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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA O COORDENADOR PEDAGÓGICO NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO Por: ANA MARIA LOPES DO COUTO PINTO ORIENTADOR: PROFESSOR DR. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO RIO DE JANEIRO 2009 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

O COORDENADOR PEDAGÓGICO

NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Por: ANA MARIA LOPES DO COUTO PINTO

ORIENTADOR:

PROFESSOR DR. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO

RIO DE JANEIRO

2009

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INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

O COORDENADOR PEDAGÓGICO

NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

ANA MARIA LOPES DO COUTO PINTO

RIO DE JANEIRO

2009

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto A Vez do Mestre como requisito parcial para a obtenção do título de licenciado em Pedagogia.

Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho

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AGRADECIMENTOS

À Deus pela minha sabedoria.

À minha família que aceitou minha ausência para realização deste projeto.

À minha amiga Telma, diretora e colaboradora nas reflexões ligadas ao trabalho pedagógico da E. M. Joracy Camargo.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles que acreditaram na minha capacidade, no desejo de ajudar a construir uma escola de qualidade e realmente igualitária no Município do Rio de Janeiro e que de alguma forma fizeram parte da minha formação.

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EPÍGRAFE

“ Se, na verdade, o sonho que nos anima é democrático solidário, não é falando aos outros, de cima pra baixo, sobretudo, como se fôssemos os portadores da verdade a ser transmitida aos demais, que aprendemos a escutar, mas é escutando que aprendemos a falar com eles...”

(Freire,1998)

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I –

DA SUPERVISÃO ESCOLAR ATÉ A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

CAPÍTULO II –

O COORDENADOR PEDAGÓGICO E A LEGISLAÇÃO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

CAPÍTULO III –

O COORDENADOR PEDAGÓGICO NA E.M. 04.10.020 JORACY CAMARGO

CAPÍTULO IV –

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO FORMADOR DOS PROFESSORES

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

ANEXOS

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INTRODUÇÃO

A Educação no século XXI está fundamentada em quatro pilares:

aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a conviver.

Porém exige-se um comprometimento de todos os atores do ambiente

educacional, principalmente do Coordenador Pedagógico.

A escola é uma das instituições sociais que necessita de

constantes ajustes à realidade, a fim de cumprir o seu papel na sociedade. E a

realidade brasileira tem demonstrado que, apesar de profundas alterações na

estrutura e no funcionamento das escolas, estas, na maioria das vezes,

permanecem relegada ao plano de concepções teóricas, com base em um

ideal educacional, sem, contudo, atingir a renovação da ação educativa. Para

que a escola, como instituição social, possa participar desse processo de

desenvolvimento e transformação, necessita revisar e redefinir papéis até

agora existentes, a fim de adaptar-se às novas exigências sociais,

transformando a educação escolar em um dos instrumentos do individual,

social e econômico, colaborando, decididamente para a construção da própria

cidadania.

Observando as mudanças ocorridas no cenário educacional ao

longo dos anos pretendo contextualizar a função do Coordenador Pedagógico

na Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Refletindo sua

importância dentro da escola e pensando na atuação deste profissional

enquanto articulador do processo pedagógico e orientador da formação

continuada dos professores.

A escola admirável – aquela que sonhamos trabalhar e na qual, com orgulho e entusiasmo, matriculamos nossos filhos – não é a mais rica, a mais bonita ou a mais cara. A eficiência é possível com determinação e persistência, com a firme disposição de transformar boas idéias em excelentes ações.

(Celso Antunes, 2008)

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O coordenador não pode apenas ser aquele responsável por

vigiar e criticar o trabalho do professor. Ele precisa se tornar um auxílio uma

referência com indicações bibliográficas.

É o coordenador que vai romper com paradigmas históricos e

enfrentar o desafio da mudança.

No primeiro capítulo faço um pequeno registro da trajetória do

supervisor pedagógico até a criação da função de coordenador pedagógico no

município do Rio de Janeiro. No segundo capítulo exploro a legislação e as

capacitações desta nova função.

No terceiro apresento a experiência dos coordenadores

pedagógicos na E. M. 04.10.020 Joracy Camargo.

No quarto apresento algumas reflexões sobre o principal papel do

Coordenador Pedagógico que é o de atuar na formação continuada dos

professores.

Em seguida, concluo o trabalho refletindo sobre a importância do

coordenador pedagógico dentro das escolas municipais do Rio de Janeiro.

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CAPÍTULO I

DA SUPERVISÃO ESCOLAR ATÉ A

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

A idéia de supervisão nasceu com o processo de industrialização,

com o objetivo de servir como adestramento de técnicas para indústria e

comércio, visando uma melhoria quantitativa e qualitativa da produção.

Posteriormente migrou para outras áreas. O supervisor sempre funcionou como

responsável pelo cumprimento dos objetivos visando à obtenção de resultados

satisfatórios.

Quando chegou ao sistema educacional foi em busca de um

melhor desempenho das unidades escolares em suas tarefas educativas, tendo

como objetivo básico a melhoria do processo ensino-aprendizagem.

Segundo Pires (2005), somente no início do século XX, a

supervisão buscou padrões de comportamento definidos e critérios de

rendimento escolar, com vistas à eficiência do ensino, utilizando-se para isso,

de modelos de aferição de rendimento escolar. Em 1925, já se percebia a

influência das ciências do comportamento na supervisão, ressaltando-se a

adoção de princípios democráticos nas instituições e ensino, tomando-se a

figura do supervisor enquanto um líder democrático. Em 1930, a supervisão

adquire o caráter de liderança e valorização de grupos na tomada de decisões,

e, em 1960 volta-se para o currículo, com destaque para a pesquisa na busca

de soluções de melhoria de ensino.

A função de orientador educacional surgiu no Estado da

Guanabara, em 1961, chamado de coordenador distrital. Neste período ele

atuava em diferentes escolas. Em 1969, passou a chamar-se orientador

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pedagógico e passou a atuar em apenas uma escola prestando assistência

técnica aos professores do ensino primário.

O papel principal do orientador era “controlador das aplicações

dos métodos que aperfeiçoassem as condições de ensino – aprendizagem dos

alunos” (Lourenço, 1974). Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

Nº 4.024 aparece a função dos demais especialistas de educação como

orientadores de educação, com os seguintes requisitos de formação:

A Constituição de 1967, promulgada um ano após o golpe militar

de 64 trazia um vago amparo à educação básica, assim como à

profissionalização docente. Especificando apenas que os docentes só

ingressaram no ensino público através de concurso.

Na educação, durante o governo militar houve o aumento das

redes escolares, ampliação da escolaridade obrigatória de quatro para oito

anos e com o término do primário e ginásio dando lugar ao primeiro grau e

segundo grau com caráter profissionalizante.

Art. 62. A formação do orientador de educação será feita em cursos especiais que atendem às condições do grau do tipo de ensino e de meio social a que se destinam.

Art. 63. Nas faculdades de filosofia será criado, para formação de orientadores de educação do ensino médio, curso especial a que terão acesso os licenciados em pedagogia, filosofia, psicologia ou ciências sociais, bem como os diplomados em Educação Física e os inspetores federais de ensino, todos com estágio mínimo de três anos no magistério.

Art. 64. Os orientadores de educação do ensino primário serão formados nos institutos de educação em curso especial a que terão acesso os diplomados em escolas normais de grau colegial e em institutos de educação, com estágio mínimo de três anos no magistério primário. (BRASIL. 1961)

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Foi na reforma do ensino com a Lei 5.692/71 que a formação

docente, no caso, o curso de pedagogia foi dividido. O papel dos especialistas

da Educação era controlar as novas técnicas adotadas aplicando-as na escola.

O artigo 33 fala da formação dos especialistas da educação:

administradores, planejadores, orientadores, inspetores, supervisores que seria

feita pelos cursos superiores de graduação com duração plena, curta ou de

pós-graduação, ministrada nos cursos de Pedagogia, viabilizando novas

possibilidades para o curso, até então desprestigiado, e também para os

profissionais da área, principalmente orientadores educacionais e supervisores

escolares. Neste período, a lei não apresenta o coordenador pedagógico como

especialista da educação.

O especialista da educação é considerado, no período da ditadura

militar como uma necessidade prioritária, assegurando-lhe um papel importante

na escola, pois estaria ligado diretamente aos alunos e à comunidade escolar.

Portanto, tinha a função de “ajustar” o aluno ao sistema de regras da escola.

Aumenta o prestígio do supervisor escolar que atuava como um

inspetor escolar fiscalizando o trabalho exercido pelo professor.

Ele não fazia trabalhos administrativos, atuava na parte

pedagógica visando à melhoria do ensino-aprendizagem com eficiência e

eficácia. Ele era visto como especialista da educação devido à formação

unificada. Coordenava a ação dos professores, trabalhava como um

colaborador do corpo docente. Atuava na coordenação do planejamento da

escola respeitando o modelo de planejamento curricular estabelecido. Suas

funções podem ser resumidas em: planejamento, coordenação e avaliação do

currículo escolar, além do assessoramento na administração escolar,

orientação na atuação dos docentes em sala de aula e na avaliação do

currículo em relação ao desempenho dos alunos (BRASIL, 1977).

Este profissional capacitado para atuar no processo de ensino-

aprendizagem dá ênfase na técnica sobre o conteúdo, dos procedimentos e

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finalidades sobre o processo formativo. Na hierarquia do poder exercido dentro

da escola o supervisor escolar estava num patamar mais elevado que o dos

professores que seriam orientados por ele na elaboração do planejamento, da

aplicação dos currículos e estratégias de ensino com base na técnica, cujas

relações eram pautadas no controle das ações docentes (PIRES, 2005).

A divisão técnica do trabalho pedagógico se dá com o número

crescente de especialistas presentes na escola. A complexidade burocrática e

o tecnicismo passam a influenciar o processo educacional brasileiro criando

dentro da escola espaços para rivalidades, resultado da competição entre

diversos especialistas que atuam na escola.

O surgimento de uma nova ordem social, assim como as

transformações políticas que foram marcantes nas décadas de oitenta e

noventa nos países da América Latina e no Brasil trouxeram para a escola a

necessidade de transformação do modelo escolar que já não atendia a nova

ordem política e social.

Com a democratização veio a Constituição de 1988 que marcava

a volta do regime democrático trazendo consigo o anúncio de reformas

educacionais.

Na educação as mudanças mais importantes foram:

descentralização da educação e políticas de regulação voltadas para a

educação pública, e como conseqüência o desprestígio do serviço público e a

desvalorização da profissão docente.

No final dos anos 80, segundo Horta (2007) observa-se que as

nomenclaturas: coordenador, coordenador pedagógico, coordenador de aluno,

coordenador de área ou de disciplina, vem em conjunto com os demais termos

utilizados, para designar a ação supervisora nas escolas. Deve-se ressaltar

que o cargo “coordenador pedagógico” surge na secretaria Municipal de

Educação de São Paulo pela primeira vez em 1985, através do Regimento

Comum das Escolas Municipais.

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No final da década de 90, a rede municipal do Rio de Janeiro,

com a reestruturação dos cargos de profissionais que exerciam funções

administrativas dentro da escola, através da Lei Municipal 2.619 (RIO DE

JANEIRO, 1998) institui o cargo de coordenador pedagógico que representa o

profissional que irá organizar a gestão pedagógica da escola.

O Ministério do Trabalho e Emprego regulamentou a profissão

através da Classificação Brasileira de Ocupações – CBO, dando-lhe o espaço

de trabalho, referências e funções. Cabe ao Coordenador pedagógico,

resumidamente: programar a execução do projeto pedagógico; avaliar o

desenvolvimento do projeto pedagógico; viabilizar o trabalho coletivo dos

professores; promover a formação contínua dos educadores (professores e

funcionários), juntamente com a sua própria formação, através de:

1. Atualizar-se continuamente;

2. Estudar continuamente;

3. Pesquisar os avanços do conhecimento científico, artístico, filosófico

e tecnológico;

4. Pesquisar práticas educativas;

5. Aprofundar a reflexão sobre as teorias da aprendizagem;

6. Aprofundar a reflexão sobre currículos e metodologia de ensino;

7. Aprofundar a reflexão sobre o desenvolvimento de crianças e jovens;

8. Selecionar referencial teórico;

9. Selecionar bibliografia.

E por fim, comunicar-se disponibilizando informações aos demais

profissionais que sejam ou de interesse da unidade escolar, tanto pública

quanto particular (BRASIL, 2008).

A Lei 9394/96 trouxe para a escola e para os profissionais da

gestão escolar, novas responsabilidades tais como: elaborar a proposta

pedagógica da escola e o projeto pedagógico da escola.

Nas incumbências delegadas aos estabelecimentos de ensino

estão embutidas muitas das responsabilidades do coordenador pedagógico,

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em conjunto com o diretor da escola. Fazendo uma relação destas

incumbências descritas na Lei, é possível fazer uma comparação com as

atribuições para a função de coordenador pedagógico, expostas na Lei 2619

(RIO DE JANEIRO, 1998) e complementadas pela circular nº 37 (RIO DE

JANEIRO,1998). Portanto, pode-se observar que os termos coordenar,

desenvolver e executar são palavras que se tornam sinônimas no exercício do

trabalho do coordenador no cotidiano escolar. Com base na Lei 9394 (BRASIL,

1996) para o cumprimento das atribuições de cunho estritamente pedagógico

dirigido aos estabelecimentos de ensino, nota-se a necessidade da criação

deste cargo por parte dos sistemas educacionais.

A partir da implantação dos Parâmetros Curriculares Nacionais

(PCN) e do desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico construído por

todas as escolas, que contam, também com a participação da comunidade, o

coordenador pedagógico poderá tecer um olhar avaliativo sobre os PCNs,

auxiliando melhor os professores, e por fim , participando, cooperando,

integrando e flexibilizando seu trabalho, a fim de tornar-se um interlocutor de

todas as faces da escola.

Na nova visão, onde a educação assume um caráter permanente,

o objetivo de se atingir todos os homens, apenas poderia ser atingido por uma

escola viva, na qual todos os setores da comunidade deveriam interagir,

ressaltando o papel do coordenador enquanto mediador.

1.1 No Rio de Janeiro

No ano de 1993, a Rede Municipal do Rio de Janeiro iniciou um

processo de maior investimento na descentralização e autonomia da gestão

por meio das 10 Coordenadorias Regionais de Educação, principalmente na

construção compartilhada da proposta curricular Multieducação. O currículo

Multieducação foi implementado considerando a possibilidade de construção

de uma escola prazerosa, democrática e competente; enfatizando a educação

com qualidade para as crianças e adolescentes; ampliando a discussão

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pedagógica; valorizando a integração de múltiplas linguagens que educam e

sintonizam todos com o tempo em que vivemos e que procuramos transformar;

discutindo a cidadania brasileira a partir do papel da escola pública. Era um

grande desafio: consolidar uma escola democrática que garantisse o direito de

todos à construção de conhecimentos e valores numa perspectiva crítica e

transformadora. Recebemos o Núcleo Curricular Básico Multieducação, em

1996, e o desafio passou a ser o de implementar um currículo que permitisse a

cada professor e equipes escolares repensar e replanejar suas ações

pedagógicas, visando uma sociedade mais justa e democrática, na qual os

Princípios Educativos do Meio Ambiente, do Trabalho, da Cultura e das

Linguagens ao se articularem com os Núcleos Conceituais da Identidade, do

Tempo, do Espaço e da Transformação viabilizassem a ação pedagógica e

servisse de base para os conhecimentos escolares.

No ano de 1998, a Secretaria Municipal de Educação do Rio de

Janeiro aprova a Lei Municipal nº 2619 de 6 de janeiro de 1998, criando a

função gratificada de COORDENADOR PEDAGÓGICO no Município do Rio de

Janeiro. Alguns pré-requisitos foram exigidos: primeiramente que este

profissional tivesse uma experiência de cinco anos, juntamente com uma

indicação feita pelo diretor da escola, com a aprovação da Coordenadoria

Regional de Educação – CRE. Em 13 de julho é escrita as atribuições deste

Coordenador Pedagógico, que estão registradas no anexo 1 e definem que ele

deve:

Assessorar tecnicamente a construção do Projeto Político Pedagógico

da escola;

Promover a integração dos professores das diferentes disciplinas e

segmentos;

Coordenar, organizar e participar dos Centros de Estudo, Conselho de

Classe e outras atividades;

Promover a avaliação continuada de todo o trabalho escolar dentre

outras atribuições.

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A função de Coordenador pedagógico foi criada para que o diretor

da escola pudesse então passar a ter uma visão gerencial cuidando das

questões administrativas e pedagógicas, pois junto a ele teria o Diretor Adjunto

e o Coordenador Pedagógico que estariam dando suporte.

Segundo a secretária de Educação da época Carmem Moura a

reorganização das escolas tinha um peso muito grande dentro da rede

municipal de ensino do Rio de Janeiro. “Há muito tempo não tínhamos

mudanças deste porte nas funções de direção e na estrutura básica das

escolas.”

Nas atribuições vemos alguns eixos definidos de trabalho no qual

o coordenador pedagógico é diretamente responsável pela organização e

articulação do projeto-político-pedagógico, desempenho escolar, organização

da escola e gerência das informações referentes à organização pedagógica da

escola.

De acordo com Libâneo (2004), as funções do coordenador

pedagógico podem ser assim resumidas:

É importante registrar que o coordenador pedagógico, no

Município do Rio de Janeiro, não participa da consulta periódica à comunidade,

eleição, realizada para escolha do diretor e diretor adjunto. Ele permanece no

cargo ou é exonerado de sua função, caso não haja concordância entre o

coordenador pedagógico e o diretor da escola.

“Planejar, coordenar, gerir, acompanhar e avaliar todas as atividades pedagógico-didáticas e curriculares da escola e da sala de aula visando atingir níveis satisfatórios de qualidade cognitiva e operativa das aprendizagens dos alunos, onde se requer formação profissional específica distinta da exercida pelos professores.” (pp.221,224)

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CAPÍTULO II

O COORDENADOR PEDAGÓGICO E

A LEGISLAÇÃO NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO

Os coordenadores assim que assumiram a função, indicados pela

direção com aceitação dos professores regentes e do Conselho Escola

Comunidade tinham como pré-requistos: que o profissional tivesse uma

experiência docente de cinco anos, juntamente com uma indicação pelo diretor

da escola com a aprovação da CRE - Coordenadoria de Educação. Não era

exigência a formação em pedagogia.

Dentre algumas das responsabilidades do coordenador

pedagógico está o zelo pela sua própria formação em serviço, além de

compartilhar essa formação com os professores de sua escola a fim de

trabalharem em prol da dinamização do trabalho pedagógico.

Em 2000, o 1º Ciclo de formação foi implantado e começou um

processo de reorganização dos grupamentos escolares, pensando na

escolarização da infância num bloco de 600 dias letivos. Os coordenadores

pedagógicos precisavam estudar e aprender com uma nova possibilidade de

organizar o ensino.

No ano de 2002 a Secretaria Municipal de Educação lança o

Curso para Docentes do Ensino Fundamental - Coordenadores Pedagógicos,

de uma forma estruturada, na época em parceria com a Fundação João

Goulart e o MEC/FNDE. Dá uma parada em 2006 e retoma num outro formato

em 2007 somente com a Secretaria elaborando e aplicando o material. Os

cursos tiveram como objetivo ampliar as possibilidades de discussão do fazer

inerente ao Coordenador Pedagógico com textos que propiciavam a análise,

reflexão e articulação sobre desafios impostos pelo cotidiano escolar, com uma

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riqueza de possibilidades e da tomada de consciência da necessidade de

dinamizar este cotidiano para que se possa ir além da rotina.

No período de 2000 a 2006, lidamos com o tempo. Nesse espaço

de produção de conhecimento que conhecemos bem - a escola -, refletimos

sobre espaços diferenciados de saber e o tempo passou, o espaço se

modificou e um movimento histórico o currículo foi atualizado.

Em 2007, o 2º e o 3º Ciclos são implantados. É preciso educar

crianças, pré-adolescentes e adolescentes da cidade. No cotidiano de trabalho

do coordenador pedagógico está a multiplicidade de saberes dos professores

diante de uma nova concepção de escola.

Várias indagações estiveram presentes nos encontros durante

diálogos e reflexões.

E foi considerando que a função do Coordenador Pedagógico é

primordial na articulação das ações pedagógicas da escola, inclusive no que se

refere à formação continuada dos professores que foi dado uma ênfase nas

questões ligadas à formação humana, currículo e instrumentos metodológicos.

A Secretaria Municipal de Educação preocupada com a formação

do coordenador pedagógico e sua responsabilidade de trabalhar dentro da

escola com o novo conceito de ciclo e a formação continuada dos professores

organiza o curso para coordenadores pedagógicos.

Perrenoud (2004) diz que a formação continuada é condição

necessária para que os docentes possam construir novas competências

enquanto Lima (2002) afirma que o adulto educador também é visto como um

ser humano em desenvolvimento, por isso é indispensável uma revisão

constante de suas práticas pedagógicas no trabalho com o educando.

A formação continuada faz parte da função do coordenador na

complexa tarefa de atender às necessidades da escola e de estar

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acompanhando as mudanças sociais, tecnológicas, políticas e globais que

fazem parte da sociedade (RIO DE JANEIRO, 1998).

Refletindo podemos pensar no significado da palavra coordenar que no

Dicionário Larrousse Cultural diz “dispor em certa ordem, segundo certo

sistema, organizar, arranjar” e na definição de coordenador “que ou quem

coordena. Indivíduo incumbido de orientar, harmonizar, coordenar o trabalho

em grupos.”

Então o Coordenador Pedagógico é aquele que organiza, orienta

e harmoniza o trabalho de um grupo, por intermédio de determinados métodos,

de acordo com o sistema ou contexto em que se insere.

Logo o Coordenador Pedagógico deveria saber organizar, orientar e

harmonizar o grupo de professores, alunos, equipe de apoio e pais de uma

unidade escolar.

Carrilho (2002) em um artigo sobre a função do Coordenador

Pedagógico traz uma reflexão sobre o papel desta função:

A Coordenação Pedagógica é uma assessoria permanente e

continuada ao trabalho docente, cujas principais atribuições, dentre elas,

podem ser listadas em quatro dimensões, como aponta PILETTI (1998, p125):

a) Acompanhar o professor em suas atividades de planejamento, docência

e avaliação;

b) Fornecer subsídios que permitam aos professores atualizarem-se e

aperfeiçoarem-se constantemente em relação ao exercício profissional;

A Coordenação Pedagógica tem uma função importante no contexto atual do processo de trabalho da escola. É o profissional que faz a articulação entre os referenciais e a prática da escola, para ver em profundidade, mantêm certa distância crítica do fazer diário da sala, sem, contudo, perder o pé da realidade. Deve observar tanto o Projeto Político Pedagógico quanto os princípios de ação e organização da prática de sala de aula. Alia o estudo teórico com o fazer concreto. (CARRILHO)

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c) Promover reuniões, discussões e debates com a população escolar e a

comunidade no sentido de melhorar sempre mais o processo educativo;

d) Estimular os professores a desenvolverem com entusiasmo suas

atividades, procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos

problemas que aparecem.

Se a tarefa de coordenar é complexa se faz necessário entendê-

la, pois assim poderemos trazer modificações significativas as nossas ações.

Segundo Edgar Morin (1997, p.379), “a complexidade

corresponde a interrupção dos antagonismos no seio dos fenômenos

organizados.” Isso quer dizer que a complexidade está na base do

pensamento, da ação, da organização, e nós não podemos portanto, nos livrar

dela.

A escola, um espaço organizado, com grupos distintos,

programas e rotinas, será um espaço antagônico, gerando conflitos

permanentes.

O coordenador pedagógico terá seu papel definido pelas

demandas dos diferentes grupos que possuem características peculiares.

Além dos desafios que os grupos de alunos, professores e pais

oferecem ao coordenador existem as pressões dos diretores e coordenadorias,

pois buscam as metas político-pedagógicas a serem alcançadas.

O coordenador vive entre o ideal e o possível o que lhe exige

grande equilíbrio emocional aliado à capacidade de discernimento e reflexão

para que possa não abandonar seus princípios e crenças.

Os sentimentos vividos pelo coordenador, nessa relação, são de

frustração, de impotência e de indignação.

Pois é no cotidiano escolar que ocorrem o desvio de função, a

ausência de identidade, a falta de um território próprio de atuação no ambiente

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escolar, o isolamento do trabalho cotidiano, a deficiência na formação

pedagógica, a convivência com uma rotina de trabalho burocratizada, a

utilização da função na veiculação, imposição e defesa de projetos da

secretaria de Educação, pois inúmeras tarefas, de ordem burocrática,

disciplinar e administrativa são solicitadas ao Coordenador Pedagógico,

dificultando sua dedicação ao trabalho de formação continuada dos

professores. Com isso, normalmente o Coordenador Pedagógico se sente

frustrado e descontente e há certo distanciamento em relação aos professores.

Esse tipo de estrutura escolar, que não favorece as condições de trabalho,

acaba intervindo negativamente, na atuação deste profissional. Em alguns

momentos a escola precisa mobilizar pessoas para realizar uma exigência de

urgência ou necessidade, pois a burocracia é algo intrínseco ao ambiente

escolar que algumas vezes são inflexíveis. Porém, não podemos concordar

com que essas ações, alheias a função de coordenador pedagógico sejam uma

constante em sua rotina, de modo a se constituir em parte do seu trabalho, o

que, consequentemente, resultará na redução do seu tempo destinado às

atividades ligadas à sua função.

Nota-se nos relatos dos Coordenadores Pedagógicos, em

reuniões ou eventos que a grande maioria se sente sobrecarregada, devido à

constante interrupção no exercício de sua função principal: a orientação do

processo de educação continuada da equipe docente. Este fato evidencia que

a questão política, isto é, a questão de poder, ainda tem forte influência na

prática de alguns Coordenadores Pedagógicos. Revelada pela forma como

aceitam e cumprem, sem questionar, as determinações da direção da escola.

Observa-se que em algumas escolas, não há um trabalho conjunto entre

direção e coordenação, que defina as linhas de atuação da coordenação

pedagógica. Entretanto, essa é uma questão possível de ser compreendida,

segundo as palavras de Carrilho (2002):

“Se o Coordenador Pedagógico não se sente livre para agir, pensar e

desenvolver seu trabalho de forma criativa, como é que incentivarão o professor a ser criativo, a ser “rebelde”, a ser autônomo, se ele mesmo é passivo, dependente e conformado? E, sem professores autônomos, criativos é possível desenvolver um Projeto Político Pedagógico comprometido com a cidadania, com a democracia e com a liberdade ?” (CARRILHO, 2002, p.53)

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Ainda de acordo com Carrilho (2002, p.54) “sem uma atuação

comprometida com um Projeto Político Pedagógico definido de forma

participativa, a atuação do Coordenador Pedagógico torna uma disfunção.”

Disfunção esta, revelada quando a função resume-se apenas no cumprimento

da legislação vigente.

O Coordenador Pedagógico enfrenta hoje, o desafio de construir

seu papel profissional e delimitar seu espaço de atuação. Diferente do

Supervisor que era um expert, um especialista formado em Pedagogia, o

professor coordenador pedagógico é um par, um igual que realiza seu trabalho

no interior das escolas e convive diariamente com as dificuldades e conflitos

presentes no cotidiano.

Muitos pesquisadores e estudiosos da área educacional discutem

uma das questões mais polêmicas e atuais: a qualidade da educação pública

no Brasil. Um dos requisitos considerados fundamental por vários destes

pesquisadores nesta discussão é a qualidade dos professores. Discutir a

qualidade dos professores é analisar sua formação.

O Decreto Presidencial n.º 3276 de 06/12/1999 prescreve que “a

formação em nível superior de professor para atuação multidisciplinar,

destinada ao magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do ensino

fundamental, far-se-á, exclusivamente, em cursos normais superiores.” (artigo

3º, inciso 2º)

Apesar do avanço na legislação, a formação inicial do professor,

ainda apresenta problemas dado ao distanciamento entre teoria e prática nos

cursos oferecidos. Os cursos de Pedagogia no Brasil formam profissionais

despreparados para planejar, ensinar e avaliar. As especificidades da prática

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nas diferentes modalidades de ensino são tratadas de forma insuficiente, o que

é percebido quando este profissional chega à sala de aula.

Para preencher esta lacuna na formação inicial, a formação

continuada ou formação em serviço visa proporcionar ao professor a reflexão

sobre a prática. Durante vários anos, a formação continuada dos professores

se deu fora de seu local de trabalho, ou seja, fora da escola, na forma de

palestra, seminários e congressos – fato este criticado muitas vezes, por vários

professores, que não conseguem ver, segundo eles, uma aplicabilidade da

teoria aprendida nestes encontros. Hoje, há uma tendência em valorizar o

espaço escolar como espaço de formação também para os professores, a

formação em serviço.

Segundo ESTEBAN:

“A reflexão sobre o conhecimento na ação conduz o sujeito à indagação sobre sua atuação, criando condições favoráveis à transformação da situação, iluminando aspectos não observados e possibilitando a percepção dos fatos desde novas perspectivas em que se considerem os dilemas e oposições presentes na prática real.” (2001, p.80)

Nas escolas da Rede Municipal de Ensino da Prefeitura da

Cidade do Rio de Janeiro, os Centros de Estudos, estabelecidos no Calendário

Escolar oficial, são os espaços/momentos dentro do ambiente escolar

destinados à formação continuada dos professores. Estes encontros,

dinamizados pelo Coordenador Pedagógico, devem ser momentos no processo

de reflexão-na-ação (SCHÖN, 1995), quando o professor vai experimentando e

investigando suas práticas pedagógicas, construindo o seu fazer.

A formação em serviço ou formação continuada que acontece ao

longo da vida profissional do professor, após sua certificação inicial. A

formação em serviço é entendida por alguns como um tipo de atividade

esporadicamente realizada no próprio ambiente de trabalho, ou seja, um curso,

uma palestra, um estudo ou seminário. Outros defendem a formação em

serviço a que realmente é continuada, que ocorre no ambiente de trabalho do

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professor com o acompanhamento e a mobilização do coordenador

pedagógico.

O fato de algumas práticas serem utilizadas por muitos

professores, durante muito tempo, não significa que sejam de qualidade. É

necessário investigá-las e questioná-las, para manter o movimento ação-

reflexão-ação.

A relação entre teoria e prática está definida pela Legislação

Educacional (Lei 9394/96, art. 61):

“A formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e modalidades de ensino e as características de cada fase do desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: I- a associação entre teoria e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; II- aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades”.

Refletindo sobre sua prática, orientada pelo conhecimento

científico-pedagógico, o professor reformula sua atuação docente. Estudar,

refletir e praticar são ações permanentes do professor para que possa

acompanhar e compreender as constantes mudanças do mundo atual.

Essa formação continuada do professor se realiza no cotidiano da

escola. É um processo contínuo de reflexão, sistematização e avaliação da

prática educativa. A partir da análise do desempenho de seus alunos e da

discussão coletiva com seus parceiros, os professores constroem

conhecimento a respeito do desenvolvimento da criança e aprimora práticas

pedagógicas, num processo de construção e “desconstrução” do saber.

Para KRAMER (1989),

“(...) a efetiva formação do professor em serviço se dá através do confronto entre a reflexão sobre os conhecimentos advindos da sua prática e as teorias que explicam, questionam, lançam conflitos e indagações e permitem melhor compreender essa mesma prática. A síntese vivido/estudado substitui, assim, os grandiosos, porém inócuos, “eventos”, “treinamentos”, “capacitações”, “reciclagens” e estratégias congêneres, por um processo aparentemente lento e silencioso, porém mais mobilizados, crítico e ativo”. (p.204)

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Atualmente, a concepção da atuação do Coordenador

Pedagógico tem sido influenciada pelos estudos sobre a formação continuada

dos professores. Autores como Nóvoa (1992) e Schön (1992) defendem o

trabalho de estudo e busca de soluções coletivas (coordenador pedagógico e

professores) para as dificuldades encontradas no dia-a-dia da escola. O

Coordenador Pedagógico tem o papel de interlocutor dos professores,

ajudando-os a refletir sobre sua ação, buscando relacionar teoria e prática,

analisando com o professor seus procedimentos e o desempenho do aluno,

buscando uma intervenção mais eficiente, que leve a aprendizagem efetiva de

todos os alunos.

Cabe ao Coordenador Pedagógico criar e dinamizar os espaços

para que se dê a formação continuada do corpo docente. Não basta fazer

algumas reuniões pedagógicas, o processo de aprendizado é contínuo, um

permanente “olhar” para a própria prática, descobrindo novas possibilidades.

Para Paulo Freire (1996),

“(...) na formação permanente do professor, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quer se confunda com a prática. O seu “distanciamento” epistemológico da prática enquanto objeto de sua análise, deve dela “aproximá-lo” ao máximo” (P. 43).

A escola é o local privilegiado na formação do professor, porque

permite a este profissional tematizar e refletir sobre sua prática, através de um

constante feedback (ação-reflexão).

Segundo Paulo Freire (1996, p.24) “a reflexão crítica sobre a

prática se torna uma exigência da relação Teoria/Prática sem a qual a teoria

pode ir virando blablablá e a prática, ativismo”.

A formação continuada do professor no cotidiano da escola é uma

das questões mais importantes para o coordenador pedagógico. Cabe ao

coordenador pedagógico junto com o diretor da escola criar estratégias para

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permitir a formação do professor na perspectiva de promover um ensino de

qualidade. O coordenador pedagógico tem a função de acompanhar, monitorar

e avaliar o desempenho do professor, analisando sua repercussão na

aprendizagem do aluno. Numa gestão escolar democrática e participativa é

fundamental que se ofereça uma escola de qualidade, que atenda a demanda

da comunidade na qual está inserida. O gestor faz a diferença em uma escola,

é o agente dinâmico que conduz, com a participação de toda a comunidade

escolar, as mudanças necessárias para transformar o espaço escolar,

privilegiando o trabalho em equipe.

A ação pedagógica é a essência da escola, por isso é necessário

uma maior participação do gestor em relação às atividades docentes. O gestor

empreendedor com habilidade de conduzir o grupo junto com o coordenador

pedagógico vai mudar conceitos, hábitos e comportamentos.

A parceria entre coordenador pedagógico e diretor é uma das

mais relevantes na construção de uma escola de qualidade.

Um diretor capaz de exercer liderança educacional pode

determinar a diferença entre uma escola estagnada e uma escola em

movimento. Porém, esses gestores que atuam como professores de

professores e agentes dinâmicos de mudança são difíceis de encontrar.

Contudo, vale reforçar a idéia de que a liderança não é um dom, é uma

habilidade que pode ser desenvolvida e exercitada diariamente.

O diretor que almeja desenvolver a liderança precisa ir além do

gerenciamento e colocar as pessoas em primeiro lugar, deve estar em contato

constante com os docentes, construir um sonho juntamente com sua equipe,

de modo que todos se sintam comprometidos com a visão. O diretor enquanto

gestor, também precisa fazer com que sua equipe sinta que possui poder para

realizar e transformar objetivos e vivências institucionais, saindo da falácia,

inconformismo e comodismo.

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Um diretor que exerce a função de líder transforma a escola em

oficina de trabalho, onde profissionais aprendem uns com os outros,

cooperando para solucionar problemas pedagógicos.

Se o diretor é um líder, ele estimula os professores a debater

problemas pedagógicos encontrados na sala de aula. Em um clima

descontraído, não ameaçador, de cooperação, os educadores vão sentir-se à

vontade até para falar sobre seus próprios erros, discuti-los e aprender com

eles.

O diretor líder é capaz de trazer à tona o potencial de cada

pessoa ou instituição e criar um clima de cooperação que faz brotar uma

realidade mais incentivadora, onde ninguém para de aprender.

Construir um ambiente democrático não é uma tarefa fácil, se

fazendo necessário o uso da gestão participativa.

Como aponta Luck (1998), o entendimento do conceito de gestão

já pressupõe, em si, a idéia de participação, isto é, do trabalho associado de

pessoas analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agindo

sobre elas em conjunto.

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CAPÍTULO III

O COORDENADOR PEDAGÓGICO

NA ESCOLA MUNICIPAL 04.10.020 JORACY CAMARGO

Analisar e descrever a ação do Coordenador pedagógico na

Escola Municipal Joracy Camargo é o objetivo deste capítulo. Esta escola tem

como desafio oferecer uma educação de qualidade às crianças de uma

determinada comunidade do Município do Rio de Janeiro. Este desafio na

verdade é o desafio da equipe de profissionais da Escola Municipal 04.10.020

Joracy Camargo.

Esta escola localiza-se na Vila Cruzeiro, Complexo do Alemão,

bairro da Penha, Rio de Janeiro, comunidade marcada pelo alto índice de

violência e existência de tráfico de drogas. A população economicamente ativa

distribui-se entre trabalhadores autônomos e vendedores ambulantes. O

benefício do Bolsa Família é, para algumas famílias, a única fonte de renda.

Pais e alunos vivem constantemente, o desrespeito à sua

identidade, à sua cultura, à sua liberdade, devido aos intensos tiroteios que

acontecem freqüentemente. Muitas vezes, não têm o direito de ir e vir, ficando

“isolados” em seus espaços.

Hoje, dos órgãos municipais, estaduais e federais que poderiam

existir na comunidade só funcionam a escola e um CIEP, que são municipais.

Fundada em 27 de março de 1973, a escola funciona num prédio

de 4 andares, com 13 salas de aula de tamanho padrão (42m2), 4 salas

adaptadas (20m2), uma sala de leitura, um laboratório de informática, uma

brinquedoteca e um auditório. No primeiro pavimento há a secretaria, sala dos

professores, cozinha, refeitório, banheiros e a rádio escola. Há também o pátio

externo e uma área com parquinho para a Educação Infantil. O prédio é bem

conservado, mas apresenta problemas estruturais para atender aos alunos

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com deficiência física, pois não há a possibilidade de construção de rampas de

acesso.

A escola tem atualmente mais de 800 alunos matriculados,

distribuídos em 31 turmas (1º Ciclo Inicial, Intermediário, Final, 4º e 5º ano de

escolaridade, Educação Infantil, Ensino Especial e duas turmas do projeto de

realfabetização).

A Escola Municipal Joracy Camargo tem como missão assegurar

um ensino de qualidade que garanta o acesso e a permanência dos alunos,

formando cidadãos reflexivos e participativos. Para isso, de forma coletiva,

elabora projetos que buscam atender às necessidades da comunidade e que

garantam cumprir com mais eficácia sua missão.

A equipe de direção conta com o diretor e o diretor-adjunto. Há

cinco anos, o grupo de professores é constante, antes era muito flutuante.

Hoje, 80% dos profissionais trabalham o dia todo na escola, em regime de

dupla-regência, o que favorece a relação interpessoal. O grupo, em sua

maioria, demonstra entrosamento e respeito às opiniões.

Demonstrando uma concepção democrática de gestão, a direção

da escola incentiva a participação de todos na tomada de decisões e na

resolução dos problemas encontrados. Mas, mesmo com todo incentivo, há

ainda indivíduos pertencentes a esta comunidade escolar que se negam a ter

“voz”, a opinar, a participar ativamente da construção da escola democrática.

Apesar de apresentar uma boa relação interpessoal, no grupo

ainda há resistência em trocar experiências. Alguns professores ainda estão

inseguros quanto ao desenvolvimento do trabalho e se “fecham em suas

salas”, em “seus saberes”.

Não basta um somatório de pessoas para existir um grupo e

tendo em vista que os professores devem ser liderados pelo coordenador

pedagógico, necessário se faz pensar em como possibilitar a construção do

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grupo, para desenvolver um trabalho coletivo rumo a superação das

fragmentações hoje comuns nas escolas.

O coordenador, nos momentos de reunião, faz intervenções

constantes, visando estabelecer vínculos. É preciso garantir que todos falem

favorecendo a construção do grupo.

Quando o grupo de professores se reúne para discutir sua prática,

para estudar e várias pessoas se posicionam, relacionando-se entre si, é o

coordenador pedagógico o responsável pela igualdade de participação.

A atuação da coordenação pedagógica iniciou nesta Unidade

Escolar em 1998, momento de descoberta, de definição da função, instituída

neste mesmo ano na Prefeitura do Rio de Janeiro, com a professora Telma

Teixeira.

Este momento foi bastante sofrido, pois havia a provocação do

grupo, visto que a professora havia sido escolhida dentre outras, pela direção,

mesmo sem ter concluído sua graduação.

Era um momento de mudanças, de elaboração do projeto político

pedagógico, que até então não era exigido pela secretaria, de estudo para

elaboração e estruturação da MULTIEDUCAÇÃO.

A coordenadora então é convidada para ser diretora adjunta no

próximo mandato, após a consulta da comunidade.

A partir do ano 2000, com a escolha de uma nova coordenadora

pedagógica, professora Cristina Salvadora, a direção da escola tentou garantir

a este profissional, o espaço/tempo para exercer suas atribuições, sem desvio

da função, sem interrupções no processo.

Ainda com um grupo de professores bastante difícil, que não

concordava com as propostas da nova coordenadora e estavam sempre

desafiando seu trabalho. Numa tentativa de desestruturá-la. A coordenadora é

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convidada a trabalhar na 4ª Coordenadoria de Educação, diretamente na

Divisão de Educação e aceita a proposta ficando na escola somente como

professora de sala de leitura, onde desenvolvia um excelente trabalho.

Em 2002, outra Coordenadora Pedagógica, professora Ana Maria

Pinto, assume a função na escola e começa uma maior integração com a

direção. O grupo de professores já era mais constante, visto que várias

professoras novas vieram com lotação para escola. A Coordenação

Pedagógica e a direção passam a planejar, em conjunto, as ações de formação

continuada dos professores, aproveitando o espaço dos Centros de Estudos

para oportunizar aos profissionais, momentos de estudos e reflexão. Estudos

de textos, leitura de livros e análise dos materiais produzidos pelos alunos

foram algumas das ações realizadas neste sentido.

De 2002 a 2008, com a permanência neste período, na

Coordenação Pedagógica da escola, esta função passa a ser respeitada e

considerada fundamental para o encaminhamento das ações pedagógicas. A

partir do acompanhamento do trabalho do professor, o coordenador

pedagógico faz as intervenções necessárias, orientando e incentivando o

professor a refletir sobre sua prática, buscando o embasamento teórico de suas

ações.

Na Escola Municipal Joracy Camargo, a coordenação pedagógica

implantou várias ações com o objetivo de assegurar os momentos de formação

continuada do professor. Os Centros de Estudos são sempre bem planejados,

com dinâmicas em grupo, textos para reflexão e a participação de palestrantes,

trazendo temas de interesse do corpo docente. Outras atividades já fazem

parte do “fazer” da escola:

a) Concursos literários para professores com premiação dos melhores

trabalhos;

b) Oficinas de poesias, matemática, artes, ministradas pelos próprios

professores;

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c) Imersão Pedagógica – Em um dia de Centro de Estudos integral, é feito

uma “aula-passeio” para os professores, com o objetivo de proporcionar

contato com as diversas manifestações culturais de nosso município;

d) Os Centros de Estudos especiais, com visitas à diferentes locais: Centro de

Referência em Educação Pública, Salão do Livro e Bibliotecas.

e) As sínteses imagéticas e reflexivas dos encontros - A cada encontro, dois

professores são responsáveis pelo registro do acontecido no encontro. Um,

de forma imagética, utilizando sinais, desenhos, ou outras formas de

expressão e, outro, em forma de texto reflexivo.

f) Os “deveres de casa” para os professores – Leitura de textos no final de

semana para posterior discussão.

Estas ações já renderam “frutos”, ou melhor, já proporcionaram

“aprendizagens” aos professores desta Unidade Escolar, pois é visível a

mudança na prática pedagógica de alguns.

Mas, ainda há muito a fazer na busca incessante do

aprimoramento das ações pedagógicas no espaço escolar, pois, como afirma

Paulo Freire,

“Um dos saberes primeiros, indispensáveis a quem, chegando a favelas ou a realidades marcadas pela traição a nosso direito de ser, pretende que sua presença se vá tornando convivência, que seu estar no contexto vá virando estar com ele, é o saber do futuro como problema e não como inexorabilidade. É o saber da História como possibilidade e não como determinação. O mundo não é. O mundo está sendo” (1996, p.85).

E é acreditando que “a mudança é possível” (FREIRE, 1996. p 85)

que a ação da coordenação pedagógica é indispensável no contexto escolar,

principalmente, por ter como principal função cuidar da formação continuada

dos professores, um dos aspectos decisivos para implementar o projeto

pedagógico de uma escola que pretenda oferecer uma educação de qualidade.

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CAPÍTULO IV

O CORDANEDOR PEDAGÓGICO

COMO FORMADOR DOS PROFESSORES

Neste capítulo farei uma reflexão sobre o papel do coordenador

pedagógico como formador dos professores em uma formação continuada.

Ao assumir a função, o coordenador pedagógico, apresenta

inicialmente alguns questionamentos: E agora? Por onde começar? Como levar

os professores a reflexão da prática e a buscar, vontade de mudar? Como agir

diante das resistências? O que pensam os docentes? Como liderar esta

equipe?

Christov (1998) afirma que o termo formação continuada, tanto

utilizada em textos oficiais quanto na literatura especializada é empregado

como forte crítica aos antigos programas de treinamento, capacitação,

treinamento, aperfeiçoamento ou reciclagem visto que privilegia a construção

da autonomia intelectual do professor. Formação continuada é um programa

que inclui todo um conjunto de recursos diversos – não apenas cursos,

seminários, encontros, congressos, mesa-redonda, conferência, oficina, mas,

sobretudo um trabalho pedagógico coletivo, estudos individuais – de maneira

concatenada e ao longo da vida. Nas palavras de Placo (2001) formação

continuada é

um processo complexo e multideterminado, que ganha materialidade em múltiplos espaços/atividades, não se restringindo a cursos e/ou treinamentos e que favorece a apropriação de conhecimentos, estimula a busca de outros saberes e introduz uma fecunda inquietação contínua com o já conhecido, motivando viver a docência em toda sua imponderabilidade, surpresa, criação e dialética com o novo. (2001, p. 26-27)

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Para que este processo ocorra de maneira satisfatória é

necessário que a secretaria de educação reconheça a escola enquanto espaço

de trabalho e formação, o que implica na perda de poder do mantenedor – e a

conseqüente apropriação do poder por parte dos corpos docentes e discentes

(Lima 2003) em função de práticas mais participativas, tais como gestão

democrática, discussão de currículos.

Na visão de Charlier (2001)

O fator tempo está dentre os mais importantes quanto a formação

continuada de professores. É necessário repensar sua prática, tanto no plano

individual, quanto no coletivo, de forma a verificar o nível de erro/acerto do

panorama teórico tomado por base e no qual se entenda engajado. A

complexidade da formação do professor exige tempo para a troca de idéias e

experiências e para o pensamento conjunto, pois a qualidade do trabalho do

professor depende menos da técnica e mais da visão que o professor tem da

escola, do aluno e do ensino/aprendizagem.

A construção da teoria de cada docente só é possível na medida

em que ele se dispõe a questionar sua própria pratica. Este processo rompe a

aparente dicotomia entre a teoria e prática, visto que o professor percebe sua

unidade indissolúvel: teoria e prática sempre andam juntas, mesmo que não

tenhamos muita clareza sobre as teorias que estão influenciando nossa prática.

É no dia a dia da profissão que o conhecimento transforma-se em ação e a

ação transforma-se em conhecimento – é o movimento dialético que concilia a

perfeição.

a formação é um elemento de desenvolvimento pessoal e profissional do professor, mas ela também faz parte do investimento da instituição em seu capital humano. Passar de uma concepção individual da formação para a de um investimento institucional significa conciliar imperativos individuais e projetos de grupo, significa considerar a formação como um co-investimento no âmbito de desenvolvimento do projeto de estabelecimento. (2001, p.101)

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Para Lima (2002) o conceito de formação continuada

É preciso valorizar os processos de reflexão para que possam ser

efetivamente incorporados a vida do professor, o qual não se permite reduzir a

um reles executor de tarefa, mas que por meio de reflexão, é capaz de produzir

conhecimento que sustente sua postura prática frente aos alunos, aos demais

colegas, à escola e à sociedade. Na reflexão coabitam pensamento e ação,

compondo um retrato fiel da conjuntura histórica na qual o professor se

percebe.

A formação continuada, então, não pode ser tratada como um

processo estritamente individual, já que incute representações subalternas a

interesses culturais, sociais, políticos e econômicos. Esse processo extrapola

as fronteiras da elaboração de idéias, revelando-se por meio de uma postura

(prática) capaz de redimensionar a sociedade, assumindo papel protagonista

na tomada de decisões e na vida social. Freire (1997, p. 115) afirma “ a

educação é uma forma de intervenção no mundo[...] que [...] implica tanto o

esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o seu

desmascaramento”. Mas Mercado lembra que

O assessoramento constante do coordenador pedagógico –

enquanto formador de professores – adquire papel fundamental na condução

do processo de reflexão, o qual precisa ter como objeto ou ponto de partida o

“tem como pontos de partida e chegada o trabalho docente competente e refletido, ficando concebido como „o processo de articulação entre trabalho docente, o conhecimento e o desenvolvimento profissional do professor,como possibilidade de uma postura reflexiva dinamizada pela práxis” (2002, p.244)

“trabalhar em equipe não é apenas tomar conhecimento de fatos e decisões em uma reunião conjunta e cumprir mecanicamente determinações comuns. É participar efetivamente de um processo que tem início na apropriação da intencionalidade de um projeto, mediante a tomada de consciência dos objetivos e do sentido da situação, participar do planejamento das ações, e dos momentos de avaliação e de reorientações” (Mercado - 1999, p.101)

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desempenho profissional do professor. O trabalho do coordenador pedagógico

é fundamentalmente um trabalho de formação continuada em serviço. Nessa

ótica, a observação da atuação dos professores é parte intrínseca ao trabalho

do coordenador. É isso que lhe permite conhecer o processo de aprendizagem

dos professores, adequar as ações de formação e avaliar seus resultados.

A reflexão é inerente ao trabalho do professor, mas ela precisa

ocorrer de forma sistemática e compartilhada, isto é, a análise das ações

desenvolvidas, o estudo e a troca de experiências devem obedecer a esses

dois critérios.

Então, não basta refletir a ação. Se o fim dessa reflexão reside na

busca de soluções aos problemas que afetam a ação, tal reflexão tem que

apresentar caráter científico de modo a atingir conclusões confiáveis que

venham a ser aplicadas na prática, modificando a ação inicial; e, gerando uma

ação, a qual será submetida a um novo processo de reflexão; e assim,

sucessivamente. É necessário que o professor abandone a reflexão ocasional

e espontânea, para se envolver em uma prática reflexiva organizada. Em

outras palavras, a curiosidade epistemológica deve substituir a curiosidade

espontânea: “ é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se

pode melhorar a próxima prática” Freire (1996, p. 39).

Por tudo isso, a formação continuada do professor no próprio local

de serviço não se configura mero direito de uma categoria profissional, ou

mesmo de servidores públicos visto de maneira geral, mas como um direito do

aluno e da sociedade. De acordo com Fusari (1998, p. 533) “ um educador

escolar deve ser capaz de planejar, desenvolver e avaliar, de forma articulada,

orgânica e permanente, seu próprio trabalho”

O professor tem “direito de aprender como trabalho, durante o

trabalho, durante os 200 dias de aula, porque estudar para o professor, é

trabalho” (Demo, 2002, p. 84).

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Na verdade, aprender é mais que um direito: é um dever do

professor. E a escola pública tem a obrigação de proporcionar esse processo,

até para que ela mesma possa usufruir de profissionais mais qualificados, pois

uma vez internalizada pela organização, a formação continuada maximiza o

compromisso do conhecimento e da realidade. “Há, portanto, concomitância

entre o desenvolvimento profissional [ do professor ] e o desenvolvimento

organizacional [ da escola ]” (Libâneo, 2005, p.307).

Mas, nem sempre o professor está disponível à sua própria

formação. É necessário motivar o professor, mas é necessário que o professor

esteja predisposto a se deixar motivar, posto que seu desenvolvimento

(individual e coletivo) depende também de sua própria postura frente ao novo.

É por isso que a formação continuada do professor só é possível

mediante o assentimento dos diversos atores da comunidade escolar. Canário

(2009) na entrevista para a revista Nova Escola afirma que é difícil não haver

engajamento quando as pessoas se tornam sujeitos e atribuem um sentido

positivo ao trabalho que realizam. O que parecia um obstáculo – a falta de

envolvimento – virou um caminho para atingir os objetivos.

Desta forma, se faz necessário que durante a construção da

prática haja uma reflexão permanente, pois cada escola tem uma “cara” que

durante o processo, na elaboração do projeto educativo faz com que os

professores troquem na formação em ação. Para a concretização é necessário

que haja uma liderança forte, apoiada no trabalho docente colaborativo o que

vai tornar o professor o protagonista de todo o processo de ensino.

Para se promover a formação centrada na escola se faz

necessário diagnosticar e identificar o problema para tentar encontrar soluções,

testá-las e avaliá-las. É necessário valorizar a dimensão coletiva em

contraponto da soma das ações individuais.

Heidrich (2009) afirma em reportagem na revista Nova escola,

que só há necessidade de haver formação continuada quando o professor é

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visto como um profissional que deve sempre aperfeiçoar sua prática ao fazer

um trabalho de reflexão sobre ela e tem contato com conhecimento didático. É

aí que surge o papel de formador pedagógico, que se torna imprescindível para

orientar esse processo.

Ser formador é oferecer a teoria e as condições para aprimorar a

prática. É reunir opiniões e concepções da equipe em torno de um projeto

pedagógico. É fazer com que os professores consigam ver além dos hábitos e

conceitos adquiridos com a experiência e a formação inicial, por meio da

sistematização do que ocorre em sala de aula. Segundo Scarpa, ao se tornar

um formador, dominando as estratégias e o conhecimento didático, o

coordenador assume sua responsabilidade e seu papel decisivo para a

aprendizagem dos alunos.

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CONCLUSÃO

Diante de um novo cenário se faz necessário uma mudança

postural em relação a prática do coordenador pedagógico. Pois, a ação da

coordenação enquanto auxiliadora do desenvolvimento do processo ensino-

aprendizagem deve buscar planejar ações com vistas a auxiliar os educadores

a mediar o crescimento social, afetivo e cognitivo dos educandos, por meio de

estudos coletivos, desenvolvidos em reuniões de centro de estudos. Precisa

oferecer trocas constantes de informações com os professores, especialmente

por meio de material de apoio e uso pedagógico, a fim de que estes primeiros

possam utilizá-los em aulas.

O professor é um produtor do saber, logo deve ser tratado como

tal. Logo o coordenador deve assumir uma postura construtiva, criadora e

democrática, participando como incentivador, integrador e executor das

políticas educacionais, ao mesmo tempo, que atua como elemento de

articulação e de mediação entre essas políticas e as propostas pedagógicas

desenvolvidas em cada uma das escolas da rede.

Um dos trabalhos e desafio do coordenador pedagógico é a busca

constante por uma formação continuada dos professores, a fim de que este

esteja apto para responder às necessidades e mudanças produzidas pelas

interações que ocorrem no universo escolar, criando soluções adequadas a

cada realidade. O outro seria o de reconhecer limites e deficiências do próprio

trabalho pedagógico a fim de mudar práticas originadas de visões de mundo,

valores e interesses que interferem na prática diária, o que implica o

enfretamento inevitável e delicado de conflitos entre professores, alunos, pais e

a hierarquia do sistema escolar. Mudar práticas pedagógicas significa

empreender mudanças em toda a cultura organizacional.

A necessidade e vontade de mudança estão relacionadas à

constatação das lacunas ocasionadas entre o que a sociedade está pedindo da

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formação dos indivíduos e o que o espaço escolar está oferecendo para dar

conta disso, ou seja, ao perceber-se ineficaz, despreparada e desatualizada a

instituição entende esse vão e busca recuperar-se criando novos meios de

interagir e aprender para então desempenhar sua função social de fato.

A reflexão sobre o trabalho do coordenador pedagógico deve ser

constante, pois ele precisa erguer pontes para superar obstáculos e não muros.

Por isso, seus objetivos educacionais sempre devem estar pautados na

melhoria do processo educativo, através de um trabalho cooperativo, onde as

tarefas são divididas a fim de somar esforços que diminuem o dispêndio de

energias e multiplica o resultado final.

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ANEXOS

Anexo

ATRIBUIÇÕES DOS COORDENADORES PEDAGÓGICOS

Circular E/DGED nº 37

Rio de Janeiro, 13 de julho de 1998.

Sr(a) Coordenador(a) de E-CRE

Sr(a) Diretor(a) de E/CRE/DED

Sr(a) Diretor(a) de Unidade Escolar

1. ASPECTOS REFERENTES ÀS ATRIBUIÇÕES

Assessorar tecnicamente a construção do Projeto Político Pedagógico da Escola em todas as suas etapas: elaboração, implementação e avaliação;

Promover, junto com a Direção, a integração dos professores das diferentes disciplinas e segmentos, garantindo a interdisciplinaridade e a articulação entre as diferentes séries e níveis da educação da Educação Básica;

Coordenar, organizar e participar, junto com a Direção, dos Centros de Estudo, Conselho de Classe e outras atividades promovidas pela Unidade Escolar;

Conhecer e participar da elaboração das normas que regulam o gerenciamento da Unidade Escolar;

Acompanhar, junto à Direção, as ações relacionadas à matrícula e à organização do espaço escolar;

Assessorar tecnicamente a Direção na elaboração dos horários da Unidade Escolar, possibilitando melhor atendimento ao aluno e garantindo a concretização do processo ensino-aprendizagem, de acordo com a legislação vigente;

Promover, junto com a Direção, a avaliação continuada de todo o trabalho escolar, a partir da análise dos quadros de desempenho e outros instrumentos criados, pela Unidade Escolar, bem como dos Relatórios do Desempenho Escolar (Bimestral e Final);

Orientar e acompanhar as estratégias de recuperação paralela e final; Conhecer, acompanhar, discutir e criar estratégias para a utilização da programação televisiva

veiculada pela MULTIRIO; Articular todo o trabalho da Unidade Escolar, no que se refere à organização dos recursos

disponíveis nas Salas de Leitura e em outros espaços atividades pedagógicas da própria Escola;

Tendo em vista a Lei nº 2619 de 6 de janeiro de 1998, que cria nas Unidades Escolares a função gratificada de Coordenador Pedagógico e define suas atribuições específicas assessorar o Diretor na coordenação do planejamento, execução e avaliação curricular e o desenvolvimento do trabalho pedagógico, em consonância com diretrizes emanadas da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, de forma a atender à diversidade da escola(Lei nº 2619, item II do anexo1)consideramos que determinados aspectos são indispensáveis ao desenvolvimento do trabalho desses profissionais:

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Integrar o trabalho pedagógico da Unidade Escolar com as Salas de Leitura Pólo, Pólos de Ciências e Matemática, Pólos de Educação pelo Trabalho, Clubes Escolares e Núcleos de Arte;

Criar um fórum permanente de discussão com todos os segmentos da comunidade escolar com a finalidade de garantir o êxito do aluno e sua permanência na Escola.

2. ASPECTOS REFERENTES À CAPACITAÇÃO

Participar dos cursos de formação continuada promovidos pela SME, demonstrando aproveitamento na construção de uma prática transformadora;

Realizar estudos e pesquisas, visando à produção de trabalhos teóricos metodológicos que tenham aplicação no desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico da Escola;

Participar de atividades de atualização, tendo em vista a melhoria do trabalho desenvolvido pela Escola, a troca de experiências e um fluxo eficaz de informações.

3. ASPECTOS REFERENTES À AVALIAÇÃO

Realizar auto-avaliação permanente, considerando a necessidade de refletir, dar continuidade ou rever ações planejadas;

Ter a avaliação de seu trabalho considerada, semestralmente, quando da realização global do desempenho da Unidade Escolar;

Ter a avaliação de seu trabalho considerada nas sucessivas avaliações promovidas pelas Comissões de Avaliação da Coordenadoria Regional de Educação, visando discutir, em conjunto, as ações planejadas e executadas.

Atenciosamente, Ligia Serodio Portes

Diretora do Departamento Geral de Educação

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