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ANÁLISE DAS PRESSÕES INTRACUFF NA PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM: UMA ABORDAGEM QUANTITATIVA ANALYSIS OF INTRACUFF PRESSURES IN THE PERSPECTIVE OF NURSING PROFESSIONALS: A QUANTITATIVE APPROACH Felipe de Souza Tiago – [email protected] – Discente do curso de Enfermagem do UniSALESIANO de Lins Lucinéia Duarte Alves – [email protected] – Discente do curso de Enfermagem do UniSALESIANO de Lins Tatiana Antevere – [email protected] – Discente do curso de Enfermagem do UniSALESIANO de Lins Prof. Me. Paulo Fernando Barcelos Borges – [email protected] – Docente do curso de Enfermagem do UniSALESIANO de Lins RESUMO A cânula endotraqueal ou traqueostomia são dispositivos utilizados no suporte ventilatório para pacientes em uso de ventilação mecânica invasiva. Em sua extremidade distal possuem um balonete denominado cuff que é responsável por impedir o escape de ar, assim como dificultar a passagem de líquidos e secreções para o trato respiratório inferior. A avaliação da mensuração do cuff é necessária para se verificar o nível de pressão existente no balonete, constituindo-se um procedimento que deve ser monitorado diariamente com a participação da equipe de enfermagem, apresentando uma condução adequada e segura a terapêutica do paciente. Diante deste fato, o objetivo deste estudo foi identificar o conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca das pressões intracuff. Neste sentido, realizou-se um estudo exploratório, descritivo, com enfoque quantitativo, onde utilizou-se como instrumento de coleta de dados, um questionário estruturado com 11 questões objetivas, divididas em caracteres do perfil sociodemográfico da população estudada e sobre a temática deste estudo. Os dados foram coletados em um período de uma semana nas unidades de terapia intensiva e pronto socorro de um hospital público do interior do Estado de 1

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ANÁLISE DAS PRESSÕES INTRACUFF NA PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM: UMA ABORDAGEM QUANTITATIVA

ANALYSIS OF INTRACUFF PRESSURES IN THE PERSPECTIVE OF NURSING PROFESSIONALS: A QUANTITATIVE APPROACH

Felipe de Souza Tiago – [email protected] – Discente do curso de Enfermagem do UniSALESIANO de Lins

Lucinéia Duarte Alves – [email protected] – Discente do curso de Enfermagem do UniSALESIANO de Lins

Tatiana Antevere – [email protected] – Discente do curso de Enfermagem do UniSALESIANO de Lins

Prof. Me. Paulo Fernando Barcelos Borges – [email protected] – Docente do curso de Enfermagem do UniSALESIANO de Lins

RESUMO

A cânula endotraqueal ou traqueostomia são dispositivos utilizados no suporte ventilatório para pacientes em uso de ventilação mecânica invasiva. Em sua extremidade distal possuem um balonete denominado cuff que é responsável por impedir o escape de ar, assim como dificultar a passagem de líquidos e secreções para o trato respiratório inferior. A avaliação da mensuração do cuff é necessária para se verificar o nível de pressão existente no balonete, constituindo-se um procedimento que deve ser monitorado diariamente com a participação da equipe de enfermagem, apresentando uma condução adequada e segura a terapêutica do paciente. Diante deste fato, o objetivo deste estudo foi identificar o conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca das pressões intracuff. Neste sentido, realizou-se um estudo exploratório, descritivo, com enfoque quantitativo, onde utilizou-se como instrumento de coleta de dados, um questionário estruturado com 11 questões objetivas, divididas em caracteres do perfil sociodemográfico da população estudada e sobre a temática deste estudo. Os dados foram coletados em um período de uma semana nas unidades de terapia intensiva e pronto socorro de um hospital público do interior do Estado de São Paulo. Participaram da pesquisa 33 profissionais de enfermagem, sendo 10 de nível superior, totalizando 30,3% dos pesquisados, dos quais 100% eram do sexo feminino e 23 de nível médio, que totalizaram a parcela de 69,7% dos pesquisados dos quais 69,6% eram do sexo feminino e 30,4% do sexo masculino. A coleta de dados possibilitou identificar o déficit de conhecimento dos profissionais dos profissionais de enfermagem em relação às pressões de cuff. Frente a essas comprovações, ressalta-se a necessidade de educação continuada e permanente, bem como a implementação de um procedimento operacional padrão (POP) e um pacote de intervenções em forma de bundle, objetivando a seguridade da assistência terapêutica ao paciente.

Palavras-chave: Conhecimento. Equipe de enfermagem. Pressão de cuff.

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ABSTRACT

The endotracheal tube or tracheotomy are devices used in the breathing support of patients who are under invasive mechanical ventilation. There is a cuff at its distal end that is responsible for denying the air to escape, as much as preventing the flux of liquids and secretions into the lower respiratory tract. The estimation of the measurement of the cuff is necessary for verifying the level of pressure in the cuff, thus this procedure must be monitored with the participation of the nursing staff on a daily basis, resulting in an adequate and safe conduct towards the patient therapy. Due to this fact, the objective of this study was to identify the knowledge of nursing professionals towards intracuff pressure. Therefore, an exploratory and descriptive study, with a quantitative approach has been carried out, of which the data collection consisted in a questionnaire containing ten objective questions divided in characters according to the sociodemographic profile of the population observed and about the subject of this research. The data were collected during a one-week period in the intensive care units and emergency room of a public hospital in the countryside of the state of São Paulo. Thirteen nursing professionals participated in this research, being 10 of them graduates with a higher education degree, totaling 30,3 % of the surveyed, of which 100% were females and 23 were medium level professionals, which totaled a portion of 69,7% of the surveyed, of which 69,6% were females and 30,4% were males. The data collection allowed the identification of lack of knowledge of nursing professionals about intracuff pressure. Given these proofs, it must be observed the necessity of a continuous and permanent education, as much as the implementation of a standard operating procedure (SOP) and a package of interventions as bundles, in order to assure the security of the therapy assistance towards the patient.

Keywords: Knowledge. Nursing Team. Cuff pressure.

INTRODUÇÃO

O paciente crítico comumente está submetido à ventilação mecânica, a qual é

possível por meio de próteses como o tubo orotraqueal, contendo em sua

extremidade distal um balão inflável denominado cuff, indicado para o vedamento

das vias aéreas inferiores e fixação do tubo durante a ventilação mecânica (SOUZA

et al.,2012).

Uma intubação prolongada pode causar lesões secundárias (estenoses) na

mucosa laríngea e formar granulomas nas pregas vocais que, futuramente, podem

ser responsáveis por disfonia do paciente com difícil resolução cirúrgica,

desencadear desnutrição e casos de pneumonia aspirativa (KUNIGK; CHEHTER,

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Na prática hospitalar observa-se que a mensuração da pressão de cuff (Pcuff)

é muitas vezes negligenciada pelos profissionais. Quando a verificação é realizada,

geralmente, ocorre pela palpação digital do balonete externo (piloto), não sendo esta

uma medida fidedigna. Consequentemente, faz-se necessária a mensuração da

pressão por meio de método considerado mais seguro e confiável como o

cuffômetro (CAMARGO et al., 2006).

É indispensável assegurar uma pressão adequada no interior desse

dispositivo, pois este tem o objetivo de vedar a interface entre a mucosa traqueal e o

cuff, de tal modo que impeça a microaspiração de secreções orofaríngeas e evite

lesões pressóricas isquêmicas por obliteração das artérias da mucosa traqueal do

paciente (GODOY et al., 2012).

Diante do cenário apresentado realizou-se uma pesquisa descritiva com

abordagem quantitativa que objetivou avaliar o conhecimento dos profissionais de

enfermagem dos setores de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Pronto Socorro

diante dos aspectos referentes a pressão intracuff.

Para tanto, este estudo surge diante do seguinte questionamento: como se

caracteriza o conhecimento da equipe de enfermagem de unidades críticas diante da

análise de pressões intracuff?

Diante dos múltiplos fatores intervenientes nos pacientes submetidos a

ventilação mecânica, no campo de atuação das Unidades de Terapia Intensiva e

Pronto Socorro é de suma importância que os enfermeiros conheçam a temática

proposta, afim de evitar possíveis erros.

1 DESENVOLVIMENTO

O balonete (ou cuff) inserido no contexto dos tubos e cânulas tem por

funcionalidade vedar e proteger as vias aéreas, impedindo a aspiração de

secreções, além de promover pressão ventilatória positiva. O cuff exerce

determinada pressão na parede traqueal, sendo que essa não pode ser

demasiadamente elevada, pois, deste modo, impedirá o fluxo sanguíneo causando

lesões isquêmicas no órgão (SANTOS; OLIVEIRA; TUCUNDUVA, 2014).

Em outro ponto, as hipoinsuflações podem ocasionar escape aéreo, além de

ocasionar aspirações de secreção e extubações acidentais. Deste modo, é

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importante a constante monitorização das Pcuff em centros e unidades de cuidados

críticos, a fim de prevenir tais ocorrências, as quais podem interferir diretamente no

sucesso do tratamento do paciente. É aconselhável que os níveis pressóricos

estejam entre 20 a 30 cmH2O e sejam aferidos a cada oito horas (COSTA et al.,

2013; SANTOS; OLIVEIRA; TUCUNDUVA, 2014).

O III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica (III CBVM) recomenda que

os valores da pressão intracuff (Pcuff) estejam entre 15-25 mmHg (20-30 cmH2O)

para impedir a aspiração e prevenir vazamento de ar (GODOY et al., 2012).

É indispensável assegurar uma pressão adequada no interior desse

dispositivo, pois esse tem o objetivo de vedar a interface entre a mucosa traqueal e

o cuff, de tal modo que impeça a microaspiração de secreções orofaríngeas e evite

lesões pressóricas isquêmicas por obliteração das artérias da mucosa traqueal do

paciente (GODOY et al., 2012).

2 MÉTODO E TECNICAS

Com o intuito de alcançar os objetivos propostos, utilizou-se um questionário

estruturado elaborado pelos autores, com base no Consenso Brasileiro de

Ventilação Mecânica (2007), composto por onze questões divididas em perfil

sociodemográfico e conhecimento sobre a temática, mediante levantamento literário

específico direcionado a avaliar o conhecimento dos colaboradores acerca da

pressão intracuff.

Para atender os critérios de inclusão, os participantes da pesquisa deveriam

ser maiores de 18 anos, atuantes nos setores de terapia intensiva ou pronto socorro,

com no mínimo seis meses na área da enfermagem.

Inicialmente, os colaboradores da instituição de saúde foram orientados sobre

o objetivo deste estudo e a necessidade de aceitação mediante a apresentação da

Carta de Informação ao Participante e assinatura do Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido – TCLE. Após a coleta de dados os resultados foram apresentados

mediante o uso de estatística descritiva, acompanhada de tabelas representativas.

A pesquisa foi constituída por 33 profissionais da equipe de enfermagem

(enfermeiros e técnicos de enfermagem) atuantes nos setores da UTI e pronto

socorro. A faixa etária variou de 21 a 62 anos, de ambos os gêneros, atingindo o

objetivo do trabalho em conseguir dados concretos e verídicos sobre a temática.

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2.1 Análise e discussão dos dadosOs dados foram coletados com a finalidade de avaliar o conhecimento destes

profissionais supracitados sobre a pressão intracuff. A análise dos dados foi

categorizada em planilha eletrônica do sistema Microsoft Excel®, representadas

estatisticamente por tabelas, caracterizando a amostra estudada quanto ao

conhecimento da pressão intracuff.

Para critérios de pontuação e maior elucidação, optou-se por pontuar cada

questão com valor equivalente a 10,0 pontos, sendo a pontuação mínima possível

correspondente a 0,0 pontos e máxima possível equivalente a 60,0 pontos.

A caracterização sociodemográfica desse estudo evidenciou um total de 33

participantes, dos quais 21,2% (n=07) são do gênero masculino e 78,8% (n=26) do

gênero feminino. Compreendendo as variáveis referentes à atuação profissional,

evidenciou-se um quantitativo de 10 enfermeiros e 23 técnicos de enfermagem. A

idade dos pesquisados variou entre 21 a 62 anos. A abordagem foi realizada com

profissionais dos setores de pronto socorro que compreenderam o quantitativo de

57,6% (n=19) e unidade de terapia intensiva 42,4% (n=14), caracterizado na tabela

1.

Tabela 1 – Distribuição dos profissionais de enfermagem (n=33) segundo as

variáveis, gênero, faixa etária, local e tempo de atuação, independente da categoria

profissional.

Variáveis ƒ %Gênero Masculino 07 21,2 Feminino 26 78,8Total 33 100,0Faixa Etária (anos) 20 a 30 15 45,5 31 a 40 12 36,4 41 a 50 05 15,1 ≥ 51 01 3,0Total 33 100,0Local de Atuação Profissional Pronto Socorro 19 57,6 Unidade de Terapia Intensiva – Adulto 14 42,4Total 33 100,0Fonte: Tiago; Alves; Antevere (2017).

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Para avaliar o conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca das

pressões de cuff, foi aplicado um instrumento de coleta de dados em forma de

questionário estruturado contendo 11 questões objetivas, das quais 05 eram a

respeito dos caracteres sociodemográficos da população estudada e 06 acerca da

temática abordada, conforme elucidado na Tabela 2.

Tabela 2 – Quantitativo de acertos dos profissionais de enfermagem, por categoria

profissional.

Enfermeiros (n = 10)

Técnicos de Enfermagem

(n = 23)

Geral(n = 33)

QUESTÃO N % N % N %Método de mensuração da pressão de cuff

04 40,0 14 60,9 18 54,5

Parâmetro da pressão intracuff 03 30,0 02 8,7 05 15,1Frequência de aferições diárias 02 20,0 05 21,7 07 21,2Complicações relacionadas a valores inadequados das pressões de cuff

05 50,0 09 39,1 14 42,4

Função do cuff 05 50,0 09 39,1 14 42,4Alteração no posicionamento e suas implicâncias nos níveis pressórico do cuff

01 10,0 04 17,4 05 15,1

Fonte: Tiago; Alves; Antevere (2017).

Referente à questão do método da mensuração da pressão de cuff, obteve-se

um total geral de 54,5% (n=18) de acertos, sendo que o quantitativo de 40,0%

(n=04) dos enfermeiros e 60,9% (n=14) dos técnicos de enfermagem acertou a

questão.

O método de medição com uso do medidor de cuff analógico universal

(cufômetro) é considerado padrão ouro para controle da pcuff. Consiste no uso de

manômetros calibrados, permitindo a medição contínua ou intermitente da pressão

em tempo real, com a possibilidade de ajustá-la sem a interrupção da medição

(GALINSKI et al., 2006).

A questão sobre o parâmetro da pressão intracuff pode-se observar um total

de acertos de 15,1% (n=05), quando questionados. Quando analisados por categoria

profissional, notou-se que 30,0% (n=03) dos profissionais de nível superior

acertaram o quesito e 8,7% (n=02) dos profissionais de nível médio positivaram o

item.

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A pressão do cuff deve ser menor do que a pressão de perfusão capilar

traqueal, que é em torno de 25 a 35 mmHg (PENITENTI et al., 2010). Este

parâmetro é suficiente para obliterar os capilares da mucosa, impedir o micro

gotejamento e vazamento de ar, contribuindo para a redução do risco de pneumonia

associada à ventilação mecânica (PAV).

A avaliação da questão sobre o valor adequado da pressão foi baseada no

Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica (2007), porem estudos sobre a

temática não determinam um valor dito como ideal para a pressão do cuff. O

Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica determina que a pressão do cuff deva

ser a mais baixa necessária para impedir a aspiração e prevenir o vazamento de ar,

o mesmo recomenda que seja utilizado valores entre 25 a 34 cmH2O (18 a 25

mmHg) ou entre 20 e 30 cmH2O (15 a 22 mmHg).

Alusivo à questão sobre a frequência de aferições diárias, a pesquisa trouxe o

total de 21,2% (n=07) de acertos. Dissociados por categoria, 20,0% (n=02) dos

enfermeiros e 21,7% (n=05) dos técnicos de enfermagem, correlacionou

corretamente à questão.

A implantação de uma rotina de mensurações pelo menos três vezes ao dia

torna-se indispensável para uma vigilância e cuidado maior às pressões do balonete,

como forma profilática, contribuindo para prevenir lesões isquêmicas e estenose

traqueal (VIANA; WHITAKER, 2011).

Pertinente às complicações dos valores inadequados das pressões de cuff,

evidenciou-se que no geral das categorias, 42,4% (n=14) acertaram o tópico.

Relacionados aos enfermeiros, 50,0% (n=05) obtiveram pontuação efetiva e os

técnicos de enfermagem pontuaram 39,1% (n=09) da questão referida.

Os balonetes quando insuflados exercem pressão sobre a parede traqueal,

podendo levar à isquemia da mucosa, que tem relação direta com a ocorrência de

complicações em até 90% dos pacientes, desde desconforto até complicações

graves como paralisia de nervo laríngeo, expectoração sanguinolenta, fístula

traqueoesofágica e rotura traqueal (COELHO; PAIVA; MATHIAS, 2016).

Relativo à função do cuff concerne ao global de participantes 42,4% (n=14) de

assertivas. Corresponde a 50,0% (n=05) o universo de enfermeiros que positivaram

o questionamento e 39,1% (n=09) os técnicos de enfermagem.

O cuff tem como função selar a via aérea evitando o escape de ar, mantendo

uma ventilação adequada e diminuindo a incidência de broncoaspiração

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(CAMARGO et al., 2006).

Relacionado a questão alteração no posicionamento no leito e suas

implicâncias nos níveis pressóricos totalizaram 15,1% (n=05) de acertos, sendo que

o quantitativo de 20,0% (n=02) de enfermeiros e 21,7% (n=05) dos técnicos de

enfermagem obteve a resposta correta.

Estudos científicos experimentais como de Ono e seus colaboradores (2008),

demonstram que alterações nas angulações da cabeceira do leito, alteram os níveis

pressóricos do balonete. Evidenciou-se que tanto a elevação quanto à diminuição do

nível da cabeceira modifica a pressão do cuff. Contudo, quando comparados,

observou-se que níveis acima de 30º resultam em maiores variações, ocasionando

maiores ocorrências de eventos adversos relacionados à assistência inadequada ao

paciente em VM.

Notou-se aproveitamento inferior a 50% na maioria dos assuntos abordados,

evidenciando um fator preocupante, visto que a equipe de enfermagem deve estar

preparada e capacitada nas diversas esferas de atuação, a fim de promover um

cuidado integral, individualizado e com menores riscos.

CONCLUSÃO

No cenário estudado, os resultados mostraram que, de maneira geral, os

profissionais de enfermagem apresentam deficiência no domínio de conteúdos para

mensuração das pressões intracuff.

A análise evidenciou que os enfermeiros e técnicos de enfermagem

enfrentam limitações em conceitos que abrangem a temática, que podem estar

associadas à falta de capacitação e às deficiências do processo formativo.

Salienta-se que o conhecimento sobre o tema abordado necessita ser

ampliado a fim de capacitar os profissionais de enfermagem no desenvolvimento de

ações pertinentes à prevenção de complicações associadas a níveis pressóricos

inadequados do cuff aplicados a traqueia.

Espera-se que este estudo venha a contribuir para que os enfermeiros e

técnicos de enfermagem continuem a exercer com excelência o seu papel na

prevenção, manutenção e recuperação da saúde.

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REFERÊNCIAS

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COELHO, R. M., PAIVA, T. T. M., MATHIAS, L. A. S. T. Avaliação in vitro da eficácia de método para limitar a pressão de insuflacão dos balonetes das cânulas endotraqueais. Rev. Bras. Anestesiol. v. 66, n. 2, p. 120-125, 2016. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rba/v66n2/pt_1806-907X-rba-66-02-00120.pdf > Acesso em: 24 nov. 2017.

GALINSKI, M., et al. Intracuff pressuresof endotracheal tubes in the management of airway emergencies: The need for pressure monitoring. Ann Emerg. Med. v. 47, n. 545-547, 2006. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16713783 >. Acesso em: 24 nov. 2017.

GODOY, A. C. F. et al. Valores individualizados de pressão intracuff. Jornal Brasileiro Pneumologia. 2012; v. 38, n. 5, p. 666-671. Disponível em: http://www.jornaldepneumologia.com.br/detalhe_artigo.asp?id=875 >.Acesso em: 24 nov. 2017.

KUNIGK, M. R. G.; CHEHTER, E. Disfagia orofaríngea em pacientes submetidos à intubação orotraqueal. Rev. Soc. Bras. Fonoaudiol. v. 12, n. 4, São Paulo Out. /Dez, 2007. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsbf/v12n4/v12n4a06 > Acesso em: 24 nov. 2017.

ONO, F. C. et al. Análise das pressões de balonetes em diferentes angulações da cabeceira do leito dos pacientes internados em unidade de terapia intensiva. Rev. Bras. Ter. Intensiva, v. 20, n. 3, p. 220-225, 2008. Disponível em: < https://doi.org/10.1590/S0103-507X2008000300003 >. Acesso em: 24 nov. 2017.

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PENITENTI, R. M. et al. Controle da pressão do cuff na unidade terapia intensiva: efeitos do treinamento. Rev. Bras. Ter. Intensiva. v. 22, n. 2, p. 192-195, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbti/v22n2/a14v22n2.pdf >. Acesso em: 24 nov. 2017.

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SOUZA, C. R.; SANTANA, V. T. S. Impacto da aspiração supra-cuff na prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica Rev. bras. ter. intensiva v. 24, n. 4, São Paulo Out./Dez. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbti/v24n4/a18v24n4.pdf > Acesso em: 24 nov. 2017.

VIANA, R. A. P. P.; WHITAKER, I. Y. Enfermagem em terapia intensiva: práticas e vivências. Porto Alegre: Artmed, 2011.

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