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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA ESCOLA FRENTE À FORMAÇÃO DE VALORES POR: LUCIANA DE CARVALHO COUTO JORGE Orientador: Vilson Sergio de Carvalho Co - Orientadora: Maria Esther de Araujo Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA

ESCOLA FRENTE À FORMAÇÃO DE VALORES

POR: LUCIANA DE CARVALHO COUTO JORGE

Orientador: Vilson Sergio de Carvalho

Co - Orientadora: Maria Esther de Araujo

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA

ESCOLA FRENTE À FORMAÇÃO DE VALORES

POR: LUCIANA DE CARVALHO COUTO JORGE

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre

– Universidade Candido Mendes como requisito parcial

para obtenção do grau de especialista em Orientação

Educacional e Pedagógica.

Rio de Janeiro

2013

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ser o meu porto

seguro, meu refúgio nas horas difíceis, o

escudo que me defende a luz que me

ilumina em todos os momentos.

Ao meu marido Hélio Mauricio e aos meus

filhos, que com carinho agüentaram o meu

mau humor e me deram todo apoio durante

os meses de trabalho, quando

compenetrada em meus estudos não pude

dar-lhes a atenção devida.

As professoras Gisele Boger Brand e Maria

Esther, por sua colaboração em minha

formação, não só como orientadora, mas

como cidadã.

“[...] Nenhuma outra técnica para a conduta

da vida prende o indivíduo tão firmemente

à realidade quanto à ênfase concedida ao

trabalho, pois este, pelo menos, fornece-

lhe um lugar seguro numa parte da

realidade, na comunidade humana [...] A

atividade profissional constitui fonte de

satisfação especial se for livremente

escolhida [...]”.

Sigmund Freud

DEDICATÓRIA

Dedico este estudo ao meu marido Hélio,

companheiro fiel de todas as horas e meu

grande incentivador.

Aos meus filhos Allan e Leonardo, presenças

fundamentais em minha vida.

À minha mãe Sonia Regina e ao meu pai

Celso que mesmo de longe, sempre me

deram palavras de incentivo, transmitindo-lhe

otimismo e força diante de todas as

dificuldades e contra tempos.

RESUMO

Nos diferentes estados brasileiros e nas diferentes redes escolares, este

profissional, se existente, recebe denominações variáveis e exerce atividades

também variáveis. Tal disparidade descaracteriza a real extensão de seu perfil

profissional e estabelece um conflito entre os diversos papéis exercidos pelos

diferentes profissionais da educação. Neste sentido, este trabalho apresenta

uma discussão crítica sobre a especificidade do trabalho do orientador

educacional e mostra a necessidade de sua presença em todas as escolas da

rede escolar brasileira.

Pretende ainda analisar os fundamentos legais que regulamentam a prática do

orientador educacional procurando interpretar as diferentes realidades

encontradas e a relação com a formação profissional e o contexto educacional,

social, político e histórico em que estamos inseridos.

Palavras-chave: Orientador Educacional; Atribuições Profissionais; Pedagogia.

METODOLOGIA

Este trabalho tem como objetivo averiguar sobre a função exercida pelo

Orientador Educacional nas escolas brasileiras. Esta pesquisa realizou-se a

partir de uma fundamentação teórico-bibliográfica de publicações de livros,

artigos e documentos sobre o tema proposto com os principais teóricos

utilizados na pesquisa como: Grinspun, Giacaglia e Libâneo.

A pesquisa tem como objeto de estudo o desempenho do Orientador

Educacional no que se refere aos seus valores e papeis. Ainda, pretende

identificar as dificuldades que o orientador enfrenta em busca de sua

identidade, ou seja, o seu real papel em uma instituição escolar.

É uma pesquisa qualitativa, cuja finalidade é a de buscar entendimentos

através de informações colhidas na abordagem. Destacam-se comentários,

opiniões e frases mais relevantes.

O importante é o que se fala sobre um tema. A pesquisa qualitativa é

traduzida por aquilo que não pode ser mensurável, pois a realidade e o sujeito

são elementos indissociáveis. Assim sendo, quando se trata do sujeito,

levam-se em consideração seus traços subjetivos e suas particularidades.

Tais pormenores não podem ser traduzidos em números quantificáveis.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Conceitos e leis sobre orientação educacional 12

CAPÍTULO II - Dados Históricos sobre a orientação educacional 18

2.1 – Trajetória da orientação educacional no Brasil 22

CAPÍTULO III - O orientador educacional 25

3.1- Como ator que reitera o seu papel no dia a dia das instituições

de ensino 29

3.2 - O orientador educacional e o exercício de cidadania contextualizando a

criação de espaços de participação social onde o aluno está inserido 33

3.3 - A família e o orientador educacional construindo um novo espaço 35

3.4 – A comunidade inserida no contexto escolar bem como a relação com

o orientador educacional 36

3.5 – A participação do orientador educacional em movimentos sociais 37

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 41

8

INTRODUÇÃO

O Tema desta monografia é “O papel do Orientador Educacional na escola

frente à formação de valores.”.

A questão central deste trabalho é “Quem é e o que faz o Orientador

Educacional e quais seriam suas atribuições profissionais junto à Escola”.

O tema sugerido é de fundamental relevância, pois esclarecerá a sociedade e

principalmente a comunidade escolar das competências e atribuições de um

Orientador Educacional, pois, percebe-se que um dos entraves é a visão

errônea dos outros profissionais de que o Orientador Educacional é apenas um

disciplinador. Existem questionamentos referentes ao papel desempenhado

pelos Orientadores Educacionais que nos leva a uma reflexão quanto às

respostas enfrentadas pelos dilemas que o orientador encara. Como: Por quê?

Para quê? A quem? Como e quando se orienta?

São, portanto, objetivos desta pesquisa, discorrer sobre o trabalho de

Orientação Escolar na comunidade escolar tendo como suporte as literaturas

na área; Discutir sobre a função mediadora do Orientador Educacional na

comunidade escolar visando o pleno desenvolvimento do educando; Enfatizar a

importância do trabalho realizado pelo Orientador Educacional no sentido de

cooperação, compreensão e respeito mútuo com os demais membros da

comunidade escolar.

Na instituição escolar, o Orientador Educacional é um dos profissionais da

equipe de gestão. Ele trabalha diretamente com os alunos, ajudando-os em

seu desenvolvimento pessoal; em parceria com os professores, para

compreender o comportamento dos estudantes e agir de maneira adequada

em relação a eles; com a escola, na organização e realização da proposta

pedagógica; e com a comunidade, orientando, ouvindo e dialogando com pais

e responsáveis.

Historicamente, a Orientação Educacional tem sido uma das funções exercidas

pelo profissional da educação denominado pedagogo. Nos diferentes estados

brasileiros e nas diferentes redes escolares, este profissional, se existente,

recebe denominações variadas e exerce atividades também variadas. Tal

diversidade descaracteriza a real dimensão de seu fazer profissional e

9

estabelece um conflito entre os diversos papeis desempenhados pelos

diferentes profissionais da educação. Neste sentido, este artigo apresenta uma

discussão crítica sobre a especificidade do trabalho do Orientador Educacional

e mostra a necessidade de sua presença em todas as escolas da rede escolar

brasileira.

Grandes mudanças culturais e socioeconômicas ocorridas na sociedade

brasileira obrigam de certa forma que a escola mude e redefina seu papel,

fazendo mudanças antes muito tradicionais para criação de novos serviços que

atenda o propósito da escola na formação do aluno. (Grispun, 2010).

Os cursos de pedagogia no Brasil têm, historicamente, formado profissionais

com o objetivo principal de oportunizar os educando o seu desenvolvimento

para o exercício de funções ligadas à gestão educacional: administradores

escolares, orientadores educacionais e supervisores de ensino prezando o seu

desenvolvimento pleno, através de ações coordenadas, consecutivas e

contextualizadas no que se refere a sua formação enquanto profissional da

educação, seu desempenho está baseado na LDB 9.394/96, no seu art. 2º.

Onde traz o seguinte texto:

“a educação, dever da família e

do Estado, inspirada nos

princípios de liberdade e nos

ideais de solidariedade humana,

tem por finalidade o pleno

desenvolvimento do educando,

seu preparo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para

o trabalho”.

Esses profissionais, muitas vezes, ao mudarem de Estado ou de cidade,

encontram realidades profissionais diferenciadas e, em muitas delas, o seu

campo profissional demonstra-se restrito. O diretor de escola, por exemplo, no

Estado de São Paulo é escolhido mediante concurso público e, para isso,

10

deverá ser Pedagogo, ao passo que no Estado do Mato Grosso a escolha é

feita pela administração superior, uma vez que é cargo de confiança que pode

ser ocupado por um professor, que nem ao menos precisa deter o título de

Pedagogo.

O cenário profissional diversificado onde o administrador escolar encontra

também incide com o orientador educacional. Determinados estados

brasileiros, na rede escolar estadual, o orientador compõe a equipe de gestão

escolar, como acontece com os Estados de Brasília, Rio de Janeiro, Paraná,

Rio Grande do Sul, Amapá, por enquanto em outros Estados, tal profissional

não existe.

A vivência e a constância do orientador educacional na rede escolar são muito

discutidas e as atenções destinadas às suas atividades passam por grandes

transformações, de acordo com os Estados, em suas regulamentações.

Provavelmente por ranços do passado, atualmente seja indispensável que se

estabeleçam parâmetros para o desempenho desse profissional num aspecto

crítico e revolucionário. Não há questionamento relacionado à necessidade de

se ter um orientador educacional nas escolas, e que esse ator seja

imprescindível ao processo educacional. Há uma linha tênue entre tal prática e

a própria educação, uma vez que na própria raiz da palavra educação

encontra-se “orientar, guiar, conduzir o aluno”. O desempenho do orientador

educacional precisa ser o de mediador entre o aluno, as circunstâncias de

caráter didático-pedagógicas e as circunstâncias sócio-culturais. Mesmo

porque, o aluno representa a razão de ser da escola e da própria educação.

Outro ponto que justifica a presença do orientador educacional dentro da

escola é representado pelo trabalho em equipes multidisciplinares. O

orientador, incorporado aos demais profissionais da escola e a outros

pedagogos, pode colaborar bastante para a organização e dinamização do

processo educativo. Mediante as considerações acima, o objetivo deste

trabalho é apresentar questões para discussão, com o intuito de induzir o leitor

11

à percepção da real necessidade da presença do profissional orientador

educacional em todas as escolas públicas e particulares de educação básica

do país.

Neste estudo, pretendemos saber qual a real função do Orientador Educacional

– disciplinador ou mediador do processo ensino-aprendizagem. Assim, temos

como objetivo geral, investigar qual o trabalho do Orientador Educacional na

comunidade escolar numa perspectiva mediadora e facilitadora do processo

ensino-aprendizagem.

Deste modo, o trabalho está assim estruturado, o capítulo 1 trata das

atribuições do Orientador Educacional baseados nas legislações que

competem à área.

O capítulo 2 trata do curso de pedagogia no Brasil tendo como pano de fundo o

contexto histórico do profissional no país, como também o desenvolvimento

profissional ligado à gestão educacional, baseado em conceitos adotados por

autores renomados.

O capítulo 3 evidencia o Orientador Educacional como principal ator da

transformação social, seu papel vai além dos muros das instituições

educacionais, o Orientador Educacional está inserido em diversos contextos de

cunho familiar, moral, social e educacional.

.

12

CAPÍTULO I

CONCEITOS DE LEIS SOBRE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

Santos (1980) concebe Orientação Educacional como sendo um conjunto de

princípios e estratégias que considera a pessoa a orientar (no caso do

ambiente escolar, o aluno) em sua personalidade integral, levando em conta as

informações, em diferentes áreas, sobre o orientador educacional.

O Orientador Educacional é um profissional que exerce um papel político-

pedagógico na relação com a escola e com a sociedade em geral.

As principais atribuições legais do Orientador Educacional, quando de sua

criação pela Lei n° 5.564/1968 que regulamentava sobre o Exercício da

Profissão, eram assistir ao educando, individualmente ou em grupo, no âmbito

das escolas e sistemas escolares da Educação1 Básica, visando ao

desenvolvimento do educando e integrando os elementos que exercem

influência em sua formação.

Todavia, a sociedade deste terceiro milênio (mediada pelas Tecnologias de

Informação e Comunicação) demanda mais do que conselhos esporádicos

individuais, empíricos ou ilusórios; pela complexidade dos atos humanos, a

Orientação demanda conhecimentos biopsicossociais que contemplem não

somente a dimensão pessoal, mas um trabalho que transcorra para a

coletividade do cenário escolar - mergulhado em influências sociais e culturais.

As circunstâncias atuais demandam estudos sistematizados para administrar a

infância, a adolescência e a mocidade à plenitude de suas potencialidades em

desenvolvimento. A constante transformação pela qual passa a sociedade

contemporânea acompanha, entre outras, as mudanças contínuas no campo

da economia e da educação. Novas experiências e técnicas são de

preocupação constante do homem. (ABELIN, 1989)

13

1 - "A educação é o processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição

humana, com todos os seus poderes funcionando com harmonia e completa,

em relação à natureza e à sociedade. Além do mais, era o mesmo processo

pelo qual a humanidade, como um todo, se elevando do plano animal e

continuaria a se desenvolver até sua condição atual. Implica tanto a evolução

individual quanto a universal".

(Friedrich Froebel)

Complementando Froebel, o indivíduo é no campo das relações humanas uma

unidade, quando considerado em si mesmo, mas relacionando-se com um todo

maior.

A Orientação2 Educacional está intrínseca ser humano em todos os seus

níveis, em certa época da vida e em certo meio, precisando responder aos

desígnios atuais da educação relacionada à formação de um aluno consciente

da sua função no mundo.

Villon (apud PASCOAL, 2008) diz que o trabalho do orientador educacional na

atualidade deve ser o de favorecer a aproximação entre a escola e a

comunidade, desvelando os papéis e a influência que diversas instituições, tais

como clubes, indústrias, comércios locais, associações, clubes, etc. exercem

na comunidade.

Por ser uma área tão respeitável para a educação, o tema Orientação

Educacional e o que se espera de sua atuação, no contexto educacional, bem

como as diferenças que envolvem a formação do profissional Orientador na

atualidade, justificam a necessidade de desenvolver um estudo mais cuidadoso

sobre o contexto. Quer-se, portanto, discutir as intercessões legais e práticas

da Orientação no cenário educacional. Tendo em vista que a dificuldade de

desempenho do Pedagogo – orientador educacional foge da extensão escolar,

inserir-se nos aspectos legais de sua habilitação profissional, que, ultimamente,

14

sofreram alteração pelas Novas Diretrizes Curriculares Nacionais de Pedagogia

(Resolução CNE/CP n° 01/2006).

A orientação na atualidade é caracterizada por um trabalho mais abrangente,

na dimensão pedagógica, possuindo caráter mediador junto aos demais

educadores e atuando com todos os protagonistas da escola no resgate de

uma ação mais efetiva e de uma educação de qualidade, buscar conhecer a

realidade e transformá-la, para que seja mais justa e humana.

2 - A orientação, hoje, está mobilizada com outros fatores que não apenas e

unicamente cuidar e ajudar ‘alunos com problemas’. Há, portanto, necessidade

de nos inserirmos em uma nova abordagem Orientação, voltada para a

‘construção’ de um cidadão que esteja mais comprometido com seu tempo e

sua gente. Desloca-se, significativamente, o ‘aonde chegar’, neste momento da

Orientação Educacional, em termos do trabalho com os alunos. Pretende-se

trabalhar com o aluno no desenvolvimento do seu processo de cidadania,

trabalhando a subjetividade e a intersubjetividade, obtido através do diálogo

nas relações estabelecidas (GRINSPUN, 1994, p. 13).

A autora relata a importância da interdisciplinaridade dentro da escola, em que

o trabalho de todos é realizado em conjunto, conectado, no qual todos buscam

os melhores processos e resultados. A orientação tem que servir para esse

novo tempo, no qual a Educação lida com o real e suas perspectivas.

As atuais Diretrizes Curriculares Nacionais de Pedagogia (DCNs), bem como o

Parecer CNE/CP Nº 3/2006, asseguram que a Licenciatura em Pedagogia

(sem habilitações específicas) realiza a formação para administração,

planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional, em

organizações (escolas e órgãos dos sistemas de ensino) da Educação Básica e

também institui que devem ser observadas igualmente as disposições do

Parágrafo Único do art. 67 da Lei nº 9.394/96, no que tange a experiência

docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras

funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de ensino.

15

Significando a instituição escolar eminentemente colegiada, compete antever

que todos os licenciados em educação possam ter oportunidade de imediato

aprofundamento da formação pertinente, no decorrer de sua vida profissional.

De acordo com a nova legislação, não mais compete, como antigamente (na

vigência da legislação anterior – Lei nº 5.540/1968 e currículos mínimos),

idealizar a formação para as funções supracitadas como características dos

Licenciados em Pedagogia. (PARECER CNE/CP Nº 3/2006)

As atuais Diretrizes Curriculares Nacionais de Pedagogia não têm por

finalidade abolir a Orientação Educacional das Unidades Educativas. O que se

aborda são a formação e o fim das habilitações na graduação em Pedagogia.

Mas como decorrência, abriu a probabilidade para todos os licenciados em

Educação trabalharem na área, com uma formação em menor tempo que o

Pedagogo Escolar (que possui uma formação plena).

Importante avaliar que a Escola, ultimamente, observa sua responsabilidade

alargada; tem que transpor seus limites, projetando-se fora de si própria, pois

lhe constituíram agentes de maiores obrigações: o acompanhamento, a

preparo e o condução do aluno frente à vida. Para atender às atribuições

citadas anteriormente, de responsabilidade da família, da escola e do poder

público, foi introduzida no meio educativo a Orientação Educacional.

A ação do Orientador Educacional desenvolve-se por meio de um conjunto

específico de atividades, tais como: incentivar o corpo discente no processo de

sua aprendizagem; orientá-lo para as temáticas sociais e afetivas; auxiliá-lo na

sua escolha profissional. Essas atividades sempre se realizam com o apoio ou

a parceria de diversas fontes, a saber: a estrutura educacional, os professores,

os pais e até mesmo os próprios alunos. (SANCHES, 1999)

A autora supracitada prossegue enfatizando que a atuação do Orientador

Educacional como profissional de ajuda faz-se fundamentalmente junto ao

adolescente — reconhecido como um ser está em transição, com uma ampla

16

potencialidade a ser trabalhada, um adulto que embora não seja o que é e o

que quer ser, um alguém benquisto com predicados e distorções.

A contemporânea dinâmica do processo educativo, frente ao mundo em

constante transformação, demanda a presença da Orientação Educacional nas

escolas. É preciso, no entanto, que condições sejam criadas, sua importância

notada e adotada por todos que se encontram envolvidos na tarefa

educacional. Para que tenha uma renovação na educação brasileira, todos

devem estar comprometidos a colaborar.

Sobre a Orientação Escolar ou Educacional, Ferreira (apud Batista, 2010)

conceitua: “Processo intencional e metódico destinado a acompanhar, segundo

técnicas específicas, o desenvolvimento intelectual e a formação integral da

personalidade dos estudantes, sobretudo adolescentes” (p. 27).

A esse respeito o físico Albert Einstein já tinha declarado: “É essencial que os

estudantes adquiram o entendimento e o sentimento vivo pelos valores. Eles

devem adquirir um sentido vivo da beleza e do bem moral (...).” Neste sentido

O Orientador Educacional se torna um imprescindível profissional na dinâmica

escolar, uma vez que seu trabalho quando eficaz contribui para uma

sociedade, aonde cada pessoa harmônico na sua individualidade contribuirá

para a harmonia social.

GRINSPUN (2002) reúne todos os artigos sobre o tema da Orientação

Educacional, situando o profissional desta área em várias questões do

cotidiano escolar, seu histórico e como a legislação rege tal trabalho. Na

introdução do seu livro, ela situa o leitor na história da profissão, a qual andou

sempre junto à educação, “na busca das finalidades de um projeto político

pedagógico formulado para a escola em favor de seus próprios alunos”

(GRINSPUN, 2002, p.17).

A Orientação Educacional é um processo dinâmico e ativo que atua junto ao

processo pedagógico. Deve proporcionar a construção e a produção de

17

conhecimento, saberes, de comunicações e interações, promovendo toda a

teia de relações que envolvam o sujeito e o meio.

A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, estabelece as Diretrizes e Bases

da Educação Nacional:

Da educação

Art. 1º A educação abrange os processos

formativos que se desenvolvem na vida

familiar, na convivência humana, no

trabalho, nas instituições de ensino e

pesquisa, nos movimentos sociais e

organizações da sociedade civil e nas

manifestações culturais.

§ 1º Esta lei disciplina a educação escolar,

que se desenvolve, predominantemente,

por meio do ensino, em instituições

próprias.

§ 2º A educação escolar deverá vincular-se

ao mundo do trabalho e à prática social.

DOS PRINCÍPIOS E FINS DA

EDUCAÇÃO NACIONAL

Art. 2º A educação, dever da família e do

Estado, inspirada nos princípios de

liberdade e nos ideais de solidariedade

humana, tem por finalidade o pleno

desenvolvimento do educando, seu

preparo para o exercício da cidadania e

sua qualificação para o trabalho.

18

A participação efetiva da comunidade escolar (composta também pela família)

e local na melhoria do funcionamento das instituições de educação e no

enriquecimento de oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos.

CAPÍTULO II

DADOS HISTORICOS SOBRE A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

A Orientação Educacional surgiu aproximadamente no início do século XX,

nos.

Estados Unidos, com o objetivo de nortear os estudantes para uma adequada

escolha de trabalho, com o ideal, de orientar profissionalmente o aluno. Mas a

vivência direta com o educando foi evidenciando as suas ansiedades e

pretensões, tornando-se, então, a ação para uma assistência mais ampla e

completa, a fim de melhor orientá-lo para a vida pessoal e social.

No sentir de Nérici (1992:21) Tudo indica que a Orientação Educacional, na

esfera profissional, surgiu em 1895, em São Francisco, e em 1898, em Boston,

porobra de Frank Parson, também, em 1908, organizou o “Bureau of Vocational

Guidance” e em 1909 escreveu “Choosing a Vocation” – Houghton. “Logo no

início do século XX deu-se uma ampliação natural no campo da “Orientação,

obedecendo à necessidade de assistir o educando no desenvolvimento de

todas as suas estruturas – física, mental, moral, social, estética, científica,

política e religiosa.”

No cenário brasileiro a Orientação Educacional teve início também no campo

específico da orientação profissional. Os primeiros trabalhos começaram

em1924, no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, com o Prf. Roberto Mange,

engenheiro suíço, que foi contratado pelo Governo brasileiro para lecionar na

Escola Politécnica de São Paulo. Esses trabalhos, que tiveram a ajuda de

19

Henri Pieron e de sua esposa, apresentavam como objetivo selecionar e

orientar os alunos matriculados no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

Em 1930, sob a direção de Roberto Mange e de seu colaborador Ítalo Bologna,

na Estrada de Ferro Sorocabana, inicia-se um serviço de sistematização de

seleção, orientação e formação de aprendizes, que eram mantidos por aquela

estrada de ferro junto às oficinas da Sorocabana, em São Paulo. Em 1934,

observa-se a criação do Centro Ferroviário do Ensino de Seleção Profissional

(CFESP), centro este ligado aos cursos mantidos pela estrada de ferro.

Em 1931, Lourenço Filho criou o primeiro serviço público de Orientação

Profissional no Brasil, que depois prosseguiu no Instituto de Educação na

Universidade de São Paulo, tendo sido extinto, entretanto, em 1935.

Em termos de tentativas isoladas de Orientação, nos moldes americano ou

europeu, começam a serem estruturados os serviços de orientação nas

escolas, cuja experiência pioneira é de Aracy Muniz Freire e de Maria

Junqueira Schmidt, no Colégio Amaro Cavalcanti, no rio de Janeiro, em 1934.

Em 1937, no antigo Instituto Profissional Masculino foi criado um gabinete de

psicotécnica destinado a orientar os alunos do 1° ano daquele instituto na

escolha dos seus cursos profissionais secundários. Em 1938, o Instituto

nacional de Estudos Pedagógicos (INEP) criou uma subdivisão, âmbito

nacional, para implantar a orientação educacional.

Em 1939, o Governo Federal, preocupado com o problema de formação de

mão-de-obra industrial, constituía uma comissão interministerial incumbida de

regulamentar o Decreto-lei 1238/39 que dispunha, dentre outros objetivos,

sobre cursos de aperfeiçoamento profissional. Integrava essa comissão, entre

outros educadores, o Prof. Joaquim Faria Goes Filho, que foi seu relator.

Surgem, então, nesse momento, as Leis Orgânicas, que reforçam tal dicotomia,

fazendo com que a Orientação tivesse um papel importante para os

20

legisladores, ratificando, através das escolhas dos alunos, os cursos

escolhidos.

A regulamentação da Orientação educacional a partir de 1942 está

significativamente ligada a sua origem na área da Orientação Profissional. O

orientador poderia ser considerado como “ajustador”, isto é, cabia a ele ajustar

o aluno à escola, à família e à sociedade, a partir de parâmetros eleitos por

essas instituições como sendo os de desempenhos satisfatórios.

Foi com as Leis Orgânicas de 1942, do Ministro de Getúlio Vargas, Gustavo

Capanema, que pela primeira vez se encontraram referências explícitas à

Orientação Educacional. Sua função teria caráter corretivo e direcionado para

o atendimento aos alunos problemas. Outra função seria a de velar para que

os estudos e descanso do aluno ocorressem de acordo com as normas

pedagógicas mais adequadas. Também teria o papel de esclarecer possíveis

dúvidas e orientar seus estudos para que sozinhos buscassem sua

profissionalização. A profissão seria regulamentada, tendo o Orientador

Educacional que fazer um curso próprio de Orientação Educacional.

(GRINSPUN, 2002).

Mas ainda o curso principal da Orientação Educacional seria o ensino técnico,

em que ajudava na formação de uma mão-de-obra especializada e qualificada,

assumindo caráter terapêutico, preventivo, psicometrista, identificando

aptidões, dons e inclinações dos indivíduos.

A formulação mais precisa, no entanto, segundo Nérice (1992:22) surge na Lei

Orgânica no Decreto da Lei n° 4.424 de 09/04/42 como diz o artigo 81: É

função da Orientação educacional, mediante a necessária observação,

cooperar no sentido de cada aluno se encaminhe convenientemente nos estilos

e na escolha de sua profissão, ministrando-lhe esclarecimentos e Conselhos,

sempre em entendimento com sua família. (Art.81 Lei n° 4.424, de 09/04/42).

Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1961, a Orientação

volta a ter lugar na Educação Brasileira, com a inclusão de um capítulo,

21

ressaltando-se, agora, a formação de orientadores de educacionais para os

cursos primário e secundário. Embora a LDB caracterize esses dois tipos de

orientadores, na verdade ocorre uma ênfase da Orientação no ensino médio.

O orientador3 respondia, na escola, pelo estabelecimento de um “clima

educativo” que propiciasse ao aluno a consecução de seus objetivos

educacionais, conforme a lei proclamava. Dada a sua importância no processo

educativo, a orientação educacional não pode ser considerada apenas como

imperativo legal: muito mais do que isto, é realmente uma necessidade de fato.

3 - “O dialogo é o caminho mais seguro para o Orientador aprender a essência

da problemática de cada educando, a fim de poder, mais conscientemente,

orientá-lo em função da realidade existencial...”.

(Nérici, 1922: p.72)

Portanto, o papel do Orientador Educacional nesta ênfase é de buscar

elementos que possa propiciar momentos de debates, sobre a vivência do

aluno no seu cotidiano e relacionar com os conteúdos no processo ensino-

aprendizagem.

Através do diálogo, podem-se trabalhar as dificuldades e as diferenças,

buscando em comum o desenvolvimento do trabalho educativo dos indivíduos

presentes na escola.

22

2.1- Trajetórias da Orientação Educacional no Brasil

Segundo MAIA e GARCIA (1990, P.11) em 1931, o serviço de Orientação é

tomado oficial pelo professor Lourenço Filho, diretor do Departamento de

Educação de São Paulo, Brasil, surgindo assim o primeiro serviço de

Orientação Educacional e profissional. No entanto, esta experiência teve uma

duração curta, sendo extinto o serviço em 1935.

O instrumento básico de trabalho do Orientador, em 1931, consistia em

baterias de testes de aptidão e desempenho na realização de tarefas. Dentro

desta metodologia, este deveria selecionar e encaminhar para treinamento os

alunos da escola que queriam ingressar em cursos universitários ou, então,

aqueles que estavam à procura de trabalho.

Em 1942 é reimplantado o Serviço de Orientação, com a finalidade de correção

e encaminhamento dos alunos-problema. Assim, esse serviço teria claramente

um papel adaptador à sociedade, preparando para a inclusão no mercado de

trabalho.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 confirma a

Orientação Educacional como ação educativa no ensino médio, referindo-se à

criação da Orientação Educacional e vocacional em cooperação com a família.

A Lei não se limitou a anunciar o papel do orientador. Preocupou-se, também,

com a sua formação, pois era preciso preparar o profissional capaz de cumprir

o papel esperado, considerando-o assim, como uma peça-chave, ou como um

elemento fundamental e de extrema importância na escola, para que os fins

propostos pela Lei fossem atingidos.

Segundo MAIA e GARCIA (1990, p.18): Os orientadores educacionais,

formados na década de 60, pretendiam atuar nas áreas de orientação escolar

psicóloga, familiar, profissional, recreativa, saúde, contribuindo para a formação

integral do aluno.

23

Em 1968, surge a Lei 5.564, que provê sobre o exercício da profissão do

orientador, confirmando a linha psicológica e a função da orientação, conforme

já aparecia na definição do currículo do curso de formação.

Sendo assim, a orientação educacional, que antes se limitava à seleção e

orientação profissional amplia, nesta fase, a sua contribuição para o

desenvolvimento integral.

No final do século XVII a pré-escola foi criada para atender as criada para

atender as crianças pobres e as mães trabalhadoras, porém, desde o início, se

apresentaram como primordialmente educacionais.

Segundo ele, o final do século XIX e o início do século XX demarcou um

período onde a infância e a educação integraram os discursos sobre a

edificação da sociedade moderna.

A sociedade atual ampliou o campo de atuação do Orientador Educacional

para outros ambientes, como instituições não escolares, onde se constata a

sua importância em todos os segmentos organizados da sociedade, tornando-o

o elo que conduz ao relacionamento interpessoal, com possibilidade de

reflexão crítica dos indivíduos, tornando-os aptos ao convívio em sociedade.

Parte-se do pressuposto da instabilidade no mundo do trabalho para a inserção

do Pedagogo habilitado em Orientação Educacional nas organizações, para

atuar junto aos funcionários, encaminhando e reabilitando-os em funções

condizentes com o seu conhecimento e o seu modo de ser e se relacionar com

outras pessoas.

A Orientação Educacional percorreu um longo caminho junto com a Educação,

suas funções, ações e objetivos acompanharam os modelos de Educação e de

Educando de cada época.

24

Atualmente percebe-se que o modelo de Educação é um modelo inovador, em

que as escolas buscam a formação de um aluno cidadão crítico, pensante

capaz de participar ativamente dentro da sociedade.

Segundo GRINSPUN (2001, P.13),

A Orientação, hoje está mobilizada com

outros fatores que não apenas e

unicamente cuidar e ajudar os “alunos

com problemas”. Há, portanto a

necessidade de nos inserirmos em uma

nova abordagem de Orientação voltada

para a construção de um cidadão que

esteja mais comprometido com tempo e

sua gente.

Para promover essa formação as escolas buscam um ensino-aprendizagem

que atenda essas necessidades. Sabe-se que o aprendizado é o meio mais

eficaz para o desenvolvimento do ser humano, para tanto deve ser

adequadamente organizado e é o Professor quem passa a ser a pessoa guia

que dirige e promove o conhecimento para os educados.

25

CAPÍTULO III

O ORIENTADOR EDUCACIONAL

Atribuições do orientador educacional segundo:

DECRETO Nº 72.846, DE 26 DE SETEMBRO DE 1973 DOU DE 27/09/73.

Regulamenta a Lei nº 5.564, de 21 de dezembro de 1968, que provê sobre o

exercício da profissão de orientador educacional.

O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 81,

item III, da Constituição, decreta:

Art. 1º- Constitui o objeto da Orientação

Educacional a assistência ao educando,

individualmente ou em grupo, no âmbito

do ensino de 1º e 2º graus, visando o

desenvolvimento integral e harmonioso

de sua personalidade, ordenando e

integrando os elementos que exercem

influência em sua formação e

preparando-o para o exercício das

opções básicas.

Quando esta lei se refere às “opções básicas” subentende-se que sejam as

escolhas profissionais futuras, além das formas de conduta e desenvolvimento

de um cidadão enquadrado na sociedade de um modo “integral e harmonioso”.

Art. 8º- São atribuições privativas do

Orientador Educacional: a) Planejar e

coordenar a implantação e

funcionamento do Serviço de Orientação

Educacional em nível de:

1- Escola

2- Comunidade.

26

É muito importante que na implantação do SOE e no decorrer do seu trabalho,

o Orientador Educacional deixe bem claro para a comunidade escolar e local,

as respectivas funções e atribuições do Orientador Educacional, assim como a

intencionalidade do seu Plano de Ação, objetivando uma melhor compreensão

das ações envolvidas ao SOE, fortalecendo assim a identidade do Orientador e

a formação de parcerias.

b) Planejar e coordenar a implantação e

funcionamento do Serviço de Orientação

Educacional dos órgãos do Serviço

Público Federal, Estadual, Municipal e

Autárquico; das Sociedades de Economia

Mista, Empresas Estatais, Paraestatais e

Privadas.

As ações do SOE não devem ser vistas na escola de forma reducionista,

desvinculada e isolada da dinâmica escolar, mas integrada e contextualizada

ao currículo pleno da escola.

Todo o projeto político da escola em especial, tem que estar com os seus

objetivos entrosados. Precisamos nos juntar aos demais profissionais da

educação e em especial aos professores, afim de que dentro das nossas

especificidades possamos favorecer as relações entre o desenvolvimento e

aprendizado.

d) Coordenar o processo de sondagem

de interesses, aptidões e habilidades do

educando.

Esse processo não é tarefa exclusiva do Orientador Educacional, mas é por ele

coordenado, é um trabalho de importante relevância, uma vez que viabiliza o

diagnóstico geral dos educados, ressaltando que se entende a sondagem de

aptidões como a exploração de características físicas, sociais e emocionais.

27

Esse processo pode ser realizado de forma individual, grupal, por amostragem

para tabulação.

g) Sistematizar o processo de

acompanhamento dos alunos,

encaminhando a outros especialistas

aqueles que exigirem assistência

especial.

Esse processo de acompanhamento é responsabilidade coletiva de todos os

educadores. Toda a escola deve oferecer um clima propício ao

desenvolvimento do aluno como pessoa. Quanto ao Orientador Educacional

cabe sistematizar o processo de acompanhamento que é feito por todos.

Art. 9º- Compete, ainda, ao Orientador

Educacional as seguintes atribuições:

a) Participar no processo de identificação

das características básicas da

comunidade;

Este trabalho poderá ser feito mediante instrumentos de diagnóstico onde

investigue a realidade social, econômica e cultural, por amostragem abarcando

no mínimo 10% da comunidade.

b) Participar no processo de

caracterização da clientela escolar;

É de suma importância diagnosticar a realidade dos educando para atingir o

sucesso da dinâmica educacional. Nesse sentido é relevante o levantamento

dos resultados dos dados sócio-econômico, afetivos e sociais dos alunos, que

poderá ser feito através de aplicação de questionários por amostragem e

posteriormente tabulados. Esse documento certamente converterá em um

28

instrumento importantíssimo para o desenvolvimento do processo ensino-

aprendizagem.

c) Participar no processo de elaboração

do currículo pleno da escola;

Nos dias atuais é inadmissível desenvolvermos uma prática de orientação no

contexto escolar isolada e fragmentada. O Orientador só terá sua credibilidade

conquistada, quando sua prática estiver em plena consonância com o currículo

pleno da escola. Por esta razão é fundamental que participe efetivamente da

elaboração do mesmo, ou seja, do seu Plano Político Pedagógico,

assegurando desta forma uma proposta humanizada, que contemple o

educando na sua totalidade. É preciso que a comunidade escolar compreenda

que as atividades desenvolvidas pelo Orientador são tão importantes e

fundamentais para a sua formação, quanto qualquer outra atividade

desenvolvida pela escola, e esta compreensão só será internalizada quando a

comunidade perceber que tudo que o Orientador desenvolve estar integrada a

proposta curricular, fazendo parte de um processo avaliativo, sistemático e

contínuo.

d) Participar na composição,

caracterização e acompanhamento de

turmas e grupos;

Como o desenvolvimento educacional acontece de forma sistemática e

contínua, toda a equipe pedagógica deverá estar atenta ao máximo de

informações possíveis a cada educando; objetivando intervir em suas

dificuldades de forma integral, o Orientador Educacional deverá repassar

informações, importantes e não sigilosas para equipe pedagógica e

professores com o propósito de que os critérios avaliativos sejam os mais

justos possíveis respaldados na realidade de cada aluno.

29

g) Participar no processo de integração

escola-família-comunidade;

A integração família/ comunidade/escola é uma responsabilidade de todos, só

através de um currículo integrado e coeso dividindo responsabilidades em prol

de um só objetivo que a escola efetivamente alcançará êxito. De nada adianta

buscar parceria escola x família, sem antes preparar o currículo da escola,

assim como toda a sua dinâmica escolar para esta integração.

Os autores ressaltam a importância de se observar o decreto que regulamenta

a profissão de Orientação Escolar, e que estabelece entre outros fatos as

atribuições que compete a ele coordenar juntamente com outros membros da

escola. Dessa forma conhecendo suas atribuições e sua participação às

demais ação para então se organizar, selecionar e planejar o que vai ser

realizado no percurso de cada ano.

3.1 - Como ator que reitera o seu papel no dia a dia das

instituições de ensino

Anteriormente o orientador educacional era tido como responsável por

encaminhar os estudantes considerados “problemáticos” a psicólogos, o

Orientador Educacional ganhou uma nova função, perdeu o antigo e pejorativo

rótulo de delegado e hoje trabalha como mediador de os conflitos escolares e

auxilia os professores a se relacionar melhor com alunos com dificuldades de

aprendizagem.

Regulamentado por decreto federal, o cargo é desempenhado por um

pedagogo especializado (nas redes públicas, sua presença é obrigatória de

acordo com leis municipais e estaduais). Enquanto o coordenador pedagógico

garante o cumprimento do planejamento e dá suporte formativo aos

educadores, ele é mediador entre estudantes, docentes e pais.

30

Atualmente, o Orientador passou a exercer o suas atividades de forma a

colaborar os alunos levando em consideração que eles estão agregados a um

cenário social, o que influencia o processo de aprendizagem. Essa mudança

está relacionada com a influência de teóricos construtivistas, como Jean Piaget

(1896-1980), Lev Vygostky (1896-1934) e Henri Wallon (1879-1962), nos

projetos pedagógicos das escolas, cada vez mais pautados pela psicologia do

desenvolvimento – o estudo científico das mudanças de comportamento

relacionadas à idade durante a vida de uma pessoa. A Orientação Educacional,

atualmente, está evoluindo através de um trabalho participativo, onde o

currículo deve ser construído por todos, e onde a interdisciplinaridade deve ser

buscada, para melhor compreensão do processo pedagógico da escola.

A concepção de Orientação Educacional deve, hoje, estar envolvida com

alguns fatores na qual são de suma importância para o desenvolvimento

estudantil tais como:

Ø A percepção do saber, através de uma óptica da relação individuo

objeto, em que se consolida, ao mesmo tempo, a objetividade e a

subjetividade do mundo, esta conectada com a condição individual de

internalização daquela;

Ø A realidade concreta da vida dos alunos, vendo-os como atores de sua

própria história;

Ø O compromisso com o processo educacional na formação da cidadania,

enriquecendo as discussões do saber pensar, saber criar, saber agir, e

saber falar na prática pedagógica;

Ø A realização social praticada através de atividades, levando-se em

consideração que é dessa prática que provém o conhecimento, e que

ele se dá como um empreendimento coletivo;

31

Ø O questionamento de valores relacionados à diversidade pessoais e

sociais no âmbito da educação, submergido nos atos da escolha e da

decisão do indivíduo;

Ø A elaboração de procedimentos e a implementação de projetos político-

pedagógico na escola relacionado ao seu escopo, considerando os

princípios que os balizam, logo, a filosofia da educação, que o

fundamenta, e as demais áreas que o articulam.

Contudo, ao se propor fazer uma Orientação de maior qualidade, temos que

partir dos pressupostos teóricos que a alicerçam – em uma linha mais

pedagógica sinalizando para uma prática diversificada (portanto, não são as

técnicas que vão responder por um modelo único de Orientação), interpretando

esses dois momentos como indispensáveis para a consecução dos objetivos

que ela deseja alcançar.

O papel profissional do orientador educacional caminha para a construção de

um novo desempenho de exercício, no sentido de mobilizar os educadores a

conquista de um projeto pedagógico envolvido com a função social da

educação, em compensação, à expectativa de fortalecimento do capitalismo,

estabelecendo desafios ao trabalho pedagógico: reafirmar o comprometimento

com a busca pela emancipação, apostando na probabilidade de

desenvolvimento de uma razão crítica como qualidade para desvelar as

ressalvas à autonomia no contexto do mundo moderno.

Outro desafio do orientador educacional é a redefinição do conceito de

característica democrática da educação, viabilizando o fornecimento das

qualidades onde os atores envolvidos sejam preparados para um convívio

social multicultural, plural e ao mesmo tempo singular. O Orientador

Educacional necessita estar envolvido com a ampliação de um método

investigativo, tendo em vista o caráter interdisciplinar deste profissional da

realidade educacional, buscando o questionamento dos problemas educativos

32

com a finalidade de modificar a técnica educacional automática, alienada e

técnica em práxis educativa, envolvida socialmente e politicamente.

Um dos pilares de atuação do Orientador Educacional é o planejamento.

Vasconcellos (2006) argumenta que “o planejamento tem como um dos pilares

básicos a ação; subtrair a ideia de ação do planejar é descaracterizá-lo por

completo”. Nesse sentido, planejar é uma ação que deve ser realizada em

função daquilo que se pensou por meio de uma maior clareza conceitual.

Sobre a temática, Bordignon (2004) argumenta que o Projeto Pedagógico é o

projeto de cidadania da escola, define a intencionalidade e as estratégias da

instituição de ensino. Mas só será uma estratégia da gestão democrática, de

acordo com o que pressupõe a Lei, se for construído coletivamente. Se não for

elaborado de forma participativa, determinada pelo sentimento de pertença,

não conseguirá compromisso dos atores sociais envolvidos.

Assim, planejar é elaborar o plano de mediação, intervindo na realidade dos

estudantes de acordo com a exigência decorrente de sua intencionalidade. O

entrosamento citado anteriormente deve ser aliado pelo Orientador

Educacional quando da elaboração do Projeto Político Pedagógico das

instituições educacionais. A sua elaboração e implementação é um dos

grandes compromissos – assumidos coletivamente - e desafios para a atuação

do profissional Orientador Educacional, pois conglomera toda a realidade

escolar, com suas interferências, ideologias e reproduções culturais.

Oliveira (2010) argumenta que a função do Orientador Educacional tem um

significado que está sendo questionado atualmente, em decorrência das

variações gradativas que ocorreram na essência da sociedade e, por

conseguinte, na instituição educacional. O profissional desta área que, durante

muito tempo, atuou no ambiente escolar com a atribuição apenas de afeiçoar o

aluno à instituição, na família ou na sociedade, hoje precisa expandir suas

atuações, visando à orientação do educando e dos espaços educativos.

33

Nesse contexto, o Orientador Educacional encontra-se atualmente com uma

maior ponderação acerca da obrigação de mudança de sua prática, consciente

de seu importante papel como ser histórico - na rede de ensino. É preciso,

portanto, que seu desempenho se dê de forma associada aos demais

profissionais da escola, colaborando para a organização, a dinamização e o

sucesso do processo educacional.

O objeto de conhecimento da Orientação Educacional4, nos dias de hoje,

abrange vários campos do saber: epistemológico, antropológico, filosófico e

social. Se antes, o aluno problema era o foco da Orientação Educacional, após

várias análises e reflexões dessa realidade, sua atenção se desloca para todo

o ambiente escolar e social (Grinspun, 2005, p. 73). Assim, na sociedade do

século XXI.

4 - “A Orientação Educacional é parte de um todo, faz parte da escola que com

ela interage permanentemente, assim como com a própria sociedade” (Ibid., p.

71).

3.2 - O orientador educacional e o exercício de

cidadania contextualizando a criação a de espaços

de participação social onde o aluno está inserido

O aluno é considerado o centro da ação pedagógica5, sendo assim merece

uma atenção especial. Nesse contexto, o orientador educacional acolhe a

todos os alunos em suas reivindicações e perspectivas, não se prendendo

unicamente aos alunos que apresentam problemas disciplinares ou

dificuldades de aprendizagem.

Medianeiro entre o aluno e o meio social, compete ao orientador educacional

debater as dificuldades atuais, que pertencem ao cenário sócio-político,

econômico e cultural em que convivemos. Assim, por meio da problematização,

pode induzir o aluno ao estabelecimento de analogias, à discussão crítica.

34

O orientador é um profissional que abrange (ou deve abranger) a evolução

cognitiva do aluno, sua afabilidade, anseios, emoções, valores, atitudes. Além

disso, desabrocha entre os alunos atividades de discussão e conhecimento a

respeito do mundo do trabalho, assessorando-os no que pauta a suas

escolhas.

5 - Nesse sentido, é indispensável uma discussão sobre a vivência escolar em

que todos os atores da equipe pedagógica “recorram criticamente o currículo

existente na escola, o currículo oculto, o aparelho político em todos os níveis, a

forma e o conteúdo dos textos escolares e as condições de trabalho que

caracterizam escolas específicas.” (GIROUX, 1987, p. 48).

A vivência com os colegas e todas as demais relações que se constituem no

dia a dia escolar podem receber inúmeros subsídios do orientador educacional.

entre o contexto e a cultura escolar, entre o concreto e o simbólico, entre a

realidade e as representações sociais que fazem os protagonistas da prática

escolar.Como parte do corpo gestor da escola, compete ao orientador

educacional compartilhar da constituição coletiva de caminhos para a criação

de condições facilitadoras e desejáveis ao bom desenvolvimento do trabalho

pedagógico. É um profissional que participa de todas as ocasiões coletivas da

escola, no sentido de nortear, na construção e ponderação de sua proposta

pedagógica, nas reuniões do Conselho de Classe, apresentando subsídios

para uma melhor ponderação do processo educacional.

Compete ao orientador educacional prover a conexão e a articulação entre

todas as partes inerentes a comunidade escolar: direção, equipe técnica,

professores, alunos, funcionários e famílias, propondo à elaboração de um

ambiente educativo ético e solidário.

35

3.3 – A família e o orientador educacional construindo um novo

espaço

O termo família estabelece um desafio às investigações das Ciências

Humanas. Com passar dos tempos, tal questionamento está entre os que mais

têm causado polêmica. As diferentes condições sociais e políticas fazem

alusão a ela, permanecendo quase sempre como uma preocupação em tudo o

que lhe diz respeito. Para determinados indivíduos enxerga a família, como

instituição que está relacionada ao inevitável tradicionalismo. Outros a

consideram um solução para pessoa e/ou para a sociedade, por inserir o

indivíduo em uns processos fundamental da construção da identidade.

No entanto, é fundamental o papel principal da família em processos

humanos, como a concepção dos vínculos afetivos com os pais (filiação), com

irmãos (fraternidade), avós e tios, cônjuges, etc., os quais produzem grande

repercussão para o desenvolvimento de uma individualidade madura. Além

disso, as transformações e mudanças mais importantes do ciclo de vida da

pessoa são processos referentes ao contexto familiar, como é o caso do

casamento, da maternidade, da paternidade, do envelhecimento, assim como

das experiências do nascimento e da morte. Outro aspecto típico é a tarefa

educacional exercida pela família, o que torna possível a inserção social do

indivíduo.

O orientador educacional é o profissional incumbido da articulação entre a

família e a escola. Portanto, compete a ele a empreitada de cooperar para a

aproximação entre as duas partes, planejando momentos culturais em que a

família possa estar presente, junto com seus filhos, na escola.

Compete também, ao orientador educacional, a tarefa de servir de ligação

entre a condição escolar do aluno e a sua família, sempre apontando colaborar

para que o aluno possa instruir-se significativamente. A expectativa de

orientação educacional que considerada apropriada não se compara ao

trabalho do psicólogo escolar, que tem uma dimensão terapêutica. A função do

36

orientador com relação à família não é só assinalar inadequações ou conversar

com os pais apenas para fazer reclamações acerca do comportamento de seu

filho, mas buscar juntos caminhos, para que o ambiente escolar seja adequado

ao aluno. E o orientador deve ser prudente, não diagnostique dificuldades

relacionadas ao aluno, e sim que enxergue os seus aspectos benéficos que

possam superar outros aspectos negativos.

3.4 A comunidade inserida no contexto escolar bem

como a relação com o orientador educacional

Insere-se no ofício do orientador educacional a noção que a comunidade está

presente no contexto que facilita a sua vida, bem como as que a dificultam.

Abranger o modo devido, interesses, anseios, necessidades, realizações da

comunidade é muito importante. Portanto será presumível o apoio da escola na

luta da comunidade por melhores qualidades de vida.

Compete à escola, e especificamente ao orientador educacional, aumentar o

nível cultural dos componentes da comunidade, propiciar debates sobre temas

considerados de suma importância para comunidade, bem como de alunos,

pais, professores, envolvendo demandas pertinentes ao cotidiano. É essencial

que se institua um clima de constante diálogo entre todas as partes envolvidas

no processo, uma vez que a escola como um todo, deve estar aberta à

comunidade a qual pertence.

Como tática que pode contribuir para o bom andamento do trabalho educativo,

podemos citar a abertura da escola à comunidade. Vasconcellos (2002) diz que

“alguns diretores tratam os equipamentos da escola como se fossem objetos

pessoais, propriedades privadas; outros, ao contrário, estabelecem relações de

parceria com a comunidade e, com isto, não só ocorrem a contar com ela como

elemento de apoio para as mudanças, como ainda obtém diminuição do

vandalismo, da violência; os alunos se sentem acolhidos, experimentam a

escola como território aliado.”.

37

Queremos deixar claro que estamos nos referindo à abertura tanto no que diz

respeito às instalações e equipamentos, quanto, num sentido mais sutil, de se

permitir sensibilizar pelas reivindicações colocadas pela sociedade.

3.5 A participação do orientador educacional em

movimentos sociais

Do mesmo modo que ocorre o trabalho do orientador educacional no que

concerne à comunidade, ocorre também no que se refere à sociedade. O

orientador educacional é o profissional da escola que, não apresentando um

currículo a seguir, pode se estabelecer trabalhos para trazer aos alunos, os

fatos sociais marcantes que nos envolvem, bem como recomendar aos

mesmos a participação em movimentos sociais.

A instituição de ensino não pode calar-se diante às grandes demandas que a

mídia veicula diariamente. Discutir a corrupção, os atos de terrorismo, a

violência urbana ao abandono das classes menos favorecida pelo poder

público entre outras questões presentes na sociedade brasileira e na mundial,

serão de grande utilidade para os demais componentes curriculares. Da

mesma forma, não só deve o orientador educacional inserir a sociedade na

escola, mas também, como uma via de mão dupla, inserir a escola, suas

conquistas e dificuldades para a sociedade.

38

CONCLUSÃO

É importante ressaltar que o lócus onde se desenvolve o trabalho do orientador

educacional é a escola, enquanto instituição organizada para promover a

educação. Nela, o educando deve ter afiançadas as propriedades adequadas

ao desenvolvimento da cidadania crítica. Não se discute mais o “apagar o

fogo”, como, historicamente, fazia o orientador educacional no passado,

convocado nas ocasiões apenas quando havia problemas a serem resolvido ou

para conter os casos de indisciplina.

Além de vivenciar a conjuntura sócio-econômico e cultural da comunidade, bem

como a realidade social mais vasta, o orientador educacional deve ser um

profissional da educação incumbido de desvelar as forças e incoerências que

ocorrem no dia-a-dia escolar e que possam intervir na aprendizagem. Neste

contexto, o ideal seria que as Diretrizes Curriculares para o curso de

Pedagogia levassem em consideração as áreas apontadas neste texto, bem

como ponderassem os profissionais que delas dariam conta para o bem do

ensino e do aprendizado.

A escola pode estabelecer um ambiente social e político que batalha por uma

sociedade mais justa, mais democrática, mais humana. Neste contexto,

assinalo, com um comentário de Assis (1994): “Há algo que nos parece

fundamental no trabalho do orientador educacional hoje; além do

comprometimento com os problemas de ensino e aprendizagem, é preciso lutar

para que a escola não perca a sua dimensão humana” (p. 138).

O Pedagogo, desse modo, necessita ser o profissional que traga sólida

fundamentação à cerca da concepção da própria organização educacional,

suas raízes históricas e as concepções políticas, ideológicas e filosóficas que

as balizam, bem como a noção da legislação que estabelece as funções e o

funcionamento da Instituição Educativa.

39

Partindo desse princípio, o Curso de Pedagogia, com base na nova matriz

curricular, oferece formação teórica e prática que credita: [...] condições de

atuar em diferentes setores de atividades educativas em Instituições de Ensino,

Secretarias de Educação, nos níveis central e intermediários; nas áreas de

Políticas Públicas, planejamento, pesquisa, administração e, em instituições

que desenvolvam processos educativos não formais. (CECHINEL, 2003).

Portanto, trazendo o texto legal presente na Constituição Federal (Art. 206,

inciso V) que prevê a valorização dos profissionais da educação escolar,

incluídos nessa categoria o profissional Orientador Educacional, medidas

devem ser tomadas para superar a problemática em relação à formação

profissional do Orientador Educacional.

Compete ao Pedagogo – orientador educacional, numa perspectiva critica de

atuação, viabilizar a discussão das relações entre educação e trabalho, tendo

presente um projeto de educação que possibilite a formação para o trabalhador

consciente, crítico, participativo, autônomo e apropriado do saber e do controle

do seu trabalho. Nessa expectativa, espera-se do profissional Orientador

Educacional um trabalho que possibilite a formação da consciência crítica do

aluno, considerando suas as experiências de vida e de trabalho nas discussões

dos problemas sociais e culturais.

A dimensão atual do trabalho do pedagogo - orientador educacional tem

assinalado para a construção de um espaço coletivo junto aos demais

profissionais da escola, na busca por desenvolver conjuntamente o estudo e a

reflexão sistemática do fenômeno educativo. Nesta premissa, a gestão escolar

que visa à emancipação necessita de apoio e trabalho conjunto de diferentes

profissionais da educação, em suas diferentes frentes de atuação.

Assim, o orientador educacional deverá compartilhar de uma ação educacional

coletiva, que esteja embasada nos princípios da democracia e cidadania. Além

disso, Orientador e professor, em conjunto, devem conjecturar sobre o processo

educativo que ocorre em sala de aula, identificando exterioridades que

40

necessitem de ponderação, e (re) direcionamentos. Observa-se, portanto, que o

trabalho destes profissionais da educação demanda a aprendizagem da

convivência entre as partes, entre as diferenças.

41

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