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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A CASA DOS IDOSOS: O SIGNIFICADO DA ARTETERAPIA NA
3ª IDADE
Por: Legilcia de Oliveira Quadros
Orientadora
Maria da Conceição Maggioni Poppe
NITERÓI
JULHO /2005
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A CASA DE IDOSOS: O SIGNIFICADO DA ARTETERAPIA NA
3ª IDADE
Apresentação de Monografia à Universidade Candido
Mendes como exigência para conclusão do curso de
Pós-Graduação “Lato Sensu” em Arteterapia em
Educação e Saúde
Por: Legilcia de Oliveira Quadros
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AGRADECIMENTOS
Agradeço as professoras Cinthya R.
Bretas, Maria Cristina Urrutigaray e
Vanessa Coutinho, por me apresentarem
a Arteterapia e Carl Gustav Jung, pois a
partir dos conhecimentos adquiridos no
que diz respeito a sua teoria, pude
observar a vida e o mundo de uma outra
maneira, como também, nortear este
trabalho.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a dois anjos que
preencheram minha vida de felicidade: Davi
e Ariadne. Meus netos tão desejados e
amados que, embora tão pequeninos,
foram gigantes no fornecimento de energias
para que eu pudesse concluir este curso.
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RESUMO
A terceira idade surge para todo ser humano como momento de
reavaliações e colheitas De acordo com as condições emocionais, a visão cultural
e a condição sócio-econômica de cada individuo, esta fase poderá apresentar-se
como um momento de sofrimento e perdas ou como um momento de plenitude em
direção à grande transformação.
O presente trabalho se propõe a investigar a Arteterapia enquanto
instrumento terapêutico e reabilitador junto a pacientes idosos que tiveram a
infelicidade de se verem reclusos em instituições asilares. Fazendo um breve
percurso pelos diferentes papéis desempenhados pelo idoso na história de nossa
sociedade, buscamos demonstrar como, com o advento da modernidade
industrial, seu valor se perde, gerando a criação destes espaços de reclusão onde
o idoso será abandonado pelos seus últimos tempos de vida.Será a partir desta
realidade, e da percepção da necessidade de se revisar a situação dos
atendimentos assistenciais oferecidos a esta parcela da sociedade que este
trabalho se dará.
Foi possível através deste trabalho validar a Arteterapia como instrumento
reabilitador deste idoso proporcionando-lhe possibilidade de obter, ainda que
dentro desta condição de abandono e reclusão uma estadia mais humana nestas
instituições asilares.A prática da Arteterapia se apresentou com instrumento
gerador de auto–estima, estimulando a comunicação e inter-relação perdidas para
estes indivíduos.
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METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos adotados na presente monografia incluem
pesquisa bibliográfica junto a autores que já dissertaram sobre o assunto e
observação do objeto de estudo.
A observação foi efetuada junto aos pacientes do Abrigo Cristo Redentor
em São Gonçalo, em cujo atelier, situado no Pavilhão Maria Cristina de Azevedo
Abicalil, ocorreram no período de três meses, doze encontros de cinco horas de
duração, em intervenção oferecida a seis idosos com acompanhamento de
psicóloga e terapeuta ocupacional.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................... 8
CAPÍTULO I
A TRANSIÇÃO DA MEIA IDADE PARA A TERCEIRA IDADE...........................10
1.1 – O ciclo da vida ..........................................................................................11
1.2 – O surgimento da meia idade .................................................................. 13
1.3 – Os elementos do inconsciente ...............................................................14
CAPÍTULO II
O IDOSO E SEUS DESTINOS.................................................................................17
2.1 – O processo de envelhecimento .............................................................17
2.2 – O novo olhar acerca do idoso ................................................................21
2.3 – O idoso institucionalizado ....................................................................... 24
CAPÍTULO III
A ARTETERAPIA COMO AUXÍLIO À ADAPTAÇÃO A UMA NOVA VIDA ....... 28
3.1 – O que é a Arteterapia ..............................................................................29
3.2 – Arteterapia e o idoso institucionalizado ................................................30
3.3 – O reencontro de si através da arte........................................................33
CONCLUSÃO ..............................................................................................................37
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................ 38
ÍNDICE..........................................................................................................................41
FOLHA DE AVALIAÇÃO............................................................................................43
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INTRODUÇÃO
A senescência, período pós-meia idade, é vista pela sociedade brasileira
como um processo patológico ou doença, que diminui o papel social do indivíduo.
O processo de envelhecimento é inevitável e se constitui em conseqüência natural
do desenvolvimento humano. Nesse período, há modificações tanto morfológicas
quanto funcionais, mas em momento algum, pode-se denominar doença ou
processo patológico mas sim, fator biológico.
A expectativa de vida do brasileiro aumenta, a família reestrutura-se e o
olhar acerca do idoso, transforma-se. A estrutura biológica é idêntica à época do
surgimento do homem, mas seu modo de viver foi se modificando junto com as
exigências da sociedade na qual está inserido. Antes era dever da família gerir
condições básicas e apropriadas àquele que envelhecesse em seu seio. Hoje,
com o passar dos anos, esta responsabilidade vem sendo dividida entre a família,
o Estado e instituições apropriadas a receber e oferecer qualidade de vida e
recuperação da auto-estima do idoso.
Dentro deste contexto, a Arteterapia vem demonstrando sua relevância a
cada dia, construindo, reconstruindo e auxiliando a compreensão do idoso quanto
a nova fase de sua vida. Este estudo, busca a compreensão e demonstração
através de observação direta junto a Casa de Idosos, da atuação das artes junto a
idosos que recentemente deixaram seus lares e famílias e estão agora sob
cuidados destas casas. O porquê de seu afastamento social e quase mutismo na
nova moradia, assim como, ao exercitar-se através das artes poderá atenuar as
aflições ocasionadas por esta mudança e com isto resgatar a auto-estima e
aumentar sua qualidade de vida. Como o processo arteterapêutico oferece a
possibilidade do idoso amenizar o abrupto rompimento de elos afetivos
pertencentes a sua história de vida e, simultaneamente, caminhar ao encontro da
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compreensão, da convivência harmoniosa com sua nova etapa de vida. Para
obtermos tais informações, buscaremos junto a abordagens junguianas, caminhos
que nos forneçam suportes para a concretização deste estudo. Assim, no Capítulo
1 abordaremos a transição da meia-idade para a 3ª idade e suas perspectivas
quanto a um futuro incerto, onde predominam na maioria dos indivíduos, o medo
da velhice e seus limites e, conseqüentemente, o temor acerca da morte. No
Capítulo 2, buscaremos mostrar o posicionamento do idoso nos dias atuais, as
transformações ocorridas no panorama sócio-político-econômico onde o idoso
passou a ser visto sob um novo ângulo tanto pelo Estado quanto pela sociedade.
E no Capítulo 3, a Arteterapia, sua evolução no Brasil e sua atuação junto a idosos
recém chegados a Casa de Idosos. Finalizando, teceremos considerações quanto
ao desenvolvimento de trabalhos arteterapêuticos em Casa de Idosos, junto a
grupos com pouca ou quase nenhuma adaptação ao novo ambiente social.
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CAPÍTULO I
A TRANSIÇÃO DA MEIA IDADE PARA A TERCEIRA
IDADE
Os momentos de transição da meia idade para a terceira idade são
momentos extremamente importantes, talvez em muitos aspectos, mais do que a
passagem da infância para adolescência, ou da adolescência para a fase adulta
quando a afetividade do sujeito será de uma maneira ou de outra amparada e
reconhecida pela sociedade.
A passagem da meia idade para a terceira idade, para a maioria dos
indivíduos é uma época de ansiedade, pelo temor daquilo que a vida lhes levará
ao chegarem a uma etapa da vida que desde tempos imemoriais na historia da
humanidade é visto como momento de menos valia. O que se estabelece como
mais marcante nesta época tanto para o homem como para a mulher é a
degenerescência na questão reprodutiva, a finalização de sua vida reprodutiva,
tanto no climatério quanto na andropausa, surgem como fantasmas temidos.Para
muitas mulheres o final da fase reprodutiva pode ser visto como uma experiência
de morte parcial que terá maior significado para aquelas que optaram por não ter,
ou não puderam ter filhos. São momentos de modificação nos aspectos corporais
como no senso de integridade e de funcionamento corporal, alterando assim sua
auto-imagem, ameaçando seu poder em realizar e vivenciar suas tarefas vitais e
interesses pessoais satisfatoriamente e com independência.Será um momento no
qual o individuo muitas vezes se voltará para um exame dos seus atos de seu
modo de vida até então praticados. Será um momento de recordar, rememorar,
dentro do momento do ciclo da vida em que se está preparando terreno para as
inevitáveis transformações que virão.Em que direção se darão estas
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transformações dependerá em muito da visão que a sociedade na qual o sujeito
está inserido terá sobre esta etapa da vida.
1.1 - O ciclo da vida
A investigação ligada ao estudo do ciclo de vida está voltada a explicações
sobre as expectativas que as pessoas criam em relação à idade: expectativas
afetivas, psico-sociais uma vez que lidamos com uma fase na qual, em nossa
sociedade Ocidental, existe uma visão de degenerescência e imprestabilidade o
que, passa a tornar este momento de transição nosso como um momento temido
e muitas vezes até negado.
Sabe-se também que, por exemplo, na Idade Média, aproximadamente nos
séculos XVI-XVII, segundo o historiador Philippe Ariès, a velhice que se iniciava
aos cinqüenta anos, era percebida como “a idade do recolhimento, dos livros, da
devoção e da caduquice” (1973 ).
Esta imagem posteriormente evolui para o ancião respeitável e sábio no
séc. XIX e chega a modernidade, embora sem manter o aspecto de decrepitude
da Idade Média, ainda sem definir com certeza qual o lugar deste sujeito em nossa
sociedade ocidental.Assim, ainda segundo o autor, o desaparecimento da velhice
ao menos como sinal de degradação surge lado a lado com a evolução dos
conhecimentos sobre saúde gerando um envelhecimento mais confortável. Assim,
segundo o Ariès “O prolongamento da idade de vida retirou do não-ser anterior,
espaços da vida que os sábios do Império Bizantino e da Idade Média teriam
nomeado, embora não existissem nos costumes” (idem, p.49), ou seja, teriam
passado a ter reconhecimento como momento marcante no ciclo evolutivo do
homem.
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Hoje se observa, no entanto, a existência dos termos meia idade e terceira
idade, termos que buscam localizar estas modificações bio-psico-sociais do
homem, embora, falarmos de meia idade seja entrar num campo de relativismos,
uma vez que o conhecimento biológico sobre o ser humano, e as ampliações da
ciência médica têm alterado a cada dia o tempo médio de vida do homem fazendo
com que esta classificação de “meia idade” fique cada vez mais imprecisa.
É verdade que existe o fator da manifestação biológica, concretos, uma vez
que a partir de uma determinada idade, os indivíduos entram em um processo de
modificações hormonais, ocorrendo, principalmente, redução dos níveis dos
hormônios testosterona para o homem e estrogênio e progesterona para a mulher.
Nesta fase, conhecida pelo senso comum como menopausa na mulher e
andropausa no homem, surgem diversas questões relacionadas ao corpo e ao
emocional, o que acarreta mudanças na relação do indivíduo consigo e com a
sociedade. Por outro lado, nestas modificações hormonais, neste momento de
passagem, terão como variáveis na sua qualidade de manifestação, tanto fatores
genéticos, quanto fatores emocionais.
Kernberg (1989) citará esta fase apontando fatores que nos serão
importantes observar dentro da escolha de tema deste trabalho; Em primeiro lugar
será uma fase de reversão nos ritmos exterior e interior de transformação: agora
são os filhos que crescem rapidamente e os pais que envelhecem rapidamente e
desaparecem. Portanto a realidade da degenerescência se mostra
comparativamente, abalando narcisicamente o individuo.Neste momento também
ocorre a percepção dos limites da criatividade: percepção dos próprios limites do
passado e a restrição para as realizações no futuro. A Identidade do ego agora
ocorre na perspectiva do tempo, é necessário observar o conhecimento da meia-
idade sobre as próprias limitações, conhecimento este que consolidará a
identidade do ego, diferentemente do passado.Antes era o buscar transpor limites
aceitar desafios, o mote principal da vida.Portanto, aceitar a si mesmo e as
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limitações da realidade é aspecto importante da maturidade emocional, com
reflexos em todos os relacionamentos.
1.2 - O surgimento da meia idade
A literatura científica registra que as bases para uma psicologia do
desenvolvimento adulto foram estabelecidas na segunda metade do século XX,
por diversos teóricos, que se empenharam em estabelecer modelos e teorias
sobre as questões do ciclo vital, inclusive em relação ao envelhecimento, como
por exemplo, Carl Gustav Jung.
Foram escolhidos para nortear a análise dos estudos de caso deste
trabalho, o modelo de desenvolvimento adulto de Jung1 e sua Teoria da
Individuação, que visam compreender as disposições psíquicas básicas desta
passagem da meia idade para a terceira idade e através dos estudos de caso
buscaremos salientar a importância da Arteterapia como instrumento de
ressocialização de pacientes reclusos em Casas de Idosos.
Jung entende a meta essencial do homem na interação psicológica fluente
entre o ego e o Self, feita principalmente por meio do processo de simbolização,
em que o importante é o equilíbrio e o intercâmbio dinâmico entre o processo
consciente e o inconsciente. Ou seja, a relação consciente/inconsciente possui
uma característica organizadora e auto-reguladora da Psique, com base no self,
que atua tanto como um centro organizador, como também a totalidade da psique.
1 Jung, C.G. - As etapas da vida humana. Em Jung, C. G. A natureza da psique. 3. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, v. VIII/2, p. 335-353, 1991.
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No tocante à psicologia do desenvolvimento, Jung dividiu o ciclo da vida em
quatro etapas, concentrando menos interesse na infância e na velhice,
preocupando-se mais com a idade adulta, particularmente na transição da meia-
idade, e acreditando que a longevidade do homem não era aleatória: “Um ser
humano certamente não viveria até os setenta ou oitenta anos se a sua
longevidade não tivesse sentido para a espécie” (Jung, 1930, p. 349).
Na perspectiva de Jung, um novo processo de desenvolvimento interno
começa na meia-idade, dando à segunda metade da vida um caráter diferente
daquele que havia caracterizado a primeira metade. A esse processo denominou
individuação, sua maior contribuição à psicologia do desenvolvimento. O termo
refere-se ao desenvolvimento que começa no indivíduo adulto (embora a relação
entre o ego e o inconsciente seja uma constante desde o nascimento até a morte),
na maioria das vezes depois dos 35 anos de idade que, quando bem sucedido,
conduz à descoberta do Si Mesmo ou Self.
Jung definiu individuação como um “processo de desenvolvimento
psicológico que faculta a realização das qualidades individuais dadas; em outras
palavras, é um processo mediante o qual um homem se torna o ser único que
é”.(Jung, 1934, p. 50).
A transição da meia-idade é bastante difundida, em nossa cultura, como
sendo um momento de crise, e nem sempre a ela se associa à oportunidade de
redefinição ou reorientação da personalidade.
1.3 - Os elementos do inconsciente
Será nesta fase de transição por ele denominada de “Passagem do meio”
que, segundo Hollis, em seu livro “A passagem do meio: da miséria ao significado
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da meia-idade”, os indivíduos se depararão com o questionamento sobre aonde
realmente se encontra, entre a personalidade adquirida e as exigências do si
mesmo: “Quem sou eu, além da minha história e dos papéis que representei?”.
Será nesta ocasião que, ainda segundo o autor, redefiniremos e reorientaremos
nossa personalidade: “A passagem do meio começa quando a pessoa precisa
enfrentar questões até então evitadas (...). É muito mais uma experiência
psicológica do que um evento cronológico” (1985, p. 24-25).
Porém, em nossa sociedade, os ritos de passagem, socialmente instituídos
foram quase totalmente banidos e assim, este momento crítico na vida do
indivíduo, no qual surge a exigência de “morrer para um estado anterior”, diante de
um renascimento para um novo estágio se perde na angústia do cotidiano. É um
momento de desorientação e ansiedade que surgem principalmente pela incerteza
do lugar que passaremos a ocupar no mundo e que darão origem à dissolução de
projeções de conteúdos inconscientes e na insatisfação com a maneira como a
pessoa está utilizando sua energia vital.
Em uma sociedade altamente capitalista como a nossa o trabalho, sua
produtividade é um veículo fundamental para confirmarmos nossa identidade por
meio do domínio do conjunto de nossas habilidades, embora nem sempre possa
ser uma possibilidade de transcendência por meio de nossas realizações. Este é o
momento de nos depararmos com o “balanço” de todos estes fatores ao mesmo
tempo aonde a pergunta principal será: O que fui e o que me resta ser? Valeu a
pena?
Todavia, se por um lado, isso nos mostra o esgotamento de uma área de
projeção da identidade, por outro, pode ser a possibilidade de renascimento.
Dessa insatisfação pode nascer à renovação, tudo dependerá, no entanto, de
como foi o desenrolar da vida deste sujeito através dos vários estágios de sua
vida, da maneira como se deu sua evolução psico-social e seu atual nível de
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percepção desta totalidade.Se seu trabalho foi apenas uma forma de sustento ou
sobrevivência, ou se surgiu de uma vocação verdadeira suprindo assim as
necessidades básicas da personalidade e do Si Mesmo, se seguiram os caminhos
da individuação ou apenas o negaram servindo apenas a um ego estritamente
orientado ao social.Este momento de passagem para a velhice será primordial
para o encontro de nossa essência, “para nos aproximarmos mais do nosso
potencial e conquistarmos a vitalidade e a sabedoria do envelhecimento” (Hollis,
1985, p. 20).
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CAPITULO II
O IDOSO E SEUS DESTINOS
É necessário perceber que sempre haverá dentro do que se pode chamar
de destino do idoso mais de uma possibilidade.A terceira idade não existe apenas
como ante-sala para a morte ou pelo menos não deveria existir.Porém dentro das
possibilidades deste momento da vida além da inexorável decrepitude como
pensam algumas culturas ou da plenitude da sabedoria como entendem outras
encontraremos alternativas. Muitas vezes estas alternativas poderão não ser tão
agradáveis dentro do que se imagina numa sociedade ideal, sabemos por
exemplo que os esquimós praticavam a “morte branca”, abandonando seus idosos
na imensidão de gelo o que era reconhecido como uma morte justa e nobre e para
nós é sinônimo de crueldade.
2.1 - O processo de envelhecimento
O primeiro trabalho científico sobre velhice, foi escrito por um médico
francês no século XIX (Jean-Martin Charcot, em 1867) intitulado "Estudo Clínico
sobre a Senilidade e Doenças Crônicas". Charcot não se preocupava em estudar
a imortalidade, mas o processo de envelhecimento, suas causas e conseqüências
sobre o organismo.
O envelhecimento é um processo que apresenta algumas características:
Segundo a Bióloga e Bioquímica Maria Edwiges Hoffmann, o envelhecimento é
causado por alterações moleculares e celulares, que resultam em perdas
funcionais progressivas dos órgãos e do organismo como um todo. Esse declínio
se torna perceptível ao final da fase reprodutiva, muito embora as perdas
funcionais do organismo comecem a ocorrer muito antes. O sistema respiratório e
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o tecido muscular, por exemplo, começam a decair funcionalmente já a partir dos
30 anos. Assim segundo a autora, as mudanças funcionais que ocorrem com o
avanço da idade são atribuídas a vários fatores, como defeitos genéticos, fatores
ambientais, surgimento de doenças e expressão de genes do envelhecimento, ou
gerontogenes.
Trata-se de um processo universal, e por ser natural, não depende da
vontade do indivíduo, todo ser nasce, desenvolve-se, cresce, envelhece e morre.
Porém ocorre de maneira heterogênea e particular, de individuo para indivíduo e
em cada espécie há uma velocidade própria para envelhecer, essa rapidez de
declínio funcional sofre variações importantes de pessoa para pessoa e numa
mesma pessoa de órgão para órgão. Apesar de todo o avanço da medicina em
relação às descobertas e tratamentos das doenças, das novidades
farmacológicas, do desenvolvimento de técnicas estéticas, das descobertas da
biomedicina, ainda é um processo irreversível. Nada impede o inexorável
fenômeno, nem o faz reverter. Acometerá as funções do organismo humano,
como locomoção, digestão, circulação sangüínea e outros, afetará os processos
cognitivos como memória, percepção, raciocínio, mas o grau e qualidade em que
estas alterações se darão, dependerão principalmente de como ocorreu o
desenvolvimento anterior da vida do sujeito, e principalmente dos fatores afetivos.
Há grandes diferenças entre os indivíduos, no que diz respeito ao ritmo e
quantidade de declínio no funcionamento físico e nas habilidades mentais.
Dependendo da cultura em que vive o idoso ele pode ser considerado um
sábio ou um inválido. Nas culturas orientais, o velho é tido como alguém que
acumulou muita experiência, e é possuidor de um saber digno de respeito e
admiração ele se encontra integrado em sua comunidade e desempenha funções
de importância em educação, aconselhamento e consultoria profissional. Por outro
lado no Ocidente, com suas variações de correntes de nível cultural e educacional,
dentro de sua comunidade o velho pode ser um estorvo, um aposentado sofredor,
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pode se tornar um tirano, ou se dispuser de boa situação financeira atuando como
provedor e sustento de toda a família, fenômeno cada vez mais recente diante das
crises econômicas em nosso país, poderá ser centro de atenções de toda família.
O envelhecimento será vivenciado de forma heterogênea que, conforme os
estudos de Santanna (1995), pode ser classificado a partir de questões de gênero,
classe social, religião e etnia. Assim com suas variações serão identificados como
inativos ou improdutivos, sendo muitas vezes alijados, por suas baixas pensões e
aposentadorias, do acesso aos bens e serviços de nossa sociedade.
Todos os mitos que ocorrem em torno da velhice ocorrem com base nesta
visão de sociedade de consumo, aonde o grau de produtividade valida a
existência de um individuo como cidadão ou não, como merecedor de
reconhecimento público ou não. Até mesmo o nome velhice foi mascarada pelo
termo Terceira Idade na tentativa de retirá-la da sua condição pejorativa e isolante.
Embora exista uma grande modificação na postura de alguns idosos perante a
vida, ele sempre se esbarrará com o preconceito que o deixa alheio ao mundo que
o cerca.
Assim em nossa sociedade costuma-se ainda associar a velhice a doenças,
inatividade, isolamento vista como aspectos "normais" da velhice; o
envelhecimento fica, portanto, visto como sinônimo de enfermidade.Da mesma
maneira, ser velho é ser assexuado, sem direitos a exercer sua sensualidade e
sexualidade sem correr o risco de ser visto como objeto de ridicularizarão; Suas
reminiscências estão sempre associadas à insanidade; Espera-se dele um
comportamento passivo, incapaz de aprender, Incapaz para o trabalho.
O relacionamento do idoso com o mundo, portanto, se caracteriza pelas
dificuldades adaptativas, tanto emocionais quanto fisiológicas. No relacionamento
com sua história o idoso pode atribuir novos significados a fatos antigos e sua
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história pessoal irá desencadear sua nova forma de lidar com o mundo numa
dinâmica psíquica que compreende alterações antagônicas
Freud afirmava, com notável sabedoria, que os determinantes patogênicos
envolvidos nos transtornos mentais poderiam ser divididos em duas partes:
1 - aqueles que a pessoa traz consigo para a vida e;
2 - aqueles que a vida lhe traz (2).
Estas Disposições Pessoais são os elementos referidos por Freud ao se
referir àquilo que o indivíduo traz para a vida, ou seja, sua constituição. Assim os
traços mais marcantes de nossa personalidade poderão se tornar mais marcantes;
Ajuriaguerra (1973) ilustra isto, afirmando que "envelhece-se como se viveu".
Aqueles que não aprenderam a contemporizar, os portadores de dificuldades
adaptativas ns idades anteriores envelhecerão com maiores dificuldades.
Assim, na senilidade fica mais evidente ainda se não forem trabalhados de
forma preventiva, estes fatores que o indivíduo traz consigo em sua constituição e,
de outro, os fatores trazidos a ele pelo seu destino como afirma Freud. O equilíbrio
psíquico do idoso, portanto, depende, basicamente, de sua capacidade de
adaptação à sua existência presente e passada e das condições da realidade que
o cercam.
Se os acontecimentos existenciais eram sentidos com alguma dificuldade
ou sofrimento na idade adulta ou jovem, quando a situação fisiológica era mais
favorável e as condições de vida mais satisfatórias e atraentes, no envelhecimento
então, quando as circunstâncias concorrem naturalmente para um decréscimo na
qualidade geral de vida, a adaptação será muito mais problemática. Portanto, está
correto dizer que quanto melhor tenha sido a adaptação da pessoa à vida em
idades pregressas, melhor será sua adaptação no envelhecimento.
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Na prática psiquiátrica, segundo Ballone (2002), alguns autores observaram
uma significativa melhora em poucos casos de neuroses com o envelhecimento,
fato também observável na prática psiquiátrica. Isso nos mostra, de fato, não
haver uma desestruturação psíquica no envelhecimento, mas sim, uma alteração
estrutural na dinâmica psíquica, assim como novos arranjos psicodinâmicos e
uma nova arquitetura afetiva distinta da anterior.
2.2 - O novo olhar acerca do idoso
A Organização Mundial de Saúde — OMS divulga que a população idosa
do nosso país, nas próximas décadas, alcançará o significativo número de 32
milhões de pessoas maiores de 60 anos, crescendo assim, 16 vezes contra cinco
vezes da população total. É, portanto, preocupante, ainda mais quando se prevê o
Brasil como o País que passará do 16º lugar em 1950 para o sexto lugar no
mundo em população idosa no ano de 2025, (Veras e Camargo 1995),
destacando-se com o crescimento mais acelerado do mundo.
Com base nestes dados surgem em nosso país o Desenvolvimento da
Política Nacional do Idoso, aprovado em 04.01.1994, de acordo com a Lei nº
8.842, Decreto nº1.948 de 03.07.1996, que objetiva colocar em prática, ações
voltadas para a preservação, cura e promoção, no sentido de garantir melhor
qualidade de vida ao Idoso.
Magalhães (1987), pensando as condições de vida das pessoas idosas nas
sociedades modernas, afirma que estas sociedades têm as seguintes
características: baixos índices de natalidade e mortalidade, com processos de
mudanças aceleradas onde a inovação tende a ocupar o lugar da tradição. Além
disso, há uma valorização das esferas da produção e do consumo, ao mesmo
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tempo em que o patrimônio familiar é substituído pelo projeto individual.Vivemos
numa sociedade em que a competitividade acirrada não reserva lugar para
aqueles que não podem participar do processo de alta produtividade por ela
exigida o que para as pessoas que envelhecem por sua condição já é um
indicativo de não aceitação nestas sociedades.
Ao longo dessas últimas décadas em nosso país, presenciamos um
aumento significativo dos grupos e centros de convivência voltados ao idoso.
Como um exemplo marcante, encontraremos o SESC, que desde a década de
1960 é pioneiro no trabalho social com idosos, possibilitando a esses segmentos
atividades de lazer e cultura, e realizando palestras sobre temas relevantes para a
compreensão do processo de envelhecimento. Assim estes programas de terceira
idade possibilitam aos idosos, uma possível reabilitação desse tempo de vida
como ainda de realizações e de atividade.
Porém, ainda temos um grande contingente de idosos em nossa sociedade
que sofrem um processo de exclusão social. Para Queiroz (1999), a exclusão
social se dá nas dimensões; econômica (perda do poder aquisitivo, com baixas
aposentadorias e pensões), política (pois não têm respeitado seus direitos de
cidadãos), afetivo-social (quando ocorre o isolamento social, na medida em que as
estruturas de sociabilidade que desenvolvemos estão centradas no trabalho e na
família e, secundariamente, nas relações de vizinhança, por exemplo) e cultural
(pela desvalorização da memória e da lembrança e da possibilidade de contribuir
para o meio).
Por meio de fontes de análise do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) verifica-se que, além da desigualdade socioeconômica,
destaca-se a sociabilidade do idoso como um fator importante, pois inclui as
relações de convivência familiar, o estabelecimento do vínculo social com a
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comunidade e a possibilidade real de qualidade de vida e, conseqüentemente, a
sua sobrevivência.
Em nossa sociedade moderna a família nuclear por questões de
sobrevivência dentro das novas exigências socioeconômicas, irá gradativamente
diminuir ao mesmo tempo em que as evoluções sociais e transformações
tecnológicas promovem um desequilíbrio nestas relações familiares que geram um
afastamento e desvalorização do idoso, fazendo com que perca seu lugar neste
espaço familiar, agora totalmente ocupado pelos mais jovens. A valorização do
idoso como contentor da experiência que propicia a sobrevivência, do
conhecimento de costumes e princípios éticos de uma sociedade se perde, uma
vez que este saber não encontra mais lugar dentro de novas regras e técnicas de
sobrevivência que surgem a cada dia.
O idoso moderno que se encontra afastado de seu núcleo familiar,
encontrará três situações: Se possuir poder aquisitivo para arcar com sua própria
sobrevivência irá seguir em sua solidão nos grandes centros urbanos,
dependendo do nível econômico e cultural e de uma postura positiva em relação
ao processo de envelhecimento, poderá buscar adesão a grupos de atividades
voltados aos idosos.Se, no entanto tiver restrições econômicas e/ou culturais
ficará restrito ao lazer em praças e jardins, com espaço físico reduzido em seus
lares. Se puder colaborar com a receita doméstica junto a seus descendentes
como co-responsável através de sua aposentadoria por parte da manutenção da
família, será, requisitado e aceito no meio familiar, no entanto, será mantido da
mesma maneira afastado em muito das decisões cotidianas. O idoso que no
passado exercia funções de comando hoje se vê desprestigiado e isolado embora
convivendo no mesmo espaço.
A terceira possibilidade surge através da institucionalização do idoso, que
quando ocorre, implica e decorre do acúmulo de várias situações entre elas a
24
situação econômica, física e psicológica tanto do idoso quanto de seus filhos e a
maneira como se estabeleceram as trocas afetivas entre eles, quando estes
existem. Esta apesar das suas várias conseqüências depreciativas é prevista por
lei, quando o idoso não possui condições de prover o seu sustento ou não possui
família que o possa fazer.
2.3 O Idoso institucionalizado
A doença na terceira idade tem significados especiais, pois traz consigo o
receio da dependência física, a desesperança em obter melhoras e a percepção
do inexorável destino que se aproxima, a morte. Mesmo a hospitalização na
velhice aproxima ainda mais essa realidade.
Muitas vezes, a instabilidade econômica e a dependência física trazem
obrigatoriamente o idoso para a convivência de seus familiares que, nem sempre,
aceitam ou podem exercer o papel de cuidadores. O caminho que leva a
institucionalização, portanto é aquele no qual se somam, principalmente, fatores
de ordem econômica com a diminuição progressiva do espaço sócio-econômico,
com o retraimento dos contatos sócio-culturais, com o abandono familiar, com
eventual penúria habitacional, entre outros.A institucionalização aparece, então,
como uma opção bastante procurada.
O idoso institucionalizado é retirado de seu lar, obrigado a adaptar-se a
uma rotina de horários, a dividir seu ambiente com desconhecidos e à distância da
família. A individualidade e o poder de escolha se perdem numa situação na qual
existe apenas a percepção de ser apenas mais um dentro daquela instituição. As
grandes perdas que surgem neste momento de suas vidas se acumulam a outras,
freqüentemente experimentados pelo idoso, como a perda do cônjuge, a doença e
a dependência física, e a própria institucionalização, como um simbólico de
25
abandono, entre tantas outras, podem ser o ponto de partida para uma
desestruturação psíquica (Corrêa, 1997).
Nos países de fala portuguesa, as instituições que normalmente abrigam
pessoas idosas são classicamente chamadas de asilos ou albergues. Por sua
conotação pejorativa de abandono, de pobreza ou rejeição familiar, as
denominações de asilo e albergue têm sido substituídas por outras mais
eufêmicas, como “Casa dos idosos”, “Lar dos idosos" etc., tanto em instituições de
caridade, como em estabelecimentos públicos ou privados.
Os idosos institucionalizados apresentam um perfil diferenciado, grande
nível de sedentarismo, carência afetiva, perda de autonomia causada por
incapacidades físicas e mentais, ausência de familiares para ajudar no auto -
cuidado e insuficiência de suporte financeiro. Estes fatores contribuem para a
grande prevalência de limitações físicas e co-morbidades refletindo em sua
independência e autonomia. Portador de múltiplas doenças crônicas, problemas
associados e sendo mais frágil, o idoso institucionalizado e a entidade que o abriga,
geralmente, não conseguem arcar sozinhos com a complexidade e as dificuldades
da senilidade.
O idoso que vive em instituições, se encontra separado do ambiente
familiar habitual, rodeado de pessoas estranhas, muitas vezes isolado da
atualidade cultural e, evidentemente, podendo estar experimentando a incômoda
sensação do abandono, dependência e inutilidade. A baixa qualidade de vida
oferecida pelas instituições asilares brasileiras contribui também para o
agravamento do estado afetivos nestes indivíduos que perdem afetividade,
sentido-se inseguros e sendo obrigados a suportar calados qualquer situação que
lhes seja imposta. É nesse cenário que a depressão surge como um dos mais
importantes agravos à saúde da terceira idade, sendo a síndrome psiquiátrica
mais prevalente nessa população. A Organização Mundial de Saúde estima que
26
aproximadamente um em cada dez idosos sofre de depressão (Carvalho e
Fernandez, 1996).
O envelhecimento normal, devido a fatores biológicos, compromete várias
funções do corpo humano e ocasiona, freqüentemente, distúrbios na
comunicação. Este quadro se agrava quando consideramos os fatores
psicossociais que influenciam a dinâmica comunicativa de idosos
institucionalizados.
A dinâmica comunicativa do sujeito decorre da interação com o outro e da
apropriação da experiência social vinculada pela linguagem. Com o
envelhecimento, é freqüente que os idosos desenvolvam distúrbios da
comunicação em conseqüência da redução dos níveis de consciência, atenção
seletiva, função sensorial e motora, memória, raciocínio, resolução de problemas e
uso da linguagem oral e escrita. No idoso institucionalizado esta problemática se
amplia em decorrência da ausência de estímulos, oferecida que decorre da falta
de preparo profissional.
Nas instituições publicas ou privadas observa-se em sua grande maioria um
atendimento que segue os mesmos parâmetros que sofre a assistência ao idoso
no Brasil que privilegia os atendimentos de urgência, assistindo-os nas
necessidades de subsistência (alimentação, higiene, abrigo e cuidados médicos
básicos), ignorando o desenvolvimento da potencialidade global desses idosos e a
necessidade de reabilita-los socialmente. A falta de recursos e de profissionais
especializados na maioria das instituições que assistem essa população contribui
para que esse quadro se torne mais caótico.
Raramente profissionais que trabalham com o processo do envelhecimento
nas mais diversas áreas de saber (médicos, fisioterapeutas, enfermeiros,
terapeutas ocupacionais e outros), tentam proporcionar, em todos os níveis de
atenção à saúde (primário, secundário e terciário), o bem estar biopsicosocial dos
27
idosos institucionalizados, potencializando suas funções globais, a fim de obter
uma maior independência, autonomia e uma melhor qualidade para essa fase de
vida.
O envelhecimento é um processo complexo e está associado a uma série
de doenças e incapacidades múltiplas, assim como à dependência e perda da
autonomia. O prolongamento da vida não é uma atitude isolada, necessitando de
uma integração entre idoso, família e/ou, instituição e profissionais especializados.
A atuação dos diversos profissionais não deve ser centrada somente nas doenças,
mas também nas principais condições que causam incapacidades e conseqüente
declínio no grau de dependência funcional e prejuízo na qualidade de vida.
A abordagem do idoso institucionalizado sob este ponto de vista é mais
complexa, uma vez que esta população extremamente frágil, muitas vezes foi
impelida a viver em um ambiente diferente, longe a família e dos amigos, ou seja,
não se trata de uma escolha, mas sim de uma imposição.
O novo paradigma de saúde do idoso brasileiro é como manter a sua capacidade
funcional mantendo-o independente e preservando a sua autonomia. Será aqui
que os recursos da Arteterapia poderão atuar.
28
CAPÍTULO III
A ARTETERAPIA COMO AUXILIO A ADAPTAÇÃO A
UMA NOVA VIDA
A descoberta da Arte como um auxiliar nos processos terapêuticos e
reabilitadores já aconteceu há algum tempo, vista a principio como uma técnica
“alternativa” ganhou espaço em várias instituições e hoje vem sendo largamente
aplicada em clínicas e hospitais psiquiátricos, em hospitais e casas de saúde e
cada vez mais sendo explorada como veículo de reintegração psicosocial para
todas as idades.
Na Terceira Idade, como já pudemos observar, a manutenção de um
contato ativo com o mundo é uma necessidade, uma vez que a ausência deste
contato gerará cada vez mais o agravamento de manifestações degenerativas no
aspecto físico e mental. Nos idosos que se encontram limitados dentro de espaços
institucionais sejam públicos ou privados, cercados de normas rígidas no cotidiano
e carregando o sentimento de abandono e carência será muito fácil ocorrer este
agravamento. Os processos depressivos, maníacos, a progressiva perda de
memória ou a outras “doenças” comuns nesta fase que decorrem unicamente da
ausência de atividade e trocas afetivas.
Resistentes a um contanto com o mundo, muitas vezes por ressentimento
ou por memória de maus tratos, estes idosos exigem uma abordagem terapêutica
que ofereça uma adesão fácil, e que forneça algum prazer em suas vidas, agora
marcadas pela limitação.
Ao mesmo tempo é necessário fornecer-lhes algo que regenere sua
percepção de autonomia e capacidade de fazer, perdida num cotidiano de
29
dependência e atividades repetitivas. Uma atividade na qual possam exercer sua
individualidade integralmente, expressando sem censuras todos os seus
sentimentos calados na solidão que vivenciam.
A Arteterapia pelos estímulos que oferece a nível sensório e motor, poderá
se apresentar como um suporte expressivo aonde o idoso ao mesmo tempo
poderá se colocar e se reconhecer como individuo ainda capaz de produzir algo a
ser reconhecido pela sociedade ao mesmo tempo em que estimula um reequilíbrio
físico e mental.
3.1 - O que é a Arteterapia
A Arte sempre esteve presente no universo humano desde os primórdios
dos tempos. As pinturas rupestres nas paredes das cavernas são o testemunho
vivo desta necessidade humana de deixar seus sentimentos e experiências
marcados para o tempo. Sabe-se também que na Grécia antiga o povo recorria a
arte da pintura, escultura, teatro e dança para compreender a vida, a exemplo das
tragédias gregas.
Até os dias de hoje, podemos vê-la nas suas mais diferentes manifestações
plásticas, em toda atividade que surge como forma de expressão comunicando
emoções e desejos, como resultado de manifestações culturais e ritualísticas, ou
simplesmente fruto da liberdade criativa hoje se apresenta como possibilidades de
cura e harmonia interior em um processo que promove reorganização emocional e
estimula a capacidade de estender a criatividade desenvolvida em sua prática a
todos os aspectos da vida.
Durante as intervenções em Arteterapia esta reorganização das funções do
Eu se dará através da descoberta de aspectos ocultos da personalidade, visando-
30
se à ativação da circulação da energia psíquica e física, através de estímulos e
desenvolvimento do aparelho sensório-motor.
Cada material e técnicas no processo de Arteterapia serão instrumentos
que facilitarão esse processo criativo transformador do mundo interno que gerará
a contrapartida da transformação do mundo externo.Através das formas e
imagens que surgem nos numa sessão terapêutica através da arte, conduz a uma
ampliação da visão consciente sobre nossas necessidades e propósitos,
permitindo a revisão das motivações inconscientes que nos impelem a agir de
uma maneira ou de outra, abrindo novas possibilidades de criação e realização de
ideais.
O processo de Arteterapia facilita o contato com a percepção e órgãos
sensoriais, integrando a sabedoria intuitiva, os sentimentos inscritos na memória
corporal e psíquica e o nível racional adequado para a organização e
discernimento das escolhas, prioridades e idéias. O processo arteterapêutico
proporcionando o reconhecimento e exploração do universo interno e como se dá
sua a relação com o mundo através da consciência, nos proporciona a
possibilidade de encontrar novas respostas emocionais alcançando maior
flexibilidade na troca com o outro gerando maiores chances de resolver situações
pendentes e a partir disto modificar positivamente o rumo destas relações.
Quando se pensa no idoso, no entanto sempre ocorre o questionamento de
se valeria à pena o investimento terapêutico.O senso comum diz que aquele não
mudará mais: “Com esta idade alguém ainda pode se modificar?” É a pergunta
mais freqüente. Esta resposta poderá ser encontrada através da Arte.
3.2- Arteterapia e o idoso institucionalizado
31
Diz-se que o idoso não muda. Seu desejo é o cotidiano.No entanto, talvez
não seja bem assim. As próprias mudanças que paulatinamente se instalam
decorrentes do processo de envelhecimento serão ao mesmo tempo sinais que
poderão servir como limitadores ou alertas da vida que nos tiram do automatismo
do cotidiano porque este, na terceira idade será apenas uma afirmação de
ausência de propósito, de repetição que sempre lhes é atribuída. “O velho não
serve para nada, só deseja dormir”, este é o senso comum, e este pensamento se
estende por toda a sociedade moldando a maneira de lidarmos com estes
indivíduos.
Hoje estudos comprovam que o cotidiano que nunca se altera nas
instituições que acolhem idosos se torna um elemento de grande contribuição nos
processos depressivos e degenerativos em geral. Segundo Gallo (1999) devido à
plasticidade do cérebro o processo de envelhecimento se acelerará ou não em
decorrência do bom ou mau uso das suas funções, desta maneira a ausência de
estímulos gerará com certeza adoecimento precoce no idoso.
Segundo afirmou em entrevista ao Correio do Nordeste, Zilma Cavalcante,
diretora da Universidade Sem Fronteiras de Fortaleza no Ceará e doutora em
Gerontologia: “A arte aguça os sentidos, melhora a concentração, a memória, a
coordenação motora e trabalha os dois lados do cérebro - o racional e o emocional
- deixando-os em equilíbrio”.Assim, segundo a gerontóloga:
“As atividades criativas combatem o tédio, as dores nas
costas e, naquele exato momento, fazem com que as
pessoas mergulhem num tempo e espaço próprios, onde
não há problemas para pensar e nem questões a resolver.
Um tempo isento de dores e sofrimento, o que é
extremamente terapêutico, porque o cérebro relaxa” (2001).
32
Na Arteterapia são realizadas atividades relacionadas aos sentidos que se
refletem no prazer de viver, de sair da rotina e colorir a vida. Portanto promovem a
retirada dos idosos institucionalizados da condição passiva a qual a instituição os
submete trazendo-os para o momento presente e fazendo-os perceber seu valor
enquanto ainda capazes de realização.
Os idosos que diante da impossibilidade de fazerem aqui e agora tendem a
se prender apenas as suas memórias, ao que foram capazes de realizar no
passado. Assim, através da chance oferecida pelo fazer da Arte, passam de
expectadores da vida a criadores atuantes, retomando o conhecimento de sua
capacidade de transformá-la e transformar–se.
Para o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia -
Seção Ceará (SBGG), João Macedo Coelho Filho, quando se fala também no
aspecto da saúde física só a estratégia clínica é muito limitada e a Arteterapia
pode ser tão ou mais importante que qualquer tratamento convencional, com uso
de medicamentos.Segundo ele:
“A arte não é só um produto estético, ela ajuda a preservar ou reabilitar uma
função física e emocional, sendo também uma estratégia para a promoção do
bem-estar. A arte ajuda a reabilitar as funções físicas e emocionais”.
Através da arte, segundo a experiência do especialista, pode-se combater a
depressão e o distúrbio do sono, decorrentes da monotonia; preserva-se a
memória, sendo recomendada inclusive para quem tem Doença de Alzheimer;
além de ser importante para manter a mobilidade. Através dos estímulos trazidos
pelos sons, toques, movimentos, cores, pela criação, “contação” e dramatização
de histórias, são matérias-primas das diferentes artes que aqui serão capazes de
despertar novos sentidos para a vida destes idosos.
33
Ocorre uma renovação interna significativa assim descrita pela gerontóloga
Deolinda Fabietti em seu livro Arteterapia e envelhecimento:
“São encontros com a sombra, com momentos da vida nem
sempre fáceis de serem encarados. Encontros que
promovem a mudança, que aceitam a morte daquilo que não
tem mais sentido, que incomoda. Encontros com a morte
Criativa e libertadora, com o si mesmo de cada ser”.(2004,
p.87)
Será a partir destes momentos importantes que estes idosos encontrarão
novas possibilidades até então desconhecidas para respostas emocionais em
suas vidas.Diante da monotonia da repetição do cotidiano, surpreenderão a si
mesmos descobrindo que ainda podem contar como indivíduos que são capazes
de produzir alguma coisa e aquilo que produzem pode estabelecer com eles um
diálogo que os permite entender melhor a si mesmos.
No trabalho criativo da Arteterapia, surgirão a cada dia saídas criativas que
permitirão um diálogo mais verdadeiro consigo mesmo, e com o que está por vir
ainda em suas vidas.
3.3 – O reencontro de si mesmo através da arte
Como extensão deste trabalho teórico procedeu-se uma observação
investigativa na intenção de confirmar a validade da intervenção em Arteterapia
junto a pacientes idosos internos em instituições asilares. A observação foi
efetuada junto aos pacientes do Abrigo Cristo Redentor em São Gonçalo, em cujo
atelier, situado no Pavilhão Maria Cristina de Azevedo Abicalil, ocorreram no
período de três meses, doze encontros de cinco horas de duração. A oficina
34
oferecida a seis idosos se iniciou a principio através de trabalho de “catequização”
quando foi necessário ir de idoso em idoso convidando-os para conhecer o atelier.
Dentre os seis pacientes três eram depressivos, dois apresentavam perda parcial
de memória, e um apresentava, segundo informações constantes, diagnóstico de
esquizofrenia.
No decorrer de alguns dias alguns dos internos deste grupo resolveram ir
até o atelier primeiramente a titulo de visitação. Entraram todos eles trazidos pela
curiosidade, alguns observando com olhar de admiração e outros com olhar de
desconfiança, mas todos vasculhando com cuidado tentado entender o que se
passaria ali.
Pacientemente voluntários e funcionários, com carinho e atenção iam
gradativamente convencendo os idosos que passaram a ser estimulados a
explorar os materiais ali oferecidos tais como lápis de cor, giz de cera, guache,
argila, tecidos, materiais para bordado, tricô, crochê, fuxico. Os internos foram
estimulados a produzirem “artes” através de pintura, desenho, colagem, escultura,
poesia, música.
Após quatro encontros foi solicitado que intervíssemos junto ao paciente
com diagnóstico de esquizofrenia que apresentava grande agitação e logorréia.
Paciente difícil, sempre esquivo desde a sua chegada ao abrigo, quando então,
não se comunicava e caso houvesse insistência se retirava aos seus aposentos.
Durante dois encontros a intervenção foi focalizada sobre o paciente
apresentando-lhe os materiais na intenção de que este pudesse escolher algum
com o qual se identificasse. Foi exposto à sua frente o material necessário e,
tintas guaches de todas as cores. Por fim o paciente demonstrou desejo de tentar
algum trabalho com tinta. Porém, ao mesmo tempo, relutou em iniciar a pintura,
alegando que não sabia fazer o desenho para a pintura. Foi-lhe pedido que
35
pintasse o que quisesse, mas continuou relutando. Com muita calma e através de
diálogo, conseguimos que ele revelasse que adoraria pintar alguma coisa que
estivesse no mar, e completou: “Mas não no fundo do mar.” Na intenção de
incentivá-lo, esboçamos o desenho de um navio e vimos que sorriu aprovando.
Foi feita a pintura e, logo após, veio completo silêncio de sua parte, apenas
observando sua obra com semblante triste e pensativo. Seu momento foi
respeitado e após um tempo algumas perguntas foram feitas em relação à
elaboração do navio. Veio então a história de sua infância junto a sua mãe que
segundo o paciente era rígida em termos de uma educação cheia de proibições
como as de não andar nunca sem camisa e não se aproximar de meninas. O
paciente então começou a comentar sua tristeza por não poder beijar na boca e o
fato de ainda ser virgem.
Durante o período em que passou a pintar notamos relevante melhora em
seu estado. Embora nunca tenha sido agressivo, diminuiu seu estado de agitação.
Passou a se expressar com mais fluência e coerência, apresentando uma melhora
no humor, passa a estar sempre sorridente, e a demonstrar solidariedade com os
colegas passando a aceitar um pouco o seu afastamento de junto de sua família.
A partir de sua convivência no atelier mostrou ser uma pessoa extremamente
educada, atenciosa e ampliou seus momentos de estabilidade. Passa a fazer todo
tipo de arte demonstrando muito capricho e passando a falar de si após a
elaboração de trabalhos plásticos.
Demonstrando sempre predileção pela tinta sobre tela, pintava navios,
aves, céus, sóis, enfim tudo que, de acordo com suas palavras “estivesse acima
do mar”. O mesmo paciente quando faz uso de materiais mais secos,
desenhando, apresenta a temática de rostos distorcidos de mulher e usa cores
mais escuras e fortes.
36
Ao final deste período de três meses, em todos os pacientes percebemos
uma melhora considerável em sua inter-relação. Os pacientes depressivos
passaram a se comunicar com funcionários e colegas de atelier, passando a
freqüentar o mesmo espontaneamente, todos os dias. Observamos o grande
interesse em um dos pacientes depressivos do sexo masculino em fazer desenhos
circulares como mandalas em cores fortes e os outros dois, do sexo feminino em
trabalhos ligados ao feminino em figuras cheias de detalhes nas roupas e
trabalhos com tecido.
Dos pacientes que apresentavam perda parcial de memória,
gradativamente através do estímulo dos trabalhos do atelier passaram a
demonstrar lembrar-se de algumas fases significantes de suas vidas. Um dos
pacientes, do sexo masculino, apresentava predileção por fazer desenhos e
colagem, sempre pondo em evidência a figura de bichos. Falava muito de sua
infância quando perguntado sobre sua obra.
A outra paciente do sexo feminino optava sempre por fazer desenhos de
flores com cores claras e suaves. Passa a apresentar uma maior conexão com o
mundo a sua volta e passa a falar de sua vida de casada e de seu filho com o qual
havia perdido a convivência.
Os pacientes recém chegados passaram a ser encaminhados ao atelier já
num trabalho preventivo e ali passaram a maior parte do seu dia. Após a
freqüência ao atelier observou-se também que acontece uma ressocialização
destes idosos que passam a cuidar uns dos outros, ajudando-se mutuamente em
suas deficiências em suas atividades no atelier e na vida em comum no abrigo.
37
CONCLUSÃO
Podemos concluir a partir desta observação, portanto, que o trabalho de
intervenção arteterapêutico surte resultados consideráveis se levarmos em conta
que o trabalho se deu em apenas três meses nos quais percebemos uma
evolução importante nos quadros dos idosos internos. Houve melhora nas inter-
relações, na sintomatologia depressiva e do quadro de introversão e desinteresse
no mundo externo. Assim como, nos pacientes com perda de memória, percebeu-
se que estes também gradativamente apresentaram recuperação. A disposição
física teve seu acréscimo como um todo assim como o humor em todos os
pacientes que freqüentaram o atelier.
As intervenções com Arte procederam a um retorno as atividades cotidianas
em pacientes que teriam pouco ou nenhum desejo de manter este contato com a
vida levando-se em conta a situação asilar na qual se encontram, em abandono
no final de suas vidas.
É muito importante observar como a Arteterapia nestes casos pode
propiciar um momento de reflexão e em alguns casos de “expurgo”, ajudando aos
idosos a se colocarem em relação a seus medos, seus sentimentos de rejeição e
as memórias difíceis das suas histórias pessoais Ao mesmo tempo, o recobrar
das memórias agradáveis e o retorno da comunicação com os outros internos gera
um sentimento de identidade e solidariedade muito importante, e cada um passa a
apoiar seu companheiro de internação.
O trabalho no atelier arteterapêutico possibilitou que os internos pudessem
depurar suas emoções facilitando com que pudessem passar a poder viver de
uma maneira mais leve este resto de suas vidas apesar da dura condição na qual
se encontram.
38
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cidadão do futuro. Rio de Janeiro: Relume-Dumará - UnATI - UERJ 1995, p. 11-27
41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO ...................................................................................................... 2
AGRADECIMENTO ...................................................................................................... 3
DEDICATÓRIA .............................................................................................................. 4
RESUMO........................................................................................................................ 5
METODOLOGIA............................................................................................................ 6
SUMÁRIO....................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO............................................................................................................... 8
CAPÍTULO I
A TRANSIÇÃO DA MEIA IDADE PARA A TERCEIRA IDADE...........................10
1.1 – O ciclo da vida ..........................................................................................11
1.2 – O surgimento da meia idade .................................................................. 13
1.3 – Os elementos do inconsciente ...............................................................14
CAPÍTULO II
O IDOSO E SEUS DESTINOS.................................................................................17
2.1 – O processo de envelhecimento .............................................................17
2.2 – O novo olhar acerca do idoso ................................................................21
2.3 – O idoso institucionalizado ....................................................................... 24
CAPÍTULO III
A ARTETERAPIA COMO AUXÍLIO À ADAPTAÇÃO A UMA NOVA VIDA ....... 28
42
3.1 – O que é a Arteterapia ..............................................................................29
3.2 – Arteterapia e o idoso institucionalizado ................................................30
3.3 – O reencontro de si através da arte........................................................33
CONCLUSÃO ..............................................................................................................37
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................ 38
ÍNDICE..........................................................................................................................41
FOLHA DE AVALIAÇÃO............................................................................................43
43
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós–graduação “Lato Sensu”
Título da Monografia: A Casa de Idosos: O significado da Arteterapia na 3 ª Idade
Autora: Legilcia de Oliveira Quadros
Data de entrega: ____ de julho de 2005.
Avaliado por: ________________________________ Conceito: ____________
Niterói, ______ de _______________________ de 2005.
__________________________________________________________
Coordenação de pós-graduação