do império para a república
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Do Império para a República: a escola e seus percalços no processo transitório.
por Marcelo de Oliveira Pinto
SÍNTESE
Textos
VEIGA, Cyntia Greive. Escola pública para os negros e os pobres no Brasil: uma invenção imperial. Rev. Bras. Educ. [online]. 2008, vol.13, n.39, pp. 502-516.SCHUELER, Alessandra; MAGALDI, Ana Maria Bandeira. Educação escolar na Primeira República: memória, história e perspectivas de pesquisa. Revista Tempo. Vol. 26. Jan 2009, RJ.
No primeiro texto, Veiga, trabalha em cima da idéia da escolarização de crianças
pobres, negras e mestiças no Brasil, enfatizando os acontecimentos ocorridos na
província de Minas Gerais, entre 1824 e 1889, período denominado como Monarquia
constitucional. A autora nos apresenta, na composição de seu texto, diferentes
documentos que servem de base para demonstrar como se dava a instrução pública no
período. Com este movimento, ela derruba alguns tabus que ignoravam ou, reduziam as
iniciativas voltadas à educação popular no período Imperial.
Com a leitura do trabalho de Veiga, notamos que a principal tese defendida,
consiste em revelar o caráter popular da escola do Império. Dentro desta proposição, a
autora nos leva a refletir sobre o fracasso das iniciativas educativas deste período, que
tencionava instruir e civilizar pobres, negros e mestiços. Fato este, que corrobora para a
percepção de que o fracasso da escola do século XIX, pode estar intrinsecamente
relacionado com à desqualificação da condição de educabilidade da clientela à qual se
destinava a escola pública do século XIX.
Ela se pronuncia desta maneira quanto a importância de seu estudo:
“(...) incorporar o período imperial nas análises relativas à presença de pobres,negros e mestiços na história da escola pública brasileira pode levar-nos a problematizar melhor o fracasso da escola como vetor de civilização e homogeneização cultural da população brasileira durante a Monarquia e sua recriação como escola de alunos brancos de “boa procedência” nos anos iniciais da República.” (pág. 504).
Este dado nos leva a perceber a importância do trabalho de Veiga, quando este se
debruça pelo a importância desta temática para ampliação dos debates sobre a
historicidade da escolarização no Brasil.
O segundo texto, se liga ao primeiro apontando, já no início, a intencionalidade do
governo republicano em apagar, ou desqualificar as iniciativas do período anterior,
quanto a implementação de ações no campo da escolarização elementar, no Brasil.
Essas ações buscavam negar as iniciativas e o teor da escola do Império, apontadas e
esplanadas pelos documentos apresentados por Veiga em seu texto.
Nesta linha, Schueler e Magaldi desenvolvem em seu artigo uma breve reflexão
sobre a educação escolar na Primeira República. As autoras trazem nos contornos de seu
texto os debates, projetos e iniciativas referentes a disseminação da escola primária
durante a constituição dos primeiros anos da República no Brasil (1889 a 1930).
O movimento das autoras perpassa a tessitura de uma problematização, por sobre
a produção historiográfica da educação no período republicana. Através da leitura deste
escrito, percebemos um convite a reflexão sobre “a abertura de um novo espectro de
perguntas e problemas aos historiadores e pesquisadores” (Pág. 34) preocupados em
constituir um quadro referencial mais aprofundado, sobre a cultura escolar moderna
imbricando suas produções ao reconhecimento das ações que envolvem os processos de
socialização, transmissão, circulação, criação, apropriação e releituras culturais a partir
da escola.