do trabalho de campo à situação social

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Tradição Britânica Do Trabalho de Campo à Situação Social Prof. Gabriel O. Alvarez Rituais e Dramas Sociais

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Page 1: Do trabalho de campo à situação social

Tradição Britânica

Do Trabalho de Campo à Situação Social

Prof. Gabriel O. AlvarezRituais e Dramas  Sociais

Page 2: Do trabalho de campo à situação social

Primeiros olhares etnográficos

• 1870 – Notes and Queries• 1883- Lectures of Tylor em Oxford• 1886- Boas em Vancouver.• Principal fonte dos teóricos eram

missionários e autoridades coloniais.• Papel fundante das expedições ao estreito

de Torres. Haddon, Seligman e Rivers

Page 3: Do trabalho de campo à situação social

Escola de Cambridge

• Haddon, ênfase no fieldwork. Estudo intensivo de áreas limitadas.

• Seligman, London School of Economic.• Rivers – Cambridge• Malinowski – Cambridge• Gerald C. Wheeler (London School of

Economic)• A. M. Hocart - Oxford

Page 4: Do trabalho de campo à situação social

Radcliffe-Brown – Andaman 1906- 1908 (2 anos)Malinowski – Trobiands (4 anos) 1914Gummar Landtman- Nova Guinea, Kiwai, (2 anos)Rafael Karsten – Bolivia e Gran Chaco (1911-12)Barbara Freire Marreco – PuebloMarie Czaplicka (polonesa) – SiberiaJohn Layard – 2 anos Atchin

Page 5: Do trabalho de campo à situação social

Albert Cort Haddon

• Professor de Zoologia no Royal College of Sciences.

• Primeira expedição ao Estreito de Torres 1888, muda de vocação, foca seu interesse nos nativos e não no plancton. Renunciou a sua cadeira de Zoologia.

Page 6: Do trabalho de campo à situação social

Expedição ao Estreito de Torres, 1888.

Group in Costume Outside House with Tin 

Roof, 1888.Alfred Cort

Haddon

http://click.si.edu/Image.aspx?image

=4804&story=463&back=Story

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• Organiza II Expedição ao Estreito de Torres, convida Rivers, Seligman (patologista), Sidney Ray (fotografo e interprete).

• Haddon, Cs Naturais. • Filme, criado 2 anos antes.• Rivers, desenvolve o método genealógico

Expedição ao Estreito de Torres 1898

Page 17: Do trabalho de campo à situação social

• Expedição criou espírito de grupo. Estiveram juntos em Melanésia e tiraram a antropologia britânica da sua fase de gabinete e a colocaram numa saudável base empírica (RCO).

Page 18: Do trabalho de campo à situação social
Page 19: Do trabalho de campo à situação social

W.H.R.Rivers (1864-1822)

• Doutor em medicina, membro da Sociedade Real, Fisiólogo, psiquiatra e antropólogo.

• Se graduo em medicina aos 22 anos (1886).

• 1898 Expedição ao Estreito de Torres• 1901-1902 vários meses entre os Toda da

Índia. The Toda (1906).• 1907-1908. Segunda expedição de

campo, Ilhas Salomão, Melanésia e

Page 20: Do trabalho de campo à situação social

• 1904 – primeiro encontro com Radcliffe Brown, (A.R. Brown na época), estudante de graduação em psicologia e primeiro e único orientando de Haddon e do próprio Rivers.

• 1906-1908 Radcliffe-Brown fica nas ilhas Andaman.

• 1914-1918 Rivers embarca para Austrália em companhia de um grupo de pesquisadores, entre eles Malinowski,, jovem polonês expatriado, recém doutorado em antropologia na universidade de Londres, com tese

Page 21: Do trabalho de campo à situação social

• 1912- Revisão do Notes and Queries.• Estudo intensivo vs survey, conhecer

linguagem, preguntas por casos concretos (lei quebrada)

• 1915 – Primeira Guerra mundial. Se alista como médico e psiquiatra.

Page 22: Do trabalho de campo à situação social

Os anos dourados da Antropologia britânica

• Radcliffe-Brown Inspiração teórica• Malinowski arquétipo do trabalho de

campo.

Page 23: Do trabalho de campo à situação social

Radcliffe-Brown (1881-1955)1922,

The Andaman Islanders.

1931,

Social Organization of 

Australian Tribes.1940,

On

Joking Relationships: Africa: 

Journal of the International African 

Institute, Vol. 13, No. 3 (Jul., 1940), 

pp. 195–210 doi:10.2307/11560931952,

Structure and Function in 

Primitive Society: posthumously1957,

A Natural Science of Society: 

based on a series of lectures at the 

University of Chicago in 1937 and 

posthumously published by his 

students

Page 24: Do trabalho de campo à situação social

Radcliffe-Brown (1881-1955)1881‐

nasceu

em

Birmingham.

1091‐1906 Estuda

em

Cambridge, 

Ciência

Mental e Moral.

1905‐

Participa

da

Reunião

da

Brithsh

Association for the Advancement of 

Science em

Africa do Sul

1906‐

08. ‐Parte

para

pesquisa

Andaman com financiamento. 

Anthony Wilking

Student in 

Ethnology.1908‐14‐

Fellowship da

Trinity 

College.1909‐1910 –

Professor (reader) de 

Etnologia

na

London School of 

EconomicsSociologia

Comparativa

em

Cambridge.

Page 25: Do trabalho de campo à situação social

1910‐1913‐

Anthony Wilkin

Student

Viaja a Australia

1913‐

Universidade de 

Birmingham –

Antropologia 

para missionários, 

administradores, 

comerciantes.1914 –

Reunião em Austrália, 

doença. Leciona em escola 

primaria de Sydney1916 –

19, Ilhas Tonga, 

Diretor de Educação.1919‐

Africa

do Sul –

Etnologo

do Transvaal

Museum, 

Pretoria.1921 – Cadeira de 

antropologia na Universidade 

da Cidade do Cabo.

Page 26: Do trabalho de campo à situação social

1926 –

1931. Sydney . Cadeira 

de Antropologia (Fundação 

Rockefeller)1931‐

37 Chicago

1935‐36. Prof. Visitante em 

Yenchin, na China.1937‐

46 Professorship

em 

Oxford –

Fellow

of

All

Souls

College.1942‐44. Brasil, São Paulo.1946‐

50. Cria o Departamento 

de Sociologia da Universidade 

Farouk

I, Alexandria.

1950.‐

Simon Visiting

Professor, 

Universidade de Manchester1951‐

1954‐Research

fellow

em 

Africa

do Sul

1954‐

Retorna a Inglaterra. 

1955‐

Preside Association

of

Social Anthropologist

Page 27: Do trabalho de campo à situação social

Polêmica com W.H.R. Rivers

entre 1910‐1914

1930 Polêmica com 

Malinowski

e com 

Antropólogos americanos 

(Linton)

Paradigmas anterioresEvolucionismoDifusionismo

Tylor

Evolução da religião

Frazer

Magia simpatica

Associasionismosimilaridadecontiguidade

Publica “método”

em 1923, 

depois da morte de Rivers

Page 28: Do trabalho de campo à situação social

• Radcliffe-Brown– Rivers– Kropotkin– Haverlock Ellis (sexologista)– Marx– Ciências Naturais– Escola francesa

• Leitor do L´Année Sociologique• Carta a Mauss em 1812• Leu a Divisão social do trabalho de Durkheim.

Apelido: “Anarchy-Brown”

Page 29: Do trabalho de campo à situação social

Religião e Sociedade. Radcliffe-Brown

Page 30: Do trabalho de campo à situação social

• Prática de atos religiosos benefícios específicos

• Religião como parte do maquinismo social• Função disposição ordenada das

relações sociais, ordem social• Função social da religião independe de

ser Verdadeira ou Falsa

Page 31: Do trabalho de campo à situação social

• Religião = Noções e crenças + prescrições

• Ritos = prescrições (positivas ou/e negativas)

• Crenças (fé) / Ritos• Para RB crenças são produto dos ritos,

seu conteúdo• Ações são a expressão simbólica dos

sentimentos• Ritos são mais estáveis e duradouros

Page 32: Do trabalho de campo à situação social

• Religão antiga: instituições e práticas (Robertson Smith)

• Relação Ritos/Mitos• Religião antiga práticas precedem

crenças assim como instituições políticas são mais antigas que teorias políticas

Page 33: Do trabalho de campo à situação social

• Andaman (RB) teoria geral da função social dos ritos e cerimônias.

• Vida social depende da presença de sentimentos que controlam a conduta do indivíduo na sua relação com os outros.

• Ritos como expressão simbólica moderada de certos sentimentos.

• Função dos ritos, refrear, manter e transmitir entre gerações sentimentos, dos quais a sociedade depende.

Page 34: Do trabalho de campo à situação social

• Chineses cerimonial. Não tem palavra para religião. Li como ritual.

• Rituais como eficazes• Função social dos ritos efeitos na

produção e manutenção de uma sociedade humana organizada.

• Confúcio: música e ritos meios mais eficientes que leis e castigos para manter a ordem social.

• Cerimônias unem multidões

Page 35: Do trabalho de campo à situação social

• Ritos servem para regular e refinar os sentimentos humanos (Hsün Tzu)

• Ritos religiosos tem importantes funções sociais independente das crenças

• Ritos expressam afetos e sentimentos, os mantém vivos e atuantes.

• Patriotismo – guerra - rituais pátrios

Page 36: Do trabalho de campo à situação social

• Fustel de Coulanges – La cité Antique (1864)

• Religião e constituição da sociedade• Obrigações da gens agnata com os

mortos• Gens inclui vivos, mortos e os que estão

por nascer, • ritual mantem a unidade da linhagem

Page 37: Do trabalho de campo à situação social

• Durkheim As formas elementares da vida religiosa

• Ritual religioso é expressão da unidade da sociedade,

• Função do ritual – recriar a sociedade ou ordem social por sentimento

• Rituais realizados em locais específicos – “centros do totem”

Page 38: Do trabalho de campo à situação social

• Grupos totemicos integrados na sociedade pelo parentesco (estrutura social)

• Relações entre totems modeladas pelas relações de parentesco

• Leis do grupo são ensinadas na cerimônia de iniciação

Page 39: Do trabalho de campo à situação social

• Leis, moralidade e religião três modalidades de controle.

• Lei, sanções legais• Moralidade, sanções opiniçao pública• Religião, sanções religiosas

• Ação sagrada expressão da vida e das aspirações sociais

Page 40: Do trabalho de campo à situação social

Síntese• Para compreender uma religião, estudar seus

efeitos. Religião deve ser estudada em atuação.• Conduta dirigida pelos sentimentos. Necessário

descobrir quais sentimentos são produtos de determinados cultos religiosos

• Na religião observar os atos especificamente religiosos, as cerimônias e ritos, individuais e coletivos.

• Ênfase na crença ou doutrina nas religiões modernas e produto de estrutura complexa

Page 41: Do trabalho de campo à situação social

• Em algumas sociedades, relação direta entre religião e estrutura social (culto aos antepassados, totemismo australiano). Nas complexas, estrutura religiosas separadas produto da formação de diferentes igrejas.

• Todas as religiões exprimem o sentido de dependência num duplo aspecto, pela manutenção constante deste sentido de dependência as religiões cumprem sua função social

Page 42: Do trabalho de campo à situação social

EVANS – PRITCHARD (1902-1973)

• 1929 – The morfology and function of magic. A comparative study of Trobriand and Zande ritual and spells. American Antropologist 31:619-641

• 1937 – Witchcraft, oraclesand magic among the Azande

• 1940 – The Nuer: a description of the modes of livelihood and political institutions of a Nilotic people

• 1940 – The political system of the Anuak of the Anglo- EgyptianSudan.

• 1948 – The divine kingship of the Shilluk of the Nilotic Sudan. The Frazer Lecture

• 1949 – The Sanusi of Cyrenaica• 1951 – Kinship and marriage

among the Nuer• 1951 –Social Antropology• 1956 – Nuer religion• 1962 – Essays in social

antropology• 1965 – Theories of primitive

religion.

Page 43: Do trabalho de campo à situação social

Max Gluckman (1911-1975)

• 1955 – Custom and conflict in Africa

• 1962 – Essays on the ritual os social relations.(ed)

• 1963 - Order and rebellion in tribal Africa; collected essays

• 1964 – Closed systems and open minds: the limits of naivety in social antropology

• 1965 – The ideas in Barotse jurisprudence

• 1972 – The allocation of responsability

• 1974 – African Traditional law in historical pesrpective(R-B lecture)

Page 44: Do trabalho de campo à situação social

Victor Turner (1920-1983)

• 1952 – The Lozi peoples of North- Western Rhosesia

• 1957 – Schism and Continuity in na African Society; a study os Ndembu village life

• 1961- Ndembu Divination: its symbolism & techniques

• 1962 – Chihamba, the white spirit: a ritual drama of Ndembu

• 1967- The Forest of symbols; aspects os Ndembu ritual

• 1968 – The drums affliction: a study of religious processes among the Ndembu of Zambia

• 1969- The ritual process: structure and anti-structure

• 1974- Dramas, fields and metaphors; symbolic action in human society

• 1975- Revelation and divination in Ndembu ritual

Page 45: Do trabalho de campo à situação social

Escola de Manchester

Page 46: Do trabalho de campo à situação social

• Problemas sociais na África Central Britânica– Problema das

migrações– Processos de

articulação social– Interação

interpessoal– Rituais e análise

simbólica– Estudo detalhado de

casos– Permanência da

tradição num contexto de rápida urbanização

Colonialismo, racismo, urbanização e 

migração de trabalhadores

Page 47: Do trabalho de campo à situação social

Rhodes – Livingstone Institute

Gluckman dirige o instituto 1941-1947

Estudos de casos, colonialismo, etc.

Combina estrutural- funcionalismo com marxismo

Page 48: Do trabalho de campo à situação social

• Gluckman cria o Departamento de Antropologia da Universidade de Manchester em 1947. Formavam parte desse departamento John Barnes, Elizabet Bott, and J. Clyde Mitchell.

• Influência de Marx, incorporam o conflicto como elemento de análise.

Page 49: Do trabalho de campo à situação social

• Max Gluckman• F. G. Bailey - student of Gluckman• John Barnes - worked at Rhodes-Livingstone Institute

with Gluckman, student of Gluckman[2]

• Fredrik Barth - worked at Rhodes-Livingstone Institute with Gluckman, student of Gluckman (see [2])

• Elizabeth Bott• Abner Cohen - student of Gluckman• Elizabeth Colson - through Rhodes-Livingstone

Institute talk of Elizabeth Colson and interview by Alan Macfarlane: and after-dinner talk on the history of anthropology

• Ian Cunnison• A. L. Epstein — worked at Rhodes-Livingstone Institute[3]

• Ronald Frankenberg - student of Gluckman• J. F. Holleman — worked at Rhodes-Livingstone Institute

ith Gl k ( [2])

Page 50: Do trabalho de campo à situação social

• J. Clyde Mitchell - early researcher at Rhodes- Livingstone Institute

• Victor Turner - worked at Rhodes-Livingstone Institute, student of Gluckman

• J. Van Velsen — worked at Rhodes-Livingstone Institute with Gluckman

• M. Warwick — worked at Rhodes-Livingstone Institute with Gluckman

• R. Werbner — student of Gluckman• J. Watson — worked at Rhodes-Livingstone Institute

with Gluckman

Page 51: Do trabalho de campo à situação social

A análise situacional e o método de estudo de caso detalhado.

J. Van Velsen [1967].In. Feldman-Bianco (org).

Antropologia das Sociedades Contemporâneas – Método, 1987.

Prof. Gabriel O. AlvarezRituais e Dramas Sociais

Page 52: Do trabalho de campo à situação social

Tradição em estudos antropológicos

• Pre-estruturalistas Tylor, Frazer• Estruturalistas Radcliffe-Brown,

Malinowski, Evans Pritchard, Fortes, Firth• Pós-estruturalistas Escola de

Manchester

Page 53: Do trabalho de campo à situação social

• Método de estudo de caso detalhado ou situação social (Gluckman denominou extended-case method)

• Informações detalhadas colhidas no campo

• Incorporar o conflito como normal, inerente à ordem social.

Page 54: Do trabalho de campo à situação social

• Pre-estruturalistas costumes em sim, a través de relatos de missionários e administradores

• Estruturalistas orientações técnicas, pesquisa de campo. Rivers, Hadon, Seligman. – Malinowski trabalho de campo como

método; – Radcliffe-Brown como o teórico.– Ênfase na morfologia social

Page 55: Do trabalho de campo à situação social

Estruturalistas• Regularidades da estrutura• Relações estruturais entre grupos, sistemas

interligados (más como?)• Trabalho de campo sociedades grupos,

segmentos de sociedades, tribo inteira?• Tempo, ponto de referência no passado, na

tradição mais pura “presente etnográfico”• Analise estruturais como relações entre

posições sociais ou de status, não relações reais entre Jack e Jill.

Page 56: Do trabalho de campo à situação social

• As ações dos indivíduos deixam lugar as abstrações dos antropólogos.– Existem escolhas de padrões alternativos– Um indivíduo pode ter vários relacionamentos

genealógicos– Indivíduo faz escolha de acordo com

interesses– Indivíduo pode optar entre normas

contraditórias entre sim

Page 57: Do trabalho de campo à situação social

• Turner Ndembu• Princípios irreconciliáveis

– Descendência matrilateral– Casamento virilocal

casamentos instáveis e fissão entre aldeiascontrabalançado com ritual das associações de culto, relacionados com a chefia.

Page 58: Do trabalho de campo à situação social

Falas são diferentes dos fatos

• Considerar aposição do informante, seu ponto de vista na estrutura social.

• Cuidado. Suposto de que ser membro de uma comunidade equivale a entendê-la sociologicamente.

• 40% dos casos não pode ser explicado como exceções

Page 59: Do trabalho de campo à situação social

Variação, mudança e conflito entre normas

• O estruturalismo fazia ênfase na uniformidade• Normas e regras são traduzidas na prática• As regras e normas podem ser contraditórias, e

podem ser manipuladas por indivíduos em situações específicas, para fins específicos.

• Suposto da homogeneidade e estabilidade.• Crítica à antropologia que procura o bom

selvagem pré-contacto, Rousseauniano

Page 60: Do trabalho de campo à situação social

• Esse enfoque estruturalista não resolve o problema do conflito de normas por influencia de outras culturas (colonialismo); nova religião, novos produtos, produção orientada ao comercio.

• Novos campos, pesquisas urbanas, sindicatos,

• Quebra do objeto como isolado, fica evidente em “sociedades complexas”.

• Normas conflitantes

Page 61: Do trabalho de campo à situação social

Situação social• Ênfase maior em atores que em informantes.• Registro de situações reais

– Do caderno de campo para a análise• Analise situacional

– Permite comparar dados com conclusões, vs descrição estrutural em que dado aparece como exemplo.

– Análise de eventos inter-relacionados– Interpretação de um sistema social em termos de

normas conflitantes– Agrega a estética da estrutura (pag. 361)

• Ações normais• Ações excepcionais

Page 62: Do trabalho de campo à situação social

Analise situacional e pesquisa de campo

– Firth, Estrutura social, organização social (enfatiza escolhas da sociedade e não escolhas do indivíduo)

– Análise de processos– Normas e crenças vs comportamento real– Diversos casos entrelaçados – Registro da ações dos indivíduos como

indivíduos e como personalidades e não somente como status

– As, Bs, Cs, perdem anonimato e ganham identidade com Jack, Jill, etc.

– Perspectiva histórica (história de casos, 8 anos).– Permite a análise de diversos pontos de vista.– Turner, Dramas sociais.

Page 63: Do trabalho de campo à situação social

• “Uma das suposições na qual a análise situacional está baseada é a de que as normas da sociedade não constituem um todo coerente e consistente. São, ao contrario, freqüentemente vagas e discrepantes. É exatamente este fato que permite sua manipulação por parte dos membros da sociedade no sentido de favorecer seus próprios objetivos sem necessariamente prejudicar sua estrutura aparentemente duradoura de relações sociais. Por isso a análise situacional privilegia o estudo das normas em conflito” (Van Velsen pag. 369).

Page 64: Do trabalho de campo à situação social

• “Para o sociólogo não existe “certos” ou “errados”; apenas xistem pontos de vista diferentes representando diferentes grupos de interesses, status, personalidade e assim por diante. Como corolário, deve-se documentar o máximo que for possível sobre o contexto geral – os casos devem ser apresentados situacionalmente – e os casos devem ser especificados”

Page 65: Do trabalho de campo à situação social

• “Finalmente, durante o trabalho de campo, devem-se procurar casos inter-relacionados dentro de uma pequena área que envolva somente um número limitado de dramatis personae. Tais casos devem ser, mais tarde, apresentados na análise em seu contexto social, como parte de um processo social e não como casos ilustrativos que são razoavelmente convenientes para uma generalização específica”

Page 66: Do trabalho de campo à situação social

Drama/ritualOrdem social Ordem social

Situação social

Page 67: Do trabalho de campo à situação social

Max Gluckman

Page 68: Do trabalho de campo à situação social

Análise de uma situação social na Zululândia Moderna.

Max Gluckman [1958]In. Feldman-Bianco (org).

Antropologia das Sociedades Contemporâneas – Método, 1987.

Prof. Gabriel O. AlvarezRituais e Dramas Sociais

Page 69: Do trabalho de campo à situação social

• África do Sul. 2 milhões de brancos, 6,5 milhões de africanos.

• O sistema social do país consiste de relações interdependentes em cada grupo e entre vários grupos enquanto grupos raciais.

• Trabalho de campo 1936-1938• 2/5 dos africanos moram em reservas.• Apenas alguns europeus (administradores,

técnicos do governo, missionários, comerciantes e recrutadores)

• Africanos realizam migração laboral (fazenda, industria, criados)

Page 70: Do trabalho de campo à situação social

• Situação social como uma série de eventos.

• A partir das situações sociais e de suas inter-relações numa sociedade particular, podem-se abstrair a estrutura social, as relações sociais, etc.

• Validar e verificar as generalizações.

Page 71: Do trabalho de campo à situação social

• 1938- morando no sítio de Matolana– Plano, inauguração da ponte e encontro distrital

na magistratura Nongoma– Richard (filho) e Matolana, vestimentas– Episódio do policial– Carona ao velho líder de seita cristã separatista– Separação no hotel em Nongoma e encontro

com veterinário do governo.– Reclamações de Matolana para o veterinário– Distribuição no carro, brancos na frente,

africanos detrás.

Page 72: Do trabalho de campo à situação social
Page 73: Do trabalho de campo à situação social

• Inauguração da ponte– Construída pelo Departamento de Assuntos

Nativos– Magistrado colocou guerreiro Zulu na

bifurcação;– Carro do regente da Casa Real Zulu,

saudações, uniformes– Ponte e cenário

• Zulus em ambas margens (A e B no mapa)• Europeus na barraca (C no mapa)

Page 74: Do trabalho de campo à situação social
Page 75: Do trabalho de campo à situação social

• Brancos presentes: equipe administrativa; magistrado, assistente, mensageiro; cirurgião, missionários, funcionários do Hospital; comerciantes e recrutadores; policiais e técnicos; leiloeiro nas vendas de gado. Comissário Chefe dos nativos, representante de Departamento de Estradas da Província.

• Zulus presentes: Chefes locais, líderes e seus representantes; os que construíram a ponte; policiais do governo; funcionários nativos da magistratura; zulus residentes nas proximidades

• 24 Europeus e 400 zulus

Page 76: Do trabalho de campo à situação social

• Arco na extremidade sul da ponte, com guerreiro Zulu.• Construtores, com lanças e escudos. Altos dignitários

Zulus com roupas de montaria européias; resto dos zulus combinavam roupas européias e tradicionais

• Tropa de guerreiros zulus marcha pela ponte e saúda o comissário chefe dos nativos.

• Inauguração. Hino inglês conduzido por missionário, zulus em pé e tiraram o chapéu.

• Magistrado, discurso em inglês traduzido pelo funcionário zulu; fala do comissário-chefe dos Nativos (primeiro em inglês depois em zulu); representante do Departamento de Estradas; Adams, velho zulu; último discurso do Regente Mshiyeni (Mkhize em inglês), agradece ponte para hospital e demanda ponte na estrada principal. Anuncia doação de uma cabeça de gado e cerimônia tradicional disposta por comissãrio- chefe.

Page 77: Do trabalho de campo à situação social

• Comissário-chefe atravessou a ponte ao som de cantos zulus, seguido de outros carros com europeus e do regente.

• Europeus na barraca, chá com bolo• Outra margem zulus matam três animais

para festa. Regente organiza e toma cerveja com súbditos (D no mapa). Envio de cerveja ao comissário-chefe.

• Comissário chefe e europeus foram embora.

Page 78: Do trabalho de campo à situação social

• Zulus dividiram-se em três grupos. Regente e idunas; mais longe os plebeus. Cerveja e conversa à espera da carne. Rio acima (A no mapa), homens cortando os animais. A maior distância missionário sueco com cristãos zulus cantando hinos religiosos.

• Ida para a reunião em Nongoma.• Hotel, almoço separado.• Reunião na magistratura, 200 a 300 zulus

presentes.

Page 79: Do trabalho de campo à situação social
Page 80: Do trabalho de campo à situação social

• Três tribos– Usuthu , linhagem real, séqüito e clientes do

rei zulu (hoje o regente)– Amateni, tribo real governada pelo pai

classificatório do rei– Mandlakazi governados por um príncipe de

um ramo colateral da família real (separados em guerras civis depois de 1880).

Page 81: Do trabalho de campo à situação social
Page 82: Do trabalho de campo à situação social

• Guerras entre facções Mandlakazi• Permaneceu chefe Amateni (sem

plebeus).• Chegada de Mshiney levantaram-se para

saudá-lo• Pronunciamento do chefe Mandlakazi

Page 83: Do trabalho de campo à situação social

Análise da situação social

• Vários eventos, ocorridos em diferentes partes, envolvendo diferentes grupos, interligados pela presencia do antropólogo como observador. Através destas situações e de seu contraste com outras situações não descritas, delineia a estrutura social da Zululândia moderna. Análise envolve contexto e outras situações no sistema social da Zululândia.

Page 84: Do trabalho de campo à situação social

• Uma situação social é o comportamento, em algumas ocasiões, de individuo como membros de uma comunidade, analisado e comparado com seu comportamento em outras ocasiões. Desta forma, a análise revela o sistema de relações subjacentes entre a estrutura social da comunidade, as partes da estrutura social, o meio ambiente e a vida fisiológica dos membros da comunidade.

• Nota de rodapé 21. Cita Fortes, Evans- Pritchard e Malinowski como referência sobre o significado sociológico de situações sociais.

Page 85: Do trabalho de campo à situação social

• Zulus e Europeus cooperaram na inauguração da ponte. Mostra que formam uma única comunidade com modos específicos de relacionamento. Ponto de partida deve ser uma única comunidade branco-africana e não o contato cultural.

• Ponte: Engenheiros europeus, trabalhadores zulus, usada por magistrado europeu governando os zulus e por mulheres zulus rumo ao hospital. Inaugurada por funcionários europeus e pelo regente zulu, numa cerimônia híbrida (européia com componentes zulus).

Page 86: Do trabalho de campo à situação social

• Motivos e interesses diferentes que causaram a presença dos diversos atores– Magistrado local– Comissário chefe dos nativos– Europeus– Veterinário do governo e antropólogo– Esposas dos europeus (poucas esposas dos

Zulus cristãos).

Page 87: Do trabalho de campo à situação social

• Zulus– Regente– Escrivão zulu e polícia guvernamental– Chefe e idunas locais– Trabalhadores zulus– Público em geral

Page 88: Do trabalho de campo à situação social

• Para zulus era um evento local, europeios mobilidade maior.

• Magistrado local – prestígio e cerimônia– Cerimônia com padrões europeus e

elementos zulus.– Representante do governo com formação

européia e contato com cultura zulu– Fez como representante do governo.– Teve o poder para organizá-la dentro dos

limites de certas tradições sociais e pôde fazer inovações de acordo a condições locais.

– Ações não planejadas.

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• Os presentes na cerimônia divididos em dois grupos raciais. Relação marcada por separação e reserva. Não se confrontam em situação de igualdade. Separação é também forma indireta de associação.

• Na zululândia um africano nunca poderá transformar-se em um branco. Para os brancos esta separação é um valor dominante.

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• Zulus separados em dois grupos, Unidos na celebração de um assunto de interesse comum.

• Relações freqüentemente marcadas por hostilidade e conflito.

• Grupos com status diferentes (brancos e zulus)– Posição dominante dos europeus– Inter-relação

• Separação• Conflito• Cooperação

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• Governo detém a autoridade suprema da força, da penalidade, do aprisionamento.

• Governo funções judiciais, administrativas e ambientais.

• Zulus que ocupam posições governamentais– Dever em relação ao governo, manter a

ordem.

Comissário chefe/regente

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• Zulus interligados com brancos no aspecto econômico, como trabalhadores não qualificados.

• Zulus dependem do dinheiro• Integração econômico num sistema

industrial e agrícola.– Fluxo dos trabalhadores (1/3 ausente). – Organizados pelos empregadores– Agrupamentos por parentesco e identidade

tribal• Zulus / Bantus

– Autoridade no trabalho separada de autoridade tradicional (no trabalho autoridades brancas)

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• Chefe zulu não tem palavra em assuntos que envolvam zulus e brancos.

• Governo, manter e controlar o fluxo de mão de obra ( e evitar que se fixem nas cidades).

• Desenvolvimento da reserva como secundário• Contradição com êxito de leilões de gado.• Contradições da estrutura.• Sindicatos (pouca colaboração entre Africanos e

brancos)• A oposição africana à dominação européia,

liderada por capitalistas e trabalhadores qualificados, está começando a se expressar na Indústria

• Lealdade tribal vs lealdade sindical

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• Oposição zulu ao domínio europeu se expressa também em organizações religiosas.

• Estratificação da organização do trabalho (capitalistas, trabalhadores qualificados/ camponeses, trabalhadores não qualificados; corte racial).

• Línguas diferentes• Modos de vida e costumes diferentes, valores e

organização social.• Situações de cooperação (cerimônia).• Base material de diferenciação e cooperação

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• Ambientes sociais especiais: missão, hospital, centros de treinamento.

• Separação sexual• Relações pessoais no trabalho (castigos e

exploração, memória seletiva). • Divisão entre pagãos e cristãos entre os

Zulus, cisão não é absoluta, laços de parentesco, cor, aliança política e cultura.

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• Divisões sociais entre os zulus• Trabalho asalariado/subsistência• Trabalho para o governo• Cristãos (escolas e hospitais)• Zulus associados a brancos• Divisões em tribos• Regente• Tribos hostis entre sim, mesma nação

frente a outros. Relação com Bantu em oposição ais brancos.

• Apoio ao governo na Guerra

Page 97: Do trabalho de campo à situação social

• Sítios habitados por um grupo de agnatas com suas esposas e filhos.

• Grande parte da vida dispendida nos agrupamentos com parentes e vizinhos. Tensões, acusações de bruxaria

• Laços de parentesco• Novos costumes cristãos estão

enfraquecendo o parentesco. • Contraste entre inauguração

(cooperação), com fazendas e cidades (conflito)

Page 98: Do trabalho de campo à situação social

• Relações entre europeus funcionários da reserva e zulus (ligados pela rotina da administração)– A favor dos zulus frente a outros brancos,

contudo unem-se contra o grupo africano quando agem como membros do grupo branco em oposição aos africanos

• Missionários “protegem” os zulus dos brancos e ao mesmo tempo os tornam mais dispostos a aceitarem valores europeus.

Page 99: Do trabalho de campo à situação social

• Funcionamento da estrutura social em termos de relações entre grupos, indicando algumas complexidades que permeiam essas relações.

• Pessoas podem pertencer a inúmeros grupos, em oposição ou unidos em diferentes situações.

• Comportamento dos indivíduos• Grupos principais, divididos em grupos

subsidiários, formalizados e não formalizados, sendo que de acordo com interesses, valores e motivos determinam seu comportamento em situações diferentes, o individuo modifica sua participação nesses grupos.

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• Através da comparação de inúmeras situações seremos capazes de delinear o equilibro da estrutura social de Zululândia em um certo período de tempo. A hegemonia do grupo branco é o fator social principal na manutenção deste equilibro.

• As mudanças de participação nos grupos em situações diferentes revela o funcionamento da estrutura, pois a a participação do indivíduo e determinada pelos motivos e valores. Os mesmos podem ser contraditórios.

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• As contradições transformam-se em conflitos na medida em que a freqüência e importância relativa das diferentes situações aumentam no funcionamento das organizações.

• Relações que envolvem africanos e brancos estão tornando-se dominantes

• Um número cada vez menor de zulus está se comportando como membro do grupo africano em oposição ao grupo branco. Esta situação afeta as relações entre africanos.

Page 102: Do trabalho de campo à situação social

• Influências de valores e grupos diferentes produzem conflitos na personalidade do indivíduo zulu e ba estrutura social de Zululândia. Estes conflitos fazem parte da estrutura social.

• Estes conflitos imanentes no interior da estrutura de Zululândia irão a desencadear seu futuro desenvolvimento.

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