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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O LETRAMENTO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Ana Paula Lourenço dos Santos Araujo
Orientadora
Prof. Edla Trocoli
NITERÓI
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O LETRAMENTO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Educação infantil e
Desenvolvimento.
Por: Ana Paula Lourenço dos Santos Araujo
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AGRADECIMENTOS
Ao meu esposo Marcos e minha mãe
Maria do Carmo pela força que me
deram nesta minha caminhada.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus alunos e
ao meu filho Davi, que foram
fundamentais em minha pesquisa.
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RESUMO
O presente trabalho tem como principal objetivo mostrar a importância
do letramento no ensino infantil, ressaltando como o letramento pode contribui
para o desenvolvimento da criança na educação infantil, e que através de
práticas sociais de leitura e escrita, a criança que está imersa no mundo
letrado poderá desenvolver o prazer em vários aspectos no que tange as
práticas do letramento, onde a criança amplia seu vocabulário, sua visão de
mundo, sendo respeitada em sua faixa etária.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada trata-se de uma pesquisa bibliográfica
especifica, de cunho teórico, buscando esclarecer o letramento no processo de
ensino aprendizagem na educação infantil, como forma de aquisição de
conhecimento.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO_________________________________________________8
CAPÍTULO I - Uma breve história da Educação Infantil ________________10
CAPÍTULO II - Práticas do letramento escolar _______________________ 21
CAPÍTULO III – A contribuição do letramento no desenvolvimento infantil___34
CONCLUSÃO_________________________________________________ 39
BIBLIOGRAFIA________________________________________________ 41
ÍNDICE_______________________________________________________43
8
INTRODUÇÃO
Com as mudanças sociais e novos conhecimentos surge uma nova
palavra na educação, o letramento. Esse termo vem com objetivo de ampliar o
ato de alfabetizar, de inserir no ato educativo um sentido social de aprender a
ler e escrever. Diante disso o letramento é uso competente da leitura e escrita
em diferentes práticas sociais, desde o primeiro contato, a criança se comunica
com o mundo letrado em diante. A mesma necessita se apropriar-se de
conhecimentos que atendam suas necessidades primordiais na sociedade. O
letramento trata de um processo mais amplo envolvendo questões sócias-
culturais que constroem elementos da reflexão sobre as necessidades práticas
da vida. É o estado ou condição de quem não apenas aprende ler e escrever,
mas, cultiva e exerce as práticas sociais que usam a leitura e escrita.
A educação infantil é um espaço propício para a iniciação ao mundo
letrado, devendo promover experiências significativas com a linguagem oral e a
escrita, cuja função e responsabilidade é garantida a todas as crianças o
acesso aos saberes lingüísticos necessários para o exercício da cidadania. O
domínio da língua adquire importância, enquanto instrumento de comunicação
e expressão de ideias, pensamentos, sentimentos, bem como de acesso às
informações, construção de visões de mundo e produção de conhecimento.
Vivemos em um mundo letrado onde as crianças desde a educação infantil
passam por situações de leitura e escrita e se torna letrada a partir do
momento que faz uso das práticas sociais.
O letramento no processo de ensino aprendizagem tem como objetivo
principal mostrar a importância do letramento para a educação infantil, pois é
neste momento em que aprender é um prazer que a criança se insere no
mundo letrado. A pesquisa consistirá em três capítulos. No primeiro capítulo
apresenta-se uma breve história da Educação Infantil, no intuito de analisar a
trajetória histórica das instituições de atendimento às crianças, assim como
discutir os avanços e retrocessos dessa modalidade educacional no Brasil. No
segundo capítulo práticas do letramento, busca-se explicar o termo letramento
e as práticas de linguagem oral e escrita como práticas sociais no ambiente
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escolar. E o terceiro capítulo a contribuição do letramento no desenvolvimento
infantil, pretende-se entender melhor como o letramento pode contribuir de
forma significativa no desenvolvimento da criança numa sociedade letrada.
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CAPÍTULO I
Uma breve história da educação infantil
Historicamente cerca de 400 anos a.C, surge as primeiras ideias sobre a
educação de criança pequena, que aconteceria exclusivamente no lar. Com os
objetivos de preparar para o exercício futuro da cidadania e o conhecimento
sobre o currículo que deveria realizar, quando chegassem à escola. E ainda
nesta época não se tinha a preocupação com o desenvolvimento da criança e
os meios para instruí-las.
A educação infantil, como fato sócio-histórico teve uma longa
construção em cada época de acordo com as concepções que se tinha de
infância. No final da idade média a criança era considerada um adulto em
miniatura sendo educada pela família, até aos sete anos quando estava
preparada para entrar no mundo dos adultos compartilhando suas experiências
a aprendendo seus ofícios.
Com o pensamento moderno no século XVI traz uma nova concepção
de infância. O desenvolvimento cientifico e tecnológico, junto com os
movimentos religiosos e moralista da época, fez com que surgissem a criação
de escolas para criança pequena na Inglaterra, França e outros países da
Europa, valorizando o ensino da leitura e escrita e a formação religiosa.
Contudo se tinha um atendimento diferenciado para as crianças ricas e podres,
onde as crianças menos favorecida recebiam atendimento caridoso.
Pensadores como Comenius, Claparéde, Decroly, Dewey, Freinet,
Froebel, Montessori, Pestalozzi, Piaget e vygotsky, foram os pioneiros da
educação infantil, uma vez que conceberam a criança como um ser capaz de
pensar por si mesmo, e a partir dai podemos verificar como surgiram as
primeiras proposta educativas da criança de 0 a 6 anos.
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JOHN AMOS COMENIUS- Nasceu em 1592 em Morávia e morreu em
1651 Amsterdã. Professor, cientista, escritor, considerado fundador da didática
moderna. Reconhece o direito de todos os homens ao saber com as
propostas, a educação realista e permanente, métodos pedagógicos rápidos e
econômicos, ensinamento a partir de experiências cotidianas e ensino
unificado.
EDOUARD CLAPARÉDE- Nasceu em 1873, em Genebra e morreu em
1940. Formou-se em medicina, orientando-se para a psicologia. Educação
lúdica, individualizadora e social. Desenvolveu-se uma pedagogia baseada nas
necessidades e interesses da criança, denominando-a de educação funcional.
A educação deve ser prolongada o mais possível, a fim de permitir a criança
aproveitar, o dinamismo que caracteriza a teoria do brinquedo.
JEAN OVIDE DECROLY- Nasceu em 1871, na Bélgica e morreu em
1932 em Bruxelas. Formou-se em medicina, tinha uma preocupação com
as crianças excepcionais. Criou juntamente com a Maria Montessori, um novo
sistema de ensino primário, com a finalidade de preparar e a criança para a
vida. Globalização de ensino, centros de globalização ou centros de interesse
deveriam ser determinados de acordo com as necessidades primordiais da
criança. Esses centros substituem as seções dos planos de estudos à base de
matérias cientifica. Serie de etapas no aprendizado: observação direta das
coisas, associação das características observadas e expressão do
pensamento, linguagem, desenho, modelagem e trabalho manual. Pretendia
que a educação deixasse de ser filosófica e passase a ser cientifica.
JOHN DEWEY- Nasceu em 1859 nos Estados Unidos e morreu em 1 de
junho de 1952. Formado em filosofia. Foi professor secundário e professor de
filosofia. Começou a construir suas teorias sobre o processo educativo e a
teoria social. Fundou uma escola experimental, o laboratório. Criou o instituto
de pedagogia em Chicago. Foi nomeado professor da escola normal em Nova
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York. Favorável do trabalho em grupo, para troca de idéias. Criou uma
universidade de exílio.
CÉLESTIN FREINET- Nasceu em 1896 na França e morreu em 1966.
Foi professor na formação primária e artesanal. Qualquer criança pode chegar
ao domínio da linguagem escrita de maneira natural, sem passar pelos
métodos tradicionais de ensino. Foi o primeiro na história da pedagogia que
partiu radicalmente da base, impulsionando o movimento da renovação. O
pensamento e a vida da criança podiam torna-se elementos de enorme
importância cultural. Experimentou as aulas- passeio, deparando-se com a
dicotomia entre o que liam na escola e as ricas vivencias que os passeios
proporcionavam. A observação, o pensamento, a expressão natural tornavam-
se um texto perfeito (tipografia). Jogo e trabalho são grandes funções
sincrônicas na aprendizagem. É a experiência real, produtora e criadora que
permite passar do conhecimento sensível ao lógico.
FRIEDRICH FROEBEL- Nasceu em 1782 na Turíngia e morreu em
1852 em Marienthal. Foi aprendiz de guarda-floresta, guarda-livros (contador)
de grandes proprietários, agrimensor assistente em um museu de ciências
geológicas, trabalhou com Pestalozzi, foi professor no Instituto Pestalozzi,
defensor do desenvolvimento genético. Ideais apoiados numa profunda fé. A
educação consiste em levar o homem a uma auto consciência crescente. Criou
o primeiro jardim de infância, chamado de Kindergardten. A própria criança
vivenciando suas experiências.
MARIA MONTESSORI- Nasceu em 1870 na Itália e morreu em 1952 na
Holanda. Foi à primeira mulher a obter o doutorado em medicina na Itália.
Trabalhou no hospital psiquiátrico de Roma, onde iniciou suas pesquisas sobre
educação de crianças excepcionais. Princípio da auto- educação: livre e ativa
concentração. Casa da criança propósito social. Criou o método
Montessoriano, concentrado na auto- educação por meio de brinquedos
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educativos, com o objetivo de permitir que a criança desenvolva a criatividade
e autonomia e eduque a si mesmo.
JOHANN HEINRICH PESTALOZZI- Nasceu em Zurique em 1746 e
morreu em Brugg em 1827. Experimentou várias profissões: sacerdócio,
direito, política, agricultura, trabalhou em orfanatos e internatos. Educação
para a sociedade. Bases para a educação pública moderna (Universalização
da escola). Preocupação social em abrir escolas para todos. Introduziu a
instrução simultânea ou em classes. Pedagogia diretiva. Educação humana
baseada na natureza espiritual e física. A família é importante, mas insuficiente
para educar o homem.
JEAN PIAGET- Nasceu em 1896, na Suíça e morreu em 1980. Foi
biólogo, filósofo, psicólogo e educador. Discípulo e colaborador de Claparéde.
Investigou, seguindo um método clínico original, como pensa a criança e qual a
causa de expressar-se numa lógica diferente da lógica do adulto. Assumiu a
direção do Instituto Jean Jacques Rousseau, iniciando seus estudos sobre a
inteligência infantil, abrangendo quatro estágios. O desenvolvimento mental
ocorre por meio de dois processos: assimilação e acomodação.
LEV SEMENOVICH VYGOTSKY- Nasceu 1896 em Orsha e morreu em
1934 em Moscou. Formou-se em direito, e lecionou em literatura, estética e
história arte. Atuou intensamente na área de educação, contribuindo com
estudos sobre o aprendizado e o desenvolvimento. Fundou um laboratório de
psicologia. A cultura se integra ao homem pela atividade cerebral estimulada
pela interação entre parceiros sociais mediada pela linguagem. A linguagem,
ferramenta que torna o animal homem, verdadeiramente humana. Criou a
teoria do desenvolvimento social. Interação social fundamental no
desenvolvimento cognitivo.
Percebe-se o quanto esses autores tiveram um papel relevante para a
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Educação infantil ao revolucionarem a visão de infância da sua época e a
apresentarem àquela sociedade uma criança que precisa ter a sua infância
respeitada e valorizada como uma importante etapa para o seu
desenvolvimento.
1-1- A educação infantil no Brasil
No Brasil as primeiras escolas foram criadas no final do século XIX e
inicio do século XX, denominando-se jardins de infância, maternal ou creches.
Até então somente crianças abandonadas eram atendidas em locais especiais,
deixados na roda dos expostos, na Santa Casa de Misericórdia, confiando-as a
seguir às amas que as criavam até completarem idade para ingressar em
outras instituições filantrópicas ou de formação para o trabalho. Ainda no país
quem primeiro direcionou o olhar para a infância foram os médicos higienistas,
devido ao alto índice de mortalidade infantil.
A partir daí, a educação infantil esteve ao longo de sua trajetória aliada
às questões de saúde ao assistencialismo. As creches começaram a ser
implantadas sob direção filantrópica e inspiradas nas creches francesas. Sua
finalidade era prestar assistência às crianças pobres de zero a dois anos, cujas
mães trabalhavam fora do lar. Ao saírem das creches essas crianças
ingressavam nas salas de asilos onde permaneciam sendo socialmente
assistidas até os sete anos. Portanto, vista sob essa ótica, não se requeria
formação específica para as pessoas que cuidavam das crianças. Percebe-se
claramente o paradoxo entre o jardim de infância ofertado à criança de classe
alta, na qual lhe era ensinado música, ginástica, cálculo, leitura, escrita dentre
outras atividades desenvolvidas, enquanto que à criança oriunda das classes
populares era ofertada apenas uma assistência social. Segundo Kullmann, os
preconizadores das creches,
As consideravam um mal necessário e viam a pobreza como uma ameaça às elites. O que torna
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evidente a existência de uma política de segmentação em relação à pobreza, na qual lhes era negado os direitos básicos do cidadão como: habitação, saneamento básico, saúde, educação e cultura dentre outros. Essa carência de políticas sociais que promovessem condições de vida digna às classes menos favorecidas precipitava essas classes às margens da sociedade contribuindo para o aparecimento da infância abandonada. (KUHLMANN, 1998)
Vale ressaltar que uma das instituições brasileiras mais duradouras de
atendimento à infância, que teve seu inicio antes da criação das creches, foi a
roda dos expostos ou roda dos excluídos, local onde se colocavam os bebês
abandonados. Era composto por uma forma cilíndrica, dividida ao meio por
uma divisória e fixado na janela da instituição ou casas de amparo, onde a
criança era entregue a instituição sendo preservada sua identidade. Por mais
de um século a roda de expostos foi à única instituição de assistência à criança
abandonada no país, e apesar dos movimentos contrários a esta instituição por
parte da sociedade, foi no meado do século XX, em 1950 que o Brasil
extinguiu-a, sendo o ultimo país a acabar com o sistema da roda dos
excluídos.
Com o avanço da industrialização e o aumento do numero de mulheres
de classe média no mercado de trabalho, aumentou a demanda pelos serviços
das instituições de atendimento à infância. Fatores como auto índice de
mortalidade infantil, desnutrição e acidentes domésticos, fizeram com que
alguns setores da sociedade, os religiosos, os empresários, os educadores
começassem a pensar em espaços de cuidados da criança fora do ambiente
familiar. As creches destinavam-se às crianças pobres, menores de 2 anos de
idade, cujas mães trabalhadoras não tinham com quem deixar seus filhos,
sendo fundadas somente após a proclamação da república brasileira. As
escolas maternais haviam sido os asilos da segunda infância, e abrigavam
crianças de 2 a 6 anos, antecedendo-se a escola primária. Segundo Didonet,
Enquanto para as famílias mais abastadas pagavam uma babá, as pobres se viam na contingência de deixar os filhos sozinhos ou colocá-los numa instituição que deles cuidasse.
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Para os filhos das mulheres trabalhadoras, a creche tinha que ser de tempo integral; para os filhos de operárias de baixa renda, tinha que ser gratuita ou cobrar muito pouco; ou para cuidar da criança enquanto a mãe estava trabalhando fora de casa, tinha que zelar pela saúde, ensinar hábitos de higiene e alimentar a criança. A educação permanecia assunto de família. Essa origem determinou a associação creche, criança pobre e o caráter assistencial da creche. (DIDONET, 2001, p. 13).
Os jardins de infância poderiam abrigar também crianças de famílias
bem sucedidas. O primeiro jardim de infância público é construído como um
anexo da escola Normal Caetano de campos, em 1896. A escola primária e o
jardim anexo seriam um local de estágio para as professoras e difundiriam
modelos de escolas oficiais em todo o estado.
Somente na constituição de 1988, o dever do estado no que se refere á
educação das crianças, aparece na, mediante lei a garantia de atendimento
em creches a pré- escola às crianças de zero a seis anos de idade
Durante os anos 80, como resultado das reivindicações de diversos
setores da sociedade, efetuam-se conquistas históricas no plano legal relativas
à criança e sua educação. Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 e o
Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), reconhecem a educação como
direito da criança de 0 a 6 anos e como dever do Estado, sob a
responsabilidade dos municípios, em regime de colaboração, a cumprir-se
mediante o "atendimento em creches, (0 a 3 anos) e pré-escolas (4 a 6 anos)",
definindo ambas como instituições educacionais.
A partir daí, outros documentos e leis foram elaborados tendo por
finalidade refletir sobre a educação infantil. Em 1990, foi publicado o Estatuto
da Criança e do Adolescente- ECA; em 1994 o MEC elaborou um documento
intitulado Política Nacional de Educação Infantil que relatava a real situação da
educação infantil no país, em 1996 foi promulgada LDB - Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional na qual o trabalho pedagógico na educação
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infantil ganhou nova dimensão no âmbito educacional e em 1998 foi criado o
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil com o objetivo de
discutir sobre a educação infantil e investir em políticas públicas destinadas à
aplicação de recursos financeiros que viabilizassem uma educação infantil.
Em vigor a partir de 1998, o RCNEI propõe a integração entre educar e
cuidar como função da educação infantil e apresenta um conceito de educação
no qual aprendizagem e desenvolvimento são processos interligados e
dependentes, conforme o documento.
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (BRASIL, 1998, p. 23).
E coube à L.D. B 9394\96, complementar a ações constitucionais
trazendo a educação infantil para o interior da Educação Básica, como uma
etapa do sistema educacional brasileiro. Segunda a Lei de Diretrizes e Bases,
9.394\ 96, Art. Será 4º O dever do estado com educação escolar pública será
efetivado a garantia de: II- educação infantil gratuita ás crianças de até 5
(cinco) anos de idade.
1.2- A EDUCAÇÃO INFANTIL ATUALMENTE
Hoje, a criança tem a oportunidade de freqüentar um ambiente de socialização,
convivendo e aprendendo sobre sua cultura mediante diferentes interações,
nas instituições de educação infantil, que é a primeira etapa da educação
básica, visando a proporcionam-lhes condições adequadas de
desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social, promovendo a
ampliação de suas experiências e conhecimentos. Vejamos isso na L.D. B, nos
artigos,
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No art.29. A Educação Infantil é conceituada como a primeira etapa da Educação Básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até cinco anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológico e social, complementando a ação da família e da comunidade. No art. 30 a Educação Infantil será oferecida em creches para crianças de até três anos de idade e em pré- escolas para crianças de quatro a cinco anos de idade. No art. 31. Na Educação Infantil a avaliação será feita mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para acesso ao Ensino Fundamental.
Mas ainda assim passados mais de 20 anos da promulgação da
Constituição Brasileira de 1988, que representou um marco na história da
construção social da educação infantil enquanto sujeito de direitos,
constatamos que a configuração dos espaços e das políticas públicas
direcionadas às crianças pequenas tem se dado em meio a um embate de
forças, muitas vezes com interesses contrários, o que nos leva a uma história
da educação infantil marcada por avanços e retrocessos, quando não marcada
por períodos de estagnação, ou, a política de Educação Infantil , o Brasil tem
perfil ainda mal delineado com alguns contornos fortes e outros bastante
apagados.
As exigências presentes no país vêm definindo que a educação infantil
tem função de educar e cuidar. Educação e cuidados são entendidos como
aspectos indissociáveis da educação da criança de 0 a 6 anos de idade.
Segundo Bujes,
A educação Infantil, tal como a conhecemos hoje, é o efeito de uma aliança estratégica entre os aparelhos administrativos, médico, jurídico e educacional – incluídas aqui família e escola – devidamente assessorados por um saber científico. Ainda que tal aliança não exista a partir de uma intencionalidade prévia, ela tem por finalidade o governo da infância, a fabricação do sujeito infantil (2002, p.42).
As instituições de educação infantil devem respeitar a criança,
entendendo-a como um sujeito social e histórico. Por isso, nesse sentido, as
instituições que atendem às crianças pequenas se modificam também ao longo
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da história, pois a sociedade atual está mais consciente da importância das
experiências vividas pelas crianças de zero a cinco anos. Segundo o Rcnei,
A instituição de educação infantil deve se tornar acessivel a todas as crianças que a frequentam, indiscriminadamente elementos das culturas que enriquecem o seu desenvolvimento e a inserção social. Cumpre um papel socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio das aprendizagens diversificadas, realizadas em situação de interação. (Brasil, 1998, p. 23)
É necessário que dentro da instituição de educação infantil se crie
situações significativas de aprendizagem, para se alcançar o desenvolvimento
de várias habilidades, como cognitivas, psicomotoras e socioafetivas. Contudo,
é fundamental que a formação da criança seja vista como um ato inacabado,
precisando sempre de novas inserções, de novos recursos e tentativas de
aprendizagem
Assim, cuidar e educar são ações inseparáveis e essenciais na
Educação Infantil, pois, para educar, faz-se necessário o cuidar e para cuidar,
faz se necessário o educar. O cuidado não deve ser visto e acreditado como
um gesto de paparicar crianças, ou até mesmo como vigiar para evitar
acidentes, mas visto como uma relação de carinho, atenção e vínculo para
com a criança pequena. De acordo com Rosemberg,
Atender às necessidades de proteção, segurança, bem- estar, saúde. Estar atentos a seus afetos, emoções e sentimentos, às relações com os outros, com as coisas, com o ambiente. Planejar um espaço que estimule sua inteligencia e imaginação, que permita descoberta e aguce sua curiosidade. (ROSEMBERG, 1999, p.23)
Por isso, entendemos que não há possibilidade de separação entre
estas duas práticas, que estão presentes em todos os momentos da Educação
Infantil. Pois cuidar e educar implica atitudes e comportamentos que
demandam conhecimentos, habilidades e, principalmente, dedicação do
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CAPÍTULO II
PRÁTICAS DO LETRAMENTO ESCOLAR
Vivemos em uma cultura letrada, em que a leitura e a escrita são partes
integrantes e construtivista de nosso cotidiano, e as crianças, desde o seu
nascimento, estão cercadas por letras e imagens, logotipos, internet, entre
muitos outros meios onde circulam letras, palavras e textos diversos.
Este ambiente cultural letrado faz com que a criança sinta necessidade
de aprender a ler e escrever, como uma forma de compreender, de se
apropriar do mundo e da sociedade em que vive. Assim, ao chegar às
instituições de Educação Infantil, a criança, já participante de um mundo
letrado, como um sujeito imerso na linguagem desde o nascimento, tem muitos
conhecimentos e opiniões sobre leitura e escrita, e seus efeitos entre seus
colegas e entre os adultos. Segundo Paulo Freire ensinar exige respeito aos
saberes dos educandos,
Por que não establecer uma “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiencia social que eles têm como individuos? Por que não discuir implicações políticas e ideológicas de um tal descaso dos dominantes? Porque, dirá um educador reacionariamente pragmático, a escola não tem nada que ver com isso. (PAULO FREIRE, 1996, p.30)
As práticas de letramento se refere ao modo como são construidos os
significados do letramento nos contextos culturais e sociais em que a leitura e
a escrita desempenham um papel importante onde as crianças desenvolvem
significados de sua práticas de letramento e trazem o seu conhecimento
cultural para uma atividade e seguem padrões para o uso da mesma em
situação particular. Conforme Ferreiro,
Enfatiza que a pré-escola tem seu papel fundamental de permitir as crianças maior contato com situações que envolvam a leitura e escrita, além de possibilitar o contato com adultos letrados, fazendo com que elas construam seu conhecimento sobre a funcionalidade do sistema
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da escrita.Essas práticas proporcionam que as crianças iniciem e/ou ampliem seu processo de letramento. (Ferreiro, 2001).
Fazer uso social da leitura e escrita deve ser foco principal da educação
infantil nos días de hoje. Com base na ideia do uso social que se lê, decodifica
e escreve, faz se necessário que o trabalho abranja uma gama muito grande
de alternativas para mostrar à criança que o mundo nos reserva grandes
posibilidades de comunicação através não só de desenhos, de imagens,
movimentos etc, mas também daqueles símbolos gráficos que estão por toda
parte, representando muitas coisas a serem descobertas.
É necessário compreender que a apropriação da leitura e da escrita é
maior que a simples decodificação. Um dos caminhos apontados para a
apropriação da leitura e da escrita é a apropriação da cultura e dos bens
acumulados historicamente, onde a escola pode ser um dos lugares da cultura
elaborada.
O contato da criança com a cultura na escola é organizado
intencionalmente pelo professor como espaço de aprendizagem e convivência
entre adultos e crianças, entre crianças e seus pares. Torna-se fundamental
criar necessidades na criança: interesse, curiosidade, uma vez que o papel da
escola é criar o desejo para o novo, para o desconhecido, para o
conhecimento. De acordo com Britto,
O grande desafio da Educação Infantil está exatamente em, em vez de se preocupar em ensinar as letras, numa perspectiva redutora da alfabetização (ou de letramento), construir as bases para que as crianças possam participar criticamente da cultura escrita, conviver com essa organização do discurso escrito e experimentar de diferentes formas os modos de pensar o escrito (BRITO, 2005, p. 16)
2.1- O QUE É LETRAMENTO
É na segunda metade dos anos de 1980 que essa palavra surge no
discurso de especialistas das Ciências Lingüísticas e da Educação, como uma
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tradução da palavra da língua inglesa literacy. Sua tradução se faz na busca de
ampliar o conceito de alfabetização, chamando a atenção não apenas para o
domínio da tecnologia do ler e do escrever (codificar e decodificar), mas
também para os usos dessas habilidades em práticas sociais em que escrever
e ler são necessários. A palavra letramento pode ser considerado bastante
atual no campo da educação brasileira. Conforme Soares,
Depois da referência de Mary Kato, em 1986, a palavra letramento aparece em 1988, no livro que, pode-se dizer, lançou a palavra no mundo da educação, dedicando páginas à definição de letramento e busca distinguir letramento de alfabetização: é o livro Adultos não alfabetizados: avesso do avesso, de Leda Verdiani Tfouni, um estudo sobre o modo de falar e de pensar de adultos analfabetos.(SOARES, 1998,p.33)
E ainda Soares,
Mas recentemente, a palabra tornou-se corrente, aparecendo até mesmo em título de livros, por exemplo: os significados dos letramentos, coletânea de textos organizada por Ângela Kleiman, livro de 1995; Alfabetização e letramento, da mesma Leda Verdani Tfouni, anteriormente mencionada, livro também de 1995. (SOARES, 1998, P.33)
Letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler
e escrever, bem como o resultado da ação de usar essas habilidades em
práticas sociais, é o estado ou condição que adquire um grupo social ou um
indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da língua escrita e de ter-se
inserido num mundo organizado diferentemente: a cultura escrita. Como são
variados os usos sociais da escrita e as competências a eles associadas (de
ler um bilhete simples a escrever um romance), é freqüente levar em
consideração níveis de letramento (dos mais elementares aos mais
complexos). Tendo em vista as diferentes funções para se distrair, para se
informar e se posicionar, por exemplo, e as formas pelas quais as pessoas têm
acesso à língua escrita com ampla autonomia, com ajuda do professor ou da
professora, ou mesmo por meio de alguém que escreve, por exemplo, cartas
ditadas por analfabetos. Segundo Luizato,
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O letramento representa os diversos meios da prática social em que a escrita se faz presente, e, se pensarmos sobre essa perspectiva, de que as crianças vivem em uma sociedade letrada, percebemos que é quase impossível imaginar que durante muito tempo aprenderam decorando e formando palavras desconexas do contexto em que vivem. (LUIZATO, 2003, p. 72.)
O letramento está associado ao papel que a linguagem escrita tem na
nossa sociedade. Logo, o processo de letramento não se dá somente na
escola. Os espaços que frequentamos, os objetos e livros a que temos acesso,
as pessoas com quem convivemos, também são agências e agentes de
letramento. Uma estudante norte-americana, de origem asiática, Kate M.
Chong, ao escrever sua história pessoal de letramento, define-o em um
poema, segundo Soares,
Letramento não é um gancho Em que se pendura cada som enunciado, Não é treinamento repetitivo De uma habilidade, Nem um martelo Quebrando blocos de gramática. Letramento é diversão É leitura à luz de vela Ou lá fora, à luz do sol. São notícias sobre o presidente O tempo, os artistas da TV E mesmo Mônica e Cebolinha Nos jornais de domingo. É uma receita de biscoito, Uma lista de compras, recados colados na geladeira, Um bilhete de amor, Telegramas de parabéns e cartas De velhos amigos. É viajar para países desconhecidos, Sem deixar sua cama, É rir e chorar Com personagens, heróis e grandes amigos. É um Atlas do mundo, Sinais de trânsito, caças ao tesouro, Manuais, instruções, guias, E orientações em bulas de remédios, Para que você não fique perdido. Letramento é, sobretudo, Um mapa do coração do homem, Um mapa de quem você é, E de tudo que você pode ser. (SOARES, 1998, p.41)
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A partir do poema, a autora coloca que o letramento é prazer, é lazer, é
ler em diferentes lugares e sob diferentes condições, não só na escola, em
exercícios de aprendizagem. Letramento é informar-se através da leitura, é
buscar notícias e lazer nos jornais, é interagir com a imprensa diária, fazer uso
dela, selecionando o que desperta interesse, divertindo-se com as tiras de
quadrinhos. Letramento é usar a leitura para seguir instruções, receita de
biscoito, para apoio à memória, a lista de compras no supermercado, para a
comunicação com quem está distante ou ausente um recado, um bilhete ou
um telegrama. Letramento é ler histórias que levam a lugares desconhecidos
sem sair da cama onde estamos com o livro nas mãos, é emocionar-se com as
histórias lidas, e fazer dos personagens, verdadeiros amigos. Letramento é
usar a escrita para se orientar no mundo, nas ruas, para receber instruções. O
letramento inclui a capacidade que temos de nos instruir por meio da leitura e
de selecionar, entre muitas informações, aquela que mais nos interessa.
O letramento facilita o desempenho das pessoas na escrita e na
assimilação da leitura gerando um melhor aproveitamento daquilo que se
estudou, para ser colocado em prática diariamente, pois o letramento está
relacionado com os usos da leitura e da escrita, na vida em sociedade.
Kleiman define o letramento como,
Um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos. As práticas específicas da escola, que forneciam o parâmetro de prática social segundo a qual o letramento era definido, e segundo a qual os sujeitos eram classificados ao longo da dicotomia alfabetizado ou não-alfabetizado, passam a ser, em função dessa definição, apenas um tipo de prática – de fato, dominante – que desenvolve alguns tipos de habilidades, mas não outros, e que determina uma forma de utilizar o conhecimento sobre a escrita. (1995, p. 19)
A autora diz que a família é a primeira agencia do letramento, que nas práticas
socias da leitura e da escrita, onde lêem para ela, e de a oportunidade de se
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expressar, recontar para um adulto, ainda que não alfabetizadas, e que por
meio desse desenvolvimento da oralidade que a criança se insere na cultura
letrada. É o que salienta,
É no “fazer-de-conta que lê” e no “fazer-de-conta que escreve” – eles próprios práticas interacionais orais – que o objeto e as práticas escritas são recortadas e ganham (ou não) sentidos para a criança(s). Estes jogos se dão e diferentes instituições sociais (família, pré-escola, escola, etc.), que consignam ao sujeito diferentes papeis e possibilidades: o daquele que pode ler e escrever ou fazer de conta que lê e escreve e o daquele que não pode porque não o sabe. É na presença/ausência do brincar de ler para a criança (jogos de contar), no brincar de ler com a criança, no brincar de desenhar e escrever (jogos de faz-de-conta) que se reencontra o sentido social da escrita daquela subcultura letrada. (KLEIMAN, 1995p. 71)
O letramento como práticas sociais da linguagem e da escrita devem
fazer parte da educação da criança pequena, e devem ser trabalhados como
estratégia construtiva de aprendizagem, respeitando as características das
crianças e seu desenvolvimento
2.2- A LINGUAGEM ORAL
A fala é o principal instrumento de comunicação das crianças com os
professores e seus colegas. Porém, é recente a tendência de torná-la um
conteúdo na Educação Infantil. Todos precisam saber se expressar e usar a
linguagem em variadas situações comunicativa através de conversas,
entrevistas, ao telefone, entre tantas outras. Para desenvolver a comunicação
oral desde cedo, é importante diversificar os assuntos tratados em sala de
aula. O grupo pode discutir sobre uma reportagem, um fato recente ou até
sobre um texto científico. Trazer outras pessoas para bater papo também
ajuda. De acordo com Rcnei,
A linguagem oral está presente no cotidiano e na prática das instituições de educação infantil à
27
medida que todos que dela participam: crianças e adultos, falam se comunicam entre si, expressando sentimentos e idéias. As diversas instituições concebem a linguagem e a maneira como as crianças aprendem de modos bastante diferentes. (RCNEI, 1998, p.119)
O Rcnei também define a linguagem oral como,
Possibilita comunicar ideia, pensamentos e intenções de diversas naturezas, influenciar o outro e estabelecer relações interpessoais. Seu aprendizado acontece dentro de um contexto. As palavras só têm sentido em enunciados e textos que significam e são significados por situações. A linguagem não é apenas vocabulário, lista de palavras ou sentenças. É por meio do diálogo que a comunicação acontece. São os sujeitos em interações singulares que atribuem sentidos únicos às falas. A linguagem não é homogênea: há variedades de falas, diferenças nos graus de formalidade e nas convenções do que se pode e deve falar em determinadas situações comunicativas. Quanto mais as crianças puderem falar em situações diferentes, como contar o que lhes aconteceu em casa, contar histórias, dar um recado, explicar um jogo ou pedir uma informação, mais poderá desenvolver suas capacidades comunicativas de maneira significativa. (RCNEI, 1998, p.120-121)
A linguagem também tem um papel fundamental na produção e
transmissão da cultura, constituindo os sujeitos nela inseridos enquanto seres
de relação e de interação. Por meio da linguagem nos fazemos presentes,
interagimos, aprendemos, inventamos, participamos, argumentamos,
narramos. Ela reflete as realidades social, física e cultural, sendo suficiente
aprendermos um conjunto de palavras para nos comunicarmos,
compreendermos e sermos compreendidos. Para que se efetive a situação
comunicativa, é necessário percebermos que significados nosso interlocutor
atribui às nossas palavras em cada realidade e contexto
social, produzindo, assim, um discurso, segundo o Rcnei,
O discurso possui um significado amplo: refere-se à atividade comunicativa que é realizada numa determinada situação, abrangendo tanto o conjunto de significados que lhe deu origem, quanto as condições nas quais foi produzido. (RCNEI, 1997, Vol2, p. 26)
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A linguagem oral tem uma função essencial no desenvolvimento da
criança, ela é o principal meio de comunicação das crianças, é por meio dela
que a criança amplia seu contato com o mundo de pessoas e objetos que a
rodeiam. A mesma é importante para a internalização de condutas, atua
também na constituição da memória, da imaginação e é ela que forma as
bases para a memória. Conforme o Rcnei, a construção da linguagem oral
ocorre em um processo de aproximações,
Nas inúmeras interações com a linguagem oral, as crianças vão tentando descobrir as regularidades que a constitui, usando todos os recursos de que dispõem: histórias que conhecem vocabulário familiar etc. Assim, acabam criando formas verbais, expressões e palavras, na tentativa de apropriar-se das convenções da linguagem. É o caso, por exemplo, da criação de tempos verbais de uma menina de cinco anos que, escondida atrás da porta, diz à professora: “Adivinha se eu ‘tô’ sentada, agachada ou empézada?”, ou então no exemplo de uma criança que, ao emitir determinados sons na brincadeira, é perguntada por outra: “Você está chorando?”, ao que a criança responder: não estou graçando! (RCNEI, 1998, p.126)
A leitura é de extrema importância por isso se deve estar sempre lendo para as crianças da educação infantil, pois ela significa descobrir e compreender a palavra do outro. A leitura é uma prática cultural e social, é através dela que as crianças aprimoram seu conhecimento e vão encontrando a palavra do outro e desenvolvendo imaginação. Assim as crianças vão tem prazer e vontade de ler e isso fará muito bem para seu desenvolvimento. E segundo o Rcnei, a leitura fornece as crianças um repertório rico em oralidade,
O ato de leitura é um ato cultural e social. Quando o professor faz uma seleção prévia da história que irá contar para as crianças, independentemente da idade delas, dando atenção para a inteligibilidade e riqueza do texto, para a nitidez e beleza das ilustrações, ele permite às crianças construírem um sentimento de curiosidade pelo livro (ou revista, gibi etc.) e pela escrita. A importância dos livros e demais portadores de textos é incorporada pelas crianças, também, quando o professor organiza o ambiente de tal forma que haja um local especial para livros, gibis, revistas etc. que seja aconchegante e no qual as crianças possam
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manipulá-los e “lê-los” seja em momentos organizados ou espontaneamente. Deixar as crianças levarem um livro para casa, para ser lido junto com seus familiares, é um fato que deve ser considerado. As crianças, desde muito pequenas, podem construir uma relação prazerosa com a leitura. Compartilhar essas descobertas com seus familiares é um fator positivo nas aprendizagens das crianças, dando um sentido mais amplo para a leitura. (RCNEI, 1998, p.135)
Cabe ao professor estimular e incentivar as práticas de linguagem com
diversas atividades prazerosas como, roda de conversas, músicas,
brincadeiras, histórias, parlendas, adivinhas, textos, etc. assim proporcionar um
bom desenvolvimento da linguagem que é de fundamental importância porque
representa múltiplas oportunidades de interação com o mundo. É a via
delineadora da interação em todos os processos de aprendizagem,
oferecendo, portanto, novas possibilidades de interpretação e de ampliação
das formas de entendimento, inserção e atuação nesse mesmo mundo.
2.3- A LINGUAGEM ESCRITA
O mundo atualmente é caracterizado pela presença da escrita e da
cultura letrada, sobretudo nos grandes centros urbanos. O papel da educação
é sensibilizar as crianças para os diversos portadores de textos simbólicos
existentes, letreiros, anúncios, rótulos, placas, sinais, símbolos, livros, revistas,
computadores, Internet. Nos espaços da educação infantil, materiais variados
podem vir a despertar a curiosidade infantil para a escrita, desde que
mediados devidamente pelos educadores. É o que afirma o Rcnei,
Nas sociedades letradas, as crianças, desde os primeiros meses, estão em permanente contato com a linguagem escrita. É por meio desse contato diversificado em seu ambiente social que as crianças descobrem o aspecto funcional da comunicação escrita, desenvolvendo interesse e curiosidade por essa linguagem. Diante do ambiente de letramento em que vivem, as crianças podem fazer, a partir de dois ou três anos de
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idade, uma série de perguntas, como “O que está escrito aqui?”, ou “O que isto quer dizer?”, indicando sua reflexão sobre a função e o significado da escrita, ao perceberem que ela representa algo. Sabe-se que para aprender a escrever a criança terá de lidar com dois processos de aprendizagem paralelos: o da natureza do sistema de escrita da língua – o que a escrita representa e como – e o das características da linguagem que se usa para escrever. A aprendizagem da linguagem escrita está intrinsicamente associada ao contato com textos diversos, para que as crianças possam construir sua capacidade de ler, e às práticas de escrita, para que possam desenvolver a capacidade de escrever autonomamente. (RCNEI, 1998, p.127-128)
A linguagem Escrita também pode ser incentivada através do contanto
das crianças com diferentes gêneros textuais tais, como quadrinhas, poemas,
receitas, adivinhas, trava-línguas, etc e os mais variados portadores de texto,
revistas, livros, jornais, gibis, folders, etc Quando escrevemos perto das
crianças, passamos a ser modelos de escrita para elas e isso faz com que se
ampliem seus contatos com o mundo escrito.
Na Educação Infantil é interessante iniciarmos esse trabalho com a escrita do nome, que fornece às crianças um repertório de letras que lhes servirá de base de informação para produzir outras escritas. Além disso, o contato com a grafia do próprio nome proporciona à criança o seu reconhecimento como sujeito, que possui um nome que é só seu. De acordo com Rcnei,
Saber escrever o próprio nome é um valioso conhecimento que fornece às crianças um repertório básico de letras que lhes servirá de fonte de informação para produzir outras escritas. A instituição de educação infantil deve preocupar-se em marcar os pertences, os objetos pessoais e as produções das crianças com seus nomes. É importante realizar um trabalho intencional que leve ao reconhecimento e reprodução do próprio nome para que elas se apropriem progressivamente da sua escrita convencional. A coleção dos nomes das crianças de um mesmo grupo, registrados em pequenas tiras de papel, pode estar afixada em lugar visível da sala. Os nomes podem estar escritos em letra
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maiúscula, tipo de imprensa (conhecida também como letra de fôrma), pois, para a criança, inicialmente, é mais fácil imitar esse tipo de letra. Trata-se de uma letra mais simples do ponto de vista gráfico que possibilita perceber cada caractere, não deixando dúvidas sobre onde começa e onde termina cada letra. (RCNEI, 1998, p.147-148)
A escrita só constitui um objeto de atenção e de conhecimento para a
criança se o meio natural garantir a presença dessa escrita, para que a criança
tente entendê-la e conhecê-la. A interação com adultos letrados, que possam
responder às atitudes da criança para com a escrita, interpretando-as como
significativas, dando-lhes sentido, é, senão imprescindível, pelo menos
importante para que a criança constitua a escrita como objeto de sua atenção
e conhecimento. É por isso que o contexto sociocultural letrado é facilitador do
processo da construção da escrita e cabe ao professor criar todas as
condições para que as crianças possam se apropriar da escrita até a produção
autônoma dos textos, pois essa aprendizagem acontecerá de forma natural,
onde a criança aprenderá as palavras e usará como utensílio necessário para
a expressão do pensamento, assim segundo Freinet,
Ao aprender a escrever uma palavra a criança, dai em diante, serve- se dela como de um utensílio necessário à expressão do pensamento, tal como serve da palavra oral para a mesma expressão espont‚anêa do interesse que a domina num dado momento. A palavra-utensÌlio transforma-se, naturalmente, em elemento de expressão escrita e é sem dificuldade que na escola infantil a criança aprende a redigir textos livres, verdadeiramente livres, dado que são pessoais. (1977, p. 101)
Todavia, é preciso ressaltar que além do o desenvolvimento da
linguagem escrita na educação infantil. Também deve se preocupar em
desenvolver ações que envolvam o conhecimento, socialização, construção da
autonomia, criatividade, solidariedade, cooperação e a autoconfiança. Cabe a
escola, proporcionar um ambiente, rico em desafios, respeitar a
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espontaneidade e a criatividade da criança e favorecer informações sobre o
mundo que a cerca, satisfazendo necessidades emocionais, sociais e físicas.
A educação infantil, nos dias atuais, precisa ser um espaço onde a criança
tenha contato com a escrita para que possa pensar sobre o que representa e
de que modo se comunica através da mesma, onde possam ser utilizadas
com sentido.
Também na educação infantil oportuniza-se a criança a escrita
espontanea, através do desenho, onde ela demonstra sua emoção,
apropiando-se do conhecimento. E nesta fase é muito importante elogia-la,
pois esta ferramenta proporciona o desenvolvimento da criatividade,
autonomía e auto estima da criança. Segundo Soares,
A fase inicial da aprendizagem da lingua escrita, constituindo segundo Vygotsky,a pré-história da linguagem escrita: quando atribuí a rabiscos e desenhos ou a objetosa função de signos, a criança está descobrindo sistemas de representação, precursores e facilitadores da compreensão do sitema de representação que é a lingua escrita. (SOARES, 2009, p.1)
O manuseio de livros e materiais impressos é outra atividade muito
importante que leva a criança a perceber e distinguir o que está escrito do que
ilustrado, a se familiazarem com a escrita propriamente dita, e mesmo que
ainda não saiba escrever, represente-a de maneira natural ao ambiente que
está inserida, De acordó com o Rcnei,
As crianças que não sabem escrever de forma convencional, ao receberem um convite para fazê-lo, estão diante de uma verdadeira situação-problema, na qual se pode observar o desenvolvimento do seu processo de aprendizagem. Tal prática deve favorecer a construção de escritas de acordo com as idéias construídas pelas crianças e promover a busca de informações específicas de que necessitem, tanto nos textos disponíveis como recorrendo a informantes (outras crianças e o professor). O fato de as escritas não convencionais serem aceitas não significa ausência de intervenção pedagógica.
33
O conhecimento sobre a natureza e o funcionamento do sistema de escrita precisa ser construído pelas crianças com a ajuda do professor. Para que isso aconteça é preciso que ele considere as idéias das crianças ao planejar e orientar as atividades didáticas com o objetivo de desencadear e apoiar as suas ações, estabelecendo um diálogo com elas e fazendo-as avançar nos seus conhecimentos. As crianças podem saber de cor os textos que serão escritos, como, por exemplo, uma parlenda, uma poesia ou uma letra de música. Nessas atividades, as crianças precisam pensar sobre quantas e quais letras colocar para escrever o texto, usar o conhecimento disponível sobre o sistema de escrita, buscar material escrito que possa ajudar a decidir como grafar etc.(RCNEI, 1998, p.148)
Diante disso vale salientar que na educação infantil, mais do que ensinar
a criança a reproduzir as letras, é preciso garantir que ela comprenda o que é
e para serve a escrita. Neste sentido o mais indicado é que ela participe dos
atos, situaçoes concretas, reais da escrita e de interação com o ambiente.
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CAPITULO III
AS CONTRIBUIÇÕES DO LETRAMENTO NO
DESNVOLVIMENTO INFANTIL
A curiosidade da criança começa muito cedo. Todo menino ou menina,
desde sua mais tenra infância, é um ativo leitor do mundo, que se transformam
em um leitor de textos quando estes lhe são proporcionados por seu meio
natural e quando conta com um mediador eficiente para facilitar seu
domínio. Ou seja, quanto maior o grau de letramento, melhores serão as
possibilidades de exercer as práticas sociais que usam a escrita e a leittura.
Quando falamos sobre o letramento, devemos ressaltar a importância e
a necessidade do trabalho pedagógico atrelado, especialmente, a leitura e a
escrita com sentido e significados e que por meio da mediação do outro se
apropria dos elementos da cultura, dentre eles, a leitura e a escrita. Sendo
assim a criança em seu desenvolvimento de forma processual, aprende a
comunicar ideias, pensamentos e intenções de variadas naturezas, percebe
que pode influenciar o outro e estabelecer relações interpessoais. O Rcnei faz
a seguinte consideração,
A criação de um clima favorável para o trabalho em grupo possibilita ricos intercâmbios comunicativos de enorme valor social e educativo. Para que a interação grupal cumpra seu papel, é preciso que as crianças aprendam a trabalhar juntas. Para que desenvolvam essa capacidade, é necessário um trabalho intencional e sistemático do professor para organizar as situações de interação considerando a heterogeneidade dos conhecimentos das crianças. Além disso, é importante que o professor escolha as crianças que possam se informar mutuamente favoreça os intercâmbios, pontue as dificuldades de entendimento, ajude a percepção de detalhes do texto etc. Deixando de ser o único informante, o professor pode organizar grupos, ou duplas de crianças que possuam hipóteses diferentes (porém próximas) sobre a língua escrita, o que favorece intercâmbios mais fecundos. As crianças podem utilizar a lousa ou letras móveis e, ao confrontar suas produções, podem comparar suas escritas,
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consultarem-se, corrigirem-se, socializarem idéia informações etc. (RCNEI, 1998, p.149)
Por isso o profesor ao organizar situações didáticas na educação infantil
em que os alunos possam trabalhar em grupo, é uma estratégia que pode
trazer grandes beneficios no proceso de letramento para a criança.
Criar necessidade de ler e escrever em crianças pequenas é o desafio
da escola que, a partir do momento em que desperta a curiosidade e o desejo
das crianças pela cultura letrada, utiliza ferramentas diversas para que o
aprendiz concentre-se além da mensagem, também, para o significado, para
sua forma e estrutura.
O profesor de educação infantil possui um papel fundamental no
proceso de letramento, o de mediador da relação entre o aluno e a
aprendizagem. Ele deve estar ciente de que, além de propor as atividades que
planejou, deve ajudar a criança a avançar cognitivamente. Isso quer dizer que,
em vez de deixar a aluno a descobrir sozinho para que serve a escrita e de
que modo ela representa gráficamente o pensamento e a linguagem, o
profesor auxilia a criança a refletir sobre suas pré- concepções de modo que
ele supere conceitos equivocados ou incompletos e substitua-os por novos
conceitos. De acordo com MassiniI-Cagliari,
Ser “mediador” não pode ser entendido apenas como sendo um aplicador de pacotes educacionais ou um mero constatador do que o aluno faz ou deixa de fazer. Ser mediador deve significar, antes de mais nada, estar entre o conhecimento e o aprendiz e estabelecer um canal de comunicação entre esses dois pontos. (MASSINI-CAGLIARI, 1999, p.225)
O trabalho na educação infantil voltado para o letramento veio confirmar
a ideia de que a introdução das crianças nesse mundo pode trazer muitos
beneficios de forma que o contato com a leitura e a escrita, traz resultados por
despertar nas crianças o desejo de serem capaz de decodificar e compreender
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sozinhas as historias e palavras que um dia lhes foram apresentadas.
Entretanto cabe à educação infantil explorar esses conhecimentos e os
questionamentos dos pequenos por meio de situações didáticas em que esse
saber possa ser aprofundado. É o que afirma o Rcnei,
A experiência com textos variados e de diferentes gêneros é fundamental para a constituição do ambiente de letramento. A seleção do material escrito, portanto, deve estar guiada pela necessidade de iniciar as crianças no contato com os diversos textos e de facilitar a observação de práticas sociais de leitura e escrita nas quais suas diferentes funções e características sejam consideradas. Nesse sentido, os textos de literatura geral e infantil, jornais, revistas, textos publicitários etc. são os modelos que se pode oferecer às crianças para que aprendam sobre a linguagem que se usa para escrever. O professor, de acordo com seus projetos e objetivos, pode escolher com que gêneros vai trabalhar de forma mais contínua e sistemática, para que as crianças os conheçam bem. Por exemplo, conhecer o que é uma receita culinária, seu aspecto gráfico, formato em lista, combinação de palavras e números que indicam a quantidade dos ingredientes etc., assim como as características de uma poesia, histórias em quadrinhos, notícias de jornal etc. Alguns textos são adequados para o trabalho com a linguagem escrita nessa faixa etária, como, por exemplo, receitas culinárias; regras de jogos; textos impressos em embalagens, rótulos, anúncios, slogans, cartazes, folhetos; cartas, bilhetes, postais, cartões (de aniversário, de Natal etc.); convites; diários (pessoais, das crianças da sala etc.); histórias em quadrinhos, textos de jornais, revistas e suplementos infantis; parlendas, canções, poemas, quadrinhas, adivinhas e trava-línguas; contos (de fadas, de assombração etc.); mitos, lendas, “causos” populares e fábulas; relatos históricos; textos de enciclopédia etc. (RCNEI, 1998, p.151-152)
A contribuição do letramento é de fundamental importância para as
crianças ampliarem suas possibilidades de imersão e participação nas práticas
sociais. Dessa forma, têm a necessidade de estarem próximas às pessoas,
interagindo e aprendendo com elas de forma que possam compreender e
participar no seu ambiente. Tais interações e formas de comunicações
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proporcionam às crianças, além da segurança para se expressar, a descoberta
de diferentes gêneros culturais.
A partir dessas reflexões sobre o processo de letramento na Educação
Infantil, ressalta a importância de se trabalhar o tema na sala de aula. Pois
letrar é entrar no mundo da criança e, junto com ela, aprender a leitura e a
escrita que seu contexto oferece. À medida que se conhece seu mundo, é
possível ampliá-lo, oferecendo novas propostas, maneiras e diferentes tipos
textuais. Para que o processo de letramento ocorra, é preciso, portanto, levar
em consideração a cultura em que a criança está inserida, adequando-a aos
conteúdos a serem trabalhados, às produções de diferentes gêneros textuais e
à sua utilização social, tendo como estratégia uma linguagem interativa,
criativa e descobridora. Segundo o Rcnei,
A ampliação do universo discursivo das crianças também se dá por meio do conhecimento da variedade de textos e de manifestações culturais que expressam modos e formas próprias de ver o mundo, de viver e pensar. Músicas, poemas, histórias, bem como diferentes situações comunicativas, constituem-se num rico material para isso. Além de propiciar a ampliação do universo cultural, o contato com a diversidade permite conhecer e aprender a respeitar o diferente. (RCNEI, 1998, p.139)
Por isso o professor deverá transformar a criança em uma pessoa
letrada e isso se dá através de incentivos variados, no que diz respeito a
diversos tipos de leituras, utilização de exercícios de interpretação e
compreensão, além de vários outros tipos de ferramentas. O processo de
ensino-aprendizagem do letramento na escola não pode ser configurado como
um mundo à parte e não ter a finalidade de preparar o sujeito para a realidade
na qual se insere. Então, podemos dizer que, ensinar na perspectiva do
letramento significa não somente levar o aluno a ser um analista de sua língua,
mas, sobretudo um usuário consciente de que cada habilidade lingüística tem
um espaço específico de uso, que ocorre de forma diferenciada e deve estar
adequada à situação de comunicação. Pois letramento abre caminhos para o
38
indivíduo estabelecer conhecimentos do mundo em que vive. É o que nos diz o
Rcnei,
A partir dos quatro e até os seis anos, uma vez que tenham tido muitas oportunidades na instituição de educação infantil de vivenciar experiências envolvendo a linguagem ora le escrita, pode-se esperar que as crianças participem de conversas, utilizando-se de diferentes recursos necessários ao diálogo; manuseiem materiais escritos, interessando-se por ler e por ouvir a leitura de histórias e experimentem escrever nas situações nas quais isso se faça necessário, como, por exemplo, marcar seu nome nos desenhos. Para que elas possam vivenciar essas experiências, é necessário oferecer oportunidades para que façam perguntas; elaborem respostas; ouçam as colocações das outras crianças; tenham acesso a diversos materiais escritos e possam manuseá-los, apreciá-los e incluí-los nas suas brincadeiras; ouçam histórias lidas e contadas pelo professor ou por outras crianças; possam brincar de escrever, tendo acesso aos materiais necessários a isso.
Portanto, o letramento desde a educação infantil é sem dúvida uma
contribuição valiosíssima para a criança, ajudando assim uma melhor
compreensão do mundo que a rodeia e as relações de grupo, buscando formar
pessoas integrais, capazes de utilizar as mais variadas formas de conhecer e
de produzir saberes, acumuladas históricamente pela humanidade.
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CONCLUSÃO
A educação infantil não deve ser considerada como serviço
simplesmente assistencial, ela tem um papel importantíssimo na construção da
criança e deve cumprir este papel com competência, pois é o inicio da
formação da mesma. É onde ela vai ter o primeiro contato com o processo de
aprendizagem, que será a base para todos os anos de escola que terá no
futuro. Esse contato deverá ser agradável e prazeroso. A educação infantil tem
por finalidade ampliar as experiências das crianças com o universo do qual
fazem parte, pois acredita que ensinar e aprender envolve experiências que
ampliam e enriquecem as vivências infantis ao promover novos significados
àquilo que já conhecem e favorecer o acesso à cultura de seu tempo. Em
nossa concepção, o conhecimento é construído pelo sujeito, à medida que ele
estabelece relações entre novas informações e as informações que já domina,
atribuindo, assim, significado às suas descobertas.
A criança interage com o mundo que as cerca, o que também ocorre
com a leitura e a escrita. Andar pelas ruas e ver letras e números em letreiros e
outdoors, assistir televisão e ver muitas e muitas coisas escritas, ouvir histórias
e apreciá-las folheando as páginas dos livros, ver adultos escrevendo e lendo,
experimentar escrever como fazem os adultos, etc., são apenas algumas das
possibilidades de contato com o letramento que as crianças pequenas podem
ter. E é assim que ingressam na Educação Infantil, com vivências e
conhecimentos diversos sobre ler e escrever. As práticas da leitura e escrita
são fundamentais para que se possa trabalhar, com a criança na educação
infantil. Entender o ritmo de aprendizagem de cada criança e seu
desenvolvimento é parte integrante do trabalho do educador.
Portanto, através desta pesquisa conclui-se que a educação infantil vem
sendo reconhecida pela sociedade como espaço de possibilidade de
investimento na expansão da criança em suas múltiplas dimensões,
considerando-a como sujeito ativo e afetivo, que produz sentido sobre o mundo
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com suas ações sensoriais, mentais e corporais expressando-se de várias
formas. E que através das práticas sociais de leitura e escrita bem
desenvolvidas pelo professor no espaço em que a criança está inserida
possam ampliar e contribuir o processo de letramento na educação infantil.
41
BIBLIOGRAFIA
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Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
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42
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Pontifícia Universidade de Campinas, 1999. p. 23.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2 ed. Belo
Horizonte: Autêntica, 2004.
43
ÍNDICE FOLHA DE ROSTO_______________________________________ 2 AGRADECIMENTO_______________________________________ 3 DEDICATÓRIA___________________________________________ 4 RESUMO_______________________________________________ 5 METODOLOGIA__________________________________________ 6 SUMÁRIO_______________________________________________ 7 INTRODUÇÃO____________________________________________ 8 CAPÍTULO I Uma breve história da Educação infantil________________________ 10
1.1- A Educação Infantil no Brasil_____________________________ 14
1.2– A Educação Infantil atualmente___________________________ 17
CAPITULO II Práticas do letramento escolar_________________________________ 21
2.1- O que é letramento?_____________________________________ 22
2.2 – A linguagem oral_______________________________________ 26
2.3- A linguagem escrita_____________________________________ 29
CAPITULO III As contribuições do letramento no desenvolvimento infantil_________34 CONCLUSÃO______________________________________________ 39 BIBLIOGRAFIA_____________________________________________ 41 INDICE___________________________________________________ 43