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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A ADAPTAÇÃO ESCOLAR DE MÃOS DADAS COM A APRENDIZAGEM Por: Aline Christina Lira Rodrigues Orientador Profa. Solange Monteiro Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A ADAPTAÇÃO ESCOLAR DE MÃOS DADAS COM A

APRENDIZAGEM

Por: Aline Christina Lira Rodrigues

Orientador

Profa. Solange Monteiro

Rio de Janeiro

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A ADAPTAÇÃO ESCOLAR DE MÃOS DADAS COM A

APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicopedagogia

Por: Aline Christina Lira Rodrigues

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus por me proporcionar, nessa nova existência,

viver experiências tão valorosas.

À orientadora, Profª. Solange Monteiro pelo apoio, confiança, dedicação e

orientação durante a elaboração deste trabalho monográfico.

À minha mãe Tania, que ao me dar à vida assumiu o compromisso de criar

uma pessoa de bem e para isso ensinou-me a fé, o amor, a compreensão e a

perseverança. A partir de sua luta nos fez, ao meu irmão e a mim, chegar aos

nossos objetivos e aprender com erros que cometemos ao longo do que já

caminhamos. Ao meu pai, Roberto, por seu amor, seu apoio, sua torcida e

incentivo.

Ao meu irmão Rodrigo, por ser, como eu, um lutador.

Ao meu marido, Fabrício, por ser um companheiro, amigo, que incentiva minha

luta, meu viver, meus estudos, minha busca por realizar meus sonhos e por me

permitir amar e ser amada.

Em especial, à minha filha Isabela, luz da minha vida, anjo que Deus colocou

em meu caminho me fazendo uma pessoa melhor, mais feliz e realizada. Com

seus olhinhos brilhantes faz cada dia parecer o mais especial da minha vida.

Aos amigos que sempre apoiaram e incentivaram a conclusão deste curso.

À toda equipe docente da AVM Faculdade Integrada por sua dedicação aos

alunos e empenho em ensinar teorias e técnicas e transmitir o amor por essa

profissão tão linda e valiosa.

À todos que de alguma forma contribuíram para que esse estudo fosse

concretizado.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho ao meu marido, Fabrício, que com seu coração bom e puro esteve sempre ao meu lado, apoiando, incentivando, torcendo e financiando. Privando-se muitas vezes de minha companhia e atenção, soube ser paciente e acima de tudo compensar minha ausência, durante meus estudos, para nossa filha.

.

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RESUMO

O presente estudo busca identificar as possíveis interferências no processo de adaptação escolar e suas influências na aprendizagem e desenvolvimento de crianças na chegada ao ciclo de alfabetização no Ensino Fundamental. A adaptação escolar, assim como qualquer outra adaptação a que se precise passar ao longo da vida, é fundamental para que se desenvolva uma sensação de segurança e confiança naquele novo ambiente ou situação por parte de quem chega e por parte do profissional que recebe esse novo integrante. No ambiente escolar, por ser um trabalho conjunto entre crianças, pais, professores e toda a equipe, esse tema deve ser bem esclarecido para os profissionais envolvidos para que no momento de receberem um novo aluno saibam como lidar com ele e como conduzir da melhor maneira esse período inicial que é carregado de sentimentos e expectativas de todas as partes; os pais também precisam sentir essa segurança para que a transmitam para seu filho e assim tranquilizem a criança diante dessa nova situação. Considerando a adaptação sob o aspecto da necessidade de acolher, aconchegar, procurar o bem estar, o conforto físico e emocional, amparar, amplia significativamente o papel e a responsabilidade da instituição de educação neste processo. A qualidade do acolhimento é que garantirá a qualidade da adaptação, portanto não se trata de uma opção pessoal, mas de compreender que há uma troca de movimentos tanto da criança como da instituição dentro de um mesmo processo.

PALAVRAS-CHAVE: Adaptação escolar. Ensino Fundamental. Linguagem. Desenvolvimento. Aprendizagem. Família.

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METODOLOGIA

Este estudo pretende avaliar as interferências que o período de

adaptação pode causar no processo de aprendizagem em crianças entre 06 e

07 anos de idade que iniciaram o ciclo de alfabetização; para tal, será

fundamentado em teorias sobre desenvolvimento e aprendizagem infantil e

estudos sobre adaptação escolar.

A pesquisa feita para este trabalho é de base bibliográfica, através

de livros, artigos científicos publicados em revistas da área e sites da internet.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Alfabetização:

conhecendo quem chega pra esse novo ciclo. 10

CAPÍTULO II - Desenvolvendo e aprendendo. 24

CAPÍTULO III - Parceria família e escola: 31

Um elo importante para a aprendizagem.

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43

WEBGRAFIA 49 ÍNDICE 51

ANEXO 1 53

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INTRODUÇÃO

O propósito deste trabalho é identificar as possíveis interferências no

processo de adaptação escolar e suas influências na aprendizagem e

desenvolvimento de crianças na chegada à escola no ciclo de alfabetização do

Ensino Fundamental.

Com esse estudo apresento as possíveis interferências que a má

adaptação de uma criança à escola pode causar no seu desenvolvimento

cognitivo, emocional e no seu processo de aprendizagem.

Destaco a importância deste estudo dentro da Psicopedagogia, pois

para alguns a iniciação na vida escolar pode parecer simples, um momento

pelo qual todos temos que passar e que por se tratar de crianças, acredita-se

que se distraiam e divirtam diante de qualquer atividade ou objeto lúdico e que

por isso não sofrem ou sentem qualquer angústia quando são levados à escola

pela primeira vez ou quando há a necessidade de uma mudança de escola, de

turma ou simplesmente pela passagem de série.

Por haver quem pense desta forma, muitas vezes não se dá a

devida importância a este momento que é muitas vezes, o primeiro contato da

criança com um novo ambiente e pessoas diferentes do seu cotidiano. Os

problemas que podem surgir só serão percebidos algum tempo depois com as

dificuldades da criança de se socializar na escola, aprender e obter bons

resultados nas aulas, de aceitar mudanças e situações novas e podendo essas

dificuldades, persistirem também pela adolescência e vida adulta.

A adaptação escolar, assim como qualquer outra adaptação a que

se precise passar ao longo da vida, é fundamental para que se desenvolva

uma sensação de segurança e confiança naquele novo ambiente ou situação

por parte de quem chega e por parte do profissional que recebe esse novo

integrante.

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No ambiente escolar, por ser um trabalho conjunto entre crianças,

pais, professores e toda a equipe, esse tema deve ser bem esclarecido para os

profissionais envolvidos para que no momento de receberem um novo aluno

saibam como lidar com ele e como conduzir da melhor maneira esse período

inicial que é carregado de sentimentos e expectativas de todas as partes; os

pais também precisam sentir essa segurança para que a transmitam para seu

filho e assim tranquilizem a criança diante dessa nova situação.

O trabalho está constituído de um tema central, desenvolvido

através de um estudo descritivo sobre algumas questões que interferem na

adaptação escolar e de que forma podem provocar impactos sobre os

processos de aprendizagem e desenvolvimento em crianças de 06 e 07 anos

de idade, que iniciam no ciclo de alfabetização do Ensino Fundamental.

No primeiro capitulo, trato da chegada da criança ao ciclo de

alfabetização abordando aspectos da personalidade e inteligência

característicos da faixa etária das crianças pertencentes a esta etapa da

escolarização; com o estudo embasado em Piaget e Vigotsky, são abordadas

aqui as fases de desenvolvimento do indivíduo e os contextos de socialização

com os quais a criança convive e suas influências sobre o desenvolvimento e

aprendizagem.

No segundo, ainda com embasamento nos estudos de Piaget e

Vigotksy, examinamos mais detalhadamente o estágio das operações

concretas e os aspectos de desenvolvimento da linguagem como etapas

importantes nos processos de desenvolvimento e aprendizagem.

No terceiro capitulo, aspectos como a interação entre a chegada ao

ciclo de alfabetização do Ensino Fundamental e as expectativas e relações da

família com o contexto escolar e as influências dessa relação nos processos

de adaptação e aprendizagem são discutidos.

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CAPÍTULO I

ALFABETIZAÇÃO: CONHECENDO QUEM CHEGA PARA

ESSE NOVO CICLO.

1.1 Personalidade em desenvolvimento

De acordo com Palácios e Hidalgo (1993), a noção de

personalidade é uma das mais imprecisas na Psicologia, utilizada em alguns

casos para definir traços psicológicos de uma pessoa, em outros casos refere-

se a aspectos emocionais e afetivos da vida do sujeito. Trataremos então da

personalidade no contexto das relações interpessoais, pelos registros

intrapsicológicos que o convívio com os demais vai formando na criança.

Segundo Rotondaro (2002), para que a criança tenha um

desenvolvimento emocional saudável, precisa de um ambiente favorável,

capaz de suprir adequadamente suas necessidades básicas, entre as quais as

de proteção e acolhimento. Quando isso não acontece, a criança utiliza

mecanismos de defesa específicos para lidar com as dificuldades,

comprometendo o desenvolvimento das estruturas de personalidade que estão

sendo formadas nesta fase.

De certo, há muitas diferenças na interpretação do que acontece

com as crianças durante esses primeiros anos; existe, porém, o perfil evolutivo

coincidente, formado a partir de diferentes descrições que se mantêm

constantes. Por volta dos três anos, uma série de mudanças ativam as

condutas de diferenciação e autonomia; também nessa idade, observa-se que

a criança tende a comportar-se como o progenitor do mesmo sexo e

desenvolve certa preferência pelo progenitor de sexo oposto, essas situações

podem ser qualificadas edípicas.

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Segundo Freud (1938), o complexo de Édipo se traduz na relação

emocional de ambivalência com os progenitores na qual, destacam-se os

desejos em relação ao progenitor do sexo oposto e a hostilidade pelo do

mesmo sexo.

Conforme estudos de Palácios e Hidalgo (1993), essa imitação e

identificação promovem o fortalecimento da consciência. Pode-se dizer então

que há grande importância na relação pais e filhos, nestes primeiros anos de

vida, para a constituição da personalidade infantil. Veremos mais a frente,

porém, que a personalidade infantil não se constitui somente no contexto

familiar, mas também na escola e nas relações com os iguais.

1.1.1 A inteligência segundo Piaget

No início do século XX Jean Piaget, formado em Biologia, ainda

jovem se interessa em estudar a origem do conhecimento, desde o

pensamento infantil até o raciocínio adulto; constrói então sua teoria ou

sistema teórico, baseando-se no evolucionismo darwiniano e orienta por ai

suas investigações sobre o desenvolvimento da inteligência.

As espécies animais, se adaptam ao meio natural a partir de sua

evolução biológica no transcorrer da filogênese; já na espécie humana, essa

adaptação se dá por um processo ativo de desenvolvimento ontogenético,

baseado mais na cultura que na biologia. Por isto, segundo Piaget (1947), ao

contrário dos animais cujos comportamentos quase sempre seguem padrões

instintivos, de estrutura hereditariamente programada e seguida por todos da

espécie, a conduta típica dos humanos organiza-se em esquemas de ação ou

representação aprimorados pelo indivíduo através de suas experiências

pessoais, que podem variar em função de um objetivo/ intenção e formar

estruturas de conhecimento diferentes.

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Integrando essas estruturas e sua mudança, está a inteligência, que

segundo o sistema piagetiano, define-se a partir da organização e adaptação,

aspectos interdependentes; isso independentemente de seu conteúdo e grau

de desenvolvimento. Estes aspectos, presentes em qualquer tipo de

inteligência, são conhecidos como invariantes funcionais.

A estrutura intelectual se dá a partir da interação das invariantes

funcionais, onde em cada momento particular do desenvolvimento, o processo

adaptativo é substituído por uma forma específica de organização do

conhecimento adquirido que será diferenciada quando em outro momento

evolutivo. Organização e adaptação nos servem então, para explicar

comportamentos inteligentes específicos e não para descrevê-los.

Na perspectiva construtivista de Piaget (1926), o começo do

conhecimento é a ação do sujeito sobre o objeto, ou seja, o conhecimento

humano se constrói na interação homem-meio, sujeito-objeto. Conhecer

consiste em atuar sobre o real e transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo

que se dá a partir da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento. As

formas de conhecer são construídas nas trocas com os objetos, tendo uma

melhor organização em momentos sucessivos de adaptação ao objeto. A

adaptação possui dois mecanismos opostos, mas complementares, que

garantem o processo de desenvolvimento: a assimilação e a acomodação.

A assimilação se dá pela inclusão de experiências novas aos

conhecimentos prévios utilizando-os para reconhecer ou identificar os novos

objetos ou acontecimentos. Um bom exemplo é o de um bebê que quando

passa a sugar seu polegar, o faz por assimilar ao mamilo da mãe ou uma

chupeta que já está acostumado a sugar. Ele repete a ação que já conhece,

diante desta nova experiência.

Já a acomodação ocorre quando nesse processo de aquisição de

novos conhecimentos/experiências, a criança se depara com algo que não é

de fácil assimilação e que exige algum esforço para modificar seus esquemas

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ou adquirir outros novos que lhe permitam apreender essas experiências novas

e mais complexas, aí a assimilação se dá novamente.

O conhecimento é a equilibração / reequilibração entre assimilação

e acomodação, ou seja, entre os indivíduos e os objetos do mundo.

1.1.2 Estágios do desenvolvimento da inteligência

Piaget (1975, p.57), constatou que o desenvolvimento mental das

crianças se dá espontaneamente a partir de suas potencialidades e da sua

interação com o meio. Segundo ele, “as estruturas já existentes tornam a

assimilação possível, enquanto que a acomodação facilita as mudanças nas

estruturas existentes e a criação de estruturas novas”.

De acordo com Piaget (1975), tal processo ocorre lentamente por

meio de graduações sucessivas através de estágios, observando as aquisições

e evoluções no desenvolvimento das crianças dentro das faixas etárias por ele

estabelecidas, a passagem de uma etapa para outra representa a busca por

um estado novo e mais elaborado de equilíbrio, diante das modificações

vivenciadas na etapa anterior. Esses estágios foram divididos em: sensório-

motor (0-2 anos), pré-operatório (2-7 anos), operatório concreto (7-12 anos) e

operações formais (a partir da adolescência). Aqui serão abordados apenas o

pré-operatório e o operatório concreto, pois se enquadram no período de ciclo

escolar de que trata este estudo monográfico. (p. 58)

No estágio pré-operatório, é observado um desenvolvimento

progressivo dos processos de simbolização, sem estruturação lógica, pelo

surgimento da linguagem oral e pelo início da formação dos esquemas que são

estruturas imprescindíveis para a transformação de estímulos físicos e sociais

em experiências significativas que darão sentido ao mundo exterior em que o

indivíduo está inserido, tendo assim, função importante nos processos

construtivos de aprendizagem, compreensão e memória. Egocentrismo

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cognitivo, ausência da noção de reversibilidade e de conservação, são

algumas das limitações presentes nesse estágio.

Já no operatório concreto, suas características estão na superação

do egocentrismo, no aparecimento da lógica e da reversibilidade. As operações

da lógica concreta são possíveis quando o indivíduo enfrenta situações

específicas, onde os elementos que tem como exemplo para suas experiências

forem reais e puderem ser observados, ordenados ou seriados; caso tenha

que realizar tarefas similares, mas com materiais ou conteúdos abstratos, suas

possibilidades diminuem.

1.2 Os contextos de socialização influenciando na aquisição de conhecimento

Vimos até aqui sobre a formação da personalidade e suas

influências no cotidiano da criança, na sua percepção do mundo, no

desenvolvimento de afeto e reconhecimento de si enquanto indivíduo no seu

meio social.

Lev Sminovitch Vygotsky, teórico russo que em seus trabalhos

defende a existência de uma relação contínua entre as condições sociais, que

são mutáveis e a base biológica do comportamento humano, onde, a partir da

maturação formam-se novas e mais complexas funções mentais de acordo

com as experiências socias vividas pela criança, discorda em alguns aspectos

da teoria de Piaget pois acredita que é apenas no ínicio da vida que os fatores

biológicos preponderam sobre os socias e portanto, a formação do

pensamento, seria para ele, um processo que surge e se acentua pela vida

social e comunicação entre a criança e os adultos o que permite a assimilação

das experiências vivenciadas.

Cada período da vida exige aquisições sociais diferentes, durante os

primeiros anos de vida é importante a construção de processos afetivos (o

apego), alguns processos mentais (conhecimento social das pessoas e de si e

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a aquisição da linguagem) e aquisição de hábitos sociais (expressar afeto aos

familiares, controle de si mesmo). Sem esse conhecimento social, não há

conduta social nem vínculos afetivos.

A concepção de Vygotsky, nos permite olhar para o outro, para o

sujeito, para o mundo a partir de uma perspectiva social, onde a questão social

é o norte; considera que não apenas a natureza influi na conduta humana, mas

também as pessoas transformam e criam suas próprias condições de

desenvolvimento através de relações dialéticas.

Iniciada pela família, primeiro meio social com o qual a criança

convive, a socialização nos primeiros anos de vida se faz fundamental, pois

garante ao indivíduo a possibilidade de ter acesso a sentimentos e sensações,

ao desenvolvimento de sua autonomia dentro da sociedade enfim,

aprendizagens básicas para que se moldem suas características psicológicas.

Entretanto, a família, por não ter o poder absoluto sobre a criança,

não pode moldar seus filhos com as características e personalidade que

desejam, pois algumas destas são inatas (como o temperamento infantil e

aspectos de saúde) e há, por outro lado, a influência de outros contextos

socializadores como a escola e os colegas.

Ainda assim, a família é um contexto de socialização muito

importante para a criança e de grande relevância, pois durante muitos anos, é

o principal contexto em que a criança cresce, age como um filtro que seleciona

o contato da criança com outros contextos. São eles que proporcionam, já nos

primeiros anos de vida, o contato social com pessoas de fora da família,

também são eles que decidem o momento da iniciação escolar , seja na

creche ou já na educação infantil, escolhendo o tipo de escola que seus filhos

frequentarão.

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A interação entre alunos também é reconhecida como contexto social de construção de significados, em que se põem em prática mecanismos como de expressão e de reconhecimento de pontos de vista contrapostos, criação e resolução de conflitos, que se mostrarão relevantes para a aprendizagem. (CAZDEN apud CUBERO e LUQUE, 2005, p.106)

1.2.1 A socialização na relação com os iguais

Durante muito tempo, no processo de socialização, os pais, irmãos e

iguais eram considerados agentes socializadores secundários, pois sua

influência era encoberta pela importância atribuída à mãe. No entanto, nas

últimas décadas diversos estudos como os de Hartup (1978,1983) e Rubin

(1983), voltaram-se para o papel dos iguais no desenvolvimento da criança,

para os processos que caracterizam estas relações e seus determinantes.

Muitas investigações nos últimos anos destacam que as crianças

com relação positiva e estável com suas mães são as mais competentes nas

relações com colegas da mesma idade. Porém os autores destes estudos

divergem ao interpretar os processos que fazem tal relação, alguns dizem que

as crianças de apego seguro, ou seja, com bom relacionamento afetivo com a

mãe, desenvolvem uma habilidade maior para iniciar e manter as interações

com os iguais; outros dizem que as crianças de apego seguro não são

necessariamente mais habilidosas em manter as amizades, mas sim mais

amistosas e animadas e por isso tornam-se colegas mais interessantes para

os momentos de jogos e brincadeiras.

De acordo com Kupersmidt ,Coie e Dodge (1990) nos anos pré-

escolares, os grupos organizam-se em razão de preferências, de

temperamento das crianças e, sobretudo, em função das semelhanças

pessoais quanto ao sexo, por exemplo, formando grupos separados em

meninos e meninas que é uma tendência que vai seguir por toda a infância.

Essa estruturação de grupos constrói na criança a noção de amizade, onde ela

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considera como amigo o companheiro de jogos e brincadeiras e é isso que os

faz estabelecer as preferências sociais; da mesma forma, os comportamentos

isolados, solitários, são motivadores da rejeição.

Frequentemente nestes grupos, mais entre os meninos do que

entre as meninas menores (entre 2-3 anos) que maiores (entre 5-6 anos),

ocorrem disputas e alguma agressividade; esses eventos agressivos são

normalmente em disputa por um objeto ou pela manutenção de alguma

atividade (agressividade instrumental) e não com intenção de machucar ou

ofender (agressividade hostil).

São inúmeros os efeitos que a relação com os iguais pode produzir

na socialização das crianças, estas interações tornam-se importante fonte de

treinamento e aprendizagem de habilidades sociais, ao mesmo tempo tem

influências sobre as características de personalidade do indivíduo.

Conforme afirma Hartup (1983), em quase todos os momentos da

evolução, o papel dos iguais é claramente diferente dos adultos que se

caracteriza, fundamentalmente, por vínculos de apego e proteção o que

dificulta a aquisição do controle de impulsos agressivos, por exemplo, o que,

contudo, acontece no grupo de iguais.

1.2.2 Influência da escola na socialização frente ao processo de

aprendizagem

A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. LDB (Lei 9394/96, art. 29)

No início dos anos sessenta, Noam Chomsky, introduz aos estudos

da linguagem a psicolinguística. Para ele, a capacidade de falar é

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exclusivamente humana e é o que nos difere das outras espécies animais.

Seguindo com seus estudos, este autor relaciona, primeiramente, os universais

linguísticos com a sintaxe e mais adiante, como complemento, a semântica é

introduzida; neste ponto, conclui que para se utilizar a linguagem, é necessário

que exista certo conhecimento da realidade, que em uma produção linguística

se possa fazer uma relação da forma com o que significa. Este também é o

ponto de vista de Piaget (1936). Segundo ele, ao longo do estágio sensório-

motor, a criança desenvolve a função simbólica, que é o que lhe dá a

capacidade de empregar e combinar as palavras. A linguagem é a expressão

da capacidade cognitiva, exclusivamente humana, onde o indivíduo para poder

utilizá-la deve antes de tudo, obter a capacidade de simbolizar. Porém, em

meados dos anos setenta, surge uma nova perspectiva em que os aspectos

comunicativos e o conhecimento de como usar a linguagem tinham destaque,

incorporava-se então a pragmática a esses estudos.

Com esta nova perspectiva ganham enfoque os aspectos

instrumentais da linguagem em que, mesmo que se conheçam suas regras, se

não se sabe como são utilizadas, dificilmente serão empregadas.

A partir daí, podemos então compreender o que ocorre na relação

criança e adulto em que se estabelecem interações iniciais através de modelos

estáveis, limitados e repetitivos que possibilitam a ambos que um reconheça os

sinais do outro, e assim antecipe suas próprias respostas. Deste modo, o

adulto é capaz de compreender através de um gesto ou balbucio, o que a

criança deseja e se prepara para atendê-la.

As sociedades industriais desenvolvidas têm a escola como a

instituição responsável pela transmissão dos conteúdos e valores da cultura e,

assim, prepara a criança para ser um adulto bem estruturado e ativo na

sociedade.

A família e a escola são dois contextos de referência para a criança,

mas com padrões de comportamento, regras de interação, formas de

comunicação e transmissão de informação característicos e, por isso

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diferenciados. Dentre estes aspectos, a linguagem tem maior relevância, pois

na escola ela é introduzida de maneira a situar a criança fora do contexto

familiar, preocupando-se com a transmissão do saber organizado.

No meio escolar, com os adultos e os iguais ali inseridos, a criança

estabelece relações diferentes das que desenvolve no meio familiar, assim

como as atividades também são diferenciadas tanto no aspecto prático como

na finalidade e objetivos educacionais. Na família, essas atividades têm

consequências práticas imediatas e são bastante satisfatórias para a criança e

vivenciadas em contato com parentes próximos e carregadas de afeto direto,

enquanto que na escola as atividades visam um resultado futuro e o que é

aprendido têm sentido a longo prazo, as relações são mais distanciadas, pois

cada professor tem em sua turma vários alunos para atender e interagir.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(Lei 9394/96,15), o ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove)

anos,gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade.

Segundo os Referenciais, o ensino fundamental, objetiva a

formação básica do cidadão, mediante:

I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como

meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político,

da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em

vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e

valores;

IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de

solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida

social.

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§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino

fundamental em ciclos.

Desta forma, o trabalho dos seguintes eixos com as crianças se faz

importante: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita,

Natureza e Sociedade e Matemática. Busca-se com isso atingir seu objetivo de

desenvolver algumas capacidades, como: ampliar relações sociais na

interação com outras crianças e adultos, conhecer seu próprio corpo, brincar e

se expressar das mais variadas formas, utilizar diferentes linguagens para se

comunicar, entre outros aspectos que durante a adaptação à escola e o início

no ciclo de alfabetização, são ainda muito válidos para os processos de

desenvolvimento e aprendizagem.

Quando participam de brincadeiras e externam seus sentimentos, as

crianças aprendem a se conhecer, em especial na interação com os adultos e

as outras crianças. Situações de brincadeiras favorecem a interação, o

movimento e autonomia entre eles.

Toda atividade onde se observem os seguintes aspectos:

entusiasmo, ordem, movimento, tensão, mudança, ritmo, podem ser

considerados jogos. Essa atividade deve ser livre, voluntária, diferente da vida

cotidiana, da vida real; ser descompromissada, desinteressada, um intervalo

da vida corrente, sem deixar de fazer parte dela. Através das regras da

brincadeira é possível que as crianças se apropriem de atitudes relativas ao

convívio coletivo.

Enfim, tem como ênfase estimular as diferentes áreas de

desenvolvimento da criança, aguçando sua curiosidade, sendo que, para isso,

é imprescindível que a criança esteja feliz no espaço escolar.

Segundo Belsky (1984) e Bronfenbrenner (1979), existe atualmente,

um amplo debate sobre o tipo de cuidado que seria ideal no momento da

chegada de crianças nestas idades (2-7 anos) à escola. Feitas as

investigações, podem-se distinguir aquelas que se referem aos dois primeiros

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anos de vida em que se constatou que não há efeitos positivos ou negativos no

desenvolvimento da criança em relação aos vínculos emocionais, mas há um

importante avanço no desenvolvimento cognitivo. Já no caso das crianças em

idade pré-escolar, a escola acaba por ter um efeito compensatório para as que

recebem pouca estimulação no meio familiar (p.199).

Winnicott (1997) complementa que quando a criança está

aproximadamente com dois anos de idade iniciam-se novos desenvolvimentos,

e estes a habilitam a lidar com a perda. Em um estágio denominado como

“rumo à independência” a criança começa a desenvolver meios para viver sem

a necessidade da presença constante da mãe.

Isto é conseguido através do acúmulo de recordações do cuidado,

da projeção de necessidades pessoais e da introjeção de detalhes do cuidado,

com o desenvolvimento da confiança no meio. A criança se torna

progressivamente capaz de se defrontar com o mundo e todas as suas

complexidades. À medida que o tempo passa a criança introjeta o ego auxiliar

da mãe e dessa maneira se torna capaz de ficar só sem o apoio frequente da

mãe.

Num estudo teórico, Rapoport e Piccinini (2005) referem que cada

criança apresentará uma reação específica em relação às diversas situações

estressantes que encontrará durante o processo de adaptação à escola,

utilizando-se de estratégias para enfrentar e se adaptar a este novo ambiente.

Entre estas situações destaca-se: a despedida dos pais, o ambiente novo, o

relacionamento com a educadora e outras crianças e a necessidade de

compartilhar brinquedos. Em outra pesquisa os autores citados acima

examinaram como as educadoras caracterizavam a adaptação das crianças à

escola. Para estas educadoras, a adaptação é descrita como um processo

complexo e gradual no qual cada criança necessita de um tempo particular

para adaptar-se.

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Imaginar que o sucesso de um processo de adaptação se resume a ter ausência de choro é banalizar uma situação que não termina em si mesma. Os sintomas que as crianças apresentam como doenças, regressões, alterações de comportamento, etc., estão aí para comprovar que elas não falam que as coisas não vão bem somente chorando. (BORGES, 2002, p. 32)

Estes estudos confirmam a teoria de base de Winnicott de que a

criança, para se sentir segura e conseguir se separar, precisa receber e sentir

a confiança de seus pais.

Portanto as experiências escolares iniciais relacionam-se à

aquisição de habilidades sociais que facilitarão a criança na sua adaptação a

novas situações escolares, já estando acostumada com as rotinas escolares,

integrada em grupos de iguais, conhecendo e compreendendo o papel do

professor e assimilando melhor a separação dos pais , segundo Ladd e Price

(1987, p. 200).

A separação psíquica e física entre mãe-criança provoca também na

figura materna sentimentos angustiantes. Winnicott (1997) ainda complementa

que algumas mães diante da entrada do seu filho na escola, não suportam

essa ideia de separação. Elas não conseguem deixar de lado seu papel

materno, pois sentir-se mãe é mais fácil quando seu bebê é dependente, do

que quando, pelo crescimento, ele começa a buscar e gostar de ser

independente, autônomo e desafiador, separanado-se cada vez mais dela. A

criança irá sentir e entender isso com facilidade. Embora goste da escola,

mostra ansiedade ao entrar na sala de aula, por sua natureza; a criança sente-

se melhor quando a mãe se mostra calma e tranquila ao vê-lo ir para a sala, e

age do mesmo modo quando o pega no final da aula. É então, nesse momento

que a criança conquista dois aspectos importantes de seu desenvolvimento:

independência e autonomia. De acordo com Balaban (1988, p. 25) “A

separação é uma experiência que ocorre em todas as fases da vida humana”.

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A separação afeta as crianças. Afeta os pais. Faz brotar os sentimentos nos professores. O início da vida escolar pode ser uma ocasião excitante ou também uma ocasião agradável. Junto com aqueles que realmente estão encantados por estarem iniciando sua vida escolar, existem frequentemente outras crianças chorando ou pais tensos e nervosos. (BALABAN, 1988, p. 24)

Ter uma pessoa que se responsabilize por todo o período de

adaptação da criança parece ser fundamental para uma adaptação inicial

eficiente. Esta pessoa, que não precisa ser necessariamente um dos pais, mas

uma avó, tio ou tia, até irmão mais velho, deve permanecer com a criança

durante os primeiros dias de entrada na escola até que ela se sinta tranquila

para aceitar ser cuidada pela professora sem muitas restrições. Como este

período varia de criança para criança e, embora se saiba que pode ser um

transtorno para a organização familiar, será por pouco tempo, mas um tempo

que evitará retrocessos na adaptação e favorecerá a construção de um vínculo

com a escola mais tranquilo e seguro.

A adaptação pode ser entendida como o esforço que a criança

realiza para ficar, e bem, no espaço coletivo, povoado de pessoas grandes e

pequenas desconhecidas. Onde as relações, regras e limites são diferentes

daqueles do espaço doméstico a que ela está acostumada. Há de fato um

grande esforço por parte da criança que chega e que está conhecendo o

ambiente da instituição, mas ao contrário do que o termo sugere não depende

exclusivamente dela adaptar-se ou não à nova situação. Depende também da

forma como é acolhida. Considerando a adaptação sob o aspecto da

necessidade de acolher, aconchegar, procurar o bem estar, o conforto físico e

emocional, amparar, amplia significativamente o papel e a responsabilidade da

instituição de educação neste processo. A qualidade do acolhimento é que

garantirá a qualidade da adaptação, portanto não se trata de uma opção

pessoal, mas de compreender que há uma troca de movimentos tanto da

criança como da instituição dentro de um mesmo processo

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CAPÍTULO II

DESENVOLVENDO E APRENDENDO

2.1 Passando às Operações Concretas

Precedido pelo estágio pré-operatório, em que o desenvolvimento

mental é caracterizado pelo egocentrismo intelectual e social, o estágio das

operações concretas, iniciado a partir dos 6-7 anos, prolonga-se até os 12 e

trata da infância propriamente dita. De acordo com Piaget (1975), caracteriza-

se pela consolidação e organização da evolução da inteligência representativa,

início da construção lógica, ou seja, a capacidade da criança de estabelecer

relações que lhe permita ter pontos de vista diferentes sobre pessoas

diferentes ou sobre si mesma, pois passa a “ver” objetos e situações com

aspectos diferentes e até mesmo conflitantes. Ela consegue então coordenar

esses pontos de vista e os relaciona de forma lógica e coerente.

A criança passa a ter autonomia pessoal, a cooperar com os outros

e aprende a trabalhar em grupo, a construção do conhecimento se dá de forma

mais compatível com o mundo em que vive .

São chamadas operações, pois nesta fase surge uma nova

capacidade mental na criança que a permite realizar uma ação física ou mental

dirigida para um fim (objetivo) e ter a iniciativa de executá-la. As operações

sempre se referem a objetos concretos ou a experiências já vividas, portanto é

nesta fase que a criança consegue exercer suas habilidades a partir de objetos

reais e desenvolve a capacidade de reflexão, ou seja, pensar antes de agir,

assim como recuperar o passado e antecipar o futuro.

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No que se refere ao pensamento, este estágio caracteriza-se pela

capacidade de estabelecer corretamente as relações de causa e efeito e de

meio e fim, de sequenciar ideias ou eventos, formar o conceito de número e

trabalhar simultaneamente, com dois pontos de vista diferentes.

No início desta fase, surge a noção de conservação da substância

do objeto (comprimento e quantidade), por volta dos 9 anos, a de peso e ao

final desta fase a de volume.

A vontade, no aspecto afetivo, surge como uma qualidade superior

que atua quando há conflitos entre o dever e o prazer, a criança passa a

organizar seus próprios valores morais e o respeito mútuo, a honestidade, o

companheirismo e a justiça surgem também neste estágio.

Passam então a formar grupos de colegas onde encontram a

segurança e o afeto de que necessitam. As crianças escolhem os amigos sem

fazer distinção entre meninos e meninas, essa diferenciação ocorre mais no

final desta fase.

A cooperação, que se desenvolve também neste estágio, fortalece e

facilita o trabalho em grupo e já no final desta fase as crianças, tendem a

enfrentar os adultos, pois já não estão mais tão presos as suas ideias e

opiniões como no início.

2.1.1 Desenvolvendo a linguagem

A linguagem humana é constituída de códigos objetivos que

designam coisas concretas e suas relações, segundo Vygotsky (1989) a

palavra dá forma ao pensamento, criando novas modalidades de atenção,

memória e imaginação. Esse mecanismo de códigos insere os objetos em

determinados sistemas de categorias.

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Ainda de acordo com Vygotsky (1989), a fala tem importante função

na construção e ordenação do pensamento do indivíduo; pois através da

interação entre adultos e crianças mais experientes o pensamento infantil,

gradativamente, se torna capaz da auto regulação.

Luria (1987), compatriota de Vygotsky, em relação à tomada de

cosnciência, a define como a capacidade de generalização dos objetos que o

indivíduo tem através da palavra usada como instrumento de abstração e

desta generalização. A palavra então não é apenas um meio de substituição e

compreensão das coisas, ela é do pensamento, a fonte.

A capacidade de apreender a linguagem na realidade social é um

desafio posto no desenvolvimento do indivíduo desde o nascimento. A criança

desde os primeiros anos de vida recebe informações sobre a realidade que a

cerca através dos adultos, por intermédio de suas ações. Esta subordinação a

que a criança fica sujeita por um determinado período da vida acaba definindo

gradualmente as aquisições na evolução tanto no seu caráter quanto na sua

conduta. A fala então, modifica qualitativamente o conhecimento e

pensamento que se tem do mundo em que vive.

Se no início é necessário que a criança mantenha uma linguagem

externa por meio de uma atividade inter psicológica, gradualmente ela vai

interiorizando e transformando em linguagem interna, processo intrapsíquico,

definindo assim um sistema de auto-regulação de sua própria conduta.

Somente nesse estágio a ação voluntária consciente surge dominada pela

força da linguagem.

No anexo, figura 2.1, é apresentada uma representação do

processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem relacionado à

experiência social e desenvolvimento cognitivo de acordo com a faixa etária e

a experiência vivida.

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A partir do que foi exposto no anexo, figura 2.1, vejamos então,

mais detalhadamente essa evolução em crianças de idade entre 4 e 7 anos e 7

e 11 anos por se tratarem dos períodos correspondentes à etapa educacional

tratada nesse estudo, ou seja, crianças do ciclo de alfabetização do Ensino

Fundamental.

a) Dos quatro aos sete anos

Além das experiências pré-escolares, o ingresso na escola de

Ensino Fundamental proporciona à criança a aquisição de novas experiências,

novos modelos para tomar como base e através da observação, imitação e

iteração com os iguais, colegas da escola, surgem novos estímulos que

contribuem para o seu desenvolvimento cognitivo.

A lateralização se consolida, o esquema corporal se estabiliza e a

inteligência mostra-se no subestágio intuitivo do pré-operatório e gradualmente

vai se aproximando da lógica operatória concreta. O egocentrismo nestes anos

já foi superado e a autoregulação se consolida.

Com a entrada na escola há um aumento na diversidade dos

contextos de fala pelas exigências do novo meio em que passa a conviver,

assim também há o aumento do vocabulário e o significado das palavras se

enriquece. A partir dos cinco anos a distinção de gênero é clara e a de

números ocorre a partir dos seis. Aos sete anos já há a melhora dos tempos e

modos verbais e o domínio completo dos sons simples da língua e suas

combinações.

b) Dos sete aos onze anos

Novos modelos de uso da linguagem surgem através do ganho de

autonomia da criança em relação ao núcleo familiar, pelas experiências com

amigos e na escola e o maior acesso e melhor compreensão da leitura e de

meios de comunicação. Inicia-se o estágio das operações concretas com isso,

o pensamento realista, a passagem à lógica operatória e presença da

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reversibilidade nas operações permite que o raciocínio seja utilizado nas

resoluções de problemas concretos.

A aprendizagem da Matemática, por exemplo, é favorecida pelo

domínio das habilidades de leitura e escrita que facilita a utilização de novas

linguagens e símbolos. Com o aumento dos conhecimentos o léxico se

multiplica e seu uso torna-se cada vez mais correto.

A sintaxe aparece mais complexa devido ao seu uso e à medida que

é estudada na escola, adapta-se a prática social. Entre os sete e dez anos

conseguem fazer o uso correto das concordâncias de artigos e pronomes.

2.2 A iniciação no Ensino Fundamental: aprendendo a aprender

O Ensino Fundamental é um dos níveis da Educação Básica no

Brasil, é obrigatório, gratuito (nas escolas públicas), e tem como objetivo a

formação básica do cidadão.

Até o ano de 2006 o Ensino Fundamental tinha a duração de oito

anos, mas após alterações nos artigos 29, 30, 32 e 87 da Lei de Diretrizes e

Bases da Educação (9395/96), houve a ampliação para nove anos através da

Lei Ordinária 11.274/2006. A divisão do Ensino Fundamental passou então, a

ser de dois ciclos. O primeiro, chamado de anos inicias, compreende do 1º ao

5º ano e é desenvolvido em classes com um único professor regente; já o

segundo ciclo, chamado de anos finais, compreende do 6º ao 9º ano e tem o

trabalho pedagógico desenvolvido por diferentes professores especializados

em diferentes disciplinas.

Ainda conforme a LDB (9395/96), a obrigatoriedade da matrícula

das crianças com faixa etária entre seis e quatorze anos implica na

responsabilidade conjunta dos pais ou responsáveis, pela matrícula dos filhos;

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do Estado pela garantia de vagas nas escolas públicas; da sociedade, por

fazer valer a própria obrigatoriedade. O ingresso da criança na escola se dá no

1º ano, aos seis anos de idade na classe de alfabetização.

Segundo a LDB (art.32º), para que se faça a formação básica do

cidadão é necessário:

I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;

IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

O aprendizado das crianças inicia-se anteriormente a sua chegada à

escola através de conteúdos aprendidos na vida, no convívio em família, e em

outros contextos. O contato com a matemática por exemplo, se dá nas

experiências que se apresentam em seu dia a dia, nas quantidades das coisas,

encontram adição, subtração, as diferenças de tamanho, as quais as desde a

idade pré-escolar, as crianças são expostas.

Nos primeiros anos, as crianças são estimuladas através de

atividades, jogos, leituras, imagens e sons, principalmente no primeiro ciclo.

Através dos vários processos pedagógicos, busca-se levar ao conhecimento

da criança, seu mundo familiar, pessoal e social.

Um aspecto de grande relevância que é destacado na teoria de

Piaget (1975), aponta que os erros e conflitos vivenciados pelas crianças

durante seu processo de aprendizagem, contribuem para a evolução desse

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processo uma vez que ao se depararem com um fator de desequilíbrio

momentâneo (erro ou conflito – que aqui neste estudo pode ser relacionado ao

momento de adaptação à uma nova escola na chegada ao Ensino

Fundamental), buscam o reequilíbrio e nesse processo de equilibração, o

indivíduo se modifica e isso promove a aquisição de novos conhecimentos.

Indo de encontro a essa perspectiva, notamos que definições na

teoria sociocultural de Vygotsky (1998), dão destaque à interiorização como um

processo relacionado à transformação dos fenômenos sociais em fenômenos

psicológicos, ou seja, um processo de transformação que implica mudanças

nas estruturas e nas funções já internalizadas.

O currículo para o Ensino Fundamental Brasileiro tem uma base

nacional comum, que deve ser complementada por cada sistema de ensino, de

acordo com as características regionais e sociais, desde que obedeçam as

seguintes diretrizes:

I – a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à ordem democrática;

II – consideração das condições de escolaridade dos alunos em cada estabelecimento;

III – orientação para o trabalho;

IV – promoção do desporto educacional e apoio às práticas desportivas não formais. (ART. 27º, LDB 9394/96)

Diante disso, é possível considerar a função da educação escolar no

processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças, como fator

importante no que se refere às interações e experiências vividas com adultos e

outras crianças mais experientes, onde a chave para a compreensão do

processo de construção do conhecimento na sala de aula se dá nesta relação

dialética, entre professores e alunos e um conteúdo que lhes seja significativo,

ou seja, que o novo material de aprendizagem tenha relação com seus

conhecimentos e experiências prévias.

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CAPÍTULO III

PARCERIA FAMÍLIA E ESCOLA: UM ELO IMPORTANTE

PARA A APRENDIZAGEM

3. Entendendo contextos e relações

3.1 Relações da família com o contexto escolar

As expectativas quanto ao sucesso escolar dos filhos é outro

aspecto de prática educativa que sofre grande influência das experiências

vividas pelos pais que refletem no que será transmitido aos filhos. Seu nível de

estudo é uma importante variável, pois, segundo Palácios (1988) observa-se

em pais que tiveram mais anos de escolarização maior responsabilidade e

atenção com o sucesso e evolução do processo educacional dos filhos.

A partir dos seis anos a escolarização é obrigatória e isso leva a um

aumento nos contextos de socialização fora de casa, porém, a família continua

exercendo um papel fundamental na vida da criança.

O início dos anos escolares caracteriza-se, em grande parte, pelas

influências e a grande importância que os contextos socializadores externos à

família, por exemplo, a escola e os grupos de iguais têm sobre o

desenvolvimento das crianças. Trata-se de contextos interligados e que apesar

de terem suas características próprias podem, através das experiências vividas

em cada um deles, servir de facilitador ou obstáculo para a adaptação em

outros.

As práticas educacionais vividas pelos pais, representam uma grade

influência nos diferentes aspectos do desenvolvimento da criança como a

autoestima, a compreensão dos papéis sexuais, as conquistas, a motivação, o

sucesso ou fracasso escolar, a agressividade, permanecem válidas.

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A agressividade vivenciada no lar a partir das ações dos pais com a

criança ou entre o casal, com reações algumas vezes permissivas e outras

punitivas são, muitas vezes reproduzidas pela criança no espaço da escola

pois criam nela a impressão de serem atitudes normais. Outro padrão que as

crianças tendem a imitar está relacionado a socialização do papel sexual

dentro da família, elas apresentam grande tendência a relacionar a dominação,

a independência, a facilidade de resolver problemas com atitudes masculinas,

ou seja, dos pais e atitudes mais amistosas, afetuosas, sensíveis e até de

submissão, são relacionadas as mulheres, ou seja, às mães.

No aspecto família-grupo de iguais, existem características

específicas que diferenciam esses contextos, mas há também pontos de

ligação que facilitam a passagem de um para o outro. De acordo com Hartup

(1978), crianças que são educadas em meios familiares cercados de

afetividade, carinho, respeito às regras e às suas opiniões e necessidades e

com bom nível de comunicação apresentam maior e melhor habilidade nas

relações com os iguais.

Quando se trata das relações família-escola, observam-se também

particularidades e diferenças específicas de cada contexto. Essas diferenças

que são facilmente identificadas pela criança quando chega à escola, referem-

se às exigências, organização, estratégias e recursos comunicativos,

conteúdos e relações estabelecidas. Para algumas crianças, no entanto, as

experiências e aprendizagens adquiridas no ambiente familiar facilitarão essa

transição, enquanto para outras essas diferenças serão difíceis de transpor e

afetam em alguns casos, negativamente, sua adaptação e êxito no meio

escolar.

O mundo exterior tem um impacto considerável desde o momento em que a criança começa a relacionar-se com pessoas, grupos e instituições, cada uma das quais lhe impõe suas perspectivas, suas recompensas e sues castigos, contribuindo, assim, para a formação de sues valores, de suas habilidades e de sues hábitos de conduta (BRONFENBRENNER, apud LACASA, 2004, p.406).

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Com relação à obtenção de sucesso na escola, observamos

algumas características em comum quando analisamos os contextos

familiares. De acordo com Scott-Jones, Hess e Holloway (1984), os lares com

pais afetuosos, que estimulam a imaginação, que são controladores sem

serem restritivos, que explicam as regras para justificá-las, que motivam os

filhos a serem independentes, que demonstram suas expectativas a respeito

do sucesso da criança na escola e que incentivam o estudo com a prática da

leitura em casa, com jogos educativos que auxiliem no desenvolvimento das

habilidades cognitivas, têm nos filhos grande probabilidade de êxito escolar.

3.2 Papel da escola na adaptação ao Ensino Fundamental

Como já se sabe a escola é, assim como a família, um dos mais

importantes contextos de socialização para a criança. Ela é determinante para

seu desenvolvimento cognitivo e social e contribui assim para sua formação e

para seu futuro como humano, cidadão.

Transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador. Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando. Educar é substantivamente formar. (FREIRE, 1996, p.33).

A mudança da pré-escola (Educação Infantil) para a escola primária

(Ensino Fundamental) ocorre em consonância com o desenvolvimento da

criança, trazendo nesse novo momento, desafios cognitivos e sociais. A

criança sai do meio pré-escolar em que os horários e cobranças são mais

flexíveis, o dia a dia das atividades mais lúdicos e vai para um ambiente

completamente diferente, com ensino mais sistematizado, menos liberdade e

horários menos flexíveis, onde há inclusive a avaliação e cobrança sobre seu

rendimento, que é a escola primaria.

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Segundo Henriques apud Garcia (2000, p.120), o universo social é

“um caminho que permite à criança tomar consciência de sua maneira de

pensar o mundo, também permitindo ao professor acesso ao seu universo

imaginário, às suas formas de ser criança.”

Quanto a importância da escolarização, entende-se que através das

experiências educacionais formais, representadas pelas atividades escolares,

a criança tem melhor desenvolvimento cognitivo, alcança formas de raciocínio

mais abstratas e seus pensamentos tornam-se mais independentes do

contexto.

Pode-se dizer que o contexto escolar com suas relações

institucionais também é constitutivo do conhecimento, daí a importância dos

papéis e funções dos adultos e crianças na construção do conhecimento

escolar. Segundo Bruner apud Cubero e Moreno (1995, p.254), são duas as

características deste contexto que oferecem influência sobre essas

modificações no modo de pensamento da criança: “o caráter

descontextualizado da aprendizagem”, que a partir do que é aprendido na

escola (leitura, escrita, matemática) possibilita que a criança faça referências a

experiências de fora dela e a linguagem que atua “como forma dominante de

transmissão da informação”.

Além disso, a escola influi também em todos os processos de

individuação e socialização da criança; as relações afetivas, facilidades de

comunicação, habilidade para participar em situações sociais e a construção

da identidade pessoal são aspectos que ganham destaque no cotidiano da

criança a partir do inicio de seu contato com o ambiente escolar e essas

aquisições ou conquistas vão sendo reforçadas cada vez mais, permitindo

assim que ela desenvolva uma determinada visão de si mesma.

O autoconceito, que de acordo com Rosemberg (1986) é o conjunto

de conhecimentos e atitudes que se tem sobre si mesmo, surge a partir de

opiniões expressadas pelos outros a nosso respeito, tendo, portanto origem

nas interações sociais.

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A partir da entrada na escola, a gama de relações da criança se

amplia, ela passa a conviver com outras crianças e adultos (entre eles o

professor) que não pertencem ao meio a que estava acostumada e esse novo

grupo de pessoas será relevante para a preservação ou modificação do

autoconceito da criança, tendo o professor importância fundamental nesse

processo.

Nesse primeiro contato da criança com a escola primária, nos anos

iniciais do Ensino Fundamental, é muito importante que ela esteja com os

aspectos que favorecem sua socialização, bem estruturados. Não se trata mais

de um bebê que necessita de cuidados e atenção todo o tempo, com os

olhares voltados para si , ela já tem certa dose de independência e autonomia,

já identifica as pessoas e reconhece o que lhe agrada ou não, mas é ainda

uma criança, um indivíduo em desenvolvimento, conhecendo o mundo, sendo

bombardeado com novas informações e ter a atenção dos pais e educadores é

primordial nesse momento.

Para ajudar aos pequenos nesta fase de adaptação, talvez a coisa

mais importante e fundamental seja a confiança que se transmite à criança de

que a escola é o melhor lugar onde ela pode e deve estar, onde encontrará

coisas novas para fazer, pessoas diferentes para se relacionar. Quanto mais

se valoriza e dá ênfase à importância da escola, quanto mais eles ouvem falar

bem dela, mais eles terão confiança de que a escola tem coisas boas a lhe

oferecer.

Assim, como visto anteriormente, esse contato com um novo grupo

de pessoas em um novo ambiente pode favorecer ou não o autoconceito que a

criança já tenha construído.

Neste ponto a qualidade da adaptação ganha destaque como um

aspecto a ser focado pelos responsáveis e pela escola. A criança precisa

reconhecer em casa, junto aos familiares e também na escola, com os

professores e colegas a segurança e confiança que necessita para se sentir

bem e feliz no novo ambiente.

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Esse sentimento de tranquilidade diante da nova situação será

alcançado gradativamente, com muita delicadeza no trato com a criança, deve-

se fazê-la compreender principalmente as vantagens de estar naquele novo

ambiente com aquelas pessoas diferente para ela. Nesta fase, a criança

precisa de carinho, compreensão e atenção por parte das pessoas que vão

atendê-la na escola e, por parte dos pais igualmente: é a segurança sendo

efetivada.

Vida de estudante não é fácil. Pode demorar um tempo para ele se

habituar aos novos amigos, às novas regras de comportamento, às outras

formas de ensino e de responsabilidade, a falta de contato direto por parte dos

professores tende a incomodar. A criança pode partir para a indisciplina, para

ganhar a atenção de todos.

Compete ao educador perceber quais são as características daquela criança, seu jeito de ser e se relacionar com o novo ambiente que agora passará a frequentar, bem como a maneira que interage com os colegas e as pessoas que dela cuidam/educam. É preciso respeitar o ritmo de cada criança, bem como suas manifestações de medo e ansiedade. (CRAIDY e KAERCHER, 2001, p.32)

Se não houver essa continuidade na mesma escola, a visita com os

pais à nova escola, terá também um bom efeito sobre a ansiedade e

expectativa da criança sobre esse novo ambiente, assim como incentivar o

filho a fazer amizade com os novos colegas, e elogiar o que ele faz de bom

nas aulas, fará com que ele tenha mais prazer e interesse em ir para a escola.

Uma boa influência que a escola, em especial o professor, exerce

sobre a criança é na formação de seu autoconceito acadêmico. Esse aspecto é

fundamental nessa “troca de confianças” que ocorre nesse momento de

reconhecimentos entre professores e novos alunos. Segundo Gimeno (1976),

este aspecto se refere às características e capacidades que o aluno acha que

possui em relação ao trabalho acadêmico e ao rendimento escolar. A criança é

avaliada pelos professores, colegas e pais sobre suas capacidades e

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resultados acadêmicos e com base nelas, constrói uma visão de si mesmo

como aluno.

Os estudos realizados demonstram que crianças que apresentam

juízos positivos sobre suas capacidades, em relação às tarefas escolares,

obtém resultados melhores do que aquelas, cujos pontos de vista a respeito de

suas próprias habilidades são duvidosos ou negativos. Desta forma, são os

resultados positivos ou negativos, que irão contribuir para formar seu

autoconceito acadêmico.

Conforme estudos de Rosenthal e Jacobson (1968), as atitudes do

professor em relação ao aluno, irão influenciar de maneira determinante no

autoconceito da criança, pois há uma forte tendência de que o aluno tenha

sobre si sentimentos que ele percebe vindos do professor para ele, ou seja, os

comportamentos mantidos pelo professor, com atitudes continuas e

consistentes de boas expectativas sobre os resultados do aluno, fortalecem

sua confiança em si mesmo, reduz a ansiedade e favorece a obtenção de

resultados positivos. Por outro lado porém, se as atitudes do professor são de

desconfiança ou espanto diante de um bom resultado, o aluno ficará inseguro

e sentindo-se incapaz.

A imagem que o professor transmite ao aluno é como um espelho,

e dela a criança tira muitos exemplos para seguir. Desta forma, o professor

que tem um bom autoconceito imprime confiança e segurança aos alunos com

impactos positivos no autoconceito destes alunos.

Embora as ações da escola se dirijam, na maioria das vezes, ao

desenvolvimento do aspecto cognitivo, as dimensões cognitivas, emocionais e

sociais não se separam na prática escolar. Para o aluno, o sentimento de ver

reconhecidos seus esforços e habilidades e o afeto demonstrado pela equipe

da escola o ajudam a sentir-se integrado e seguro na sua capacidade de

aprender. Essas diferentes esferas interligadas ajudam na construção do seu

aprendizado, preparando-o para a vida.

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3.2.1 Estabelecendo pontes entre a família e a escola

Como visto, família e escola que são ambientes onde há o

desenvolvimento da vida infantil, vinculam-se entre si, através de uma inter-

relação entre as pessoas que participam deles e os instrumentos utilizados.

A partir desta reflexão surge o questionamento sobre de que

forma então pais e mães podem colaborar com a escola na construção do

conhecimento escolar, já que é sabido que essa tarefa corresponde à escola,

mas que não deve ser totalmente alheia às contribuições da família.

A primeira relação que a criança faz entre o que seria função da

escola, ou seja, o ensino da leitura, escrita e matemática, com o que vivencia

no ambiente familiar é a forma como os membros da família utilizam essas

habilidades.

Na vivência do cotidiano familiar, as crianças observam em que

situações tais habilidades e práticas educacionais, ensinadas pela escola,

ocorrem em suas casas e meios familiares e passam então a entender o

sentido e importância do que é aprendido para suas vidas; isto se dá ao

presenciarem a mãe preparando listas de compras ou os auxiliando na

execução de lições de casa, no caso de mães que não trabalham fora e

cuidam do lar e família, ou ao verem o pai fazendo anotações ao falar com

seus clientes ao telefone, por exemplo.

Diante disso, entende-se que as pontes entre a escola e a casa,

podem ser estabelecidas a partir de instrumentos presentes nesses dois

cenários: os deveres escolares e os meios de comunicação; além de ações da

escola que incentivem a presença e participação das famílias neste espaço.

Quando se trata de deveres ou tarefas de casa, muitas famílias se

mostram contrárias a esse tipo de atividade, com a alegação de que tal

obrigação, ou seja, o apoio e orientação para a execução dos deveres é papel

somente da escola, dos professores. Porém, a proposta pedagógica de enviar

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atividades para serem realizadas em casa com a ajuda dos pais ou familiares

que acompanham as crianças, tem o objetivo de além de fixar o conteúdo

estudado na aula, aproximar as famílias das vivências e processos de

aprendizagem das crianças. Muitas escolas que adotam este tipo de estratégia

entendem que, desta forma, quem acompanha as crianças na execução

dessas tarefas em casa, tem assim acesso ao que está sendo ensinado, aos

métodos utilizados e ao nível de desenvolvimento e aprendizagem que a

criança se encontra. Mas nem sempre isso funciona de forma tão plena e

eficaz.

Alguns cuidados devem ser tomados ao se elaborar determinadas

propostas de atividades para serem realizadas em casa; aspectos bastante

simples, porém de extrema relevância, como a disponibilidade de tempo e o

nível cultural de cada família devem ser considerados. Em alguns núcleos

familiares, os adultos que são responsáveis pelos cuidados com a criança no

contra turno escolar, que é o período em que essas tarefas são realizadas, não

tem escolarização suficiente para auxiliar da forma correta às crianças ou não

tem ou tiveram acesso à informações e conteúdos tratados nesse deveres

mais tradicionais.

Uma alternativa bastante interessante para driblar essas

dificuldades, sem causar prejuízos ao aprendizado das crianças e nem

constrangimentos ou conflitos nas famílias, é adotar um caminho de ida e volta

onde ao invés de apenas levar da escola para casa os conteúdos que estão

envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, elementos que estão

presentes no cotidiano da maioria dos lares podem ser levados às salas de

aula, como por exemplo, a televisão; através desse meio de comunicação, por

seus programas e variedade em divulgação de notícias e informação, pelo

momento de diversão e aproximação que promove entre as pessoas da casa.

È importante que as escolas promovam atividades diversificadas

que fujam ao tradicionalismo dos deveres de casa, como oficinas, palestras,

feiras, apresentações, reuniões, mas é preciso também, que as famílias se

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conscientizem dessa importância e se disponibilizem a participar desses

momentos.

Valorizar a diversidade e pluralidade cultural existentes na

sociedade, respeitando os hábitos e particularidades de cada comunidade e

dos núcleos familiares que as compõem, é fator fundamental para que se

estabeleça uma relação de parceria, companheirismo e ajuda mútua entre as

famílias e as escolas e tal movimento deve ser direcionado sempre à um ponto

em comum que existe entre esse dois contextos: a criança/aluno. Estando

essa relação entre a família e a escola fortalecida e sólida, o bem estar da

criança no espaço escolar estará garantido, assim como aumentam muito as

chances de que obtenha sucesso tanto como aluno ou como cidadão de bem.

Todos passam pelo menos os quinze primeiros anos de sua vida na

escola, então entende-se esse espaço como lugar de formação do ser

humano, do cidadão que estará em breve atuando na sociedade; portanto esse

papel formador das escolas e seus agentes, deve ser muito respeitado e

valorizado, além de compartilhado sempre com a família.

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CONCLUSÃO

A educação é a apropriação de comportamentos que serão

vantajosos para o indivíduo e para outros em algum momento de suas vidas.

A iniciação escolar é um momento importante, porém delicado. As

crianças passam por muitas mudanças na sua rotina, no convívio com a família

ou pessoas a quem está acostumada, no ambiente em que passará a maior

parte do seu dia, enfim, nas suas relações sociais.

O ambiente da escola deve oferecer à criança o carinho, afeto e

segurança, da mesma forma que recebe em casa. A figura da professora é

fundamental nesse momento e deve gradativamente, tentar diminuir a

necessidade da presença constante dos pais. Estes deverão estimular seu

filho quando ele estiver com medo, e mostrar-se o mais confiante possível. O

vínculo com o professor é o objetivo primordial nesses primeiros dias. É

através dele que a criança se sentirá segura para interagir na escola.

Não devem desistir na primeira dificuldade. Muitos pais se

sensibilizam com a resistência dos filhos à adaptação escolar e acabam

retardando este momento. Isso não é aconselhável. O ideal é que estejam ao

lado dele e conversem muito. O que devem ter em mente é que estarão

preparando seu filho para conviver em sociedade, aprendendo a compartilhar,

a ter limites, além de aprender o que todos esperam: a ler e escrever.

Diversas são as dificuldades que uma criança apresenta em

adaptar-se à escola, insegurança, medo, timidez, inexperiência em conviver e

interagir com iguais ou adultos de fora do núcleo familiar, ou até mesmo

alguma questão patológica que lhe atribua algum tipo de limitação ou

dificuldade. Portanto, no momento da entrada da criança na fase escolar,

esses aspectos devem ser observados e considerados primeiramente pela

família, pois é quem mais conhece esse individuo e suas características e em

seguida pela instituição que recebe essa criança, para que danos ao aluno

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como: ter baixo desempenho escolar, resistência ou recusa a ir para a escola,

simulação de doenças, trocas de colégio com frequência, ou até abandono dos

estudos não precisem ser remediados, pois são fatores que podem influenciar

negativamente sobre sua capacidade de progredir acadêmica e socialmente e

tornarem-se uma marca permanente na vida dessa criança.

As estratégias de aproximação dos contextos familiar e escolar são

múltiplas, diversas e caminham para uma evolução ao longo dos tempos,

assim como, as perspectivas escolares e padrões que organizam a vida

familiar.

O respeito às diversidades culturais e sociais de cada família que

tem seu filho matriculado na escola deve ser prioridade nos momentos de

preparação das atividades pedagógicas. Ampliar a aprendizagem escolar para

fora das salas de aula, aproveitando a contribuição que as famílias podem dar

através de seus conhecimentos e hábitos, tem sido um fator importante no

fortalecimento da parceria entre esses dois contextos.

Espera-se que as crianças convivam em um ambiente seguro,

solidário e sem temores e esse tipo de sensação dará à elas segurança para

se adaptarem no espaço escolar. Desta forma, com as relações sólidas,

seguras e confiáveis entre as famílias e a escola, as crianças iniciarão sua

jornada na vida escolar de maneira saudável e prazerosa. Bem adaptados,

conseguirão aprender e progredir; aprendendo e progredindo, terão sucesso

em sua vida escolar e pessoal; alcançando o sucesso, serão pessoas felizes e

cidadãos de bem; neste momento, o objetivo da escola será alcançado com a

certeza de que o que era possível, foi feito.

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51

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Alfabetização: conhecendo quem chega pra esse

novo ciclo. 10

1.1 - Personalidade em desenvolvimento 10

1.1.1 - A inteligência segundo Piaget 11

1.1.2 - Estágios do desenvolvimento da inteligência 13

1.2 - Os contextos de socialização influenciando na 14

aquisição de conhecimento

1.2.1 - A socialização na relação com os iguais 16

1.2.2 - Influência da escola na socialização frente ao 17

processo de aprendizagem

CAPÍTULO II

Desenvolvendo e aprendendo. 24

2.1 - Passando às Operações Concretas 24

2.1.1- Desenvolvendo a linguagem 25 2.2- A iniciação no Ensino Fundamental: aprendendo 28

a aprender

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CAPÍTULO III

Parceria família e escola: um elo importante para a 31

Aprendizagem

3 - Entendendo contextos e relações 31

3.1 - Relações da família com o contexto escolar 31

3.2 - Papel da escola na adaptação ao Ensino 33

Fundamental

3.2.1 Estabelecendo pontes entre a família e a escola 38

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43

WEBGRAFIA 49

ÍNDICE 51

ANEXO 1 53

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53

ANEXO 1

Fonte: Desenvolvimento psicológico e educação – Psicologia evolutiva, Porto Alegre, 1995. Ed. Artmed – Pag. 153