arte brasileira; do império à república

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Arte Brasileira
Do Imprio Repblica

1500 chegada no Brasil, antes chamado Ilha de Vera Cruz e posteriormente Terra de Santa Cruz

Ainda no sculo XVI o Brasil dividido em Capitnias Hereditrias, uma maneira de colonizar o novo mundo

Fracassam as Capitnias e Portugal instala o Governo Geral, com sua primeira Constituio tem incio ao governo Tom de Souza

Vinda dos escravos ao Brasil; Seguidamente, por Alvar de 29 de Maro de 1559, dona Catarina de ustria, regente de Portugal, autorizou cada senhor de engenho do Brasil, mediante certido passada pelo governador-geral, a importar at 120 escravos.

Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de aoite... Legies de homens negros como a noite, Horrendos a danar... Negras mulheres, suspendendo s tetas Magras crianas, cujas bocas pretas Rega o sangue das mes: Outras moas, mas nuas e espantadas, No turbilho de espectros arrastadas, Em nsia e mgoa vs!Navio Negreiro (trecho) Castro Alves

1695; Descoberta aurfera nas Minas Gerais, descoberta pelos Bandeirantes (atuais paulistas) foi responsvel por grande imigrao portuguesa ao Brasil em busca de riqueza.

1760; Leandro Joaquim pinta Vista da Lagoa do Boqueiro e o Aqueduto de Santa Teresa.

1789; na Frana ocorria a queda da Bastilha e por sua vez a Revoluo Francesa, nas Minas Gerais ocorre o movimento da Inconfidncia mineira, tenho como desfecho o enforcamento e esquartejamento de Joaquim Jos da Silva Xavier (Tiradentes).

1808; Napoleo assume aps a deposio da casa dos Bourbons (Lus e Maria Antonieta) e invade Portugal. D. Joo VI, prncipe regente transfere a corte de Portugal para o Brasil.

Pedro Amrico, Tiradentes Esquartejado, 1893
Museu Mariano Procpio de Juiz de Fora (Minas Gerais -Brasil)

Aps proclamao da Repblica, Tiradentes tido como heri nacional

Embora esquartejado recebe a cruz crist

Permanece no alto da composio

Pedro Amrico, faz sua fama como artista de pinturas de batalhas e pinturas histricas; faz nesse caso um registro heroico de Tiradentes.

Vale lembrar que a Inconfidncia Mineira ocorreu em 1789 e a pintura ocorre em 1893, ou seja, a construo deste heri ocorre aps um sculo e fica evidenciado o processo nacionalista ocorrido ao longo deste um sculo.

Leandro Joaquim, Vista da Lagoa do Boqueiro e Aqueduto de Santa Teresa,
1790
leo sobre tela, 86x105 cm, Museu Histrico Nacional

Retrato do cotidiano? Ou uma propaganda do governo mostrando uma obra pblica?

Os arcos da Lapa existem at hoje, porm numa paisagem diferente, mais modernizada.

Alto/esquerdo da tela podemos reparar o convento (a religio ocupa um lugar importante na cena, o alto, como falado anteriormente da obra de Pedro Amrico, Tiradentes Esquartejado, 1893.

Centro da composio temos os arcos, a obra de engenharia da poca.

Logo abaixo a lagoa do Boqueiro e pessoas que se divertem nela.

Parece haver grande harmonia entre os personagens da cena.

Leandro Joaquim, Vista da Glria, 1790

1808 Chegada da famlia real ao Brasil

1816 Criao Escola Real de Cincias, Artes e Ofcios (dez anos aps seria aberta a Academia Imperial de Belas Artes)

1817 Pintura do quadro Del Rey D. Joo VI, por Jean Baptiste Debret; o quadro em questo ressalta a figura do imperador em posio de rei.

Aps 1815 com a queda de Napoleo, Portugal retoma suas relaes internacionais com a Frana, D. Joo envia carta solicitando a vinda da misso francesa de artes ao Brasil.

A Frana ainda sendo o centro cultural irradiador do pensamento europeu, D. Joo VI percebe que h a necessidade de elevar o reino a um outro patamar cultural.

Na Europa ocorre o movimento Romntico.

Jean-Baptiste Debret,
Retrato de El-Rei Dom Joo VI, 1817
leo sobre tela, 60x42
Museu Nacional de Belas Artes

Exerccio de Reflexo

Debret sendo francs se inspira no ensino francs de arte e pinta D. Joo VI, entretanto ao analisarmos uma obra do sculo anterior; Hyacinthe Riguad, Retrato de Louis XIV, 1701 Museu do Louvre, Paris. Percebemos que Debret inicia a arte no Brasil baseando-se numa viso europeia da arte.

Louis XIV conhecido como o Rei Sol, responsvel pela construo do Palcio de Versalles, fora governante da Frana por 72 anos.

Uma das citaes atribudas a Louis XIV - L'tat, c'est moi! - o Estado sou eu!; representao mxima do poder do rei Sol, j que o rei se simpatizava com Apolo, aquele que portava o sol.

Observemos as duas obras:

Embora ambas as pinturas se paream, a pintura de D. Joo VI possui o tamanho de 60x42cm, e a pintura de Louis XIV 279x190cm, sendo muito maior.

D. Joo VI aparenta ostentar mais insignias e brases denotando seus ttulos de nobreza, j o rei Louis XIV ostenta pouca riqueza e entende-se que nobreza vem de bero.

Na verdade a pintura em questo no foi feita para exposio ou adorao dos sditos; ela foi feita para posteriormente ser feitas gravuras dela como a que vemos ao lado.

Carles-Simon Pradier, Dom Joo, Rei do Reino Unido de Portugal, do Brasil e Algarves, 1817

Em tamanho menor e impressa em papel foi possvel distribuir a imagem pelo reino de D. Joo, assim todo o povo conheceria o rei ao v-lo.

Outros trabalhos importantes de Debret consistem na sua retratao do negro no Brasil, Debret escreve um livro sobre sua misso no Brasil, um estudo onde o pintor tenta vender a melhor imagem do Brasil Europa, em especial Frana.

Viagem Pitoresca e Histrica ao Brasil, por Jean-Baptiste Debret; um retrato do Brasil e da escravido.

Jos dos Reis Carvalho

Junto com a misso francesa e a abertura a Escola de Cincias, Artes e Ofcios, era necessrio comear a catalogar a flora e fauna brasileira.

Riscadores ou Desenhadores assim chamados os artistas que reproduziam com fidelidade a nossa flora e fauna, um esforo de catalogar a registro para escola de Cincias da poca.

Jos dos Reis Carvalho o primeiro pintor a se formar na ento Academia de Belas Artes, discpulo direto de Debret.

Fala-se ainda do quadro a seguir sobre o tema: Natureza-morta, tema que explora objetos ausentes de vida, ora admiradas com certo tdio, ora admiradas com espanto. Naturezas-mortas tratam de assuntos ligados a transitoriedade da vida, a exemplo das vanitas (pinturas de crnios humanos).

As naturezas-mortas ganharam muito cenrios aps alguns pases se tornarem protestantes, o que tornava a iconografia catlica apostlica romana mal vista em suas representaes.

Jos dos Reis Carvalho, Flor, sem data
aquarela sobre papel, 18x11cm
Museu D. Joo VI - UFRJ

Jos dos Reis Carvalho, Igreja de Santana em dia de festa, 1851

Flix-mile Taunay

1824 Flix-mile assume acadeira de seu pai Nicolas-Antoine Taunay (pintor de paisagem) na Academia Imperial de Belas Artes

1834 Assume direo da AIBA, promove reforma na instuio

1840 Organiza as Exposies Gerais de Belas Artes

1843 Fundao da Pinacoteca (hoje Museu Nacional de Belas Artes)

1850 - Acusado de favorecimento a Len Pallire (neto de Grandjean de Montigny arquiteto - , vindo na misso francesa de 1816) quando a este contempla com uma bolsa de estudos

Flix-mile Taunay, Vista de um Mato Virgem que est sendo reduzido a Carvo, 1843
leo sobre tela, 134x195cm, Museu Nacional de Belas Artes

Gonzaga Duque descreve a seguinte crtica em 1888 em A Arte Brasileira:

Neste, tudo spero e desagradvel. Umas figurinhas de negros, desgraciosamente desenhadas...

A crtica refere-se a paleta de cores usada pelo artista; uma cor fria, no digna das representaes a flora brasileira.

Entretanto a pintura mostra uma denncia importante sobre o desmatamento j ocorrendo em 1843.

As crticas por Gonzaga Duque e Arajo Porto-Alegre se estendem, j que esperava-se o ensino de arte brasileiro e Taunay ainda usava uma paleta de cores vinda da Frana.

A crtica ainda se alonga sobre a emoo da imagem:

... deixou de transmitir a comoo sentida diante da natureza, e o que conseguiu foi pintar a leo uma estampa para qualquer museu botnico.

Jos Correia de Lima

O retrato do primeiro heri negro em 1853:

O Rio de Janeiro; Sua Histria, Monumentos, Homens Notveis, Usos e Curiosidades, Moreira de Azevedo, 1877:Naufragando em 09 de outubro de 1853 o vapor Pernambucana ao sul da Laguna, morreram 28 pessoas, salvaram-se 42, e destas 13 deveram sua vida ao intrpido marinheiro Simo, que treze vezes transps a nado as ondas, venceu insuperveis perigos, exps-se morte conseguindo arrancar das profundezas do mar, entre outros, um cego, um militar que tinha uma perna a menos...

Retrato do Intrpido Marinheiro Simo, carvoeiro do vapor Pernambucana, 1853

Reflexo Poltica

Considerando que a Abolio da Escravido deu-se em 1888 e o quadro em questo fora pintado em 1853, ou seja, 35 anos antes. O que teria motivado tal representao e sua ampla divulgao pelo jornalista Paula Brito?

Em 11 de novembro de 1853 ocupa-se uma manchete no jornal Marmota Fluminense: O Preto Simo, Heri do vapor Pernambucana.

1853 faz-se circular no mesmo jornal a imagem reproduzida do heri em litografia, por Louis Thrier, hoje no Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro.

Louis Thrier
Simo, o Heri do Vapor Pernanbucana, 1853.
Litografia

Victor Meirelles

Uma das controvrsias histricas o quadro em questo, pintado em 1860 a cena seria uma representao da primeira missa feita em 1 de maio de 1500, quando Pedro lvares Cabral manda rezar a missa de marca de posse da Terra de Vera Cruz.

Pintura foi executada em Paris e justificava o pensionato de Victor Meirelles pago pelo imprio de concedido pela AIBA; teve favorecimento direto de Manuel de Arajo Porto-Alegre, ento diretor na academia entre os anos de 1854 e 1857. Porto-Alegre o mesmo quem criticava a gesto eurocntrica de Flix-mile Taunay e bolda concedida anos antes a Len Pallire.

Mais de trs sculos da colonizao do Brasil, a primeira missa fora pintada baseando-se nos padres vigentes da poca.

Seria o quadro um relato vivo da primeira missa no Brasil, ou um modo de externarmos nossa nacionalidade e a explorao de uma nova paleta de cores?

Victor Meirelles, A Primeira Missa no Brasil, 1860. leo sobre tela, 268x356cm Museu Nacional de Belas Artes

Pedro Amrico

Pedro Amrico se consagra como pintor dos temas histricos do pas, entre eles pinta; A Batalha do Avahy, Paz e Concrdia, O Grito de Independncia e Libertao dos Escravos.

Brasileiro nato, pintou vrios temas relacionados histrico e ainda absorveu parte do conhecimento do movimento romntico europeu em outra de suas obras.

A Batalha do Avahy, 1874-1877, tanto tempo tomado na obra deveu-se pelo fato de seu tamanho 6x11m, exaltava a fora militar e os triunfos do imprio; a batalha trata do conflito entre Brasil e Paraguaios no sul mato-grossense em 1864. Pintada em Florena, aps cinco anos o trmino do conflito, Pedro Amrico se baseia em escritos do conflito no estando em campo de batalha.

Pedro Amrico, A Batalha de Avahy, 1877
leo sobre tela 6x11m
Museu Nacional de Belas Artes

Pedro Amrico, Independncia ou Morte, 1888
Museu Paulista

Pedro Amrico, A Libertao dos Escravos,1889
leo sobre tela 138,5x199cm
Palcio dos Bandeirantes

Pedro Amrico, Esquartejamento de Tiradentes, 1893

Pedro AMRICO, Paz e Concrdia, 1895
40x62cm
Museu de Arte de So Paulo - MASP

Modesto Brocos

Talvez a obra seja um marco no processo de miscigenao e eugenia traduzida pelo espanhol Modesto Brocos.

1859 Charlles Darwin lana seu livro; Origem da Espcies, onde ele trata da questo da seleo natural (ambiente seleciona espcies mais adaptadas)

Surge a teoria (ATENO!!! No uma teoria criada por Darwin) Darwinismo social; Defende a superioridade da raa branca europeia A raa branca a portadora do conhecimento e esta dever lev-lo s raas inferiores; negros e ndios Defende que grupos populacionais mais desenvolvidos devem dominar grupos populacionais menos desenvolvidos, ou socialmente inferiores Defende ainda como fardo do europeu levar cultura aos selvagens

Modesto Brocos, Redeno de C, 1895
leo sobre tela, 199x166cm
Museu Nacional de Belas Artes

Eugenia (significado; bem nascer) XIX; Francis Galton, 1883 Tornar as raas inferiores (negros e indgenas) brancas, sendo assim, a extino de determinada raa. Por meio de seleo artificial promover a miscigenao do povo para que ao longo das geraes ocorresse o branqueamento de determinada raa. As ideias pregadas no sculo XIX foram retomadas com o nazismo alemo na metade do sculo XX; promoo do holocausto e perseguio a grupos sociais fragilizados; ciganos, judeus, negros, deficientes fsicos e homossexuais. No Brasil a poltica de branqueamento e higienizao promoveu a vinda dos imigrantes europeus afim de que houvesse a mistura e o branqueamento populacional, uma vez extinta a escravido em 1888.

Eliseu Visconti

La Gioconda brasileira (Mona Lisa)

Palheta outonal (cores frias e melanclicas)

Gioconda e Giovent; comeam com a mesma slaba

Primeira exposio em 1899, posteriormente na Exposio Universal de 1900; conhecida por consagrar o estilo 1900 art nouveau - virada de sculo.

Marca subjetivamente questes evitadas ser discutidas socialmente naquela poca.

Eliseu Visconti, Giovent, 1898
leo sobre tela, 65x49cm
Museu Nacional de Belas Artes

O que vemos na imagem?

Descreva o fundo da imagem e seus elementos ( o que veste a moa e o que h ao seu redor).

O que torna esta imagem to polemica?

O que voc acredita representar esta moa?

O fundo da imagem o que voc acredita representar?

Do lado esquerdo da moa qual seria a representao?

Eliseu Visconti evoca nesta imagem algo que vai alm do representativo, alude s imagens mentais e como elas se formam em nossa mente, reparemos em alguns pontos; A moa que parece olhar pro nada, est tomada por um profundo pensamento como podemos ver com seu olhar profundo, esttico, assim como em toda paisagem que parece to esttica quanto. Observando o fundo da imagem temos uma floresta em tons outonais, por isso chamamos de paleta outonal, lembrando muito a paleta utilizada no renascimento pelo sculo XVI, observamos que a floresta quase se funde ao cabelo da jovem. Ao lado temos os pombos, muito mal representados em contraste com o rosto da moa, logo temos uma viso embaada dos pombos brancos que na cultura crist trazem-nos a ideia de castidade e pureza. 1898 quase virada de sculo e existia um tema abordado na Frana; mal du sicle (mal do sculo); dizia-se de uma abordagem sobre fantasias sexuais e algumas liberdades nesse mesmo sentido, temas como homossexualidade e bissexualidade eram abordados mais abertamente e nesse sentido Visconti aborda uma jovem desnuda, uma menina em sua pureza e juventude, tema este delicado poca.

Eliseu Visconti, Giovent, 1898leo sobre tela 65x49cmMuseu Nacional de Belas Artes

Leonardo da Vinci, Gioconda, 1507leo sobre madeira de lamo 77x53cMuseu do Louvre

Rodolpho Chambelland

1913 a todo vapor est ocorrendo as vanguardas europeias; no Brasil ocorre algo parecido.

Em 11 de setembro de 1913 o jornal Correio da Manh emite nota; O Salo dos Novos - quando fala da exposio ocorrido naquele mesmo ano.

1910 um pouco antes dada a exposio referida pelo Correio da Manh, um grupo de jovens funda o Centro Artstico Juventas, um local para abrigar os novos artistas e dar acesso queles que nem sempre teriam ao salo de exposies.

1919 O ento Centro Artstico Juventas torna-se Sociedade Brasileira de Belas Artes, com isso o monoplio dado pela Academia Nacional de Belas Artes foi minado.

Rodolpho Chambelland, Baile Fantasia, 1913
leo sobre tela 149x209cm
Museu Nacional de Belas Artes

Toma-se o tema carnavalesco da obra, um ritmo frentico e cheio de movimento na composio, os confetes (rastros de tinta) parecem saltar na pintura.

O Jornal do Comrcio emite a seguinte crtica;Incontestavelmente o quadro que mais de pronto chama a ateno e a empolga, o denominado Baile Fantasia, do jovem artista Rodolpho Chambelland. uma poderosa nota de cor, um magnfico espcime de tcnica colorista executada com singular gosto e habilidade. O tema deste quadro possui grande carter local, e adapta-se perfeitamente ao tratamento que deu o artista, que soube interpretar com bastante felicidade seu esprito popular. Nem lhe falta o sentimento de expresso amorosa e algo ertico na dana.

O tema reflete caractersticas da vida parisiense do fim do sculo XIX.

A obra emite um constante movimento, diferente das cenas de batalha de Pedro Amrico, em Baile Fantasia a cena se eterniza pelo movimento e no pela glria da vitria de uma batalha.

Reflexo e Produo

Observe as seguintes obras; A Batalha de Avahy, de Pedro Amrico 1877 e Baile Fantasia, de Rodolpho Chambelland e descreva as diferenas das cenas.

Faa um desenho que represente uma festa popular ou festas recentes que tenha frequentado.

Transcreva um trecho da msica que ouviu nessa festa ao lado do desenho.

Anita Malfatti

Principal figura do movimento de arte moderna e da semana de 22 (1922).

Uma das maiores promessas da vanguarda de arte no Brasil, trazia da Europa uma vasta bagagem do aprendizado alemo.

1918 expes trabalhos na rua Libero Badar junto com amigos americanos; trazia um ar de novidade internacional e com isso Monteiro Lobato, um crtico de arte da poca emite a seguinte crtica no jornal O Estado de So Paulo; A respeito da exposio MalfattiH duas espcies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas(..) A outra espcie formada pelos que veem anormalmente a natureza e interpretam-na luz de teorias efmeras, sob a sugesto estrbica de escolas rebeldes, surgidas c e l como furnculos da cultura excessiva. (...) Embora eles se deem como novos, precursores de uma arte a vir, nada mais velho do que a arte anormal ou teratolgica: nasceu com a paranoia e com a mistificao.(...) Essas consideraes so provocadas pela exposio da senhora. Malfatti onde se notam acentuadssimas tendncias para uma atitude esttica forada no sentido das extravagncias de Picasso e companhia.

E foi assim que Monteiro Lobato deu fim a carreira de Anita Malfatti; a elite paulistana recusou seus trabalhos depois de dada a crtica.

O nacionalismo exacerbado de Monteiro Lobato no permitiu que ele visse alm de estrangeirismos na obra de Malfatti, para ele, Anita no trazia o novo brasileirssimo e sim modismos da velha Europa.

Para Lobato a obra deveria prestar-se ao senso histrico, ao nacionalismo e ir alm de sua plstica, a obra deveria ter premissas ideolgicas. Pouco depois o mesmo Monteiro Lobato fora acusado at de nazista devido ao seu extremo nacionalismo.

Devemos lembrar que na Europa os movimentos do cubismo, futurismo e expressionismo sofriam com as crticas em sua maioria.

Analise esta citao:

O medo a reao mais previsvel diante do desconhecido. - Vilm Flusser

Anita Malfatti, O Homem Amarelo, 1916, leo sobre tela, 61x51cm. Instituto de Estudos Brasileiros/Universidade de So Paulo

E houve mais crticas de Monteiro Lobato;Teorizam aquilo com grande dispndio de palavreado tcnico, descobrem na tela intenes inacessveis ao vulgo, justificam-nas com independncia de interpretao do artista; a concluso que o pblico uma besta e eles, os entendidos, um grupo genial de iniciados nas transcendncias sublimes duma Esttica Superior.

E quanto ao pblico que visita a exposio segue a crtica;Nenhuma impresso de prazer ou de beleza denunciam as caras; em todas se l o desapontamento de quem est incerto, duvidoso de si prprio e dos outros, incapaz de raciocinar e muito desconfiado de que o mistificaram grosseiramente.

Quanto a Anita; sua expresso era a estranheza, a opresso e a vergonha; traos caractersticos do expressionismo e nos perguntamos diante do quadro; - E amarelo por qu? Por que, meu deus? - amarelo porque assim o e ser e pessoas erradas so assim. a humanidade exilada de sua condio humana. - Rafael Cardoso, Arte Brasileira em 25 quadros, Record, pag. 179.

Reflexo e Produo

Pesquise obras de Anita Malfatti, Egon Schiele e Van Gogh descreva trs quadros, um de cada artista e responda as perguntas: O que chama mais a ateno no quadro? Voc achou estranho o que no quadro? Que sentimento te causou a obra, como alegria, medo, desespero ou calma?

Faa um desenho, fotografia ou colagem de algo que acha estranho, que sente medo ou desespero ao ver.

Vicente do Rego Monteiro

1921 O Jornal dedica uma matria de primeira pgina escrita por Ronald de Carvalho sobre o trabalho de Rego Monteiro; uma arte verdadeiramente brasileira

Ocorre a Semana e Arte Moderna de 1922 e feita a seguinte crtica no jornal O Imparcial, pelo articulista Enrico Castelli;Em geral, o ideal do artista brasileiro fugir da terra para ir adorar os dolos europeus e voltar com alguns esquisitos nus cocottes francesas ou algum pinheiro romanos, pintados e repintados por meio mundo como se no houvesse lindas mulheres e poderosas paisagens nesta terra [...]

Vicente do Rego Monteiro, Atirador de Arcos, 1925
leo sobre tela, 65x81cm
Museu de Arte Moderna Alosio Magalhes, Recife

Rego Monteiro consegue fundir dois elementos importantes para construo da arte brasileira e movimento modernista; Motivos ornamentais das cermicas marajoaras. Primitivismo do atirador de flechas, tema explorado por Debret, porm sem os adornos marajoaras.

Ainda na crtica de Enrico Castelli;ele preferiu o ineditismo das nossas lendas selvagens, com sua poesia estranha e indumentria esquisita. O aspecto obscuro das civilizaes primitivas, hoje mais do que nunca, empolga o artista.

A idealizao do ndio como primitivismo e ainda como verdadeiro e autntico originrio das terras brasileiras fez com que famlias da metade do sculo XIX assumissem nomes indgenas ou fizessem a substituio como; Paraguau ou ndio do Brasil.

Indianismo

Primeira Missa no Brasil, de Victor Meirelles (1860) j mostra a vontade de fuso de duas culturas.

1872 Alegoria do Imprio Brasileiro, Chaves Pinheiro, 1872, 192x75x31cm, Museu Nacional de Belas Artes;mostra a mesma vontade, porm o ndio possui traos europeus.

Denota-se ainda a explorao no s por Rego Monteiro aos motivos da cermica marajoara e seus estudos; Theodoro Braga, Fernando Correia Dias e Antnio Paim Vieira, entre seus elementos destacam-se: Composies simtricas Figuras estilizadas Geometrizao das formas Paleta terrosa Ornamentao decorativa

Na Europa um movimento muito parecido ocorre com o expressionismo, fauvismo e cubismo; artista buscam a arte alm-da-europa, vo a outras culturas buscar inovaes e novos pensamentos.

Analisando Obras

Faa uma anlise entre as seguintes obras; Jean-Baptiste Debret, Cabocle Indien Civilis, 1834. Museu Castro Maya (litografia) Rego Monteiro, Atirador de Arco, 1925. Museu de Arte Moderna Alosio Magalhes

Observe as obras e responda as questes:1 Quais semelhanas existem entre elas?2 Quais as diferenas entre o cu de Debret e o cu de Rego Monteiro?3 O indianismo um movimento da arte brasileira, o que fizeram os artistas buscar determinados temas como vemos nas duas obras?4 Qual das obras escolheria e por qu?5 Aps observar as obras, faa a sua representao de um ndio em momento de caa.

J. Carlos

Iluminismo classifica cinco reas de criao; pintura, escultura, arquitetura, poesia e msica, com isso classificamos Belas Artes.

Divididas as cinco linguagens da arte, as demais recebem o nome de Artes Menores; ofcios, decorativas ou aplicadas.

John Ruskin (1859) afirma que todas as artes so de um modo aplicada, em seu tempo ou perdo, dede modo ele se opes ao termo usado para distinguir artes maiores e artes menores.

Man Ray e Marcel Duchamp inovam no incio do sculo XX rompendo com a academia quando em 1913 exposto A Fonte, por Marcel Duchamp.

J. Carlos, capa da revista Para Todos, n45, 1927
impresso litogrfica sobre papel couch, 30x23cm

J. Carlos na dcada de 20 foi grande responsvel pelo repertrio visual e seus personagens tornaram-se cones culturais; Melindrosa e Almofadinha.

A imagem, rica em movimento pelo tecido que a o vento faz no tecido.o

Reflete a mulher da dcada de 20; sensual, libertria, alegre e moderna, um cone da mulher desejada e um modelo de mulher no auge sufragista do Brasil.

1930 a mulher ganha direito ao voto.

Ideal de Brasil urbano.

Tarsila do Amaral

Tenta-se fundir uma identidade nacional, entretanto toda arte ainda tem forte influncia europeia.

O futebol era criticado como macaqueao da vergonha, sendo criticado por Lima Barreto como o esporte breto.

As danas e ritos afro-brasileiros eram motivo de escrnio. O samba era motivo de vergonha.

Quem somos ns? O que nos une?

Ano de centenrio da Independncia, 1922, o Brasil ainda no possua uma identidade enquanto povo e o sentimento de frustrao era grande.

1922, Semana de Arte Moderna

1922, Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de So Paulo em fevereiro. A exposio foi financiada pelo Estado de So Paulo, a prefeitura cedeu o espao e um grupo de cidados notveis contriburam para realizao do evento.

A burguesia pagava para receber o choque da modernidade.

Entre artistas paulistas, destacou-se os cariocas; Heitor Villa-Lobos e Di Cavalcanti.

Todos estavam l, menos Tarsila, que entre 1921 e 1923 estava em Paris. Recebe influncias de Fernand Legr e Andr Lhote.

Tarsila explora uma paleta ctrica e terrosa, usa elementos nacionais na composio.

Tarsila do Amaral, Antropofagia, 1929, leo sobre tela
126x142cm

A Negra, 1923

Comparao com influncias de Fernand Legr.
direita; Tarsila do Amaral, So Paulo, 1924
esquerda; Fernand Legr, La Ville, 1919

Reflexo

Observe as das imagens, So Paulo, 1924 de Tarsila do Amaral e a imagem de La Ville, 1919 de Fernand Legr, descreva e analise os tons das telas, os motivos e as semelhanas. Faa uma dissertao ao menos de 20 linhas.

Faa um desenho, colagem ou representao que lembre uma paisagem de onde mora, de um lugar onde viajou ou onde espera morar.