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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA Cultura x ensino superior brasileiro – Proposta de um modelo Por: M. Sc. Rodrigo Ventura da Silva Orientador Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho. Rio de Janeiro 2013 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

Cultura x ensino superior brasileiro – Proposta de um modelo

Por: M. Sc. Rodrigo Ventura da Silva

Orientador

Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho.

Rio de Janeiro

2013

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PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

Cultura x ensino superior brasileiro – Proposta de um modelo

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em educação superior.

Por: M. Sc. Rodrigo Ventura da Silva.

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus pela

força diária e aos meus grandes

amigos de pós-graduação por todo

apoio e tempo disponibilizados para

conversas construtivas sobre as aulas

e conhecimentos construídos e que

muitos levarei para sempre comigo,

dando destaque a Fidelcino, Sayonara,

Edilce, Flávio, Sérgio e Sabrina.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha fiel

companheira Christine por todo o apoio e

pelos momentos difíceis e felizes que

“deixamos de viver” para a conclusão

deste trabalho.

5

RESUMO

Os atuais estudos em educação vêm permitindo cada vez mais a

pesquisadores e alunos entenderem e melhorarem o processo de ensino-

aprendizagem. No entanto, a formação de culturas e subculturas de uma

sociedade, causam enormes impactos que modificam a cultura de uma sala de

aula e que, estando condicionada a esta cultura superior, podem gerar

resultados inesperados neste processo. Neste sentido, se torna imperativo

identificar e isolar os elementos que causam impactos nessa cultura de sala de

aula, e após seu entendimento, não somente pelo corpo docente, mas também

por todos os seus atores, como instituição, coordenadores e corpo

administrativo, é possível criar ferramentas que possam gerar melhorias ou

amenizar os fatores que impactam na cultura de sala de aula, para que a

instituição solucione os problemas e tenha maior aderência de seus clientes e,

cresça cada vez mais com competitividade sustentável alinhada com um

excelente processo de ensino, se tornando referência em seu segmento.

Neste trabalho foram identificados os fatores (grandes grupos) que

compõem uma cultura de sala de aula, como eles se relacionam – gerando

significado por um modelo conceitual, sendo validado por um questionário

baseado em perguntas que foram passadas a alunos de primeiro e último

período de um curso superior. O resultado se apresentou satisfatório e a

conclusão é que o modelo pode atender a demais cursos, ficando somente

inviável, com a estrutura financeira e tempo disponíveis atuais, a sua validação

em casos nacionais (ou internacionais) como um modelo “universal”.

6

Metodologia

O trabalho está balizado no método dedutivo, que parte de uma

situação geral para identificar um aspecto em particular, pois a partir da cultura

geral, será construído o modelo de cultura “local”. A análise de estudos está

baseada na pesquisa bibliográfica de antropologia cultural com base em

autores como Gilberto Freyre, Reinholdo Aloysio e Luiz Gonzaga de Mello,

além de artigos técnicos. Focando a análise do ensino superior, será feita uma

pesquisa bibliográfica, onde serão pesquisados autores como Durmeval

Mendes e sítios da Internet como: ENADE e MEC, além de pesquisa a artigos

abordando o tema. Após a revisão bibliográfica, será construído um modelo

que analise/ explique o fenômeno apoiado por um questionário que será

distribuído em duas turmas de graduação visando sua validação.

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Sumário

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 8 CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 12 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 12

1.1 Cultura ................................................................................................................. 12 1.1.1 O que é cultura? ............................................................................................. 12

1.1.2 Tipos de cultura ............................................................................................. 13

1.1.3 A importância do estudo da cultura ............................................................... 14

1.1.4 Características da cultura ............................................................................... 15

1.1.5 Cultura popular brasileira .............................................................................. 20

1.1.6 Cultura x economia ........................................................................................ 21

1.2 Ensino Superior................................................................................................... 22 1.2.1 Legislação do ensino superior no Brasil ........................................................ 22

1.2.2 A política das instituições de ensino superior no Brasil ................................ 25

1.2.3 O papel da educação superior na sociedade contemporânea ......................... 27

1.2.4 Objetivos e avaliação da educação superior no Brasil ................................... 29

1.3 Modelagem ........................................................................................................... 31 1.3.1 O que é um modelo ........................................................................................ 31

1.3.2 O objetivo e a importância da modelagem .................................................... 31

CAPÍTULO 2 ................................................................................................................ 33 CULTURA X EDUCAÇÃO SUPERIOR: A CONSTRUÇÃO DO MODELO ...... 33

2.1 Ambiente de ensino superior x cultura ............................................................. 33

2.2 Cultura x características do ensino superior no Brasil ................................... 35

2.3 Construção de modelo para o ensino superior no Brasil ................................ 36 CAPITULO 3 ................................................................................................................ 42 VALIDAÇÃO DO MODELO PROPOSTO ............................................................... 42

3.1 Confecção do questionário ................................................................................. 42

3.1 Aplicação e análise dos resultados do questionário ......................................... 42 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 48 ANEXOS ........................................................................................................................ 50

Anexo 1 Modelo de questionário ............................................................................. 50 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 51 WEBGRAFIA ............................................................................................................... 53

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INTRODUÇÃO

A partir de experiências pessoais como docente do ensino médio,

superior e pós-graduação, o autor deste trabalho percebeu/ intuiu a existência

de uma “cultura” dentro da sala de aula, que varia de turma para turma,

instituição para instituição, disciplina para disciplina, docente para docente, etc.

Então, a partir desta observação, fica a pergunta: Quais são os fatores

culturais que geram ou impactam na formação desta “subcultura mutante” na

sala de aula? A pergunta se torna relevante no sentido de entender como

atores desta interação: docente, instituição, mercado, governo e entre outros

podem utilizá-la para potencializar ou solucionar problemas relacionados à

didática e construir um modelo de ensino mais adequado de acordo com a

realidade de cada turma.

A justificativa do trabalho está balisada em estudos que apontam que a

cultura brasileira permeia todas as camadas da sociedade e de todos os seus

elementos e subgrupos – inclusive o meio acadêmico, tanto o corpo discente,

quanto o corpo docente. Esta interação se transforma ao longo do tempo e o

meio social, à partir de transformações tecnológicas, simbólicas, sociais,

biológicas, entre outras, geram novas demandas de conhecimentos, que se

refletem no meio acadêmico com a transformação do ambiente escolar,

modernização do parque tecnológico, criação de novos ramos de formação E,

neste contexto, antigas formações precisam ajustar seus parâmetros de

avaliação, ensino e métodos pedagógicos para se adaptar a esta nova

realidade.

Mas, neste processo, é necessário identificar quais os principais traços

da cultura brasileira que caracterizam os objetivos e a construção da visão

social sobre o ensino superior brasileiro, como eles influenciam a educação

superior e como é possível identificá-los, objetivando agilizar a disseminação

da informação fornecendo a toda infra-estrutura acadêmica: professores,

coordenadores, diretores e secretaria, informações que possam balizar melhor

a tomada de decisão e dinamizar o processo de revisão de material de ensino,

grade curricular, método pedagógico e ferramentas de ensino para tornar a

9

universidade mais dinâmica e adequada a essa “nova realidade” e atender

melhor a seus clientes.

O processo de globalização interligou o mundo e agilizou o processo

disseminação da informação e da cultura, ampliando assim a reflexão sobre os

saberes e a hipótese é que os fatores culturais mais presentes são

determinados por fatores externos em conjunto com a importância que a

sociedade comum e o meio social que o indivíduo convive percebe em

determinado curso ou formação acadêmica superior, logo, estes fatores são

transportados para o estudante, influenciando sua tomada de decisão

(inclusive) com relação a fatores motivacionais pessoais, como: vontade de

aprender, persistência, determinação, entre outros e impactam nas

expectativas que as faculdades tem para seus cursos e sua valorização no

mercado de trabalho e expectativas de crescimento como instituições de

ensino superior.

O objetivo geral é identificar os principais elementos comuns entre a

cultura e ensino superior brasileiros e o trabalho foi estruturado a partir dos

referenciais teóricos descritos abaixo:

1) Antropologia cultural – Aonde são estudados os preceitos de cultura,

sua formação e origens, buscando as bases de seus estudos de formação.

2) Sociedade e cultura – Neste momento, são levantadas as diversas

características de uma cultura e configurações, seus métodos de formação em

uma sociedade, seus impactos e a relevância de estudar a cultura de uma

sociedade.

3) Aspectos da sociedade brasileira – Neste terceiro estágio, a sociedade

brasileira é estudada mais a fundo, respondendo a questões relevantes como:

o que ela espera, qual o seu objetivo, quais são seus elementos mais

marcantes, quem são os seus atores e quais possuem uma maior influência

em sua estrutura.

4) Modelagem – Os conceitos fundamentais de modelagem refletem acerca da

necessidade da construção de um modelo que explique os fatores

fenomenológicos relacionados a um determinado evento ou ambiente e as

10

relações entre esses elementos produzindo efeitos (desejáveis ou não) e como

eles influenciam o processo.

5) Premissas legais do ensino superior – A legalização do processo de ensino

dita as premissas básicas que são cobradas (e esperadas) do governo que, em

tese, deve refletir as necessidades de desenvolvimento da sociedade e suas

expectativas.

6) Aspectos culturais do ensino superior brasileiro – Encerrando a pesquisa

bibliográfica, são levantados os fatores culturais relevantes no processo de

educação superior brasileira, suas particularidades e seus objetivos a partir da

visão dos principais atores.

A partir desses referenciais teóricos, foi construído o modelo de

pesquisa apresentado na figura 1 abaixo, aonde, identificam-se os fatores,

trabalhando à partir do método dedutivo, dentro do problema apresentado,

gerando a hipótese já descrita.

11

Figura 1: Metodologia da pesquisa utilizada. Fonte: O autor.

Solução proposta: Estudar os aspectos culturais e torná-los um real instrumento de análise, reflexão e mudança dos processos e métodos de ensino na universidade brasileira.

Hipótese: Identificar os elementos ligados à cultura que impactam nas expectativas e resultados do ensino superior para seus principais atores.

Sociedade e cultura

Método Dedutivo

Antropologia cultural

Problema: Como a universidade pode se tornar um ambiente inovador e dinâmico, gerando significado para o corpo discente/ docente no nível superior, e ao mesmo tempo, dinamizando seu processo de aprimoramento institucional e pedagógico?

Premissas legais do ensino superior brasileiro

Aspectos culturais do ensino superior brasileiro

Aspectos da sociedade brasileira

Modelagem

12

CAPÍTULO 1

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo serão realizadas todas as revisões bibliográficas acerca

das temáticas da cultura, educação superior e construção de modelos.

1.1 Cultura

Neste capítulo serão analisadas a cultura em sua essência, conceito,

definições clássicas, a importância do seu estudo para contribuir no

entendimento da sociedade, como ela funciona e seu impacto na economia de

uma região.

1.1.1 O que é cultura?

Vários autores possuem várias concepções sobre o que é a cultura. Um

dos grandes estudiosos do tema, Edward B. Tylor (apud Mello, 1983), cultura

é:

“Um conjunto complexo que inclui conhecimentos, crença, arte, moral, lei,

costumes e várias outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como

membro de uma sociedade”. Para Ullmann (1991), a epistemologia da cultura

vem do latim: colere, cultus, estando então, a um sentido mais próximo da

referência que o ser humano encara o mundo, as coisas, o sentido da vida,

criando um elo com crenças e valores e a todo esse conjunto elaborado pelos

homens, que regula seu comportamento – criando o que se chama “cultura

objetiva” e a inteligência, a vontade e a memória que geram a “cultura

subjetiva”. Para Linton:

“... A cultura de qualquer sociedade consiste na soma total

e organização de idéias, reações emocionais

condicionadas e padrões de comportamento habitual que

seus membros adquirem pela instrução ou pela imitação de

13

que todos, em maior ou menos grau, participam...” (Linton,

1952, apud Mello, 1983, p. 105).

Reale (2009) define ainda cultura como tudo aquilo que o homem

constrói sobre a base da natureza nos planos espiritual e real objetivando

modificá-la ou a si mesmo, sendo então um conjunto de instrumentos que são

utilizados, obras e serviços realizados, atitudes espirituais e comportamento

que o homem veio formando através da história.

Mello (1983) analisa a definição de Ralph Linton e acrescenta que a

cultura não é somente adquirida e não é estática, ela é dinâmica e está em

constante transformação, mudança e acréscimos pela invocação, pela

descoberta. Mello (1983) afirma ainda que possui vários subtipos: uma cultura

universal e culturas particulares, compostas de características como: culturas

objetivas e subjetivas, reais e ideais, material e imaterial.

De acordo com as definições dos autores, é possível perceber

elementos comuns, como: valor, comportamento, conhecimento, que, em

conjunto com instrumentos ou objetos, a definem e modificam este conceito

será explorado adequadamente na construção do modelo teórico deste

trabalho.

1.1.2 Tipos de cultura

As definições abaixo vieram do livro do autor Luiz Gonzaga de Mello

(1983).

- Cultura objetiva e subjetiva: A cultura é subjetiva quando nos referimos ao

conjunto de valores, crenças, qualidades, hábitos que fornecem o padrão

individual de comportamento, na cultura objetiva estamos analisando hábitos,

idéias, comportamentos relacionados à obra humana, que cria situações

particulares e decisões.

- Cultura material e não material: A cultura material é a soma dos artefatos

criados pelo homem utilizando tecnologia (a habilidade de utilizar técnicas para

transformar algo da natureza em outra coisa) e a cultura não-material está

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relacionada a são ações, hábitos, crenças e conhecimentos que norteiam a

tomada de decisão.

- Cultura real e ideal: Cultura real é o que as pessoas realizam/ fazem no dia-a-

dia e cultura ideal é o conjunto de comportamentos que a sociedade acredita

ou espera dos indivíduos que a compõem.

1.1.3 A importância do estudo da cultura

Ullmann (1991) afirma que “podem haver povos sem civilização, mas

não sem cultura”, Mello (1983) destaca que a cultura de uma comunidade, que

o autor define como um grupo de pessoas relativamente pequeno localizadas

em um território com relações sociais, é importante para entender como aquela

comunidade se configura, quais elementos a integram, como eles interagem e

afetam a tomada de decisão do grupo e influenciam na transformação da

cultura local. Na sociedade moderna, cada vez mais, menores grupos vão se

formando por interesses comuns ou afinidades que geram a necessidade de

estudo e entendimento da relação entre seus componentes.

Mello (1983) cita ainda que os estudos das culturas de uma sociedade

são um tendência mundial, embora o foco tenha sido: em minorias, em

aspectos informais da economia e na ação dos meios de comunicação de

massa sobre o fenômeno cultural. O autor ressalta que é necessário dedicar

mais tempo a analisar o contexto de cada cultura (ambiente, sociedade,

história, etc) com intuito de explicar a mente humana e suas decisões.

Linton (1952, apud Mello, 1983) afirma que todo pesquisador que tenta

determinar o conteúdo de qualquer cultura deve abstrair francamente das

personalidades dos membros componentes da sociedade estes elementos,

visando obter dados que auxiliem a estruturação do entendimento da

configuração desta cultura.

Mello (1983) defende que a importância do estudo da cultura e a

construção de uma teoria explicativa (no caso deste trabalho um modelo) é

uma pesquisa de extrema importância para entender como é formada e

influenciada uma sociedade e que a teoria é sempre uma explicação parcial,

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pois a teoria é um modelo de abordagem da prática e para reforçar essa ideia,

Pareto (1918, apud Mello, 1983) aponta que o homem age do concreto para o

abstrato, não o contrário, determinado povo age de certa maneira não porque

defende certos valores, mas defende certos valores porque age de certa

maneira, a frase do autor não quer diminuir a força das ideias sobre as ações,

mas sim reforçar que a teoria pela teoria não funciona, ela precisa ter um

balizamento prático para estar calçada e ser válida.

1.1.4 Características da cultura

Abaixo são apontadas algumas características e subdivisões da cultura

estudadas por Mello (1983) e Ullmann (1991):

1) A cultura é simbólica – Um símbolo é uma representação, possui um

significado de extrema importância para a sociedade que representa. Se ele

representa um sentimento, uma vontade, então, ele reflete a cultura de

determinado meio social, indicando que tanto a cultura objetiva como a

subjetiva é um conjunto de significados sistematizados que são transmitidos

através de símbolos e sinais.

2) A cultura é social – Se os símbolos sistematizam a natureza do homem, de

acordo com uma cultura dada, então a cultura representa algum meio social,

pois é um fenômeno interagente ou de interação entre indivíduos e desta

interação nasce o aperfeiçoamento (espera-se) balizado nas mudanças. Davis

(1950, apud Mello, 1983) afirma que a formação do ser humano possui 2

influências: a biossocial e a sócio-cultural que se dá a partir da herança da

cultura. Esta cultura remete resultados de transformação biológica no homem,

pois permite que ele seja influenciado por um “guia” que se adapta de acordo

com as necessidades e experiências desta sociedade. Lembrando que todo

ato social reflete uma cultura, mas nem toda cultura reflete um ato social,

mostrando que o ato pode ser realizado de maneira “não prevista” na cultura.

16

3) Dinamismo e estabilidade da cultura – A cultura possui alguns padrões

universais, como casamento, família, religião, que de tempos em tempos,

sofrem alterações que afetam a maneira como a sociedade enxerga tais

mudanças – algumas são aceitas e incorporadas outras são descartadas, mas

o conceito de família, religião e casamento são estáveis, mesmo que suas

concepções mutáveis.

4) A cultura é seletiva – A cultura subjetiva (individual) implica necessidade de

mudanças na cultura objetiva (coletiva), nesse processo há uma seleção entre

padrões que não necessariamente está relacionada com a força que o

indivíduo possui, em determinados setores da cultura, não se encontram

fatores que justifiquem a aparição ou desaparição de certos padrões.

5) A cultura é universal e regional (múltipla) – A cultura, como fenômeno, é

universal, mas cada membro da sociedade, tem suas tarefas e interesses na

cultura, assim se formam os padrões regionais, conforme suas situações

próprias e particulares. As culturas regionais são de mais fácil percepção que a

cultura universal, embora com aspectos da cultura universal, temos acesso

direto às regionalidades. Mello (1983) ressalta o exemplo do nordeste, aonde a

palavra “apadrinhamento” que tem um teor epistemológico pautado na religião,

cria nesta região um outro significado regional relacionado a proteção, favor e

etc.

6) A cultura é determinante e determinada – A cultura existe em função do

homem e o homem vive em função da cultura. Há uma relação muito forte

entre indivíduo e cultura, cultura esta que possui regulamentos, leis, teorias,

pois sem estas bases, seria impossível estudar esse fenômeno. O

comportamento humano é delineado pelas expectativas da sociedade em

conjunto com as crenças, saberes, conhecimentos e/ ou posição que o

indivíduo ocupa nesta sociedade. De um chefe de estado se espera

determinados comportamentos e características das pessoas com quem

interage, da mesma forma um professor que interage com seus alunos tem

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medidas suas técnicas, conhecimentos e saberes, demonstrando, portanto,

que o processo de socialização é sempre um processo de despersonalização,

pois a liberdade e individualidade são suprimidas pelo controle e generalidade

dos papéis sociais.

Mello (1983) surge com uma reflexão: A cultura se adapta ao homem? A

resposta é que, a dificuldade de adaptação da cultura está relacionada ao

dinamismo do mundo e aos surgimentos de tecnologias que expliquem a

necessidade de adequação, portanto, se vivemos em uma sociedade aonde a

tecnologia e a globalização, por exemplo, tem impacto direto e instantâneo,

significa dizer que, para aquele povo, a necessidade de adaptação da sua

cultura à cultura externa associada ao uso de determinada tecnologia faz

necessária, e quando isso se torna uma constante, significa que a cultura

também se torna constantemente mutável e seus indivíduos possuem ainda,

menor resistência à essas mudanças. Na figura 2 abaixo é demonstrado como

é a relação entre os fatores culturais.

Ullmann (1991) e Mello (1983) trazem mais algumas formas nas quais

as culturas se subdividem, como segue:

I) Enculturação ou Endoculturação – Os autores apontam que

Herskovits foi o primeiro a empregar este termo para relacionar a absorção

pelo indivíduo dos padrões de comportamento e cultura de determinada

sociedade, de forma consciente ou inconsciente, letrada ou não, dentro das

possibilidades de cada um, criando o que os autores chamam de “grau de

intensidade” de cultura. Nas sociedades complexas, onde a mídia de massa

possui grande influência, principalmente nos jovens que possuem

características mais questionadoras, é observado um forte impacto, reflexão e

criação de novos valores, no âmbito moral, religioso, social, intelectual, sexual,

entre outros.

II) Aculturação – É um processo no qual duas culturas, que possuem um

contato longo ou permanente, começam a se influenciar em um ou vários

pontos. Os autores apontam ainda que, enquanto a cultura tecnológica é

facilmente aceita, a cultura simbólica é extremamente questionada: religião,

18

mitos, ritos, que são valores não-materiais, são mais difíceis de absorção pelos

indivíduos de determinada sociedade.

III) Subcultura – Representa uma forma peculiar de cultura, uma parcela

de uma cultura nacional ou global.

ACULTURAÇÃO ACULTURAÇÃO

ACULTURAÇÃO

ACULTURAÇÃO

CULTURA NAÇÃO BCULTURA NAÇÃO A

Como e Quanto o indivíduo absorve esta nova cultura é o processo chamado de endoculturação.

SUBCULTURA Z SUBCULTURA A SUBCULTURA X SUBCULTURA Y

Figura 2 – Modelo das relações da cultura e suas subdivisões. Fonte: O autor, (2013).

Hampden-turner e Trompenaars (1997) apontam um modelo para

explicar os principais determinantes de uma cultura de uma empresa,

conforme figura 3 abaixo adaptada. Neste modelo os autores destacam:

I) Universalismo x particularismo – Universalismo está relacionado às

regras gerais, que se não existem, há uma inserção de uma de acordo com o

interesse/ necessidade do grupo e o particularismo está associado às

exceções às regras gerais e como essas exceções são tratadas pelo grupo.

II) Análise x integração – Análise pertence à decomposição ou ao nível

desta em menores detalhes. E a integração está associada à capacidade do

grupo em juntar os detalhes para entender ou explicar o todo.

III) Individualismo x comunidade – Está associado á quanto o grupo está

disposto a atuar em grupo ou quanto possui interesse em atuar

individualmente para resolver os problemas.

IV) Influência interna x influência externa – Os objetivos e ações do

grupo são amplamente influenciados pelo ambiente externo ou este é

influenciado pelo grupo e o quanto o grupo está disposto a modificar o meio

que vive, a cultura local para se adaptar a essa nova demanda externa.

19

V) Específico ou difuso – Avalia o quanto o indivíduo está comprometido

pelo bem daquele ambiente e para a comunidade em geral.

VI) Trabalho em Sequencia ou sincronizado – A execução das

atividades do grupo está sendo realizada de forma coordenada ou se

desencadeia de acordo com a demanda.

VII) Igualdade ou hierarquia – Se a hierarquia impede/ promove a

participação do indivíduo nas operações da empresa buscando e valorizando

as ideias.

Cultura

Igualdade x

hierarquia

Universalismo x

particularismoAnálise x

integração

Individualismo x

comunidade

Influência interna x

influência externa

Específico x

difuso

Sequenciax

s incronizado

Figura 3: Modelo de determinantes da cultura empresarial. Fonte: HAMPDEN-TURNER e

TROMPENAARS (1997), adaptado pelo autor.

Hofstede (1997) desdobra a cultura de uma empresa em seis subníveis

de cultura, esses níveis são (em ordem de grandeza):

a) Nacional;

b) Regional;

c) Gênero;

d) Geração;

e) Classe social;

f) Nível de cultura de uma organização / sociedade.

20

1.1.5 Cultura popular brasileira

Ullmann (1991) relata que o processo de formação da cultura brasileira

partiu dos portugueses mesclados com os indígenas, em um primeiro

momento os conquistadores foram “indigenizados” (pois tiveram contato com a

cultura indígena), e em um segundo momento, eles forçaram uma aculturação

nos índios como povo dominado. Florestan Fernandes (1975 apud Ullmann,

1991) aponta que os indígenas tiveram tanto impacto na cultura dos brancos

que às vezes passavam a viver como os nativos, assimilando atitudes e

valores considerados como degradantes pelos europeus, já o holandês, só

raramente se casava com índias. Este relato aponta que os principais

descobridores foram fortemente influenciados pela cultura indígena, ainda que

em um segundo momento, ela foi forçada a ser “esquecida”.

Mello (1983) aponta que existem duas culturas principais: a erudita e a

popular. A cultura erudita engloba fatores históricos, econômicos, sociais, entre

outros, enquanto a cultura popular fala sobre a cultura do meio social

específico no qual a pessoa está e que é influenciado pela cultura erudita ou

oficial, mas pelo processo de endoculturação se configura de maneira diferente

no indivíduo. A cultura de massa, utilizada pelas redes e emissoras de

televisão, possui uma grande influência na cultura popular, o autor aponta que

esse processo vem impactando fortemente nas ideias, formas de pensamento,

de ideologias. Para finalizar, há de considerar que mecanicamente a

informação é a mesma (pois é transmitida da mesma forma para todos), mas o

nível de endoculturação de cada indivíduo faz com que haja uma interpretação

diferente da mensagem, que sempre objetiva realçar a cultura da classe

dominante.

Freyre (1973) aponta que o avanço tecnológico e econômico caracteriza

a época brasileira na qual vivemos e que corresponde de forma geral a uma

cópia limitada de outras culturas, dos meios técnicos, de transportes, de

habitação, de refrigeração, de produção, de conservação, e distribuição de

alimentos, que trazem por meio mecânico genérico, uma unificação das muitas

subculturas regionais diferenciadas por formas menos técnicas e menos

21

mecânicas de convivência com relação à cultura geral. O autor complementa

ainda a necessidade de entender essa cultura e suas alterações para que haja

maior entendimento desse processo e como ele afeta o meio e o indivíduo.

Na figura 4 abaixo, foi construído pelo autor um modelo demonstrando

como se configura a transmissão natural da cultura erudita para a cultura

popular. É perceptível que a cultura de massa presente cria uma interferência

que gera várias interpretações

Cultura popular brasileira (social)

Cultura erudita (acadêmica)

Transferência de conhecimento

Cultura de massa (mídia)

Interferência ou conflito

Figura 4: Influência das culturas erudita, cultura de massa e cultura popular.

Fonte: O autor, (2013).

1.1.6 Cultura x economia

Mello (1983) diz que atualmente se observa uma liderança mundial dos

países com tecnologia avançada (industrializados) que com sua rápida

velocidade de produção e alto valor agregado dos produtos, gera nos “países

de terceiro mundo” uma necessidade de aquisição de bens que vira uma

dependência/ submissão. Todo esse processo cria um elo cultural que finda

por, através da aquisição de produtos, a absorção da cultura externa com

valores estrangeiros de uma maneira mais fácil pelos países que adquirem tais

tecnologias.

Se os mais ricos exercem influência sobre os mais pobres, existe então

um interesse do pobre em ter maior autonomia, ascender socialmente e

22

desenvolver sua vida que considera possuir maior valor, mas para ter maior

valor “econômico”, receber um maior salário, ele busca na universidade quais

os conhecimentos que necessita para ter a oportunidade de colher tais frutos.

A partir desta análise, Mello (1983) aponta que a universidade tem valorizado

cada vez mais a aquisição de bens, como forma de se alinhar a cultura

nacional e culturas regionais (como sendo uma das principais culturas do

capitalismo) e adequar o modelo de ensino para a geração de riqueza, fugindo

um pouco do objetivo de construção de conhecimento.

1.2 Ensino Superior

Neste capítulo, serão analisados os aspectos legais da educação

superior, os fundamentos e objetivos para a criação da educação superior no

âmbito legal, social e econômico e as perspectivas dos principais envolvidos no

processo educacional.

1.2.1 Legislação do ensino superior no Brasil

Mendes (2000) aponta como o principal marco na educação superior

brasileira a criação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB

(lei 4.024/61), que sofreu sua primeira alteração em 1971 pela lei 5692/71

(educação fundamental e média) e pela lei 5054/68 e decreto-lei 464/69

(educação superior) e no atual formato, com a promulgação da constituição de

1988, foi publicada a lei 9394/96, que voltou a englobar todos os níveis de

educação. O foco principal desta lei é determinar:

1) A finalidade da educação;

2) O direito de todos à educação;

3) A obrigação do estado em ministrar o ensino nos três graus;

4) À liberdade da iniciativa privada;

5) À subsidiariedade da ação federal em relação aos sistemas estaduais de

educação.

Na lei 4024/61, começa a ser explorada a temática de educação como

um todo, seus objetivos, finalidades e também deixa claro que a União é a

23

única responsável por promover as leis que abordam as DIRETRIZES e

BASES da educação nacional, tirando dos estados e municípios esta

competência, outro fator que chama a atenção no título IX, é clara a intenção

de se estruturar o ensino superior para pesquisa.

No segundo momento, a lei 4024/61 foi revisada e promulgada na lei

5692/71, que dispunha somente pelos 1º e 2º graus, e a lei 5540/68 e decreto-

lei 464/69 responsáveis pela estruturação e regulamentação da educação

superior, neste, é possível perceber no artigo 3º do primeiro capítulo, a

liberação da autonomia didática, científica, financeira, disciplinar e

administrativa da faculdade por meio de seus estatutos e regimentos internos.

Outro artigo que chama a atenção é o artigo 11 desta mesma lei, sublínea F

que ressalta a necessidade de flexibilização dos métodos e avaliações

praticados ressaltando: “às diferenças individuais dos alunos, às peculiaridades

regionais e às possibilidades de combinação dos conhecimentos para novos

cursos e programas de pesquisa”, e o artigo 18 que diz: “Além dos cursos

correspondentes a profissões reguladas em lei, as universidades e os

estabelecimentos isolados poderão organizar outros para atender às

exigências de sua programação específica e fazer face a peculiaridades do

mercado de trabalho regional”, deixando claro a intenção do governo em:

1) Melhorar o ensino e torna-lo mais preocupado com o público alvo;

2) Aumentar a interface entre mercado x faculdade, criando maior significado

para uma aprendizagem com objetivos mais sociais;

No artigo 23 da lei 5540/68, é abordada a criação dos cursos

profissionais de ensino superior (atualmente conhecidos como tecnólogos) que

procuram prover habilitações intermediárias do grau superior. Instituiu a

regulamentação para corpo docente e discente, ressaltando no capítulo III,

parágrafos 38, 39, 40 e 41 a criação de um grêmio estudantil, visando dar “voz”

ao corpo discente e estímulo a interação direta com a instituição de ensino,

visando melhorar o ambiente e o projeto pedagógico, conforme demanda

destes. Outro fator de destaque no capítulo III é a criação do sistema de

monitoria com intuito de formar futuros professores para a instituição.

24

Após a constituição de 88, chega a LDB nacional no estágio atual como

conhecemos por força da lei 9394/96, e, no que compete à educação superior,

para este trabalho, é necessário ressaltar 2 pontos principais: Princípios e

finalidades da educação Nacional e superior e objetivos da educação superior.

Quanto aos princípios e finalidades da educação nacional, no título II da LDB,

é necessário ressaltar:

Art. 2º “A educação,..., tem por finalidade o pleno desenvolvimento do

educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o

trabalho”.

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

III - Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;

IX - Garantia de padrão de qualidade;

XI - Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

No capítulo IV, artigo 43, da finalidade da educação superior, é importante para

este trabalho ressaltar:

I - Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do

pensamento reflexivo;

II - Formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a

inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da

sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;

III - Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o

desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura,

e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que

vive;

IV - Promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos

que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do

ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;

V - Suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e

possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que

25

vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do

conhecimento de cada geração;

VI - Estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em

particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à

comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;

VII - Promover a extensão, aberta à participação da população, visando à

difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da

pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.

1.2.2 A política das instituições de ensino superior no Brasil

Agora, será explorada a visão de alguns autores acerca das instituições

de ensino superior, quanto ao tema, existem dois principais tipos de

instituições: privadas e públicas. Mendes (2000) e Ramos (2002) apontam que

cada qual possui suas particularidades e objetivos individuais, portanto,

características distintas não somente na formação e escolha do corpo docente,

mas também em interesses políticos e de desenvolvimento.

Neste contexto, é preciso ainda ter bem definido o que é política, para

isso será explorado o contexto sociológico da palavra. Conforme o site Brasil-

Escola (2012), o termo política vem do grego antigo relativo à pólis ou cidade-

estado, portanto, estando relacionado ao Estado, à sociedade, à comunidade e

às definições que se referem à vida humana, neste mesmo site, é citada uma

filósofa alemã Hannah Arendt, que defende que a política se trata da

convivência dos diferentes homens que buscam a igualdade, tendo diferentes

interesses conflitantes. O MPF (2012) através de seu site direcionado às

crianças: “turminha do MPF”, a política pode ser associada à organização e

administração de qualquer organização principalmente porque estrutura as

características necessárias para o entendimento das regras e diretrizes

internas.

Conforme visto no capítulo anterior, a cultura é a forma de

comportamento dos indivíduos unidos por uma tradição comum, sendo a

interação social o principal elemento que conduz à criação e à reflexão dos

26

padrões de comportamento. Autores, como Mendes (2000) e Mello (1983)

indicam que um dos elementos da cultura é a prática política, devido à

interação necessária existente no processo. Então a política está associada à

cultura regional, às regras gerais e formas de negociação dessas regras,

visando benefícios mútuos.

a) A política das instituições públicas

Mendes (2000) relata que os maiores pensadores, críticos e líderes

eram formados por instituições de nível superior, se tornando então, ao longo

do tempo, objeto de desejo para todos os cidadãos ansiosos em tomar parte

nesta liderança nacional e ter maior ascensão econômica e social. Ainda

conforme o autor, a tendência atual das universidades públicas ainda é o

empreguismo, sem compromisso com resultado, fazendo com que a

universidade perca a consciência social e pública de sua missão, trazendo a

política e a promoção pessoal como fatores principais de suas atividades.

Kneller (1983) diz que o jovem é naturalmente curioso, um aprendiz

natural e que ele sempre aprenderá tudo aquilo que será estimulado a

aprender a explorar pela curiosidade ou conhecimentos que possa refletir.

Neste contexto a atuação do professor é fundamental para que incentive o

espírito de investigação do aluno, ao invés de “instruí-lo” na matéria prescrita

por ele e por outros e existe uma fraca percepção disso pelo professor da

universidade pública, que possui um cargo de estabilidade e não precisa

revisar preceitos e metodologias aplicadas a uma aula, pois há baixo

comprometimento com a aprendizagem do alunado, mas um alto

comprometimento com conteúdo.

Mendes (2000) argumenta ainda que com o aumento das vagas

oferecidas pela rede de ensino superior público, gerou uma grande procura de

pessoas de baixo poder econômico por estas oportunidades, criando uma

migração natural, onde a formação das massas passa a ser oferecida pela

universidade pública e a formação da elite do país passa a ser realizada pelas

instituições privadas.

27

b) A política das instituições privadas

Conforme Mendes (2000) o aumento da procura da massa pelo nível

superior, provocou um entupimento das universidades públicas, e essa

demanda reprimida passou a ser ofertada por faculdades particulares, que

viram neste público alvo, uma oportunidade de negócio. Com a ampliação do

acesso da massa à universidade privada, muitas instituições de ensino

surgiram e viram aí um nicho de mercado que poderia ser explorado,

transformando o ensino em um negócio, uma oportunidade de crescer

financeiramente, a partir daí, começou o conflito entre: aprendizagem x

faturamento.

Mendes (2000) aponta também que se as universidades particulares

mantivessem seu desenvolvimento iriam adquirir maior dinamismo (quase

inexistente na universidade pública) e poderiam se tornar foco de construção

intelectual importante no país, não somente pelo oferecimento das vagas em

si, mas também pelo trabalho em conjunto com o mercado de trabalho,

formando profissionais para atender a esta demanda, que a universidade

pública tinha maior dificuldade em identificar e se reestruturar para oferecer o

curso.

Esta política das instituições privadas em se tornar referência para o

mercado de trabalho, teria forte impacto na cultura local, elevando o valor do

curso (não somente no aspecto financeiro), principalmente no que tange ao

reconhecimento que a sociedade irá dar devido a recompensa financeira e ao

status que um cargo de maior peso confere a seus indivíduos.

1.2.3 O papel da educação superior na sociedade contemporânea

Mendes (2000) aponta que atualmente existe um conceito distorcido do

que é a educação superior, pois enquanto se espera de um universitário é o

serviço ao país, ao crescimento e desenvolvimento tecnológico, puxado pela

tecnocracia, é possível perceber que a ascensão e o status profissional e

econômico, que são fatores relacionados pela elite, como os únicos fatores

motivadores para a busca do diploma universitário. O autor aponta ainda o

28

problema da classificação social, alicerçada no modelo elitista que nos rege e

nos separa, dividindo a formação qualificada da desqualificada, aonde a

primeira corresponde aos cursos superiores e a segunda corresponde aos

cursos técnicos e médios, sobretudo aos profissionais e outras culturas e

sistemas educacionais fora da escola.

Ramos (2002) aponta que o conceito de profissão cunhou-se

evidenciando uma dimensão fortemente econômica, associada à divisão social

e técnica do trabalho e à produção da existência humana. A marca econômica

gerada pelo trabalho cria então duas visões: a divisão social da importância

que se dá à atividade exercida pelo indivíduo (relacionada ao status) e a

oportunidade de vida melhor devido ao aumento do grau de ascensão

econômica. A identidade coletiva então é criada no local aonde o indivíduo tem

troca de conhecimentos e saberes de trabalho com os colegas, portanto a

profissão tem uma dimensão sociológica, cujo credenciamento educativo

costuma estar associado. A autora ainda aponta que, dos dois principais

pontos de vista, a profissão possui influência:

- Socialmente – A inscrição em uma atividade é por meio de contornos

identificáveis e socialmente reconhecidos, como: a remuneração, os saberes

professados, o reconhecimento social e a finalidade do serviço;

- Economicamente – Profissionalizar significa formar sujeitos para

viverem do produto de seu trabalho, ocupando seu lugar na divisão social e

técnica do trabalho.

Neste contexto, a educação superior como formação para o trabalho,

ganha força e fica clara a posição da sociedade na exigência do

desenvolvimento dos saberes de maneira adequada a necessidade a

preencher suas necessidades. Mas, Mendes (2000) fala que existe um grave

problema no nosso país quanto ao efeito multiplicativo da educação criando

uma “falsa educação superior” que estimula somente os impulsos

reivindicatórios de alunos e sociedade, já que qualquer indivíduo pode

assimilar qualquer cabedal mínimo de cultura e obter um título que não lhe

pertence, passando a gozar dos direitos a ele atribuídos, o que o autor

compara ao ato de passar “um cheque sem fundos”. O pior neste processo é a

29

ausência (ou não) da consciência do indivíduo quanto a importância do

conhecimento comparando com o “diploma” que está recebendo.

Mendes (2000) finaliza falando que a densidade do contexto social se

mede pela intensidade dos problemas que se impõem à consciência e ao

comportamento de cada indivíduo, neste processo há uma pressão pela

solidariedade, aonde os efeitos da educação se tornam claros e mensuráveis,

tornando imperiosa a existência da contabilidade nacional, da estatística, da

economia e do planejamento da educação – daí se apura de forma adequada

a eficácia da política educacional. Somente assim existe uma educação que

ressalta numa sociedade e seus membros a importância de transpor desafios e

se a resposta é feita de maneira adequada, na forma da transformação do

indivíduo para rastrear e solucionar esses problemas sociais, e o autor termina

reforçando que as soluções educacionais no Brasil são difíceis pois não há

uma consciência nítida de quais problemas a educação superior devem

solucionar.

Mello (1983) cita um exemplo de lei/ regra em seu livro: “Existe uma

regra maometana aonde um homem pode casar com a mulher divorciada de

seu filho e esta regra surgiu devido ao fato de que o profeta desejava casar

com a mulher divorciada do filho e teve uma revelação que isso era possível”,

deste fato, é possível identificar que o líder de determinada cultura ou quem

detêm o poder de decisão é um grande influenciador da cultura local.

1.2.4 Objetivos e avaliação da educação superior no Brasil

Mendes (2000) diz que em um país denso de valores, bens e serviços,

profundamente desnivelados em suas várias regiões, e cheio de vazios entre

os núcleos metropolitanos e o interior, gerando aí uma vasta área

caracterizada, cultural e economicamente, a estratégia de desenvolvimento

brasileiro em levar a densidade às áreas mais vazias, através de um processo

de difusão e concentração, potencializando papel mais fértil às demais.

Mendes (2000) critica então o fenômeno dos excedentes nas

metrópoles, tanto na falta de vagas nas universidades, quanto na falta de

30

empregos para os diplomados, ou haverá uma demanda de profissionais que

não será atendida pela universidade, na primeira, os jovens se comprimem da

escassez de vagas e emprego e na segunda, a carência de profissionais e

serviços possui forte impacto na economia. Esta falta de mercado de trabalho

resulta no bloqueio econômico e sociológico que marginaliza parte da

população, privadas de prover suas necessidades e o autor conclui então que

o foco da educação tem sido para interesses da própria clientela que procura a

universidade e não para objetivos sociais. Para avaliar o rendimento da

universidade é necessário buscar novas formas de promover e medir a

produtividade interna e externa, pois o alargamento das matrículas na

universidade cria oportunidade para a massa de indivíduos acessar o ensino

superior e multiplicar e diferenciar os cursos e as opções profissionais, se

tornando necessário avaliar se o curso atende às perspectivas da sociedade.

A partir da análise do capítulo 1 é possível concluir que todos os trechos

marcados na LDB 9394/96 apontam em uma única direção: a criação da LDB

foi motivada, principalmente, em função e com objetivos específicos de fazer o

indivíduo entender melhor o meio em que vive, explorando-o e modificando-o,

a partir do entendimento e desenvolvimento pessoal e profissional, com a

cultura como primórdio e principal agente de transformação do seu ser, desta

forma, através das atividades acadêmicas, refletir e interagir no meio social,

empresarial e acadêmico em que vive com sua(s) cultura(s) específica(s)

(chamado pela lei 9394/96 de regionais) e que possua condições de modificá-

los para benefício do meio social, sendo ele do Brasil ou regional, conforme o

caso, escrito na lei.

A partir do artigo 2º e 3º da LDB 9394/96, que fala quanto aos fins da

aprendizagem nacional, o professor deve avaliar se as práticas pedagógicas

possuem qualidade adequada, no sentido de refletir a realidade social (que é

reflexo do meio cultural), e o indivíduo ter, então, a oportunidade de gerar

significado nos saberes adquiridos, podendo assim refletir melhor sobre a

realidade na qual está inserido, vindo a intervir de forma consciente,

modificando o meio em que vive e consequentemente causando impacto na

cultura local ou nacional e as instituições de ensino cada vez mais devem

31

adaptar suas instalações e cursos para atender a essa demanda de forma a

contribuir para o crescimento e desenvolvimento social, cultural e econômico

com foco regional no Brasil.

1.3 Modelagem

Neste capítulo serão feitas as investigações bibliográficas acerca de

modelo, seu conceito, características e objetivos.

1.3.1 O que é um modelo

Segundo Moore e Weatherford (2005, apud Silva, 2011), modelo é uma

abstração de uma situação prática apropriado para análise, cujo objetivo é

apoiar o entendimento de um fenômeno. Ainda segundo os autores, as

decisões gerenciais são baseadas na avaliação e interpretação de dados,

sendo estes necessários para uma modelagem eficaz. Conforme Laudon e

Laudon (2007, apud Silva, 2011), modelo é uma representação abstrata que

demonstra os componentes e as relações entre um ou vários fenômenos e

para isto, é necessário a obtenção e guarda de dados ou novos tipos de

dados, aumentando o potencial para o uso de modelos.

Mendes (2000) aponta que um modelo precisa ter sentido científico e

prático, cabendo a ele vincular objetivos, estratégias e metas dentro de um

sistema de ação, gerados por um fenômeno determinando as estruturas de

ação e as instâncias que intervêm o processo, sendo necessário assegurar

que todos os elementos envolvidos no sistema estejam presentes e seus

respectivos interesses apresentados da forma mais clara e direta para o

entendimento do leitor.

1.3.2 O objetivo e a importância da modelagem

Para Moore e Weatherford (2005, apud Silva, 2011) os modelos

desempenham papéis diferentes e apesar de inúmeras formas na utilização

32

dos modelos e das inúmeras pessoas que possam construí-los, os modelos

devem fornecer uma estrutura para analise lógica e consistente de um

problema, visando auxiliar o entendimento de um fenômeno. Ainda segundo os

autores, os modelos devem nos forçar a ser explícito com relação aos

objetivos, a identificar e registrar as decisões que influenciam esses objetivos,

a identificar e registrar interações e concessões entre decisões; a pensar sobre

variáveis a serem incluídas e suas definições, a considerar que dados são

pertinentes na quantificação dessas variáveis e determinar suas interações e

permitir a comunicação de nossas ideias e percepções.

Moore e Weatherford (2005, apud Silva, 2011) reforçam que nenhum

modelo é completamente determinista (não há incertezas nas variáveis), nem

completamente probabilístico (incerteza inerente a todos os valores das

variáveis). Diante disto, a modelagem dedutiva, é onde o modelo se

desenvolve com foco nas variáveis propriamente ditas, inter-relaciona o

modelo ao ato de fazer, sendo uma representação que tenta fazer suposições

sobre relações de valores.

33

CAPÍTULO 2

CULTURA X EDUCAÇÃO SUPERIOR: A CONSTRUÇÃO DO

MODELO

Neste capítulo será apresentada a proposta de construção de um

modelo teórico que evidencie os fatores que impactam/ formam uma cultura

educacional superior, para isso em um primeiro momento será evidenciada a

teoria que relaciona a cultura a uma sala de aula para que seja possível

identificar os fatores e construir um modelo que explique o fenômeno.

2.1 Ambiente de ensino superior x cultura

Mendes (2000) aponta que a força do modelo cultural se apresenta de

forma muito forte na construção da educação, principalmente por que vários

teóricos arrastam a teoria para a prática, a qual já nasce com tendência ao

fracasso, pois nascer sem ter se originado na prática cria o abuso de discipliná-

la.

Chevallard (1994) aponta em seu trabalho o modelo de transposição

didática, que está relacionado a forma como ocorre a transferência de

conhecimento entre aluno e professor dentro de uma sala de aula com a

utilização dos meios pedagógicos, local e materiais disponíveis. Lopes (1999)

amplia este processo com o conceito de mediação pedagógica, defendendo

que os processos educativos sistematizados não produzem o saber científico

tal como foi construído, mas o transformam em objeto de ensino pela cultura

escolar.

Ramos (2002) enfatiza que existem duas características na sala de aula

quanto ao fenômeno da transmissão de conteúdo:

1) Enfatizar o conteúdo como desempenho explícito do aluno, orientando-se

para o mercado de trabalho, preocupando-se com a eficiência do sistema de

34

ensino e com as competências específicas supostamente exigidas pelo

mercado de trabalho;

2) O Controle implícito do professor pelo fato dos alunos serem os principais

responsáveis pelos seus atos, enquanto o professor prepara o contexto que

será enfatizado pelo conteúdo da aula para os alunos.

Esta interface é chamada pela autora como cultura escolar, e a partir deste

ponto do presente trabalho, é a nomenclatura utilizada para denominar a

reconstrução dos saberes científicos, as mediações, os interesses e a

configuração cognitiva escolar entre todos os atores envolvidos no processo.

Ramos (2002) aponta que a percepção da cultura escolar e suas

transformações são um interessante objeto de estudo, principalmente quando

relacionadas aos modos de mediação didática. Bernstein (1996, apud Ramos,

2002) esta reconfiguração dos saberes científicos em saberes escolares toma

vida pela construção do discurso instrucional, que diz o que deve ser falado e

pelo discurso regulativo, que define como as relações sociais são transmitidas

e mantidas. A autora deixa claro um grave problema que envolve os aspectos

subjetivos dos alunos, negligenciando o conjunto de determinações históricas e

sociais que incidem sobre a educação e a autora sugere:

1) Que a princípio a educação deveria abandonar a suposição da existência de

saberes socialmente construídos e universalmente aceitos;

2) As construções mentais sendo sempre individuais e subjetivas, então as

afirmações do sujeito – tanto do aluno como do professor – não são realidades

de conhecimento geral, portanto devendo ser explicadas de forma que cada

indivíduo tenha oportunidade de construir seu conhecimento sobre

determinada realidade;

Neste contexto, a função do professor é criar condições para que cada

aluno consiga, à sua maneira, construir algo com significado que os permita

chegar à conclusões semelhantes, então retirando o compromisso na

transmissão de conteúdos sociais construídos ou universais, e sim, gerar

oportunidade para que os alunos se defrontem com eles e tenham a

oportunidade de reconstruí-los em sua própria realidade objetiva e subjetiva,

35

assumindo seu compromisso com a sociedade na construção (e reconstrução)

do conhecimento científico, com seu traço de personalidade de acordo com as

competências próprias.

2.2 Cultura x características do ensino superior no Brasil

Pimenta e Anastasiou (2008) indicam que alguns fatores motivadores

para a educação são: os pais, a sociedade do não-emprego que obriga a

eterna requalificação do profissional, transforma a educação em um bem de

consumo para a sobrevivência financeira e social – a sociedade considera a

educação importante para seu desenvolvimento econômico, político, científico,

humano, cultural e tecnológico as autoras apontam 3 principais desafios para a

educação: a atual sociedade da informação e do conhecimento, a sociedade

da esgarçadura das condições humanas (desvalorização do ser humano) e

sociedade do não-emprego e das novas configurações de trabalho.

Mendes (2000) aponta que o planejamento educacional superior no

Brasil objetiva a viabilidade da educação no plano social, cultural, econômico,

etc e em caráter regional, um imperativo sociológico devido à necessidade de

integração entre os aspectos de determinada localidade e suas demandas de

conhecimento para desenvolvimento regional, gerando uma formação

consistente, longa e variada, e tanto quanto possível, enriquecida com

experiências de campo profissional. O autor aponta ainda que o ensino

superior no Brasil se dá por área de especialização ou área geoeconômica, a

geoeconômica tende a ter maior importância e relevância devido ao alto grau

de especificidade e expectativas direcionadas a educação, dando “foco”.

A cultura nacional é muito regionalizada embora seja clara uma cultura

universal brasileira muito forte com características bem distintas relatado por

diversos autores como o apoio e a solidariedade, a forma de resolver os

problemas de maneira diferente e criativa, o comum descumprimento e

desrespeito às regras e leis existentes, a mania de deixar para “última hora”,

entre outros que são comportamentos comuns para os brasileiros, ficando

36

necessária uma avaliação local para a conclusão sobre quais características

mais predominantes em determinada região.

É muito comum em algumas universidades brasileiras o

“assistencialismo” realizado por vários professores, coordenadores e diretores,

no sentido de sempre, devido a problemas pessoais, haver problemas quanto

ao prazo de entrega de trabalho e realização de provas, que está previsto

(indiretamente) na CF/ 88, artigo 208, VI e VII, quando relata que a oferta e o

atendimento ao educando no ensino noturno regular deve ser adequado às

condições dele.

2.3 Construção de modelo para o ensino superior no Brasil

Para iniciar o processo de pesquisa, Lévi-Strauss (1976) afirma que a

investigação acerca da cultura de determinada região deve ser afastados todos

os elementos significativos, como exemplo, se são analisadas as culturas da

Europa e da América do Norte, então, as duas deverão ser tratadas como

culturas diferentes, mas se o interesse é estudar Rio de Janeiro e São Paulo,

as unidades culturais similares deverão ser afastadas para que seja possível

identificar as diferenças entre os objetos de pesquisa, e que esses elementos

podem se apresentar como uma realidade objetiva.

Vasconcelos Filho (1979) monta em seu trabalho uma proposta de

construção de um modelo de análise ambiental que tenta analisar os

elementos componentes do Macroambiente, do ambiente operacional e do

ambiente interno de uma empresa (conforme figura 5). Em seu modelo, o autor

aponta as seguintes variáveis:

1. Variáveis econômicas: Crescimento do PNB; balanço de pagamentos;

reservas cambiais; balanço comercial; taxa de inflação; taxas de juros;

estabilidade monetária; mercado de capitais; arrecadação (impostos federais,

estaduais e municipais); distribuição de renda.

2. Variáveis sociais: estrutura socioeconômica (com ênfase em hiatos

entre os diversos segmentos e condições de vida de cada segmento (moradia

etc.), estrutura de consumo de cada segmento, estilo de vida de cada

37

segmento: tendências, sistema de valores de cada segmento); estrutura

sindical (tipos de organização; tipos de conflitos; graus de participação;

características ideológicas); estrutura política (características ideológicas;

características organizacionais; tipos e graus de participação)

3. Variáveis culturais: índice de alfabetização; níveis de escolaridade;

características da orientação educacional: tendências; estrutura institucional do

sistema educacional: tendências; veículos de comunicação; estrutura

institucional do setor; graus de concentração; regime de funcionamento; níveis

de audiência e leitura: tendências.

4. Variáveis demográficas: densidade populacional; mobilidade da

população (interna); índice de natalidade; índice de mortalidade; taxa de

crescimento demográfico = (c-d); taxa de crescimento populacional [(c-d) +

imigração-emigração]; composição e distribuição da população segundo sexo,

idade e estrutura familiar.

5. Variáveis políticas: política monetária; política tributária; política de

relações externas; legislação (federal, estadual, municipal); política de

estatização; política de segurança nacional, entre outros.

No ambiente operacional: a) mapear os públicos relevantes e seus

respectivos segmentos, b) identificar os tipos de relacionamentos mantidos nos

dois sentidos: organização-público; e público-organização e c) identificar os

objetos do relacionamento, ou seja, o que é utilizado no processo de

intercâmbio (nos dois sentidos) entre a organização e seus públicos relevantes

externos.

No ambiente interno: a) mapear os públicos relevantes internos e seus

respectivos segmentos, b) identificar os tipos de relacionamentos mantidos nos

dois sentidos: organização-público; e público-organização e c) identificar os

objetos do relacionamento, ou seja, o que é utilizado no processo de

intercâmbio entre a organização e seus públicos relevantes internos.

38

Figura 5: Modelo de análise ambiental. Fonte: Vasconcelos Filhos, 1979.

Venuzka e Rohde (2012) fizeram uma pesquisa em 2012 com alunos de

classe A e B de um curso de graduação convencional no Rio Grande do Sul e

avaliou, a partir da aplicação de questionários, os fatores motivacionais

externos que motivaram ao aluno a desejar fazer determinado curso de

graduação, e o resultado foi que os jovens traçam o que eles querem para a

vida profissional ainda no ensino médio e neste momento têm certeza da

carreira que querem seguir, independente de essa escolha ser a mais

adequada ou não e a participação da família e dos amigos é importante, porém

não é fundamental para a escolha da profissão.

As autoras Venuzka e Rohde (2012) ainda concluem em seu trabalho

que os grupos de referência são os maiores fatores que aparecem com maior

frequência na tomada de decisão e resssaltam que a cultura tem um papel

relevante no processo de decisão de escolha do curso de Ensino Superior, ou

seja, a cultura está mais presente no reconhecimento do problema e no

processo de pós-decisão da escolha do curso e isso ocorre porque os valores

atuam como influenciadores nas decisões, e estes impactarão indiretamente

nas demais etapas do processo de ensino. Os valores dos jovens estão ligados

à escolha de uma profissão que traga algo novo e bom para a sociedade, e

39

que a carreira escolhida possa transparecer as crenças do indivíduo no seu

papel de transformação social.

A partir da análise dos dois textos acima e dentro do contexto que vem

sendo trabalhado do início deste trabalho, foi formatado o seguinte modelo

teórico, que tem como premissa 4 variáveis macro ambientais que afetam uma

sala de aula, sendo cada uma delas divididas em 3 subcategorias, Indivíduo/

pequenos grupos de influência (esses propositalmente não foram subdivididos,

devido à complexidade na análise em quantos e quais formas possuem –

podem ser família, amigos, grupo de trabalho, grupo religioso, entre outros),

fatores internos da sala de aula quando o grupo está formado e fatores

externos da sala de aula quando o grupo está formado, desdobrando então as

variáveis conforme o quadro 1 a 4 abaixo.

Ao analisar os quadros 2, 3 e 4, é percebido que as variáveis sociais e

culturais estão muito interligadas com as variáveis educacionais e variáveis de

mercado, neste trabalho, faz-se uma clara delimitação entre elas e aponta-se

um caminho mais objetivo, com os fatores de influência bem delimitados,

visando a melhor análise no contexto. Os fatores de mercado estão separados,

pois conforme extensa revisão bibliográfica apontada acima, o ensino superior

tem como objetivos preparar o cidadão para o mercado de trabalho, como

atualmente é uma variável de destaque para o indivíduo, foi feita a subdivisão.

Indivíduo/ pequenos grupos (inclusive o familar)

Fatores internos Fatores externos

Renda individual - InflaçãoEndividamento Crise econômica

Estabilidade salarialRenda familiar

Variáveis econômicas

Quadro 1: Análise das variáveis econômicas. Fonte: O autor.

40

Indivíduo/ pequenos grupos (inclusive o familar)

Fatores internos Fatores externos

Segmento socioeconômico Liderança Expectativas sociaisEstrutura de consumo Conhecimento geral Estrutura política

Valores Valores Valores

StatusPosicionamento dos veículos

de comunicaçãoPressão familiar Legislação

Condições de vida familiar

Variáveis sociais e culturais (exceto educacionais e mercado)

Quadro 2: Análise das variáveis sociais e culturais. Fonte: O autor.

Indivíduo/ pequenos grupos (inclusive o familar)

Fatores internos Fatores externos

Hiato de conhecimento Métodos pedagógicosNível de conhecimento exigido pelo mercado

Orientação educacional Estrutura institucional Reconhecimento

Níveis de audiência e leituraOrientação educacional

oferecido pela instituiçãoAdaptação do ensino ao ritmo

de mudanças tecnológicas

Presença e participação em aula Estrutura e experiência docente Legislação

Capacidade aprendizagem P&D em educação Relacionamento com governoExpectativas da turma Marketing

Relacionamento da turma e entre turmas

Expectativas da instituição

Nível de aceitação de tecnologia Pesquisa de mercadoTamanho da turma

Liderança

Variáveis educacionais

Quadro 3: Análise das variáveis sociais e culturais. Fonte: O autor.

Indivíduo/ pequenos grupos (inclusive o familar)

Fatores internos Fatores externos

Relação da instituição/ curso com o mercado

Relação da instituição/ curso com o mercado

Relação da instituição/ curso com o mercado

Valores pessoais x valores empresa

Status acadêmico x Status profissional

Ritmo de mudanças tecnológicas

Retorno financeiro da educação ConflitosExperiência profissional Tipo de organização

Grau de consciência LegislaçãoNível de valorização

profissional dado pela famíliaNível de conhecimento exigido pelo mercado

Status profissional Pressão da empresa

Variáveis de mercado

Quadro 4: Análise das variáveis de mercado. Fonte: O autor.

41

A partir da montagem das tabelas acima com os principais fatores

motivadores com seus respectivos itens de controle, foi montado a figura 6

abaixo que apresenta o modelo proposto nesta monografia.

Interação

VARIÁVEIS EDUCACIONAIS

VARIÁVEIS SOCIAIS E

CULTURAIS

VARIÁVEIS DE MERCADO

Fatores internos de sala de aulaFatores individuais do alunoFatores externos macroambientais

Interação variáveis x ambiente sala de aula

Interação variáveis x ambiente sala de aula

Interação variáveis x ambiente sala de aula

Interação variáveis x ambiente sala de aula

VARIÁVEIS ECONÔMICAS

Interação aluno-aluno

ALUNO A

ALUNO B

Interação aluno x sala de aula

Interação aluno x sala de aula

Figura 6: Modelo conceitual das interações existentes das variáveis com uma sala de

aula. Fonte: O autor.

Na figura 6 acima, o cenário circular representa a sala de aula,

composta por elementos como professor, o próprio ambiente e infra-estrutura e

a cultura que se instala ali no momento em que a turma é formada, com

destaque os alunos A e B, que interagem, não somente entre si, mas também

com o todo esse ambiente citado, em um terceiro momento (simultâneo), as

variáveis externas afetam a tomada de decisão e o conhecimento dos alunos

gerando significado de acordo com as variáveis macro ambientais definidas

pelo autor como: econômicas, sociais e culturais, educacionais e variáveis de

mercado.

42

CAPITULO 3

VALIDAÇÃO DO MODELO PROPOSTO

Neste capítulo será apresentada a metodologia utilizada para validação

do modelo teórico e como ocorreram as etapas de análise e consolidação dos

dados para este trabalho.

3.1 Confecção do questionário

A confecção do questionário obedeceu primordialmente duas premissas

básicas do objetivo do processo de pesquisa: simplicidade na interpretação

para o público alvo e tempo médio de resposta do mesmo de no máximo 30

minutos, de perguntas fechadas aonde o questionado tem oportunidade de dar

sua contribuição com o campo: “outros”. O mesmo está dividido em quatro

seções que representam cada uma das quatro variáveis macro ambientais, na

busca de indicadores palpáveis que tentam explicar a sua relação com o

ambiente de sala de aula e dos fatores motivadores para a pesquisa e estudo

individual.

Como a aplicação do questionário se dará em um horário dentro do

período letivo, foi selecionado o primeiro dia de aula para a aplicação do

mesmo, que sempre se apresenta como uma excelente oportunidade para

conhecer melhor a turma e desenvolver/ modificar de acordo com as

necessidades apontadas em um plano de aulas mais adequado à necessidade

apresentada. O modelo do questionário passado está presente no anexo 1

deste documento.

3.1 Aplicação e análise dos resultados do questionário

Para iniciar o processo de aplicação de questionário, foi avaliado pelo

autor qual seria a forma mais indicada de repassá-lo aos alunos e qual seria o

melhor grupo de avaliação. Pela própria delimitação de tempo, este trabalho

pode ser utilizado como um infinito processo de aperfeiçoamento e portanto

43

foram definidas duas turmas em um mesmo curso superior uma no primeiro

período com uma população de 25 alunos e uma no último período com uma

população de 39 alunos com intuito de comparar os resultados relativos

(percentuais), sendo possível assim comparar as características de respostas

de cada turma. Em um futuro aonde a turma de primeiro período estiver

terminando, pretende-se avaliar os novos resultados da atual turma do primeiro

período e comparar as respostas (Tabelas 1, 2, 3, 4 e 5).

Na tabela 1 abaixo, é possível concluir que os alunos de primeiro

período responderam a 11,6, uma quantidade maior de questões, de forma

relativa por aluno, comparando com os alunos do quarto período – 9,05

questões respondidas em média por aluno.

Total de respostasTotal de alunosQtd resposta média por aluno

290 353

11,6

25 39

9,05

Tabela 1: Resultado consolidado da aplicação do questionário nos grupos.

Fonte: O autor.

Ao avaliar os resultados da tabela 2, ao avaliar o primeiro período é

possível observar que os fatores estão essencialmente centrados na busca por

estabilidade salarial e as rendas individuais e familiares como premissa para

que o aluno busque o curso ou consiga ter oportunidade de realizá-lo, e é

possível perceber que alguns alunos utilizaram este campo para marcar pontos

relacionados a fatores sociais, como crescimento, adquirir conhecimentos e

prazer. Os alunos do último período já não são tão influenciados por fatores de

renda e uma hipótese é que a carência de profissionais no mercado faça com

que, durante o curso, eles tenham a oportunidade de se inserir no mercado de

trabalho, adquirir maior estabilidade financeira e arcar com os estudos.

Ao comparar as respostas, o questionário se apresentou satisfatório,

embora o item crise econômica não se apresente como interessante e será

futuramente excluído. Foram apresentadas poucas exceções aos fatores

listados, considerando que já se enquadram nos fatores sociais e culturais e o

44

indicador estabilidade econômica do país, sendo percebido pelo alunos,

representa uma tomada de consciência sobre a economia brasileira e seus

impactos negativos e positivos em suas vidas acadêmicas.

Questões1ºper

%4º

per%

( ) Renda individual permite 11 44,0% 9 23,1%( ) Estabilidade salarial 17 68,0% 13 33,3%( ) Renda familiar permite 6 24,0% 9 23,1%( ) Estabilidade econômica do país 2 8,0% 6 15,4%( ) Crise econômica 0,0% 0,0%( ) Outros: 1 crescimento, 2 que não identificaram, 1 adquirir competências, 1 prazer - 4o per - 2 não identificado, 2 cresc. Logística, 1 bolsa de estudos

5 20,0% 5 12,8%

Total 41 14,1% 42 11,9%

Fatores econômicos

Tabela 2: Total de respostas dos fatores econômicos. Fonte: O autor.

Analisando a tabela 3, é possível perceber que os alunos entram e

saem do curso superior no caso estudado objetivando a melhoria de vida, mas

vale ressaltar que o status pessoal também é uma condição desejada pelos

alunos, quantidade essa que se amplia ao chegar no término do curso. No

início do curso, eles se sentem mais motivados pela família, por professores,

por colegas e pela sociedade, mas com o passar da graduação, já se observa

que com o crescimento da necessidade de status, a motivação se torna mais

pessoal e menos influenciada por outros.

45

1ºper

%4º

per%

( ) Melhoria de classe social (status) 6 24,0% 14 35,9%( ) Necessidade de adquirir maior quantidade de produtos 2 8,0% 0,0%( ) Maior valor que a família e amigos/ você dão aos estudos 4 16,0% 4 10,3%( ) Melhoria de condições de vida 19 76,0% 30 76,9%( ) Professores e alunos que dão apoio ao processo de ensino, tirando dúvidas 6 24,0% 11 28,2%( ) Valores/ conhecimento de colegas e professores (neste caso, você observa maior conhecimento de terceiros e partir disso se motiva mais a estudar e aprender) 8 32,0% 9 23,1%

( ) Expectativa de maior valor da sociedade 6 24,0% 7 17,9%( ) Influência da mídia e propagandas 0,0% 0,0%( ) Cumprir a legislação 1 4,0% 1 2,6%( ) Outros: 1 Experiência, 1 conhecimento, 1 estudo, 1 ser exemplo de mulher no mercado

4 16,0% 0,0%

Total 56 19,3% 76 21,5%

Fatores sociais e culturais

Tabela 3: Total de respostas dos fatores sociais e culturais. Fonte: O autor.

Na tabela 4, o item de sentimento de falta de conhecimento sobre a

área apresenta uma evolução, demonstrando que no início do curso, o aluno

possui maior necessidade de conhecimento, mas no final, essa vontade

diminui, com uma vontade de aprender ainda constante. No reconhecimento

da instituição como referência, no primeiro período, 56% dos alunos enxergam

a faculdade como referência, mas ao término, apenas menos da metade da

porcentagem atual mantém a visão de referência. Na tabela 4, quanto a

vocação para a atividade, é perceptível que eles perdem a idéia de que

nasceram para realizar a atividade e no final do curso, além dos alunos

criticarem a estrutura da instituição, da sua orientação para os estudos, da

ausência/ deficiência de estrutura de pesquisa e sua lentidão da adaptação às

novas tecnologias, a reversão no quadro aparece na estrutura do curso e do

corpo docente, o que indica que é o único fator institucional educacional que

estimula a motivação do aluno a aprender.

46

Questões1ºper

%4ºper

%

( ) Sentimento de que falta conhecer mais sobre a área 13 52,0% 16 41,0%( ) Vontade de aprender mais sobre determinada área 17 68,0% 26 66,7%( ) Dificuldade de (dentro do dia-a-dia) reservar tempo para ler e aprender 1 4,0% 4 10,3%( ) Presença e participação em sala de aula 7 28,0% 9 23,1%( ) Método de ensino da instituição diferenciado 3 12,0% 4 10,3%( ) Estrutura da instituição que promove os estudos 4 16,0% 2 5,1%( ) Orientação oferecida pela instituição para melhorar os estudos 6 24,0% 2 5,1%( ) Pesquisa e desenvolvimento (com a aplicação prática) de conhecimentos 7 28,0% 5 12,8%( ) Reconhecimento da insituição como referência no ensino 14 56,0% 10 25,6%( ) Velocidade de adaptação do ensino às mudanças tecnológicas 6 24,0% 3 7,7%( ) Expectativas da instituição com relação ao desempenho da turma 2 8,0% 1 2,6%( ) Expectativas da turma (não a sua) 0,0% 1 2,6%( ) Aceitação de novas tecnologias 5 20,0% 5 12,8%( ) Tamanho da turma 0,0% 0,0%( ) Liderança da turma 0,0% 2 5,1%( ) Estrutura do curso e corpo docente 2 8,0% 8 20,5%( ) Vocação para determinada atividade 8 32,0% 4 10,3%( ) Outros: _________________ 0,0% 0,0%( ) Outros: _________________ 0,0% 0,0%Total 95 32,8% 102 28,9%

Fatores educacionais

Tabela 4: Total de respostas dos fatores educacionais. Fonte: O autor.

Na tabela 5, os fatores de mercado são apresentados e um fator

interessante, comparado a tabela 4 é que mesmo os alunos não enxergando

mais a instituição como referência em ensino, possui uma ótima relação com o

mercado de trabalho e valores alinhados com as empresas do setor. Ao final

do curso na tabela 5 ainda, é possível perceber que ao final do curso, os

alunos não esperam mais um retorno financeiro, aumentar a experiência

profissional, nem há uma pressão de um gerente/ supervisor para que cursem

o ensino superior e perdem consciência que precisam aprender coisas novas,

por estarem inseridos no mercado e quanto a possuir um diploma, para eles se

torna um símbolo de status profissional e entrega do documento como

formalização por solicitação do local de trabalho.

47

Questões1ºper

%4ºper

%

( ) Ótima relação do curso com o mercado de trabalho 17 68,0% 24 61,5%( ) O curso possui valores alinhados com os valores de empresas da profissão 6 24,0% 10 25,6%

( ) Retorno financeiro da educação em oportunidade de crescimento profissional16 64,0% 21 53,8%

( ) Aumento da experiência profissional 16 64,0% 18 46,2%( ) Alto grau de consciência da necessidade de aprender 10 40,0% 11 28,2%( ) Nível de reconhecimento profissional dado pela família e amigos 3 12,0% 6 15,4%( ) Conflitos gerados no trabalho pela ausência de conhecimento 4 16,0% 6 15,4%( ) Solicitação devido ao perfil do lugar onde trabalha (em ter o curso superior) 4 16,0% 8 20,5%( ) Pressão gerada pela empresa pela obrigatoriedade em estar cursando um ensino superior

3 12,0% 3 7,7%

( ) Status profissional 5 20,0% 10 25,6%( ) Alto ritmo de mudança tecnológica 6 24,0% 3 7,7%( ) Atender a uma legislação 1 4,0% 1 2,6%( ) Possuir o diploma 7 28,0% 8 20,5%( ) Outros: 2 Crescimento profissional (4o per) 2 5,1%( ) Outros: 1 mercado amplo (4o per) 1 2,6%( ) Outros: 1 reposicionamento no mercado de trabalho (4o per) 1 2,6%Total 98 33,8% 133 37,7%

Fatores de mercado

Tabela 5: Total de respostas dos fatores de mercado. Fonte: O autor.

48

CONCLUSÃO

O mundo atual vem exigindo de instituições de ensino um modelo cada

vez mais arrojado e dinâmico que se adapte a situações reais de mercado e

que permita aprimorar sua competitividade, aumentando a lucratividade,

visibilidade de mercado perante o mercado, a sociedade e o aluno, inclusive

atendendo a toda legislação vigente, leis essas que possuem em sua essência

a cultura de uma sociedade, que é extremamente importante e se torna a

premissa de formação do indivíduo ou de um grupo, criando assim pequenos

grupos com interesses iguais ou similares, inclusive, no momento em que

estão dentro de uma sala de aula de um nível superior de uma faculdade, por

exemplo, criando um ambiente extremamente complexo.

Analisar um ambiente complexo é extremamente difícil. As variáveis

existentes são quase inesgotáveis e agrupá-las em subgrupos se torna uma

tarefa cansativa e de difícil conclusão, somente após um longo período de

estudos, com um financiamento dado por uma instituição como o CNPq ou a

CAPES a um grupo de pesquisa haveria a possibilidade de entender e estudar

mais o comportamento de uma sala de aula e quais fatores possuem maior

influência na decisão de estudos no dia-a-dia do alunado.

Este trabalho procurou um primeiro estudo sobre quais fatores formam

os grupos de uma sala de aula, seu dinamismo e inter-relacionamento,

procurando as variáveis que possuam maior impacto, visando identificar como

uma organização de ensino pode utilizá-las para aumentar sua competitividade

ou como processo de auto-avaliação e melhoria do seu processo de gestão.

Então, a partir de um modelo de gestão empresarial e de gestão

macroeconômico foi traçado um modelo que visa não somente identificar quais

os fatores externos da cultura mais influenciam, mas o relacionamento deles

com cada um dos ambientes internos e externos na sala de aula e seus

indivíduos.

A partir da criação do modelo, se tornou necessário adaptar suas

premissas a um questionário que instrumentalizou a pesquisa científica deste

trabalho e procurou identificar se o modelo atenderia ás premissas adotadas,

49

como a quantidade de questões marcadas como “outros” foi pequena,

considera-se que, para este caso específico, o modelo se apresentou

adequado, ainda que o questionário tenha tido uma questão não respondida,

devendo ser reavaliado em outros grupos a sua relevância.

Conclui-se então que o modelo é válido e que qualquer alteração

necessária precisa se fazer de acordo com a particularidade da instituição, e,

inclusive o modelo, operacionalizado pelo questionário, pode vir a trazer luz a

questões de por que alunos chegam no final do curso desestimulados, ou, omo

pôde se perceber, a necessidade inicial da turma se modificando em função de

fatores externos e necessidades internas do indivíduo e a manipulação destes

fatores pode ser um item de aumento do nível de atendimento à outros atores,

como a sociedade, o governo, o aluno e o mercado, gerando maior valor ao

curso e maior valor econômico a instituição de ensino.

50

ANEXOS

Anexo 1 Modelo de questionário

( ) Renda individual permite ( ) Estabilidade econômica do país( ) Estabilidade salarial ( ) Crise econômica( ) Renda familiar permite ( ) Outros: _________________

Dentre os fatores abaixo, marque os que MAIS influenciam os seus estudos no dia-a-dia:

( ) Melhoria de classe social (status)( ) Expectativa de maior valor da sociedade

( ) Necessidade de adquirir maior quantidade de produtos( ) Influência da mídia e propagandas

( ) Maior valor que a família e amigos/ você dão aos estudos ( ) Cumprir a legislação( ) Melhoria de condições de vida ( ) Outros: _________________( ) Professores e alunos que dão apoio ao processo de ensino, tirando dúvidas ( ) Outros: _________________

Dentre os fatores abaixo, marque os que MAIS influenciam os seus estudos no dia-a-dia:

( ) Sentimento de que falta conhecer mais sobre a área( ) Expectativas da turma (não a sua)

( ) Vontade de aprender mais sobre determinada área( ) Aceitação de novas tecnologias

( ) Dificuldade de (dentro do dia-a-dia) reservar tempo para ler e aprender ( ) Tamanho da turma( ) Presença e participação em sala de aula ( ) Liderança da turma

( ) Método de ensino da instituição diferenciado( ) Estrutura do curso e corpo docente

( ) Estrutura da instituição que promove os estudos( ) Vocação para determinada atividade

( ) Orientação oferecida pela instituição para melhorar os estudos ( ) Outros: _________________( ) Pesquisa e desenvolvimento (com a aplicação prática) de conhecimentos ( ) Outros: _________________( ) Reconhecimento da insituição como referência no ensino( ) Velocidade de adaptação do ensino às mudanças tecnológicas( ) Expectativas da instituição com relação ao desempenho da turma

Dentre os fatores abaixo, marque os que MAIS influenciam os seus estudos no dia-a-dia:

( ) Ótima relação do curso com o mercado de trabalho ( ) Status profissional

( ) O curso possui valores alinhados com os valores de empresas da profissão( ) Alto ritmo de mudança tecnológica

( ) Retorno financeiro da educação em oportunidade de crescimento profissional( ) Atender a uma legislação( ) Aumento da experiência profissional ( ) Possuir o diploma( ) Alto grau de consciência da necessidade de aprender ( ) Outros: _________________( ) Nível de reconhecimento profissional dado pela família e amigos ( ) Outros: _________________( ) Conflitos gerados no trabalho pela ausência de conhecimento ( ) Solicitação devido ao perfil do lugar onde trabalha (em ter o curso superior)( ) Pressão gerada pela empresa pela obrigatoriedade em estar cursando um ensino superior

Fatores econômicos

Fatores de mercado

Dentre os fatores abaixo, marque os que MAIS influenciaram a escolha do seu curso e estudos:

( ) Valores/ conhecimento de colegas e professores (neste caso, você observa maior conhecimento de terceiros e partir disso se motiva mais a estudar e aprender)

Fatores educacionais

Fatores sociais e culturais

51

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