais.

Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o estrangeiro que:

a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou permanência no Brasil;

b) havendo entrado no território nacional com infração à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for

determinado para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;

c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou

d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei para estrangeiro.

Art. 66. Caberá exclusivamente ao Presidente da República resolver sobre a conveniência e a oportunidade da

expulsão ou de sua revogação.

Parágrafo único. A medida expulsória ou a sua revogação far-se-á por decreto.

- Controle judicial: habeas corpus

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Lei 6.815/80 - Art. 75. Não se procederá à expulsão:

I - se implicar extradição inadmitida pela lei brasileira; ou

II - quando o estrangeiro tiver:

a) Cônjuge brasileiro do qual não esteja divorciado ou separado, de fato ou de direito, e desde que o casamento

tenha sido celebrado há mais de 5 (cinco) anos; ou

b) filho brasileiro que, comprovadamente, esteja sob sua guarda e dele dependa economicamente.

§ 1º. não constituem impedimento à expulsão a adoção ou o reconhecimento de filho brasileiro

supervenientes ao fato que o motivar.

§ 2º. Verificados o abandono do filho, o divórcio ou a separação, de fato ou de direito, a expulsão poderá

efetivar-se a qualquer tempo.

- STJ: posição mais branda quanto aos filhos posteriores (art. 227 e 229,

CRFB/88)

- STF: RE 608898 (matéria pendente)

- Não existe expulsão ou banimento de brasileiros: CRFB/88, art. 5º, inciso XLVII -

não haverá penas: (...) d) de banimento;

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Lei 13.445/17 - Art. 54. A expulsão consiste em medida administrativa de retirada compulsória de migrante ou visitante do

território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por prazo determinado.

§ 1o Poderá dar causa à expulsão a condenação com sentença transitada em julgado relativa à prática de:

I - crime de genocídio, crime contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de

Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998, promulgado pelo Decreto no 4.388, de 25 de setembro de 2002; ou

II - crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as possibilidades de

ressocialização em território nacional.

§ 2o Caberá à autoridade competente resolver sobre a expulsão, a duração do impedimento de reingresso e a suspensão ou a

revogação dos efeitos da expulsão, observado o disposto nesta Lei.

§ 3o O processamento da expulsão em caso de crime comum não prejudicará a progressão de regime, o cumprimento da pena, a

suspensão condicional do processo, a comutação da pena ou a concessão de pena alternativa, de indulto coletivo ou individual,

de anistia ou de quaisquer benefícios concedidos em igualdade de condições ao nacional brasileiro.

§ 4o O prazo de vigência da medida de impedimento vinculada aos efeitos da expulsão será proporcional ao prazo total da

pena aplicada e nunca será superior ao dobro de seu tempo.

Art. 55. Não se procederá à expulsão quando:

I - a medida configurar extradição inadmitida pela legislação brasileira;

II - o expulsando:

a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou tiver pessoa brasileira sob

sua tutela;

b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação alguma, reconhecido judicial ou legalmente;

c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo desde então no País;

d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há mais de 10 (dez) anos, considerados a gravidade e o

fundamento da expulsão; ou

e) (VETADO).

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e.3) Deportação

- Outro modo de devolução de indivíduo ao Estado estrangeiro.

- Diferença: não está ligada à prática de delito, mas à entrada ou permanência

irregular do estrangeiro, sem a retirada voluntária no prazo fixado (saída

compulsória).

- Situação de entrada ou permanência irregular ou clandestina.

- Impossibilidade de deportação (lei 6.815/80):

Art. 62. Não sendo exeqüível a deportação ou quando existirem indícios sérios de periculosidade ou

indesejabilidade do estrangeiro, proceder-se-á à sua expulsão.

Art. 63. Não se procederá à deportação se implicar em extradição inadmitida pela lei brasileira.

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Lei 13.445/17 - Art. 50. A deportação é medida decorrente de procedimento administrativo que consiste na retirada

compulsória de pessoa que se encontre em situação migratória irregular em território nacional.

§ 1o A deportação será precedida de notificação pessoal ao deportando, da qual constem, expressamente, as

irregularidades verificadas e prazo para a regularização não inferior a 60 (sessenta) dias, podendo ser prorrogado,

por igual período, por despacho fundamentado e mediante compromisso de a pessoa manter atualizadas suas

informações domiciliares.

§ 2o A notificação prevista no § 1o não impede a livre circulação em território nacional, devendo o deportando

informar seu domicílio e suas atividades.

§ 3o Vencido o prazo do § 1o sem que se regularize a situação migratória, a deportação poderá ser executada.

§ 4o A deportação não exclui eventuais direitos adquiridos em relações contratuais ou decorrentes da lei brasileira.

§ 5o A saída voluntária de pessoa notificada para deixar o País equivale ao cumprimento da notificação de

deportação para todos os fins.

§ 6o O prazo previsto no § 1o poderá ser reduzido nos casos que se enquadrem no inciso IX do art. 45.

Art. 51. Os procedimentos conducentes à deportação devem respeitar o contraditório e a ampla defesa e a garantia

de recurso com efeito suspensivo.

§ 1o A Defensoria Pública da União deverá ser notificada, preferencialmente por meio eletrônico, para prestação de

assistência ao deportando em todos os procedimentos administrativos de deportação.

§ 2o A ausência de manifestação da Defensoria Pública da União, desde que prévia e devidamente notificada, não

impedirá a efetivação da medida de deportação.

Art. 52. Em se tratando de apátrida, o procedimento de deportação dependerá de prévia autorização da autoridade

competente.

Art. 53. Não se procederá à deportação se a medida configurar extradição não admitida pela legislação brasileira.

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e.4) Asilo e refúgio

- CRFB/88, Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações

internacionais pelos seguintes princípios: (...) X - concessão de asilo político.

- Asilo político: “é o acolhimento, pelo Estado, de estrangeiro perseguido por

alhures – geralmente, mas não necessariamente em seu próprio país patrial –,

por causa de dissidência política, de delitos de opinião, ou por crimes que,

relacionados com a segurança do Estado, não configuram quebra do direito

penal comum.”

- O asilo político se subdivide em:

Asilo territorial: concedido ao estrangeiro no âmbito espacial da soberania estatal;

Asilo diplomático: concedido ao estrangeiro pela autoridade diplomática brasileira

no exterior, ficando protegido, por exemplo, na Embaixada, no Consulado, em

navio, aeronave, acampamento militar, etc.

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- Lei 9.474/97: Estatuto dos Refugiados.

Art. 1º Será reconhecido como refugiado todo indivíduo que:

I - devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas

encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país;

II - não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual, não possa ou não queira regressar a

ele, em função das circunstâncias descritas no inciso anterior;

III - devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar

refúgio em outro país.

Art. 3º Não se beneficiarão da condição de refugiado os indivíduos que:

I - já desfrutem de proteção ou assistência por parte de organismo ou instituição das Nações Unidas que não o Alto Comissariado

das Nações Unidas para os Refugiados - ACNUR;

II - sejam residentes no território nacional e tenham direitos e obrigações relacionados com a condição de nacional brasileiro;

III - tenham cometido crime contra a paz, crime de guerra, crime contra a humanidade, crime hediondo, participado de atos

terroristas ou tráfico de drogas;

IV - sejam considerados culpados de atos contrários aos fins e princípios das Nações Unidas.

- Refúgio: decorre de um abalo maior das estruturas de determinado país e que, por esse motivo, possa gerar vítimas em

potencial.

- Solicitado ao Comitê Nacional para os Refugiados (Ministério da Justiça).

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e.5) Cargos privativos de brasileiros natos

- Condição jurídica diferenciada do estrangeiro

- Art. 12, §3º, CRFB/88:

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.

VII - de Ministro de Estado da Defesa

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Bibliografia

- LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.