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SALVADOR SEXTA-FEIRA 15/5/2020 OPINIÃO A3 www.atarde.com.br 71 3340-8991 (Cidadão Repórter) 71 99601-0020 (WhatsApp) ASSOCIADA À SIP - SOCIEDADE INTERAMERICANA DE IMPRENSA PREMIADA PELA SOCIETY FOR NEWS DESIGN MEMBRO FUNDADOR DA ANJ - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS ASSOCIADA AO IVC - INSTITUTO VERIFICADOR DE COMUNICAÇÃO SEDE: RUA PROFESSOR MILTON CAYRES DE BRITO, N.º 204, CAMINHO DAS ÁRVORES, CEP: 41.820-570, SALVADOR/BA, FALE COM A REDAÇÃO: (71)3340-8800, (71)3340-8500, FAX: (71)3340-8712 OU 3340-8713, DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA DAS 6:30 À MEIA-NOITE. SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS: DAS 9:00 ÀS 21 HORAS; SUGESTÃO DE PAUTA: CIDADAOREPORTER@GRU- POATARDE.COM.BR, (71)3340-.8991. CLASSIFICADOS POPULARES: (71)3533-0855; CIRCULAÇÃO: (71)3340-8612; CENTRAL DE ASSINATURA: (71)3533-0850. A TARDE E MASSA!: Mariana Carneiro PORTAL A TARDE: Caroline Gois RÁDIO A TARDE FM: Jefferson Beltrão Fundado em 15/10/1912 Presidente de Honra: RENATO SIMÕES Presidente: JOÃO DE MELLO LEITÃO CONTROLLER: Lucas Lago RELAÇÕES INSTITUCIONAIS: Luciano Neves COMERCIAL E MARKETING: Eduardo Dute CAU GOMEZ José Rodrigues de Souza Filho Geógrafo, doutor em geologia marinha e costeira, professor do Departamento de Geografia do Instituto Federal Baiano – IFBaiano e da pós-graduação em gestão de ambientes costeiros da Universidade Federal da Bahia – Ufba E m 2020, os trabalhadores brasilei- ros, sobretudo os que possuem al- gum tipo de deficiência, não tive- ram motivos para celebrar o 1º de maio, Dia do Trabalho. A lei de cotas (Lei 8.213/91), que garante a inserção das PcDs em vagas de médias e grandes empresas, está ameaçada. A inclusão dessas pessoas, principalmente as com deficiência inte- lectual, sempre foi uma luta do movi- mento das Apaes, com avanços impor- tantes. Mas, no final de 2019, o governo federal decidiu propor o Projeto de Lei 6.159/19, pelo qual as cotas para pessoas com deficiência deixarão de ser obriga- tórias, caso seja aprovado. Neste mês marcado pelo Dia do Tra- balho, é fundamental reforçarmos a nos- sa preocupação com a possibilidade de aprovação desse projeto de lei. As pessoas com deficiência ainda encontram bastan- te dificuldade de inserção no mercado de trabalho, barreiras e preconceitos, e a lei de cotas é fundamental para minimizar esse processo junto às empresas e à so- ciedade como um todo. Seria um retro- cesso abrir mão de um instrumento tão importante para a promoção da inclusão e melhoria da qualidade de vida desses trabalhadores. A própria federação, apesar de ter um número reduzido de colaboradores, tem em seu quadro operacional uma pessoa com deficiência intelectual. Daniel Ra- mos dos Santos Júnior é quem recepciona as pessoas na sede da Feapaes. Seu en- tusiasmo, carisma e alegria são exemplo de como essas pessoas podem contribuir, não só pela produtividade, mas pela for- ma como transformam o ambiente de trabalho. Daniel sempre está pronto para novos conhecimentos e disposto a nos acompanhar em nossa trajetória. A Lei 8.213/91, conhecida como lei de cotas, existe há quase 30 anos e esta- belece que empresas que tenham entre 100 e 200 empregados devem destinar 2% das vagas a pessoas com deficiência; nas que têm entre 201 e 500 funcionários, o percentual sobe para 3%; nos empreen- dimentos que contratem entre 501 e 1.000 pessoas, a cota é de 4%, chegando a 5% nas empresas que tenham mais de 1.001 empregados. Já o Projeto de Lei (PL) 6.159/19 pos- sibilita que as empresas troquem o cum- primento das cotas por uma contribuição mensal de dois salários mínimos por car- go não preenchido. Uma outra opção apresentada no projeto para cumprir as cotas é a união de duas ou mais empresas para que alcancem conjuntamente o coe- ficiente de contratação previsto na lei. O PL estabelece ainda que “a contratação de pessoa com deficiência grave será con- siderada em dobro”. Uma flexibilização que reflete a falta de interesse público para dar vez às pessoas com deficiência, que tanto têm a oferecer à sociedade bra- sileira, sobretudo no que se refere ao res- peito às diferenças. Narciso Batista Presidente da Federação das Apaes do Estado da Bahia – Feapaes-BA EDITORIAL Entendimento necessário Qualidade das praias após pandemia da Covid-19 Lei de cotas ameaçada atarde.com.br/bahia DESTAQUES DO PORTAL A TARDE Queda de encosta após construção assusta moradores Divulgação atarde.com.br/entretenimento Cantora baiana realiza live beneficente no aniversário A situação preocupa examinandos (do Enem) por terem suas rotinas de estudo prejudicadas em razão da crise sanitária A polêmica em torno do anúncio da data do Enem (Exame Nacional do Ensino Mé- dio) 2020 é assunto a merecer a atenção do país. As inscrições estão abertas em meio à pandemia, cujos efeitos são co- rajosamente minimizados pelos defen- sores de proposta arrojada de enfren- tamento, pois eles mesmos ou seus fa- miliares podem ser os próximos doentes. O cadastro encontra-se disponível até o dia 22: não está em discussão a relevância do exame, capaz de aprimorar o sistema educacional, por substituir o excludente vestibular, ao abrir portal de acesso ge- neroso às universidades. A dificuldade de entendimento ocorre em relação à data de realização da gran- de prova nacional: parte dos brasileiros segue a toada mundial de pedir medidas protetivas contra o vírus, enquanto uma outra, destemida, prefere enfrentar a pes- te com menor receio. A manutenção do cronograma de rea- lização da prova em novembro se dá ape- sar de, há cerca de dois meses, as aulas presenciais terem sido suspensas em todo o país por decretos estaduais e muni- cipais, em tensão desesperada para con- ter o vírus mortífero. A situação preocupa examinandos por terem suas rotinas de estudo prejudicadas em razão da crise sanitária. Embora o ensino a distância tenha ganhado impulso, a surpresa da praga não permitiu uma melhor pre- paração dos conteudistas digitais. Nas redes sociais, estudantes têm se ma- nifestado em vídeos e listas de abaixo-as- sinado pedindo o adiamento da prova, escudando-se na fobia de expor a saúde à aglomeração da sala lotada. Só o fato de precisar discutir a neces- sidade do adiamento sinaliza o posicio- namento do Brasil no mundo: pelo menos 20 outros países já decidiram adiar o equi- valente ao Enem. A manutenção do exame para novembro seria a prova da repro- vação do país perante a comunidade in- ternacional, mas há quem entenda de so- menos importância a necessidade de pre- servar toda vida como a nota máxima. A lguns dias após a expansão mun- dial dos anúncios sobre medidas de isolamento social, devido à pan- demia da Covid-19, começaram a aparecer nas redes sociais imagens de áreas for- temente urbanizadas e com alta densi- dade populacional, agora vazias e muitas vezes ocupadas pela fauna livre. Fotos do Himalaia visível a partir dos vilarejos, canais de Veneza com águas cristalinas e golfinhos etc. No Brasil, estão sendo re- latados casos semelhantes em praias da Bahia e outros estados. Em termos turísticos, Salvador se destaca não só pela sua história e cultura, como também pelo chamado turismo de “sol, areia e mar”, que tem nas praias seu prin- cipal cartão-postal. Entretanto, algumas das principais praias turísticas de Salvador estão interditadas por conta da pandemia, sendo o Porto da Barra um caso icônico, mas nas últimas semanas estamos assis- tindo, via redes sociais, a uma forte di- vulgação de fotos e vídeos de praias so- teropolitanas, trazendo uma paisagem idí- lica da faixa de areia sem pessoas, apenas barquinhos e ondas ao mar. Ao que parece, no imaginário popular, a natureza recompôs parte da qualidade de tempos atrás, quando se podia fruir com mais calma e tranquilidade da beleza e serviços inerentes a estas paisagens. Tudo isso causou inquietações à socie- dade de modo geral, pois ocorreu algo como um encantamento angustiante, aquela beleza de praias tão conhecidas, sempre esteve ali, mas sua ocupação sem critérios e limites adequados, bem como os múltiplos usos que de maneira exaus- tiva, não nos permitiam enxergar a im- portância e a dinâmica inerentes a estes ambientes. Além da natureza revelada, surge também a preocupação com os mi- lhares de trabalhadores autônomos, fun- cionários e empresários que dependem da economia da praia. Apesar de iniciativas positivas da socie- dade civil, como a criação do Parque Ma- rinho da Barra, pesquisas recentes têm comprovado os impactos das ações huma- nas sobre o ambiente marinho de Salvador, como, por exemplo, as grandes festas de rua que geram não apenas diversão e ren- da, mas também muito lixo, estes em gran- de parte alcançam as nossas praias. Des- tacam-se também a ausência de geren- ciamento costeiro e a identificação física dos limites das praias, pois permite que embarcações se aproximem excessiva- mente da faixa de areia, ampliando a con- taminação por óleo, descarte de resíduos e outros, além dos riscos de acidentes a ba- nhistas e frequentadores. Afinal, como podemos contribuir para melhoria da qualidade ambiental e recrea- cional das nossas praias? Devemos apro- veitar o momento para fortalecer a gestão de praias em âmbito municipal e precisamos mudar a forma de nos relacionar com estes ambientes, buscando não a apropriação des- tes espaços e sim usos mais qualificados, harmônicos e equilibrados.

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Page 1: Divulgação EDITORIAL Entendimento necessáriobiblioteca.fmlf.salvador.ba.gov.br/phl82/pdf/... · gum tipo de deficiência, não tive-ram motivos para celebrar o 1º de maio, Dia

SALVADOR SEXTA-FEIRA 15/5/2020 OPIN IÃO A3

www.atarde.com.br71 3340-8991

(Cidadão Repórter)

71 99601-0020(WhatsApp)

ASSOCIADAÀ SIP -

SOCIEDADEINTERAMERICANA

DE IMPRENSA

PREMIADAPELA

SOCIETYFOR NEWS

DESIGN

MEMBROFUNDADOR DA ANJ

- ASSOCIAÇÃONACIONAL

DE JORNAIS

ASSOCIADAAO IVC -

INSTITUTOVERIFICADOR DECOMUNICAÇÃO

SEDE: RUA PROFESSOR MILTON CAYRES DE BRITO, N.º 204, CAMINHO DASÁRVORES, CEP: 41.820-570, SALVADOR/BA, FALE COM A REDAÇÃO:(71)3340-8800, (71)3340-8500, FAX: (71)3340-8712 OU 3340-8713, DE SEGUNDA ASEXTA-FEIRA DAS 6:30 À MEIA-NOITE. SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS:DAS 9:00 ÀS 21 HORAS; SUGESTÃO DE PAUTA: [email protected], (71)3340-.8991. CLASSIFICADOS POPULARES: (71)3533-0855;CIRCULAÇÃO: (71)3340-8612; CENTRAL DE ASSINATURA: (71)3533-0850.

A TARDE E MASSA!:Mariana CarneiroPORTAL A TARDE:Caroline GoisRÁDIO A TARDE FM:Jefferson Beltrão

Fundado em 15/10/1912

Presidente de Honra: RENATO SIMÕESPresidente: JOÃO DE MELLO LEITÃO

CONTROLLER:Lucas LagoRELAÇÕES INSTITUCIONAIS:Luciano NevesCOMERCIAL E MARKETING:Eduardo Dute

CAU GOMEZ

José Rodrigues de Souza FilhoGeógrafo, doutor em geologia marinha ecosteira, professor do Departamento deGeografia do Instituto Federal Baiano –IFBaiano e da pós-graduação em gestão deambientes costeiros da Universidade Federalda Bahia – Ufba

E m 2020, os trabalhadores brasilei-ros, sobretudo os que possuem al-gum tipo de deficiência, não tive-

ram motivos para celebrar o 1º de maio,Dia do Trabalho. A lei de cotas (Lei8.213/91), que garante a inserção das PcDsem vagas de médias e grandes empresas,está ameaçada. A inclusão dessas pessoas,principalmente as com deficiência inte-lectual, sempre foi uma luta do movi-mento das Apaes, com avanços impor-tantes. Mas, no final de 2019, o governofederal decidiu propor o Projeto de Lei6.159/19, pelo qual as cotas para pessoascom deficiência deixarão de ser obriga-tórias, caso seja aprovado.

Neste mês marcado pelo Dia do Tra-balho, é fundamental reforçarmos a nos-sa preocupação com a possibilidade deaprovação desse projeto de lei. As pessoascom deficiência ainda encontram bastan-te dificuldade de inserção no mercado detrabalho, barreiras e preconceitos, e a leide cotas é fundamental para minimizaresse processo junto às empresas e à so-ciedade como um todo. Seria um retro-cesso abrir mão de um instrumento tãoimportante para a promoção da inclusãoe melhoria da qualidade de vida dessestrabalhadores.

A própria federação, apesar de ter umnúmero reduzido de colaboradores, temem seu quadro operacional uma pessoacom deficiência intelectual. Daniel Ra-mos dos Santos Júnior é quem recepcionaas pessoas na sede da Feapaes. Seu en-tusiasmo, carisma e alegria são exemplode como essas pessoas podem contribuir,não só pela produtividade, mas pela for-ma como transformam o ambiente detrabalho. Daniel sempre está pronto paranovos conhecimentos e disposto a nosacompanhar em nossa trajetória.

A Lei 8.213/91, conhecida como lei decotas, existe há quase 30 anos e esta-belece que empresas que tenham entre100 e 200 empregados devem destinar 2%das vagas a pessoas com deficiência; nasque têm entre 201 e 500 funcionários, opercentual sobe para 3%; nos empreen-dimentos que contratem entre 501 e1.000 pessoas, a cota é de 4%, chegandoa 5% nas empresas que tenham mais de1.001 empregados.

Já o Projeto de Lei (PL) 6.159/19 pos-sibilita que as empresas troquem o cum-primento das cotas por uma contribuiçãomensal de dois salários mínimos por car-go não preenchido. Uma outra opçãoapresentada no projeto para cumprir ascotas é a união de duas ou mais empresaspara que alcancem conjuntamente o coe-ficiente de contratação previsto na lei. OPL estabelece ainda que “a contratação depessoa com deficiência grave será con-siderada em dobro”. Uma flexibilizaçãoque reflete a falta de interesse públicopara dar vez às pessoas com deficiência,que tanto têm a oferecer à sociedade bra-sileira, sobretudo no que se refere ao res-peito às diferenças.

Narciso BatistaPresidente da Federação das Apaes do Estado daBahia – Feapaes-BA

EDITORIAL Entendimento necessário

Qualidade das praias após pandemia da Covid-19

Lei de cotasameaçada

atarde.com.br/bahia

DESTAQUESDO PORTAL

A TARDE

Queda de encostaapós construçãoassusta moradores

Divulgação

atarde.com.br/entretenimento

Cantora baianarealiza live beneficenteno aniversário

A situação preocupaexaminandos (doEnem) por terem suasrotinas de estudoprejudicadas em razãoda crise sanitária

A polêmica em torno do anúncio da datado Enem (Exame Nacional do Ensino Mé-dio) 2020 é assunto a merecer a atençãodo país. As inscrições estão abertas emmeio à pandemia, cujos efeitos são co-rajosamente minimizados pelos defen-sores de proposta arrojada de enfren-tamento, pois eles mesmos ou seus fa-miliares podem ser os próximos doentes.

O cadastro encontra-se disponível até odia 22: não está em discussão a relevânciado exame, capaz de aprimorar o sistemaeducacional, por substituir o excludentevestibular, ao abrir portal de acesso ge-neroso às universidades.

A dificuldade de entendimento ocorreem relação à data de realização da gran-de prova nacional: parte dos brasileirossegue a toada mundial de pedir medidasprotetivas contra o vírus, enquanto uma

outra, destemida, prefere enfrentar a pes-te com menor receio.

A manutenção do cronograma de rea-lização da prova em novembro se dá ape-sar de, há cerca de dois meses, as aulaspresenciais terem sido suspensas em todoo país por decretos estaduais e muni-cipais, em tensão desesperada para con-ter o vírus mortífero. A situação preocupaexaminandos por terem suas rotinas deestudo prejudicadas em razão da crisesanitária. Embora o ensino a distânciatenha ganhado impulso, a surpresa dapraga não permitiu uma melhor pre-paração dos conteudistas digitais.

Nas redes sociais, estudantes têm se ma-nifestado em vídeos e listas de abaixo-as-sinado pedindo o adiamento da prova,escudando-se na fobia de expor a saúde àaglomeração da sala lotada.

Só o fato de precisar discutir a neces-sidade do adiamento sinaliza o posicio-namento do Brasil no mundo: pelo menos20 outros países já decidiram adiar o equi-valenteaoEnem.Amanutençãodoexamepara novembro seria a prova da repro-vação do país perante a comunidade in-ternacional, mas há quem entenda de so-menos importância a necessidade de pre-servar toda vida como a nota máxima.

A lguns dias após a expansão mun-dial dos anúncios sobre medidasde isolamento social, devido à pan-

demia da Covid-19, começaram a aparecernas redes sociais imagens de áreas for-temente urbanizadas e com alta densi-dade populacional, agora vazias e muitasvezes ocupadas pela fauna livre. Fotos doHimalaia visível a partir dos vilarejos,canais de Veneza com águas cristalinas egolfinhos etc. No Brasil, estão sendo re-latados casos semelhantes em praias daBahia e outros estados.

Em termos turísticos, Salvador se destacanão só pela sua história e cultura, comotambém pelo chamado turismo de “sol,areia e mar”, que tem nas praias seu prin-cipal cartão-postal. Entretanto, algumas

das principais praias turísticas de Salvadorestão interditadas por conta da pandemia,sendo o Porto da Barra um caso icônico,mas nas últimas semanas estamos assis-tindo, via redes sociais, a uma forte di-vulgação de fotos e vídeos de praias so-teropolitanas, trazendo uma paisagem idí-lica da faixa de areia sem pessoas, apenasbarquinhos e ondas ao mar.

Ao que parece, no imaginário popular,a natureza recompôs parte da qualidadede tempos atrás, quando se podia fruircom mais calma e tranquilidade da belezae serviços inerentes a estas paisagens.Tudo isso causou inquietações à socie-dade de modo geral, pois ocorreu algocomo um encantamento angustiante,aquela beleza de praias tão conhecidas,sempre esteve ali, mas sua ocupação semcritérios e limites adequados, bem comoos múltiplos usos que de maneira exaus-tiva, não nos permitiam enxergar a im-portância e a dinâmica inerentes a estesambientes. Além da natureza revelada,surge também a preocupação com os mi-lhares de trabalhadores autônomos, fun-cionários e empresários que dependem

da economia da praia.Apesar de iniciativas positivas da socie-

dade civil, como a criação do Parque Ma-rinho da Barra, pesquisas recentes têmcomprovado os impactos das ações huma-nas sobre o ambiente marinho de Salvador,como, por exemplo, as grandes festas derua que geram não apenas diversão e ren-da, mas também muito lixo, estes em gran-de parte alcançam as nossas praias. Des-tacam-se também a ausência de geren-ciamento costeiro e a identificação físicados limites das praias, pois permite queembarcações se aproximem excessiva-mente da faixa de areia, ampliando a con-taminação por óleo, descarte de resíduos eoutros, além dos riscos de acidentes a ba-nhistas e frequentadores.

Afinal, como podemos contribuir paramelhoria da qualidade ambiental e recrea-cional das nossas praias? Devemos apro-veitar o momento para fortalecer a gestão depraias em âmbito municipal e precisamosmudar a forma de nos relacionar com estesambientes, buscando não a apropriação des-tes espaços e sim usos mais qualificados,harmônicos e equilibrados.